Documento apresentado para discussão
II Encontro Nacional de Produtores
e Usuários de Informações Sociais,
Econômicas e Territoriais
Rio de Janeiro, 21 a 25 de agosto de 2006
Regiões de Influência das Cidades – concepção e primeiros resultados
Evangelina X. G. de Oliveira (IBGE)
Cláudio Stenner (IBGE)
Cristiane Moreira Rodrigues (IBGE)
Ivone Lopes Batista (IBGE)
Luiz Alberto dos Reis Gonçalves (IBGE)
Marcelo Paiva da Motta (IBGE)
Rogério Botelho de Mattos (IBGE)
O projeto Regiões de Influência das Cidades continua a tradição do IBGE de estudar a
rede urbana brasileira. Os estudos anteriores, que definiram os níveis da hierarquia urbana e
estabeleceram a delimitação das regiões de influência das cidades brasileiras, foram
realizados pelo IBGE a partir de questionários que investigaram a intensidade dos fluxos de
consumidores em busca de bens e serviços, nos anos de 1966, 1978 e 1993. Além dos
questionários, o primeiro desses estudos divulgou também análise do equipamento funcional e
da centralidade administrativa exercida pelas cidades.
O avanço da divisão técnica e territorial do trabalho e as transformações decorrentes
das novas formas de comunicação ampliaram a organização em redes – de produção e
distribuição, de prestação de serviços, de gestão política e econômica –, cujos nós são
constituídos pelas cidades. No Brasil, marcado por profundas desigualdades de renda e de
acesso a mercados consumidores, a rede urbana apresenta elementos de uma arquitetura
clássica, desenhada pelos fluxos materiais, e de outra mais dinâmica, com nós inseridos nas
redes globais. As classificações resultantes das pesquisas anteriores evidenciaram as
mudanças ocorridas ao longo do tempo (em que pese a tendência de estabilidade estrutural no
longo prazo) e, decorrida mais de uma década desde o último estudo, o projeto de atualização
das regiões de influência das cidades visa construir um quadro nacional da rede urbana,
apontando as permanências e as modificações registradas nesta rede, recordando a
recomendação de Milton Santos de que é preciso ver “como as ações do presente incidem
sobre objetos vindos do passado”.
O projeto está concebido em módulos temáticos, e deverá apresentar uma hierarquia
geral dos centros. A opção pela divulgação dos resultados intermediários considera que – em
um mundo cada vez mais diversificado – os enfoques temáticos podem ser combinados de
várias maneiras, gerando visões múltiplas e mais adequáveis a aplicações específicas. Assim,
numa primeira etapa, investiga-se a centralidade com base em informações já disponíveis e
organizadas segundo as dimensões administrativa, jurídica e econômica – dando-se ênfase ao
setor de serviços (em especial, os financeiros, transportes, comunicações, saúde) – para
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estabelecer uma hierarquia dos centros. Numa segunda etapa, investiga-se as ligações entre os
centros, elaborando uma primeira delimitação de suas regiões de influência. Para tanto, serão
utilizadas informações derivadas de registros administrativos, tanto de órgãos estatais quanto
de empresas privadas, a exemplo dos fluxos de passageiros aéreos e rodoviários, das ligações
telefônicas, do tráfego postal, e dos deslocamentos para internações hospitalares custeadas
pelo Sistema Único de Saúde (SUS), entre outras.
Para os municípios de pequeno porte, as informações disponíveis são insuficientes
para definir seu modo de inserção na rede. Nestas cidades, a rede do IBGE aplicará um
questionário específico, ainda em elaboração, investigando questões tais como (1) as ligações
com os municípios vizinhos, e com os centros identificados na etapa anterior, a freqüência e
tipo (rodoviário, ferroviário, fluvial ou marítimo, aéreo); (2) os principais destinos das
pessoas que cursam nível superior e a cidade onde é realizado o Exame Nacional do Ensino
Médio (ENEM); e (3) os principais destinos das pessoas que procuram tratamento de saúde no
setor privado.
Ao final, um novo quadro de referência para a rede urbana brasileira será dado pela
articulação dos dois eixos – centralidade (pontos fixos) e ligações entre os centros urbanos
(fluxos). Uma diferença em relação aos estudos anteriores, determinada pela ampliação da
organização em redes, é a proposta de apresentar, além da hierarquia dos centros e de sua rede
de subordinação, as articulações entre nós de mesma hierarquia, e entre sub-redes.
O projeto está em andamento, prevendo-se a divulgação do primeiro volume do estudo
no final do corrente ano, com os seguintes módulos:
1. Administração
1.1. Gestão pública
1.2. Gestão do setor privado
2. Educação
2.1. Ensino superior (pós-graduação e graduação)
2.2. Ensino profissional
3. Saúde
3.1. Alta complexidade
3.2. Média e baixa complexidade
4. Comunicações (I)
4.1. Rede das redes de TV
4.2. Internet
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