caixa de ideias qualidade ISABEL PAROLIN é pedagoga, psicopedagoga clínica e mestre em Psicologia da Educação. Consultora Institucional e palestrante. Mais informações, acesse www.isabelparolin.com.br 16 julho 2009 . encaminhamento que você fez... Bem... Desse jeito tenho de me preocupar com meu filho que vai bem na escola, mas que só estuda um dia antes da prova e tira sempre 60...” Não vou ficar teorizando sobre avaliação e seus métodos; nem sobre a representação social da média escolar; e nem mesmo sobre a conduta educativa de pais e de educadores. Parece-me óbvio demais que a média não garante aprendizagem e que não é isso que queremos promover na comunidade educativa. Ocorrem-me algumas perguntas que podem encaminhar um aprofundamento da reflexão: Para que se estuda? Por que nossos alunos vão à escola? Por que aprendemos? Qual o fim da educação? Que representatividade tem a média escolar diante dos conteúdos propostos pela escola? Para continuar provocando, pergunto ainda: Você pegaria um ônibus em que o motorista sou- besse 60% dos conhecimentos sobre bem dirigir? Você pegaria um avião em que o piloto estivesse na mesma condição do motorista do ônibus? Você iria a um dentista que tivesse tirado 60 de média em todas as matérias? Ou a um médico, ou advogado? Você faria sociedade para abrir um negócio qualquer com uma pessoa que te garantisse dominar 60% do conhecimento necessário para o empreendimento? Eu não confiaria em nenhum desses casos. É a escola que prepara o cidadão que vai dinamizar a nossa sociedade... É a família que qualifica seu filho para a autoria do seu saber. É junto aos seus educadores que as expectativas de um mundo melhor e bom para todos se faz! Será que queremos um mundo que é bom pra 60% da população? Contudo, a realidade é bem pior. É bom lembrar que no mundo das avaliações o Brasil está numa alinhamos Como a nossa imagem às ações? © ilustração: adriana komura Um professor ao escrever a sua mensagem de início do ano letivo aos seus alunos, assim profetizou: “Esse ano, tenho certeza, todos tirarão no mínimo 60 em todas as matérias e, especialmente, na minha!” Continuou ele em sua brincadeira de antever o futuro de seus alunos: “E todos estarão de férias, livres de tudo, ao final de novembro!” Em outra situação, um menino, ao iniciar os seus trabalhos psicopedagógicos, foi convidado a traçar metas para melhorar a qualidade de suas aprendizagens, e sem titubear ele afirmou: “Esse ano vou tirar 60 em todas as matérias!” Ao terminar uma palestra para pais em que discorri sobre a aprendizagem frente à sociedade do conhecimento e o papel da escola na construção do sujeito aprendiz, uma mãe me interpolou parecendo muito mais estar refletindo em voz alta do que perguntando: “Se eu acreditar no 60 média bem mais baixa. Segundo o Prova Brasil de 2007, para cada 10 alunos que cursam a 4ª série do ensino fundamental, menos de 3 aprenderam o que é esperado para a série em Língua Portuguesa e em Matemática. Pioram o quadro as avaliações das 8as séries, em que para cada 10 alunos, menos de 3 aprenderam o básico de Língua Portuguesa e menos de 2, em Matemática. Para que a aprendizagem ocorra (segundo GAE) o aluno necessita experienciar um processo que é individual e coletivo; promover articulações entre o que ele sabe e o que não se sabe; vivenciar um jogo entre sua história pessoal e a do grupo e entre a falta e desejo. Permeado, ainda, pela qualidade da comunicação entre os pares e a natureza do conhecimento e do contexto. A pessoa que aprende modifica o cérebro e suas funções. Acredito que nossas crianças e jovens podem muito mais! Assim como, nossos professores, certamente, querem muito mais do que alunos medianos! Finalmente, acredito que a família deseja muito mais do que filhos que tirem tão somente a média na escola! © ilustração: adriana komura Capriche pra tirar Carlos Suco Gerente de Planejamento da Editora Positivo [email protected] Um dos ingredientes de sucesso de uma escola passa pela percepção que o seu público possui sobre o seu posicionamento perante pais, alunos e professores. Tal percepção origina-se pelos valores da instituição, pela sua proposta de ensino, qualidade no atendimento, público-alvo, entre outros. Porém, tão importante quanto atuar firmemente na divulgação de suas crenças e valores, o gestor da escola deve se perguntar: “será que o meu público realmente visualiza a instituição da forma como a promovemos?”. Vale ressaltar que a imagem da escola, muitas vezes associada a campanhas de marketing, que visam divulgar os diferenciais existentes, geralmente embasados em sólidas propostas de ensino, de tradição ou inovação, por exemplo, ficam expostas perante a comunidade no sentido em que serão cobradas pelos mesmos valores que divulgam. Mas como atuar de forma a não cometermos erros que possam nos levar a armadilhas que, além de prejudicarem a prospecção de novos alunos, gerem uma imagem errônea da instituição? Para evitar que tais situações ocorram, uma das ações que devem ser tomadas pelo gestor diz respeito a realização de uma análise que identifique se aquilo que a escola faz na prática (por meio de suas atividades, currículos, forma de comunicação, espa- ço físico etc.) está alinhado com aquilo que a escola se propõe a fazer (oferecer). Qual é a coerência entre essas duas realidades? Para saber se as ações da escola estão no caminho certo, estas devem sempre ser analisadas à luz da “Missão” da instituição. Por “Missão” entendemos a razão de ser da instituição (por que ela existe?) e quais são as suas responsabilidades perante os seus clientes (o que fazemos e para quem?), a qual norteia todas as suas atividades, desde o seu posicionamento de mercado até as suas ações de marketing, culturais, curriculares etc. Dessa forma, todos na instituição passam a ter uma referência e a agir conforme as mesmas diretrizes, reforçando a imagem da escola perante a sua comunidade, por meio de atitudes concretas que reforçam os seus valores e que, ao mesmo tempo, alinham os seus esforços para ações que geram resultados. . julho 2009 17