PRATIQUES - AF - URBANO.1.1.2
IMPACTO
DO ACOMPANHAMENTO FAMILIAR
NO MEIO URBANO
Emmanuelle Six - 09-97/01.98
Tradução ESSOR
Sommaire
• 1. Uma ação que concentra-se ao centro dos problemas
• 2. Uma ação que acelera os resultados do programa urbano
• 3. Um publico alvo bem identificado, resultados bem medíveis
• 4. Forte energia com as outras ações
• 5. Uma boa maneira de preparar a continuidade
Avertissement : ces fiches, écrites et diffusées en 1997 et remises à jour en 2000 constituent des archives. les outils de suivi ont été réactualisés en
2007: Koloaina, Outils du programme d'accompagnement des familles à Antananarivo, Madagascar - IA /
Koloaina 2008 De même sur les différents programmes qui accompagnent des familles démunies, la méthode continue d'être améliorée et
d'évoluer cf: Présentation
trad. française Anne Carpentier
réactualisée de la méthode d'accompagnement des familles Alexandra David, 2006 -
AVISO IMPORTANTE
As fichas e histórias de experiências "Pratiques" são difundidas no quadro da rede de trocas de idéias e de métodos entre as ONG
signatárias da "Charte Inter Aide".
É importante lembrar que essas fichas não são normativas e não pretendem em nenhum caso "dizer o que temos que fazer" ; elas se
contentam de apresentar experiências que conseguiram resultados interessantes num contexto onde elas foram encaminhadas.
Os autores de "Pratiques" não vêem nenhum inconveniente, pelo contrário, se essas fichas sejam reproduzidas na condição expressa
que as informações que elas contêm sejam transmitidas integralmente, também este aviso.
1. Uma ação que concentra-se ao centro dos problemas
Voahangy Razanamalala tem 32 anos e 5 filhos de 1 a 12 anos. Seu marido trabalha como
jornaleira ganhando ½ US $ por dia. A família vive no bairro de Tsamarasay numa cabana de 8 metros
quadrados, cujo chão é de taipa, o rego em terra passando mesmo a raso da porta. O único móvel da
família é uma cama. 2 das crianças não estão escolarizadas e não têm certidão de nascimento, os dois
mais novos não estão vacinados e o penúltimo é desnutrido. Voahangy não utiliza planejamento familiar.
Durante as primeiras visitas da agente, Voahangy ficou surpresa ao ver uma pessoa de fora
interessar-se a sua situação... uma pessoa que parecia entender suas dificuldades, conhecendo certas
informações úteis... e que veio varias vezes depois.
Pouco a pouco, frente ao interesse permanente que essa agente mostrava diante das suas
dificuldades, ela interessou-se também a todas essas perguntas. Notando também que a agente a julgava
capaz de se ajeitar sozinha, de ir ao balcão administrativo, ao posto de saúde ou a escola, ela começou a
perceber que poderia talvez resolver alguns problemas.
A agente falou a Voahangy que ela poderia facilmente adquirir os documentos para suas crianças,
e depois matriculá-las na escola, acompanhou-a ao seu primeiro contato. Mais tarde, Voahangy foi ao
posto de saúde no dia previsto, e seus dois filhos mais novos receberam as vacinas, um encontro foi
marcado para os lembretes. A agente veio varias vezes depois e falaram do espaçamento entre
nascimentos. Elas decidiram depois de ir juntas a consulta do posto de saúde. Lá, um método simples foilhe proposto e um encontro foi previsto para uma primeiro injeção de dépo-provera. Enfim, Voahangy falounos do seu sonho : encontrar um trabalho ! ela resolveu ir ao balcão administrativo para fazer uma carteira
de identidade e pedir um documento indispensável para realizar um estagio de preparação. Ela já
conseguiu meter de lado ½ US $ necessários para a inscrição do estagio. Ela espera participar do estagio
até ao fim mais não está convencida que seu marido a deixe continuar o planejamento familiar até ela
encontrar um trabalho definitivo...A agente prometeu que tentaria abordar o assunto com ela e seu marido...
Tudo isso aconteceu em menos de 6 meses como para um boa parte das famílias acompanhadas
nesse bairro...Como explicar esses progressos ?
Primeiro, pelo caráter individualizado de uma ação de proximidade, orientada especificamente a
nível das dificuldades as mais vivenciadas e ressentidas pela família.
Depois, pelo acréscimo de interesse da mãe diante da sua própria situação, diante da atenção de
uma agente que ajuda a entender um pouco melhor as causas de certos problemas e as soluções
possíveis. Sobretudo, quando essa agente parece realmente acreditar que a mãe é capaz de fazer certas
coisas que ela nunca tentaria fazer sozinha. Essa mãe começou a ter mais confiança : percebeu que seus
filhos poderiam ir a escola, estar de melhor saúde, e que ela mesmo poderia, talvez encontrar um
emprego...um clima favorável foi criado, abriu um espaço para aproveitar-se da dinâmica das ações
propostas.
2. Uma ação que acelera os resultados do programa urbano
A maior parte das pessoas que trabalharam nesse tipo de bairro percebem que a confiança, a
capacidade de mudar sua situação, a compreensão das causas das dificuldades encontradas, o
conhecimento dos serviços existentes e a audácia para ir apresentar-se são determinantes para permitir a
evolução das famílias. A falta de tudo isso (ignorância, fatalidade, perca de confiança, vergonha,
incapacidade a antecipar, ou planejar um encontro e suas etapas) impossibilita o acesso dos mais carentes
aos programas de escolarização, de saúde ou de acesso ao emprego, mesmo se esses programas sendo
os mais bem organizados e adaptados possíveis !...
Trabalhando diretamente em cima desses pontos sensíveis, o Acompanhamento Familiar permitiu
muitas vezes melhorar os resultados dos programas urbanos. Podemos verificai-lo por exemplo com os
resultados adquiridos entre janeiro 96 e janeiro 97 nos bairros de Antananarivo. Uma analise realizada em
março 97 junto a 335 famílias acompanhadas permitiu de constatar os progressos seguintes :
% estimado 01/96
Pop.-alvo
01/97
Situação01/97
% 01/97
Crianças <2anos acompanhadas em poste
natal
30%
172
140
81%
Crianças <5anos vacinadas BCG + DTP3
46%
323
289
89%
Crianças de 3 a 6 anos pré escolarizadas
02%
278
162
58%
Objetivos
Crianças de 6 a 10 anos escolarizadas
56%
284
190
67%
Pessoas tendo documentos adm. em dia
72%
580
499
86%
Mulheres de 18 a 45 anos utilizando planej.
familiar
11%
322
131
41%
Mulheres tendo um emprego
0%
205
74
36%
População alvo : 335 famílias acompanhadas em 3 favelas de Antananarivo.
3. Um publico alvo bem identificado, resultados bem medíveis
O Acompanhamento Familiar pratica-se geralmente com uma população de famílias selecionadas
conforme critérios relativos as suas necessidades vitais. Essas famílias e suas necessidades foram portanto
recenseadas e temos uma descrição cifrada e clara da situação inicial, que facilita a medição dos
progressos. Diferentes formas de ciblagem são propostas :
- Certos programas que optaram pelo critério único : eles acompanham por exemplo todas as famílias tendo
uma criança desnutrida, e concentram seus esforços sobre esse tema único.
- Outros preferem combinar vários critérios. Supomos que eles selecionam 6 critérios (por exemplo :
presença de crianças não vacinadas, crianças não escolarizadas, numero de crianças com relação a idade
da mãe, problemas de higiene, presença de uma criança desnutrida, presença de um caso de Tuberculose
ou outro). Eles poderão decidir acompanhar as famílias cumulando problemas, pelo menos 4, 5 ou 6
critérios. Esse sistema de critérios combinados têm a vantagem de propor uma diversidade de objetivos
estimulantes para os beneficiados como para os agentes, e de "aproveitar" melhor as visitas (apesar de ser
recomendado abordar um único assunto a cada visita). Essa metodologia é mais complexa, e talvez difícil
de gerenciar pelas agentes que não dominam bem o conjunto dos assuntos.
- Com cada família, podemos definir certos objetivos claros a atingir, e uma agente pode depois facilmente
medir o numero de objetivos atingidos pelas famílias que ela acompanha. Pode ser um fator bem
estimulante para uma agente (cuidado a agente sendo preocupada de "produzir muito" já vimos casos de
agentes que consideram como objetivos atingidos, objetivos apenas "encaminhados"... Daí a importância de
especificar bem para cada objetivo a partir de qual resultado consideramos ele como " atingido ".
4. Forte energia com as outras ações
O Acompanhamento Familiar, é uma ação que podemos encaminhar em complemento ou
previamente para quase todas as outras ações : ela permite encorajar as famílias a escolarizar ou pré
escolarizar uma criança, vaciná-las, integrar melhor os conselhos de um centro de nutrição, poupar para
poder participar a uma formação ao emprego, solicitar um empréstimo produtivo, praticar um método de
espaçamento entre nascimentos.
Em vários casos, ela aumenta notavelmente o alcance das ações, sobretudo para as ações que
requerem uma mudança de comportamento da família : as mensagens relativas a nutrição, ao planejamento
familiar, a busca de um emprego, a continuidade de uma formação passam muitas vezes melhor através
das visitas domiciliares permitindo discussões individualizadas, que através de reuniões numerosas.
Isso parece particularmente claro para as famílias as mais marginais, para as quais a informação
publica é raramente decisiva. É o que rende o Acompanhamento Familiar tão interessante para programas
urbanos que procedem muitas vezes em meio semi-desenvolvido, onde nosso publico alvo é constituído
dos 20 a 50 % de famílias muito carentes : justamente as famílias para as quais as informações clássicas
repassadas publicamente e a existência dos serviços públicos, não tiveram o efeito determinante.
É também uma ação que aumenta a eficácia das outras atividades facilitando sua integração. Ela
permite de fato de relacionar para uma mesma família um esforço de poupança com a possibilidade de
matricular a criança na escola ou de inscrever-se numa formação, de fazer a relação entre o espaçamento
entre nascimentos e o estado de nutrição da criança mais nova (ou o fato de conservar um emprego), ou
ainda por exemplo, de relacionar o serviço da creche com o acesso ao emprego...
5. Uma boa maneira de preparar a continuidade
A primeira fase de um programa urbano consista quase sempre a lançar, analisar e selecionar as
ações que dão os melhores resultados, e ajustá-los as necessidades e as capacidades dos beneficiados. A
segunda fase visa geralmente em aumentar ao mesmo tempo a qualidade e o volume das ações, até atingir
percentagens de coberturas significativas.
Depois dessas ações consolidadas, encontramo-nos diante uma terceira fase, onde as famílias
poderão medir o interesse das ações, e onde certos serviços públicos desenvolveram-se e podem transmitir
respostas, se as famílias os solicitam e se elas estão prontas a pagar caso necessário. Nesse contexto, o
trabalho de Acompanhamento Familiar pode contribuir de forma eficaz a continuidade de certos serviços,
porque ele contribua a :
- Incentivar as famílias a agir elas mesmas em resposta a suas necessidades.
- Incentivá-las a utilizar os serviços públicos existentes, que serão depois estimulados pelos pedidos dessas
famílias.
Particularmente eficaz para essa terceira fase, o Acompanhamento Familiar permite enfim um
retrocesso progressivo de um bairro. Já o vimos, por exemplo em certos bairros de São Luís ou Fortaleza,
onde os quotas de famílias " elegíveis " para esse acompanhamento diminuíam a medida do
desenvolvimento " natural " da área. Em outros casos, o Acompanhamento Familiar solicita a emergência
de uma necessidade diferente (repetência escolar, violência familiar, delinqüência juvenil), necessitando
outros tipos de respostas...
Emmanuelle Six est responsable du programme d'accompagnement des familles pour Inter Aide à Antananarivo.
Ces fiches ont été écrites à partir de son expérience. Tradução ESSOR
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1. Uma ação que concentra-se ao centro dos problemas