PIMENTEL, M.A.S.; RÊGO, M.M.; REGO, E.R. Isolamento de fungo rhizoctonioide de raízes de orquídea e inoculação em raízes de
espécies suscetíveis para verificar sua patogenicidade. In: II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste, 2015,
Fortaleza. Anais do II Simpósio da RGV Nordeste. Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2015 (R 102).
Isolamento de fungo rhizoctonioide de raízes de orquídea e inoculação em raízes de
espécies suscetíveis para verificar sua patogenicidade.
Marcos Antonio Saraiva Pimentel1,2; Mailson Monteiro do Rêgo1,3; Elizanilda Ramalho do Rêgo1,3
1
Universidade Federal da Paraíba (UFPB) – (CCA) - Laboratório de Biotecnologia Vegetal (LBV), Campus II, Rodovia
2 3
PB 079 - Km 12, CEP: 58397- 000, Areia – PB Brasil. Discente do Curso de Agronomia . Professor Adjunto do Centro
de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba-UFPB.5Pós-Graduação em Agronomia (CCA-UFPB). Emails:
[email protected], [email protected], [email protected].
Palavras chave: Fungos micorrízicos; Orquídeas; Aclimatação.
Introdução
Os fungos que formam micorrizas em orquídeas são usualmente pertencentes ao filo
Basidiomycota; possuem himênio ressupinado, não apresentam conidiogenese na fase assexuada e no
estádio anamórfico são classificados como Rhizoctonia e gêneros afins. Estes fungos caracterizam-se pela
ramificação da hifa em ângulo reto, constrições na região do septo, formação de células monilóides e
eventual formação de escleródios. No entanto, há relatos de associações com outros grupos de fungos,
como Armillaria ssp. Aphyllophorales e Lentinula edodes (Pereira & Kasuya, 2010).
A aclimatização de orquídeas é uma atividade delicada e com um alto índice de morte de plântulas.
Como os fungos micorrízicos apresentam uma relação simbiótica para o desenvolvimento das mesmas na
natureza trabalhos nesta perspectiva são de extrema importância, já que o cultivo de orquídeas é uma
atividade bastante lucrativa. Portanto, este trabalho tem por objetivos isolar, identificar e cultivar in vitro
fungos micorrízicos de raízes de orquídeas e inocular os isolados em plantas testes para se certificar que
não sejam patogênicos.
Material e Métodos
Amostras de raízes de orquídeas (Epidendrum cinnabarinum) cultivadas em vaso foram isoladas,
lavadas e desinfestadas em solução de hipoclorito de sódio a 1%, depois, enxaguadas e seccionadas em
segmentos de 1cm de comprimento. Cada segmento foi cultivado em placa de Petri de 90cm de diâmetro
contendo 30mL de meio BDA, por sete dias. Após esse período, procedeu-se ao isolamento das hifas, que
foram inoculadas em novas placas de Petri contendo o mesmo meio. Depois de sete dias, o fungo já
purificado foi inoculado nas plantas, e uma parte das hifas foram analisadas em microscopia de luz, para
identificação da espécie.
Sementes de brócolis (cultivar Piracicaba precoce), couve-flor (cultivar Piracicaba precoce), pepino
(cultivar Pepino caipira) e repolho (cultivar Chato de quintal) todas da empresa Hortvale foram usadas para
verificar a patogenicidade ou simbiose do fungo. As sementes foram semeadas em bandejas de isopor de
200 células contendo substrato PlantMax, e 20 dias após a semeadura, cada planta, teve suas raízes
lavadas e cortadas na extremidade (0,5 cm) e submetidas a solução fúngica (agua destilada e cerca de 1
2
cm de micélio do fungo) por período de 3h e 6h e o controle (sem inoculação). Após a inoculação do fungo
as plantas foram transplantadas em vasos contendo o mesmo substrato e após 15 dias foram avaliados DF
= Diâmetro foliar, CR = comprimento da raiz, CPA= comprimento da parte aérea, MFR = matéria fresca da
raiz, MFA = matéria fresca da parte aérea, CA = clorofila A, CB = clorofila B, CT = clorofila total, MSR =
matéria seca da raiz, e MSA = matéria seca da parte aérea. Os dados coletados foram submetidos a analise
de variância e comparação de médias. Todas as análises foram feitas no programa Genes (Cruz, 2006).
Resultados e Discussão
Por meio de microscopia de luz foi possível identificar o fungo isolado das raízes de orquídeas da
espécie Epidendrum cinnabarinum como sendo do gênero Rhizoctonia, ainda que tenha sido impossível
identificar a espécie (Figura 1). O fungo foi caracterizado por apresentar hifas formando ângulos de 90,
septados e com constrição na base das hifas, formando anastomose, conforme evidenciado por Pereira &
Kasuya (2010).
II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste
Fortaleza, 10-13 de novembro de 2015
Valorização e Uso das Plantas da Caatinga
a
b
c
an
n
s
Figura 1. Hifas de fungos micorrízicos isolados de raízes de orquídea. (a) seta mostrando angulo de 90 e c,
constrição. (b) observa-se septos (s) e anastomoses (an).
A partir da inoculação em plantas de espécies suscetíveis com a solução de fungos micorrízicos,
verificou-se que eles não são patogênicos e as plantas apresentaram comportamento diferente quando
comparado ao controle (sem inóculo). As raízes principais das plantas inoculadas com fungos micorrízicos,
por um período de 15 dias, são quase duas vezes mais espessas que a do controle (Figura 2). Resultados
similares foram observados por Chang (2007), trabalhando com orquídea Phalenopsis.
Figura 2. Raízes de brócolis (Cultivar Piracicaba Precoce), 15 dias após a inoculação com Rhizoctonia sp.
Raíz da direita (após 6h de inoculação) e sem inoculação (controle), raíz da esquerda.
A partir da análise dos dados, observou-se que há diferenças significativas entre os tempos de
inoculação e genótipos para todas as variáveis analisadas, exceto a interação, que foi significativa pelo teste
F (P<0.05) para comprimento da raíz (dados não mostrados).
Conclusão
O fungo isolado das raízes de orquídias pertence ao gênero Rhizoctonia e não é patogênico;
O fungo micorrízico contribuiu para aumentar a espessura das raízes e seu tamanho, melhorando
significativamente o desenvolvimento das plantas analisadas.
Referências
CHANG, Doris C. N. Orchid Biotechnology - The screening of orchid Mycorrihizal fungi (OFM) and their
applications. In: World scientific. Taiwan, Singapore: 2007.
CRUZ, CD. Programa Genes: Aplicativo computacional em genética e estatística. Viçosa, UFV, Brasil, 648p.
2006.
PEREIRA, Olinto Liparin.; KASUYA, Maria Catarina Megumi. Micorrizas: 30 anos de pesquisa no Brasil –
Micorrizas em orquídeas. Lavras: UFLA: 2010.
II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste
Fortaleza, 10-13 de novembro de 2015
Download

102 - II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do