Universidade Anhembi Morumbi
Mayra Ferreira Mártyres
O DESIGN DO CARTÃO POSTAL DA CIDADE DE
BELÉM: A FOTOGRAFIA COMO MEMÓRIA DA BELLE
ÉPOQUE (DE PUNCTUM A PUNCTUM)
Dissertação de Mestrado | Mestrado em Design | Programa de
Pós-graduação Strictu Sensu
São Paulo, dezembro/2012
Universidade Anhembi Morumbi
Mayra Ferreira Mártyres
O DESIGN DO CARTÃO POSTAL DA CIDADE DE BELÉM: A
FOTOGRAFIA COMO MEMÓRIA DA BELLE ÉPOQUE
(DE PUNCTUM A PUNCTUM)
Dissertação de Mestrado
Dissertação apresentada no Programa de Pós-Graduação Stricto
Sensu em Design – Mestrado, da Universidade Anhembi Morumbi
como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em
Design.
Orientador: Prof. Dr. Jofre Silva
São Paulo, dezembro/2012
Ficha Catalográfica
M352d
Mártyres, Mayra Ferreira
O design do cartão postal da cidade de Belém: a
fotografia como memória da Belle Époque [de punctum
a punctum] / Mayra Ferreira Mártyres. – 2012.
162 f. : il. ; 30 cm.
Orientador: Prof. Dr. Jofre Silva.
Dissertação (Mestrado em Design) – Universidade
Anhembi Morumbi, São Paulo, 2012.
Bibliografia: f. 108.
1. Design. 2. Cartão postal. 3. Fotografia. 4. Belém
do Pará. 5. Belle Époque. I. Título.
CDD 741.6
Universidade Anhembi Morumbi
Mayra Ferreira Mártyres
O DESIGN DO CARTÃO POSTAL DA CIDADE DE BELÉM: A
FOTOGRAFIA COMO MEMÓRIA DA BELLE ÉPOQUE
(DE PUNCTUM A PUNCTUM)
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto
Sensu em Design – Mestrado, da Universidade Anhembi Morumbi,
como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em
Design. Aprovada pela seguinte Banca Examinadora
Prof. Dr. Jofre Silva - Orientador
Universidade Anhembi Morumbi
Ma. Sílvia Barros de Held
Universidade de São Paulo
Profa. Dra. Márcia Merlo
Universidade Anhembi Morumbi
São Paulo, dezembro/2012
Todos os direitos reservados.É proibida a reprodução total ou
parcial do trabalho sem autorização da Universidade, do autor e do
orientador.
DEDICATÓRIA
Para os apaixonados por cartões postais, que, assim como eu, perpetuam
esse meio postal como objeto de valor simbólico e visual, compartilhando
em sua imagem os sonhos dos viajantes.
AGRADECIMENTO
Aos meus pais, Maria Cassilda Ferreira Mártyres e Márcio Zacharias
Mártyres, maiores incentivadores, desde o início dos meus estudos, pelo
apoio emocional, incansável, até a finalização deste trabalho.
A minha irmã Maysa Ferreira Mártyres, meu tio José Edison Pereira,
Roberto Nakagawa, Steven Alexander, Henriqueta Carvallho e Marilda
Muniz que foram pacientes e compreensivos, me incentivando e me
apoiando nos momentos de stress e nervosismo.
Um agradecimento especial aos “padrinhos” da minha tese de mestrado,
Mariano Klautau Filho e Paulo Maués, que me ajudaram com toda sua
experiência acadêmica, nos momentos em que os solicitei.
Ao coordenador e orientador Prof. Jofre Silva, aos docentes do mestrado
da Universidade Anhembi Morumbi e a Antônia Costa.
Aos amigos do mestrado, Anna Võrõs, Lara Vaz, Magda Martins, Marco
Túlio Boschi, Sidney Rufca, Teresa Cristina Rebello e Veniza Nascimento,
que pacientemente me ajudaram e contribuíram para a minha evolução
acadêmica com suas discussões, pontos de vista e indicações de teóricos,
além de todo carinho, bons momentos de conversa e amizade.
Obrigada a todos.
RESUMO
A pesquisa analisou os cartões postais da cidade de Belém do Pará,
impressos no livro intitulado Belém da Saudade: A memória da Belém do
início do século em cartões postais, editado pela Secretaria de Cultura do
Governo do Estado do Pará – SECULT, 2ª ed. publicado em 1998. Este
livro reproduz cartões postais do início do século XX, período em que a
cidade de Belém passava por uma grande transformação, durante a Belle
Époque, principalmente na sua estrutura urbana, possibilitada por sua
principal fonte de riqueza, a extração da borracha. Em decorrência desse
capitalismo estrangeiro, infiltrado na região, a cidade se tornava referência
de modernidade no Brasil. O estudo desses postais se tornou importante
por serem, na época, o principal meio de veiculação e divulgação desse
ideário de modernização, e a sua relevância está em documentar o
momento, provocar, na memória do espectador, a configuração de um
ideal estético da cidade completamente fora do seu real contexto social,
tornando-se testemunhas de uma ideia fora do lugar, na concepção de
Schwartz (1973). Este autor evidenciava a discordância ideológica entre
o mundo das ideias e o mundo das práticas sociais que existia no século
XIX, e, como sabemos, essa concepção não se esgotou nesse período,
historicamente ela se estendeu ao longo de toda a nossa reprodução
social, e é essa discordância ideológica que vamos apontar nas imagens
fotográficas impressas nos cartões postais, para tanto, os olhamos sob
as lentes teóricas da abordagem semiológica de Barthes (1984), contida
na Câmara Clara, mais especificamente a partir do conceito de punctum,
realizando uma operação estética visual de pinçar o detalhe que provocou,
no nosso olhar, estranheza e testemunhou um descompasso estético e
um desencontro no tempo e no espaço.
PALAVRAS-CHAVE: design, cartão postal, fotografia, Belém do Pará,
Belle Époque, punctum
ABSTRACT
The research analyzed the post cards of Belém (Pará), printed on the
book titled Belém da Saudade: Belém’s memory from the beginning of
the century on post cards, edited by the Department of Culture of Pará
State - SECULT, 2nd edition published in 1998. This book explore the
post cards from the beginning of the 20th century, period of time when
the city undergone for huge transformations, the so called Belle Époque,
mainly in its urban structure, having its source from rubber extraction.
Due to the foreigner’s capitalism, infiltrated in the region, the city
became reference of modernity in Brazil. Studying these post cards has
become important for being, in its time, the main medium of spreading
ideas, but its importance is also in documenting the moment, provoke,
in spectator’s memory, the settings of an ideal style completely out of its
social context, becoming witnesses of an idea out place, in Schwartz’s
conception (1973). This author saw the collision between the world of
ideas and the world of social practices that existed in 19th century, and as
we know, this conception hasn’t ended during that period, historically it
extended along our social reproduction, and it is this ideological collision
that we highlight on the snapshots printed on the post cards, for this,
we look at them through theoretical lenses of Barthes’ semiological
approach, within Camera Lucida, but specifically from punctum concept,
by doing a detailed visual inspection which, to our eyes, made us perceive
strangeness and witness aesthetic mismatch in time and space.
KEYWORDS: design, post card, photo, snapshot, Belle Époque, punctum.
lista de ilustrações
Figura 1: Primeiro cartão postal da história: o Correspondez-Karte austríaco
de 1869....................................................................................................
30
Figura 2: Cartão postal francês de 1904, impresso em 1870 como lembrança
da Guerra Franco-Prussiana.......................................................................
31
Figura 3: Cartão postal frente e verso datado de 1907 nos moldes dos
cartões atuais.............................................................................................
32
Figura 4: Cartão postal de correspondência interna simples urbana de 20 réis
33
Figura 5: Cartão postal de correspondência interna simples de 50 réis.......
34
Figura 6: Panorama da cidade de Porto Velho, capital de Rondônia, situada
às margens do Rio Madeira, com desdobramento em duas cartelas com
paisagem em 180º.....................................................................................
34
Figura 7: Cartão Postal da série “Sud América” da cidade de Pernambuco,
de Albert Aust...........................................................................................
35
Figura 8: Cartão Postal produzido por Victor Vergueiro Steidel, vista do
Jardim da Luz, São Paulo...........................................................................
36
Figura 9: Cartão Postal da série “Sud América”, de Albert Aust, que mostra
a cidade de Belém, especificamente a Rua da Imperatriz............................
38
Figura 10: Cartão Postal do Largo Baptista Campos – Pará, com a
ilustração no canto esquerdo, dividindo a frente do postal com a
mensagem................................................................................................
39
Figura 11: Cartão Postal com o brasão do Município de Belém no seu canto
esquerdo, e detalhe da informação vertical do número da sua série............
39
Figura 12: Cartão Postal com fotografias de Júlio Augusto Siza, da Livraria
Clássica, retratando o Hospital Militar........................................................
40
Figura 13: Cartão Postal aquarelado a mão, do Centro Photographico
Girard, retratando a Rua Conselheiro João Alfredo......................................
41
Figura 14: Cartão Postal com variação de tonalidade, da Papelaria França
Santos, retratando o Largo da Pólvora........................................................
41
Figura 15: Cartão postal da série Pará Pitoresco da Papelaria Silva, retratando
a Estrada do Arsenal..................................................................................
42
Figura 16: Cartão Postal da Livraria Universal, de Tavares Cardoso e CIA,
numerado, retratando o trapiche auxiliar do Comércio, o quiosque do
pavilhão e o Mercado do Ver-o-peso..........................................................
43
Figura 17: Cartão Postal de duas dobras com vista panorâmica do Cais do
Porto, de 1909..........................................................................................
43
Figura 18: Cartão Postal em série com a inserção de letras em seu detalhe,
com o título “Uma cozinheira”, da Papelaria Silva, série 3a.......................
44
Figura 19: Cartão Postal de Propaganda Comercial do Armazém Paris
N’America.................................................................................................
44
Figura 20: Cartão postal do fotógrafo Frances Currier, retratando o interior
da fábrica de cerveja paraense...................................................................
45
Figura 21: Cartão postal do fotógrafo Apolo Santos retratando o Museu
Goeldi.......................................................................................................
45
Figura 22: Cartão postal da Livraria Alfacinha, retratando seu próprio
negócio.....................................................................................................
46
Figura 23: Cartão postal do Estabelecimento Litográfico Carlos Wiegadt,
retratando a Igreja das Mercês, construída sob projeto de Antônio José Landi
47
Figura 24: Cartão postal da Agência Martins retratando a chamada “Ilha
dos Amores” na praça Baptista Campos....................................................
47
Figura 25: Cartão postal francês com motivo patriótico..............................
49
Figura 26: Cartão postal de pin-up que se popularizou na Primeira Guerra
Mundial....................................................................................................
49
Figura 27: Cartão postal com reprodução de obras de arte.......................
50
Figura 28: A Exposição Nacional de 1908, que foi toda fotografada, virou
uma sofisticada e bela série de 23 cartões postais litografados a cores,
editadopela Compania Litogárfica Hartman-Reichenbach...........................
Figura 29: Postal que retratou a montagem dos galpões de ferro, pré-fabricados
na Inglaterra, que substituíram os antigos armazéns e trapiches do Porto
de Belém...................................................................................................
58
60
Figura 30: Cartão registrando o Largo de Nazare, que na sua direita, mostra
um dos coretos em ferro, hoje desaparecido..............................................
60
Figura 31: Capa do livro Belém da Saudade, 2ª edição................................
63
Figura 32: Cartão com detalhe de papel rasgado no centro do postal........
69
Figura 33: Cartão com detalhe em contorno circular, formando uma meia
moldura para inserção da imagem com efeito esfumaçado........................
70
Figura 34: Cartão com inserção do logo da empresa “Fábrica Palmeira“
retratando o prédio que abrigava a fábrica................................................
70
Figura 35: Cartão com inserção de duas medalhas em comemoração da
“Exposição Internacional Rio de Janeiro” retratando o Curtume Maguary,
localizado em Belém do Pará.....................................................................
Figura 36: Cartão com inserção de vinhetas florais no estilo art nouveau...
Figura 37: Cartão postal, retratando o tema arquitetura, pela classificação
de análise adotada.....................................................................................
Figura 38: Cartão postal com tema urbanismo, classificação adotada,
quando a imagem retrata a infra-estrutura da cidade: sua arquitetura,
meios de transporte e iluminação pública..................................................
70
71
72
73
Figura 39: Cartão postal com o tema estatuário, classificação de análise
adotada, quando a imagem retrata estátuas e esculturas............................
Figura 40: Cartão postal do monumento de Frei Caetano Brandão, com o
tema estatuário, classificação de análise adotada, quando a imagem retrata
estátuas e esculturas..................................................................................
73
74
Figura 41: Cartão postal com o tema natureza, retratando a paisagem
natural do rio e sua flora............................................................................
75
Figura 42: Cartão postal com o tema natureza, retratado praças e jardins..
75
Figura 43: Grande Hotel – Praça da República............................................
83
Figura 44: Detalhe da arquitetura do edifício Grande Hotel, com seu
frontão triangular e elementos decorativos no arco das esquadrias, além
da luminária em ferro que vinha importada da Europa...............................
83
Figura 45: Vendedor de Leite.....................................................................
84
Figura 46: Detalhe dos paralelepípedos......................................................
85
Figura 47: Praça Visconde do Rio Branco....................................................
86
Figura 48: Museu Goeldi - Jardim Zoológico...............................................
87
Figura 49: Detalhe do vestuário e elementos arquitetônicos como ósculo
e frisos......................................................................................................
88
Figura 50: Av. 16 de Novembro e Parque Alfonso Penna............................
89
lista de QUADROS
Quadro 1: Categoria dos postais adotada pelo livro Belém da Saudade......
67
Quadro 2: Editores Paraenses.....................................................................
66
Quadro 3: Editoras Paraenses.....................................................................
66
Quadro 4: Fotógrafos.................................................................................
67
Quadro 5: Temas dos cartões em séries......................................................
67
Quadro 6: Tipos de impressão de cores......................................................
68
Quadro 7: Tipo de predominância de cor....................................................
68
Quadro 8: Elementos decorativos................................................................
69
Quadro 9: Ocupação da imagem no postal.................................................
71
Quadro 10: Categoria de análise................................................................
75
sumário
INTRODUÇÃO
22
1. Origem e evolução dos cartões postais...........................................
28
1.1 O cartão postal no Brasil.........................................................
33
1.2 O cartão postal em Belém do Pará.........................................
37
1.3 O declínio dos cartões postais................................................
48
2. O design dos cartões postais: as inovações tecnológicas e a
reprodutibilidade.............................................................................
52
2.1 O desenvolvimento da indústria gráfica impulsionando os
registros fotográficos....................................................................
54
2.2 A fotografia no cartão postal: documento e memória..............
59
3. Análise dos cartões postais do livro Belém da Saudade..................
62
3.1 Interpretação e organização dos postais publicados...............
64
3.2 De Punctum a Punctum.........................................................
79
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................
92
REFERÊNCIAS..................................................................................
95
ANEXO............................................................................................
100
INTRODUÇÃO
22
22
Melhor que a palavra, convence a imagem.
Bastos Tigre
A motivação para esta pesquisa adveio da minha trajetória de vida, marcada
pelos saberes acumulados, pelas relações afetivas e sociais que construíram a minha
identidade. E, como acredito que é quase impossível dissociar aquilo que somos
daquilo que fazemos, considerei importante fazer um relato dos caminhos que me
levaram à escolha deste tema para desenvolver na minha dissertação.
Os cartões postais fizeram parte da minha infância e adolescência. Acredito
que vem desse tempo a minha fascinação por eles, e talvez tenha sido nessa época
o início do meu gosto pela Arquitetura e pelas Artes Gráficas.
O interesse surgiu quando, ainda criança, incentivada por minha mãe, para
treinar minha escrita, comecei a escrever, em pequenos cadernos, diários de viagens
dos lugares visitados que ilustrava colando cartões postais, por dois motivos:
primeiro, as imagens sempre eram de qualidade e, segundo, por serem mais baratos
do que a revelação das fotografias. Assim, as férias chegavam, viagens aconteciam,
cartões eram comprados, colados, e outros, guardados. Quando percebi, tinha uma
caixinha cheia de cidades e lembranças.
Esse interesse se intensificou na adolescência, quando ganhei, da minha bisavó
materna, uma grande quantidade de postais de várias partes do Brasil e do mundo.
Porém, um detalhe despertou a minha curiosidade: como ela havia conseguido
juntar tantos postais, se nunca saíra da ilha onde morava?
Esta iIlha era Mosqueiro, distante da cidade de Belém. Na época, ainda não
havia a ponte que hoje a liga à parte continental. Antes, o único acesso à cidade
era feito navegando pelo rio em canoas, ou por meio de um grande navio chamado
Presidente Vargas.
Quando me entregou os cartões postais, minha bisavó, hoje com 90 anos,
contou com detalhes seu passado. Recomendou que eu tivesse cuidado com os
cartões e enfatizou:
- Eles fizeram um longo caminho para chegarem até as minhas mãos.
Ela relatou que fazia parte de uma das famílias mais tradicionais da sociedade
local e gostava muito de literatura e música. Em 1941, com dezenove anos, casou
com um jovem libanês que havia chegado recentemente ao ocidente, fugindo da 2ª
guerra, em um transatlântico. Esse jovem também era amante dos livros, adorava
ler Shakespeare, falava quatro línguas, a de origem, inglês, francês e o português e
não se cansava de contar, sentado à noite na porta de casa, tendo em volta amigos
e familiares, sua viagem de navio pelos portos europeus até chegar ao Brasil. Ela
adorava ouvi-lo narrar, principalmente, sobre o lugar de que ele mais gostara: a
23
Cidade Luz, Paris. No seu íntimo, sentia falta de alguns detalhes para compor, na sua
memória, as imagens descritas por ele, por isso sentia um pequeno desassossego
que teimava, lá no fundo, em gerar um sentimento de culpa, por duvidar se tudo
era mesmo tão lindo como ele contava.
Mas, católica fervorosa, ela diz que Nossa Senhora aliviou seu coração e fez as
dúvidas se dissiparem. Tudo aconteceu porque em Mosqueiro existia a Fábrica Bitar,
que sobreviveu ao período áureo da borracha em Belém, e recebia alguns navios
que vinham da Europa buscar o que ainda restava do produto manufaturado. Nessa
época, trabalhava em um desses navios um amigo da família chamado Pereirinha,
que, conhecendo as histórias do meu bisavô, começou a trazer de presente para
ela cartões postais das cidades citadas por ele e de outras que documentavam a
veracidade daquelas belas narrativas.
Esses cartões postais encantaram minha bisavó e passaram a significar janelas
silenciosas que aprisionavam e preservavam, em sua memória, imagens de lugares
nunca antes imaginados, apenas sonhados.
Na época em que ganhei esses cartões, não tinha noção do seu valor histórico,
pois minha bisavó guardou-os desde os anos 40 e os repassou a mim em 1996. Só
fui perceber o quanto eles eram raros ao iniciar as leituras para a minha pesquisa de
mestrado.
Acredito que, depois dessas histórias da minha bisavó, comecei a valorizar
ainda mais o que para alguns seriam apenas pequenos cartões retangulares com uma
simples mensagem e algumas imagens. A sensação que tenho é como se estivesse
realmente testemunhando as teorias que levanto, hoje, em minhas pesquisas, pois
sei da importância para a história dessas pessoas que, por alguma razão, por algum
sentimento, explicável como este ou inexplicável como tantos outros, guardaram,
não só na memória, mas fisicamente, suas mais belas lembranças ou suas saudades.
Mas, felizmente, o que importa é que eles foram guardados, não sei se posso
dizer colecionados, pois acredito que o limite entre guardar e colecionar seja tênue e
conceitual e difere apenas na forma como são arquivados e mantidos, e isso reforça
o que diz Pomian (1984, p.51) sobre a valorização das peças de coleção:
[...] as peças de coleção devem ser mantidas temporária ou definitivamente
fora do circuito, principalmente das atividades econômicas, esses postais
receberam cuidados especiais, portanto, podem ser considerados como
objetos preciosos: têm valor de troca sem terem valor de uso.
Aliou-se a esse interesse por cartões postais um grande encantamento pela
disciplina Patrimônio Histórico, ministrada pela Professora Filomena Mata Longo,
quando, em Belém, fiz o Curso de Arquitetura. Apaixonei-me pela história da
cidade e pelas construções de Antônio Lemos, na Belle Époque. O interesse por
essa temática me fez trabalhar em um Departamento responsável pela preservação
24
do Patrimônio Histórico da cidade de Belém – DEPH - e em um projeto chamado
Monumenta, um programa estratégico do Ministério da Cultura, que tinha como
proposta um conceito inovador, pois procurava conjugar recuperação e preservação
do Patrimônio Histórico com desenvolvimento econômico e social.
Mas a inquietação de buscar conhecimento mais amplo me fez mudar para São
Paulo e fazer um curso em Design Gráfico na Escola de Publicidade e Propaganda ESPM, e com as técnicas adquiridas no curso iniciei uma produção própria de cartões
postais. Porém, ainda continuo ampliando a minha modesta coleção. Hoje, quando
viajo, traço um roteiro, ou seja, defino a ida em várias livrarias e bancas de revistas
para comprar postais dos lugares visitados; e as pessoas que me conhecem e sabem
que os coleciono sempre me trazem alguns de suas viagens.
Continuo, no entanto, com a velha mania de trocar cartões postais. Só que,
agora, utilizando os recursos das novas tecnologias, participo do site http://www.
postcrossing.com, no qual se pode trocar cartões postais com pessoas do mundo
inteiro.
Foi assim, pelo interesse aqui manifestado, que ganhei de presente o livro
Belém da Saudade: A memória da Belém do início do século em cartões postais,
publicado pela Secretaria da Cultura do Governo do Estado do Pará – SECULT, 2.ed.
publicado em 1998. Os cartões postais deste livro são o meu objeto de pesquisa.
Os cartões postais publicados no livro Belém da Saudade, na sua segunda
edição (ampliada), retratam uma época em que a cidade de Belém vivia um período
de grandes transformações, principalmente na sua estrutura urbana, possibilitado
por sua principal fonte de riqueza, a extração da borracha, para a industrialização
do látex1 e para a confecção do pneumático2, estabelecendo, assim, uma relação de
dependência entre as indústrias da região amazônica e de outros países, pois o Pará
possuía a matéria-prima, mas a Europa e os EUA, a industrialização. Em decorrência
desse capitalismo estrangeiro, infiltrado na região, Belém foi se urbanizando tendo
à frente a figura do Intendente Antônio Lemos3, que administrou a cidade por 15
anos.
Latex: suco leitoso de certas plantas, principalmente das Asclepiadáceas, Euforbiáceas e Sapotáceas,
sendo comercialmente mais importante o da seringueira, do qual se fabrica a borracha. (Weiszflog,
Michaelis Moderno Dicionário Da Língua Portuguesa, 2010).
1
Pneumático: coberta externa, de borracha e tecido, da câmara-de-ar da roda de um veículo
(Weiszflog, Michaelis .Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, 2010)
2
Intendente Antônio Lemos: nascido em São Luís do Maranhão, aos 17 anos se alistou na Marinha
de Guerra, por onde fez incursões no Rio da Prata durante a Guerra do Paraguai (entre 1864 e
1870) com a corveta “Paraense”. Em Belém, Lemos disputou a Intendência Municipal, em 1897,
teve mais de seis mil votos contra 600 do seu adversário. Em 1900, Lemos viria a se reeleger para a
Intendência de Belém, que, neste período, era governada pelo Intendente Paes de Carvalho (18971901)(ROCQUE, s/d).
3
25
A denominação dada ao período aqui enfocado, Belle Époque4 (Bela Época)
paraense, era por a cidade reproduzir um cenário Europeu em plena América do Sul.
Ela refletia o rítmo das exportações e se desdobrava na arquitetura e nas atitudes
sociais de seus habitantes, que, segundo Sarges (2002), passaram a ser manifestadas
através do vestuário, da construção de prédios luxuosos, cafés, instalação de luz
elétrica, bondes e ferrovias, criação de parques, praças e cinemas.
Nesse cenário, o cartão postal, com as suas novas tecnologias gráficas, tornase fundamental para a divulgação e o registro fotográfico da elite paraense, que se
utilizou desse inovador meio de comunicação impressa, para exportar para o Brasil
e o mundo como esta cidade desejava ser mostrada, ou seja, em pleno processo de
modernização.
Os cartões postais passaram, então, a representar importante fonte de registro
fotográfico para subsidiar a leitura e a compreensão da história da cidade, além
dos avanços gráficos em seu design, agregados à tecnologia encontrada na época,
pois, como ressalta Ramos, Patriota, Pesavento (2008, p.20), as imagens registradas
possibilitam interpretar e recriar o mundo como um processo de representação e, “a
análise das imagens permite um estudo de uma psicologia da expressão humana,
pois contém e transmite energias de outro tempo, que é dado a ver e que é preciso
decifrar”.
Assim, para o desenvolvimento desta pesquisa, organizamos uma sequência
adequada para apresentarmos o trabalho, em que, no primeiro capítulo, foi feito
um panorama sobre a origem do cartão postal, embasado nas contribuições teóricas
de Miranda (1986), que nos relata as origens mais remotas dos cartões postais,
assim como em Daltozo (2006) e Vasquez (2002), Gerodetti e Cornejo (2004), que
abordam a chegada do cartão postal no Brasil e os tipos de fotografia impressas
nesses retângulos ilustrados que foram importantes na ampliação e na comunicação
entre as pessoas no mundo todo. Finalizamos o capítulo relatando a chegada do
cartão postal a Belém e como os postais tiveram características próprias em função
dos seus meios gráficos, podendo ser distinguidos em fases.
No segundo capítulo, ainda nos apoiamos em Daltozo (2006) e Vasquez (2002),
para tratar das informações extraoficiais sobre os cartões postais, em que Miranda
Belle Époque: entre 1871 e 1914, foi o período da Belle Époque. As potências europeias se
orgulhavam dos seus avanços e das mudanças realizadas entre os séculos XIX e XX, que também
afetaram a sociedade brasileira significativamente. De meados dos anos de 1890 até a Grande Guerra,
a orquestra econômica global gerou grande prosperidade no país. O enriquecimento baseado no
crescimento explosivo dos negócios formou o pano de fundo do que se tornou conhecido como “os
belos tempos” (Belle Époque). No Brasil, a atmosfera do surto amplo de entusiasmo do capitalismo
gerou uma sensação entre as elites de que o país havia se posto em harmonia com as forças da
civilização e do progresso das nações modernas (SARGES,2002).
4
26
(1986), que relata a forma e as características dos cartões postais; SECULT, 2 ed.
(1998) e em Gerodetti (2004), que apresentam a importância desse novo suporte
como meio de divulgação e documentação da memória coletiva de uma época, e em
Benjamin (2002), que, além da reprodutibilidade técnica, nos ajuda a fazer um breve
histórico a respeito da relevância da tecnologia e sua contribuição para a publicação
desses postais, em Kossoy (2001) e Cardoso (2006), que analisam o aparecimento
de um grande mercado fotográfico e a evolução desse mercado, e em Schapochnik
(2004) e Cardoso (2010), que nos remete à questão da reprodutibilidade.
Apresentamos no terceiro capítulo a análise dos cartões do livro Belém da
Saudade, com a quantificação de dados informacionais dos 376 postais publicados,
observando seus elementos gráficos e visuais, além de criar grupos de interesses
de registros fotográficos em temas de análise, gerando, a partir deles, as fichas
cadastrais, baseadas em estudos espanhóis da Universitat Jaume I. Em decorrência
da análise feita nas imagens fotográficas através de um encontro, um despertar,
algo nos tocou e, seguindo os pressupostos semiológicos de Barthes (1980),
chamamos essa sensação de punctum, pois, ao analisarmos as imagens (spectator),
fomos atingidos por algo que nos provocou de forma incontrolável e fizemos uma
ancoragem no conceito de Schwartz (1973), exposto no livro Ao vencedor as batatas,
da concepção de As ideias fora do lugar. Assim, traduzimos em palavras esse detalhe
que apresenta um descompasso ou um desencontro no tempo e no espaço. 27
Capítulo 1
Origem e evolução dos cartões postais
28
28
Quando se percebe que os postais conservam instantes de trajetórias humanas,
quando se reflexiona sobre a riqueza de formas e sugestões que neles se condensa
e irradia, compreende-se que proporcionam uma visão humanística do mundo em
que vivemos, pois cada imagem traduz um ato de escolha, demonstra preferência,
privilegia aspectos de vida dentro de perspectivas sociais vigentes, ensaia uma
interpretação da realidade.
Elysio de Oliveira Belchior
Para compreender por que escolhemos os cartões postais como foco dessa
pesquisa, é preciso conhecer um pouco do valor histórico desse gênero postal e
seu design gráfico, saber de sua origem, sua evolução e como eles documentaram
momentos que não podem ser esquecidos, possibilitando, assim, o resgate da
história, não de forma oficial, mas pelo registro de imagens feitas por artistas e
fotógrafos de uma época.
Sobre sua origem, Miranda (1986) ressalta que o cartão postal teve como
fonte de inspiração e referência os antigos cartões de saudações chineses, que,
como os postais de hoje, já traziam ilustrações e mensagens aos olhos de todos, sem
estarem ocultas em um envelope. Outra possibilidade de origem, segundo o mesmo
autor, seriam os “billets de visite” patenteados em meados de 1854. Informações
extraoficiais, sobre a origem dos cartões postais, dão indícios de que no ano de
1861, como informa Daltozo (2006), no estado da Filadélfia (EUA) houve registro de
patente em nome de J.P. Carlton de um postcard, porém, dele não foi encontrado
nenhum exemplar que comprovasse a sua existência.
Em 1865, Vasquez (2002) descreve que o Dr. Heinrich von Stephan (diretor
geral do Correio da Confederação Alemã do Norte), na Conferência Postal GermanoAustríaca, propôs a criação de uma forma de correspondência oficial que pudesse ser
enviada sem utilização de envelope, com mensagens curtas e com tarifas reduzidas.
O cartão postal, oficialmente, surgiu, como nos informa Vasquez (2002), na
segunda metade do século XIX, no dia 29 de janeiro de 1869, quando o austríaco
Emmanuel Hermman, professor de economia política da Academia Militar de
Viena, publicou um artigo intitulado Acerca de um novo meio de correspondência,
sugerindo a criação de uma correspondência que possuísse algumas características
especiais, como descreve Daltozo (2006, p.13):
O custo alto da remessa de correspondências foi um dos motivos que
fizeram com que o austríaco Emmanuel Hermann […] sugerisse ao Correio
a criação de um meio de comunicação mais fácil, barato e rápido, enviado
a descoberto, ideal para mensagens curtas, mas que custassem a metade
do valor de uma carta convencional […] alegando que as pessoas ansiavam
por um meio mais simples e menos dispendioso de se comunicarem.
Com a finalidade de aliar o baixo custo à simplicidade de expedição,
rapidamente a sugestão feita por Emmanuel Hermann foi aceita e entrou em vigor
29
no dia 1º de outubro de 1869. O design gráfico deste cartão, Correspondenz Karte,
era simples, apresentava apenas o espaço para o selo, e, como única ilustração,
as Armas Imperiais. Essa nova modalidade de correspondência, como esclarece
Daltozo (2006), acabou ganhando um alcance quase que ilimitado, pois foi adotada
e autorizada a circular em vários países.
Em 1870, o postal foi adotado oficialmente pelos Correios de Alemanha,
Inglaterra, Suíça e Luxemburgo. Em 1871, foi autorizado a circular na Holanda, na
Bélgica, na Dinamarca e no Canadá. A França adotou tal sistema de correspondência
em 1873, mesmo ano em que foi adotado por Estados Unidos, Chile, Sérvia, Romênia
e Espanha. No ano seguinte, foi a vez da Itália. O Japão adotou-o em 1875.
Figura 1: Primeiro cartão postal da história: o Correspondez-Karte austríaco de 1869
Fonte: Postais do Brazil (2002)
Os primeiros postais eram monopólio do governo, que fazia a impressão
e regulamentava a circulação em território nacional. De tamanho pequeno, os
cartões postais se caracterizaram sempre pela economia de linguagem, ou seja,
apresentavam um limitado espaço para escrituração e por isso eram conhecidos
como bilhetes postais, como descreve Miranda (1986, p.12):
Ao revés, surgiram como simples cartolinas de tamanho um pouco menor
(12 x 8,5) que hoje adotado (14 x 9), trazendo num dos lados, o timbre
do governo que os editava e o local reservado à expedição e, no outro, o
espaço reservado à mensagem.
Assim, o cartão postal difundiu-se pela Europa e demais continentes, fazendo
esse tipo de comunicação simplista ser aceita por vários países e tendo uma crescente
venda, em apenas um ano, de milhões de exemplares. Com essa expansão dos
30
postais, o que antes era uma simples cartolina começa a transformar o seu design
gráfico acrescentando gravuras e ilustrações, até chegar finalmente a incorporar na
sua composição um elemento decisivo para difundi-lo no mundo: a fotografia.
A novidade do uso de ilustrações logo foi incorporada ao design gráfico dos
postais, como descreve SECULT (1998), pois, no ano 1870, aparece um cartão postal
que utilizou a imagem de um fac-simile (uma forma de fotografia) sobre a guerra
Franco-Prussiana nos cartões do livreiro Leon Besnardeau, apontado por muitos
anos como o verdadeiro criador das ilustrações postais.
Figura 2: Cartão postal francês de 1904, impresso em 1870 como lembrança da Guerra FrancoPrussiana
Fonte: Postais do Brazil (2002)
Em 15 de setembro de 1874, vinte dois países (Bélgica, Áustria e Hungria,
Dinamarca, Egito, França, Alemanha, Itália, Bélgica, Grã-Bretanha, Luxemburgo,
Grécia, Países Baixos, Noruega, Portugal, Romênia, Rússia, Sérvia, Espanha, Suíça,
Suécia, Turquia e Estados Unidos da América) se reuniram no Congresso em Berna,
na Suíça, o que, segundo documento oficial da Constitution General Regulations,
resultou na assinatura de um tratado que estabeleceu a primeira convenção
internacional governamental de serviço postal, chamada União Postal Geral. Esse
congresso gerou um documento denominado Tratado de Berna, que estabeleceu
atos constitutivos, regulamentando uma tarifa única de circulação entre os países
membros, que entrou em vigor no dia 1 de julho de 1875. Posteriormente, com
a adesão de novos países, a União Postal Geral passou a se chamar União Postal
Universal, formando um território postal para troca recíproca de correspondências e
estabelecendo regras comuns de remissão dos mesmos.
O design gráfico do cartão postal que hoje conhecemos como padrão,
utilizando a fotografia no seu anverso e o verso dividindo lugar entre a mensagem
31
e o endereço do destinatário, apareceu pela primeira vez na Inglaterra, em 1902, e
logo se popularizou em outros países, como descreve Daltozo (2006, p.17):
No início o postal tinha o local para o endereço e selo na frente, ficando
o verso, que era em branco, para a mensagem. Com a introdução das
imagens - inicialmente gravuras e depois fotos - estas foram tomando
gradativamente a frente do postal, o endereço do destinatário passou
para o verso, pegando todo o espaço disponível.
Figura 3: Cartão postal frente e verso datado de 1907 nos moldes dos cartões atuais
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
Foi a partir da expansão dos postais pelo mundo, nas primeiras décadas do século
XX, que começam a aparecer algumas especificidades em função das novas tecnologias
na impressão dos postais, as quais os diferenciavam em sua produção gráfica e os
levaram a se classificar em três tipos, conforme nos diz Daltozo (2006, p.17):
[...] fotográfico real, fotográfico impresso e postal artístico desenhado.
O fotográfico real é aquele que a foto é revelada diretamente no papel
fotográfico, cujo verso imita um postal. Enquanto o postal fotográfico real
tinha pequenas tiragens, às vezes até um único exemplar, o impresso era
feito em gráficas e geralmente com grandes tiragens.
A rápida aceitação dos cartões postais entre a população foi inegável,
principalmente para os turistas, pois, por ser uma lembrança de baixo custo e
decorativa, podia ser levada para recordar e apresentar os lugares visitados. Assim,
a circulação do cartão postal rompeu barreiras, e a sua simplicidade foi o motivo
do seu sucesso, mesmo que a elite ainda resistisse em utilizá-lo por temer que suas
mensagens fossem expostas à curiosidade pública.
Mesmo com essa popularidade, o Brasil não aderiu imediatamente à utilização
32
dos postais como meio de correspondência condensada. Os postais só chegaram ao
Brasil onze anos depois da sua criação na Áustria, ou seja, em 1880, como monopólio
do Governo, pela iniciativa do ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas,
Manuel Buarque de Macedo.
1.1 O cartão postal no Brasil
Os bilhetes postais chegaram ao Brasil propostos pelo Ministro da Agricultura,
Comércio e Obras Públicas, Manoel Buarque de Macedo, no ano de 1880, pelo
Decreto nº 7.695, de 28 de abril, que regulamentava sua circulação e delegava ao
Estado a impressão desses bilhetes, como monopólio do Governo.
O governo brasileiro determinou, então, duas classes de postais que deveriam
ter no seu design gráfico a ilustração das armas imperiais e utilizarem a distinção
cromática para categorizar o tipo de correspondência no território nacional, conforme
relata Miranda (1986, p.13):
[...] os destinados a correspondência interna, de cor azul, ao preço de 50
réis os simples e 100 réis os duplos, isto é com resposta paga, e os referentes
a correspondência internacional, com os países que faziam parte da União
Postal Universal, de cor laranja, a razão de 80 e 100 réis. Posteriormente
foi criada uma Terceira, de cor vermelha, para correspondência urbana, ao
preço de 20 a 40 réis, respectivamente.
Figura 4: Cartão postal de correspondência interna simples urbana de 20 réis
Fonte: RHM Filatelistas (2010)
33
Figura 5: Cartão postal de correspondência interna simples de 50 réis
Fonte: Gorberg (2000)
A quebra do monopólio dos postais pelo governo brasileiro, assim como nos
países da Europa, também aconteceu de forma gradativa. No Brasil, foi liberada a
produção dos bilhetes-postais pela indústria privada em 14 de novembro de 1899.
Essa liberação, no entanto, exigiu uma padronização gráfica entre os postais que
circulavam no país, como: o selo dos correios, dimensão dos cartões postais em
9x14cm e em uma de suas faces deveria conter os mesmos dizeres dos bilhetespostais oficiais, e na outra, poderiam exibir ilustrações, gravuras, vinhetas e
fotografias, que, como relata Miranda (1986, p.13), chegavam a se desdobrar em
“duas e até mesmo em três cartelas com uma só paisagem de 180º”.
Figura 6: Panorama da cidade de Porto Velho, capital de Rondônia, situada às margens do Rio
Madeira, com desdobramento em duas cartelas com paisagem em 180º
Fonte: Lembranças do Brazil (2004)
Antes da quebra do monopólio do governo brasileiro, liberando a impressão dos
34
postais, em gráficas particulares, tem-se especificamente na Alemanha, produzidos
por Albert Aust, o registro de postais retratando paisagens das cidades de Recife,
Pernambuco, Salvador, Rio de Janeiro e Belém do Pará. Esses postais, que foram
impressos e editados no exterior, faziam parte de uma série intitulada Sud-América,
que retratava as paisagens dos trópicos que se tornaram elementos de interesse dos
europeus, como retrata Schapochnik (1998, p.429):
Aust lançava sobre o Brasil um olhar estrangeiro em busca do exótico e do
pitoresco. Com isso, cumpria um duplo objetivo: satisfazia a curiosidade
e a imaginação dos que viviam na distante Europa, ao mesmo tempo que
servia às comunidades de origem estrangeira que aqui viviam.
Figura 7: Cartão postal da série “Sud América” da cidade de Pernambuco, de Albert Aust
Fonte: Lembranças do Bradil (2004)
A produção dos primeiros cartões postais ilustrados no Brasil, sem o selo do
correio, tinha, como relata Cornejo (2004), o design gráfico inspirado nos motivos art
nouveau contendo, em seu anverso, alegorias florais, elaboradas vinhetas e grafismos
artísticos. Conhecidos como Gruss aus, expressão alemã que significa “Saudações
de”, mas que também era traduzida como “Lembranças de” ou “Recordações de”,
hoje, esses cartões postais ilustrados em litografias5 coloridas são peças valiosas pela
raridade, pela beleza artística e por terem sido produzidas antes de 1900.
Foi somente no início do século XX que se desencadeou a produção maciça
de cartões postais pelas livrarias e casas editoriais, que contavam com um grande
Litografia: técnica de gravura, em que o grafismo é desenhado diretamente em uma matriz de pedra
(calcário). Baseia-se na propriedade de repulsão entre a água e as substâncias gordurosas (tintas).
Com a pedra molhada, a tinta de impressão só adere às partes que contêm imagem e permite, sob
pressão, a reprodução dessa imagem sobre o papel (SILVA, 2008).
5
35
número de editores presentes em vários Estados do Brasil. Um dado oficial relevante
sobre a produção de cartões é relatado por Schapochnik (1998), que indica que
na sua fase áurea, no período de 1907-1912, o Correio coletou, em todo o Brasil,
cerca de 57.876.202 cartões postais e distribuiu 81.963.858, em um momento
culminante de sua evolução.
Essa produção em larga escala foi possível com o avanço dos processos de
impressão e com a reprodução da imagem, fazendo com que o mercado de produtos
gráficos se tornasse um fator influente para a expansão dos postais, como relata
Cardoso (2008, p.51):
Ao uso secular da xilogravura [...] vieram juntar-se a litografia (sobre
pedra e sobre zinco) e a gravura em metal sob chapas de aço, técnicas
aperfeiçoadas para o uso comercial e industrial durante o século XIX. Pela
primeira vez na história, tornava-se possível imprimir imagens em larga
escala e a baixíssimo custo, e a difusão de gravuras e outros impressos
ilustrados a preços populares.
No período de expansão, produção e comercialização dos cartões postais,
surgem, no Brasil, as primeiras séries de cartões nacionais, produzidas por Victor
Vergueiro Steidel, do Estabelecimento Gráfico V. Steidel, que utilizavam as técnicas
de litografias coloridas, gravadas a buril6, retratando paisagens urbanas que estavam
se ajustando às transformações urbanísticas que aconteciam no país.
Figura 8: Cartão postal produzido por Victor Vergueiro Steidel, vista do Jardim da Luz São Paulo
Fonte: Lembranças do Brasil
Buril: nome de um dos gêneros da gravura em metal, caracterizado pelo fato de que o desenho
que se pretende imprimir é entalhado diretamente na chapa metálica, através de incisões feitas por
pequenas ferramentas de aço, pontiagudas e de diferentes tamanhos - buril, ponta-seca, berceau de
roulette e punção. Conhecido como o processo mais antigo da calcografia, os primeiros trabalhos
feitos dessa forma surgem, aproximadamente, em 1446 (Enciclopédia Itaú Cultural Artes Visuais http://www.itaucultural.org.br).
6
36
Os cartões produzidos por livrarias, papelarias e casas editoriais tornam-se,
então, em sua maioria, sinônimo dos pontos turísticos das cidade ou de uma bela vista
urbana, reproduzindo em suas imagens o discurso que se pautava pela intervenção
do Estado no espaço urbano, com a finalidade de modernizá-lo e embelezá-lo,
modificando a leitura do país no exterior, como relata Schapochnik (1998, p.430):
As imagens fixadas nos cartões produzidos no Brasil remetiam para uma
diversidade de temas, com destaque para: paisagens bucólicas, que
sublinhavam o exotismo tropical, ou a natureza refigurada nos jardins
e praças; o cenário urbano emblematizado pelas pontes e avenidas, o
porto ou a estação ferroviária, o casario e os monumentos associados à
valorização dos ideais de “civilização” e “progresso”, e ainda a galeria
de retratos dos personagens de destaque na esfera político-cultural e os
“tipos exóticos” que habitavam o Brasil.
Vale ressaltar que, neste período, muitos fotógrafos e editores de cartões
postais permaneceram no anonimato, e de outros se conhecem apenas dados
bibliográficos, pois, em alguns casos, só se destacavam nas impressões os nomes
dos próprios representantes das grandes livrarias e papelarias. Mas, o importante é
que esses cartões tiveram uma participação efetiva para a divulgação e a construção
da imagem das grandes cidades brasileiras. Dentre essas cidades, destacamos Belém
do Pará, foco dessa pesquisa, por retratar, em postais, o período áureo da belle
époque, influenciado pelo ciclo da borracha, ocorrido no final do século XIX e no
início do século XX.
1.2 O cartão postal em Belém do Pará
Verdadeiro fenômeno no mundo, o cartão postal chegou ao Estado do Pará
em meados do século XIX, retratando principalmente o cenário de uma cidade em
processo de modernização, inspirado no visual europeu.
Esses cartões, na sua maioria, registravam os monumentos arquitetônicos
e urbanísticos de um tempo em que a cidade foi referência de urbanização e
sociabilidade, resultado do período áureo do ciclo da borracha, que transformou
a paisagem da cidade e consequentemente seus usos e costumes, fato este que
ocorreu nas cidades brasileiras, como relata Miranda (1986, p.17):
O verdadeiro “leit-motiv” dessa então nova, mas promissora forma de
comunicação, era o retrato de cada uma daquelas urbes espalhadas pelo
país e orgulhosas de sua ancianidade e - por que não também - de uma
que outra modernice, com que as novas gerações iam desbastando, aqui
e ali, o ar singelo com que Portugal as marcara.
Os primeiros cartões postais chegaram a Belém, com imagens da cidade
37
retratada por editores alemães e italianos, Albert Aust e Stabilimento Armanino
respectivamente, e impressos fora do Brasil, como justifica SECULT (1998, p.14-15):
Tal fato não é de se estranhar à vista da carência de recursos tipográficos
do Pará de então. Vicente Salles […] aponta na mesma direção, chegando
a indicar o nome de casas impressoras na Europa, especializadas em
trabalhos de litografia, calcografia e fotografias.
Figura 9: Cartão Postal da série “Sud América”, de Albert Aust, que mostra a cidade de Belém,
especificamente a Rua da Imperatriz
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
Encontramos relatos em Miranda (1986) de que, no ano de 1901, os irmãos John,
Alberto e Victor Engelhard ficaram conhecidos por utilizar, em seus cartões postais,
vinhetas art nouveau, estampando temáticas exclusivamente paraenses, impressos
na França e distribuídos pela sua editora Engelhard Freres & Cº, posteriormente
seriam inspiração de um padrão de design gráfico adotado pela maioria das livrarias
e papelarias paraenses.
Gradativamente, alguns estabelecimentos começaram a desenvolver atividade
tipográfica na cidade de Belém, como Livraria Clássica, Livraria França Santos,
Papelaria Silva e Livraria Universal, tornando-se, assim, presentes no mercado de
cartões postais e lançando suas primeiras séries locais.
As edições das livrarias paraenses muito contribuíram para a história gráfica
dos postais locais e podem ser estruturadas em três fases. Mesmo produzindo postais
em todas as fases, as livrarias e papelarias se destacaram, particularmente, em fases
distintas <adaptado de SECULT (2006)>.
A Primeira fase, correspondente aos anos de 1898 a 1906, que compreende as
edições que testemunharam a ocupação paulatina da ilustração, que timidamente começou
no canto esquerdo do postal e foi tomando conta do local antes reservado para a mensagem.
38
Figura 10: Cartão Postal do Largo Baptista Campos – Pará, com a ilustração no canto esquerdo,
dividindo a frente do postal com a mensagem
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
Outra característica dessa fase foi a utilização das primeiras variações de
tonalidade na impressão dos postais, em 1906, quando o Centro Photographico Girard
introduziu a cor na série de postais, sem editor, intitulada “O Município de Belém”.
Os cartões postais, na primeira fase, trouxeram ainda uma inovação, o
patrocínio comercial com marketing do governo do Intendente Antônio Lemos, que
apresentava como característica, em sua primeira série, a numeração desses postais,
que, conforme relata Daltozo (2006), tinham a finalidade de organizar a sequência
das edições, obedecendo ao registro da informação “cidade-editora-número”.
Figura 11: Cartão Postal com o brasão do Município de Belém no seu canto esquerdo, e detalhe da
informação vertical do seu número de sua série
Fonte: Adaptação da imagem contida no Livro Belém da Saudade(1998)
39
Nesta fase, é importante ressaltar que a Livraria França Santos teve não só o pioneirismo
na utilização das tonalidades de cores, como, também, se destacou por ter registrado ângulos
e vistas incomuns da cidade de Belém, como descreve SECULT (1998, p.15):
Mas não é apenas pela coloração de seus postais que a Livraria França
Santos merece ser lembrada. Também as suas ilustrações fugiam ao que
se figurava como convencional, revelando a preocupação do editor com o
caráter documental de sua produção.
Os cartões postais dessa primeira fase foram impressos pelo processo de clicheria7
e, em sua maioria, retratavam as transformações arquitetônicas e urbanísticas da
cidade. Nessa fase, ainda não havia a utilização do verso desses postais e a divisão
destinada à postagem e à expedição. Segundo SECULT (2006), essas publicações
foram produzidas pelas seguintes livrarias, com suas respectivas particularidades:
A Livraria Clássica8 trazia nas suas edições as fotografias de Júlio Augusto
Siza (proprietário da Fotografia Amazônia), com imagens inéditas de seu registro
fotográfico, que retratavam a cidade, antes da reforma feita pelo Intendente Antônio
Lemos, como: a praça Batista Campos, o velho Hospital Militar, a Travessa Marquês
de Pombal, com seus sobrados de fachadas lisas e seus balcões de ferro, locais esses
que foram praticamente esquecidos pela produção cartofílica posterior, que passou
a retratar apenas a nova configuração do espaço urbano.
Figura 12: Cartão Postal com fotografia de Júlio Augusto Siza, da Livraria Clássica, retratando o
Hospital Militar
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
Clicheria: da palavra clichê, é um termo que caminha para o desuso, sendo ainda empregado, no
entanto, como sinônimo de fotografia ou de chapa fotográfica. Em artes gráficas, este termo designa
a chapa de zinco ou plástico na qual se processa a gravação da imagem, através da decomposição
do original - fotográfico ou não - numa infinidade de pequenos pontos que constituirão a base da
imagem impressa final (Enciclopédia Itaú Cultural Artes Visuais - http://www.itaucultural.org.br).
7
Livraria Clássica: era propriedade de Joaquim Baptista dos Santos e Henrique E. N. Santos, sendo
associada à Livraria Comercial e à Livraria do Povo (SECULT,1998).
8
40
As primeiras variações de tonalidades, antes da cor propriamente dita, fizeram
sua estreia na Livraria França Santos, nos cartões de Belém por volta de 1906, com
os postais aquarelados à mão do Centro Photographico Girard e da série, sem editor,
intitulada ‘O Município de Belém’. Esses postais representavam um verdadeiro cartão
de visita da cidade, já que registravam as grandes realizações da administração do
Intendente Antônio Lemos.
Figura 13: Cartão Postal aquarelado a mão, do Centro Photographics Girard retratando a Rua
Conselheiro João Alfredo.
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
As ilustrações fugiam do convencional, revelando a preocupação do editor com
o caráter documental de sua produção, que retrata o fundo do Theatro da Paz, ao
invés do frontão grandioso, havendo outros exemplos, como o Largo de Nazaré, ao
invés da igreja, e a primeira vista panorâmica da cidade tirada do Largo da Pólvora.
Figura 14: Cartão Postal com variação de tonalidade, da Papelaria França Santos, retratando o Largo
da Pólvora
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
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Foi nessa primeira fase que apareceu o primeiro editor que valorizou o postal
como objeto colecionável, Alfredo Augusto Silva, da Papelaria Silva. Ele dividiu
sua produção em séries: uma de vistas (prédios e logradouros) e outras temáticas
(Costumes paraenses, Subúrbios de Belém, Pará Pitoresco, Artes e Artistas Brasileiros
e Etnografia Brasileira). É dessa livraria, também, a primeira experiência de patrocínio
comercial. Era fotógrafo oficial desta papelaria Felipe Augusto Fidanza, um dos mais
conhecidos fotógrafos desse período, entretanto, não tinha créditos nos postais.
Figura 15: Cartão postal da série Pará Pitoresco da Papelaria Silva, retratando a Avenida Almirante
Tamandaré.
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
Responsável por uma das maiores tiragens de cartões postais que se conhece
no Pará, tanto coloridos, quanto em preto e branco, numerados ou sem numeração,
a Livraria Universal, de Tavares Cardoso e CIA, ficou conhecida por seus cuidados
na impressão. Esse postais possuíam a mesma qualidade dos trabalhos litográficos
produzidos na Europa e foram pioneiros nas duas cromolitografias9 com vistas em
miniatura – os famosos gruss aus, de inspiração alemã, que foram produzidos por
artistas anônimos e que, em sua impressão, utilizavam cores fortes, ou seja, utilizavam
combinações de cores intensas que contrastavam e tornavam as ilustrações mais vivas.
Cromolitografia: é um método da litografia através da qual os desenhos são impressos em cores. Os
exemplares mais refinados conseguem uma boa aproximação do efeito da pintura. O termo deriva do
grego chroma (cor), lithos (pedra) e gráfico (de graphein, desenho). (wikipedia, 2008).
9
42
Figura 16: Cartão Postal da Livraria Universal, de Tavares Cardoso e CIA, numerado, retratando o
trapiche auxiliar do Comércio, o quiosque do pavilhão e o Mercado do Ver-o-peso
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
A Segunda Fase, em Belém, ocorreu entre os anos de 1907 e 1920 e sua
característica principal foi retratar as vistas panorâmicas da cidade, as quais tiveram
seus postais ampliados de tamanho, desdobrando-se em até duas e três faces,
ou seja, até duas ou três vezes maior que seu tamanho original. Nessa categoria,
destacam-se as edições de E. F. Oliveira Junior e Eduardo A. Fernandes, editores das
vistas panorâmicas da capital, ora tiradas do rio, ora de planos elevados, em que o
fotógrafo posicionava a câmera no ponto mais alto do cenário, focando diretamente
para baixo, retratando as ruas, telhados e até bairros da cidade.
Figura 17: Cartão Postal de duas dobras com vista panorâmica do Cais do Porto de Belém, de 1909
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
Nessa segunda fase, encontramos os primeiros postais com a separação no anverso,
através de linhas verticais, para o local referente à mensagem e ao endereçamento do
envio postal; e a ilustração que agora tomava conta de toda área do verso. Nota-se
também a inserção de letras, em sequência dos números dos cartões em séries, as quais
serviam para identificar as edições especiais (sob encomenda) das outras produções.
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Figura 18: Cartão postal em série com a inserção de letras em seu detalhe, com o título “Uma
cozinheira”, da Papelaria Silva, série 3a
Fonte: Adaptação da imagem contida no Livro Belém da Saudade (1998)
Algumas livrarias se destacaram nessa segunda fase, entre elas, está a Livraria
Tavares Cardoso, que fez uma série de quase 100 postais, retratando as grandes
obras do Intendente Antônio Lemos e as primeiras imagens do interior do Estado.
Surgem também, nessa fase, os postais com imagens de pessoas que se destacavam
na sociedade, na vida pública ou a partir de suas propriedades comerciais,
revolucionando o cartão postal pelo poder da propaganda. Vê-se, nesse período, o
postal sendo utilizado, por alguns estabelecimentos comerciais, como brindes para
seus clientes, ou seja, iniciando o uso do postal como “marketing” comercial.
Figura 19: Cartão Postal de Propaganda Comercial do Armazém Paris N’America.
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
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A policromia surge como característica da segunda fase, mas com uma tiragem
reduzida, pois ainda havia uma produção em grande escala de postais em preto
e branco (monocromáticos), como os do fotógrafo Frances Currier, como os da
Fábrica Augusta, nas séries da Cerâmica Aperfeiçoada, os de Apolo Santos e os do
Museu Emílio Goeldi, e outros ainda como os da Casa Gino & Co.
Figura 20: Cartão postal do fotógrafo Frances Currier, retratando o interior da fábrica de cerveja
paraense
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
Figura 21: Cartão postal do fotógrafo Apolo Santos, retratando o Museu Goeldi
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
Nesse período, as publicações mais significativas foram produzidas pelas
seguintes livrarias: Livraria Alfacinha ou Tabacaria Alfacinha e Estabelecimento
Litográfico Carlos Wiegadt.
Diretor e proprietário da Livraria Alfacinha ou Tabacaria Alfacinha, Eduardo
45
A. Fernandes foi o editor das fotos panorâmicas de Belém e possuía cartões que
retratavam as praças e os jardins da cidade.
Figura 22: Cartão postal da Livraria Alfacinha, retratando seu próprio comércio
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
O Estabelecimento Litográfico Carlos Wiegadt, fundado em 1871, consagrou
seu proprietário como introdutor, em Belém, da calcografia10 e da esteriotipia11.
Precursor da litografia no Pará, produzia postais numerados em séries, sendo que cada
tipo de cartão era identificado por uma letra que o distinguia do restante da produção.
Calcografia: arte de gravar em metal, que se dá através de vários processos, sendo o mais antigo
deles a gravura a buril ou talho-doce, em que a gravação é feita diretamente no metal com um
instrumento de aço chamado buril. Outros gêneros da gravura feita em metal, que fazem parte da
calcografia, são aqueles conhecidos como água-forte, ponta-seca, água-tinta, maneira negra e o
verniz mole. O termo também pode ser usado para nomear o local onde essas impressões são feitas
(Enciclopédia Itaú Cultural Artes Visuais - http://www.itaucultural.org.br).
10
Esteriotipia: “foi um invento para se chegar à mecanização das prensas tipográficas, que só ocorre com a invenção
das rotativas [..] permitindo à matriz de impressão se adaptar aos cilindros da nova máquina” (Porta, 1958).
11
46
Figura 23: Cartão postal do Estabelecimento Litográfico Carlos Wiegadt, retratando a Igreja das Mercês.
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
Na Terceira fase, datada de 1920 a 1930, foi quando os postais começaram
a ser produzidos em grande escala com distribuição maciça. Iniciava-se, então, a
utilização da tecnologia na reprodução gráfica. Era o sinal da modernização. Nesse
momento chega ao fim o processo de clicheria, que foi substituído pelos cartões
postais fotográficos em preto e branco. Um exemplo são as novas edições das
livrarias Agência Martins e Casa São Paulo, com uma grande tiragem em preto e
branco identificada apenas pelas palavras “Bilhete Postal – Brasil – Pará – Belém”.
Figura 24: Cartão postal da Agência Martins, retratando a chamada “Ilha dos Amores” na praça
Baptista Campos.
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
47
Assim, encerra-se o período áureo dos cartões postais em Belém. Mas, como
nos relata Miranda (1986), podemos citar os mais relevantes nomes na confecção de
postais: no uso da fototipia, a atuação de M. Pugi em séries editadas por Eduardo
Fernandes, nos anos de 1915; no processo de clicheria o E. F. de Oliveira Junior da
Fábrica Augusta e, na fotografia, podemos destacar os três fotógrafos que tiveram
autoria nos postais paraenses, J. Siza, Horácio Silva e Felipe Augusto Fidanza.
Essa fase áurea do cartão postal, tanto em Belém, quanto no Brasil e no
mundo, começou a sofrer um declínio, influenciado pelo início da Primeira Grande,
Guerra que atingiu os setores político, econômico e sociocultural, desestimulando o
interesse do colecionismo, afetando a procura pelos cartões postais.
1.3 O declínio dos cartões postais
Os postais tinham atingido seu período áureo, tornando-se um fenômeno
social que fascinava a todos, quando, no ano de 1914, iniciou-se a Primeira Grande
Guerra, perdurando até o ano de 1918. Imediatamente após esse período, como
relata Vasquez (2002), o cartão postal entra em declínio.
Nesse período de guerra, que perdurou por quatro anos, a vida na Europa e nos
Estados Unidos foi movida em função desse conflito, que, contudo, não influenciou
na redução do número de publicações de postais pelas editoras e papelarias, tendo
sofrido apenas um processo de mudança nos motivos a serem retratados em
suas ilustrações e fotografias. Assim, os cartões postais, que antes retratavam os
avanços urbanísticos e as riquezas das cidades no período da belle époque, passam
a explorar motivos da guerra com predileção por temas nacionalistas, patrióticos e
de propagandas políticas, além de cartões com retratos femininos (pin-up13) e de
humor sobre a própria guerra.
Pin-up: fotografia ou gravura de mulher e, eventualmente, de homem em cartazes, calendários
(Weiszflog, Michaelis Moderno Dicionário Da Língua Portuguesa. 2010).
13
48
Figura 25: Cartão postal francês com motivo patriótico
Fonte: http://www.wereldoorlog1418.nl
Figura 26: Cartão postal de pin-up que se popularizou na Primeira Guerra Mundial
Fonte: http://www.metropostcard.com
Com a influência das guerras na economia desses países, inicia-se a decadência
do cartão postal. Assim, a Primeira Grande Guerra, em 1914, a quebra da Bolsa de
Valores de Nova York, em 1929, e o início da Segunda Grande Guerra, no ano de
1939, fizeram com que a população e os empresários sofressem um empobrecimento,
que alcançou o mercado de casas editoriais e o colecionismo dos postais. Junta-se
a isso o aumento das tarifas postais nos anos de 1918 e 1920, o que, como cita
Vasquez (2002, p.47), culminou efetivamente no declínio dos postais:
49
[..] Ferido de morte na Primeira Grande Guerra, o cartão-postal recebeu
o golpe de misericórdia na seguinte[...] As duas décadas seguintes, 1950
e 1960, são consideradas pelos historiadores como de maior decadência
do cartão postal.
O Brasil só veio a sofrer influência dessa crise na década de 20, deixando de
lado o colecionismo e o desejo que os cartões postais exerciam nas pessoas no
período Belle Époque para se tornar apenas um meio de comunicação informativa,
mesmo com os modernos processos em suas produções gráficas.
Foi assim que, no final da década de 50 e início dos anos 60, após os postais
terem sua decadência confirmada por historiadores, como informa Vasquez (2002),
no final dos anos 60, o cartão postal ressurge resgatando um sentimento de nostalgia,
fazendo com que antigos postais fossem reimpressos pelas papelarias e editoras. Na
década de 70, segundo o mesmo autor, esse avanço na reprodução fotográfica
faz com que haja a predominância das fotografias em preto e branco, trazendo o
renascimento desse meio de comunicação com os postais de fotógrafos-autores e os
que reproduziam obras de arte de grandes fotógrafos editadas pelos museus.
Figura 27: Cartão postal com reprodução de obras de arte
Fonte: http://www.metropostcard.com
Os postais começam a sofrer, então, um desvio de função, pois agora não
são usados apenas para envio de mensagens postais com o selo do Correio,
tornam-se novamente um objeto tratado com estima, além de disputados e
procurados por uma nova geração de colecionadores.
Como veículo de correspondência ou como objeto de colecionismo,
o postal
foi influenciado, consideravelmente, pelos novos padrões
gráficos que surgiam em função dos avanços tecnológicos e dos métodos
de impressão, passando pelo processo litográfico até os métodos atuais
50
de off-set 14 . É curioso notar que, apesar do cartão postal acompanhar a
evolução tecnológica, hoje (2012), no Brasil, com algumas exceções, os
postais apresentam baixa qualidade técnica de impressão, além de perder o
seu valor documental de retratar os usos e costumes das cidades.
Off-set: processo de impressão utilizado na indústria gráfica e inventado em 1799, pelo alemão
Aloys Senefelder, como uma forma mais refinada da litografia. A impressão é indireta, ou seja, a
transferência de imagens ocorre de uma superfície para outra através de uma terceira superfície
intermediária. As chapas utilizadas são metálicas e flexíveis, feitas fotograficamente, de alumínio, aço
inoxidável ou papel processado, e projetadas para envolverem um cilindro de borracha, responsável
pela imagem final (Enciclopédia Itaú Cultural Artes Visuais - http://www.itaucultural.org.br).
14
51
Capítulo 2
O Design dos cartões postais:
as inovações tecnológicas e a
reprodutibilidade
52
52
“O cartão postal é arte e magia, cultura e divertimento. Num simples postal podemos
observar a história, geografia, artes gráficas, fotografia, usos e costumes, modo de
vida de povos e países, desenvolvimento das cidade, urbanismo, meios de transporte e
muitos outros aspectos.”
José Carlos Daltozo
O cartão postal acompanhou as inovações tecnológicas do seu tempo, porém,
o mais importante é a possibilidade de se conhecer a trajetória dessa evolução
contada pelos registros na sua produção gráfica.
Graficamente, o cartão postal tem sua origem no bilhete postal, que era
utilizado apenas para correspondência textual e tinha como única ilustração o brasão
do governo, porém o design gráfico do cartão postal que conhecemos hoje teve uma
longa trajetória e recebeu influência de uma série de condições sociais, econômicas
e tecnológicas para ser um meio de correspondência popular no mundo. O primeiro
cartão postal era um pequeno retângulo de papel, com a intenção de circular pelo
Correio sem envelope, contendo o endereço do destinatário, selo, mensagem do
remetente e a inserção de alguma imagem.
Nesse tempo, de acordo com o site Metropolitan Postcard Club of New York
City, a maioria dos cartões postais foi impressa em impressoras lentas, alimentadas
por folhas produzidas com algodão e linho. Com o avanço do processo químico e
industrial, os postais foram feitos a partir de pasta química, dando-lhes a dureza e
durabilidade limitada, produzidos por várias camadas de papel, pressionadas em
conjunto, que, em seguida, eram cobertos com barro da China para ajudar a clarear
a imagem e evitar a absorção da tinta.
Essas novas tecnologias e máquinas permitiram que outros países, como o
Brasil, iniciassem a impressão de cartões postais, além de contribuir para que esse
novo método de impressão, não só derrubasse custos, mas gerasse o aumento do
suprimento de papel tão necessário para o crescimento das empresas de impressão,
como relata Cardoso (2008, p.48):
A primeira dessas inovações técnicas está no uso da polpa de madeira
para fabricar papel [...] Com a introdução de máquinas no processo
de fabricação, o papel foi se tornando aos poucos, uma mercadoria
abundante e barata, possibilitando a produção de impressos por um preço
até então impensável em função do alto custo do próprio suporte.
A tecnologia empregada no processo evolutivo do papel influencia não só nos
meios de reprodução dos cartões postais, mas também em seu baixo custo. Outros
avanços no campo da reprodução da imagem foram importantes para a expansão
do mercado gráfico.
No final do século XIX, como nos descreve Cardoso (2008), houve o crescimento
53
das elites urbanas, o que propiciou atividades culturais, bem como a valorização da
veiculação de imagens, nos anversos dos cartões postais, que, aos poucos, passaram
a ser feitos pelos processos de xilogravura e litografia. De acordo com o mesmo
autor, esses processos fizeram com que as imagens fossem impressas em larga
escala, com baixo custo e tendo um impacto social inovador ao propagar materiais
impressos que continham gravuras e ilustrações. A partir desse momento, iniciou-se,
no cartão postal, uma crescente disputa da ilustração com o texto na mesma face, e,
gradativamente, a imagem foi ocupando seu lugar na utilização total em seu verso.
Com a proliferação de impressos como jornais e revistas ilustrados, os processos
de xilogravura e litografia, com métodos de reprodução de imagem, tiveram um
avanço rápido em seus processos tecnológicos, dando lugar, poucas décadas depois,
ao uso da fotolitografia e da fototipia. Mas foi com o advento da fotografia nos
cartões postais que se iniciou uma nova possibilidade de conhecer visualmente
o mundo. De acordo com Vasquez (2002), isso ocorreu pelo crescimento do uso
da imagem no cotidiano, possibilitado pela evolução tecnológica, que se tornou
acessível a um grande contingente populacional.
Para Benjamin (2000), essa evolução tecnológica “ao multiplicar o reproduzido,
coloca no lugar de ocorrência única a ocorrência em massa” e permite “à reprodução
ir ao encontro de quem apreende e atualiza o reproduzido em cada uma das suas
situações”. Desta forma, a estrutura do cartão postal no seu design frente e verso, na
comunicação privada (remetente e destinatário) e na utilização de imagens massivas,
reproduz um diálogo entre a história da urbanização e a divulgação das cidades, com
a história da tecnologia empregada no design do cartão postal, utilizando-se desse
suporte como objeto de reprodução e circulação de imagens públicas, conforme cita
Cardoso (2006, p.61):
[...] pode-se dizer que a segunda metade do século 19 marcou o início de
uma nova etapa na valorização cultural, social e econômica das imagens.
Nunca dantes existira ou circulara tamanha quantidade de imagens:
qualquer pessoa merecia ser fotografada; qualquer paisagem precisava
ser vista; qualquer incidente acabava sendo registrado.
A fotografia traz, com a reprodução fotomecânica, mudanças profundas
no universo do design gráfico, ao registrar não apenas gravuras e sim fatos reais,
tornando o cartão postal um objeto difusor do conhecimento visual preciso de
outras realidades que eram, até aquele momento, desconhecidas.
2.1 O desenvolvimento da indústria gráfica impulsionando
os registros fotográficos
Registrar os fatos ocorridos em nosso cotidiano faz com que o advento da
fotografia, como Argan (1992) nos afirma, surja como possibilidades de retratar,
54
através da imagem captada, um tipo de representação das imagens, tal qual um
pintor ou ilustrador. O desejo pela captura de imagens do nosso dia a dia nos remete
a caracterizar um novo modo de arte da fotografia, que Cardoso (2006) denomina
como “arte da fotografia de reprodução”, referentes aos métodos fotomecânicos
utilizados na fotografia.
Se quisermos restabelecer uma linha histórica, de como os processos de
reprodução fotográfica influenciaram na viabilização da proliferação de imagens
nos cartões postais, temos que retroceder no tempo, relatando fatos importantes
dessa evolução.
O cartão postal, estimulando diferentes padrões ilustrativos motivados pelo
advento das tecnologias de reprodução, torna-se objeto de desejo dos franceses que
reivindicam para o seu país o pioneirismo na utilização de gravuras e ilustrações no
design dos postais. Como o grande monopólio da fabricação dos cartões postais era
da Europa, as editoras norte-americanas entram em contato com casas de impressão
alemãs, enviando-lhes alguns dos seus melhores artistas para ajudar na produção
desses cartões. Aproximadamente, 75% de todos os cartões utilizados nos Estados
Unidos, antes da Primeira Guerra Mundial, foram impressos em terras alemãs.
De acordo com Schapochnik (2004, p.429), os cartões postais tinham seu meio
de reprodutibilidade da seguinte forma:
[...] os cartões foram confeccionados usando-se técnicas artesanais de
impressão que remetiam à tradição das estampas e gravuras, como a
ponta-seca, o buril e a litografia, o que os tornava um artigo de consumo
caro. O desenvolvimento dos processos de reprodução de imagens
derivados da fotografia, especialmente a fotolitogravura, a fototipia e a
cromofototipia, possibilitou uma qualidade gráfica superior, o aumento
das tiragens e a diminuição dos custos de produção, contribuindo para a
sua popularização.
Com o desenvolvimento da indústria gráfica, o cartão postal passa a adquirir
uma nova função que é a de reproduzir imagens para divulgar nas mais vastas
distâncias as paisagens das cidades, levando alguns autores a acreditarem que essa
era uma forma possível de documentar as apreensões de uma época, fazendo desses
cartões postais uma ponte de comunicação do passado com o presente, guardando
para a posteridade um acervo do que era a paisagem, o espaço e as práticas da
cidade, como afirma Schapochnik (1999, p.425):
[...] o postal parece revelar o minucioso trabalho que incide na conquista
da paisagem pelo olhar do viajante. A conjunção que se estabelece
com o texto e a imagem, sublinhada a atitude deliberada do remetente
em persuadir o destinatário a compartilhar, ao seu modo o gosto da
viagem. De uma maneira ou de outra, o cartão procura estabelecer uma
comunicação entre o ausente e assim restituir uma distância.
55
O surgimento da fotografia, de acordo com Batchen (1997), não pode ter
datas confirmadas, devido ao longo período sucessivo de experimentos ocorridos
entre os séculos XVI e XVII. Entretanto, podemos relatar, com precisão, que o
desenvolvimento dos processos relacionados à fotografia iniciou-se no final do
século XVIII e em meados do século XIX, quando as máquinas industriais surgiram,
influenciadas pela Revolução Industrial.
Desencadeada pelo avanço das ciências, a fotografia levou um tempo para se
inserir em produtos impressos, pois os recursos para os métodos de impressão ainda
sofriam alterações e pesquisas nessa área. Foi na década de 1840, como descreve
Cardoso (2006), que surgiram os primeiros periódicos ilustrados com fotografia na
Europa, utilizando o processo de xilografia15. A partir dessa data, várias experiências
na área da produção de matrizes sensibilizadas foram evoluindo, mas foi com um
advento anterior, datado de 1839, que os grandes jornais ilustrados europeus
utilizaram, em sua reprodução gráfica, o sistema de galvanoplastia16.
Enquanto a fotografia, no ano de 1840, já tinha na Europa sua inserção nos
impressos, nesse mesmo período, ela chegava para iniciar seu percurso no Brasil,
que perdurou até os anos de 1870, como nos afirma Cardoso (2006). Esse processo
de daguerreotipia17, não fazia da fotografia um objeto popular, pois se tornava
inacessível para muitos, ao ter sua impressão difícil e cara, além de produzir apenas
um único exemplar impresso.
No ano de 1841, os estúdios fotográficos começaram a aparecer em todas
as cidades, já que o processo químico aprimorado e as chapas sensíveis haviam
possibilitado a realização do desejo das pessoas de serem fotografadas. E é nos anos
de 1856 e 1857, como Cardoso (2006) nos relata, que a fotolitografia, processo
que utilizava os métodos fotomecânicos de impressão, é incorporada à imprensa
brasileira que teve maior expansão nos anos de 1870, sendo quase imediatamente,
a xilografia (método utilizado anteriormente) substituída, pelo emprego dessa nova
técnica de reprodução fotográfica.
Já os primeiros impressos fotográficos no Brasil tardaram a aparecer pela falta
de mão de obra adequada para específicos métodos de transpor imagens fotográficas
Xilografia: arte de entalhar um desenho artístico em uma prancheta de madeira, de modo que por
meio desta possa ser reproduzido em papel, numa prensa tipográfica ou manual (Enciclopédia Itaú
Cultural Artes Visuais - http://www.itaucultural.org.br).
15
Galvanoplastia: aplicação da eletrólise à reprodução de gravuras e de composições tipográficas
(Weiszflog, Michaelis Moderno Dicionário Da Língua Portuguesa, 2010).
16
Daguerreotipia: do processo de daguerreótipo, é a imagem produzida pelo processo positivo
criado pelo francês Louis-Jacques-Mandé Daguerre (1787-1851), a imagem era formada sobre uma
fina camada de prata polida, aplicada sobre uma placa de cobre e sensibilizada em vapor de iodo
(Enciclopédia Itaú Cultural Artes Visuais - http://www.itaucultural.org.br).
17
56
para a matriz. Com o francês Victor Frond, como escreve Cardoso (2006, p.65),
“realizamos a primeira obra impressa inteiramente ilustrada a partir de fotografias,
tiradas por ele em 1858”. Mas foi no ano de 1860 que a fotografia foi adquirindo
uma expansão sutil, chegando à elite brasileira e passando a ser um objeto popular
da sociedade, fato este que Cardoso (2006) nos indica ter influência, devido ao
avanço e à expansão do método de colódio18, que criou o negativo sobre o vidro.
Com esse desenvolvimento dos processos gráficos de impressão, surgem os retratos
de carte de visite, nos quais as pessoas puderam reter, pegar e guardar a imagem,
como relata Kubrusly (2003, p.10):
[…] as linhas de montagem e o poder das máquinas a vapor surgiram com
uma garantia de progresso e prosperidade para todos. Neste contexto a
fotografia emergiu quase que como uma forma industrial da imagem, que
nascia apoiada na misteriosa “máquina de pintar”.
Foi também no ano de 1860, já que nesta época os recursos de comunicação
eram escassos, que os postais, com a utilização da fotografia pelo marselhês
Dominique Piazza, firmaram seu lugar, enquanto disseminador de imagem. Nesse
suporte, as cidades do Brasil foram fotografadas e transformaram-se em uma série
de imagens que as simbolizavam e pelas quais eram reconhecidas, exaltando a
beleza e os avanços no meio urbano de Estados como Rio de Janeiro, São Paulo,
Bahia, Amazonas e Pará.
Em 1897, a primeira fotografia era estampada na primeira página de um jornal
americano (New York Tribune), e foi a partir dessa imagem impressa que Kubrusly
(2003, p.72) cita que a fotografia se inicia como elemento de massa:
Por mais que um negativo possa ser copiado indefinidamente, só a
produção gráfica, a fúria das rotativas que cospem milhares de cópias por
hora, transformou, definitivamente, a fotografia num produto de massa.
Nas páginas dos jornais e revistas a fotografia encontrou um caminho
aberto para invadir cada vez mais nossas vidas.
No Brasil, em 1890, a fotografia superou os impressos que continham
gravuras, sendo geralmente utilizadas fotografias em preto e branco na reprodução
de imagens em impressos. Se pensarmos que a fotografia, agora vista pelo meio de
comunicação de massa, retratava as notícias que ocorriam no mundo em ilustrações,
confirmamos o que Kossoy (2009, p.26) analisa sobre o consumo das fotografias
com o desenvolvimento da indústria gráfica, relatando que “iniciou-se um novo
processo de conhecimento do mundo, porém de um mundo em detalhes”.
Colódio: solução viscosa de piroxilina em uma mistura de álcool e éter ou às vezes em algum outro
solvente (como, p ex, a acetona), usada em revestimento de filmes e chapas fotográficas (Weiszflog,
Michaelis Moderno Dicionário Da Língua Portuguesa, 2010).
18
57
Em 1º de maio de 1900, na Carta Mensal de Acarj – nº 84 de outubro/novembro
de 1996, Paulo Berger relata a vinda de dois industriais alemães, Julius Hartmann
e Gustavo Reichembach, que fundaram na cidade de São Paulo a Companhia
Litográfica Hartmann e Reichembach e que, no ano de 1905, passaram a executar
todo tipo de trabalhos litogáficos.
Importante editor, que ficou com sua identidade desconhecida por muito
tempo, foi Julius Hartmann, autor de uma grande série de postais que estampavam
vistas panorâmicas de várias cidades do Brasil, e que atuava como impressor
especializado ou como editor.
Figura 28: A Exposição Nacional de 1908, que foi toda fotografada, virou uma sofisticada e bela série
de 23 cartões postais litografados a cores, editado pela Compania Litográfica Hartman-Reichenbach
Fonte: http://www.brasilcult.pro.br/paises/portugal/portugal.htm
A exatidão com que a imagem fotográfica registrava a realidade fazia da
fotografia um fascinante mundo onde sua capacidade de reproduzir a verdade visual
se misturava com a aparência e a realidade dos fatos retratados. Com o crescimento
do consumo que ocorria na Europa e nos Estados Unidos, e o aperfeiçoamento
técnico na área da imagem fotográfica se firmaram acelerando o estudo na produção
de materiais fotossensíveis que propiciou, conforme descreve Kossoy (2009, p.2526), na década de 1860, o aparecimento de grandes indústrias e comércios:
A fotografia, […] teria papel fundamental enquanto possibilidade inovadora
de informação e conhecimento […] A nova invenção veio para ficar. Seu
consumo crescente e ininterrupto ensejou o gradativo aperfeiçoamento
da técnica fotográfica [...] justificou inversões significativas de capital em
pesquisa e na produção de equipamentos e materiais fotossensíveis.
Essa organização formal, de elementos visuais - tanto textuais quanto nãotextuais -, no design desses cartões postais da época, denota a preocupação dos
58
livreiros e fotógrafos em compor peças gráficas reproduzíveis com o objetivo
expressamente comunicacional com finalidades propagandistas. Como relata
Miranda (1986, p.24), ao descrever anotações de Mestre Gilberto em que concluía,
“o postal não era moldura para lamentos e tristezas. Não é que mentissem, dizia ele.
É que entre esse tipo de confissão e o cartão postal festivo, colorido, lúdico, havia
uma incompatibilidade”.
Alguns cartões postais permitiam reconstituir o universo em que estavam
inseridos, seu modo de vida e seus costumes. Por isso, as fotografias oscilam entre o
documental e o ficcional, nos levando a “ler” essas imagens e o que elas significam.
Esses cartões postais têm como matéria prima o real, mas sempre o olhar de quem
vê acrescenta algo, mesmo quando produzem imagens, aparentemente fiéis, o olhar
escolhe e modifica, por conseguinte estabelecendo relações de valor do que se lê e
o que se deseja.
O cartão postal é um documento que testemunha um fato captado na
imagem fotográfica e gravado na memória de quem o registrou, pois, segundo
Azevedo (2001, p.7), “o fotógrafo, da época antiga, não tinha ideia de que no
futuro aquele local seria destruído e que a memória se restringiria ao testemunho de
uma fotografia. A foto é um documento”.
Desta forma, os postais, que eram utilizados para informar e registrar os
lugares em que se esteve ou está, tiveram sua função de memória e de registro
potencializada com o avanço dos novos métodos de impressão, visto que o postal
separa e reúne, renova e recupera o passado e o contemporâneo.
Assim, tem-se, na fotografia, um novo meio de registro das nossas
representações sociais, dos valores e costumes dos centros urbanos, contribuindo,
ainda, para a formação do imaginário de uma sociedade. Passa-se a utilizar a foto,
como nova ferramenta, para revisitar e registrar o passado, a história das pessoas e
cidades.
2.2 A fotografia no cartão postal: documento e memória
A fotografia revolucionou o design do cartão postal como vimos no item anterior.
Essa afirmação fica muito clara, quando analisamos os cartões postais no Livro Belém
da Saudade, pois é por meio dessas imagens que revisitamos o passado da cidade.
Barthes (1980, p.116) afirma que o objetivo da fotografia “não é o de restituir aquilo
que é abolido (pelo tempo, pela distância), mas o de confirmar que aquilo veio a
existir realmente”. Assim, as fotografias destes cartões postais são o testemunho da
presença do autor (fotógrafo) apreendendo a temporalidade, ou seja, parando o tempo
e registrando o espaço para preservar a realidade na memória, pois a fotografia é
sempre uma representação de algo que é real, mesmo sendo manipulada, tremida ou
59
desfocada. Assim, entendemos o cartão-postal como uma imagem material que ilustra
e resgata algum momento do passado e possui informações que o potencializam.
Figura 29: Cartão postal que retratou a montagem dos galpões de ferro, pré-fabricados na Inglaterra,
que substituíram os antigos armazéns e trapiches.
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
O livro Belém da Saudade ao editar esses cartões, em comemoração aos 380
anos da cidade de Belém, nos faz revisitar o passado e com isso desperta, no spectator
(o que olha/ vê a fotografia, segundo Barthes,1980) um sentimento de saudade e
de valorização, pois através desses postais passamos a conhecer um pouco mais dos
elementos dopassado da cidade, que, hoje, na sua maioria, deixaram apenas rastro por
estarem em ruínas ou nos causam pesar por terem desaparecido. Mas a fotografia traz
essa possibilidade de nos levar para onde não podemos estar fisicamente como afirma
Barthes (1984, p. 96) “em relação a muitas dessas fotos, era a história que me separava
delas. A história não é simplesmente esse tempo em que não éramos nascidos?”
Figura 30: Cartão Postal registrando o Largo de Nazare, que, em sua direita, mostra um dos coretos
em ferro hoje desaparecido.
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
60
A importância deste livro reunindo esses cartões postais é fundamental para
preservação da memória, tanto individual como coletiva. É importante estimular a
retenção dessas imagens para conhecermos parte da nossa história e entendermos
melhor o hoje, a nossa formação social e o quanto esses fatos marcam nossas
vivências, nossas experiências. Como a memória é seletiva a escolha dos cartões pode
ter sido feita pela emoção, mas a relevância desse Livro é por guardar a memória
oficial de uma sociedade, preservar uma época na memória coletiva da cidade.
O livro Belém da Saudade, organizado pela SECULT, por sua configuração
e contextualização, reforça a concepção de Manini (2002) ao considerar que o
documento fotográfico, enquanto ciência, precisa passar por três processos básicos
e interdependentes: a seleção (ou coleta), o tratamento (do qual a indexação
é uma das etapas) e a disseminação da informação (recuperação e difusão da
informação) e esse livro obedece a todas as etapas do processo.
Como documento o livro, com essas imagens, possibilita uma revisitação de um
passado que, para alguns, nunca esteve na memória e para outros está esquecido.
De certo modo, esses cartões postais fazem com que o cotidiano desse passado
torne-se um pouco mais concreto e preciso. Vale ressaltar que nossa proposta
não é discutir em profundidade o conceito de memória, mas apenas suscitar uma
reflexão sobre os pressupostos teóricos aqui trabalhados. Vamos nos deter aqui a
considerar a memória como uma construção psíquica e intelectual que possui uma
representação seletiva do passado, que nunca é particular, mas de um indivíduo
inserido num contexto familiar e social.
Consideramos, então, de suma importância analisar essas imagens reunidas
em um livro editado por um órgão oficial do Estado, pois possibilitam a preservação
da memória coletiva, ou seja, são imagens que partilham sentimentos comuns
vividos por toda uma sociedade.
61
Capítulo 3
Análise dos cartões postais do livro
Belém da Saudade
62
62
Quem te viu, quem te vê. Quem não a conhece não pode mais ver pra crer.Quem
jamais esquece não pode reconhecer
Chico Buarque.
O livro Belém da Saudade: A memória da Belém do início do século em cartões
postais, editado pela Secretaria de Cultura do Estado do Pará, teve sua primeira
edição, em 1996, publicada em comemoração aos 380 anos da Fundação da cidade
de Belém. Tinha como objetivo documentar, através dos cartões postais, o registro
de uma época significativa da cidade, segundo escreve Paulo Chaves Fernandes, à
época, Secretário de Estado da Cultura, e um dos organizadores da publicação em
sua Carta Bilhete, na abertura do livro:
No limiar deste século e milênio, quando completas nesse 12 de janeiro
de 1996, os teus 380 anos, se fizemos este livro – eu, e os tantos filhos
que também te amam – como uma ode a Belém de ontem, a nossa musa
inspiradora e a Belém que desejamos construir (2008, p.8).
Na segunda edição, de 1998, revisada e ampliada, a partir da qual foi realizada
a nossa pesquisa, o que muda, de forma mais significativa, é o acréscimo de textos.
Mas, a importância deste livro é reunir, em um único suporte, fotografias de cartões
postais pertencentes a vários colecionadores, como: Antônio Miranda, Elysio de
Oliveira Belchior, Habib Fraiha Neto, Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, João
Baptista Monteiro da Silva, Márcio Meira, Olínio Gomes Paschoal Coelho, Paulo
Chaves Fernandes, Victorino C. Chermont de Miranda e Yolanda Roberto.
Figura 31: Capa do livro Belém da Saudade, 2ª edição
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
Essa segunda edição, no formato horizontal de 32,50x23,70cm, contém 278
63
páginas, é composta por cadernos insertados lado a lado, com lombada quadrada
e costurados. A capa dura possui o texto “Belém da Saudade” em hot-stamping
dourado e traz a ilustração monocromática do cartão postal da coleção Pará
Pitoresco, em que se avista a Praça Batista Campos e a imagem de uma ponte
arqueada, que dá acesso à “ilha dos amores”. Este cartão pertence ao colecionador
Victorino C. Miranda.
O livro se divide em capítulos com relatos históricos sobre os cartões postais,
da página 06 a 22, e em imagens de postais, da página 30 a 266, sendo agrupado
em categorias: Vistas Litorâneas/ Docas e Portos/ Vistas Panorâmicas, Avenidas/
Ruas/ Travessas, Praças, Palácios Governamentais/Teatro da Paz/ Hospitais e Asilos/
Estabelecimentos de Ensino/ Quartéis, Parques zoobotânicos/ Bares e Hotéis/ Casas
comerciais e Bancos/ Fábricas, Estrada de Ferro de Bragança/ Palacetes/ Cemitério
Santa Izabel, Ilhas e Vilas, Festas/Folguedos/ Procissões e Costumes Paraenses. Na
sua totalidade, possui 376 postais, que retratam o período áureo do cartão postal
no Pará, possibilitando, através dessas imagens, uma viagem ao passado e, outras
vezes, apresentando lugares completamente desconhecidos para quem os vê hoje.
No que diz respeito às faces ilustradas dos cartões postais publicados no livro
Belém da Saudade (a maioria não apresenta a imagem do anverso), foi por suas
criações visuais que essas imagens fotográficas presentes nesses cartões tornaram-se
o principal meio de divulgação da prosperidade e da modernização da sociedade da
época. Por isso, ao analisarmos esses postais, como nos relata Lima & Carvalho (1997,
p.13), a análise fotográfica deve ser tratada como “forma de representações sociais,
ou seja, em última instância, como produto material(visual) e vetor material(visual)
de relações sociais”.
Pelo motivo citado acima é que, para a nossa análise, adotamos o aporte teórico
semiológico de Barthes (1984), contido na Câmara Clara, para fugir das certezas
científicas em favor da relação entre o objeto fotografado e o olhar que lançamos
sobre ele, pois, como diz o autor, a fotografia possui linguagem variada, não se
classifica, não há “razão para marcar tal ou tal de suas ocorrências”, evitando cair
em uma análise meramente biográfica das imagens retratadas. Assim, analisamos
pela ótica daquele que olha (Spectator) e do contexto que envolve a fotografia
(Spectrum), conforme descritos no capítulo anterior, e constatados no decorrer
deste capítulo.
3.1 Interpretação e organização dos postais publicados
No decorrer do processo de interpretação e organização dos postais publicados,
não poderíamos deixar de analisar, além das expressões derivadas das imagens
retratadas, o conteúdo informacional que encontramos nesses postais.
64
Para melhor entendimento do conteúdo informacional, contido no livro Belém
da Saudade, este foi dividido em etapas. A primeira etapa, do estudo dos postais,
compreendeu a quantificação de postais publicados por cada categoria e que
corresponde a capítulos do referido livro. De acordo com o Quadro 01, identificamos
nessas categorias (capítulos) a seguinte quantidades de postais:
Categoria
Quantidade
Vistas Litorâneas/ Docas e Portos/ Vistas Panorâmicas
67
Avenidas/ Ruas/ Travessas
92
Praças
73
Palácios Governamentais/ Teatro da Paz/ Hospitais e Asilos/
50
Estabelecimentos de Ensino/ Quartéis
Parques zoobotânicos/Bares e Hotéis/Casas comerciais e Bancos/
48
Fábricas
Estrada de Ferro de Bragança/ Palacetes/ Cemitério Santa Izabel
16
Ilhas e Vilas
14
Festas, Folguedos e Procissões
7
Costumes Paraenses
9
Total
376
Quadro 1: Categoria dos postais adotada pelo livro Belém da Saudade
A partir dessa análise quantitativa, por categoria, feita pelos editores da
publicação, foi identificado que o maior número de postais selecionados, pelos
organizadores, foi daqueles que retratam a evolução urbanística que ocorria na
cidade de Belém, com seus prédios cheios de ornamentos, palácios, praças e ruas,
totalizando 336 postais com esse tipo de temática. Já os postais que utilizavam os
costumes dos paraenses, captando o dia a dia da cidade, suas datas comemorativas,
festas e cultura, para ilustrá-los, foram tema de apenas 16 postais. Sobre os aspectos
da paisagem natural, os cartões postais que retratavam esse tema pouco foram
explorados pelos editores de postais. Quando aparecem, são compostos sempre
mostrando, concomitantemente, as belezas dos rios e ilhas do Estado, com a
arquitetura local, resultando 24 postais publicados.
Assim, identificamos, neste livro, que a maioria dos postais escolhidos retrata
a mudança pela qual a cidade de Belém estava passando, com a entrada do capital
estrangeiro através do advento do ciclo da borracha. Destacamos, também, que
esses locais foram repetidamente fotografados. Levantamos, então, a possibilidade
de que o intuito desse motivo era serem eternizados nos postais como ícones
dessa mudança, desse “progresso”, que os governantes tanto queriam divulgar.
Desta forma, podemos citar os locais com maior índice de repetições em registros
fotográficos encontrados nesses cartões que são: Av. 16 de novembro, Boulevard
da República, Doca do Ver-o-Peso, Doca do Reduto, Catedral da Sé, Av. Nazaré e
65
Avenida Independência (atualmente Av. Magalhães Barata). Hoje, todas continuam
sendo locais importantes na organização da cidade, além de algumas se destacarem
como pontos turísticos, como a Doca do Ver-o-Peso e a Catedral da Sé.
Na segunda etapa do levantamento informacional, identificamos no livro os
editores, editoras e fotógrafos, que produziram os postais expostos no livro Belém
da Saudade, bem como a quantificação de cartões postais com numeração em série,
que se tornou elemento importante, ao fazer do postal um ítem de desejo dos
colecionadores.
No Quadro 02, quantificamos e listamos os editores, que, como podemos
notar, eram em grande quantidade, já que muitas papelarias e livrarias se instalaram
na cidade de Belém, devido ao grande sucesso que o cartão postal fazia à época,
porém, na sua maioria, não possuem identificação:
Editores
Quantidade
1
1
1
2
3
3
7
8
10
30
287
376
Eduardo A. Fernandes
F. L. de Souza
Kyrka och forsamling
J. B. dos Santos
R. L. Bittencourt
L. B. dos Santos
Albert Aust
Campbell Penna
E. F. dos Santos
Alfredo Augusto Silva
Não Possui
Total
Quadro 2: Editores Paraenses
No Quadro 03, listamos o nome das editoras, que eram, em sua maioria,
papelarias e gráficas, que produziam e comercializavam os postais, sendo que mais
de 245 deles não tinham impressos em sua face a qual editora pertenciam:
Editoras
Quantidade
1
1
1
2
2
4
Casa Gino e Cia
Estab. Gráf. C. Wiegandt
Fábrica Augusta
Autran e Cia
Tabacaria Alfacinha
Martins e Araújo
66
Centro Photographico Girard e Cia
Livraria França Santos
Livraria Clássica
Agencia Martins
Papelaria Silva
Livraria Universal T. Cardoso
Não possui
Total
5
5
6
7
30
64
245
376
Quadro 3: Editoras Paraenses
Mas é, com o Quadro 04, que identificamos uma característica comum entre
os cartões postais publicados neste livro, quase nenhum deles contém informação
do fotógrafo-autor que trabalhava com postais na época. Esse tipo de dado, como
abordamos no Capitulo 1, era irrelevante para os editores e editoras da época que
publicavam essas fotografias, aparecendo apenas quatro fotógrafos com seus nomes
impressos nos postais de um total de 357, sem informação:
Fotógrafos
Quantidade
1
2
3
6
7
357
376
Borges
Courrier
ND
J. Siza
Apolo Santos
Nao possui
Total
Quadro 4: Fotógrafos
Com o estímulo da formação de coleções, não só pela grande comercialização
dos postais, mas também pela fabricação de álbuns e caixas especiais para guardálos, os cartões em séries começaram a ser produzidos com temas em todo Brasil, o
que não ocorreu diferente com os publicados em Belém. No livro Belém da Saudade,
podemos identificar, conforme Quadro 05, os seis temas utilizados para as coleções
em séries de postais, quantificando 17 deles nas seguintes séries: Pará Pitoresco,
Lembranças do Pará, Sud América, Exposição Azevedo, Exposição Parreiras e
Costumes Paraenses:
Temas dos cartões em série
Exposição Azevedo
Exposição Parreiras
67
Quantidade
1
1
Lembranças do Pará
Costumes Paraenses
Sud America
Pará Pitoresco
Nao possui
Total
2
2
3
8
359
376
Quadro 5: Temas dos cartões em séries
Inicia-se, então, nessa terceira etapa, a análise informacional relacionada
à análise gráfica dos postais publicados, que se caracteriza pela identificação
dos elementos visuais encontrados nos postais, como: tipo de impressão de cor
(monocromáticas e policromáticas), elementos decorativos, ocupação da imagem
no postal e textos com dedicatórias.
Sobre os aspectos gráficos, observamos, como primeiro fundamento de análise,
a cor, que é parte importante na composição visual e pode, no caso desses postais
publicados, ter a influência explorada com finalidade de reforçar a informação visual,
bem como a mercadológica pelo meio tecnológico, como relatamos no Capitulo 2 .
No Quadro 06, analisamos que tipos de impressão foram mais utilizados, tendo
um total de 225 postais com predominância da monocromia como principal tipo de
escolha na impressão, sendo que nessa etapa também, sem preocupação com a
classificação utilizada, os postais receberam, ainda, uma análise mais profunda para
identificarmos a predominância de cor que possuíam, como nos mostra o Quadro
07. Destaca-se a impressão em tons de cinza e os coloridos, em que não se pode
identificar a predominância de uma única cor:
Tipos de Impressão de cores
Policromia
Monocromia
Total
Quantidade
151
225
376
Quadro 6: Tipos de impressão de cores
Tipo de predominância de cor
vinho
azul
amarelo
colorido
cinza
Total
Quadro 7: Tipo de predominância de cor
68
Quantidade
16
16
65
104
157
376
No Quadro 08, identificamos os postais e os tipos de elementos decorativos
utilizados em sua composição, totalizando 365 deles, sem qualquer elemento de
adorno:
Utilização de elementos decorativos
Elemento decorativo
Nenhum elemento decorativo
Total
Quantidade
11
365
376
Quadro 8: Elementos decorativos
Mas é em 11 postais publicados que encontramos elementos decorativos sendo
utilizados em composição com a ilustração, como, por exemplo: detalhe de papel
rasgado no centro do postal, com suas bordas enroladas emoldurando a imagem;
linhas em contorno circular, formando uma meia moldura para inserção da imagem
com efeito esfumaçado; inserção de logo da empresa no canto do postal; uso de
duas medalhas em comemoração da “Exposição Internacional Rio de Janeiro” e a
utilização de vinhetas florais no estilo art nouveau.
Figura 32: Cartão com detalhe de papel rasgado no centro do postal
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
69
Figura 33: Cartão postal com detalhe em contorno circular, formando uma meia moldura para
inserção da imagem com efeito esfumaçado
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
Figura 34: Cartão postal com logo da empresa “Fábrica Palmeira“, retratando o prédio que abrigava a fábrica.
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
Figura 35: Cartão postal com inserção de duas medalhas em comemoração da “Exposição
Internacional Rio de Janeiro”, retratando o Curtume Maguary, localizado em Belém do Pará
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
70
Figura 36: Cartão postal com inserção de vinhetas florais no estilo art nouveau
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
Outro elemento que influenciou na característica gráfica do postal foi a
mudança da ocupação da imagem, que passou de parcial (tendo recuos na margem
tanto laterais como inferiores) para total na frente do postal, que, conforme revela o
Quadro 09, tem o recuo na margem inferior, como sendo a ocupação mais utilizada:
Ocupação da imagem no postal
Com recuo na margens laterais
Total da face do cartão
Com recuo na margem inferior
Total
Quantidade
71
164
201
376
Quadro 9: Ocupação da Imagem no postal
Nesta terceira etapa, também podemos quantificar em dezesseis (16) os postais
que possuem o brasão do município, os quais eram promovidos pelo governo, além
de cento e quinze (115) postais com dedicatórias, para os destinatários, em sua frente,
dividindo espaço com a ilustração e as informações de legenda e editores, quando havia.
A partir da análise informativa realizada nos postais, na quarta etapa, foi
realizada uma análise interpretativa das imagens retratadas nesse suporte. Para essa
etapa, foi desenvolvida uma metodologia de análise que fosse mais adequada às
questões que precisavam ser levantadas sobre as imagens retratadas.
No primeiro momento, elaboramos uma nova categorização para identificação
dos grupos temáticos, com base nas características resultantes a partir dos dados
coletados. Desta forma, a metodologia desenvolvida para essa análise icônica foi a
identificação de quais elementos característicos, de cada fotografia, poderiam ser
71
agrupados pelo mesmo tema e termo que resumiria sua descrição.
A primeira categoria foi a denominada de ARQUITETURA. Seu conceito
baseia-se na técnica de projetar e edificar, organizando o espaço, que, de acordo
com Ching (1999, p.11), pode referir-se ao “projeto que trata do planejamento,
distribuição, desenho e criação de espaços no contexto de um edifício proposto
ou existente”. A temática desta categoria foi adotada para classificar todo postal
que tivesse em sua imagem referência aos edifícios e mobiliário urbano (quiosques,
bancas de jornais, coretos e fontes) da cidade de Belém.
Figura 37: Cartão postal, retratando o tema arquitetura, pela classificação de análise adotada
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
O segundo tema a ser adotado foi URBANISMO, que está associado ao
desenvolvimento da civilização e da tecnologia, também, pode ser associado ao
desenvolvimento de áreas utilizadas, adotando infraestrutura e equipamentos
urbanos, que, como nos descreve Ching (1999, p.10), se referem à organização do
ambiente físico através de arquitetura, engenharia, construção, paisagem, desenho
e planejamentos urbanos. Esta categoria foi adotada para classificar todo postal
que mostrasse o embelezamento, os melhoramentos de infraestrutura que a cidade
recebia, mostrando suas ruas, seus meios de transporte, suas praças e prédios,
sempre em um plano geral.
72
Figura 38: Cartão postal com tema urbanismo, classificação adotada, quando a imagem retrata a
infra-estrutura da cidade como sua arquitetura, meios de transporte e iluminação pública
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
A terceira temática adotada foi ESTATUÁRIO, que faz referência, de acordo
com termos do patrimônio cultural, a qualquer obra instalada em um lugar
público, possuindo valores de ordem simbólica, plástica e estética, com o intuito
de comemoração, de alegoria e personificação, sendo exposta publicamente
para eternizar um fato ou uma personalidade notável. Essa categoria foi adotada
para classificar os postais que retratam todas as obras de esculturas criadas para
representar ou homenagear alguém, muito utilizadas nas praças das cidades.
Figura 39: Cartão postal do monumento de Frei Caetano Brandão, com o tema estatuário,
classificação de análise adotada, quando a imagem retrata estátuas e esculturas.
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
73
O quarto tema adotado faz referência à temática de COSTUMES, que, de
acordo com Comparato (2011), “são modos de vida largamente observados em
uma sociedade”, que, conforme o autor relata, pode ser classificado em costumes
gerais de um povo e costumes locais ou regionais, além de costumes próprios de
determinado segmento ou classe social. Essa temática, que pode ser considerada
como um conjunto de ideias, comportamentos e práticas sociais, categoriza os
postais que mostram o dia a dia comum dos paraenses e seus ofícios, além dos
postais que retratam personagens exóticos ou incomuns aos estrangeiros.
Figura 40: Cartão postal com o tema costumes, retratando os produtores do país, mais precisamente,
os catadores de açaí
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
Quinta e última classificação adotada para os postais, a temática NATUREZA é
entendida no sentido mais amplo, como mundo natural, baseia-se no seu significado
original que faz referência a plantas e animais que crescem espontaneamente,
categorizando os postais que mostram as belezas naturais da cidade, retratando
rios, mares, fauna e flora, exceto quando essa paisagem estiver relacionada à
infraestrutura da cidade, mostrando pontes de acesso a transportes fluviais e vistas
panorâmicas para a cidade. Outra exceção utilizada nessa categoria será a inclusão
da natureza referente ao conceito paisagístico, que se refere, segundo Ching (1999,
p.10), à organização ou modificação dos elementos de uma paisagem por motivos
estéticos.
Esse conceito foi adotado, em função da descrição de Schapochnik (1998,
p.430), que informa que os postais nacionais retratavam o tema natureza “refigurado
nos jardins e praças”. Desta forma, as imagens contendo em sua composição maiores
áreas verdes foram classificadas com essa temática.
74
Figura 41: Cartão postal com o tema natureza, retratando a paisagem natural do rio e sua flora
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
Figura 42: Cartão postal com o tema natureza, retratado através de praças e jardins
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
A partir desta nova categorização, classificamos os postais de acordo com os
temas descritos acima. Assim, apresenta-se, no Quadro 10, a quantificação dos
cartões publicados em suas respectivas categorias de análise:
Categoria de análise
Estatuário
Costumes
Natureza
Arquitetura
Urbanismo
Total
Quadro 10: Categoria temática aplicada para análise
75
Quantidade
10
14
30
143
179
376
Sobre os aspectos temáticos, reforçamos, através da quantidade relevante
de postais, retratando a ARQUITETURA e URBANISMO (total de 321 de 376),
a preocupação dos editores em utilizar como atrativo as grandes transformações
urbanas que a cidade estava sofrendo, documentando os avanços e mudanças
para o seu embelezamento. Esse tipo de registro fotográfico, além de relevante aos
colecionadores estrangeiros, também foi aos imigrantes, que viam, nos postais, um
meio de divulgar o “novo mundo”, um mundo exótico e tropical desconhecido,
saciado pelo envio de imagens referentes à paisagem urbana, mostrando praças
bem cuidadas, bondes elétricos, além de prédios suntuosos, grandes fábricas e
mercados com arquitetura elaborada em ferro, como nos confirma Vasquez (2002,
p.72) ao nos relatar observações de Suzana Barretto Ribeiro, sobre a relação dos
imigrantes com o postal:
Com a difusão dos retratos e dos cartões postais, os imigrantes transmitem,
por esses meios, uma imagem que nem sempre corresponde à realidade
vivida. A fotografia [...], satisfaz o desejo de demonstrar a ascensão social,
a concretização materializada no objetivo de “fazer a América”.
Esses tipos de evidências revelam não só que as fotografias dos postais
editados buscavam divulgar e engrandecer as mudanças que o Intendente Antônio
Lemos estava fazendo na cidade, como tinham o intuito de ser atrativos para os
estrangeiros que recebiam os postais enviados por seus entes, que migraram para o
Brasil, para informar como era viver nesse país novo e exótico.
Percebemos, também, através dessa classificação dos postais, que a maior
recorrência de imagens refere-se claramente à paisagem urbana, sua infraestrutura,
suas construções e vistas panorâmicas e parciais da cidade (com seus bairros,
praças e ruas), que, no período da Belle Époque, de acordo com Schapochnik
(1998), adicionava um novo valor aos postais, “valor de exposição”, mostrando as
transformações e os “ajustamentos” no cotidiano e na autoimagem das cidades.
Os cartões postais, referentes às temáticas ESTATUÁRIO e COSTUMES, foram
de menor relevância, quanto à escolha para publicações nos postais paraenses
publicados. Esse tipo de escolha se deu através do gosto da população por temas
referentes à arquitetura e urbanismo, já que ambos identificam e valorizam, através
de suas fotos, de monumentos e com planos gerais, a cidade retratada, fato esse,
que é descrito por Vasquez, quando cita o texto do fotógrafo Robert Girault, que
revela a necessidade, desses fotógrafos de postais, em função também econômica,
de retratar esses temas para “corresponder ao gosto da multidão”, fotografando a
realidade do local, que o visitante ou colecionador desejava guardar.
Primeiramente, cabe notar que na temática COSTUMES, que se refere aos
aspectos culturais, as imagens mais registradas foram os cartões do tipo retrato,
utilizados para documentar os tipos físicos dos paraenses, que mostravam as
profissões locais (regionais), além dos de comemorações, aspectos religiosos e
governamentais como: vendedor de leite, vendedor de peixe, garapeiro (vendedor
76
de caldo de cana), vendedor de jasmins, vendedores de açaí, procissões de Corpus
Christi, Círio de Nossa Senhora de Nazaré, festejos cívicos e outros. Tudo indica
que, apesar da distância física do Estado, em relação aos grandes países da Europa,
o mercado da moda, era de fácil acesso com a chegada de produtos na cidade,
que, pela facilidade de comunicação via portos, fez com que a população paraense
consumisse peças tão quão elaboradas que os europeus, restando apenas aos
personagens político-culturais esse foco para registro fotográfico.
Na temática NATUREZA, os aspectos naturais referentes à vegetação e aos
recursos hídricos encontram-se retratados, quase que em sua maioria, em segundo
plano, mostrando suas ilhas, caminhos de rios e os diferentes tipos de moradia que
existiam em suas margens, o que causa estranheza, já que a cidade era cercada
por grandes rios com margens largas e extensas e possuía uma beleza natural
diferenciada de outras cidades do Brasil e do mundo.
Mas, é nas questões paisagísticas que podemos presenciar a maior publicação
dessa temática, deixando explícita, como dito anteriormente, a predileção pela
representação da natureza retratada pelas áreas verdes criadas em praças e jardins,
com lagos e pontes sobre eles, além da variedade de plantas e árvores utilizadas
para funções estéticas. Cabe ressaltar que os postais referentes à fauna encontramse publicados apenas na série referente ao Jardim Botânico de Belém, com registros
fotográficos destacando a presença de animais que habitavam a floresta amazônica.
Ao fim da separação dos postais em padrões temáticos, partimos para o processo
de interpretação dos postais publicados, que contou, nesta etapa, com a escolha de
um único postal por categoria de análise, que tinha seu método de escolha definido
pelas imagens que foram apresentadas pela primeira vez pelo livro, imagens que
ressuscitaram na imaginação uma saudade do não visto, daquilo que não conhecemos,
daquilo de que só temos a ideia criada no imaginário através desses registros. Desta
forma, para uma análise da dimensão expressiva da fotografia com apoio dos estudos
barthesianos, adotamos como ferramenta metodológica a criação de uma ficha de
descrição desses postais, que retratam algo que não existe em nossa realidade, mas
sim em nossa memória, em que vamos avaliar tanto os elementos formais, quanto os
expressivos, que Manini (2002) nos descreve em seu artigo como sendo:
Dimensão Expressiva é a parte da imagem fotográfica dada pela técnica:
é a aparência física através da qual a fotografia expressa seu conteúdo
informacional, é a extensão significativa da fotografia que manifesta pela
forma como a imagem se apresenta.
A ficha de descrição dos postais foi adaptada com base nos estudos da análise
da imagem fotográfica da Universitat Jaume I, localizada na Espanha, no período de
2001 a 2004, coordenados pelo Dr. Rafael López Lita, da área de investigação nas
tecnologias aplicadas na comunicação audiovisual, que continham em seu estudo
um total de 900 registros fotográficos, tendo, cada um deles, uma breve ficha
cadastral e 30 imagens selecionadas para a análise metodológica proposta por ele.
77
Partindo do princípio de que uma metodologia não pode ser universal, a
ficha utilizada no estudo dos postais teve adaptação com adequações relacionadas
ao contexto em que a imagem se encontrava, bem como à influência do próprio
conceito barthesiano de análise, no que diz respeito ao punctum, sendo encontrados,
descritos nas fichas, informações pessoais e relevantes ao contexto e conceitos
referentes a minha experiência acadêmica e profissional.
O processo de elaboração da ficha cadastral dos postais finaliza a quarta etapa
da análise que compreendeu a descrição dos postais em níveis de dados, como: nível
contextual; nível morfológico; nível compositivo e nível enunciativo, que, conforme
estudos do Dr. Rafael López Lita, passam por descrições de informações na área
gráfica, fotográfica e semiológica.
Iniciamos a análise pelo nível contextual, com as descrições dos dados que
encontramos na fotografia. É nesse nível que se descrevem as informações gerais
sobre a imagem fotográfica registrada no postal, como título da imagem, autor
da foto, editor, editora, procedência da imagem, legenda adotada na publicação,
temática do livro e temática adotada para análise; seus parâmetros técnicos, como
tipo de cromia, predominância de cor, formato do postal e outras informações
relevantes encontradas na sua composição; e os dados biográficos do objeto
fotografado, e não do fotógrafo, como indica a proposta base, pois, nos postais,
poucos eram os fotógrafos que tinham seu nome como referência e, por influências
comerciais, poucos possuíam características próprias que os identificassem.
O segundo nível de análise se dá pelo nível morfológico, que, apesar de
conter descrições sobre ponto, linha, plano, espaço, escala, cor e outros, elementos
descritos como fundamentais ao design, torna-se não mais puramente “material”
participando, simultaneamente, como descrevem os estudos espanhóis, de uma
condição morfológica, dinâmica, escalar e compositiva, que também se baseiam nas
teorias gestaltianas da imagem. Cabe então, nesta análise, a descrição do motivo
fotográfico e dos seus elementos morfológicos (ponto, linha, plano-espaço, escala,
forma, textura, nitidez da imagem, iluminação, contraste e tonalidade PB e cor).
O terceiro ponto abordado, o nível compositivo, refere-se aos sistemas de
composição ou sintático (perspectiva, rítmo, proporções, distribuições de pesos, lei
dos terços, ordem icônica, trajeto visual, estaticidade/dinamismo e pose), espaços de
representação (campo/fora de campo, aberto/fechado, interior/exterior, concreto/
abstrato, profundidade/plano, habitabilidade e encenação) e tempo de representação
(instantaneidade, duração, atemporalidade, sequencial/narrativa), pontos esses
descritos no Primeiro Congresso de Teoria e Técnica dos Meios Visuais em outubro
de 2004, em que o Dr. Rafael López Lita descreve o nível compositivo como:
[…]trata-se agora de examinar como se relacionam os elementos
anteriores a partir de um ponto de vista sintáctico, configurando uma
estrutura interna na imagem.[…] neste nível analisa-se também, de
forma monográfica, a maneira como se articulam o espaço e o tempo
78
da representação, duas variáveis ontologicamente indissociáveis que, por
razões operativas, são examinadas de forma independente.
É, baseado nos conceitos de níveis metodológicos, desse mesmo pesquisador
citado, que encerramos a ficha cadastral com seu último nível de análise: o nível
interpretativo. Nesse nível, temos elementos de descrição referentes à articulação
do ponto de vista (ponto de vista físico, atitudes dos personagens, qualificadores,
transparência/sutura/verossimilhança, marcas textuais e olhares dos personagens),
chegando até à interpretação global do texto fotográfico, resultando em uma análise
de reflexão sobre aspectos físicos até às relações intertextuais da imagem.
A partir da reunião de informações, de origem visual, descritas em textos,
passamos à síntese das imagens selecionadas para uma leitura mais específica, não
evitando, como dito anteriormente, as opiniões pessoais. Portanto, o processo, a
partir daqui, baseou-se em observações pessoais surgidas pelos processos de análise
das fichas cadastrais através do punctum que é aquilo que acrescentamos às fotos,
pelo subjetivo, pela emoção, pelos sentimentos.
Em consequência dessa subjetividade, obteve-se uma análise pelo olhar de
quem vê e interpreta a fotografia hoje, aquilo que ela provoca e a tradução dessa
percepção em linguagem expressiva e poética, que se encontra descrita no item a
seguir.
3.2De Punctum a Punctum
O cartão postal, ao incorporar a fotografia, trouxe a exatidão que a imagem
fotográfica possibilita, assim como o registro da realidade, como afirma Barthes
(1984, p.109), “na fotografia não posso nunca negar que a coisa esteve lá. Há uma
dupla posição conjunta: de realidade e de passado”.
A fotografia é capaz de fixar o momento, perpetuar algo que passou, mas que
ficou congelado no tempo de registro da imagem. Assim, o fascinante mundo da
fotografia, com a sua capacidade de reproduzir a verdade visual, mistura-se com a
aparência e a realidade dos fatos retratados. Esses cartões postais passam a ter a
função de informar, representar, gerar conhecimento e outros. Alguns registram um
universo de imagens que não mais existem. Por isso, as fotografias oscilam entre o
documental e o ficcional, nos levando a “ler” essas imagens e o que elas significam,
mais a possibilidade do ver e interpretar.
Por isso, dizemos que o cartão postal é um documento que testemunha um
fato captado na imagem fotográfica e gravado na memória de quem o registrou,
pois, como antes já assinalado, segundo Azevedo (2001, p.7), “o fotógrafo, da
época antiga, não tinha ideia de que no futuro aquele local seria destruído e que a
79
memória se restringiria ao testemunho de uma fotografia. A foto é um documento”.
É a nossa visão que vai definir como as vemos, e a percepção de como a
interpretamos, existindo o fator cultural que influencia nessa construção e a relação
mais efetiva entre a obra e o observador, pois elas estão ligadas às relações espaciais
que experimentamos no dia a dia.
Foi assim que, fazendo a análise dos cartões postais do livro Belém da Saudade,
pequenos detalhes em algumas fotografias despertaram a atenção e provocaramnos alguns questionamentos a partir do que consideramos ser relevante acrescentar
mais um item para expor essas ideias. Mas, para isso, precisamos fazer algumas
considerações.
O período vivido entre 1871 e 1914, para a maioria dos europeus, como já
tratamos nos capítulos anteriores, é chamado de Belle Époque, um momento em
que o contexto global era pautado no ideário liberal do progresso e da expansão
das relações econômicas e sociais. Esse momento representava um progresso
contínuo de mudanças políticas, avanço nas ciências, estimuladas pela economia
internacional. Essas mudanças chegaram ao Brasil e afetaram de forma significativa
a sociedade brasileira.
As transformações decorrentes deste ideário europeu de ordem e progresso
resultaram em grandes mudanças nas relações entre as elites e as classes
trabalhadoras, pois a imponência urbanística era algo positivo e representante de
uma “prosperidade pública, uma purificação de costumes e aperfeiçoamento dos
espíritos” (DAOU, 2000, p.28).
Podemos dizer que esse movimento na Região Norte teve início com Sebastião
José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal (1699-1782). Em 1756, quando seu
poder em Portugal era quase absoluto, e seus ideais giravam em torno dos princípios
do Século das Luzes ou Iluminismo, ele nomeou e enviou seu irmão Francisco Xavier
de Mendonça Furtado como governador do novo Estado do Grão-Pará e Maranhão
para iniciar uma política de transformação da colônia. Junto com ele, vieram
físicos, astrônomos, geógrafos, engenheiros e o arquiteto Antônio José Landi, que
nos deixou, nesse momento, nos templos e nos prédios públicos que projetou, a
concepção artística dos neoclássicos. A região começava a despertar o interesse
do Reino Português, que iniciava então uma política de criação de uma sociedade
portuguesa na Amazônia, e Belém dava os primeiros passos para ter a aparência de
uma cidade grande, porém, essa prosperidade só se intensificou através do ciclo da
borracha, que fez com que essa região experimentasse um modelo de modernidade
europeia que transformou a paisagem da cidade e consequentemente seus usos e
costumes, como relata Sarges (2000, p.21):
Guardadas as devidas diferenças em relação às cidades do Rio de Janeiro
e São Paulo, a cidade de Belém do Pará, apresentaria, assim, a partir da
segunda metade do século XIX, tentativas de adaptação aos modernos
80
costumes europeus, num profundo contraste com a realidade amazônica,
além das tensões sociais geradas por uma nova ordem social capitalista
emergente.
Foi o conceito europeu de modernidade que inspirou a construção dos
monumentos arquitetônicos, urbanísticos, e Belém foi, na época, referência de
urbanização e sociabilidade.
Os cartões postais do livro Belém da Saudade nos remetem ao contexto do
Brasil nesse período de transição entre as décadas finais do século XIX e início do
século XX. São esses registros fotográficos que ilustram os cartões postais que
documentam as transformações socioeconômicas e espaciais vividas nessa época na
capital do Pará.
Mas foi principalmente na Intendência de Antônio Lemos que esse ideário
europeu se consolidou, financiado pela exportação da borracha. Quando analisamos
as imagens dos cartões postais, percebemos uma incompatibilidade entre a ideologia
liberal capitalista europeia personificada nas transformações arquitetônicas, os usos e
costumes e o ambiente social, ou seja, como se essas imagens não fossem adequadas
à realidade social, sugerindo uma contradição entre a aparência e o contexto social
vivido pela maioria da população da cidade. Em nome do discurso da modernidade,
certos atores urbanos e certos espaços foram considerados indesejados pelo poder
público e por isso retirados do novo cenário urbano, porém, ao olharmos algumas
fotografias do livro Belém da Saudade, percebemos a dissonância entre a realidade
vivida pelo povo mais necessitado e o novo cenário urbano observado nos cartões
postais da época.
Esse modelo de gestão do Intendente Antônio Lemos era considerado por muitos
historiadores um contra-senso. A cidade tomava ares importados da ideologia liberal
europeia, mas confrontava com o desajuste, ao qual estávamos condicionados ainda
pelo colonialismo. Esse contexto foi percebido nas imagens fotográficas de alguns
cartões postais, e foram esses detalhes que nos remeteram ao conceito de Schwartz
(1973), quando, na introdução do seu livro Ao vencedor as batatas, nos fala sobre
As ideias fora do lugar. Schwartz se refere, nesse texto, à ideologia do liberalismo
do Brasil no século XIX, quando nosso país vislumbrava ideais europeus dentro de
um contexto social completamente impróprio, ou seja, Liberalismo x Escravismo. O
autor procurou evidenciar o descompasso entre o mundo das ideias e o mundo das
práticas sociais. Porém, percebemos que essa concepção não se esgotou naquele
período, historicamente ela se estendeu ao longo de sua reprodução social e nos
fez identificar essa concepção no momento de análise das fotografias dos cartões.
Assim, nossa análise se propõe a abordar um viés dessa concepção da ideia fora
do lugar que apresenta uma discordância ideológica de forma inevitável registrada
nas imagens fotográficas impressas em alguns dos cartões postais dessa época.
Apoiamo-nos, também, na abordagem semiológica de Barthes (1984), contida
na Câmara Clara, para fugir de uma análise que apresente somente as certezas
81
científicas, para buscar uma outra percepção em favor da relação mais próxima
entre o objeto e o olhar que lançamos sobre ele, pois, como já citado anteriormente,
Barthes diz, a fotografia possui linguagem variada, não se classifica, não há “razão
para marcar tal ou tal de suas ocorrências”.
Desta forma, faremos a análise das imagens desses cartões postais, com base
nos estudos de Barthes (1984) que observa três práticas possíveis na fotografia:
Operador (o fotógrafo), o Spectator (nós) e o Spectrum (o fotografado) e mais dois
elementos, o Studium (estudo) e o Punctum, que é a prática que possibilitou a nossa
análise.
Esclarecendo a teoria que nos respaldou para fazer essa análise, focaremos
no punctum, que ao acaso, é aquilo que nos chama a atenção, que nos provoca,
é o que acrescentamos às fotos, pelo subjetivo, pela emoção, pelos sentimentos.
Sabemos que nenhuma análise pode ser feita para perceber o punctum, pois ele
está lá, ele é como um átimo, um detalhe que passa despercebido, pois ele não
foi colocado intencionalmente ali, ele faz parte do campo escolhido pelo operador
(fotógrafo), que, segundo Barthes, é:
[...] uma espécie de extra campo sutil, como se a imagem lançasse o desejo
para além daquilo que ela dá a ver: não somente para ‘o resto’ da nudez,
não somente para o fantasma de uma prática, mas para a excelência
absoluta de um ser, alma e corpo intrincados.
Sabemos que o punctum não é um ponto codificado, e ele pode ser lido na
fotografia histórica, em que o tempo para e aquela imagem congela e morre, mas
documenta que aquilo existiu. É o que Barthes chama de noema da foto: “Isso foi”.
Isso comprova a existência da imagem no passado, ou seja, a imagem fotográfica é
a representação “daquilo que não é mais, mas, apenas, daquilo que foi”.
Não podemos dizer que o punctum aparecerá em todas as fotos, mas foi o que
nos fez ressuscitar essa fotografia e realizar uma operação estética visual e pinçar
a cena que provocou, no nosso olhar, estranheza e testemunhou um descompasso
estético e um desencontro no tempo e no espaço.
Analisamos, assim, as fotografias das cinco categorias de análise, que nos
mostram pequenos detalhes que comprovam um momento, um testemunho político
do que a cidade viveu e que nos tocam pelo conhecimento que temos do contexto
social vivido, ou seja, a ideia fora do lugar (SCHWARTZ,1973).
Além dessas chaves teóricas, dado o conceito de texto para Barthes (1994,
p.78), lançaremos mão de outros recortes, pois, segundo o semiólogo, texto é: “esse
espaço social que não deixa nenhuma linguagem ao abrigo, exterior, nem nenhum
sujeito de enunciação em situação de juiz, de mestre, de analista, de confessor, de
decifrador”.
82
Figura 43: Grande Hotel – Praça da República
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
No ítem de análise da escala, o olhar do espectador é direcionado ao hotel,
atraído pela sua proporção perante os outros elementos encontrados na composição,
o contraste e a perspectiva. Na foto, podemos notar a suntuosidade do prédio que
se localizava em um dos quarteirões mais importantes da área urbana de Belém. Ele
localizava-se em frente à Praça da República, uma das praças principais do centro de
Belém, e foi demolido na década de 80.
A cena retratada reforça a concepção da ideia fora do lugar pelas características
arquitetônicas que se encontravam na composição da imagem. Essa característica,
analisada pelo ítem de atemporalidade, faz deste postal uma fotografia temporal
de uma época restrita, quando a construção suntuosa, que ocupava o quarteirão,
era a maior rede hoteleira da região norte, reconhecida por ser um dos pontos mais
importantes de referência sociocultural de uma época. Essas construções, erguidas
na época áurea da borracha, possuíam influência do estilo eclético e neoclássico,
possuíam alturas elevadas e muitos elementos decorativos, como as luminárias que
vinham da Europa.
Figura 44: Detalhe da arquitetura do edifício com seu frontão triangular e elementos decorativos no
arco das esquadrias, além da luminária em ferro que vinha da Europa
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
83
O escritor Mário de Andrade, quando esteve em Belém, também ficou
encantado com a construção do Grande Hotel e relata isso em uma carta enviada
ao poeta Manuel Bandeira, em 1927:
Porém me conquistar mesmo a ponto de ficar doendo no desejo, só Belém
me conquistou assim. Meu único ideal de agora em diante é passar uns
meses morando no Grande Hotel de Belém. O direito de sentar naquela
terrasse em frente das mangueiras tapando o Teatro da Paz, sentar sem
mais nada, chupitando um sorvete de cupuaçu, de açaí, você que conhece
o mundo, conhece coisa melhor do que isso, Manu? Me parece impossível.
Olha que tenho visto bem coisas estupendas. Vi o Rio em todas as horas
e lugares, vi a Tijuca e a Stª Teresa de você, vi a queda da Serra para
Santos, vi a tarde de sinoa em Ouro Preto e vejo agorinha mesmo a manhã
mais linda do Amazonas. Nada disso que lembro com saudades e que
me extasia sempre ver, nada desejo rever como uma precisão absoluta
fatalizada do meu organismo inteirinho. [...] Quero Belém como se quer
um amor. É inconcebível o amor que Belém despertou em mim. E como já
falei, sentar de linho branco depois da chuva na terrasse do Grande Hotel
e tragar sorvete, sem vontade, só para agir.
Na interpretação global do texto fotográfico, entendemos que a proposta
compositiva se encaixa na estética do realismo, mostrando elementos simples do dia
a dia das grandes cidades, de forma natural, clara e equilibrada. A imagem tem uma
abordagem publicitária de promover as cidades brasileiras, nesse caso, Belém, que
passava por um momento de progresso e desenvolvimento urbano. Nesse cenário,
em que o fotógrafo enquadra a cena vista de cima, surge uma valorização dos
prédios e meios de transportes ao fazer com que a proporção desses elementos e
dos personagens seja diferenciada, colocando em evidência a grandeza da avenida,
bem como do suntuoso prédio.
Figura 45: Vendedor de Leite
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
84
O cartão postal descrito como “vendedor de leite” apresenta a profissão
muito comum até meados do século XX, como relatamos em sua ficha cadastral.
Originalmente era o homem ou mulher, que entregava leite todas as manhãs de
porta em porta na cidade. Em alguns casos, o leiteiro levava apenas as garrafas de
leite para serem vendidas, em outros, o leiteiro andava com suas vacas e retirava o
leite na hora da compra. Esse tipo de profissão tem seu desaparecimento, quando
a refrigeração, conhecida hoje, se desenvolveu, fazendo com que o leite demorasse
mais a se deteriorar, não precisando, assim, da compra diária do leite fresco.
A razão para fotografar esta cena foi registrar as profissões existentes no Pará,
retrata o dia a dia do leiteiro na cidade, caminhando com suas vacas pelas ruas,
atendendo à população de porta em porta. Sem dúvida, a intenção dos editores e
fotógrafos envolvidos na publicação dessa imagem era a curiosidade que as pessoas
tinham de conhecer os diferentes tipos e costumes dos paraenses. Na foto, podemos
notar o leiteiro segurando, por cordas, três vacas, com uma moça ao fundo, na
porta de uma casa.
A imagem, descrita no item de textura, nos convida a sentir o momento
fotografado, ao provocar uma sensação de toque nos animais com a textura lisa e
brilhosa do pelo das vacas, nos fazendo deduzir que eram bem cuidadas e tratadas.
Além de nos fazer imaginar que, naquele local, chovesse bastante, ao percebermos as
texturas ásperas e grandes manchas no reboco das paredes causadas pela umidade.
Na parte inferior, notamos a textura dos paralelepípedos. Esse tipo de calçamento
nos causa estranheza por ser um material na época ainda não encontrado no Brasil.
Sua organização em linhas nos proporciona uma sensação de confortabilidade para
caminharmos, porém é um tipo de calçamento que veio diretamente de Portugal –
a pedra granítica veio nas embarcações e nos navios de maior porte, que traziam
do Ocidente o precioso material, todo ele destinado à pavimentação de Belém. A
Cidade Velha e o bairro do Comércio (centro da cidade de Belém), além das áreas
distantes àquela época, receberiam essa pavimentação em suas calçadas. Secular,
resistente e rara em outras partes do país.
Figura 46 Detalhe dos paralelepípedos
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
85
Analisando a tomada desta foto, concluímos que ela é um ato quase que
documental, pois nos eterniza um fato que, na época, era comum e corriqueiro
de uma profissão existente na cidade. Se a analisarmos por mais tempo, seremos
capturados não só pelo incomum fato de esse leiteiro não levar apenas as jarras
ou os vidros de leite para venda, mas pelo olhar profundo dos dois personagens: o
principal, o leiteiro, e o secundário, da moça na porta. Podemos identificar, ainda,
como um espaço específico, real e que um espectador, embora perceba a presença
de um espaço que incorpora a história da cidade, encontra elementos que remetem
a uma época, como: o meio de transporte (trilho do bonde encontrado apenas na
sua lateral esquerda inferior), a própria existência desse tipo de profissão, além do
tipo de pavimentação (paralelepípedos) que Dalcídio Jurandir (1960, p.32), descreve
em seu romance “Belém do Grão Pará”:
Alfredo, então, avançou pela proa e saltou na calçada pisando o chão
da cidade. Viu que andava sobre paralelepípedos. Numa dessas pedras
levadas pelo Alfer, moço da lancha “Atata” se apoiou a trempe do fogão
da nhã Porcina. Por entre as pedras no chão da cidade grelava capim.
Figura 47: Praça Visconde do Rio Branco
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
Já o postal da Praça Visconde do Rio Branco contém uma estátua em homenagem
feita ao Doutor José da Gama Malcher (presidiu a Província do Pará e a Câmara
Municipal de Belém). Esse tipo de registro era comum pelo governo paraense, já que
faziam um diário das obras que aconteciam na cidade e homenageavam os políticos
que se destacavam na época.
86
Sem dúvida, a intenção dos editores e fotógrafos envolvidos na publicação
dessa imagem era promover as obras do governo, nesse caso, especificamente,
tornar o cartão uma propaganda política do intendente Antônio Lemos. Na
foto, podemos notar que, além de fotografar a estátua em homenagem, ele
ainda capta a beleza das praças que também estavam recebendo reformas e
arborização.
O elemento que possui maior peso na foto é, sem dúvida, o monumento,
juntamente com a perspectiva que o destaca ainda mais e seu contraste
perante os outros elementos sombreados da foto, fazendo percorrer o olhar
por entre as árvores e seguir o caminho do passeio até chegar ao monumento,
como relatamos no item distribuição de pesos. Mas é no detalhe das palmeiras
imperiais, que fazem parte da composição paisagística, que se nota mais um
detalhe do fora do lugar, pois o primeiro exemplar de Palmeira Imperial no
Brasil foi plantado em 1809, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, vindo da
Ilha Maurício, colonizada pelos portugueses.
Desta forma, parece que o fotógrafo mostra exatamente o que quer
ressaltar, a beleza das reformas urbanísticas que aconteciam na cidade com a
criação de caminhos arborizados e monumentos em homenagem às pessoas
públicas da época, além de encontrar elementos em ferro do tipo luminárias,
bancos e gradil, que mais uma vez nos remetem aos catálogos europeus de
objetos em ferro, bem como mudanças urbanísticas que o governo estava
aplicando na cidade na época do auge da borracha, os quais possuíam
influência do exterior, como suas palmeiras imperiais e elementos decorativos
como as luminárias que vinham da Europa, como o autor Augusto Meira Filho,
em 1970, confirma em seu poema “Belém da Infância Belém da Saudade”, a
existência das palmeiras:
[..] O sino das Mercês entre palmeiras
desde mil seiscentos e quarenta
recorda
melancolicamente
a calma solitude dos Templos manoelinos![...]
87
Figura 48: Cartão postal do Museu Goeldi - Jardim Zoológico
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
No postal relacionado ao Museu Goeldi - jardim zoológico, a razão para
fotografar esta cena foi registrar o primeiro jardim zoológico da cidade de Belém. Sem
dúvida, a intenção dos editores e fotógrafos envolvidos na publicação dessa imagem
era mostrar a fauna paraense, mais especificamente, os animais exóticos que havia na
Amazônia, bem como a inauguração do local que teve grande acesso e repercussão
na cidade. Na foto, podemos notar o grande número de pessoas ao redor das jaulas.
Quanto ao ponto de vista do espaço de representação, podemos identificá-lo
como um espaço conhecido por alguns espectadores, já que o local retratado, hoje
com outro tipo de estruturação paisagística, pode ser reconhecido através da legenda
da foto, bem como de elementos arquitetônicos que ainda sobrevivem nos dias atuais.
Notamos a presença dos elementos que nos remetem a esse passado, como
o vestuário dos personagens e os detalhes referentes aos estilos arquitetônicos,
como ósculos (aberturas circulares nas construções para circulação de ar, própria do
neoclássico e ecletismos) e frisos.
Figura 49: Detalhe do vestuário e elementos arquitetônicos como ósculo e frisos
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
88
A imagem registrada nos conta a história do primeiro museu de Belém,
com seu jardim zoológico que retratava as espécies da fauna amazônica,
sendo fundamental como ponto de referência cultural para os turistas e os
estrangeiros que visitavam a cidade. Poderíamos dizer que esta narrativa tem
um simples objetivo comum na época dos postais, relatar que a cidade de
Belém estava em crescimento com seu capital estrangeiro, através da borracha,
que atraía muitos estrangeiros, pelo seu ar exótico, assim como sua fauna e
flora, tão bem preservadas e retratadas no museu.
A imagem tem uma abordagem publicitária do governo, de promover as
inovações em termos de construção e divulgação da fauna brasileira, nesse
caso amazônica, que era elemento de valorização pelos estrangeiros. Estamos
no contexto da linguagem próxima à realidade, tendo elementos sensíveis,
em que o ponto é a exaltação da cidade de Belém e suas excentricidades.
Nesse cenário, onde o fotógrafo enquadra a cena vista de meia altura, surge
uma valorização através da perspectiva e da escala, tanto dos personagens
quanto da verticalidade da jaula e da árvore, fazendo com que as proporções
desses elementos sejam diferenciados, colocando em evidência a jaula que
foi enquadrada em um ponto de ouro com iluminação direta, que conforme
Loureiro (2001, p.26-27) descreve as características dos estilos arquitetônicos,
em seu poema “Para quem lê como quem anda pelas ruas”:
[...]
Frontão de rendas em Santo Alexandre,
flores barrocas sobem aos pés de Deus.
[...]
Penetremos nas salas dos palácios
conferindo retratos nas paredes,
percorremos varandas, corredores,
arabescos no chão, jacarandás.
[...]
Caminhemos entre patrimônios
De uma vida, relíquias e sobrados.
[...]
89
Figura 50: Cartão postal da Av. 16 de Novembro e Parque Alfonso Penna
Fonte: Livro Belém da Saudade (1998)
Mas é no cartão postal que retrata a Avenida 16 de Novembro-Parque
Alfonso Penna que encontramos os mais diferentes pontos baseados na ideia
fora do lugar. Analisando a tomada desta foto, notamos que o fotógrafo queria
eternizar a evolução nos transportes da cidade, já que encontramos, em outros
postais, bondes puxados a boi e as ruas sem iluminação elétrica, o oposto dessa
composição. Se analisarmos por mais tempo, encontramos outros elementos que
marcam a época, como os postes em ferro que eram comprados por catálogos
na Europa, bem como os quiosques em ferro trabalhados, em que sevendiam os
bilhetes do bonde elétrico.
O elemento que possui maior peso na foto são os bondes, que, fotografados
com sua frente virada para o lado direito, juntamente com a perspectiva diagonal,
acabam nos fazendo questionar qual o seu destino, através da continuidade dos
trilhos. O olhar do espectador é direcionado a esse elemento, atraído pela sua
proporção perante os outros encontrados na composição, além do contraste, e a
evidência que a perspectiva também nos dá. Não podemos deixar de notar que,
em primeiro plano, ainda temos o poste, mais próximo do fotógrafo, que marca
a lateral esquerda do bonde, fazendo essa evidência se tornar muito mais clara.
Podemos retratar a veracidade dos fatos, quando no romance “Belém do Gráo
Pará”, Dalcídio Jurandir (1960, p.39), descreve:
Passou um bonde cheio, a quantidade de passageiros o aturdiu.[...]
Atravessou a linha do bonde e até isso lhe pareceu extraordinário: pela
primeira vez atravessava a pé e sozinho os trilhos do bonde de baixo
daqueles fios carregados de eletricidade de vez em quando saindo
relâmpagos quando o bonde passava.
90
De acordo com o tema da cena descrita, a imagem é realista e tinha, ao
mostrar com sua perspectiva acentuada e sua profundidade, a intenção de
ressaltar a importância dessas modificações para a valorização das capitais. Por
todas estas razões, a composição deste trabalho vem de uma atitude específica
do fotógrafo para retratar o progresso que chegava à região com a rede elétrica
e consequentemente com o transporte dos bondes elétricos, todos elementos
importados da Europa.
91
Considerações Finais
92
92
Ao realizarmos o estudo dos cartões postais inseridos no livro Belém da
Saudade, concluímos que estes cartões postais são importantes fontes de imagens,
de registros temporais e espaciais da sua leitura e compreensão e de seu design,
possibilitando o conhecimento da história das cidades.
Percebemos, também, pelo estudo, que o cartão postal possibilita criar, pelas
imagens reproduzidas, o retrato de uma época, porém partindo da concepção
idealizada do fotógrafo ou, algumas vezes, é possível observar a paisagem urbana,
as edificações e seus grandes monumentos, símbolos da memória da elite paraense
do período áureo da borracha e seus costumes, de uma cidade idealizada, pois
Belém estava vivendo da Belle Époque, não podendo o postal, se eximir de registrar
o “glamur”, a beleza e os projetos que a modernizavam.
Podemos concluir, também, que esses cartões postais podem auxiliar no
processo de revisitação da memória coletiva da cidade, pois eles se transformam em
referência para a memória de como eram os lugares, as pessoas, as moradias, os
monumentos.
A cidade, principalmente Belém do Pará, passava por transformações e o cartão
postal foi um dos principais suportes dos seus registros. Essa importância se deu pela
união do design gráfico e da fotografia, que, a partir desse diálogo, conseguem
retratar e, consequentemente, nos proporcionar um olhar imagético da cidade. Ficou
visível que esses cartões, mesmo sendo inicialmente criados com finalidade artística,
acabaram se transformando na memória visual da cidade na fase da Belle Époque.
A partir dessas descrições, observamos como eles foram importantes na questão da
memória, sendo considerados, portanto, como formas de representações sociais.
Podemos, também, considerar esses registros fotográficos da época, como
documento científico, pois, além de percorrermos questões de ordem histórica,
técnica e estética, apresentamos os avanços tecnológicos, na área de impressão, e
como essa evolução técnica interferiu na reprodutibilidade desse postais como meio
de comunicação de massa, passando pelas descrições dos processos gráficos até
chegar à impressão fotográfica.
Quanto à importância de descrevermos o livro escolhido para essa pesquisa,
suas características gráficas e seu processo de organização foi por acreditarmos ser
uma forma oficial de preservar os cartões postais como documento histórico .
Após a análise dos cartões postais escolhidos, o nosso olhar recaiu em
pequenos detalhes que nos fizeram partir para tecer algumas considerações com
base nas teorias semiológicas de Barthes (o punctum), encontrado nas fotografias
desses postais que nos levaram a confrontar com as concepções de Schwarz (1992),
da ideia fora do lugar. Elas evidenciam, pelas imagens, as distorções ideológicas que
existiram entre o ideário europeu da elite, vivido em Belém na Belle Époque, e, a
realidade do povo e da região.
93
Portanto, esse estudo torna essas fotografias uma peça valiosa e fundamental
como fonte de informação na construção cognitiva do homem contemporâneo, seja
para pesquisa, transmissão, recordação e informação, dependendo muito do olhar
do espectador. Assim, consideramos que essas fotografias, ao ancorarem nos cartões
postais, mudaram o design do suporte (cartão) e a percepção visual da cidade. Essa
verdade foi comprovada ao pinçar, nessas fotografias, um pequeno fragmento que
causou estranheza ao interpretar as imagens, despertando um sentimento de que
aquela ideia estava fora do lugar. Mas, não nos bastava ver, perceber, detectar,
precisavamos ouvir outras vozes. Por isso buscamos na literatura, poetas, autores,
personagens, que testemunharam essa percepção.
Por isso, acreditamos na relevância deste estudo envolvendo a imagem
fotográfica dos cartões postais, a Belle Époque, a valorização do patrimônio, e a
evolução das tendências de design na época. Abrimos, com ela, um caminho de
possibilidades de novas pesquisas e um acréscimo de conhecimento na área de
design e do estudo dos cartões postais
94
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99
Anexo
100
100
Nível Contextual
Dados gerais
Título:
Autor da foto:
Grande Hotel | Praça da República |Pará
Não disponível
101
Editor:
Editora:
Ano:
Possui verso do
cartão:
Procedência
da
Imagem:
Edição:
Ano da publicação:
Editora:
Página
da
Publicação:
Legenda do Livro:
Temática do editor:
Temática adotada:
Não disponível
G. Vogtmann & Co. - Hamburg
1922
Sim
Livro Belém da Saudade - A Memória de Belém no Início do Século em
Cartões-Postais
2ª edição revisada e ampliada
1998
SECULT
223
Primeira instalação hoteleira de grande porte em Belém, construída no
início da segunda década do século XX. A sua terrasse foi, por muito
tempo, um dos mais importantes pontos de referência sociocultural da
cidade. Foi demolido em 1974, para dar lugar ao Hilton Hotel.
Parques zoobotânicos/Bares e Hotéis/Casas comerciais e Bancos/Fábricas
Arquitetura
Parâmetros Técnicos
Tipo de cromia:
Predominância da
cor:
Formato:
Suporte:
Outras Informações:
Monocromática
Tons de amarelo ( sépia)
13,60cmx9cm se a publicação estiver na escala 1:100
Cartão postal
Cartão pertencente à coleção de Victorino C. Chermont de Miranda
Ocupa toda a área do postal com a fotografia
Verso com área separada para dedicatória e outra para o endereço do
destinatário
Verso do cartão encontrado no livro “A memória Paraense no Cartão
Postal (1900-1930)” de Victorino Coutinho Chermont de Miranda, página
89 (ver detalhe da publicação na bibliografia).
Possui texto em português com os seguintes dizeres: “Recomendações a
mamãe e Edgar e Fausto. Saudades da Leia”
Enviado para o Rio de Janeiro com a data de 08.04.24
Dados Biográficos
A primeira parte do hotel foi inaugurada no início de 1913. O seu dono era Teixeira Martins, que
era proprietário do também lendário Cinema Olympia. Construído pela firma Salvador Mesquita
& Cia, uma das grandes construtoras do Pará na época, representou um grande momento para
a rede hoteleira da capital paraense. Maior estabelecimento hoteleiro construído no norte do
Brasil, o Grande Hotel era um exemplar da arquitetura eclética, com a fachada principal localizada
na atual avenida Presidente Vargas, à lateral do Theatro da Paz. A escada de incêndio, instalada
externamente em uma das laterais, fez com que o local se tornasse uma das primeiras edificações
102
da cidade a apresentar este equipamento de segurança.
No hall de entrada do hotel, o piso era
revestido de mosaicos, sendo as paredes e o teto de estuque ornamentado com lustres de bronze.
Já no pavimento térreo estava situada a sorveteria com máquinas elétricas, geladeiras, frigorífico,
além da cozinha, com equipamentos de fabricação francesa. O acesso para os andares superiores
era feito por meio de elevador movido à eletricidade, com lotação para quatro pessoas.
O primeiro
pavimento tinha uma sala de recepção bem decorada. Os quartos, localizados no segundo andar,
apresentavam mobiliários luxuosos construídos nas oficinas de J. S. de Freitas & Cia, em Belém,
utilizando madeiras das florestas paraenses. O terceiro pavimento servia de mansarda.
No final
do ano de 1913 foi inaugurado no espaço do Grande Hotel o Palace Theatre, lugar importante
de artes cênicas, que recebeu companhias e artistas do sul do país e do exterior, como Ítala
Fausta, Eva Stacchino, Vicente Celestino e outros. Em 1948 o Grande Hotel foi vendido para a
rede Inter Continental Hotels Corporation, transformando Belém na primeira cidade do mundo
a receber o hotel pioneiro dessa rede. Imediatamente, a nova direção do Grande Hotel imprimiu
mudanças para adequá-lo aos padrões americanos de conforto, praticidade e eficiência. Nos
anos 70, o hotel foi novamente vendido e, mais tarde, demolido para a construção de um novo
empreendimento, também hoteleiro - Hotel Hilton Belém. As obras foram iniciadas em 1979.
Fonte: Jornal Diário do Pará – publicado no Domingo, 30/01/2011, 06h27
Nível Morfológico
Descrição do Motivo Fotográfico
A razão para fotografar esta cena foi registrar a bela arquitetura do Grande Hotel de Belém, o
qual foi a primeira instalação hoteleira na cidade, bem como a maior do norte do Brasil.
Sem dúvida, a intenção dos editores e fotógrafos envolvidos na publicação dessa imagem,
era mostrar que a cidade estava em “fase de embelezamento” com seus grandes prédios
ornamentados em estilo eclético.
Na foto podemos notar a suntuosidade do prédio que ocupa um dos quarteirões mais importantes
da área cultural de Belém, na época e que recebeu nomes importantes do Brasil e do mundo
como hóspedes.
Elementos Morfológicos
Ponto
Sendo uma fotografia muito antiga, o grão do filme é bastante visível. Este é um grão de filme
que dá à imagem uma aparência de pintura, um efeito procurado por alguns fotógrafos da
época. Mas, o ponto pode ser de atenção, um centro de atração visual que nesta imagem pode
ser percebida pelo ponto de fuga criado pela perspectiva da rua que nos atrai ao detalhes do 4º
andar do Hotel, que possui muitos elementos decorativos.
Linha
Podemos confirmar a presença de linhas diagonais que formam o traçado das ruas e frisos no
pavimento térreo do hotel, já as linhas verticais podem ser evidenciadas pelas longas esquadrias,
pela altura do prédio e pelas árvores.
Plano-Espaço
Apesar de todos os elementos da cena estarem em foco, podemos distinguir alguns níveis
da imagem. Primeiramente, na mesma distância da câmera, podemos identificar uma área
arborizada, na parte inferior quase que centralizada percebemos carros à porta do hotel e por
fim, o hotel ocupando todo o quarteirão.
103
Escala
O enquadramento da foto pode ser categorizado como de plano geral, já que o fotógrafo mostra
um cenário completo das ruas com o prédio, podendo se dizer que essa imagem apresenta,
também, um plano médio onde o personagem principal é o Grande Hotel, mostrando suas ruas,
transportes, áreas verdes e pessoas.
Forma
Apesar do enquadramento de plano geral que faz com que tenhamos a visão de um grande
número de formas, podemos identificar e reconhecer os elementos envolvidos na imagem
facilmente, já que o Hotel acaba se destacando com sua forma grandiosa. As formas acabam
sendo bem notadas pelo contraste tonal e sua perspectiva, além da escala dos objetos contidos
na cena.
Textura
Em primeiro plano, ao lado esquerdo da composição, nos chama atenção o volume da textura
das árvores, que faz com que o telhado do Grande Hotel seja o foco principal ao olharmos para
a parte superior da imagem.
Nitidez da Imagem
A falta de nitidez proporciona uma falta de detalhes, já que a foto possui um enquadramento
geral, fazendo com que alguns elementos, sem muito contraste, sejam quase que imperceptíveis.
Especificamente, o gradiente da escala de sépia e alguns elementos que estão em maior proporção,
como o volume do hotel e os de maior contraste, como as árvores e abertura das portas no pavimento
térreo, nos fazer ter uma leitura mais nítida do que se encontra em seu redor.
Iluminação
Estamos com uma iluminação exterior. Pelo contraste de sombras o sol brilha do lado esquerdo
do céu quase que em uma luz de 12h, fazendo com que a luz produza sombras mais duras
ajudando a definir o volume dos elementos na composição com maior ênfase.
Contraste
Tendo níveis em tons de sépia, enquanto que a iluminação lateral, quase que uma luz de 12h,
nos traz volume definido dos elementos. Os contrastes fazem com que as áreas pretas atraiam
sua atenção em um olhar geral, fazendo das esquadrias abertas do Grande Hotel, das árvores
sombreadas, dos carros, grandes pontos de contraste e foco.
Tonalidade | P/B-Cor
Teria três principais níveis de sépia na foto que são: a clara, quase branca, relacionada às calçadas
e aos pontos bem iluminados; a média, nos tons de amarelo, dos revestimentos das ruas e alguns
detalhes arquitetônicos; o marrom escuro, dos carros, árvores e locais de sombra intensa. A
saturação da foto é de média intensidade de cor.
Reflexão Geral
Analisando a tomada desta foto concluímos que ela é um ato quase que documental, pois nos
identifica um prédio de grande valor histórico para a cidade, já que foi a primeira hotelaria. Se
analisarmos por mais detalhes, encontraremos outros elementos que marcam a época, como
104
os carros parados na porta do hotel, as luminárias e postes em ferro que eram comprados por
catálogos da Europa.
Nível Compositivo
Sistemas Compositivos
Perspectiva
Nesse postal temos uma imagem obtida de uma distância média entre o observador e o
fotografado, possuindo dois pontos de fuga, resultando do tipo de perspectiva cônica.
Rítmo
Podemos encontrar uma composição do rítmo caracterizado pela repetição das árvores e das
esquadrias localizadas nos andares do hotel, dando profundidade para a imagem.
Proporções
As proporções dos elementos da foto parecem ter dimensões equilibradas próximas do real.
Distribuição de Pesos
O elemento que possui maior peso na foto é sem dúvida o hotel, juntamente com a perspectiva
diagonal que o destaca ainda mais, fazendo percorrer por entre as árvores suas janelas e detalhes
do terrasse no ultimo pavimento. O olhar do espectador é direcionado ao hotel, atraído pela
sua proporção perante os outros elementos encontrados na composição, além do contraste e a
evidência que a perspectiva também os dá. Não podemos deixar de notar que, em primeiro plano,
ainda temos as árvores, mas próximo do fotógrafo, que marcam a metade da área fotografada.
Lei dos Terços
Na imagem que destaca a suntuosidade do Grande Hotel, o forte elemento de atração visual é
o próprio prédio, que junto com seus detalhes arquitetônicos e sua grandeza forma um ponto
focal. Esse tipo de ponto focal se torna mais evidente ao aplicarmos a regra dos terços, onde os
terços superiores e os da lateral direitos, estão posicionados em pontos de ouro (interseção de
duas linhas da regra dos terços). No terço superior da imagem encontramos uma pequena área
de céu, tendo a concentração maior da imagem nos outros dois terços destacando as ruas, a
perspectiva e a verticalidade do prédio e árvores.
Ordem Icônica
Ao observarmos a composição o foco da imagem é mostrar a beleza arquitetônica da primeira
instalação hoteleira de Belém. Pode-se dizer que a imagem possui um desequilíbrio assimétrico
baseado no contraste, no peso da massa dos tons escuros que encontramos de um lado com suas
árvores no outro a leveza dos tons de branco do prédio em sua lateral. A composição é simples se
olharmos apenas as formas, e complexa em seus detalhes decorativos na arquitetura ressaltados
pelas sombras. O registro é espontâneo, já que a imagem mostra pessoas em movimento ao
atravessarem a rua na frente do Hotel
Trajeto Visual
Os elementos dispostos na composição fotográfica dirigem o olhar para a diagonal que a perspectiva
acentua das ruas e do prédio. Ao olharmos para esta imagem, executamos um olhar na diagonal
no sentido da direita para a esquerda, parando no ponto focal da área mais livre na fachada do
105
edifício na lateral direita. A partir dessa leitura da perspectiva, passamos o olhar nos pequenos
detalhes da construção que não se encontra em primeiro plano. No segundo momento, no
primeiro plano, nos envolvemos com as grandes árvores que se destacam pelo contraste para,
em seguida, percorrer o segundo plano nos detalhes dos carros e personagens .
Estaticidade/Dinamismo
Ao analisarmos os elementos estáticos e dinâmicos da imagem, podemos notar que os elementos
de maior valor estão imóveis, na sua maior parte, já que o personagem, que se encontra na lateral
inferior direita da foto está com a mudança marcada da perna ao caminhar para atravessar a rua,
são fatores que nesta cena não traz tanto dinamismo e tensão à composição.
Pose
Com sua distância dos elementos da composição, e o elemento fotografado não se tratar do
gênero fotográfico de retrato, a pose dos sujeitos encontrados, já que nenhum olha para a
câmera, mostram que a intenção não era fotografar os personagens e sim a arquitetura suntuosa
e majestosa que ocupava um quarteirão da cidade.
Comentários
Do ponto de composição estamos diante de uma imagem estática marcada sutilmente pela
dinâmica de um personagem que se encontra em menor proporção, seu trajeto visual e reforçado
e induzido pela perspectiva do ângulo em que a foto foi tirada.
Espaço de Representação
Campo | Fora de Campo
A área do fora de campo é exatamente o que o campo fotografado sugere, mantendo a
continuidade da rua ressaltada pela perspectiva. Desta forma, parece que o fotógrafo mostra
exatamente o que quer ressaltar, a beleza arquitetônica do maior hotel encontrado na região
norte, apenas mostra sugestivamente a continuidade do trajeto da rua.
Aberto | Fechado
Trata-se de uma fotografia fechada da composição, com tipo de objetiva normal de 50mm, os
objetos dão a impressão de não terem suas dimensões alteradas, apesar de parecer fechado, já
que seu foco maior é no prédio que ocupa a cena inteira.
Interior | Exterior
Os elementos de composição da fotografia, os detalhes de calçadas e ruas, com as árvores, carros
e pessoas atravessando as ruas, nos informam, que essa imagem é exterior.
Concreto | Abstrato
A imagem retrata um tipo de arquitetura suntuosa erguida na época do auge da borracha, que,
por influência do estilo eclético, possuíam, alturas elevadas e muitos elementos decorativos como
as luminárias que vinham da Europa.
Profundidade | Plano
Todos os elementos da composição estão em foco, possuindo a cena uma grande profundidade.
O grande contraste existente na composição dos volumes e proporções dos elementos, nos
106
mostram a profundidade existente na diagonal da perspectiva com sua diferença de planos e
pesos.
Habitabilidade
Podemos considerar o espaço fotografado habitável em função do reconhecimento dos elementos
existentes que são referentes à época da borracha, como as ruas largas, áreas arborizadas e
prédios com ricos detalhes arquitetônicos.
Encenação
Nesse tipo de imagem a encenação está produzida pela impressão da realidade que se encontra
retratada com a grandiosidade dessa arquitetura, que era comum, quando começaram as
grandes obras que ocorriam na cidade com o avanço da tecnologia e materiais vindos da Europa.
Comentários
Quanto ao ponto de vista do espaço de representação, podemos identificá-lo como um espaço
conhecido por alguns espectadores, já que o prédio retratado faz parte da história da cidade,
sendo a primeira hotelaria. Além de apresentar outros elementos que nos remetem a esse
passado como grandes avenidas, arborização, carros e lustres , podemos ressaltar todas essas
como referências do grande avanço urbanístico almejado pelas grandes cidades do Brasil em
busca de embelezamento.
Tempo da Representação
Instantaneidade
Na composição da imagem, podemos notar que em um momento específico, o fotógrafo priorizou
destacar o tamanho da escala do hotel em relação à estrutura urbana, não se preocupando com
a movimentação dos personagens, nem com a interferência das árvores na visão do prédio como
um todo.
Duração
A duração da cena fotografada é pequena, já que a velocidade para tirar a foto foi alta, congelando
o movimento do personagem na lateral direita da cena.
Atemporalidade
A cena retratada é temporal reforçada pelas características arquitetônicas que se encontram
e na composição da imagem, faz do postal uma fotografia temporal de uma época restrita
que possuía uma construção suntuosa, ocupando o quarteirão da cidade e sendo a maior rede
hoteleira da região norte, reconhecida por ser um dos pontos mais importantes de referência
sociocultural de uma época.
Sequencial | Narrativa
A imagem registrada nos conta uma história do Grande Hotel de Belém, que, além de ter sido a
maior hotelaria da região norte, foi fundamental como ponto de referência sociocultural para os
turistas e hóspedes ilustres. Poderíamos dizer que esta narrativa tem um simples objetivo comum
na época dos postais, relatar que a cidade de Belém possuía grandes construções, elaboradas
com seus detalhes ecléticos, tal qual as da Europa, demostrando seu grau de sintonia com os
avanços que a cidade fazia em sua arborização e urbanização.
107
Comentários
A imagem nos faz ter interpretações sobre como era a vida dessa cidade pouco conhecida
pelo seu próprio país, que possuía grandes teatros, hotéis, palacetes e casarões, mostrando sua
evolução arquitetônica, que recebia grande influência da Europa em virtude do ciclo da borracha.
Nessa narrativa com elementos estáticos, podemos imaginar o quão importante a cidade tinha
se tornado para receber esse tipo de construção suntuosa e delicada com seu terrasse e café.
Reflexão Geral
Em relação ao nível de composição estamos diante de uma composição assimétrica de natureza
estática. De acordo com o tema da cena descrita, a imagem é realista e tinha, ao mostrar com sua
perspectiva acentuada e sua profundidade, a intenção de ressaltar a importância da arquitetura
do prédio registrado, mostrando seu poder e seu grande volume, ocupando um quarteirão da
cidade. Por todas estas razões a composição desta fotografia vem de uma atitude específica do
fotógrafo para retratar a maravilha arquitetônica que estava instalada na cidade, mostrando sua
proporção com as árvores, dando ênfase na distribuição dos pesos, formando assim, um olhar
direcionado ao último pavimento do edifício.
Nível Interpretativo
Articulação do Ponto de Vista
Ponto de Vista Físico
O ponto de vista é de meia altura, não alterando o tamanho e as proporções.
Atitude dos Personagens
A atitude dos personagens que se encontram na cena é de inexistência para o fotógrafo, pois
cada personagem encontra-se em uma posição diferente, quase que omitidos da cena. Esse tipo
de atitude pode ser relacionado a não valorização dos personagens, mas sim dos elementos
contidos na composição, em especial ao Grande Hotel.
Qualificadores
Podemos avaliar o afastamento do espectador com a cena, já que não existe envolvimento
emocional, de maneira direta, com os elementos de composição.
Transparência | Sutura | Verossimilhança
Na imagem apresentada, conseguimos notar que o fotógrafo busca ampliar a valorização do
edifício, não dando importância ao detalhe, caracterizando elementos que nos remetem ao
local fotografado. O objetivo desse fotógrafo passa a ser muito claro, quando permite que o
espectador vislumbre os importantes prédios que foram construídos na cidade e participavam de
um grande circuito cultural ao estarem próximos de importantes espaços urbanos como teatro,
praças e cinema, fazendo com que a leitura seja visível e transparente dessa representação.
Marcas Textuais
A imagem possui reconhecíveis marcas textuais, pelo menos à primeira vista, para um espectador
que conhece a cidade retratada. Mas, isso não pode ser analisado apenas pela imagem, mas sim,
pela legenda com o nome do local “Grande Hotel – Praça da República- Pará” que nos identifica
o espaço em que ela se encontra, como roteiro cultural da cidade, com o mobiliário urbano,
carros e lustres característicos de um certo espaço de tempo.
108
Olhares dos Personagens
Observamos que os personagens não são o foco principal a ser retratado na composição, sendo
de pouca relevância na composição fotográfica.
Comentários
A representação do ponto de vista pelo fotógrafo mostra claramente a intencionalidade de que
o espectador valorize a grande e imponente arquitetura da cidade, retratando a movimentação
de carros e pessoas em frente ao “badalado” hotel que fazia parte do importante circuito
sociocultural de Belém.
Interpretação Global do Texto Fotográfico
A proposta compositiva se encaixa na estética do realismo, mostrando elementos simples do dia
a dia das grandes cidades, de forma natural, clara e equilibrada. A imagem tem uma abordagem
publicitária de promover as cidades brasileiras, nesse caso Belém, que passava por um momento
de progresso e desenvolvimento urbano. Estamos no contexto da linguagem próxima à realidade,
tendo elementos sensíveis, onde o ponto é a exaltação do embelezamento que o Intendente
Antônio Lemos estava realizando na cidade de Belém. Nesse cenário, onde o fotógrafo enquadra
a cena vista de cima, surge uma valorização dos prédios e meios de transportes ao fazer com que
a proporção desses elementos e dos personagens sejam diferenciadas, colocando em evidência a
grandeza dessa importante avenida.
109
Nível Contextual
Dados gerais
Título:
Autor da foto:
Editor:
Editora:
Ano:
Possui verso do cartão:
Procedência da Imagem:
Edição:
Ano da publicação:
Editora:
Página da Publicação:
Legenda do Livro:
Temática do editor:
Temática adotada:
Pará – Vendedor de Leite
Não disponível
Não disponível
Não disponível
Não disponível
Não
Livro Belém da Saudade - A Memória de Belém no Início do Século
em Cartões-Postais
2ª edição revisada e ampliada
1998
SECULT
272
Não possui
Costumes Paraenses
Costumes
Parâmetros Técnicos
Tipo de cromia:
Predominância da cor:
Formato:
Monocromia
Tons de cinza
13,60cmx9cm se a publicação estiver na escala 1:100
110
Suporte:
Outras Informações:
Cartão postal
Cartão pertencente à coleção de Aurélio Meira
Possui um texto na língua inglesa com o seguinte dizer: “This is the
only way you are sure of getting fresh milk”
Possui recuo na margem inferior
Dados Biográficos
Vendedor de Leite - Indivíduo que vende leite.
Profissão muito comum até meados do século XX, o leiteiro originalmente era o homem ou
mulher, que entregava leite todas as manhãs de porta em porta na cidade. Em alguns casos, o
leiteiro levava apenas as garrafas de leite para serem vendidas, em outros, o leiteiro andava com
suas vacas e retirava o leite na hora da compra. Esse tipo de profissão tem seu desaparecimento
quando a refrigeração, conhecida hoje, se desenvolveu, fazendo com que o leite demorasse mais
a se deteriorar, não precisando assim, da compra diária do leito fresco.
Nível Morfológico
Descrição do Motivo Fotográfico
Vamos dizer que a razão para fotografar esta cena foi registrar as profissões existentes no Pará.
Como a legenda da foto nos diz, ela retrata o dia a dia do leiteiro na cidade, caminhando com
suas vacas pelas ruas, atendendo à população de porta em porta.
Sem dúvida, a intenção dos editores e fotógrafos, envolvidos na publicação dessa imagem, era
a curiosidade que as pessoas tinham de conhecer os diferentes tipos e costumes dos paraenses.
Na foto podemos notar o leiteiro segurando, por cordas, três vacas, com uma moça ao fundo na
porta de uma casa. Seria ela uma compradora do leiteiro? Não podemos ter certeza dos fatos,
entretanto a porta da casa ao lado, também, encontra-se entreaberta, podendo a foto ter sido
batida em seu horário normal de trabalho e não posada.
Elementos Morfológicos
Ponto
O ponto é especialmente presente na foto se olharmos em detalhe para a qualidade de definição
da imagem, onde encontramos pequenos pontos agrupados para configurar essa foto. Mas, o
ponto pode ser de atenção, um centro de atração visual que nesta imagem pode se dar pelo
“encarar” dos animais, mas com um ponto subsequente de atenção em particular para o olhar
expressivo do leiteiro e da moça na porta, já que o fotógrafo encheu o quadro da câmera com
os elementos mais importantes.
Linha
A linha traçada pelo paralelepípedo e o batente do calçamento da rua, no sentido diagonal,
nos reforça a imagem em primeiro e segundo plano dos animais. Em terceiro plano, o do leiteiro,
também é reforçado pelas linhas verticais das portas.
Plano-Espaço
Do primeiro animal, que se encontra olhando para o lado esquerdo da imagem, fazemos uma
leitura condicionada que passa da esquerda para a direita, fazendo com que ele dê a impressão
de dialogar com o leitor.
111
Escala
O enquadramento da foto pode ser categorizado como de plano médio, já que o fotógrafo
mostra uma parte da arquitetura do local, com as portas e janelas das casas mais o calçamento
da rua, dando prioridade para mostrar os animais, o leiteiro e a moça.
Forma
Quanto a sua forma, podemos identificar e reconhecer a configuração real dos animais e das
pessoas, já os detalhes de portas e janelas, que se encontram “cortados” no enquadramento da
foto, podem ser associados a estes objetos já conhecidos.
Textura
A imagem nos convida a sentir o momento fotografado ao provocar uma sensação de toque
nos animais com a textura lisa e brilhosa do pelo das vacas, nos fazendo deduzir que eram
bem cuidadas e tratadas. Nos faz imaginar, também que, naquele local, deve chover bastante,
pois percebemos as texturas ásperas e grandes manchas no reboco das paredes causadas pela
umidade. Na parte inferior, notamos a deformidade na textura dos paralelepípedos e ao mesmo
tempo, com sua organização em linhas, nos proporciona uma sensação de confortabilidade para
caminharmos.
Nitidez da Imagem
A nitidez é absoluta na imagem. Especificamente o gradiente da escala de cinza em alguns dos
traços de madeira, e no reboco da parede, ou até mesmo no ponto totalmente sombreado pode
dar algum sentido de borrão, mas que ao olharmos, no plano geral, são quase que imperceptíveis.
Iluminação
Estamos com uma iluminação suave exterior. Pela falta do contraste de sombras, o sol brilha
fraco no céu, fazendo com que a direção da luz fosse direta não produzindo tanto volume aos
elementos fotografados.
Contraste
Enquanto que a iluminação direta nos traz pouco volume dos elementos, o contraste de cores
dos tons de cinza e branco faz com que as áreas pretas, no fundo cinza claro, atraiam sua
atenção em um olhar geral, fazendo com que as aberturas de portas totalmente com sombras
entre as paredes cinzas, representem a ausência de luz.
Tonalidade | P/B-Cor
Teria três principais níveis de cinza, a fim de aumentar a densidade, que são: a clara relacionada à
madeira, a média nas paredes e o preto escuro das sombras das portas, das manchas dos animais
e da diferença de altura da rua para a calçada. A saturação da foto é de menor intensidade de
cor com uma quantidade pequena de brilho.
Reflexão Geral
Analisando a tomada desta foto, concluímos que ela é um ato quase que documental, pois nos
eterniza um fato que, na época, era comum e corriqueiro de uma profissão existente na cidade.
Se a analisarmos por mais tempo, seremos capturados não só pelo incomum fato desse leiteiro
não levar apenas as jarras ou vidros de leite para venda, mas pelo olhar profundo dos dois
personagens: o principal, o leiteiro, e o secundário, da moça na porta.
112
Nível Compositivo
Sistemas Compositivos
Perspectiva
Nesse postal temos uma imagem obtida de uma distância média entre o observador e o
fotografado, possuindo apenas um único ponto de fuga resultando do tipo de perspectiva cônica,
perspectiva que consideramos mais próxima da visão “normal” humana.
Rítmo
Podemos encontrar uma composição harmoniosa do rítmo caracterizado pela repetição dos
paralelepípedos, dando horizontalidade para a imagem, e o rítmo vertical singelo que encontramos
nas repetições das ranhuras das portas e das molduras encontradas nas portas e janelas.
Proporções
O ponto de vista é de meia altura, não alterando as proporções dos elementos da foto, parecendo
terem dimensões equilibradas.
Distribuição de Pesos
Nesta imagem, o equilíbrio acontece pela compensação dos pesos visuais constituídos pelos
animais em seus diferentes tamanhos devido à perspectiva, e em parte, pelas cores dos animais
do lado esquerdo totalmente preto, e do lado direito malhado.
Lei dos Terços
Na imagem do leiteiro o forte elemento de atração visual é o encontro das cabeças dos animais,
que juntas formam um ponto focal. Esse tipo de ponto focal se torna mas evidente ao aplicarmos
a regra dos terços, onde identificamos que a cabeça do animal se encontra em um ponto de ouro
(interseção de duas linhas da regra dos terços).
Ordem Icônica
A imagem possui um equilíbrio simétrico dos elementos retratados no eixo vertical, trazendo uma
harmonia por regularidade no equilíbrio visual. Apesar de possuir muitas unidades formais, a
simplicidade está presente na economia compositiva da foto, sem exagero de elementos. Apesar
do olhar do leiteiro e da moça fixos para o fotógrafo, podemos dizer que a foto foi espontânea,
pois a posição dos animais está natural (tendo um animal de costas para a cena). A sutileza de
retratar o óbvio da profissão é enfatizada pela importância dada aos animais na composição,
na qual não temos transparência que nos permita identificar completamente esse leiteiro e a
moça. A composição desses elementos faz com que a imagem se torne realista e coerente,
trazendo uma profundidade frontal onde os animais estão ressaltados neste primeiro plano.
O tema da profissão do vendedor de leite mostra clareza na composição visual, trazendo uma
sequencialidade no posicionamento contínuo dos paralelepípedos e nas marcações verticais da
moldura nas portas e nas janelas ao fundo, uma singularidade
Trajeto Visual
Ao olhamos esta imagem, executamos um olhar na diagonal do esquerdo para o direito, parando
no ponto focal do animal que está de costas para a cena, pois com seu olhar para o canto
esquerdo da imagem, nos força a ficar um tempo maior para ter um diálogo com esse elemento.
113
Em caminhos lineares, passamos a olhar o “além animal”, ou seja, os elementos de composição
com menor destaque (leiteiro e a moça), passando então ao detalhe das expressões e atitudes
desses “coadjuvantes”.
Estaticidade/Dinamismo
Ao analisarmos os elementos estáticos e dinâmicos da imagem, podemos salientar que as linhas,
os contrastes de luz nos tons de cinza, nos mostra um dinamismo plástico na composição da
imagem, não deixando de relatar que a estaticidade, também, encontra-se presente na “atitude”
do leiteiro e da moça.
Pose
Apesar de não se tratar do gênero fotográfico de retrato a pose dos sujeitos, encontrados
na composição, mostra um olhar fixo ao fotógrafo, sendo um posar consciente. Entretanto, a
valorização desse olhar também nos mostra que os sujeitos nos intrigam e nos convidam a viajar
e imaginar a vida de ambos.
Comentários
Do ponto de composição estamos diante de uma imagem estática marcada pela atitude e olhares
intrigantes dos sujeitos, reforçados com a distribuição de peso, rítmo e proporções, embora ela
contenha alguns elementos dinâmicos em sua plasticidade, como as linhas e os contrastes de luz
nos tons de cinza .
Espaço de Representação
Campo | Fora de Campo
A área do fora de campo é exatamente o que o campo fotografado sugere, mantendo uma
continuidade das casas, da rua, ressaltando o ato matinal do leiteiro de percorrer as ruas para
vender seu leite. Desta forma, parece que o fotógrafo mostra exatamente o que quer ressaltar,
deixando em seu corte alguns elementos que sugerem o que rodeia.
Aberto | Fechado
A fotografia foi tomada de um ângulo próximo de 46º, já que com esse tipo de objetiva de 50mm,
os objetos dão a impressão de não terem suas dimensões alteradas. Bem como os aspectos da
composição, a imagem determina o fechamento da imagem em um detalhe do dia a dia das ruas
da cidade de Belém.
Interior | Exterior
Os elementos de composição da fotografia, os detalhes de calçadas e ruas com a claridade nos
informa que essa imagem é exterior. Assim, podemos notar também uma pequena relação com
o interior ao considerarmos as sombras um convite para a entrada dessa luz.
Concreto | Abstrato
A imagem retrata uma representação concreta da profissão do leiteiro no tempo registrado,
trazendo no olhar dos dois sujeitos fotografados uma breve reflexão e emoção abstrata, de
como eles vivem.
Profundo | Plano
Todos os elementos da composição estão em foco, embora não seja uma área em grande
114
profundidade. Apesar do pouco contraste existente na composição, o volume, mesmo que
pequeno, cria sombras e linhas, que nos mostra a profundidade existente entre os animais e os
sujeitos fotografados, em termos da diferença de planos.
Habitabilidade
Diferente das opiniões, sobre a composição, podemos considerar o espaço fotografado habitável
em função do reconhecimento dos elementos existentes que são muito familiares para o público
da época, como as ruas feitas em paralelepípedos, um pequeno detalhe do trilho do bonde, e até
mesmo a profissão que hoje em Belém é extinta, pelo menos o tipo de leiteiro que vende leite de
porta em porta, levando junto os animais.
Encenação
Nesse tipo de imagem a encenação é duvidosa, quando analisamos as atitudes e poses dos
sujeitos com seu olhar fixo no fotógrafo, mesmo que esse olhar seja intrigante, com a composição
da pose dos animais, em que um deles encontra-se de costas para a câmera fotográfica, colocando
em dúvida o planejamento, ou não, da cena pelo fotógrafo.
Comentários
Quanto ao ponto de vista do espaço de representação, podemos identificá-lo como um espaço
específico, real e que um espectador, embora perceba a presença de um espaço que incorpora a
história da cidade, encontra elementos que remetem a uma época, como o tipo de pavimentação
(paralelepípedos), o meio de transporte (trilho do bonde) e a própria existência desse tipo de
profissão.
Tempo da Representação
Instantaneidade
Na composição da imagem, podemos notar que, em um momento específico, os personagens
mostram uma certa atitude para o fotógrafo. Portanto, podemos dizer que o imediatismo está
presente neste cena, ainda com a “parada” irregular dos animais à frente do leiteiro.
Duração
A duração da cena fotografada é apenas com relação à história do motivo fotográfico, já que o
tipo de profissão capturada, juntamente com seus elementos de trabalho (animais), foi extinto na
cidade com o tempo, fazendo com que a cena mantenha-se inalterada no tempo.
Atemporalidade
No caso desta cena, poderíamos dizer que ela seria atemporal se não tivesse descrito em seu título
que a cena se passava no Pará. Essa informação, reforçada pelas características arquitetônicas e
urbanísticas que se encontram na composição da imagem, faz do postal uma fotografia temporal
de uma época restrita da cidade, através das interpretações do local e dos seus costumes.
Sequencial | Narrativa
A imagem registrada nos conta uma história: como vivia em seu dia a dia um vendedor de leite,
como era abordado pelos consumidores e de que maneira era feita essa venda. Poderíamos dizer
que esta narrativa tem um simples objetivo comum na época dos postais, relatar como era a vida
dos paraenses e como eram nossos tipos, nossos hábitos e costumes.
115
Comentários
A imagem nos faz ter interpretações diferentes ao analisarmos o tempo daquele tipo de comércio,
do modo em que as pessoas viviam e seus hábitos relacionados à evolução da tecnologia.
Reflexão Geral
Em relação ao nível de composição, estamos diante de uma composição simétrica de natureza
estática e com pitada de dinamismo em seus detalhes através de sombras e linhas. De acordo
com o tema da cena descrita, a imagem é realista usufruindo da sua simetria e profundidade
para ressaltar a importância dos animais na vida desse profissional. Por todas estas razões,
a composição desta foto vem de uma atitude específica do fotógrafo para retratar o que se
encontrava nesse local que era diferentes dos outros.
Nível Interpretativo
Articulação do Ponto de Vista
Ponto de Vista Físico
O ponto de vista é de meia altura, não alterando as proporções dos elementos da foto, parecendo
terem dimensões equilibradas.
Atitude dos Personagens
A atitude dos personagens que se encontram na cena é intrigante, como se desafiasse o fotógrafo
a dar explicações de por que aquele momento estava sendo fotografado, qual sua importância.
Ambos têm uma atitude séria e compenetrada.
Qualificadores
Podemos avaliar a proximidade do espectador com a cena, como um elemento subjetivo do
espectador, já que existirá um envolvimento emocional com a profissão retratada, quando existiu
em, algum momento, uma lembrança “vivida” por esse espectador.
Transparência | Sutura | Verossimilhança
Na imagem apresentada, conseguimos notar que, de certa forma, o fotógrafo mascara todo
e qualquer detalhe que possa caracterizar com exatidão o local fotografado. O objetivo desse
fotógrafo passa a ser muito claro, quando permite que o espectador crie os momentos do dia a
dia do protagonista fazendo com que a leitura seja visível e transparente dessa representação.
Marcas Textuais
A imagem possui reconhecíveis marcas textuais, pelo menos à primeira vista, para um espectador
que conhece a cidade retratada. Mas isso não pode ser analisado apenas pela imagem, mas sim,
pela legenda que nos identifica o espaço que ela se encontra. Só quando a imagem é observada
em detalhes, que você reconhece os pequenos elementos de composição que dão pistas do
tempo, local e outros.
Ponto de Vista Físico
O ponto de vista é de meia altura, não alterando as proporções dos elementos da foto, parecendo
terem dimensões equilibradas.
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Olhares dos Personagens
Como se observa, os personagens olham diretamente para a câmera, desafiando o espectador
da imagem. Dessa forma, evidencia a presença do fotógrafo na cena.
Comentários
A representação do ponto de vista pelo fotógrafo, mostra claramente a intencionalidade do
espectador se identificar com a cena do cotidiano.
Interpretação Global do Texto Fotográfico
A proposta compositiva se encaixa na estética do realismo, fazendo com que o contexto histórico
e social faça a sua aparição, mostrando elementos simples, de forma natural, clara e equilibrada.
A fotografia “Pará – vendedor de leite” é uma imagem que busca retratar a profissão do leiteiro
para o público, uma abordagem longe de ser algo dramatizado ou fotomontada. Estamos no
contexto da linguagem próxima à realidade, tendo elementos sensíveis, em que o ponto é a
exaltação da profissão que existe na cidade de Belém, com a sua excentricidade de andar com
os animais para a venda do leite. Nesse cenário que o fotógrafo está propondo, estamos diante
de uma estética que possui um equilíbrio harmonioso dos elementos de composição, colocando
em evidência detalhes que possuem relevância para mostrar a realidade da vida do leiteiro.
117
Nível Contextual
Dados gerais
Título:
Autor da foto:
Editor:
Editora:
Ano:
Possui verso do cartão:
Procedência da Imagem:
Edição:
Ano da publicação:
Editora:
Página da Publicação:
Legenda do Livro:
Pará(Brazil) – Praça Visconde Rio Branco
Não disponível
Alfredo Augusto Silva
Papelaria Silva
1904
Não
Livro Belém da Saudade - A Memória de Belém no Início do
Século em Cartões-Postais
2ª edição revisada e ampliada
1998
SECULT
144
Vistas,em ângulos diferentes, do monumento central dedicado
ao dr. José da Gama Malcher, presidente da câmara de Belém.
Obra do escultor belga Armand-Pierre Cattier, foi executada em
bronze com pedestal em pedra e inaugurada em 1889
118
Temática do editor:
Temática adotada:
Praças
Estatuário
Parâmetros Técnicos
Tipo de cromia:
Predominância da cor:
Formato:
Suporte:
Outras Informações:
Monocromática com detalhe de texto em policromia
Tons de cinza
13,60cmx9cm se a publicação estiver na escala 1:100
Cartão postal
Cartão pertencente à coleção de Habib Fraiha Neto
Postal com efeito esfumaçado para inserção da fotografia com o
brasão do Município de Belém em sua lateral esquerda
Possui texto em português com os seguinte dizeres: “João, tem
recebido os cartões-postais que tenho escrito? Augusto 1-61904 ”
Cartão com numeração : Nº 22
Texto na lateral esquerda com a informação: “Reservado os
direitos de propriedade”
Dados Biográficos
Estátua Gama Malcher
O monumento ao doutor José da Gama Malcher, que além de médico paraense nascido em
Monte Alegre, presidiu a Província do Pará e a Câmara Municipal de Belém por vários anos,
está localizado na Praça Visconde do Rio Branco, no bairro da Campina, centro de Belém. A
estátua fundida em bronze na cidade de Lisboa, é resultado da iniciativa da Câmara Municipal
de Belém. Foi inaugurado em 1890 e executado pelo escultor belga Armand-Pierre Cattier .
Na base, está a escultura de um homem que representa o povo, gravado na pedra o nome do
homenageado.
Com orçamento previsto na ordem de 10:000$000 réis – moeda da época –, o recurso para
construção do monumento foi solicitado diretamente ao presidente da província, a época,
conforme comprova a própria citação em mensagem enviada à Assembleia Legislativa no ano
de 1888. O presidente da província decidiu por indeferir a solicitação, alegando que não havia
verba, e a encaminhou de volta à Assembléia Legislativa para que resolvesse o caso. Desta forma,
acredita-se que o pedido foi deferido, já que no ano de 1889 foram iniciados os trabalhos de
construção do monumento. Segundo Barata (1977), “As estátuas são obras do escultor belga
Armand-Pierre Cattier, havendo sido feitas em Bruxelas. O pedestal é de pedra da localidade de
Ecaussinnes, aparelhada e trabalhada pelo marmorista-escultor Leon Trigalet, de acordo com
desenho de Cattier”. Ainda segundo Barata há uma relação entre a forma do monumento a Gama
Malcher e outros concebidos em várias partes do país, inclusive, a monumentos portugueses. O
autor observa que o período de construção do monumento também coincide com o apogeu da
riqueza advinda pelo ciclo da borracha, e com a necessidade estético-urbana de organizar os
espaços abertos no centro da “urbs”.
Referência
BARATA, Mário. A encomenda e a concepção da estátua do Doutor José da Gama Malcher,
localizada na Praça Visconde do Rio Branco, em Belém do Pará. Revista de Cultura do Pará.
Belém. 13 – 54. 1977.
119
FARIA, Maria. TRINDADE, Elna. Circuito Landi: um roteiro pela arquitetura setecentista na
Amazônia, 2006.
SOARES, Elizabeth. Largos, Coretos e Praças de Belém. Brasília, DF: IPHAN/Programa
Monumenta, 2009
Nível Morfológico
Descrição do Motivo Fotográfico
A razão para fotografar esta cena foi registrar a homenagem feita para o Doutor José da Gama
Malcher, que presidiu a Província do Pará e a Câmara Municipal de Belém. Esse tipo de registro
era comum pelo governo paraense, já que faziam um diário das obras que aconteciam na cidade.
Sem dúvida, a intenção dos editores e fotógrafos envolvidos na publicação dessa imagem era
promover as obras do governo, nesse caso especificamente, tornar o cartão uma propaganda
política do intendente Antônio Lemos.
Na foto podemos notar que além de fotografar a estátua em homenagem, ele ainda capta a
beleza das praças que também estavam recebendo reformas e arborização.
Elementos Morfológicos
Ponto
O ponto pode ser de atenção, neste caso, um centro de atração visual que nesta imagem pode
ser percebida pelo ponto de fuga criado pela perspectiva da calçada com as árvores, que nos
atrai ao centro da praça, especificamente ao monumento dedicado ao Dr. José da Gama Malcher.
Linha
Podemos confirmar a presença de linhas em perspectiva que formam o traçado das calçadas, na
vertical com o tronco das árvores e como linhas horizontais, podemos notar a marcação de frisos
no monumento.
Plano-Espaço
Apesar de todos os elementos da cena estarem em foco, podemos distinguir alguns níveis
da imagem. Primeiramente, na mesma distância da câmera, podemos identificar uma área
arborizada, no centro, percebemos um homem parado quase que no final do caminho até o
monumento, e por fim, o monumento ocupando a área central da praça.
Escala
O enquadramento da foto pode ser categorizado como de plano médio, já que o fotógrafo
mostra um trecho de um ambiente, com pelo menos um personagem em quadro, onde o trecho
do ambiente é a praça Visconde do Rio Branco e o personagem em quadro é identificado pelo
homem lendo o jornal e também pelo monumento.
Forma
Com o enquadramento de plano médio, que faz com que tenhamos a visualização de parte das
formas, podemos identificar e reconhecer os elementos envolvidos na imagem facilmente, já que
as árvores e o monumento podem ser identificados com suas linhas, pontos, plano e volume. As
formas acabam sendo bem notadas pelo contraste tonal e sua perspectiva, além da escala dos
objetos contidos na cena.
120
Textura
Em primeiro plano, ao lado esquerdo e direito da composição, nos chama atenção o volume da
textura das árvores, com sua rugosidade e contraste com o liso do passeio até o monumento, que
faz com que o percurso do olhar corra até o centro da foto, onde encontramos o monumento com
seu aspecto liso da base em pedra, e do liso brilhante da estátua fundida em bronze.
Nitidez da Imagem
A falta de nitidez proporciona detalhes insatisfatórios para melhor análise, já que a foto, por
possuir planos distintos e ser em preto e branco, faz com que alguns elementos sem muito
contraste sejam quase que imperceptíveis ou que formem uma massa uniforme da cor.
Especificamente, os elementos que recebem maior quantidade de luz, e com isso maior contraste,
como o monumento e algumas copas de árvores, nos fazem ter uma leitura mais nítida do que
se encontra em seu redor e em seus detalhes.
Iluminação
Estamos com uma iluminação exterior. Pelo contraste de sombras o sol brilha de cima, quase
que em uma luz de 12h, fazendo com que a luz produza sombras mais duras ajudando a definir
o volume dos elementos na composição com maior ênfase, e iluminando melhor a área que se
encontra sem interferência da copa das árvores.
Contraste
A iluminação superior, quase que uma luz de 12h, nos traz volume definido dos elementos, os
contrastes fazem com que as áreas iluminadas atraiam sua atenção em um olhar geral, fazendo
do monumento e das áreas de luz, que passam pela copa das árvores, um grande ponto de
contraste e foco.
Tonalidade | P/B-Cor
Teria três principais níveis de cinza, a fim de aumentar a densidade, que são: a clara relacionada ao
monumento e ao passeio, a média ,nos troncos das árvores ao bater da luz, e o preto escuro das
sombras das árvores e das luminárias em ferro. A saturação da foto é de menor intensidade de cor
com uma quantidade pequena de brilho, formando nos locais sombreados, uma grande massa de cor.
Reflexão Geral
Analisando a tomada desta foto concluímos que ela é um ato quase que documental, pois nos
identifica uma mudança na urbanização da cidade, já que teve seu paisagismo, bem como o nome
da praça, alterado com a nova “modernização” da cidade. Se analisarmos com mais detalhes,
encontraremos outros elementos que marcam a época, como: a vestimenta do homem que se
encontra na foto e as luminárias e gradil em ferro que eram comprados por catálogos da Europa.
Nível Compositivo
Sistemas Compositivos
Perspectiva
Nesse postal temos uma imagem obtida de uma distância média entre o observador e o
fotografado, possuindo dois pontos de fuga resultando do tipo de perspectiva cônica.
Rítmo
Podemos encontrar uma composição do rítmo caracterizado pela repetição das árvores e do
121
gradil, um localizado nas extremidades e o outro no centro da foto, ambos dando profundidade
para a imagem.
Proporções
As proporções dos elementos da foto parecem ter dimensões equilibradas próximas do real,
atribuídos pela foto tirada na meia altura.
Distribuição de Pesos
O elemento que possui maior peso na foto é sem dúvida o monumento, juntamente com a
perspectiva que o destaca ainda mais e seu contraste perante os outros elementos sombreados
da foto, fazendo percorrer o olhar por entre as árvores e seguir o caminho do passeio até chegar
ao monumento. O olhar do espectador é direcionado ao monumento, atraído pelo clarão de luz
que aparece em meio aos outros elementos encontrados na composição, em consequência do
contraste e a evidência que a perspectiva também dá. Não podemos deixar de notar que, em
primeiro plano, ainda temos as árvores e o passeio, mais próximos do fotógrafo, que marcam a
metade da área fotografada.
Lei dos Terços
No postal, que destaca o centro da imagem, o forte elemento de atração visual é o monumento,
que pela sua posição e iluminação, forma um ponto focal. Esse tipo de ponto focal se torna
mais evidente ao aplicarmos a regra dos terços, onde os terços central, está posicionado bem
ao centro da imagem, em que se encontra o monumento. Nos terços superiores e das laterais,
encontramos uma grande área arborizada, já nos inferiores, podemos notar a ocupação maior do
passeio, tendo a concentração maior de detalhes da imagem, no terço central com verticalidade
do monumento.
Ordem Icônica
Pode-se dizer que a imagem possui um equilíbrio simétrico na composição das árvores em suas
laterais e com seus contrastes que compõem o centro da imagem. A composição é simples se
olharmos apenas as formas, e complexa em seus detalhes paisagísticos. O registro é espontâneo,
já que a imagem mostra uma pessoa parada em frente ao monumento lendo jornal.
Trajeto Visual
Os elementos dispostos na composição fotográfica dirigem o olhar para o centro, onde a
perspectiva acentua o foco no monumento. Ao olharmos para esta imagem executamos um
olhar central, parando no ponto focal da área mais livre e iluminada da fotografia. A partir
dessa leitura reforçada pela perspectiva, passamos o olhar nos pequenos detalhes das laterais
das árvores, que se encontram em primeiro plano. No segundo momento, percorremos o olhar
na verticalidade do primeiro plano, nos envolvemos com as grandes árvores que se destacam
pelo contraste para em seguida, percorrer o segundo plano nos detalhes do monumento .
Estaticidade/Dinamismo
Ao analisarmos os elementos estáticos e dinâmicos da imagem, podemos notar que os elementos
de maior valor estão imóveis, na sua maior parte, já que o personagem, que se encontra
centralizado na foto está parado. O dinamismo desta cena é feito pelo contraste de luz e pela
linhas marcadas verticalmente e pela perspectiva.
122
Pose
O elemento fotografado não se trata do gênero fotográfico de retrato, a pose do sujeito encontrado
na cena, já que não olha para a câmera, mostra que a intenção não era fotografar o personagem,
e sim o embelezamento paisagístico das praças com suas esculturas e monumentos .
Comentários
Do ponto de vista da composição estamos diante de uma imagem estática marcada sutilmente pela
dinâmica do jogo de luz e sombra e pelas linhas verticais e da perspectiva. Seu trajeto visual é reforçado
pelo enquadramento da foto e induzido pela perspectiva do ângulo que a foto foi tirada.
Espaço de Representação
Campo | Fora de Campo
A área do fora de campo é exatamente o que o campo fotografado sugere, mantendo a
continuidade da praça pela perspectiva. Desta forma, parece que o fotógrafo mostra exatamente
o que quer ressaltar, a beleza das reformas urbanísticas que aconteciam na cidade com a criação
de caminhos arborizados e monumentos em homenagem as pessoas públicas da época. Sugere
a continuidade do trajeto do caminho até o monumento, mostrando que por trás das copas das
árvores existe uma igreja e consequentemente uma rua.
Aberto | Fechado
Trata-se de uma fotografia aberta da composição, com tipo de objetiva normal de 50mm, os
objetos dão a impressão de não terem suas dimensões alteradas, apesar de parecer um foco
fechado, se levarmos em conta que o monumento encontra-se inserido em uma praça, a qual não
foi retratada totalmente no enquadramento.
Interior | Exterior
Os elementos de composição da fotografia, os detalhes de passeios, arborização com grandes
árvores, bancos e luminárias, além de fotografar um monumento a céu aberto, nos informa que
essa imagem é exterior.
Concreto | Abstrato
A imagem retrata de forma concreta, a arborização de uma praça pública no centro da cidade de
Belém, onde ao centro dessa praça fora erguido um monumento em homenagem a uma pessoa
pública da época. Podemos encontrar elementos do tipo: luminárias, bancos e gradil. Já na forma
abstrata, a imagem nos remete às mudanças urbanísticas que o governo estava aplicando na
cidade na época do auge da borracha, as quais possuíam influência do exterior, como suas
palmeiras imperiais e elementos decorativos como as luminárias que vinham da Europa.
Profundidade | Plano
Todos os elementos da composição estão em foco, possuindo a cena uma grande profundidade
de campo. O grande contraste existente na composição dos volumes e proporções dos elementos,
além das linhas na perspectiva, nos mostram a profundidade existente com sua diferença de
planos e pesos.
Habitabilidade
Podemos considerar o espaço fotografado habitável em função do reconhecimento dos elementos
existentes que são referentes a uma época antiga, como a vestimenta do homem retratado ao
centro, das luminárias e bancos encontrados na praça e pelo tipo de vegetação encontrada nas
áreas arborizadas.
123
Encenação
Nesse tipo de imagem a encenação está produzida pela valorização de locais que estavam
recebendo reformas e embelezamento, quando começaram as grandes obras que ocorriam na
cidade com o avanço da tecnologia e materiais vindos da Europa.
Comentários
Quanto ao ponto de vista do espaço de representação, podemos identificá-lo como um
espaço marcado por elementos que hoje não são referência no local, fazendo com que alguns
espectadores não identifiquem o mesmo, já que a praça fotografada sofreu mudanças quanto
à arborização, luminárias e ao mobiliário urbano (bancos). O local retratado nos apresenta
elementos que nos remetem a um passado marcado pelo enriquecimento da cidade, trazendo
com sua reforma urbanística grandes avenidas, arborização, transportes que se tornaram
referência com esse grande avanço urbanístico almejado pelas grandes cidades do Brasil em
busca de embelezamento.
Tempo da Representação
Instantaneidade
Na composição da imagem podemos notar que em um momento específico, o fotógrafo priorizou
destacar não a praça, como especifica a legenda do postal, e sim, se preocupou em mostrar o
monumento central, aproveitando o enquadramento e a perspectiva que as árvores criavam para
ressaltar esse elemento.
Duração
A duração da cena fotografada é longa, já que a velocidade para tirar a foto foi baixa, entrando
mais luz na fotografia, já que o local não é muito claro.
Atemporalidade
A cena retratada é temporal reforçada pelas características da vestimenta do homem fotografado
ao centro, fazendo do postal uma fotografia temporal de uma época restrita que possuía um
tipo de vestuário padrão dos sec. XVIII e XIX , além da arborização incomum para a cidade nos
tempos atuais.
Sequencial | Narrativa
A imagem registra o embelezamento que as praças de Belém estavam recebendo na época da
belle époque. Poderíamos dizer que esta narrativa tem um simples objetivo comum na época dos
postais: relatar que a cidade de Belém possuía, tal qual as praças europeias, uma arborização e
urbanização dos seus locais públicos.
Comentários
A imagem nos faz ter interpretações sobre como era a vida dessa cidade que recebeu um embelezamento
radical em virtude do ciclo da borracha. Nessa narrativa com elementos estáticos, podemos imaginar
como as pessoas se vestiam, como as praças eram utilizadas e o quão eram importantes os homens
públicos, ao ponto de receberem homenagens do governo em praças públicas.
Reflexão Geral
Em relação ao nível de composição estamos diante de uma composição simétrica de natureza
estática. De acordo com o tema da cena descrita, a imagem é realista e tinha, ao mostrar com sua
124
perspectiva acentuada e sua profundidade, a intenção de ressaltar a importância do monumento
ao centro da praça. Por todas estas razões a composição desta fotografia vem de uma atitude
específica do fotógrafo para ressaltar, através do enquadramento e da escolha do plano, a beleza
do monumento em pedra e bronze que estava instalado no local, mostrando sua proporção com
as árvores, dando ênfase na distribuição dos pesos, formando, assim, um olhar direcionado ao
centro da fotografia.
Nível Interpretativo
Articulação do Ponto de Vista
Ponto de Vista Físico
O ponto de vista é de meia altura, não alterando o tamanho e as proporções.
Atitude dos Personagens
A atitude do personagem que se encontra na cena é de inexistência para o fotógrafo, pois o
personagem encontra-se em uma posição incomum, posado de lado e lendo um jornal. Esse
tipo de atitude pode ser relacionado a não valorização dos personagens, mas sim dos elementos
contidos na composição, em especial ao monumento central.
Qualificadores
Podemos avaliar o afastamento do espectador com a cena, já que não existe envolvimento
emocional, de maneira direta, com os elementos de composição.
Transparência | Sutura | Verossimilhança
Na imagem apresentada, conseguimos notar que o fotógrafo busca ampliar a valorização do
monumento, não dando importância ao detalhe, e sim em algo que nos remeta ao local fotografado.
O objetivo desse fotógrafo passa a ser muito claro, quando permite que o espectador vislumbre
não só a beleza do monumento, como também, a nova arborização que a área estava recebendo
nesse governo, fazendo com que a leitura seja visível e transparente dessa representação.
Marcas Textuais
A imagem possui reconhecíveis marcas textuais, pelo menos à primeira vista, para um espectador
que conhece a cidade retratada. Mas isso não pode ser analisado apenas pela imagem, mas sim,
pela legenda com o nome do local “Pará (Brazil) – Praça Visconde Rio Branco” que nos identifica
o espaço em que ela se encontra, além de seu mobiliário urbano, lustres e espécie de árvores
escolhidas, característico de um certo espaço de tempo.
Olhares dos Personagens
Como se observa, os personagens não são o foco principal a ser retratado na composição, não
sendo de grande relevância.
Comentários
A representação do ponto de vista pelo fotógrafo mostra claramente a intencionalidade de que o
espectador valorize a grande e imponente mudança que o governo proporcionava a esses locais
com sua reforma urbana, retratando a importância da escolha paisagística para o local, além de
encomendar o monumento em pedra e bronze fora do Brasil.
125
Interpretação Global do Texto Fotográfico
A proposta compositiva se encaixa na estética do realismo, mostrando elementos simples
do dia a dia das grandes cidades, de forma natural, clara e equilibrada. A imagem tem uma
abordagem publicitária de promover as cidades brasileiras, nesse caso Belém, que em especial
tem a publicidade do Município de Belém com a utilização do brasão. Estamos no contexto
da linguagem próxima à realidade, tendo elementos sensíveis, onde o ponto é a exaltação do
embelezamento que o Intendente Antônio Lemos estava realizando na cidade de Belém. Nesse
cenário, onde o fotógrafo enquadra a cena vista da meia altura, surge, com seu enquadramento
e escolha da perspectiva, uma valorização do monumento retratado, colocando em evidência a
importância dessas homenagens publicas, além de não perder o registro da mudança paisagística
ao adotar as palmeiras imperiais na reforma da praça.
126
Nível Contextual
Dados gerais
Título:
Autor da foto:
Editor:
Editora:
Ano:
Possui verso do
cartão:
Procedência
da
Imagem:
Edição:
Ano da publicação:
Editora:
Página da Publicação:
Legenda do Livro:
Temática do editor:
Temática adotada:
Jardim Zoológico – Museu Goeldi Pará
Não disponível
Não disponível
Não disponível
Não disponível
Não
Livro Belém da Saudade - A Memória de Belém no Início do Século em
Cartões-Postais
2ª edição revisada e ampliada
1998
SECULT
212
Orientado pelo Dr. Emílio Goeldi, o museu desenvolveu um jardim
zoológico, destinado a abrigar espécies da fauna amazônica.
Parques zoobotânicos/Bares e Hotéis/Casas comerciais e Bancos/Fábricas
Natureza
127
Parâmetros Técnicos
Tipo de cromia:
Predominância
da
cor:
Formato:
Suporte:
Outras Informações:
Monocromática
Tons de cinza
13,60cmx9cm se a publicação estiver na escala 1:100
Cartão postal
Cartão pertencente à coleção de Paulo Chaves Fernandez
Cartão numerado (9. Jardim zoológico)
De acordo com pesquisas bibliográficas o postal faz parte de uma coleção
dedicada ao Museu Goeldi do fotógrafo Apolo Santos.
Tem ocupação total da imagem no postal
Dados Biográficos
O Museu Emílio Goeldi é a maior referencia do Norte, como parque e instituição científica,
voltada para pesquisa nas áreas de Zoologia e Botânica, além de ser uma dos maiores centros
de documentação sobre a Amazônia. Localiza-se na Av. Magalhães Barata, antiga Av.
Independência, ocupando a quadra entre a Tv. 9 de Janeiro e Tv. Alcindo Cacela, completando
seu quadrilátero pela Av. Gentil Bittencourt, sendo um dos espaços de maior visitação pública,
inclusive dos turistas de fora do Estado e do Brasil.
Em outubro de 1871, o Museu passa para a órbita do Gov. da província cujo à época era o Dr.
Joaquim Pires de Machado Portela, cabendo a direção do Museu ao seu idealista Fundador
Ferreira Pena, que angariou para a instituição grandes contribuições, trazendo ao Pará cientistas
de renome internacional, como o geólogo americano Frederico Hartl. Intrigas palacianas levaram
a que Ferreira Pena se demitisse e o então Museu transformou-se numa mera repartição pública,
que vegetou durante o 2º império.
Assim o Museu seguia na trilha do abandono e do descrédito. Em 1888, o governador fechou
o Museu, atendendo à decisão dos deputados, que o consideravam oneroso, um peso morto,
propondo que o dinheiro despendido com ele tivesse um emprego mais útil – mas a persistência
de alguns idealistas não o levaram à extinção, como ordenavam os deputados insensíveis ao apoio
científico, a uma instituição, que para Amazônia viria a ser o maior Centro de Pesquisa no Brasil.
O fim da Monarquia e o início da República veio salvar o Museu da ruína total – instalado em
um prédio contínguo, ao antigo Liceu Paraense hoje colégio Paes de Carvalho, onde funcionou
por quase 30 anos, sendo reinaugurado em 13 de maio de 1888, ano em que os deputados
pleitearam o fechamento daquilo que era o seu sonho.
O Museu precisava ser reordenado, dentro de uma filosofia de trabalho científico que desse novos
rumos à pesquisa, teve para isso, o apoio de dois ilustres paraenses Dr. Justo Leite Chermont,
governador e do diretor de Instrução Pública, José Veríssimo de Matos.
Em 1893, tendo à frente o governador Lauro Sodré, e sabedor de que em Teresópolis vivia o
Zoólogo Suiço, Emílio Augusto Goeldi, naturalista de renome e que fora demitido do Museu
Nacional - José Veríssimo encarregou-se de contatar o mesmo no sentido de assumir a direção do
Museu (e pelo decreto do governo) em Belém, atendendo às normas científicas mais modernas.
Assim em 7 de junho de 1894, Goeldi assumia a direção do Museu, e pelo Decreto do governo logo
a 2 de julho do mesmo ano, o Museu adquiria uma nova feição, com a criação de várias secções já
constantes nos regulamentos anteriores, Zoologia, Botânica, Etnologia, Arqueologia, Mineralogia,
Geologia, Biblioteca Especializada em Ciências Naturais e Antropológicas, bem como de temas
gerais pertinentes à Amazônia. Em março de 1895, todo o acervo foi transferido para a área onde
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funciona hoje, na antiga Av. Independência, hoje Magalhães Barata, só que sua área original foi
ampliada com os terrenos desapropriados pelo governador. O terreno era uma antiga rocinha, de
Bento José da Silva Santos, rico empresário do Pará.
A 15 de agosto do mesmo ano foi aberto ao público e pelas mãos de Goeldi, fazia-se realidade
o sonho do idealizador do Museu Ferreira Pena.
O trânsito de Goeldi, entre os cientistas europeus, foi de grande valia para o crescimento e
respeitabilidade, que passou a referenciar o MUSEU.
Pelos reconhecidos serviços prestados por Emílio Goeldi, ao Brasil, e em particular ao Pará, o
governador Paes de Carvalho, pelo Decreto de 31 de dezembro de 1900, determinou que o Museu
Paraense, passasse a se chamar MUSEU GOELDI. A 3 de novembro de 1931, na interventoria
de Magalhães Barata pelo Decreto nº 525, o Museu passou a adotar sua atual nomenclatura:
MUSEU PARAENSE “ EMÍLIO GOELDI”.
Fonte: Arquivo Histórico da Fundação Cultural do Município de Belém – FUMBEL -Departamento
de Patrimônio Histórico
Nível Morfológico
Descrição do Motivo Fotográfico
A razão para fotografar esta cena foi registrar o primeiro jardim zoológico da cidade de Belém.
Sem dúvida, a intenção dos editores e fotógrafos envolvidos na publicação dessa imagem, era
mostrar a fauna paraense, mais especificamente, os animais exóticos que haviam na Amazônia,
bem como a inauguração do local que teve grande acesso e repercursão na cidade. Na foto
podemos notar o grande número de pessoas ao redor das jaulas.
Elementos Morfológicos
Ponto
Sendo uma fotografia muito antiga, o grão do filme é bastante visível. Mas, o ponto pode ser
de atenção, um centro de atração visual que nesta imagem pode ser percebida pelo número de
pessoas agrupadas em uma única área.
Linha
Podemos encontrar as linhas horizontais no primeiro plano da imagem, marcado pelas ranhuras
do tronco da árvores na lateral direita, já as linhas verticais podem ser evidenciadas pelas longas
linhas do gradil da jaula.
Plano-Espaço
Apesar de todos os elementos da cena estarem em foco, podemos distinguir alguns níveis da
imagem. Primeiramente, na mesma distância da câmera, podemos identificar a árvore localizada
na direita, centralizado na foto, encontram-se a aglomeração de pessoas e a jaula e na parte
superior, a vegetação.
Escala
O enquadramento da foto pode ser categorizado como de plano geral, já que o fotógrafo mostra
um cenário completo do museu com suas jaulas, vegetação e um grande número de pessoas.
Forma
Apesar do enquadramento de plano geral, fazendo com que tenhamos a visão de um grande
número de formas, podemos identificar e reconhecer os elementos envolvidos na imagem
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facilmente, em função do contraste e de seus volumes. As formas acabam sendo bem notadas
pelo contraste tonal, além da escala dos objetos contidos na cena.
Textura
Em primeiro plano, ao lado direito da composição, nos chama atenção o volume da textura das
árvores, chamando nosso olhar para os detalhes do tronco, as áreas em que a luz consegue
passar por entre as copas e depois olhamos a textura do gradil das jaulas, que, com suas linhas
horizontais, formam uma malha fosca com rítmo e repetição.
Nitidez da Imagem
A nitidez, junto com seu contraste, proporciona uma massa grande em tons de preto, fazendo
com que alguns elementos, sem muito contraste, sejam quase que imperceptíveis, e os objetos
com uma boa iluminação sejam mais notados.
Iluminação
Estamos com uma iluminação exterior. Pelo contraste de sombras o sol brilha de cima, com uma
luz de 12h, fazendo com que a luz produza sombras mais duras, ajudando a definir o volume dos
elementos na composição com maior ênfase.
Contraste
Enquanto que a iluminação superior, luz de 12h, nos traz volume definido dos elementos, os
contrastes fazem com que as áreas pretas atraiam nossa atenção em um olhar geral, mas nesse
caso, como a maior área se tornou de tons escuros, na composição, o processo é inverso, fazendo
com que as áreas claras sejam mais notadas.
Tonalidade | P/B-Cor
Teria três principais níveis, que são: a clara, quase branca, relacionada ao chão do jardim, das
roupas dos personagens, dos detalhes no tronco da árvore e aos pontos bem iluminados; a
média, nos tons de cinzas, das sombras formadas pela copa das árvores e as sombras relativas
do sol com os elementos arquitetônicos; o preto ficou para as áreas totalmente sem luz, aquelas
totalmente na sombra, juntamente com as roupas dos personagens. A saturação da foto é de
média intensidade de cor.
Reflexão Geral
Analisando a tomada desta foto concluímos que ela é um ato quase que documental, pois nos
mostra o primeiro jardim zoológico da cidade de Belém, que exibia os animais da Amazônia. Se
buscarnos por mais detalhes, encontraremos outros elementos que marcam a época, as roupas
dos personagens, bem como o tipo de gradil e estruturas para manter os animais.
Nível Compositivo
Sistemas Compositivos
Perspectiva
Nesse postal temos uma imagem obtida de uma distância média entre o observador e o
fotografado, possuindo dois pontos de fuga, resultando do tipo de perspectiva cônica.
Rítmo
Podemos encontrar uma composição do rítmo caracterizado pela repetição das linhas do gradil,
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das pessoas e do detalhe de textura do tronco da árvore, dando profundidade para a imagem.
Proporções
As proporções dos elementos da foto parecem ter dimensões equilibradas próximas do real.
Distribuição de Pesos
O elemento que possui maior peso na foto é sem dúvida a jaula principal da foto, juntamente
com a sua verticalidade que a destaca ainda mais, fazendo percorrer por entre as árvores e
pessoas. O olhar do espectador é direcionado à jaula, atraído pela sua proporção perante os
outros elementos encontrados na composição, além do contraste e a evidência que a perspectiva
também lhes dá. Não podemos deixar de notar que, em primeiro plano, ainda temos a árvore,
mais próximo do fotógrafo, que marca a primeira linha da foto.
Lei dos Terços
Na imagem que destaca a jaula do jardim zoológico, o forte elemento de atração visual é a jaula,
que junto com sua verticalidade e iluminação, por entre a sombra das árvores, forma um ponto
focal. Esse tipo de ponto focal se torna mais evidente ao aplicarmos a regra dos terços, onde os
terços superiores e os da lateral esquerda estão posicionados em pontos de ouro (interseção de
duas linhas da regra dos terços). No terço superior da imagem encontramos uma pequena área
com a copa das árvores, tendo a concentração maior da imagem nos terços centrais, destacando
os personagens da cena, a perspectiva e a verticalidade da jaula e da árvore.
Ordem Icônica
Ao observarmos a composição, o foco da imagem é o primeiro jardim zoológico de Belém.
Podemos dizer que a imagem possui um equilíbrio assimétrico baseado no contraste, no peso
da massa dos tons escuros que encontramos do lado direito com árvores e pessoas, no outro
lado a leveza dos tons de branco da jaula e do piso, com o preto da edificação sombreada. A
composição é simples se olharmos apenas as formas, e complexa em seus detalhes das roupas e
chapéus dos personagens. O registro é espontâneo, já que a imagem mostra pessoas de costas
para o fotógrafo, e às vezes até em posição denotando ar de conversa.
Trajeto Visual
Os elementos dispostos na composição fotográfica dirigem o olhar para a diagonal da perspectiva
criada pela posição dos personagens até chegar à jaula vertical. Ao olharmos para esta imagem
executamos um olhar na diagonal do lado esquerdo ao direito, percorrendo o sentido dos
personagens, parando no ponto focal da área mais livre e iluminada, a jaula do lado esquerdo.
A partir dessa leitura da perspectiva passamos o olhar nos pequenos detalhes da cena, que
não se encontram em primeiro plano como roupas dos personagens e detalhes arquitetônicos.
No segundo momento, no primeiro plano, nos envolvemos com a árvore que se destaca pelo
contraste e por se encontrar em primeiro plano.
Estaticidade/Dinamismo
Ao analisarmos os elementos estáticos e dinâmicos da imagem, podemos notar que os elementos
de maior valor estão imóveis, na sua maior parte, fazendo com que a imagem seja estática em
termos de movimento corporal, entretanto, seu dinamismo ocorre com a mudança dos contrastes
e do rítmo encontrado na cena.
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Pose
Com sua distância dos elementos da composição, e o elemento fotografado não se tratar do
gênero fotográfico de retrato, a pose dos sujeitos encontrados, já que nenhum olha para a
câmera, mostra que a intenção não era fotografar os personagens e sim a paisagem criada para
a ocupação de um jardim zoológico e sua fauna exótica.
Comentários
Do ponto de vista da composição estamos diante de uma imagem estática marcada sutilmente
pela dinâmica dos cheios e vazios, contraste de claro e escuro, tendo seu trajeto visual reforçado
e induzido pela perspectiva criada pelos personagens até chegar ao seu ponto focal.
Espaço de Representação
Campo | Fora de Campo
A área do fora de campo é exatamente o que o campo fotografado sugere, mantendo a
continuidade de uma área verde propícia para a colocação da espécie animal. Desta forma,
parece que o fotógrafo mostra exatamente o que quer ressaltar, o grande e inovador Museu
Goeldi com seus animais exóticos em exposição.
Aberto | Fechado
Trata-se de uma fotografia aberta da composição, com tipo de objetiva normal de 50mm, os
objetos dão a impressão de não terem suas dimensões alteradas.
Interior | Exterior
Os elementos de composição da fotografia, os detalhes das árvores, pessoas e a própria condição
de um jardim zoológico nos informam que essa imagem é exterior.
Concreto | Abstrato
A imagem apresenta, no sentido concreto, o que seria uma imagem de museu, retratando as
jaulas e os animais, além de sua vegetação e a curiosidade das pessoas.
Profundidade | Plano
Todos os elementos da composição estão em foco, possuindo a cena uma grande profundidade. O
grande contraste existente na composição dos volumes e proporções dos elementos nos mostram
a profundidade existente na diagonal da perspectiva, nesse caso criada pela composição dos
personagens, com sua diferença de planos e pesos.
Habitabilidade
Podemos considerar o espaço fotografado habitável em função do reconhecimento dos elementos
existentes que são referentes à época da borracha, como as roupas dos personagens e em menor
peso, o tipo de construção específica para zoológico, além de elementos como ósculos(aberturas
circulares nas construções para circulação de ar, própria do neoclássico e ecletismos) e frisos.
Encenação
Nesse tipo de imagem a encenação está produzida pela valorização de locais que retratassem o
exotismo do estado, retratando um local que, para os estrangeiros, era extraordinário ao terem
contato com animais diferentes dos da Europa, já que o povo paraense estava acostumado com
esse tipo de fauna.
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Comentários
Quanto ao ponto de vista do espaço de representação, podemos identificá-lo como um espaço
conhecido por alguns espectadores, já que o local retratado, hoje com outro tipo de estruturação
paisagística, pode ser reconhecido através da legenda da foto, bem como de elementos
arquitetônicos que ainda sobrevivem nos dias atuais. Além de apresentar outros elementos que
nos remetem a esse passado como o vestuário dos personagens e os detalhes arquitetônicos
referentes aos estilo eclético.
Tempo da Representação
Instantaneidade
Na composição da imagem, podemos notar que, em um momento específico, o fotógrafo priorizou
destacar a curiosidade dos personagens ao se deparar com um local diferente do comum, onde
pudessem observar nossa fauna, não se preocupando com a movimentação dos mesmos em
cena, nem com a interferência das árvores na visão da composição, fazendo da vegetação um
elemento importante por se tratar de um jardim zoológico.
Duração
A duração da cena fotografada é longa, já que a velocidade para tirar a foto foi baixa, logo mais
luz na fotografia, já que o local não é muito claro.
Atemporalidade
A cena retratada é temporal reforçada pelas características arquitetônicas que se encontram na
composição da imagem, fazendo do postal uma fotografia temporal de uma época restrita que
possuía características ecléticas de estilos, além do tipo de vestimenta comum na época da belle
époque.
Sequencial | Narrativa
A imagem registrada nos conta a história do primeiro museu de Belém, com seu jardim zoológico
que retratava as espécies da fauna amazônica, foi fundamental como ponto de referência cultural
para os turistas e estrangeiros que moravam na cidade. Poderíamos dizer que esta narrativa tem
um simples objetivo comum na época dos postais, relatar que a cidade de Belém estava em
crescimento com seu capital estrangeiro, através da borracha, que atraia muitos estrangeiros,
pelo seu ar exótico, assim como sua fauna e flora, tão bem preservadas no museu.
Comentários
A imagem nos faz ter interpretações sobre como era a curiosidade das pessoas pelo desconhecido,
pelo exótico de um estado tropical e com grande beleza de sua fauna e flora. Nessa narrativa
com elementos estáticos, podemos imaginar o apoio que os governantes deram para a execução
desse projeto, já que o mesmo traria repercussão satisfatória para a política, além de ter um teor
turístico.
Reflexão Geral
Em relação ao nível de composição estamos diante de uma composição assimétrica de natureza
estática. De acordo com o tema da cena descrita, a imagem é realista e tinha, ao mostrar com sua
perspectiva e sua profundidade, a intenção de ressaltar a curiosidade dos personagens com essa
nova instalação na cidade, mostrando sua exótica fauna. Por todas estas razões a composição
desta fotografia vem de uma atitude específica do fotógrafo para retratar a inauguração do
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primeiro museu com seu jardim zoológico da cidade, mostrando sua vegetação e dando ênfase
aos animais, com seu ponto focal posicionado em seu ponto de ouro, formando assim, um olhar
direcionado à jaula vertical.
Nível Interpretativo
Articulação do Ponto de Vista
Ponto de Vista Físico
O ponto de vista é de meia altura, não alterando o tamanho e as proporções.
Atitude dos Personagens
A atitude dos personagens na cena é forte para o fotógrafo, pois os personagens encontramse em uma mesma posição, vislumbrando os animais que expostos na jaula, favorecendo a
cena já que mostra, com clareza, o quanto essa construção foi importante para a sociedade.
Esse tipo de atitude pode ser relacionada à valorização dos personagens, para composição
da cena, quando reafirmam, além da perspectiva e iluminação, o foco na jaula do museu.
Qualificadores
Podemos avaliar o afastamento do espectador com a cena, já que não existe envolvimento
emocional, de maneira direta, com os elementos de composição.
Transparência | Sutura | Verossimilhança
Na imagem apresentada, conseguimos notar que o fotógrafo busca ampliar a valorização
do museu, ao colocar na composição elementos complementares à associação com o jardim
zoológico, não dando importância ao detalhe, mas sim, caracterizando elementos que nos
remetem ao tipo de local fotografado. O objetivo desse fotógrafo passa a ser muito claro, quando
permite que o espectador vislumbre não só o exótico meio de conhecer nossa fauna amazônica,
como também a flora.
Marcas Textuais
A imagem possui reconhecíveis marcas textuais, pelo menos à primeira vista, para um espectador
que conhece a cidade retratada. Mas, isso não pode ser analisado apenas pela imagem, mas sim,
pela legenda com o nome do local “Museu Goeldi – Pará – 9. Jardim zoológico” .
Olhares dos Personagens
Como observamos, os personagens têm grande influência na leitura da foto, pois com seus
olhares indiretos para o fotógrafo e direto para a jaula, acabam se tornando importantes na
composição fotográfica, pois evidenciam a questão do local retratado ser inovador ao colocar em
exposição os animais amazônicos.
Comentários
A representação do ponto de vista pelo fotógrafo mostra claramente a intencionalidade de que o
espectador valorize essa nova construção que evidencia nossa cultura e nossa raiz, retratando a
perplexidade e curiosidade das pessoas com o exótico ar tropical, sua fauna e sua flora.
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Interpretação Global do Texto Fotográfico
A proposta compositiva se encaixa na estética do realismo, mostrando elementos simples do dia
a dia das grandes cidades, de forma natural, clara e equilibrada. A imagem tem uma abordagem
publicitária de promover as inovações em termos de construção e divulgação da fauna brasileira,
nesse caso amazônica, que era elemento de valorização pelos estrangeiros. Estamos no contexto
da linguagem próxima à realidade, tendo elementos sensíveis, onde o ponto é a exaltação da
cidade de Belém e suas excentricidades. Nesse cenário, onde o fotógrafo enquadra a cena vista
da meia altura, surge uma valorização através da perspectiva e da escala, tanto dos personagens
quanto da verticalidade da jaula e da árvore, fazendo com que as proporções desses elementos
sejam diferenciadas, colocando em evidência a jaula que foi enquadrada em um ponto de ouro
com iluminação direta.
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Nível Contextual
Dados gerais
Título:
Autor da foto:
Editor:
Editora:
Ano:
Possui verso do cartão:
Procedência da Imagem:
Edição:
Ano da publicação:
Editora:
Página da Publicação:
Legenda do Livro:
Temática do editor:
Temática adotada:
7- Brazil – Pará – Belém | Avenida 16 de Novembro-Parque Alfonso
Penna
Não disponível
Não disponível
Não disponível
Não disponível
Não
Livro Belém da Saudade - A Memória de Belém no Início do Século
em Cartões-Postais
2ª edição revisada e ampliada
1998
SECULT
86
Foto tomada do cruzamento com a Rua Conselheiro João Alfredo,
mostrando em primeiro plano, à esquerda, a parada dos bondes
elétricos e os tradicionais quiosques que se espalhavam na cidade.
Ao fundo, a Praça da Independência - atual Praça D. Pedro II.
Avenidas Ruas e Travessas
Urbanismo
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Parâmetros Técnicos
Tipo de cromia:
Predominância da cor:
Formato:
Suporte:
Outras Informações:
Monocromia
Tons de cinza
13,60cmx9cm se a publicação estiver na escala 1:100
Cartão postal
Cartão pertencente à coleção de Victorino C. Chermont de Miranda
Ocupa toda a área do postal com a fotografia
Cartão numerado, provavelmente de alguma série identificada no
verso do postal
Dados Biográficos
Belém, que se encontra situada às margens da Baía do Guajará, Rio Guamá e Rio Pará, teve
sua urbanização articulada a partir da Baía do Guajará, num promontório de terras onde foram
instaladas as bases do projeto colonial português, iniciado pela Fortaleza Forte do Castelo e
destacando-se como uma cidade portuária. Importante marco urbanístico da cidade, está
localizada em sua área central, tendo inicio bem na beira do rio. A Avenida 16 de Novembro,
já possuiu a denominação de Estrada de São José pelo fato de conduzir ao convento e depois
presídio São José. Num dos trechos desta via era localizado o antigo Jardim Botânico do Pará,
sendo desativado ao longo do final do século XIX e início do século XX. O nome “Avenida 16 de
Novembro” homenageia a data da adesão do Pará à República.
Nível Morfológico
Descrição do Motivo Fotográfico
Podemos dizer que a razão para fotografar esta cena foi registrar a evolução urbanística por
que a cidade estava passando. Como a legenda da foto nos diz, ela retrata a Avenida 16 de
Novembro e o Parque Alfonso Penna.
Sem duvida, a intenção dos editores e fotógrafos envolvidos na publicação dessa imagem,
era mostrar que a cidade estava em “fase de embelezamento” com seus parques com muita
vegetação, bondes elétricos e ruas largas.
Na foto, podemos notar a grande quantidade de bondes elétricos que circulavam nessa área da
cidade, além dos quiosques de ferro que eram uns para a venda de bilhetes dos bondes, e outros
para a venda de jornais e revistas.
Elementos Morfológicos
Ponto
Sendo uma fotografia muito antiga, o grão do filme é bastante visível. Este é um grão de filme
que dá à imagem uma aparência de pintura, um efeito procurado por alguns fotógrafos da
época. Mas o ponto pode ser de atenção, um centro de atração visual que nesta imagem pode
se dar pelo ponto de fuga criado pela perspectiva da rua.
Linha
Podemos confirmar a presença de linhas diagonais que formam o traçado das ruas e calçadas,
bem como a presença de linhas horizontais, formadas pelos fios elétricos que cruzam a imagem.
Já as linhas verticais podem ser evidenciadas pelos postes e árvores.
Plano-Espaço
Apesar de todos os elementos da cena estarem em foco, podemos distinguir alguns níveis da
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imagem. Primeiramente, na mesma distância da câmera, podemos identificar o poste de luz
elétrica, na parte inferior quase que centralizada, e os personagens no canto esquerdo e direito
caminhando nas ruas
Escala
O enquadramento da foto pode ser categorizado como de plano geral, já que o fotógrafo mostra
um cenário completo da cidade, mostrando suas ruas, transportes, áreas verdes e pessoas.
Forma
Apesar de um enquadramento de plano geral que faz com que tenhamos um grande número
de formas, podemos identificar e reconhecer os elementos envolvidos na imagem. As formas
acabam sendo bem notadas pelo contraste tonal e sua perspectiva.
Textura
Em primeiro plano, ao lado esquerdo da composição, notamos a deformidade na textura dos
paralelepípedos, que só consegue ser vista nesse ponto muito próximo do registro do fotógrafo. O
que nos chama atenção é o volume da texturas das árvores, que fazem um corredor, provocando
uma área bem arborizada e com muitas sombras, sendo convidativa para um passeio.
Nitidez da Imagem
A falta de nitidez proporciona uma falta de detalhes, já que a foto possui um enquadramento
geral, fazendo com que alguns elementos sem muito contraste sejam quase que imperceptíveis.
Especificamente, o gradiente da escala de cinza e alguns elementos que estão em maior
proporção, como os bondes e os quiosques.
Iluminação
Estamos com uma iluminação exterior. Pelo contraste de sombras, o sol brilha do lado esquerdo
do céu, fazendo com que a direção da luz seja lateral produzindo sombras leves que ajudam a
definir o volume dos elementos na composição.
Contraste
Tendo níveis em tons de cinza, enquanto que a iluminação lateral nos traz volume lateral definido
dos elementos, os contrastes fazem com que as áreas pretas no fundo cinza claro atraiam nossa
atenção em um olhar geral, fazendo dos bondes, postes, árvores e quiosques, grandes pontos de
contraste e foco.
Tonalidade | P/B-Cor
Teria três principais níveis de cinza, a fim de aumentar a densidade, que são: a clara relacionada
às calçadas e aos pontos bem iluminados, a média dos revestimento das ruas e alguns detalhes
de vestimenta e arquitetônicos, e o preto escuro dos elementos geralmente feitos em ferro como
o bonde, poste e quiosque. A saturação da foto é de média intensidade de cor.
Reflexão Geral
Analisando a tomada desta foto, concluímos que ela é um ato quase que documental, pois nos
eterniza a evolução nos transportes da cidade, já que encontramos em outros postais, bondes
puxados a boi e sem iluminação elétrica, o oposto dessa composição. Se analisarmos por mais
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tempo, encontraremos outros elementos que marcam a época, como os postes em ferro que
eram comprados por catálogos na Europa, bem como os quiosques em ferro trabalhado que
vendiam os bilhetes do bonde elétrico. O ângulo em que a foto foi tirada nos remete a 1º fase
dos postais de Belém publicados pela Livraria França Santos que se destacou por ter registrado
ângulos e vista incomuns.
Nível Compositivo
Sistemas Compositivos
Perspectiva
Nesse postal, temos uma imagem obtida de uma distância grande entre o observador e o
fotografado, possuindo dois pontos de fuga resultando do tipo de perspectiva cônica.
Rítmo
Podemos encontrar uma composição do rítmo caracterizado pela repetição dos postes, bondes
e árvores, dando profundidade para a imagem, e o rítmo horizontal, quase que discreto,
encontramos nas repetições das linhas formadas pelos fios de eletricidade que cruzam a foto de
ponta a ponta.
Proporções
As proporções dos elementos da foto parecem ter dimensões equilibradas, próximas do real.
Distribuição de Pesos
O elemento que possui maior peso na foto são os bondes, que fotografados com sua frente
virada para o lado direito, juntamente com a perspectiva diagonal, acabam nos fazendo procurar
para onde seguem, pela continuidade dos trilhos. O olhar do espectador é direcionado a esse
elemento, atraído pela sua proporção perante os outros encontrados na composição, além do
contraste, e a evidência que a perspectiva também lhes dá. Não podemos deixar de notar que,
em primeiro plano, ainda temos o poste, mais próximo do fotógrafo, que marca a lateral esquerda
do bonde, fazendo essa evidência se tornar muito mais clara.
Lei dos Terços
Na imagem da Avenida 16 de Novembro, o forte elemento de atração visual são os bondes
elétricos, que juntos formam um ponto focal. Esse tipo de ponto focal se torna mais evidente
ao aplicarmos a regra dos terços, onde identificamos que o primeiro bonde, junto com o poste
em primeiro plano, encontram-se em um ponto de ouro (interseção de duas linhas da regra
dos terços). No terço superior da imagem, encontramos uma pequena área de céu, tendo a
concentração maior da imagem nos outros dois terços, destacando as ruas, a perspectiva e a
verticalidade dos postes e árvores.
Ordem Icônica
Ao observarmos a composição, o foco da imagem é a dinâmica da cidade, dessa evolução
urbanística que está surgindo. Podemos dizer que a imagem possui um equilíbrio assimétrico
baseado no contraste, no peso da massa dos tons escuros que encontramos de um lado nos
bondes elétricos e no outro com a repetição das árvores. A composição é complexa, com a
profusão de elementos que são registrados, sendo um registro espontâneo, já que a imagem
mostra o movimento das carroças e dos personagens ao atravessar a rua ou subir no bonde.
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Trajeto Visual
Os elementos dispostos na composição fotográfica dirigem o olhar para a diagonal que a
perspectiva acentua da rua. Ao olhamos para esta imagem, executamos um olhar na diagonal do
direito para o esquerdo, parando no ponto focal do bonde e do poste. A partir dessa leitura da
perspectiva, passamos a olhar os detalhes que estão no primeiro plano, ou seja, os elementos de
composição com menor destaque, as carroças, os personagens e os fios elétricos.
Estaticidade/Dinamismo
Ao analisarmos os elementos estáticos e dinâmicos da imagem, podemos notar que os elementos
de maior valor estão imóveis, no entanto, a imagem dos personagens com a perna levantada
para subir no bonde elétrico, a mudança marcada da perna ao caminharem para atravessar as
ruas, são fatores que trazem certo dinamismo e tensão à composição.
Pose
Com sua distância dos elementos da composição e por não se tratar do gênero fotográfico de retrato,
a pose dos sujeitos encontrados na composição, não tem nenhuma ligação com a tomada fotográfica,
já que nenhum personagem olha diretamente para a câmera, mostrando que a intenção não era
fotografar os personagens e sim a arquitetura e urbanização da cidade.
Comentários
Do ponto de vista da composição estamos diante de uma imagem estática marcada sutilmente
pela dinâmica dos personagens que estão em menor proporção, seu trajeto visual é reforçado e
induzido pela perspectiva do ângulo em que a foto foi tirada.
Espaço de Representação
Campo | Fora de Campo
A área do fora de campo, é exatamente o que o campo fotografado sugere, mantendo a
continuidade da rua, ressaltada pela perspectiva. Desta forma, parece que o fotógrafo mostra
exatamente o que quer ressaltar, a urbanização das ruas, deixando em seu corte apenas a
sugestão da continuidade do trajeto dos bondes.
Aberto | Fechado
Trata-se de uma fotografia aberta da composição, com tipo de objetiva normal de 50mm, os
objetos dão a impressão de não terem suas dimensões alteradas.
Interior | Exterior
Os elementos de composição da fotografia, os detalhes de calçadas e ruas, com as árvores, fios,
postes e bondes elétricos nos informam que essa imagem é exterior. Ao fundo podemos notar,
em tom bem claro, algumas construções por trás das árvores.
Concreto | Abstrato
A imagem retrata uma representação concreta das grandes avenidas da cidade com seus trilhos
e bondes elétricos, ao mesmo tempo que ainda encontramos carroças puxadas por bois.
Profundidade | Plano
Todos os elementos da composição estão em foco, possui uma grande profundidade. Com o
grande contraste existente na composição, dos volumes e proporções dos elementos, mesmo
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que pequeno na foto, nos mostram a profundidade existente na diagonal da perspectiva, com
sua diferença de planos.
Habitabilidade
Podemos considerar o espaço fotografado habitável em função do reconhecimentos dos elementos
existentes que são referentes à época da borracha, como as ruas feitas em paralelepípedos com
seus bondes elétricos, os quiosques em ferro trabalhados que vieram da Europa, e até mesmo as
grandes avenidas no centro da cidade.
Encenação
Nesse tipo de imagem a encenação está produzida pela impressão da realidade da dinâmica
encontrada nas ruas da cidade, com seus bondes, carroças, pessoas e outros.
Comentários
Quanto ao ponto de vista do espaço de representação, podemos identificá-lo como um espaço
específico, real e que um espectador, embora perceba a presença de um espaço que incorpora a
história da cidade, encontra elementos que remetem a uma época, como o tipo de pavimentação
(paralelepípedos), o meio de transporte (trilho do bonde), grandes avenidas, arborização, todas
referências do grande avanço urbanístico almejado pelas grandes cidades do Brasil para o seu
embelezamento.
Tempo da Representação
Instantaneidade
Na composição da imagem, podemos notar que em um momento específico, o fotógrafo priorizou
destacar os bondes elétricos enfileirados na parada, não se preocupando com a movimentação
dos personagens.
Duração
A duração da cena fotografada é pequena, já que a velocidade para tirar a foto foi alta, congelando
o movimento da carroça e das pessoas.
Atemporalidade
A cena retratada é temporal, reforçada pelas características arquitetônicas e urbanísticas que
se encontram na composição da imagem, fazendo do postal uma fotografia temporal de uma
época restrita que enriquecia com a entrada do capital estrangeiro, onde identificamos através
das interpretações do local e dos seus costumes, referências de transportes, roupas e tipo de
revestimentos de calçadas e ruas.
Tempo Simbólico
De certa forma, o tempo simbólico remete a caos urbano, aos meios de transportes públicos, a
correria do dia a dia das grandes cidades.
Tempo Subjetivo
A subjetividade da imagem nos remete ao tempo em que as grandes tecnologías relacionadas ao
transporte invadiam as cidades para a sua modernização.
141
Sequencial | Narrativa
A imagem registrada nos conta uma história: como eram as grandes avenidas de Belém em
seu dia a dia, como eram os meios de transporte, a urbanização dessas áreas. Poderíamos
dizer que esta narrativa tem um simples objetivo comum na época dos postais, relatar
como as cidades brasileiras eram tão evoluídas e bem cuidadas como as da Europa, e como
os imigrantes poderiam ver que viver nesse “novo mundo” seria uma boa escolha de vida.
Comentários
A imagem nos faz ter interpretações diferentes sobre como a cidade estava evoluindo com sua
tecnologia e urbanização, mostrando um tempo de grande evolução nas capitais, que recebiam
imigrantes em seus portos com o ciclo da borracha. Nessa narrativa com elementos dinâmicos
e estáticos, podemos imaginar o modo de vida dessa população e como esse embelezamento
urbanístico estava influenciando no dia a dia desses personagens.
Reflexão Geral
Em relação ao nível de composição, estamos diante de uma composição harmoniosamente
assimétrica de natureza estática e com alguns elementos de dinamismo em seus detalhes
através dos seus personagens. De acordo com o tema da cena descrita, a imagem é realista e
tinha, ao mostrar com sua perspectiva acentuada e sua profundidade, a intenção de ressaltar
a importância dessas modificações para a valorização das capitais. Por todas estas razões, a
composição deste trabalho vem de uma atitude específica do fotógrafo para retratar o progresso
que chegava à região com a implatação da rede elétrica e consequentemente do transporte por
bondes elétricos.
Nível Interpretativo
Articulação do Ponto de Vista
Ponto de Vista Físico
O ponto de vista é de cima, fazendo os elementos da foto parecerem pequenos.
Atitude dos Personagens
A atitude dos personagens que se encontram na cena é de inexistência para o fotógrafo, pois
cada personagem encontra-se em uma posição diferente, quase todos, de costas para a cena
fotografada. Esse tipo de atitude pode ser relacionada a não valorização dos personagens e sim
aos elementos contido na composição.
Qualificadores
Podemos avaliar o afastamento do espectador com a cena, já que não existe envolvimento emocional,
de maneira direta, com os elementos de composição. Em algum momento, uma lembrança “vivida”
por esse espectador de ter andado nesse meio de transporte, ou ter presenciado a chegada da luz
elétrica à cidade, possa nos trazer um envolvimento um pouco mais próximo.
Transparência | Sutura | Verossimilhança
Na imagem apresentada, conseguimos notar que o fotógrafo busca ampliar o número de
elementos compositivos na foto, não dando importância ao detalhe, caracterizando elementos
que nos remetem ao local fotografado. O objetivo desse fotógrafo passa a ser muito claro, quando
permite que o espectador crie os momentos do dia a dia dos moradores com seus novos meios
142
de transporte e os avanços tecnológicos, fazendo com que a leitura seja visível e transparente
dessa representação.
Marcas Textuais
A imagem possui reconhecíveis marcas textuais, pelo menos à primeira vista, para um espectador
que conhece a cidade retratada. Mas isso não pode ser analisado apenas pela imagem, mas
sim, pela legenda com o nome do local com dois “L”, que nos identifica o espaço em que ela se
encontra e com o mobiliário urbano característico de um certo espaço de tempo.
Olhares dos Personagens
Como observamos, os personagens não são o foco principal a ser retratado na composição, não
sendo de grande relevância.
Comentários
A representação do ponto de vista pelo fotógrafo mostra claramente a intencionalidade de que
o espectador mergulhe em uma vivência da cidade, retratando a movimentação dos moradores
pelo centro da cidade com suas ruas largas e meios de transportes movidos à eletricidade.
Interpretação Global do Texto Fotográfico
A proposta compositiva se encaixa na estética do realismo, mostrando elementos simples do dia
a dia das grandes cidades, de forma natural, clara e equilibrada. A imagem tem uma abordagem
publicitária de promover as cidades brasileiras, nesse caso Belém, que passava por um momento
de progresso e desenvolvimento urbano. Estamos no contexto da linguagem próxima à realidade,
tendo elementos sensíveis, onde o ponto é a exaltação do embelezamento que o Intendente
Antônio Lemos estava realizando na cidade de Belém. Nesse cenário, onde o fotógrafo enquadra
a cena vista de cima, surge uma valorização dos prédios e meios de transportes ao fazer com que
a proporção desses elementos e dos personagens sejam diferenciadas, colocando em evidência a
grandeza dessa importante avenida.
143
Descrição dos cartões postais
144
urbanismo 77 cinza Boulevard da República urbanismo 78 Rua da Imperatriz urbanismo Boulevard da República Boulevard da República Recebedoria e Mercado Boulevard da República Boulevard da República e Recebedoria do Estado Mercado Municipal Boulevard da República Boulervard da República Um techo da Praça Independência Avenida 16 de Novrembro -­‐ Bolsa em Construção Avenida 16 de Novembro Avenida 16 de Novembro Avenida 16 de Novembro Parque Augusto Penna Avenida 16 de Novembro Avenida 16 de Novembro Avenida 16 de Novembro não não não não sim não não Papelaria Silva não possui sim sim não não sim sim não não possui não possui não possui sim não não não sim não não monocromia não possui não possui N.D. não sim não não sim não não amarelo monocromia não possui não possui não possui não não não não sim sim não 78 cinza monocromia Verlag v. Albert Aust não possui não possui não sim não não sim sim não urbanismo 79 colorido policromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não sim não sim não não não urbanismo 79 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não arquitetura 80 colorido policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não urbanismo cinza monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não arquitetura 81 amarelo policromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não sim não sim não não não arquitetura 82 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não arquitetura 82 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não monocromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não não não não sim não não não possui não possui não não não sim não não não urbanismo 80 83 cinza urbanismo 84 colorido policromia E. F. Oliveira Junior Urbanismo 84 cinza monocromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não sim não sim não não não Urbanismo 85 cinza monocromia Campbell Penna não possui não possui não não não não sim não não não possui não sim não sim não não não Urbanismo 85 colorido policromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Urbanismo 86 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não urbanismo 86 amarelo monocromia não possui não possui não possui não não não não sim não não urbanismo 87 amarelo monocromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não urbanismo 87 colorido policromia não possui não possui não possui sim sim não sim não não não Avenida 16 de novembro urbanismo 88 cinza monocromia Alfredo Augusto Silva Papelaria Silva não possui não sim sim sim não não não Avenida 16 de Novembro Urbanismo 88 cinza monocromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui sim não não não sim não não detalhe de papel rasgado com a imagm dentro não não não não Serie monocromia não possui Brasão do estado amarelo não possui Descrição da ilustraçãoo 76 Mais de uma ilustração urbanismo Área de ocupação da ilustração inteira Área de ocupação da ilustração com borda inferior Área de ocupação da ilustração com borda lateral direita/esquerda monocromia Elementos decorativos cinza Cartão Numerado 76 Dedicatória urbanismo E. F. Oliveira Junior Alfredo Augusto Silva Fotografo policromia Editora colorido Editores Predominância de cor 75 Boulevard da República Boulevard da República Boulevard da República Boulevard da República Cromia Pagina do Livro urbanismo Descrição do postal Categoria de análise Cartões da categoria Avenidas/Ruas/Travessas
Pará Pitoresco não Lembranças do Pará não Sud America não não não não não não não não não não não não não não não não não não Pará Pitoresco sim sim sim não não não Rua dos Tamóios urbanismo 89 colorido policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não Avenida da República urbanismo 90 cinza monocromia não possui não possui sim não não não sim não não Avenida da República urbanismo 90 cinza monocromia não possui não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui sim não não não sim não não não possui não possui não não não não sim não não não possui não possui não não não não sim não não não possui não possui sim não sim não sim sim não Detalhe de linha em contorno circular para inserção da imagem sim não possui não possui não não não não sim não não não não possui não possui sim não sim não sim sim não Detalhe de linha em contorno circular para inserção da imagem sim Avenida da República urbanismo 91 colorido policromia Avenida da República urbanismo 92 cinza monocromia Avenida da República urbanismo 92 cinza monocromia E. F. Oliveira Junior Campbell Penna não possui detalhe de papel rasgado com a imagm dentro não não não não não não Serie Editora Brasão do estado Mais de uma ilustração Descrição da ilustraçãoo Área de ocupação da ilustração com borda lateral direita/esquerda não Área de ocupação da ilustração inteira Área de ocupação da ilustração com borda inferior não possui Elementos decorativos Papelaria Silva Cartão Numerado Alfredo Augusto Silva Dedicatória monocromia Fotografo Predominância de cor cinza Editores Pagina do Livro 89 Cromia Categoria de análise urbanismo Descrição do postal Avenida Almirante Tamandaré Pará Pitoresco Avenida da República urbanismo 92 cinza monocromia Avenida da República urbanismo 92 cinza monocromia Campbell Penna não possui Estrada de Nazaré urbanismo 93 cinza monocromia não possui não possui não possui sim não não sim não não não não Avenida de Nazaré urbanismo 94 colorido policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não Estrada de Nazaré Redação A Província do Pará Redação A Província do Pará urbanismo 94 colorido policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não arquitetura 95 colorido policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não arquitetura 95 colorido policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não Estrada de Nazaré urbanismo 96 cinza monocromia não possui não possui não não não sim não não não Avenida de Nazaré urbanismo 96 cinza monocromia não possui não possui não não não não sim não não Avenida de Nazaré Edifício da Associação dos Empregados no comércio urbanismo 97 cinza monocromia não possui não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não possui não não não sim não não não arquitetura 97 colorido policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não Estrada de Nazaré urbanismo 98 amarelo monocromia não possui não possui sim não não não sim não não Estrada de Nazaré urbanismo 99 amarelo monocromia não possui não possui não não não não sim não não Avenida Nazaré urbanismo 99 cinza monocromia não possui não possui sim sim não sim não não não Papelaria Silva não possui sim sim sim não sim sim não R. L. Bittencourt Campbell Penna não possui Avenida Independência urbanismo 100 amarelo monocromia Alfredo Augusto Silva Avenida da Independência urbanismo 101 cinza monocromia J. B. dos Santos Livraria Clássica J. Siza sim não não não sim sim não Papelaria Silva não possui sim sim não não sim sim não não possui sim não não não sim não não não possui não não não sim não não não não possui sim sim não sim não não não não possui não não não não sim não não não possui sim não não não sim não não Avenida Independência urbanismo 102 amarelo monocromia Alfredo Augusto Silva Avenida Independência urbanismo 102 cinza monocromia não possui Avenida Independência urbanismo 103 colorido policromia não possui Avenida Independência urbanismo 103 cinza monocromia não possui Avenida São jerônimo urbanismo 104 cinza monocromia não possui policromia E. F. Oliveira Junior Estrada São Jerônimo urbanismo 104 colorido Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui Detalhe de linha em contorno circular para inserção da imagem Detalhe de linha em contorno circular para inserção da imagem não não não não não não não não não não sim não não não não não não não Pará Pitoresco não não não sim não não não possui sim sim não sim não não não não possui não possui não não não não sim não não não possui não possui não possui não não não não sim sim não monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não colorido policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não 109 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não urbanismo 110 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não não sim não não Estrada de Ferro de Bragança urbanismo 111 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não não sim não não Calçada do Colégio urbanismo 112 cinza monocromia não possui Tabacaria Alfacinha não possui não sim não sim não não não Rua 15 de Novembro urbanismo 113 cinza policromia não possui não possui não possui não não não não sim não não Mercado Municipal Rua Conselheiro Jão Alfredo Rua 15 de Novembro arquitetura 113 cinza policromia não possui não possui não não não não sim não não urbanismo 114 coorido policromia não possui sim não sim não sim não não não urbanismo 114 cinza monocromia não possui não possui não não não sim não não não Rua 15 de Novembro urbanismo 115 colorido policromia não possui não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Agência Martins Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não sim não sim não não não Rua Conselheiro Jão Alfredo urbanismo 116 cinza monocromia Campbell Penna não possui não possui não não não sim não não não não Rua Conselheiro Jão Alfredo urbanismo 116 colorido policromia não possui Centro Photographic Girard e Cia não possui não não não não sim sim não não urbanismo 117 colorido policromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não sim não sim não não não urbanismo 118 cinza monocromia não possui Agência Martins não possui não não não sim não não não não possui não sim não sim não não não não possui não sim não sim não não não cinza monocromia não possui Avenida São jerônimo urbanismo 106 colorido policromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui Estrada São Jerônimo urbanismo 106 colorido policromia não possui Avenida São jerônimo urbanismo 107 verde policromia Avenida G. Deodoro urbanismo 108 cinza Avenida 22 de junho urbanismo 109 Avenida São João urbanismo Avenida Tito Franco Avenida 16 de Novembro e Rua Conselheiro Jão Alfredo Rua Conselheiro Jão Alfredo Rua Conselheiro Jão Alfredo Rua Conselheiro Jão Alfredo Rua Conselheiro Jão Alfredo Rua Conselheiro Jão Alfredo Editora Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia urbanismo 119 colorido policromia não possui urbanismo 119 colorido policromia não possui urbanismo 120 cinza monocromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não monocromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui sim não não não sim não não não possui não possui sim não não não sim sim não urbanismo 121 cinza Rua de Santo Antônio urbanismo 122 amarelo monocromia Verlag v. Albert Aust Rua de Santo Antônio e Praça Visconde urbanismo 123 verde policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não Rua de Santo Antonio urbanismo 123 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não Real Sociedade Portuguesa Beneficiente arquitetura 124 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não não não sim não Edifiício do Grêmio Literário Portugues arquitetura 125 amarelo monocromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não Serie 105 Editores urbanismo Descrição do postal Avenida São jerônimo não possui Brasão do estado Mais de uma ilustração Descrição da ilustraçãoo Área de ocupação da ilustração com borda lateral direita/esquerda não não possui Área de ocupação da ilustração inteira Área de ocupação da ilustração com borda inferior não possui monocromia Elementos decorativos não amarelo Cartão Numerado sim 105 Dedicatória sim urbanismo Fotografo não Cromia não Predominância de cor não Pagina do Livro sim Categoria de análise não possui Estrada São Jerônimo Lembranças do Pará Sud America não não urbanismo 126 amarelo monocromia não possui não possui não não não sim não não não arquitetura 126 colorido policromia não possui Alfredo Augusto Silva Papelaria Silva não possui não sim não não sim sim não não possui não sim não sim não não não não possui não Não não não sim não não Pagina do Livro Editora Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia urbanismo 127 amarelo policromia não possui urbanismo 127 cinza monocromia não possui urbanismo 128 cinza monocromia não possui Agência Martins não possui sim não não não não sim não urbanismo 129 vinho monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não urbanismo 129 cinza monocromia não possui não possui não possui não sim não sim não não não urbanismo 130 colorido policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não Rua Carlos Ghomes urbanismo 130 vinho monocromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não Rua Oliveira Belo urbanismo 131 colorido policromia não possui não possui não não não não sim não não Rua dos Cearenses urbanismo 131 amarelo monocromia não possui não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui sim não não não sim não não Rua Padre Prudêncio e Igreja de Santa Anna Reservatório Paes de Carvalho Reservatório Paes de Carvalho Travessa São Matheus não não não não não não não não não não não não Serie não Brasão do estado sim Descrição da ilustraçãoo Mais de uma ilustração não Área de ocupação da ilustração inteira Área de ocupação da ilustração com borda inferior não Elementos decorativos não Cartão Numerado não possui Dedicatória não possui Fotografo não possui Editores policromia Cromia colorido Predominância de cor Área de ocupação da ilustração com borda lateral direita/esquerda Travessa Campos Salles Biblioteca e Arqivo Publico Travessa Frutuoso Guimarães Travessa Frutuoso Guimarães arquitetura 125 Categoria de análise Descrição do postal Edifiício do Grêmio Literário Portugues Área de ocupação da ilustração com borda lateral direita/esquerda Mais de uma ilustração não não não não não possui não sim não não sim não não não Costumes Paraenses Costumes Paraenses Papelaria Silva não possui não sim não não sim sim não não Papelaria Silva não possui não sim não não sim sim não não Papelaria Silva não possui sim sim não não sim sim não não não possui não possui não não não não sim sim não não Papelaria Silva não possui não sim não não sim sim não não policromia não possui Alfredo Augusto Silva Alfredo Augusto Silva Papelaria Silva não possui não sim não não sim sim não não monocromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não costumes 268 cinza monocromia Um carregador costumes 269 colorido policromia Canoeiros costumes 269 colorido policromia O Pará na Rua costumes 270 cinza policromia não possui Alfredo Augusto Silva Alfredo Augusto Silva Alfredo Augusto Silva Vendedor de Peixei costumes 270 cinza monocromia Um Garapeiro costumes 271 colorido policromia Uma cozinheira costumes 271 colorido Vendedor de Leite costumes 272 cinza Cromia Editora Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Serie Produtos do pais Dedicatória não possui Fotografo monocromia Editores cinza Brasão do estado Área de ocupação da ilustração com borda inferior sim 268 Descrição da ilustraçãoo Área de ocupação da ilustração inteira não costumes Descrição do postal Elementos decorativos sim Vendedor de Jasmines Cartão Numerado sim Pagina do Livro não possui Categoria de análise Predominância de cor Cartões da categoria Costumes Paraenses
Mais de uma ilustração não não não sim sim não não Parque Afonso Penna Praça Frei Caetano Brandão urbanismo 262 cinza monocromia não possui não possui não possui não sim não sim não não não não urbanismo 263 amarelo monocromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não Cirio de Nazare costumes 264 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não Cirio de Nazare costumes 264 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não Velodromo Paraense costumes 265 verde policromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não Excursão a Tatuoca costumes 265 colorido policromia E. F. Oliveira Junior não possui não possui não não não não sim não não não Serie Editora Pagina do Livro Brasão do estado Área de ocupação da ilustração com borda lateral direita/esquerda não Descrição da ilustraçãoo Área de ocupação da ilustração com borda inferior não possui Cartão Numerado Edicion de La Mission Brasilienne de propagande Dedicatória não possui Fotografo monocromia Editores cinza Cromia 262 Hotel de Ville et Palais du Governemant Categoria de análise arquitetura Descrição do postal Área de ocupação da ilustração inteira Elementos decorativos Predominância de cor Cartões da categoria Festas, Folguedos e Procissões
Mais de uma ilustração não não não sim sim não não arquitetura 240 colorido policromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não Ponte do Apehu urbanismo 241 cinza monocromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui sim não não não sim não não não Estrada de Ferro Bragança urbanismo 241 cinza monocromia não possui não possui não possui não não sim não sim sim sim possui desenhos tipo molduras florais no estilo art noveau não arquitetura 242 amarelo monocromia não possui não possui não possui não não não não sim sim não não arquitetura 242 amarelo monocromia não possui não possui não possui não não não não sim sim não não arquitetura 243 cinza monocromia não possui não possui não possui não sim não sim não não não não arquitetura 243 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não arquitetura 244 cinza monocromia Campbell Penna não possui não possui não não não não sim não não não arquitetura 244 colorido policromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não arquitetura 245 amarelo monocromia não possui não possui não não não sim não não não não Palacete de Miras-­‐Selvas arquitetura 246 cinza monocromia Papelaria Silva não possui sim sim não não sim sim não não Chalet Castel d´Amour arquitetura 246 cinza monocromia Martins & Araujo não possui não sim não sim não não não não Chalet arquitetura 247 amarelo monocromia Papelaria Silva não possui sim sim não não sim sim não não Pará Pitoresco Pará Pitoresco Cemiterio Santa Izabel arquitetura 248 cinza monocromia Papelaria Silva não possui sim sim não não sim sim não sim Cemiterio Santa Izabel arquitetura 248 cinza monocromia não possui Alfredo Augusto Silva não possui Alfredo Augusto Silva Alfredo Augusto Silva Alfredo Augusto Silva Papelaria Silva não possui sim sim não não sim sim não sim Casa do Maestro Meneleu Campos Casa do Maestro Meneleu Campos Residencia do Senador Antonio Jose de Lemos Residencia Dr. Pedro Gusmao Palacete Bibi Costa Palacete Dr. Augusto Montenegro Palacete Dr. Correa Serie Editora Pagina do Livro Brasão do estado Área de ocupação da ilustração com borda lateral direita/esquerda sim Descrição da ilustraçãoo Área de ocupação da ilustração com borda inferior J. Siza Cartão Numerado Livraria Clássica Dedicatória L. B. dos Santos Fotografo monocromia Editores cinza Cromia 240 Estrada de Ferro Bragança Estrada de Ferro Bragança Categoria de análise arquitetura Descrição do postal Área de ocupação da ilustração inteira Elementos decorativos Predominância de cor Cartões da categoria Estrada de Ferro de Bragança/Palacetes/Cemitério Santa Izabel
Mais de uma ilustração não não possui sim não não não sim não não não não possui não não não sim não não não não não possui não não não não sim não não não não possui não não não sim não não não não não possui não sim não sim não não não não não possui não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui sim não não não sim não não não E. F. Oliveira Junior não possui não possui sim não não sim não não não não policromia E. F. Oliveira Junior não possui não possui não sim não não sim não não não colorido policromia E. F. Oliveira Junior não possui não possui não sim não não sim não não não 258 amarelo policromia E. F. Oliveira Junior não possui não possui não sim não não sim não não não urbanismo 258 colorido policromia não possui não possui não não não sim não não não não Vila Izabel natureza 259 cinza monocromia não possui sim não não não sim não não não Retiro Moema arquitetura 259 verde policromia não possui Alfredo Augusto Silva não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Papelaria Silva não possui sim sim não não sim sim não não não possui Pinheiro Chalet e Lago Tavres Cardoso Chalet e Lago Tavres Cardoso natureza 252 cinza monocromia não possui arquitetura 253 vinho monocromia não possui natureza 253 vinho monocromia não possui Viaduto Antonio Lemos urbanismo 254 cinza monocromia não possui Vila de Pinheiros natureza 254 cinza monocromia não possui Pinheiro urbanismo 255 amarelo monocromia Outeiro urbanismo 256 azul policromia Ponte do Mosqueiro Praça da Matriz -­‐ Mosqueiro Praça da Matriz -­‐ Mosqueiro urbanismo 257 amarelo urbanismo 257 urbanismo Ilha da Fatucca Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Serie Editora Pagina do Livro monocromia Brasão do estado Área de ocupação da ilustração com borda lateral direita/esquerda não cinza Descrição da ilustraçãoo Área de ocupação da ilustração com borda inferior não 252 Cartão Numerado sim urbanismo Dedicatória não Pinheiro Fotografo não Editores não Cromia sim Categoria de análise não possui Descrição do postal Área de ocupação da ilustração inteira Elementos decorativos Predominância de cor Cartões da categoria Ilhas e Vilas
Área de ocupação da ilustração com borda lateral direita/esquerda Mais de uma ilustração não possui não possui sim não não não sim não não não Palacete Municipal arquitetura 178 verde monocromia não possui não possui não possui não sim não sim não não não não Palacete Municipal arquitetura 179 cinza monocromia não possui não possui não não não sim não não não não Palacete Municipal arquitetura 179 cinza monocromia não possui não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não sim não sim não não não não Palácio do Governo Estadual arquitetura 180 cinza monocromia R. L. Bittencourt não possui sim não não não sim não não não Palácio do Governo Estadual Salão de Honra do Palácio do Governo arquitetura 180 amarelo policromia não possui não possui não sim não sim não não não não arquitetura 181 colorido policromia não possui não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não sim não sim não não não não Palácio do Governo Estadual arquitetura 181 cinza monocromia não possui não possui não sim não sim não não não não Teatro da Paz arquitetura 182 cinza monocromia não possui não possui não não não não sim não não não Teatro da Paz arquitetura 182 cinza monocromia não possui não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui sim não não não sim não não não Teatro da Paz arquitetura 183 cinza monocromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não Teatro da Paz arquitetura 184 cinza monocromia não possui ND não sim não não sim não não não Teatro da Paz arquitetura 184 cinza monocromia não possui não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui sim não não não sim sim não não Teatro da Paz arquitetura 185 amarelo policromia E. F. dos Santos não possui não possui não não não não sim não não não Teatro da Paz Hospital da Ordem de São Francisco arquitetura 185 amarelo policromia E. F. dos Santos não possui não possui não não não não sim não não não Exposção Azevedo Exposção Parreiras arquitetura 187 cinza monocromia não possui não possui não possui sim não não sim não não não não Hospital Militar Hospital da Real Sociedade Portuguesa Beneficiente Hospital da Real Sociedade Portuguesa Beneficiente Hospital da Real Sociedade Portuguesa Beneficiente Hospital da Real Sociedade Portuguesa Beneficiente arquitetura 187 amarelo monocromia L. B. dos Santos J. Siza sim não não não sim sim não não urbanismo 188 amarelo monocromia não possui Livraria Clássica Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não não não não sim não não não arquitetura 188 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não arquitetura 189 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não não não sim não não arquitetura 189 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não não não sim não não Santa Casa da Misericórdia urbanismo 190 azul monocromia Alfredo Augusto Silva Papelaria Silva não possui sim sim não não sim sim não sim Santa Casa da Misericórdia arquitetura 190 cinza monocromia não possui Agência Martins não possui não não não sim não não não não Santa Casa da Misericórdia urbanismo 191 colorido policromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não Hospital de Caridade arquitetura 192 amarelo monocromia Campbell Penna não possui não possui sim não não sim não não não não Hispital Santa Casa de Misericórdia arquitetura 193 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não não sim não não texto Comemorativo do centenário D. Frei Caetano Brandão não Santa Casa da Misericórdia arquitetura 193 cinza monocromia não possui não possui não possui sim não não sim não não não não Hospital dos Alienados arquitetura 194 cinza monocromia R. L. Bittencourt não possui não possui sim não não não sim não não não Asilo de Mendicidade arquitetura 195 amarelo policromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não Asilo de Mendicidade arquitetura 195 cinza monocromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não Asilo de Mendicidade arquitetura 196 colorido policromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não Asilo de Mendicidade arquitetura 196 colorido policromia não possui não possui não possui não sim não sim não não não não Istituto Orphanologico Ginásio Nossa Senhora do Carmo arquitetura 197 verde policromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não arquitetura 198 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não Serie Fotografo Editora Brasão do estado Área de ocupação da ilustração com borda inferior Verlag v. Albert Aust Descrição da ilustraçãoo Área de ocupação da ilustração inteira monocromia Cartão Numerado amarelo Dedicatória 178 Editores Predominância de cor arquitetura Cromia Pagina do Livro Palacete Municipal Descrição do postal Categoria de análise Elementos decorativos Cartões da categoria Palácios Governamentais/teatro da Paz/Hospitais e Asilos/Estabelecimentos de Ensino/Quartéis
Descrição da ilustraçãoo Mais de uma ilustração Área de ocupação da ilustração com borda lateral direita/esquerda não possui sim não não não sim sim não não Sud America Liceu B. Constant Academia de Direito/Praça da Trindade arquitetura 199 cinza monocromia L. B. dos Santos Livraria Clássica J. Siza sim não não não sim sim não não arquitetura 200 cinza policromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não 4 arquiteturas da Cidade arquitetura 200 cinza monocromia não possui não possui não não não não sim sim sim não Grupo Escolar arquitetura 201 colorido policromia não possui Livraria França Santos Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia 4 ilustrações de prédios importantes da cidade não possui não sim não sim não não não não Grupo Escolar arquitetura 201 colorido policromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não Instituto Gentil Bittencourt arquitetura 202 cinza monocromia não possui não possui ND não sim não não sim não não não Instituto Gentil Bittencourt arquitetura 202 cinza monocromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não Instituto Lauro Sodré arquitetura 203 amarelo monocromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não Instituto Lauro Sodré arquitetura 203 colorido policromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não Quartel General arquitetura 204 cinza monocromia não possui Agência Martins não possui não não não sim não não não não Quartel General Infantaria Corpo dos Bombeiros arquitetura 204 amarelo monocromia não possui não possui não possui não sim não sim não não não não festivos 205 colorido policromia não possui não possui não possui sim não não sim não não não não Quartel de Bombeiros urbanismo 205 amarelo policromia E. F. dos Santos não possui não possui não não não não sim não não não Quartel de Bombeiros arquitetura 206 colorido policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não Arsenal da Marinha arquitetura 207 colorido policromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não Palacete Municipal arquitetura 178 amarelo monocromia Verlag v. Albert Aust não possui não possui sim não não não sim não não não Palacete Municipal arquitetura 178 verde monocromia não possui não possui não possui não sim não sim não não não não Palacete Municipal arquitetura 179 cinza monocromia não possui não possui não não não sim não não não não Palacete Municipal arquitetura 179 cinza monocromia não possui não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não sim não sim não não não não Palácio do Governo Estadual arquitetura 180 cinza monocromia R. L. Bittencourt não possui sim não não não sim não não não Palácio do Governo Estadual Salão de Honra do Palácio do Governo arquitetura 180 amarelo policromia não possui não possui não sim não sim não não não não arquitetura 181 colorido policromia não possui não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não sim não sim não não não não Palácio do Governo Estadual arquitetura 181 cinza monocromia não possui não possui não sim não sim não não não não Teatro da Paz arquitetura 182 cinza monocromia não possui não possui não não não não sim não não não Teatro da Paz arquitetura 182 cinza monocromia não possui não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui sim não não não sim não não não Teatro da Paz arquitetura 183 cinza monocromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não Teatro da Paz arquitetura 184 cinza monocromia não possui ND não sim não não sim não não não Teatro da Paz arquitetura 184 cinza monocromia não possui não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui sim não não não sim sim não Fotografo Editora Pagina do Livro Serie não Brasão do estado Área de ocupação da ilustração com borda inferior não possui Cartão Numerado Verlag v. Albert Aust Dedicatória monocromia Editores cinza Cromia Área de ocupação da ilustração inteira Elementos decorativos Predominância de cor 199 Categoria de análise urbanismo Descrição do postal Casernen sim não sim sim não detalhe de papel rasgado com a imagm dentro não Museu Goeldi arquitetura 211 vinho monocromia não possui não possui Apolo Santos não sim não sim não não não não Museu Goeldi arquitetura 211 vinho monocromia não possui não possui Apolo Santos não não não sim não não não não Museu Goeldi natureza 212 cinza monocromia não possui não possui Apolo Santos não sim não sim não não não não Museu Goeldi arquitetura 212 cinza monocromia não possui não possui Apolo Santos não não não sim não não não não Museu Goeldi natureza 213 cinza monocromia não possui não possui Apolo Santos não sim não sim não não não não Museu Goeldi natureza 213 cinza monocromia não possui não possui Apolo Santos não sim não sim não não não não Museu Goeldi natureza 214 vinho monocromia não possui não possui Apolo Santos não sim não sim não não não não Museu Goeldi arquitetura 215 colorido policromia não possui Martins & Araujo não possui sim sim não não sim não não não Monumento Ferreira Penna estatuário 215 cinza monocromia não possui não possui não possui não sim não sim não não não não Bosque Municipal arquitetura 216 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não Bosque Rodrigues Alves arquitetura 216 vinho monocromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não Bosque Municipal natureza 217 colorido policromia não possui não possui não possui não não não não sim sim não não Bosque Municipal natureza 217 colorido policromia não possui não possui não possui não não não não sim sim não não Bosque Municipal arquitetura 218 colorido policromia Alfredo Augusto Silva Papelaria Silva não possui não sim sim não sim não não não Parque Batista Campos arquitetura 218 cinza monocromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não sim não não sim não não não Bosque Municipal arquitetura 219 colorido policromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não sim não sim não não não não Bosque Municipal arquitetura 219 colorido policromia não possui não possui não possui sim não não não não sim não não Bosque Municipal natureza 220 cinza monocromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui sim sim não não sim não não não Bosque Municipal arquitetura 220 cinza monocromia Alfredo Augusto Silva Papelaria Silva não possui sim não não não sim sim não sim Hotel America urbanismo 221 amarelo policromia E. F. dos Santos não possui não possui não não não não sim não não não Rua Conselheiro João Alfredo urbanismo 222 colorido policromia não possui não possui não possui não sim não sim não não não não Grande Hotel arquitetura 223 vinho monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não Editora Serie Mais de uma ilustração sim Brasão do estado Área de ocupação da ilustração com borda lateral direita/esquerda não Descrição da ilustraçãoo Área de ocupação da ilustração com borda inferior não possui Cartão Numerado Papelaria Silva Dedicatória Alfredo Augusto Silva Fotografo monocromia Editores cinza Cromia 210 Pagina do Livro arquitetura Categoria de análise Museu Goeldi Descrição do postal Área de ocupação da ilustração inteira Elementos decorativos Predominância de cor Cartões da categoria Parques zoobotânicos/Bares e Hoteis/Casas comerciais e Bancos/Fabricas
Pará Pitoresco Museu Goeldi Museu Goeldi Museu Goeldi Museu Goeldi Museu Goeldi Museu Goeldi Museu Goeldi Museu Goeldi Monument
o Ferreira Penna Bosque Municipal Bosque Rodrigues Alves Bosque Municipal Bosque Municipal Bosque Municipal Parque Batista Campos Bosque Municipal Bosque Municipal Bosque Municipal Bosque Municipal Hotel America Rua Conselheiro João Alfredo Grande Hotel não sim não não não não Praça da República urbanismo 224 colorido policromia não possui não possui não possui não sim não sim não não não não Estrela de Nazaré Santos e Lopes arquitetura 224 colorido policromia não possui não possui não possui não não não não sim sim não não Bar Paraense urbanismo 225 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não Paris N´America arquitetura 226 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não não sim sim não não Bom Marche e Casa Carvahares urbanismo 227 cinza policromia E. F. dos Santos não possui não possui não não não não sim não não não Livraria alfacinha arquitetura 227 cinza monocromia Tabacaria Alfacinha não possui não sim não sim não não não não Casa Franco arquitetura 228 cinza monocromia Eduardo A. Fernandes não possui não possui não possui não não não sim não não não não Formosa Paraense arquitetura 228 colorido policromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não Livraria Universal arquitetura 229 cinza monocromia não possui não possui não não não não sim não não não Livraria Universal arquitetura 229 cinza monocromia não possui não possui não não não não não sim não não Banco do Pará arquitetura 230 amarelo monocromia não possui não possui não não não não sim não não não Casa São Paulo arquitetura 230 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não Rua Conselheiro João Alfredo arquitetura 231 colorido policromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não London Bank e Banco Comercial arquitetura 231 azul monocromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não não não não sim não não não Armazem de Autran e Cia arquitetura 232 cinza monocromia não possui Autran e Cia não possui sim não não não sim não não não Deposito de Mercadorias Autrane Cia arquitetura 232 cinza monocromia não possui Autran e Cia não possui sim não não sim não não não não Garantia da Amazonia arquitetura 233 cinza monocromia Alfredo Augusto Silva Papelaria Silva não possui sim não não não sim não não sim Fabrica Palmeira arquitetura 234 colorido policromia não possui Casa Gino e Cia não possui não não não sim não não não logo da fábrica não Fabrica de Cerveja Paraense arquitetura 235 colorido policromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não Fabrica de Cerveja Paraense arquitetura 235 colorido policromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não Grande Premio na Exposição Nacional de 1908 não Editora Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Brasão do estado não Serie Descrição da ilustraçãoo Mais de uma ilustração Área de ocupação da ilustração com borda lateral direita/esquerda Área de ocupação da ilustração com borda inferior não Cartão Numerado não possui Dedicatória não possui Fotografo não possui Editores monocromia Cromia Área de ocupação da ilustração inteira Elementos decorativos Predominância de cor vinho Pagina do Livro 223 Categoria de análise arquitetura Descrição do postal Grande Hotel Grande Hotel Praça da República Estrela de Nazaré Santos e Lopes Bar Paraense Paris N´America Bom Marche e Casa Carvahares Livraria alfacinha Casa Franco Formosa Paraense Livraria Universal Livraria Universal Banco do Pará Casa São Paulo Rua Conselheiro João Alfredo London Bank e Banco Comercial Armazem de Autran e Cia Deposito de Mercadoria
s Autrane Cia Garantia da Amazonia Fabrica Palmeira Fabrica de Cerveja Paraense Fabrica de Cerveja Paraense não não não sim não não Fabrica de Cerveja Paraense arquitetura 236 vinho monocromia não possui não possui Courrier sim não não não não sim não Fabrica Ceramica Aperfeiçoada arquitetura 237 vinho monocromia F. L. de Souza não possui Courrier não não não sim não não não não Curtume Maguari arquitetura 237 vinho monocromia não possui não possui Borges não não não não sim sim não Exposição Internacional Rio de Janeiro não Editora Pagina do Livro Grande Premio na Exposição Nacional de 1908 Grande Premio na Exposição Nacional de 1908 Brasão do estado sim não não Serie Descrição da ilustraçãoo Mais de uma ilustração Área de ocupação da ilustração com borda lateral direita/esquerda Área de ocupação da ilustração com borda inferior não possui Cartão Numerado não possui Dedicatória não possui Fotografo policromia Editores colorido Cromia Área de ocupação da ilustração inteira Elementos decorativos Predominância de cor 236 Categoria de análise arquitetura Descrição do postal Fabrica de Cerveja Paraense Fabrica de Cerveja Paraense Fabrica de Cerveja Paraense Fabrica Ceramica Aperfeiçoad
a Curtume Maguari Praça da Independência Praça da Independência e Avenida 16 de novembro Rua Conselheiro Jão Alfredo Monumento do General Gurjão Monumento do General Gurjão Serie Brasão do estado Descrição da ilustraçãoo Mais de uma ilustração Área de ocupação da ilustração com borda lateral direita/esquerda Área de ocupação da ilustração com borda inferior Área de ocupação da ilustração inteira Elementos decorativos Cartão Numerado Dedicatória Fotografo Editora Editores Cromia Predominância de cor Pagina do Livro Categoria de análise Descrição do postal Cartões da categoria Praças
urbanismo 134 amarelo monocromia não possui Engelhard Fréres & Cº não possui não não sim não sim sim não Detalhe de linha em contorno circular para inserção da imagem com motivos art noveau urbanismo 135 colorido policromia não possui não possui não possui sim não não sim não não não não urbanismo 135 amarelo monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não estatuário 136 cinza policromia Alfredo Augusto Silva Papelaria Silva não possui sim sim não não sim sim não efeito esfumaçado para inserção da fotografia sim estatuário 136 amarelo policromia não possui não possui não possui sim não não sim não não não não sim não não Praça da Independência urbanismo 137 amarelo policromia Alfredo Augusto Silva Papelaria Silva não possui sim sim sim não sim sim não Praça da Independência natureza 138 verde policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não Detalhe de linha em contorno circular para inserção da imagem com efeito esfumaçado para inserção da fotografia Praça da Independência natureza 138 colorido policromia não possui não possui sim não não sim não não não não Palácio Episcopal arquitetura 139 cinza monocromia não possui não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não não não não sim não não não urbanismo 139 amarelo policromia não possui não possui não possui não não não não sim sim não não urbanismo 140 amarelo monocromia J. B. dos Santos Livraria Clássica J. Siza sim não não não sim sim não efeito esfumaçado para inserção da fotografia não estatuário 141 verde policromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não sim Praça Frei Caetano Brandão Praça Frei Caetano Brandão Estátua Frei Caetano Brandão Estátua Frei Caetano Brandão estatuário 141 amarelo monocromia Alfredo Augusto Silva Papelaria Silva não possui sim não sim não sim não não efeito esfumaçado para inserção da fotografia e linhas de contorno fazendo o enquadramento Praça Rio Branco estatuário 142 cinza policromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui sim não não não sim não não não urbanismo 142 colorido policromia não possui não possui não possui não não não não sim sim não não natureza 143 amarelo monocromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não natureza 143 colorido policromia não possui não possui não possui não sim não sim não não não não estatuário 144 cinza monocromia Alfredo Augusto Silva Papelaria Silva não possui sim sim não não sim sim não sim estatuário 144 colorido policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não urbanismo 145 cinza monocromia não possui Agência Martins não possui sim não não não não sim não não Jardim Prudente de Moraes urbanismo 146 colorido policromia não possui não possui não possui não sim não sim não não não não Largo da Trindade urbanismo 147 colorido policromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não Praça Visconde do Rio Branco Praça Visconde do Rio Branco Praça Visconde do Rio Branco Praça Visconde do Rio Branco Estatua Dr. Jose da Gama Malcher Largo de Santa Anna Descrição da ilustraçãoo Mais de uma ilustração Área de ocupação da ilustração com borda lateral direita/esquerda sim não sim não não não não Praça República urbanismo 148 azul monocromia Alfredo Augusto Silva Papelaria Silva não possui não sim não não sim sim não sim urbanismo 148 azul monocromia não possui Livraria França Santos não possui não não não não sim não não não urbanismo 149 amarelo policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não estatuário 150 colorido policromia não possui não possui não possui sim sim não sim não não não não estatuário 150 colorifo policromia não possui não possui não possui não sim não sim não não não não urbanismo 151 amarelo monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não Parque Dr. João Coelho arquitetura 151 cinza monocromia não possui não possui não não não sim não não não não Parque João Coelho Panorama da Praça da República -­‐ Largo da Polvora Praça da República -­‐ Pavilhão Euterpe urbanismo 152 colorido policromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não possui não não não sim não não não não urbanismo 153 vinho monocromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não arquitetura 153 colorido policromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não Praça da República urbanismo 154 cinza monocromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não não não não sim não não não Lago da Praça República arquitetura 154 cinza monocromia Alfredo Augusto Silva Papelaria Silva não possui não sim não não sim sim não sim Chafariz Praça da República arquitetura 155 colorido policromia não possui não possui não possui não não não não sim sim não não Praça Batista Campos urbanismo 156 amarelo monocromia não possui não possui não possui não sim não não sim não não não Largo Batista Campos urbanismo 156 cinza monocromia E. F. dos Santos J. Siza sim não não não sim sim não não Praça Batista Campos natureza 157 verde policromia não possui Livraria Clássica Centro Photographic Girard e Cia não possui não não não não sim sim não não urbanismo 157 colorido policromia não possui não possui não possui sim não não sim não não não não arquitetura 158 colorido policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não arquitetura 158 amarelo monocromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não urbanismo 159 amarelo monocromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não natureza 159 cinza monocromia não possui Martins & Araujo não possui não sim não não sim não não não Parque Batista Campos urbanismo 160 cinza monocromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não sim não não sim não não não Praça Batista Campos urbanismo 160 cinza monocromia Alfredo Augusto Silva Papelaria Silva não possui não sim sim não sim sim não detalhe de papel rasgado com a imagm dentro não Pará Pitoresco Parque Batista Campos natureza 161 colorido policromia não possui não possui não sim não sim não não não não Parque Batista Campos natureza 161 verde policromia não possui não possui sim não não sim não não não não Panorama e Largo da Polvora Quadrilátero Principal da Praça da República Parque João Coelho Monumento da República Parque João Coelho Monumento da República Parque João Coelho Pavilhão de Música Santa Helena Magno Parque de Batista Campos -­‐ Pavilhão da Musica Coreto Praça Batista Campos Parque de Baptista Campos Pavilhão da Música Parque Batista Campos Parque de Batista Campos Serie Editora Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui Brasão do estado Área de ocupação da ilustração com borda inferior não Cartão Numerado não possui Dedicatória Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Fotografo não possui Editores monocromia Cromia Área de ocupação da ilustração inteira Elementos decorativos Predominância de cor amarelo Pagina do Livro 147 Categoria de análise urbanismo Descrição do postal Largo da Trindade Descrição da ilustraçãoo Mais de uma ilustração Área de ocupação da ilustração com borda lateral direita/esquerda não não possui não não não não sim sim não não não possui não sim não sim não não não não monocromia não possui não possui não possui não sim não sim não não não não verde policromia E. F. dos Santos não possui não possui não não não não sim não não não verde policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não 165 amarelo monocromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não natureza 165 verde monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não natureza 166 verde policromia E. F. dos Santos não possui sim não não não sim não não não Largo de Nazaré urbanismo 167 cinza monocromia não possui não possui não sim não sim não não não não Praça Dr. Justo Chermont urbanismo 167 cinza monocromia não possui não possui sim não não não sim não não não Praça Floriano Peixoto urbanismo 168 cinza monocromia não possui não possui não não não sim não não não não Catedral arquitetura 169 azul policromia não possui não possui sim não não não sim sim não não Catedral de Belém arquitetura 170 azul monocromia não possui não possui não sim não não sim não não não Igreja da Sé arquitetura 170 cinza policromia não possui não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Livraria França Santos Centro Photographic Girard e Cia Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não possui não sim não sim não não não não Catedral da Sé arquitetura 171 vinho policromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não Catedral e Paço Episcopal arquitetura 171 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não não sim sim sim não Igreja de Santo alexandre arquitetura 172 colorido policromia E. F. dos Santos não possui não possui não não não sim não não não duas fotos, uma delas com efeito esfumaçado não Igreja do Carmo arquitetura 172 colorido policromia E. F. dos Santos não possui não não não não sim não não arquitetura 173 colorido policromia não possui não possui não não não não sim sim sim não Igreja das Merces arquitetura 173 amarelo monocromia não possui não possui não não não sim não não não utilização de logo da empresa de seguros não Igreja das Merces não possui Estabelecimento Gráfico C. Wiegandt não possui não Igreja de Santa Anna arquitetura 174 vinho monocromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não Igrejade Nazaré arquitetura 174 azul monocromia Agência Martins não possui não não não não não sim não não Assembleia de Deus arquitetura 175 amarelo monocromia não possui Kyrka och forsamling não possui não possui não não não sim não não não não arquitetura 175 amarelo monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não não possui Praça Batista Campos arquitetura 162 verde policromia não possui Parque Batista Campos natureza 163 colorido policromia Parque Batista Campos natureza 163 verde Praça Batista Campos natureza 164 Parque Batista Campos natureza 164 Parque Batista Campos natureza Parque Batista Campos Lago da Praça República Igreja dos Frades Capuchinhos Serie Editora Pagina do Livro policromia Brasão do estado Área de ocupação da ilustração com borda inferior não verde Cartão Numerado não 162 Dedicatória não natureza Fotografo sim Editores não Cromia Área de ocupação da ilustração inteira Elementos decorativos Predominância de cor não Categoria de análise não Descrição do postal não possui não possui não possui Centro Photographic Girard e Cia não possui Parque Batista Campos Mais de uma ilustração não não não sim não não não Um trecho do Litoral urbanismo 33 azul policromia não possui não possui não não não sim não não não não Rampa da Sacramenta urbanismo 34 azul policromia não possui não possui não não não não sim não não não Um trecho do Litoral Um trecho da Frente do Pará urbanismo 35 amarelo monocromia não possui não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não possui sim não não não sim não não não urbanismo 35 azul policromia E. F. Oliveira Junior não possui não possui não não não não sim não não não Portu du Belém urbanismo 36 cinza monocromia Verlag v. Albert Aust não possui não possui sim não não não não não sim vista da cidade + retrato de uma negra sim Um trecho da frente da cidade urbanismo 36 azul policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não Pará urbanismo 37 amarelo monocromia não possui não possui não não não sim não não não não Um trecho do Litoral urbanismo 37 amarelo monocromia não possui não possui sim não não não sim não não não Bahia do Guajará urbanismo 38 amarelo monocromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não Uma vista do Guajará urbanismo 38 amarelo monocromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não Sítio do Rio Guamá Paisagem do Rio Maguary Doca do Reduto natureza 39 amarelo monocromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não urbanismo 39 colorido policromia não possui não possui não possui sim não não sim não não não não natureza 41 colorido policromia não possui não possui não possui sim não não sim não não não não Reduto urbanismo 42 cinza monocromia não possui LR. L. Bittencourt não possui não não não não sim não não não Doca do Reduto urbanismo 42 cinza monocromia não possui não possui sim não não sim não não não não Doca do Reduto arquitetura 43 cinza monocromia não possui não possui não não não não sim não não não Um trecho do Reduto arquitetura 43 colorido policromia E. F. Oliveira Junior não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não possui não não não sim não não não não Doca do Reduto urbanismo 44 colorido policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não Doca do Reduto Galpões externos da aAlfandega Armazens da Alfandega urbanismo 44 amarelo monocromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não arquitetura 45 colorido policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não arquitetura 45 amarelo monocromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não Guarda-­‐Moria arquitetura 46 cinza monocromia não possui Livraria França Santos não possui não não não sim não não não não Um trecho do Caes Construção das obras do porto de Belém Porto do Para caes de desembarque urbanismo 46 colorido policromia E. F. Oliveira Junior não possui não possui não não não não sim não não não urbanismo 47 colorido policromia não possui não possui não possui não sim não sim não não não não urbanismo 47 cinza monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não Caes porto do Pará II urbanismo 48 amarelo monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não Cais do porto Vapores atracados ao novo Porto do Pará urbanismo 48 cinza monocromia não possui não possui não possui não sim não não sim não não não urbanismo 49 azul monocromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não Mercado de Ferro arquitetura 50 cinza monocromia não possui não possui não não não não sim não não não Ponto Fiscal e Mercado de Ferro do ver-­‐o-­‐peso urbanismo 51 colorido policromia não possui não possui não sm não sim não não não não Doca do Ver-­‐o-­‐peso arquitetura 52 azul monocromia não possui não possui sim não não sim não não não não Verlag v. Albert Aust Verlag v. Albert Aust não possui Serie Editora Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Brasão do estado Área de ocupação da ilustração com borda lateral direita/esquerda não Descrição da ilustraçãoo Área de ocupação da ilustração com borda inferior não possui Cartão Numerado não possui Dedicatória E. F. Oliveira Junior Fotografo policromia Editores azul Cromia 33 Pagina do Livro urbanismo Categoria de análise Fabrica de Luz Elétrica Descrição do postal Área de ocupação da ilustração inteira Elementos decorativos Predominância de cor Cartões da categoria Vistas Litorâneas/Docas e Portos/ Vistas Panorâmicas
Descrição da ilustraçãoo Mais de uma ilustração Área de ocupação da ilustração com borda lateral direita/esquerda não não não não sim não não Mercado de Ferro arquitetura 53 cinza monocromia não possui não possui não não não sim não não não não Doca do Ver-­‐o-­‐peso urbanismo 54 cinza monocromia não possui não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não não não não sim não não não Doca do Ver-­‐o-­‐peso e Mercado de Ferro arquitetura 55 amarelo policromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não Ver-­‐o-­‐peso Doca Travessa Marques de Pombal e Bolsa do Comércio Ver-­‐o-­‐peso Edificio da Bolsa urbanismo 55 cinza monocromia não possui Livraria França Santos não possui não não não sim não não não não arquitetura 56 amarelo monocromia não possui não sim não sim não não não não arquitetura 56 colorido policromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não sim não sim não não não não Ver-­‐o-­‐peso urbanismo 57 colorido policromia não possui não não não sim não não não não Doca do ver-­‐o-­‐peso urbanismo 57 colorido policromia não possui não sim não sim não não não não Doca do ver-­‐o-­‐peso Doca do ver-­‐o-­‐peso e 15 de Novembro urbanismo 58 colorido policromia não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia Centro Photographic Girard e Cia não possui não não não não sim sim não não urbanismo 58 cinza monocromia não possui não possui sim não não não sim não não não não possui não possui sim sim não sim não não não não não possui não possui não não não não sim não não não não possui não não não não sim não não não Papelaria Silva não possui sim sim não não sim sim não sim não possui não possui não não não não sim não não não não possui Livraria Universal -­‐ Tavares Cardoso e Cia não possui não não não não sim não não não não possui não sim não sim não não não não Papelaria Silva não possui sim sim não não sim sim não sim Doca do ver-­‐o-­‐peso Doca do Ver-­‐o-­‐peso e Mercado de Ferro Ver-­‐o-­‐peso e Mercado de Ferro urbanismo 59 colorido policromia urbanismo 60 colorido policromia urbanismo 60 colorido policromia Mercado de Ferro Ver-­‐o-­‐peso e Lloyd Brasileiro Trapiche do Lloyd e Necrotério urbanismo 61 cinza monocromia urbanismo 61 cinza monocromia urbanismo 62 cinza policromia Doca do ver-­‐o-­‐peso urbanismo 62 cinza monocromia não possui não possui não possui não possui não possui não possui não possui não possui E. F. Oliveira Junior Alfredo Augusto Silva E. F. Oliveira Junior não possui não possui Serie Editora não possui Brasão do estado Área de ocupação da ilustração com borda inferior sim Cartão Numerado não possui Dedicatória não possui Fotografo não possui Editores monocromia Cromia Área de ocupação da ilustração inteira Elementos decorativos Predominância de cor azul Pagina do Livro 52 Categoria de análise arquitetura Descrição do postal Mercado de Ferro Necroterio Municipal arquitetura 63 cinza monocromia Necroterio Municipal arquitetura 63 cinza monocromia Alfredo Augusto Silva Campbell Penna não possui não possui sim não não sim não não não não Porto do Sal natureza 64 cinza monocromia não possui não possui não possui não sim não sim não não não não Trecho da Cidade Velha urbanismo 65 cinza monocromia E. F. Oliveira Junior não possui não possui não não não não sim não não não Trecho da Cidade Velha urbanismo 65 cinza policromia E. F. Oliveira Junior não possui não possui não não não não sim não não não Vista Parcial da Cidade urbanismo 66 colorido policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não Vista Parcial da Cidade urbanismo 66 colorido policromia E. F. Oliveira Junior não possui não possui não não não sim não não não não Vista Parcial da Cidade Um trecho de Belém -­‐ Pará Parte da cidade de Belém -­‐ Pará urbanismo 67 colorido policromia E. F. Oliveira Junior não possui não possui não não não sim não não não não urbanismo 67 colorido policromia não possui não possui não não não sim não não não não urbanismo 68 colorido policromia não possui não possui não não não sim não não não não Bahia do Guajará urbanismo 68 colorido policromia não possui não possui não possui não sim não sim não não não não Panorama da Cidade Vista Geral de Belém E.U.B urbanismo 69 cinza monocromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não urbanismo 69 verde monocromia Fábrica Augusta não possui sim não não sim não não não não Panorama lado ocidental urbanismo 70 colorido policromia Martins & Araujo não possui não sim não não sim não não não E. F. Oliveira Junior E. F. Oliveira Junior E. F. Oliveira Junior não possui Descrição da ilustraçãoo Mais de uma ilustração Área de ocupação da ilustração com borda lateral direita/esquerda não não sim não não não não Vista do Igarpé das almas Avenida Marechal Hermes Um trecho do Litoral Um trecho da Frente do Pará natureza 71 cinza monocromia Campbell Penna não possui não possui não não não não sim não não não urbanismo urbanismo 74 35 cinza amarelo monocromia monocromia não possui não possui não possui não possui não possui não sim não não não não sim não não sim não não não não não não urbanismo 35 azul policromia E. F. Oliveira Junior não possui não possui não não não não sim não não não Portu du Belém urbanismo 36 cinza monocromia Verlag v. Albert Aust não possui não possui sim não não não não não sim vista da cidade + retrato de uma negra sim Um trecho da frente da cidade urbanismo 36 azul policromia não possui não possui não possui não não não sim não não não não Pará urbanismo 37 amarelo monocromia não possui não possui não não não sim não não não não Um trecho do Litoral urbanismo 37 amarelo monocromia não possui não possui sim não não não sim não não não Bahia do Guajará urbanismo 38 amarelo monocromia Verlag v. Albert Aust Verlag v. Albert Aust não possui não possui não possui sim não não não sim não não não Uma vista do Guajará urbanismo 38 amarelo monocromia não possui não possui não possui sim não não não sim não não não Sítio do Rio Guamá Paisagem do Rio Maguary natureza 39 amarelo monocromia não possui não possui não possui não não não não sim não não não urbanismo 39 colorido policromia não possui não possui não possui sim não não sim não não não não não possui Serie Editora Brasão do estado Área de ocupação da ilustração com borda inferior sim Cartão Numerado não possui Dedicatória não possui Fotografo E. F. Oliveira Junior Editores policromia Cromia Área de ocupação da ilustração inteira Elementos decorativos Predominância de cor colorido Pagina do Livro 71 Categoria de análise urbanismo Descrição do postal Um trecho do Pará 
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o design do cartão postal da cidade de belém