O SÍMBOLO QUE CONCRETIZOU O NADA: O NÚMERO ZERO. O QUE OS ESTUDANTES DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA COMPREENDEM SOBRE ELE José Lucas Matias de Eça Universidade Federal do recôncavo da Bahia (UFRB) E-mail: [email protected] RESUMO: O presente trabalho visa apresentar análises preliminares sobre uma pesquisa que será realizada com estudantes do ensino superior do curso de Licenciatura em Matemática. O objetivo desta pesquisa busca compreender o que os futuros docentes de matemática entendem acerca do número zero. Nesse estudo procuro explanar o percalço que o número zero desenvolveu ao longo da história até ser reconhecido. Sendo assim, a história da matemática se torna uma alternativa nesse contexto, a fim de romper com um ensino da matemática pautado em conceitos prontos e acabados, e suscitar reflexões e compreensões sobre o desenvolvimento de conhecimentos matemáticos. Para isto, pretendo realizar entrevistas e questionário para estudantes em fase final do curso, que se enquadra em um caráter qualitativo. PALAVRAS-CHAVE: Zero; Origem do número zero; História da Matemática. 1. INTRODUÇÃO Iniciei a minha trajetória profissional docente por meio de aulas de reforço, ainda no ensino médio quando estudava no antigo Centro Federal de Educação Tecnológico da Bahia (CEFET-BA), campus Valença, atual Instituto Federal da Bahia - IFBA, e tal inserção se deu por conta da minha aptidão na disciplina de matemática. O interesse pela educação iniciou-se por meio de um projeto comunitário na minha cidade natal, Taperoá - BA, do qual fui convidado a ministrar aulas de matemática como instrutor voluntário, cujo objetivo era preparar jovens para o processo seletivo do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), fato que levou-me a escolha da profissão docente de matemática. No decorrer do curso de licenciatura em Matemática na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Centro de Formação de Professores (CFP), pude diagnosticar, como estagiário de 6° ano, que os estudantes careciam de ensinamentos sobre a origem do número zero e seus significados em contextos diferentes na matemática. O assunto esporadicamente era debatido no conteúdo de sistema de numerações, e quando discutido, era de forma superficial. Em conversas sobre a temática com os professores regentes, pude perceber que os mesmos não demonstravam ter conhecimentos suficientes sobre a temática, e não encontravam-se dispostos a mudar esse quadro, deixando assim, uma lacuna no conteúdo. Segundo Molina: O professor, sem tempo para ler, pesquisar e atualizar-se, com o número grande de aulas por dia, sem muito parâmetro para analisar os conteúdos de ensino, com muitas turmas para atender, sem motivação ou entusiasmo para sair da rotina, com as editoras lhe facilitando as coisas, ao professor restava apenas seguir mecanicamente as lições inscritas nos livros didáticos. (1988, p.10). Refletindo com colegas graduandos em matemática sobre o tema, observo que o número zero também é tratado como irrelevante por eles, sendo que muitos deles não atribuem ao número zero seus múltiplos significados, segundo Salvador e Nacarato (2003) o zero contém diferentes significados, a tabela a seguir sintetiza esses significados de acordo com os autores, as características e o desenvolvimento histórico: Tabela 1: Síntese dos diferentes significados do zero Significados do zero Características Desenvolvimento histórico Zero como elemento de Cardinal de um conjunto vazio; Tal significado não se fez contagem. nem sempre número considerado natural; discreta; de impregnado um presente na história da natureza matemática até a axiomatização de de Peano (séc. XIX). ‘quantidade’. Zero como valor posicional Representa as ordens vazias, zero Utilizado pelos babilônios, como algarismo; impregnado de maias, chineses e hindus. ‘quantidade’. Zero como dado operatório Elemento neutro da adição; anula o Utilizado pelos babilônios. produto em uma multiplicação; a0 = 1 (por definição, com a 0); 00 é indeterminado; impregnado de ‘quantidade’. Zero como origem De natureza contínua; surge para Sistematizado por Dedekind unificação da reta numérica no (séc. XIX) na definição de campo dos reais; impregnado de número real. ‘qualidade’. Fonte: (SALVADOR e NACATO, 2003, p.3) Percebo a necessidade de explanar a importância que o zero trouxe para a matemática, consequentemente para a humanidade, e suas limitações e rejeições por civilizações antigas até o seu “reconhecimento” na Índia para atuais e futuros professores da área. Diante da minha inquietação sobre a temática, busco esclarecer a seguinte questão de investigação: Como estudantes de um curso de licenciatura em matemática compreendem sobre o número zero? À vista disso, percebo que a formação de licenciatura em matemática não aborda essa questão com a devida importância, deixando suscitar falhas na formação acadêmica dos estudantes, pois não conhecer a história do surgimento do número zero, é de certa forma, desconhecer o impacto que este número trouxe para humanidade e para evolução da matemática. Recaindo e restringindo-se a informações supérfluas de notas de livros didáticos que não contempla a história desse surgimento, e quando o faz, fica a desejar. De acordo com Araújo: [...] o zero e a trajetória de seu desenvolvimento na história é que podemos entendê-lo para um maior aproveitamento nos ambientes educativos e, principalmente, sua presença fragmentada nos livros didáticos, que não o abordam de forma adequada, pois os pressupostos da Educação Matemática não são trabalhados na fundamentação do conceito e suas propriedades epistemológicas percorrem caminhos distantes da realidade educacional. (2010, p.02) 2. APORTES TEÓRICOS Na busca por uma literatura em história da matemática que explanasse um entendimento da origem do número zero por diversas civilizações antigas, baseie-me em Boyer(1974), Eves(1995), Ifhar(1997), Imenes(2006), buscando uma compreensão sobre as dificuldades que o número zero enfrentou durante muito tempo para ser aceito como número. Além da parte histórica, discutir sobre o livro didático de Molina (1998) e de Araújo(2010). 3. HISTÓRICA CONCISA DO NÚMERO ZERO As ideias e conceitos matemáticos estão intrínsecos com a evolução humana, o homem ao longo do tempo desenvolveu ações para lidar com o ambiente, buscando informações para sua sobrevivência e respostas para suas indagações, e essas mudanças gradativas do homem no cotidiano, os levou a criação de símbolos cada fez mais sofisticados, que ao passo de novos conceitos e significados, se tornariam números. Segundo Ifrah: A história da matemática não é uma sucessão impecável de conceitos encandeados uns com os outros. Ao contrário, é a história da necessidade e preocupação de grupos sociais ao buscar soluções para os problemas diários ou para suprir suas necessidades filosóficas. (1997, p 17). Os conhecimentos matemáticos eram desenvolvidos de formas diferentes em cada civilização, os mesmos aperfeiçoavam esses conceitos matemáticos de acordo com suas necessidades diárias. De acordo com Guimarães: O interessante, é que cada cultura diante das suas necessidades práticas e filosóficas desenvolve os conhecimentos que lhe são úteis. É claro que não se pode deixar de considerar a interação entre culturas e com isso as influências. (2008, p. 01). O homem pré-histórico na era da Idade da Pedra (cerca de 5.000 a.C.) era nômade e lutava constantemente pela sua sobrevivência através da caça, moldando instrumentos como: pedra; osso; madeira, carapaça, dentre outros para essa atividade. A descoberta do fogo serviu para utilização do cozimento dos alimentos adquiridos e para a sobrevivência de mudanças climáticas à baixa temperatura (EVES, 1995). Com o domínio do fogo, surgiu à necessidade de produzir cerâmica, devido ao cozimento dos alimentos, em conseguencia, melhoraram as técnicas de plantio e cultivo de animais, construção de casas para seu habitat. E essas transformações exigiu conhecimento de tempo (as fases da lua), com isso os símbolos adquiriram valores cada vez mais elaborados. Logo, a história da evolução humana está diretamente relacionada à história dos números, pois o homem ao longo do tempo teve a precisão de instituir símbolos para atribuí-los significados, que posteriormente foi entendido como número. Em vista disso, a matemática foi criada pelo homem para servi-lo de ferramenta para resoluções impostas em seu cotidiano, essa foi à linguagem simbólica para a expressão do desenvolvimento intelectual do homem pré-histórico (IFRAH, 1997). No decorrer do tempo, com os símbolos cada vez mais sofisticados, o homem começou a ter noção de quantidade, e posteriormente um senso numérico (que é a percepção de identificar, sem precisar contar, qual coleção limitada e pequena de objetos é maior que outra). Contudo, se o homem inventou os números, o qual não foi uma característica inata a ele, precisou-se contar, mas como ele aprendeu a contar? Há registros arqueológicos que evidenciam que o homem pré-histórico começou a desenvolver um procedimento para a contagem na transição da era Paleolítica para a era Neolítica, empregando um mecanismo de equivalência, a qual relacionava biunivocamente diferentes aparatos para o processo da contagem, fazendo relações com o concreto através de: dedos da mão e do pé; pedras; ossos; gravetos de galhos, etc (BOYER, 1996). Nesse sentido Rodrigues: [...] podemos dizer que a correspondência biunívoca transforma-se em contagem a partir do momento em que um “conjunto padrão”, cuja ordem dos elementos é pré-estabelecida, passa a ser sempre utilizado para efetuar a correspondência. Esse conjunto padrão pode ser um conjunto de símbolos gráficos, de palavras, de nós em cordas etc. (2013, p. 17). O passo seguinte foi representar através de riscos em cavernas, posteriormente em papiros e tabletes de barro o que seriam números em simbologia. Com o surgimento dos primeiros algarismos, o homem desenvolveu os sistemas de numeração, e consequentemente a escrita (fenícios). É verdade que os números figuram entre os conceitos mais complexos e abstratos que a espécie humana encontrou a seu dispor. Essa invenção é, sem qualquer dúvida, uma das maiores conquistas da humanidade, para não dizer a maior. Assim, entre a linguagem, a escrita e aritmética, foi esta última que exigiu tempo e esforço da humanidade para ser assimilada. (IFRAH, 1998, p. 24). Formaram-se a partir da contagem os números naturais: 1, 2, 3, 4, 5,... Entretanto o número zero não surgiu desse mecanismo, pois não havia a necessidade de relacionar com o nada/vazio (o zero não se encaixa nessa analogia de equivalência), que por sinal, foi esta o entrave para que o zero fosse aceito por diversas civilizações, o medo do abstrato. Aceitar o número zero, seria como representar o vazio por meio de algo concreto (numeral). De acordo com Caraça (1951, p. 06) “A criação de um símbolo para representar o nada constitui um dos actos mais audazes do pensamento, uma das maiores aventuras da razão”. Sendo que o mesmo não considera o número zero como natural, pautado de que o zero não se encaixa no procedimento da contagem. Grandes civilizações resistiram à adoção do número zero em seus sistemas de numerações, devido à resistência do pensamento de concretização do não existente, e isso fez com que o zero, por séculos, não fosse aceito como elemento integrante na matemática (PADRÃO, 2008, p.18) por muitas civilizações antigas. A seguir, veremos os diferentes sistemas de numerações desenvolvidas, de forma sintética, pelas civilizações: romana, egípcia, grega, babilônia, chinesa, maia e hindu. E a diferença entre os sistemas de numerações até se adotar, quasemente, por todos os países o sistema de numeração hindu arábico. 3.1 Sistemas de numeração das civilizações 3.1.1 Egito Segundo Boyer (1996) com a descoberta do papiro de Rhind, escrito por volta de 1650 a.C., e do Papiro de Moscou (aproximadamente dois séculos antes), o campo da história da matemática estava concentrado no Egito. Portanto, o sistema de numeração mais antigo que se tem noticia é hieroglífico egípcio, baseado no sistema da base 10, sendo que podiam escrever esses símbolos em qualquer ordem, pois sua posição não alterava seu valor, portanto sistema de numeração não posicional. Os egípcios representavam os múltiplos de dez com símbolos especiais (figuras). Os algarismos de 1 à 9 por um bastão (I), tendo assim 9 algarismos em sua notação. Para a representação de números grandes os egípcios tinham dificuldade para desenvolver, pois precisava-se da utilização de muitos de seus algarismos, sendo assim esse sistema não seria o mais adequado visto em comparação ao atual (hindu-arábico). Percebendo assim uma de suas desvantagens, pois além de utilizar muitos algarismos na composição de um número, é necessário utilizar o principio da adição para obter o resultado. Além de não possuir uma representação para o número zero. GUIMARÃES (2008, p. 35) destaca que “o sistema numérico dos egípcios não necessitava do zero porque os algarismos egípcios tinham valores fixos não importando a posição que se encontrassem”. 3.2.2 Gregos De tantos sistemas de numeração que os gregos utilizavam os mais importantes são: o sistema ático e o herodiânico. Os gregos apesar de estarem muito evoluídos na geometria e na lógica, não representavam o nada numericamente, por conseguência, os gregos possuíam apenas só tinham 9 algarismos. Por volta de 400 e 200 a.C., os gregos utilizavam 27 letras para representar os números, era o sistema jônico aditivo. Mais precisamente era usado um sistema que consistia na separação dos números em grupos de nove elementos, que eram simbolizados por letras: as nove letras iniciais representavam os números de 1 a 9; as nove letras seguintes representavam as dezenas de 10 a 90 e os nove últimos símbolos representavam as centenas de 100 a 900. Nesse sistema de numeração, pela forma de suas representações, permite que números grandes sejam representados de forma compacta, por exemplo, 62: ξ β ou β ξ, já que esse sistema não é posicional, permite que a ordem dos algarismos não altere o valor que ele representa (Gundlach 1994, p. 11). Porém, não há possibilidades de cálculos aritméticos nesse sistema de numeração, sendo uma desvantagem do seu uso. 3.1..3 Romano Os romanos foram uma civilização de relevância da antiguidade, do seu apogeu a sua decadência os romanos tiveram respaldo em seu tempo. Sua fundação foi proveniente do período 753 a.C. (data atribuída à sua fundação) e 1453 (data atribuída à queda do Império Romano do Oriente). O sistema de numeração dos romanos era é o sistema decimal, onde representavam seu sistema de numeração através de letras de seu alfabeto, utilizados até os dias atuais por diversas culturas, inclusive no Brasil para leitura numérica de cronologia de tempo (relógio, data), nomes de Reis Papas e outros tipos de representações oficiais em documentos. Para Guimarães “as concepções da civilização grego-romana para o nada são de significados heterogêneos. Os gregos utilizavam-se da palavra oudén para expressarem o vazio e os romanos utilizavam as palavras vacuus (vazio), vacare (estar vazio) e vacuitas (vacuidade) e outras palavras como absens, absentia e mesmo nihil (nada), nullus e nullitas. Logo, para esses povos o conceito do nada ainda não estava definido e produzia, dependendo do contexto, diferentes conceitos ou sentidos”. (GUIMARÃES, 2008, p.05). Os grego-romanos tiveram grande influência da religião cristã, principalmente da católica. Nessa ótica, para Guimarães esse aspecto teve uma ponderação em aceitar o zero, pois o que havia antes da formação do mundo? Mas, como Deus é o criador de todas as coisas, portanto Ele já existia antes da existência do universo, logo Deus é o nada/vazio? Em conseguencia desse pressuposto a aceitação do número zero como uma concretização do nada era abstrata e insultante para tais civilizações. 3.1..4 Maia Bem distante da Índia, nas Américas, de origem remota, por volta dos séculos IV e III a.C., os maias também deduziram uma representação para a falta de uma notação no sistema a qual adotavam. A numeração maia foi descoberta nas expedições espanholas a Yacatán no início do século XVI. O sistema de numeração dos maias era (vigesimal) composto por pontos e traços (devido provavelmente pelo fato de esses contarem com os pés e mãos). Os maias representavam os números até 19 utilizando pontos (unidades de um) e traços (unidades de cinco). Quanto a números superiores a vinte, segundo Padrão: “Os números superiores a vinte eram escritos verticalmente e as ordens eram somadas. Nos números compostos por duas ordens, o algarismo da primeira ordem ficava no patamar inferior e o da segunda ordem no patamar superior e era multiplicado por vinte.” (2008, p.48). Quanto ao zero os maias tinham duas notações para o mesmo: a primeira era uma elipse fechada que lembrava um olho, servia para compor os números cardinais (utilizado para contar durações no calendário), e a segunda notação consistia no número cardinal (remetido para escrita de datas). O conceito do vazio era tão significativo entre eles que havia uma divindade específica para o zero: era o deus Zero, o deus da Morte. Os maias foram os inventores do número zero no continente americano, e esse feito foi sem conexão com o “velho mundo”, ou seja, assim como os babilônios e hindus, os maias desenvolveram a percepção de uma representatividade para preenchimento de lacunas em seu sistema de numeração. Contudo, é atribuída a criação do número zero aos hindus, pois o zero maia foi utilizado como um algarismo, não como um número de valor operatório. Os maias elaboraram uma numeração de posição e inventaram o zero. Mas, pelo fato de seu sistema não ser estritamente vigesimal, na questão do registro escrito, acabou por gerar irregularidades, privando-os de qualquer possibilidade operatória. (Ifrah, 1997a, p. 643). 3.1..5 Babilônia A Babilônia está localizada na Mesopotâmia a 80 km ao sul de Bagdá, fundada por volta de 2 000 a.C. pelo povo amorita, que veio do deserto da Arábia, chegou à Mesopotâmia e desenvolveu na cidade da babilônia a civilização babilônica. Os babilônios utilizavam em seu sistema de numeração a base sessenta, e de posição (a qual cada algarismo corresponde a um valor, a depender de sua posição). O sistema de numeração babilônio é frequente usado por nós no nosso sistema horário, fazendo uma equivalência de 60 segundos para 1 minuto, de 60 minutos para 1 hora. Os babilônios careciam de papiros e pedras para registrar sua escrita, recorrendo ao barro, sendo este, de muita abundância na região. Suas inscrições eram na forma de cunha prensadas em tábuas de argila úmidas com estiletes, sendo posteriormente cozidas. Esse tipo de escrita é chamado de escrita cuneiforme, devido sua forma assemelhada a cunhas. Esse material é de alta durabilidade, possibilitando assim a documentos estarem preservados até os dias atuais. Segundo Boyer As fontes de informações sobre essa região estão em constantes descobertas, pois arqueólogos trabalham constantemente após o século XIX em busca de novas tábuas de argila contendo escritas cuneiformes sobre a matemática da época. Hoje de meio milhão de tábuas que foram desenterradas, em sua maioria encontrada em Nipur, boa parte é de conteúdo matemático. Dentre essas tabuas uma das mais conhecidas é a de Plimpton 322 (escrita aproximadamente entre 1.900 e 1.600 a.C.). Como na mesopotâmia houve uma evolução gradativa em inúmeros aspectos, como: geológico; agrícola; mercantil; navegação, etc. A necessidade de uma matemática mais elaborada ficou cada vez mais indispensável, pois o crescimento notório do mercado viabilizou a essa tendência. A acumulação de riquezas, e o crescimento da mesma, despertaram o homem a sofisticar seus métodos de “cálculo”, por exemplo, para a avaliação patrimonial agrícola. “Assim podemos dizer que a matemática primitiva originou-se como uma ciência prática para assistir a atividades ligadas a agricultura e engenharia” (Eves, 2004, p.57). Desta forma, a expansão financeira e patrimonial humano culminou na evolução da matemática da civilização babilônica, tornando-a uma ferramenta indispensável à vida do homem no cotidiano. Os babilônios utilizavam dois símbolos no seu sistema de numeração sexagesimal: o um como um “cravo” vertical e o dez com uma “asna”. Após o número 60 (sua base), os números passavam a ter seu valor de acordo com sua posição. Contudo, havia muitas ambiguidades na sua interpretação, necessitou um símbolo para ocupar um espaço vazio, que veio a ser entendido como um zero parcial, haja vista que os babilônios só a utilizava nas posições intermediárias entre os algarismos que compunha um número. Logo, o zero não foi compreendido pelos babilônios como um número, e sim como um símbolo para preencher um espaço fazia na composição de algarismos para formar um número. Sendo que o zero só foi interpretado como número na civilização indiana, pois, eles procediam com o ábaco, quando a coluna não apresentava nenhum valor, designou-se a palavras shûnya (nada, nulidade), que posteriormente veio a culminar na criação de uma representação para um número o nada, o número zero assim foi criado, e não apenas como um algarismo, mas, a utilizaram nas operações aritméticas (sendo assim, como número). O que fez com que essa civilização obtivesse o título de criador do número zero. 4. DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA A pesquisa está na fase inicial, onde os estudantes (possíveis concluintes) serão convidados a participarem da pesquisa. Esta será realizada no semestre 2014.2, com prováveis 10 alunos do curso de licenciatura em matemática de diferentes turmas do campus. Para a coleta de dados utilizarei dos seguintes métodos de pesquisa: observações, entrevistas semiestruturadas, se caracterizando assim de âmbito qualitativo, onde as análises dos dados serão para elaboração do meu Trabalho Conclusão de Curso (TCC) de Licenciado em Matemática. 5. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES E EXPECTATIVAS ESPERADAS Penso que os estudantes do ensino superior do curso de matemática não se encontram aptos a explorarem todos os sentidos que o número zero exerce em diferentes contextos, muito menos a compreensão do “porque” utilizamos o sistema de numeração posicional decimal (SNPD) hindu-arábico, visto que a adoção desse sistema, além de ser posicional e decimal, foi devido a introdução do número zero como elemento integrante do sistema numérico. Desde modo a história da matemática dará uma compreensão do conceito do número zero, focando nos percalços epistemológicos que esse conceito gerou ao longo do tempo, através de uma abordagem significativa para o estudante, construindo com os mesmos, ideias que são utilizadas no cotidiano de forma a estimularem um pensamento crítico-reflexivo em sala. 6. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Társsio de O. A origem do zero e suas abordagens nos livros didáticos. X ENEM, Bahia. Salvador, 2010. BOYER, Carl B. História da matemática. 2. ed. São Paulo: Blucher, 1996. EVES, Howard, Introdução à história da matemática. 1. ed. São Paulo: Editora da UNICAMP, 1995. IFRAH, Georges, História universal dos algoritmos: tomo I. 1. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. GUIMARÃES, Fabiane. Reflexões Sobre o Zero. In. X – EBRAPEM, Minas gerais. Belo Horizonte, 2006. Disponível em: http://www.fae.ufmg.br/ebrapem completos/07-02.pdf. Acesso 09 de jan. 2014. GUNDLACH, B. H. Tópicos de história da matemática – para uso em sala de aula – Números e numerais e Computação. Atual editora, 199, v. I. MOLINA, Olga. Quem engana quem: professor x livro didático. 2. ed. Campinas: Papirus, 1988. PADRÃO, Darice L. A Origem do Zero. Dissertação de Mestrado em Ensino de Matemática – São Paulo PUCSP – 2008. SALVADOR, C. M. A.; NACARATO, A. M.. Sentidos atribuídos ao zero por alunos da 6ª série.