3096 IX Salão de Iniciação Científica PUCRS Convergências Tecnológicas e Tradução Intersemiótica entre Imagens Audiovisuais: As Aproximações Entre Cinema e Tevê Marcio Telles da Silveira1, Júlia Bertolucci¹, Fatimarlei Lunardelli1, Miriam de Souza Rossini1 (orientador) 1 Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul Resumo Introdução A pesquisa Convergências Tecnológicas e Tradução Intersemiótica entre Imagens Audiovisuais: As Aproximações Entre Cinema e Tevê visou compreender as alterações feitas em produtos audiovisuais provocadas pela convergência tecnológica, que fez emergir novos formatos e condições de recepção desses produtos midiáticos. Era foco desta pesquisa, portanto, analisar se, diante das citadas alterações, os conceitos tradicionais de diferenciação entre cinema e televisão ainda eram válidos ou se as transformações estético-comunicativas impeliam que a produção atual fosse inserida numa nova categoria, mais abrangente: a de audiovisual. Para tanto, começamos a mapear os produtos recentes que vinham sendo sendo produzidos no mercado audiovisual brasileiro e que levavam em conta o cinema e a televisão. Como a maioria estava vinculada justamente à Rede Globo, elegemos como objetos dois produtos com a chancela Globo Filmes: os seriados e filmes “Antônia” e “A Grande Grande Família”. A motivação para essas escolhas foi a de podermos observar produtos com perfis diferentes: um vinculado ao tradicional meio cinematográfico nacional e que começou a ser gerado para o cinema, e outro que teve origem nas grades televisivas e que que por isso já explicitava o seu comprometimento com a indústria cultural. Com isso, poderíamos perceber, também, o modo como esses dois produtos se comportavam em termos de mercado televisivo e cinematográfico. Nossa pesquisa nos permitiu reavaliar algumas afirmações correntes, como, por exemplo, de que apenas uma questão tecnológica separa a tevê do cinema. Não só as convergências tecnológicas, como questões de recepção e de mercado estão, agora, sendo 3097 consideradas. Produtos captados e finalizados em tecnologias iguais podem ser recebidos de formas diferentes, a partir dos diferentes contratos de identificação que o espectador se propõe a ter com tais audiovisualidades. Há um novo público para os produtos audiovisuais que já nasce habituado às estéticas circulares e fragmentadas, típicas dos produtos seriados; também não se importam tanto com as diferenças dos tipos de suporte e o que isso produz enquanto qualidade de imagem. Ver no cinema é quase uma exceção para uma nova geração acostumada a ver audiovisuais nos mais diferentes e reduzidos formatos de telas. Assim, averiguamos que é uma tendência do atual mercado audiovisual brasileiro investir em produtos que atinjam um grande número de espectadores e que possam transitar entre os mais diversos meios, necessitando de nenhuma ou do mínimo de alterações. Isso vem provocando um claro movimento de aproximações entre cinema e televisão. É por isso que insistimos na categoria de audiovisual, que cada vez mais vem abarcando conceitos de cinema e tevê (e buscando englobar também Internet, jogos, extras de DVDs, etc.). Há uma fatia do mercado, em especial aquela identificada com a Globo Filmes, que tende a buscar as características convergentes entre os meios para ultrapassar as barreiras de mercado. Metodologia 1. Levantamento bibliográfico que dê suporte teórico e que permita a construção de um panorama das produções audiovisuais atuais; 2. Seleção de objetos de análise que apresentem compartilhamentos entre cinema e TV; 3. Levantamento de materiais sobre os objetos escolhidos (roteiros, críticas, etc); cruzamento de informações sobre as correspondentes equipes técnicas dos filmes e séries; 4. Pré-análise do corpus da pesquisa e elaboração de questionário para a entrevista com os realizadores dos produtos analisados, visando compreender as diferenças e semelhanças entre o fazer produtivo dos formatos em estudo; 5. Análise final dos materiais levantados. Resultados e Conclusão Como apresentado, a pesquisa nos fez repensar o conceito de audiovisual. Tais resultados serviram de base para novos conteúdos de disciplinas tanto da pós-graduação quanto da graduação. No novo currículo do curso de Comunicação Social da Fabico, foi implantada este ano a disciplina de Mídias Audiovisuais, que procura tratar de um modo IX Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2008 3098 amplo as questões de linguagem e estética dos meios audiovisuais. Também orientações de graduação e de pós-graduação têm se beneficiado dessas novas abordagem, e gerado várias perspectivas novas de pesquisa no campo audiovisual. Referências CALABRESE, Omar. A idade neobarroca. Lisboa: Edições 70, 1987. CASTRO DE PAZ, José Luis. El surgimiento del telefilme. Barcelona: Paidós, 1999. DARLEY, Andrew. Cultura visual digital. Espetáculo y nuevos gêneros en los medios de comunicación. Barcelona: Paidós, 2002. DUBBOIS, Phillipe. Vídeo e cinema: interferências, incorporações, tranformações, p. 177-248. In: Cinema, vídeo, Godard. São Paulo: Cosac Naify, 2004. ECO, Umberto. Sobre os espelhos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. FECHINI, Yvana, FIGUEIROA, Alexandre. 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