GÊNEROS LITERÁRIOS Prof. Adriano Melo A LITERATURA É A ARTE QUE SE MANIFESTA PELA PALAVRA, SEJA ELA FALADA OU ESCRITA. Na Antiguidade Clássica os textos literários dividiam em em três gêneros: GÊNERO LÍRICO GÊNERO DRAMÁTICO GÊNERO ÉPICO Gênero Lírico Seu nome vem de lira, instrumento musical que acompanhava os cantos dos gregos. Textos de caráter emocional, centrados na subjetividade dos sentimentos da alma. Tem a presença do “eu-lírico”, a voz que fala no poema . O emissor é personagem única desse tipo de mensagem Soneto de Fidelidade De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama, Eu possa me dizer do amor (que tive) Que não seja imortal posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS Predominam as palavras e pontuações de 1a. pessoa. Segundo Aristóteles, a palavra cantada. É importante ressaltar que o “eu-lírico” pode ser masculino ou feminino independente do autor. EU - LÍRICO Assim, podemos encontrar: Autor masculino eu-lírico masculino Autor masculino eu- lírico feminino Autor feminino eu- lírico feminino Autor feminino eu- lírico masculino OUTRO EXEMPLO DE GÊNERO LÍRICO Autor masculino – eu lírico masculino Trecho do poema “Ainda Uma Vez , Adeus”, de Gonçalves Dias, que escreveu este poema após encontrar-se pela última vez, em Portugal, com sua amada Ana Amélia, à qual renunciara por imposição da família da jovem, de diferente classe social, destinada a casar-se com outro. Ainda uma vez adeus... "Enfim te vejo! - enfim posso, Curvado a teus pés, dizer-te Que não cessei de querer-te, Pesar de quanto sofri. Muito penei. Cruas âncias, Dos teus olhos afastado, Houveram-me acabrunhado A não lembrar-me de ti! (...) Louco, aflito, a saciar-me D'agravar minha ferida, Tomou-me tédio da vida, Passos da morte senti; Mas quase no passo extremo, No último arcar da esperança, Tu me vieste à lembrança: Quis viver mais e vivi! Como podemos observar, o gênero lírico é aquele que expressa um sentimento pessoal Segundo Hegel, seu conteúdo "é a maneira como a alma, com seus juízos subjetivos, alegrias e admirações, dores e sensações, toma consciência de si mesma no âmago deste conteúdo" AGORA VAMOS VER UM EXEMPLO DE OBRA LÍRICA CUJO AUTOR E EU- LÍRICO SÃO FEMININOS. OBSERVE COMO HÁ MARCAS DE GÊNERO FEMININO EM VÁRIAS PARTES DO POEMA. ANA CAROLINA - GARGANTA Minha garganta estranha Quando não te vejo Me vem um desejo Doido de gritar Venho madrugada Perturbar teu sono Como um cão sem dono Me ponho a ladrar Minha garganta arranha A tinta e os azulejos Do teu quarto, da cozinha Da sala de estar (2X) Atravesso o travesseiro Te reviro pelo avesso Tua cabeça enlouqueço Faço ela rodar (2x) Sei que não sou santa Às vezes vou na cara dura Às vezes ajo com candura Pra te conquistar Mas não sou beata Me criei na rua E não mudo minha postura Só pra te agradar Vim parar nessa cidade Por força da circunstância Sou assim desde criança Me criei meio sem lar Aprendi a me virar sozinha E se eu tô te dando linha É pra depois te abandonar...(4x) GÊNERO ÉPICO OU NARRATIVO GÊNERO ÉPICO OU NARRATIVO A palavra "epopéia" vem do grego épos, ‘verso’+ poieô, ‘faço’ e se refere à narrativa em forma de versos, de um fato grandioso e maravilhoso que interessa a um povo. O GÊNERO ÉPICO O gênero épico: narrações de fatos grandiosos, centrados na figura de um herói. Tem a presença de um narrador Segundo Aristóteles, a palavra narrada. é provavelmente a mais antiga das manifestações literárias. Ele surgiu quando os homens primitivos sentiram necessidade de relatar suas experiências, centradas na dura batalha de sobrevida num mundo caótico, hostil e ameaçador. Os elementos essenciais ... Na estrutura épica temos: o narrador, o qual conta a história praticada por outros no passado; a história, a sucessão de acontecimentos; as personagens, em torno das quais giram os fatos; o tempo, o qual geralmente se apresenta no passado e o espaço, local onde se dá a ação das personagens. Neste gênero, geralmente, há presença de figuras fantasiosas que ajudam ou atrapalham no curso dos acontecimentos. Presença de mitologia greco-latina contracenando heróis mitológicos e heróis humanos. Quando as ações são narradas por versos, temos o poema épico ou Epopeia. Dentre as principais Epopeias, temos: Ilíada e Odisséia. GÊNERO NARRATIVO O GÊNERO NARRATIVO é visto como uma variante do Gênero Épico, enquadrando, neste caso, as narrativas em prosa. TIPOS DE NARRATIVA: Romance Novela Conto Fábula Conto: é uma narrativa de curta extensão, devendo restringir-se a apenas um fato. O tempo, o espaço e o número de personagens são reduzidos. Exemplos: Contos, de Machado de Assis; Contos Gauchescos, de Simões Lopes Neto; Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa. Novela: não pode ser associada de forma alguma à telenovela. Por falta de uma definição mais precisa, dizemos que a novela, no que diz respeito à sua extensão, encontra-se entre o conto e o romance, ou ainda, é o gênero que condensa os elementos do romance. Exemplos: O Alienista, de Machado de Assis; A Hora da Estrela, de Clarice Lispector; O Pêndulo do Relógio, de Charles Kiefer. Romance: não se trata, necessariamente, de uma história de amor. Tal concepção equivocada surgiu possivelmente junto com o próprio gênero, ou seja, no período romântico, o que talvez explique a origem da confusão. O romance é a mais longa das narrativas, apresentando as seguintes características: vários fatos que ocorrem simultaneamente, um elenco de personagens, tempo e espaço sem restrição. O romance tradicional estrutura-se a partir de um enredo que, normalmente, divide-se em cinco partes: situação inicial, complicação, desenvolvimento, clímax e desfecho. De maneira mais simples, podemos falar na seqüência harmonia, desarmonia e harmonia, ou seja, a situação inicial de equilíbrio é rompida e a história somente poderá chegar a seu final com a retomada do equilíbrio. Exemplos: A Moreninha, de Macedo; Dom Casmurro, de Machado de Assis; O Cortiço, de Aluísio de Azevedo; O Continente, de Érico Veríssimo; Cães da Província, de Assis Brasil.