Anos 1990
Escândalo da Encol
Caso de corrupção que teve seu auge em 1997, o escândalo da Encol é considerado página
negra na história do governo FHC. Os primeiros rumores de que a Encol enfrentava problemas
financeiros graves começaram a circular em maio de 1995. No ano seguinte, o Banco do Brasil, um
dos principais credores, promoveu uma "intervenção branca" na construtora, nomeando um
executivo para cuidar das finanças da empresa.
Em 1997, no ápice da crise da construtora, o caso tornou-se um escândalo e virou questão de
polícia, com acusações de desvio de dinheiro, sonegação de impostos e remessa ilegal de divisas ao
exterior por parte do acionista majoritário, Pedro Paulo de Souza, e ex-diretores.
Naquele mesmo ano, foi formado um grupamento (pool) de bancos para arquitetar uma
solução de consenso para todos os credores, mas a iniciativa não obteve sucesso. Paralelamente,
promotores de defesa do consumidor de Brasília (sede da empresa) instauraram inquérito civil para
apurar danos causados a clientes. As obras prometidas já estavam atrasadas.
Em agosto do mesmo ano, o problema, até então de má gestão financeira de um negócio,
ganha dimensão policial. Um relatório da auditoria Deloitte Touche Tohmatsu sobre as contas da
Encol vem a público e aponta a evidência de sonegação de impostos, desvio de dinheiro, uso de
caixa dois, posse de empresas fantasmas no exterior, conta bancária na Suíça, realização de
empréstimos clandestinos aos familiares de seu dono e acusação pelo sumiço de R$ 380 milhões.
A Encol que já havia sido um dia considerada a maior construtora do país, em 1997, estava
com uma dívida de R$ 850 milhões com 38 instituições financeiras, devia imóveis a 42 mil
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mutuários, com 710 empreendimentos paralisados; além de 12 mil funcionários sem receber
pagamento há pelo menos quatro meses, além de outros 8,5 mil demitidos nos últimos seis meses
sem receber direitos trabalhistas.
Investigações realizadas pela Polícia Federal indicavam que as irregularidades na empresa
eram praticadas desde 1993. Em novembro de 1997, a Encol entrou com um pedido de concordata
preventiva na Vara de Falências e Concordatas de Goiânia, o que também aconteceu em 1998,
quando a Encol deixou mais de 600 prédios inacabados. Na época, a dívida da construtora com o
sistema financeiro era estimada em aproximadamente R$ 700 milhões. O BB era um dos maiores
credores da construtora.
A administração da Encol realizava a prática do que o mercado chama de "bicicleta", isto é,
sustentar um empreendimento a partir de recursos provenientes do lançamento de outro. Essa
prática lembra as "pirâmides da fortuna", que premia os primeiros a chegar ao topo e deixa os
últimos a ver navios.
Em março de 1999, a Justiça decretou a falência da empresa. Levantamentos da época
indicavam que a empresa devia R$ 2,5 bilhões e que poderia obter no máximo R$ 500 milhões
vendendo seu patrimônio.
Na CPI dos Bancos, Pedro Paulo de Souza, o ex-dono da construtora Encol, compareceu
depois de dois meses foragido da polícia, para contar sua versão dos fatos que levaram à falência.
Sem rodeios, envolveu logo FHC ao revelar os detalhes de uma operação de socorro planejada pelo
Palácio do Planalto. No primeiro mandato, a Caixa Econômica começou a negociar um empréstimo
de longo prazo de R$ 200 milhões para a Encol, que já estava pendurada em R$ 58 milhões no
Banco do Brasil. O ex-secretário da presidência de FHC, Eduardo Jorge Pereira, era sócio de Edson
Ferreira, ex-diretor do Banco do Brasil acusado de liberar empréstimos irregulares para a Encol,
revelado em 30 de julho de 2000, pela Folha de S. Paulo.
Fontes:
http://www.deunojornal.org.br/materia.php?mat=80222&pl=encol
http://realidade.org/forum/index.php?topic=9595.0
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-caso-encol
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