FACULDADE ESTADUAL DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS UNIÃO DA VITÓRIA – PARANÁ FAFIUV EXPEDIENTE ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ISSN 1908-0559 REALIZAÇÃO Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras União da Vitória – Paraná - FAFIUV Comissão de Pesquisa e Desenvolvimento- CPD DIREÇÃO DA FAFIUV Bel. Valderlei Garcias Sanches VICE-DIREÇÃO DA FAFIUV Profª. Ms. Leni Trentin Gaspari COMISSÃO ORGANIZADORA Prof. Dr. Rafael Noleto Prof. Ms. Samon Noyama Prof. Dr. Sandra Regina Moraes Prof. Dr. Simão Nicolau Stelmastchuk i Sumário Programação ................................................................................................................................ 1 Biologia ........................................................................................................................................ 2 Comissão Científica ............................................................................................................................. 2 Resumos .............................................................................................................................................. 3 Artigos ............................................................................................................................................... 33 CATEGORIZAÇÃO DA ESTRUTURA TRÓFICA DE MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS DO RIO CLARO NO MUNICÍPIO DE MALLET-PR .......................................................................................... 33 RETIRADA DE ENXAMES NIDIFICADOS E TRANSITÓRIOS DE ABELHAS AFRICANIZADAS NAS ÁREAS URBANAS DAS CIDADES DE UNIÃO DA VITÓRIA - PR E PORTO UNIÃO - SC, VISANDO A PRODUÇÃO APÍCOLA ORGÂNICA E UTILIZANDO METODOLOGIA INOVADORA ................................................................................................ 48 Formação de professores, Prática de Ensino, didática, metodologias e avaliação .......................... 71 Comissão Científica ........................................................................................................................... 71 Resumos ............................................................................................................................................ 72 Artigos ............................................................................................................................................... 80 O TRABALHO PEDAGÓGICO COM CRIANÇAS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ....................................................................................................................... 80 A EDUCAÇÃO NA ESCOLA ÉTNICA UCRANIANA DE UNIÃO DA VITÓRIA ―ESCOLA PADROEIRO DIVINO ESPÍRITO SANTO‖ (1902 – 1924)....................................................... 98 Diversidade, Inclusão, Violência, Gênero, Drogas e Sexualidade na escola .................................. 116 Comissão Científica ......................................................................................................................... 116 Resumos .......................................................................................................................................... 117 Artigos ............................................................................................................................................. 125 A PSICOMOTRICIDADE COMO INSTRUMENTO DE PREVENÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ............................................................................................................... 125 Fundamentos, Políticas Públicas e Gestão da Educação ............................................................. 143 Comissão Científica ......................................................................................................................... 143 Resumos .......................................................................................................................................... 144 Artigos ............................................................................................................................................. 153 O LUDICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM ................................... 153 Linguística ................................................................................................................................ 173 Comissão Científica ......................................................................................................................... 173 Resumos .......................................................................................................................................... 174 Artigos ............................................................................................................................................. 192 ii A PERSONIFICAÇÃO NAS FÁBULAS ................................................................................... 192 HISTÓRIAS EM QUADRINHOS: UM GÊNERO MOTIVADOR........................................... 207 Línguas Estrangeiras ................................................................................................................. 222 Comissão Científica ......................................................................................................................... 222 Resumos .......................................................................................................................................... 223 Literatura ................................................................................................................................. 227 Comissão Científica ......................................................................................................................... 227 Resumos .......................................................................................................................................... 228 Artigos ............................................................................................................................................. 246 CORDEL COMO RECURSO PEDAGÓGICO.......................................................................... 246 O DESCENTRAMENTO DO SUJEITO NA POÉTICA DE HILDA HILST ........................... 260 ―MEU NOME É EU!‖................................................................................................................. 281 POESIA NA VOZ E NO SOM: .................................................................................................. 298 PRODUÇÃO CANCIONAL DE PAULO LEMINSKI .............................................................. 298 O HUMOR NAS CRÔNICAS DE LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO....................................... 317 Matemática .............................................................................................................................. 332 Comissão Científica ......................................................................................................................... 332 Resumos .......................................................................................................................................... 333 Artigos ............................................................................................................................................. 349 PARADOXOS MATEMÁTICOS: ALGUNS APONTAMENTOS .......................................... 349 A GEOMETRIA NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL ..................... 357 A UTILIZAÇÃO DE UM EXPERIMENTO PARA O ESTUDO DA TERMODINÂMICA: UMA PROPOSTA DE ENSINO ................................................................................................ 377 OS REGISTROS DE REPRESENTAÇÃO SEMIÓTICA: UM OLHAR SOBRE A MODELAGEM MATEMÁTICA ............................................................................................... 394 AS CONTRIBUIÇÕES DO LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM ....................................... 405 ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE FRAÇÕES COMO FONTE DE ANÁLISE DE ERROS ........ 415 Comissão Científica ......................................................................................................................... 434 Resumos .......................................................................................................................................... 435 Estética e Cultura...................................................................................................................... 440 Comissão Científica ......................................................................................................................... 440 Resumos .......................................................................................................................................... 441 Artigos ............................................................................................................................................. 444 iii CONTRACULTURA: UMA ANÁLISE DA VISÃO CONTEMPORÂNEA SOBRE O EPICURISMO E O MOVIMENTO HIPPIE .............................................................................. 444 A QUESTÃO DA TÉCNICA EM HEIDEGGER ...................................................................... 457 O PAPEL DA ARTE NA FORMAÇÃO DO HOMEM GREGO EM PLATÃO ...................... 465 Geografia ................................................................................................................................. 479 Banca Avaliadora ............................................................................................................................. 479 Resumos .......................................................................................................................................... 480 Artigos ............................................................................................................................................. 487 ALFABETIZAÇÃO ECOLÓGICA EM SÉRIES INICIAIS: .................................................... 487 DEBATENDO OS RECURSOS HÍDRICOS EM SALA DE AULA ........................................ 487 INSTRUMENTALIZAÇÃO NO ENSINO DE GEOGRAFIA NO OBSERVATÓRIO GEOGRÁFICO ANDRÔMEDA, EM UNIÃO DA VITÓRIA – PARANÁ. ............................. 494 MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE ......................................................................... 508 EDUCAÇÃO AMBIENTAL UM DEVER DA ESCOLA ......................................................... 519 História .................................................................................................................................... 530 Comissão Científica ......................................................................................................................... 530 Resumos .......................................................................................................................................... 531 Quimica.................................................................................................................................... 545 Comissão Científica ......................................................................................................................... 545 Resumos .......................................................................................................................................... 546 Fotos do Evento........................................................................................................................ 552 Fotos da Abertura ........................................................................................................................... 552 Fotos das Comunicações Orais ........................................................................................................ 556 Fotos da Apresentação de Painéis .................................................................................................. 575 iv Programação 03.11.2011 Quinta-feira 19h - Abertura 19h30 - Conferência: Profa. Dra. Sueli Èdi Rufini (SETI/UEL) 20h40 - Conferência: Prof. Dr. Franklin Trein (CAPES/UFRJ) 04.11.2011 Sexta-feira 13h30 – 15h30 - Primeira sessão de apresentação oral 15h40 – 17h20 - Segunda sessão de apresentação oral 17h30 - Palestra: Prof. Dr. Franklin Trein (CAPES/UFRJ) (para docentes e agentes universitários) 19h – 22h20 - Terceira sessão de apresentação oral 05.11.2011 Sábado 08h30 – 12h30 - Quarta sessão de apresentação oral (pós-graduação) 13h30 – 14h30 - Exposição coletiva de pôster (presencial) 15h - Encerramento do evento. 1 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Biologia Comissão Científica Docentes que foram membros das bancas de avaliações dos trabalhos da seção Biologia, na forma oral e de painel, durante o evento. Ana Carolina de Deus Bueno Camila Juraszek Fabiane Fortes Josimar Mariano Borille Laurindo Dalla Costa Rafael Bueno Noleto Rogério Antonio Krupek 2 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Resumos Halticus SP. (HEMÍPTERA: MIRIDAE) EM CULTURAS DE Avena strigosa , Vicia villosa E Phaseolus vulgaris NO SUL PARANAENSE Aline Bonk (IC), Daniela Roberta Holdefer (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas, Iniciação Científica – Fundação Araucária. Palavras Chave: leguminosa, feijão, praga Resumo: Em sistemas agrícolas nas propriedades de cinco agricultores nas cidades de: Porto Vitória (A), União da Vitória (B e C), Paula Freitas (D) e Cruz Machado (E) – PR, em áreas de 100m² no período de maio de 2009 a janeiro de 2010, cultivou-se, no ciclo de inverno, cobertura verde composta por aveia preta (Avena strigosa) e ervilhaca peluda (Vicia villosa) inoculada com rizobium específico. No ciclo de verão, as mesmas áreas foram utilizadas para o cultivo de feijão (Phaseolus vulgaris) variedade manteiguinha em plantio direto sob a biomassa desenvolvida nos meses anteriores. Ao solo foi adicionado pó de basalto que serviu como remineralizador nos dois respectivos ciclos. Um total de oito armadilhas do tipo pit falls foram distribuídas em cada área, sendo o material coletado a cada sete dias, triado e armazenado no Laboratório de Ecologia da Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória – PR. Entre os insetos coletados houve a presença de Halticus sp., mirídeo que possui poucos estudos referentes no Brasil, é considerada uma praga muito prejudicial no início de temporada em leguminosas, e prevalece no período mais quente do ano. Do total de Halticus sp. coletados 19.8% ocorreram entre os meses de maio e outubro, 1º ciclo. Os meses de novembro, dezembro a janeiro tiveram uma freqüência relativa de 37.4%, 19.6% e 23.5%, respectivamente. As áreas A e B contaram com 27.9% e 26.3% do total de Halticus sp. coletado, já a área D contou com 18.8%, a E com 16.3% e a área C com 10.8%. A espécie prevaleceu a partir do mês de novembro quando o feijoeiro iniciou o seu ciclo, pois ocorre uma dependência de Halticus sp. por períodos mais quentes e pelo desenvolvimento do hospedeiro. 3 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE AGROTÓXICOS EM TRABALHADORES RURAIS NO MUNICÍPIO DE PAULO FRONTIN- PR Bruna Cristina Markevicz (G), Géssica de Fátima Przybysz (G), Josimar Mariano Borille (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas. Palavras Chave: Avaliação; Agrotóxicos; Trabalhador Rural; Saúde; Intoxicação Resumo: Os agrotóxicos são produtos químicos e tem por principal finalidade controlar as pragas que atingem e danificam a produção agrícola, sendo também utilizados como desfolhantes, estimulantes e inibidores de crescimento. Estes produtos vêm sendo utilizados em grande escala e por isso o presente trabalho tem por objetivo avaliar a utilização dos agrotóxicos pelos trabalhadores rurais do município de Paulo Frontin- PR. Para que esta avaliação fosse realizada, elaborou-se um questionário, o qual contém questões relevantes sobre os trabalhadores e seu envolvimento com os agrotóxicos. O questionário foi aplicado pelos agentes comunitários de saúde da área rural do município, perfazendo um total de 250 agricultores entrevistados. Os resultados obtidos demonstraram que esses agricultores trabalham, em sua maioria, a mais de 20 anos em atividades que envolvam agrotóxicos (40,8%). A monocultura do fumo é predominante entre eles, sendo que 87,2% dos entrevistados afirmaram cultivá-lo em suas propriedades. Os trabalhadores rurais entrevistados ficam bastante tempo expostos a produtos considerados altamente tóxicos, sendo que 56% deles entram em contato com os agrotóxicos de uma a sete vezes por semana. Com relação à saúde desses trabalhadores, foi possível notar que apesar da utilização freqüente dos equipamentos de proteção individual, relatada por eles, 52,8% deles têm sintomas de intoxicação após o contato com os agrotóxicos, porém destes que afirmaram sentirem-se mal, apenas 4,4% relatou ter se intoxicado e necessitado de hospitalização. Quanto a doenças, 84% afirmaram não apresentar nenhum das doenças listadas. Praticamente todos os agricultores realizam a tríplice lavagem das embalagens e estes ainda devolvem-nas no local indicado em nota fiscal. É notável que os agrotóxicos representem grandes riscos quando utilizados de forma indevida, tanto para a natureza, quanto para o homem, neste sentido é importante que mais pesquisas envolvendo este tema sejam desenvolvidas, para conhecer a realidade e intervenções sejam feitas diminuindo esses riscos. 4 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 LEVANTAMENTO DE DANOS EM APIÁRIOS ORGANICOS COMERCIAIS CAUSADOS POR IRARA, Eira barbara (Linnaeus, 1758), NA REGIÃO DO RIO FARIAS – MUNICÍPIO DE GENERAL CARNEIRO - PARANÁ Casemiro Jenhevski (G), Ernesto Dietrich Hartmut Breyer(PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Biologia. Palavras Chave: Irara. Apicultura. Colmeias. Danos. Resumo: Este trabalho teve por objetivo geral buscar informações sobre a espécie Eira barbara, seus hábitos alimentares, sua atuação na predação de colmeias orgânicas de abelhas africanizadas criadas comercialmente, como acontece essa predação, em quais horários do dia e em que condições climáticas, qual a época do ano essa predação ocorre. Quais fatores favorecem a Irara na sua predação Foram levantados os danos causados por este animal em um grupo de apiários orgânicos explorados comercialmente na Fazenda Rio Farias, município de General Carneiro – Paraná. Este grupo de apiários pertence a apicultor particular que se dispôs a cooperar com o presente estudo e levantamento. O presente trabalho mostrou uma realidade que a cada ano que passa tende a aumentar, ou seja, o desequilíbrio ecológico, com grande contribuição do ser humano, trazendo danos, com enormes prejuízos ao homem. A natureza em desequilíbrio traz consequências futuras que devem ser minimizadas, muitas vezes com gastos de tempo, energia, dinheiro, isso depois que grandes prejuízos foram computados ao longo do tempo. A área em estudo mostrou a realidade dos fatos, cujas consequências, já tinham sido sentidas por outros apicultores da região. O aumento da população de uma espécie, sem controle, por falta de predadores, causa prejuízos para outras espécies, principalmente ao homem que tem o seu sustento e de seus familiares, retirados da agropecuária. 5 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA DA ESPÉCIE TITYUS COSTATUS NA CIDADE DE PORTO UNIÃO - SC Crislaine Vanessa Ubinski (G), Clovis Roberto Gurski (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas. Palavras Chave: Tityus costatus; explosão demográfica; Santa Catarina. Resumo: O presente trabalho teve como problema principal a explosão demográfica da espécie Tityus costatus na cidade de Porto União – SC e através de dados obtidos e coletados averiguarem quais fatores estão relacionados com esse desequilíbrio ecológico, que foi encontrado com ênfase no bairro São Pedro no município de Porto União – SC. No Brasil, acidentes por escorpiões são considerados de importância médicasanitária, não só pela incidência, mas também pela potencialidade do veneno de algumas espécies em determinar quadros clínicos graves, às vezes fatais, principalmente em crianças. Todos os escorpiões de interesse médico no Brasil estão agrupados no gênero Tityus (BÜCHERL, 1968). O objetivo geral proposto neste trabalho tem como função a compreensão de quais os fatores estariam correlacionados com o número de escorpiões, e assim, colaborando para esse desequilíbrio.Para que fosse desenvolvido esse trabalho, foi realizada uma contagem mensal da população de escorpiões em um terreno urbano abandonado, no bairro São Pedro, município de Porto União – SC, durante o período de novembro de 2009 á novembro de 2010, foram obtidos dados, junto a Secretaria Municipal de Porto União – SC, sobre acidentes ocorridos com escorpiões no período de 2007 á 2010 e dados meteorológicos cedidos pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A (EPAGRI). O conjunto desses dados obtidos e coletados forneceu uma correlação com o aumento da população dos escorpiões encontrados em residências e terrenos, no bairro São Pedro no município de Porto União - SC. Interpretados e discutidos todos os dados obtidos, os resultados obtidos mostraram que a temperatura média mensal correlacionada com a contagem da população dos escorpiões (r = 0, 82906) apresenta o grau de dependência estatística linear entre as variáveis bastante forte. Mostrando então, que a temperatura apresenta maior correspondência no número da população dos escorpiões da espécie Tityus costatus. 6 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ATIVIDADE DE PECUÁRIA LEITEIRA E PISCICULTURA SOBRE A QUALIDADE DA ÁGUA EM CORPOS DE ÁGUA Daniely Aparecida Rocha dos Passos (G), Rafael Bueno Noleto (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas. Palavras Chave: Nitrato, Nitrito, Oreochromis niloticus. Resumo: A água representa um recurso natural indispensável, pois constitui elemento necessário para o desenvolvimento de todas as formas de vida no planeta, e seu uso abusivo, juntamente com a degradação de sua qualidade, aumenta sua escassez. Sendo assim, este trabalho teve como principal objetivo detectar possíveis alterações no ambientes aquático, causadas pelo acúmulo de Nitrogênio proveniente de pastagens e piscicultura. Para este trabalho utilizou-se a espécie Oreochromis niloticus, popular Tilápia, como bioindicador para verificar respostas genotóxicas aos xenobiontes que estavam presentes na água, através do teste do micronúcleo písceo. Para comparações entre as médias dos grupos foi utilizado o Test-T. O estudo foi desenvolvido em uma propriedade rural, na localidade de São Miguel da Serra, distrito de Porto União- SC, onde a área é composta por campos de pastagens perenes utilizados em pecuária leiteira, além da exploração de piscicultura intensiva. Os resultados obtidos através das análises quantitativas demonstram estar dentro do padrão exigido pela resolução nº 357 CONAMA, para os parâmetros nitrato, nitrito e pH, sendo 10,0 mg/L, 1,0 mg/L e entre 6,0 a 9,0, respectivamente. O teste de micronúcleo písceo foi realizado com 11 peixes da Área de Estudo e 10 do Grupo Controle, cuja comparação não apresentou diferenças significativas. Entende-se que o fator limitante para a sobrevivência de tilápias seja de fato a temperatura, o que ocasionou o grande número de alterações nucleares observadas em ambas as amostras. É conhecido em tilápias que abaixo dos 18ºC seu sistema imunológico fica deprimido e, inferior a 12ºC a mortalidade é alta. Quanto ao resultado com o biomarcador utilizado, baixas temperaturas possivelmente não estão entre a faixa ótima de atividade enzimática da maquinaria do sistema de reparo do DNA, logo a presença de alterações nucleares incluindo o grupo controle pode ser justificada pela baixa temperatura, comum em ambas as amostras. 7 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 VERIFICAÇÃO DO POSSÍVEL POTENCIAL INSETICIDA DE EXTRATO ALCOÓLICO E AQUOSO DE Cinnamomum camphora SOBRE Acanthoscelides obtectus Eduardo Antonio Tusset Araujo (G), Daniela Roberta Holdefer (PQ) Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de biologia. Palavras Chave: Cinnamomum camphora. Inseticida natural. Extrato aquoso folhas/galhos. Resumo: Phaseolus vulgaris, L. o feijão está sujeitos ao ataque de inúmeras pragas. Dentre elas as que atacam os grãos armazenados, popularmente conhecidos carunchos, cujo controle é feito com agrotóxicos perigosos a saúde humana e ao meio ambiente. A preocupação dos consumidores quanto à qualidade dos produtos e os prejuízos quanto ao uso incorreto de agrotóxicos, têm motivando novas técnicas de controle biológico. Produtos vegetais como inseticida no combate a pragas vem ganhando uma maior atenção, pois estão na maioria dos casos associados nas plantas, à defesa contra a fauna e patógenos. Esta pesquisa foi realizada por meio de amostragens, blocos casualizados, tendo por objetivo avaliar a eficácia do princípio ativo contidos em diferentes partes, folhas, galhos e sementes de Cinnamomum camphora em meio aquoso, alcoólico e em forma de pó verificando o possível potencial como inseticida natural sobre Acanthoscelides obtectus Say, 1831. Testou-se em laboratório a resistência da praga e analisou-se a eficiência dos extratos. A partir de um total de 108 h de observação onde cada recipiente plástico recebeu 10 carunchos, tendo um total de 20 amostras utilizando diferentes partes vegetais em diferentes concentrações, mediante testemunha. A análise estatística com o programa Assitat versão 7.5 beta (2011) os resultados permitiram concluir que Cinnamomum camphora é eficaz no controle do A. obtectus. Nas 108 horas de exposição a primeira hora apresentou resultados mais significativos, onde houve o maior índice de mortalidade. Os prováveis princípios ativos são terpenos e o linalol. Os tratamentos com sementes tanto alcoólico quanto aquoso apresentou baixa eficiência na mortalidade. Os diferentes extratos aquoso ou alcoólico com concentração de 50 % obtiveram um numero maior de mortalidade. O tratamento com pó foi mais eficaz nas ultimas horas. Tanto extratos aquoso, quanto alcoólicos foram eficientes como inseticida, O provável principio encontra-se galhos e folhas. 8 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ESTUDO SOBRE ALELOPÁTIA DE EXTRATOS DE Pínus taeda SOBRE A GERMINAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE Lactuca sativa (ALFACE). 2 2 2 Emerson Carlos Rodrigues (PG), Gilvane Bueno (PG), João Maria de Oliveira (PG), Sandro 2 2 1 Daniel Drosdoski (PG), Thiago Marcos Miskiewcz (PG), Daniela Roberta Holdefer (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória 1 2 (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas , Coordenação de extensão e Pós-graduação . Palavras-chave: Alelopatia; Pinus taeda; Lactuca sativa.. Resumo: A alelopatia caracteriza-se pelos efeitos danosos ou benéficos sobre o desenvolvimento da vegetação, causados por substâncias químicas produzidas e liberadas para o ambiente por uma planta. Com o objetivo de avaliar o potencial alelopático de Pinus taeda, foram realizados testes com extratos aquosos sobre sementes de Lactuca sativa (alface). Os extratos aquosos foram obtidos através da trituração de partes da planta, sendo casca, folhas, serrapilheira e raízes. Os experimentos foram conduzidos em blocos ao acaso, sendo quatro repetições e cinco tratamentos, sendo analisados os caracteres germinação, e comprimento das raízes, folhas e hipocótilos. As análises de germinação foram realizadas após 72 horas de exposição das sementes aos extratos aquosos, a análise do comprimento das raízes, folhas e hipocótilos foram realizadas após 120 horas. Os dados, tanto de germinação quanto de desenvolvimento, foram submetidos ao teste de ANOVA, seguido pelo teste de Tukey a 1% e 5%. Observou-se que o extrato aquoso de folhas de Pinus taeda inibiu a germinação, os extratos de serrapilheira influenciou consideravelmente na germinabilidade, enquanto que os tratamentos com raiz e casca apresentaram índices próximos do experimento testemunha. Quanto ao crescimento, a parte radicular, as folhas e os hipocótilos foram mais afetados pelos extratos aquosos de raízes, apresentando redução no tamanho, necroses, ausência de pêlos absorventes e formação de raízes laterais. Os resultados obtidos mostraram a presença de substâncias inibidoras nos extratos, revelando potencial alelopático para a espécie avaliada. 9 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE MORADORES DO MUNICÍPIO DE SÃO MATEUS DO SUL – PR COM RELAÇÃO À ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) DO RIO VELHO E O PARQUE MUNICIPAL DA PALMEIRINHA Fernanda de Lima de Castro (PG), Daniela Holdefer (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Coordenação de Extensão e Pós-Graduação Palavras Chave: percepção ambiental, unidades de conservação, áreas protegidas. Resumo Resumo: A percepção ambiental é hoje, um tema recorrente que vem colaborar para a consciência e prática de ações individuais e coletivas, desse modo, o estudo da percepção ambiental é relevante para que se possa compreender melhor as inter-relações entre o homem e o ambiente, suas expectativas, suas satisfações e insatisfações, expectativas, julgamentos e condutas. Neste trabalho objetivou-se, através da aplicação de questionários, realizar um levantamento da percepção ambiental de moradores do município de São Mateus do Sul – PR e investigar o conhecimento e as opiniões que os mesmos têm sobre o Parque Municipal da Palmeirinha e a Área de Proteção Ambiental do Rio Velho – Unidades de Conservação estas, existentes neste município. Os questionários foram aplicados a 100 munícipes no período compreendido entre 01/08/2011 à 09/09/2011. Tal questionário constou de 15 questões objetivas incluindo dados pessoais e espaços para observação. Através dos resultados obtidos observou-se que 85% dos participantes da pesquisa sabem o que é uma área protegida. Tratando-se do conhecimento dos participantes com relação a existência das duas Unidades de Conservação observou-se que 67% destes não conhecem a Área de Proteção Ambiental do Rio Velho e 71% não conhecem o Parque Municipal da Palmeirinha. Quando questionou-se sobre a opinião dos mesmos com relação a importância da existência destas unidades de conservação no município, verificou-se que apesar da falta de conhecimento destes com relação a existência das respectivas áreas, a maioria dos participantes acham importante existir estas unidades no município. Desta forma conclui-se que a população de São Mateus do Sul tem um bom conhecimento sobre o que é uma área protegida. Conclui-se também que a Área de Proteção Ambiental do Rio Velho e o Parque Municipal da Palmeirinha podem ser considerados “parques de papel”, localidades existentes apenas oficialmente, não sendo demarcadas, nem apresentando nenhuma infra-estrutura local. 10 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 CATEGORIZAÇÃO DA ESTRUTURA TRÓFICA DE MACROINVERTEBRADOS BETÔNICOS DO RIO CLARO NO MUNICÍPIO DE MALLET-PR Francielle Matozo (G), Soeli Lesniowski (G), Ana Carolina de Deus Bueno Krawczyk (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação, PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Campus Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas. Palavras Chave: Palavras-chave: distúrbio, espécies tróficas, teias tróficas. Resumo: A comunidade macrobentônica constitui um grupo de grande importância ecológica nos rios, participando da ciclagem de nutrientes, representando o elo entre produtores e consumidores no sistema aquático, inclusos numa teia complexa de interações com outros organismos e fontes alimentares. Estas relações formam as teias alimentares, intrínsecas relações tróficas entre espécies em um ecossistema natural, descrevendo a biodiversidade, a interação entre as espécies, e a estrutura do ecossistema e sua função. Este estudo teve como objetivo conhecer a comunidade macrobentônica e caracterizá-la aos respectivos grupos funcionais de alimentação existentes no Rio Claro, (Mallet, PR), com posterior modelagem da teia trófica para os períodos seco e chuvoso. As amostragens foram realizadas com amostrador Surber, de out/2010 a fev/2011, em três trechos do rio, determinando as variáveis físicas e químicas da água, a similaridade entre os pontos (agrupamentos cluster - distância de Bray-Curtis), diversidade de Shannon-Weanner, riqueza de Margalef, equitabilidade de Pielou, dominância, análise comparativa da abundância entre os pontos (ANOVA one-way), e representação gráfica do fluxo de energia (software Pajek - Program for Large Network Analysis). Foram mensurados nove descritores das teias obtidas. Foram coletados 1.818 organismos sendo as famílias Chironomidae, Simulidae, Elmidae, e Hydropsychidae, os taxa que mais contribuíram para a comunidade. Dos macroinvertebrados identificados, 1.679 pertenceram ao período seco, e 132 ao período chuvoso. As espécies tróficas mais abundantes foram filtradores-coletores, coletores, fragmentadores e coletores-catadores no período seco, e coletores, coletores-catadores e raspadores no período chuvoso. As características locais e a sazonalidade foi o que mais influenciou no padrão de estruturação, resultando em diferenças entre as teias tróficas. Após o distúrbio da cheia, a teia trófica do período chuvoso foi desestruturada, reduzindo a sua complexidade, porém, devido à resiliência, a comunidade macrobentônica se manteve estável. 11 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 EFEITO ALELOPÁTICO DO EXTRATO AQUOSO DE Ocimum basilicum, Origanum majorana e Mentha SOBRE O CULTIVO DE Daucus carota Géssica de Fátima Przybysz (G), Bruna Cristina Markevicz (G), Josimar Mariano Borille (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação, PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Computação. Palavras Chave: Daucus carota. Mentha sp. Ocimum basilicum. Origanum majorana. Alelopatia Resumo: Das hortaliças cuja parte comestível é a raiz, a cenoura é a que possui o maior valor comercial. Mediante tal demanda os agricultores precisam aumentar sua produção, porém para isso muitas vezes utilizam abusivamente os agrotóxicos. Visando isto, inúmeras pesquisas vêm sendo realizadas para buscar novas formas de aumentar a produtividade das hortaliças em geral. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito alelopático do extrato aquoso de hortelã (Mentha sp.), manjericão (Ocimum basilicum) e manjerona (Origanum majorana) sobre o cultivo da cenoura (Daucus carota) do tipo Brasília. Para isto foram utilizadas duas concentrações do extrato de cada planta, sendo 1% e 5%, com duas repetições cada. O delineamento experimental para a escolha dos canteiros foi por blocos ao acaso. Foram feito quatorze canteiros, sendo doze regados com os extratos e dois apenas com água potável. Para análise dos resultados foram levadas em consideração além dos efeitos dos extratos sobre a morfologia das plantas (mensuração e pesagem de suas partes) as condições do clima e do solo à que estas estavam expostas. Foram analisados o comprimento da parte aérea, da raiz, do tubérculo, o diâmetro do tubérculo, e o teor de massa fresca de cada uma dessas partes. Nossos resultados mostraram que o extrato de manjerona foi o que apresentou maior diferença significativa em relação aos controles e aos demais extratos, mostrando diferença em quase todos os itens variáveis. O extrato de hortelã apresentou diferença significativa em relação às duas concentrações sobre o peso e o comprimento do tubérculo da cenoura. O extrato de manjericão foi o que mostrou menor diferença em todas as variáveis. Apesar de nem todos os extratos apresentarem diferença significativa, ficou evidente que estes promoveram um melhor desenvolvimento das plantas quando comparadas ao controle. 12 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ANALISE DE MORFOLOGIA EXTERNA DA Luffa cylindrica M. Roemer. EM DOIS SISTEMAS NUTRICIONAIS DISTINTOS, PÓ DE BASALTO E ADUBO QUÍMICO (NPK). Gilivã Antonio Fridrich (G), Daniela Holdefer (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação, PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas Palavras Chave: Luffa cylindrica, morfologia externa, sistemas nutricionais. Resumo: A Luffa cylindrica M. Roemer, conhecida como esponja vegetal pertencente à família Cucurbitaceae. O presente trabalho tem por objetivo geral, analisar a morfologia externa da L. cylindrica M. Roemer, em dois tipos de adubação: pó de basalto e adubo químico (NPK). Tendo objetivos específicos realizar descrição do desenvolvimento e morfologia da L.cylindrica; avaliar a eficiência do pó de basalto e adubo químico (NPK) no desenvolvimento da planta. A pesquisa de campo foi realizada em Rio d’ Areia do Meio, área rural, Município de Canoinhas - SC, com área de 450 m² durante os meses de setembro de 2009 a maio de 2010. As coletas dos dados da planta foram realizadas quinzenalmente. Para a realização experimental foi dividido a área em nove blocos, sendo, três contendo pó de basalto, três Adubos Químicos (NPK) e três testemunhas. A analise dos dados morfológicos da L.cylindrica, houve observações como: contagem de sementes germinadas, medição da planta, folhas, flores e frutos, para avaliar seu crescimento e desenvolvimento, houve, contagem das flores, frutos e frutos contaminados. Os resultados mostram que a L.cylindrica em nossa região, possui média de 2,41 m de altura, folhas podem chegar a medir 19 cm de comprimento, 17 cm de largura em média, desenvolvendo, média de 10 flores medindo sete centímetros, 11 frutos medindo 25 cm de comprimento, quantidade de frutos contaminados três frutos por pé em média. O presente trabalho pode-se verificar com relação à germinação e ao crescimento da L.cylindrica, o pó de basalto mostrou-se mais eficiente que o Adubo Químico (NPK). Quando comparado a largura e comprimento da folha, número de flores o Adubo Químico (NPK) é mais eficiente. Na medida das flores, frutos e número de frutos os dois tipos de adubação se mostraram eficientes. Os frutos contaminados, encontrados mais no tratamento com Adubo Químico (NPK). 13 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DO RIO CHARQUEADA EM SUA PORÇÃO URBANA, EM MALLET - PR, POR MEIO DA APLICAÇÃO DO PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO RÁPIDA. Giseli Aparecida Krinski (PG), Sérgio Bazilio (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Curso de Pós Graduação em Biodiversidade: Manejo e Conservação de Recursos Naturais. Palavras Chave: Avaliação Rápida, Hidrologia, Manejo de Recursos Hídricos. Resumo: O rio Charqueada é um dos principais componentes da hidrografia do município de Mallet, localizase a uma latitude 25°52’40” sul e a uma longitude 50°49'16" oeste, na região sudeste do estado do Paraná. Com nascente em zona rural, na localidade de Serro Só e desaguando no Rio Potinga, sua grande importância dá-se pelo fato de ser o manancial de abastecimento público do município. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo principal avaliar a qualidade ambiental da porção urbana deste rio, de onde é retirada a água para tratamento e distribuição à população. Para a realização deste trabalho, foram escolhidos quatro pontos aleatórios que foram fotografados e, após, aplicado o Protocolo de Avaliação Rápida (PAR) proposto por Callisto et. al. (2002), que avalia um conjunto de parâmetros em categorias descritas e pontuadas de 0 a 4, buscando avaliar as características de trechos e o nível de impactos ambientais decorrentes de atividades antrópicas, e de 0 a 5, avaliando as condições de habitat e nível de conservação das condições naturais. Este método foi escolhido devido à eficiência nos resultados e facilidade na aplicação e diagnóstico da qualidade ambiental. Posteriormente a análise dos dados obtidos, conclui-se que, por encontrar-se esta porção estudada em uma área urbana, com despejo de esgoto e lixo, além da presença de edificações, geralmente residenciais, próximas ao leito do rio e apresentando grande incidência de erosão e desmatamento na maioria dos pontos observados, este estudo aponta uma má qualidade ambiental do rio de acordo com o PAR, onde dois dos trechos analisados encontram-se alterados, e dois trechos impactados, necessitando de medidas de recuperação ambiental deste rio, já que o mesmo abastece a cidade. 14 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 AGROBIODIVERSIDADE NO SUL DO PARANÁ E PLANALTO NORTE CATARINENSE: AGROECOLOGIA, LEGISLAÇÃO, POLÍTICAS PÚBLICAS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS. Guilherme Luís Scaramella Gonçalves (PG), Anésio da Cunha Marques (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Coordenação de Extensão e Pós-Graduação Palavras Chave: Biodiversidade, Agrobiodiversidade, Agroecologia, Agricultura Familiar, sementes crioulas. Resumo: As regiões Sul do Paraná e Planalto Norte Catarinense são reconhecidas por terem um grande número de variedades crioulas (locais) de grãos e raízes, caracterizando uma área de elevada Agrobiodiversidade. Isso se deve em muito ao ainda elevado número de propriedade baseadas na agricultura familiar, e a diversos trabalhos conduzidos na área da Agroecologia nos últimos trinta anos. Mas na última década tivemos uma forte mudança de legislação e políticas públicas que influenciou a Agrobiodiversidade local, por isso, a necessidade de uma análise mais aprofundada desse processo, seus desafios e perspectivas. Foram várias as alterações de legislação, sendo que na área de sementes e mudas, com a Lei de Cultivares e a Lei de Sementes e Mudas, que instituem cadastros de cultivares e produtores, e normas mais rígidas, dificultando o trabalho do agricultor familiar e das organizações desse setor. Sobre a Biodiversidade, com a Lei de Biossegurança e as liberações de cultivo comercial de organismos geneticamente modificados (OGM), soja, algodão, milho, e recentemente, feijão e suas normas de coexistência, onde há o perigo de contaminação e inviabilização da agricultura sem OGMs, seja convencional ou agroecológica (orgânica). Na Agroecologia foi elaborado a nova Lei dos Orgânicos, que tem como normas o não uso de agrotóxicos, fertilizantes solúveis e OGM, sendo que não há tolerância quanto a resíduos de OGMs. Nas politicas públicas destaca-se o crédito agrícola com as diversas linhas de financiamento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), mas com as dificuldades de acesso e problemas com o uso de sementes crioulas perante o seguro agrícola. A partir desses fatores fazemos uma análise sobre a situação de todo esse processo das sementes crioulas na região, a atuação dos principais atores (agricultores, organizações, governo, mercado) e quais as possibilidades futuras nos aspectos econômico, social e ambiental. 15 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ANÁLISE CITOGENÉTICA EM Hypostomus derbyi (LORICARIIDAE, HYPOSTOMINAE) COLETADAS NO RIO IGUAÇU – UNIÃO DA VITÓRIA/PR Ivan Rodrigo Wolf (PQ), Carla Andréia Lorscheider (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Biologia. Palavras Chave: Hypostomus derbyi, Citogenética, Rio Iguaçu, União da Vitória. Resumo O gênero Hypostomus, popularmente conhecidos como cascudos, possuí cerca de 150 espécies descritas, sendo o gênero com maior número de espécies da família Loricariidae, dominante na rica ictiofauna neotropical brasileira. Apresentam grandiosa diversidade quanto aos padrões morfológicos e de cor, principalmente as espécies com ampla distribuição geográfica. O Rio Iguaçu que compreende a maior bacia hidrográfica do estado do Paraná localizado a margem esquerda do curso médio do Rio Paraná, possui clima úmido subtropical, seu elevado desnível no terceiro planalto o torna favorável para o aproveitamento hidrelétrico, alterando notavelmente seus atributos ao longo do seu curso formando barreiras para as populações de peixes, propiciando o processo de especiação, com alto grau de endemismo na sua ictiofauna. O objetivo deste trabalho foi estudar citogenéticamente a espécie de Hypostomus derbyi (HASEMAN, 1911), para isso foram coletados 15 exemplares no rio Iguaçu, região de União da Vitória (PR). Foi evidenciado um número diploide de 68 cromossomos, para machos e fêmeas, com fórmula cariotipica de 12m+16sm+40st/a, e NF=96. A análise pela impregnação por prata detectou três pares de cromossomos homólogos portando o sítio de DNAr localizados em regiões telomérica do braço curto dos pares cromossômicos oito (sm) e 15 (st/a) e no braço longo do par 24 (st/a). O bandamento C revelou regiões heterocromáticas em porções teloméricas, pericentroméricas e todo o braço curto de alguns cromossomos. Os dados obtidos são de grande valia para ampliar os conhecimentos sobre o confuso gênero Hypostomus, e estudos com citogenética molecular serão realizados para uma melhor compreensão da espécie endêmica do Rio Iguaçu, Hypostomus derbyi. 16 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 UMA ABORDAGEM BIOPEDAGÓGICA DE COMBATE AO BULLYING Jean Fernando Horny (G), Fabiane Fortes (PG). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas Palavras Chave: Bullying, Metodologias de Ensino, Tema Transversal, Interdisciplinaridade. Resumo: O presente trabalho testou a eficácia de aliar o combate ao Bullying aos conteúdos normais curriculares nas disciplinas de Ciências para sétima série do Ensino Fundamental e na disciplina de Biologia para o segundo ano do Ensino Médio Integrado ao Curso de Formação de Docentes para Séries Inicias e Educação Infantil. Durante oito aulas em cada turma, aliou-se a questão do Bullying aos conteúdos normais programáticos que haviam sido propostos pelos professores regentes de turma. Através de questionários e principalmente analisando-se a nota atingida pelos alunos na avaliação final aplicada após as oito aulas, que considerou os conteúdos curriculares normais aplicados, verificou-se se houve prejuízo, benefício ou se não ocorreu alteração no processo de ensino aprendizagem de Ciências e Biologia para esses alunos. No Ensino Fundamental aliou-se a temática do Bullying como tema transversal ao ensino do Sistema Endócrino. No Ensino Médio aliou-se o Bullying ao ensino das Briófitas e Pteridófitas. Notas acima de seis mostram que aliar Bullying ao conteúdo normal promoveu um ganho no processo de ensino aprendizagem, a baixo de seis apontam que houve prejuízo e iguais a seis mostram que não ocorreu alteração na aprendizagem. Os questionários aplicados consideraram a opinião dos alunos e seu comprometimento com o combate ao Bullying. De forma geral, a maioria dos alunos obteve ganho na aprendizagem ao aliar ao conteúdo normal o tema transversal, sendo que a nota média para o Ensino Fundamental na Avaliação final foi de 8,8 mostrando que não ocorreu prejuízo na aprendizagem. Quanto ao Ensino Médio 83% dos alunos atingiram nota superior a média 6,0. 17 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 RESGATE E REGISTRO DO USO E CONHECIMENTO EMPÍRICO DE PLANTAS MEDICINAIS EM AGROVETERINÁRIA, NO MUNICÍPIO DE CRUZ MACHADO – PR Jocasta Lerner (G), Ernesto Breyer (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas. Palavras Chave: Resgate, Empirismo, Fitoterápicos, Agroveterinária. Resumo: Etnobotânica é a ciência que estuda as interações de pessoas com plantas e tem como principal meio de transmissão desse empirismo a oralidade, sendo o resgate deste conhecimento apenas parte desta ciência. Objetivou-se resgatar e registrar o uso e conhecimento empírico de fitoterápicos em agroveterinária, em Cruz Machado, PR., município do sul paranaense, com altitude média de 950m, com formação vegetal pertencente à Floresta Ombrófila Mista. Para esta pesquisa de cunho histórico-cultural, teve-se como localidades da pesquisa as Linhas Rio das Antas, Santana, Vitória, Nova Concórdia, Charqueada e União além da sede. Foram entrevistadas 61 pessoas através do método não-probabilístico cadeia de informantes. Das plantas mais citadas nas entrevistas, foram feitas coletas e exsicatas. Observou-se que as pessoas mais idosas detêm este conhecimento, não havendo informantes menores de 30 anos. Notou-se que a maioria das pessoas possui apenas as séries iniciais do ensino fundamental completas. Verificou-se que a maioria destas não possui a informação de que medicamento natural pode possuir efeitos colaterais e contra-indicações. Verificou-se que a maioria destas adquiriu este conhecimento com algum familiar, que a maior fonte de consulta para elas é a sua memória, não havendo materiais didáticos repassados de geração para geração, além das “simpatias”, sendo estas repassadas oralmente. Notou-se que a maioria das pessoas não apresenta noções sobre dosagens para o preparo e uso dos fitoterápicos. Observou-se que a maioria dos entrevistados não sabe diferenciar chás entre infuso e decocto. Constatou-se que as plantas mais utilizadas são alho (Allium sativum), araçá (Psidium cattleianum) e cataia (Drimys brasiliensis) para fins veterinários, fumo (Nicotiana tabacum) e pêssego (Prunus persica) para fins agronômicos e veterinários. É notável o uso de cinzas de origem vegetal para fins agronômicos e veterinários. Considera-se a necessidade do oferecimento de cursos sobre manejo e aplicação de fitoterápicos em agroveterinária, também visando incentivar os jovens a conservarem este conhecimento empírico. 18 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 COMUNIDADE DE ORTHOPTERA PRESENTE NO CONTEXTO DA AGRICULTURA ORGÂNICA QUE SE UTILIZA DE REMINERALIZANTE BASÁLTICO NO SUL PARANAEnse Josiane Moreira (G), Daniela Roberta Holdefer (PQ). Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas. Palavras Chave: Gryllidae, Acrididae, Gryllotalpidae, Tettigoniidae, Tetrigidae RESUMO: A utilização do pó de basalto como remineralizante agrícola vem aumentando, cada vez mais. Para testar sua influência sobre a comunidade de insetos da ordem Orthoptera, num contexto orgânico, foram selecionadas cinco propriedades de agricultores recomendados pela EMATER nas cidades de: União da Vitória, Cruz Machado, Porto Vitória e Paula Freitas – PR. As coletas foram realizadas entre dezembro de 2008 e março de 2010 com uso de armadilhas do tipo pit falls. Neles coletou-se Orthoptera, insetos conhecidos popularmente como grilos que se distinguem dos outros insetos ortopteroides por terem as pernas posteriores de tipo saltador, quanto aos hábitos alimentares a maioria é fitófaga, sendo alguns danosos às plantas, alguns são predadores e outros têm hábitos onívoros. Observou-se que cinco famílias compõem as comunidades de Orthoptera no sistema de cobertura de inverno e lavoura de feijão, Acrididae, Gryllidae, Tettigoniidae, Tetrigidae e Gryllotalpidae. Do total de 1.578 exemplares coletados, 343 indivíduos pertencem a propriedade de Porto Vitoria, em Paula Freitas 245, União da Vitoria foram coletados 309 indivíduos na propriedade do Sr Ivo e 267 na do Sr. Pedro e em Cruz Machado a maior coleta de todas 441. Gryllidae foi a família mais numerosa com total de 1.490 representantes, seguida de Acrididae com 87, Tetrigidae com 12, Gryllotalpidae com 9 e Tettigoniidae apenas 7.Sendo que nas propriedades com pó de basalto apresenta Porto Vitoria numero total de 269 indivíduos, media de 89.6 , Cruz Machado 259 media 86,3 ,U.da Vitoria do Sr Ivo 243 e media 81,obtendo maior media nessas três propriedades, União da Vitoria na propriedade do Sr Pedro 212, media 70.6 e Paula Freitas211 media 70.3.Quando comparado no quadrante testemunha(sem adição do pó de basalto) Porto Vitória, media 74,Cruz Machado media 182, U. da Vitoria,na propriedade Pedro media 55, de Ivo media 66 e Paula Freitas media 34. 19 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 AVALIAÇÃO DOS HÁBITOS ALIMENTARES DE ADOLESCENTES MATRICULADOS NA REDE PÚBLICA DE MALLET-PR E SUA RELAÇÃO COMO SOBREPESO E OBESIDADE. Juliane A Turek (G), Vanessa Gavasso (G), Josimar M Borille (PQ). Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas. Palavras-chave: Adolescentes, estado nutricional, hábitos alimentares. Resumo: Os adolescentes são considerados um grupo exposto ao risco nutricional, conseqüência de hábitos alimentares inadequados. Estudos apontam que atividades envolvendo alimentação adequada nas escolas são importantes, pois podem conscientizar os adolescentes para que desenvolvam uma relação responsável com a própria saúde. Este estudo foi realizado com 116 adolescentes de 14 a 18 anos, do Col. Est. Prof. Dario Veloso, Mallet, PR. Objetivou-se neste trabalho diagnosticar o estado nutricional e identificar o consumo alimentar dos adolescentes e sua relação com o rendimento escolar, sobrepeso e obesidade. Para a coleta de dados foi aplicado um questionário de freqüência alimentar, os dados antropométricos e média escolar foram obtidos junto a secretaria do colégio, no segundo semestre de 2010. Os dados coletados mostraram que a alimentação dos adolescentes não é adequada, pois há predominância na ingestão de produtos hipercalóricos, ricos em açucares e gorduras, isso é bem perceptível no período da tarde, quando a ingestão de fast food destacam-se entre os alimentos mais consumidos no lanche da tarde, e como esses adolescentes estudam no período da tarde deveriam ter uma alimentação mais equilibrada. O lanche da tarde foi a refeição em que os alimentos hipercalóricos foram mais citados, porém, cabe salientar que esses alimentos já são citados no café da manhã. Também foi constatado que cerca de 71% dos adolescentes encontra-se com o peso ideal, 14% está com baixo peso, 16% com excesso de peso. Os resultados indicaram que fatores como baixa escolaridade dos pais, as propagandas divulgadas pela mídia, a ausência dos pais durante as refeições estão diretamente ligados ao padrão alimentar e conseqüentemente ao estado nutricional. Os hábitos dos adolescentes pesquisados indicaram a necessidade de um trabalho educativo de sensibilização de pais, professores, profissionais da saúde e educandos, para o consumo saudável e equilibrado de alimentos na busca de promover a saúde. 20 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 REPERTÓRIO COMPORTAMENTAL DO ESCORPIÃO Tityus costatus (SCORPIONES, BUTHIDAE) EM CATIVEIRO. Juliane Trevisan (G), Clovis Roberto Gurski (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Computação. Palavras Chave: Tityus costatus; comportamento animal; Santa Catarina. Resumo: O presente trabalho teve como objetivo estudar o comportamento da espécie Tityus costatus através de observações feitas em cativeiro, considerando a falta de conhecimento comportamental na região de estudo e o aumento da população dessa espécie nos últimos anos. Foram realizadas coletas no bairro São Pedro na cidade de Porto União no estado de Santa Catarina, os animais coletados foram acondicionados em cativeiro para serem feitas as observações necessárias para a obtenção dos dados dessa pesquisa. O estudo foi conduzido do período de fevereiro a junho de 2010, sendo o mês de fevereiro utilizado para as coletas, o mês de março serviu de adaptação das espécimes no cativeiro e as observações foram feitas diariamente nos meses de abril, maio e junho. Este trabalho justifica-se pela falta de conhecimento comportamental que a espécie Tityus costatus apresenta na área de estudo objetivando assim a se fazer um estudo do comportamento em cativeiro para uma melhor compreensão do conhecimento sobre a espécie através de observações para coleta de dados comportamentais. 21 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 CRESCIMENTO DE Aegla parana Schmitt, 1942 (CRUSTACEA, AEGLIDAE) DA BACIA HIDROGRAFICA DO RIO BONITO NO MUNICIPIO DE PORTO UNIÃO, SC. Karina Rosangela Parastchuk (PG), Derlise Maria Wrublewski (G), Sérgio Bazilio (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas Palavras Chave: Aegla parana, crescimento, Aeglidae. Resumo: Analisou-se o crescimento de Aegla parana Schmitt, 1942, a partir de amostragens mensais realizadas entre dezembro de 2006 a dezembro de 2007, no Rio Bonito região de São Pedro do Timbó e Salto do Rio Bonito no Município de Porto União, SC. Os indivíduos coletados foram medidos quanto ao comprimento e largura do cefalotórax (CC) com auxílio de um paquímetro digital com precisão de 0,01 mm. O crescimento em comprimento de machos e fêmeas de A. parana foi avaliado ela análise das distribuições de freqüências absolutas em intervalos de classe do CC. As modas dos histogramas de freqüências do CC foram verificadas. O crescimento dos indivíduos foi estimado por meio da analise da progressão das modas calculadas, resultando nas curvas de crescimento para machos e fêmeas, respectivamente: Ct= 36,5[ 1 – e 0,0015(t + 6,05) -0,0055(t + 8,05). e Ct= 24,5[ 1 – e .Os machos apresentaram tamanhos maiores que as fêmeas e portanto maior taxa de crescimento ((k= 0,007 e K=0,005 respectivamente). O tempo de vida estimado por intermédio do cálculo da curva de crescimento para A. parana foi de 1,97 anos para os machos e 1,64 anos para as fêmeas. O padrão de crescimento de A. parana é semelhante ao de outras espécies de eglídeos anteriormente estudadas. 22 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 LEVANTAMENTO QUANTITATIVO E POSSIVEIS PREVENÇÕES DE CASOS DE PEDICULOSE NO CENTRO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL "ACONCHEGO DOS PEQUENINOS" NO MUNICIPIO DE PORTO VITÓRIA DO ESTADO DO PARANÁ. Leilane Cristina Azeredo (G), Clovis Roberto Gurski (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas. Palavras Chave: Pediculose, piolhos, Centro de Educação Infantil. Resumo: A infestação por piolho da cabeça Pediculus humanus capitis, conhecida como pediculose é uma importante ectoparasitoses na faixa etária escolar. Em virtude da gravidade do problema, infestação por piolho de cabeça, o presente trabalho se justifica pela preocupação de conhecer biologicamente este inseto, para tratar os problemas de infestação que ocorrem com alunos do Centro Municipal de Educação Infantil “Aconchego dos Pequeninos”. Os objetivos gerais propostos neste trabalho é fazer um levantamento dos casos de Pediculus humanus capitis junto ao Centro de Educação, bem como prestar esclarecimentos biológicos aos pais e professores através de palestras no Centro. Os objetivos específicos propostos a partir dos objetivos gerais será fazer um estudo bibliográfico do tema se utilizando de livros, periódicos e artigos; junto ao Centro de Educação fazer um levantamento quantitativo dos casos de infestação junto aos alunos. O presente trabalho teve sua aplicação no Centro Municipal de Educação Infantil “Aconchego dos Pequeninos”. Em questionário entregue aos pais de alunos do Centro de Educação, durante uma palestra, foi analisada grande incidência de piolhos entre as crianças deste Centro de Educação, analisamos também o modo de tratamento da pediculose por parte dos pais. A dificuldade identificada para a redução da infestação por piolhos no Centro de Educação foi a falta de conhecimento do assunto por parte dos pais. Através de um questionário entregue aos pais, analisamos grande incidência de piolhos entre as crianças do Centro, perguntado aos pais se seus filhos já haviam pego piolhos, 73% dos pais afirmaram que sim e 27% dos afirmaram que não. Perguntando sobre a reincidência de piolhos, 35% afirmam que seus filhos pegaram piolhos uma vez, 17% afirma que seus filhos pegaram piolhos duas vezes, 13% afirmam que seus filhos pegaram piolhos três vezes e 35% afirmam que seus filhos pegaram piolhos mais de três vezes. 23 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 SENSIBILIZAÇÃO DA COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO NÚCLEO ESCOLAR MUNICIPAL JULIANA TOMPOROSKI KRULL – BELA VISTA DO TOLDO SC Maria Amélia Damaso da Silveira (PG), Laurindo Dalla Costa Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas. Palavras Chave: Resíduos sólidos, sensibilização e coleta seletiva. Resumo: Os resíduos sólidos são hoje um dos mais graves problemas ambientais do planeta. A maior parte dos resíduos sólidos que jogamos fora é composta de materiais que podem ser reaproveitados ou reciclados. Esse trabalho teve como publico alvo os estudantes do Núcleo Escolar Municipal “Juliana Tomporoski Krull”, que se localiza na comunidade de Serra do Lucindo no interior do município de Bela Vista do Toldo (SC), sendo que esses estudantes moram em localidades onde não há um programa de coleta seletiva de resíduos sólidos, o qual acaba sendo jogado nos rios ou mesmo queimado, devido à falta de instrução para o fim correto que devem dar ao lixo. Através desse trabalho, pretendeu-se abrir possibilidades do enfoque pedagógico sobre a Educação Ambiental, alertando sobre os malefícios que o descaso com o lixo pode trazer, sensibilizando os estudantes para a prática da educação ambiental, valorizando a natureza e dessa forma fazendo com que os estudantes compreendam a importância da reciclagem para o meio ambiente, levando a hábitos saudáveis e racionais quanto ao que fazer com resíduos gerados. Foi explicado e convidaram-se os alunos a como cooperar na coleta seletiva do lixo, fazendo com que eles entendessem os danos que o descaso com o lixo pode causar ao meio ambiente. Obtiveram-se 1737,85 Kg de resíduos sólidos coletados pelos alunos em seus lares, sendo que 279,25 kg eram de papel, 352,9 era de plástico, 632,7 kg de metal e 473 Kg de vidro. Dessa forma encaminhou-se o material para a reciclagem assim trazendo benefícios a toda comunidade escolar. Fez-se uma projeção do que pode acontecer no futuro, dessa forma, ensinando aos alunos que o lixo é responsabilidade nossa, que ninguém tem o direito de poluir a natureza, pois ela é de todos. 24 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ESTUDO DO FLUXO DE ENERGIA EM PARTE DO CICLO DE VIDA DA Caligo brasiliensis (C. Felder,1862) Marislane Fernandes Stachera (G), Daniela Holdefer (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Ciência Biológicas. Palavras Chave: Caligo brasiliensis, índices nutricionais, fluxo de energia. Resumo: O consumo do alimento, para os insetos, se torna uma condição básica para seu crescimento, desenvolvimento e reprodução. Considerando sempre a quantidade e a qualidade consumida na fase larval, em relação à taxa de crescimento, peso corporal, sobrevivência, fecundidade, longevidade, movimentação e a competição entre adultos. O presente trabalho teve por objetivo geral avaliar o fluxo de energia em parte do ciclo de vida da Caligo brasiliensis (Lepidóptera: Nymphalidae, Brassolinae). Tendo por objetivos específicos, descrever o período de desenvolvimento biológico desde a eclosão do ovo até o estágio adulto bem como, seus dados biométricos; o consumo e utilização de alimento e o fluxo de energia durante a passagem das fases e fornecer dados de criação e desenvolvimento. Os 42 ovos coletados foram divididos em seis blocos de sete ovos. Os indivíduos foram alimentados com folhas de bananeira e posteriormente pesados e medidos para avaliar seu crescimento. Após a quarta ecdise as lagartas apresentam as maiores médias com relação a peso e tamanho. Com relação ao alimento consumido, assimilado e metabolizado, à medida que crescem assimilam menos do alimento que consomem e gastam menos em seu metabolismo, armazenando mais alimento em forma de biomassa. A taxa de consumo, metabólico e crescimento relativo decrescem entre as fases, devidos que, à medida que crescem mais do alimento consumido é destinado ao seu ganho de peso, assim como, do alimento metabolizado, aumentando sua reserva de energia e levando mais tempo para passar de uma fase a outra. Os índices relacionados à eficiência de conversão de alimento digerido e ingerido aumentam de uma fase a outra, ou seja, mais do alimento consumido e assimilado é reservado como biomassa da lagarta. O índice de digestibilidade aproximada diminui entre as fases, visto que a lagarta tende a rejeitar mais do alimento que consome em forma de excremento. 25 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 COMPOSIÇÃO DE UMA COMUNIDADE DE ODONATA EM ÁREA ANTROPIZADA Nilce Svarcz Jungles de Camargo (G), Daniela Holdefer (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas. Palavras Chave: Anisoptera, Libellulidae, Erythrodiplax juliana. Resumo: Odonata são insetos com ciclo de vida extenso, fase larval aquática que pode variar de poucas semanas até cinco anos e adultos aéreos que vivem de alguns dias a todo o verão, tempo suficiente para procurar parceiros e acasalar. Informações relativas a este grupo inexistem na região de Cruz Machado, Paraná, e sobre esta perspectiva, este trabalho tem por objetivo reconhecer a composição desta comunidade em corpo de água antrópico, na localidade Palmeiral, no município citado. As amostragens foram realizadas quinzenalmente, nos períodos de janeiro a maio/2010 e setembro/2010 a maio/2011, perfazendo 28 investidas a campo, com a utilização de uma rede entomológica (puçá). Após estabilização da curva do coletor, verificou-se que 17 espécies pertence à subordem Anisoptera e 8 a subordem Zygoptera. Libellulidae foi representada por Erythrodiplax sp, Macrothemis sp, Orthemis sp, Tramea sp, Dasythemis minky, Erythrodiplax juliana, Erythrodiplax media, Macrothemis flavescens, Micrathyria pirassunungae, Orthemis discolor, Pantala flavescens, Perithemis mooma e Tramea binotata. Coenagrionidae por Oxyagrion sp, Acanthagrion aeopilum e Oxyagrion basale, além de três indivíduos identificados apenas a nível de família. Em Aeshnidae coletou-se Castoraeschna sp, Coryphaeschna sp, Castoraeschna castor e Remartinia luteipennis. Megapodagrionidae por uma espécie: Heteragrion icterops e Protoneuridae também por uma espécie Forcepsioneura haerteli. As coletas apresentaram um menor número de indivíduos nos meses de maio, setembro de 2010 e maio de 2011. Dentre todas as espécies estudadas são importantes: Macrothemis flavescens e Forcepsioneura haerteli, devido pouca informação disponível, o que pode influenciar na construção da nova lista de espécies de animais ameaçados do Paraná. 26 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 RETIRADA DE ENXAMES NIDIFICADOS E TRANSITÓRIOS DE ABELHAS AFRICANIZADAS NAS ÁREAS URBANAS DAS CIDADES DE UNIÃO DA VITÓRIA PR E PORTO UNIÃO - SC, VISANDO A PRODUÇÃO APÍCOLA ORGÂNICA E UTILIZANDO METODOLOGIA INOVADORA Rodrigo Zaluski (G); Ernesto Dietrich Hartmut Breyer (PQ) Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas. Palavras-chave: Abelhas africanizadas. Estratégias de controle. Ambientes urbanos. Resumo: Esta pesquisa visa desenvolver métodos e estratégias adequadas para controlar a incidência de enxames de abelhas africanizadas nas áreas urbanas das cidades de União da Vitória – PR e Porto União – SC, possibilitando sua retirada com segurança e a utilização dos mesmos na produção apícola orgânica, avaliando também os principais fatores que influenciam na sua produtividade. A pesquisa identificou os períodos e os locais com maiores ocorrências de enxames e possibilitou o desenvolvimento de estratégias seguras para a retirada e controle desses enxames. Durante a execução do trabalho houve apoio do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, da empresa Breyer que patrocinou o trabalho e de meios de comunicação para divulgação deste, sendo realizado o atendimento da população para retirada dos enxames nidificados e transitórios, que posteriormente foram manejados para a produção apícola orgânica. Entre agosto de 2010 a março de 2011, foram informados através de telefonemas, a ocorrência de 35 enxames nidificados, 02 enxames de vespas e 27 enxames transitórios de abelhas africanizadas nas cidades de União da Vitória – PR e Porto União – SC. Nesse período também foram armadas 88 caixas-isca, buscando capturar enxames transitórios, antes que estes se alojassem em locais inapropriados e aumentassem os riscos de acidentes. Foram atendidas todas as solicitações, onde foram retirados com sucesso 29 enxames nidificados, 13 enxames transitórios e nas caixasisca dispostas foram capturados 72 enxames, obtendo-se um total de 114 enxames. Ao final do mês de março de 2011 obteve-se 86 enxames, distribuídos equitativamente em três apiários. Devido a captura de enxames com pequenas populações e com rainhas não fecundadas ou em declínio de postura, ao abandono dos enxames, ataque de predadores como Eira barbara (irara) e principalmente condições climáticas desfavoráveis à apicultura, não obteve-se produção significativa na safra 2010-2011 e apenas 40 enxames sobreviveram até o mês de julho de 2011. 27 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 UTILIZAÇÃO DE FONTES PROTEICAS PARA ALEVINOS DE JUNDIÁ (Rhamdia quelen). Rogério Klak Santos (G), Marcos Otávio Ribeiro (PG), Carla Andréia Lorscheider (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas. Palavras Chave: jundiá, fontes protéicas, crescimento. Resumo: O Rhamdia quellen popularmente conhecido como jundiá é uma espécie de peixe que pode ser encontrado desde o sudoeste do México ao centro da Argentina. De grande importância econômica na região Sul do Brasil, sendo uma espécie nativa visivelmente bem habituada aos diversos ambientes, com grande aumento nos viveiros de piscicultura e com excelente aceitação no mercado consumidor, por possuir uma carne saborosa. O presente experimento foi conduzido na Estação de Piscicultura da Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória-PR. O objetivo fundamental deste trabalho é de avaliar o efeito de diferentes níveis de proteína bruta (28, 32, 42 %) na conversão alimentar do jundiá. Foram utilizados 60 alevinos de jundiá, estando separado em três viveiros medindo 10 m², e alimentados com uma refeição ao dia, sendo reajustados a cada 30 dias a quantidade de ração conforme a necessidade, iniciando nos primeiros meses 10% do peso médio e nos últimos dois meses, 3% do peso médio dos alevinos. Os resultados obtidos demonstraram que; na segunda aferição os peixes que receberam tratamento com 32% de PB, apresentaram melhores resultados, sua média de peso oscilou de 2, 87 g inicial para 18.5 g, já na terceira pesagem, os peixes que foram tratados com 42% de PB, expressaram valores mais discrepantes se comparados com os demais tratamentos, variando de 16.5 g na segunda pesagem, para 51,7 g. Tais resultados citados são os mais significativos se forem considerados individualmente. Comparando de maneira geral e considerando o peso final de cada unidade amostral, os peixes que foram tratados com 42% de PB, demonstraram melhor rendimento, corroborando com algumas bibliografias propostas, Mas se formos levar em consideração as pesagens mensais nas diferentes concentrações de PB, podemos afirmar que, as diferenças á partir da terceira aferição, não foram significativas para 42% de PB se comparada com as demais. Ressaltamos que, para melhor expressar os dados, o presente experimento será repetido e os resultados receberão tratamento bioestatístico com o objetivo de aumentar a confiabilidade dos mesmos. 28 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS COMO BIOINDICADORES DAQUALIDADE DA ÁGUA DO RIO CLARO NO MUNICÍPIO DE MALLET – PR Soeli Lesniowski (G), Francielle Matozo (G), Ana Carolina de D. Bueno Krawczyk (PQ) Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Computação . Palavras Chave: monitoramento ambiental, comunidade bentônica, ambientes lóticos. Resumo:A expansão de monocultura e a ocupação humana são agentes antropogênicos que podem alterar a qualidade da água dos rios. Por outro lado, o distúrbio causado pelas cheias, aumentando o fluxo da água, além da troca de nutrientes com a planície de inundação, é um fator natural que altera a estrutura da biota aquática. O presente estudo visou à verificação da qualidade da água do Rio Claro (Mallet- PR) através da coleta de macroinvertebrados bentônicos. As coletas foram realizadas em três pontos estabelecidos num gradiente longitudinal, compreendendo os períodos seco (outubro e novembro/2010) e chuvoso (dezembro e fevereiro/2011). As amostragens foram realizadas através de amostrador do tipo surber (30x30cm). Foi coletada amostra de água em cada ponto, por coleta, para verificação das variáveis físicas e químicas. Em campo, foi aplicado o Protocolo de Avaliação Rápida (PAR) e realizado o georeferenciamento para mapeamento do uso e ocupação do solo da área no entorno dos pontos. Os índices biológicos usados foram: BMWP’, EPT e EPT/C. Os índices de diversidade e seus atributos, além da correlação das variáveis com a estrutura da comunidade demonstraram a estrutura da macrofauna. Os resultados das analises abióticas e bióticas indicaram forte influência da alta precipitação sobre a estrutura da comunidade bentônica. Das variáveis físico-químicas testadas , somente o pH demonstrou significância na influência sobre a comunidade biológica. Quanto à comunidade de macroinvertebrados, houve predominância de organismos da família Chironomidae, Simuliidae, Elmidae e Hydropsychidae. Os índices EPT e EPT/C demonstraram que houve pouco registro das famílias Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera em relação à Chironomidae, indicando alterações na qualidade da água. O índice BMWP’ classificou dois pontos com água de qualidade “aceitável” e um ponto de “boa” qualidade. Para o uso e ocupação do solo, concluiu-se que o entorno dos pontos são ocupados principalmente por vegetação nativa e reflorestamento. 29 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ESTUDO PRELIMINAR IDENTIFICATIVO E QUANTITATIVO DE ESPÉCIES ARBÓREAS DE Myrtaceae, Euphorbiaceae e Sapindaceae NA MATA CILIAR DO RIO GUABIROBA EM UNIÃO DA VITÓRIA – PR. Thiago Marcos Miskiewicz (PG), Laurindo Dalla Costa (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória 1 2 (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas , Coordenação de extensão e Pós-graduação . Palavras Chave: Mata Ciliar; Recursos Hídricos; Degradação. Resumo: As matas ciliares ou florestas aluviais são consideradas como formações vegetais que percorrem ao longo das margens dos cursos de água, cuja função é proteger os recursos hídricos e manter a qualidade destes em equilíbrio constante com a fauna e flora existente na região. Verificou-se na área de estudo deste trabalho, na mata ciliar do Rio Guabiroba, no trecho que compreende o loteamento Jardim Muzzulom no Município de União da Vitória, Estado do Paraná, ações de degradação e perturbação, que vislumbra uma redução ou extinção das populações de muitas das espécies arbóreas nativas viventes nessa área. Objetiva-se verificar a quantidade e riqueza das espécies arbóreas viventes nesta área supra citada de cerca de 15.750m², privilegiando representantes das famílias Myrtaceae, Euphorbiaceae e Sapindaceae. A metodologia empregada envolveu o método dos quadrantes, consistiu na construção de 5 parcelas quadradas (com distâncias de 105m de largura por 30m de comprimento, dando o total de 3.150m² para avaliação florística de cada parcela), essas 5 parcelas quadradas juntas perfazem uma área total de 15.750m² (525mLx30mC), considerando um total de 21 quadrados para cada quadrante, quadrados estes com um área de 150m² (15mLx10mC), Os resultados obtidos apontam, das famílias botânicas Myrtaceae, Euphorbiaceae e Sapindaceae, amostradas e contabilizadas nesse trabalho, demonstram que 19% das espécies arbóreas viventes, são da família botânica Myrtaceae, 76% das espécies arbóreas são da família botânica Euphorbiaceae, e 5% são da familia botânica Sapindaceae, em toda extensão da área de estudo em questão, através desse estudo possibilitará o uso dessas informações obtidas com esse estudo preliminar, na definição de ação de conservação e preservação e futura reposição dessas espécies na região. 30 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO E SATISFAÇÃO CORPORAL CORRELACIONADAS AO ESTADO NUTRICIONAL EM ADOLESCENTES ESCOLARES DO MUNICIPIO DE CRUZ MACHADO – PARANÁ. Vanessa Gavasso (G), Juliane A Turek (G), Josimar M Borille (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas Palavras-chave: imagem corporal, estado nutricional, adolescentes. Resumo: O presente trabalho analisou a percepção e satisfação da imagem corporal de adolescentes escolares do município de Cruz Machado-Paraná, verificando possíveis diferenças de acordo com o sexo e o estado nutricional. A amostra foi composta por 100 adolescentes escolares da rede publica (55 do sexo feminino e 45 do sexo masculino), com idade quatorze a dezenove anos. A avaliação do estado nutricional foi realizada através da coleta nutricional, de acordo com estatura, para calculo do IMC e classificação nutricional de acordo com WHO Child Growth Standards (2007) em escalas de percentis por faixa etária, nas quais se consideram como de baixo peso os adolescentes cujos valores são inferiores ao percentil 15, eutróficos quando os valores estão entre os percentis 15 e 85, sobrepesos quando entre os percentis 85 e 97, e obesos acima do percentil 97. A percepção da imagem corporal real e ideal foi analisada pela escala de nove silhuetas, proposta por Stunkard et al. (1983), a qual representa o corpo, desde o baixo peso até a obesidade. Para a avaliação da satisfação corporal foi utilizado o questionário BSQ- Body Shape Questionnaire, desenvolvido por Cooper et al. Em 1987 e traduzido por Cordás & Neves. Para respostas abaixo de 70, o indivíduo está satisfeito com sua imagem corporal. A insatisfação pode ser classificada como leve (70 a 90), moderada (90 a 110) ou grave (>110). 31 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 DESENVOLVIMENTO DE CLORADOR DE PASSAGEM PARA CLORO CONCENTRADO Walter Luiz Mathias (PG), Carla Andréia Lorscheider (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Ciências Biológicas. Palavras Chave: Mel, Cloro, Água, Clorador. Resumo: O abastecimento de água potável é de fundamental importância para a indústria de alimentos bem como os estabelecimentos de produtos de origem animal sob Inspeção Federal, os quais devem dispor de água potável em quantidade suficiente para o desenvolvimento de suas atividades e que atenda os padrões fixados pela legislação brasileira vigente. O sistema de cloração, incluindo o ponto onde o Cloro é adicionado, deve possibilitar e garantir a dispersão do Cloro, de forma homogênea, por todo o volume de água do reservatório. O presente trabalho teve como foco as Unidades de Extração de Mel solicitantes de relacionamento na lista geral de estabelecimentos homologados à exportação à União europeia. O desenvolvimento de um sistema de cloração com baixo custo para instalação e manutenção dispõe praticidade, e atendimento ao Ofício Circular nº 24/2009/GAB/DIPOA e Ofício Circular nº 07 DILEI/CGI/DIPOA, que Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade e visa viabilizar a atividade para os pequenos produtores.Trata-se de um sistema de conexões e canos proporcionando internamente uma área de contato da pastilha de cloro concentrada com a água corrente, proporcionando ao longo do percurso até o reservatório uma adequada dispersão. 32 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Artigos Os artigos publicados nestes anais foram escolhidos pela Comissão Científica desta seção. O conteúdo e resultados são de inteira responsabilidade dos autores. CATEGORIZAÇÃO DA ESTRUTURA TRÓFICA DE MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS DO RIO CLARO NO MUNICÍPIO DE MALLET-PR Francielle Matozo*1, Ana Carolina de D. B. Krawczyk*2. Este estudo teve como objetivo caracterizar a comunidade macrobentônica em relação aos grupos funcionais de alimentação existentes no Rio Claro, (Mallet, PR), com posterior modelagem da teia trófica para os períodos seco e chuvoso (out/2010 - fev/2011). Para a coleta foi utilizado amostrador do tipo Surber, num trecho longitudinal, determinando as variáveis físicas e químicas da água. A análise dos dados foi desenvolvida com auxílio do pacote estatístico bem como a representação gráfica do fluxo de energia. Foram coletados 1.818 organismos, dos quais 1.679 pertenceram ao período seco, e 132 ao período chuvoso. As espécies tróficas mais abundantes foram filtradores-coletores, coletores, fragmentadores e coletores-catadores (período seco) e coletores, coletores-catadores e raspadores (período chuvoso). As características locais e a sazonalidade influenciaram fortemente no padrão de estruturação, após o distúrbio da cheia, a teia trófica do período chuvoso teve sua complexidade reduzida, porém, devido à resiliência, a comunidade macrobentônica se manteve estável. RESUMO: Palavras-chave: distúrbio, espécies tróficas, teias tróficas, comunidade macrobentônica. INTRODUÇÃO Os invertebrados bentônicos têm sido amplamente utilizados em estudos de ecossistemas aquáticos, pois participam ativamente da ciclagem de nutrientes e do fluxo de energia, apesar disso, os trabalhos com o grupo são um desafio devido à lacuna em relação ao conhecimento 1 Graduação em Ciências Biológicas – Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória – Paraná. 2 Mestrado em Ecologia e Conservação - Universidade Federal do Paraná – Curitiba – Paraná 33 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 taxonômico e também pela própria dinâmica complexa dos sistemas aquáticos, outra característica marcante deste grupo de organismos é atuar como facilitadores no metabolismo do ecossistema participando da ciclagem de nutrientes e da redução do tamanho das partículas orgânicas, o que facilita a ação dos microrganismos. Influindo ainda no fluxo de energia, constituem o maior recurso alimentar de outros insetos, peixes e algumas aves insetívoras, sendo sua distribuição relacionada às características morfométricas, físicas e químicas do hábitat, à disponibilidade de recursos alimentares e ao hábito das espécies (RESH e JACKSON, 1993 apud SILVA, 2010; CALLISTO e ESTEVES, 1995; CUMMINS; MERRITT, 1996; CALLISTO e ESTEVES, 1998; POFF et al., 2006; ABÍLIO et al., 2007; SILVA et al., 2009). Os ecossistemas lóticos são caracterizados por uma grande variabilidade e complexidade de parâmetros bióticos e abióticos, sendo essencialmente dinâmicos, sendo caracterizados como um ecossistema aberto com dinâmica de importação e exportação de nutrientes, energia e água, portanto, tudo o que entra em seu trecho superior (montante) afeta seu trecho inferior (jusante), implicando que sua estruturação se dê baseado no regime climático e pelos atributos físicos (luz, temperatura, correnteza, habitat) e químicos (carbono orgânico e inorgânico, oxigênio, nutrientes) com os quais interagem, além das interações biológicas como predação e competição que são partes componentes destes sistemas. A cerca disto, um dos conceitos mais difundidos sobre o funcionamento dos ecossistemas de rio é o Conceito Do Rio Continuo (The River Continuum Concept), proposto por Vannote et al., (1980) no qual entende-se o ecossistema fluvial como uma série integrada do gradiente físico com o ajustamento da biota associada, tendo como base o processo utilizado para obtenção de nutrientes, onde há grande influência da matéria alóctone e entrada de luz (VANNOTE et al., 1980; SILVEIRA, 2004). A classificação em guildas tróficas proposta por Cummins (1996) agrupa os invertebrados de acordo com sua alimentação: (i) coletores-catadores (alimentam-se de pequenas partículas de matéria orgânica coletadas em depósitos do sedimento); (ii) coletoresfiltradores (capturam pequenas partículas em suspensão na coluna d‘água); (iii) fragmentadores (organismos detritívoros que se alimentam de partículas grandes de matéria orgânica – folhas, gravetos – derivados da mata ciliar que caem no leito do rio;); (iv) predadores (engolem a presa ou ingerem fluídos do tecido corporal), e raspadores (tendo aparelho bucal apropriado raspam e mastigam perifiton aderido ás pedras, troncos, alimentam34 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 se de bactérias, fungos e matéria orgânica morta) (SILVA et al., 2009, CALLISTO e ESTEVES, 1998). Devido às interferências naturais e antrópica exercidas sobre os organismos aquáticos, verifica-se a necessidade da melhor compreensão da estrutura e funcionamento dos ecossistemas aquáticos, possibilitando identificar os mecanismos responsáveis pela manutenção da biota de uma comunidade, assim como os fatores que regulam a abundância relativa de cada uma delas, isto pode ser visualizado por meio da modelagem de teias tróficas, (representações das relações alimentares entre predadores e presas dentro de uma comunidade ecológica) caracterizada por uma infinidade de espécies conectadas mesmo que remotamente na teia alimentar com um número de ligações tróficas que vão das espécies basais até predadores de topo, componentes essenciais para o entendimento da dinâmica das populações (BEGON, et al., 2007). Considerando a importância dos macroinvertebrados na ciclagem de nutrientes e nas respostas que a presença e ausência de representantes do grupo geram em relação ao ecossistema, o presente estudo visa a compreensão da estrutura da comunidade de macroinvertebrados aquáticos presente no Rio Claro, localizado no município de Mallet-PR. O principal enfoque deste trabalho foi realizar a categorização trófica dos macroinvertebrados bentônicos em substrato rochoso, a partir de coletas nos períodos das estações seca e chuvosa. MATERIAIS E MÉTODOS ÁREA DE ESTUDO A área de abordagem para esta pesquisa compreende a Micro Bacia do Rio Claro, (Figura 01) localizado a Sul do distrito do Rio Claro do Sul, distanciado aproximadamente por 10km, entre o distrito e área de abordagem, nasce na Serra da Boa Esperança, o local está incluso na região de mata secundária, com predominância de samambaias na zona de Araucária, região principal de colonização com terras usadas periodicamente (sistema de roças, pouca rotação de culturas) (RUSINEK, 2008). 35 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 (a) (b) Figura 01: Imagem (a) - Mapa da localização do município de Mallet no Estado do Paraná. FONTE: <http://mallet-pr.blogspot.com/2009_01_01_archive.html> Imagem (b) - Mapa demonstrando a rede hidrográfica da área delimitada na pesquisa. <FONTE: http://3.bp.blogspot.com/_e0yskNinGM/SWOpeg6fkaI/AAAAAAAAFao/Uuf0JSMxfG0/s1600-h/mapa+mallet.JPG> AMOSTRAGEM Foram realizadas quatro coletas nos períodos seco (out/2010 e nov/2010) e chuvoso (dez/2010 e fev/2011), em três estações amostrais ao longo de um trecho longitudinal do Rio Claro, em dois períodos: seco e chuvoso. Os pontos de coleta foram estabelecidos em três faixas específicas: o PT1 localizado próximo a nascente (pontos a montante) a 808m de altitude, (25º 55' 00.70" S, e 50º 52' 16.20" O) o PT2 no meio do curso, a 801m de altitude, 36 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 (25º 55' 28.62" S e 50º 51' 15.32" O) e o último ponto de coleta ou PT3 localizando-se próximo a foz (ponto a jusante), , a 806m de altitude, (25º 58' 02.53" S e 50º 49' 07.36"), sendo a distância entre o PT1 ao PT2 equivalente a 5,21km e entre o PT2 ao PT3, 11,24 km, abrangendo substrato rochoso. Em cada ponto de coleta foram realizadas três réplicas, com coletas amostrais de água superficial em cada ponto a fim da verificação dos parâmetros físico-químicos. No campo foram verificadas as seguintes variáveis físicas: velocidade de correnteza e vazão do rio, sendo que para calcular este ultimo parâmetro será utilizado o método do flutuador (Embrapa, 2007). Também, para cada ponto, em cada coleta, verificou-se o nível da água. Os organismos foram identificados sob microscópios ótico, com auxílio de chaves de identificação e literatura especializada (COSTA et al., 2006; MERRIT e CUMMINS, 1996; TRIVINHO-STRIXINO e STRIXINO, 1995; MUGNAI et al., 2009). ANÁLISE DOS DADOS A análise dos dados foi desenvolvida com auxílio do pacote estatístico (HAMMER et al, 2007), onde determinou-se a similaridade entre os pontos de coleta mediante análise dos agrupamentos do tipo cluster, com distância de similaridade de Bray-Curtis, diversidade de Shannon e seus atributos, riqueza taxonômica pelo índice de Margalef, Equitabilidade de Pielou, dominância e ANOVA-one way, para a verificação da diferença significativa entre as abundâncias dos taxa entre os pontos amostrais. Buscou-se estimar a abundância dos grupos tróficos amostrados, através do cálculo de abundância relativa, utilizando para tal, as espécies tróficas. Ressalta-se que o conceito de espécie utilizado no trabalho não é em relação ao conceito biológico de espécie, e sim ao grupo trófico ao qual o táxon pertence. Para apreciação das áreas quanto à estabilidade da biota, em relação à teia trófica ocorrente no trecho longitudinal trabalhado, foi utilizado o software ―Pajek‖ (Program for Analysis and Visualization of Large Networks), versão 1.28 (BATAGELJ e MRVAR, 1998) possibilitando a visualização das interações por meio de teias tróficas, as quais foram obtidas seguindo orientações de Calado (2010). 37 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 RESULTADOS O uso e ocupação do solo mostrou-se fator considerável na alteração ambiental do trecho estudado no Rio Claro, devido ao avanço da monocultura em detrimento da vegetação nativa, bem como o aspecto erosivo de alguns pontos, sendo possível que os resíduos agrícolas sejam lixiviados ao rio em questão de modo constante, podendo vir a ocasionar a contaminação não pontual das águas por resíduos de fertilizantes e pesticidas. Rio Claro Empresas Campo aberto * Pontos de coleta * Residências Reflorestamento Mata Nativa Agricultura Estrada Figura 02: Mapa de uso e cobertura da terra na microbacia hidrográfica do Rio Claro, Município de Mallet-PR, PT1, PT2 e PT3. 38 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Nos pontos 1 e 2 (PT1 e PT2), foi possível observar elevado uso do solo para atividades destinadas à áreas agrícolas, residenciais ou de campo aberto, próximos ao rio. Além da obstrução de parte do canal do rio (PT1) através da deposição de pedras e troncos do arvores, e ainda, há a sede de uma empresa – hotel – (PT2), expondo o solo e utilizando o trecho do rio para atividades recreativas, e construção de uma barragem (Figura 02). O PT3 foi caracterizado como o local onde há menos ocorrência residências e empresas, com algumas áreas de campo aberto, sendo que a maior parte da área delimitada (1 km) apresenta-se como de reflorestamento ou mata nativa. Este resultado corrobora com o obtido a partir da caracterização da área amostral, onde o PT3 apresentou melhor grau de preservação, embora, os 3 pontos tenham alcançado pontuações que os consideram como trechos naturais (PT1 – 73; PT2 - 77; PT3 - 80) (Figura 02). As variáveis físico químicas foram fortemente influenciadas pela precipitação que acabou ocasionando um distúrbio da cheia observado no período chuvoso (Figura 03). Dados de Precipitação 350 300 mm 250 200 ano 2009 150 ano 2010 100 ano 2011 50 0 Jan Fev Mar Out Nov Dez Figura 03: Dados referentes aos níveis de precipitação nos meses de Janeiro, Fevereiro, Março, Outubro, Novembro e Dezembro para os anos de 2009, 2010 e 2011. FONTE: IAPAR, 2011. 39 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A temperatura da água teve variação nos três pontos amostrais entre 18ºC e 21ºC em ambos os períodos amostrais (seco e chuvoso). O pH nas coletas relativas ao período seco apresentou variações de 6,10 à 7,91. No entanto, em relação ao período chuvoso o pH obtido variou de 5,90 à 6,44. Esta diminuição nos valores de pH do período seco para o período chuvoso pode ser um indicativo de relação com o aumento da precipitação. Durante as coletas realizadas, os índices de turbidez apresentaram os menores valores durante o período de estação seca (Coleta 1e 2), com mínima de 11,1 NTU e máxima de 18,1 NTU, e o maiores valores no período chuvoso (Coletas 3 e 4), com mínima de 13,5 NTU e máxima de 64,9 NTU. A vazão apresentou aumentos gradativos no período seco de 1,448 l/s, a 5,013 l/s. Para o período chuvoso oscilou entre níveis elevados, apresentando os valores 8,239 l/s a 21,212 l/s. Os testes estatísticos que apresentaram os valores mais significativos, no período seco, foram o Índice de riqueza de Margalef, apresentou a menor riqueza registrada no PT2 (0,7231) e a maior no PT1 (0,9769), e o Índice de Shannon o qual apresentou o menor valor no PT3 (1,181) e o maior valor no PT1 (1,407). Quanto ao período chuvoso, permaneceu esta mesma situação, sendo a menor riqueza registrada foi no PT3 (1,207) e a maior no PT2 (1,485), e o valor de diversidade mais baixo foi obtido no PT1 (1,151) e o valor mais elevado no PT3 (1,47). Através de cálculo ANOVA One-way, foram obtidos valores comparativos entre os pontos nos respectivos períodos (seco e chuvoso). Sendo alcançado maior valor de resultado no período seco, baseado na comparação entre a abundância dos pontos PT2 e PT1 (p>0,5), e o menor valor no comparativo da abundância entre o PT1 em relação ao PT2 (p<0,5). Quanto ao período chuvoso, para este cálculo de comparação de abundancia de táxon entre os pontos, obteve-se maior valor entre o PT3 para o PT2 (p>0,5) e o menor valor (p<0,5) na comparação entre o PT2 e o PT3. 40 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Foram coletados 1.818 indivíduos no total, distribuídos em 27 taxa, e 6 Grupos de Alimentação Funcional (GAF). Do total da coleta, 1.676 indivíduos foram amostrados no período seco, enquanto 132 indivíduos no período chuvoso. A abundância relativa dos taxa no total dos dois períodos (seco e chuvoso) demonstrou que os taxa que mais contribuíram para a comunidade foram as famílias Chironomidae (68,4%), Simulidae (30,1%), Elmidae (21,6%) e Hydropsychidae (14,2%) (Figura 04). Contribuição dos taxa entre os pontos amostrais (%) 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Elmidae Chironomiinae Simulidae Hydropsychidae Figura 04: Abundância percentual dos taxa mais representativos tendo em vista os periodos de coleta (seco e chuvoso). Dos macroinvertebrados identificados, ocorreu no período seco maior abundância do grupo dos filtradores-coletores, totalizando 617 indivíduos pertencentes aos taxa Hydropsychidae e Simulidae; em seguida, o grupo dos coletores foi o mais abundante, com um total de 571 indivíduos, sendo estes os taxa Baetidae, Chironominae, Hydrophilidae, Leptophlebiidae e Orthocladiinae coletados (Figura 05). 41 ISSN 1908-0559 UNESPAR /FAFIUV ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Grupos Tróficos - Período Chuvoso Grupos Tróficos - Período seco 800 80 60 40 20 0 600 400 200 0 C-c C F-c F P C-c R C F-c F P R Figura 05: Representação dos Grupos Funcionais de Alimentação, demonstrando a respectiva abundância de indivíduos nos períodos seco e chuvoso. C= Coletor; C-c= Coletor-catador; F= Fragmentador; F-c= Filtrador-coletor; P= Predador; R= Raspador. Quanto ao período chuvoso, o grupo que apresentou maior contribuição para a taxocenose foi o grupo dos coletores com 67 indivíduos, (Baetidae, Chironominae, Hydrophilidae, Leptophlebiidae e Orthocladiinae), seguido pelo grupo dos coletores-catadores (Elmidae) com 22 indivíduos coletados (Figura 3). A Teia Trófica referente ao período seco (Figura 06) foi favorecida pela maior abundância de indivíduos coletados, o que conferiu um elevado número de ligações, porém, seus valores de conectância entre os grupos tróficos foram menores quando comparados aos valores obtidos para a Teia Trófica pertencente ao período chuvoso, (Figura 07), nesta, o número de ligações foi menor quando, o que pode ser explicado pelo aumento da vazão derivada do distúrbio ocasionado pela elevada precipitação, que, por sua vez, pode ocasionar o carreamento dos organismos, mas, os valores de conectância entre os grupos tróficos são maiores neste período. 42 UNESPAR /FAFIUV ISSN 1908-0559 ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Figura 06 – Teia Trófica correspondente ao período seco do rio Claro-PR. 43 UNESPAR /FAFIUV ISSN 1908-0559 ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Figura 07 - Teia Trófica correspondente ao período chuvoso do rio Claro-PR. 44 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 DISCUSSÃO Os resultados obtidos apontam que a precipitação e consequente aumento da vazão influenciaram tanto variáveis abióticas quanto a comunidade de macroinvertebrados, o que indica o distúrbio causado pela cheia como precursor das alterações no padrão de riqueza e diversidade dos taxa (SILVA,2007). Além disso, a turbidez neste estudo teve valores baixos no período seco elevados no período chuvoso, o que sugere influência da cheia, assim como verificado por Honorato e Pelli (2011) por Honorato e Pelli (2011) quando analisando o Córrego Gameleira, Ubereba-MG, com padrão verificado para a turbidez também fortemente influenciado pela precipitação, sendo o menor valor observado no período seco, indicando assim ser o carreamento pelas águas de escoamento superficiais o fator preponderante para a turbidez. Outro parâmetro afetado pela precipitação é a vazão, que neste estudo apresentou elevações consideráveis no período chuvoso. Este aumento na vazão pode desestabilizar o substrato, reduzindo o número de habitats disponíveis, assim como ocasionar o carreamento dos organismos diminuindo a abundância da comunidade (MERRIT e CUMMINS, 1996). Segundo Schäfer (1985), geologia, vegetação marginal, diferentes usos e ocupações do solo contribuem de maneira efetiva para a qualidade física, química e biológica de um corpo d‘água, desta maneira, foi observado um melhor grau de preservação no PT3, em contra partida os pontos PT1 e PT2 diferentes formas de estressores presentes de formas mais expressivas, o que segundo Marques et al., (1999) altera o habitat, um fator determinante para a colonização e estabelecimento das comunidades biológicas. Assim, o manejo inadequado das áreas adjacentes aos corpos d‘água, desvio do curso natural dos rios, construção de barragens e desmatamento são estressores múltiplos que desestruturam o ambiente físico e alteram a dinâmica e estrutura das comunidades biológicas (GOULART e CALLISTO, 2003; CALLISTO et al., 2001). Os distúrbios observados para os três pontos no decorrer da cheia podem ser mais bem explicados de acordo como conceito de ―pulso de inundação‖ postulado por Junk et al., (1989) o qual afirma que durante a época de cheia, são promovidas trocas laterais entre o canal do rio e sua planície associada, ocorrendo a transferência dos 45 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 nutrientes presentes no rio para a vegetação ripária, e por sua vez a importação de nutrientes pelas enchentes favorece a produtividade primária, e enquanto as águas das enchentes recuam, os fluxos de nutrientes e partículas orgânicas tendem a voltar para o sistema fluvial associadas ao aumento da biomassa. Vários organismos são adaptados a este tipo de distúrbio, que pode ser desfavorável ou até catastrófico para esses organismos, pois eventos como este causam perturbações nos substratos causando remoção ou depósito de sedimentos vindo a eliminar diversos organismos ali presentes. Assim, eles têm que recuperar, durante a fase favorável, as perdas que as populações sofreram durante a fase desfavorável, além é claro de garantir a sobrevivência de uma parte da população durante a próxima fase desfavorável (JUNK et al., 1989; EFFENBERGER et al., 2008). No rio estudado, foi verificada maior ocorrência de macroinvertebrados no período seco, que pode estar relacionado ao menor volume de água, proporcionando melhores condições de colonização para os indivíduos nos três pontos amostrais. No período chuvoso, o aumento do volume de água e da velocidade da corrente favoreceu que os organismos fossem removidos, reduzindo consequentemente a sua ocorrência. Estes resultados corroboram com o estudo de Kikuchi e Uieda, 1998, no Córrego Itaúna no estado de São Paulo, que verificaram no período seco maior ocorrência de macroinvertebrados em relação ao período chuvoso. CONCLUSÃO O Rio Claro pode ser considerado um sistema estruturado, apesar das variações na composição das teias alimentares ao longo da escala espaço-temporal, as estruturas tróficas se mantiveram bem conectadas. Conclui-se que nos dois períodos amostrados no Rio Claro, a sazonalidade atuou diretamente na estruturação das teias tróficas. O aumento do fluxo hídrico ocasionou a desestruturação das comunidades, mas como este evento é um fenômeno repetido nestes sistemas, muitos organismos aquáticos são considerados resilientes e permitem a manutenção de algumas interações tróficas. As características locais também influenciaram no padrão de estruturação da comunidade de macroinvertebrados, 46 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 resultando em diferenças entre as teias tróficas. REFERÊNCIAS BATAGELJ, V.; MRVAR, A. Pajek – PROGRAM FOR LARGE NETWORK ANALYSIS. CONNECTIONS, 21 (2): 47-57, 1998. BEGON, M., TOWNSEND, C.R., HARPER, J.L. ECOLOGIA DE INDIVÍDUOS A ECOSSISTEMAS. 4ªed, Artmed, Porto Alegre, 2007. CALADO, S. C. de M. TEIA TRÓFICA DOS MACROINVERTEBRADOS EM DOIS TRECHOS DO RIO SAMBAQUI, MORRETES – PR. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná, CURITIBA, 2011. HONORATO, G. B. da S.; PELLI, A. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA EM DOIS TRECHOS DO CÓRREGO GAMELEIRA, UBERABA-MG, COM BASE EM VARIÁVEIS FÍSICO-QUÍMICAS E A COMUNIDADE BENTÔNICA. SaBios: Rev. 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Da Universidade, UFRGS, 532p.; 23cm.1984. 47 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 RETIRADA DE ENXAMES NIDIFICADOS E TRANSITÓRIOS DE ABELHAS AFRICANIZADAS NAS ÁREAS URBANAS DAS CIDADES DE UNIÃO DA VITÓRIA - PR E PORTO UNIÃO - SC, VISANDO A PRODUÇÃO APÍCOLA ORGÂNICA E UTILIZANDO METODOLOGIA INOVADORA Rodrigo Zaluski Ernesto Dietrich Hartmut Breyer Resumo: Este trabalho objetiva o desenvolvimento de métodos e estratégias para retirada e captura de enxames de abelhas africanizadas nas áreas urbanas das cidades de União da Vitória – PR e Porto União – SC, possibilitando sua retirada com segurança, visando à produção apícola orgânica e avaliando fatores que interferem na sua sobrevivência e produtividade. Entre agosto/2010 e março/2011 ocorreu o registro de 62 enxames de abelhas africanizadas em perímetro urbano das áreas estudadas e foram instaladas 88 caixas-isca, buscando capturar enxames transitórios. As ocorrências solicitando a retirada de enxames foram todas atendidas e puderam ser retirados 42 enxames e nas caixas-isca dispostas foram capturados 72 enxames, obtendo-se um total de 114 enxames. Todos os enxames foram transportados até um apiário de quarentena, onde posteriormente obteve-se 86 enxames que foram distribuídos equitativamente em três apiários, porém, não se obteve produtividade significativa na safra 2010-2011 e apenas 40 enxames sobreviveram até julho de 2011. Palavras-chave: Abelhas africanizadas. Estratégias de controle. Ambientes urbanos. INTRODUÇÃO Atualmente as alterações antrópicas no ambiente vêm destruindo e fragmentando habitats indispensáveis para sobrevivência de muitos animais. Como consequência a perda da variabilidade genética e a dificuldade das espécies encontrarem alimento e condições de sobrevivência vêm ameaçando ou provocando a extinção de muitas espécies, sendo algumas delas indispensáveis a vida na Terra. A grande expansão de atividades tais como a agricultura, a pecuária, os reflorestamentos e a expansão cada vez maior das cidades, vem contribuindo ainda mais para este processo, atingindo também as abelhas, insetos indispensáveis na polinização de formações florestais nativas e de 48 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 cultivos agrícolas e muito importantes na apicultura. Como alternativa a destruição de habitats, muitos animais vem se estabelecendo em áreas urbanas, sendo que atualmente é crescente também o número de enxames de abelhas em nessas áreas. De acordo com a CBA (2010), nas áreas urbanas os enxames encontram alimento, devido à arborização das cidades e local de nidificação suficiente, permitindo assim a sobrevivência das abelhas nestes locais. O principal problema do estabelecimento de enxames de abelhas em áreas urbanas é o aumento no risco de acidentes envolvendo a população, já que o instinto de defesa das abelhas africanizadas é bastante pronunciado. Como os enxames podem se estabelecer em diversos abrigos e as abelhas apresentam elevada atividade na coleta de alimento e substâncias úteis para a colônia, normalmente ocorre contato desses insetos com a população. Muitas vezes quando as pessoas tentam retirar um enxame ou afugentar as abelhas de determinado local, sem conhecer os procedimentos necessários e sem contar com equipamentos apropriados, a segurança pessoal e coletiva fica ameaçada e acidentes fatais podem vir a ocorrer (SOARES et al., 1994; MELLO et al., 2003). Frequentemente são encontrados dois tipos de enxames: os nidificados e os transitórios. A diferença existente entre enxame nidificado e enxame transitório é que o primeiro é composto por abelhas adultas, crias (ovos-larvas), pupas de operárias, pupas de machos (quando estas existirem), favos, mel e pelo pólen estocado, alojado num determinado local. O segundo é formado por abelhas adultas, geralmente, com rainha, com ou sem machos. Quando o enxame está procurando moradia, as abelhas formam cachos em árvores, telhados ou outros locais. O procedimento para a coleta direta destes enxames consiste em se transferir as abelhas para dentro de uma colméia, seguindo orientações específicas para essa atividade (NOGUEIRA COUTO & COUTO, 2006). Também de acordo com Soares (2004), os enxames transitórios podem ser facilmente capturados utilizando-se para isso caixas-isca que atraiam esses enxames, evitando que estes se alojem em locais inapropriados. Para o apicultor o povoamento das colméias para reposição de enxames perdidos ou para expandir a atividade é necessária a cada ano, e pode ocorrer através da captura de enxames na natureza ou em áreas urbanas. A captura pode se dar pelo uso de caixas49 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 isca ou pela remoção de enxames alojados em locais impróprios à apicultura. Estas são, sem dúvida, as opções mais acessíveis economicamente, mas na remoção de enxames em áreas urbanas os apicultores precisam estar com o nível de instrução e os equipamentos apropriados para tal tarefa, inclusive para as questões de segurança própria e coletiva e de avaliação do estado sanitário dos enxames (WOLFF et al., 2008). O presente trabalho visa o desenvolvimento de métodos adequados para retirada de exames nidificados e captura de enxames transitórios de abelhas africanizadas em áreas urbanas das cidades de União da Vitória – PR e Porto União – SC, possibilitando a realização dessa atividade com segurança e a utilização dos enxames na produção apícola orgânica, avaliando também os principais fatores que interferem na sobrevivência e produtividade dos enxames. MATERIAIS E MÉTODOS Os materiais necessários para realização do trabalho foram: colméias padrão Langstroth completas, caixas-isca, quadros com e sem cera alveolada orgânica com arame inoxidável esticado, telas excluidoras de rainha; telas de transporte para enxames, tiras de espuma, gaiola para apreensão da rainha, vassoura com cerdas macias, cordas finas, fumigador, palito grosso de erva-mate (Ilex paraguariensis), isqueiro, faca inoxidável, balde com tampa, elásticos, pá de plástico, Equipamento de Proteção Individual (EPI completo - composto por macacão, calça, botas e luvas), veículo para transporte de enxames, escada, estaleiros de madeira, GPS e ferramentas para limpeza e montagem dos apiários. O trabalho iniciou-se em agosto de 2010 e se estendeu até março de 2011, sendo que a retirada de enxames nidificados, captura de enxames transitórios, instalação de caixas-isca, transporte e manejo dos enxames seguiram métodos desenvolvidos durante a execução do trabalho, apresentados no ANEXO A. A metodologia foi adaptada a fim de garantir um bom nível de segurança para realizar o trabalho em áreas urbanas e realizar o aproveitamento dos enxames na produção apícola orgânica. O trabalho contou com o patrocínio da empresa Breyer – Produtos Naturais e Orgânicos, que cedeu o material necessário para a realização do trabalho, ficando com a 50 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 posse dos enxames. Houve apoio do Corpo de Bombeiros/Defesa Civil e da imprensa local (Rádio União – Programa ―Vale-Tudo‖ e do Jornal ―A Cidade‖), onde se realizou a divulgação e debate do trabalho, orientação da população quanto a estratégias que visem reduzir o risco de acidentes e que evitem o alojamento de enxames em construções. As ocorrências de enxames de abelhas africanizadas em áreas urbanas eram comunicadas através de telefonemas para a Empresa Breyer e durante o atendimento eram anotados dados da localização (cidade, bairro, rua, número), nome e telefone para contato do solicitante e anotações quanto ao tipo de enxame que estava no local (se nidificado ou transitório); há quanto tempo o mesmo se encontrava ali; se o risco de acidentes era grande (onde eram considerados: grandes movimentações de pessoas próximas ao enxame, proximidade a moradias, escolas, vias públicas; presença de pessoas alérgicas a apitoxina em contato próximo). Em caso de enxames nidificados eram questionados detalhes físicos do local de nidificação, altura, material utilizado na construção (madeira, concreto ou outros), e tipo de cobertura utilizada no caso de enxames localizados em caixas de vento de residências, a fim de viabilizar os materiais necessários para a retirada do enxame. Eram repassadas orientações para evitar acidentes como: evitar se aproximar do enxame, evitar movimentos bruscos e manusear equipamentos que produzam barulho próximo ao enxame, não tentar queimar ou utilizar produtos químicos para eliminar o enxame, e não atirar qualquer material para tentar afugentar as abelhas. Após as orientações, o trabalho de retirada dos enxames era agendado, buscando atender todas as solicitações em menor tempo possível para evitar possíveis acidentes. Foram dispostas também nas áreas urbanas 88 caixas-isca visando à captura dos enxames transitórios. As caixas-isca foram dispostas nos seguintes pontos: Colégio Lauro Muller Soares, Cemitério Municipal de União da Vitória, Cemitério Municipal de São Cristóvão, Residência do Sr. Ernesto Breyer (localizados em União da Vitória – PR); e Cemitério Municipal de Porto União e Empresa Planiex (localizados em Porto União – SC). Todos os enxames retirados e capturados durante o trabalho eram levados até um apiário de quarentena, localizado na Empresa Breyer, situada no município de União da 51 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Vitória – Paraná, na PR 447, Km 1,5. Sempre que o apiário de quarentena atingia um número máximo de 30 colméias povoadas, os enxames mais populosos eram selecionados e transportados para apiários definitivos, sendo dois apiários localizados no município de General Carneiro - PR, na Fazenda Rio Farias de propriedade da Madeireira Miguel Forte: Apiário 01: localizado a altitude de 997 m; Coordenadas – S 26º 33´ 33.4´´e H 051º 19´ 35.0´´; Apiário 02: localizado a altitude de 1006 m; Coordenadas – S 26º 32´ 55.6´´e H 051º 18´ 44.6´´; e um apiário definitivo localizado na propriedade do Sr. Henrique Breyer, no município de União da Vitória – PR: Apiário 03: localizado a altitude de 915 m; Coordenadas – S 26º 10´ 50.2´´e H 051º 07´ 15.8´´. RESULTADOS Entre agosto de 2010 a março de 2011, foram informadas pela população e pelo Corpo de Bombeiros/Defesa Civil através de telefonemas a ocorrência de 35 enxames nidificados e 27 enxames transitórios de abelhas africanizadas em perímetro urbano nas cidades de União da Vitória – PR e Porto União – SC. Todas as solicitações para retirada de enxames foram atendidas e puderam ser retirados com sucesso 29 enxames nidificados, 13 enxames transitórios e nas caixas-isca dispostas foram capturados 72 enxames, obtendo-se um total de 114 enxames. Todos os enxames foram transportados, no decorrer do desenvolvimento do trabalho para o apiário de quarentena, onde se procediam as primeiras estratégias de manejo visando o desenvolvimento dos enxames. Observou-se o abandono de 05 enxames nidificados retirados, 11 enxames transitórios e se realizou a união de 18 enxames, obtendo-se no total 86 enxames que foram distribuídos equitativamente nos três apiários definitivos. Com o gradual transporte dos enxames para os apiários definitivos, observou-se o abandono de mais 11 enxames, sendo assim, cada apiário definitivo montado ficou no mês de março com 25 enxames. Posteriormente com as revisões realizadas em abril, maio, junho e julho observou-se maior abandono e ataque de predadores como a irara Eira barbara, que destruiu totalmente o Apiário 01 e nos outros dois apiários sobreviveram apenas 40 enxames. Apesar de buscar estimular a produtividade de mel e própolis, instalando melgueiras e coletores de própolis em 15 enxames que atingiram o 52 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 crescimento necessário para iniciar a produção, não houve produtividade significativa, na safra 2010-2011, sendo observadas condições climáticas desfavoráveis a apicultura neste período e fatores como a origem e tamanho dos enxames também interferiram na sua sobrevivência e produtividade. DISCUSSÃO Dentre os trinta e cinco enxames nidificados de abelhas africanizadas foram removidos com sucesso vinte e nove enxames. Os demais enxames não foram removidos porque abandonaram os locais onde estavam alojados ou foram retirados por terceiros. Os enxames nidificados encontraram-se alojados em chaminés desativadas (34%), sepulturas (20%), utensílios abandonados - baldes, caixas d‘ água, móveis - (17%), caixas de proteção para hidrômetros (14%), caixas de vento de residências (12%) e árvores de grande porte (3%). O fato da maior parte dos enxames se alojarem em locais construídos pelo homem reflete em um grau de sinantropia que esses insetos demonstram em resposta a condições impostas pelas cidades, onde há poucas áreas verdes e muitas edificações, assim como já observado em estudo realizado por Mello et al. (2003) na cidade de São Paulo. Vinte e sete telefonemas recebidos correspondiam a enxames transitórios sendo que destes foram capturados treze enxames. Muitas vezes ao chegar ao local onde estava o enxame, o mesmo já havia partido, pois os enxames em transito geralmente não permanecem muito tempo no local onde estão pousados, principalmente quando as condições climáticas são favoráveis (dias ensolarados), nesse caso os enxames geralmente partem do local em poucas horas. Mello et al. (2003) observou que os enxames viajantes pousam em locais provisórios e iniciam o processo de localização de cavidades para sua instalação. As operárias voam nas redondezas e ao encontrarem local adequado, comunicam ao enxame que a seguir, parte para o novo abrigo. Foi possível observar que a maior parte dos enxames transitórios estava pousada em construções presentes em áreas urbanas, como paredes externas de casas (26%), cercas (22%), sacadas (9%) e terminais telefônicos (9%) e os demais 34% dos enxames estava em árvores ou arbustos. 53 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A instalação de caixas-isca para captura de enxames em áreas urbanas se demonstrou bastante eficaz, onde foram capturados 72 enxames, contribuindo para evitar o alojamento de enxames em locais impróprios, reduzindo a exposição da população a esses insetos e colaborando com a redução de acidentes. O método utilizado apresentou 81,8% de eficiência comprovada na atração de enxames, sendo que em apenas 16 caixas-iscas (18,2%) não houve captura de enxames. O período de maior captura e retirada de enxames pode ser observado no GRÁFICO 01, iniciando de maneira crescente no mês de setembro, atingindo o pico em novembro e decrescendo a partir de dezembro, com o provável término do principal período de enxameação reprodutiva para a região. É possível verificar que a partir da elevação das temperaturas médias mensais, ocorreu maior incidência de enxames nas áreas urbanas estudadas. Segundo Mello et al. (2003) os períodos do ano com altas temperaturas estão relacionados a maior atividade das abelhas e maior número de enxames, propiciando maior contato com a população, aumentando o risco de acidentes. GRÁFICO 01 – Ocorrências de Enxames de Abelhas Africanizadas em Áreas Urbanas da Cidade de União da Vitória – PR e Porto União – SC, no período de Agosto de 2010 a Março de 2011, relacionadas a Temperatura. Fonte: O autor (2011) Nota: Dados Climáticos fornecidos pelo Instituto Tecnológico, Simepar (2011). 54 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Temperaturas em elevação colaboram também com o desenvolvimento dos enxames já estabelecidos, tornando possível a ocorrência da enxameação reprodutiva (TEIXEIRA & CAMPOS, 2005). Foram capturados durante o trabalho, enxames transitórios com pequenas populações, o que segundo Souza (2002), é bastante comum, pois, durante a enxameação reprodutiva, são produzidos vários enxames, dando origem a enxames primários, secundários e terciários, em decorrência das condições ambientais favoráveis, sendo essa uma característica das abelhas africanizadas que investem em grande número de pequenos enxames. Ao relacionar as ocorrências de enxames no período de realização do trabalho com a precipitação mensal (GRÁFICO 02), é possível observar que apesar do período de ocorrência da maior parte dos enxames se darem em períodos com pluviosidade relativamente alta, o pico de ocorrências ocorre quando a precipitação alcança valores mensais mais reduzidos, resultando no aumento da incidência de enxames transitórios e da atividade dos enxames nidificados nas áreas estudadas. GRÁFICO 02 – Ocorrências de Enxames de Abelhas Africanizadas em Área Urbana da Cidade de União da Vitória – PR e Porto União – SC, no período de Agosto de 2010 a Março de 2011, Relacionadas a Pluviosidade Acumulada. Fonte: O autor (2011) Nota: Dados Climáticos fornecidos pelo Instituto Tecnológico, Simepar (2011). Condições climáticas com temperaturas altas e quantidade de alimento suficiente devido a épocas de florada da maior parte da vegetação que se encontra em áreas urbanas ou próximas a essas áreas, permitem as abelhas maior atividade na coleta de alimento (néctar, pólen e outras substâncias necessárias) e aumento da sua 55 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 defensibilidade, e segundo Mello et al. (2003) nesses períodos o risco de acidentes fica ainda maior. Manejo dos enxames e os principais fatores que influenciam na sua sobrevivência e produtividade Observou-se durante as revisões realizadas nos apiários o abandono, ataque de predadores com a irara (Eira barbara) e falta de desenvolvimento dos enxames obtidos, ocasionando perdas em produtividade e resultando em baixo retorno econômico do trabalho. Apesar de fornecer aos enxames todos os métodos e materiais necessários, foram obtidos no mês de outubro apenas 15 enxames com crescimento necessário para a produção de mel e própolis, porém, não se obteve produção satisfatória. Tal fato esta diretamente ligado a condições climáticas desfavoráveis na região, o que interferiu no desenvolvimento e na produtividade dos enxames. Durante o período de realização do trabalho, observaram-se altos índices pluviométricos e temperaturas desfavoráveis a apicultura. Pizzamiglio (1991), afirma que o tempo e o clima constituem os fatores mais importantes na interação dos insetos com as plantas. A produção de néctar e pólen que são cruciais para o desenvolvimento dos enxames de abelhas é influenciada pela temperatura, umidade relativa do ar, luminosidade, ventos, precipitação pluvial, radiação solar, fertilidade do solo, idade e vigor das plantas. No GRÁFICO 03 podem ser observadas as temperaturas registradas na região durante boa parte do ano apícola 2010-2011. A ocorrência de temperaturas baixas na região, principalmente entre os meses de setembro a dezembro de 2010, onde a temperatura mínima atingiu valores abaixo de 15ºC teve influencia bastante negativa no desenvolvimento dos enxames. Teixeira & Campos (2005), afirmam que o desenvolvimento dos enxames ocorre de maneira satisfatória quando as condições climáticas são favoráveis e as temperaturas são elevadas. 56 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 GRÁFICO 03 – Temperatura Média e Mínima Registrada na Estação Meteorológica de União da Vitória - PR, no período de Agosto de 2010 a Abril de 2011. Fonte: O autor (2011) Nota: Dados Climáticos fornecidos pelo Instituto Tecnológico, Simepar (2011). Estudo realizado por Rodrigues et al. (2009) demonstram que as recompensas florais de néctar e pólen, que são de extrema importância para o desenvolvimento dos enxames e para a produtividade de produtos apícolas em geral, se tornam abundantes apenas quando a temperatura mínima atinge cerca de 15ºC, já as temperaturas abaixo deste valor são totalmente desfavoráveis. Outro fator negativo que influenciou na sobrevivência e na produtividade dos enxames, ocasionando também altas taxas de abandono, foram às elevadas taxas de pluviosidade ocorrentes no principal período de floração da vegetação local, observadas no GRÁFICO 04. Estudo realizado por Rodrigues et al. (2009), demonstram que a intensidade das chuvas reduz o forrageamento das abelhas, suspendendo a produção e gerando consumo das reservas de alimento da colméia, reduzindo a postura da rainha e também intensificando a termorregulação. O autor afirma ainda que as chuvas em épocas de floração são prejudiciais tanto na produção de néctar (influindo negativamente sobre a planta, devido ao aumento exagerado da umidade, o que acarreta baixa considerável da secreção e lavando o néctar) quanto na produção de mel. 57 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 GRÁFICO 04 –Precipitação Registrada na Estação Meteorológica de União da Vitória – PR, no período de Agosto de 2010 a Abril de 2011. Fonte: O autor (2011) Nota: Dados Climáticos fornecidos pelo Instituto Tecnológico, Simepar (2011). Os altos índices pluviométricos e as temperaturas baixas observadas durante o período do trabalho mudam totalmente a rotina na colônia, sendo que essas condições alteram ainda mais uma colônia que esta em processo de desenvolvimento ou que esta se adaptando a um novo local de nidificação. Desse modo observou-se que a secreção insuficiente de néctar e pólen devida a baixas temperaturas e excesso de chuvas, no período de Agosto de 2010 a Dezembro de 2010, influenciou diretamente na falta de desenvolvimento e produtividade dos enxames, não permitindo também a garantia de estoque de alimento para as colônias, o que comprometeu sua sobrevivência nos meses seguintes. Outro fator que influenciou na produtividade e no desenvolvimento dos enxames foi a origem dos mesmos, onde segundo Souza (2002), enxames transitórios capturados tem seu desenvolvimento e a produção influenciada pelo tamanho da população e pela época em que são capturados. Muitos enxames capturados durante o trabalho possuíam populações pequenas e não possuíam rainhas fecundadas, condição esta que foi observada durante as revisões e nesses casos optou-se por fazer a união de enxames com seleção das rainhas novas e com boa postura, já que segundo o autor, a idade das rainhas é um fator extremamente importante no desenvolvimento dos enxames. Foram também 58 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 observados enxames provenientes de migração, de enxameação reprodutiva (primários) e também enxames nidificados retirados que tinham rainhas velhas e já em declínio de postura, não apresentando desenvolvimento e produção considerável. O ataque de Eira barbara (irara) sobre um dos apiários montados durante o trabalho, causou perda total das colméias no apiário 01 e boa parte do material apícola utilizado não pode ser reconstituída. CONCLUSÃO A retirada de enxames de abelhas africanizadas em áreas urbanas se demonstrou extremamente importante para reduzir o risco de acidentes, devendo para isso ser bem programada e contar com técnicas que permitam a realização do trabalho com segurança. Os métodos desenvolvidos durante o presente estudo permitiram a execução dos trabalhos de forma segura, não ocorrendo nenhum acidente durante os procedimentos. Uma estratégia bastante eficaz para controlar a incidência de enxames em áreas urbanas foi a instalação de caixas-isca visando à captura de enxames, antes que estes se alojem em locais inapropriados e aumentem os riscos de acidentes. A orientação da população visando esclarecer como agir em presença de enxames, como evitar seu alojamento em construções (onde devem ser evitadas aberturas com mais de 04 mm) e o desenvolvimento de estratégias concretas para retirada e aproveitamento dos enxames em áreas urbanas foi muito bem aceita pela sociedade e proporcionou o aproveitamento dos enxames. Foi possível verificar que os períodos em que ocorre um aumento na atividade de enxames nidificados e aumento de enxames transitórios nas áreas de União da Vitória – PR e Porto União – SC correspondem ao período entre setembro e dezembro. Nesse período ocorrem as principais floradas da região e possibilitam a plena atividade das abelhas, onde ocorre o processo de enxameação reprodutiva e o maior contato das abelhas com a população. Ao ocorrer à elevação das temperaturas e redução na precipitação, principalmente no mês de novembro, obteve-se maior ocorrência de enxames nas áreas estudadas. Após a retirada ou a captura dos enxames observou-se que fatores climáticos como baixas temperaturas e elevados índices pluviométricos que prejudicaram o desenvolvimento e a produtividade dos enxames, pois nessas condições existe uma menor secreção de néctar e pólen pelas 59 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 plantas e um menor aproveitamento desses recursos pelas abelhas que tem sua atividade de forrageamento reduzida. Condições climáticas desfavoráveis como observadas não permitiram estoque de alimento necessário para as colônias e comprometeu sua sobrevivência nos meses seguintes, desencadeando elevadas taxas de abandono nas colméias. A captura de enxames com rainhas em declínio de postura, ou rainhas não fecundadas e também enxames com populações pequenas, também contribuíram para falta de produtividade e desenvolvimento dos enxames. Por fim o ataque da irara (Eira barbara) também ocasionou prejuízos, destruindo completamente um dos apiários. REFERENCIAS CBA – CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE APICULTURA. Comentários da Comissão de Coordenação Técnica - Científica da CBA sobre reportagem no Programa do Faustão. Disponível em: http://www.brasilapicola.com.br/files/COMENT%C3%81RIOS%20DA%20COMISS% C3%83O%20DE%20COORDENA%C3%87%C3%83O%20T%C3%89CNICO.pdf Acesso em Março de 2010. MELLO M. H. S. H. et al. Abelhas africanizadas em área metropolitana do Brasil: abrigos e influências climáticas. Rev. Bras. Saúde Pública; 2003. NOGUEIRA COUTO, R. H.; COUTO, L. A. Apicultura: manejo e produtos. Jaboticabal: FUNEP, 2006. 154 p. PIZZAMIGLIO, M. A. Ecologia das interações inseto/planta. In: Panizzi; A.R. & Parra, J.R.P. Ecologia nutricional dos insetos e suas implicações no manejo de pragas. São Paulo. Ed. Manole, 1991.p.101-29. RODRIGUES A. E. et al. Comportamento Populacional de Apis Mellifera L. no Agreste Paraibano. Anais... Associação Brasileira de Zootecnistas. 18 a 22 de maio de 2009, Águas de Lindóia/SP. FZEA/USP-ABZ. 60 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 SOARES A. E. E. Captura de enxames com caixas iscas e sua importância no melhoramento de abelhas africanizadas. XV Congresso Brasileiro de Apicultura – I Congresso Brasileiro de Meliponicultura, Natal, RN, 2004. SOARES A. E. E. et al. Dispersão das abelhas africanizadas nas Américas: aspectos comportamentais. Anais... X Congresso Brasileiro de Apicultura. Pousada do Rio Quente; 1994. p. 204-11. SOUZA, D. C. Captura de enxames de abelhas africanizadas: como evitar acidentes e aumentar as colônias de seu apiário. In: XVI Congresso Brasileiro de Apicultura, Campo Grande/MS, 2002, Anais... p. 161-165. TEIXEIRA, L.V. CAMPOS, F.N.M. Início da atividade de vôo em abelhas sem ferrão (Hymenoptera, Apidae): influência do tamanho da abelha e da temperatura ambiente. Rev. bras. Zoociências. Juiz de Fora V. 7, Nº 2, p. 195-202, Dez / 2005. WOLFF et al. Abelhas melíferas: bioindicadores e qualidade ambiental e de sustentabilidade da agricultura familiar de base ecológica. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2008. ANEXO A MÉTODOS DESENVOLVIDOS DURANTE O TRABALHO 1 MÉTODOS PARA CAPTURA DE ENXAMES TRANSITÓRIOS EM AMBIENTES URBANOS Aproximar-se do enxame pousado em um determinado local, preferencialmente em duas pessoas, devidamente trajadas com EPI individual e aplicar com o auxílio do fumigador algumas baforadas leves de fumaça; Posicionar um ninho com fundo previamente fixo, ou uma caixa-isca contendo 50% dos quadros já com cera alveolada orgânica debaixo do enxame; 61 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Sacudir o local onde as abelhas estão pousadas de maneira única evitando que as abelhas caiam fora da caixa, ou derrubar as abelhas para dentro da caixa utilizando uma vassoura de cerdas macias ou uma pá de plástico; Após esse procedimento, podem-se aplicar mais algumas baforadas leves de fumaça para as abelhas se acomodarem na caixa, que deve ser nesse momento completada com os quadros que faltam; Devem-se observar as abelhas batendo suas asas sem voar e com o abdômen levantado, exibindo as glândulas de Nasonov, o que indica que a rainha esta na caixa e que o enxame foi capturado com sucesso; A tela de transporte deve ser utilizada sempre que a captura for realizada em ninhos, pois os mesmos não têm ventilação necessária. A tela de transporte deve ser fixada com o auxílio de uma corda; se o enxame for capturado dentro de uma caixa-isca, o uso de tela de transporte não é necessário, no entanto devem ser observadas as aberturas de ventilação, que devem estar sempre livres de própolis; Após a acomodação total das abelhas dentro da caixa, que geralmente ocorre ao escurecer, o alvado deve ser fechado com o auxílio de uma tira de espuma molhada com água; Após esses procedimentos o enxame está pronto para ser transportado para o apiário de quarentena, a fim de receber manejo adequado; Sempre que possível no apiário de quarentena os enxames transitórios capturados recebiam de outras colméias orgânicas certificadas, um ou dois favos contendo crias jovens de abelhas, o que favorecia a permanência das abelhas na colméia. 2 MÉTODOS PARA RETIRADA DE ENXAMES NIDIFICADOS EM AMBIENTES URBANOS Os procedimentos para retirada de enxames nidificados devem ser feitos sempre em dias ensolarados, preferencialmente entre as 16:00 h e 18:00 h (dependendo da época do ano), para reduzir a agressividade dos enxames, já que em dias ensolarados tem-se um maior número de abelhas campeiras em atividade de coleta, o que proporciona menor efetivo de abelhas para a defesa do local de nidificação, se comparados há dias frios e chuvosos; isso auxilia na prevenção de acidentes; 62 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Deve ser sempre ser considerada a segurança das pessoas, e caso seja necessário as autoridades competentes (Defesa Civil ou Corpo de Bombeiros) devem ser comunicadas para que o local seja isolado, evitando a presença de pessoas na área de risco; Aproximar-se da cavidade onde o enxame esta alojado, preferencialmente em duas pessoas trajadas com EPI individual sempre que necessário, e aplicar com o fumigador algumas baforadas de fumaça, utilizada para desorganizar o sistema de defesa das abelhas; Abrir a cavidade onde o enxame se encontra, de maneira a expor os favos, preferencialmente de maneira a evitar muitas batidas no local; Os favos que se encontram nas extremidades do ninho e que estão vazios ou com mel não devem ser levados para o ninho, devendo ser retirados e colocados em um balde que deve permanecer tampado após esse procedimento; Os favos com cria devem ser recortados com o auxílio da faca inoxidável no maior tamanho possível, encaixados nos quadros vazios (sem cera alveolada), na mesma posição em que estavam no ninho natural e devem ser fixados com firmeza usandose elásticos finos; Os favos já afixados devem ser colocados dentro da colméia, que já deve estar com o fundo fixo; Deve ser colocado o maior número possível de abelhas operárias dentro do ninho; A rainha deve ser preferencialmente localizada e prendida na gaiola e em seguida deve ser colocada no ninho (devendo ser libertada logo após o transporte do enxame para o apiário); caso não seja localizada, deve se observar se as operárias estão entrando no ninho e batendo suas asas sem voar, levantando o abdômen, exibindo as glândulas de Nasonov, o que indica a presença da rainha no ninho; O ninho deve ser preenchido com quadros contendo lâminas de cera alveolada e deve receber a tampa; Os pedaços de favos não aproveitados devem ser todos recolhidos e colocados em baldes, para evitar a aglomeração de abelhas no local; O ninho deve permanecer no local onde estava alojado o enxame, com o alvado na posição de entrada original por pelo menos dois dias, para que as abelhas se acomodem; 63 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Caso não seja possível deixar o ninho no local, o transporte deve ser realizado na noite do mesmo dia (recomendado apenas para enxames recém-alojados, com pequeno número de abelhas – menos de 20.000); 3 TRANSPORTE DOS ENXAMES O transporte dos enxames nidificados recortados para o apiário de quarentena deve ser realizado respeitando o tempo de reorganização dos enxames (cerca de dois dias), assim como o de enxames transitórios capturados em caixas-isca deve ser sempre realizado ao escurecer, para evitar a perda de abelhas campeiras que só retornam todas a colméia ao final do dia. Já o transporte dos enxames do apiário de quarentena para os apiários definitivos deve ser realizado pela manhã, evitando calor intenso que prejudica as abelhas. Para executar essa atividade, sempre deve ser utilizado EPI completo e fumigador aceso, a fim de evitar possíveis acidentes. Os procedimentos gerais adotados para se proceder ao transporte de enxames nidificados recortados ou transitórios capturados de maneira correta são: Os enxames acondicionados em ninhos padrão Langstroth devem receber uma tela de transporte que deve ser amarrada com corda no lugar da tampa, na tarde anterior ao dia de transporte. Em caso de enxames nidificados recortados, o ninho já deve receber a tela de transporte, logo após a transferência do enxame para o ninho. Após a colocação da tela de transporte, a tampa deve ser recolocada sobre o ninho, para evitar que a colméia fique aberta; Pela manhã antes da saída das abelhas para o campo, ou ao escurecer quando todas as abelhas campeiras já retornaram do campo, o alvado das colméias deve ser vedado com espuma molhada com água; Enxames que estiverem em caixas-isca podem ser transportados diretamente, já que essas caixas têm sistema de ventilação (telas laterais), que devem ser revisadas para evitar sufocação dos enxames devido ao fechamento dessa ventilação por propolização; 64 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Depois desses procedimentos os enxames podem ser acondicionados no veículo de transporte para seguir até o apiário definitivo ou de quarentena; Ao chegar ao apiário, às colméias devem ser descarregadas do veículo e colocadas sobre os estaleiros, seguindo alguns princípios: As colméias devem ser posicionadas com o alvado posicionado de maneira a evitar ventos fortes (para o leste) e para evitar excesso de sombra; Podem ser colocadas duas ou três colméias por estaleiro, objetivando sempre manter uma distância adequada entre elas, para se controlar com segurança os enxames durante as operações de manejo, utilizando-se fumaça; A tela de transporte deve ser removida com devido cuidado, estando trajando seu EPI e portando o fumigador aceso; Deve em seguida ser colocada a tampa revestida por chapa metálica e deve ser retirada a espuma do alvado; 4 COLOCAÇÃO DE CAIXAS-ISCA PARA CAPTURA DE ENXAMES TRANSITÓRIOS EM ÁREAS URBANAS Para a captura de enxames transitórios de abelhas africanizadas em áreas urbanas foram instaladas caixas-isca de madeira, já utilizadas anteriormente, que, portanto apresentam cheiro de própolis característico, com quadros contendo lâminas de cera alveolada orgânica e ao menos dois quadros com favos de cera construídos provenientes de colméias orgânicas certificadas; As caixas-isca foram dispostas em pontos estratégicos das áreas urbanas, em locais onde após ocupação por enxames nas caixas-iscas, estes não ofereçam riscos à população, além de locais protegidos de eventuais roubos ou danos. As caixas-iscas foram colocadas em cima de telhados, árvores, muros, capelas nos cemitérios, a altura média de dois metros do solo, ligeiramente inclinadas para frente, na posição vertical. Em média a cada dez dias as caixas-iscas eram revistadas e conforme a demanda de enxames capturados eram colocadas no local outras caixas-isca, de modo a oferecer abrigo à boa parte dos enxames transitórios que buscam locais de nidificação em áreas urbanas. 65 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 5 MONTAGEM DE APIÁRIOS DEFINITIVOS VISANDO PRODUÇÃO ORGÂNICA A montagem dos apiários para o transporte de enxames foi realizada com antecedência para que o transporte e a disposição das colméias possam ser realizados com segurança. As etapas seguidas para a montagem dos apiários definitivos foram: Observação inicial da paisagem local para verificar a flora apícola, ou seja, a diversidade de espécies vegetais que fornecem néctar e pólen, onde sejam respeitados os modos de produção biológicos/orgânicos e/ou vegetações silvestres e cultivos de baixo impacto ambiental onde não ocorre uso de agrotóxicos em raio mínimo de 3 km. Essa característica do local é muito importante, por ser regra de manejo nos sistemas orgânicos, e por determinar o número de colméias que o apiário pode suportar; Os apiários ainda devem manter distância de 5 km de rodovias principais com tráfego intenso, e de qualquer fonte de produção não agrícola que possa resultar em contaminação, como por exemplo, centros urbanos, zonas industriais, aterros sanitários, incineradores, entre outros; O apiário deve ser montado com distância mínima de 500 m de criações de animais, casas e locais públicos; Observação da região do entorno para verificar a presença de água natural que seja corrente e de boa qualidade; A localização dos apiários deve ser geo referenciada com o uso de GPS; O apiário deve ser montado em área onde fique protegido contra correntes de vento, pois o vento prejudica as colméias resfriando-a e exigindo das campeiras maiores esforços para voar; O local de instalação do apiário deve possibilitar fácil acesso em qualquer época do ano, isso facilita as operações de manejo; As colméias devem preferencialmente receber sol pela manhã e sombra no período da tarde; Após observar esses parâmetros o apiário pode ser montado, iniciando-se a limpeza da área: 66 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Para limpar o local, podem ser utilizadas ferramentas necessárias como foice, facão e machado. Após a limpeza do local, os estaleiros de madeira, com capacidade para duas ou três colméias cada, podem ser posicionados. O solo deverá ser nivelado com auxílio de uma enxada para a disposição dos estaleiros; A distância mínima entre um estaleiro e outro deve ser de pelo menos três metros; Após cumprir essas etapas, o apiário poderá receber as colméias com os enxames, para em seguida se proceder ao manejo inicial de produção; 6 MANEJO INICIAL DOS ENXAMES PARA PRODUÇÃO DE MEL E PRÓPOLIS ORGÂNICOS O manejo inicial dos apiários teve por objetivo promover o crescimento dos enxames para que eles possam ser utilizados na produção, inicialmente de mel e própolis. As primeiras estratégias de manejo foram adotadas no apiário de quarentena, antes do transporte dos enxames para os apiários definitivos, envolvendo procedimentos cruciais para avaliar a viabilidade dos enxames para a produção, sendo as revisões realizadas a cada 15 dias. Os apiários definitivos eram revisados uma vez por mês, com objetivo de observar o crescimento da população de abelhas, a postura da rainha, a produção de reservas de alimento no ninho, a presença de doenças, e para que possam ser feitas as intervenções necessárias para a produção dos enxames. Todas as atividades de manejo dos apiários foi executada em dias ensolarados, de preferência nos horários entre 8:00 e 11:00 e das 14:00 as 17:00, dando-se preferência ao horário da manhã, estando os envolvidos vestindo EPI completo e com fumigador aceso. A temperatura para as operações de manejo estava sempre entre 20ºC e 30ºC. Todas as revisões seguindo as técnicas de manejo adequadas obedeceram aos seguintes princípios: Antes de abrir a colméia, devem-se dar algumas baforadas de fumaça no alvado, para evitar a agressividade excessiva do enxame, onde a fumaça age como 67 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 dificultadora da comunicação das abelhas, que não conseguem organizar um ataque em massa; Para executar o manejo, devem se evitar movimentos bruscos, batidas nas colméias, uso de perfumes e cosméticos, para evitar o ataque das abelhas, que ficam irritadas quando essas medidas não são tomadas, organizando mais ataques, buscando a defesa; O posicionamento para o manejo deve ser na lateral ou no fundo da colméia, pois o posicionamento frontal atrapalha a entrada e a saída das abelhas, tornando-as mais agressivas; Os enxames transitórios capturados nas cidades devem receber logo após o transporte para o apiário de quarentena, um ou dois favos que contenham cria operculada ou não operculada, obtidos de colméias orgânicas certificadas. A colocação de favos com crias garante a permanência do enxame na colméia; A revisão deve ser breve e inicialmente deve ser notada a presença da rainha, através da postura de ovos no favo, devendo essa ser uniforme e ter apenas um ovo por alvéolo; Caso não haja postura, é sinal de que a rainha esta velha ou ausente, nesse caso o enxame deve receber de uma colméia mais forte, um favo com postura de no máximo três dias, para que as abelhas possam construir uma realeira e criar sua nova rainha; A rainha velha, caso esteja na colméia deve ser eliminada, para que as abelhas percebam a sua ausência e construam a nova realeira; Caso o enxame apresente poucas abelhas, poderão ser colocados dois ou mais favos de cria operculada, para se aumentar o número de abelhas no enxame fraco; O enxame que apresentar poucas reservas de alimento, também pode receber favos que contenham mel e pólen; Os favos de cria, bem como de alimento devem ser retirados de enxames fortes provenientes das cidades que estejam presentes no apiário ou de colméias orgânicas certificadas localizadas em apiários próximos; Ainda no apiário de quarentena durante as revisões buscando reforçar os enxames fracos, que apresentem um número muito pequeno de abelhas e rainhas com pouca 68 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 postura, o que inviabilizava seu transporte para o apiário definitivo ou mesmo o seu reforço, pode-se optar por fazer a união de enxames. A técnica de união de enxames consiste em juntar duas ou três colméias fracas de forma a obter uma única colméia forte e populosa. Para se proceder a união de enxames uma única rainha deve ser selecionada (geralmente a que possui melhor postura ou a que possui maior número de abelhas na colméia). Em seguida se procede à união de duas ou três colméias em uma só, onde os favos sem postura, ou que continham apenas lâminas de cera alveolada são descartados, de maneira a se obter apenas uma colméia com os melhores favos, que recebe todas as abelhas. Outra estratégia que pode ser utilizada é a troca de lugar entre colméias muito populosas e colméias com populações menores, desde que localizadas no mesmo apiário. Assim as campeiras da colméia populosa passam para a colméia com menor população e a reforçam. Esse método é eficiente para evitar a enxameação da colméia forte e estimular o crescimento da colméia menos populosa. Enxames capturados em caixas-isca, após construírem todos os favos e ficarem com espaço limitado no interior devem ser transferidos para colméias padrão Langstroth e receber mais quadros com lâminas de cera alveolada, buscando o desenvolvimento potencial total do enxame; Enxames que apresentem grande população de abelhas (em torno de 30.000 abelhas), e que estejam com o ninho completo de favos construídos e com postura satisfatória podem receber uma melgueira com quadros de cera alveolada orgânica ou com favos já construídos, que foram centrifugados de colméias orgânicas certificadas, para que possam dar início à produção de mel. As melgueiras utilizadas devem possuir encaixes para os coletores de própolis, a fim obter também a própolis. O coletor de própolis deve ser encaixado firmemente no espaço presente na melgueira; sempre ao final do outono os coletores de própolis devem ser retirados e substituídos por sarrafos de madeira, a fim de reduzir o esforço das abelhas para recolher a própolis durante períodos de entressafra de mel e pólen. O enxame que receber a melgueira, deve também receber uma tela excluidora de rainha, que fica entre o ninho e a melgueira, para evitar que a rainha suba até a 69 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 melgueira e efetue postura nesse local, o que prejudicaria a produção e a extração do mel. É importante lembrar que com as revisões é possível observar o desenvolvimento dos enxames e a presença de anormalidades e com estratégias de manejo adequadas é possível estimular sua produção, não só de mel e própolis, mas de qualquer produto apícola que se deseje. 70 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Formação de professores, Prática de Ensino, didática, metodologias e avaliação Comissão Científica Docentes que foram membros das bancas de avaliações dos trabalhos desta seção, na forma oral e de painel, durante o evento. Márcia M. Stentzler, Valéria Schena Roseli Vergopolan 71 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Resumos O PAPEL DO PROFESSOR NO DESENVOLVIMENTO AFETIVO E MOTIVACIONAL DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Catia Luciane da Luz Carneiro(PG), Rosana Beatriz Ansai (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Palavras Chave: Educação Infantil, Professor, Desenvolvimento afetivo, Motivação Resumo: A partir da Revolução Industrial a mulher engajou-se no mercado de trabalho, sendo que cada vez mais o papel de família fica delegado aos Centros de Educação Infantil, uma vez que a mãe encarregada de cuidar da prole, tem que sair para trabalhar. Neste sentido coube aos professores muitas vezes, assumir o papel dos pais nos espaços de Educação Infantil uma vez que as crianças ficam sob os cuidados desta instituição na maior parte do dia. Cabe ao professor estimular o desenvolvimento moral da criança, para tanto, acredita-se que deverá estar embasado teoricamente com leituras e especializações. Sendo assim o professor que atua na Educação Infantil deve ampliar a concepção que tem do espaço educativo sobre a aprendizagem e os elementos que a compõe, entre eles a motivação e a afetividade, tema deste estudo. O objetivo geral do estudo é: *Descrever o papel do professor de Educação Infantil no desenvolvimento afetivo e motivacional da criança. Porém julga-se essencial apresentar-se também os objetivos específicos, sendo eles: *Estudar como a afetividade interfere na aprendizagem da criança; *Analisar se o aluno motivado aprende melhor; *Evidenciar a importância e as características do professor na Educação Infantil; *Pesquisar quais os recursos que o professor deve utilizar para motivar seus alunos. A partir dos objetivos propostos, a metodologia do tipo de pesquisa é descritiva, de cunho bibliográfico. A área de abrangência do estudo do tema se situa no campo de desenvolvimento no âmbito das Ciências Humanas, mais especificadamente na área de Educação Infantil no eixo temático Afetividade e Motivação. Na revisão da literatura evidencia-se que durante a infância as emoções e sentimentos vividos e ensinados contribuirão para as futuras relações em sua vida como adulto. No presente momento o estudo se encontra na fase de coleta dos dados. 72 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O TRABALHO PEDAGÓGICO COM CRIANÇAS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Eliane Cristina dos Santos (PG), Rosana Beatriz Ansai (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia Institucional Palavras Chave: Dificuldades de Aprendizagem, Trabalho Pedagógico, Teorias. Resumo: O tema do estudo se situa na área de abrangência das dificuldades de aprendizagem. Nota-se que a sociedade globalizada exige cada vez mais pessoas com perfil produtivo e intelectual próximo da perfeição. Deste modo pessoas que por um motivo ou outro não se enquadram neste perfil são marginalizadas, rotuladas e excluídas da primeira sociedade que frequentam fora da família: a escola. Crianças com Dificuldades de Aprendizagem normalmente apresentam, baixo rendimento escolar, disgrafia, discalculia, dificuldades de ordem motora, ritmo de aprendizagem lento, problemas de ordem emocional/afetiva. Todos estes fatores acabam levando crianças ao fracasso e a evasão escolar. O papel do professor no terceiro milênio é do profissional que se ocupa pedagógicamente com o desempenho escolar de todos os seus alunos, independente da capacidade que cada um tem de aprender. Denominamos isto de inclusão escolar. Os objetivos do estudo de caráter teórico bibliográfico buscam apresentar alguns conceitos e prováveis causas das dificuldades de aprendizagem, como também apontar como pode ser um trabalho pedagógico diferenciado e a relação entre professor/aluno com crianças que apresentam este perfil. No estudo evidencia-se como ferramenta pedagógica para o trabalho docente com crianças com dificuldades de aprendizagem, a metodologia lúdica como base para a transformação e melhoria do desempenho dos escolares com dificuldades. Evidencia-se na revisão da literatura que a criança gosta de brincar e que a brincadeira está presente na sua vida, portanto utilizar a brincadeira como ferramenta de ensino é unir o útil ao agradável. 73 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A EDUCAÇÃO NA ESCOLA ÉTNICA UCRANIANA DE UNIÃO DA VITÓRIA “ESCOLA PADROEIRO DIVINO ESPÍRITO SANTO” (1902 – 1924) Karla Aparecida Ferreira (G), Vanessa Campos de Lara Jakimiu (Pq). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Pedagogia Palavras-chave: Imigração Ucraniana. Educação Ucraniana. Vale do Iguaçu. Resumo: O presente estudo traz em seu conteúdo a investigação acerca da imigração dos Ucranianos no sul do Paraná e da escola étnica ucraniana em União da Vitória, buscando a compreensão da constituição e conformação histórica da Educação no Vale do Iguaçu, pois, os imigrantes trouxeram consigo um referencial sócio-cultural próprio, caracterizado e marcado por sua história na Europa. Acredita-se que compete aos estudiosos da Educação resgatar e compreender idéias e traços fundamentais que denotaram o desenvolvimento da cultura em geral, e para isso pesquisar em registros documentais e na história de pessoas, como professores, alunos, comunidade, entre outros dados que nos permitam entender a constituição da educação na região. Trata-se de uma pesquisa com base na história cultural, sendo os dados coletados por meio de pesquisa bibliográfica e documental em arquivos da região, bem como por meio de entrevistas com pessoas que vivenciaram esta experiência, ou que possuem registros da mesma. 74 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 AVALIAÇÃO ESCOLAR: REVISITANDO O COTIDIANO ESCOLAR Michele Alessandra Pattene (PG), Valéria Aparecida Schena (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Pedagogia. Palavras Chave: Avaliação Escolar, Aluno, Professor. Resumo: O foco da pesquisa é estudar sobre a Avaliação Escolar, tema que está em evidencia no cenário educacional há muitos anos. Apresenta-se como objetivos identificar o processo avaliativo nos anos iniciais do Ensino Fundamental, analisar sua aplicação no contexto educacional. A avaliação indica os tipos de desempenho (conhecimento, habilidades e atitudes) que se espera do aluno como sinal de que a aprendizagem realmente ocorreu. A avaliação nem sempre é vista pelos educandos como uma forma de comparação, do que se aprendeu com o que ainda se pretende atingir. Muitos “enxergam” a avaliação como uma forma negativa, por isso recebe vários nomes como: prova, exame, verificação, muitas vezes com o objetivo de medir. O professor deverá perceber que a avaliação é um meio, e neste sentido o professor deve informar sempre ao educando, sobre os objetivos da avaliação e analisar os resultados alcançados. Tendo o educador um bom convívio com os educandos o conteúdo será melhor trabalhado e conseqüentemente entendido, tendo bons resultados. Evidencia-se que a avaliação escolar é sem dúvida alguma de suma importância, uma vez que é, potencialmente, o instrumento a ser usado na construção ou no pleno desenvolvimento do modelo de atuação escolar. Se conduzida com caráter reflexivo, poderá identificar as carências apresentadas pelos alunos, no decorrer do período letivo, servindo também como balizador, para que possa o professor, tomar certas decisões ou executar modificações e reforços que favoreçam o desenvolvimento necessário ao alcance dos objetivos. A metodologia do presente estudo tem base na pesquisa qualitativa, teórico-bibliográfica e descritiva. 75 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O INCENTIVO À LEITURA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Patrícia de Fátima Reisdorfer (PG), Maria Sidney B. Gruner (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Pedagogia. Palavras-chave: Leitura. Professor. Criança. Anos Iniciais. Resumo: O presente estudo tem como tema o incentivo a leitura nas séries iniciais, sendo que a escola é o espaço mais apropriado para se despertar no aluno o prazer pela leitura, incentivando-o ao hábito da mesma, tendo o professor como mediador deste processo. Compreende-se que prazer pela leitura começa nos Anos Iniciais e a escola deve estar preparada para esta tarefa. Seria importante que a leitura fosse proporcionada a partir da primeira infância, em casa, com os pais contando pequenas histórias. Porém isso raramente acontece, então cabe à escola levar o aluno ao hábito da leitura. O objetivo geral deste estudo é relatar como o professor pode fazer da leitura um hábito saudável, como objetivo específico busca-se relatar como a leitura pode ser trabalhada nos Anos Iniciais, quais as funções e concepções da leitura, bem como analisar a importância da leitura para o desenvolvimento da criança. Conforme o processo da coleta de dados, a pesquisa classifica-se como qualitativa bibliográfica. A área de abrangência da pesquisa encontra-se no campo de desenvolvimento das Ciências Humanas e Educação. Na revisão de literatura, evidencia-se que a família e a escola são ambientes responsáveis pelo incentivo ao hábito da leitura, proporcionando as crianças serem indivíduos críticos, levando-as ao conhecimento de mundo. A literatura infantil tem uma magia e um encantamento capazes de despertar no leitor todo o potencial criativo. É uma força capaz de transformar a realidade. Quando trabalhada adequadamente, a literatura infantil é um instrumento de suma importância na construção do desenvolvimento do educando, fazendo com que ele desperte para o mundo da leitura, não só como um ato de aprendizagem significativa, mas também como uma atividade prazerosa. No presente momento, este estudo encontra-se em fase de análises das leituras necessárias para a realização do desenvolvimento da escrita. 76 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO ENSINO DA MATEMÁTICA Sandra Corrêa Osório (PG), Maria Sidney B. Gruner (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV). Palavras Chave: Ensino da Matemática, Aprendizagem, Lúdico. Resumo: O presente trabalho tem como objetivo o estudo do lúdico no Ensino da Matemática, utilizando como metodologia uma pesquisa descritiva, bibliográfica e exploratória. As atividades lúdicas são aliadas do trabalho docente e são de suma importância no ensino aprendizagem dos educandos, ajudando-os a assimilarem e associarem vários conceitos matemáticos. Além de ser um objeto sócio-cultural, presente na Matemática, as atividades lúdicas são também atividades naturais no desenvolvimento dos processos psicológicos básicos de cada educando, auxiliando-os no seu autoconhecimento. O lúdico é abordado nas teorias de vários educadores, entre eles Piaget, autor da teoria construtivista, a qual visa estimular os educandos a se tornarem pensantes, ativos, críticos e independentes; levando-os a formarem seu intelecto, por intermédio da interação com o mundo, tornando-se cada vez mais autônomos. O concreto facilita e estimula o raciocínio pela lógica, pois o cérebro recebe melhor as informações se houver uma coordenação manual em que possa associar o concreto com o abstrato; desenvolvendo assim o raciocínio lógico, tão almejado pelos educadores que visam educar alunos construtivos, com um bom conhecimento autônomo, moral e intelectual. Este método de ensino torna a Matemática mais extrovertida, gostosa e suave de ser compreendida. Desta forma, é possível demonstrar aos educandos o outro lado da Matemática, onde as atividades lúdicas são importantes e auxiliam o educador e os educandos na compreensão, e, fixação dos conteúdos. O jogo e a brincadeira são por si uma situação de aprendizagem. As regras e a imaginação favorecem a criança no seu desenvolvimento. Através dos jogos ou brincadeiras as crianças agem como se fosse a própria realidade, e isto, inegavelmente, contribui de forma intensa e especial para o seu desenvolvimento e aprendizagem. Estes recursos lúdicos que ocupam lugar nas escolas devem ser utilizados e aplicados em todas as disciplinas já que seus resultados são tão eficazes no desenvolvimento dos educandos. 77 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A INFLUÊNCIA DAS EMOÇÕES NA APRENDIZAGEM ESCOLAR Sonia Aparecida Gonsalves Souza (PG), Roseli B. Klein(PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV). Especialização em Educação Infantil e Séries Iniciais. Palavras Chave: Educação, Emoções, Aprendizagem. Resumo: A criança que chega à escola traz consigo uma experiência de vida, quer seja com sua família, quer seja com a sociedade na qual ela está inserida. Todo esse envolvimento social e as relações emocionais, tema de estudo, podem acarretar influências positivas ou negativas no seu desenvolvimento e desempenho na escola. No ambiente escolar, como nas demais esferas da sociedade, o aluno precisa se relacionar, viver e conviver emocionalmente, precisa se envolver afetiva e intelectualmente com os demais sujeitos do processo educacional. Há um relacionamento com toda a comunidade escolar. Este envolvimento, esta relação pode ser um agente facilitador ou ainda, poderá vir a ser um fator prejudicial ao desenvolvimento pleno infantil e a todo o trabalho escolar. Esta pesquisa tem por objetivo verificar a influência de fatores emocionais e sua relação com a aprendizagem. Justifica-se esta pesquisa, devido ao fato de atuarmos nas séries iniciais na rede Municipal de Ensino de Porto União, constatou-se a necessidade de mais aprofundamento, contudo no que se refere aos aspectos emocionais da criança. Para um bom desempenho e sucesso na escola todos os envolvidos precisam levar em consideração não apenas os conteúdos, mas sentimentos infantis intimamente atrelados ao dia-a-dia da escola. Afirma-se que é importante um ambiente favorável, agradável, onde seja possível um crescimento saudável. Salienta-se que este projeto está em fase inicial, pretende-se dar seqüência com mais estudos, e uma melhor análise dos fenômenos emocionais na esfera educacional. 78 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ALFABETIZANDO COM AUXÍLIO DE PROPAGANDAS Vanessa de Fátima Soares (PG), Maria Cristina F Fernandes (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná,Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória(FAFIUV),Colegiado de Computação. Palavras Chave: Alfabetização,Leitura,Criança Resumo: A criança e sua natureza precisa de incentivos para a alfabetização, descobrir artifícios e estímulos para um crescimento significativo do conhecimento de mundo. Uma forma peculiar de se conduzir o processo de alfabetização pode ser realizada pelo professor que inova suas aulas com diversos gêneros, despertando o interesse de todos, pois cada dia é mais necessário que as pessoas se conscientizem de que ler, interpretar, obter conhecimento é preciso, onde é possível conhecer através da leitura o sentimento de cada um e a forma de pensar, estimular a criança de maneira que ela possa aprender de uma forma prazerosa, para que fantasie seu universo imaginário, ou seja, com o auxílio dos gêneros textuais que fazem parte do nosso dia- a- dia, com isso o processo de alfabetização ganhará um novo rumo, a criança irá demonstrar interesse, receberá novas inovações, uma nova visão de mundo, pois irá adquirir um processo continuo através de diversos gêneros. O presente projeto de pesquisa tem por um objetivo geral evidenciar a alfabetização através dos gêneros textuais. Metodologicamente, a pesquisa se apresenta como sendo uma pesquisa do tipo teórica bibliográfica. A área de abrangência temática encontra-se no campo de desenvolvimento das ciências humanas e educação. A revisão da literatura evidencia que a alfabetização precisa de estímulos que prenda a atenção, desenvolva a interpretação e interesse pela leitura na escola e em seu cotidiano. No presente momento, conforme o cronograma da pesquisa, a mesma se encontra na fase de desenvolvimento do projeto. 79 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Artigos Os artigos publicados nestes anais foram escolhidos pela Comissão Científica desta seção. O conteúdo e resultados são de inteira responsabilidade dos autores. O TRABALHO PEDAGÓGICO COM CRIANÇAS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Eliane Cristina dos Santos3 Rosana Beatriz Ansai4 RESUMO: O tema do estudo se situa na área de abrangência das dificuldades de aprendizagem, caracterizando-se como uma pesquisa de cunho teórico bibliográfico, que busca explicitar as prováveis causas das dificuldades de aprendizagem, como também apontar como pode ser um trabalho pedagógico diferenciado e a relação entre professor/aluno com crianças que apresentam este perfil. Nota-se que na sociedade globalizada exige-se cada vez mais pessoas com perfil produtivo e intelectual próximo da perfeição. Deste modo, pessoas que por um motivo ou outro não se enquadram neste perfil são marginalizadas, rotuladas e excluídas da primeira sociedade que frequentam fora da família: a escola O papel do professor no terceiro milênio é do profissional que se ocupa pedagogicamente com o desempenho escolar de todos os seus alunos, independente da capacidade que cada um tem de aprender, denominamos isto de inclusão escolar. PALAVRAS-CHAVE: Dificuldades de Aprendizagem, Trabalho Pedagógico, Aluno, Professor. 3 Pós-Graduanda em Psicopedagogia, Graduada em Pedagogia, Graduanda do 1.° Ano do Curso de Filosofia da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras – FAFI/UV. Bolsista do projeto Mão Amiga oferecido pelo curso de Pedagogia financiado pela CAPES/PIBID. Professora do 3° ano dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental da Escola Estadual de Educação Básica Professor Balduíno Cardoso – Porto União/ SC 4 Graduada em Ciências Biológicas e Pedagogia com Habilitação em Orientação Educacional pela Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras- FAFI/UV. Mestre em Educação, área de concentração Formação de Professores pelo Centro Universitário Diocesano do Sudoeste do Paraná. Coordenadora do subprojeto Institucional Mão Amiga, oferecido pelo curso de Pedagogia e financiado pela CAPES/PIBID. Orientadora Educacional na Escola Estadual de Educação Básica Professor Balduíno Cardoso – Porto União/ SC 80 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 1 INTRODUÇÃO Nota-se que a sociedade globalizada exige cada vez mais pessoas com perfil produtivo e intelectual próximo da perfeição. Deste modo pessoas que por um motivo ou outro não se enquadram neste perfil são marginalizadas, rotuladas e excluídas da primeira sociedade que frequentam fora da família: a escola. O tema do estudo se situa na área de abrangência da Educação e trata do tema que versa sobre dificuldades de aprendizagem. Crianças com Dificuldades de Aprendizagem normalmente apresentam baixo rendimento escolar, disgrafia, discalculia, dificuldades de ordem motora, ritmo de aprendizagem lenta, problemas de ordem emocional/afetiva. Todos estes fatores podem acabar levando crianças ao fracasso e a evasão escolar. Recentemente observa-se que vem acontecendo um questionamento ampliado no sistema educacional no tocante a diversidade e multiplicidade e na forma com que se administra o processo de ensino aprendizagem dos alunos. Acredita-se que é indispensável ao professor perceber seu aluno como um sujeito único, com sua história particular, um sujeito que se encontra inserido num contexto social que ultrapassa os muros da escola. O papel do professor no terceiro milênio é de um profissional que se ocupa pedagógicamente com o desempenho escolar de todos os seus alunos, independente da capacidade que cada um tem de aprender. Denominamos isto de multiplicidade, pois conforme explica Sá (2005, p.63), ―a verdade é que, naquele grupo heterogêneo que é a turma, há alunos individualmente diferentes, com ritmos e estilos de cognição diferentes e motivações diversas, constituindo um ―mapa de aprendizagens‖ totalmente peculiar.‖ Nota-se que o fracasso escolar é observado geralmente por meio da repetência ou da evasão dos alunos, também pelo ritmo de aprendizagem diferente dos demais. Crianças com dificuldades de aprendizagem apresentam carência de mecanismos motivacionais e carregam consigo o sentimento de infelicidade em relação a sua vida escolar. Este estudo tem como objetivo explicitar as prováveis causas das dificuldades de aprendizagem, como também apontar como pode ser um trabalho pedagógico diferenciado e a relação entre professor/aluno com crianças que apresentam este perfil. A pesquisa foi motivada a partir da constatação dos benefícios que um bom relacionamento entre professor e aluno pode causar no que se refere a crianças 81 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 frustradas devido as dificuldades de aprendizagem e fracassos constantes em sua vida escolar. Esta constatação foi possível devido a esta pesquisadora ter participado como bolsista do Projeto de Apoio aos Alunos com Dificuldades de Aprendizagem nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental durante os anos letivos de 2008 e 2009 enquanto acadêmica do Curso de Pedagogia. Este projeto foi financiado pelo Programa Universidades Sem Fronteiras em parceria com a FAFI/UV, e teve extrema importância para minha formação docente, onde tive a oportunidade de unir a teoria e a prática no contexto real e desafiador do aluno com dificuldades de aprendizagem. Sem ter cursado Magistério antes de ingressar no curso Superior, posso afirmar que a experiência no referido Projeto foi crucial para o meu entendimento sobre o fazer pedagógico, consciente, crítico e competente. Subsequentemente tive a oportunidade de dar continuidade a esta pesquisa como bolsista do Projeto Mão Amiga - CAPES/PIBID, durante os anos letivos de 2010 e 2011, enquanto acadêmica do Curso de Filosofia da FAFI/UV. Este projeto está sendo financiado pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência- PIBID e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, em parceria com a FAFI/UV. O Projeto Mão Amiga também atende crianças com dificuldades de aprendizagem em três escolas do Município de União da Vitória-PR e tem objetivo duplo, primeiro de prestar atendimento especializado aos alunos com dificuldades de aprendizagem e o segundo de oportunizar ao acadêmico em sua formação docente e de pesquisador que consegue unir a teoria à prática. 2 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: CONCEITOS E CAUSAS O aprender é um processo que se inicia no momento do nascimento e segue por toda vida. De outra forma, embora o aprendizado seja um processo constante, sabe-se que jamais alguém poderá saber ou aprender tudo, uma vez que as limitações do ser humano o impedem a vivência plena deste fenômeno. Sobre como se realiza a aprendizagem Jardim (2005, p.65) aponta suas contribuições evidenciando que ―é pela ocorrência da aprendizagem que se desenvolvem as habilidades, apreciações, raciocínios, bem como as aspirações, atitudes e valores do homem‖, sendo que os fatores que influenciam o crescimento e 82 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 aprendizagem segundo o autor, são determinados por acontecimentos que pertencem ao meio do indivíduo. Neste sentido Jardim (2005, p.66) esclarece: Aprendizagem não é apenas o fato que se dá naturalmente; é também, um acontecimento que ocorre sob determinadas condições que podem se observadas, alteradas e controladas, e isto conduz a possibilidade de examinar o processo de aprendizagem por meio de métodos científicos, descrevê-la em linguagem objetiva, bem como descobrir as relações que existem entre elas e as mudanças que ocorrem no comportamento humano, podendo-se fazer inferências a respeito do que foi aprendido, elaborar teorias e modelos científicos que expliquem as mudanças observadas. Um conceito sobre aprendizagem encontra-se em Jardim (2005 p.66) que afirma que ―a aprendizagem é uma modificação na disposição ou na capacidade do homem [...]‖ Esta modificação o autor denomina de desempenho e explica que o processo de aprendizagem se realiza quando a situação estimuladora afeta o aprendiz de tal maneira que a performance apresentada anteriormente se modifica, levando a inferência de que a aprendizagem se realizou. Gómes e Terán (2009, p.31) apresentam a sua definição sobre o processo de aprendizado, afirmando que: [...] O aprendizado integra o cerebral, o psíquico, o cognitivo e o social. Portanto podemos dizer que é um processo neuropsicocognitivo que ocorrerá num determinado momento histórico, numa determinada sociedade, dentro de uma cultura particular. Os autores ressaltam ainda que a partir desse processo é importante e necessário destacar o contexto subjetivo dos indivíduos sobre as influências que o currículo oculto de cada um exerce sobre o aprendizado, ou seja por experiências passadas, sentimentos, vivências e as situações sociais nas quais se desenvolvem o aprendizado. Neste sentido Gómes e Terán (2009) explicam que [...] Nossa estrutura psíquica dá sentido aos processos perceptivos, enquanto a organização cognitiva sistematiza toda a informação recebida de uma forma muito pessoal de acordo com as experiências vivenciadas e as situações 83 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 sociais onde elas se desenvolvem. Portanto os sujeitos da aprendizagem e seus modos de aprender são produtos das práticas culturais e sociais. O processo de aprendizagem já não é considerado uma ação passiva de recepção, nem o ensinamento uma simples transmissão de informação. Ao contrário, hoje falamos da aprendizagem interativa, da dimensionalidade do saber. A aprendizagem supõe uma construção que ocorre por meio de um processo mental que implica na aquisição de um conhecimento novo. É sempre uma reconstrução interna e subjetiva, processada e construída interativamente. Evidencia-se que a partir da sua prática educativa, houve tempos em que o professor era visto como o dono da verdade e o aluno um mero receptor de informações em sala de aula. Esta posição empirista é contestada por Gómes e Terán (2009) quando ressaltam a visão que se tem hoje sobre o aprendizado em sua dinâmica de interação e socialização. Rossini (2008) na introdução do seu livro ―Aprender tem que ser gostoso‖, faz uma viagem ao passado histórico da educação e trás considerações importantes sobre a aprendizagem nos tempos remotos, salientando as mudanças que ocorreram no inicio do século XX a partir dos movimentos denominados de Escola Nova e Escola Ativa. Ressalta que na antiguidade, o conhecimento era transmitido de forma bastante natural e informal: as pessoas reuniam-se em várias situações, conversavam, discutiam, trocavam idéias. Sem perceber, umas ensinavam às outras aquilo que sabiam de forma prática e significativa, experimentando, investigando, procurando outras respostas. A autora explica que os movimentos escolanovistas deram vida a escola por meio de métodos ativos, onde o fazer da criança é essencial no processo de ensino-aprendizagem. Rossini (2008) apresenta um olhar pedagógico sobre o aprender, com inclinação para evidenciar o aspecto emocional neste processo e o que é necessário para o processo de humanização pela educação do ser, explicitando que: Para educarmos um ser humano, convém saber o que queremos que ele se torne. É necessário indagar para que vivem os homens, ou seja, qual é a finalidade da vida e como ela deve ser. Nós, pais e educadores, devemos estar atentos às mudanças sociais questionamentos sobre a natureza do mundo e os limites fixados ―para o quê‖ e ―para quê‖ saber e fazer. Nossa missão é preparar nossos filhos e alunos para a vida, por meio da vida. Lembrar que hoje, o mundo globalizado exige uma socialização cada vez 84 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 mais intensa do ser humano, que cada vez mais intelectualmente e preparado emocionalmente para viver bem equipado em harmonia com seu grupo social. (ROSSINI, 2008, p.08) Concorda-se com a autora quando ressalta a importância de se pensar a educação das crianças e da sua formação futura. Vive-se uma era em que educação e o sistema de ensino acontecem num ritmo muito acelerado, e a exigência com relação aos educadores é muito grande. Deste modo acredita-se que a docência deve se voltar para a flexibilização e aberturas para inovações didático-pedagógicas com uma visão de ensino mais abrangente e eclética voltada para proporcionar aos educandos maneiras diversificadas de desenvolver as suas habilidades, para que os mesmos tenham possibilidades de se tornar cidadãos éticos, críticos, competentes e conscientes do seu papel na sociedade. Se aprender é um processo natural do ―Homo vivens‖, as dificuldades em construir este processo também o são. Deste modo entende-se que as dificuldades de aprendizagens fazem parte da vida de muitos estudantes do Ensino Fundamental e são claramente constatadas por meio do fracasso escolar, repetência, ritmo de aprendizagem diferenciado, e na pré-adolescência soma-se também a evasão escolar. Acredita-se que esta realidade pode ser modificada a partir da conscientização dos familiares e professores envolvidos com estas pessoas evidenciando-se que a criança que apresenta dificuldades de aprendizagem necessita ter um acompanhamento minucioso em sua vida escolar, até o momento que por sua própria conta possa administrar sua maneira peculiar de construir suas aprendizagens. A partir dos estudos realizados em Gómez e Téran (2009), constatou-se, a existência de alguns fatores que devem ser considerados no diagnóstico dos problemas de aprendizagem, seriam eles os fatores específicos, de ordem orgânica, emocional e ambiental, sendo que ―há uma multiplicidade de fatores que intervêm para o surgimento de um baixo rendimento escolar como resultado do processo de aprendizagem.‖ (GÓMEZ E TÉRAN, 2009, p.97) Acredita-se que fatores de ordem orgânica podem ocorrer desde a formação do bebê ainda no ventre da mãe. Doenças como a meningite, a rubéola podem afetar no desenvolvimento do feto ou trazer consequências no desenvolvimento. Na fase de crescimento das crianças é necessária uma alimentação saudável e apropriada, rica em 85 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 vitaminas e proteínas para o perfeito desenvolvimento de todos os órgãos do nosso corpo, principalmente o cérebro. Sobre o desenvolvimento cerebral durante a gravidez, Gómes e Téran (2009) explicam que o cérebro começa a desenvolver a partir de poucas células, até se converter em um órgão formado de milhões de neurônios. E durante esta transformação podem ocorrer alterações na sua formação. O cérebro é responsável pelas áreas envolvidas no processo visual e auditivo, também as áreas associadas com atenção, o pensamento e a emoção. Neste sentido Jardim (2005, p. 130) afirma: Desde o primeiro trimestre do desenvolvimento intra-uterino até os 30 meses de vida, o cérebro está em formação, pelo que qualquer lesão direta ou indireta, mínima ou severa, nesse período, poderá comprometer irreversivelmente o potencial de aprendizagem, seja verbal, seja não-verbal. O desenvolvimento cerebral precisa acontecer sem que ocorram interrupções. Em casos onde ocorram interferências problemas neste processo podem acarretar na morte do bebê ou o mesmo pode nascer com profundos déficits. Quando ocorrem problemas mais tardios, quando as células cerebrais estão começando a apropriar-se de suas funções, então podem acontecer o que os cientistas chamam de erros de conexão e mais tarde na vida escolar estes erros serão identificados como dificuldades de aprendizagem. (GÓMEZ e TÉRAN 2009) Jardim (2005, p.133) afirma ―é incontestável que o cérebro é o órgão responsável pela aprendizagem‖. Por conta desta afirmação acredita-se que toda gravidez merece cuidados e responsabilidade, pois um ser humano é gerado neste período e esta fase irá repercutir ao longo de toda sua vida. Dentre as causas mais comuns de interferências no processo de desenvolvimento cerebral no período pré-natal Gómes e Téran (2009, p.99) informam que são os seguintes fatores: ―genéticos, toxoplasmose, doenças viróticas da mãe, deficiências nutricionais na gravidez, alcoolismo, tabagismo, drogas, etc.‖ Nos períodos perinatais evidenciam Gómes e Téran (2009, p.100), ―no momento do parto ou nos dias seguintes: anoxia ou hipoxia, que se referem a um aporte insuficiente de oxigênio [...]‖, e nos períodos pós-natais precoces, ―traumatismos ou acidentes que podem deixar seqüelas neurológicas, doenças infecciosas [...]‖. Os autores evidenciam também sobre o que se refere aos fatores genéticos: 86 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 [...] o fato das dificuldades de aprendizagem surgirem em famílias, poderia nos levar a pensar que existe uma conexão genética. Por exemplo, crianças que carecem de certas competências necessárias para leitura como perceber os sons que formam uma palavra, muitas vezes têm um pai com dificuldade relacionada. Por esta razão, é improvável dizer que dificuldades de aprendizagem sejam herdadas diretamente. Possivelmente o que é herdado é uma sutil disfunção cerebral que pode levar a um problema de aprendizagem. (GÓMEZ e TÉRAN, 2009, p.100) É importante notar no que se refere aos fatores genéticos, que esta é uma das situações mais comuns de comodidade, quando os familiares da criança que apresenta dificuldades de aprendizagem simplesmente aceitam o fato como este sendo impossível de mudança, afirmando que se os pais tiveram dificuldades de aprendizagem então a criança será como os pais e pronto. Deixando de ter uma atitude responsável de buscar os auxílios necessários que possam ajudar, senão corrigir, ao menos minimizar os problemas. Concorda-se com Jardim (2005, p. 125) quando aponta ―as características do comportamento são influenciadas pelo potencial genético do indivíduo-genótipo e pelo envolvimento onde o mesmo se desenvolve e socializa‖. Sendo assim mesmo que fatores genéticos apontem as causas de dificuldades de aprendizagem em determinado educando, se este tiver um estímulo favorável terá todas as condições de sucesso na construção do seu aprendizado. Outro fator que é mencionado por Gómez e Téran (2009) são os fatores de ordem emocional. Estes fatores podem ser interpretados também como fatores psicológicos e se referem a todos aqueles que se voltam para a própria subjetividade, para o sentir-se consigo mesmo, com seus sentimentos e emoções, estar bem consigo mesmo e com o próximo. Sobre as necessidades psicológicas Rossini (2008) aponta: amar e ser amado, segurança/autonomia, autoestima/consideração e realização pessoal. Sobre este assunto concorda-se com Rossini (2008, p. 25) esclarece: O ser humano, satisfeita suas necessidades fisiológicas ou primárias, tenta hierarquicamente satisfazer às necessidades psicológicas que vão lhe proporcionar: segurança, participação ou aceitação no grupo, consideração e estima tudo para culminar na auto-realização. 87 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A saúde da mente, da alma, da autoestima é imprescindível em qualquer processo de aprendizagem. Acredita-se que seja impossível estar com a mente preparada para receber informações e processá-las com bom proveito se o individuo estiver passando por situações de estresse emocional. Sobre o assunto Gómes e Téran (2009, p. 101) evidenciam: [...] É quase totalmente reconhecido por docentes, pedagogos e psicólogos que os aspectos emocionais podem interferir negativamente nos processos de aprendizagem. No entanto, somente é conhecida a influência destes aspectos quando se tenta fundamentar um problema de aprendizagem ou uma prevenção de tais problemas. Quando se trata de explicar por que conseguem aprendem aprender, geralmente nos remetemos a teorias cognitivas, escuta-se dizer, ―essa criança aprende por que é inteligente‖ e não escutamos dizer ―essa criança aprende porque é amada e muito apoiada por seus pais‖. Sendo assim acredita-se que mesmo tendo todas as características de uma criança saudável organicamente e geneticamente, que viva em um ambiente rico de estímulos e possibilidades para o desenvolvimento das suas capacidades, ainda assim é possível afirmar que se esta criança não estiver psicologicamente bem, poderá apresentar dificuldades de aprendizagem. É simples, basta pensar em uma criança que possua todos os requisitos acima mencionados, porém esta criança vê seu pai alcoolizado bater em sua mãe todos os dias antes de dormir. Será possível que esta criança tenha condições de aproveitar as possibilidades que lhe são oportunizadas? Obviamente que não. Neste sentido Rossini (2008, p. 64) afirma ―para que o indivíduo possa satisfazer suas necessidades, cumprir seus objetivos, é preciso estar preparado física e psicologicamente.‖ Sobre os fatores ambientais Gómez e Téran (2009, p. 102) ressaltam sobre a intencionalidade daqueles que ensinam, sobre suas características individuais e qualidades pedagógicas que são fundamentais para o sucesso do aprendente, enfatizando que, ―para que uma criança aprenda é necessário que a pessoa que ensina conceda para a criança a possibilidade de ―ser a pessoa que aprende‖ e a coloque no lugar do sujeito pensante.‖ Trata-se do ensinante ser o mediador das aprendizagens, possibilitando ao aprendente construir seu próprio modo de compreender o mundo, fazendo com que o 88 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 aprendente crie sua autonomia, fazendo suas descobertas e realizando suas conquistas. Nesse sentido Gómes e Téran (2009, p.103) afirmam Os processos de aprendizagem são construtores do sujeito. Ao aprender, o próprio sujeito é construído. O que permanece no sujeito ao aprender, além do esquecimento do conteúdo aprendido, é o prazer do dominar a bicicleta, o lápis, o material de leitura, etc. É o prazer da autonomia, de poder fazê-lo, de conseguir alcançar. Os próprios autores já citados, recordam ainda que o ensinante deve evitar colocar finalidades para o que esta ensinando, lembrando que a criança aprende a andar de bicicleta pelo prazer que sente em fazê-lo e não porque pretende usar a bicicleta para sair com ela ou ganhar uma corrida. Gómes e Téran (2009, p.103) ressaltam ainda sobre os fatores ambientais que ―O meio deveria oferecer aos diferentes aprendizes às possibilidades para desenvolver suas potencialidades com suas diferentes modalidades de aprendizagem‖. Sem esquecer o respeito que deve existir entre ensinante e aprendiz conforme esclarece Rossini (2008, p. 67) ―cada indivíduo vai agir de modo diferente quando se depara com um fato, uma situação, até porque seus motivos, suas necessidades são diferentes.‖ Sendo assim note-se que este emaranhado de causas configura-se em fatores que podem ser a causa do sucesso na aprendizagem ou resultar nas dificuldades de aprendizagem de acordo com o modo que acontecem e que são direcionadas. 2 A RELAÇÃO ENTRE PROFESSOR E ALUNO – VARIÁVEL INTERVENTORA DO SUCESSO NO TRABALHO DE CONSTRUÇÃO DA APRENDIZAGEM Todo trabalhador docente constata com facilidade a partir de uma reflexão sobre a relação entre professor e aluno, que há a necessidade de um trabalho pedagógico diferenciado com alunos que apresentam Dificuldades de Aprendizagem. Ocorre que este é um problema enfrentado por 10% da população estudantil do mundo. E infelizmente o estudante que apresenta dificuldades de aprendizagem antes mesmo de ter a oportunidade de um diagnóstico preciso, acaba sendo julgado, discriminado sendo que muitas vezes passa por uma ou até mais vezes pelo desconforto de receber notas baixas e até reprovações, diminuindo a sua autoestima. 89 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Visando esclarecer como a população estudantil se apresenta dividida, Jardim (2005, p.98) explicita que: Estudos realizados por Vaugh e Bos (1988), fazem uma distribuição aproximada da população escolar: 25%=crianças normais; 25%=crianças com dificuldades de aprendizagem; 25%=crianças com história de repetência em uma ou mais disciplinas; 20%=crianças com necessidades educacionais específicas deficientes; 5%=crianças com desordens – disfunções cerebrais mínimas. Problemas de aprendizagem, portanto, não são sinônimos de dificuldade de aprendizagem; eles evidenciam desordens básicas no processo de aprendizagem que impedem muitas crianças e jovens de atingir um rendimento escolar satisfatório. A criança ou jovem com dificuldade de aprendizagem apresenta discrepância entre capacidade ou habilidade mental e o desempenho, refletidas em resultados escolares insatisfatórios. Deste modo, nota-se que o professor pode perceber que aquela criança que nunca faz as tarefas corretamente, ou que aparenta não ter interesse, pode vir apresentar um distúrbio da aprendizagem. Estes casos poderiam ser inferidos, por exemplo, como o mesmo de uma doença grave que quando não detectada logo no início acaba se agravando ainda mais, chegando ao ponto de se tornar irreversível, quando na verdade o mal poderia ter sido evitado, se houvesse um diagnóstico precoce. Assim pode ser o procedimento com o aluno que apresenta Dificuldades de Aprendizagem, caso não seja diagnosticado a tempo e com eficiência. No exercício da docência no Projeto de Extensão Universitária de Apoio aos Alunos com Dificuldades de Aprendizagem - USF e Projeto Mão Amiga CAPES/PIBID, observou-se que a criança que possui problemas de aprendizagem carrega consigo um enorme sentimento de infelicidade e inferioridade. A partir daí pode-se questionar: em qual momento de sua vivência escolar todo esse mal-estar começou a ser gerado? Em que fase da vida escolar teve início? Não poderia ter sido detectado logo que começou a se apresentar? Ou não foi percebido antes? Enquanto os responsáveis por esses alunos, não tiverem consciência e competência para realizar um trabalho pedagógico diferenciado muito pouco pode ser feito. Deste modo Sá (2004, p. 84), esclarece que: 90 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 [...] para evitar (prevenir) dificuldades de aprendizagem, o professor capaz de diversificar sua intervenção pedagógica, prepara e inclui em seu programa de ensino diferentes formas que podem ajustar-se às diferentes formas de aprender dos alunos. A intenção, pelo menos no início não é baixar o nível de exigência, nem preparar programas diferentes para cada aluno, mas é possível, em um primeiro momento, preparar diferentes materiais, organizar a turma de forma que seja possibilitada a aprendizagem em diferentes ritmos e de diferentes maneiras. É preciso contar, também, com a predisposição do professor para flexibilizar o tratamento dado aos alunos e captar a melhor maneira de comunicar-se com cada um deles, para ajustar e modificar sua intervenção pedagógica facilitadora de aprendizagem e de crescimento pessoal. Todos sabem que falta disponibilidade de um tempo regular na escola para o trabalho pedagógico com alunos que apresentam Dificuldades de Aprendizagem, bem como cursos de capacitação docente, recursos materiais, e muitas vezes até um espaço apropriado para fazer um bom trabalho. A situação do ensino em nosso país é difícil, como em tantos outros lugares. Porém acredita-se que é preciso que os educadores repensem a sua maneira de trabalhar, que busquem em seu interior a sensibilidade que os moveu a seguir esta profissão, e aproveitem-na em amparo de quem necessita, procurando conhecer melhor seus alunos, como vivem, quais seus conflitos pessoais, e que sejam compreensivos e amigos dos mesmos. A escola não é o único meio que promove a aprendizagem, pois este é um processo que ocorre nas mais diferentes situações. O meio cultural ao qual o indivíduo está inserido lhe impõe situações, e ao mesmo tempo transforma as experiências vivenciadas em aprendizado. Ou seja, a aprendizagem é uma construção que nasce da interação com o meio e com o próximo como ensina Vigotsky (1999). Conforme ressalta Rossini (2008, p. 08) ―ao educar um ser humano convém saber o que queremos que ele se torne‖, sendo assim deve-se estar atentos a sua natureza e seus limites. O dever do professor é preparar seus alunos para a vida através da própria vida. O ser humano tem que estar preparado para um mundo exigente e ele precisa estar emocionalmente preparado para viver em sociedade. Vejamos o exemplo que Fernández (2001, p. 30), apresenta: Se um menino ou menina aprende a caminhar não é por que tenha pernas. Mas porque seus pais desejam que ele/ela caminhe e o/a considerem capaz de 91 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 caminhar. Quando nossos filhos caminham sozinhos, podem até ―escapar‖ e ir para onde não podemos controlá-los; no entanto, mesmo sabendo disso, continuamos desejando que aprendam. Antecipamos que deixarão de necessitar de nós, que não precisarão mais que o levemos no colo e, ainda assim, promovemos a aprendizagem de caminhar. Isso quer dizer que ensinamos nosso filho a caminhar. Sá (2004, p. 90), complementa afirmando. ―Então, precisamos saber como ensinantes que somos que a prioridade é ensinar, mas que as crianças aprendem sozinhas [...].‖ Compreende-se que não existe fórmula para a aprendizagem. Existe acreditar no ser humano como ser aprendente que aprende de diferentes maneiras. A nova ordem mundial propõe um novo conceito de educação. Este conceito destaca quatro pilares básicos e essenciais para a educação que vem a ser o aprender a conhecer, o aprender a conviver, o aprender a fazer, e o aprender a ser. Transforma a aprendizagem em um aprimoramento das habilidades do ser humano. (ROSSINI, 2008, p.12) No que diz respeito ao aprender a ser, dá a pessoa a consciência da autocrítica, autoestima, automotivação, e autoanálise. O aprender a conviver ensina as relações interpessoais para conviver em grupo. O aprender a conhecer, nada mais é que possibilitar o ser, aprender a aprender. E finalmente aprender a fazer, que explica que o conhecimento só é conhecimento quando se transforma em ação. (ROSSINI, 2008, p.12) Neste tocante nota-se que nunca na história da educação o ser humano foi tão respeitado como pessoa que tem desejos, anseios, idéias próprias e principalmente sentimentos. Evidencia-se que isto se deve ao fato que hodiernamente se compreendeu que quando bem estruturada a educação da pessoa, esta é muito mais capaz de se realizar e progredir. Assim sendo também se pode afirmar que existe primordial importância nas relações humanas e no caso da educação na relação professor e aluno. Deste modo concorda-se com Portilho (2009, p. 17) quando explica: As pesquisas cognitivistas mostram que, ainda que os sujeitos tenham capacidades ou inteligências para aprender, é necessário que o ambiente brinde oportunidades ao desenvolvimento de tais capacidades e inteligências, 92 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 chamando da atenção principalmente a relação pedagógica entre aluno e professor. De acordo com Rossini (2008, p.31), faz parte do ser humano ―a necessidade de sentir, de saber se o que estamos fazendo é aceito pelo meio social [...]. A autoestima está intimamente ligada à capacidade de realização ou não de nossas atividades.‖ Quando isto não acontece surge a culpa, portanto concorda-se com a autora quando afirma ser necessário oportunizar a criança o fazer para experimentar o sucesso de acertar e de sentir-se capaz. Sobre relação entre aprendizagem e motivação Fonseca (1995, p. 131) esclarece: A noção de motivação está intimamente ligada á noção de aprendizagem. A estimulação e a atividade em si não garantem que a aprendizagem se opere. Para aprender é necessário estar-se motivado e interessado. A ocorrência da aprendizagem depende não só do estímulo apropriado, como também de alguma condição interior própria do organismo (―sede‖, ―curiosidade‖, etc.). Assim sendo concorda-se com o autor ao afirmar que não basta apenas estimular o aluno, é necessário perceber se o mesmo está preparado para vivência daquela determinada situação. É preciso fazer uso da sensibilidade para perceber o momento pedagógico e o aluno. Em sala de aula não exigir perfeição no que as crianças fazem não é um comportamento docente errado. É assim que se estará permitindo a ela que erre e acerte, colaborando para que ela cresça mais segura e confiante, esclarece ROSSINI (2008). É claro que é certo se apresentar aos educandos os prós e os contras dos seus comportamentos e aprendizagens auxiliando assim na formação da autoestima e personalidade dos mesmos, sempre valorizando as realizações da criança. Nota-se que tanto na vivência do dia a dia como na escola é complicado fazer uma atividade que não proporcione prazer, a motivação depende da satisfação em realizar algo que se goste. Conforme denota Rossini (2008, p. 53) ―um professor dinâmico, inteligente, entusiasmado, com alto astral, alegre, carinhoso, causa prazer, estimula a ação dos alunos e facilita aprendizagem.‖ Acredita-se que o grande desafio é justamente o professor preparar ou sugerir para seus alunos atividades que atendam aos seus interesses, procurando satisfazer as 93 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 necessidades de cada um. Pressupondo-se que o desejo de toda pessoa é melhorar e crescer é preciso aproveitar este desejo para estimular os alunos por meio de atividades prazerosas que possibilitem o aprender a aprender. Acredita-se que para que a aprendizagem ocorra é preciso que os assuntos façam sentido, que despertem o interesse. A escola deve possibilitar ao aluno situações que instiguem o pensar, o raciocinar para que ele aprenda a criar hipóteses e encontre respostas. Os recursos materiais são extremamente importantes, desde que sejam bem explorados pelo professor, do contrário de nada servirão. Sá (2004, p. 103), esclarece como pode ser o trabalho pedagógico diferenciado: Para a Pedagogia diferenciada é extremamente importante que o professor abra espaço tanto para a história quanto para o projeto pessoal de cada aluno. Sabemos que a complexidade da realidade social nos bate no rosto e precisamos ser malabaristas, sem rede; na aventura de viver cada dia, nos arriscamos, erramos, tropeçamos, caímos e levantamos novamente. Portanto, a escola não pode preparar o aluno para a vida fechando-se ao mundo externo, distanciando-se das vivências dos alunos e de suas práticas sociais e culturais [...]. Se considerarmos os saberes acumulados pelos alunos como elementos da caixa de ferramentas pedagógicas do professor e/ou de sua reserva de materiais didáticos, estaremos apostando em um novo espaço de aprendizagem e, ainda mais, estaremos comprometendo os alunos em suas próprias aprendizagens. Sabemos que a aprendizagem acontece ao longo de nossas vidas, de acordo com os acontecimentos que vão envolvendo situações já aprendidas e assim vão se complexificando se reorganizando e este é um processo em espiral, pois sempre recomeça, avança e se desenvolve. Neste tocante Fonseca, (1995, p.59) evidencia: A aprendizagem tem que ter o necessário ingrediente lúdico e emocional, base de todo o sucesso e de toda a gratificação cultural. É essencial que se reconheça que o sucesso não é condição acrítica da aprendizagem. O sucesso implica a superação de um obstáculo, Nele está contida a base da motivação da aprendizagem. [...] Acredita-se que se o aluno estiver motivado ele terá vontade de aprender, descobrir o novo, o desconhecido. Porém para que isso aconteça ele precisa estar preparado. Tentar forçar o entendimento, sem se preocupar ou entender que talvez a 94 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 criança não esteja preparada para aquilo, ou aquele não seja o melhor momento, é perder tempo e talvez desconstruir algo que já se tenha alcançado, criando-se uma barreira entre o aluno e o professor, impedindo que o aprendizado possa acontecer posteriormente. Então surgem as dificuldades conforme explica Rossini (2008, p. 65) O indivíduo está motivado, e aparece um obstáculo impedindo que ele atinja seu objetivo, satisfaça suas necessidades. Qualquer que seja esta dificuldade vai gerar frustração e tensão; consequentemente o aluno vai procurar mais intensamente a realização do seu objetivo. Neste momento o aluno precisa sentir que pode contar com o apoio do seu professor e assim estará aberto a se expor e tentar novamente, a correr riscos porque sabe que tem alguém ali que irá apoiá-lo. O professor por sua vez deve procurar a solução para esta dificuldade. Só após ser superada a dificuldade é que a criança estará pronta para continuar com sucesso sua vida escolar. Depois de obtidas respostas para as dificuldades, sempre que este aluno se encontrar em uma situação parecida irá tomar a mesma atitude. Não desistirá, continuará tentando até conseguir. E assim sempre que estiver vivenciando um fato novo, ele irá recorrer aos conhecimentos que já possui. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo foi elaborado visando apresentar alguns conceitos sobre dificuldades de aprendizagem e também com o intuito de trazer à tona reflexões que contribuam para as releituras dos responsáveis por alunos que apresentam dificuldade de aprendizagem, sobre a necessidade de buscar atividades diferenciadas que venham proporcionar aos seus alunos além do aprendizado, alegria, gosto e vontade de conhecer mais. De outra forma evidenciou-se a importância dos projetos sociais e de Extensão Universitária voltada para a formação acadêmica docente como interventora da união da teoria e da prática no contexto do chão da escola. Sobre a relação entre professor e aluno, comentamos a necessidade do professor conhecer seu aluno profundamente para que este possa definir qual será a melhor maneira de ajudá-lo, também em saber e compreender quais as causas que estão levando este aluno a ter dificuldade de aprendizagem. 95 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Ressalta-se que sempre é importante lembrar que o planejamento deve corresponder a interesses dos alunos, respeitando sua faixa etária e seu contexto afetivo, cognitivo e social. O professor precisa conhecer a vida do aluno e o meio em que ele vive. Traçar os objetivos que deseja alcançar, conhecer e pesquisar sobre o tema o máximo possível. Preparar uma sala de aula rica em estímulos, se possível ter materiais didáticos e pedagógicos que possam ser manuseados pelas crianças. E ainda, procurar estabelecer uma relação de amizade, companheirismo e confiança. Só assim poderá realizar juntamente com seus alunos, grandes conquistas em relação ao seu trabalho e a aprendizagem dos mesmos. Acredita-se que as maiores realizações, são aquelas em que sentimos prazer ao executar, sendo assim se transformarmos o aprender em algo gostoso teremos crianças bem educadas e felizes. REFERENCIAS FERNÁNDEZ, Alicia. Os idiomas do aprendente: a análise de modalidades ensinantes com famílias, escolas e meios de comunicação. Porto Alegre: ARTMED, 2001. FONSECA, Vítor da. Introdução às Dificuldades de Aprendizagem. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. GÓMEZ, Ana Maria Salgado. TERÁN, Nora Espinosa. Dificuldades de Aprendizagem: Detecção e estratégias de ajuda. Trad. Adriana de Almeida Navarro. São Paulo: Grupo Cultural, 2009. JARDIM, Wagner Rogério de Souza. Dificuldades de Aprendizagem no Ensino Fundamental: Manual de identificação e intervenção. 2ª. ed. São Paulo S.P, Edições Loyola, 2005. PORTILHO, Evelise. Como se aprende? Estratégias, estilo e metacognição. Rio de Janeiro: Wak, 2009. ROSSINI, Maria Augusta Sanches. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. Aprender tem que ser gostoso... - 5ª. ed. SÁ, Márcia Souto Maior Mourão. Fundamentos teóricos metodológicos da inclusão. Curitiba: IESDE, 2004. 96 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 SÁ, Márcia Souto Maior Mourão. Introdução e Psicopedagogia. Curitiba: IESDE, 2005. VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1999. 97 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A EDUCAÇÃO NA ESCOLA ÉTNICA UCRANIANA DE UNIÃO DA VITÓRIA “ESCOLA PADROEIRO DIVINO ESPÍRITO SANTO” (1902 – 1924) Karla Aparecida Ferreira5 RESUMO: O presente estudo traz em seu conteúdo a investigação acerca da imigração dos Ucranianos no sul do Paraná e da escola étnica ucraniana em União da Vitória, buscando a compreensão da constituição e conformação histórica da Educação no Vale do Iguaçu, pois, os imigrantes trouxeram consigo um referencial sócio-cultural próprio, caracterizado e marcado por sua história na Europa. Acredita-se que compete aos estudiosos da Educação resgatar e compreender idéias e traços fundamentais que denotaram o desenvolvimento da cultura em geral, e para isso pesquisar em registros documentais e na história de pessoas, como professores, alunos, comunidade, entre outros dados que nos permitam entender a constituição da educação na região. Trata-se de uma pesquisa com base na história da cultura dos imigrantes ucranianos, sendo os dados coletados por meio de pesquisa bibliográfica e documental em arquivos da região, bem como por meio de entrevistas com pessoas que vivenciaram esta experiência, ou que possuem registros da mesma. PALAVRAS-CHAVE: Imigração Ucraniana. Educação Ucraniana. Vale do Iguaçu. 1 INTRODUÇÃO O presente estudo é de grande relevância para a compreensão da constituição e conformação histórica da Educação em União da Vitória e Porto União, sendo que os imigrantes constituíram um referencial sócio-cultural próprio marcado por sua história na Europa. Este estudo, busca compreender como a educação foi organizada num determinado momento histórico da sociedade de nosso município, desenvolvendo a investigação com base na História da Instituição Escolar dos Imigrantes Ucranianos, da Escola Padroeiro Divino Espírito Santo. A principal motivação deste estudo é apreender as transformações históricas relacionando-as à organização didático/pedagógica e as práticas institucionalizadas, que justificaram a existência desta Instituição Escolar 5 Graduada em Pedagogia pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória – PR. 98 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Ucraniana. A Instituição Escolar ―Escola Padroeiro Divino Espírito Santo‖ foi construída à medida que a sociedade se organizava, os povos imigrantes fundamentados na sua concepção de mundo, contribuíram no início do século XX com a organização sócio-econômica e político-educacional do município de União da Vitória, que naquele período era conhecido como Jangada. O desenvolvimento do município de União da Vitória dependia da economia extrativista da região como base na erva mate naquele período, assim constata-se na bibliografia especializada, que ainda nos fins do século passado, os imigrantes solicitaram que enviassem religiosas professoras e depois de muita insistência perante a Madre Superiora o pedido foi consentido. Em 1904, chegaram às religiosas no Estado do Paraná, através do ensino destas religiosas os imigrantes estavam satisfeitos, mesmo sendo somente essa escola capacitada para atender crianças das famílias que residiam até dez quilômetros da escola. Sendo que as crianças que residiam fora deste limite não tinham condições de frequentar esta escola devido à grande distância pois, não havia condução para se locomover até a escola. A vida da cidade de União da Vitória, no período mencionado, encontrava-se estreitamente ligada ao Rio Iguaçu, pois, era por ele que se transportava a erva mate, em vapores até o Porto Amazonas. A especificidade regional e local marcou em União da Vitória a institucionalização da Instituição Escolar Ucraniana no início do século XX. Naquele período a dificuldade em conseguir materiais, como no caso de materiais escolares, caneta, lápis, cadernos e livros didáticos, não impediu que as pessoas buscassem mesmo que de forma lenta, investir na educação e cultura dessa região. A dificuldade da sociedade era para que ao professor fosse determinado uma pequena taxa a ser paga pelos pais, por aluno que frequentasse a escola. Geralmente a taxa estabelecida variava de um a dois mil réis por aluno ao mês. Infelizmente não eram poucos os imigrantes que pensavam ser suficiente esta taxa, e, se não fosse, o professor que conseguisse o restante, trabalhando na lavoura após as aulas, para complementar sua renda. Com relação ao trato e ao pagamento do professor os costumes variavam, de certa forma, de colônia para colônia. Em alguns casos o pagamento não era feito só em dinheiro, mas também em mercadorias e produtos em que os colonos produziam e era a forma de pagarem os professores, pois, naquele período o Estado não efetuava o pagamento aos professores. Além disso, o número de alunos era muito grande, muitas 99 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 vezes eram feitas multiséries em vários turnos para que houvesse a aprendizagem para todos os imigrantes ucranianos. A partir deste estudo pretende-se discutir e registrar os aspectos sócio-históricos educacionais respectivos à vinda dos imigrantes ucranianos para o nosso país, mais precisamente para a região Sul do nosso estado e principalmente no Vale do Iguaçu. Nesta perspectiva o presente estudo apresenta como objetivo geral desvelar as transformações históricas relacionando-as à organização didático-pedagógica e as práticas institucionalizadas, que justificaram a existência da Instituição Escolar Ucraniana ―Escola Padroeiro Divino Espírito Santo‖, no período de 1902 a 1924. E se organiza com os seguintes objetivos específicos: a) Descrever aspectos históricos relacionados à imigração Ucraniana na região do Vale do Iguaçu; b) Investigar sobre as escolas étnicas no Brasil e apontar possíveis dificuldades; c) Relatar dados da Escola Ucraniana ―Escola Padroeiro Divino Espírito Santo‖. Com relação ao encaminhamento metodológico, o presente estudo caracteriza-se como exploratório, pois, conforme Santos (2000), quase sempre se busca familiaridade pela prospecção de materiais que possam informar ao pesquisador a real importância do problema. Para a realização deste estudo foram utilizados diversos tipos de materiais bibliográficos como; livros, revistas, jornais, publicações oficiais, artigos referentes ao tema proposto, em locais acessíveis como a: biblioteca da Igreja Ucraniana, arquivo público do Paraná, Arquivo da Casa da Cultura e arquivos particulares. Cabe salientar, que com o intuito de ilustrar os fundamentos teóricos da bibliografia especializada, o presente contempla pesquisa de campo, utilizando o método da entrevista e registros no caderno de campo. Os dados coletados por meio de fontes orais, segundo preconiza Oliveira (1997), tem por finalidade conhecer diferentes formas de contribuição científica que se realizam sobre determinado assunto ou fenômeno. Por se tratar de um estudo sobre aspectos culturais relacionados à comunidade rural do Vale do Iguaçu, houve a necessidade de criar alguns critérios para a inclusão de informantes na pesquisa. Desta forma estabeleceu-se que integrantes da pesquisa deveriam morar na comunidade rural naquele período ou ter alguns documentos que possibilitem informar o que e como era a educação naquela comunidade. Enfim, trata-se de um estudo com base na história cultural, considerando a história da Educação como 100 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 um produto das ações humanas, intencionais e com os resultados das mesmas. Considera-se, para, tal, o sujeito histórico, produtor da cultura em função de uma determinada sociedade, com a organização política e econômica e peculiar no momento histórico analisado. 2 ASPECTOS HISTÓRICOS RELACIONADOS À IMIGRAÇÃO UCRANIANA NA REGIÃO DO VALE DO IGUAÇU Conforme relata Wouk (1981) tudo teve o seu início no final do século passado, quando em 1891 e mais tarde em 1895-1896, houve uma extensa imigração, nas quais imigrantes chegavam ao Brasil, provenientes da Ucrânia Ocidental, região que então fazia parte do antigo Império Austro-Húngaro e da Polônia. Entusiasmados, ou talvez iludidos e deslumbrados pelos agentes da imigração na Europa, passando dificuldades devido às imposições do Czarismo6 da Rússia e Ucrânia Oriental, sofrendo e padecendo nas poses dos senhores feudais do ocidente, a melhor saída seria, de fato, a imigração para outro país, o qual Brasil. (IBID) Segundo Horbatiuk (1989), chegando ao Brasil, porém, os imigrantes constataram que a propaganda imigratória era enganosa. Sentiram as dificuldades já em alto mar, devido às precárias condições dos navios que transportavam estes imigrantes. Mas a promessa da terra tanto esperada, foi o que conduziu os imigrantes ucranianos resistirem ao sofrimento e a dificuldade. Desembarcados no Rio de Janeiro e Paranaguá, principiava-se uma nova epopéia. Viajando em condições e qualidades quase desumanas, chegam a Curitiba, onde recebem os lotes de terra no interior. Em seguida, seguem em comboios de carroças, a cavalo ou a pé, para o interior do Paraná, nas regiões próximas do norte do município de Prudentópolis. Como relata Wachowicz (2001), outros seguem para Santa Catarina, em terras tomadas dos índios Botocudos, na região de Iracema, hoje municípios de Itaiópolis, Papanduva e Santa Terezinha em Santa Catarina. Já outros, descem pelo Rio Iguaçu, atingindo a região de Santa Cruz do Rio Claro (Colônia 5, Serra do Tigre), hoje municípios de Mallet, Paulo Frontin, Paula Freitas e Rio Azul no Paraná. Sendo que 6 O regime czarista é o regime político comandado por czares, sendo assim, específico da Rússia, mais propriamente até a Primeira Guerra Mundial.Em pleno século XX o Estado russo ainda era uma Monarquia Absoluta. O Czar governava amparado socialmente na nobreza rural e em uma burocracia ("nobreza de função"). (KOCHAN, 2008) 101 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 outros ainda vão mais além, para as regiões distantes, como, Jangada, hoje municípios de União da Vitória, Porto União, General Carneiro e Cruz Machado. Os imigrantes encontraram matas fechadas, animais selvagens e doenças tropicais, que não se conheciam na Europa. Fome e desilusão. A dificuldade na comunicação era outro fator, pois existia a intolerância dos nativos. Muitos começaram a relembrar o passado na Ucrânia, no entanto voltar estava fora de cogitação. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (1977), com a finalidade de levantar dados sobre a Organização Escolar na Região do Vale do Iguaçu, se faz necessário retomar, mesmo que brevemente, o contexto histórico da época, a população, desafios vividos em nossa região relacionados ao contexto nacional. O IBGE (1977) descreve que durante este período, a instrução primária no Estado do Paraná, mais necessariamente na região do Vale do Iguaçu7, era deficiente em número de escolas, professores e qualidade de ensino. Nos primeiros tempos, havia apenas escolas particulares, masculinas e femininas, que atendiam os filhos dos mais favorecidos economicamente. Na região do Vale do Iguaçu, os municípios de União da Vitória no Estado do Paraná e Porto União no Estado de Santa Catarina, foram até o ano de 1917, unidos politicamente e territorialmente. A separação político/administrativa das cidades aconteceu em virtude do Acordo de Limites entre os dois Estados, com o fim da Guerra do Contestado. Foram divididas pela ferrovia que ligava São Paulo a Rio Grande. 3 AS ESCOLAS ÉTNICAS NO BRASIL Horbatiuk (1989) descreve que, as escolas étnicas ucranianas tinham sua essência fora do domínio do País Brasileiro e não se constituíam em uma organização monolítica. Elas tinham uma organização própria que não era moldada pelas escolas públicas e nem pelas escolas dos países de origem. Apesar da sua quantidade, essas escolas não estabeleciam uma rede única ou idêntica de saberes transmitidos ou de sistematização das práticas pedagógicas. Sendo assim, haviam diversas formas de organização e coordenação das escolas étnicas. 7 O Território Vale do Iguaçu compreende 10 (dez) municípios que integram a região sul do Paraná, a saber: Antonio Olinto, Bituruna, Cruz Machado, General Carneiro, Paula Freitas, Paulo Frontin, Porto Vitória, São João do Triunfo, São Mateus do Sul e União da Vitória.( IBGE, 2010) 102 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Horbatiuk (1989) também esclarece que as escolas comunitárias ou sociedadesescola eram construídas por meio de iniciativas comunitárias, funcionando em espaços próprios, e que a maioria das escolas era construída anexa a Igreja. Conforme Horbatiuk (1989), era a partir da cobrança de mensalidades, que a comunidade de imigrantes ucranianos, pagavam os professores, mantinham e conservavam as escolas, compravam o mobiliário para as salas e o material escolar que vinha diretamente de seu país, a Ucrânia. Nesta época não havia controle estatal, pois, ainda não existia a Lei da Nacionalização e não seguiam as normas e currículos e nem a organização das escolas públicas brasileiras. O professor era um membro da comunidade ucraniana, considerado apto para a função, independente de ter formação ou não. O ensino era na língua de origem do grupo ucraniano e eram escolas laicas. Foram as primeiras formas de organização escolar em muitas colônias de imigrantes ucranianos e algumas foram substituídas pelas escolas étnicas religiosas. Como existiam fora do comando do País Brasileiro, é difícil saber com exatidão a quantidade de escolas neste período. Segundo relata o Batista (2009), estas escolas étnicas religiosas de imigrantes ucranianos e até mesmo de outras origens eram administradas pelas congregações religiosas oriundas dos países de origem. Ministravam o ensino na língua de origem do grupo e tinham espaço para o ensino religioso, também artesanato ensinado através dos princípios que existiam em seu país de origem e o cultivo da agricultura, que naquele período, era o subsídio para os imigrantes. As escolas eram construídas, mantidas e administradas pelas congregações religiosas. Algumas funcionavam como internato e externato. Eram escolas particulares e geralmente possuíam uma organização pedagógica e administrativa mais duradoura que às da sociedade brasileira. Em geral, os seus professores eram religiosos, que vinham da Ucrânia, como Padres e Irmãs Servas ou Basilianas. Batista (2009) também descreve que as escolas étnicas subvencionadas eram escolas comunitárias em que, a partir de 1918, o pagamento do professor passou a ser efetuado pelo governo estadual ou federal, como efeito da primeira tentativa de nacionalização do ensino. Nestas escolas havia a exigência de ao menos 20 alunos e que o ensino fosse ministrado em língua nacional. O governo as considerava como escolas públicas por pagar subvenção, mas as comunidades étnicas as reconheciam como 103 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 escolas étnicas. Batista (2009) também relata que um elemento comum nessas diferentes escolas era o ensino ministrado na língua materna dos ucranianos ou o bilinguismo, bem como a manutenção de uma identidade cultural. Como descreve Paraná (1934–1938) o número de escolas étnicas era expressivo no Brasil. Sobre o número de escolas de descendentes de imigrantes ucranianos, em 1937, havia 1.579 escolas alemãs, 396 escolas italianas, 349 escolas polonesas, 226 escolas ucranianas e 178 escolas japonesas. No Paraná, em 1938, ano da nacionalização compulsória, havia aproximadamente 60 escolas de imigrantes ucranianos que foram nacionalizadas. Não existem estatísticas oficiais que confirmem e sancionem a quantidade de escolas étnicas e, como elas existiam à margem do domínio governamental, fontes como relatórios de governo, descrições dos religiosos que percorriam as comunidades, registros das associações culturais e étnicas e o censo educacional realizado pelo Consulado da Ucrânia apenas nos permitem chegar a um número aproximado. Conforme relata Horbatiuk (1989, p.65): As escolas étnicas que permaneceram abertas após a nacionalização foram as religiosas, mas com a identidade confessional e noviciada. Algumas destas escolas religiosas são atualmente escolas públicas administradas por religiosas, sem o caráter confessional. O autor acima citado evidencia que a partir da década de 1920, constatam-se dois movimentos: um do Estado, para a formação do cidadão nacional, e outro das associações culturais étnicas, das congregações religiosas e do Consulado da Ucrânia, que passaram a ter mais inquietação com a questão educacional e escolar. Entre as iniciativas dessas instituições estavam à influência nas escolas étnicas, com a produção e publicação de material didático (em língua estrangeira ou bilíngue), cursos de formação e qualificação de professores, abertura de ginásios e também a contratação de professores que eram nacionalizados brasileiros ou bilíngue. E com isso se revelavam tensões entre grupos comunitários, intelectuais e religiosos disputando os espaços nas comunidades e escolas étnicas. Horbatiuk (1989) também descreve que no Paraná, até os anos 1920, as escolas étnicas se preparavam e organizavam-se pedagogicamente de maneira independente em semelhança às políticas públicas de educação. Posteriormente, o controle sobre as atividades e a organização escolar ficou mais rígido, obrigando-as a adotarem as 104 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 medidas legais quanto ao ensino da língua e da cultura nacional, na intenção de construir uma memória nacional. Ocorre a partir disto, o processo de inspeção e fiscalização nas escolas, evidenciam-se as relações de poder, e os constrangimentos da nacionalização obrigatória, o poder ou a regulamentação exercida pelo Estado sobre a população. Kreutz (2000) analisa que a concepção e o desenvolvimento de uma identidade nacional foi objeto da política desde a Velha República e, portanto, desde 1900 a legislação escolar ressaltava o ensino em língua nacional e não estrangeira. As escolas étnicas desempenhavam parcialmente essas determinações e encontravam formas de burlar ou até mesmo ocultar a legislação e as fontes que permitissem analisar as articulações e conflitos entre o Estado e as Instituições que exigiam a nacionalização. Uma das premissas básicas para o Estado era a de que o cidadão nacional deveria falar a língua pátria. A língua nacional era um elemento fundamental para que se formasse a nação. Conforme descreve Horbatiuk (1989), os imigrantes também colaboraram neste processo, mas ainda preservavam a sua língua materna. O desafio estava a cargo de um trabalho coletivo no sentido de tentar a recuperação mais completa possível desta língua materna neste período de nacionalização. Tanto imigrantes ucranianos católicos quanto ortodoxos também tiveram sua escola normal, centro de formação de professores e de discussão pedagógica. Entre os ucranianos católicos, sempre foi elevado o número de professores sem titulação na escola normal. Batista (2009), narra que geralmente eram os egressos de seminários, noviciados ou juvenatos de religiosos que adquiriam a formação pedagógica através de um estágio junto a um professor experiente. Ainda chamava a atenção, a existência de toda uma dinâmica de formação e atualização dos professores em serviço. O autor, ao mesmo tempo narra que, promoviam-se sistematicamente reuniões locais e regionais de professores. Na primeira parte do encontro havia a reflexão teórica sobre método e a troca de idéias sobre manuais didáticos, na segunda, partia-se para as aulas demonstrativas unido aos alunos da região em que se desempenhava a reunião. Segundo Wachowicz (1984), a outra iniciativa acentuada na estrutura de apoio ao processo escolar da imigração ucraniana foi à produção de material didático específico para este processo escolar, que, no entanto vinha diretamente do país de 105 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 origem: a Ucrânia. Já foram encontrados 138 títulos de manuais produzidos especificamente para as escolas étnicas no Brasil. O autor comenta, ainda que, toda esta ampla estrutura de apoio para o processo escolar étnico no Brasil teve seu maior centro de concepção, animação e produção no Estado do Paraná. Neste estado estavam localizadas 226 escolas ucranianas, também possuía uma associação de professores, um jornal do professor e alguns manuais didáticos. O material didático editado na Ucrânia também foi usado em escolas da imigração ucraniana da Argentina, do Uruguai e do Paraguai. De acordo com a descrição de Horbatiuk (1989), são notáveis como os imigrantes, especialmente os ucranianos, poloneses e alemães, criaram uma ampla estrutura de apoio para suas escolas étnicas. 4 FRAGMENTOS DA PRODUÇÃO DA CUTURA VIDA E DA SISTEMATIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO UCRANIANA Zinko (1960), descreve que a história oral procura dar voz aos imigrantes ucranianos que estiveram à margem da produção documental, mas que contribuíram para a produção da vida e da história da educação. Além disso, o autor constata que a história oral é uma história construída em torno de pessoas. As lembranças dos imigrantes ucranianos denunciam a importância que tinha a escola na vida de todas as famílias. Deste grupo de pessoas todos foram filhos de pais alfabetizados, e as crianças freqüentaram a escola no mínimo por quatro anos. Em relação à educação dos imigrantes ucranianos conforme relata o filho de um dos imigrantes que não quis se identificar, mas concedeu depoimento. ―A maior dificuldade naquele período em relação à educação era de certa forma primeiramente o idioma, pois, eles não se comunicavam com pessoas de origem a qual não era ucraniana‖. Zinko (1960) relata, que no Brasil, essas experiências se restringem a escolas de regiões urbanas voltadas para o atendimento das classes mais favorecidas. As crianças, filhos de famílias ricas começam a freqüentar o jardim de infância como um símbolo de modernidade e civilidade, discurso que a sociedade do início do século, especialmente as famílias de elite, passa a preconizar. Zinko (1960) descreve em seus relatos que dos anos de escolarização, algumas pessoas se lembram de ter feito na época nas escolas 106 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 étnicas, o artesanato em ovos chamados como pêssankas em que utilizavam como amuletos ucranianos pintados a mão na casca do ovo. No entanto, como descreve Kreutz (2000), as crianças dos imigrantes não eram beneficiadas com estas escolas, pois, neste período ainda não havia escolas e a educação era realizada em casa ou nas igrejas. Muitos também tiveram sua iniciação educacional em casa com a família como comenta Horbatiuk (1989, p.41) quando relata: O meu avô era letrado e me ensinou. Aí eu me lembro escrevendo bem o polonês. Aprendi a escrever e a ler em russo também, pois convivia. Aprendi o ucraniano também, de modo que eu falo o polonês, leio e escrevo e canto, em ucraniano e em russo. Aqui no Brasil felizmente aprendi o português como meu primeiro idioma, pois nasci no Brasil. Tais percepções revelam o processo de alfabetização e letramento na educação informal das crianças que se inicia em determinadas regiões da Europa e chega ao Brasil no final do século XIX com os imigrantes. Horbatiuk (1989) relata que a escola é lembrada e representada por experiências, muitas das crianças que iniciavam na escola passaram por várias dificuldades, desde o transporte, as estradas e principalmente o material que era escasso e quando vinha do país de origem era utilizado por vários alunos e muitos anos, pois, a vinda do material encontrava dificuldade em chegar no Brasil, que neste período vinha somente através de navios. Mas haviam estabelecimentos escolares em todas as aldeias ou localidades de onde as pessoas provinham. Muitas escolas eram de caráter confessional e noviciado e se estendia a toda a população. 4.1 A PRESERVAÇÃO DA CULTURA UCRANIANA Relata Horbtiuk (1989), que preservar a cultura, tem haver com a preservação da religião, as manifestações culturais do povo ucraniano estão, intrinsecamente, ligadas a religião. Por isso, é tão importante para os descendentes de ucranianos manterem a língua, pois esta constitui-se patrimônio cultural desta descendência. Neste sentido, a 107 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 comunidade ucraniana do Vale do Iguaçu criou a Associação Ucraniana8, que completou aproximadamente dez anos de existência, objetiva valorizar e cultivar as tradições ucranianas. Para os descendentes a criação da associação foi uma das formas mais eficazes de se preservar uma parte da origem dos imigrantes. Como informa o Padre Mário da Igreja São Basílio Magno em União da Vitória-PR. [...] não queremos lucros, apenas estamos fazendo com que a nossa cultura de origem não se perca, disponibiliza à comunidade vários cursos com a finalidade de aproximar os participantes descendentes de ucranianos de costumes, culturas, educação, artesanato e hábitos do país de origem. Entre eles, estão a língua, a dança, a catequese, e a culinária. As aulas de ensino de língua ucraniana que são realizadas pelas irmãs da Escola Coração de Maria. Essas aulas são disponibilizadas às crianças e adolescentes, bem como aos adultos. (PRECHASNIUK, 2010) Destaca ainda o entrevistado, que a comunidade também tem um grupo folclórico ucraniano denominado Kalena, que existe desde 1908, que naquele período era nas proximidades da Igreja e não tinha este nome surgindo somente em 1969. A palavra traduzida para o português significa um arbusto nativo9 do solo ucraniano, que além das belas flores brancas, produz também cachos formados por pequenos frutos de cor vermelha, os quais são muito apreciados como elementos decorativos e adornos femininos. Pela colocação do entrevistado, a flor símbolo da Ucrânia é a Barvinok, pela sua resistência, pois a mesma na pior adversidade, soterrada pela neve, consegue sobreviver. Há também, inúmeros relatos da comunidade ucraniana tratando da imensa importância do girassol em suas vidas, pois para eles o girassol é o símbolo da riqueza e da gratidão e é usado como lema pelo grupo para preservar as riquezas da cultura do seu país de origem. Logo, o Grupo Folclórico Kalena, fundado em 1969 tem por objetivo preservar o canto, a dança, o artesanato, a educação, tradição, cultura e os costumes ucranianos passados de geração para geração, em que foram tradicionalizados e preservados desde 8 A Associação dos Ucranianos é uma associação dos imigrantes ucranianos sem fins lucrativos, a nível nacional, criada nos princípios voluntários, de acordo com a legislação portuguesa, nomeadamente nos termos da Lei número cento e quinze, de três de agosto de mil novecentos e noventa. (PRECHANIUK, 2010) 9 A popularidade desta planta na Ucrânia é semelhante a araucária para os paranaenses, embora, não tenhamos encontrado nenhuma literatura que apresente a importância deste arbusto para o povo ucraniano. 108 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 a vinda dos primeiros imigrantes ucranianos no Brasil. Um dos participantes, Senhor Mauricio Kornyluk (2010) que é descendente de imigrantes da Ucrânia informa que, ―é importante manter viva a cultura dos antepassados.‖ 4.2 A IGREJA E A ESCOLA A Igreja localiza-se no Marco Cinco Jangada, município de General Carneiro e é dedicada ao Espírito Santo. Entre 1896 e 1897, a Colônia Marco Cinco Jangada, recebeu cerca de 100 famílias originárias da Ucrânia Ocidental. Em 1903, sob a coordenação dos Padres Basilianos Antonio Marteniuk e Clemente Bjuchovskey, foi construída a Igreja Católica Ucraniana, uma das mais antigas do estado do Paraná. Os próprios Padres esboçaram o projeto desta igreja e a comunidade se reuniu para sua construção e foi constituída por moradores da colônia. Wouk (1981), relata que mais tarde, seria escolhido o nome da Igreja pelos moradores da comunidade, e que também seria o nome da escola que também iriam construir atrás da igreja para as crianças frequentarem. A obra foi toda executada pelos colonos da região, em sistema de mutirão, desde o corte das árvores até a preparação da madeira (em geral falquejada), a adequação do terreno até levantar as paredes da Igreja. Conforme Wouk (1981), o povo ucraniano não deixou de se preocupar com a aprendizagem escolar: Os ucraníanos imigrados para o Brasil não descuidaram-se do setor de ensino. Desde os primeiros anos, isto é, a partir de 1897, em todos os núcleos de colonização, os sacerdotes-missionários, auxiliados pelas religiosas vindas com eles da Europa, abriram escolas, instalando-as precariamente em modestos barracões. Os colonos sentiram a necessidade de que fossem ministrados a seus filhos o preparo intelectual indispensável e mínimo. Compreendiam que a função básica da escola é a de transmitir o acervo cultural do seu povo e ao mesmo tempo fornecer às novas gerações os meios de adaptação à vida em meio estranho. Surgindo, então escolas ucranianas particulares, as quais sempre constavam no currículo o ensino de língua portuguesa, a história pátria, a história do Paraná, a geografia do Brasil, além da língua materna, e da história nacional ucraniana. As crianças eram alfabetizadas nos dois idiomas, sendo que o ensino era ministrado em 109 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 língua ucraniana. Com o passar do tempo a escola passou a ser supervisionada pelo Estado, e por isso, passou a adotar o currículo comum às escolas públicas e submeter seus alunos aos exames, de acordo com as instruções da Secretaria de Educação e Cultura. O comprometimento com a vida comunitária ucraniana inclui o compromisso com a família, com a Igreja com o governo e principalmente com a educação da sua comunidade. Para os Ucranianos que imigraram para o Brasil, a educação era recebida transversalmente pela família, pela escola, pela igreja e pela sua própria comunidade. Com a dedicação da comunidade, da família e da igreja as primeiras escolas surgiam no interior, ao lado dos imigrantes ucranianos, semelhante aos conhecimentos, constituídos e estabelecidos pelos programas oficiais, educavam e informavam a língua ucraniana e, com ela, toda uma cultura e espiritualidade de sua religião, sendo que na cultura existia a culinária, o artesanato e religiosidade. O professor Horbatiuk (1989, p 28) comenta que: As primeiras escolas ucranianas em território brasileiro datam de 1898. Nessa época os padres Basilianos Silvestre Kizima e Antônio Martinhuk, com auxílio da comunidade construíram duas pequenas escolas nas redondezas de Prudentópolis – Vicente Machado (Professor Paulo Lepka) e em Nova Galícia (Professor Alexandre Hunk). Em seguida surgem, em Prudentópolis, a escola em que foi primeiro professor Casemiro Brodiak, e em Iracema, em 1904, onde o primeiro professor foi Makcemovicz. Por volta de 1907, organizaram-se escolas em Antônio Olinto, Curitiba e Porto União da Vitória. Em 06 de outubro de 1907, como comenta o professor Horbatiuk (1989), houve uma reunião com os ucranianos do Brasil, em Rio Claro atualmente Mallet-PR. Neste encontro os imigrantes ucranianos presentes aliaram-se e formaram uma comissão para que fosse enviada até o Presidente Estado a fim de solicitar novas criações de escolas em diferentes locais em que o os imigrantes estavam se deslocando para as regiões de Curitiba, União da Vitória e Marco Cinco Jangada atualmente General Carneiro, que seriam escolas locais mistas, brasileiro-ucraniana. Como relata o Horbatiuk, (1989) os imigrantes, sentiam necessidade e urgência em tomar decisões em comum onde solicitavam e se uniam para estes encontros e reuniões que se originavam importância em vários locais do Estado como Curitiba, 110 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Dorizon e União da Vitória. O autor também ressalta que houve relatos de imigrantes que expunham sobre a vida nas colônias e que além de seus pedidos sobre a educação de seus filhos, não havia locais e nem materiais apropriados para esta função. Conforme Horbatiuk (1989), descreve no período de 1907 foi escolhido como presidente da Associação Escolar, o Padre Rafael Krenetzkei que não aceitou o cargo, sugerindo que a presidência estivesse sempre nas mãos do padre que atendesse a Colônia. Que naquele momento foi repassado para o vice presidente Nicolau Marucen. A comunidade além de zelar pela sua colônia, sua religião, seu artesanato, tinha um olhar mais focado no sistema escolar, este sim, era o principal motivo da preocupação e assuntos que mais se destacavam nas reuniões das comunidades. Conforme menciona Kreutz (1991), as escolas étnicas ucranianas no Estado do Paraná começaram ter prioridade, e por esse motivo foram criadas em vários locais sendo assim, que surgiu a ideia de construir escolas de 5ª a 8ª séries designadas ao Curso Ginasial, consistindo em um progresso da própria vida dos imigrantes. Com o Curso Ginasial vieram novos professores e padres da Ucrânia e até mesmo Irmãs Basilianas para prosseguir com a educação os imigrantes que aqui estavam, uma vez que seria mais viável esta vinda do que expedir moços e moças, jovens ainda, incertos de suas vocações. Horbatiuk (1989) relata que a partir do primeiro encontro que ocorreu em Curitiba-PR foi criado o primeiro seminário na cidade de Prudentópolis-PR. Portanto, com a vinda das Irmãs Servas e Basilianas os professores, em comum os colonos, passavam a aperfeiçoar-se, mas somente nos sábados para a melhoria do ensino. Havia necessidade de um ensino mais competente, eficiente e capaz de cumprir com as exigências governamentais, tendo o aperfeiçoamento necessário para educá-los, para que o salário fosse pago aos professores pelo Estado e não mais pelos colonos imigrantes ucranianos que ao lado da comunidade remunerassem os seus educadores. De acordo com Horbatiuk (1989), quanto à formação de religiosos, quando os educadores percebiam que realmente era essa a vocação mandavam para a Ucrânia. Neste aspecto foi condescendente o trabalho dos professores Valentim Kutz, dispondo e preparando alguns jovens que seriam futuros professores e seriam designados para as regiões menos favorecidos como em Carazinho, colônia próxima de Paulo Frontim, em União da Vitória, Jangada e Marco Cinco e Cruz Machado. 111 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O Padre Mário Prechasniuk (2010), relata que os primeiros imigrantes ucranianos chegaram ao Brasil, procedentes da Galícia e da Ucrânia, no ano de 1891. No final deste século, vieram também os primeiros sacerdotes ucranianos para prestar assistência religiosa e educacional aos imigrantes. Os primeiros a chegar foram os padres diocesanos e, a partir de 1897, também os padres da Ordem Basiliana. Os sacerdotes logo se deram conta que a colônia ucraniana no Brasil necessitava com urgência de uma Congregação religiosa feminina que pudesse ocupar-se do ensino, prestar atendimento aos doentes e trabalhar nas paróquias que já estavam em via de formação. Foi com o intuito de trazer religiosas da Galícia para trabalhar no Brasil, que em 1904, o Padre Marciano Shkirpan, dirigiu-se às Irmãs Basilianas, mas como estas não puderam vir, apresentou a proposta às Irmãs Servas. Dois anos mais tarde, algumas irmãs se prontificaram para assumir a missão, mas elas não chegaram a viajar, porque a Superiora Maior na época, irmã Basília Myshok, temendo pela segurança das Irmãs, negou-lhes a permissão. Em 1910, foi realizado em Curitiba um congresso geral dos imigrantes ucranianos católicos, que tinha por finalidade discutir uma organização mais efetiva de sua vida religiosa e cultural. Após o Congresso, o superior da missão Basiliana, Padre Clemente Bzhuchovsky, voltou à Galícia decidido a convencer as Irmãs Servas aceitarem e a assumir a missão apostólica no Brasil. Chegando lá, argumentou à Congregação sobre a grande dificuldade de ensinar, educar e aculturar os imigrantes em nosso País, e assim, o seu Superior concordou em enviar novos educadores. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo da educação na Escola Étnica Ucraniana de União da Vitória, tendo como objeto de investigação a Escola Padroeiro Divino Espírito Santo, é um estudo de significados e representações, traduz a experiência dos imigrantes ucranianos, sua história, cultura e educação. Após muitos anos da imigração, foi possível entrar em contato com as memórias de adultos, que ainda crianças haviam passado pelo processo de imigração em um país extremamente desconhecido. Trata-se de uma experiência na História da Educação no Brasil, que só pode ser relatada por quem a vivenciou, preservou as memórias ou 112 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 descreveu em livros. Investigar essa história tornou-se um privilégio e ao mesmo tempo um desafio. Histórias vividas e descritas, carregadas de emoção, revelam que expressões tais como: ―Eu era um sonhador vindo para este país imenso e com grandezas, preciosidades e riquezas‖, ―Faz algum tempo que isso aconteceu‖, ―Criança não era infância‖ e sim ―adulto em miniatura‖, são reveladores de um processo de resistência frente à situação vivenciada por essas pessoas em nosso país. O processo imigratório foi de suma importância para a contribuição da cultura brasileira, durante várias décadas foi-se incorporando distintivas origens em nosso país. Basta refletir acerca das diversas influências no nosso país com a chegada dos imigrantes, que abrangem vários elementos que entusiasmaram os povos que já colonizavam nosso país, como a culinária, danças, as tecnologias agrícolas, as vestimentas, as músicas de todas as origens e muito mais. Devido a todos eles, temos um país de diversas cores e sabores. Uma origem linda com uma cultura diversificada com um grande valor histórico. REFERÊNCIAS Biblioteca da Igreja de União da Vitória-PR. BACHA FILHO, T. O Ensino Religioso nas Escolas Públicas do Estado do Paraná. Processo nº 1299/02. 2002. Curitiba: CEE, 2002. BATISTA, F. D. Igrejas Ucranianas Arquitetura da imigração no Paraná. Curitiba: Instituto Arquibrasil . Petrobrás Cultural, 2009. BLOCH, M. Introdução A História. São Paulo, 2000. BURKO, V. A Imigração Ucraniana No Brasil. Curitiba, 1963. HORBATIUK, P. Imigração Ucraniana No Paraná. União Da Vitória: Uniporto Gráfica E Editora. LTDA., 1989. ARQUIVOS Da História Do Paraná. 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Tecnologias Assistivas. Resumo: Verifica-se eclodir atualmente na sociedade o movimento da inclusão para pessoas com necessidades educativas especiais. Os deficientes físicos apresentam algum tipo limitação interferindo na sua locomoção, coordenação e fala. Independentemente da natureza de tal situação, é necessário que tenham seus direitos fundamentais respeitados pela sociedade, para que possam ter uma vida digna e de qualidade. Para que aconteça o processo inclusivo do deficiente físico, há a necessidade de um programa eficiente de acessibilidade, que é toda e qualquer eliminação de barreiras encontradas por pessoas com algum tipo de deficiência e/ou dificuldade de locomoção, pois um ambiente acessível possibilita a inclusão e torna o deficiente mais independente, fazendo com que possa ir e vir com segurança e autonomia. Para facilitar a vida dos deficientes podem ser utilizadas as tecnologias assistivas, que são adaptações feitas em objetos ou recursos da vida diária de um deficiente. Assim o objetivo geral deste estudo é verificar quais são as barreiras enfrentadas pelo deficiente físico na escola. Têm-se como objetivos específicos: apontar o que são deficiências físicas, relatar os desafios enfrentados no cotidiano de pessoas com deficiência física em relação às barreiras arquitetônicas na escola e demonstrar como as tecnologias assistivas e recursos podem auxiliar esses deficientes. A presente pesquisa é de caráter descritivo exploratório, onde estão sendo analisadas escolas de 5ª a 8ª séries do município de União da Vitória-PR, a fim de colher dados quanto à inclusão do deficiente físico no ensino regular. Atitudes de preconceito e barreiras arquitetônicas precisam ser excluídas, pois a verdadeira inclusão ocorre por meio do ensino e utilização de recursos que permitam a ampliação de habilidades funcionais, oportunizando a autonomia de ações e a acessibilidade. 117 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O CONTEXTO DA DEFICIENCIA E SEUS EFEITOS PSICOLÓGICOS Débora Passos Guimarães (G), Rosicler Ferreira de Alcantara (G), Sonale Lumikoski Samonek (G), Rosana Beatriz Ansai (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Pedagogia. Palavras Chave: Deficiência, Inclusão, Efeitos Psicológicos, Família Resumo: Por muito tempo as pessoas com deficiências eram marginalizadas e excluídas da sociedade, vivendo em completo abandono. A partir do final do século XX a concepção de deficiência incorporou novos sentidos, releituras e concepções teóricas. Com o processo de inclusão social, iniciada na década de 90, o deficiente e a sua família começaram a sentir os efeitos positivos deste processo. Partindo deste pressuposto, buscou-se identificar os impactos psicológicos e as expectativas da família com relação ao filho deficiente nos vários grupos sociais. Coletou-se dados através de fontes bibliográficas e pesquisa de levantamento de dados com uma amostra não probabilística intencional por acessibilidade composta por 10 famílias moradoras de União da Vitória que possuem no seu meio uma pessoa com deficiência, independente do tipo e características. Para a coleta dos dados, elaborou-se um questionário semi estruturado, contendo dez questões. A pesquisa revelou entre outros dados que 40% das famílias possuem deficientes na faixa etária de 07 a 14 anos, 50% possuem deficiência congênita. Quanto ao cotidiano do deficiente, a pesquisa evidenciou várias situações de discriminação por parte da escola e da sociedade. De outra forma, constatou-se que os pais são bastante otimistas em relação ao futuro dos seus filhos deficientes, pois acreditam que a medicina aliada a tecnologia e a práticas inclusivas podem contribuir de maneira significativa para a autonomia de seus filhos. Diante desta realidade, pode-se afirmar que muitas barreiras já foram vencidas, mas sabe-se que ainda há muitos obstáculos a serem percorridos. Portanto, colocar-se no lugar do outro ainda é a melhor maneira de trabalhar a inclusão. 118 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: O PROBLEMA DA ACESSIBILIDADE Deisy Jaqueline Tandler (PG), Roseli B. Klein (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Especialização em Educação Especial. Palavras Chave: Pessoas com deficiência, Acessibilidade, Inclusão. Resumo: Todos os cidadãos tem direito a acessibilidade, a liberdade de locomover-se, ir e vir de acordo com seu desejo ou suas necessidades. Portanto, esta deveria ser a realidade, já que é um direito garantido por lei, mas infelizmente não é o que acontece em muitos lugares. Pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida se vêem diante de calçadas esburacadas ou sem rampas, ruas sem semáforos sonoros, com placas mal localizadas, entre outras barreiras que dificultam ou impedem o acesso de todas as pessoas. Muitas leis, decretos, portarias e resoluções tratam do assunto no intuito de minimizar ou eliminar totalmente as barreiras que impedem a acessibilidade de todos os brasileiros. A acessibilidade veio para possibilitar o acesso de todas as pessoas a todos os lugares, ruas, lojas, repartições públicas e privadas, para que possam andar de ônibus, trem, navio, avião, ter acesso ao maior número possível dos meios de comunicação, devendo ser garantida sua segurança para tal e recebendo todas as condições necessárias para fazê-lo com autonomia. O objetivo desta pesquisa é resgatar algumas leis e normas que dizem respeito à acessibilidade da pessoa com deficiência, como forma de conscientizar a sociedade para que de fato o acesso seja oportunizado e respeitado. Justificamos este estudo pelo fato de muito se falar na necessidade da inclusão nos espaços públicos, principalmente nas escolas, e por estas não favorecerem este acesso esperado. Esta pesquisa apresenta-se descritiva, bibliográfica, exploratória e com pesquisa de campo. Na pesquisa de campo realizamos uma visita às instituições de Ensino Superior de União da Vitória e Porto União para verificar junto a estes estabelecimentos, a estrutura física oferecida às pessoas com deficiência. Como resultados parciais verificamos que há um grande esforço para adequar os espaços físicos escolares a estas pessoas, entretanto ainda há muito o que ser feito. 119 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 DIFICULDADES RELACIONADAS A ARQUITETURA ENFRENTADAS PELO SURDOCEGO Janete Alves de Assunção (PG), Elizabete de FAtima Gomes Empinotti Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Coordenação de Extensão e Pós Graduação. Palavras Chave: Surdocegueira, surdez, deficiência visual. Resumo: O estudo busca a identificação de barreiras arquitetônicas enfrentadas pelo aluno surdocego dentro das escolas públicas regulares. O surdocego é um indivíduo que necessita de estimulação precoce, para que ocorra um desenvolvimento mútuo de suas habilidades. A criança surdocega precisa de ter confiança em si mesma e no ambiente onde irá se dar a aprendizagem, para isso busca-se a interação total e incondicional de todos os envolvidos nesse processo de ensino/aprendizagem, até que a criança tenha adquirido o conhecimento através das experiências vivenciadas por ela. Como objetivo geral busca-se verificar até que ponto as barreiras arquitetônicas influenciam no processo ensino/aprendizagem do aluno surdocego. Como objetivos específicos o estudo irá verificar de que forma se dá a acessibilidade nas escolas, analisando qual é a influencia do ambiente na aquisição da aprendizagem. Trata-se de uma pesquisa básica, quanto ao método ele é dialético, utilizando pesquisa bibliográfica de cunho exploratório baseada em pesquisa de campo, por meio de questionários realizados nas escolas públicas de 1º ao 5º ano na cidade de Porto União-SC, para saber as condições que as escolas proporcionam a alunos com surdocegueira. O desenvolvimento do indivíduo surdocego se dá através de experiências tanto em ambiente familiar como em ambiente escolar, portanto, devem ser esses ambientes estruturados de maneira a facilitar e auxiliar no processo de desenvolvimento da criança, desde sua infância até a fase adulta de modo a possibilitar o máximo de independência que ela possa vir a ter. Dentro dessa perspectiva, as barreiras arquitetônicas devem ser as menores possíveis e devem ser estudadas as possíveis adaptações necessárias, devendo suprir esse déficit arquitetônico proporcionando a criança melhores chances e oportunidades de desenvolvimento. 120 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O PERCURSO ESCOLAR DAS PESSOAS SURDAS: ALGUMAS VIVÊNCIAS Ketherin Leite Moskviak (PG), Rosane A. Favoreto da Silva (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Pós-Graduação de Educação Especial Palavras Chave: Surdo, LIBRAS, Percurso escolar. Resumo: Este estudo tem como objetivo o percurso escolar vivenciado pelas pessoas surdas. Inicialmente o texto aborda as concepções de surdos e de surdez que permeiam a histórias da educação de surdos, ora sendo constituídos pela sociedade como sujeitos deficientes devido a sua condição biológica, ora percebidos como sujeitos pertencentes a uma minoria linguística pelo fato de usar outra língua para se comunicar, a Língua Brasileira de Sinais – Libras. Posteriormente, são abordados os espaços existentes de escolarização das pessoas surdas e os modelos educacionais que fizeram parte deste processo. Esta é uma pesquisa qualitativa que tem como colaboradores três surdos adultos usuários da Libras. O instrumento de pesquisa utilizado foi um questionário com o objetivo de coletar dados sobre o percurso escolar vivenciado por estes sujeitos. Diante do exposto, os resultados ainda estão sendo obtidos para melhor compreensão da parte teórica da pesquisa. Concluindo que essa pesquisa é importante para o conhecimento sobre como foi a vivência escolar dos surdos na sua vida durante sua trajetória escolar. 121 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 PSICOMOTRICIDADE: UMA EXPERIÊNCIA COM EDUCANDOS DE CLASSE DE APOIO Luis Roberto Konrath (PG), Roseli B. Klein (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV) Palavras Chave: Psicomotricidade, Atividades Lúdicas, Aprendizagem. Resumo: Várias áreas do cérebro estão envolvidas na aprendizagem e se subdividem em dois grupos: o primeiro envolve as habilidades de leitura, escrita, ortografia, aritmética e linguagem. Estas são requisitos básicos na aprendizagem. O segundo grupo consiste na persistência, organização, controle de impulso, competência e a coordenação de movimentos. Para que se obtenham bons resultados é necessário que a criança seja estimulada na aprendizagem. Os indivíduos desenvolvem capacidades cognitivas através de uma boa alimentação, estímulos externos, como o afeto, a atenção, a boa convivência e também através de atividades psicomotoras que estimulam áreas cerebrais significativas para o processo de aprendizagem. Com base nesta premissa, realizamos um estudo com crianças de Classe de Apoio das Séries Iniciais do Ensino Fundamental, proporcionando atividades através de brincadeiras que envolvessem a utilização do corpo, cujo objetivo foi verificar se estas produziriam uma melhora no processo de aprendizagem. As atividades foram simples e práticas, possibilitando uma avaliação do envolvimento dos educandos através da observação. A classe foi dividida em dois grupos: o primeiro participou de atividades psicomotoras e o segundo grupo realizou apenas tarefas escolares de reforço de conteúdos. Justificamos este estudo pelo fato de muitas crianças, apresentarem dificuldades de aprendizagem escolares devido à falta de treinamento de habilidades motoras necessárias para o processo de aprendizagem. Durante o trabalho a metodologia utilizada foi bibliográfica, descritiva, exploratória e uma pesquisa ação, entre pesquisador e educandos. O referencial bibliográfico tem por base Le Boulch, Fonseca e outros. Como resultado parcial já foi possível observar uma melhora sensível na aprendizagem pelo grupo participante das atividades psicomotoras propostas, conforme relato das professoras da classe regular a que eles pertencem. 122 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ORIENTAÇÃO SEXUAL EM CRIANÇAS DE 0 A 12 ANOS Marcia dos Santos (PG), Elizabeth Ulrich (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV) Pós-Graduação. Palavras Chave: Educação, Sexualidade, Ensino/Aprendizagem Resumo: Desde cedo a criança procura informações sobre sua sexualidade. Nota-se que é importante e necessário tanto aos pais como docentes estar refletindo constantemente sobre a questão da sexualidade, tema deste estudo, pois ela é uma das áreas importantes do comportamento humano. Por este motivo acredita-se que a sexualidade deve ser estudada e trabalhada não só na família como também nas escolas, uma vez que cada vez mais precocemente a criança está iniciando a sua investigação acerca da sexualidade. Esta pesquisa tem como objetivo geral relatar como pode ser a orientação sexual na escola. Os objetivos específicos são: descrever sobre os conceitos culturais gerados sobre a sexualidade da criança; descrever como pode ser a educação sexual na escola e na família. A pesquisa constatou que a criança apresenta desde cedo uma relação com o corpo, mesmo antes de iniciar a sua fala, em momentos diferentes de sua vida a criança pode se concentrar em determinadas partes do seu corpo mais do que outras. Na escola falar sobre sexualidade não deve ser tabu, antes, se deve procurar criar uma consciência crítica de que o corpo deve ser cuidado com respeito e de higiene, de que as pessoas são diferentes sexualmente. Para que isto aconteça com naturalidade na sala de aula é necessário que o professor pesquise de acordo com a faixa etária que o aluno se encontra, informações sobre este assunto que deverão fazer parte do projeto sobre orientação sexual. 123 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 OS BENEFÍCIOS DA PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO MOTOR DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN Rita de Cássia da Silva Mendes (PG), Roseli B. Klein (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Pedagogia Palavras-Chave: Psicomotricidade. Síndrome de Down. Aprendizagens Escolares. Resumo : O presente estudo de caráter teórico bibliográfico apresenta análises sobre os benefícios da psicomotricidade no desenvolvimento motor da criança com Síndrome de Down. Tem como objetivo geral enfatizar o trabalho psicomotor, gerando uma reflexão quanto sua importância no desenvolvimento de uma criança com atraso motor. São objetivos específicos: conceituar a psicomotricidade e relatar seu histórico, evidenciando os benefícios da importância no desenvolvimento motor da criança com Síndrome de Down, descrever alguns elementos básicos da psicomotricidade e evidenciar os problemas de aprendizagens pela falta de desenvolvimento psicomotor. Este trabalho contribuiu de forma significativa para o conhecimento sobre o assunto, fazendo-nos constatar o quanto o trabalho com a psicomotricidade é importante para o desenvolvimento humano. Os educadores devem ter essa noção para que possam desenvolver melhor seu trabalho com pessoas especiais, podendo assim auxiliar as crianças em suas aprendizagens, tornando-as preparadas para suprirem suas necessidades cognitivas que surgirão posteriormente na idade escolar. Acredita-se que psicomotricidade, auxilia e capacita a criança para uma melhor conscientização de seu corpo, o que lhe proporciona maior habilidade nos atos praticados diariamente (como colocar roupa, por exemplo) e na assimilação das aprendizagens escolares. Neste trabalho, busca-se trazer recursos da psicomotricidade para dentro da sala de aula. 124 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Artigos Os artigos publicados nestes anais foram escolhidos pela Comissão Científica desta seção. O conteúdo e resultados são de inteira responsabilidade dos autores. A PSICOMOTRICIDADE COMO INSTRUMENTO DE PREVENÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Luis Roberto Konrath10 RESUMO: Várias áreas do cérebro estão envolvidas na aprendizagem e subdividem-se em dois grupos: o primeiro envolve as habilidades de leitura, escrita, ortografia, aritmética e linguagem. Estas são requisitos básicos na aprendizagem. O segundo grupo consiste na persistência, organização, controle de impulso, competência e a coordenação de movimentos. Para que se obtenham bons resultados é necessário que a criança seja estimulada na aprendizagem. Os indivíduos desenvolvem capacidades cognitivas através de uma boa alimentação, estímulos externos, como: afeto, atenção, boa convivência e também de através de atividades psicomotoras que estimulam áreas cerebrais significativas para o processo de aprendizagem. Com base nesta premissa, realizamos um estudo com crianças de Classe de Apoio das Séries Iniciais do Ensino Fundamental, proporcionando atividades e brincadeiras que envolvessem a utilização do corpo, cujo objetivo foi verificar se estas produziriam uma melhora no processo de aprendizagem. Foram atividades simples e práticas, possibilitando uma avaliação do envolvimento dos educandos através da observação. Palavras chave: Psicomotricidade. Atividades Lúdicas. Aprendizagem 1 INTRODUÇÃO As atividades psicomotoras, orientadas de forma correta e rotineira, passam a ser uma atividade prazerosa e se tornam um estímulo para que a criança se motive e melhore o seu aprendizado e o desenvolvimento. Para isso é necessário que haja um bom desenvolvimento e maturação da criança, segundo, Zielak (1991), a maturação não funciona de modo homogêneo nas 1 Licenciado em Educação Física pela Fundação Municipal Centro Universitário da Cidade de União da Vitória – UNIUV –, especialista em Educação Especial pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras – FAFIUV de União da Vitória- PR. 125 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 crianças, cada uma estabelece um tempo próprio de maturidade. Portanto, é muito importante considerar esse ponto quando as ensinamos e desejamos que aprendam. Assim, é possível dizer que a atividade psicomotora, feita sem objetivo específico e sem orientação adequada, pode não apresentar grandes resultados ao desenvolvimento educacional e motor da criança, porém, sempre haverá uma melhora, mesmo que esta seja em nível da execução de uma habilidade motora, que neste caso, se pode chamar, de forma simplista, como treino (MATTOS, 2006). O desenvolvimento escolar da criança pode ter ligação, com a falta da atividade recreativa na escola. Zielak (1991), em seu discurso relata que, o ser humano é formado da parte física, intelectual, emocional e quando reage às estimulações do meio, reage com o seu ser físico, intelectual, e emocional. Recebe influências externas do meio familiar, social e fornece influências pessoais. A criança quando vem de casa apresentando problemas, já está desestimulada e, muitas vezes, não consegue atingir o nível de desenvolvimento esperado. Portanto, a psicomotricidade pode entrar em ação através de brincadeiras lúdicas, rodas cantadas, histórias, atividades artísticas e físicas orientadas adequadamente. Segundo Brancher (2003), as crianças de 7 (sete) a 10 (dez) anos, apresentam um aumento na capacidade de combinação dos movimentos e uma melhora na sua execução das habilidades motoras em relação às do bebê. A coordenação vai evoluindo de acordo com o seu amadurecimento e ocorre uma melhora significativa dos 6 (seis) aos 11 (onze) anos. Sabendo disto, deve-se analisar o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem e estimular a criança para descobrir o seu potencial motor a sua capacidade de movimento e desenvolvimento no aprendizado escolar. Este estudo tem por objetivo observar o nível do desenvolvimento psicomotor das crianças, através de atividades de coordenação motora, se utilizando de situações recreativas planejadas. Justificamos esta pesquisa pelo fato de trabalharmos com uma classe de apoio, que realiza um trabalho de reforço das habilidades não aprendidas durante a prática pedagógica realizada em horário escolar. Temos como problema de pesquisa o seguinte questionamento: a falta de habilidades motoras pode ter influência no processo de aprendizagem dessas crianças 126 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 que frequentam a classe de apoio escolar? A metodologia utilizada é a descritiva, bibliográfica, exploratória e com pesquisa de campo. A pesquisa de campo foi realizada através de sessões psicomotoras, previamente planejadas. A classe foi dividida em dois grupos: o primeiro recebe a intervenção psicomotora e o segundo não recebe. A intenção é verificar, após o período de seis meses, se houve melhora no processo de aprendizagem, por parte do grupo que recebeu a intervenção em relação ao segundo grupo. A presente pesquisa busca também enfocar a necessidade de relatar todos e quaisquer acontecimentos sem manipular qualquer resultado positivo ou negativo. A preocupação é estudar os dois grupos para investigar os vários aspectos que possam existir; identificá-los e procurar relatar através da análise dos dados. No primeiro momento deste estudo realizamos um resgate teórico sobre a importância de atividades psicomotoras a serem realizadas nas séries iniciais do Ensino Fundamental, como forma de estimular as habilidades necessárias para o processo de alfabetização, bem como, para todo o processo de aprendizagem escolar. No segundo momento apresentamos as sessões de psicomotricidade aplicadas a um grupo de alunos de 3ª séries e 4ª séries do Ensino Fundamental que freqüentam a Classe de Apoio e a análise do desempenho destes. A pesquisa realizou-se na Escola Municipal Professor Bronislau Kapusniak, no Município de Cruz Machado, com um universo de 19 alunos. 2 A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE PARA PREVENIR AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM O estudo observa que algumas dificuldades de aprendizagem estão associadas à elementos da psicomotricidade. Dificuldades em relação ao esquema corporal, à lateralidade, a aspectos perceptivos e outros, podem ser percebidas quando a produção da criança apresenta textos mal escritos ou sem nenhuma linha de raciocínio expressa com lógica, dificuldades na linguagem oral e escrita, na resolução de cálculos matemáticos simples e complexos principalmente. A fase pré-escolar e de alfabetização são importantes no desenvolvimento cognitivo da criança de uma forma geral e principalmente no processo de aprendizagem das mesmas. Porém, muitas escolas não possuem professores de Educação Física para 127 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 atendimento de 1ª a 4ª séries do ensino Fundamental, muitas vezes não se encontram profissionais adequados e que queiram trabalhar realmente com crianças, outra questão é a financeira, não se gasta muito com estes profissionais, pois o serviço deles não aparece, por isso não se valoriza, existe ai um preconceito muito grande com relação aos professores de Educação Física. No cotidiano escolar, por vezes, o professor realiza o seu trabalho de forma mecânica e automática e deixa de explorar o aspecto lúdico e os elementos que compõem a psicomotricidade, reduzindo assim os estímulos e deixando de lado interesses e necessidades dos alunos.Os conteúdos a serem trabalhados com os alunos se forem explorados através de jogos e brincadeiras que propiciem a experiência através da manifestação corporal, terão muito mais significado e serão muito mais apreendidos, contribuindo, dessa forma para a formação integral. Muitas das dificuldades escolares não se apresentam em função do nível da turma a que as crianças chegaram, mas segundo Le Boulch (1983), e Meur & Staes (1984) em relação à elementos básicos ou "pré-requisitos", condições mínimas necessárias para uma boa aprendizagem, que constituem a estrutura da educação psicomotora. Nesse sentido, é de suma importância a atividade lúdica, realizada através de atividades psicomotoras, no sentido de colaborar para o desenvolvimento integral da criança, e para que ela possa sedimentar bem esses "pré-requisitos", fundamentais também para a sua vida escolar. A escola não deve se preocupar em ensinar essas habilidades apenas para que o aluno saiba executá-las bem ou para facilitar a execução das tarefas escolares, mas sim direcionar a aprendizagem para a formação integral do individuo, fazendo com que ele se torne um cidadão consciente e pensante em meio a sociedade. Considerar o gesto ou a linguagem corporal como forma de expressão do ser humano é um caminho para reconhecer a importância da atividade corporal no processo ensino-aprendizagem. Antes dos homens se comunicarem através de símbolos, a expressão corporal se constituiu na primeira forma de linguagem. Fonseca (1996) ressalta o caráter preventivo da psicomotricidade, afirmando ser a exploração do corpo, em termos de seus potenciais uma "propedêutica das aprendizagens escolares". Para ele as atividades desenvolvidas na escola como a leitura, o ditado, a redação, a cópia, o cálculo, o desenho, a música e enfim, o movimento, estão 128 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ligadas à evolução das possibilidades motoras e as dificuldades escolares estão portanto, diretamente relacionadas aos aspectos psicomotores. Existem outros fatores que se manifestam nas crianças, originando dificuldades de aprendizagem, como, dificuldades de sociabilidade e no campo afetivo/emocional, stress, impossibilidades físicas e dificuldades em relação à estrutura escolar, muitas vezes encontramos situações de abandono por parte dos pais, quando esses não são separados, onde a estrutura familiar não existe mais. Este estudo mostra a importância da educação psicomotora como base para as aprendizagens escolares, no sentido de reforçar o caráter preventivo e a importância de sua existência nas instituições escolares, visando o desenvolvimento integral dos alunos. Também se faz relevante, ressaltar a importância de um trabalho integrado entre professores, orientadores, psicólogos, fonoaudiólogos, coordenadores e o profissional de Educação Física, para uma avaliação criteriosa do aluno e contribuição na superação das dificuldades de aprendizagem. Quanto ao conceito de psicomotricidade encontramos várias definições, pois o olhar de cada autor mostra sua concepção sobre o assunto. Psicomotricidade é uma neurociência que transforma o pensamento em ato motor harmônico, (mente e corpo), atuando em harmonia. É a sintonia fina que coordena e organiza as ações gerenciadas pelo cérebro e as manifesta em conhecimento e aprendizado. Psicomotricidade é a manifestação corporal do invisível de maneira visível. É uma ciência terapêutica adotada na Europa há mais de 60 anos, principalmente na França, que instituiu o primeiro curso universitário de Psicomotricidade em 1963 (ISPE-GAE, 2007). A psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. (S.B.P.1999) 3 A PESQUISA A pesquisa teve por base sessões de psicomotricidade aplicadas a um grupo de alunos de 3ª séries e 4ª séries do Ensino Fundamental que freqüentavam a Classe de Apoio. Realizou-se na Escola Municipal Professor Bronislau Kapusniak, no Município de Cruz 129 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Machado, com um universo de 19 alunos. Para isto, durante o ano letivo escolar de 2011 nas datas entre os meses de maio até agosto, foram estudadas e trabalhadas as turmas de 3ª séries e 4ª séries, que frequentavam a Sala de Apoio no período vespertino, período este contrário de horário normal de suas aulas em dois dias por semana. A turma da 3ª série, composta por 12 alunos de ambos os sexos, a 4ª série composta por 7 alunos de ambos os sexos. A amostra de alunos foi definida pelo pesquisador. Este grupo de alunos participou de atividades psicomotoras e outro grupo realizou apenas tarefas escolares normais de reforço de conteúdos. O instrumento que foi utilizado para essa avaliação, foram as atividades psicomotoras como brincadeiras ao ar livre e dentro de sala de aula, também utilizando atividades artísticas. Durante este período de avaliação, pode ser observado o nível de desenvolvimento em que se encontravam as crianças e a possível evolução destes indivíduos com a utilização das atividades psicomotoras, para isso foram utilizadas as avaliações individuais, feitas anteriormente pelo professor regente da Sala de Apoio nos pareceres pessoais de cada aluno envolvido, além de avaliações Especiais podendo assim ser verificado o nível de desenvolvimento escolar de cada um dos alunos. Para atingir os objetivos do estudo foram utilizadas diversas atividades recreativas e psicomotoras, como por exemplo: - jogos grupais de colaboração, utilizando bolas; - alongamentos, aquecimento e ginástica; - estafetas: obstáculos, bexigas, bolinhas, raquetes; - corridas: individuais, duplas; - cordas curtas e longas: pular, correr, saltar, ultrapassar; - bolas: quicar, arremessar, chutar, agarrar; - bambolês: rodar e passar no corpo; - pipas, construção e utilização correta conscientes de riscos; jogos de memória e de atenção; - tangram. O aluno selecionado para participar das sessões de psicomotricidade passou por uma avaliação física e cognitiva, neste caso: física: lateralidade, coordenação motora ampla e fina, através dos testes. Estas avaliações foram realizadas em duas etapas, a primeira em pré-teste e a segunda um pós-teste; - cognitiva: memorização, raciocínio e tempo de reação, grafia, leitura, etc. 3.1 AS ATIVIDADES PROPOSTAS 3.1.1 Jogo Pinga Bola 130 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Objetivos: desenvolver a concentração; desenvolver a cooperação; estimular o esporte como recreação; desenvolver a atenção e habilidades motoras. Recursos: bolas de borracha, bolas de tênis de campo, bolas de pingue-pongue, cordas. Procedimentos: desenhar uma linha na sala ou local onde o jogo será realizado. Os jogadores se espalham pelos dois lados da linha, em grupos de mesmo número de jogadores se for possível. Alguém joga a bola para cima e, com a raquete ou com a mão, joga-a para o outro lado da linha. O outro lado da linha deve deixar a bola quicar uma vez no chão e depois rebater a bola de volta para a outra equipe. As duas equipes devem jogar em cooperação, pois se a bola cair no chão as duas equipes perdem. Este é um jogo para diversão e recreação. Podem-se determinar novas regras de acordo com o nível da turma para pontuação ou tempo. Resultados obtidos: esta atividade foi aplicada na data prevista, com 9 participantes, destes 3 meninas e 6 meninos. A princípio o professor explicou a atividade aos alunos e os posicionou para a execução da mesma, (conforme figuras de 1 a 2), então ao final da atividade o professor sentou-se com seus alunos e os questionou sobre a atividade; dificuldades, facilidades, dúvidas e o que eles acharam da atividade, se foi boa ou ruim as respostas foram satisfatórias, houve um pouco de desorganização da parte dos alunos; sentiram muita dificuldade para a realização da tarefa, pois, esta era uma atividade de muita concentração o que dificultou extremamente a execução. Os alunos não conseguiam acertar, de inicio, nem o arremesso inicial, quanto mais à devolução para o outro lado da linha. Na hora em que a bola quicava no chão e eles tinham que devolver não acertavam, tanto que o professor mudou um pouco a atividade para que pudesse ser executada, então eles faziam o arremesso e o outro lado devolvia não importando a direção que a bola fosse, o importante era arremessar e devolver. Mesmo assim, era grande a dificuldade. Nota-se que estes alunos tem extrema dificuldade na coordenação motora de movimentos amplos, também muita dificuldade na coordenação viso-motora, pouca concentração, e muita dificuldade em cooperar, não entendendo que se um ajudar o outro os dois ganham. 131 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Figura 1 – Jogo Pinga Bola (preparação dos educandos) Figura 2 – Jogo Pinga Bola (alunos jogando) Fonte – Pesquisa Direta Fonte – Pesquisa Direta 3.1.2 Jogo Joga e Pega Objetivos: desenvolver a cooperação; desenvolver a agilidade; desenvolver a atenção; estimular a coordenação motora ampla. Recursos: bolas de borracha, bolas de tênis de campo, saquinhos de areia. Procedimentos: marcar o chão com duas linhas de aproximadamente 1 metro de comprimento, a 3 m de distância uma da outra, a distância pode ser variada conforme a habilidade dos jogadores. Formar uma fila de alunos atrás de uma das linhas de modo que todos possam ver o arremessador, estes serão os receptadores. Na outra linha ficará o arremessador, este arremessa a bola para o primeiro, que recebe a bola, imediatamente corre para o lugar do arremessador, o arremessador corre imediatamente para o final da fila de receptadores. Se o receptador não agarrar a bola de primeira, deve devolver e não correr, só corre quando agarrar a bola de primeira. Para obter mais desafio pode-se dividir em dois grupos enquanto um joga o outro observa, marca-se um tempo para ver quem é o mais veloz. Podendo ainda sofrer outras variações se necessário. Resultados obtidos: a atividade foi aplicada na data prevista com 10 alunos, destes 3 meninas e 7 meninos. No inicio o professor sentou-se com os alunos explicou o objetivo da atividade e como seria aplicada, então, dando inicio a atividade, (conforme figuras 3 e 4). Os alunos não conseguiam se colocar corretamente em duas colunas uma a frente 132 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 da outra, um aluno tinha que lançar a bola ao colega da frente e correr se posicionando no lugar do mesmo, houve uma pequena confusão, pois eles não tinham o costume de realizar atividades em equipe, cooperativamente, havia certa competição o que não era o objetivo da atividade e sim o oposto. Então, o professor interviu na atividade participando junto, houve uma mudança no comportamento dos alunos, eles começaram a jogar com mais calma, prestando atenção nos movimentos do professor, isso trouxe a eles uma maior segurança na realização da atividade. Logo após, o professor começou a trocar de bolas, das maiores para as menores, a partir daí a dificuldade era somente na coordenação viso motora, em ver a bola vindo, mas não conseguir segurá-la. A atividade foi repetida algumas vezes e ao final já era possível ver uma pequena melhora nos movimentos de arremesso e recepção das bolas. Figura 3 – jogo Joga e Pega (a atividade bola média) Fonte – Pesquisa Direta Figura 4 – jogo Joga e Pega (a atividade bola grande) Fonte – Pesquisa Direta 3.1.3 Jogo Brincando com a Memória Objetivos: estimular a linguagem do aluno por meio da atenção; desenvolver a criatividade; desenvolver a memória visual; Recursos: Oito cartões, nas cores: azul, vermelha, amarela, verde, branca, preta, laranja e marrom. Procedimentos: os alunos devem sentar em roda. No centro o professor colocará os oito cartões coloridos, em seguida chama um aluno que deverá observar todos os cartões, após a observação, o professor irá vendá-lo e os outros alunos cantarão uma música infantil, enquanto isso, o professor retira um dos cartões, após o termino da musica, o aluno tira a venda e deverá perceber qual cor está faltando. O professor segue 133 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 essa atividade até que todos os alunos tenham participado. A atividade pode ser variada colocando objetos de uso escolar, outros tipos de objetos, livros etc. Resultados obtidos: para iniciar a atividade (figuras 5 e 6) o professor explicou a atividade aos alunos e os posicionou em um circulo na quadra da escola, onde ele sorteou o primeiro aluno a se separar do grupo, este aluno primeiramente observou os cartões no chão e depois ficou por uns instantes, separado do grupo. Então o professor retirou do chão um dos cartões e em seguida chamou o aluno, este por sua vez observou os cartões, e acertou a cor que foi retirada, este aluno escolheu o próximo a ser separado do grupo, e assim por diante. Nesta atividade o professor observou que houve uma insegurança por parte dos alunos em falar qual cor estava faltando, talvez por vergonha, depois mais o professor foi aumentando o desafio, acrescentando cartões com formas geométricas variadas, então retirava, colocava ou nem tirava, com um número maior de cartões houve uma dificuldade maior por parte dos alunos, cerca de 30%, dos alunos não conseguiram acertar, estes realmente tem uma grande dificuldade em reter informações. Por exemplo, tabuada, interpretação oral, cálculos mentais. São alguns exemplos de dificuldades que estes alunos apresentam. Assim, ao final da atividade, com várias tentativas e repetições, pode-se ver que houve uma melhora por parte dos alunos. Figura 4– jogo Joga e Pega (o jogo) Fonte – Pesquisa Direta Figura 3– jogo Brincando com a Memória (a explicação) Fonte – Pesquisa Direta 3.1.4 Jogo Seguindo a Ordem 134 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Objetivos: estimular a atenção do aluno e compartilhar atividades coletivas; desenvolver a criatividade; estimular a lateralidade em si e no outro; estimular a memorização; Recursos: 4 cartões coloridos, com as seguintes instruções: - Cartão amarelo: andar para frente; - Cartão verde: andar para traz; - Cartão vermelho: parar de andar; - Cartão azul: andar de lado. Procedimentos: dividir os alunos em trios ou quartetos, em seguida apresentar os cartões e explicar o movimento que deve ser executado quando mostrados. Os grupos devem se espalhar pela quadra e formar filas, todos precisam andar pela quadra, quando o professor mostra um dos cartões, os alunos necessitarão realizar a ordem. Aqueles que não realizarem a ordem correta deverão sair do grupo. Ganha o grupo em que ficar o maior número de participantes. Resultados obtidos: esta atividade foi aplicada (conforme figuras 7 e 8) e correu conforme planejada, houve algumas dificuldades da parte dos alunos em memorizar as informações, após algumas tentativas e erros, a atividade foi aplicada e verificou uma dificuldade por parte dos alunos em memorizar as informações corretas para executar a atividade. Então se pode verificar a real dificuldade em obedecer regras e memorizar informações. Figura 8 – jogo Seguindo a Ordem explicação) Fonte – Pesquisa Direta Figura 7 – jogo Seguindo a Ordem (Peças do jogo 4 cartões) Fonte – Pesquisa Direta 3.1.5 Jogo Pista das Cores 135 (a ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Objetivos: desenvolver a criatividade; desenvolver o lúdico; estimular habilidades de memória visual (utilizando as cores); - incentivar a aquisição de habilidades motoras (trabalhando o movimento corporal dos educandos). Recursos: um dado de cores; uma pista preparada anteriormente pelos alunos, de seis cores diferentes, feita em papel pardo, pintada com tinta guache. Procedimentos: Distribuir os alunos em duplas onde: um será responsável em jogar o dado e o outro em andar pela pista, ―peão‖. O aluno que andar pela pista só poderá avançar se a cor do dado for à mesma cor da próxima casa da pista, caso contrário ele fica imóvel. Ganha a o jogo a dupla que chegar ao final da pista em primeiro lugar. O professor deverá inverter os jogadores para que todos sejam peões e todos sejam jogadores de dado. Resultados obtidos: a atividade pista de cores foi mais criativa e aproveitada por parte dos alunos, (conforme figuras 9 e 10), pois foi construída pelos próprios alunos. Quando o professor estava explicando houve uma impaciência por parte dos alunos, pois eles queriam brincar logo. Então, após a explicação e demonstração, deu-se inicio a atividade, os alunos se dividiram em duplas. A atividade correu muito bem, os alunos jogaram e depois que acabou o primeiro jogo foram invertidas as posições, quem jogava o dado, passou a peão. Percebeu-se aqui que a atividade foi bem realizada sem muitas dificuldades, houve uma competição sem abusos por parte de quem ganhou e quem perdeu aceitou, pois era um jogo de sorte, sem muita estratégia (verificar as figuras de 9 e 10). Figura 10 – jogo Pista das Cores (o jogo) Fonte – Pesquisa Direta Figura 9 – jogo Pista das Cores (a construção da pista) Fonte – Pesquisa Direta 136 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 3.1.6 Construindo Pipas Objetivos: desenvolver a criatividade; desenvolver o lúdico; estimular habilidades de memória visual (utilizando as cores e medidas); incentivar a aquisição de habilidades motoras (trabalhando o movimento de coordenação motora fina). Recursos: papel de seda; alfinetes, barbantes, painas, linha de pipa, tesouras, cola, réguas. Procedimentos: Distribuir os materiais para os alunos, iniciar falando sobre os cuidados com a segurança que deve se ter ao soltar pipas, locais adequados e locais que não se deve soltar pipas. Para dar inicio a construção da pipa, é necessário saber que material é adequado para este tipo de esporte, as painas adequadas e todo o resto do material. Começar com as painas duas peças para cada aluno cortar de tamanho que seja suficiente para construir uma pipa pequena. Uma folha de papel de seda, alfinetes, cola, tesoura, barbante e a linha para empinar pipas. É recomendável que o professor construa uma pipa ao mesmo tempo em que os alunos para que eles observem como se faz, e ajudar quando houver necessidade. Resultados obtidos: os alunos construíram sua pipa com facilidade, com calma, efetivando o recorte, a colagem e as amarrações necessárias. (figuras 11 e 12) Figura 11 – construindo preparação dos materiais) Fonte – Pesquisa Direta pipas Figura 12 – construindo pipas (todas as pipas prontas) Fonte – Pesquisa Direta (a 3.1.7 Atividades com Tangram 137 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Objetivos: desenvolver a criatividade; desenvolver o lúdico; estimular habilidades de memória visual (utilizando as cores e medidas); incentivar a aquisição de habilidades motoras (trabalhando o movimento de coordenação motora fina); estimular a atenção; desenvolver o gosto pela escrita e arte. Recursos: papel sulfite com pequenos tangram impressos, lápis de cor, réguas, tesouras, cartolinas, quadro de giz e E.V.A. Procedimentos: a atividade foi desenvolvida da seguinte maneira: o professor entrega o material para os alunos, cada página do livro que vai ser escrito tem um pequeno texto, com uma figura, o professor passa no quadro o texto e expõe a figura em branco, que será montada com peças de tangram. Os alunos copiam e pintam de acordo com seu gosto e criatividade, em seguida montam a figura no papel que receberam e copiam o texto, e, depois, fazem uma decoração de fundo da página do livro deles. Feito isto passam para outra página até terminar de escrever o livro. Ao final das páginas o aluno vai montar a capa, folha de rosto e sumário de seu livro. Depois que terminar o livro o professor pode explorar o trabalho com tangram que fez com os alunos e montar um tangram em E.V.A., para fazer diversas atividades interdisciplinares utilizando este quebra- cabeças que é tão rico em possibilidades de utilização para o aprendizado das crianças de qualquer idade. Resultados obtidos: as atividades em sala de aula foram mais tranquilas, (conforme figuras 13 e 14), os alunos conseguem com mais facilidade realizar as atividades propostas, mas a maior dificuldade no trabalho com tangram é a sobreposição de peças para formar a mesma figura, isso demonstra a falta de concentração. Figura 14 – Brincando com o Tangram ( as explicações) Fonte – Pesquisa Direta Figura 13 – Brincando com o Tangram ( as explicações) Fonte – Pesquisa Direta 138 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 3.1.8 Jogo Contig 60 Objetivo: Para ganhar o jogador deverá ser o primeiro a identificar cinco fichas de mesma cor em linha reta ou ter o menor número de pontos quando acabarem as fichas ou quando acabar o tempo de jogo. Recursos: Tabuleiro. 25 fichas de uma cor. 25 fichas de cor diferente. 3 dados. Procedimentos: 1) Adversários jogam alternadamente. Cada jogador joga os três dados. Constrói uma sentença numérica usando os números indicados pelos dados e uma ou duas operações diferentes. Por exemplo, com números 2, 3 e 4 o jogador poderá construir (2 + 3) x 4 = 20. O jogador, neste caso cobriria o espaço marcado 20 com uma ficha de sua cor. Só é permitido utilizar as quatro operações. 2) Contagem de pontos: um ponto é ganho por colocar uma ficha num espaço desocupado que seja adjacente a um espaço com uma ficha (horizontal, vertical ou diagonalmente). O jogador subtrai de 60 (marcação inicial) o ponto ganho. Colocandose um marcador num espaço adjacente a mais de um espaço ocupado mais pontos poderão ser obtidos. Por exemplo, se os espaços 0, 1 e 27 estiverem ocupados o ganharia 3 pontos colocando uma ficha no espaço 28. A cor das fichas nos espaços ocupadas não faz diferença. Os pontos obtidos numa jogada são subtraídos do total do jogador. 3) Se um jogador passar sua jogada, por acreditar que não é possível fazer uma sentença numérica com aqueles valores dos dados, o adversário terá uma opção a tomar. Se o adversário achar que seria possível fazer uma sentença com os dados jogados pelo colega, ele pode fazer, antes de fazer sua própria jogada. Ele ganhará o dobro do número de pontos nesta situação, e em seguida poderá fazer sua própria jogada. 4) O jogo termina quando o jogador conseguir colocar cinco fichas de mesma cor em linha reta sem nenhuma ficha do adversário intervindo. Essa linha poderá ser horizontal, vertical ou diagonal. Poderá terminar também se acabarem as fichas dos jogadores e o vencedor, neste caso, será determinado pelo que tiver o menor número de pontos. Resultados obtidos: A aceitação do grupo foi de imediato, (conforme figuras 15 e 16). As crianças entenderam o jogo e conseguiram jogar, foi muito interessante vê-las calculando várias vezes com os mesmos números, mas com sinais diferentes sem reclamar. Geralmente elas não gostam de fazer cálculos, e é esta proposta que fez a 139 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 diferença: ver os educandos somando, diminuindo, multiplicando e dividindo com muito interesse. Figura 15 – Jogo Contig 60 (a explicação) Fonte – Pesquisa Direta Figura 16 – Jogo Contig 60 ( o jogo) Fonte – Pesquisa Direta 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RESULTADOS OBTIDOS Com a realização deste trabalho, pode-se confirmar a importância da Psicomotricidade como Instrumento para prevenção das Dificuldades de Aprendizagem. As atividades aqui apresentadas são apenas uma parcela do trabalho realizado, pois existem ainda outras atividades vivenciadas. Nesta pesquisa foram trabalhados com dois grupos de alunos frequentando Sala de Apoio, o grupo ―A‖ e o grupo ―B‖. Destes, o grupo ―A‖ foi experimentado com atividades psicomotoras, trabalhado os conteúdos normais de 3ª série. Com o grupo ―B‖ foi somente trabalhado os conteúdos normais de 4ª série sem as atividades psicomotoras. Destes dois grupos, os conteúdos foram sugeridos pelas professoras regentes e aplicados na sala de apoio pelo pesquisador. A pesquisa consistiu em verificar se a Psicomotricidade contribui realmente e influencia diretamente na aprendizagem destes alunos com dificuldades. Conforme pode se ver nos relatórios das coletas de dados iniciais, as professoras relataram as maiores dificuldades apresentadas pelos alunos. Nos relatórios finais estão registradas as melhoras destes educandos, tanto os alunos da 3ª série quanto os da 4ª série, tiveram melhoras e alguns alunos se mantiveram no mesmo nível de aprendizagem. Mas, é 140 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 visível que os educandos da 3ª série obtiveram um maior aproveitamento dos conteúdos trabalhados juntamente com a psicomotricidade. Concluindo, a psicomotricidade influencia de tal forma no aprendizado de crianças com dificuldades, que se torna visível esta melhora. BIBLIOGRAFIA BRANCHER, E. A. Recreação para todas as idades. Blumenau: 3 de Maio,2003. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica – Pró – Letramento. Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental. Livro de Matemática. Brasília, 2008. FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996. _________ Introdução às dificuldades de aprendizagem. 2 ed. Porto Alegre:1998. ISPE-GAE. Instituto Superior de Psicomotricidade e Educação e Grupo de Atividades Especializadas. Disponível em: http://www.ispegae-oipr.com.br. Acessado em 08 outubro 2007. LE BOULCH, Jean. A Educação pelo Movimento: a Psicocinética na idade escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1983. MATTOS, Mauro Gomes de. Teoria e prática da pesquisa em educação física: construindo seu trabalho acadêmico: monografia, artigo científico e projeto de ação. São Paulo: Phorte, 2004. MEUR, A. & STAES, L. Psicomotricidade: Educação e Reeducação. São Paulo: Ed. Manole, 1984. OSÓRIO, Débora. Avaliação do Rendimento Escolar: como ferramenta de exclusão social. In.: BELLO, José Luiz de Paiva. Pedagogia em Foco. Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/aval01.htm>. Acesso em: 8 nov. 2006. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE – S. B. P., 1999. 141 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ZIELAK, Ofélia Wichert. Psicologia do Desenvolvimento. São Paulo: Edit, 1991. 142 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Fundamentos, Políticas Públicas e Gestão da Educação Comissão Científica Docentes que foram membros das bancas de avaliações dos trabalhos desta seção, na forma oral e de painel, durante o evento. Roseli Klein Rosana Ansai Nájela Ujiie 143 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Resumos A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NA APRENDIZAGEM Cristiane Mary Baniski (PG), Roseli B. Klein (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Especialização em Psicopedagogia Institucional. Palavras Chave: Aprendizagem, Afetividade, Relação Professor-aluno. Resumo: O olhar psicopedagógico deve levar em consideração o processo de aprendizagem, bem como os fatores que facilitam este, tais como o desenvolvimento infantil, a auto-estima, a relação professor-aluno, o papel do professor, os estilos de aprendizagem, os fatores emocionais que interferem e também a importância dos vínculos afetivos positivos e sua contribuição para este processo. A falta de vínculos positivos pode levar as crianças a obter fracos resultados escolares. Esta instabilidade pode ser ocasionada por: reduzida tolerância a frustração, problemas de ajustamento ao ambiente social que convive, insegurança, ansiedade, agressividade reacional, tensão, negativismo, baixa auto estima, sentimento de exclusão, de rejeição, de perseguição, de abandono, de hostilidade e de insucesso, comportamentos de resistências, fobias e defesas perante tarefas educacionais, baixa tolerância ao fracasso escolar. O presente estudo tem como objetivo verificar a importância das relações afetivas positivas, bem como propor uma reflexão a respeito, questionando se esta afetividade quando desenvolvida positivamente pode auxiliar na prevenção das dificuldades de aprendizagem. Este trabalho tem como metodologia uma pesquisa bibliográfica, descritiva e exploratória, apresentando depoimentos de indivíduos a respeito de sua relação com a aprendizagem, visando investigar a presença de situações afetivas e como estas lhes influenciaram, positiva e/ou negativamente como sujeitos aprendentes. 144 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/ HIPERATIVIDADE: AS MANIFESTAÇÕES E TRATAMENTO DO TDA/H NA FAMÍLIA E NA ESCOLA Emanuella Maciel Schwartz (G), Valéria Ap. Shena (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Educação. Palavras Chave: TDA/H, Diagnóstico, Aprendizagem e Tratamento. Resumo: Por ser um distúrbio neurobiológico, o TDA/H (Transtorno do déficit de atenção/ hiperatividade), inibe os estímulos das respostas do autocontrole da criança, tornando a aprendizagem lenta e difícil de suceder. Todo indivíduo portador deste transtorno necessita não só de ajuda e atenção, mas sim de tratamentos específicos, pois a sociedade busca incluí-lo ao meio onde convive para dar valor à sua vida e sua dignidade. Através de estudos recentes, o que fica em evidência quando é trabalhada a individualidade, o indivíduo que sofre com determinado transtorno muitas vezes sofre com diferentes tipos de situações constrangedoras como a rejeição, a discriminação, a não aceitação e o desconforto social. Ou seja, melhorar a qualidade de vida das pessoas com TDA/H deve estar também entre os objetivos do professor. Como objetivos o presente estudo pretende: desenvolver um trabalho sobre a importância dos diferentes tratamentos para a estrutura mental do indivíduo portador deste transtorno. Esta pesquisa analisará as características de crianças portadoras do TDA/H, além de identificar quais os tipos de tratamentos existentes para o transtorno, buscar orientações para pais como aconselhamentos sobre a forma de se lidar com o transtorno e avaliar possíveis conseqüências positivas sobre o tratamento para a diminuição dos aspectos emocionais negativos e as dificuldades de aprendizagem. Desta forma através deste estudo inicial, com base em alguns teóricos, entre eles Parolin,(2005) Silva, (2003) Seber (1997) entre outros; percebemos a importância do tratamento eficaz para o resultado educacional esperado por profissionais na área médica, social e educacional. A pesquisa é qualitativa de caráter teóricobibliográfico. 145 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A NECESSIDADE DA PSICOMOTRICIDADE E DA AFETIVIDADE NA ALFABETIZAÇÃO. Helayne Cândido (PG), Maria Sidney Barboza Gruner(PQ). Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV). Psicopedagogia Institucional. Palavras Chave: Alfabetização, Psicomotricidade, Afetividade. Resumo: Aprendizagem Além Dos Olhos. O ser humano, em todas as fases da vida desenvolve aprendizagens que serão necessárias para o crescimento intelectual, profissional e inclusive social, criando condições para o exercício da cidadania. Dentre estes aprendizados, está o processo de alfabetização, que se constitui no momento em que o indivíduo adquire o conhecimento do ‘mundo das palavras’ e consegue entender o significado que elas possuem dentro do contexto em que estão inseridas. Esta pesquisa trata da contribuição da psicomotricidade para o processo de alfabetização na infância bem como a importância da participação dos pais neste processo, abordando a ludicidade e a afetividade como ferramentas auxiliares. Foram estabelecidos os seguintes objetivos: descrever com clareza, o que é psicomotricidade e a importância da relação afetiva entre o professor e o aluno. Demonstrar como a relação professor x aluno tem um papel importante no processo de alfabetização. Esclarecer como as atividades psicomotoras podem auxiliar no conhecimento do próprio corpo e do corpo do outro. Identificar jogos e brincadeiras que oportunizem o desenvolvimento da psicomotricidade. Evidenciar a importância da participação da família no processo ensino - aprendizagem do aluno, visto que a formação de um cidadão pleno, reflexivo e consciente de seu papel na sociedade, se constrói com experiências vivenciadas no grupo familiar e estende-se até à escola. A família deve proporcionar à criança, além do sustento material, apoio emocional, para que estes pequenos seres humanos, sejam iniciados em sua própria humanidade e na de seus semelhantes. Esta é uma pesquisa de cunho bibliográfico, através da qual é possível verificar a relação existente entre alfabetização, psicomotricidade, afetividade e a participação dos pais neste processo, evidenciando a importância do ‘papel’ do professor como facilitador da aprendizagem utilizando a psicomotricidade como ferramenta auxiliadora no processo de alfabetização de seu aluno. 146 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 EDUCAÇÃO INFANTIL: TRAJETÓRIA E PERSPECTIVAS Joely Leite Schaefer (PG), Valéria Aparecida Schena (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Pós Graduação em Psicopedagogia. Palavras Chave: Educação Infantil, Infância, família Resumo: O atendimento de crianças em instituições no Brasil teve sua expansão a partir do final do século XIX, porém, somente em meados da década de XX é que as instituições começaram a se preocupar com o desenvolvimento social, emocional e intelectual das crianças pertencentes às camadas atendidas, sendo implantadas inovações trazidas por médicos, e psicólogos de outros países a fim de um melhor desenvolvimento da criança.O presente estudo torna-se relevante na medida em que oportunizará conhecer o processo de implantação das instituições de Educação Infantil no município de Cruz Machado – PR e sua trajetória até os dias atuais. Também analisaremos como está o funcionamento das instituições nos dias de hoje e o envolvimento da família juntamente com as instituições de educação infantil. Assim sendo, a pesquisa possui o como objetivo geral: Analisar a trajetória da Educação Infantil no município de Cruz Machado-PR identificando as perspectivas dos profissionais referente ao atendimento infantil. Para estudar a proposta em questão, delineia-se o presente estudo através de um perfil metodológico fundamentado em reflexões teórico-prática, caracterizando-se como um estudo exploratório, descritivo, bibliográfico. O estudo terá como base fontes primárias e secundárias, e pesquisa de campo aplicada nas Instituições de Educação Infantil de Cruz Machado-PR, com professores, funcionários, e profissionais da Secretaria de Educação Municipal. Pretende-se apresentar desta forma a realidade infantil do referido município além de proporcionar uma maior amplitude sobre o assunto, de forma crítica e atualizada. 147 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: DESVENDANDO SUAS CAUSAS Josiane Krinski (PG), Roseli B. Klein (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Especialização em Educação Especial Palavras Chave: Dificuldade de Aprendizagem, Causas, Fracasso Escolar. Resumo: As dificuldades de aprendizagem podem ser uma condição inesperada e inexplicável, que ocorrem em uma criança de inteligência média ou superior, caracterizada por um atraso significativo em uma ou mais áreas de aprendizagem. Entretanto, é no decorrer do período da alfabetização que se verifica as diferenças na aprendizagem das crianças com a mesma idade. Nota-se que o aluno não consegue acompanhar os demais colegas mesmo com atividades diversificadas. Professores, pedagogos e psicólogos lançam várias hipóteses para obter um diagnóstico específico. Buscam-se alternativas que possam auxiliar a superar estas limitações. Limitações que, muitas vezes, causam angústia, desânimo e constrangimento que levam ao fracasso escolar. A presente pesquisa tem por objetivo realizar um levantamento das principais causas das dificuldades de aprendizagem. Justificamos este estudo pelo fato de cada vez mais crianças enfrentarem problemas durante o processo do aprender, principalmente na fase da alfabetização e nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Esta pesquisa apresenta-se bibliográfica, descritiva e exploratória, apoiada nos estudos de Fonseca, Capellini e outros. Como resultados parciais verifica-se que as causas das dificuldades de aprendizagem dizem respeito a problemas afetivos, psicomotores, pedagógicos entre outros. 148 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 DIAGNÓSTICO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: UMA EXPERIÊNCIA EM CLASSE DE APOIO PEDAGÓGICO Kátia C. Ribeiro (PG), Roseli B. Klein (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Especialização em Psicopedagogia Institucional. Palavras Chave: Dificuldades de Aprendizagem, Diagnóstico, Tratamento. Resumo: A psicopedagogia tem como foco o processo de aprendizagem e as modalidades do aprender, o ritmo, as áreas de expressão da conduta, o funcionamento cognitivo, os tipos de erros, os hábitos adquiridos, as motivações presentes, as ansiedades, defesas e conflitos em relação ao aprender, além das relações vinculares com os objetos de conhecimento escolar em particular. Portanto, fica evidente o seu valor para ajudar o sujeito a reconstruir seu espaço transacional e ressignificar seu sintoma. No diagnóstico psicopedagógico o lúdico pode servir para indicar como o sujeito se relaciona com o aprender. Como, por exemplo, as regras do jogo são seguidas ou descumpridas. Desta forma, os psicopedagogos vão estabelecendo hipóteses sobre a modalidade de aprendizagem do sujeito, o que vem a ser o objetivo do diagnóstico psicopedagógico. O referido estudo tem por objetivo verificar a importância da intervenção psicopedagógica, realizada no âmbito da instituição escolar, como trabalho preventivo na reeducação de crianças que apresentam dificuldades e que tem o seu processo de aprendizagem prejudicado. Justificamos este estudo pelo fato de muitos educandos apresentarem dificuldades, mas estas não serem diagnosticadas, impossibilitando o tratamento adequado. A pesquisa se realiza numa classe de apoio pedagógico, cuja metodologia é bibliográfica, descritiva, exploratória e com pesquisa de campo através de testes simples que indicam alternativas de trabalho psicopedagógico. As atividades e testes realizados enfocam as habilidades que envolvem questões cognitivas, afetivas, psicomotoras e lingüísticas necessárias para que o aluno compreenda os conteúdos escolares. Como resultados parciais desta pesquisa, obtivemos uma melhor descrição dos problemas apresentados pelos educandos, indicando propostas de tratamento destas dificuldades de aprendizagem. 149 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 HENRI WALLON: ESTUDO DA AFETIVIDADE NO UNIVERSO ESCOLAR Luciana dos Santos Leite (PG), Valéria Aparecida Schena (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Pedagogia Palavras Chave: Afetividade, Wallon, Aluno, Professor. Resumo: O tema proposto neste estudo abordou algumas características e concepções do pensamento de Henri Wallon, retratando-se a afetividade no ambiente escolar. Dessa forma, a problemática evidenciada, se apresentou no seguinte questionamento: Como é constituída atualmente, a afetividade no ambiente escolar baseado nas contribuições de Henri Wallon? Para Wallon, a afetividade é fator fundamental na constituição do sujeito. É entendida como instrumento de sobrevivência do ser humano, pois corresponde à primeira manifestação do psiquismo. Propulsiona o desenvolvimento cognitivo ao instaurar vínculos imediatos com o meio social, abstraindo deste, o seu universo simbólico, culturalmente elaborado e historicamente acumulado pela humanidade. A metodologia utilizada neste estudo caracterizou-se como sendo uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória. Evidencia-se com base em Wallon que o estudo da afetividade merece destaque no cenário educacional, uma vez que é de extrema importância que o professor utiliza-se em suas relações interpessoais no contexto educacional, valorizando desta forma a construção integral do aluno, ou seja, o desenvolvimento afetivo, social, cognitivo como elementos fundamentais para construção do conhecimento. 150 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 UM NOVO OLHAR SOBRE O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL Tatiane Alves do Prado (PG), Roseli B. Klein (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Especialização em Educação Infantil e Séries Iniciais. Área de concentração: Educação. Palavras Chave: Brincadeiras, Educação Infantil, Educação Física. Resumo: As brincadeiras estão cada vez mais limitadas na sociedade, devido à falta de estrutura física como praças, jardins, parques e devido ao avanço da tecnologia, principalmente no ramo da informática. As crianças passam muito tempo na frente do computador brincando com jogos virtuais, perdendo o contato social, e, também, devido ao fato da violência urbana estar crescendo cada vez mais, os pais acabam ocasionando uma retenção delas em suas casas e/ou apartamentos. Então, é a partir da Educação Infantil que a criança tem a oportunidade de vivenciar uma série de experiências, e uma das atividades proporcionadas e que é considerada de fundamental importância para sua formação é aprender através de brincadeiras. Assim, as aulas de Educação Física são algo fundamental e imprescindível, pois através das brincadeiras é possível contribuir para o desenvolvimento motor, cognitivo, social e emocional das crianças favorecendo uma aprendizagem significativa. Propor e valorizar atividades com jogos e brincadeiras, em geral, facilita o desenvolvimento sócio-afetivo, motor e cognitivo das crianças, porque estas atividades lhes dão oportunidades de socializar-se com outras, aprenderem a raciocinar, competir, colaborar, aceitar, modificar e ou alterar regras, além de estimular o desafio e a percepção de seu potencial motor e de suas habilidades. Justificamos este estudo pelo fato das crianças estarem ávidas às brincadeiras, possibilitando um processo de aprendizagem garantido. Temos por objetivo identificar a contribuição do brincar através das aulas de Educação Física na Educação Infantil, para o desenvolvimento de habilidades necessárias para o processo de aprendizagem. Nosso problema de pesquisa tem o seguinte questionamento: de que forma o planejamento das aulas de Educação Física, na Educação Infantil, pode contribuir para o aprender da criança? Esta pesquisa apresenta-se bibliográfica, descritiva e exploratória. 151 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O LUDICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM Tatiane Gulecz (PG), Marcia Marlene Stenzler (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Psicopedagogia institucional. Palavras Chave: Lúdico, desenvolvimento, educação Resumo: Vivemos em um uma sociedade altamente competitiva em todos os campos, em função disso, a brincadeira, a dança, os jogos, os brinquedos, enfim, as atividades que divertem e fazem rir estão sendo deixadas de lado, perdendo seu espaço tanto em casa como na escola para as tarefas que cobram responsabilidade e eficiência preparando para a vida adulta e profissional. Mas, esta é uma visão equivocada, visto que a brincadeira é natural da criança e acima de tudo necessária para o desenvolvimento pleno do corpo, tanto na área física quanto intelectual. As atividades lúdicas abrangem um leque de atividades diversas, flexíveis à todas as idades, trabalhando competências a serem desenvolvidas e deficiências a serem estimuladas. Flexíveis, pois, como demonstram Piaget e Vygotski as pessoas estão em permanente desenvolvimento, desde quando são geradas, cada qual com suas particularidades, necessidades e restrições que devem ser respeitadas. O lúdico pode ser um ótimo aliado do professor para atingir sucesso durante o processo de ensino aprendizagem. Sendo assim, a presente pesquisa tem por objetivo geral demonstrar a importância do lúdico para a educação, e, como específicos perceber o poder que as atividades lúdicas possuem para alcançar a aprendizagem, minimizar os quadros de limitações causados pelas mais diversas deficiências e valorizar os jogos e brincadeiras no contexto escolar em uma era em que se valorizam a mecanização e competição social. A pesquisa é qualitativa de caráter teórico-bibliográfico, e demonstra o quanto o lúdico é rico e importante para o sucesso da aprendizagem a começar pelo desenvolvimento físico que vem a influenciar diretamente no cognitivo, criando assim resultados definitivos para toda a vida do ser humano. O brincar é necessário, e é a forma mais eficiente de transmitir conhecimento sem causar frustrações e imposições, além disso, aprender pelo prazer é muito mais significativo, é a garantia de que tal informação será realmente assimilada e jamais esquecida. 152 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Artigos Os artigos publicados nestes anais foram escolhidos pela Comissão Científica desta seção. O conteúdo e resultados são de inteira responsabilidade dos autores. O LUDICO PARA O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM Tatiane Gulecz RESUMO: Vivemos numa sociedade altamente competitiva, em função disso, a brincadeiras, danças, jogos, brinquedos, enfim, as atividades que divertem e fazem rir estão perdendo seu espaço. Mas, esta é uma visão equivocada, visto que a brincadeira é natural da criança e acima de tudo necessária para o desenvolvimento pleno do corpo. Sendo assim, a presente pesquisa tem por objetivo geral demonstrar a importância do lúdico para a educação, e, como específicos perceber o poder que as atividades lúdicas possuem para alcançar a aprendizagem, minimizar os quadros de limitações causados pelas mais diversas deficiências e valorizar os jogos e brincadeiras no contexto escolar. A presente pesquisa demonstra o quanto o lúdico é rico e importante para o sucesso da aprendizagem a começar pelo desenvolvimento físico que vem a influenciar diretamente no cognitivo, criando assim resultados definitivos para toda a vida do ser humano. Palavras Chave: Lúdico, desenvolvimento, educação. INTRODUÇÃO A infância não teve sempre ao longo da história a mesma consideração que tem atualmente onde valoriza-se o brincar e o tempo de ser criança. 153 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Ser criança já foi considerado como ser um adulto pequeno, esperando o tempo passar para começar a realizar tarefas de gente grande, vestiam-se como adultos e comportavam-se como eles. Na escola, os alunos apenas seguiam regras, sentados em filas em completo silêncio. Felizmente este conceito mudou e hoje, as crianças têm o direito de brincar e estudar. Brincar faz parte do universo da criança, é natural do der humano, e rende prazer a elas. É por isso, que fazer uso de atividades lúdicas como brincar, cantar e jogar, em sala de aula, pode trazer um resultado muito bom para o desempenho dos alunos na construção do conhecimento. Em salas que estão cada vez mais heterogêneas, até mesmo pelo processo da inclusão, utilizar a criatividade para inovar com técnicas diferenciadas durante as aulas fará com que os alunos consigam entender a mensagem que está tentado se passar, de forma prazerosa. A forma lúdica vem sendo estudada há algum tempo por diversos autores, dentre eles Vygotsky e Piaget, que através de pesquisas e observações reconheceram a importância e a força estimuladora que o brincar exerce sobre a criança. Piaget, inclusive, classificou os jogos, esclarecendo a função que cada categoria ajuda desenvolver na formação do ser humano, valorizando também a questão da estimulação desde a primeira infância. Enquanto Vygotsky buscou esclarecer as transformações internas que o brincar provoca no desenvolvimento humano. O lúdico desperta a fantasia, provoca a criança, faz com que ela se sinta desafiada a ir além do que sabe, ir além para vencer seus limites e desempenhar a tarefa proposta. Sábias são as palavras de Jacquin (1963, p.21), quando explica que ―[...] a criança só se dá ao fundo que a interessa, às atividades (jogo ou trabalho), onde pode ter iniciativa. Orgulha-se de seu trabalho quando pode fazer dele uma obra que seja tão pessoal quanto o jogo [...]‖. Toda criança é capaz de aprender quando se sente estimulada, e o estímulo acontece quando a proposta realizada pelo professor faz parte do mundo infantil da criança. O lúdico se mostra como proposta ideal ao aprendizado pleno do ser humano e ao sucesso do professor como educador. 154 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A questão que induziu-me a aprofundar conhecimentos neste tema foi buscar entender o porque as atividades lúdicas que são tão ricas e eficientes para o aprendizado muitas vezes são deixadas de lado pelos professores durante a prática pedagógica? Seguindo as seguintes questões de pesquisa: a) Como transcorreu a evolução, aceitação e utilização das atividades lúdicas durante a história da escola? b) Qual é a importância das atividades lúdicas para o desenvolvimento do ser humano? c) Como o lúdico influencia diretamente na educação e no aprendizado? A pesquisa é qualitativa (analisar e compreender qualitativamente a importância do lúdico na educação) – de cunho exploratório e bibliográfico, através da análise re referencial teórico. Este estudo completa-se em três momentos. Sendo no primeiro momento o resgate sócio histórico, que visa mostrar a evolução das atividades lúdicas perante a sociedade. No segundo momento uma explicação sobre as teorias de Piaget e Vygotsky a respeito da importância destas para o desenvolvimento, e para finalizar um tópico mostrando como o lúdico pode ser útil no processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma a proposta desse trabalho é demonstrar a força que as atividades lúdicas possuem perante uma situação de ensino-aprendizagem, valorizando a infância e tornando a escola um lugar prazeroso e atrativo para a o aluno. 2 RESGATE SÓCIO-HISTÓRICO Durante séculos de educação, passou-se um período em que considerava-se as crianças como adultos em miniatura. Sendo assim, atividades lúdicas e principalmente o brincar eram deixados de lado tanto em casa, como na escola. Segundo Coll (1995) durante a idade média a partir dos sete anos as crianças tornavam-se aprendizes sob a tutela de um adulto, passando a ter responsabilidades que se tornavam progressivamente mais próximas às dos adultos. Essa percepção da criança como versão em miniatura do adulto perdurou durante séculos, pois até 155 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 aproximadamente o século XIII, nas artes, as crianças apareciam com vestimentas e atitudes tipicamente adultas. A instituição escolar foi se tornando mais complexa a partir do Renascimento e da Idade Moderna, determinando o confinamento dos alunos, a separação por idades, a graduação em séries, a organização de currículos, os manuais didáticos, além de maior produção teórica dos pedagogos. A atenção dada à escola decorria das necessidades da sociedade durante aquele período. Os interesses da Burguesia reivindicavam uma escola realista e adaptada ao mundo em transformação. A partir da Revolução Industrial, por exemplo, a necessidade era de operários que pelo menos soubessem ler e escrever, e quanto aos níveis superiores, havia a necessidade de transmissão do conhecimento de novas ciências, bem como o estímulo para novas descobertas, a fim de desenvolver ainda mais tecnologias. Coll (1995) explica que nos séculos XVII e XVIII os movimentos culturais e religiosos como o iluminismo e o Protestantismo deram lugar ao descobrimento da infância, sua consideração como etapa diferente da idade adulta e seu tratamento também diferenciado. A partir de então, sobretudo no XIX, é abundante a legislação que demonstra o interesse do estado em assumir a educação transformando-a leiga a gratuita. No entanto a escola que se forma, é passível de muitas críticas, principalmente pelo desenvolvimento das ciências humanas como a psicologia e a sociologia. Com isso passa a existir uma atenção mais cuidada com as diferenças individuais e com técnicas mais eficazes de aprendizagem. Por outro lado, as transformações sociais, políticas e econômicas atingem uma rapidez nunca antes experimentada, de modo que a escola não pode mais ser mera transmissora do conhecimento acumulado, mas deve preparar o homem para uma sociedade dinâmica, em constante mutação. Além disso, deve permitir que todos tenham acesso ao saber, promovendo assim a mais ampla democratização. 156 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A escola tradicional se encontrava voltada para o passado, preocupada em transmitir o maior número de conteúdos possíveis (conhecimento acumulado). As críticas a este sistema eram feitas, pois não se conseguia continuar pensando em modelos, num mundo em transformação. Aranha (1993, p.108), em seu livro Filosofia da Educação comenta ainda que: Preocupado com o presente e com o futuro, o homem contemporâneo precisa aprender a aprender, mais do que fixar conteúdos predeterminados. Daí o interesse pelos métodos e técnicas, bem como a ênfase nos processos do conhecimento, maior do que no produto. No final do século XIX, surge o movimento conhecido como Escola Nova abrindo caminhos para a pedagogia da existência. Deixa-se de submeter o homem a valores e dogmas tradicionais. ―A pedagogia da existência se acha voltada para a problemática do indivíduo único, diferenciado, vivendo e interagindo com um mundo dinâmico‖. (ARANHA, 1993, p.108). Ou seja, a criança deixa de ser um objeto da educação, e passa a ser o centro do processo (pedocentrismo). Busca-se então descobrir quais são suas necessidades e estimular sua própria atividade. A partir daí a criança deixa de ser considerada um adulto em miniatura, e passa a ser atendida dentro de suas especificidades de acordo com a sua natureza infantil. Iniciase assim no século XX o movimento da Escola Nova no Brasil, onde a partir da década de 20 articularam-se diversas reformas no ensino. O que o século XX contribuiu a esta evolução foi a corroboração definitiva da infância como período claramente diferenciado e, sobretudo, o conceito de adolescência. [...] a diminuição da mortalidade infantil e o prolongamento da vida humana, e extensão do ensino obrigatório até idades cada vez mais elevadas, o excesso da mão de obra adulta para a realização de trabalhos que requerem cada vez menos mão de obra abundante e mais força de trabalho especializada, tudo isso tem contribuído em nossa cultura para o nascimento da adolescência como época diferenciada tanto da infância como da idade adulta. A passagem do status adulto vai sendo vais sendo, pois progressivamente retardada, configurando assim um ―espaço evolutivo‖ que 157 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 até certo ponto é espaço social e cultural, antes de ser espaço psicológico. (COLL, 1995, p.11). Dessa maneira, podemos perceber o quanto a imagem da criança era vista de maneira equivocada, o que nos faz refletir pelo que passaram as que viveram nestes séculos e tiveram sua infância roubada. Podemos imaginar ainda que estas crianças tiveram acesso restrito a brincadeira e jogos, destacando que na escola não se pensava em forma lúdica de ensino, muito pelo contrário, os conteúdos eram transmitidos de forma puramente tradicional, o professor dono do conhecimento e seus alunos deveriam seguir seus modelos e receber este conhecimento passivamente, sem direito de questionar e expor opiniões. 2.1 O ALUNO E O PROFESSOR NO SISTEMA ESCOLAR Durante a escola tradicional, o professor foi o centro das atenções, detinha o conhecimento e era tido como um exemplo a ser seguido. Na escola renovada o centro é o aluno, e há uma grande preocupação com a natureza psicológica da criança. Os conteúdos giram em torno do interesse infantil, e o professor deve despertar o seu interesse de maneira criativa para que ele tenha o prazer de aprender, e a curiosidade despertada. A Escola Nova exige uma nova forma de planejamento. A abstração passou a ser o foco principal para desenvolver o aluno, a capacidade de pensar, a partir de suas próprias experiências. Assim o produto a ser estudado deve ser compreendido e não decorado. O produto é menos importante que o processo. Didaticamente as atividades são centradas no aluno, a iniciativa, a espontaneidade, a pesquisa e a participação são valorizadas, respeitando-se o ritmo de cada um. Programas e horários são maleáveis. Considera-se importante partir do concreto para o abstrato. Reelegia-se assim a pedagogia da ação, são construídos laboratórios, hortas, ou até a imprensa. Os jogos são tidos como aliados importantes, uma forma atraente de se apresentar o conteúdo e facilitadores da aprendizagem. Começa-se então a valorizar a forma lúdica de transmissão de conhecimento, visando o prazer do aprendizado, a estimulação e o interesse do aluno do aluno pela 158 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 escola. Inclusive valoriza-se os movimentos do corpo, educação física, motricidade, entre outros. A escola Nova tem por objetivo, o homem integral, mas também os sentimentos, as emoções e a ação. Neste contexto Aranha (1993, p.107) cita J. Dewey, um dos mais importantes pensadores da que contribuíram para a Escola Nova, onde ele afirma que: Obtém-se interesse, exatamente, não se pensando e não se buscando conscientemente consegui-lo; mas ao invés disto, promovendo as condições que o produzem. Se descobrirmos as necessidades e as forças vivas da criança, e se lhe pudermos dar um ambiente constituído de materiais, aparelhos e recursos – físicos, sociais e intelectuais – para dirigir a operação adequada daqueles impulsos e forças, não temos que pensar em interesse. Ele surgirá naturalmente. Porque então a mente se encontra com aquilo que se carece para vir a ser o que deve. Ainda pode-se citar no contexto histórico, a escola tecnicista, que era organizada a partir de um modelo empresarial para se adequar às exigências de uma sociedade industrial e tecnológica, que necessitava de mão de obra qualificada. O método usado para a transmissão do conhecimento era taylorista, supondo a divisão de tarefas para vários técnicos de ensino incumbidos do planejamento racional do trabalho educacional, sendo o professor, o executor do trabalho em sala de aula. Os meios didáticos valorizados nesta época são os da avançada tecnologia educacional, com a utilização de filmes, slides, máquinas de ensinar, tele ensino, módulos de ensino, etc. Isso porque o homem não se faz homem naturalmente; ele não nasce sabendo ser homem, vale dizer, ele não nasce sabendo sentir, pensar, avaliar, agir. Para saber pensar e sentir; para saber querer, agir ou avaliar é preciso aprender, o que implica o trabalho educativo. Assim, o saber que diretamente interessa à educação é aquele que emerge com o resultado do processo de aprendizagem como resultado do trabalho educativo. (SAVIANI, 2000, p. 11) 159 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Vê-se assim que, para existir a escola não basta mais apenas a assistência ao saber sistematizado. É necessário viabilizar condições para que aconteça o aprendizado homogeneamente entre os alunos. A escola não pode continuar ainda sendo tradicional fechada, mas estar aberta a empreender, inovar de forma a proporcionar o bem a toda a sua clientela. A criança vive em um mundo em que tudo é contato pessoal. Dificilmente penetrará no campo de sua experiência qualquer coisa que não interesse diretamente seu bem estar, ou o de sua família e amigos. O seu mundo é um mundo de pessoas e de interesses pessoais, não um sistema de fatos ou leis. A criança é um ser que ainda está em desenvolvimento, e que possui fases segundo Piaget e em cada uma dessas fases descobre e é capaz de desenvolver novas funções. Além disso, o mundo infantil se baseia no brincar, e é ali o momento em que ela mais atribui significados às coisas que lhe são apresentadas. Depois de muitos anos de estudo, e muito se pensar sobre a construção do conhecimento, hoje, percebe-se que crianças são seres que necessitam de muita atenção, principalmente no período escolar. Pois é neste período que ela está formando as características da sua personalidade que a acompanhará por toda a vida, e que definirão o seu futuro. Num momento em que as crianças passam maior tempo com as professoras do que com os pais, em que o mundo apresenta inúmeras tecnologias consideradas interessantes, onde a estrutura familiar está perdendo o seu sentido e valor, o aluno muitas vezes se apresenta confuso e indiferente com relação à escola. Os professores estão tendo muito mais trabalho pra conseguir a atenção dos alunos, e devem se mostrar muito criativos para conseguir um bom resultado na sua prática. É por estes e outros motivos, que as atividades lúdicas, principalmente o brincar precisam ganhando cada vez mais espaço e importância nas escolas. 160 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 3 O BRINQUEDO E SUA CONTRIBUIÇÃO SEGUNDO PIAGET E VYGOTSKY 2.1 O LÚDICO NA CONCEPÇÃO DE PIAGET Piaget realizou um estudo muito complexo sobre as atividades lúdicas, em especial o brinquedo. Ordenou e definiu as funções de dos brinquedos e brincadeiras. Assim como podemos encontrar várias obras em que ele não só explica, mas também oferece exemplos de atividades que podem ser elaboradas pelo professor em sua prática. Piaget pode ser considerado como um dos mais importantes filósofos da educação e amigo do professor, pois explica desde como acontece o aprendizado até como se deve realizar a prática pedagógica. Dessa forma, Piaget conquistou muitos admiradores e seguidores da sua teoria, que continuaram suas pesquisas e elaboraram inúmeros trabalhos. Um dos princípios da teoria de Piaget coloca-se ao redor da palavra ―interação‖, o que também tem implicações educacionais muito importantes. A hereditariedade e a maturação são consideradas como interagindo com o ambiente no desenvolvimento da inteligência nata da criança. A motivação também aparece como entre as características da teoria de Piaget ―a motivação intrínseca, preferivelmente à extrínseca, para o desenvolvimento‖, (FURTH, 1979, p.49). Se considera cada comportamento como resposta associada a uma situação positiva externa, o que contunde a motivação intrínseca do desenvolvimento com a motivação extrínseca do aprendizado. A teoria de Piaget apaga distinção tradicional entre atividades da mente e atividades do corpo. Segundo ele, o movimento e o pensamento são interdependentes. Além de todos estes fatores não se pode falar na teoria de Piaget sem lembrar os estágios do desenvolvimento da inteligência formulados por ele ao observar o crescimento dos seus próprios filhos. Estes, podemos dizer que são a base o estudo do desenvolvimento e do aprendizado da criança; estágio sensório-motor (0-2 anos); estágio pré-operatório (2-7 anos); estágio das operações concretas (7-11 anos); estágio das operações formais (a partir da adolescência Segundo Piaget há três tipos de atividades lúdicas: 161 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 a) Jogos de exercício; b) Jogos simbólicos; c) Jogos de regras. 2.2 O LÚDICO NA CONCEPÇÃO DE VYGOTSKI Para Vygotsky, o ensino sistemático não é o único fator responsável por alargar os horizontes da Zona de Desenvolvimento Proximal. Ele considera o brinquedo uma importante fonte de promoção de desenvolvimento. Afirma que, apesar do brinquedo não ser o aspecto predominante na infância, ele exerce uma enorme influencia no desenvolvimento infantil. Segundo ele, por meio do brinquedo, a criança aprende a atuar numa esfera cognitiva, que depende de motivações internas. Um dos elementos fundamentais para a construção do conhecimento na teoria de VYGOTSKI é o processo de mediação. Para ele, a construção do conhecimento é sempre mediado pela presença do outro, onde viver em sociedade é essencial para a transformação do homem, de um ser biológico em ser humano. A criança, segundo ele, nasce dotada de funções psicológicas elementares e é por meio da aprendizagem com relações experimentadas que se constroem os conhecimentos que vão permitir o desenvolvimento mental. Esse processo de mediação é representado por pelo processo de estímulo e resposta. A utilização de marcas externas transforma-se em processos internos de mediação, ao que Vygotsky denomina processo de internalização. No decorrer de seu desenvolvimento, o indivíduo deixa de necessitar basicamente de marcas externas e passa a utilizar signos internos, isto é, representações mentais que substituem o real. VYOTSKY trabalha ainda com a zona de desenvolvimento proximal, que vem a ser a distância entre o nível de desenvolvimento real (o que a criança já aprendeu) e o que ela tem capacidade para aprender. Assim a zona de desenvolvimento proximal permite-nos delinear o futuro imediato da criança em seu estado dinâmico de 162 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 desenvolvimento. Aquilo que é a zona de desenvolvimento proximal hoje será o nível de desenvolvimento real amanhã. A criança é um ser que possui desejos, que para ela, precisam ser saciados imediatamente. Na idade pré-escolar surge uma grande quantidade de desejos impossíveis de serem realizados imediatamente, em função disso, é que o brinquedo é tão importante. Vygotsky (1991, p.106) explica que: [...] No início da idade pré-escolar, quando surgem os desejos que não podem ser imediatamente satisfeitos ou esquecidos, e permanece ainda a característica do estágio precedente de uma tendência para a satisfação imediata desses desejos, o comportamento da criança muda. Para resolver esta tensão, a criança em idade pré-escolar envolve-se num mundo ilusório e imaginário, onde os desejos não realizáveis podem ser realizados, e esse mundo, é o que chamamos de brinquedo. A imaginação é um processo psicológico novo para a criança; representa uma forma especificamente humana de atividade consciente, não está presente na consciência de crianças muito pequenas e está totalmente ausente em animais. Como todas as funções da consciência, ela surge originalmente da ação. O velho adágio de que o brincar da criança é imaginação em ação deve ser invertido; podemos dizer que a imaginação, nos adolescentes e nas crianças em idade pré-escolar, é o brinquedo sem ação. Baseando em observações descobriu-se que em todas as brincadeiras possuem regras. Até em uma situação imaginária a criança segue regras mesmo que estas não estejam especificadas. Por exemplo, ao representar sua mãe seguem-se as regras do comportamento maternal. A idéia de que ao imaginar a criança não está seguindo regras é totalmente inviável. Mas, apesar de seguir as regras na brincadeira estas podem não ser seguidas no seu cotidiano, pois, o que na vida passa despercebido pela criança real torna-se uma regra de comportamento no brinquedo. O papel que a criança representa e a relação dela com um objeto originar-se-ão das regras. Da mesma forma que uma situação imaginária tem que conter regras de comportamento, todo jogo com regras contém uma situação imaginária. Jogar xadrez, por exemplo, cria uma situação imaginária na medida em que surgem várias possibilidades de ação. 163 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 3 O LÚDICO E A EDUCAÇÃO O termo lúdico traz consigo uma enorme variedade de atividades ricas e capazes de ensinar enquanto divertem. Ao consultarmos o dicionário Aurélio (2000, p. 433) encontraremos a seguinte definição: ―lúdico: relativo a jogos, brinquedos e divertimentos‖. Dessa forma, entende-se por atividades lúdicas todos os tipos de jogos e brincadeiras que envolvam as mais diversas situações como músicas, teatros, danças, brinquedos, passeios. Enfim, dento da escola todas aquelas atividades que fogem à rotina de passar, copiar e decorar conteúdos visando aliar divertimento ao aprendizado dos alunos podem ser consideradas sim como atividades lúdicas. O lúdico é muito importante no processo de aprendizagem das crianças, tendo um enorme poder até com os adultos pelo simples fato de que diverte as pessoas, tornando a aprendizagem significativa e prazerosa. Mais do que isso, tem o dom da fantasia, de relaxar, encantar, envolver o aluno naquilo em que ele se propõe a fazer. È um instrumento poderoso que o professor possui para induzir o aluno a aprender brincando, sem brigas, sem obrigações, sem forçar, enfim, sem criar conflitos em sala de aula, pois todos gostam de momentos diferentes. Ao realizar atividades lúdicas o professor desperta o potencial máximo do aluno em prol dele mesmo, da sua aprendizagem, do seu crescimento intelectual e físico, amadurecendo sua educação, da sua disciplina. Os benefícios são incalculáveis não só para o aluno, como também para o professor, além disso, através de brincadeiras, teatros, jogos; o professor fica conhecendo o seu aluno, a realidade da sua vida, o ambiente onde mora, o tratamento que recebe da família, pois, a criança deixa transparecer na brincadeira tudo aquilo com o que convive, vê e ouve. A criança é sempre sincera em seus atos. O jogo, a brincadeira e a diversão devem fazer parte de uma importante dimensão da aula, eles são tão importantes quanto os textos, perguntas, trabalhos e o conteúdo programado, pois envolvem uma estrutura muito maior a ser estimulada e trabalhada. Por exemplo, o lúdico através de atividades físicas permite que a criança explore a relação do corpo com o espaço, provoca possibilidades de deslocamento e velocidade, ou cria condições mentais para sair de enrascadas. A pessoa passa a ir 164 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 assimilando e gostando tanto que tal movimento a faz buscar e viver diferentes atividades que passam a ser fundamentais, não só no processo do desenvolvimento de sua personalidade, de seu caráter, como, também ao longo do desenvolvimento do seu organismo cognitivo. A criança sente e expressa curiosidade, e, é muito importante a noção de que viver é brincar, pois, este é o mundo dela, e através deste mundo pode torná-la extremamente inteligente, competente e educada. É através deste meio, do mundo dela, que o educador pode atingir seus objetivos. Guy Jacquim (1963, p.7) afirma: ―O jogo é para a criança a coisa mais importante da vida. O jogo é nas mãos do educador um excelente meio de formar a criança [...]‖. Jacquim comenta que, ao brincar a criança conhece a si própria e aos outros e realiza a tarefa de compreender seus limites e possibilidades e de inserir-se no seu grupo. Ao mesmo tempo internaliza normas sociais de comportamento e hábitos fixados pela cultura, pela ética e pela moral. Brincando também conhece o uso cultural dos objetos, desenvolve a função simbólica e a linguagem, trabalha com os limites existentes entre o imaginário e o concreto e vai conhecendo e interpretando os fenômenos à sua volta. Assim, pouco a pouco, vai combinando a ficção com a realidade e, ao reproduzir o mundo dos adultos, incorpora-o nas representações de sua vida real, de seus desejos e de seus sentimentos. O movimento lúdico, simultaneamente, torna-se uma fonte prazerosa de conhecimento, pois, nele a criança constrói classificações, elabora seqüências lógicas, desenvolve o psicomotor e a afetividade e amplia conceitos das várias áreas da ciência. O jogo e a brincadeira exigem partilhas, confrontos, negociações e trocas, promovendo conquistas cognitivas, emocionais e sociais. Professoras e pais de crianças em fase de educação infantil têm plena consciência desta realidade, podemos perceber que começamos a educar desde os bebezinhos durante as brincadeiras em que lhes faltam delicadeza ao abraçar o amigo quando querem um brinquedo e ainda não sabem pedir ou esperar. Já na fase dos dois a três anos eles próprios começam a corrigir os amiguinhos que fazem algo errado, chamam a atenção, pedem para esperar e imitam a professora não só em relacionamentos interpessoais, mas principalmente nas brincadeiras, como: 165 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ensinar as bonecas, chamar a atenção dos pais e dos amigos. Sendo assim, pode-se dizer que pelo lúdico a criança faz ciência, pois, trabalha com a imaginação construindo o seu conhecimento através da interpretação e reformulação de sua experiência quotidiana. Combinando, ainda, informações e percepções sobre a realidade problematiza, tornadose criadora e construtora de seus novos conhecimentos. 3.1 BRINCAR E APRENDIZAGEM O brincar e a aprendizagem caminham juntos para que aconteça o desenvolvimento pleno da criança. Criança que não brinca não é criança, também não aprende ludicamente e, conseqüentemente, terá seu desenvolvimento afetado. O brincar faz parte da criança é natural da idade e extremamente necessário. Elas precisam de todos os tipos de brincadeiras, peças de montar, quebra-cabeças, jogos da memória, assim como necessitam correr, saltar, pular, gritar, virar cambalhotas, construir castelos de areia, escorregar ou subir escadas. Cada categoria de atividades tem sua função específica para o desenvolvimento e uma, completa a outra. Ao final tudo o que foi vivenciado e praticado pela criança influenciará diretamente em seu aprendizado durante toda a vida escolar até a fase adulta. Além disso, é o desenvolvimento de suas potencialidades durante a infância e adolescência que definirá qual será a profissão a que determinado indivíduo terá afinidade e competência para trabalhar. Podemos tomar como exemplo um jogador de futebol, para ser jogador não basta ter vontade, mas é preciso muito treinamento, horas e horas de exercícios físicos e de estimulação para desenvolver força e talento e assim ser um bom jogador. Já se observarmos um contabilista automaticamente sabemos que durante a infância pais e professores estimularam o seu raciocínio lógico matemático com atividades que estimularam o seu pensar. 166 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Jamais faremos algo a que não fomos ensinados ou induzidos a fazer. Podemos perceber isto claramente durante a fala de RONCA (2008, informação verbal)11 em sua palestra na Semana da Cultura em que ele afirma que ―A criança constrói o conhecimento sozinha, pela experiência, com a minha ajuda‖, ou seja, a criança constrói seu conhecimento sozinha, ninguém pode fazer isto por ela, mas ela precisa da experiência que é oferecida, organizada e conduzida pelo adulto. Dessa forma podemos perceber o adulto como elemento fundamental para o desenvolvimento da aprendizagem da criança. Sem ele, todos os objetos seriam vazios e inúteis. Infelizmente, em diferentes situações sócio-culturais se expressa o abandono da brincadeira e do faz e conta. Muitas vezes os adultos não conseguem ver na brincadeira uma atividade produtiva e indispensável para o seu desenvolvimento. Brincar seria apenas um passatempo enquanto a criança aguarda crescer, amadurecer e abandoná-los. Além disso, muitas vezes são exigidos das crianças comportamentos morais sexuais e também cognitivos que se aproximam do mundo adulto. Esta visão equivocada que a sociedade criou para as atividades lúdicas está tão acentuada que para os jovens, geralmente, proposta de atividade lúdica é sinônimo de matança de aula. Esta mesma reflexão é valida para o cantar onde Ronca (1999, p. 98) comenta com tom de lamento: ―[...] tão simples e importante dimensão lúdica no aprendizado: tristes e saudosos, lamentamos que o brincar e o cântico foram-se. Com perca incrível da identidade cultural, a escola ficou muda e ―séria‖. Ronca (1999) destaca ainda o quanto o ser humano tem menosprezado essa condição de articular brincadeiras, fantasias e o pensamento mágico. Poucos de nós gastamos tempo exercitando a magia interna de criar brincadeiras, estimular o divertimento e provocar o riso. Dessa forma estamos separando rigorosamente o mundo infantil do mundo adulto, e o que é pior estamos fazendo com que as crianças pensem como adultos precocemente. Nesta configuração de mundos melancolicamente distintos vemos condicionar-se o comportamento de muitos educadores, e ficamos com o questionamento; qual é o espaço reservado para o lúdico, para os jogos, para as brincadeiras, para as idéias fantasiosas, para os mitos, na arquitetura de uma aula? 11 Informação verbal fornecida por Paulo Afonso Caruso Ronca na Semana da Cultura, em União da Vitória, em Setembro de 2008. 167 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 É importante lembrar ainda a questão do ensino dos nove anos que está sendo implantado atualmente no sistema escolar brasileiro. O objetivo principal deste projeto seria o de todas as crianças terem acesso ao anteriormente chamado Pré, para que não chegassem despreparados ao primeiro ano, dessa forma os conteúdos a serem trabalhados deveriam continuar sendo os de pré-escolar, ainda com caráter lúdico. Mas, no entanto, o que podemos observar lamentavelmente em algumas instituições é que estes alunos estão sendo submetidos há várias horas exercícios de escrita e leitura, maçantes e cansativos, para que se alfabetizem logo, e o espaço lúdico e prático muito pouco está sendo utilizado. Muito mais do que apenas na Educação Infantil, o lúdico é válido para todas as séries, e este mesmo autor nos faz lembrar ainda que o lúdico causa fortes emoções, o inesperado, o inusitado, o riso. Há o relaxamento e o descanso mental e físico, fazendo nascer o envolvimento com a aula. Os importantes sentimentos de prazer e de alegria que surgem interiormente em cada um dos presentes, logo, logo são compartilhados e socializados de tal forma, que, ao mesmo tempo, emergem sentimentos comuns, os de solidariedade e de união. O afeto envolve a todos e a relação professor aluno torna-se mais sólida. A classe une-se cada vez mais e este e é sentido próximo. O ato de brincar é um ato de afeto, assim, pode-se dizer que o processo da aprendizagem está aberto, pois um dos principais caminhos para ele se concretizar é a relação afetiva estabelecida entre as pessoas. Os olhos das pessoas debruçam-se sobre o objeto estudado, que se mostra tão interessante, seduzido arregimenta forças, pesquisa, questiona, levanta hipóteses, faz então uma série de exercícios mentais que tal ato exige: opera! E para os professores, Ronca (1999, p. 103) deixa um sábio questionamento: Professor, você quer saber como anda a qualidade de sua aula? Pergunte-se, então: como, em sala, você vive momentos lúdicos ou propõe jogos ou brincadeiras, tentando desenvolver a fantasia e a imaginação? Compreendemos que as atividades lúdicas podem fazer a diferença para o processo de aprendizagem. O que nos resta, é conquistar os espaços educativos e as 168 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 práticas dos professores para que percebam que a educação pode ser muito mais gostosa e eficiente com um trabalho diferenciado e criativo. É claro que isso dá trabalho, o que podemos ver divulgado pela imprensa escrita e falada que os espaços para brincadeiras estão cada vez menores nas instituições escolares. Sendo assim, os recursos existem, e está nas mãos dos professores conduzir as suas aulas com tal dedicação e força de vontade a fim de fazer a diferença. CONSIDERÇÕES FINAIS As idéias norteadoras deste trabalho produziram a consciência de que todo professor tem em suas mãos um recurso pedagógico que em sua estrutura é muito simples, e que produz efeito no processo de ensino-aprendizagem, que são as atividades lúdicas. Em primeiro lugar é um processo simples, porque já faz parte da vida da criança e elas realizam as atividades sem esforços e maiores dificuldades, além de gostarem muito do que estão fazendo. Conseqüentemente, é maravilhoso, porque permite ao educador além de saber qual é o nível de conhecimento do seu aluno, conhecê-lo mais a fundo. Isso porque, enquanto brinca a criança deixa transparecer realidades da sua vida e do ambiente no qual convive, o que permite ao educador ajudar a criança que passa por problemas e adequar a sua aula á realidade da turma com a qual trabalha. Dessa maneira, todos ganham o professor e principalmente o aluno que é o objetivo principal da escola. Na sociedade atual, é direito da criança brincar, assim como é também estudar. Fato que comprova que estamos passando por uma faze de valorização da infância, afinal, ser criança nem sempre significa ter infância. Pudemos perceber que é natural da criança o ato de brincar. Criança que não brinca não é criança. As crianças muito pequenas não sabem exatamente o significado da palavra brincadeira, pois são os objetos que exercem função sobre ela. Já, quando se 169 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 tornam pouco maiores o pensamento passa a exercer função sobre o objeto o que quer dizer que a vassoura pode se transformar num cavalo, ou uma varinha numa espada mágica. A brincadeira transforma o desenvolvimento do ser humano, gera imitação da realidade observável e desenvolve a Zona de Desenvolvimento Proximal descrita por Vygotsky. Não resta dúvida de que as atividades lúdicas exercem efeito muito grande sobre o indivíduo, demonstrando ser um fator atraente e acessível á todos. Mesmo alunos com dificuldades de aprendizagem se sentem motivados a cumprir as tarefas propostas, dessa forma a aula se torna um sucesso. Além disso, o lúdico é mais incrível manifestação do concreto, tornando-se assim, um ótimo exemplo de aula operatória. O lúdico é a mais importante das atividades da infância. O jogo é para a criança o que o trabalho é para o adulto. Para educar a criança, precisamos absolutamente compreender o que o jogo representa na sua vida, para que pode servir-lhe, que forças á impelem ao jogo mesmo quando está doente... Se não se compreender claramente tudo isso, é impossível compreender a própria criança. E como procurar educá-la sem ter primeiro compreendido sua mentalidade? [...]. (JACQUIM, 1963, p. 15) Na fala descrita acima Jacquin (1963, p.15) comenta em especial sobre o jogo, mas podemos tomá-la para toda a forma lúdica de aprendizagem, afinal é mais do que uma lição para o professor; como podemos querer que o aluno a aprenda se muitas vezes nos distanciamos da realidade dele? O que acontece nas salas de aula nem sempre são problemas de aprendizagem, mas sim, falhas graves durante o ensino. REFERENCIAS ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 1.ed. São Paulo: Moderna, 1989. 170 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 BATISTA, Cleide Vitor Mussini. Brincar e aprendizagem. Apostila. 2006. (Texto mimeografado) COLL, César. PALACIOS, Jesus; MARCHESI, Álvaro. Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia evolutiva. Vol. 1. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: o mini dicionário da Língua Portuguesa. 4ª ed. 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SOUZA, Márcia Helena de; MARTINS; Maria Aurora Mendes. Psicologia do desenvolvimento. Curitiba: IESDE Brasil, 2003. 172 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Linguística Comissão Científica Docentes que foram membros das bancas de avaliações dos trabalhos desta seção, na forma oral e de painel, durante o evento. Bernardete Ryba Ederson José de Lima Luisandro Mendes de Souza 173 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Resumos A FORMAÇÃO DO LEITOR COM O GÊNERO CONTO Aline Cristina Stempin (G), Maria Cristina Fernandes (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras Chave: Formação do Aluno, Gêneros Textuais, leitura. Resumo: A leitura nos revela muitas vantagens, nos remetem a transformações que nos guiam a diferentes espaços. Podemos considerar ela como uma atividade que fortalece nossa mente, nos traz interesses por diversos assuntos, é praticando leitura que criamos o hábito de ler. Somos nós, professores e futuros professores quem devemos despertar o interesse pela leitura nos alunos, pois, é inegável o papel social da escola dentro da formação dos indivíduos, isso implica tomar as decisões e fazer as escolhas, uma vez que feita a intervenção pelo professor em sala de aula, poderá contribuir muito para a formação do aluno. Este trabalho monográfico, fala sobre a importância de incentivar o aluno ao hábito de ler desde cedo, para mais tarde isto não ser um equívoco em sua formação e seu desenvolvimento dentro da sociedade. Pois, sabemos que tudo está evoluindo e sem conhecimento será impossível sobreviver dentro dela. Também é de grande importância ressaltar que usamos diferentes gêneros textuais em nosso cotidiano, é necessário que o aluno tome conhecimento desses diferentes tipos de gêneros para facilitar sua vida, tanto no seu dia-a-dia quanto para uma boa formação social. Não podemos negar que ainda nos dias atuais, o aluno escreve aquilo que supõe agradar ao professor, e não aquilo que realmente pensa ser a forma correta, também ocorre muito a imitação, pois nada o indivíduo cria tudo ele copia. E assim se procede, uma coisa encadeia outra, temos que ter consciência que para formar um leitor eficiente, é nosso dever estar sempre incentivando o aluno desde o mais novo até o mais velho ao hábito de ler. 174 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 UM RECURSO DIFERENTE DE TRABALHO EM SALA DE AULA: GÊNERO PROPAGANDA Camila Dias de Moura (G), Vanessa Schffer (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras Palavras Chave: gênero textual, propaganda, ensino de Língua Portuguesa. Resumo: Atualmente o ensino está passando por um processo de transformação. Diante disso constatamos que o gênero textual propaganda é uma alternativa significativa para tornar as aulas mais prazerosas e envolventes. O presente trabalho propõe uma reflexão sobre o ensino de Língua Portuguesa por meio deste gênero. O objetivo de trabalhar com propaganda é que através dela os alunos terão como desenvolver o posicionamento crítico sobre determinados assuntos que ali são abordados. Essa proposta visa desenvolver o acesso a um gênero diferente, sobre o qual é possível abordar e analisar os diversos recursos que constituem sua estrutura, como a linguagem verbal, a visual, a persuasão e a ideologia. É possível ainda, melhorar o nível de leitura dos discentes, visto que muitas vezes esse processo ocorre superficialmente. Entendendo a leitura como um processo interativo entre o aluno e o texto, este gênero possibilita a curiosidade e a busca por outras leituras. Assim a leitura se dará além das palavras ali presentes. É importante que os alunos pratiquem a leitura, para que os mesmos se tornem verdadeiros leitores não só na escola, mas também fora dela, desenvolvendo melhor as habilidades linguísticas referentes à produção textos orais e escritos. eles passam a fazer uma leitura nas entrelinhas, assim desenvolvendo melhor as habilidades linguísticas, de ler, escrever e de se comunicar oralmente. 175 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 TRABALHANDO COM A LÍNGUA REAL: A PRESENÇA DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA Daniele Weber (G), Bernardete Ryba (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras Chave: Sociolinguística, língua, variedades dialetais. Resumo: Sabe-se que não se pode separar um indivíduo de sua língua, sendo essa a maneira que ele utiliza para que possa se comunicar com outros indivíduos, logo, um não existe sem o outro. Assim foi desde o surgimento da espécie humana no planeta; obviamente, no início dos tempos de vida humana na Terra, a comunicação acontecia de formas diferentes do que acontece hoje, e isso ocorre pelo fato da língua mudar constantemente, esse fenômeno é perceptível no passar dos tempos. Como citado acima, a língua se modifica sempre com relação ao seu uso, ou seja, a língua em determinado contexto de fala. Sabemos que a língua existe pela necessidade dos falantes terem um meio de comunicação que faz com que haja compreensão e interação entre os mesmos. Encontra-se na linguística um campo de estudos que nos ajuda a entender melhor aspectos como esses, chamado sociolinguística. Diversos pontos da sociolinguística serão abordados neste trabalho, dentre eles os vários fatores que desencadeiam as variedades dialetais verificadas nas várias regiões do nosso país. A partir disso, serão abordados aspectos pertinentes ao ensino da Língua Portuguesa, por exemplo, como e até que ponto podemos tratar das variedades em sala de aula; como fazer para que os alunos entendam e interpretem tais variedades sem que haja conflitos relacionados à abordagem desse tema. Tratar dessa discussão sobre variedades e variações com os alunos é algo extremamente necessário, principalmente hoje, pois os alunos sabem da existência dessas diferentes maneiras de se comunicar através da fala, usando para cada ocasião variedades diferentes, individuais e pertinentes a cada falante que dela faz uso. O desafio é trazer à tona esse tema em sala, mostrar aos alunos, explicar, exemplificar e fazê-los entender que esse fenômeno lingüístico está presente em nosso dia-a-dia. 176 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 UMA VISÃO CRÍTICA DO PRECONCEITO COM A LÍNGUA E A SOCIEDADE Franciele da Silva (G), Bernardete Ryba (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras Palavras Chave: variação linguística, preconceito, professor de língua materna. Resumo: A expansão dos estudos sociolinguísticos fez com que o ensino da variação linguística se tornasse necessário no âmbito escolar, visto que a variação sempre acarretou preconceitos em comunidades e em algumas classes sociais de menor poder socioeconômico. Percebeu-se, portanto, que os alunos precisavam adquirir conhecimentos das variações linguísticas que estavam presentes em suas comunidades e em seu país, pois esse conhecimento poderia ajudá-los a respeitar os colegas e a comunidade, além de ampliar o saber sobre os fatores que envolvem uma língua. Para que esse aprendizado seja satisfatório, é preciso que o professor tenha uma boa formação universitária e procure materiais que se refiram ao preconceito e à variação linguística. Poderá, dessa forma, elaborar aulas interativas que possam mostrar para os alunos a importância da norma culta no preparo de textos e redações, mas também a importância da norma popular no enriquecimento do vocabulário de um país, pois, a cada instante, as pessoas inventam novas gírias e palavras. 177 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 INTERDISCIPLINARIDADE E TRANSVERSALIDADE NO ENSINO E APRENDIZAGEM DA LÍNGUA MATERNA ATRAVÉS DOS GÊNEROS TEXTUAIS E DAS CAPACIDADES DE LINGUAGEM Jefferson Rodrigo Camargo (G), Gilson Rodrigo Woginski (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras-chave: língua portuguesa, transversalidade, interdisciplinaridade, gêneros textuais. Resumo: À medida que a ação humana em busca do desenvolvimento tecnológico consegue trazer maior praticidade à produção laboral, faz crescer consideravelmente a distância entre o homem e a natureza, gerando consequências ameaçadoras à existência da vida no planeta. A busca pela conscientização sobre a necessidade de uma interação harmoniosa entre o homem e o meio ambiente não tem chegado a resultados necessários para evitar o desequilíbrio entre o meio em que vivemos e o meio em que criamos. A escola, por sua vez, encontra-se em uma posição favorável para esta tarefa, já que o individuo em idade escolar está ainda em fase de construção do senso crítico e de autonomia. Em 1997, o Meio Ambiente foi considerado um Tema Transversal pelo Ministério da Educação (MEC) a partir da proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Assim, a escola pode proporcionar meios efetivos para que os alunos possam compreender os fatos naturais e humanos referentes à temática. Em consequência disto, temos a formação do aluno enquanto cidadão e a convicção sobre a importância do trabalho de preservação ambiental. Portanto, o objeto desta pesquisa é a noção de transversalidade dos PCN e a proposta de um ensino interdisciplinar, bem como a exploração do gênero textual “anúncio publicitário” a partir da concepção sociointeracionista da linguagem (Vygotsky, 2008) e das sequências didáticas (Schneuwly e Dolz, 2004) como elementos planificadores das atividades a serem desenvolvidas com gêneros textuais. Dessa forma, a linguagem é compreendida como uma forma de interação, pois é ela que permeia as nossas ações, bem como articula nossas relações com o outro e com o meio e, consequentemente, nos constitui como sujeitos. Em suma, a linguagem só se realizará por meio da interação, dentro de situações concretas de produção. 178 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O GÊNERO MÚSICAL TOMADO COMO RECURSO DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA – PERSPECTIVAS Julyano Michell Grabowski (PG), Liliam Maria Bresciani Heinen (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras Chave: gêneros, música, ensino. Resumo: É muito comum professores perceberem em seus alunos a falta de interesse nas aulas de Língua Portuguesa. Muito disso se deve à própria inabilidade daqueles em utilizar metodologias interessantes. É possível mesclar a ludicidade da música tomada como recurso de ensino à dificuldade dos alunos em almejar o conhecimento da língua? Nesse questionamento baseia-se o presente trabalho, que visa elaborar hipóteses acerca dos esforços dos professores de Língua Portuguesa em tornar suas aulas um espaço de discussão interessante e produtivo, tanto para esses profissionais quanto (e principalmente) para seus alunos. Teoricamente baseado, principalmente, em Ingedore G.V. Koch, Luiz Antônio Marcuschi e Mikhail M. Bakhtin, o trabalho visa a união e discussão de estudos acerca do contexto, do uso de gêneros textuais em sala de aula, especialmente do gênero poético, destinando-se à discussão sobre a apresentação de uma nova leitura do gênero poesia adaptado à música. O objetivo principal é dar condições para que os alunos adquiram a capacidade de identificar em tal gênero recursos como estilística e intertextualidade. O interesse pela música, certamente, será uma excelente motivação para as aulas de Língua Portuguesa. 179 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 LINGUAGEM FORMAL E INFORMAL: A INFLUÊNCIA DA ORALIDADE NA PRODUÇÃO TEXTUAL Leonilce de Lara Ferreira (PG), Liliam Maria Bresciani Heinen (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras Chave: Produção textual, Oralidade, Variação linguística. Resumo: Ao analisarmos alguns textos escritos por estudantes de escolas públicas do Ensino Fundamental, podemos perceber como a variação linguística interfere na construção dos mesmos. Entendemos as dificuldades que os alunos encontram ao transcrever algo oral para o escrito, sobretudo na sala de aula. O professor deve observar detalhadamente quais são as maiores influências da oralidade na escrita e buscar diversas possibilidades para desenvolver a habilidade com a língua. Ao ser iniciado na escrita, o aprendiz supõe que deva escrever como fala em seu meio social. Entretanto, cabe à escola orientar ao longo do período escolar, criando situações em que as variantes dialetais estejam presentes de acordo com a situação comunicativa. Mesmo a comunicação oral deve ser adequada ao contexto em que se realiza o diálogo entre os sujeitos. O educando deverá estar preparado para atuar tanto na linguagem informal quanto na formal, dandose assim condições para que ele desempenhe seu papel no meio em que vive e que, apossando-se da norma padrão possa ascender socialmente. Mas isso nem sempre ocorre, precisamos encontrar meios para criar sujeitos competentes, tanto como falantes quanto como produtores de textos. O professor preparado para o ensino de Língua Portuguesa deve estar ciente de que as variantes dialetais estão presentes na sala de aula e que cabe a ele conduzir as atividades de modo que o aluno perceba as diferenças e tenha domínio sobre a norma padrão. O esforço, tanto do professor quanto do aluno, resultará numa aprendizagem realmente efetiva, que vá além das fronteiras da escola, mas que seja uma aprendizagem para a vida. 180 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 CHARGE: O SABOR DO TEXTO Lídia Celestina Lachman Blocki (G), Ana Paula Such (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras Chave: Gêneros textuais, Charge, Leitura. Resumo: Este trabalho aborda sobre a importância do uso de gêneros textuais em sala de aula, com ênfase na charge sendo encontrada nos mais diversos meios de comunicação (jornais, revistas, internet, televisão). Inicialmente era apenas impressa, atualmente com o avanço das tecnologias a charge passou a ser veiculada em outros suportes como a Internet. A leitura de imagens é tão importante quanto a leitura do texto escrito e deve ser valorizada pela escola no sentido de contribuir para a formação do senso crítico e despertar no aluno o gosto pela leitura.O humor contido em charges e em outras formas de textos, sejam esses verbais ou visuais, tem sido uma forma de atrair os alunos para explorar o gênero.Esta pesquisa bibliográfica está fundamentada nos pressupostos teóricos de Bakhtin (2000), Marcuschi (2008), Dolz e Schneuwly (2004) no sentido de refletir sobre os gêneros textuais para uma melhora na aprendizagem.Trabalhar com charges em sala de aula é atender uma das propostas dos PCN’S, pois por meio deste gênero é possível estimular a curiosidade do aluno em relação ao mundo, já que a charge proporciona uma visão ideológica dos fatos políticos.Cada vez mais a charge é cobrada em vestibulares e concursos em geral por ser um texto que exige um bom nível de conhecimento de mundo e competência para inferir críticas e relacionar fatos sociais. Este estudo pretende ressaltar a importância da leitura e produção textual a partir dos gêneros textuais. 181 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 HISTÓRIAS EM QUADRINHOS: UM GÊNERO MOTIVADOR Lucas Woidaleski (G), Ana Paula Such (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras Chave: Histórias em quadrinhos, Balões, Onomatopéias, metalinguagem, Intertextualidade, mangás. Resumo: Com o passar dos anos as histórias em quadrinhos vem, cada vez mais, ganhando espaço e importância no ensino. No início elas eram consideradas criadoras de delinquentes e uma forma ruim de leitura. Mas ainda bem que hoje em dia esse conceito já foi superado e as histórias em quadrinhos são consideradas um ótimo material para ser usado dentro de sala de aula já que abordam vários temas e elementos ao mesmo tempo, sem contar que são um material atrativo e de maior interesse aos alunos. E para conseguir um bom desempenho com seus alunos, o professor precisa ter certos conhecimentos sobre as histórias em quadrinhos e os elementos que a compõem. Sobre os balões, as onomatopéias, o uso da metalinguagem e intertextualidade nos quadrinhos, o ritmo visual gerado pela sequência e disposição dos quadros, o jogo com as palavras, entre outras. Todos esses elementos podem até, ao mesmo tempo, fazer parte dos quadrinhos, assim necessitando de uma análise mais profunda pelo professor, do momento de escolha do material até durante a atividade em desempenho. Então não devemos deixar de usar um material como esse, tão rico e divertido em nossas aulas e com isso proporcionar aos alunos esse ótimo aprendizado que as histórias em quadrinhos podem proporcionar. 182 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 GÊNEROS TEXTUAIS RELATIVOS AO MERCADO DE TRABALHOIMPLICAÇÕES SOCIOLINGÜÍSTICAS. Marisa Holovaty Heil (PG), Bernardete Ryba(PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Computação. Palavras Chave: Interdisciplinaridade, Motivação do Aprendizado, Mercado de Trabalho. Resumo: Ouvi alunos conversarem entre si, “que eles devem estudar bastante para conseguir um bom emprego” e observei que comentavam sobre notícias dos telejornais, que falavam sobre mercado de trabalho. De posse dessa informação elaborei o meu projeto: “ Gêneros Textuais Relativos ao Mercado de Trabalho-Implicações Sociolinguisticas”. Nele tentei responder algumas dúvidas dos alunos, e fazer com que eles interagissem com algo real, algo significativo a sua realidade. Meu foco era coletar dados para a pesquisa sobre pronome pessoal eu, ( presença ou ausência) e ao mesmo tempo provê-los de textos necessários ao seu dia-a-dia. Primeiramente houve um debate nas salas de aula sobre o tema: mercado de trabalho, o que os pais fazem, o que gostam. Trabalhei gênero currículo, ficha de inscrição, teste de aptidão intelectual e entrevistas. Alguns alunos após o término do projeto, relataram ter conseguido colocação no mercado de trabalho. 183 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 GÊNERO TEXTUAL PROPAGANDA Maria Odete Witchemechen (G), Vanessa Scheffer (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras Chave: propaganda, recurso didático, ensino de Língua Portuguesa. Resumo: Em consequência ao fácil acesso à tecnologia e às informações todos os âmbitos da sociedade modificam-se, inclusive a escola. Mais que alfabetizar e repassar conteúdos, ela deve formar pessoas críticas, que consigam conciliar o seu conhecimento prévio com o que lhes é repassado no ambiente escolar. Esse conhecimento prévio que os alunos possuem antes mesmo de Os iniciar a vida escolar, é garantido através dos meios de comunicação e da interação social. Sendo a propaganda um meio de comunicação, a utilização da mesma como um recurso de ensinoaprendizagem nas aulas de Língua Portuguesa é muito importante, a fim de apresentar estratégias motivadoras e presentes na realidade dos alunos para que estes participem efetivamente e ampliem seus conhecimentos. Também deve ser reconhecido que este gênero ajuda na formação de valores ideológicos, éticos e políticos, modificando através da persuasão o comportamento dos indivíduos. As teorias educacionais cada vez mais mostram que o estudo reflexivo é muito mais eficaz. A leitura, a produção textual, a oralidade, podem ser melhoradas por meio desse estudo. 184 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 GÊNEROS TEXTUAIS RELATIVOS AO MERCADO DE TRABALHOIMPLICAÇÕES SOCIOLINGÜÍSTICAS. Marisa Holovaty Heil (PG), Bernardete Ryba (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Computação. Palavras Chave: Interdisciplinaridade, Motivação do Aprendizado, Mercado de Trabalho. Resumo: Ouvi alunos conversarem entre si, “que eles devem estudar bastante para conseguir um bom emprego” e observei que comentavam sobre notícias dos telejornais, que falavam sobre mercado de trabalho. De posse dessa informação elaborei o meu projeto: “ Gêneros Textuais Relativos ao Mercado de Trabalho-Implicações Sociolinguisticas”. Nele tentei responder algumas dúvidas dos alunos, e fazer com que eles interagissem com algo real, algo significativo a sua realidade. Meu foco era coletar dados para a pesquisa sobre pronome pessoal eu, ( presença ou ausência) e ao mesmo tempo provê-los de textos necessários ao seu dia-a-dia. Primeiramente houve um debate nas salas de aula sobre o tema: mercado de trabalho, o que os pais fazem, o que gostam. Trabalhei gênero currículo, ficha de inscrição, teste de aptidão intelectual e entrevistas. Alguns alunos após o término do projeto, relataram ter conseguido colocação no mercado de trabalho. 185 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 LEITURA, ESCRITA E PRODUÇÃO TEXTUAL Milza Paula Krulicoski (G), Ana Paula Such (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras Palavras Chaves: Metodologia, Leitura, Produção Textual, Aprendizado. Resumo: O presente trabalho com a literatura infanto-juvenil, a poesia e a produção textual tem como finalidade desenvolver a habilidade e o gosto pela leitura nos alunos, para que eles se tornem leitores competentes aprimorando sua leitura e senso crítico, e com isso, alunos que escrevam com eficácia, compreendendo melhor o seu papel mediador da relação homem-mundo, pois a história de vida do homem, na era moderna e contemporânea, é toda pontuada de documentos escritos. São muitas e diferentes circunstâncias da vida, e todas as formas de ler são relevantes. É função primordial da escola ensinar a ler, ampliar o domínio dos níveis de leitura e escrita e orientar a escolha de materiais de leitura, principalmente pelo fato dos alunos não possuírem o gosto pela mesma. O ensino da leitura é fundamental para dar solução a problemas relacionados ao baixo aproveitamento escolar, ao fracasso geral do aluno no ensino fundamental e médio. O objetivo desta monografia é estimular o gosto pela leitura e assim reforçar a escrita e a produção textual desenvolvendo o raciocínio dos alunos para compreender melhor o que lêem, argumentando as idéias dos textos através da oralidade e da escrita, acredito que se o aluno adquirir gosto pela leitura, desde as séries iniciais e o hábito de ler fora da classe logo estará com muita habilidade para desenvolver bem a escrita e consequentemente a sua vida social e profissional será beneficiada pelo habito de ler, quer por prazer, ou em busca de informação. 186 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A CONCORDÂNCIA VERBAL EM REDAÇÕES ESCOLARES Mirian Carneiro Wolski Rampon (IC), Luisandro Mendes de Souza (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras Palavras Chave: Concordância verbal, sociolinguística, variação. Resumo: Este trabalho monográfico propõe uma análise da concordância verbal em redações escolares, sob a perspectiva da “Sociolinguística Variacionista ou Quantitativa”, método proposto por Labov (cf. TARALLO, 2007). Pesquisas têm demonstrado que esse fenômeno constitui uma variável linguística que abrange duas variantes: a presença ou a ausência da marca formal do plural no verbo. A presente pesquisa analisa esse fenômeno variável partindo da relação de concordância sujeito/verbo, objetivando os fatores linguísticos, e investigando a diferença de escolarização como fator extralinguístico que pode favorecer a presença da marca formal de concordância. A escolha pela língua escrita para a constituição do corpus, parte da necessidade de se descobrir até que ponto esse fenômeno tão normal na fala, permeia textos escolares, onde a busca pela forma padrão é tão significativa. Trabalhos sobre a concordância de número no português falado do Brasil, como Scherre & Naro (1998), que pesquisaram a mesma questão apontam que a presença do sujeito e a sua posição em relação ao verbo têm forte influência no tipo de variante nas formas verbais. As análises preliminares apontam que o sujeito à esquerda do verbo favorece a concordância. 187 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 GÊNEROS TEXTUAIS: A UTILIZAÇÃO DO GÊNERO CRÔNICA COMO FERRAMENTA DE ENSINO Monique Agnes Michaltchuk (PG), Liliam Maria Bresciani Heinen (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras Palavras chave: Gênero textual, crônica, ensino. Resumo: O presente trabalho tem por objetivo a conscientização da importância de se trabalhar com os gêneros textuais em sala de aula. Sendo que a sociedade nos impõe cada vez mais exigências de letramento, os gêneros tornam-se uma ótima ferramenta para o ensino, pois, possibilitam o conhecimento da estrutura e linguagem adequada a cada gênero. Dessa forma, prepara o aluno a ser um leitor crítico e capaz de ter sua própria opinião ao ler um texto. O contato com a leitura e a escrita, por meio dos gêneros textuais, possibilita a percepção da ortografia e da gramática em situações concretas. É de suma importância que o professor trabalhe com a realidade dos alunos, pois, ensinando com textos que retratam situações muitas vezes vividas por eles, como é o caso do gênero crônica, que trata de temas do cotidiano, haverá interesse pela leitura e, consequentemente, assimilarão melhor e produzirão de uma forma significativa. A crônica possibilita uma discussão acerca de questões sociais, fazendo com que os alunos reflitam sobre o comportamento humano. Tal gênero pode ser encontrado em publicações diárias, e isto possibilita aos alunos uma maior integração ao contexto social e político do momento. O interesse pelo assunto apresentado é de fundamental importância para o desenvolvimento da discussão, reflexão e interpretação do texto. Com isso, contribuirá para a formação de um aluno crítico, participativo, que se interessa pelas questões da sociedade na qual está integrado. O professor deve estar em contínua busca por diversidade de textos, além de ser um leitor assumido para dar exemplo aos seus educandos. 188 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 LEITURA E TRANSPOSIÇÃO DAS IMAGENS PARA O TEXTO Priscila Inácio Chornobay (G), Silvia Delong (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras- chaves: gêneros textuais, leitura, imagem Resumo: O presente trabalho tem como objetivo mostrar a importância da leitura e da transposição de imagens para o texto, as quais podem ser aplicadas em todas as séries de Ensino Fundamental e Médio. Atualmente, percebe-se que há uma grande dificuldade, por parte dos alunos, em interpretar as mais variadas imagens de seu cotidiano e em produzir textos. Assim sendo, muitos professores não sabem como enfrentar esse problema. A iniciativa do tema surgiu da necessidade de se desenvolver o hábito da leitura e da produção textual com os alunos de forma mais prazerosa, dinâmica e incentivadora, idealizando-se uma procura maior por maneiras diferenciadas de ensino. Nesse contexto, o estudo se justifica por ser uma tentativa de evidenciar o papel do professor como elemento instigador dentro das práticas de leitura. Desse modo, espera-se que as imagens, em seus mais variados contextos (social, cultural ou até mesmo humorístico), possam contribuir significativamente para que esse processo aconteça. Nada desenvolve mais a capacidade verbal do indivíduo que a leitura e, consequentemente, a capacidade de produzir também bons textos. A metodologia adotada para a coleta de dados para essa pesquisa é teórica bibliográfica e a proposta tem seu fundamento na disciplina de Língua Portuguesa, a partir dos estudos sobre os gêneros textuais. 189 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 VARIAÇÃO LINGUISTÍCA : FALA E ESCRITA. Vanessa Kmita (G), Bernadete Ryba (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras Palavras Chaves: Variações Linguísticas, norma padrão. Resumo: O objetivo desse trabalho é mostrar que as variações linguísticas ocorrem de acordo com o espaço geográfico, condições sociais, culturais e históricas do falante. Abordaremos a questão da norma padrão ser considerada como a única correta, ignorando o dialeto aprendido com pais, avós e pessoas da convivência. Abordaremos também algumas diferenças entre a língua falada e a língua escrita, sendo a última mais conservadora que a primeira. 190 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A MÚSICA COMO RECURSO MOTIVACIONAL NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA Vilson Rodrigo Diesel Rucinski (G), Ivete Pauluk (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras Palavras Chave: Ensino de Línguas, Motivação, Música. Resumo: Este trabalho foi desenvolvido intuito de mostrar como o uso da música como recurso didático pode tornar as aulas mais proveitosas e inspiradoras aos alunos, motivando-os por meio de atividades musicais, podemos fazer com que os mesmos fixem o conteúdo mais facilmente e se interessem mais pelas aulas de língua estrangeira. No entanto, antes de analisarmos a música em sala de aula, investigamos as principais teorias de aquisição de linguagem e perspectivas que permeiam esse ramo de estudos. Assim pudemos entender melhor como funciona a aquisição da primeira língua e como isso influencia na aquisição de uma segunda língua. Verificamos a importância destas respectivas perspectivas no ensino de Língua Inglesa e como elas são vistas atualmente por alguns estudiosos da aquisição de línguas. Após introduzir as teorias de aquisição de linguagem, buscamos conhecimentos sobre as principais teorias decorrentes do campo da Motivação, os fatores que motivam os alunos e os tipos de motivação que um aluno pode ter, ou seja, se ela é Instrumental ou Integrativa, ou ainda Extrínseca ou Intrínseca. Com isso percebemos como as atividades que motivam o aluno são importantes no aprendizado de uma segunda língua e como isso pode afetar no quão receptivos os alunos poderão estar frente aos conteúdos repassados. Para completar este trabalho, falaremos sobre a música em si, sua importância na cultura e na sociedade humana, como ela age, qual é a importância de se usar a música como material autêntico em sala de aula e como devemos trabalhar-la, de forma que motive os alunos, contextualize a aula e ensine o conteúdo. 191 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Artigos Os artigos publicados nestes anais foram escolhidos pela Comissão Científica desta seção. O conteúdo e resultados são de inteira responsabilidade dos autores. A PERSONIFICAÇÃO NAS FÁBULAS Joana Luiza Wohl* Resumo: O presente trabalho versará sobre a personificação ocorrida nas fábulas ao longo dos tempos. Como sabemos, a fábula é um gênero textual muito antigo, praticado na Grécia Antiga e tinha a finalidade principal de ensinar. Era transmitida oralmente e seu principal orador foi Esopo, que segundo as lendas, era um escravo grego que contava histórias ao povo. A fábula é um tipo de narrativa figurada, pois nela aparecem diversos tipos de personagens que personificados, ou seja, adotando características humanas tentam assemelhar-se aos humanos para assim passar um ensinamento a ser adotado. Para falarmos dos personagens adotaremos alguns traços da psicologia de Jung, que divide os tipos psicológicos em dois: os introvertidos e os extrovertidos. Sendo assim, buscaremos transpor algumas barreiras e mostrar também que a fábula é um gênero no qual se ensina e se aprende. Palavras-chave: fábula, personagem, personificação A fábula vem do latim, fabulare, que vem a significar contar, narrar. * Acadêmica do terceiro ano de Letras Português – Inglês da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória, Paraná. 192 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Dolz e Schneuwly, (2004, p.60), agrupam os gêneros textuais e colocam a fábula no domínio social de comunicação, cultura literária ficcional, com a função de narrar, apresentação de mimeses da ação através da criação da intriga no domínio do verossímil, ou seja, daquele que assemelha-se ao real, ao que pode acontecer. Sendo assim a fábula coloca-se no mesmo grupo dos contos de fada, lendas, romance, conto, crônica literária, adivinha, piada, entre outros. Sua origem deriva da antiga tradição e não eram histórias feitas para crianças e sim para os grandes pensadores da época com a intenção primeira de ensinar. Carregadas de metáforas, eram introduzidas na vida social das pessoas, tentando assim persuadi-las com uma possível moral, ou melhor, uma conduta moral que deveria ser assumida. É, também, a fábula uma narrativa figurada, na qual, homens e animais transitam tranquilamente, sendo esses animais figuras personificadas através de suas ações. Ela é em sua essência uma narrativa breve, seus personagens são na maioria das vezes animais e traz uma moral no fim da história ou implícita nela. Na fábula clássica, o discurso metalingüístico geralmente é explicitado por meio de expressões, como: Moral; A fábula ensina que; A moral desta fábula é; A fábula mostra que; etc. Estas expressões são, nada mais, nada menos, que marcas de enunciação. Há, no entanto, outras formas de manifestação do discurso metalingüístico (como ocorrem em Lobato, por exemplo) e que devem ser consideradas numa eventual análise do texto. São exemplos disso o recurso a um tipo gráfico especial e a sugestão de mudança na entonação de voz na leitura. Em certos casos, a moral pode não estar em posição de destaque e vir disseminada na narrativa. Isto exige que recorramos às circunstâncias de enunciação, a fim de descobrirmos o que está expresso nas entrelinhas. (SOUZA, L. 2007, p. 593) Cabe ressaltar ainda, que sendo a fábula um tipo antigo de texto pedagógico grego, suas características continuam a ser as mesmas. Sua principal função ainda é ensinar. As características presentes nas fábulas e que tornam-se mais evidentes são as personagens animais que como as pessoas dão lições uns aos outros. Esse fenômeno 193 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 chama-se personificação, ou seja, empregar características próprias dos seres humanos aos personagens. A fábula é uma narrativa curta, que tenta através de uma linguagem de fácil acesso, encontra em seu receptor motivos que lhe possam ser melhorados através da leitura e compreensão. Sendo este um gênero muito antigo, faz uso do imaginário de seus leitores e ouvintes. É necessário que esse aspecto seja levado em conta quando estamos falando em fábulas. É preciso exercitar nosso imaginário para que entendamos o enredo a que estamos sendo colocados à prova. A imaginação não é uma faculdade qualquer, separada da mente: é a própria mente na sua interação, a qual, solicitada por uma atividade mais que por outra, serve-se sempre dos mesmos procedimentos. E a mente nasce na luta e não na paz. (RODARI, 1982 p. 21) Fazendo uso de nossa vasta imaginação, criamos na fábula vínculos aos personagens e as situações encontradas. É como se fizéssemos parte da história mesmo sem ter estado lá. É esse o poder exercido pela nossa mente. Quando é provocada ela age de maneira a responder à altura nossos questionamentos, fazendo nessas ocasiões com que as mentes possam viajar. Na literatura infanto-juvenil, esse aspecto deve ser observado, pois pertence ao universo jovem/adolescente firmar-se ao mundo a através de processos imaginativos esse desejo vai tornando-se uma realidade possível e palpável. A norma básica para se lidar com uma obra de ficção é a seguinte: o leitor precisa aceitar taticamente um acordo ficcional. O leitor tem de saber que o que está sendo narrado é uma história imaginária, mas que nem por isso deve pensar que o escritor está contando mentiras. De acordo com John Searle, o autor simplesmente finge dizer a verdade. Aceitemos o acordo ficcional e fingimos que o que é narrado de fato aconteceu. (ECO, 1994, p. 81 apud RAMOS, 2006, p. 118) 194 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O interesse do leitor será despertado se for instigado a fazer o acordo ficcional. No vasto universo das fábulas o acordo é de possível e fácil realização, pois o assunto a ser tratado torna-se matéria de curiosidade. Mesmo na fábula acabada há sempre a possibilidade de um ―depois‖. Os personagens estão prontos para agir, conhecemos seu comportamento, sabemos quais as relações entre eles. A simples introdução de um elemento novo movimenta o mecanismo inteiro(...). (RODARI, 1982, p, 56) Por isso, a imaginação deve sempre ser despertada. O mundo ficcional só será ativado na mente do leitor se este estiver disposto a recriar também seu mundo através das fábulas lidas. O importante é deixar-se levar pela imaginação. A PERSONAGEM Etimologia A palavra personagem deriva do latim ―persona‖, que significa pessoa, ser individual. Apesar de pessoa derivar de persona, esta palavra latina não comporta, em seu uso primeiro, tal sentido que atribuímos, hoje em dia, à noção de pessoa. Uma tese afirma que a palavra latina persona foi originalmente estabelecida em língua latina, por uma justaposição gramatical da preposição per [advérbio de meio] e do substantivo [sonus] no caso ablativo sona = resultando per+sona persona. Outra tese estabeleceu que ela derivasse do verbo personare, de sua forma verbal no gerúndio personando; outra, ainda, a fez derivar da expressão per se una, enquanto designa una por si. Tanto em um caso quanto em outro, a palavra persona serviu para significar o mesmo que se significa com a palavra grega [prósopon]: máscara e personagem. (FAITANIN, 2006, p. 48) No teatro grego, persona veio designar máscara e personagem, não pelo sentido real da palavra, mas pela ação do ator ao falar, ou seja, dar voz à personagem pelo orifício presente na máscara, per + sona, traduzindo literalmente, pelo som. 195 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Já a palavra máscara, de acordo com Faitanin, deriva de masca, palavra latina que designa aparência enganosa/feiticeira, que por sua vez é proveniente do préindoeuropeu que se refere ―ao ornamento que se põe ou veste a cabeça. A simbologia da máscara remonta ao tempo dos sarcófagos, quando eram confeccionadas as máscaras mortuárias para representar não a morte, mas a vida perpetuada através da máscara. A face da morte era suavizada pela máscara mortuária. As máscaras eram usadas no teatro grego, nas apresentações de comédias e tragédias, para designar os personagens, mostrando ao público presente que não eram as pessoas reais que estavam apresentando-se, mas sim aqueles de aparência enganosa, os atores que não queriam ser identificados. No teatro romano, a máscara foi introduzida, segundo Faitanin pelo ator Roscius Gallus, que a importou do teatro grego, para disfarçar um provável estrabismo. É nesse momento que vemos a origem da personagem, hoje sem máscaras aparentes, mas com a essência do teatro grego e romano. A personalidade As personagens possuem diversos tipos de personalidade, Jung, especialista na área da Psicologia, nos apresenta dois traços. O extrovertido e o introvertido. Ser extrovertido é estar inclinado ao mundo exterior, enquanto o introvertido mostra-se voltado para o interior, dando ênfase aos pensamentos internos, a autoanálise. Segundo Jung (1967; p.28) ―Todo homem possui ambos os mecanismos – o da extroversão e o da introversão – e somente o predomínio de um deles constitui o tipo.‖ O autor mencionado refere-se ao desenvolvimento da personalidade dividindo a vida em algumas partes. A primeira delas, iniciando do nascer e indo até meados dos trinta ou quarenta anos é como cita Lundin, (1978, p. 38), ―o curso do sol desde a alvorada até o meio dia‖, esse constitui o estágio biológico da aquisição da personalidade. Nesse período o indivíduo preocupa-se mais em manter-se vivo, namorar, casar, trabalhar. Muitas pessoas não vão além deste estágio de desenvolvimento. 196 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Após os quarenta anos inicia-se o estágio espiritual de desenvolvimento da personalidade. Nesse período, a religião é uma forma de se atingir o eu espiritual. O objetivo final da vida é atingir a plenitude da individualidade. Sempre havendo entre eles a presença de algo transcendente que mantém os estágios juntos, no princípio da unidade. Para compreendermos melhor, os tipos psicológicos, Jung dividiu-os em algumas classes. Como já citado, temos o tipo extrovertido. Para entendermos este tipo, devemos nos guiar pelos fenômenos da consciência, pois o tipo extrovertido acomodase ao meio sem grandes dificuldades às condições dadas, podendo sentir-se satisfeito com sua normalidade. Como diz Jung ( 1967,p.394) ―O tipo extrovertido está sempre disposto à entrega, em favor (aparentemente) do objeto, e à assimilação do seu sujeito ao objeto.‖ As suas ações acontecem de dentro para fora, são aparentes. Já a disposição inconsciente tem traços de introversão, ou seja, é focado no subjetivo, no seu próprio interior. Tendo dificuldades em expor-se. De certa forma, concentra em si, o que a parte extrovertida reprimiu. Ora, se nos servirmos em idêntica medida do juízo e da percepção, pode parecer facilmente que uma personalidade nos pareça introvertida e extrovertida ao mesmo tempo, sem que saibamos distinguir imediatamente a qual das disposições corresponde a função superiormente valorizada. (JUNG, 1967, p.398) Parece-nos, às vezes, complicado distinguir a que tipo psicológico pertence determinada personalidade, pois em algumas ocasiões eles mesclam-se, assumindo características próprias do outro. O individuo não deve ser compreendido como unidade que se repete, mas como algo raro e singular que, em última análise, não pode ser nem conhecido nem comparado com nenhuma outra coisa. (JUNG, 1961, p, 16) É imprescindível que os indivíduos sejam reconhecidos como únicos, embora apropriem-se de características pertencentes a outros indivíduos. A comparação não é aqui, um meio seguro para assegurar semelhanças ao próximo. Mas sim, apenas mais um ponto contribuinte para os estudos. 197 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A personagem na ficção A personagem exerce um papel essencial, pois dá sentido à história, tanto real quanto fictícia. A personagem ou o personagem, é um ser fictício que é responsável pelo desempenho do enredo, em outras palavras é quem faz a ação. Por mais real que pareça, o personagem é sempre invenção, mesmo quando se constata que determinados personagens são baseados em pessoas reais.‖ (GANCHO, 2002, p.14) As personagem existem na literatura para, tentar de uma forma fictícia imitar as ações de pessoas reais. Sendo assim, essas personagem personificam-se, ou seja, tornam-se pessoas mesmo ficticiamente. A essas pessoas, dá-se vida, espaço, círculo social, família, estados psicológicos e emocionais. Passam a existir de uma forma real nas obras literárias. Não são mais as palavras que constituem as personagens e seu ambiente. São as personagens (e o mundo fictício da cena) que absorveram as palavras do texto e passaram a constituí-las, tornando-se a fonte delas – exatamente como ocorre na realidade. (CÂNDIDO;et. al. , 1970, p.29) Desse modo, cabe aqui, classificá-las segundo sua hierarquia no texto literário, podendo ser principais, sobre elas incide o maior foco. É a figura que mais aparece no texto literário. Podem, além disso, ser classificadas como secundárias, formando um pano de fundo; e ainda podem ser irrelevantes, aparecem com fraca atuação. Não exercendo praticamente nenhuma ação sobre as demais. Sendo assim protagonistas , ou seja, as peças principais do enredo. São subdivididas em dois grupos: os herois, que possuem características mais relevantes em seu grupo; e os anti-herois, estes têm características inferiores, porém estão no lugar que cabe aos heróis, mas sem muita competência para isso. 198 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Podem ser também antagonistas, opondo-se às personagens principais. São essas personagens que por terem características opostas, acabam entrando em conflito com as principais, tidas como herois na trama. Seguindo, temos as confidentes, ou seja, são aquelas que ouvem as principais, ou às vezes até contam a história das principais. Essas personagens são muitas vezes confundidas com as protagonistas. Temos também as personagens secundárias e irrelevantes, aquelas menos importantes, pois não desempenham uma participação freqüente na história. Vivem em segundo plano, ou ajudando os protagonistas ou os antagonistas. Essas personagens dão base às principais, sua participação no enredo, conduz os demais personagens. Segundo à caracterização, as personagens podem ser planas, ou seja, aqueles que durante a trama, não desenvolvem muitos atributos. Não aparecem tanto na história por não sofrerem grandes alterações desde o início até o final do enredo. Por serem planas, são pouco complexas, são lineares e previsíveis, destituídas de profundidade, superficiais. Essas personagens podem dar impressão de falsidade psicológica, como se não houvesse nada além do mundo exterior. Não vivem propriamente suas vidas e sim, acompanham o movimento das demais. Há entre essas personagens uma subdivisão. Elas podem ser reconhecidas por características que não mudam, ou seja, nesse caso representam um tipo, sua vida é superficial. Suas características designam um grande número de personagens parecidas, por aparentarem características semelhantes a certos tipos. São caricaturas quando reconhecidas por características fixas ou ridículas, aparecem sempre rotuladas por um vício, um defeito, uma tendência. Ainda segundo sua caracterização temos as personagens redondas, ou seja, sua complexidade se sobressai sobre as demais, possuem profundidade, vida interior, conflitos internos, problemas diversos. Essas personagens adquirem vida própria no texto, pois revelam seu caráter. Compõem-se em seus traços psicológicos, são firmes, têm propósitos. Elas têm maior variedade de características que são explícitas no texto literário. 199 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 As características podem ser físicas, referentes ao corpo, aos gestos, às roupas. Podem ser também sociais, indicando classe, atividades. Psicológicas, indicando personalidade. Ideológicas, mostrando a forma de pensar, ações políticas da personagem, religiosidade. Podem ser ainda morais, essa característica determina se a personagem em questão é boa ou má, honesta ou não, dentre outras dualidades; dependendo é claro, dos pontos de vista adotados para isso. Segundo isso, podemos constatar que ―A personagem realmente constitui a ficção‖. (CÂNDIDO et. al., 1970, p 27), Ela é parte importante para o desenvolvimento do enredo, já que ela e todos os outros detalhes combinados, traçam os caminhos da narrativa em questão. A caracterização das personagens deve ser consistente, que possam elas praticar atos que venham delas mesmas. Deve ser motivada, ou seja, o leitor precisa compreender por quais motivos praticou-se tal ação e plausível, os métodos adotados pelas personagens não podem parecer contraditórios. É importante salientar que todas essas personagens falam na narrativa de maneiras distintas. Elas podem fazer uso do discurso direto, falando sem serem introduzidas pelo narrador, que posteriormente localizará o leitor, ou melhor, esclarecerá os motivos da fala da personagem. Dessa forma, podem sucederem-se diversas falas das personagens sem que o autor tenha sua presença notada. As personagens também fazem uso na narrativa do discurso indireto, que é o registro indireto da fala da personagem através do narrador. Ele media o instante da fala com o leitor. A forma que mantém as expressões peculiares do personagem e é uma mescla entre o discurso direto e indireto é chamado de discurso indireto livre. Nele consta um meio termo entre os dois discursos citados anteriormente, mas também apresenta a mediação do autor. A razão de ser da personagem é dada pela sua configuração verbal. A personagem não existe além da estrutura da obra.(...) A personagem ficcional só existe enquanto palavras. As palavras delimitam e constituem a criatura inventada pelo artista. (ATAÍDE, 1974. p.40) 200 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Há casos em que o narrador também torna-se personagem, nesse caso ele aparece em primeira pessoa, mas seu campo de visão é pequeno. Nesses casos ele pode ser narrador testemunha, não é a principal personagem, mas sempre está presente quando esta executa algo de relevância à narrativa. Em outros casos, o narrador é também personagem principal, ou seja, centraliza as ações em si. ANÁLISE DAS PERSONAGENS NAS FÁBULAS DE ESOPO, LA FONTAINE, BIERCE E LOBATO Buscamos aqui apresentar uma breve análise das personagens nas fábulas. Pois, como cita Cândido em A Personagem de Ficção, p. 29 ―(...) as personagens, ao falarem, revelam-se de um modo bem mais completo do que as pessoas reais, mesmo quando mentem ou procuram disfarçar a sua opinião verdadeira.‖ Iniciemos com Esopo: No inverno, as formigas estavam fazendo secar o grão molhado, quando uma cigarra, faminta, lhes pediu algo para comer. As formigas lhe disseram: ―Por que, no verão, não reservaste também o teu alimento?‖. A cigarra respondeu: ―Não tinha tempo, pois cantava melodiosamente‖. E as formigas, rindo, disseram: ―Pois bem, se cantavas no verão, dança agora no inverno‖. A fábula mostra que não se deve negligenciar em nenhum trabalho, para evitar tristezas e perigos. (PEREIRA, 2008, p.13) Notamos nessa fábula de Esopo, as personagens de maneira sutil. Os diálogos são curtos e perpassados de objetivismo. É concisa a decisão da formiga. Esta mostra-se sendo do tipo pensativo extrovertido, pois através de sua reflexão acerca do objeto, ou seja, dos grãos, eleva-se e faz com que as outras de sua espécie também a sigam. Tem uma posição direta, sem pensar muito, age de forma a induzir as demais. A cigarra, que vive num mundo fantasioso, pois cantou tanto que nem viu o tempo passar mostra-se sendo do tipo intuitivo introvertido, pois desligado do exterior, 201 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 preocupou-se apenas com seu bem-estar fantasioso. Pede à formiga algo para comer, pois viu que a necessidade era tamanha. Tem dificuldades em perceber os fatos, só se dá conta da necessidade quando, depois de andar em círculos, escapar de situações da mesma linhagem, vê-se em um labirinto, ou seja, ou come, ou morrerá de fome. As demais formigas, seguem o exemplo da primeira, são levadas por ela a tomarem a mesma atitude. A cigarra e a formiga (La Fontaine) A cigarra, sem pensar em guardar, a cantar passou o verão. Eis que chega o inverno e, então, sem provisão na despensa, como saída, ela pensa em recorrer a uma amiga: sua vizinha, a formiga, pedindo a ela, emprestado, algum grão, qualquer bocado, até o bom tempo voltar. ─ ―Antes de agosto chegar, pode estar certa a Senhora: pago com juros, sem mora.‖ Obsequiosa, certamente, a formiga não seria. ─―Que fizeste até outro dia?‖ perguntou à imprevidente. ─ ―Eu cantava, sim, Senhora, noite e dia, sem tristeza.‖ ─ ―Tu cantavas? Que beleza! Muito bem: pois dança, agora...‖ (SOUZA, E. p. 158) 202 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Nessa fábula, escrita em versos, notamos uma formiga que questiona a provável hóspede a respeito de sua estadia. Parece-nos que esta é um tipo sentimental extrovertido pois assume a característica que lhe convém possuir nesse momento de enunciação. Já a cigarra, novamente apresenta-se em um tipo intuitivo introvertido, pois fantasiou por todo o verão, perdeu-se em sua subjetividade e agora encontrar novamente seu caminho de volta torna-se uma tarefa um tanto quanto complicada. Nessa fábula não aparecem as demais formigas, havendo um diálogo somente entre a formiga e a cigarra. A cigarra e a formiga (Bierce) A Cigarra e a Formiga Certo dia, no inverno, uma Cigarra faminta pediu a uma Formiga um pouco da comida que esta guardara. – Por que – disse a Formiga – você não guardou um pouco de comida para si em vez de ficar cantando o tempo todo? – Assim fiz – falou a Cigarra – assim fiz; mas suas colegas apareceram e carregaram-na toda. (OLIVEIRA, 2008) Nesta fábula notamos a presença de uma cigarra que não submete-se à formiga e sim uma cigarra que a interpela. Mostra-se preocupada em reaver seus mantimentos alegando que as culpadas pela sua fome eram as colegas da formiga. A linguagem empregada nesta fábula é breve, muito parecida com a linguagem jornalística que visa de maneira objetiva, apresentar somente os fatos necessários. Notamos a presença do tipo intuitivo extrovertido, revelado mais no gênero feminino, pois aqui nota-se uma crítica social muito grande. Onde estão os mantimentos da cigarra? Certamente as formigas, como são mais ―espertas‖, com cuidado, levaram 203 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 tudo aos poucos, sem que a cigarra pudesse perceber. E sendo assim, depois de entender o que havia acontecido, resolve reclamar seus direitos de posse. A cigarra e a formiga (Monteiro Lobato) A CIGARRA E A FORMIGA (A FORMIGA BOA) Monteiro Lobato Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé do formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas. Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas. Os animais todos, arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas. A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém. Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu – tique, tique, tique... Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina. — Que quer? – perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir. — Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu... A formiga olhou-a de alto a baixo. — E que fez durante o bom tempo que não construiu a sua casa? A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse. — Eu cantava, bem sabe... — Ah!... exclamou a formiga recordando-se. Era você então que cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas? — Isso mesmo, era eu... Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo. A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol. (BRASIL) 204 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Nesta fábula, notamos a presença de uma formiga cheia de compaixão, tanto que auxilia a cigarra no seu momento de dificuldade. Notamos traços do tipo sentimental extrovertido na formiga, ou seja, adaptou-se ao meio em que vivia, podendo assim, ceder em sua casa um lugar à vizinha cigarra. A cigarra por sua vez, receosa bate à porta da formiga, esperando que esta a expulse. Fica surpresa ao perceber que a formiga mesmo tendo que sair toda enrolada e friorenta, acolhe-a em sua casa. Nesse sentido, a cigarra aproveita o momento complicado de sua vida para desfrutar do trabalho das formigas. Lobato nesta fábula, traz à tona todo um universo estritamente brasileiro e uma crítica social relevante, tentando mostrar que muitas vezes os que só fazem barulho ainda são acolhidos por aqueles que trabalham o tempo todo. REFERÊNCIAS ATAIDE, V. A Narrativa de Ficção.São Paulo: Editora McGraw-Hill do Brasil. Ltda, 1974. BRASIL. Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidades – SECAD. Departamento da Educação de Jovens e Adultos. Coleção Cadernos de EJA. Disponível em: http://eja.sb2.construnet.com.br/cadernosdeeja/empregoetrabalho/et_txt13.php?acao3_c od0=8670154a0790a2508ae4b07b50c7a14e. Acesso em: 29 set. 2011. CÂNDIDO, A . et. al. (org) A Personagem de Ficção. São Paulo: Editora Perspectiva, 1970. DOLZ, J Schneuwly, B. Gêneros Orais e Escritos na Escola. Campinas: Mercados de Letras, 2004. ECO, U. Seis Passeios pelos Bosques da Ficção.Tradução Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. In: RAMOS, A. C. Nos Bastidores do Imaginário. 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Acesso em 27 set. 2011. 206 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 HISTÓRIAS EM QUADRINHOS: UM GÊNERO MOTIVADOR Lucas Woidaleski Ana Paula Such RESUMO: As histórias em quadrinhos vêm, com o passar dos anos, ganhando cada vez mais importância e se tornando cada vez mais acessível. Tanto para entretenimento como para lecionar, o uso delas só traz benefícios. Os quadrinhos são um material de boa qualidade lingüística, com uma ampla variedade de ferramentas para sua construção que o torna um tipo de arte muito abrangente, reunindo em um único lugar muitos elementos. Todos esses elementos que incluem os balões, as onomatopéias, o jogo com a construção dos quadros, a metalinguagem, intertextualidade, as inúmeras variações de fala, entre outras, nos podem ser muito útil como professores. As histórias em quadrinhos são perfeitas para se trabalhar em sala de aula, elas por serem um material lúdico e atrair a atenção dos alunos são ótimas para se fazer análises e produções ao mesmo tempo em que proporciona uma atividade prazerosa para os alunos. Palavras-chave: História em quadrinhos; balões; onomatopéias; mangá. A HISTÓRIA DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS A origem das histórias em quadrinhos não é bem certa, alguns dizem que ela foi criada por volta de 1896 nos EUA por Richard Fenton Outcalt com a criação do ―The Yellow Kid‖. Diz-se que foi justamente com essa história que se iniciaram as histórias em quadrinhos, pois foi nela que um elemento novo foi introduzido: o balão de fala. Outro motivo que possibilitou isso foi o avanço na impressão gráfica que, para a produção em massa era necessário, assim tornando-a mais acessível a todos. Como dito por Jarcem (2007) os principais precursores das histórias em quadrinhos foram o suíço Rudolph Töpffer, o alemão Wilhelm Bush, o francês Georges (―Christophe‖) Colomb e o brasileiro Angelo Agostini. Nas primeiras décadas os 207 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 quadrinhos eram basicamente voltados ao humor, daí que vem o nome de comics (cômicos). Algumas dessas primeiras histórias eram Little Nemo (de Winsor McCay), Mutt e Jeff (de Bub Fisher), Popeye (de E.C. Segar), e Krazy Kat (de Herriman). Que geralmente envolviam histórias para crianças, com bichinhos e travessuras. Um exemplo do grande papel que as histórias em quadrinhos tiveram, foi na segunda guerra mundial, onde vários heróis dos quadrinhos foram ―convocados‖ a participar da guerra para defender o país, assim vários heróis apareceram em seus quadrinhos lutando contra os nazistas e japoneses, ―visitando‖ as histórias de outros personagens para ajudar na luta. O maior ícone de período da guerra é o Capitão América de Joe e Simon. Na capa de sua primeira revista ele combatia o próprio Adolf Hitler. Ao contrário de outros heróis, que acabaram ―recrutados‖ para lutar na Segunda Guerra Mundial, o Sentinela da Liberdade foi criado especialmente com esse objetivo político. (JARCEN, 2007,p.5) Como podemos ver as histórias em quadrinhos tiveram um importante papel, passando das simples histórias cômicas para crianças a veículos de divulgação em massa do grande ―patriotismo e força‖ dos Estados Unidos. E daí em diante as histórias em quadrinhos foram sendo influenciadas pelos movimentos que ocorriam ao seu redor, como a guerra fria e a corrida espacial. Personagens sendo criados e se envolvendo na ―história real‖ fazendo menção a fatos que estavam acontecendo naquela época. E assim os quadrinhos foram evoluindo, alcançando novos públicos , tratando de novos temas sem contar o avanço na criação dos quadrinhos em si, tanto no ―desenhar‖ como na impressão. Um bom exemplo é o que acontece nos anos 80, onde os americanos começam a produzir as ―graphic novel‖ (romance gráfico) direcionado ao público adulto. E como maior destaque veio outra versão de Batman, um mais sombrio, amargurado e violento. Nessas Historias agora havia mais violência, conflitos de personalidades, insanidade, sensualidade e dúvidas existenciais marcando elas como território adulto. Junto a esse novo Batman de Frank Miller veio também Elektra Assassina do mesmo criador do Batman, Watchmen de David Gibbons e Alan Moore, Sandman de Gaiman entre outros. 208 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Não só nos EUA, mas no mundo todo as historias em quadrinhos foram evoluindo e ganhando mais espaço, hoje em dia podemos ver várias adaptações dessas historias para o cinema, por exemplo, Hulk, Superman, Homem aranha, entre outros, todos eles foram criados nas historias em quadrinhos. E sempre elas estarão sujeitas a mudanças como recentemente nos anos a partir da década de 90, segundo Jarcem (2007), os desenhistas de quadrinhos americanos começaram a sofrer influência dos mangás (quadrinhos japoneses) na caracterização de seus personagens e em seu traço. Aqui, no Brasil, as histórias em quadrinhos alcançaram um nível elevado com a Turma da Monica de Maurício de Sousa que é vendida em mais de 40 países diferentes com mais de 10 idiomas diferentes, além de já ter virado desenho também. As histórias em quadrinhos existem a pouco mais de cem anos e já tiveram tantas mudanças e evoluções, isso nos mostra o quanto esse gênero é importante e que também já esta ligada a cultura de todo o mundo, podendo ser uma ótima leitura, contendo comédia, suspense, coisas do dia-a-dia entre outras, assim se tornando um material perfeito para qualquer idade. DESVENDANDO AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS De acordo com Pessoa (2011) as histórias em quadrinhos são várias ―artes‖ juntas, a arte da história, do desenho, do movimento, entre outras, todas juntas formando uma ―multiarte‖. As histórias em quadrinhos são diferentes das ilustrações nos livros, que são examinadas em pausas e servem como complemento para a história, diferente das historias em quadrinhos que vão simultaneamente usando dos textos, imagens, onomatopéias e falas. E nos quadrinhos também é possível fazer o uso desses elementos separadamente, pode-se utilizar ―quadrados‖ onde só aparecem imagens ou textos e mesmo assim continuar com a sequência da história. Então, fazer uma boa história em quadrinho não é fácil. ―A dificuldade em realizar esse tipo de arte consiste em estabelecer harmonia entre esses três itens. Ou seja, apresentar ao leitor uma única mensagem utilizando mídias independentes,‖ conforme Pessoa (2011, p3.). Ele quer dizer que a história em quadrinho precisa ser elaborada de uma maneira que ela 209 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 combine as imagens, textos e sequência de um modo que o leitor as veja como um único elemento. No começo, as histórias em quadrinhos eram criadas somente para as crianças, basicamente com histórias cômicas, isso as impossibilitava um pouco, já que eram voltadas para o publico infantil deixavam de abordar vários temas e também tinham de seguir um tipo de ―política‖, tendo de ser um instrumento de educação, reforçar a democracia e as autoridades deveriam ser respeitadas e valorizadas, também não era permitido faltar com respeito a qualquer religião ou raça e era necessário ter um grande cuidado para que essas histórias não influenciassem os jovens de alguma maneira errada. Hoje em dia essas ―leis‖ ainda existem, mas são mais amenas para a criação dos quadrinhos do publico jovem. Esse inicio das histórias em quadrinhos foi bem conturbado, muitos acreditavam que eles influenciavam a juventude e transformava os jovens em delinqüentes, mas com o tempo as historias em quadrinhos foram ganhado espaço e aonde elas se destacaram primeiro foi em pequenas tirinhas em jornais que eram lançadas periodicamente e foram evoluindo até chegar nos famosos comics que são as historias em quadrinhos dos EUA. Antes de os quadrinhos se tornarem ―famosos‖, as fotonovelas eram bem populares, então como diz Cirne (1970) os quadrinhos podem ser considerados uma ―substituição do mesmo nível das fotonovelas. As fotonovelas também eram baseadas naquele padrão de herói e vilão, bem e mal, um vencedor e outro perdedor. O BALÃO Mas porque os quadrinhos fizeram tanto sucesso? Por que eles tinham o balão. De acordo com Cirne (1970), o balão possibilitava muitas coisas para os artistas, eles podiam solidificar pensamentos, recriar sons, usar de metalinguagem com mais facilidade, com o balão eles podiam redimensionar os quadros, assim, podendo criar novas formas, utilizar melhor o espaço, entre várias outras coisas. E existem muitos tipos de balões, mais de 50 tipos, aqui irei descrever alguns deles: 210 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Balão censurado: Esse balão contem símbolos como caveiras, estrelas, asteriscos que representam palavrões. Balão atômico: Balão em forma de cogumelo atômico, mostrando espanto do personagem, que pode ser em outra forma também dependendo da relação com o conteúdo . Balão sonolento: Balão com uma ou várias letras ―Z‖ representando que o personagem esta dormindo. Balão onomatopaico: Balão que contem algum som ou ruído gerado pelo personagem ou algum objeto no quadrinho. Balão Nuvem: Balão em forma de nuvem que mostra pensamentos ou sonhos do personagem. Mas os balões não se limitam a só comportar palavras dos personagens, ‖O balão pode, igualmente, ultrapassar a sua realidade específica, tornando-se um elemento estrutural, abandonando as palavras dos personagens...‖Cirne (1970,p.27). O balão pode servir de apoio para o personagem não cair de um lugar alto, pode cair uma letra do balão acordando o personagem, ele pode estourar e sair voando para longe deixando o personagem mudo. Já que vários objetos podem ser transformados em balões ou transferidos para dentro dele, essa grande variedade de utilidades para o balão acaba tendo como seu único limite apenas a imaginação. A ONOMATOPÉIA Outro elemento dos quadrinhos que merece nossa atenção é as onomatopéias. ―O ruído, nos quadrinhos, mais do que sonoro, é visual. Isto porque, diante do papel em branco, os desenhistas estão sempre à procura de novas expressões gráficas,‖ de acordo com Cirne (1970, p.30). Essas novas expressões gráficas a que Cirne se refere, estão relacionadas a qualquer elemento, efeito visual, características, entre outras, que possam agregar ao quadrinho mais ―realidade‖ dando mais vida a ele e proporcionando uma maior experiência do que se passa no quadrinho ao leitor. 211 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Uma coisa curiosa é que as onomatopéias assumem formas diferentes de acordo com o som que elas estão representando, variando também em tamanhos e cores, assim nos proporcionando um maior impacto visual na hora da leitura que faz com que nós ―imaginemos os sons‖ do quadrinho. Esses sons não se limitam a apenas seus ―quadrados‖ em que foram utilizados , eles podem sair e ecoarem em outros planos, como em uma espada caindo de mão de um guerreiro, fazendo um grande barulho que ecoa por todo o castelo e alerta os inimigos sobre sua presença, nesse exemplo pode ser usado uma única onomatopéia que passa por dois ou mais planos, mostrando que o som percorreu uma longa distância. Já no popular, Astérix de Uderzo & Goscinny (quatro álbuns consultados: 190 páginas, 374 ruídos, sendo 76 diferentes), o Glu-Glu – som produzido no ato de ingerir qualquer líquido; no presente caso, a poção mágica – ocupa o 6º lugar, com 4,9% do total.Portanto, uma boa onomatopéia (temática, gráfica e/ou plasticamente) está para os quadrinhos assim como um ruído (bem utilizado) está para o cinema... (CIRNE, M. 1970, p33) Com isso Cirne quer dizer que esse uso frequente de uma onomatopéia específica cria uma espécie de ―ligação‖ entre esse som específico e o que o produz, que torna o som quase que ―independente‖ da imagem. Essa onomatopéia pode aparecer sozinha, sem a imagem, e mesmo assim iremos ligar o som àquela específica ação, como no caso da história de Astérix, se virmos um ―Glu Glu‖, mesmo sem mostrar os heróis tomando a poção mágica, deduziremos que eles estão tomando-a, porque isso cria um tipo de ―habito‖ de associar essa onomatopéia e essa ação deles tomarem a poção mágica. E os autores se aproveitam desse habito criado para fazer esse jogo usando as onomatopéias. O RITMO E ESPAÇO Nas histórias em quadrinhos também é muito importante, como Cirne menciona, o ―ritmo visual‖ que é uma espécie de efeito criado por vários quadros que nos trazem a 212 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 sensação de movimento e ações formais, é necessário que haja uma dinâmica entre esses quadros, uma estrutura adequada para as ações que estão acontecendo neles. Não que as clássicas histórias em quadrinhos que eram ―bem enquadradas‖ e seguiam um modelo clássico sejam ruins, mas muitos desenhistas usam desse recurso como mais uma ferramenta para vitalizar as suas historias. Mas também esse recurso é limitado a que meio está sendo usado na criação desses quadrinhos, por exemplo, em uma tirinha de jornal o espaço é limitado e os quadros se dispõem sempre em sequência verticalmente ou horizontalmente, assim não possibilitando grandes mudanças nos quadrinhos. Em uma revista não existe esse limite, o desenhista pode dispor os quadros como for melhor para sua história, podendo usá-los com uma estrutura bem variada propositalmente para criar algum tipo de impressão ao leitor, como cenas interligadas, acontecimentos simultâneos entre outras. Isso é possível graça a liberdade ganha na revista por ter o espaço de toda a página para montar a historia em quadrinho, assim possibilitando uma estrutura mais elaborada. Cirne (1970, p.36) acrescenta: ―Obtém-se na revista uma visão global da página, ao primeiro olhar, verificando-se a funcionalidade (ou não) dos cortes e as direções de leitura‖. O ritmo que esses cortes criam, são tão importantes quanto as falas e as onomatopéias, Cirne (1970) diz ainda que os grandes cartunistas conseguem através de surpreendentes cortes ―quebrar todas as barreiras de tempo e espaço e estabelecer novas realidade psicológicas e sociais‖. A METALÍNGUAGEM As histórias em quadrinhos já evoluiram tanto que já é normal o uso da metalinguagem nos quadrinhos, até mesmo nos infantis. Metalinguagem é a linguagem explicando a própria linguagem, então esse uso nos quadrinhos poderia ter o nome de metaquadrinho. A seguir listo alguns exemplos de uso dessa metalinguagem do quadrinho\metaquadrinho: Quando algum personagem fala diretamente com o leitor, geralmente eles param e olham para fora da revista, como se tivessem olhando para você, e fazem algum comentário cômico. 213 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Quando o autor interfere na história, aparece uma ―mão gigante‖ empunhado um lápis ou uma borracha e modifica o quadrinho para ajuda o herói. Quando alguns personagens ―pegam‖ algum balão ou onomatopéia para faze alguma ação. Quando o herói foge de seu quadro para escapar de algum perigo, esse ―fugir‖ não é uma simples troca de quadro, mas sim quando ele ―atravessa‖ as paredes dos quadros e muda de um plano para o outro, saindo da sala indesejada e chegando a um ambiente calmo só esperando à hora certa para voltar a seu respectivo quadro. Quando um personagem comenta com outro personagem algum fato ou pensamento dele sobre sua historia em quadrinho ou sobre o próprio autor. A FALA Já falamos dos balões, das onomatopéias, da metalinguagem no quadrinho, do espaço e estrutura, mas ainda não falamos de um elemento chave na narrativa das historias em quadrinhos: as representações da fala. Como disse Ramos.(2011) além do balão podemos usar de palavras com letras grafadas para expressar gritos, e para esse destaque usamos as letras em negrito ou deixando as letras maiores. Mas nem sempre as palavras em negrito se referem às palavras ―gritadas‖, elas podem se referir a palavras que o autor simplesmente quis dar ênfase para melhor entendimento da historia ou para realçar um trecho de uma piada. Também é usado de espaços em branco e reticências para representar as pausas que existem na fala, que podem aparecer dentro de balões interligados com uma ou duas palavras em cada balão criando uma sequencia de falas e pausas. Claro que o contexto é importante para a interpretação, ele ajuda a identificar onde ocorrem essas pausas e várias outras coisas. Deve se prestar muita atenção também a que palavras escolhidas para fazerem parte da fala do personagem, há vários fatores que devem ser levados em conta, como a personalidade do personagem, se ele é calmo ou nervoso, de acordo com a situação as falas precisam ser escolhidas minuciosamente para tornar o texto o mais verossímil possível assim. Como disse Ramos (2011): uma criança falando como adulto fica estranho, a menos que tenha algum contexto e explicação para esse jeito de falar, da 214 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 mesma forma que na vida real todos têm seu estilo de fala e tipos de fala dependendo da idade, sexo e região, na historias em quadrinhos essa diferença é necessária para criar uma realidade no quadrinho. Um bom recurso que pode ser utilizado são as gírias, sempre levando em consideração a fala verossímil e não agregando gírias a personagens que não a usariam. Pode-se usar praticamente qualquer gíria, substituir você por ―cê‖, apanhar por ―apanhá‖, incluindo gírias apropriadas para a ocasião como, por exemplo, ―mané‖, ―daew‖, ―manolo‖, entre outras. Do mesmo modo que se usam os falares típicos, como o personagem Chico Bento da turma da Monica de Mauricio de Sousa. Ou como Cebolinha com sua fala característica. Quando o autor está criando as falas para personagens como esses ele deve ter em mente sempre esse ―estilo‖ que cada um carrega e adequar todas as falas a ele, pois se Cebolinha falasse ―dragão‖ ao invés de ―dlagão‖, os leitores (provavelmente) já iriam notar esse ―erro‖, já que aquele personagem ―tem que falar errado‖. Também é possível ―elevar‖ de nível um personagem pela linguagem que ele usa, por exemplo, um nobre herói irá usar uma linguagem nobre falando palavras como ―prepara-te‖ e ―se fores‖, esse jeito de falar que cada personagem possui marca muita a sua personalidade e essas múltiplas personalidades dentro de uma história em quadrinho cooperam para criam uma história complexa. Após falarmos bastante sobre a fala e sua importância nos quadrinhos podemos falar sobre sua ausência, ou seja, os quadrinhos mudos. São quadrinhos que, dependem somente de onomatopéias e da imagem, geralmente são curtos e seguem uma sequencia fácil e linear. Em muitos dos quadrinhos de Mauricio de Sousa pode-se notar o uso deles como último recurso usado no quadrinho, sendo feito com quatro planos, nos três primeiros a história é elaborada e no último geralmente ocorre um desfeche cômico. A INTERTEXTUALIDADE 215 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Aproveitando que estamos citando os quadrinhos de nosso grandioso Mauricio de Sousa, vamos falar da verossimilhança nos quadrinhos, em particular as Histórias da Turma da Mônica. Em suas histórias pode-se notar uma grande variação entre um quadrinho e outro, pois há histórias ―possíveis‖ e ―impossíveis‖, simples brincadeiras de crianças com diversão e trapalhadas, a até grandes viagens interplanetárias. Essa brincadeira com o verossímil ajuda na formação das crianças além de divertir muita gente. Os quadrinhos não são lidos por apenas crianças, mas esses quadrinhos atingem praticamente todas as faixas etárias. E de acordo com Verdolini (2011), há estatísticas que provam que praticamente 80% das pessoas que lêem os quadrinhos da Turma da Mônica têm entre 20 e 40 anos. Isso mostra que os quadrinhos não exigem idade para sua leitura e apreciação, ai chegamos a um ponto importante: se há pessoas com mais de 20 e 30 anos lendo, isso implica que o conteúdo desses quadrinhos precisa ser um tanto ―rico‖ para agradar ambos os públicos, tanto crianças como adultos. E um desses elementos que enriquecem o texto são as intertextualidades. Muitos textos fazem relação a personagens, músicas, filmes, literatura, entre várias outras coisas, com objetivo de gerar algo cômico ou fazer alguma crítica a sociedade ou alguém. ―O conhecimento que se tem sobre o que já foi lido anteriormente contribui na elaboração de um sentido ao novo texto, assim como ajudam a noções que se tem do mundo, da cultura e dos estereótipos. Ao produzir um texto, o locutor utiliza-se do que já experienciou em vida, ainda que o faça inconscientemente.‖ (VERDOLINI, 2011, p.03) De acordo com esse texto de Verdolini, praticamente tudo que produzimos hoje em dia tem algum tipo de intertextualidade. Mas deixando essa questão de lado, nos quadrinhos podemos notar algumas intertextualidades bem evidentes. E para compreensão dessas intertextualidades é necessário um conhecimento prévio sobre o assunto, já que nem sempre o autor irá citar ou explicar sobre aquele conhecimento, por isso muitas vezes é preciso de um conhecimento sobre áreas muito distintas para se conseguir um entendimento completo do texto. E nesses elementos intertextuais o autor depende totalmente do leitor, de que ele tenha esse conhecimento para entendê-lo, e nisso os adultos tem muito mais facilidade que as crianças devido a sua maior experiência de mundo. 216 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Esses textos que fazem diálogo com outros podem também estar resgatando e apresentando grandes clássicos às crianças, apesar de muitas vezes estarem adaptadas a nossa época. Essa adaptação do ―antigo‖ exige que o autor crie textos e imagens muitas vezes especialmente para aquela situação. E do mesmo jeito isso é feito com os assuntos contemporâneos, a intertextualidade é um ótimo modo de manter o quadrinho ―atualizado‖ junto a seu público e a sociedade. Essa preocupação que o quadrinho evolua junto a seus leitores, como diz Verdolini (2011), os quadrinhos vêm sendo influenciados pela história do mundo desde sua criação. E diante de tantos fatos não podemos negar que as histórias em quadrinhos sejam uma ótima fonte de material para se trabalhar com estudo linguístico e didático. E junto à grande intertextualidade presente em vários quadrinhos, nos de Mauricio de Sousa, por exemplo, pode-se adquirir cultura e conhecimento. Então devemos nos aventurar com as histórias em quadrinhos quer seja para o entretenimento, quer seja para o estudo. A LEITURA E A REFERÊNCIAÇÃO Agora que vimos todas essas técnicas de produção de histórias em quadrinhos, precisamos trabalhar com os estudantes de um modo que eles possam entender todos esses processos usados nas histórias em quadrinhos. Ler, longe de ser uma mera atividade mecânica de decodificação de signos gráficos, constitui-se num processo de construção e negociação de sentidos. Conceber a leitura dessa forma implica entende que o sentido depende da ação do leitor sobre a materialidade textual e da mobilização de diferentes tipos de conhecimento prévio; portanto, não é fixo nem é uma propriedade do texto. (JUNIOR, R. C. 2011. p. 227) Nesse pequeno trecho Rivaldo Capistrano Junior fala que ler não é simplesmente entender o que os símbolos estão significando, é um processo que envolve conhecimento prévio, conhecimento de mundo, entender sentidos diferentes entre outras coisas. Sem contar também que nós lemos de modos diferentes textos diferentes, lendo um jornal não se espera algum tipo de informações com sentidos ocultos, no jornal as pessoas lêem o texto e associam à uma foto na maioria das vezes e o estilo do texto é 217 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 voltado para a norma padrão. Diferente das histórias em quadrinhos, que basicamente o entendimento depende da ―leitura‖ dos textos juntamente com as imagens e por ser mais informal, podemos esperar o uso de gírias, duplo sentidos e linguagem mais coloquial. Assim o leitor de quadrinhos precisa de mais técnicas para, juntamente com a interação visual e verbal, para poder retirar um sentido do texto. Toda atividade de linguagem é vista como uma ação em conjunto, em que sujeitos agem entre (e sobre) si mesmos e operam suas representações sobre contexto sócio-histórico, lugares e funções distribuídos socialmente, seus saberes sobre o mundo, sobre a língua etc. (JUNIOR, R. C. 2011 p. 229) O simples ato de ler envolve tantas habilidades que parece ser muito complicado realizá-lo, mas não é, pois todos nós já temos esses processos internalizados em nossos cérebros e os executamos automaticamente sem nem mesmo perceber. Conforme vamos lendo e simplesmente retirando os significados dos símbolos, ao mesmo tempo conseguimos fazer inferências, usar de nosso conhecimento de mundo para ajuda no entendimento de certo trecho do texto, criar uma própria opinião, encontrar múltiplos sentidos e muitas outras coisas. Conforme Junior (2011) o leitor estabelece um tipo de diálogo com o texto, conforme ele vai lendo e obtendo informações para suas dúvidas, as respostas que vão sendo geradas, geram outras perguntas e assim segue sucessivamente. O leitor se aprofundando cada vez mais no texto usando todas essas habilidades na leitura e é como se o leitor fosse um interrogador que vai extraindo as informações desejadas/ocultas do texto, que no caso está sendo interrogado. Uma dessas habilidades que é muito importante na leitura, não só das histórias em quadrinhos, mas em qualquer leitura, é a referenciação. As referencias que fazemos durante as leituras nos ajudam a entender os textos, não só ajudam, mas muitas vezes são necessárias para a compreensão. Essas referências se dão quando precisamos de alguma informação a mais que não esta contida exatamente naquele texto, mas que o leitor já tendo um conhecimento prévio pode fazer essa ligação facilmente. Ao mesmo tempo em que vamos lendo vamos criando referências tentando construir significados às 218 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 nossas leituras. ―dizemos que o referente não é dado, não está pronto na mente do sujeito, mas é construído no curso das interações‖ Junior (2011,p.231) com essa afirmação de que esse referente sempre está sendo construído conforme vamos lendo, então ele esta sempre sofrendo mudanças e se adequando para o melhor entendimento do texto. Um exemplo dessa referenciação é quando você tem o conhecimento que o personagem, por exemplo, pode respirar embaixo d‘água, quando você o ver andando tranquilamente embaixo d‘água provavelmente irá ligar a algum episódio anterior em que o autor explicou que esse personagem pode respirar sem problemas embaixo d‘água, assim o autor não precisa ficar explicando essa habilidade do personagem toda vez que ele à usa. Essas referências não se limitam somente ao quadrinho em si, mas podem fazer referência a algumas coisas existentes da realidade. Por exemplo, se um personagem citar Einstein, ele irá ter feito uma referência a um famoso cientista que existiu de verdade e isso necessitara de um conhecimento mínimo sobre quem foi esse cientista para um bom entendimento do que o personagem quis dizer. Outro uso curioso para as referências é usá-la com o intuito de gerar uma ―referência falsa‖ inicial e criar um desenrolar inesperado para a história. O humor nas tirinhas advém, muitas vezes, da indicação de referentes que se constroem em torno de uma estrutura de expectativa gerada nos primeiros quadros. Esses referentes, ao serem recontextualizados nos quadros seguintes, quebram com essas estruturas e deflagram o humor... . (JUNIOR R. C. 2011, p.233) Esse uso é muito comum nos quadrinhos, podemos dizer que basicamente todos os quadrinhos com passagens cômicas usam desse tipo de referenciação. Por exemplo, podemos imaginar um homem sentado em sua mesa, com lápis nas mãos, réguas e compassos desenhando formas geométricas e calculando, iremos fazer referência a algum arquiteto ou engenheiro montando um projeto, ai então dois quadros a seguir vemos o mesmo homem olhando para o projeto que ele estava montando e em suas 219 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 mãos ele tentando fazer uma sanduiche. No primeiro planos fazemos referência a alguma coisa mais séria e em seguida vemos que ele só estava querendo comer um sanduiche, essa mudança repentina na nossa construção da historia causa o humor. Mas nem sempre esse tipo de referenciação é voltado para causar um efeito cômico, ele pode ser usado também para criar duvida ou suspense na historia. Imaginemos um indivíduo com a face escondida juntando peças para algum tipo de arma, e na delegacia aparece um senhor de barba branca gritando desesperado: ―Roubaram minha criação, ela não pode cair em mãos erradas!‖. Já iremos referenciar que o sujeito com a face coberta é provavelmente o ladrão que roubou o pobre senhor e que isso trará problemas para o herói da história. Nesse caso a referenciação causa suspense e dúvida, deixando o leitor curioso sobre o real ocorrido nessa historia. Com tudo isso, Como disse Junior (2011), vemos uma grande quantidade de evidências do quanto importante são para os quadrinhos esses elementos verbais e não verbais, que é com base neles que são expressos muitos efeitos de sentido, assim proporcionando tanta ―vida ao texto‖. REFERÊNCIAS ALBERTO, R. P. Histórias em quadrinhos: Um meio intermidiático. Disponível em http://www.bocc.ubi.pt/pag/pessoa-alberto-historias-em-quadradinhos.pdf , acessado em 13/09/2011. CIRNE, M. A Explosão criativa dos quadrinhos. 1ª ed. Petrópolis-RJ: Vozes Limitada, 1970. JARCEM, R.G.R. História das histórias em quadrinhos. Disponível em http://www.historiaimagem.com.br/edicao5setembro2007/06-historia-hq-jarcem.pdf , acessado em 13/09/2011. JUNIOR, R. C. Ler e compreender tirinhas IN. ELIAS, V. M. Ensino de língua portuguesa: oralidade, escrita e leitura (ORG) 1ª Ed. São Paulo: Contexto, 2011. 220 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 RAMOS, P. Recursos de oralidade nos quadrinhos IN. ELIAS, V. M. Ensino de língua portuguesa: oralidade, escrita e leitura (ORG) 1ª Ed. São Paulo: Contexto, 2011. VERDOLINI T. H. A. A intertextualidade nos Quadrinhos da Turma da Mônica. Disponível em : http://www.mackenzie.br/fileadmin/Pos_Graduacao/Doutorado/Letras/Cadernos/Volum e_7/6_A_INTERTEXTUALIDADE_NOS_QUADRINHOS_DA_TURMA_DA_MNIC A....pdf Acessado em: 26/09/2011. 221 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Línguas Estrangeiras Comissão Científica Docentes que foram membros das bancas de avaliações dos trabalhos desta seção, na forma oral e de painel, durante o evento. Ana Paula Such Andréa Luciane Buch Bohrer Arlete Benghi de Melo Everton Grei Josoel Kovalski Karim Siebeneicher Brito Maria Cristina Fernandes Robaskiewic 222 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Resumos A INFLUÊNCIA CULTURAL DAS TIRINHAS NA FORMAÇÃO DO ALUNO NAS AULAS DE LÍNGUA ESTRANGEIRA Diego Gregório (G), Ivete Pauluk (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G - graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras Chave: Tirinhas, Gêneros Textuais, Cultura e formação do aluno cidadão. Resumo: Tirinha é um gênero textual atrativo, pois, são de caráter humorístico, contém textos curtos e tem vários subsídios que ajudam na interpretação e, ainda, carregam uma notável carga cultural que pode ter influência das ações realizadas pelo autor e da comunidade que o autor convive. Isso faz com que o aluno tenha contato com a realidade em que o texto foi produzido. Como tirinha é um material autêntico, essa aproximação com a cultura do texto em língua estrangeira mostra ao aluno essa língua ser um elemento vivo, ou seja, frequentemente usado por alguma comunidade dando também mais um motivo para o aluno ter atração de aprender, ampliar suas concepções e ter sua crítica sobre o mundo modificada. Este trabalho pretende por em questão algumas maneiras em que as tirinhas podem expor os alunos a diversas culturas diferentes, além de ressaltar a importância dada para esse contato com outras culturas na formação do aluno cidadão dentro das aulas de língua estrangeira de acordo com os objetivos propostos pelos PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira. Por ser um gênero constituído por textos escritos que simulam a conversação oral, tirinhas também podem trazer as variadas formas de falar de uma comunidade, tanto a norma culta, como gírias e expressões características, o que dá uma visão mais panorâmica e menos errônea da língua alvo. Isso faz com que o aluno precise preencher lacunas e centrar-se nas informações que ele precisa obter daquele texto, incentivando e simulando a comunicação. 223 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ENSINO DE LÍNGUA ESPANHOLA: UMA PROPOSTA DE MOTIVAÇÃO PARA APRENDIZAGEM Eliane Isabel Marinhuk (G), Arlete Benghi de Melo (PQ) Notações: IC – Iniciação científica, G - graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras Palavras Chave: Escola, Aluno, Motivação. Resumo: Assistimos a sucessivos movimentos de reforma na educação nacional, numa tentativa de acompanhar tendências e novas concepções no ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras. Este trabalho se justifica pela necessidade de potencializar resultados mais satisfatórios no processo de ensino, já que as avaliações do MEC, conforme mostram as estatística, não são satisfatórias. Se faz necessário indagar sobre as origens da falta de interesse pelo estudo, sobre tudo, buscar novas formas para aguçar o desejo de aprender a língua estrangeira, criando situações de comunicação real, nas quais os estudantes experimentem o prazer de entender e se expressar na língua meta. É uma pesquisa bibliográfica com fins de reflexão e fundamentação. O objetivo proposto é refletir sobre as atividades motivacionais desenvolvidas pelo professor.O trabalho está estruturado em três pontos principais. Primeiro se contextualiza a origem da língua espanhola e a motivação para o ensino desta nas escolas brasileiras. Na seqüência se faz um retrospecto das principais tendências de ensino de língua estrangeira, desde o descobrimento até os dias atuais. Por fim ,destacam-se os aspectos motivacionais que podem causar um impacto na capacidade de aprendizado, influindo positiva ou negativamente na assimilação da língua espanhola no contexto escolar. Quando as ações são autodeterminadas, a motivação para aprender é intrínseca, estimula a curiosidade e o desafio para novas descobertas, já a motivação extrínseca vem de fora, e está associada ao professor à matéria, e a recompensa. 224 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ORALIDADE NA AQUISIÇÃO DE LÍNGUA ESPANHOLA Juliane Nahirne(G), Silvia Delong (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G - graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras Palavras Chave: língua espanhola-abordagem comunicativa-oralidade Resumo: A escolha do tema surgiu da necessidade de trabalhar a oralidade dentro do ensino da língua espanhola, pois vivemos em um mundo comunicativo e as pessoas não vivem de forma isolada, ou seja, estão sempre em contato umas com as outras, atravessando fronteiras e buscando comunicar-se cada vez mais. Desse modo, para que o ensino/aprendizagem da língua espanhola seja produtivo, o aluno deve ser capaz de expressar-se, assim como também dar a sua opinião sobre diferentes temas abordados, isto é, tornar-se um cidadão crítico. Mas, para que isso aconteça, a oralidade deve ser trabalhada em sala de aula de forma prazerosa, dinâmica e incentivadora, evidenciando a procura por formas diferenciadas de ensino. Nesse a contexto, o estudo se justifica por ser uma tentativa de ressaltar a importância de trabalhar essa destreza, bem como destacar o importante papel que o professor desempenha nesse processo. A metodologia adotada para essa pesquisa é teórico bibliográfica. A proposta na referida pesquisa tem seu fundamento na disciplina de Língua Espanhola, apoiada no ensino comunicativo através das práticas orais em sala de aula, bem como a utilização de novas tecnologias, como forma de atingir o objetivo proposto. 225 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A MÚSICA COMO RECURSO MOTIVACIONAL NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA Vilson Rodrigo Diesel Rucinski (G), Ivete Pauluk (PQ) Notações: IC – Iniciação científica, G - graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras Palavras Chave: Ensino de Línguas, Motivação, Música. Resumo: Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de mostrar que o uso da música como recurso didático pode tornar as aulas mais proveitosas e inspiradoras aos alunos, motivando-os por meio de atividades musicais, podemos fazer com que os mesmos fixem o conteúdo mais facilmente e se interessem mais pelas aulas de língua estrangeira. No entanto, antes de analisarmos a música em sala de aula, investigamos as principais teorias de aquisição de linguagem e perspectivas que permeiam esse ramo de estudos. Assim pudemos entender melhor como funciona a aquisição da primeira língua e de que maneira isso influencia na aquisição de uma segunda língua. Verificamos a importância destas respectivas perspectivas no ensino de Língua Inglesa e como elas são vistas atualmente por alguns estudiosos da aquisição de línguas. Após introduzir as teorias de aquisição de linguagem, buscamos conhecimentos sobre as principais teorias decorrentes do campo da Motivação, os fatores que motivam os alunos e os tipos de motivação que um aluno pode ter, ou seja, se ela é Instrumental ou Integrativa, ou ainda Extrínseca ou Intrínseca. Com isso percebemos que as atividades que motivam o aluno são importantes no aprendizado de uma segunda língua e como isso pode afetar no quão receptivos os alunos poderão estar frente aos conteúdos repassados. Para completar este trabalho, falaremos sobre a música em si, sua importância na cultura e na sociedade humana, de que maneira ela age, qual é a importância de se usar a música já que é material autêntico em sala de aula e de que forma devemos trabalhar-la, de forma que motive os alunos, contextualize a aula e ensine o conteúdo. 226 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Literatura Comissão Científica Docentes que foram membros das bancas de avaliações dos trabalhos desta seção, na forma oral e de painel, durante o evento. Ana Paula Such Andréa Luciane Buch Bohrer Arlete Benghi de Melo Everton Grei Josoel Kovalski Karim Siebeneicher Brito Maria Cristina Fernandes Robaskiewic 227 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Resumos A LITERARIEDADE NAS MÚSICAS DE MARISA MONTE Adriana Bueno de Oliveira (G), Ana Paula Such (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras Chave: Poema, poesia, música. Resumo: Este trabalho refere-se a um olhar sensível, porém objetivo, para a poesia e a música juntas.Usamos como linha de pesquisa identificar a literariedade nas músicas da cantora e letrista Marisa Monte e para isso pesquisamos, primeiramente, a poesia em sua história e em sua forma estrutural que a define como tal – com suas rimas, versos, sonoridade, imagem, poder de criação, seus elementos – e a sua presença na música, buscando também algumas possíveis definições para o que venha a ser poesia do ponto de vista de autores diferentes e também de nossa própria concepção. O poeta tem um papel dentro da poesia que é semelhante ao de um escultor que vai lapidando uma pedra bruta – sendo suas experiências de vida essa pedra – cujo resultado final é a poesia. Aí vem o leitor, o qual recebe essa criação, concebendo ele próprio um novo sentimento poético. Referente à música abordamos um pouco de sua história – sobretudo aqui no Brasil – falando dessa união feliz entre a poesia e a música nos diversos momentos em que elas andaram juntas, até hoje. Marisa Monte é apresentada em uma pequena biografia, juntamente com letras de três de suas músicas – “Água também é mar”, “Gentileza” e “Vilarejo” –, as quais passam por uma análise literária de interpretação poética, observando também as rimas e os versos que elas contêm. O trabalho termina com a visão de poesia e música juntas, mostrando como essa união é mais que harmoniosa e pode favorecer nossa vida em alguns aspectos, além, é claro, de nos possibilitar vivenciar seu prazer gratuito que sua beleza nos oferece. 228 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 LITERATURA: UMA PROPOSTA PARA INCORPORAR A RESISTÊNCIA NA MODERNIDADE LÍQUIDA Ana Cláudia Zan (PG), Orientadora: Inês Skrepetz (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação, PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Pós- Graduação em Língua Portuguesa e Literaturas. Palavras Chave: Literatura latino-americana; modernidade líquida; resistência. Resumo: O escritor argentino Ernesto Sabato, em sua obra A Resistência (2008), reflete sobre questões da vida, do mundo e da sociedade atual. Em cinco cartas ensaísticas, ele conversa com o leitor sobre as relações humanas, mantendo um diálogo pertinente com a análise de Zygmunt Bauman sobre a Modernidade Líquida (2000). Nessas cartas, o autor expõe sua visão sobre as relações líquidas, o descomprometimento com o outro, a banalização dos autênticos valores humanos e espirituais e a massificação do pensamento, que são provindas de várias esferas: culturais, midiáticas, entre outras, bem como as consequências às quais isto tudo pode levar. Desta forma, citando os autores mais relevantes nesse momento, a partir de Adorno (1998) e Todorov (2009), com ênfase em sua obra Literatura em perigo, buscaremos aprofundar a análise das alternativas de resistência propostas por Sabato, sendo a principal a literatura, em sua função de arte. Discutiremos, juntamente, o posicionamento inconformista do autor diante das múltiplas realidades constituídas, bem como as possibilidades de se manter resistente perante a desumanização do ser e da vida. Nesse sentido, essa comunicação pretende contribuir com reflexões sobre a importância da literatura, enquanto propulsora da consciência crítica e humana na contemporaneidade. Nas palavras de Sabato: “Mas como podem ser uma falsidade as grandes verdades que revelam o coração do homem por meio de um mito ou de uma obra de arte? Se as aventuras e façanhas daquele cavaleiro maltrapilho de La Mancha ainda continuam a nos comover, é porque uma coisa tão risível como a sua luta contra os moinhos de vento revela uma desesperada verdade da condição humana”. (SABATO, 2008, p. 42). 229 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 MINICONTO COMO GÊNERO LITERÁRIO Ana Paula Jacyntho (G), Josoel Kovalski (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras-Chave: Gêneros literários, Conto, Miniconto. Resumo: A narrativa está presente em muitas formas, por exemplo, na linguagem articulada, oral, escrita, por meio de imagens e gestos. Está presente também nas formas literárias como: Epopeia, Romance, Novela, Conto e Miniconto. Este último, narrativa extremamente breve, foi o escolhido para ser objeto de estudo por se tratar de um gênero relativamente novo. No entanto, para chegarmos ao Miniconto foi imprescindível pesquisar teorias relacionadas à narrativa, à história dos gêneros literários desde seus primórdios que remetem a Platão e Aristóteles, conceitos de vários escritores; sua classificação da tripartição dos gêneros que era composta pelo épico (narrativa que relata uma estória), o lírico (poesia que fala do eu lírico) e dramático (voltado para o espetáculo). E ainda, sobre as formas da prosa que são o Romance, a Novela, o Conto e finalmente sobre o Miniconto. Para o entendimento ficar mais compreensível, optou-se por analisar alguns minicontos de diversos escritores brasileiros. 230 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 HAICAI Beatriz Aparecida Bueno (G), Ana Paula Such (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação, PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras Chave: Haicai, cultura japonesa, poema, Teruko Oda. Resumo: O haicai, arte que valoriza a objetividade e principalmente as mudanças que ocorrem na natureza, nasce de um momento, um impulso, sem ser forçado. Juntamente com as mudanças na cultura e literatura japonesa, o haicai vem sofrendo transformações que o deixaram mais simples. Este poema se estrutura em três linhas, contendo dezessete sílabas metrificadas. Para muitas pessoas, praticá-lo torna-se um desafio, pois, para conseguir um bom haicai, o haicaísta precisa estar inteiramente ligado com a natureza e as modificações a sua volta. Uma das maiores escritora de haicai do Brasil, Teruko Oda, é autora de poemas maravilhosos; por meio de seus poemas, ela nos ensina a sentir a natureza e olhá-la com outros olhos. 231 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 CORDEL COMO RECURSO PEDAGÓGICO Daiana Turkot (G), Luisandro Mendes de Souza (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação, PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras Chave: Língua Portuguesa; Cordel; Produção Textual. Resumo: Esse trabalho tem como intuito incentivar o uso da poesia de cordel em sala de aula, pois a veiculação nas escolas pode representar um passo importante para o reconhecimento e resgate desse tipo de literatura e dar à nova geração a oportunidade de apreciá-la. Muito se fala em alternativas pedagógicas Os para a melhoria das aulas de Língua Portuguesa e esforços dos professores para adaptar metodologias de ensino com conteúdos. A poesia de cordel pode ser uma dessas alternativas, posto que ela está intrinsecamente ligada com a interdisciplinaridade, pois acomete múltiplos temas tornando-se uma nova forma de abordagem de ensino. Como recurso didático o cordel possibilita ao aluno ver de diferentes modos a cultura e a sociedade, pode contribuir em várias áreas da aprendizagem, traz para os alunos um conceito diferenciado de poesia, sendo que a mesma utiliza-se de uma linguagem simples, agradável, coloquial, refletindo em seus versos o discurso dos sertanejos. Pode vir a ser um recurso para sair um pouco do automatismo dos livros didáticos, favorecendo a competência comunicativa dos alunos, bem como auxilia nas tarefas de leitura, produção textual, conteúdo gramatical (de forma contextualizada), abre espaço para debates, podendo ser o preconceito linguístico o alvo dos mesmos. Há muitos projetos envolvendo o cordel como ferramenta de alfabetização, como o projeto de Arievaldo Viana (2006) “Acorda Cordel na Sala de Aula”, o qual tem a intenção de despertar o gosto pelo cordel levando a parte lúdica do mesmo, discutindo o cotidiano do país através dos versos rimados. Assim como Arievaldo Viana e tantos outros educadores devemos acreditar, fazer e ver acontecer a educação através do lúdico, da arte, do diferente, da poesia, e porque não da literatura de cordel? 232 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O DESCENTRAMENTO DO SUJEITO NA POÉTICA DE HILDA HILST Daniela Stecki (G), Josoel Kovalski (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras Português / Inglês. Palavras Chave: Poesia, Modernidade, Descentramento. Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo investigar o processo de descentramento do sujeito na escritura de Hilda Hilst. Para tanto, foram estudadas as condições políticas, sociais e culturais emergentes da sociedade que desencadearam aos poetas a despersonalização do ato de ‘poetar’, período este em que a poesia não surge de uma inspiração, mas é construção. Faremos de antemão um esboço da condição do sujeito na Modernidade, com a qual a lírica se deparou, e não se intimidou, ao contrário, fez-se valer por si própria; condizendo com o retorno de antigos valores, que passam a ganhar novos preceitos no que concerne com a volta às origens da Literatura, na materialidade das formas, caracterizadoras do período pós anos 50 no Brasil. Nessa perspectiva, indaga-se Hilda Hilst, que interioriza em sua poética a feminilidade e o descontentamento do ‘ser’ em relação ao outro e ao mundo, exaltando o direito do gênero de se expressar bem como as peripécias sexuais e eróticas, assim como o lado mais perspicaz da mulher, numa sociedade que há muito vem se tornando cada vez mais feminina (relembrando as experiências e as transformações advindas do Feminismo, as lutas globalizantes, a generalização dos sexos e os problemas inertes do gênero). Neste aspecto é que encontraremos o descentramento da mulher, antes nota de rodapé, que na especulação do sujeito poético hilstiano passa a integrar de maneira significativa, alcançando o eu – lírico, seus anseios, ou seja, desejo de vida e gozo e morte, na construção poética. 233 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O EXISTENCIALISMO NA OBRA “UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES” DE CLARICE LISPECTOR. Endiane Konheriski (G), Samon Noyama (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras Chave: Clarice Lispector, Existencialismo, Aprendizagem. Resumo: Clarice, em “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres”, nos apresenta Lóri e Ulisses. Lóri, professora primária de família abastada que saiu do interior para dar aula na cidade. E Ulisses, professor universitário de filosofia. Ambos conhecem-se e travam um romance. Porém, Ulisses apenas aceitará Lóri definitivamente em sua vida quando ela aceitar-se primeiro. Durante a obra, Lóri, na tentativa de conquistar Ulisses, terá que conquistar-se antes. Objetivo esse explicitamente dificultoso, pois Lóri deverá deixar de se esconder atrás daquilo que pensa ser, e procurar no seu mais íntimo eu, aquela que há muito deixou ou que nunca soube que existira. A Loreley que não tem medo de sofrer e muito menos de ser feliz. Ulisses, por sua parte, incita a professora que viver é muito bom e bonito. Que ela deverá aprender a aceitar-se e gostar-se, pois tem muito que oferecer ao mundo. Que ela, como ele, são tão grandes como tudo o que vivem e vêem. Quando Lóri passa pela aprendizagem, começa a descobrir os prazeres de ser e aproveitar esses momentos, momentos na presença de Ulisses ou sem ele. E mesmo que Ulisses tenha sido o precursor da aprendizagem é Lóri quem dará continuidade até chegar ao prazer que é descobrir-se e aceitar-se para daí então ambos, juntos, continuarem a aprender. Este trabalho tem por objetivo tentar desvendar o que é está aprendizagem e quais são os caminhos percorridos por Lóri até chegar à plenitude do real conhecimento do que é ser. Suas dificuldades e sofrimentos e por fim o prazer de conseguir alcançar o seu mais íntimo eu. Através de toda a arte poética e realista encontrada na obra de Clarice Lispector. 234 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO NA ATUALIDADE Eva Simone Zimolong (G), Ana Paula Such (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras Palavras Chave: Leitor e a interação com o texto, O Romantismo no Brasil, Renato Russo, Álvares de Azevedo. Resumo: Este trabalho trata primeiramente de uma pequena análise sobre a leitura, mais especificamente como se dá essa relação entre texto e leitor. Em seguida, é exposto um pequeno panorama do contexto histórico do Romantismo no Brasil, as gerações românticas juntamente com seus poetas que tiveram maior destaque. É dada ênfase um pouco maior ao estudo sobre suas características mais marcantes, como evasão (no tempo e no espaço), nacionalismo, indianismo, mal – do – século e a poesia social. Como este trabalho trata de analisar as características da poesia romântica na atualidade, abordaremos um pouco sobre a vida de Renato Russo, cujas canções serão nosso objeto de análise. Também serão expostas algumas informações relevantes sobre a vida de Álvares de Azevedo, que muito tem de parecida com Renato Russo. Para finalizar o trabalho serão feitas análises de algumas músicas de Renato Russo, sobre ótica de um Romantismo repaginado, ou seja, um Neo - romantismo. 235 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 POESIA INFANTO-JUVENIL Jaiane Aparecida Colaço Silveira Bughay (G), Ana Paula Such (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras Palavras Chave: Leitura, infância, literatura e poesia. Resumo: Este trabalho terá por objetivo refletir sobre a Poesia Infantil. Inicialmente, será abordada a questão da leitura, fazendo assim alguns apontamentos sobre a importância da mesma, isso com o objetivo de mostrar que a Leitura sempre é a base de tudo. Depois será falado sobre Literatura Infantil, mostrando que está diretamente ligada com o surgimento da ideia de infância, que começa apenas a partir da Idade Moderna onde, só então, é vista uma diferenciação entre adulto e criança, explicando de forma objetiva o seu surgimento até os dias atuais. Por fim, após a apresentação dos temas citados anteriormente, falarei sobre a Poesia Infantil, que é o foco principal desse trabalho. Será feito um panorama do surgimento da poesia, pois, para falarmos sobre a poesia infantil, é necessário entendermos o seu surgimento, juntamente com a compreensão de como se dá o início da Literatura Infantil. E por último falarei sobre três principais autores da Poesia Infantil, sendo eles: Sérgio Camparelli, José Paulo Paes e Roseana Murray, como forma de exemplificar as características presentes na poesia infantil na atualidade e que esta se faz um rico material motivador na formação do leitor. 236 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 POESIA NA VOZ E NO SOM: PRODUÇÃO CANCIONAL DE PAULO LEMINSKI Jaqueline de Fátima Naizer (G), Caio Ricardo Bona Moreira (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras Palavras Chave: Paulo Leminski, Poesia, Canção. Resumo: Este trabalho envereda-se pelo viés poético presente nas canções compostas pelo escritor paranaense Paulo Leminski. A partir de um estudo de sua vida e obra, bem como do contexto social no qual o poeta estava inserido, pretendemos discutir as afinidades eletivas que foram responsáveis por uma aproximação entre as produções literária e musical no Brasil dos anos 70 e 80. Intentamos refinar o olhar sobre o trabalho de Leminski como cancionista, buscando compreender o porquê trilhou com intensidade os caminhos da música popular. Nosso objetivo também é desenvolver a possibilidade de se pensar a canção como morada da palavra poética. Por potencializar as dimensões do imaginário, atravessando as forças defensivas da consciência da linguagem, a canção pode ser um instrumento eficiente no estudo da poesia, deslocando o conceito de literatura em sua forma canônica e aderindo, assim, a outro suporte de difusão do texto poético, a fim de contemplar os diferentes objetos da arte da palavra. Nossa pesquisa se valeu de teorizações acerca do conceito de poesia e canção, suas imbricações e valorização nos tempos anteriores, fundamentando-se em Ezra Pound, José Miguel Wisnik, Luiz Tatit e na fortuna crítica do tema pesquisado. 237 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A PERSONIFICAÇÃO NAS FÁBULAS Joana Luiza Wohl (G), Josoel Kovalski (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras Chave: Fábula, personagem, personificação Resumo: O presente trabalho versará sobre a personificação ocorrida nas fábulas ao longo dos tempos. Como sabemos, a fábula é um gênero textual muito antigo, praticado na Grécia Antiga e tinha a finalidade principal de ensinar. Era transmitida oralmente e seu principal orador foi Esopo, que segundo as lendas, era um escravo grego que contava histórias ao povo. A fábula é um tipo de narrativa figurada, pois nela aparecem diversos tipos de personagens que personificados, ou seja, adotando características humanas tentam assemelhar-se aos humanos para assim passar um ensinamento a ser adotado. Para falarmos dos personagens adotaremos alguns traços da psicologia de Jung, que divide os tipos psicológicos em dois: os introvertidos e os extrovertidos. Sendo assim, buscaremos transpor algumas barreiras e mostrar também que a fábula é um gênero no qual se ensina e se aprende. 238 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 LITERATURA E HISTÓRIA: A POESIA BRASILEIRA Juciane Roberti (G), Josoel Kovalski (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras Chave: Literatura, Poesia, História. Resumo: A literatura e sua história em nossas terras revela o caráter iconoclasta de algumas manifestações esparsas e isoladas, mas que se somadas propiciam uma reflexão acerca de seu caráter funcional: o de se fazer também em épocas de repressão a voz de muitos. Apreciar a história de nossa poesia é também refletir os acontecimentos sociais nos quais ela foi gerada. A poesia brasileira ganhou uma renovação temática a partir do movimento modernista, o qual possibilitou uma nova gama de debates sofre o papel da literatura e sua possibilidade de inserção na esfera social. Assim, com o passar das décadas depois da Semana de Arte Moderna a poesia operou como ferramenta de resistência e denúncia dos desmandos políticos, posto que adquire cada vez mais uma ressonância não só estética, mas também de caráter engajado. O debate acerca da arte foi propiciado pelos modernistas da semana de 22 e seus resquícios geraram um desdobramento refletido no Tropicalismo, na Poesia Marginal e formas outras de combate à repressão que, revelando as motivações históricas e estéticas subjacentes ao fazer poético, tematizaram de maneira crítica, ainda que não raro veladas, os fatos políticos, sociais e econômicos de nosso país. Nosso objetivo com o presente trabalho é pensar a trajetória da poesia no Brasil e os fatores que a possibilitaram ser usada como voz artística representativa da não aceitação de atitudes impostas, mostrando que a arte, em diversas manifestações, é usada não somente como fruição, mas também como representação do pensamento daqueles que as vozes geralmente não podiam se fazer ouvidas. 239 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 OS CONTOS DE FADAS DOS IRMÃOS GRIMM E RELEITURAS CONTEMPORÂNEAS Juliana Maria Filippi (PG), Sandra Konell (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras Chave: Contos Clássicos e releituras Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo estudar os contos dos Grimm dentro do contexto histórico, fazendo um percurso desde o nascimento dos contos de fadas e sua evolução através dos tempos, e analisando às releituras que surgiram ao longo da história. A presente pesquisa também aborda a seguinte questão: Por que os contos de Fadas atravessaram séculos sem perder a essência e ainda são base para inúmeras releituras entre os quais podemos citar livros, filmes, contos etc. Analisando todos estes temas temos como resultado a importância dos contos na alfabetização e, portanto, para o desenvolvimento intelectual da criança, buscando ir além da simples ideia de desenvolver a imaginação, mas abordando os benefícios que os contos de fadas podem proporcionar a criança no processo de ensino aprendizagem. 240 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 MOACYR SCLIAR: A NARRATIVA INSÓLITA NAS CRÔNICAS E CONTOS Lidiane Bobrovicz (PG), Níncia Cecília Ribas Borges Teixeira (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras Chave: Literatura, crônica, conto, Moacyr Scliar. Resumo: A obra de Moacyr Scliar transforma a ficção num espaço privilegiado para a reflexão sobre os aspectos culturais, religiosos e literários da vida humana. A pesquisa analisa as principais características das obras de Moacyr Scliar em especial, em suas crônicas e contos. Moacyr Scliar utiliza-se desses dois grandes gêneros narrativos para explorar em suas obras o incomum e o fantástico, produzindo um final enigmático ou absurdo para suas narrativas. Suas obras possuem acontecimentos impossíveis ou sobrenaturais, fora do comum, e a maneira estranha pela qual são apresentadas mostram a outra face das coisas, acontecimentos ou pessoas. Seus personagens não possuem denominação, pratica o chamado “humor-judeu” que se situa a meio caminho entre o desespero e a ironia. 241 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O HUMOR NAS CRÔNICAS DE LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO Marcela Wengerkiewicz(G), Ana Paula Such (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras Palavras Chave: Crônica, Humor, Luís Fernando Veríssimo. Resumo: O presente trabalho pretende analisar o humor em algumas crônicas selecionadas de Luís Fernando Veríssimo. Para tanto, buscou-se retratar a variedade e a dinamicidade que existem entre os gêneros textuais na atualidade, e como o ensino destes, centrado no uso e compreensão da linguagem, pode influenciar no desenvolvimento das habilidades lingüísticas do alunado. Vale lembrar que os gêneros textuais são produtos da interação humana da sociedade da época. Sob esta perspectiva, foi mostrada a origem e evolução do gênero crônica, seus principais autores, sua presença no Brasil, principalmente a partir do século XIX, suas características, posto que este é um gênero que representa a fluidez da vida e das relações humanas, relatando os mais diversos assuntos do cotidiano de uma sociedade, desde os mais simplórios acontecimentos, sendo, assim, um texto com inúmeras possibilidades significativas e temáticas. Ressalta-se que o gênero pode ser considerado como um traço exclusivo da literatura nacional, pois no Brasil ele deixou de ter apenas o sentido de verificação de fatos históricos para atingir a abrangência literária e a especificidade de estilo que tem até hoje. Para esta pesquisa, evidencia-se que o humor é um elemento recorrente nas crônicas de Luís Fernando Veríssimo, independentemente da temática abordada pelo autor, pois ele registra os acontecimentos da sociedade brasileira, dando-lhes uma visão crítica, mesmo que sutil e não explícita, mas sempre com bom humor. Então, analisa-se a construção do efeito humorístico, tanto em níveis lingüísticos quanto contextuais. Busca-se, bem como, apresentar um estudo das crônicas selecionadas do citado autor, haja vista que são obras que abordam temas sociais diversos, observados sob o olhar do humor e da crítica social, os quais Luís Fernando Veríssimo utiliza com maestria. Além de apresentarem uma construção lingüística e temática apropriadas para se inserir a crônica como conteúdo didático nas salas de aula. 242 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 LEITURA: UMA QUESTÃO FAMILIAR Marília Aparecida de Paula Kormann (PG), Josoel Kovaslki(PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras. Palavras Chave: Leitura, Incentivo, hábito. Resumo: A leitura é de suma importância para o desenvolvimento do ser humano e consequentemente do país. Apesar disso, ela é um dos maiores desafios da educação. Muitos são os comentários que os alunos não gostam de ler, que não sabem interpretar, etc. Também é comum ouvirmos que o hábito da leitura tem de vir de casa. Mas neste caso, o que se tem feito para que isso aconteça? O presente trabalho trata do incentivo à leitura, ressaltando o papel da escola e principalmente a importância dos pais no processo da leitura. Baseando-se na obra “Como um romance” de Daniel Pennac que consiste em dizer que “os melhores pedagogos que uma criança pode ter são os pais”, parte-se do pressuposto de que a leitura é um hábito que deve ser adquirido e não imposto, e deve vir do berço, pois na escola soa como uma imposição. O papel da escola seria dar continuidade a esse hábito, incentivando os alunos a ler cada vez mais. Nosso trabalho sugere que a escola deve focar a raiz do problema, ou seja, conscientizar os pais do seu papel como educadores dos seus próprios filhos. Para que esses alunos já cheguem à escola com esse hábito adquirido, que aprendam a gostar de ler pelo exemplo, a participação da família juntamente com a escola se torna indispensável. Quem sabe se os pais perceberem a importância e os benefícios que a leitura pode trazer para o desenvolvimento dos seus filhos, eles não apenas os incentivarão como também passarão a ler, servindo assim de exemplo para os filhos. 243 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 VAMPIROS: A DESCONSTRUÇÃO DE UMA PERSONAGEM Sabrina Pedroli (G), Josoel Kovalski (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras Português/ Inglês. Palavras Chave: Cultura, Interculturalidade e diversidade. Resumo: Este trabalho enfoca o mito vampiro em suas possibilidades várias de apreciação, não sem antes estabelecer algumas noções históricas sobre as caracterizações que o folclore e a literatura fizeram, bem como salientar vieses interpretativos sobre como essas personagens se estruturam e em nosso imaginário permaneceram. Para isso, retomamos sua origem, a que se deve sua existência, seus conceitos e sua função dentro do gênero por excelência, o romance. Após a obra Drácula, do escritor Bram Stoker, publicada em 1897, de uma sanguessuga com poderes sobre-humanos e que habita num imenso e aterrorizante castelo na Transilvânia, os vampiros atingiram o gosto dos leitores, ganhando várias versões em toda mídia. O escritor irlandês popularizou o personagem. Os cineastas tiveram grande colaboração para os diversos mitos atualmente existentes sobre os vampiros, dando ênfase ao personagem muitas vezes a partir de livros sobre esses seres sobrenaturais, além de já ter lançamento em gibis, seriados e novelas televisivas. A partir do lançamento do filme da série Crepúsculo (2008) da autora americana Stephenie Meyer, a divulgação de seus livros sobre essas criaturas da mitologia mundial que remetem a uma tradição milenar atuando nas mais diversas culturas. Nosso objetivo com esse trabalho é considerar a reconstrução de um mito pelo viés romanesco da obra de Meyer, concebida em primeira mão pelo autor Bram Stoker no livro Drácula, sobre aquele vampiro tradicional, buscando um vampiro corrompido nas culturas de várias gerações, sobre essas criaturas que assombram e fascinam nosso imaginário desde os primórdios. 244 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 EU LEIO, TU LÊS, ELE LÊ? POR QUE TEMOS TANTOS NÃO LEITORES EM SALA DE AULA? Simone Luiza Kovalczuk (G), Caio Ricardo Bona Moreira (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Letras Português/Inglês. Palavras Chave: Literatura, Leitores, Escola. Resumo: O presente trabalho visa a promover uma reflexão sobre o problema da ausência de leitores em sala de aula. A escola, lugar que pressupomos ser o alicerce básico da formação de leitores, infelizmente, não vem conseguindo alcançar o seu objetivo principal em relação ao processo de letramento literário. Tendo em vista a questão da formação de leitores, abordaremos a trajetória pela qual passa o jovem, das primeiras experiências com o mundo encantado da literatura - que lhe chegam ainda no ambiente familiar -, até o seu ingresso na escola, momento em que, muitas vezes, o educando começa a perder o interesse que nutria pelas histórias literárias. Por que tal fato se desencadeia justamente quando o aluno deveria aproximar-se mais da literatura? Evidenciaremos a questão da leitura imposta nas aulas de Língua Portuguesa, responsável por fazer da literatura algo não cativante. Procuraremos demonstrar sugestões de como podemos reverter, pelo menos em parte, esse quadro sinistro que envolve o trabalho com textos literários em sala de aula. O referencial teórico é oriundo de uma pesquisa calcada na realidade que constatamos na prática escolar, sendo que também fizemos uso das colocações de Daniel Pennac, Marisa Lajolo, Jânia Martins Ramos e Umberto Eco. 245 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Artigos Os artigos publicados nestes anais foram escolhidos pela Comissão Científica desta seção. O conteúdo e resultados são de inteira responsabilidade dos autores. CORDEL COMO RECURSO PEDAGÓGICO Daiana TURKOT* RESUMO: Muito se fala em alternativas para a melhoria das aulas de Língua Portuguesa e esforços dos professores para adaptar metodologias de ensino com conteúdos. A poesia de cordel pode ser uma dessas alternativas, posto que está engajada a interdisciplinaridade, acometendo múltiplos temas tornando-se uma nova forma de abordagem de ensino. Como recurso didático o cordel possibilita ao aluno ver de diferentes modos a cultura, a sociedade, contribui em várias áreas da aprendizagem, traz para os alunos um conceito diferenciado de poesia, utiliza-se de uma linguagem simples, refletindo em seus versos o discurso dos sertanejos. Possibilita uma fuga do automatismo dos livros didáticos, favorecendo a competência comunicativa dos alunos, bem como auxilia nas tarefas de leitura, produção textual, conteúdo gramatical, abrindo espaço para debates. Assim como muitos educadores já fazem, devemos acreditar, na educação através do lúdico, da arte, do diferente, da poesia, e porque não da literatura de cordel? Palavras chaves: Cordel, Recurso Didático, Língua Portuguesa. 1 INTRODUÇÃO Este artigo tem como intuito instigar o uso da Literatura de Cordel nas salas de aula como instrumento de aprendizado, levando em consideração as múltiplas vantagens de se trabalhar com este tipo de arte no ambiente escolar. Tendo em vista um ensino contextualizado e interdisciplinar, podemos através do cordel trabalhar aspectos históricos, políticos e econômicos da sociedade, aguçando * Acadêmica do 3º ano do curso de Letras: Português/Espanhol da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras. 246 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 o senso crítico, a imaginação e a criatividade dos alunos. Tal literatura reflete satisfatoriamente a questão das variedades linguísticas, que em meio a um país tão grande são muitas, tanto em questão de vocabulário, regionalismos, modos diferentes de escrever determinadas palavras, a qual não devemos julgar como erro, mas como algo instigante que leve os indivíduos a saberem o porquê é diferente, o que estimula um trabalho voltado ao preconceito linguístico. Além de podermos desenvolver todas as atividades que os currículos escolares prescrevem como produção textual, leitura, a oralidade, um trabalho contextualizado com a gramática, com os gêneros textuais, consiste também em uma fuga da automatização dos livros escolares, aumentando o conhecimento de mundo dos indivíduos, criando condições para que entendam a intertextualidade, muito corriqueira no cordel, o folclore, as lendas, os costumes do nosso povo. Dando subsídios para que os alunos conheçam figuras importantes da nossa cultura como Patativa do Assaré, Luís Gonzaga, Leandro Gomes de Barros, o grupo Cordel do Fogo Encantado e muitos outros. Cordel é liberdade, criatividade, basta termos um pouquinho de cada um para um bom e eficaz trabalho ser desenvolvido em sala de aula. Este artigo está organizado em duas partes: começo por falar sobre meu objeto de estudo, o cordel, bem como suas especificidades, características, e em seguida apresento-o como um valioso recurso a ser usado em sala de aula. 2 CORDEL A poesia popular, enquanto literatura oral, já existe há mais de 3.500 anos, sua origem está ligada ao canto; que era usado para expressar as questões que mais inquietam o homem: amor, trabalho, as festas populares, e outros. As letras das músicas teriam que ser fáceis de memorizar, por isso geralmente eram usadas as rimas. Os habitantes da Grécia antiga já a usavam em rituais, como forma de entretenimento e como método de ensino, sendo que o último começava pela poesia, por ser o meio mais fácil de guardar na memória o conhecimento por sua forma melopédica, rimada. Assim o povo grego conseguia conservar décor os cantos dos rapsodos. Quanto ao surgimento da poesia de cordel, Cruz (2011, p.1) afirma: 247 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O aparecimento da literatura de cordel está ligado à divulgação de histórias tradicionais, como muitos autores brasileiros citam as ―histórias de Trancoso ou Troncoso‖, narrativas de velhas épocas, que a memória popular conservava transmitindo-as nos domingos, feriados e dias de festas. Uma data precisa não se tem. Poderia sugerir como base o período do trovadorismo, na Idade Média, por volta dos séculos 11 e 12, uma vez que, segundo alguns estudiosos do assunto, ele foi a matriz das pelejas e cordéis escritos até nos dias de hoje. A origem da poesia popular no Brasil surgiu na época da conquista, quando os primeiros missionários jesuítas vieram para o país ensinar a doutrina cristã para os indígenas através do verso. Então ela se tornou a figura central na formação social e cultural da nossa sociedade. Do romanceiro popular português originou-se a literatura de cordel que começou a ser divulgada nos séculos XVI e XVII no Brasil, trazida pelos colonos portugueses cuja venda era privilégio dos cegos, pois Dom João V, em 1789, permitiu à Irmandade dos Homens Cegos de Lisboa negociar com esse tipo de publicação. Entretanto, esse privilégio se estendeu a outros vendedores, que podem ser comparados aos camelôs atuais. O cordel é uma manifestação cultural, em que por meio da escrita são repassadas as cantigas, o folclore, histórias de um povo, poemas, pelo próprio povo. Ela aparece sendo transmitida de geração a geração. Este tipo de manifestação se deu principalmente na região nordeste do Brasil, onde encontrou um ambiente ideal por dois motivos: primeiro as condições étnicas, segundo, o próprio ambiente social que fornecia condições propícias para o surgimento dessa forma de comunicação literária. Os fatores de formação social que contribuíram para isso são: [...] a organização da sociedade patriarcal, o surgimento de manifestações messiânicas, o aparecimento de bandos de cangaceiros ou bandidos, as secas periódicas provocando desequilíbrios econômicos e sociais, as lutas de família deram oportunidade, entre outros fatores, para que se verificasse o surgimento de grupos de cantadores como instrumentos do pensamento coletivo, das manifestações da memória popular. (DIÉGUES JR, 1977, p.6) Outros centros divulgadores desses folhetos, além da região nordeste foram São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Goiás e Belém do Pará. Isso se deu em grande 248 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 parte devido à própria condição do homem sertanejo em migrar para outras regiões em busca de condições melhores de vida, levando em sua bagagem a literatura de cordel. O termo literatura de cordel teve origem em Portugal, onde este tipo de poesia popular também era chamado de folhas volantes. Recebeu a denominação cordel pelos livretos da poesia serem expostos em barbantes para serem vendidos. Estes folhetos que são a forma tradicional de impressão são ilustrados com o processo de xilogravura, que é a arte de gravar em madeira, uma técnica de reprodução de cópias, mas também são utilizados desenhos e clichês zincografados. Porém o cordel por nós recebido não é exclusivamente lusitano, há alguns traços de origem espanhola. Mas é de Portugal, que herdamos toda sua carga temática, tradicional e popular que foi se modificando conforme a história do próprio país e do povo. Em cada país em que esta manifestação marca presença aparece com nomes diferentes. Como exemplos temos o corrido encontrado no México, na Argentina, na Nicarágua ou no Peru. Também no México, encontra-se o contrapunto, uma espécie de disputa entre dois poetas ou cantadores. As hajas ou pliegos sueltos são as denominações mais comuns para a poesia popular da Argentina. Na França é chamada de littérature de colportage, na Espanha pliegos sueltos. Isto nos permite concluir que a poesia popular se tornou universal, se espalhando por muitos lugares. Esse gênero foi um dos meios de comunicação mais utilizados no interior do nordeste brasileiro, ela era o jornal, o rádio, a televisão, ou seja, era um instrumento que interligava homem com os acontecimentos do mundo, servindo de ferramenta de educação e informação. Cruz (2011, p.1) afirma que: Essa literatura contribui para a simbologia do poeta popular em legitimar os acontecimentos que o nordestino comum tem ―dificuldade‖ em absorver. Não é raro ouvir relatos onde a população só passa a acreditar em determinados fatos quando estes são interpretados pela literatura de cordel. A literatura de cordel divulgava os acontecimentos para a população, numa época em que os meios de comunicação modernos eram de difícil acesso assim: Tornava-se o folheto o elemento mais expressivo para que os acontecimentos chegassem aos conhecimentos de todos, lidos nos mercados, nas feiras, nos 249 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 serões familiares, em parte como ainda hoje sucede (DIÉGUES JR, 1977, p. 21). Através dessa literatura popular os ouvintes aprendiam a ler ou então, memorizavam as histórias passando-as adiante. A leitura então era mediada por alguém alfabetizado, sendo que na maioria das vezes, os cordéis eram lidos em voz alta para um grupo, assim pelo fato de não saberem ler, o conhecimento não era adquirido de uma forma tão visual como é hoje, porém os ouvidos eram treinados para o conhecimento ser memorizado, assim apesar dos indivíduos não serem alfabetizados tornavam-se letrados pelo fato de possuírem um conhecimento de mundo imenso através do cordel. Entretanto, com o surgimento do jornal, a literatura de cordel, entrou em declínio, sofrendo uma ameaça em nossos dias pelos novos meios de comunicação como o rádio, a televisão, a internet, entre outros. A primeira fase da poesia de cordel foi totalmente oral, na segunda fase tornouse escrita, ou semiescrita. Os cordelistas recitavam esses versos acompanhados de viola, como também faziam leituras ou declamações animadas para conquistar os compradores, mas com a criação das imprensas particulares mudou-se o sistema de divulgação que também se dava por meio de folhetos. Esta literatura é apresentada em livretos de 15 cm por 11 cm, sendo que um livreto com até oito páginas se chama folheto, de dezesseis páginas a vinte e quatro se chama romance, e de trinta e duas a quarenta e oito páginas se chama estórias. O nome do autor vem na primeira página ou na última estrofe do poema. Também pode vir em um acróstico no último verso da sextilha final. O poema começa depois do título e da introdução. Quanto a sua métrica, que pode ser bem variada, pode-se ver a quadra, as sextilhas simples, em setessílabos, o galope ou sextilhas em decassílabo, de rimas simples, o moirão ou trocado, o quadrão em oito ou em dez, a glosa e o gabinete ou martelo agalopado. Devido a ela ter variados temas é dividida em ciclos: ciclo heroico, ciclo histórico, ciclo maravilhoso, ciclo religioso e de moralidade, ciclo de amor e fidelidade, ciclo cômico e satírico, ciclo erótico e ciclo circunstancial. O poeta oral ou cantador está sempre nas manifestações populares, sua poesia é improvisada, sendo fascinante por causa da linguagem com muitas deficiências, ele é um apoderador de informações, que coloca em suas obras fazendo assim a aproximação da fala literária com a popular. 250 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 No Nordeste, encontramos dois tipos de poesia: a tradicional que está na memória dos cantadores, que se denominada obra feita, o improvisado que se trata de versos feitos no momento em face de um determinado assunto. Normalmente, a obra feita consiste em versos de literatura já escrita e quase sempre se perde a autoria, sendo repetidos por vários cantadores. Atualmente os linguistas demonstram interesse nessa literatura, pois procuram respostas, explicações para muitos fenômenos linguísticos existentes nestas obras literárias. Escritos em uma linguagem simples, há uma transposição da oralidade para a escrita. Há muitas marcas da linguagem falada que se apresentam no léxico, nas alterações fonéticas, nas vacilações ortográficas e na sintaxe. Porém folcloristas, sociólogos, antropólogos e historiadores também procuram tirar proveito de tais obras. Como diz Santana (2011, p.3): A combinação de utilizações da oralidade da forma impressa e de forma declamada pelos folheteiros possibilitou o acesso e a admiração da Literatura de Cordel não só pela massa semi-analfabeta ou analfabeta, como também pelos estudiosos que participam de congressos, palestras e se interessam pela realização desses estudos, pois reconhecem a riqueza existente nos folhetos e a cultura que não pode ficar à margem. Mas a tecnologia ajudou a sucumbir este tipo de poesia, sofrendo hoje dos males do esquecimento e do abandono. Ter o cordel vivo na nossa cultura, através da veiculação nas escolas pode representar um passo importante para o reconhecimento e resgate desse tipo de literatura e dar à nova geração a oportunidade de apreciá-la. É ter um contato com o passado, com o saber popular, numa linguagem simples e de fácil compreensão. Seria esse um passo para manter viva não só literatura, mas a história, sendo que às vezes ambas se intercalam. 3 CORDEL COMO RECURSO PEDAGÓGICO Muito se fala em alternativas pedagógicas para se encontrar soluções para a melhoria das aulas e esforços dos professores para adaptar metodologias de ensino com conteúdos, a poesia de cordel pode ser uma dessas alternativas posto que ela esteja intrinsecamente ligada com a interdisciplinaridade, visto que acomete múltiplos temas 251 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 tornando-se uma nova forma de abordagem de ensino. Como recurso didático o cordel possibilita o aluno a ver de diferentes modos a cultura e a sociedade, pois esse tipo de literatura constrói um conhecimento associado à realidade, trazendo um discurso carregado de historicidade, resultado da relação entre o ser humano e seu tempo. Além do mais, este tipo de literatura pode contribuir em várias áreas da aprendizagem, como a produção textual e a leitura. da Silva (2010, p.10) afirma que: [...] esse tipo de literatura consiste num recurso valiosíssimo para se trabalhar a leitura engajada na realidade, já que ela estabelece um diálogo entre os mais diversos conteúdos escolares e o cotidiano. Isso fará com que o aluno analise, avalie, contradiga as mais diversas informações com que se depara e, por conseguinte, se posicione criticamente face ao que lê. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Língua Portuguesa (BRASIL, 1997) veem o cordel como um gênero adequado para o trabalho com a linguagem escrita e também alerta para a necessidade de ter este tipo de gênero nas bibliotecas das escolas, à disposição dos alunos. O cordel também serve de espaço para a socialização e cidadania, traz aos alunos um conceito diferenciado de poesia, fazendo despertar entre as pessoas o gosto pela literatura. A compreensão das poesias é facilitada por ser uma linguagem simples e agradável, despertando no aluno a criatividade poética, fazendo com que os mesmos tenham contato com a linguagem rica em rimas e versos. Para Soares (2006, p.11): A Literatura de cordel tem algumas especificidades na construção das narrativas que favorecem ao aluno um diálogo mais livre com sua imaginação, gerando antecipações, expectativas e inferências no desenrolar da história ou a proposta de complementações do texto pelos autores. É um texto rico em possibilidades linguísticas e culturais que levam o aluno a crescer na sua capacidade interpretativa e aumenta a oportunidade de identificação com a cultura local, questão tão esquecida pelas escolas brasileiras. Ele pode vir a ser um recurso para sair um pouco do automatismo dos livros didáticos, trazendo uma melhoria na qualidade das aulas. Além disso, o trabalho com o cordel pode vir a favorecer a expressão verbal e oral dos alunos, permitindo que os 252 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 mesmos desenvolvam a sua competência comunicativa. Mas ele ainda não é muito utilizado nas escolas. Os alunos muitas vezes têm aversão à poesia por crerem que ela é apenas algo de cunho sentimental, de difícil construção, por ser algo mais formal. Mas ao contrário do que pensam, ela é cultura popular, relata fatos da vida como ela realmente é. Sua produção é simples, não requer tantas formalidades, é necessário apenas ter espontaneidade, clareza no assunto, saber entrelaçar os fatos de modo a formar um todo. Um bom verso de cordel é aquele que junta os três passos em uma única história. O cordel alcança a todas as classes sociais, integra conhecimentos, faltando apenas reconhecimento e valorização. Na escola, o aluno seria estimulado a ler, compor, conhecer as rimas, os tipos de versos, poderiam ser abertas discussões sobre preconceito linguístico, sobre letramento e alfabetização, o aluno estaria propício a um desenvolvimento artístico e crítico visto que ela é também cristalizadora dos ideais, aspirações e sentimentos coletivos, é uma forma de incentivo no ensino da literatura, e serve como recurso nas aulas de português para alertar sobre a necessidade de primar por normas ortográficas e gramaticais corretas, posto que uma proposta de atividade pudesse ser reescrever os cordéis na forma culta/padrão, porém não fazendo desta atividade algo que aumente o preconceito pelo popular, mas que o faça reconhecer as variedades de registros. O Cordel é um exercício de liberdade, ele incita o aluno a estar aberto a reflexões, a compreender valores, e a conhecer os imprevistos da nossa língua, não os tendo como errados, apenas como mais uma peculiaridade de cada região do nosso país, pois tem em sua estrutura discursiva uma linguagem coloquial com traços fortes da oralidade, sendo que foi difundida a princípio pela sua forma oral e depois impressa, posto que em sala de aula pudessem ser abertas discussões sobre preconceito linguístico, norma culta e coloquial, sobre os mitos da linguagem de que há uma única forma certa de falar, sendo esta a que a norma culta prescreve, ou de que a escrita é o espelho da fala. Pilotto (2011, p.1) do Projeto Cordel I, fala da importância de se trabalhar com o cordel em sala de aula: Ao propor este trabalho para os alunos em sala de aula, estaremos oferecendo um leque de recursos que os ajudarão em várias carências de aprendizagem, como a produção textual, a leitura, a escrita, a linguagem não verbal (na análise da xilogravura), apreciação artístico-literária e um universo para a socialização e cidadania, principalmente, no campo da Literatura. É um 253 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 campo de estudo pedagógico onde os professores terão subsídios – didáticos para trabalhar vários tipos de conteúdos, pois estes podem ser adotados aos objetivos que forem traçados. Ao mesmo tempo é uma oportunidade para que este ramo da literatura popular tenha uma chance de aceitação e valorização; fazendo despertar entre as pessoas o gosto pela preservação dos nossos artistas e da cultura nordestina nas escolas. O hábito de ler cotidianamente o cordel fez surgir no Nordeste poetas de expressão como Patativa do Assaré, a música de Luiz Gonzaga, e vários outros. Pois como diz Cruz (2011, p.1): Num mundo tão conturbado como o nosso, a literatura, sobretudo a de cordel, é o espaço da criação, da liberdade de pensar, retirando a criatura da escravidão de pensamentos, da passividade própria de uma sociedade dominadora. Leva a desenvolver a criatividade humana e a refletir sobre o indivíduo e a sociedade. A literatura de cordel traz um ensino contextualizado, auxilia no letramento, levando em conta que letramento é, como diz Soares (1998, p.18): ―O estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita‖. Ou seja, letrar é ensinar a ler e escrever de modo que os mesmos tenham sentido e façam parte da vida do aluno. Os textos literários em geral, não só as poesias populares, criam um vinculo com o leitor, pois são abertos à participação dos mesmos, alguns autores chamam estas aberturas de lacunas. É como se o texto literário se dirigisse a alguém buscando uma resposta, transformando nossas emoções, ativando nosso intelecto, assim sendo, através do contato com os mesmos, haveria a vontade de dar essa resposta, de continuar a escrever. Uma das características dos textos literários é se sobrepor ao momento histórico. Brandão e Micheletti (1997, p. 23) nos dizem que: O homem cria, pela linguagem, representações exemplares que se tornam obras, discursos clássicos, depositários de uma memória coletiva que vai passando de geração a geração através de re-leituras individuais (aquela a que cada leitor procede solitariamente), ou da que de individual se amplia para a coletividade (quando o leitor expande a sua leitura pela confecção de um novo discurso artístico, em que ecoam reconhecidamente vozes de outras 254 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 obras literárias). Assim, quando lemos um texto literário, ele fica depositado em nossa mente, podendo emergir a qualquer momento, servindo de um modelo comparativo para futuras leituras. O cordel muitas vezes serve de ponte de ligação da poesia popular com a erudita, ou com os contos de fada, ou com textos em prosa e vice-versa, pois nos folhetos muitas vezes encontramos intertextualidade, ou simplesmente são transcritos estes gêneros textuais em folhetos, ou então dos cordéis são feitos tantos outros tipos de textos. Como exemplo, temos o Cordel da Chapéu, o qual se refere a um conto infantil intitulado ―Chapeuzinho Vermelho‖ transformado em um cordel, e A história de Zé Luando, o homem que virou mulher, o qual era um cordel e foi transformado em um texto em prosa. Este tipo de trabalho pode ser realizado em sala como um fator que ativa a criatividade, transformando a tarefa em um desafio para o aluno, o faz adaptar o texto às regras do formato pretendido, lembrando que para fazer um cordel o que conta não são apenas as rimas, mas sim um texto adequado ao tema pretendido, o qual faça sentido. A literatura usa de uma linguagem diferente da do cotidiano, esta linguagem necessita ser mais elaborada, melhor combinada, com uma amplitude maior de significação, para que dê jus a sua característica de ―imortalidade‖, e transcenda seu momento de comunicação. Os textos literários são o que de mais liberal existe, pois podemos nele usar de figuras de linguagem, criar termos novos, revitalizar antigos, mas é claro, sempre seguindo uma lógica. Brandão e Micheletti (1997, p.24) afirmam que: A literatura resiste ao tempo, não se esgota como discurso informativo dos jornais e noticiários, tem um quê de perenidade, parece sempre ter o que dizer ao homem que a procura, permanece na memória à qual o individuo recorre; a linguagem comum serve-nos para nossas necessidades mais imediatas, assim, nossa memória retém, com dificuldade, relatos que não nos prendam por laços mais emotivos. Porém a mentalidade capitalista da nossa sociedade não valoriza essa linguagem mais artística, e sim aquela denotativa, pois é voltada à praticidade. Nas escolas, não é diferente, o ensino se torna apenas decodificação, percepção de sequências, se extrai dos 255 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 textos apenas o que é superficial. O trabalho com poesia apenas serve para preencher vazios, recitação mecanizada, ou então é pedido aos alunos que decorem listas de autores, ou características de obras. Como dizem Brandão e Micheletti (1997, p.26) a poesia é tratada como matéria morta. Ao contrário do que repassam alguns professores, a poesia não é apenas a irrealidade que traz conflitos com a realidade do aluno, esses profissionais ignoram a necessidade de o aluno ter contato com a ficção e o lirismo, eles estão preocupados apenas em depositar conhecimento, e não em ensinar os alunos a transformá-los e adaptá-los à vida. Muitas vezes o professor tem que dar conta dos conteúdos programados, e por falta de tempo ele não consegue desenvolver as atividades complementares com eficácia, ele apenas as repassa aos alunos de forma superficial, sendo que é o que ocorre com o trabalho com poesias. Outras vezes ela não é tratada com seriedade, visto que a veem como algo lúdico apenas e não são relacionadas como algo que possa a vir ajudar no repasse de conteúdos. A escolha das poesias também não ocorre de forma adequada, em muitos casos o professor apenas segue o que tem nos livros didáticos, não condizendo com a realidade do aluno, ou seja, aquela poesia não tem um público leitor adequado, o texto e o conjunto de crenças do leitor se contradizem, não havendo uma interação entre o texto e leitor, fazendo com que o mesmo não consiga reconstruir o quadro referencial através das pistas formais. Em outros casos textos em prosa são apresentados ao aluno como poemas por causa da sua forma disposta na folha, o que leva ao aluno criar um conceito errado de poesia. Isto ocorre por vezes por falta de planejamento das aulas, por haver muito mais professores assalariados, ou seja, aqueles que trabalham apenas visando o salário no final do mês, quando na verdade necessitamos de profissionais engajados com a educação, que sejam professores pesquisadores, que elaborem projetos educativos, planejem suas aulas, que reflitam sobre a prática educativa, analisem o material didático e atualizem-se profissionalmente. Outro fator importante é o professor conhecer seu público alvo, pois o aluno tem que se sentir aceito, seguro, sentir que tem importância naquele ambiente, só assim ele conseguirá ter liberdade de expressão, o que será importante na hora de expressar suas ideias oralmente, criticar, produzir textos, ser espontâneo. 256 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Ao darmos valor ao ensino através também da poesia, estamos ajudando indivíduos (alunos) a construir experiências, e transformar as suas, fazendo-os assim tornarem-se indivíduos mais conscientes. Neto (1996, p. 122) explana o que pensa sobre o trabalho com a poesia: Penso que precisamos valorizar a poesia por ser uma maneira profunda e especial de ler o mundo e também valorizar o ser poético que há em nós, fazedores e leitores de poesia por essência e natureza. Nessa trajetória de lida com a linguagem poética, precisamos nos lembrar dos muitos seres poéticos que ocupam os bancos escolares e que podem estar sendo menosprezados. Cruz (2011, p.1) também defende trabalhos voltados à literatura, ele diz que: [...] cada povo é sujeito, autor e ator de sua história, vivendo, fazendo, entalhando, cantando, pintando, bordando seu tempo, seus anseios e suas crenças, valores e dissabores nas rendas e rimas da vida. Por isso, a despeito de todo desprezo que possa sofrer nas mãos de determinadas políticas educacionais, a literatura deve ser trabalhada de forma livre, criativa e dinamizada, aproveitando seu permanente diálogo com outras artes como a música e o teatro, para favorecer uma crescente aproximação do texto literário com o aluno. Assim como estes, vários outros estudiosos afirmam que é de suma importância um trabalho pedagógico engajado com a literatura e as poesias de cordel. Há muitos projetos envolvendo o cordel como ferramenta de alfabetização, como o projeto de Arievaldo Viana ―Acorda Cordel na Sala de Aula‖, o qual tem a intenção de despertar o gosto pelo cordel levando a parte lúdica do mesmo, discutindo o cotidiano do país através dos versos rimados. Assim como Arievaldo Viana e tantos outros educadores devemos acreditar, fazer e ver acontecer a educação através do lúdico, da arte, do diferente, da poesia, e porque não da literatura de cordel? 4 CONCLUSÃO Cordel é cultura viva, versos que transcendem o tempo, o espaço, os meios em que são divulgados, faltando reconhecimento e valorização, mesmo que muitos educadores 257 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 desenvolvam projetos, que os divulguem, que mostrem os resultados de seus trabalhos, comprovando a vantagem de levá-los para as salas de aula, apesar das inúmeras atividades desenvolvidas em cima do tema, ainda falta muito para que o tenhamos de norte a sul do país. Porém se pensarmos na quantidade de alunos que passam sua vida escolar inteira decorando listas de verbos, lendo fragmentos de textos nos livros didáticos, sem saber se se tratam de poesias, de texto em prosa, de um anúncio, entre outros, alunos que têm seu aprendizado mecanizado, muitos poetas reprimidos suplicando por sua libertação, veremos que não são poucos, e que por isso não devemos desistir de trazer atrativos às aulas de língua materna, os quais conduzam os alunos a refletir, a criar, a ler, imaginar, pensar. REFERÊNCIAS BRANDÃO, H; CHIAPPINNI, L; MICHELETTI, G. Aprender e Ensinar com textos didáticos e paradidáticos. São Paulo: Cortez, 1997. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa. Brasília, 1997. CRUZ, R. Cordel: Patrimônio Da Tradição Oral Escrita. Disponível em: <http://tvwebcultura.com.br/page/?p=1017> Acesso em: 8 de set. de 2011. DIÉGUES JR, Manuel. Literatura de cordel. 2. ed. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1977. NETO, A.G. A produção de textos na escola- uma trajetória da palavra. 4. ed. São Paulo: Loyola, 1996. PILOTTO, C. Projeto cordel. Disponível em: <http://claudiapilotto3.blogspot.com/2011/07/projeto-cordel-e-muito-rica-e.html.> Acesso em 27 de agosto de 2011. SANTANA. B. B. S. Interdisciplinaridade em sala de aula. Disponível em: <http://www.camarabrasileira.com/cordel201.htm> Acesso em: 8 de set. 2011 da SILVA, S. P. Literatura de Cordel Linguagem Cultura e Ensino. Disponível em: <http://www.encontrosdevista.com.br/Artigos/Silvio_Profirio_e_demais_colegas_de_L etras_Literatura_de_Cordel_Linguagem_Cultura_e_Ensino.pdf> 2010. Acesso em: 8 de set de 2011. SOARES, Magda Becker. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: 258 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Autentica, 1998. SOARES, R. M. B. CORDEL: TECENDO SUJEITOS E SABERES. Anais IV Encontro de Pesquisa em Educação da UFPI. Disponível em: <http://www.ufpi.edu.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/eventos/2006.gt4/GT4_2006 _03.pdf>. Acesso em: 7 de junho de 2011. 259 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O DESCENTRAMENTO DO SUJEITO NA POÉTICA DE HILDA HILST Daniela Stecki RESUMO: O artigo propõe investigar o processo de descentramento do sujeito na escritura de Hilda Hilst, a qual interioriza em sua poética a feminilidade e o descontentamento do ‗ser‘ em relação ao outro e ao mundo, exaltando o direito do gênero de se expressar bem como as peripécias sexuais e eróticas, assim como o lado mais perspicaz da mulher, numa sociedade que há muito vem se tornando cada vez mais feminina. Neste aspecto é que encontraremos o descentramento da mulher, antes nota de rodapé, que na especulação do sujeito poético hilstiano passa a integrar de maneira significativa, alcançando o eu-lírico seus anseios, ou seja, desejo e vida e gozo e morte, na construção poética. Para tanto, foram estudadas as condições políticas, sociais e culturais emergentes da sociedade que desencadearam aos poetas, a despersonalização do ato de ‗poetar‘, período este de uma Modernidade Líquida, fluida, em que a poesia não surge de uma inspiração, mas é construção. Palavras-chave: Poesia, Modernidade, Descentramento. A Poesia Desde a sua existência o homem vem transformando a realidade por meio do conhecimento, da organização e do controle do seu pensamento como salienta Bauman (2003, p. 47) ao indagar: ―que a necessidade de pensar é o que nos faz pensar‖, ou seja, são as situações quotidianas em relação ao outro que admitem esta façanha. Muitas das vezes, utilizamo-no na resolução de problemas agindo sob a perspectiva da razão ou usamos o artifício da imaginação, salientando assim, os sentimentos e a intrínseca aptidão de criar mundos/realidades perceptíveis a nossos olhos por meio de imagens. É evidente que as imagens são o resultado do uso da palavra, esta, contudo pode variar conforme as aptidões do usuário; é importante ressaltar que a palavra pode ter valores distintos, um designado somente a um valor 260 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 utilitário, ou seja, usamo-las no quotidiano com fins comunicativos, e o outro valor se dá de forma artística, onde termos ganham novos sentidos e transmudam com novas e inquietantes interpretações que surgem a cada leitura evidenciando a poesia, que por si só já nos faz (re)pensar mundos. Segundo Perrone-Moisés (2000, p. 25) é importante frisar esta transformação radical, pela qual a poesia sofreu na metade do século XIX: Durante os séculos clássicos, a poesia era apenas uma entre outras formas de comunicação: uma forma codificada, submetida a certas normas técnicas e certos padrões ornamentais, cuja interpretação e fruição decorriam de um acordo entre o poeta e seu público, com base numa racionalidade e num bom gosto comum. Nesta mesma concepção vigente de poesia esta Hugo Friedrich (1978, p. 16) ao indagar que: A poesia quer ser, ao contrário, uma criação auto-suficiente, pluriforme na significação, consistindo em um entrelaçamento de tensões de forças absolutas, as quais agem sugestivamente em estratos pré-racionais, mas também deslocam em vibrações as zonas de mistério dos conceitos. Ou seja, a poesia passará a ter força, vitalidade e independência graças ao Romantismo, pois até então sua estadia era de como salienta Perrone-Moisés inútil, servindo a um público antes premeditado, exarcebando a individualidade e a liberdade artística. Contudo a ferramenta de trabalho continuou a mesma, porém com certas alterações e provocações. Pois assim como o músico para fazer arte utiliza seus instrumentos, o pintor as tintas e pincéis; o poeta/escritor utiliza a palavra como meio de expressão e não mais de representação, abolindo normas e padrões já fixados. De acordo com Perrone-Moisés (2000, p. 25) ―a poesia não pretende mais então, a simples primazia entre os discursos: assume-se como linguagem à parte, não comunicativa, hermética‖. Ou seja, a linguagem passa a ter valor em si mesma, conceito que passa a ser um dos pontos fundamentais da modernidade advindos de Baudelaire. Porquanto se no Classicismo a palavra tinha valor representativo, no Romantismo se 261 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 deu um valor expressivo, na Modernidade, a palavra buscará empreender os sentidos, desafiando o leitor no processo criativo. Conseguinte Perrone-Moisés (2000, p. 25) ainda indaga que ―a literalidade, na poesia moderna, é a irredutilidade da letra ao mundo, o fechamento da palavra no seu próprio universo, onde a imagem do real se estilhaça em mil parcelas de sentidos possíveis, mas jamais seguros‖. As imagens, no todo, como acima foram indagadas representam algo real. Todavia Cândida Vilares Gancho (1989, p. 23) ao afirmar que: ―a imagem guardaria em si uma dupla relação: com a realidade que representa e com a visão do autor sobre esta realidade‖; dá-nos a evidência de que há um desprezo em copiar o real tal como o é, ou seja, acaba-se por mentir, fingir, deformar a realidade, ou ainda ―inventar uma nova realidade, à sua imagem e semelhança, mas individualizada e idêntica.‖ (MOISÉS, 1965, p. 22). Desta forma, o autor por meio de figuras de linguagem faz com que a realidade deixe de ser apenas um conceito, passando a agregar novos valores significativos. Se partirmos, dessa maneira, do pressuposto de que nós não falamos de ―objetos‖ materiais, mas daqueles que estão ausentes, dá-se então o uso de metáforas de metáforas: metonímia; podendo assim indagar que, se não temos o ―objeto‖ para dar-lhe significação, utilizamos a linguagem, esta, contudo permeia o campo do consciente e do inconsciente. Para Ezra Pound (1970, p. 41): Usamos uma palavra para lançar uma imagem visual na imaginação do leitor ou a saturamos de um som ou usamos grupos de palavras para obter esse feito [...] ou ainda usamos a palavra numa relação especial ao ‗costume‘, isto é, ao tipo de contexto em que o leitor espera ou está habituado a encontrá-la. Nesta mesma linhagem de Pound está Perrone-Moisés (2000, p. 68) quando indaga que ―a linguagem não apresenta nenhuma garantia e de que não há nenhuma instancia reguladora‖, e acrescenta afirmando de que ―é a crise da modernidade que se abre‖. 262 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A palavra, portanto, não terá um sentido único e preciso, lógico e racional, pelo contrário, estará carregada de ambiguidades e sempre adentrando no processo de substituição, uma ressalva é-nos dita a respeito de, por Massaud Moisés (1965, p. 33) ―a poesia é a expressão do ‗eu‘ pela palavra metafórica‖. A poesia tem leis próprias, assim como qualquer outra manifestação de arte, sendo classificadas e regidas conforme as suas especificidades. Deter-se a poesia lírica é deter-se á expressão e o afloramento das emoções mais bonitas e violentas do ser humano, de modo intrínseco ao ―eu‖. Segundo Friedrich (1978, p. 17) ―a lírica da poesia romântica, é tida muitas das vezes como a linguagem do estado de ânimo, da alma pessoal‖. O ―eu‖ nada mais é do que o egocentrismo, ou seja, o ―eu‖ como centro de tudo. A partir do momento, que as perspectivas e introspectivas do sujeito divergem das do mundo ocorre certo ‗choque‘ entre a realidade do eu interiorizado com a realidade do mundo, tornando o ser melancólico e promíscuo em relação aos seus sentimentos perante as coisas, aos outros homens, e consigo mesmo. Nessa perspectiva Friedrich (1978, p. 17) indaga que na poesia moderna, essa intimidade é demasiadamente evitada das relações pessoais do ―eu‖ do poeta, bem como das experiências vividas por ele, agindo apenas como inteligência criadora, operando sobre a língua. Temos como bem aponta Perrone-Moisés (2000, p. 113) um sujeito descentrado e vazio: Um conjunto de instâncias, efeito de linguagem em vez de um preexistente que apenas usa a linguagem para se exprimir. Esse ‗esvaziamento‘ do sujeito não o desresponsabiliza de suas ações, mas exige uma ética sempre revista e renovada [...] reconhecer assim que o sujeito moderno é descentrado, que o ‗eu‘ é imaginário e mantenedor de uma estrutura de desconhecimento. Isso leva-nos a crer num sujeito inconsciente, que ultrapassa a estrutura de uma descrição usual da linguagem, algo que evidencia o desejo, a falta, a ocultação, a compensação do mesmo, postulando certo desregramento e condutas subversivas. 263 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Este ego subjetivo que embarca e cristaliza ações e reações, que aproveita situações casuais e as transforma em novas realidades com fins voltados ao seu ‗eu‘ sentimental, é uma das características da poesia lírica, a qual desde o princípio não perde sua excelência, diferentemente da prosa. A poesia, da mesma forma que a prosa, sofre as permutações do tempo; mas o homem sempre a produziu, já que a mesma tem uma participação ativa em nossa vida bem como dentro de nós. De acordo com Massaud Moisés (1965, p. 29): A poesia remonta aos inícios da cultura ocidental, e presidiu ao nascimento de todas as literaturas. E não só inaugurou as literaturas ocidentais como nelas predominou durante séculos a fio. A prosa só se desenvolveu mais tarde, com o Romantismo, isto é, a partir do século XVIII. Se adentrarmos no campo dos valores, veremos como aponta Perrone-Moisés, que a poesia é inútil. Será mesmo inútil? Ora, mesmo que não se afirme a priori a qualidade superior do impressopoema, podemos afirmar que ele tem uma superioridade sobre os outros: ele coloca a questão do valor, de seu próprio valor e de todos os outros textos que consumimos passivamente, sem duvidar de nada. Por sua própria ‗inutilidade‘, o poema nos obriga a repensar a ‗utilidade‘ dos outros impressos. (PERRONE-MOISÉS, 2000, p. 32) Dessa forma quando analisados os escritos impressos existentes, e os compararmos ver-se-á que a poesia tem valor. Nas palavras de Perrone-Moisés, encontra-se que só poremos e/ou daremos certo valor a poesia, quando percebidos que o que não tem valor são os outros escritos. É uma afirmação um tanto quanto instigosa, mas ao passo que não deixa de ser verídica no compasso desenfreado para onde se desloca nossa sociedade capitalista, donde emerge os leitores. Há muito como aponta Alfredo Bosi (1997, p. 119), se dá que ―poesia não é uma confluência de ideologias, ao contrario é resistência a ideologias‖. Ou seja, diferentemente da prosa que é considerada mais livre pelo fato de ter caracteres específicos; conduzindo-a a um espaço que normalmente emerge de preceitos históricos e embarca questões sociais, cristalizando assim aquilo que temos em indagar que 264 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 literatura é ideologia, a poesia utiliza de artifícios ditos rebuscados, e nem sempre comunica ações de grupos, ao contrário, salienta o ―eu‖ interno. Desta maneira resiste à ideologia, não só a ela, mas a uma sociedade; quebrando dogmas e construindo novos preceitos qualificativos. Vejamos o que Hugo Friedrich (1978, p. 20) nos fala a respeito das mudanças ocorridas na poesia do século XIX: Até o início do século XIX, e, em parte, até depois, a poesia achava-se no âmbito de ressonância da sociedade, era esperada como um quadro idealizante de assuntos ou de situações costumeiras, como conforto salutar também na representação do demoníaco, em que a própria lírica embora distinta como gênero de outros gêneros, não foi de alguma forma, colocada acima deles. Dentre esta exaltação do demoníaco em oposição à sociedade, ainda tem-se outros quesitos que viriam a marcar a poesia, salientamos a ruptura com a tradição, a oposição da mesma a uma sociedade preocupada somente com a segurança econômica de vida, a linguagem passa a valer por si própria, a lírica é tida como fenômeno mais puro comprazente com a liberdade, acarretando a originalidade do poeta como sendo anormalidade. Quando se fala em poesia temos que indagar figuras como Rimbaud, Mallarmé, Balzac; ambos franceses e que de alguma forma proporcionaram novos olhares a poesia, contribuindo assim para a disseminação de novos caracteres, bem como agindo nas palavras Friedrich (1978) ―como mestres ou profetas da palavra‖. A Modernidade Poderíamos, de antemão, salientar o percurso poético desde o período colonial até os dias atuais, frisando a capacidade do homem em alimentar a tradição cultural e os preceitos coletivos sociais considerados sólidos. Ao passo que, a própria modernização não os deixou progredir no compasso da tradição ética/social/cultural sólidos. Temos então uma nova era, aqui sendo ressaltadas as palavras de Bauman (2003) ao referir-se a ela como ―Modernidade líquida‖, a qual permeia a sociedade e conjura a estética poética. 265 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A modernidade que vivemos ou achamos que vivemos esta longe de sê-la. Somos embargados num viés que tenta se desarticular dos preceitos julgados antes burgueses num movimento coletivo. Entretanto vê-se que, assim como Bauman (2003, p. 37) que proferiu as palavras de que ―quem nasce burguês nem sempre vive como um burguês‖ aproveitamos para colocar em xeque a situação da poesia, onde a modernidade e a consequente crítica não tratavam seus seguidores como uma anfitriã, mas como devasaladora do coletivo. Modernidade ao contrário do que foi na era da teoria crítica, hoje se dá leviana, fluida, difusa, retificada. Como se certifica Bauman (2003, p. 12) ao indagar que: ―o momento da modernidade fluida é o vínculo entre as escolhas individuais e os projetos de ações coletivos‖. Desta maneira, os poetas líricos que usavam a linguagem para expressar os anseios coletivos, passam a transmitir novas imagens dos anseios não de um eu poético, mas de vários ―eus‖ poéticos, que emergiam numa sincronia de tempo, sentimento, luta e batalha entre si, em relação ao outro e a realidade (mundo) que os circundava. A fluidez que por várias vezes, é ressaltada por Zygmunt Bauman em seu livro, é uma metáfora para falar da Modernidade atual. Tem-se em estanque a supremacia dos líquidos sob os sólidos. Se analisarmos e distinguirmos esses dois termos ver-se-á que o tradicional é o que permeia a sociedade mundana, consumidora e capitalista que rege as estruturas e prega ideologias, resistindo às permutações do tempo e permanecendo inalteráveis, cancelando assim, a fluidez de novas ―vozes‖, seria o que chamaríamos de sólido, já questões voltadas à fluidez, alternâncias e mesclas rápidas é o dito líquido, ou seja, aquilo que derrama, inunda, transborda, alcançando o que antes era inalcançável, atingindo o que era inatingível. Contudo o líquido por nós é visto como o menos pesado, com menos importância em relação a um sólido, evidenciando que o tradicional sempre é mais bem quisto que outras expressões ditas inovadoras.Para Bauman (2003, p. 10; tradução nossa) ―derreter os sólidos significava, primordialmente, desprender-se das obrigações ‗irrelevantes‘ que se intervinham no caminho de um cálculo racional de efeitos‖.12 12 Derreter los sólidos significaba primordialmente, desprenderse de las obligaciones ‗irrelevantes‘ que se interponían em el camino de un cálculo racional de los efectos [...] 266 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Na afirmação de Bauman, dá-se que a dissolução dos sólidos foi um compendio que abrangeu a vida social e cultural da sociedade num todo, conduzindo a trama das relações sociais a um jogo racional de ideias e regras estabelecendo uma competição efetiva/atuante. ―Esta foi à fase de ‗romper o molde‘ da história transgressora, ilimitada e erosiva da modernidade‖ (BAUMAN, 2003, p. 12). Um dos pontos que teve relevância na era da Modernidade foi o quesito liberdade, que hoje, também sofre interferência. Ser livre é ser atuante. Esta afirmação nos leva a crer que em demasia um ‗ser‘ só é livre quando atua nas duas esferas: a do desejo, aqui salientamos o real a objetividade; e a da imaginação, o lado fictício, ilusório a subjetividade. Contudo, a melhor maneira, para vivenciar esta liberdade é achando o equilíbrio, mas há um impasse; até que ponto pode-se considerar este ―ser‖ livre? - Ser livre também nos conduz a uma emancipação, e esta rege uma perspectiva de que é só fazendo degustar o sabor de ser livre para que a mesma aconteça. A crítica desse período esteve voltada para a emancipação que frisava a nova era líquida, com a qual a sociedade passava. A grande questão que estava em realce era o poder dos sólidos, que cancelavam a fluidez dos líquidos. Sólidos sempre terão destaque, mas o que a crítica e novos poetas do período almejavam, era a entrada, a ruptura estanque no/do movimento solidificado, dando lugar a novas imagens, a novos ―eus‖, que estavam dispostos a se solidificar, depois de muitos nuances na fluidez de ideias, de regras, de ideologias. A Modernidade está a longas datas, num caminho sinuoso que envolve ideologia social e ideologia cultural em retas e curvas da tecnologia moderna. A linguagem assim como a tecnologia muda e transmuda conforme as exigências de sua época e das pessoas com as quais há uma inter-relação. Dessa forma, é evidente, que as funções que as pessoas exerciam na sociedade também interferiram na conquista ou não de novos preceitos ou ainda na quebra de ideologias acerca de novas. O poder centralizado abafava o poder de expressão coletivo. Para Bauman (2003, p. 27) devia-se: ―abandonar toda a esperança de unidade, tanto futura quanto passada, eis que se iria ingressar no mundo da modernidade fluida‖. Assim os sentimentos, as lutas conflituosas travadas com o ‗eu‘ e com a rotina ficava a mercê. 267 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Todavia com o percurso da liquidez esses sentimentos inundavam, transbordavam sob a ajuda da linguagem. A linguagem proporcionou a fluidez, a retificação, os novos conceitos embarcados numa espécie de sintonia que abrangia o ritmo, a forma e o conteúdo, incrementando e dando novas perspectivas a voz poética. A voz que agora deixava transparecer um novo mundo a configurar-se a nossos olhos, aflorando sentimentos e usando artifícios antes questionados e negligenciados. A escola crítica com a qual nos deparamos hoje, esta mais voltada para o estilo consumidor e produtor da sociedade. Fazendo alusão as palavras de Zygmunt Bauman ao referir-se a forma com que a sociedade foi hospitaleira a crítica, comparando ao esquema de um hotel, pode-se indagar que: a classe burguesa era que dominava a sociedade e poucos eram os escritores que se mantinham por muito tempo focados no seu próprio estilo, devido à demanda de público. Dessa maneira, dá-se uma nova concepção, uma nova visão do mundo e do ser em relação ao mundo, levando em consideração os movimentos impregnados na sociedade, como aponta Ezra Pound ao afirmar que: Vivemos numa era de ciência e abundância. O amor e a reverência pelos livros como tais, próprios de uma época em que nenhum livro era duplicado até que alguém se desse o trabalho de copiá-lo a mão, não respondem mais as necessidades da sociedade e do saber. (POUND, 1970, p. 23) Ou seja, a evolução, o empreendimento na sociedade exige mudanças com consequentes reformulações no viés de escrituras. Como aponta Bosi (1977, p. 118) Já não bastam à palavra poética as mediações ‗naturais‘ da imagem e do som, entra na linha de frente do texto o sistema ideológico de conotações que vai escolher ou descartar imagens, e trabalhar as imagens escolhidas com uma coerência de perspectiva que só uma cultura coesa e interiorizada pode alcançar. Quando se fala em ―poeta da modernidade‖logo nos lembramos de Baudelaire, que foi o criador desse termo e o empregou em 1859, com fins de expressar as singularidades do artista moderno: 268 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A capacidade de ver no deserto da metrópole não só a decadência do homem, mas também de pressentir uma beleza misteriosa, não descoberta ate então. Este é o problema de Baudelaire, ou seja, a possibilidade da poesia na civilização comercializada e dominada pela técnica. (FRIEDRICH, 1978, p. 35) Nesta relação de decadência e beleza, citaremos os proferimentos de PerroneMoisés (2000, p. 299) ao inflamar caracterizando ―a poesia moderna como hostil e não comunicativa, com uma linguagem violenta, dissolvendo o sujeito e valorizando o corpo‖, ou seja, nesse patamar o defeito, o feio, a anormalidade são de certa forma circunstâncias de beleza. Já que o poeta antes de qualquer coisa irá captar a realidade, os elementos despoéticos, retorcendo-os, deformando-os para assim torná-los poéticos. A Mulher e Hilda Hilst Quando se fala em fatores emergentes dentro de uma sociedade, logo se tem uma parcela significativa advinda de um gênero questionável, e que, sobretudo questiona o mundo. Segundo Butler (2010, p. 20): Há o problema político que o feminismo encontra na suposição de que o termo mulheres denote uma identidade comum. Ao invés de um significante estável a comandar o consentimento daquelas a quem pretende descrever e representar, mulheres – mesmo no plural – tornou-se um termo problemático, um ponto de contestação, uma causa de ansiedade. Percebe-se que o próprio termo mulher é por si só causador de diversos questionamentos, e demanda dessa forma, uma nova (re)significação com vistas sócioculturais. Ao passo que mulher como Butler acima menciona não designa um grupo hegemônico de seres, mas ao contrário aponta para a especulação de que neste centro há uma grande e demasiada diferença, o que acaba por acarretar em desarticulações. Contudo podemos tratar do termo mulher de certa maneira com mais eficácia, tratando inclusive dos ―desvios‖, se o elevarmos à transformação. Não encontramos outra palavra que mais signifique os percursos daquelas que com o tempo passaram a agir e a enfrentar os muitos desajustes que a sociedade lhes impusera. 269 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Articulando assim vida política, social, emocional, profissional; estabelecendo dessa forma novas metas, desconstruindo o centro que ocupavam para outros núcleos individualizados, contudo não menos potentes. Entretanto esta perspectiva de auto-afirmação para com o seu ―eu‖, ocorreu lentamente; como aponta Alves (1985, p. 11), que ―as mulheres a muito vem assegurando a sua herança do silêncio‖, e nesta perspectiva temos São Paulo Apóstolo proferindo que ―as mulheres aprenderam no silêncio a sua sujeição‖. Realmente esta sujeição que embarca desde a épocas remotas e com grau acentuado nos dias atuais. Vejamos a trajetória, a luta pela qual muitas mulheres passaram e os movimentos advindos desta; tendo o feminismo como ponto realçante. Mulheres que na Grécia ocupavam a posição de escravo, que em Atenas para ser considerado livre, primeiramente, não devia ser mulher. Mulheres que não se calaram e nem ficaram a margem do pensamento, da cultura, das artes, alienadas a submissão do lar e todas as obrigações que o mesmo implica. Temos neste período uma figura importante, Safo poeta de renome da Grécia antiga, a qual fundou uma escola e desta advém os primeiros registros de um centro para a formação intelectual da mulher. O fragmento abaixo de um de seus poemas (século VII – VI a.C) canta aos deuses e ao amor. Características que embarcam a feminilidade e o ser feminino desde a infância. Em torno a Silene esplêndida os astros recolhem sua forma lúcida quando plena ela mais resplende alta, argêntea, morto o doce Adônis e agora, Citeréia, que nos resta? lacerei os seios, donzelas, dilacerei as túnicas. (SAFO, VII – VI a. C apud POUND, 1970, p. 160) A mulher sempre sofreu as confluências do sexo masculino, em sentidos um tanto quanto amplos. Citaremos alguns aspectos como no trabalho, quanto a isso me faz lembrar Alves, quando cita que ―a mulher trabalhava como parteira enquanto que o 270 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 homem era um doutor diplomado‖. No decorrer dos tempos deu-se um processo de transformação no sentido amplo de uma sociedade que firmava os anseios capitalistas, e caminhava para uma globalização desenfreada. Era marcada pela industrialização e pelas guerras, e neste ponto esta a querela que embarcou as mulheres para uma maior consciência do seu existir. O fato é simples enquanto os homens dar-se-iam por sua pátria as mulheres passaram a ocupar de um modo tímido as posições que antes eram designadas aos homens. No entanto salientamos as palavras de Alves, ao proferir que: É com o final da guerra e o retorno da força de trabalho masculina, que a ideologia que valoriza a diferenciação de papeis por sexo, atribuindo à condição feminina o espaço domestico, é fortemente reativada, no sentido de retirar a mulher do mercado de trabalho para que ceda seu lugar aos homens. (ALVES, 1985, p. 50) A partir daí, muitos movimentos e lutas passaram a fazer parte da história da mulher. Simone de Beauvoir, escrevendo no final da década de 1940 o livro intitulado O Segundo Sexo, é uma voz isolada neste momento de transição. Denuncia as raízes culturais da desigualdade sexual, contribuindo com uma análise profunda, na qual trata de questões relativas à biologia, a psicanálise, ao materialismo histórico, aos mitos, a história, a educação, para o desvendamento desta questão. Afirmar ser necessário estudar a forma pela qual a mulher realiza o aprendizado de sua condição; como ela a vivencia, qual é o universo ao qual esta circunscrita. Beauvoir estuda a fundo o desenvolvimento psicológico da mulher e o condicionamento que ela sofre durante o período de sua socialização, condicionamentos que, ao invés de integrá-la a seu sexo, tornam-na alienada, posto que é treinada para ser mero apêndice do homem. Para a autora, em nossa cultura é o homem que se afirma através de sua identificação com seu sexo, e esta autoafirmação, que o transforma em sujeito, é feita sobre a sua oposição com o sexo feminino, transformado em objeto, e visto através do sujeito. 271 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A análise de Simone de Beauvoir constitui um marco na medida em que delineia os fundamentos da reflexão feminista que ressurgirá a partir da década de 60. Nesta linhagem Alves, esclarece-nos alguns pontos: Na década de 60, o feminismo incorpora outras frentes de luta, pois, alem das reivindicações voltadas para a desigualdade no exercício de direitos (...) questiona também as raízes culturais destas desigualdades. Denúncia, desta forma, a mística de um ‗eterno feminino‘, ou seja, a crença na inferioridade ‗natural‘ da mulher calcada em fatores biológicos.questiona a ideia de que homens e mulheres estariam predeterminados, por sua própria natureza, a cumprir papeis opostos na sociedade, delegando ao homem a posição de mando. (ALVES, 1985, p.55) Dessa forma a política, o sistema jurídico, a religião, a vida intelectual e artística, são construções de uma cultura predominantemente masculina. No entanto o movimento feminista atual refuta a ideologia que legitima a diferenciação de papéis, reivindicando a igualdade em todos os níveis. Revela que esta ideologia encobre na realidade uma relação de poder entre os sexos, e que a diferenciação de papéis baseia-se mais em critérios sociais do que biológicos. Como afirma Beauvoir (1980, p. 09) ‗não se nasce mulher, torna-se mulher‘. O masculino e o feminino são criações culturais e como tal são comportamentos apreendidos através do processo de socialização que condiciona diferentemente os sexos para cumprirem funções específicas e diversas. Salientamos as indagações de Alves (1985, p. 56) que condizem com as exclamações feitas acima: (...) é um processo social. Aprendemos a ser homens e mulheres e a aceitar como ‗naturais‘ as relações de poder entre os sexos. A menina aprende a ser doce, obediente, passiva, altruísta, dependente; enquanto o menino aprende a se agressivo, competitivo, ativo, independente. Como se tais qualidades fossem parte de suas próprias naturezas. A hierarquia sexual de que Alves fala, não é uma fatalidade biológica, da ‗sua natureza‘, ao contrário é fruto de um processo histórico, e sendo história é passível de transformação. Transformação que implica numa recriação de uma identidade própria, em que força e fraqueza, atividade e passividade não se coloquem como pólos opostos 272 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 definidores do masculino e do feminino, mas como parte da totalidade contraditória do ser humano. As implicaturas do gênero Beauvoir explora em sua obra questões que imergem do ser feminino em seus diversos vieses, as quais foram acima mencionadas. Sabemos de antemão que quando se dá a utilização do termo sexo, estamos indagando a diferença anatômica, fisiológica entre seres ditos iguais no aspecto de que não existe sexo superior ou inferior, mas que ao mesmo tempo possuem e em demasiada muitas diferenças; diferenças estas que dão forma aquilo que chamaremos gênero, dentro de uma sociedade que embala e cristaliza-as entre homem/mulher, ou seja, é a maneira como ―se olha‖, se detém a realidade da experiência vivida, e conseguinte teremos diferenças e igualdades que ao final se completam. Salientamos as palavras de Butler (2010) ao indagar que há um descompasso quando se trata de gênero. Haja vista temos uma divisão singular de masculinidade e feminilidade, a qual detém espectros de uma sociedade que mantém esta distinção por meio de um sistema que caracteriza um grupo, mas que conseguinte exclui o outro. Temos desta maneira corpo e alma que representam concomitantemente consciência e mente, num viés que propõe à masculinidade como sendo a mente, e o corpo como sendo marca de feminilidade. Estas implicações só denotam aquilo que temos por binário, ou seja, dois elementos que comumente se denominam homem e mulher, excluindo as imperícias advindas desses dois sexos em transmutação. Butler em seu livro Problemas de Gênero propõe uma leitura linear do que vem a ser gênero, questionando os motivos que nos levam a crer e separar dois sexos em consequentes dois gêneros. As indagações de Beauvoir (1980) trazem estes pontos realçados quanto a experiências vividas desde a infância a velhice. Deixando aflorar sentimentos e sensações das meninas, e um dos aspectos relevantes quanto a isso e que faz alusão as explicações acima mencionadas é quanto o feeling de inferioridade sentido pelas meninas na infância em relação ao sexo. 273 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Com estas mesmas ideias acrescentam-se as manifestações de Butler (2010), ao inferir que assim como ―há uma crítica feminista, também há uma critica falocêntrica, onde se julga que o poder advém do sexo‖. E a questão que permuta é o ter e o desejar. O ter em relação aos homens, e o desejar ter são as mulheres. Tudo tem um viés que discorre das nossas mãos, mas que esta intimamente senão substancialmente ligado a criação. Teremos, não fazendo referência a homens ou a mulheres, pessoas frustradas, dependentes, inseguras, com medo de encarar a vida e seus desafios. Pessoas comprometidas com o discurso do outrem e não capazes de se libertar do mesmo e de deixar fluir seu discurso, sua voz, seus pensamentos. Atualmente muitas questões são exploradas e estão em transição, principalmente no âmbito social onde adentra questões de poder. Este poder no sentido profissional, mas também no discurso proferido. Porventura muitas mulheres utilizam-se deste artifício para extravasar, deixando transparecer seus ideais, suas frustrações; é de certa forma uma espécie de libertação que a conduz a senti-la de maneira surpreendente por meio das fontes naturais, como a natureza, a água, o canto dos pássaros, a delicadeza das plantas; a ponto de encontrar poesia nostálgica nestes elementos, algo que nunca se esperará como reação de um homem. Percebemos o quão significativas são as diferenças entre esses dois gêneros incompreensíveis e incompreendidos. A questão do gênero ainda é exposta por Butler (2010) de um amaneira singular e um tanto quanto instigante. Ela nos deixa uma interrogação: ―Culturalmente a sociedade impõe a imanência de dois sexos: o feminino e o masculino; alienando aquilo que temos por binário. Como exalta Jonathan D. Culler (1997, p. 60) que se ―apela a uma identidade sexual definida como essencial e privilegia experiências associadas a essa identidade‖. Classificação esta, que agrupa seres com perfis iguais, mas que acaba por deixar a margem as lésbicas e os gays, criando aqui uma espécie de inferiorizarão. Todavia Butler vai mais além ao indagar o seguinte: ―Por que essa divisão de sexos acabrunha uma divisão de gêneros? Não poderíamos dialogar numa sociedade onde falássemos em ―o gênero‖? As diferenças são o empecilho, ou as ideologias falocêntricas e feministas é que se mantém inerentes uma a outra? 274 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A linguagem como formadora de identidade Se focalizarmos a forma com que se da à propagação da linguagem entre os indivíduos de sociedades e épocas distintas; veremos a constante transformação da mesma. Diante dos conceitos Saussureanos tem-se que a linguagem é a composição de língua mais fala. Se por um lado a língua é homogenia, social caracterizante do coletivo, a fala segue o viés heterogêneo e individual, que comporta singularidades advindas da comunidade de fala donde o sujeito está inscrito. Aspectos relevantes quando assumimos o caráter de língua como uma relação de mudanças lentas, mas graduais, que evoluem conforme se da à evolução da sociedade. Por isso há termos que caem em desuso, e outros aparecem como neologismos, é a palavra que escritores ainda convergem em demandar a Paidéia, embarcando o entendimento de gerações afins. Como aponta Perrone-Moisés (2000, p. 114) ao indagar que ―os trabalhos de linguagem, não são apenas sobre a linguagem, mas acontecem na linguagem‖. E mais adiante cita a língua como sendo formadora do conteúdo do pensamento, acaba por oferecer ao usuário determinadas possibilidades e determinados limites, levando em consideração as especificidades de cada língua em questão. Ou seja, o escritor faz da sua língua aquilo que pode, conforme as condições de uso que a mesma lhes oferece, e não aquilo que quer, pois tudo inclusive a língua possui limitações, quem dirá aqueles que a utilizam. Segundo Fernanda Massebeuf (2011) em seu ensaio ―Desejo‖, exprime a relação e as imperícias do linguajar, segundo a qual há um falar tipicamente masculino e outro tipicamente feminino, uma espécie de bilinguismo característico de cada um, mas que ao final visando à comunicação ambos se compreendem. Mas é evidente que devido a imposições culturalmente aceitas de termos por um lado a fragilidade e de outro a animosidade, nos questionamos quando ouvimos de uma mulher palavras grosseiras e grotescas; essa questão previu uma série de reajustes quanto aos valores, se antes fixados hoje em permutação. Todavia recorrendo a língua como protagonista dos anseios culturais e sociais. Hilst usou o mistério do amor e da poesia, suas influencias Barrocas tornaram a obra uma dualidade divino/terrestre, sexualismo/erotismo, palavras frágeis/palavras 275 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 enternecedoras. Hilst mas que expor suas ideias, expunha palavras, estas com valor plástico, da palavra não-palavra, da palavra-som, que se tornaria a base da poesia. A confluência da feminilidade no descentramento do sujeito Focalizaremos o papel que a mulher teve e o espaço hoje adquiridos por elas. Mulheres que foram as primeiras protagonistas de um mundo dito masculino cultuando valores patriarcais, que ingressaram nas artes e desenvolveram habilidades até então apenas apreendidas em deuses, advindos de grandes nomes estes de homens. Neste patamar a mulher sofre com o destino que muitas das vezes são lhe impostos desde a infância pelos pais e, sobretudo pela figura feminina da mãe: um ser que pode dar liberdade e ao mesmo tempo tirá-la por completo conforme os valores que a mesma transcende. Veremos que muitas das mulheres procuram conforto e de certo modo consolo na natureza, nas artes, nos deuses, no sobrenatural; naquilo que a transcende e a faz se reconhecer, se encontrar em meio a um caos de sentimentos. Sentimentos, que, aliás, subjetivos dão-nos a impressão de sentimentos pessoais e ao mesmo tempo e em maior proporção apontam uma impessoalidade que foge de qualquer indulgência. Nesse panorama destaca-se uma mulher temida, uma fera indomável que colocou os comportamentos em evidência deixando-os transparecer, com isso sofreu as consequências advindas de um tempo que limitava a arte das palavras. Esta mulher, que participou do movimento da geração de 45, que experimentou cultivar três gêneros da literatura: a dramaturgia, a prosa narrativa e a poesia lírica, alcançou resultados notáveis nos três; mas principalmente o que a configurou como uma das poetas de grande renome foi à poesia. Falar, portanto, de Hilda Hilst é condizer com uma poesia lírica que perpassa gerações afins, sendo caracterizada por uma busca inconstante de imagens e o devaneio de sentimentos eróticos e sensuais, num jogo sinuoso de palavras e de seus significados. A poesia hilstiana possui traços formalistas numa era moderna, onde se dá ênfase a temas universais, mas os quais são deslocados de uma realidade existente 276 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 enquanto objetos perceptíveis e passam a ganhar novos aspectos imagísticos na conceitualização, ou seja, a imaginação nos torna visível a linguagem. Algo que é recorrente na poesia de Hilda Hilst é o afloramento do ―eu‖ enquanto ―ser que se interroga e ser que interroga o mundo‖, como bem salienta Nelly Novaes Coelho (1980). Assim, a poesia dela acaba por ter um núcleo que perpassa várias esferas; atingindo um clímax considerado difícil e até mesmo obscuro quando se trata da inferência de um ego subjetivo. Já que são os sentimentos que estão em jogo, mas muitas das vezes, sob rótulos e sendo vivenciados por um ―eu‖ que se apropria de uma vida que não é dele, que é, são e somente representada. Para configurar esta situação, temos o seguinte: o que é mais importante, o artesão que confeccionou o sapato ou o poeta que escreveu sobre o sapato. Dá-se, portanto, que o significado tem duas esferas. Uma que é o sentido (conceito), e outra que é a referência (objeto no mundo); todavia temos ainda um meio termo, que vem a ser a representação. E é nesta, que se da à visão que cada indivíduo tem dos objetos, a maneira com que e o que cada qual vê as/nas palavras. Este aspecto pode vir a ser diferente, mas o conceito não. Dessa maneira Hilda Hilst, evoca a representação criando um ambiente de desmistificação de valores e agrega novas perspectivas do eu em relação ao mundo. A Modernidade como já foi mencionado anteriormente, atingiu os escritores e, sobretudo os poetas, fazendo com que novos ideais fossem buscados e revigorados numa sociedade que abriga consumo e bons produtores. A fluidez da Modernidade alterou os pilares da poesia, flexionando o conteúdo (abordagem de temas universais: amor, natureza, morte) e da forma (versos livres). Havendo um transbordamento que mudou a concepção de arte das palavras, bem como a sua aceitação e refutação por parte de alguns críticos. Hilda Hilst vem no embalo desse período e abriga em sua obra uma dilacerada mescla de sentimentos e economias que serão vistas como uma inconformidade com a realidade e a incriminação de novas realidades, novos julgamentos e valores condizentes com o tempo de onde e por que ocorrem. 277 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Bem se sabe que a época em que Hilst atuou foi um tanto quanto conturbada, pois os ideais tanto políticos quanto culturais da sociedade, estavam sendo moldados, confluências de uma pós-guerra na década de 50, que atingiram principalmente os escritores. Tinha-se um apelo à poesia dita pura, mas sem mestres, os poetas buscavam reformular conceitos e inovar um linguajar, rompendo com as querelas ate então prescritas, valorizando a estética. Nesta época um tanto quanto conturbada Hilst aparece timidamente no campo de inovações e propagações de uma linguagem singular e desconcertante, que viria a caracterizá-la senão como louca, um gênio da arte com as palavras, incorporando em sua obra a essência desta exposição de pesquisa: o descentramento do sujeito; ou seja, a mulher como sujeito que não quer mais ser nota de rodapé, mas fazer parte da narrativa em construção. Hilst encanecerá uma problemática que percorre do Ser- Mulher (questão ética), e do Ser-Poeta (questão estética), trazendo a tona a sexualidade e o erotismo ambos de essências femininas, mas ao contrário de ser doce e frágil, teremos um amor e uma poesia primeiros mais potentes, impactantes, impositivas, resignificando valores do SER MULHER/POETA, numa trilogia EU/ O OUTRO/ O MUNDO. Dessa maneira Hilst aflora em seu lirismo um ‗eu‘ preocupado em questionar e se questionar, acaba por negligenciar sua existência, faz-se vítima e dilacera sua palavra numa linguagem que amadurece, mas que não perde a essência erótica e feminina com a qual quisera iniciar e se firmar como poeta, não se trata de uma linguagem pornográfica (críticos consideram sua prosa nesta linhagem), é por ela citado como a sexualidade sendo direito da mulher e esta deve vivenciar o erotismo e o feminismo que é instintivo. ‗Descentrar‘ é querer mudar o foco, criar novos vieses, quebrar com jogos fixados, persuadir, progredir. Características de um ‗ser‘ que quer firmar sua feminilidade, e manter-se independente na vida social. Algo Moderno que Hilst embarcará em sua poesia, usando muitas imagens e artifícios linguísticos, mas sem se importar com eles já que a própria declarava ―que de teoria literária nada sabia‖, essa mescla de vida, sentimentos, relação com o outro, acarreta um sujeito descentrado. Hilst dá-nos a entender que o ser é um prisma, que mais que ser lapidado deve encontrar seus sentimentos conflituosos e pô-los a mostra; só assim teremos homens loucos, mas geniais. 278 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Referências ALVES, Branca Moreira.O que é Feminismo. São Paulo: Brasiliense, 1985. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Argentina: Fondo de Cultura Econômica, 2003. BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. BOSI, Alfredo. O Ser e o Tempo da Poesia. São Paulo: Cultrix, 1977. BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1972. BUTLER, Judith P. Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade; tradução Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010. COELHO, Nelly Novaes. A Poesia Obscura/Luminosa de Hilda Hilst e a ―Metamorfose‖ de nossa época IN HILST, Hilda. Poesia: 1959-1979. São Paulo: Quíron, 1980. 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Com Ulisses ela aprende a ver o mundo com outras perspectivas. Aprende a ver o mundo com os próprios olhos. Ulisses que já lhe dissera que ela não tinha bom-gosto para se vestir, lembrou-se de que sendo sábado ele teria mais tempo porque não dava nesse dia as aulas de férias na Universidade, pensou no que ele estava se transformando para ela, no que ele parecia querer que ela soubesse, supôs que ele queria ensinar-lhe a viver sem dor apenas, ele dissera uma vez que queria que ela, ao lhe perguntarem seu nome, não respondesse "Lóri" mas que pudesse responder "meu nome é eu" [...] (Lispector, 1969, p.9) A princípio Lóri acredita que o que Ulisses realmente quer é que ela saiba viver de uma forma mais livre e desprendida. Mas quando ele lhe diz que quer que ela pare de dizer que se chama Lóri e comece a dizer ―meu nome é eu‖ e que fazendo isso ela tenha a consciência de quem realmente é. Acaba tornando a aprendizagem mais difícil. Algumas vezes quase insuportável. Desde o princípio Lóri sabia que teria que dar muito dela para que aquela aprendizagem fosse verdadeira e que teria que enfrentar as dificuldades de se conhecer realmente. Mas não imaginava que seria tão difícil como estava sendo. Ela não mais se conhecia, era aquilo que tinha escolhido ser, mas não o que realmente era. Reaprender a 281 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ser seria como a água salgada nos olhos, ardendo, mas inevitável querer detê-la, pois quando se entra no mar estamos automaticamente propícios a sermos derrubados por uma onda salgada. [...] e de repente ela se deixa cobrir pela primeira onda! O sal, o iodo, tudo líquido deixaram-na por um instante cega, toda escorrendo – espantada de pé, fertilizada.Agora que o corpo todo está molhado e dos cabelos escorre água, agora o frio se transforma em frígido. Avançando, ela abre as águas do mundo pelo meio. Já não precisa de coragem, agora já é antiga no ritual retomado que abandonara há milênios. Abaixa a cabeça dentro do brilho do mar, e retira uma cabeleira que sai escorrendo toda sobre os olhos salgados que ardem. Brinca com a mão na água, pausada, os cabelos ao sol quase imediatamente já estão se endurecendo de sal. Com a concha das mãos e com a altivez dos que nunca darão explicação nem a eles mesmo: com a concha das mãos cheias de água, bebe-a em goles grandes, bons para a saúde do corpo.E era isso que lhe estava faltando: o mar por dentro como o líquido espesso de um homem. (Ib, p.84) Lóri foi derrubada, mas não desejou sair, pelo contrário, bebeu a água e deixouse tomar internamente de mar. A mistura de seu corpo com a água salgada fazia a mulher renascer. Estava começando a reviver. Havia optado por sair do deserto que era o seu sentir e depois de alguma relutância decidiu entrar no mar e beber dessa água, não queria mais uma existência de seca, mas tomar o caminho do mar, tão vasto e tão misterioso teria que também aceitar a ardência que o sal provocara em seus olhos e garganta. Essa ardência metafórica que era o sofrimento. Pois no deserto de sentido não existia ardência, não existia sal, mas também não existia a sede e a liberdade do corpo por se sentir integrada aquele infinito salgado. Contudo junto com essa aprendizagem de quem se é, ambos vão vivenciando o possível amor, que na verdade mal sabem como é esse sentimento pois nunca o sentiram para saber se aquilo que começavam a descobrir era amor ou um desejo extremo e a vontade de estar presente. Inevitavelmente se apaixonam, pois a paixão lhes era conhecida, vinha do desejo mais carnal, inevitável e incontrolável, daquele desejo só saciado não apenas acabando com a saudade mas, quando devorada a presença do outro. Porém, só poderão ficar juntos depois que Lóri enxergar verdadeiramente a si, compreender quem é ela e se aceitar. Aceitar a dor, aceitar a felicidade e aceitar o desconhecido. 282 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Surge nesse momento a questão dos assuntos corriqueiros de Clarice, um deles, o Amor. Que nada mais é que a antítese do mundo. Ao mesmo tempo simples e normal como complicada e difícil. Todos falam do amor, mas poucos o sabem. Clarice fala do amor, mas fala dele como se não o soubesse. Lóri não sabe, nunca amou alguém. A não ser Ulisses, a quem estava aprendendo a amar. O amava mais cada vez que se descobria através dele. Quando aprendeu a se conhecer aprendeu a amar-se e a amar o outro. Mas para isso passou pelo aprendizado de si. Teve que sair de sua comodidade de vida que levava como professora primária recebendo uma mesada de seu pai e aprender a usufruir da vida a vendo de outras perspectivas. José Saramago abordava a mesma questão em seu conto, onde diz que só podemos nos conhecer se sairmos de nós e nos vermos. Era isso que Lóri precisava fazer sair dela para se procurar e ver de outra forma quem realmente era. Essa seria a sua aprendizagem. [...]mas quero encontrar a ilha desconhecida, quero saber quem sou eu quando nela estiver [...] O filosofo do rei dizia que todo homem é uma ilha[...] tu que achas, que é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não saímos de nós[...] (Saramago, 1997, p. 5). Quando Lóri começa a descobrir-se e aprender a diferenciar as sensações sentidas por ela. Quando se deixa tomar pela dor, quando se entrega realmente ao salgado do mar e as sensações, quando tira a máscara de quem é, e a pintura de seu rosto é quando uma aprendizagem passa a ser o livro dos prazeres. Quando descobre a ilha desconhecida, que é o seu próprio Eu, aquele que ela teve que deixar para poder enxergar. Mas isso tudo só quando, e esse quando tem que se deixar acontecer no seu tempo certo. O ―Quando‖ que é parte integrante do ―Ser‖, é o caminho que deve ser percorrido até chegar na ilha: Eu.Lóri estava suavemente espantada. Então isso era a felicidade. De início se sentiu vazia. Depois seus olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela vida mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o que é que eu faço? Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me doer como uma angústia, como um grande silêncio de espaços? A quem dou minha felicidade, que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta. Não, não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade. Ah, milhares de 283 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 pessoas não têm coragem de pelo menos prolongar-se um pouco mais nessa coisa desconhecida que é sentir-se feliz e preferem a mediocridade. Ela se despediu de Ulisses quase correndo: ele era o perigo. (Ib, p.76 e 77) Porque aprender sobre si, a vida e sobre a dor é prazeroso. Descobrir e aceitar quem somos é a recompensa, mesmo que haja dor. Porém, as pessoas tem medo do desconhecido e, a felicidade quando não experimentada antes é desconhecida, muitos então preferem optar por conviver com a dor, que é mais previsível e mais fácil de suportar do que a extrema felicidade. A felicidade assusta, dá medo e Lóri estava com medo e assustada, mas era necessário se entregar ao desconhecido e viver. Era necessário se aceitar da forma que era, junto com o medo e com a dor, pois eles também fazem parte de sua condição. E aí estava ele, o mar. Aí estava o mar, a mais ininteligível das existências não-humanas. E ali estava a mulher, de pé, o mais ininteligível dos seres vivos. Como o ser humano fizera um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornara-se o mais ininteligível dos seres onde circulava sangue. Ela e o mar. Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos in-cognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões.[...]A mulher não está sabendo: mas está cumprindo uma coragem. Com a praia vazia nessa hora, ela não tem o exemplo de outros humanos que transformam a entrada no mar em simples jogo leviano de viver. Lóri está sozinha. O mar salgado não é sozinho porque é salgado e grande, e isso é uma realização da Natureza. A coragem de Lóri é a de, não se conhecendo, no entanto prosseguir, e agir sem se conhecer exige coragem. (Ib, p.82) Quando Lóri entra no mar e desafia seus próprios limites é que acontece a libertação. O mar a transforma naquele ser humano que ela buscava há tanto tempo. Essa tensão que existe durante a obra de Clarice, entre o prazer e a dor se faz presente em todos os momentos. O prazer de se descobrir uma pessoa nova, por parte de Lóri, e a dor de deixar aquele ser humano que ela achava que conhecia de lado, aquela Lóri que ela moldou, para dar espaço a alguém novo na sua vida, mesmo que esse alguém fosse ela mesma. Não se comunicar com as pessoas era a forma dela se autopreservar. Manter a si própria longe das pessoas que poderiam não aceitá-la pelo que realmente fosse. Sartre em sua obra O Ser e o Nada, onde trata o homem como um ser em construção devido a falta de si, como uma pessoa sozinha no mundo que há de começar a partir dele mesmo e do nada interior, afirma que: 284 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Assim, o amante não deseja possuir o amado como se possui uma coisa; exige um tipo especial de apropriação. Quer possuir uma liberdade enquanto liberdade. Quer ser amado por uma liberdade, e exige que tal liberdade, como liberdade, não seja mais livre [...] Quer, ao mesmo tempo, que a liberdade do Outro se determine a si própria a converter-se em amor - e isso, não apenas no começo do romance, mas a cada instante - e que esta liberdade seja subjugada por ela mesma, reverta-se sobre si própria, como na loucura, como no sonho, para querer seu cativeiro. E este cativeiro deve ser abdicação livre e, ao mesmo tempo, acorrentada em nossas mãos. (SARTE, 1943.) E é exatamente isso que Ulisses quer de Lóri, que ela esteja livre das amarras que ela mesma criou pra poder enfim ser sua. Para possuir a liberdade dela e para darlhe a sua, mas sem abrir mão destas liberdades que estarão prontas para conhecer o mundo juntas e desfrutar dos prazeres. Já disse Fernando Pessoa: ―[...] emocionalmente. Enquanto não atravessamos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a buscar em outras metades. Para viver a dois, ante, é necessário ser um.‖ Para deixar de sofrer, Lóri, decidiu que não sentiria mais dor e parou de sentir. Porém não sabia que, aqui parafraseando Drummond: ―esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade‖. E que se ela deixara de sofrer acabava deixando de aprender também. Para poder envolver-se com alguém sem o medo do sofrimento deveria aprender a ser primeiramente, ser com a dor. Ulisses mostrou a Lóri que com essa atitude ela invertia o que estava pretendendo, pois sempre continuaria sofrendo com medo da felicidade. ―Sem a dor ficaria sem nada, perdida no seu próprio mundo e no alheio sem forma de contato‖ (ib, p.38). Ainda dentro da arte e suas formas de sentir nos deparamos com a música Formosa, de Vinícius de Moraes e interpretada magnificamente por Maria Bethania. Formosa: Formosa, não faz assim / Carinho não é ruim / Mulher que nega / Não sabe não / Tem uma coisa de menos / No seu coração / Formosa, não faz assim / Carinho não é ruim / Mulher que nega / Não sabe não / Tem uma coisa de menos / No seu coração / A gente nasce, a gente cresce / A gente quer amar / Mulher que nega / Nega o que não é para negar / A gente pega, a gente entrega / A gente quer morrer / Ninguém tem nada de bom sem sofrer / Formosa mulher. 285 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Que Vinícius nos diz ―mulher que nega, não sabe não. Tem uma coisa de menos no seu coração‖ e ainda completa ―Ninguém tem nada de bom sem sofrer, formosa mulher.‖ Nos transmite essa certeza da felicidade que vem junto com a dor e que Lóri vinha buscando sem saber ao certo como e nem por que. Porém sempre negando ao excluir a dor de sua vida. Ulisses tentava mostrar a Lóri que a dor é algo tão natural como estar vivo e que como isto ela também não poderia evitar, deveria saber como lidar com essa situação a da dor e a de estar viva. Lóri se sentia como se fosse um tigre perigoso com uma flecha cravada na carne, e que estivesse rondando devagar as pessoas medrosas para descobrir quem lhe tiraria a dor. E então um homem, Ulisses, tivesse sentido que um tigre ferido não é perigoso. E aproximando-se da fera, sem medo de tocá-la, tivesse arrancado com cuidado a flecha fincada. (Ibidem p.136) Ulisses precisava que Lóri deixasse de sentir o medo da dor para poder aprender. Porque ela desde cedo, como forma de fugir de si própria e de seus sentimentos havia implantado a idéia de abandonar a dor, mas como isso sofria o dobro, pois não sofrendo deixava de sentir o prazer que as coisas ao seu redor lhe proporcionavam, mesmo as coisas mais simples e era isso que Ulisses queria que ela visse e mostrasse a ele. Além disso queria que ela percebesse que mesmo tendo abandonado a dor ela ainda estava presente em todos os momentos do seu dia. ―Era cruel o que fazia consigo própria: aproveitar que estava em carne viva já que a ferida estava aberta.‖ (Ib, p.25). Não se dava conta de que desde o princípio a dor era o que a mantinha viva e o que há fazia conhecer-se. Aos poucos começou a aceitar aquilo que tanto rejeitara e fez da dor uma aliada sua. ―Iniciada, pressentia a mudança de estação‖(Ib, p.129). Desejava a vida mais do que imaginara desejar e aceitava tudo que vivia como fruta fresta plantada em terra boa. Desfrutando seus sabores. Durante dias parecia meditar profundamente mas não meditava em nada: só sentia o leve prazer, inclusive físico, de bem estar [...] Mas o prazer nascendo doía tanto no peito que às vezes, Lóri preferia sentir a habituada dor ao insólito prazer. (Ib, p. 134) Já havia entendido que precisaria da dor para aprender, e aceitava, não com pouca relutância, mas aceitava que para ter Ulisses e para tê-la precisaria conviver com a dor e aprender a felicidade. 286 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Ninguém consegue esquivar-se da dor sem deixar de lado o amor e a felicidade, temos que viver intensamente isso, para além de saber quando se está feliz, saber também, agradecer por estar sentindo. Lóri se deu conta desta situação e começou a aceitar a dor como sua aliada na aprendizagem. Mas antes teve que seguir mais alguns passos. Então, sem entender o que fazia — só o entendeu depois — pintou demais os olhos e demais a boca até que seu rosto branco de pó parecia uma máscara: ela estava pondo sobre si mesma alguém outro: esse alguém era fantasticamente desinibido, era vaidoso, tinha orgulho de si mesmo. Esse alguém era exatamente o que ela não era. Na hora de sair de casa, fraquejou: não estaria exigindo demais de si mesma? Não seria uma bravata ir sozinha? Toda pronta, com uma máscara de pintura no rosto — ah "persona", como não te usar e ser! (p. 88 e 89) Tirar a máscara, deixar a pintura de lado e sair de casa com o rosto limpo, sem pintura e cor artificial, e a cabeça erguida é uma das questões mais difíceis encontradas na obra. Será que irão me reconhecer na rua assim? Sem máscara, sem pintura? Apenas sendo eu? E afinal quem era Lorely e que tipo de reconhecimento teria usando a máscara? O reconhecimento de mulher madura e confiante, o que na verdade não o era, pois usava a máscara apenas para disfarçar e esconder aquilo de que mais temia: ela. Ser ela sem pintura era o mais assustador, pois, quando deixamos a máscara de lado assumimos a postura de um ser humano e não de falsos deuses. Lóri achava que se ela fosse ela, os conhecidos não a cumprimentaria na rua porque até sua fisionomia teria mudado. ―Se eu fosse eu‖ parecia representar o maior perigo de viver, parecia a entrada nova do desconhecido. (Ib, p. 142) A máscara nos dá o conforto de não expor esses medos e não mostrarmo-nos fracos, mas chega uma hora em que a máscara não consegue mais permanecer no rosto e acaba quebrando com o tempo, deixando fissuras onde se podem observar o que ela esconde por trás de tanta beleza e altivez. Mas e quando se olha no espelho o que se vê? Lóri via que sem pintura era mais bonita. E que sua boca era a esfinge querendo ser decifrada. Então era real. Quanto tempo suportou de cabeça falsamente erguida? A máscara a incomodava, ela sabia ainda por cima que era mais bonita sem pintura. Mas 287 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 sem pintura seria a nudez da alma. E ela ainda não podia se arriscar nem se dar a esse luxo. (Ib, p. 89) Precisava tirar a pintura e decifrar a esfinge de sua vida, mesmo que fosse assustador. Lóri estava tão absorta em seus pensamentos sobre sua existência que acabou se deparando com a Esfinge em sua frente, quando olhava-se no espelho. E Ulisses também havia notado. Teus olhos, disse ele mudando inteiramente de tom, são confusos mas tua boca tem a paixão que existe em você e de que você tem medo. Teu rosto, Lóri, tem um mistério de esfinge: decifra-me ou te devoro. (Ib, p.97) A esfinge também seria a própria vida. Todos estamos vivendo e isto não é necessariamente uma escolha pois basta nascer para acontecer. A vida é a esfinge que nos indaga a decifrá-la e se não somos capazes de tal ato ela nos devora. Enfim, quando a deciframos acabamos a devorando. Devoramos a vida com tudo aquilo que ela nos permite também. Sentindo seu real gosto, aproveitando de todos os seus prazeres, de uma forma mais leve, mais serena e sem culpas. Pois se nascemos é para vivermos. Sem máscaras escondendo nossas verdades. Somos um mistério, vivendo em outro e aguardando mais um: a morte. Era como se a morte fosse o nosso bem maior e final, só que não era a morte, era a vida incomensurável que chegava a ter a grandeza da morte. Lóri pensou: não posso ter uma vida mesquinha porque ela não combinaria com o absoluto da morte. (Ib, p.134) O absoluto que era viver eternamente na grandeza, porque é algo que não se sabe e não se conhece e justamente por isso é enorme como os seres humanos só que mais profundo e impalpável. Mas nunca descobriria o sentido da morte e nem mesmo o dela, tão mortal. Porém viveria sem mesquinhez para não ofender o mistério. Descobrir-se não é tarefa fácil. Porque descobrir apenas um desses mistérios é descobrir a resposta para todos os outros. Eles não aparecem súbitos, dão apenas sinais através do medo, da dor e da alegria. Quando Lóri olhava-se no espelho via e gostava do que via. Era uma prova de que realmente existia, de que estava ali. Que a esfinge era ela e a vida e que isso lhe dava prazer e dor. E isso era também assustador. Porque se deveras existia, deveria ter uma função no mundo e uma função para ela mesma. Não poderia suportar viver com o 288 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 que era na dúvida de alegrias passageiras, a dor lhe era tão mais familiar. Escondia-se por de trás da maquiagem, da máscara que pintou em seu rosto para fugir de si. Neste sentido parece oportuno o comentário de Baudelaire em Elógio da maquilagem: maquilagem, quem não vê que o uso do pó-de-arroz, tão tolamente anatematizado pelos filósofos cândidos, tem por objetivo e por resultado fazer desaparecer da tez todas as manchas que a natureza nela injuriosamente semeou e criar uma unidade abstrata na textura e na cor da pele, unidade que, como a produzida pela malha, aproxima imediatamente o ser humano da estátua, isto é, de um ser divino e superior? [...] Assim, se sou bem compreendido, a pintura do rosto não deve ser usada com a intenção vulgar, inconfessável, de imitar a bela natureza e de rivalizar com a juventude. (Baudelaire) Quando Lóri passa a usar exageradamente a maquiagem, ela tenta esconder quem realmente é e como diz Baudelaire, aproximar-se mais do divino, mesmo que inconscientemente, pois o divino é tomado como belo e verdadeiro. E é justamente isso que as mulheres buscam ao se maquiar, uma unidade perfeita da pele, onde na realidade não é o que realmente são. Mesmo quando o nu da maquiagem é mais bonito. Sem ela é como nos mostrarmos inteiros ao mundo. Lóri tinha medo de mostrar-se inteira mesmo sabendo que isso era dela o mais bonito e mais verdadeiro o que mais se aproximava do divino, Ulisses via a real beleza de Lóri e tentava fazê-la mostrar-se. Também podemos observar durante a obra várias passagens onde há referencias que Lóri não sabia se vestir e nem se maquiar. Talvez um indício de que ainda não sabia aproveitar o que de melhor ela tinha e que estava se escondendo da sua real beleza. [...]fora ao guarda-roupa escolher que vestido usaria para se tornar extremamente atraente para o encontro com Ulisses que já lhe dissera que não tinha bom gosto para se vestir[...] [...]Lóri então pintou cuidadosamente os lábios e os olhos, o que ela fazia, segundo uma colega, muito mal feito[...] (Id, p. 14) Lóri sabia que não se maquiava e nem se vestia tão bem, pois as pessoas a seu redor falavam isso a ela. Porém, não conseguia mudar os hábitos, de maquiar-se com extremo exagero e vestir-se da mesma forma. Havia criado uma Lóri que vestia-se e maquiava-se com exagero porque tinha medo de que a outra Lóri, a que preferia deixar os cabelos para trás e orelhas nuas não fosse tão atraente como aquela que acreditava 289 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ser, e nem tão confiante. Ela ainda não havia aprendido que a confiança não esta na maquiagem, estava ainda por aprender. Ulisses e as outras pessoas não pediam para ela parar de maquiar-se, pelo contrario, apenas queriam que ela soubesse como usar a maquiagem na medida certa. Ela não precisaria mudar totalmente, mas apenas mudar aquilo que era necessário, e mostrar o que tinha de melhor. Como a maquiagem que ressalta a beleza já existente, ela não pode esconder totalmente o que o outro possui, mas apenas embelezar suas qualidades, só depende de como usada. Ainda no texto de Baudelaire, onde ele faz um elogio a maquiagem pois acredita que se existem artifícios para embelezar uma pessoa, estes devem ser usados sem restrições e medos, podemos analisar este fragmento: Aliás, observou-se que o artifício não embelezava a feiúra e só podia servir a beleza. [...] A maquilagem não tem porque se dissimular nem por que evitar se entrever; pode, ao contrario, exibir-se, se não com afetação, ao menos com uma espécie de candura. (Ib, p.113) Quando ela começa a ser mais viva, mais mulher e mais contente com ela mesma, depois de um bom tempo de aprendizado, a maquiagem deixa de ser exagerada, as roupas continuam ousadas, mas mesmo assim, há uma beleza interior que irradia o semblante da mulher e que faz as pessoas perceberem que algo ali mudou. Ulisses, como não poderia deixar de ser, é o primeiro a perceber os sinais da mudança. Ela nem precisava pensar no que ia vestir, tanto já sabia: iria com a saia xadrez de lã e o suéter vermelho...então resolveu que sairia de casa quinze minutos antes da uma, para esperá-lo de guarda-chuva vermelho aberto.E assim encontrou-a ele e olhou-a com admiração: ela estava extravagante e bela.(ibidem, p 88.) O estado de contemplação que Lóri se encontrava a deixara mais bonita e confiante. E sabia que Ulisses também repararia nisso. Estava dedicando-se cada vez mais às coisas que lhe agradavam, como as crianças a quem ensinava e a ela mesma. ―Aproveitaria o extemporâneo calor daquele dia, que estragaria a maquiagem, para ir sem pintura. Sem máscara.‖ Não hesitava mais em sair de casa sem maquiagem se assim o considerasse melhor. Era como tirar-lhe um peso, a deixava mais leve e inevitavelmente mais bonita. Agora ela estava no caminho do prazer. Indo da aprendizagem ao prazer, Rodrigo Guimarães nos diz: 290 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 [...] principia o romance Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres com uma vírgula, permeia-o com frases interrompidas e elipses, finalizando-o com dois pontos: ―Eu penso o seguinte:‖ (Guimarães, 2010, p. 19) Uma vírgula e um contínuo de história, uma pausa para respiração. A vida é feita de vírgulas. Não existe um começo e tudo é sempre continuação de algo, continuação de uma história que às vezes nem nossa é, continuação de um pensamento que somente é nosso por puro capricho da mente e do corpo, mas que alguém em algum momento já deve ter sido pensado, porém, deixou oculto por ser de difícil assimilação ou aceitação, pela dificuldade do pensar e do continuar na linha tênue da mente, dissipando recantos adormecidos de um pensar que sente, machuca e sorri. Uma pausa para recuperar o fôlego pra tentar entrar em acordo, fazer com que a mente e o coração sigam os mesmo rumos, mas é impossível, no momento em que se escolhe seguir um dos dois caminhos o outro está irremediavelmente esquecido, e a volta não existe mais. Porque já é passado, o presente te empurra cada vez mais para o futuro, e os caminhos ficam para trás. ―Ela quis retroceder. Mas sentia que era tarde demais: uma vez dado o primeiro passo este era irreversível, e empurrava-a para mais, mais, mais!‖ (p.78). Uma pausa para respirar, uma pausa para pensar no futuro, era isso que ela queria, mas como o texto deve continuar sem interrupções essa pausa é demasiada pequena e só dura um segundo de respiração. Só resta recuperar o fôlego e continuar. A vírgula é o momento de fuga e de lucidez, onde podemos por alguns segundos decidir o rumo a ser seguido, analisar o que estava a passos distantes já percorridos, mas sem a opção de retornar. É assim que Clarice começa sua obra. Uma vírgula demonstrando a continuidade de uma vida que nem sabe já ter começado em momentos anteriores. Um sopro de história à espera do vendaval que estava por vir não anunciado, mas já pressentido. A pausa do pensar perante os caminhos apresentados no escuro. E uma decisão que muda completamente o rumo. Ah, e a falta de sede. Calor com sede seria suportável. Mas ah, a falta de sede. Não havia senão falta e ausências [...] Fazia meio-dia com o barulho atento de máquina de bomba de água, bomba que trabalhava há tanto tempo sem água e que virara ferro enferrujado. (p.20) [...] E exatamente então ela ouve alguma coisa. Uma coisa também seca que a deixa ainda mais seca de atenção. É o rolar de trovão seco, sem uma saliva que rola, mas aonde? No céu nu e absolutamente azul nenhuma nuvem de amor que chore. (Lispector, 1969, p.22) 291 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O trovão seco que cai ao longe e que mesmo distante se escuta, sem nenhum sinal de chuva aparente. A água que não cai do céu, a água que não escorre dos olhos, a garganta seca e a falta de sede. Como um capricho contra o mundo. ―Era por ódio que não havia água. Nada escorria.‖ (Ib, p.21) A água, tão presente e ausente ao mesmo tempo, a água que é o amor a sede que é a vontade, e o calor que é a própria personagem. A falta de sede e o amor que vem em gotas, cada gota aumentando o volume da água que é observada multiplicar-se aos poucos num recipiente trincado, enfim deixando a sede invadir os poros com veemência e pacificação. Até a garganta seca não suportar e a secura tomar conta do corpo para daí então a água ser bebida e saciar por fim a sede que crescia ao relento de um deserto de sentir. Em Uma aprendizagem ou Livro dos Prazeres, visualizamos a vida de uma professora primária que é incitada a descobrir-se. Lóri conhece Ulisses, professor de filosofia, que além de uma relação afetiva pretende ensinar a professora sobre ela mesma. No decorrer do livro há uma luta de Lóri com ela para poder chegar a um conhecimento interior maior do que o já possuído. A urgência é ainda imóvel mas já tem um tremor dentro. Lóri não percebe que o tremor é seu, como não percebe que aquilo que a queimava não era o fim da tarde encalorada, e sim o seu calor humano. Ela só percebe que agora alguma coisa vai mudar, que choverá ou cairá a noite. Mas não suporta a espera de uma passagem, e antes da chuva cair, o diamante dos olhos se liquefaz em duas lágrimas. E enfim o céu se abranda. (Ib, p.22) Não havia ódio, mas o tremor era um presságio dele, não apenas do ódio, mas do que vinha com ele também. Era senti-lo se aproximando e isso lhe assustava. Era o calor humano que ela havia deixado de sentir e naquela tarde quente sem chuva estava tomando conta dela, um ódio seco se transformando em tempestade. O tremor era como o trovão ao longe anunciando a chuva que viria próxima. Um tremor que assusta, como um trovão em pleno dia seco desprevenidamente. E por fim a chuva convertida em lágrimas molhando a mulher que se sente parte inteira dessa terra seca, ausente de sentir. Até que a tempestade abranda e deixa a terra, já úmida, fértil, preparada para as primeiras etapas do plantio. Ela estava sentindo, começando a ter consciência de que a aprendizagem estava sendo inserida em sua vida mesmo contra sua vontade por causa do medo. Lóri havia aceitado a aprendizagem por causa de Ulisses, mas teria que aprender a aceitá-la por ela 292 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 mesma, Ulisses não seria capaz sozinho. Ela teria que caminhar com as próprias pernas como uma criança quando descobre os passos e junto com eles vem a alegria ainda no berço. Há uma passagem de Nietzsche, em ―Sobre verdade e mentira‖, onde ele tenta desconstruir o conceito de que as ideias são mais importantes que o corpo e que a razão é mais verdadeira que a emoção. E afirma que a linguagem cria diversas verdades distintas do que aquela que deveria ser a verdade cientifica já que desconsidera que a linguagem é um campo seguro onde as verdades são verificáveis. Nesta passagem podemos perceber um dos grandes dilemas encontrados em Uma Aprendizagem, o que o homem sabe sobre si mesmo? Sabe apenas o essencial. Mas é aquela procura maior onde se encontra? Na consciência. Na consciência do que é o homem, o Eu, e do que é o mundo onde vivemos. E claro, na descoberta do que somos e do que é o mundo através daquilo que sentimos também e não apenas do que pensamos. O que sabe o homem de fato sobre si mesmo! [...] Não se lhe emudece a natureza acerca de todas as outras coisas, até mesmo acerca de seu corpo, para bani-lo e trancafiá-lo numa consciência orgulhosa e enganadora, ao largo dos movimentos intestinais, do veloz fluxo das correntes sanguíneas e das complexas vibrações das fibras! Ela jogou fora a chave: e coitada da desastrosa curiosidade que, através de uma fissura, fosse capaz de sair uma vez sequer da câmara da consciência e olhar para baixo, pressentindo que, na indiferença de seu não saber, o homem repousa sobre o impiedoso, o voraz, o insaciável. (Nietzsche p. 13.) Este saber delimitado onde o básico nos basta é a questão a ser explorada durante a aprendizagem. Sabe-se essencialmente aquilo que vemos e acreditamos. Que não influi em nossas vidas de uma maneira mais significativa. Lóri ainda não sabia exatamente como era, e descobrir isso, tendo uma vaga idéia do que se é e do que gostaria de ser a afetava grandemente, pois teria que deixar de lado a idéia do que era para buscar a verdadeira essência do seu ser. Sabia que era professora primária, que viveu alguns casos com homens com quem apenas se deitou por prazer, sem esperar algo em troca. E Ulisses quer mostrar a essa Lóri que existe outra mulher dentro dela, que nem ela mesma sabe quem é. Esse prazer de se descobrir é algo que lhe aparece furtivamente em momentos distintos do dia. Como cansava-se de ser se nem ao menos sabia o que era? Não sabia ainda, mas sentia que algo era. A aprendizagem não seria fácil, e o 293 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 prazer que isso lhe dava machucava. Afinal eles estavam em busca da felicidade e do amor sem medo. O sorriso amargo que possuía e fazia parte de sua condição já lhe era familiar. Aquele sorriso que diz mais do que podemos dizer com palavras. De tão difícil e triste chega a ser belo, pois até mesmo na tristeza existe beleza. Estava tão com sua condição muitas vezes não feliz, Lóri ainda era e, achava-se bonita com aquela condição humana meio manca. Também havia o risco de não aprender e o de desistir no meio do caminho, mas esses eram os riscos que corria. Afinal só aprendemos sozinhos. Porém, desistir seria a falha, o não viver. Temer o que iria encontrar pelo caminho e não chegar ao final por puro medo, querer continuar sobrevivendo em sua condição triste e confortável, aparentemente feliz, mas somente básica. E não aprender seria a quase experiência de todo o aprendizado não sentindo completamente. Seria a comodidade, saber que existe o outro lado e querer permanecer neste por falta de estímulo de si próprio. O ser humano é bem mais do que aquilo que aparenta ser. Não importa onde esteja, o seu tempo, ou a sua idade. Todos temos impulsos e todos temos uma sede de conhecimento. Só nos falta estímulo, e isto é o que mais se encontra em Uma aprendizagem ou O livro dos Prazeres. Um livro que mostra que a aprendizagem é prazerosa. E é nesse mundo de desejos que embarcamos junto com Lóri para aprender e sentir prazer com o conhecimento, pois é inevitável manter – se imparcial a tamanha obra que tem o poder de mexer vorazmente com o nosso mais íntimo Eu. Quando passamos da aprendizagem o prazer se mostra sublime. No entanto, Lóri tinha a intuição de que, passada as primeiras perturbações da festa íntima que haveria, ela teria enfim a experiência do mundo. Bem sabia, experimentaria enfim em pleno a dor do mundo. E a sua própria dor de criatura mortal, a dor que aprendera a não sentir. Mas que também seria por vezes tomada de um êxtase de prazer puro e legítimo que ela mal podia adivinhar. Aliás já estava adivinhando porque se sentiu sorrindo e também sentiu uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais. Serse o que se é, era grande demais e incontrolável. (Ib, p.142) Não poderia controlar o que estava acontecendo com ela quando começou a sentir. Até mesmo as frutas que comia lhe eram mais saborosas. Começara a sentir o mundo como se fosse uma grande fruta, onde seu conteúdo era mais suculento do que o 294 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 que via por fora, como ela mesma, era mais intensa e mais viva do que aparentava por fora. Amava seus alunos com um amor de mãe e sentia em Ulisses o seu homem. Ele percebendo que Lóri havia chegado ao ponto culminante, onde viver para ela estava sendo prazeroso, a informou de que já estava pronta. Agora você está pronta, Lóri. Agora eu quero o que você é, e você quer o que eu sou. E toda essa troca será feita na cama, Lóri.( Ib, p. 154). Ulisses esperaria por ela, em sua casa, a hora que Lóri quisesse. A hora que ela sentisse que estaria pronta para o passo final. O prazer lhe era tão intenso que começava a senti-lo em horas que nem sequer esperava. Chegando a acordar a noite apenas pelo prazer de estar dormindo. Não conseguindo mais permanecer na cama foi até lá fora. Lóri ficou de pé no terraço, um pouco sufocada pelo perfume intenso. Através da embriaguez do jasmim, por um instante uma revelação lhe veio, sob a forma de um sentimento e no instante seguinte ela esquecerá o que soubera através da revelação. Era como se o pacto com o Deus fosse este: ver e esquecer para não ser fulminada pelo intolerável saber. (Ib, p. 158) Descobriu-se a par do segredo, mas ao mesmo tempo também o esquecera e isso lhe veio em forma de sentimento, que passou rapidamente mas deixou a mulher toda alerta na escuridão. Alguma coisa acontecia e precisava com urgência chegar mais longe ir até o fim. Ficou um pouco desnorteada como se um coração lhe tivesse sido tirado, e em lugar dele estivesse agora a súbita ausência, uma ausência quase palpável, do que era antes um órgão banhado pela escuridão da dor. (Ib, p. 159) Então começou finalmente a chover. Antes então uma chuva rala, depois tão densa que fazia barulho em todos os telhados.Já sei, pensou de repente. Soube que estava procurando na chuva uma alegria tão grande que se tornasse aguda, e que a pusesse em contato com a agudez que se parecia com a agudez da dor. Mas fora inútil a procura. Estava a porta do terraço e só acontecia isto: ela via a chuva e a chuva caia de acordo com ela. Ela e a chuva estavam ocupadas em fluir com violência. (Ib, p. 160) E de súbito, mas sem sobressalto, sentiu a vontade extrema de dar essa noite tão secreta a alguém. E esse alguém era Ulisses. (Ib, p. 161) Lóri estava preparada para dar todos os sentimentos daquela noite e tudo o que era ela a Ulisses. Não havia mais medo e nem dor, apenas uma ausência e o segredo do 295 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 mundo em seu coração. Precisava dividi-lo com Ulisses, precisava dar-se inteira como mulher e senti-lo como o homem dela. Passaram a noite juntos entre a descoberta deles e de seus corpos. Já se conheciam demais e aquele era o momento do enlace que não os separaria. Ambos estavam prontos e desfrutando do prazer. O prazer de ser e o prazer de possuir o eu um do outro. - Amor será dar de presente um ao outro a própria solidão? Pois é a coisa mais última que se pode dar de si, disse Ulisses.- Não sei, meu amor, mas sei que meu caminho chegou ao fim: que dizer que cheguei aporta de um começo. (Ib, p. 176) Aqui podemos aproximar o que acontece nesta passagem com um trecho do conto A ilha desconhecida, de Saramago. Acordou abraçado a mulher, e ela a ele, confundidos os corpos [...] Depois, mal o sol acabou de nascer, a mulher e o homem foram pintar na proa do barco, de um lado e de outro, em letras brancas, o nome que ainda faltava dar a caravela. Pela hora do meio-dia, com a maré, A Ilha Desconhecida, fez-se enfim ao mar, à procura de si mesma. (Saramago, 1997, p. 8) A aprendizagem havia acabado para Lóri e para Ulisses, mas apenas a aprendizagem individual, pois agora eles começariam uma nova busca, porém dessa vez juntos, a busca do que eram sendo dois e compartilhando tudo como se fossem um. A ilha desconhecida deles. Clarice termina a obra tão inusitada quanto a começou, com dois pontos ―- Eu penso, interrompeu o homem e sua voz estava lenta e abafada porque ele estava sofrendo de vida e de amor, eu penso o seguinte:‖ (Ib, p. 177) Os dois pontos que dão a idéia de resposta e afirmação de algo, mas toda a resposta está durante toda a obra, e nós mesmos acabamos tendo que descobri-la. Ou seja, fica claro, com uma vírgula começando e com dois pontos no final que não são os começos e nem os fins que contam, mas os meios. Clarice consegue, através de uma linguagem simples, tratar de assunto extremamente complexos e de difícil explicação. A obra em si, na verdade não nos dá respostas, mas caminhos para que a busquemos. 296 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Com base em outras obras literárias comparadas para o projeto de elaboração desta monografia, chego à conclusão de que o ser humano sempre é aturdido por dúvidas, medos e receio. E é justamente isso que percebemos em Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres, por meio da figura de Lóri, que tenta a todo desde o principio encontrar respostas para suas dúvidas. Clarice nos mostra o caminho, mas por onde e como segui-lo vai depender de nós mesmo. Referências: BAUDELAIRE, Charles. O pintor da vida moderna. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. CAMPOS, Carolina. ―Existencialismo na obra de Sartre‖, acessado em www.existencialismo.uerj.br, em 20 de outubro de 2011. GUIMARÃES, Rodrigo. “E” (ensaios de literatura e filosofia), Rio de Janeiro: 7Letras, 2010. LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 2º Ed. - Rio de Janeiro, Editora Sabiá Limitada: 1969. NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Sobre verdade e mentira. Org e trad. Fernando de Moraes Barros. – São Paulo: Hedra, 2007. NUNES, Benedito. O drama da linguagem, Uma leitura de Clarice Lispector. 2º Ed. São Paulo, Editora Ática S.A. : 1995. SARAMAGO, José. O conto da ilha desconhecida. São Paulo: Companhia das letras, 1998. 297 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 POESIA NA VOZ E NO SOM: PRODUÇÃO CANCIONAL DE PAULO LEMINSKI Jaqueline de Fátima Naizer13 Caio Ricardo Bona Moreira14 RESUMO: A partir de um estudo de vida e obra do escritor paranaense Paulo Leminski, bem como o contexto social no qual o poeta estava inserido, pretende-se discutir as afinidades que foram responsáveis por uma aproximação entre as produções literárias e musicais no Brasil nos anos 70 e 80. Intenta-se refinar o olhar sobre o trabalho do escritor como cancionista, buscando compreender o porquê trilhou com intensidade os caminhos da música popular. Como também, desenvolver a possibilidade de se pensar a canção como morada da palavra poética. Nossa pesquisa fundamentou-se Ezra Pound, José Miguel Wisnik, Luiz Tatit, Marcelo Sandmman, Toninho Vaz e teorizações acerca do conceito de poesia, canção e suas imbricações. Palavras chaves: Paulo Leminski, poesia, canção. 2 POESIA NA VOZ E NO SOM No livro ABC da literatura, Ezra Pound (1970, p.34) revela que para entendermos poesia é preciso ―olhar para ela ou escutá-la e quem sabe até mesmo pensar sobre ela‖. O teórico e poeta demostra, assim, a multiplicidade que envolve a poiesis, quebrando as barreiras e limites de análise, compreensão e utilidade. Pound desenvolve três modalidades com o objetivo de classificar a poesia: Melopeia, fonopeia e logopeia15. 13 Acadêmica do terceiro ano de Letras/Espanhol da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória. 14 Professor de Literatura Brasileira da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória. Orientador da Orientador da pesquisa, Doutor pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). 15 Melopeia, segundo Ezra Pound, é uma modalidade poética em que as palavras estão impregnadas de uma propriedade musical (som-ritmo). Por meio do ritmo, do som, e da fala, ela produz emoções que orientam na significação. A fanopeia é a modalidade poética que estimula um efeito imagético, projeta uma imagem na imaginação visual. A Logopeia, por sua vez, apresenta-se como a união dos efeitos de 298 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Refletindo sobre a modalidade de propriedade musical, melopeia, a palavra ganha êxito também em seu elemento de origem, a voz. A voz apresenta-se como instrumento de equilíbrio entre a palavra e a melodia, é um cantar e um dizer que traz ritmo, harmonia e sentido. Por essa forma, podemos pensar em uma aproximação oportuna entre som e sentido, entre corpo e alma, entre linguagem poética e rítmica, entre texto escrito e texto cantado, entre poesia e canção. Literatura e música há anos percorrem caminhos intercruzados. Desde a Grécia Antiga ao modernismo podemos encontrar gêneros literários constituídos via oral e com intensidade sonora. É o caso das tragédias gregas, das cantigas trovadorescas, da literatura medieval, do romantismo e do simbolismo. Palavras e sons se relacionam e contribuem para uma significação poética. Exploram dimensões entre o visível e invisível, fortificam a linguagem tornando-a capaz de tocar pontos do mental, corporal, intelectual e afetivo. Como revela Wisnik (2004): a canção torna-se um pulsar que atravessa o tempo, ordena a alma em harmonia e conforma o corpo em ritmos. Como um habitat, encontra-se por todos os lados, algo que completa o lugar de morar, de trabalhar, preenchendo os hiatos do ambiente físico, subjetivo que distrai o homem. Ao tornar-se ponto de fuga, é uma espécie de jardim da atividade de viver. Desse modo, é de capaz de provocar as mais apaixonadas adesões e as mais violentas recusas. E diante dessa junção as artes são capazes de duplicar o valor do imaginário e do poético. Junção essa que a partir da intuição lírica como meio de autossuficiência entre a voz e a palavra na canção constituem uma forma sublime do falar. Por esse modo, a canção apresenta-se de maneira multi-expressiva, suscitando significações transdisciplinares, tornando-se difícil de ser analisada e alcançando significação sobre o corpo que se desdobra na estrutura social. “HOJE GRAFO NO TEMPO”- PAULO LEMINSKI CANCIONISTA 3.1 A EFERVESCÊNCIA melopeia e fanopeia, pois não está contida apenas na plástica ou no ritmo. Através dessa associação, ela estimula tanto o lado emocional quanto o intelectual que permanecem na consciência do receptor em relação às manifestações verbais. 299 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Após a revolução da bossa nova e também por causa dela, surge um movimento que busca efervescer as tensões que rodeavam o Brasil no final da década de 60. O país vivia a ditadura militar e o sentimento de redescobrir o Brasil. Entre ares contraditórios de modernização, desenvolvimento e miséria, surge no cenário cultural brasileiro o movimento tropicalista. Os tropicalistas exploraram o domínio da entonação na realização de texto e melodia. Doaram o corpo, a linguagem, ao canto e à fala, realizando uma interlocução entre sons e fomentando, assim, uma manifestação expressiva de grande valor. A tropicália manifestou-se principalmente na música com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Torquato Neto, Os mutantes e Tom Zé. Como também no cinema com Gláuber Rocha, nas artes plásticas com Hélio Oiticica e no teatro com José Celso Martinez Corrêa. Outro evento que contribui para o afloramento da tropicália foi o crescimento dos meios de comunicação de massa no Brasil. A música ocupou-se como objeto de drible ao regime e rompeu os limites de contemplação midiáticos recebendo grande interesse não apenas da indústria e entretenimento como de intelectuais. Nesse momento, o fazer artístico musical conquista vários escritores brasileiros, o poeta Vinícius de Moraes revela grande destaque por ser um dos primeiros a migrar do livro para a canção na parceria com Tom Jobim. Surgem outros letristas como Cacaso, Antônio Cícero, Waly Salomão, Alice Ruiz, Torquato Neto, Arnaldo Antunes, Jorge Mautner, Antônio Risério, Paulo Leminski e outros. O estudo sobre as canções emergidas nesse período revela um sentimento de mudança e invenção na música popular. O movimento, com ares de modernismo e experimentação, buscava outro sentido para as expressões ―legítima‖ e ―tradicional‖. Não demorou a criar um embate entre a crítica estética e comportamental, social e política, entre o espetáculo e o consumo da arte. É dentro desse panorama cultural que se pode compreender melhor o interesse de Paulo Leminski pela produção da canção popular em seu plano artístico literário. 3.2 O POETA INQUIETO 300 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Poeta, publicitário, tradutor, ensaísta, romancista, contista, compositor. Inúmeros e um só: Paulo Leminski Filho. Escritor paranaense, nascido em Curitiba no dia 24 de agosto de 1944, filho do polonês Paulo Leminski e Áurea Pereira Mendes mestiça. Escritor que colocou à palavra a serviço da vida, a desejava além de versos, prosa, ideias, queria a palavra na voz, a palavra grafada no tempo, na memória. Assim Leminski guerrilhava na guerra dos signos, entre prosa, poesia, crítica, tradução e também na canção. Em sua vida literária, Paulo Leminski cruzou várias correntes de experimentos. Estreou como poeta, aliado ao concretismo, na revista Invenção. Poeta que se encontrava geograficamente fora do grande centro concretista de São Paulo, e que, apesar da dificuldade, ficou ao lado de outros poetas canonizados. Releva seu reconhecimento sobre essa influência em sua criação. Emergiu a partir das heranças do concretismo e buscou a superação desse legado. Com o espírito de contracultura, manifestou o desejo de aproximar radicalmente a arte da vida, gerando um elemento perturbador em sua produção. Após a publicação do Catatau, em 1975, um dos grandes frutos de dedicação e maestria de Paulo Leminski, o poeta entra em crise e percebe que seu fazer poético pode ser mais explorado. Alia-se a contracultura e preocupa-se com a atitude da palavra poética diante da vida. Entre elementos de experiência concretista, outro elemento ganha importância ao fazer poético do escritor: o desejo de comunicação. Amplia o seu modo de ver a linguagem e a literatura, o que o leva a procurar um olhar extra verbal, Inter semiótico. Nas cartas do escritor a seu amigo Regis declara essa preocupação com a linguagem: e (depois do catatau)?/ não quero mais escrever LIVROS/ não quero fazer carreira literária/ acho que estamos depois da literatura/ não é preciso mais combatê-la/ o que nós estamos fazendo não é ela/ a produção de signos/ de bens simbólicos/ de mensagens/ já ultrapassou abarreira da cultura verbal/ em plena conquista de um espaço intersemiótico (...) (LEMINSKI. BONVICINO, 1999, p.33). 301 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Leminski apreciava a linguagem post-literatura16. Intentava ir além da literatura, invadindo a massa: a mídia encontrando espaço fora dos meios tradicionais de circulação literária. Apesar de ter um pouco de medo ao pisar nesse abismo midiático, dizia: ―já fui erudito, agora só ataco de artilharias ligeiras‖ (1999, p.47). Queria sentir na corrente sanguínea os meios de massa, queria dar vida às palavras, extra-papel, colocar os signos para agir. Dizia Leminski (1999, p.47): ―trabalhar nos meios de massa é a coisa mais parecida com ação que já vi, gosto de ver aqueles que aplicam um grande repertório nas coisas ‗pequenas‘‖. E encontrou na canção um espaço para isso, para a exploração da criação verbal. Na carta 42 do livro Envie meu dicionário, Leminski revela dois ―neutralizadores da literatura‖, a música popular e a publicidade: tenho dois neutralizadores da literatura (2 anti-ambientes: - música popular/composição – publicidade/ lay-out/arte lido o dia inteiro c/mensagens verdadeiras, quer dizer, mensagens q funcionam. funcionam pq são maximalização de linguagens industriais, veiculadas certo, no lugar certo... (LEMINSKI, BONVICINO, 1999, p.120). Essa capacidade de produzir uma mensagem que funcionasse, que realmente expressasse um efeito comunicativo sempre cativou o poeta. Seu primeiro estudo sobre música deu-se quando estudava no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, onde teve contato com o canto gregoriano. Canto que o acompanhou por dois anos de estudo, rebeldia e descobertas vivenciadas nos anos de 1956 a 1958. Somente aos 26 anos, depois de estímulos e convívio com seu irmão 16 Marcelo Sandmann no artigo intitulado ― ‗Na cadeia de sons da vida‘: literatura e música popular na obra de Paulo Leminski‖ (2010), destaca a ideia de ―post-literatura‖ na obra do poeta. Essa que parece englobar qualquer produção textual criativa para além do suporte do livro, assim como os tradicionais espaços de inserção e valorização dos artistas da palavra. Propõe buscar estímulos de criação e espaço de circulação fora dos meios hegemônicos. 302 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Pedro, que era músico, resolveu aprender a tocar violão. Um aprendizado tardio, mas que o incentivou a compor suas canções e adentrar no caminho de harmonias e acordes. Tatit (1996) caracteriza o compositor/cantor como malabarista de um saber inato, que se aproxima de uma agilidade patente, do oportunismo, do charme, da paixão e do lirismo do malandro. Esse ―malabarismo‖ foi que motivou o poeta a se interessar pela a arte de cancionar. Juntamente com os embalos que o cercavam na década de 70 e com o impacto irremediável que o Tropicalismo estava causando, Leminski viu-se afoito e decidiu somar o seu digno conhecimento aos caminhos da canção. O escritor demonstra um grande apreço a alguns compositores da canção popular brasileira, tanto que na entrevista a Almir Feijó, no ano de 1978, declara-os poetas: (...) na nossa geração o centro da poesia se deslocou do livro para a música popular. Com a geração que produziu Caetano e Chico Buarque, viu se deslocar o pólo da poesia, do suporte do livro pro suporte do disco. De repente os dois poetas da nova geração não estão editando livros. São músicos que fazem letras e estão gravando discos. (apud SANDMANN, 2010 , p.204) O tropicalismo o impulsionou a transitar entre a canção e a poesia, não só ele como toda uma geração que se seguia. Sua obra cancional pode ser dividida em: canções de produção de letra e música, canções compostas em conjunto, poemas musicados em vida e canções em parcerias póstumas. Um volume de obras que enumeram um total de 88 canções conhecidas que merecem ouvidas e analisadas. Tratava-se de um trabalho com a linguagem que não ocupava apenas um plano secundário para o escritor. A produção musical de Leminski não era profissionalizante. Tratava-se de algo que surgia em conversas, situações, leituras, lugares, como insights. Vaz (2004) conta que muitas de suas músicas nasceram em noites com amigos, brincadeiras levada a sério. Passeava entre o rock, bolero, samba-canção e outros embalos que eram costumeiros em Curitiba. 303 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Certa vez Leminski presenciou uma cena de um crime e, ao chegar em casa, escreve sua primeira música de forma espontânea, sem auxilio de violão, apenas batendo palmas. A canção foi gravada em 1993 por Edvaldo Santana: Mãos ao alto Isto é um assalto Um insulto um sinal O senhor me parece um homem de bem Eu prefiro o caminho do mal Não discuto Eu chuto tudo para escanteio (repete) Sou lobisomem na lua cheia Criança domingo no futebol Eu tenho um Exu atrás da orelha (repete) Procurando anavalha vermelha O estranho jorrando à bangu (in VAZ, 2001, p.122, 123) A Curitiba de Leminski sofria um problema de ausência de uma contribuição consistente na cultura do país. Dizia o poeta diante de uma reflexão sob os meios industriais que cercavam Curitiba: ―Falta-nos, na perspectiva polêmica do poeta, justamente a falta, a fome. Talvez só se produza, culturalmente, em resposta a uma grande carência‖ (LEMINSKI, 1986, p.114). Leminski preocupava-se com a produção cultural-popular de sua cidade e ele buscava suprir essa ausência. E na produção de música popular torna-se importante seu papel de cancionista, pois ele enraíza a músicacultura local, semeando interesse para uma guinada cultural curitibana. Depois de Leminski muito se pensou sobre poesia, música e arte em Curitiba. Tanto que se evidencia uma grande produtividade artística nos últimos anos, fazendo do Paraná um lugar de destaque no país. Além desse desejo de saciar a fome cultural de Curitiba, outro fato estimulou Leminski a adentrar nos caminhos da canção. Foi com as visitas esporádicas de intelectuais como: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé e Moraes Moreira, que o poeta acelerou sua produção cancional. 304 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O esforço do poeta para inserir-se nesse novo cenário é demonstrado nas cartas do escritor. Nelas, apresenta bastante satisfação por artistas que tanto admira se interessarem por sua pessoa, por seus escritos, pela sua amizade. E o poeta apresenta-se de maneira tímida e honrada por apresentar suas canções em sua casa: Mautner esteve a semana passada/ estivemos juntos dois dias (...) esteve antes tom-zé/ mas o papo não foi tão legal/ por motivos vários/ agora vem macalé/ que já esteve este ano aqui/ quando batemos um papão/ a música popular do brasil crioulo está invadindo o sul/ caetano/ gil/ doces bárbaros estiveram curtimos 4 dias incríveis/ até cantei minhas músicas para eles imagine (LEMINSKI, 1999, p.31). Leminski aproximou-se do trabalho cancional tardiamente, iniciou suas produções com músicos de sua cidade, como Mário Gallera e Ivo Rodrigues, vocalista da banda ―A Chave‖. Sua primeira letra foi ―Flor de Cheiro‖ produzida em dezembro de 1969, enquanto o seu irmão Pedro tocava violão, uma surpresa ao poeta: FLOR DE CHEIRO você tem o cheiro de uma flor que eu não me lembro mais lilás jasmim incenso amor perfeito e sassafrás flores de muito tempo atrás vi você a sombra de uma flor com outra flor na mão flor em compensação você tem o cheiro de uma flor que eu não me lembro mais (in VAZ, 2001, p.118) 305 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ―Flor de cheiro‖ e mais outras quinze canções produzidas com Alice Ruiz e Mário Gallera foram gravadas no álbum nomeado ―Fazia Poesia‖. Após essa primeira produção, desenvolveu informalmente uma intensa parceria musical com seu irmão Pedro. Outra canção que produziram juntos foi ―Oração de um suicida‖, em que a primeira parte foi escrita por Pedro e a segunda parte por Paulo Leminski. A canção foi gravada em 1990 pela banda Blindagem. Paulo Leminski após gravar sua primeira canção espontaneamente ―Mãos ao alto‖ foi presenteado com um violão por seu amigo Louzeiro. Trabalhava exaustivamente para tirar no violão as músicas que mais gostava, até os dedos sangrarem. Estudou o básico sobre violão para auxiliar na composição de suas canções, permitindo até mesmo criações melódicas de sua própria autoria, como as canções Verdura, Mudança de estação, Se houver céu, Valeu e Luzes. Com as cantorias em sua casa, surge a primeira formação musical do poeta, um trio de amigos, Paulo Leminski, Pedro Leminski e Paulo Bahr, intitulados ―Duas Pauladas e uma Pedrada‖. O trio até teve apresentação gravada em um programa de televisão no canal 4, TV Iguaçu.17 ―Duas Pauladas e uma Pedrada‖ se rompeu com a ida de Paulo Bahr aos Estados Unidos estudar medicina. Porém, outra banda se aproxima do poeta, a banda ―A Chave‖. A qual escrevia várias letras para a banda como: ―Blues do Satanás‖, ―Povo desenvolvido é povo limpeza‖, ―Vai à luta‖, ―Mulher interessante‖, ―Luva de pelica‖, ―Me provoque para ver‖ e ―Buraco no coração‖. E, então, nesse período, as canções de Leminski começaram a ser divulgadas nas apresentações de Mário Gallera e nos shows da banda do Ivo Rodrigues, ―A Chave‖, mais tarde renomeada ―Blindagem‖. O grupo ―A chave‖ lançou um compacto com dois rocks seus ―Me provoque para ver‖ e ―Buraco no coração‖ com parceria ao Ivo, tornando seu primeiro registro na música. A alegria e entusiasmo do autor são revelados na carta 14 de Leminski (1999, p.59): ―sai agora o compacto (o 1º) da CHAVE com dois rockinhos maneiros letra minha: ME PROVOQUE PRA VER e BURACO NO CORAÇÃO (saindo vou ai 17 Mais detalhes ver Vaz, Toninho. O bandido que sabia latim. No capítulo 7 ―O dia da criação‖. 306 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 levar)‖. Ainda mais sob as dificuldades de gravar um disco na época e por encontrar-se fora do eixo Rio-São Paulo. Em 1981, a Banda Blindagem lançou um LP com várias canções dele em parceria com Ivo, entre elas ―Sou legal eu sei‖ ―Oração de um suicida‖, ―Não Posso ver‖, ―Palavras‖, ―Marinheiro‖, ―Quanto tempo mais‖, ―Verdura‖, ―Se houver céu‖, ―Hoje‖, ―Palavras‖. A parceria com o Ivo o levou aos registros de discos, pareceria essa que deu certo e que em outros discos revelam a presença das canções de Leminski, o poeta até viajava com os músicos em festivais. Com Mário Gallera, reuniu um grupo de compositores que por três anos realizaram apresentações no Teatro Paiol, o movimento intitulado MAPA- Movimento de Atuação Paiol. Assim, surgem as primeiras apresentações do compositor diante de uma plateia. O ápice de seu desejo e experimentação como cancionista ocorreu na década de 70 com a visita de Caetano Veloso e Gal Costa. A partir de então Leminski e Alice adentraram efetivamente ao circulo musical que ocorria no Brasil. Mais tarde vieram outras parcerias com Moraes Moreira, Arnaldo Antunes, Paulinho Boca, Suzana Salles, Itamar Assunção, José Miguel Wisnik, entre outros. No livro Envie meu dicionário, na carta número 55, narra em 1979 mais uma visita de Caetano a Curitiba. Visita essa que surpreende Leminski mais do que nunca, pois Caetano pede a Leminski uma fita com suas canções, entre elas Verdura, música que o fascinou, e pediu para gravar em seu próximo LP. Embora tenha iniciado a cantála nos shows de Cinema Transcendental. Na carta, Leminski, perplexo, demonstra sua felicidade e emoção por estar realizando seu desejo de pertencer a essa geração tropicalista. ―Estou até meio tonto com tanto... É um sonho paranóico de 10 anos come true!‖. Super contente, encerra a carta de maneira eufórica, anunciando a sua passagem para a MPB: ―minha passagem para a MPB está para se completar: operação massmedia‖ (LEMINSKI, 1999, p.155,156). E foi exatamente isso que desencadeou a difusão do nome do escritor curitibano. O início da divulgação de sua obra em nível nacional foi por meio da música ―Verdura‖, 307 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 gravada por Caetano Veloso no álbum ―Outras palavras‖ em 1981. Pois, antes disso, seus livros eram publicados sem divulgação além de Curitiba. Não era apenas a amizade de Paulo Leminski com músicos que o incentivavam a escrever canções. A música de forma natural contribuiu ao escritor para alcançar seu ―projeto‖ artístico que tinha como pulso a experimentação, o signo, a comunicação. Leminski demonstrou algumas vezes seu desejo de utilizar a canção para devolver a poesia a seu veículo original, a voz. Tinha preocupação com a vocalização, a ―música de sua poesia‖, sonoridade, cadência de seus escritos e declarações. E surge, assim, a canção como forma de ousadia, transgressão. Via na música, na canção, algo que a poesia talvez não fosse capaz de oferecer ao criador, uma desierarquização da literatura, transgressão da palavra além da mudez da página. Em uma declaração na conversa entre Paulo Leminski, Guilherme Mansur, Alice Ruiz e Otávio Ramos, de 1985, o poeta revela o papel da voz e do canto em sua produção: Durante muito tempo, escrevi no espaço, no espaço-branco da página, a página do livro, da revista, a página do pôster. Agora, eu poeto no tempo, na substância fugaz da voz, na música, na cadeia de sons da vida. Sobretudo, no corpo da voz, essa coisa quente que sai de dentro do corpo humano, para o beijo ou para o grito de guerra. Meus poemas, agora, são para serem ditos. Para isso, tive que recuperar números, cadências, embalos. Não me interessa que nome isso tenha (...) (apud DICK e CALIXTO, 2004, p.290,291). Seu desejo de transigir a palavra mostra-se também em um poema seu, no livro La vie en Close, nomeado ―Sintonia para pressa e presságio‖: Escrevia no espaço Hoje grafo no tempo, na pele, na palma, na pétala, na luz do momento. 308 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Soo na dúvida que separa o silencio de quem grita do escândalo de que cala, no tempo, distancia, praça que pausa, asa, leva para ir do percalço ao espasmo. Eis a voz, eis o deus, eis que a luz se acendeu na casa e não cabe mais na sala. (LEMINSKI, 1991,p.18) No mesmo livro encontramos outras alusões ao fazer poético da voz, o seu encantamento diante da canção, da musicalidade, do som. No poema ―quem sai aos seus‖, vemos o valor da voz diante ao poeta: Quem sai aos seus vozes a mais vozes a menos a máquina em nós que gera provérbios é a mesma eu gera poemas, somas com vida própria que podem mais que podemos. (LEMINSKI, 1991, p.37) A voz torna-se a vivacidade do poema e de sua criação. É um duelo da linguagem com o fazer artístico do poeta, fazendo e desfazendo nós da linguagem. Como anuncia: ―veloz/ como a própria voz/ elo e duelo/ entre eu e ela/ virando e revirando nós‖ (LEMINSKI, 1991, p.54). 309 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O ―apelo ao som‖ contribui para seu fazer poético, traz a luz a inspiração, revigora as suas obras. Exclama: ―isso sim me assombra e deslumbra/ como é que um som penetra na sombra/ e a pena sai da penumbra?‖ (LEMINSKI, 1991, p.77). Como observado, a presença da música também influência e se manifesta na produção literária impressa do poeta. Como nas obras La vie en close (1991) e Caprichos e Relaxos (1983) que, mesmo em uma singela leitura, já demonstra essa relação. No livro Caprichos e Relaxos (1983) já no texto da introdução à obra, Paulo Leminski revela a multiplicidade de criação e recepção estética verbal, o seu apreço à criação melodiosa, harmônica: Aqui, poemas para lerem, em silêncio, / o olho, o coração e a inteligência. / Poemas para dizer, em voz alta. / E poemas, letras, lyrics, para cantar. / Quais, quais, é com você, parceiro (LEMINSKI, 1983, p.8). Caprichos e Relaxos (1983) revela ainda referências à música e a músicos, como Jimi Hendrix, Beatles, Rolling Stones, Bob Marley, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Rita Lee: dia dai-me a sabedoria de caetano nunca ler jornais a loucura de glauber ter sempre uma cabeça cortada a mais a fúria de décio nunca fazer versinhos normais (LEMINSKI, 1983, p.58) 310 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O ―dia‖, como uma espécie de Deus, ouve os desejos do poeta que clama por um saber que se destina ao músico Caetano, como outros intelectuais mencionados. Outro poema ―féretro para uma gaveta‖ apresenta o prazer pela música, essa que na gaveta do vício se encontra muitas músicas de Hendrix: féretro para uma gaveta esta a gaveta do vício rimbaud tinha uma muitas hendrix mallarmé nenhuma esta a gaveta de um armário impossível (LEMINSKI, 1983, p.68). Novamente faz menção a outra figura importante para a cena musical brasileira Rita Lee. ―Tudo/ que/ li/ me/ irrita/ quando/ ouço/ rita/ lee‖ (LEMINSKI,1983, p.123) No poema ―riso para gil‖ o poeta homenageia o compositor Gilberto Gil como também, faz alusão a outro músico, Bob Marley, com a citação do verso de sua canção ―No Woman No Cry‖, para a qual Gilberto Gil realiza uma versão em português gravada no final da década de 70: riso para gil teu riso reflete no teu canto rima rica raio de sol em dente de ouro ―everything is gonna be allright‖ 311 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 teu riso diz sim teu riso satisfaz enquanto o sol que imita teu riso não sai (LEMINSKI,1983, p.82) Ainda no livro, apresenta poemas com referências à música popular, ―desmontando o frevo‖ (1983, p.16), e também o desejo de pureza e simplicidade do compositor em se criar uma canção tão simples e bela como a canção de ninar. ―à pureza com que sonha /o compositor popular/um dia poder compor /uma canção de ninar‖ (LEMINSKI, 1983, p.96). No mesmo livro encontram-se três canções suas, essas que quebravam o limite entre canção e poema. A letra/poema da canção ―Verdura‖ sem o título é incluída na obra, antes de ser gravada por Caetano Veloso e pelo grupo curitibano Blindagem. Como também, a letra/poema da canção ―fazia poesia‖ gravada por Marinho Gallera, em um álbum com produções cancionais de Leminski que leva o mesmo nome da canção: fazia poesia e a maioria saía tal a poesia que fazia fazia poesia e a poesia que fazia não é essa que nos faz alma vazia fazia poesia 312 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 e a poesia que fazia era outra filosofia fazia poesia e a poesia que fazia tinha tamanho família fazia poesia e fez alto em nossa folia fazia tanta poesia ainda vai ter poesia um dia. (LEMINSKI, 1983, p.68) Outra letra/poema sem título que se transforma em canção com a banda Blindagem e recebe o título de ―sopa rala‖, música gravada no CD de show ao vivo no Teatro Paiol : eu queria tanto ser um poeta maldito a massa sofrendo enquanto eu profundo medito eu queria tanto ser um poeta social rosto queimado pelo hálito das multidões em vez olha eu aqui pondo sal nesta sopa rala que mal vai dar para dois. 313 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 (LEMINSKI,1983, p.71) Mais um poema que sintetiza o apreço do poeta pela música é o haicai ―nu como grego/ouço um músico negro/ e me desagrego‖ (LEMINSKI, 1991, p.151). O haicai ao mesmo tempo em que brinca com a sonoridade das palavras estabelece relações curiosas entre elas. O ―grego‖ remete a tradição erudita europeia, essa que estipula o ―nu‖ como ideal de beleza. No poema, o ―nu‖ pode representar um desvelamento. Já o ―negro‖ remete-nos a tradição afro-brasileira, à cultura popular, ao samba, ao blues, ao jazz. Eis que se apresenta o desvelamento do ―eu‖ que se restaura diante de ―outro‖, do negro, da música. Entre as sonoridades e combinações dos sons de ―grego‖, ―negro‖, ―ego‖, ―desagrego‖ é que o poeta revela a importância da música diante de si, diante da palavra. E assim surgia um ―Leminski Multimídia‖, nas artes plásticas, nos muros, nas músicas, na rádio, nas televisões. Desejava uma literatura para massa, não deixando de ser erudita. Militava a favor do aumento de apreciadores de poesia, de um consumo mais expressivo, de uma eficiência da mensagem, de uma maior visibilidade para a palavra. Com o alto grau de elaboração literária da canção brasileira, inclusive nos músicos preferidos do poeta, animava-o a possível sobrevivência da poesia, um pulsar mais forte, experimental e novo sob o fazer poético cancional. CONSIDERAÇÕES FINAIS No desenvolvimento de um estudo literário, defrontamo-nos com a busca pelo poético. E pensar sobre o poético nos convida a refletir sobre o lugar da palavra - reflexão que fomentava o fazer literário do escritor paranaense Paulo Leminski. Com o presente estudo, foi possível desenvolver um olhar para a ―apreensão‖ da palavra poética na canção. Realizando uma aproximação da palavra cantada, o som, com a palavra escrita, as letras das canções, sendo capaz demonstrar o trabalho artesanal elaborado com a linguagem nesse meio tão pouco discutido em sala de aula e em 314 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 instituições. Principalmente diante a produção cancional do escritor que pouco se encontra fortuna critica a respeito. Com esse estudo foi possível contribuir para o aumento da fomentação desse embate. O escritor paranaense Paulo Leminski, em sua aventura diante da vida, não deixou de revelar a importância da música em sua formação existencial e artística. A música para ele era a arte do tempo, metáfora para se pensar a incompletude do mundo e do ser. Trilhou por diversos caminhos de experimentação, mas foi a música o caminho mais importante para o escritor: ―Da mais alta importância na minha vida foi a música popular. Nela, as distâncias entre o lírico, o trágico, o banal e o raro (..) é um universo que é uma loucura‖. Pois, nela encontrava a poesia viva, que resiste o tempo e é capaz de incandescer a vida e a alma. Estudar a abordagem do poeta diante da linguagem e do poético, de seu fazer artístico musical, nos convida a ver a canção como instrumento pulsante e subjetivo que abriga a poesia, bem como promove a possibilidade de encontrar outras moradas para a arte da palavra, valorizando a cultura, a música, a voz, o corpo. Poetar no tempo, dar asas as suas palavras, era o desejo do escritor que tanto se dedicou a realizar esse intento. Não acompanhou todo o voo, mas hoje permanece inteiro, ―na substância fugaz da voz, na música, na cadeia de sons da vida‖. REFERÊNCIAS ALEIXO, Ricardo. ―No corpo da voz: a poesia-música de Paulo Leminski‖. IN: DICK, André e CALIXTO, Fabiano. A linha que nunca termina: pensando Paulo Leminski. Rio de Janeiro: Lamparina, 2004. LEMINSKI, Paulo. Caprichos & Relaxos. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1983. ______. Ensaios e Anseios Crípticos. Curitiba: Criar, 1986. ______. La vie en close. 1ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1991. 315 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 LEMINSKI, Paulo e BONVICINO, Régis. Envie meu dicionário: cartas e alguma crítica. São Paulo: Ed.34, 1999. LEMINSKI, Paulo. GALLERA, Mário: Fazia poesia. CD POUND, Ezra. ABC da literatura. São Paulo: Cultrix, 1970. SANDMANN, Marcelo. ―Na cadeia de sons da vida‖: literatura e música popular na obra de Paulo Leminski. In: _____. (Org.) A pau a pedra a fogo a pique: dez estudos sobre a obra de Paulo Leminski. Curitiba: Imprensa Oficial, 2010. TATIT, Luiz. O cancionista: composições de canções no Brasil. São Paulo: Edusp, 1996. VAZ, Toninho. O bandido que sabia latim. Rio de Janeiro: Record, 2001. ______. O colecionador de guardanapos.IN: CALIXTO, Fabiano & DICK, André. A linha que nunca termina. Rio de Janeiro: Lamparina, 2004. WISNIK, José Miguel. Sem Receita ensaios e canções. São Paulo: Publifolha, 2004. 316 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O HUMOR NAS CRÔNICAS DE LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO Marcela Wengerkiewicz18 Ana Paula Such RESUMO: O presente trabalho pretende analisar o humor em algumas crônicas selecionadas de Luís Fernando Veríssimo. Assim, buscou-se retratar a variedade e a dinamicidade dos gêneros textuais na atualidade, e como o ensino destes, centrado no uso e compreensão da linguagem, pode influenciar no desenvolvimento das habilidades lingüísticas do alunado. Sob esta perspectiva, foi mostrada a origem e evolução do gênero crônica, seus principais autores, sua presença no Brasil, suas características, posto que este é um gênero que representa a fluidez da vida e das relações humanas em sociedade, sendo, assim, um texto com inúmeras possibilidades significativas e temáticas. Para esta pesquisa, evidencia-se que o humor é um elemento recorrente nas crônicas de Luís Fernando Veríssimo, independentemente da temática abordada pelo autor, pois ele registra os acontecimentos da sociedade brasileira, dando-lhes uma visão crítica, sempre com bom humor. Então, analisa-se a construção do efeito humorístico, tanto em níveis lingüísticos quanto contextuais. Palavras Chave: Gêneros Textuais, Ensino, Crônica, Humor, Luís Fernando Veríssimo. INTRODUÇÃO A diversidade de tipos textuais encontrados nas mídias atualmente leva os estudiosos à uma nova abordagem do ensino de língua materna. Não se deve conceber a língua e seu ensino como algo estanque e prescritivo. O falante/aluno deve conseguir interagir com a linguagem, ao invés de apenas conhecer suas nomenclaturas. Assim, os estudos 18 Acadêmica do curso de Licenciatura em Letras Português/Inglês na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória – PR (FAFIUV). E-mail: [email protected] 317 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 lingüísticos têm enfocado o uso da linguagem, através dos gêneros textuais, a fim de que através do conhecimento e compreensão da língua, o aluno possa desenvolver habilidades lingüísticas que possam trazer benefícios para sua vivência social. Assim, seguindo essa perspectiva, foi escolhido o gênero textual crônica para ilustrar a contemporaneidade dos gêneros discursivos, pois é um texto de caráter fluido, que representa os movimentos do cotidiano em uma sociedade. Busca-se traçar as origens, os principais aspectos e a evolução deste gênero em questão. Ainda, percebe-se que a crônica é um fenômeno típico da literatura brasileira. Mais especificamente, foram abordadas crônicas de Luís Fernando Veríssimo, com o fito de demonstrar que seu estilo baseado no humor embutido de crítica social representa um rico material a ser explorado em sala de aula. Nota-se que ele consegue expor os valores da sociedade brasileira de forma crítica e com bom humor, fazendo de seus textos obras leves, simples, mas nem por isso menores em valor literário. O autor possibilita que o leitor conecte-se à obra, pois é um exemplo de observador da vida e da linguagem brasileira. Desta forma, propõe-se a análise do humor presentes nos textos selecionados, observando quais os aspectos lingüísticos de sua formulação, e como se dá sua compreensão, posto que o autor em questão escreve com maestria mesclando a crítica com o bom humor. GÊNEROS TEXTUAIS Utiliza-se a expressão gênero textual para se referir aos textos presentes no cotidiano que apresentam ―características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica‖ (Marcuschi, 2011, p. 23). Alguns exemplos: carta pessoal e comercial, notícia jornalística, bula de medicamentos, receita culinária, resenha, inquérito policial, bate-papo por computador, poema, crônica, entre inúmeros outros. A língua enquanto construção social tem sua função primordial calcada na comunicação. Logo, a noção de gênero textual abrange toda manifestação lingüística que estabeleça comunicação, seja verbal ou não, como uma rotina social diária. Os gêneros seriam grupos textuais que as pessoas conseguem reconhecer em determinado 318 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 período, seja através da denominação deles, das suas características mais regulares ou pelo uso específico em determinadas situações. Entretanto, não se deve conceber um gênero textual como algo estanque, imutável, mas sim como manifestações culturais e cognitivas do social, que incorporam as características do tempo, local e sociedade nos quais se manifesta, adaptando-se, renovando-se. Podemos chegar a uma compreensão mais profunda de gêneros se os compreendermos como fenômenos de reconhecimento psicossocial que são parte do processo de atividades socialmente organizadas. Gêneros são tão-somente os tipos que as pessoas reconhecem como sendo usados por elas próprias e pelos outros. Gêneros são o que nós acreditamos que eles sejam. Isto é, são fatos sociais sobre os tipos de atos de fala que as pessoas podem realizar e sobre os modos como elas os realizam (BAZERMAN, 2005, p. 31) O ensino tradicional de Língua Portuguesa no Brasil esteve voltado por muito tempo para o ensino da gramática de forma normativa, prescritiva (impondo um conjunto de regras a serem seguidas) e analítica (identificando as partes isoladas que compõem um todo), a fim de se ensinar ao aluno uma língua padrão, a chamada norma culta. Entretanto, com o avanço dos estudos lingüísticos, muitas teorias com uma nova abordagem da língua surgiram, principalmente no sentido de explicar a língua modificando o processo de ensino e aprendizagem. A proposta de ensino divulgada pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) é baseada no ensino de língua portuguesa através da teoria dos gêneros discursivos, a fim de que o educando consiga desenvolver competências lingüísticas, desde o primeiro ciclo do ensino fundamental, as quais possibilitem que ele interaja nas ações comunicativas das quais já faz parte, bem como de novas, expandindo o uso da linguagem. Os PCN ressaltam o desenvolvimento da autonomia do aluno através destas práticas pedagógicas, ou seja, o aluno ampliando o contato com gêneros discursivos, ele amplia seus conhecimentos, amplia a interação sobre ele mesmo e sobre o que o cerca, podendo adotar novas posturas diante de situações que estão em seu alcance interferir, sejam elas emocionais, sociais, econômicas, políticas, familiares. A autonomia refere-se à capacidade de posicionar-se, elaborar projetos pessoais e participar enunciativa e cooperativamente de projetos coletivos, ter 319 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 discernimento, organizar-se em função de metas eleitas, governar-se, participar da gestão de ações coletivas, estabelecer critérios e eleger princípios éticos, etc. Isto é, a autonomia fala de uma relação emancipada, íntegra com as diferentes dimensões da vida, o que envolve aspectos intelectuais, morais, afetivos e sociopolíticos2 . Ainda que na escola se destaque a autonomia na relação com o conhecimento — saber o que se quer saber, como fazer para buscar informações e possibilidades de desenvolvimento de tal conhecimento, manter uma postura crítica comparando diferentes visões e reservando para si o direito de conclusão, por exemplo —, ela não ocorre sem o desenvolvimento da autonomia moral (capacidade ética) e emocional que envolvem auto-respeito, respeito mútuo, segurança, sensibilidade, etc. (PCN, 1997, p. 59). Por conseguinte, fica evidente o papel positivo que o ensino de Língua Portuguesa baseado no estudo de gêneros textuais. As aulas de língua materna perdem seu caráter sistemático, e os alunos estudam a língua em sua função comunicativa, interagindo com o objeto de estudo, e não apenas analisando-o de fora de seu contexto social. (...) a ênfase na leitura, análise e produção de textos narrativos, descritivos, argumentativos, expositivos e conversacionais, considerando seus aspectos enunciativos, discursivos, temáticos, estruturais e linguísticos (que variam conforme as situações comunicativas), caracteriza-se como uma das renovações mais apregoadas no ensino de nossa língua, embora ainda insuficientemente praticada‖ (BEZERRA, 2005, p. 43). Isto posto, observa-se que o trabalho em sala de aula com gêneros textuais pode ser um meio interessante de fazer com que os alunos conheçam e usem a língua em suas mais diversas e naturais formas de manifestação, utilizando os gêneros que circulam no cotidiano deles, e não exigindo que eles se familiarizem apenas com os gêneros ensinados tradicionalmente pela escola. Atividades que instiguem a turma a identificar um gênero, ressaltando suas características de estilo, linguagem, de conteúdo, de proposta para seu uso, podem auxiliar no desenvolvimento dos conhecimentos lingüísticos, bem como no aumento na prática de produção textual, o que acarreta um maior contato do aluno com gêneros que circulam além de seu contexto social. Cabe à escola intervir para que o aluno conheça o funcionamento textual, visando uma a 320 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 inserção social dele, bem como uma maior consciência reflexiva da sociedade em que está inserido, podendo ter novas oportunidades dentro dela. CRÔNICA Analisando a origem da palavra, percebe-se a ligação deste gênero literário com o tempo. Originário do grego chronikós (relativo a tempo), a palavra ―crônica‖ traz em si a idéia de um resgate do tempo por meio do texto, seja criando memórias de um passado, seja registrando fatos do presente. Inicialmente, a crônica manteve esse perspectiva, sendo um relato histórico, principalmente a partir da Idade Média na Europa, pois a historiografia começa a produzir grandes obras narrando os feitos da nobreza da época. Pode-se citar, por exemplo, as crônicas de Fernão Lopes, cronistamor do rei de Portugal, D. João I. Na maioria dos países europeus, a palavra crônica até hoje manteve este sentido de registro histórico. Entretanto, com o passar do tempo, o termo foi ganhando um novo sentido. Passou a ser usado para designar um gênero de texto mais ligado à literatura e ao jornalismo. Essa modificação ocorreu no século XIX, não se sabe ao certo se no Brasil ou em Portugal. Atualmente, no Brasil, a palavra crônica designa uma produção textual em prosa, com estilo coloquial, resultado da observação diária da vida humana. O primeiro indício de uma literatura produzida no Brasil é uma crônica, no sentido de ―registro de fatos comuns, feitos em ordem cronológica‖ (Dicionário Aurélio). A Carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão de Pedro Alvarez Cabral, relatou ao Rei D. Manuel como era a terra recém descoberta. Fez o registro das novas cores, formas e costumes, de maneira ágil e fiel aos fatos: ―(...) E daqui mandou o Capitão a Nicolau Coelho e Bartolomeu Dias que fossem em terra e levassem aqueles dois homens e os deixassem ir com seu arco e setas. Aos quais mandou dar a cada um uma camisa nova, uma carapuça vermelha e um rosário de contas brancas de osso, que eles levaram nos braços, e cascavéis e campainhas. E mandou com eles para ficar lá um mancebo degredado, criado de D. João Telo, a quem chamam Afonso Ribeiro, para andar lá com eles e saber de seu viver e maneiras. E a mim mandou que fosse com Nicolau Coelho‖. (CAMINHA, Pero Vaz de. Carta a El Rey Dom Manuel. Apresentação de Rubem Braga. Rio de Janeiro, Record, 1981. p. 25-6, apud 321 SÁ, 1997, p. 08). ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 No século XIX, com o desenvolvimento da imprensa, a crônica passou a fazer parte dos jornais, como uma seção semanal, relatando os assuntos mais importantes da semana. Ela apareceu pela primeira vez em 1799, no Journal de Débats, publicado em Paris. Esses textos comentavam, de forma crítica, acontecimentos que haviam ocorrido durante a semana. Tinham, portanto, um sentido histórico e serviam, assim como outros textos do jornal, para informar o leitor. Nesse período, as crônicas eram publicadas no rodapé dos jornais, os "folhetins". Essa prática foi trazida para o Brasil na segunda metade do século XIX e era muito parecida com os textos publicados nos jornais franceses. Segundo Afrânio Coutinho, ―a crônica brasileira propriamente dita começou com Francisco Otaviano Almeida Rosa (1825-1889) em folhetim no Jornal do Commercio do Rio de Janeiro (2 de dezembro de 1852)‖ (1999, p. 124). José de Alencar foi quem deu à crônica seu auge enquanto gênero literário. Substituiu Francisco Otaviano no Jornal do Commercio. Suas crônicas tinham o título de ―Ao correr da pena‖, e comentava sobre os mais variados assuntos, tornando a crônica um importante meio de exposição dos costumes da época, e utilizava um tom quase que lírico em seus escritos. Machado de Assis também contribui com a crônica brasileira, refletindo sobre acontecimentos do mundo e da sociedade do Rio de Janeiro a partir de 1859. Iniciou sua produção com a obra O Espelho escreveu para diversos jornais, às vezes com diferentes pseudônimos. Desde a época já se percebia a presença de sua ironia, muito conhecida em seus romances. Pode-se citar como importantes nomes para a crônica brasileira no século XIX os escritores Joaquim Manuel de Macedo, Quintino Bocaiúva, França Júnior, Araripe Júnior. Foi João do Rio (pseudônimo de Paulo Barreto (1881-1921) que modificou esta escrita da história diária. O escritor Paulo Barreto mudou o enfoque dado pelos folhetins, ao invés de esperar pela notícias, ele se deslocava até ela, mudando a linguagem e até mesmo a estrutura do folhetim. Assim, João do Rio foi consagrado cronista, ―dando à crônica uma roupagem mais literária‖ (Sá, 1997, p. 9), deixando de ser apenas o registro formal e fiel dos fatos, passando a ser um comentário sobre eles, uma recriação, baseada na interpretação do cronista. A crônica passou a ter um caráter 322 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 mais literário, fazendo uso de linguagem mais leve, Sua obra é um reflexo da sociedade de sua época, mostrando seus costumes, idéias, hábitos e aflições. Mais recentemente, pode-se citar o nome de cronistas tais como: Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Pedro Dantas, Rachel de Queiroz, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Saldanha Coelho, entre outros. Tendo em vista esta evolução do gênero no Brasil, Afânio Coutinho observa que a crônica é um exemplar exclusivo da literatura brasileira, tendo uma estética, uma temática, uma linguagem muito específica do país, não sendo encontrada nenhuma manifestação literária similar em outras línguas. De acordo com o autor acima citado: Realmente, se algo existe em nossa literatura, que pode ser tomado como exemplo frisante da nossa diferenciação literária i lingüística, é a crônica. Dificilmente poderá apontar-se coisa parecida, mesmo na literatura portuguesa, a uma crônica de Rubem Braga. (...) Sobretudo, como salientou Álvaro Moreira, a contribuição da crônica à diferenciação da língua no Brasil é um fato relevante, a ponto de ser necessário em Portugal, traduzir uma crônica de Elsie Lessa para fazê-la compreendida do público de além mar. (COUTINHO, 1969, p. 77) Essa especificidade da nossa crônica deve-se ao fato dela estar atrelada à vida cotidiana, portanto, faz uso da linguagem coloquial, da língua falada para que seja uma representação mais fiel da realidade da vida diária brasileira. Há semelhanças entre a crônica e o texto exclusivamente informativo. Assim, como o repórter, o cronista se inspira nos acontecimentos diários, que constituem a base da crônica. Entretanto, há elementos que distinguem um texto do outro. Após cercar-se desses acontecimentos diários, o cronista dá-lhes um toque próprio, incluindo em seu texto elementos como ficção, fantasia e criticismo: opinião, elementos que o texto essencialmente informativo não contém. A crônica, na maioria dos casos, mas não necessariamente, é um texto curto e narrado em primeira pessoa, ou seja, o próprio escritor está "dialogando" com o leitor. Isso faz com que a crônica apresente uma visão totalmente pessoal de um determinado assunto: a visão do cronista. Ao desenvolver seu estilo e ao selecionar as palavras que 323 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 utiliza em seu texto, o cronista está transmitindo ao leitor a sua visão de mundo. Ele está, na verdade, expondo a sua forma pessoal de compreender os acontecimentos que o cercam. Geralmente, as crônicas apresentam linguagem simples, espontânea, situada entre a linguagem oral e a literária, muito mais semelhante a uma conversa entre amigos do que um ensaio literário ou notícia jornalística. A crônica deve empregar de preferência a linguagem da atualidade, não evitando de maneira sistemática os idiomatismos, epítetos circunstanciais e certos jogos de palavras que se formam eventualmente para desaparecer algum tempo depois. Sem essa prática, a crônica deixaria de refletir o espírito da época, uma vez que a língua corrente constitui a mais viva expressão da sociedade humana, no tempo. (COUTINHO, 1999, p. 134) Isso contribui também para que o leitor se identifique com o cronista, que acaba se tornando o porta-voz daquele que lê, pois uma das condições para o cronista é que ele atente para as formas simples, para o tom comunicativo, como se fosse uma conversa, criando um diálogo entre a obra e leitor. Segundo Jorge de Sá (1997, p. 11), ―o dialogismo, assim, equilibra o coloquial e o literário, permitindo que o lado espontâneo e sensível permaneça como o elemento provocador de outras visões do tema e subtemas que estão sendo tratados numa determinada crônica (...)‖. O cronista capta o breve instante da condição humana e o molda em um simples diálogo, o qual reflete sobre as dores, alegrias, tragédias da vida humana, conferindo-lhes uma visão crítica. Percebe-se, porém, que os cronistas, por mais que defendam sua filosofia particular, não o fazem de maneira escancarada. O escritor busca expor suas idéias de maneira empolgante, quase disfarçada, para não afugentar leitores que pensem contrariamente a ele, já que determinados assuntos diários podem suscitar opiniões contundentes. Então, a partir do Romantismo, com Machado e Alencar, a crônica assumiu seu papel de gênero literário, apresentando, cada vez mais, traços da identidade brasileira, sua língua, seu coloquialismo, dialetos, e assuntos tipicamente nacionais. Ganhou espaço de forma discreta, por ser uma literatura de estilo individualizado, escrita livre, que narra a complexidade das relações humana de forma maestral. 324 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 HUMOR O humor presente nos gêneros textuais apresenta-se de várias maneiras, como em piadas, charges, quadrinhos, crônicas. Mas nem sempre ele é exposto de maneira explícita e pode ser usado para diversos fins, como a diversão propriamente dita, a crítica, a sátira, a reflexão moral. Para surtir efeito, o humor deve conter elementos que façam com que o leitor identifique um estranhamento na seqüência lógica textual, podendo ser de ordem lingüística, pragmática, textual, discursiva, histórica, social ou cognitiva. Por exemplo, na piada: - Sabe o que o passarinho disse pra passarinha? - Não. - Qué danoninho? (POSSENTI, 1998, P. 28). No exemplo da piada acima, o humor é causado por um aspecto fonológico. A leitura da piada possibilita duas leituras da sequência ―danoninho‖, que pode ser lida como um pote do iogurte da Danone, danoninho, sendo uma palavra só; ou pode ser lida como ―da(r) no ninho‖, uma cantada que o passarinho lança para a passarinha. Para que seja compreendido, o leitor deve perceber os jogos de linguagem que compõem o texto humorístico e também compreender o contexto sobre qual versa este texto. Segundo Possenti, (2000, p. 52), se o efeito do humor não se produz ou não é sacado, pode-se ter razoável certeza de que o texto não foi interpretado segundo o mesmo demanda. Isso não significa que o leitor fará uma leitura passiva do texto. Pelo contrário, o leitor deverá estar apto a interpretar o que o texto exige dele, para que seja alcançado o efeito desejado. O texto lhe apresentará várias possibilidades de interpretação, mas ao ativar seu conhecimento de mundo e seus conhecimentos 325 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 lingüísticos, algumas destas possibilidades serão excluídas, a fim de que o leitor reconheça e compreenda qual é e como é causado o humor presente neste texto. (...) pode-se mostrar que o duplo sentido depende sempre de um princípio, de uma regra ou de uma teoria, às vezes parecendo agir apenas localmente, mas que é sempre a mesma. (...) segue-se um princípio, uma regra ou uma teoria também nos procedimentos de descoberta que revelam sentidos inesperados no material lingüístico (POSSENTI, 2000, p. 93). O trabalho com textos humorísticos em sala de aula tem várias utilidades, tais como despertar o interesse dos alunos pela leitura, refletir sobre os fatos que são apresentados nestes textos muitas vezes de forma mais descontraída e dinâmica, e levar o aluno a analisar os recursos lingüísticos que causam esse efeito de humor. Como afirmou Possenti (2000, p. 38), ―tratar o texto humorístico como objeto de leitura é, além de óbvio, produtivo‖. Assim, o trabalho de compreensão textual poderia sair do conceito mecânico que tem hoje, leitura do texto e resposta a perguntas pré-elaboradas, para fluir em um nível mais pragmático, que exigiria do aluno um maior conhecimento lingüístico para entender como e porque as situações de humor são geradas. O HUMOR NAS CRÔNICAS DE LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO Luís Fernando Veríssimo nasceu em 26 de setembro de 1936, em Porto Alegre, RS, e é filho do escritor Érico Veríssimo. Iniciou seus estudos em Porto Alegre, indo mais tarde estudar nos Estados Unidos, devido ao fato de seu pai ter ido lecionar em uma universidade da Califórnia. Na sua vivência nos Estados Unidos, aproximou-se da prosa americana, do jazz e dos quadrinhos. Sua primeira obra foi realizada em 1950, com a irmã e com o primo Carlos Eduardo Martins – "O Patentino", jornal com notícias sobre a família, que era colado na parede do banheiro da casa. Sua carreira teve início no Jornal Zero Hora, em Porto Alegre, em 1966, no qual trabalhou como jornalista, copydesk, passando por diversas seções. Morou no Rio de Janeiro, onde trabalhou como tradutor, e conheceu Lúcia Helena Massa, sua esposa até hoje. Na década de 1970, passou a trabalhar na Folha da Manhã. Retornou ao antigo emprego em 1975 e seus escritos passaram a ser publicados no Rio de Janeiro também. Um dos mais respeitados 326 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 cronistas brasileiros, Veríssimo trabalha seus textos de forma sublime, impregnando de humor qualquer aspecto mínimo da vida diária dos brasileiros. Um dos principais traços do autor é o humor presente em seus textos que leva o leitor a refletir sobre os dilemas da vida humana. Escreve sobre diversos assuntos: relações amorosas, casamento, família, costumes e tradições, futebol. Sua linguagem coloquial é inteligente e incisiva; seja qual for o assunto tratado, o autor não foge da leveza e da informalidade para construir seus personagens. Desta forma, consegue fazer uma análise sócio-cultural do país com muita originalidade. Amante das palavras, possui um profundo conhecimento da linguagem, o que se reflete na forma da sua narrativa, e em como ele explora o gênero e a linguagem para construir os ambientes de suas crônicas. Ele próprio já se definiu assim: Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas a exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto em sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família, nem os que os outros já fizeram com elas. Se bem que não tenha o mínimo escrúpulo em roubá-las de outros quando acho que vou ganhar com isso (VERÍSSIMO, 1982). Um dos recursos mais marcantes utilizados pelo autor em questão é a criação de personagens estereotipados que representam satiricamente aspectos da sociedade brasileira. Dentre os personagens criados por Veríssimo, destaca-se o Analista de Bagé, um psicanalista freudiano que se diz ―mais ortodoxo que caixa de maisena‖, que atende seus pacientes de bombacha em um divã coberto com um pelego. Desenvolveu a técnica do joelhaço para curar seus todas os males que afligem pacientes. É construído por meio de reflexões simples e bem humoradas e através do linguajar gauchesco: ―Buenas‖, ―Tchê‖, ―chinoca‖, ―charlando‖, etc. Através deste personagem, o autor consegue satirizar tanto a psicanálise quanto o bairrismo gaúcho. Com seus métodos pouco comuns, o analista de Bagé retrata o típico personagem gaúcho, com sua fala peculiar, seu temperamento forte, e seu sentimento de superioridade por serem mais corajosos, mais másculos, e extremamente machistas. É um personagem divertido e sua 327 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 especialidade é o tratamento para todas as neuroses humanas através de técnicas desenvolvidas por ele próprio. Por meio dos conflitos analisados pelo bageense em seu divã, o autor expõe as angústias que atingem o cotidiano da sociedade. Além deste personagem, Luís Fernando Veríssimo utiliza-se da estereotipagem para criar humor em outros textos, por exemplo, nas histórias da Velinha de Taubaté, e do detetive Ed Mort. Outro ponto marcante das crônicas de Veríssimo é a sutil crítica à instituições sociais, como as relações amorosas e o casamento que refletem a crise dos valores morais. Com ironia, humor e uma linguagem simples e clara, ele consegue levar o leitor a refletir sobre a decadência da família, das relações sexuais, sobre o poder dado ao jovem na atualidade, sobre os modismos da sociedade capitalista, entre outros. LFV expõem a vida humana e a complexidade dos relacionamentos, que através da linguagem cômica do autor são quase que ridicularizados. Além de permitir que o leitor reconheça essas fraquezas da sociedade, Veríssimo conduz para o conhecimento dos novos conceitos de valores morais que se encontram nos diálogos dos personagens. Como um amante e bom conhecedor das palavras, LFV utiliza-as bem para criar humor. Veríssimo utiliza as palavras sem considerar seus significados denotativos, cria um contexto totalmente novo para inseri-las, sem que o texto perca seu nexo e sua graça. Nota-se, porém, que para que o efeito humorístico seja completo deve haver a interação com o leitor, ou seja, por mais que ele não saiba exatamente o significado das palavras com as quais o autor brinca, ele deve pelo menos saber que não é aquilo que está sendo explicitado no texto. Senão, o sentido guiado pelo autor para que seja produzido o humor não será compreendido pelo leitor. Além disso tudo, o autor cria o caráter humorístico ocorre devido à intertextualidade. Este termo foi cunhado pela estudiosa Julia Kristeva, e na sua definição: ―(...) todo texto se constrói como mosaico de citações, todo texto é absorção e transformação de um outro texto.‖ (KRISTEVA, 1974, p. 64). Assim, nenhum texto seria completamente inusitado, sendo sempre uma mescla de outros dizeres já ditos, pois o homem sempre apropria-se de conhecimentos prévios para suas exposições teóricas ou literárias. A intertextualidade é uma relação entre textos. Todo texto seria uma proposta de significado, que dialoga com outros textos, para sempre compor um novo todo. 328 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Por exemplo, na crônica O que eu pediria ao Diabo, próprio narrador da crônica que conseguiu fazer contrato com o Diabo. Na conversa, eles negociam a alma do narrador em troca de favores que o Diabo lhe forneceria. O que causa o riso é a similaridade com a obra Fausto, de Goethe. Desgostoso de verificar que toda a sua vida de estudo a nada conduzira, Fausto invoca o Espírito da Terra mas não obtém qualquer ajuda da sua parte. Assim, quando Mefistófeles vem ter consigo, não hesita em negociar um pacto, que assina com o seu sangue, segundo o qual aquele dar-lhe-á tudo quanto quiser em troca da sua alma. O seu primeiro desejo é recuperar a juventude. O que causa o estranhamento e levo ao riso é a associação que o leitor deve fazer entre o que Fausto pediu a Mefistófeles (juventude, riquezas, prazeres), em relação ao que o narrador da crônica pede ao Diabo (sua mala sendo a primeira na esteira do aeroporto, que ele nunca mais mastigasse couro de galinha, abrir o celofane do CD com a unha). Para tanto, o leitor deve conhecer o enredo da obra do alemão Goethe, a fim de que a intertextualidade seja percebida, e a intenção de Luis Fernando Veríssimo seja concretizada. CONCLUSÃO Através das leituras apresentadas nesta pesquisa, foi traçado o papel atual que os gêneros textuais vêm assumindo dentro do ensino brasileiro. A proposta dos PCN sugere um ensino em que a língua portuguesa seja abordada de forma mais ampla, centrada no uso da língua, ao contrário do que as tradicionais aulas de gramática normativa ensinavam. Desta forma, os gêneros textuais, enquanto produtos da interação humana, serviriam de base para atividades em sala de aula que levariam em conta o contexto social do aluno, a fim de fazer com que este amplie seu contato, conhecimento e uso da linguagem e possa utilizá-la como fator de inclusão social. Assim sendo, foi escolhido o gênero textual crônica. pois este apresenta um retrato da sociedade, seja na linguagem utilizada, seja nos temas abordados. Observando as origens históricas do gênero, percebe-se que no Brasil a crônica adquiriu um papel literário diferenciado do de outros países, pois até o termo ―crônica‖ deixou de significar apenas um texto de registro histórico, e passou a designar um gênero textual 329 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 específico e individualizado. Textos de linguagem coloquial, forma livre, que retratam a realidade da sociedade brasileira. Diante do exposto, ressalta-se o interesse deste estudo na proposta de uma leitura de algumas das crônicas de Luís Fernando Veríssimo, autor gaúcho, filho do escritor Érico Veríssimo, visando compreender e explicar como o autor, por meio dos recursos literários e lingüísticos, torna a escrita um forte elemento humorístico para crítica social. Pôde-se constatar que nem sempre o leitor é capaz de identificar a crítica contida em um simples relato do cotidiano, como é o caso de algumas crônicas de Veríssimo, que utiliza uma linguagem bem humorada. O autor desmascara a hipocrisia dos relacionamentos humanos e retrata a falsidade socioeconômica da sociedade. Ou simplesmente as usa para o entretenimento de seu leitor, que aprecia um bom humor. Através de recursos lingüísticos como a ambigüidade, a intertextualidade, o resgate do conhecimento prévio do leitor, o uso de elementos dêiticos, Veríssimo afastase da seriedade e, intencionalmente, provoca o riso, com o objetivo implícito de levar o interlocutor à reflexão e ao convencimento. Dessa forma, por meio das inúmeras possibilidades lingüísticas, o humor institui uma importante função. Ele é capaz, em forma aparentemente ingênua, de exercer um caráter reflexivo no leitor. REFERÊNCIAS BAZERMANN, C. Gêneros Textuais, Tipificação e Interação. São Paulo: Cortez, 2005. BEZERRA, M. A. Gêneros textuais e ensino: ensino de língua portuguesa e contextos teórico-metodológicos. 3 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Departamento de Ensino Médio. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília,1997. COUTINHO, A. A literatura no Brasil. 2 ed. Rio de Janeiro: Sul Americana S.A., 1969. COUTINHO, A. A literatura no Brasil. 5 ed. São Paulo: Global, 1999. 330 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 KRISTEVA, Julia. Introdução à semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1974. MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: configuração, dinamicidade e circulação. In: GAYDECZKA, B.; KARWOSKI, A. M.; SIEBENEICHER, K. (Org.). Gêneros textuais reflexões e ensino. 4 ed. São Paulo: Parábola, 2011. p. 19 A 32 POSSENTI, S. Humor, língua e discurso. São Paulo: Contexto, 2010. POSSENTI, S. Os humores da língua: análise lingüística de piadas. 2 ed. Campinas: Mercado das Letras, 1998. SÁ, J. de A Crônica. 5ª Edição. São Paulo: Ática, 1997. VERÍSSIMO, L. F. O gigolô das palavras. 6 ed. Porto Alegre: L & PM, 1982. 331 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Matemática Comissão Científica Docentes da FAFIUV que foram membros das bancas de avaliações dos trabalhos desta seção, na forma oral e de painel, durante o evento. Gabriele Granada Veleda Maria Ivete Basniak Michele Regiane Dias Veronez 332 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Resumos UMA ANÁLISE SOBRE A INFLUÊNCIA DO GEOGEBRA NA ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES GEOMÉTRICAS Celine Maria Paulek (PG), Michele Regiane Dias Veronez (PQ) Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação, PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Matemática. Palavras Chave: Geometria, Demonstrações Geométricas, GeoGebra. Resumo: Neste trabalho apresentamos parte dos resultados de uma pesquisa, realizada com alunos do 1º ano do curso de licenciatura em Matemática da FAFIUV, que teve como objetivo analisar as influências do software GeoGebra nas demonstrações geométricas elaboradas pelos alunos. Nesta pesquisa abordamos algumas considerações sobre o ensino e a aprendizagem de Geometria, focalizando a formação de professores, o uso de softwares no ensino de Geometria e os níveis do pensamento Geométrico do Modelo de Van Hiele. Delimitamos o nosso foco de estudo, no que se refere às demonstrações geométricas, para o estudo de áreas de regiões poligonais, atentando-nos para as orientações presentes nos documentos que regem a Educação Básica no que concerne aos conteúdos relativos à área e alguns métodos para a abordagem destes. A partir dessas informações verificamos quais níveis de Van Hiele são alcançados na Educação Básica e apontamos a necessidade de possibilitar aos alunos do curso de licenciatura o desenvolvimento de seu pensamento geométrico a fim de que consigam alcançar o nível 3 proposto pelo modelo de Van Hiele (de dedução). A fim de atingir nosso objetivo analisamos as demonstrações elaboradas pelos alunos, em dois momentos: antes e depois de terem desenvolvido uma sequência didática utilizando o software GeoGebra. Nesta análise, buscamos identificar se o uso do software influenciou de alguma maneira na linguagem das demonstrações construídas por eles. Para este trabalho fez-se a opção por apresentar resultados parciais da nossa pesquisa. Sendo assim, apenas tecemos considerações sobre o envolvimento dos alunos com a área do paralelogramo, respeitando os dois momentos acima mencionados e trazendo à tona a influência do GeoGebra nas demonstrações por eles elaboradas. 333 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 PARADOXOS MATEMÁTICOS: ALGUNS APONTAMENTOS Diovana Pasczuk (G), Maria Ivete Basniak (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Matemática. Palavras Chave: Matemática; Paradoxo; Probabilidade. Resumo: Apesar de, na maioria das vezes, não apresentarem solução, os paradoxos foram objeto de estudo de grandes matemáticos e contribuíram imensamente para a construção da teoria matemática que conhecemos hoje. Neste trabalho buscamos apresentar alguns paradoxos clássicos estudados por matemáticos de diversas épocas, como Aristóteles, Galileu e Russell. Alem disso, apresentamos também alguns problemas que podem ser resolvidos através de uma análise mais detalhada de seu enunciado e alguns cálculos, mas que geram resultados que vão contra a intuição comum. O primeiro problema que apresentamos é o problema do restaurante, onde uma afirmação equivocada no enunciado nos faz tentar resolver um problema que na verdade não existe. O Paradoxo de Monty Hall, ou jogo das três portas, possui uma solução que muitas pessoas insistem em não aceitar como verdadeira, mesmo após sua explicação. Por fim, o Paradoxo dos Aniversários propõe um problema que pode ser resolvido através de alguns cálculos básicos de probabilidade, mas cujo resultado pode causar espanto e alguma incredulidade devido à probabilidade de que duas pessoas façam aniversário na mesma data. 334 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A GEOMETRIA NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL Eloiza Deki (G), Gabriele Granada Veleda (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Matemática. Palavras Chave: Geometria, livro didático, habilidades Resumo: É importante que os professores observem os conteúdos presentes no livro didático e sua disposição, pois é ele quem escolhe os livros que serão utilizados pelos alunos durante o ano letivo. Sendo assim, investigamos como os conteúdos de Geometria estão dispostos em livros didáticos de Matemática do Ensino Fundamental. Para isso, selecionamos duas coleções de livros didáticos de Matemática, tendo como critério o ano em que estas coleções foram escritas: uma em 2002 (coleção A) e a outra em 2009 (coleção B). Para proceder com a investigação, destacamos os tópicos de cada livro que abordam conteúdos de Geometria e, utilizando as habilidades propostas pelas Diretrizes Curriculares da Educação, observamos quais delas os alunos podem desenvolver ao estudar estes tópicos. Com o desenvolvimento deste trabalho, observamos que a coleção B aborda mais conceitos relacionados à Geometria Não-Euclidiana em comparação com a coleção A. Percebemos ainda que na coleção A as diferentes Geometrias (Plana, Espacial, Analítica, NãoEuclidiana) são abordadas nos capítulos dos livros separadamente e, na coleção B, um mesmo capitulo aborda mais de uma Geometria, proporcionando uma interdisciplinaridade dentre as diferentes áreas da Geometria. Observamos que em todos os livros das duas coleções é trabalhada a Geometria Plana, mas em nenhum desses livros é possível inferir que o aluno desenvolva a habilidade referente a conhecer e discutir as propriedades dos fractais. Ao darmos um olhar mais atencioso sobre quais conceitos referentes ao Conteúdo Estruturante Geometrias estão presentes em cada uma das coleções de livros didáticos analisados e quais habilidades estes conceitos permitem que o aluno desenvolva, esperamos despertar os professores para a importância de se fazer um estudo antes de escolher a coleção de livros didáticos que irá utilizar em seu trabalho, para que eles possam optar por uma coleção de livros que melhor se adapte a sua pratica pedagógica. 335 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A UTILIZAÇÃO DE UM EXPERIMENTO PARA O ESTUDO DA TERMODINÂMICA: UMA PROPOSTA DE ENSINO Felipe Wisniewski (G), João Alberto Valcanover (PQ), Michele Regiane Dias Veronez (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Matemática. Palavras Chave: Termodinâmica, Atividade Experimental, Purificador de Água. Resumo: Esse trabalho consiste no desenvolvimento de uma proposta de ensino voltada ao estudo da Termodinâmica a partir de uma atividade experimental. Tal proposta é incentivada considerandose pesquisas que retratam e analisam aspectos referentes ao ensino de Física, e também as concepções de alguns autores quanto à forma com que devemos propor as atividades experimentais em sala de aula. O experimento utilizado para o desenvolvimento desse trabalho é uma espécie de purificador de água em forma de pirâmide de vidro, criado por pós-graduandos da Universidade Federal de Santa Catarina. A proposta de ensino elaborada a partir desse experimento consiste basicamente em propor a alunos do Ensino Médio que analisem a possibilidade do experimento ser aprimorado e com isso, fazer com que seu rendimento seja o maior possível. Para essa análise surge a necessidade de discutir conceitos de Termodinâmica e, portanto, uma oportunidade de trabalhar esses conceitos a partir de atividades experimentais, como é proposto nos estudos atuais relativos ao ensino de Física. Nas indicações da proposta, descrevemos algumas possibilidades de encaminhamento das investigações acerca do aprimoramento do experimento, iniciando com o entendimento do funcionamento do experimento, que depende de mudanças de temperatura, e das três formas de transmissão de calor: radiação; contato direto; e convecção. Em seguida, discutimos possíveis mudanças que se realizadas no experimento podem interferir positivamente no seu funcionamento. Ao final da proposta, descrevemos a possibilidade de se fazer uma discussão geral sobre os conceitos trabalhados, visando perceber se os alunos compreenderam os conceitos de Termodinâmica utilizados para o planejamento do experimento e avaliação do mesmo. 336 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 OS REGISTROS DE REPRESENTAÇÃO SEMIÓTICA: UM OLHAR SOBRE A MODELAGEM MATEMÁTICA Henrique Cristiano Thomas de Souza (G), João Alberto Valcanover (PQ), Michele Regiane Diaz Veronez (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Matemática. Palavras Chave: Registros de Representação Semiótica, Modelagem Matemática, Ensino Superior. Resumo: Neste trabalho apresentamos resultados de um trabalho de conclusão de curso no qual o objetivo era analisar a aprendizagem de conhecimentos específicos de alunos de um curso superior de Licenciatura em Matemática no que se refere aos conceitos de Trabalho de Força. Para a realização desse trabalho foi elaborada uma atividade de modelagem e a mesma realizada num período de 2 horas/aula. No momento da análise observou-se os registros utilizados pelos alunos para resolver a atividade proposta na tentativa de identificar vestígios sobre a aprendizagem deles em relação a estes conceitos. Para a análise utilizou-se a teoria dos Registros de Representação Semiótica desenvolvida por Raymond Duval na qual, de forma geral, afirma-se que o aprendizado de um objeto matemático se efetiva quando o sujeito consegue representá-lo ao menos em dois registros semióticos distintos, realizando para tal conversões entre estes registros semióticos. A análise possibilitou inferir que os alunos compreenderam o conceito de Trabalho de Força e ainda possibilitou que os mesmos aplicassem conceitos do Cálculo Diferencial e Integral em uma situação “real”. 337 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 USO DA INVESTIGAÇÃO MATEMÁTICA PARA A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS Ivo Antonio Zapotoczny (IC), Magna Natalia Marin Pires (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Computação. Palavras Chave: Investigação, resolução de Problemas, Matemática. Resumo: Este trabalho visa tentar mapear uma forma realmente funcional de se trabalhar a matemática utilizando-se da investigação matemática, para uma eventual utilização da referente metodologia no cotidiano do professor, tendo em mente que a matemática não é muito atrativa aos olhos de muitos alunos, de modo que essa prática possa em alguns casos tornar-se mais uma ferramenta para auxiliar o professor em sua docência. O trabalho foi realizado através de inúmeras pesquisas bibliográficas e relatos de professores que já desenvolveram alguma atividade envolvendo o tema. Através da pesquisa conclui-se que o uso da investigação matemática na resolução de problemas é uma ferramenta muito válida com ótimos resultados, porém requer um longo período de adaptação por parte do professor e principalmente do aluno, afim de que a atividade possa fluir corretamente, esse é o “x” da questão, pois os profissionais da educação de todos os níveis de ensino não dispões do tempo necessário para desenvolver essa prática de maneira correta, de modo que ela acaba se tonando falha e improdutiva na maioria das vezes, fazendo com que o professor acabe deixando de tentar um enfoque diferente. 338 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ENSINO DA GEOMETRIA PLANA POR MEIO DO SOFTWARE GEOGEBRA Jean Rodrigo Adacheski (PG), Sandra Sausen (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Matemática. Palavras Chave: Geogebra, Geometria Plana, Educandos. Resumo: Este trabalho visa discutir a importância do uso de metodologias diferenciadas no ambiente escolar para uma aprendizagem mais significativa dos educandos. Atualmente para alcançarmos nosso objetivo principal que é a aprendizagem dos educandos, não podemos utilizar no decorrer do ano letivo apenas metodologias tradicionais de ensino, sendo necessário diversificá-las para deixarmos nossas aulas mais dinâmicas e eficientes, para assim atingirmos nossos objetivos. Em muitos casos os conteúdos matemáticos são abordados apenas de forma tradicional nas escolas. Este trabalho apresenta uma forma diferenciada de abordar o conteúdo Geometria Plana por meio do software Geogebra. O uso de softwares no ensino da Matemática, em especial o Geogebra, pode ser uma ferramenta importante e motivadora para uma aprendizagem significativa dos educandos. O Geogebra é um software de distribuição gratuita que esta disponível nos computadores das escolas estaduais do estado do Paraná, com este recurso os conteúdos de Geometria Plana podem ser trabalhados em sala de aula e também ter seus conceitos reforçados por meio de atividades mediadas pelo professor neste software. 339 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A TRIGONOMETRIA COM AUXILIO DO SOFTWARE GEOGEBRA Jefferson César dos Santos (PG), Donizete Gonçalvez da Cruz (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Matemática. Palavras Chave: Tecnologia na Educação, Geogebra, Aprendizagem significativa. Resumo: As tecnologias estão cada vez mais presentes na sociedade, novas formas de pensar, agir e comunicar-se estão aparecendo. Isto tem repercussão não somente no dia a dia das pessoas como também na vida escolar dos professores e alunos. Dentro das tecnologias temos presente o computador, uma peça muito rica em conteúdos, porém não pensante que pode vir de encontro aos professores no auxilio para suas aulas. Este pode aguçar o raciocínio lógico, permitir visualizações no qual papel e lápis não consegue desenhar, ou seja, uma ferramenta complementar nas mãos dos professores. Pensando em uma educação mais efetiva e analisando os avanços tecnológicos existentes, verifica-se uma necessidade de uma formação continua por parte dos professores, para que não haja uma diferença entre o cotidiano do aluno e a vida escolar onde está inserido. O computador é capaz de transladar linguagens em uma velocidade surpreendente, um exemplo seria no ensino de gráficos de funções, onde há uma eficiência por parte do computador em gerar gráficos de certas funções, o que torna visível os parâmetros das funções algébricas no gráfico, que por sua vez torna muito mais fácil para o aluno a sua identificação. Nesta apresentação utilizaremos um plano de aula fictício, porém embasado em teorias, onde o professor com um pouco de planejamento possa trabalhar com as relações trigonométricas utilizando-se de um software chamado Geogebra, o qual será possível à visualização gradativa de cada relação trigonométrica facilitando o raciocínio do aluno. Neste plano de aula o professor poderá trabalhar tanto introduzindo o conceito de razões trigonométricas quanto reforçando o conceito aprendido em sala de aula. 340 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE GEOGEBRA NAS AULAS DE MATEMÁTICA COMO FERRAMENTA DE AUXILIO A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS Josafat Kurasz (PG), Donizete Gonçalves da Cruz (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Matemática . Palavras Chave: tecnologias computacionais, software geogebra, resolução de problemas. RESUMO : Este trabalho foi realizado com o intuito de verificar se as tecnologias computacionais estão sendo utilizadas pelos professores de matemática em suas aulas, em especial o software geogebra, por estar instalado em todos os colégios estaduais. Diante disso, é interessante explorar a ideia do geogebra como um instrumento que possibilita, por meio da investigação, que os alunos possam fazer conjecturas e, após isto, verifiquem as respostas encontradas. Realizamos a pesquisa em um Colégio de Ensino Médio, para ver se o software Geogebra está sendo utilizado nas aulas de matemática, no entanto, observamos que, raramente os professores o utilizam. Notamos quando apresentamos esse software aos alunos que estes se sentiram motivados em trabalhar com esse software, o que nos convence a instigar os professores de matemática a utilizá-lo em suas aulas para que tenham mais sucesso no ensino aprendizagem. 341 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 MÚSICA NA APRENDIZAGEM: A CONSTRUÇÃO DA ESCALA PITAGÓRICA NO ENSINO DAS FRAÇÕES Kelin Karine Gibinski (G), Maria Ivete Basniak(PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de matemática Palavras Chave: Música, matemática, frações, escala pitagórica. Resumo: O presente trabalho tem como proposta estabelecer relações entre música e matemática visando auxiliar o professor em seu trabalho em sala de aula, facilitando a aprendizagem do aluno, pois trabalha com seu cognitivo englobando o processo analógico, afetividade e criatividade. As inteligências múltiplas propostas por Gardner, podem contribuir para entender os motivos pelos quais os alunos têm melhores e piores atuações em determinadas atividades. As inteligências estão interligadas umas com as outras, trabalhando em conjunto com a interdisciplinaridade. Assim, busca-se associar o ensino de frações com a utilização das inteligências múltiplas e da analogia, através da música, grande aliada do pensamento analógico, com construção de significado. A evolução histórica da música é descrita inicialmente pelos primeiros instrumentos musicais construídos pelo homem primitivo, através de processos matemáticos necessários para a criação da escala pitagórica criada por Pitágoras no século VI a.C. No processo de abstração o aluno é convidado a utilizar todo o conhecimento adquirido, no que diz respeito ao conteúdo das frações. Mesmo que o professor não possua um conhecimento aprofundado sobre música, acredita-se ser possível desenvolver esse trabalho em sala de aula, estabelecendo algumas relações entre o ensino das frações e as primeiras noções da teoria musical. A proposta se desenvolve a partir da construção de instrumentos musicais básicos como o monocórdio, a flauta pã e a marimba de garrafas. 342 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 AS CONTRIBUIÇÕES DO LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM Miliani Seledes (G), Tatiane Woitovicz (G), Gabriele Granada Veleda (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Matemática Palavras Chave: Laboratório de Ensino de Matemática, material concreto,cônicas, quádricas. Resumo: Com este artigo temos o objetivo de derrubar o paradigma de que a aprendizagem da matemática é atrasada com o uso de materiais concretos. Decorrente desse propósito, explanamos sobre como o Laboratório de Ensino de Matemática (LEM) é importante em dois aspectos: para auxiliar no processo de construção do saber matemático, sendo importante sua presença no ensino de alunos da Educação Infantil até o Ensino Superior e, para os alunos da licenciatura em matemática terem contato com esse ambiente de ensino, para que futuramente possam utilizá-lo em sua prática pedagógica. Elucidamos neste texto as diversificadas concepções da utilidade do LEM. Também relatamos como este espaço foi utilizado durante uma aula de Cálculo Diferencial Integral II para a aprendizagem de conceitos referentes às cônicas e às quádricas e como foram feitas as construções de “maquetes” da hipérbole e da elipsóide de revolução. Acreditamos que o Laboratório de Ensino de Matemática possa vir a contribuir significantemente na aprendizagem do aluno, permitindo uma interação e socialização, aonde além de ocorrer o aprendizado por meio das atividades práticas desenvolvidas, é possível haver uma troca de conhecimentos entre os alunos. Ao utilizarmos o LEM nas aulas de Cálculo, observamos que neste ambiente é possível construir coletivamente os conceitos matemáticos de forma mais ampla e concisa, expandindo a criatividade, despertando o raciocínio lógico, enriquecendo os conteúdos didáticos e tornando as aulas mais dinâmicas, compreensíveis e produtivas. 343 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE FRAÇÕES COMO FONTE DE ANÁLISE DE ERROS Miriam Kuczynski (PG), Maria Ivete Basniak (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Matemática. Palavras Chave: Análise de erros, Frações, Ensino de Matemática. Resumo: Esta pesquisa pretende constatar e analisar alguns dos principais tipos de erros e dificuldades que surgem no processo de aprendizagem da adição e subtração de frações, tendo como cenário de investigação uma turma de 5º série do ensino fundamental. O estudo desenvolvese pautado na análise de erros identificados tanto em situações decorrentes de sala de aula, isto é, que surgem espontaneamente e que às vezes são imprevisíveis pelo professor e também em avaliações. Considera-se a hipótese de que o potencial dos erros pode ser explorado para o enriquecimento do processo educativo. Os resultados visam apontar as possíveis causas ou natureza dos erros e assim indicar benefícios que o aproveitamento didático propicia ao aluno no sentido do desenvolvimento de sua cognição, e para o professor que ao refletir cotidianamente e planejar um ensino através do diagnóstico de erros, tende a aprimorar sua prática, bem como desenvolver novas competências profissionais. Todo o esforço investido vem ao encontro de oferecer condições para que o aluno sinta-se capaz de aprender significativamente os conteúdos ensinados. 344 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A UTILIZAÇÃO DE UM AMBIENTE NUMÉRICO NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA. Robson Gaebler (G), Simão Nicolau Stelmastchuck (PQ) Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Matemática. Palavras Chave: Interpolação, Resolução de Problemas, Formação de Professores. Resumo: A técnica de Resolução de Problemas é usada neste trabalho para introduzir o conceito de interpolação polinomial. A técnica e o conceito são discutidos no problema de cálculo de volume do morro do Cristo em União da Vitória - PR. Além do problema, o trabalho aborda a questão da necessidade da prática da técnica de Resolução de Problemas na formação inicial de professores para que o futuro professor possa aplicá-la em suas atividades docentes. 345 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 SISDIGFUM - SISTEMA ESPECIALISTA PARA DIAGNÓSTICO DE PRAGAS E DOENÇAS NA FUMICULTURA Rogério Rymsza (G), João Paulo Barbosa Grenteski (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade do Contestado (UnC), Ciência da Computação Palavras Chave: Sistemas Especialistas, diagnósticos, inteligência artificial, sistemas de informação Resumo: Os Sistemas Especialistas constituem uma área da Inteligência Artificial que tem sido bastante visada pelos pesquisadores dado a sua grande importância. Atualmente existem muitos sistemas especialistas de apoio a decisão na área da agricultura que são bastante sofisticados, e quando utilizados, são bastante confiáveis e úteis. A característica básica do Sistema Especialista é simular o comportamento de um especialista em um determinado assunto e realizar diagnósticos a partir de situações do mundo real. O trabalho pretende contribuir com o desenvolvimento de aplicações da Informática na Agricultura para a melhoria da qualidade de produção. Uma das áreas de estudo da Inteligência Artificial é utilizada para solucionar problemas complexos que requerem os conhecimentos de especialistas humanos no domínio ao qual será implementado. O objetivo é desenvolver um modelo para sistemas de diagnóstico de doenças que ocorram na cultura de Tabaco (Virginia e Burley) no período de plantio, baseado em técnicas de inteligência artificial. O usuário será questionado sobre características de clima e aparência da cultura, e a partir desses dados o sistema retornará a possível doença com suas medidas de controle. O modelo demonstra uma arquitetura de sistema especialista para gerenciamento da informação. A abordagem enfatiza o auxilio a tomada de decisão com precisão e qualidade, e a necessidade de prover os usuários finais com mecanismos poderosos capazes de analisar, selecionar e direcionar-lhes informações, de acordo com as necessidades e urgências de cada um. 346 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 TEOREMA DOS VALORES SINGULARES: UMA ABORDAGEM POR ANÁLISE DO RN Tiago Henrique Orth dos Santos (IC), Orientador: Simão Nicolau Stelmastchuk (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Matemática. Palavras Chave: Teorema dos Valores Singulares, superfície orientável, Método dos Multiplicadores de Lagrange. Resumo: O Teorema dos Valores Singulares é um conhecido resultado em Álgebra Linear, cuja demonstração é uma conseqüência direta do Teorema Espectral. O nosso objetivo é mostrar o Teorema dos Valores Singulares por Análise Rn utilizando principalmente o conceito de superfície orientável e o Método dos Multiplicadores de Lagrange, os quais envolvem o conceito de espaço tangente e o teorema das funções implícitas. E a demonstração é dada por argumentos geométricos. 347 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 MODELAGEM MATEMÁTICA NA PERSPECTIVA SÓCIO-CRÍTICA: UMA ABORDAGEM PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA Vanessa Michele Boasczik (PG), Michele Regiane Dias Veronez (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Matemática. Palavras Chave: Modelagem Matemática, Perspectiva Sócio-Crítica, Educação Matemática, Conhecimento Matemático. Resumo: No presente estudo abordamos a Modelagem Matemática como alternativa de ensino com ênfase na Perspectiva Sócio-Crítica e destacamos algumas implicações na construção do conhecimento matemático. Com a evolução da humanidade, o ensino passou por constantes modificações, sendo assim, não é suficiente apenas ensinar métodos e técnicas, bem como, processos mecânicos para a resolução de atividades matemáticas. Torna-se necessário dar aos alunos oportunidade de atuar como agentes ativos no processo de aprendizagem, tendo o professor, como mediador do conhecimento. Partindo do pressuposto de que por meio da Modelagem Matemática a Perspectiva Sócio-Crítica pode ser introduzida pelo professor a partir de atividades de modelagem, discutimos, nesse trabalho, uma possibilidade de envolver os alunos com o seu aprendizado e viabilizar que eles compreendam o seu papel na sociedade ao mesmo tempo em que se envolvem com os conhecimentos matemáticos. Entende-se que nesse encaminhamento é permitido aos alunos que reorganizem ou aprofundem seus conhecimentos acerca do problema em estudo. Dessa forma criam-se condições para o desenvolvimento de sua competência enquanto aluno, almejando-se que isso reflita no seu desenvolvimento quando profissional. Para finalizar apresentamos algumas atividades de modelagem, bem como a obtenção de seus modelos matemáticos e discutimos possíveis encaminhamentos, na intenção de apontar direções que levem ao diálogo e reflexões sobre questões sociais, políticas e econômicas que envolvem os temas em questão. Com as atividades de modelagem elaboradas e apresentadas neste trabalho, tem-se o intuito de tornar significativo o ensino e aprendizagem da Matemática e despertar a comunidade educacional para uma visão crítica sobre o seu papel social e das implicações que ele tem na formação do aluno, uma vez que em sala de aula é possível contribuir para o seu conhecimento reflexivo e que este o auxiliará no desempenhar de sua cidadania. 348 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Artigos Os artigos publicados nestes anais foram escolhidos pela Comissão Científica desta seção. O conteúdo e resultados são de inteira responsabilidade dos autores. PARADOXOS MATEMÁTICOS: ALGUNS APONTAMENTOS Diovana Pasczuk1 Maria Ivete Basniak2 RESUMO: Apesar de, na maioria das vezes, não apresentarem solução, os paradoxos foram objeto de estudo de grandes matemáticos e contribuíram imensamente para a construção da teoria matemática que conhecemos hoje. Neste trabalho buscamos apresentar alguns paradoxos clássicos estudados por matemáticos de diversas épocas, como Aristóteles, Galileu e Russell. Além disso, expomos também alguns problemas que podem ser resolvidos através de uma análise mais atenta de seu enunciado e alguns cálculos de probabilidade, que geram resultados que vão contra a intuição comum e muitas pessoas insistem em não aceitar como verdadeira. Por fim, apresentamos uma breve reflexão sobre a importância e os objetivos de se utilizarem paradoxos no ensino da matemática. Palavras-chave: Matemática; Paradoxo; Probabilidade. INTRODUÇÃO A palavra paradoxo vem do latim e do grego. O prefixo ―para‖ quer dizer contrário a, ou oposto de, e o sufixo ―doxa‖ quer dizer opinião. Ou seja, um paradoxo é uma declaração aparentemente verdadeira, mas que nos leva a uma contradição do que alguém pensa ser verdade. Vejamos o seguinte exemplo: PROBLEMA DO RESTAURANTE: Três amigos foram comer num restaurante e no final a conta deu R$30,00. Fizeram o seguinte: cada um deu R$10,00. O garçom levou o dinheiro até o caixa e o dono do restaurante disse o seguinte: 349 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 - "Esses três são clientes antigos do restaurante, então vou devolver R$ 5,00 para eles...‖ E entregou ao garçom cinco moedas de R$1,00. O garçom, muito esperto, pegou R$2,00 para ele e deu R$1,00 para cada um dos amigos. No final os amigos gastaram juntos R$ 27,00 e o garçom pegou R$2,00 para ele. Pergunta-se: onde foi parar o outro R$1,00??? (Disponível em: http://www.somatematica.com.br/desafios/desafio81.php, 2011). ALGUNS PARADOXOS CLÁSSICOS Alguns paradoxos foram criados ou estudados por grandes matemáticos e por isso ficaram famosos. Podemos encontrá-los inclusive em livros sobre a história da matemática, como o de Howard Eves, Introdução à história da Matemática (2004), o que demonstra sua importância na construção da teoria matemática que conhecemos e utilizamos até hoje. Roda de Aristóteles: que também foi estudada por Galileu. Consideramos duas rodas concêntricas. C D B AC Figura 1 – Roda de Aristóteles Quando a maior rola de A para B, dando uma volta completa, a roda menor rola de C para D. Portanto deveriam ter a mesma circunferência! Paradoxo de Russell: considere o conjunto A= {X; X X}, ou seja, A é o conjunto dos conjuntos que não pertencem a si próprios. Logo, A pertence a A ou não? Uma versão folclórica do Paradoxo de Russell é o Paradoxo do Barbeiro, que faz a barba a todas as pessoas e apenas àquelas que não se barbeiam. A pergunta é: quem barbeia o barbeiro? Pois se ele mesmo fizer sua barba, ele não pode fazê-la, mas se ele não a fizer, então ele deverá fazê-la. A lâmpada de Thomsom: considera-se uma lâmpada que fica acesa por meio minuto. Em seguida fica apagada por um quarto de minuto. Após, fica acesa por 1/8 de minuto e assim sucessivamente. Ao final de um minuto, a lâmpada estará acesa ou apagada? 350 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O paradoxo da lâmpada é associado aos Paradoxos de Zenão, onde, dentre outros podemos destacar a Dicotomia, onde um segmento de reta pode ser infinitamente dividido, então para percorrê-lo, devemos primeiro atingir seu ponto médio. Para isso, devemos atingir o ponto que esta a meio caminho deste e assim ad infinitum, logo, o movimento não é possível. PARADOXOS E A PROBABILIDADE Um exemplo de paradoxo, muito utilizado em problemas de auditório justamente por contradizer a intuição comum, é o Paradoxo de Monty Hall. Monty Hall era um apresentador de TV da década de 70. Em seu programa ele oferecia três portas a um concorrente, atrás de uma delas havia um bom prêmio e nas outras duas não. Após o concorrente escolher a sua porta, Monty Hall abri uma das portas restantes que não continha o prêmio (o apresentador sempre sabia onde o prêmio estava) e em seguida oferecia ao participante a chance de trocar sua porta pela outra que ainda estava fechada. A questão é: seria vantajoso trocar de porta? Intuitivamente a maioria das pessoas não trocaria de porta, por acreditar que não faz diferença, já que como ainda há duas portas fechadas, e o premio pode estar em qualquer uma delas, sua probabilidade de acerto é de 50%. E é esse o pensamento que gerou o paradoxo: acreditar que após abrir uma das portas, o jogo começa novamente, desta vez com apenas duas portas. Na realidade, após a primeira porta ser aberta, o jogo inicial continua. No começo, quando o participante tinha três portas para escolher uma, suas chances de fazer uma boa escolha eram de 1/3, enquanto as chances do prêmio estar em uma das outras duas portas eram de 2/3. Assim que o apresentador abre uma das portas, a probabilidade do prêmio estar na porta que não foi escolhida continua sendo 2/3. Logo, torna-se mais vantajoso trocar de porta, pois teremos duas vezes mais chances de ganhar o prêmio do que se continuássemos com a primeira porta. Outra situação que contraria ainda mais o senso comum é o Paradoxo dos Aniversários, apresentado no Seminário de Coisas Legais na USP. Nesse caso, queremos saber a probabilidade de que em uma sala com n pessoas (n≤365), pelo menos duas possuam a mesma data (dia e mês) de aniversário. Intuitivamente, esperamos ter um grupo razoavelmente grande de pessoas para que as chances de que duas delas 351 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 façam aniversário no mesmo dia seja de 50% por exemplo, já que temos 365 datas prováveis de aniversario. Sabemos que duas pessoas podem fazer aniversário no mesmo dia ou em dias diferentes. Como só há essas duas possibilidades, então a probabilidade de algum desses dois ―eventos‖ ocorrer é de 100%, ou seja, 𝑝𝑑 𝑛 + 𝑝𝑖 𝑛 = 100%. Calculando a probabilidade de que as n pessoas façam aniversário em datas distintas, temos: 𝑝𝑑 𝑛 = 365 365 ∙ 364 365 ∙ 363 365 ∙ 362 365 ∙… ∙ 365−n+1 365 = 365! 365 𝑛 ∙ 365−𝑛 ! Substituindo n pelo numero de pessoas que temos na sala obtemos a probabilidade de duas delas terem diferentes datas de aniversário, e, calculando 𝑝𝑖 (𝑛) = 1 − 𝑝𝑑 𝑛 obtemos as chances de que as datas coincidam, conforme podemos observar na seguinte tabela: 𝒏 𝒑𝒊 𝒏 (em %) 2 10 20 23 30 50 70 100 0,27 11,69 41,14 50,73 70,63 97,03 99,91 99,99 Não é difícil perceber então, que, se tivermos n=23 a possibilidade de duas datas coincidirem é de pouco mais de 50%. Um resultado que inicialmente parecia improvável, mas que através de alguns cálculos foi possível comprovar. AULAS DE MATEMÁTICA COM PARADOXOS? Como pudemos perceber, os paradoxos citados apresentaram resultados diferentes dos inicialmente esperados, e por isso sua utilização nas aulas de matemática seria uma opção para que os alunos encarassem os problemas mais criticamente ao invés de tentar adivinhar a resposta. Muitas vezes, quando os alunos recebem um problema para resolver não se dão ao trabalho de analisá-lo com a atenção necessária para poder compreendê-lo, apenas identificam os dados (ou os números) presentes no problema e começam a fazer cálculos e aplicar algoritmos que aprenderam nas aulas 352 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 anteriores, sem nem sequer refletirem sobre os processos que estão aplicando, fazem isso mecanicamente. Para resolver um problema, o primeiro passo é compreendê-lo, mas isso só é possível quando compreendemos a linguagem utilizada, quais proposições apresentadas são verdadeiras e quais são falsas, embora com a aparência de verdadeiras. É isso o que ocorre com grande parte dos problemas ―impossíveis‖ de se resolver que encontramos normalmente com a denominação de desafio, como é o caso do problema do restaurante, onde uma afirmação aparentemente verdadeira leva a uma contradição lógica. Se observarmos atentamente, veremos que os amigos gastaram R$27,00 incluindo os R$2,00 do garçom, uma vez que o caixa do restaurante cobrou apenas R$25,00. Logo, não há sumiço algum de dinheiro. O que leva a maioria das pessoas a acreditar que isso ocorreu é a afirmação feita no enunciado do problema, perguntando onde foi parar o outro R$1,00. Certamente que os cálculos utilizados para resolver este problema são compreensíveis pela maioria dos alunos do ensino fundamental, mas então, porque normalmente as pessoas não o resolvem? Simplesmente porque não tem um domínio adequado da linguagem e não o compreendem. Insistem em procurar o dinheiro requisitado na última sentença de tal forma que não percebem que esta não é verdadeira. A utilização dos paradoxos nas aulas de matemática pode torná-las muito mais atrativas aos alunos, pois com isso poderiam perceber que a matemática não se resume a fazer contas, mas a compreender melhor a realidade. Problemas como o do restaurante não requerem matemática avançada, apenas uma compreensão do discurso e isso é um fator favorável para sua utilização em sala de aula. Em aulas de resolução de problemas por exemplo, poderiam ser apresentados alguns enigmas que os alunos já conhecem, mas que ainda não resolveram, como algumas charadas ou outros problemas do tipo quebra-cabeças, onde é requerido mais compreensão da linguagem e lógica do que a matemática propriamente dita. Quando os alunos já tivessem se familiarizado com a compreensão adequada da linguagem poderiam ser inseridos problemas que utilizassem um pouco mais de matemática, mas que ainda requisitassem uma análise atenta, ou, em níveis mais elevados, uma matemática mais detalhada que levasse a resultados contraditórios, ou não esperados, como é o caso do Paradoxo dos Aniversários. Com isso, os alunos 353 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 começariam a perceber que nem tudo o que parece é, e que a matemática pode ajudar a explicar muitas coisas, como por exemplo, o fato de que em uma sala com 30 ou 40 alunos, a probabilidade de que duas pessoas façam aniversário na mesma data seja tão grande. Um outro exemplo de aula com resolução de problemas, que certamente atrairia muito a atenção dos alunos seria baseada nos jogos de azar, e a probabilidade de ganharmos ou não. Neste caso, os cálculos exigem um pouco mais de conhecimento matemático sobre probabilidade, eventos, esperança, sendo que os resultados obtidos explicariam alguns fatos conhecidos, como o de que a banca sempre ganha, ou então, dariam outra visão a jogos populares como o das três portas, onde diferente do que pensamos inicialmente, há sim, uma forma de jogar onde as chances de ganhar sejam maiores. Ou seja, mais uma vez a matemática pode nos ajudar não só a compreender algumas situações como também obter maior proveito delas, e isso é uma forma de motivação para os alunos que sempre insistem em perguntar: ―onde eu vou usar isso?‖ quando lhes é apresentado algum conteúdo novo. Outro ponto a ser considerado em relação à utilização dos paradoxos em sala de aula está relacionado ao desenvolvimento do senso crítico pelo aluno, buscando ir além da simples repetição de processos mecânicos aprendidos em sala de aula. Os paradoxos exigem reflexão sobre o problema a ser resolvido, os alunos devem buscar estratégias para resolvê-lo e conforme apresentado em muitos casos, verificamos que nem sempre a solução encontrada de forma reflexiva condiz com o resultado previamente imaginado. CONSIDERAÇÕES FINAIS Apresentamos alguns problemas que puderam ser facilmente resolvidos através da probabilidade, mas em muitos casos os paradoxos não apresentam uma solução evidente. Alem disso, não há um modo único de se encarar um paradoxo, podendo ser várias as abordagens a fim de tentarmos resolvê-lo, como probabilidade, geometria, álgebra, mas em todos eles é exigido uma leitura atenta do seu enunciado para evitar equívocos na hora de tentar solucioná-lo. O que ocorre, é que sem dúvidas a utilização de paradoxos nas salas de aula contribui para o desenvolvimento dos alunos, não só na parte matemática, mas também na compreensão da linguagem e lógica. 354 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Apesar das tentativas de inúmeros matemáticos no decorrer da história, alguns paradoxos até hoje continuam sem solução, porém seu estudo ajudou na reformulação de conceitos e ampliação da teoria matemática que hoje conhecemos. Assim, podemos concluir que apesar de nem sempre encontrarmos a solução de um problema, seu estudo pode contribuir e muito para o avanço da ciência. REFERÊNCIAS A LÂMPADA de Thomsom. Disponível em: < http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/cantor/lampada.htm>. Acesso em: 10 out.2011. CARNIELLI, W. A.. CONIGLIO, M. E.. BIANCONI, R.. Lógica e aplicações: Matemática, Ciência da Computação e Filosofia. Disponível em: <http://www.cle.unicamp.br/prof/coniglio/LIVRO.pdf>. Acesso em: 10 out. 2011. DESAFIO 81: o problema do restaurante. Disponível em: <http://www.somatematica.com.br/desafios/desafio81.php>. Acesso em: 10 out. 2011. FILHO, I. F. B.. Alguns Paradoxos da Matemática: Um Resgate Histórico e Possibilidades para o Ensino e aprendizagem. In: CONGRESSO NACIONAL DE MATEMÁTICA APLICADA E COMPUTACIONAL, XXXIII, 2010, Águas de Lindóia. Anais do CNMAC, São Paulo: SBMAC, 2010, v.3. Disponível em: <http://www.sbmac.org.br/publi_cnmac/errata2010/826.pdf>. Acesso em: 10 out. 2011. EVES, H.. Introdução à história da Matemática. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2004. PINTO, L. M.. Paradoxos legais. 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Disponível em:<http://www.significados.com.br/paradoxo/>. Acesso em: 10 out. 2011. 356 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A GEOMETRIA NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL Eloiza Deki 19 Gabriele Granada Veleda20 Resumo: É importante que os professores observem os conteúdos presentes no livro didático e sua disposição, pois é ele quem escolhe os livros que serão utilizados pelos alunos durante o ano letivo. Sendo assim, investigamos como os conteúdos de geometria estão dispostos em livros didáticos de matemática do ensino fundamental. Para isso, selecionamos duas coleções de livros didáticos de matemática, tendo como critério o ano em que estas coleções foram escritas: uma em 2002 (coleção a) e a outra em 2009 (coleção b). Para proceder com a investigação, destacamos os tópicos de cada livro que abordam conteúdos de geometria e, utilizando as competências propostas pelas diretrizes curriculares da educação, observamos quais delas os alunos podem desenvolver ao estudar estes tópicos. Palavras-chave: geometria, livro didático, competências. 1 introdução Existem muitas fontes de informação e recursos didáticos. Considerando as aulas de matemática, nenhuma dessas fontes ou recursos devem ser utilizados como únicos, a variedade permite que os conteúdos e conceitos matemáticos possam ser abordados de maneira ampla. Dentre as diferentes fontes de informação e de recursos didáticos, em sua prática pedagógica o professor pode utilizar vídeos, televisão, calculadoras, computadores e livro didático, por exemplo. No brasil a educação básica abrange o ensino fundamental, atualmente com duração mínima de nove anos, e o ensino médio, sendo necessário pelo menos três anos 19 Acadêmica da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória do 4º ano do curso de licenciatura plena em matemática. E-mail: [email protected] 20 Professora da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória, orientadora deste trabalho. E-mail: [email protected] 357 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 para a sua conclusão. Geralmente, a organização do ensino fundamental se divide em dois ciclos. O primeiro ciclo, que corresponde aos primeiros cinco anos, chamado ―anos iniciais do ensino fundamental‖, é desenvolvido em classes com um único professor regente. O segundo ciclo corresponde aos quatro anos finais, nos quais o trabalho pedagógico é desenvolvido por uma equipe de professores especialistas em diferentes áreas. O mesmo ocorre no ensino médio. Neste trabalho nosso objeto de estudo é um recurso didático utilizado pelos professores de matemática nos anos finais do ensino fundamental, o livro didático. O conteúdo de geometria é o foco de nossa pesquisa, mais especificamente, investigamos como ele é abordada nos livros didáticos do ensino fundamental e quais competências o aluno pode desenvolver ao estudar com o apoio destes livros. Poderíamos focar em todos os conteúdos estruturantes propostos pelas diretrizes curriculares da educação básica do paraná, porém não haveria tempo hábil para tal análise. Sendo assim selecionamos o conteúdo estruturante geometrias. 2 o ensino de geometria no ensino fundamental 2.1 a estrutura do ensino fundamental O ensino fundamental é uma das etapas da educação básica no brasil e, atualmente tem duração mínima de nove anos, com matrícula obrigatória para crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos de idade, como nos informa os parâmetros curriculares nacionais (brasil, 1998). Essa duração do ensino fundamental foi ampliada pelo projeto de lei nº 3.675/04, passando a abranger a classe de alfabetização (anterior à 1ª série), que não fazia parte do ciclo obrigatório. O ensino fundamental passou a ser composto obrigatoriamente por 9 anos a partir de 2011, de acordo com a lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006. Até o ano de 2010, o ensino fundamental era dividido em 8 séries anuais, podendo ser desdobradas em ciclos. Quanto aos conteúdos que os alunos devem aprender, as diretrizes curriculares da educação básica do paraná (paraná, 2008) os agrupam denominando esses grupos de 358 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 conteúdos estruturantes. Na disciplina de matemática, os conteúdos estruturantes propostos para os anos finais do ensino fundamental são cinco: Números e álgebra Grandezas e medidas Geometrias Funções Tratamento da informação 2.2 a geometria no ensino fundamental As dce (paraná, 2008) recomendam que os conteúdos estruturantes do ensino fundamental sejam abordados de forma articulada e que possibilitem uma intercomunicação e complementação dos conceitos pertinentes à disciplina. Segundo os pcn (brasil, 1998), os conteúdos matemáticos podem ser articulados de forma contextualizada, e a geometria pode ser trabalhada com outros conteúdos. Para que isto ocorra, o professor em seu planejamento precisa ―estabelecer os objetivos que se deseja alcançar, selecionar os conteúdos a serem trabalhados, planejar as articulações entre os conteúdos, propor as situações-problema que irão desencadeá-los‖. (brasil, 1998, p.138). De acordo com as dce (paraná, 2008), o aluno deverá, ao final do ensino fundamental, em relação ao conteúdo estruturante geometrias, ter desenvolvido as seguintes capacidades: A) reconhecer e representar ponto, reta, plano, semirreta e segmento de reta; B) conceituar e classificar polígonos; C) identificar corpos redondos; D) identificar e relacionar os elementos geométricos que envolvem o cálculo de área e perímetro de diferentes figuras planas; E) diferenciar círculo e circunferência, identificando seus elementos; 359 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 F) reconhecer os sólidos geométricos em sua forma planificada e seus elementos; G) classificar e construir, a partir de figuras planas, sólidos geométricos; H) compreender noções topológicas através do conceito de interior, exterior, fronteira, vizinhança, conexidade, curvas e conjuntos abertos e fechados; I) reconhecer triângulos semelhantes; J) identificar e somar os ângulos internos de um triângulo e de polígonos regulares; K) compreender a noção de paralelismo, traçar e reconhecer retas paralelas num plano; L) compreender o sistema de coordenadas cartesianas, marcar pontos, identificar os pares ordenados (abscissa e ordenada) e analisar seus elementos sob diversos contextos; M) conhecer os fractais através da visualização e manipulação de materiais e discutir suas propriedades; N) verificar se dois polígonos são semelhantes, estabelecendo relações entre eles; O) compreender e utilizar o conceito de semelhança de triângulos para resolver situações-problemas; P) conhecer e aplicar os critérios de semelhança dos triângulos; Q) aplicar o teorema de tales em situações-problemas; R) compreender noções básicas de geometria projetiva. Neste trabalho, estes conhecimentos serão chamados de competências e estão indicados por letras minúsculas para futuras referências durante nossa análise. Para se atingir os objetivos propostos, o conteúdo estruturante geometrias é dividido conforme mostra o quadro 1. Quadro 1 – divisão do conteúdo estruturante geometrias, com base nas dce (2008). Geometria plana Ponto, reta e plano; paralelismo e perpendicularismo; estrutura e dimensões das figuras geométricas planas e seus elementos 360 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 fundamentais; cálculos geométricos: perímetro e área, diferentes unidades de medidas e suas conversões; representação cartesiana e confecção de gráficos; Nomenclatura, estrutura e dimensões dos sólidos geométricos e cálculos de medida de arestas, área das faces, área total e Geometria espacial volume de prismas retangulares (paralelepípedo e cubo) e prismas triangulares (base triângulo retângulo), incluindo conversões; Geometria analítica Noções geometrias Possuir noções de geometria analítica utilizando o sistema cartesiano; de Geometria projetiva (pontos de fuga e linhas do horizonte); geometria topológica (conceitos de interior, exterior, fronteira, vizinhança, conexidade, curvas e conjuntos abertos e fechados) Não-euclidianas e noção de geometria dos fractais. FONTE: PARANÁ, 2008, P. 56. 3 análise dos livros 3.1 análise da coleção a A coleção a foi escrita no ano 2002, e nesta época o ensino fundamental tinha duração de 8 anos (séries). Os livros analisados desta coleção correspondem a 5ª série, 6ª série, 7ª série e 8ª série e, neste trabalho, utilizaremos, respectivamente, os códigos a1, a2, a3 e a4, para nos referirmos a estes livros. 3.1.1 análise do livro a1 O livro a1 possui 53 capítulos agrupados em 10 tópicos. Este livro possui um tópico denominado ―geometria‖, que aborda a representação de ponto, reta e plano, as posições relativas entre duas retas e entre reta e plano, a associação de giros à ângulos, polígonos 361 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 convexos e suas nomenclaturas. Tais conteúdos permitem serem desenvolvidas as competências a, b e k, conforme apresentadas na seção 2.2. A competência j, identificar e somar ângulos internos de triângulos e polígonos regulares, não poderá ser desenvolvida especificamente, porém, o conceito de ângulo, que é conteúdo deste tópico, é base para que o aluno possa desenvolver essa competência posteriormente. Há ainda capítulos em outros tópicos que abordam conceitos de geometria. No tópico ―medindo comprimentos e superfícies‖, são abordados perímetro e área de figuras planas. Para realizar o cálculo da área de diferentes figuras, primeiramente é estudado como calcular a área de quadriláteros e triângulos para, posteriormente, as diferentes figuras planas serem decompostas nessas figuras. Este tópico possibilita ser desenvolvida somente a competência d, que se refere a estratégias para cálculo de áreas e perímetros de figuras planas. No tópico ―volume e capacidade‖, são abordados conceitos de volume, espaço e unidades de medida de volume. O volume de um paralelepípedo retângulo é estudado em um tópico específico com este mesmo nome. Para isso, é revista a nomenclatura de alguns sólidos geométricos a fim de associar o nome à imagem representada no livro. Observando as diferentes competências listadas na seção 2.2, não existe alguma que se relacione com este capítulo, pois o autor se deteve em mostrar como é feito o cálculo do volume, não se atendo a conceitos sobre os elementos deste sólido. O cálculo do volume de um paralelepípedo retângulo é desenvolvido para se chegar ao conceito de capacidade. O conteúdo estruturante geometrias, conforme proposto pelas dce (paraná, 2008), é dividido em: geometria plana, geometria espacial, geometria analítica e noções de geometrias não-euclidianas. No livro a1, observamos que são trabalhados conteúdos referentes à geometria plana e à geometria espacial. 3.1.2 análise do livro a2 O livro a2 possui 60 capítulos, dispostos em 10 tópicos. O tópico ―estudando os ângulos‖ deste livro apresenta a definição de ângulo e seus elementos (vértice e lados). Há também uma explicação de como utilizar o transferidor, que a unidade de medida de 362 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 um ângulo é o grau, além de mostrar como realizar a transformação de unidades (grau, minuto e segundo) e fazer operações com medidas de ângulos. Neste tópico são propostos os conceitos de ângulos consecutivos e adjacentes, bissetriz de um ângulo, ângulo reto, agudo e obtuso, ângulos complementares e suplementares e ângulos opostos pelo vértice. Este tópico serve de base para os demais tópicos do livro, entretanto, não há competências, dentre as listadas anteriormente, que ao estudá-lo, o aluno possa desenvolver. Já no tópico ―estudando triângulos e quadriláteros‖, o autor apresenta o conceito de vértices e ângulos internos de um triângulo e ainda como classificar os triângulos quanto a medida de seus lados e de seus ângulos. Ainda neste tópico é possível estudar os quadriláteros (paralelogramos e trapézios) e seus elementos. O livro aborda a soma das medidas dos ângulos internos de um triângulo e de um quadrilátero. Observa-se que as competências b e j podem ser desenvolvidas pelo aluno ao estudar este tópico. O tópico ―razões e proporções‖ possui dois capítulos que tratam de conceitos de geometria. No capítulo que tem o título de ―razão‖, o autor se utiliza do cálculo de área de quadriláteros para se fazer o estudo da razão e, no capítulo que tem o título de ―outras propriedades das proporções‖, o autor faz referência ao conceito de semelhança de figuras. Neste tópico, que não é específico de geometria, podem se desenvolver as competências d e n que se referem, respectivamente, a identificar e relacionar os elementos geométricos que envolvem o cálculo de área e perímetro de diferentes figuras planas e verificar se dois polígonos são semelhantes, estabelecendo relações entre eles. No livro a2, observamos que são trabalhados conteúdos referentes apenas à geometria plana. 3.1.3 análise do livro a3 O livro a3 possui 12 tópicos que abrangem 53 capítulos. Dentre estes tópicos um tópico é denominado ―geometria‖. Este tópico aborda os conceitos apresentados anteriormente no livro a1. São relembradas as noções de ponto, reta e plano e as posições relativas entre duas retas. No capítulo que tem o título de ―ângulos‖, é retomada a definição de ângulo e como utilizar o transferidor; também são enunciadas as definições de ângulos 363 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 congruentes, rasos, nulos, retos, agudos, obtusos, adjacentes, complementares, suplementares e opostos pelo vértice, além da definição de bissetriz. As competências a e k podem ser desenvolvidas pelo aluno com o estudo deste tópico. No tópico ―ângulos formados por duas retas paralelas com uma transversal‖ o livro aborda os conceitos de reta paralela e reta transversal, estabelece as relações entre os ângulos opostos pelo vértice e ângulos adjacentes suplementares e propõe o estudo de ângulos correspondentes, ângulos alternos e ângulos colaterais. Observamos que ao estudar este tópico o aluno poderá desenvolver as competências a, j e k. Os polígonos são estudados em um capítulo específico, com o mesmo nome. Inicialmente o autor expõe os elementos de um polígono (vértices, lados, ângulos internos, ângulos externos e diagonal) e, logo após, apresenta a nomenclatura de cada um deles. Em seguida é apresentado como calcular o perímetro de um polígono e o número de suas diagonais. No capítulo que tem o título de ―ângulos de um polígono convexo‖, são apresentadas as relações entre os ângulos interno e externo, a soma das medidas dos ângulos internos de um triângulo e de um polígono qualquer, a soma das medidas dos ângulos externos de um polígono qualquer e o cálculo dos ângulos de um polígono regular. Ao estudar este capítulo, os alunos podem desenvolver as competências b, d e j. Este livro possui um tópico específico para estudar os triângulos, com o nome ―estudando os triângulos‖. Primeiramente são relembrados quais são os elementos de um triângulo e qual é a condição de existência de um triângulo. Logo em seguida, o autor propõe o estudo dos ângulos de um triângulo, a soma das medidas internas e externas e o que são ângulos adjacentes suplementares. Na sequência é abordada a classificação dos triângulos quanto a medida dos lados e dos seus ângulos. No capítulo que tem o título de ―altura, mediana e bissetriz de um triângulo‖, é possível estudar sobre o ortocentro, o baricentro e o incentro. Já na parte de congruência de triângulos o autor começa com uma pequena explicação sobre figuras congruentes e depois aborda os triângulos congruentes, os casos de congruência e o caso especial de congruência para os triângulos retângulos. No último capítulo deste tópico são 364 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 apresentadas as propriedades do triângulo (isósceles e equilátero). As competências b e j podem ser desenvolvidas pelo aluno com o estudo dos capítulos deste tópico. No tópico ―estudando os quadriláteros‖ o autor relembra o que é um quadrilátero, seus vértices, lados e diagonais. Para observar qual a soma das medidas dos ângulos internos de um quadrilátero, é proposta uma atividade lúdica com papel e caneta. No capítulo que tem o título de ―os paralelogramos‖, o autor aborda as propriedades do retângulo, do losango e do quadrado. No capítulo seguinte, o autor apresenta a figura de alguns trapézios, indicando as bases e altura de cada um. Os capítulos deste tópico possibilitam ao aluno desenvolver as competências b e j. Por fim, no tópico ―estudando a circunferência e o círculo‖ o livro aborda conceitos referentes à circunferência e ao círculo. Na parte da circunferência, o autor utiliza desenhos para indicar o centro, o comprimento do raio, a corda e o diâmetro. Já na parte do círculo, ele expõe a definição de círculo e região interna e externa. Também trata das retas secante e tangente, e as posições relativas de duas circunferências. Traz ainda uma observação sobre circunferências concêntricas e coroa circular. O livro possui um capítulo específico para o arco de circunferência e ângulo central. É possível estudar no último capítulo deste tópico sobre o ângulo inscrito e os ângulos cujos vértices não pertencem à circunferência. Percebemos que com o estudo deste tópico o aluno poderá desenvolver somente a competência e. Observamos que são trabalhados no livro a3 somente conteúdos referentes apenas à geometria plana. 3.1.4 análise do livro a4 O livro a4 possui 54 capítulos agrupados em 11 tópicos. No tópico intitulado ―função polinomial de 1º grau‖, o autor aborda o sistema de coordenadas cartesianas, trazendo a noção de plano cartesiano, par ordenado e coordenadas do ponto. Sendo assim, é possível ser desenvolvida a competência l, apresentada na seção 2.2 deste trabalho. Os segmentos proporcionais são estudados em um tópico específico com o mesmo nome e possui três capítulos que abordam conceitos de geometria. No capítulo 365 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 com o nome de ―feixe de retas paralelas‖, são relembrados os conceitos de paralelismo e concorrência. No capítulo que tem o título de ―teorema de tales‖, o livro traz a definição do teorema de tales ressaltando os conceitos de retas paralelas, transversais e segmentos proporcionais. No capítulo ―aplicação do teorema de tales‖, é feita a aplicação do teorema de tales nos triângulos e também discutido o teorema da bissetriz interna de um triângulo. Neste tópico podemos observar que os alunos podem desenvolver as competências a, k e q, referentes aos conteúdos de geometria. O tópico de ―semelhança‖ começa abordando o conceito de figuras semelhantes e, a partir disto, são apresentados os polígonos semelhantes e calculada a razão de semelhança. Em seguida o autor aborda os triângulos semelhantes utilizando a definição de ângulos correspondentes e lados homólogos. Ainda neste tópico é possível estudar sobre a homotetia. As competências i, n, o, p e r podem ser desenvolvidas pelo aluno com o estudo deste tópico. No tópico ―estudando as relações métricas do triângulo retângulo‖ o autor se utiliza do teorema de pitágoras para mostrar as relações métricas que ocorrem no triângulo retângulo. No quadro de competências não foi encontrada uma que se relacionasse a este tópico, mas ele serve de base para outros tópicos presentes nos livros desta coleção. A circunferência e o círculo são estudados em um tópico específico neste livro, ―estudando a circunferência e o círculo‖. Primeiramente são abordadas as relações métricas na circunferência. O autor também representa alguns polígonos regulares inscritos na circunferência, indicando os elementos destes polígonos e demonstrando algumas propriedades. Em seguida, são abordadas as relações métricas de alguns polígonos inscritos. Este tópico termina com o cálculo do comprimento de uma circunferência. Com o estudo deste tópico pode ser desenvolvida pelo aluno somente a competência e. O tópico ―estudando as áreas das figuras geométricas planas‖ apresenta as fórmulas para calcular a área de algumas figuras geométricas planas e relembra as definições de comprimento e largura. Neste tópico é possível estudar sobre a área de alguns polígonos, sobre o semiperímetro e sobre as áreas de regiões circulares. Por 366 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 abordar apenas as figuras planas, ao estudar este tópico pode ser desenvolvida pelo aluno somente a competência d. No livro a4, observamos que são trabalhados conteúdos referente à geometria plana, geometria analítica e noções de geometrias não-euclidianas. 3.2 análise da coleção b A coleção b foi escrita no ano de 2009, sendo que os livros analisados desta coleção correspondem ao 6º ano, 7º ano, 8º ano e 9º ano e, neste trabalho utilizaremos, respectivamente, os códigos b1, b2, b3 e b4. Os livros que compõem a coleção b apresentam vários capítulos, agrupados em um tópico mais amplo. 3.2.1 análise do livro b1 O livro b1 possui 48 capítulos agrupados em 15 tópicos. O autor inicia o livro b1 apresentando a matemática como um todo e afirma que as formas geométricas também fazem parte desse mundo. No capítulo que tem o título de ―bloco retângular‖, são definidos os elementos (face, vértice e aresta) e dimensões (comprimento, largura e altura). Em relação a lista de competências não foi identificada uma específica que pudesse ser desenvolvida com o estudo deste tópico, mas este tópico serve de base para os demais subsequentes. No tópico ―formas tridimensionais‖, primeiramente são abordados os conceitos de prismas e pirâmides. Logo em seguida, é apresentado a ideia de que podemos ter diferentes vistas de um mesmo objeto. Por fim, são mostradas as diferenças entre cilindro, cone e esfera. Em relação a lista de competências disposta na seção 2.2 deste trabalho, podem ser desenvolvidas pelo aluno com o estudo deste tópico as competências h e r. Acreditamos que a competência g a partir de figuras planas, classificar e construir sólidos geométricos não poderá ser desenvolvida. Já a 367 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 competência c identificar corpos redondos, mesmo trabalhando corpos redondos não é utilizada essa nomenclatura por isso inferimos que o aluno não poderá desenvolvê-la. O tópico intitulado ―formas planas‖ aborda conceitos de giros, cantos, ângulos (reto, agudo e obtuso), lado e vértice. Em seguida, são feitas as construções de linhas perpendiculares e paralelas, com explicações e desenhos. São apresentadas as diferenças entre mosaicos, polígonos e não polígonos e feita a classificação dos polígonos de acordo com o número de seus lados, destacando os vértices e os ângulos de um polígono. O estudo dos quadriláteros é realizado em um capítulo específico, no qual são mostradas as diferenças entre cada um deles, inclusive a diferença da vista superior e da vista em perspectiva. Os alunos podem desenvolver as competências a, b, j, k e r com o estudo deste tópico. No tópico ―construções geométricas‖, as construções são feitas em papel quadriculado, com régua e esquadro e com régua e compasso, em cada atividade tem o desenho e a explicação de como se faz a construção, propondo ainda atividades para os alunos fazerem as construções geométricas em casa. Estas atividades servem de base para as demais propostas no decorrer do livro, não sendo encontrada nenhuma competência específica que possa ser desenvolvida pelo aluno com o estudo deste tópico. Este livro possui um tópico específico para o estudo de áreas e perímetros, com este mesmo nome. Primeiro, o autor apresenta a noção de área, em seguida são calculadas as áreas do retângulo e do quadrado. São mostradas também as unidades de medida que são utilizadas para a área. Com este tópico o aluno pode desenvolver somente a competência d, da lista de competências já apresentadas. No tópico ―simetria‖, o livro aborda primeiramente a simetria que ocorre nas formas para depois abordar a simetria nas figuras geométricas. Na lista de competências não encontramos uma que se relacionasse com este tópico, mas observa-se que ele serve de base para os demais tópicos dos livros desta coleção. No livro b1, observamos que são trabalhados conteúdos referentes à geometria plana e à noções de geometria não-euclidianas. 368 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 3.2.2 análise do livro b2 O livro b2 possui 43 capítulos, dispostos em 13 tópicos. O autor inicia o tópico ―construções geométricas‖ com o conceito de ângulos e como construir um ângulo usando régua e transferidor. Na sequência, são definidos circunferência e raio. Neste tópico o aluno pode observar que a simetria está presente em algumas formas e figuras geométricas. Por fim, de forma algébrica são calculadas as medidas dos ângulos de alguns polígonos regulares. Podemos observar que ao estudar este tópico o aluno pode desenvolver apenas a competência j, identificar e somar os ângulos internos de um triângulo e de polígonos regulares. No tópico ―geometria: do espaço para o plano‖ o livro aborda primeiramente como reconhecer os poliedros, as diferenças que existem entre formas planas e não planas, polígonos e não polígonos e poliedros e não poliedros, traz ainda alguns exemplos de poliedros e suas descrições. Na seção de exercícios têm um quadro com exemplos de pirâmides e prismas. Neste tópico, o autor expõe a diferença entre vista superior, vista frontal e vista lateral, e mostra alguns exemplos de vistas (mapa, planta e cortes). Para encerrar, é abordada a localização de pontos no plano, definindo coordenadas e plano cartesiano. As competências b, j, l e r podem ser desenvolvidas pelo aluno com o estudo destes capítulos. No último tópico, que tem o título de ―perímetros, áreas e volumes‖, o autor propõe para o aluno realizar o cálculo do perímetro e área de algumas figuras planas. Em seguida, são mostrados como se mede um volume qualquer e o volume do bloco retangular. Podemos inferir que somente a competência d pode ser desenvolvida neste tópico. No livro b2, observamos que são trabalhados conteúdos referentes a três das quatro subdivisões da geometria: geometria plana, geometria analítica e noções de geometrias não-euclidianas. 3.2.3 análise do livro b3 369 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O livro b3 possui 13 tópicos, que abrangem 42 capítulos. No tópico ―construções geométricas‖ é proposta uma construção geométrica utilizando os instrumentos de desenho (régua, esquadros, transferidor e compasso) e, em seguida, a construção de formas tridimensionais. Podemos observar que as competências f e g podem ser desenvolvidas pelo aluno ao realizar estas atividades. No tópico ―ângulos, paralelas e polígonos‖ são enunciados os conceitos de ângulos notáveis e suas propriedades. A soma das medidas dos ângulos internos de um triângulo e de um polígono são feitas na sequência. O autor relembra que as formas geométricas podem ser classificadas em planas e não planas e, que dentre as figuras planas estão os polígonos e os não polígonos, para então fazer a classificação dos polígonos (equiláteros, equiângulos ou regulares). O último capítulo deste tópico trata das simetrias e das propriedades dos quadriláteros, definindo simetria axial, simetria de rotação e simetria central com as propriedades nos losangos e nos paralelogramos. As competências b e j podem ser desenvolvidas com o estudo deste tópico. O livro b3 possui o tópico ―áreas e volumes‖, específico para se fazer o estudo destes conceitos. São mostradas quatro ideias para o cálculo de áreas e volumes (contagem, decomposição, decomposição e recomposição e completamento), em seguida, as fórmulas para o cálculo de áreas são deduzidas. Por fim, este tópico mostra algumas aplicações do teorema de pitágoras. Podemos observar que apenas a competência d, que se refere a áreas de figuras planas, pode ser desenvolvida neste tópico. O último tópico deste livro é ―geometria experimental‖ e ao estudá-lo o aluno pode observar, medir e fazer algumas conclusões sobre proporcionalidade e perímetro da circunferência. As competências d, e, n, o e p podem ser desenvolvidas pelo aluno com o estudo deste tópico. No livro b3, observamos que são trabalhados conteúdos referentes à geometria plana e à geometria espacial. 3.2.4 análise do livro b4 370 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O livro b4 possui 40 capítulos agrupados em 13 tópicos. As figuras semelhantes são abordadas em um tópico específico, ―semelhança‖, e o autor o inicia com o conceito de semelhança e como construir figuras semelhantes pelo processo de homotetia, podendo ser desenvolvida pelo aluno a competência r. Em seguida, o autor se refere aos triângulos semelhantes e a semelhança no triângulo retângulo, pode ser desenvolvida a competência i, n, o, p. Neste tópico o aluno pode ainda estudar o teorema de pitágoras. O tópico ―medidas‖ não é um tópico específico de geometria, mas o capítulo que tem o título de ―calculando áreas e volumes‖ mostra como fazer o cálculo de áreas e volumes de diferentes figuras. Com este cálculo o aluno pode desenvolver a competência d da lista de competências apresentada na seção 2.2 deste trabalho. No tópico ―geometria dedutiva‖ são apresentados os teoremas da soma dos ângulos internos e dos ângulos externos de um polígono. Também são deduzidas as propriedades dos ângulos na circunferência. As retas paralelas são estudadas neste tópico para se abordar o teorema de tales. Observamos que, estudando esses conceitos, as competências e, j, k e q podem ser desenvolvidas pelo aluno. A trigonometria é trabalhada em um tópico específico, com este mesmo nome. Por meio do estudo de triângulos e triângulos semelhantes, as razões trigonométricas são exploradas. O livro aborda ainda os polígonos inscritos e circunscritos. As competências o e p podem ser desenvolvidas neste tópico. O tópico ―construções geométricas‖ se inicia com o estudo das simetrias para se reconhecer as propriedades das figuras geométricas. O livro aborda algumas propriedades relativas à circunferência. Em seguida são propostas algumas atividades com os quadriláteros e como se desenha em terceira dimensão. Podemos observar que as competências e, g e r podem ser desenvolvidas pelo aluno com o estudo deste tópico. O perímetro e área do círculo são estudados no início do tópico ―círculo e cilindro‖ do livro b4. Também é realizado o cálculo do volume do cilindro. Podem ser desenvolvidas, com o estudo deste tópico, as competências d, e e f, listadas anteriormente. No livro b4, observamos que são trabalhados conteúdos referentes à geometria plana, geometria espacial e noções de geometrias não-euclidianas. 371 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 4 Conclusão Como já visto anteriormente o conteúdo estruturante geometrias é dividido em: geometria plana, geometria espacial, geometria analítica e noções de geometrias nãoeuclidianas. Embora as dce não apontem uma divisão do conteúdo estruturante geometrias por ano(série) observamos que a geometria plana é abordada em todos os livros da coleção a, já a geometria espacial é abordada apenas no livro a1, a geometria analítica e as noções de geometrias não-euclidianas são abordadas apenas no livro a4. Na coleção b também podemos observar que todos os livros abordam a geometria plana. A geometria espacial é abordada apenas no livro b3, a geometria analítica é abordada apenas no livro b2 e as noções de geometrias não-euclidianas são abordadas nos livros b1, b2 e b4. Dentre os 8 livros analisados, observamos que em 5 deles a geometria está disposta em um capítulo e/ou tópico específico para seu estudo, cujos títulos evidenciam isto. Porém, isso não impede que conceitos de geometria sejam utilizados para introduzir conceitos de outras áreas da matemática, por exemplo, no tópico ―razões e proporções‖ do livro a2. Observamos ainda que nos livros da coleção b ocorre uma ―interdisciplinaridade‖ dentro do conteúdo estruturante geometrias, pois um mesmo capítulo aborda mais de uma geometria. A partir da nossa análise, notamos que a competência d (identificar e relacionar os elementos geométricos que envolvem o cálculo de área e perímetro de diferentes figuras planas) pode ser desenvolvida pelos alunos ao estudar todos os livros. Observamos ainda que nenhum dos livros analisados possuem capítulos que permitem ao aluno desenvolver as competências c, identificar corpos redondos, e m, conhecer os fractais através da visualização e manipulação de materiais e discutir suas propriedades. 372 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Para melhor visualização, no quadro a seguir identificamos com um x as competências que podem ser desenvolvida pelos alunos ao estudar cada um dos livros analisados. Quadro 2 – competências trabalhadas em cada livro de cada coleção. COLEÇÃO A COLEÇÃO B A2 A3 A4 B1 B2 B3 X X X X X X X X X X X X F) X X G) X X COMPETÊNCIA A1 A) X B) X X X X X X X X X B4 C) D) E) H) X I) X J) K) X X X X L) X X X X X X X X X X M) N) O) X X X X X 373 X ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 P) X Q) X R) X X X X X X X FONTE: O AUTOR. Podemos observar que as competências f e g, que se referem a reconhecer, classificar e construir sólidos geométricos pode ser desenvolvida apenas nos livros b3 e b4. A competência h, compreender noções topológicas através do conceito de interior, exterior, fronteira, vizinhança, conexidade, curvas e conjuntos abertos e fechados pode ser desenvolvida apenas no livro b1. De acordo com o quadro 18 observamos que em relação as competências desenvolvidas o último livro de cada coleção é que permite ao alunos desenvolver mais competências diferentes. Nossa pesquisa foca no conteúdo estruturante geometrias e, desde o seu inicio, durante a seleção e a análise dos livros didáticos, nossa preocupação era encontrar elementos que pudessem nos auxiliar a observar quais competências o aluno pode desenvolver com o estudo dos conceitos de geometria que cada coleção propõe em seus livros. Analisando os livros da coleção a é possível perceber que cada uma das geometrias (plana, espacial, analítica e não-euclidiana) é trabalhada separadamente. Já na coleção b a geometria é trabalhada de modo que um mesmo capítulo aborda mais de uma das geometrias. Podemos citar como exemplo o tópico ―geometria: do espaço ao plano‖, do livro b2, que aborda geometria plana, noções de geometrias não-euclidianas e geometria analítica, associando uma com a outra. Com relação às noções de geometrias não-euclidianas, percebemos que a coleção b a aborda mais que a coleção a. Notamos também que somente os livros da coleção b apresentam conteúdos que permitem ao aluno desenvolver as competências f, g e h, que são competências que visam a ―interdisciplinaridade‖ entre as geometrias. 374 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Observamos ainda que em todos os livros analisados das duas coleções, são apresentados conceitos referentes à geometria plana. Não foi identificado algum tópico ou capítulo em algum dos livros que, ao estudá-lo, o aluno pudesse desenvolver a competência m (conhecer os fractais através da visualização e manipulação de materiais e discutir suas propriedades). Nossa intenção não é comparar a coleção a com a coleção b, pois foram escritas em momentos históricos diferentes, e sim ressaltar a importância de se observar as competências que o aluno pode desenvolver ao utilizar qualquer uma das coleções. O livro didático é um recurso didático disponibilizado pelos governos a alunos e professores, sendo que são os professores da escola que decidem qual coleção de livros irão utilizar. Com isso, é necessário que o professor analise quais conteúdos estão presentes no livro didático e como eles estão dispostos, para que tanto o professor como o aluno, possam melhor usufruir deste material. Ao darmos um olhar mais atencioso sobre como o conteúdo estruturante geometrias está presente em cada uma das coleções de livros didáticos analisados e relacioná-los as competências que o aluno pode desenvolver, esperamos despertar os professores para a importância de se fazer um estudo antes de escolher a coleção de livros didáticos que irá utilizar em seu trabalho, para que eles possam optar por uma coleção de livros dentre os disponibilizados pelo governo, a que esteja mais próxima de seus objetivos e sua prática pedagógica. Esta pesquisa tem como foco o conteúdo estruturante geometrias e esperamos que a reflexão desencadeada por este trabalho possa atingir outros pesquisadores que busquem, por exemplo, fazer um trabalho semelhante utilizando os outros conteúdos estruturantes propostos pelas diretrizes curriculares da educação básica do paraná (paraná, 2008). REFERÊNCIAS 375 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 BRASIL. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: MATEMÁTICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. BRASÍLIA : MEC/SEF, 1998. 148 P. GIOVANNI, J. R; CASTRUCCI, B; JÚNIOR, J. R. G. A CONQUISTA DA MATEMÁTICA: A + NOVA. SÃO PAULO: FTD, 2002. (COLEÇÃO A CONQUISTA DA MATEMÁTICA). IMENES, L. M; LELLIS, M. MATEMÁTICA: IMENES & LELIS. 1. ED. SÃO PAULO: MODERNA, 2009. (COLEÇÃO MATEMÁTICA: IMENES & LELIS). PARANÁ, GOVERNO DO. DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA MATEMÁTICA. 2008. 81P. 376 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A UTILIZAÇÃO DE UM EXPERIMENTO PARA O ESTUDO DA TERMODINÂMICA: UMA PROPOSTA DE ENSINO Felipe Wisniewski 21 João Alberto Valcanover ² Michele Regiane Dias Veronez ³ Resumo: Esse trabalho consiste no desenvolvimento de uma proposta de ensino voltada ao estudo da Termodinâmica com o uso de uma atividade experimental. Ao desenvolver essa proposta, partimos de uma análise da situação atual do ensino de Física, e também da concepção de alguns autores quanto à forma com que devemos propor as atividades experimentais em sala de aula. O experimento utilizado para o desenvolvimento desse trabalho é uma espécie de purificador de água em forma de pirâmide de vidro, criado por pós-graduandos da Universidade Federal de Santa Catarina. Palavras-chave: Termodinâmica, Atividade Experimental, Purificador de Água. 1 Introdução Baseados na minha experiência como aluno na disciplina de Física, seja no Ensino Médio ou no Ensino Superior, e em comentários feitos por outros alunos, percebemos que a Física é concebida por muitos indivíduos como uma disciplina difícil de ser entendida. A partir dessas observações, fomentamos a idéia de tentar desenvolver uma proposta de ensino que motive os alunos a estudarem Física. Para proporcionar essa motivação, procuramos um meio de contextualizar os conceitos da Física, ou seja, uma forma de mostrar que esses conceitos podem ser úteis para o desenvolvimento do ser humano. Através de pesquisas, pudemos ter conhecimento de uma invenção criada por pós-graduandos da Universidade Federal de Santa Catarina, que consiste numa espécie 21 Graduando do curso de Licenciatura em Matemática, Faculdade Estadual de Filosofia,Ciências e Letras de União da Vitória – PR; [email protected] 2 Doutor em Física, Universidade Federal de Santa Catarina; [email protected] 3 Mestre em Educação Matemática, Universidade Estadual de Londrina; [email protected] 377 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 de purificador de água, em forma de pirâmide, que visa destilar a água utilizando da energia solar. Pudemos perceber a imensa quantidade de conceitos da física que estavam sendo aplicados nessa invenção. Outro ponto positivo desse experimento, é que o resultado que ele produz está diretamente relacionado com questões de preservação do meio ambiente e sustentabilidade, questões essas que são comentadas pela maioria da população, ou seja, são do interesse de todos. Por esses e por outros motivos que decidimos explorar esse experimento para desenvolver o trabalho. Após algumas análises, decidimos procurar uma forma de introduzir conceitos de termodinâmica nas séries do Ensino Médio com o uso do purificador de água em forma de pirâmide de vidro como experimento. Para isso, se fez necessário uma pesquisa sobre as condições do ensino de Física atual, também sobre as concepções da utilização de experimentos nas aulas de Física. Para que baseado nos resultados dessa pesquisa, e contando com a ajuda do projeto da Universidade Federal de Santa Catarina que viabilizou a construção de um purificador de água, fosse possível desenvolver a proposta de ensino exposta nesse trabalho. 2 O Ensino de Física e a Utilização de Experimentos 2.1 Algumas Considerações sobre o ensino de Física Assim como Marineli e Pacca (2006), podemos considerar a Ciência como uma forma de conhecer o mundo. Sendo assim, a Física pode ser entendida como Ciência, pois a partir dela é possível compreendermos diversos aspectos e fenômenos. Podemos dizer que a Ciência não é mera extensão do cotidiano de quem a estuda, mas uma compreensão do mundo como um todo, Marineli e Pacca (2006) ressaltam que se a realidade é aquilo que existe, ela depende da consciência de que algo existe e este algo é definido por um ser consciente. Isso nos leva a pensar que um determinado conhecimento só faz parte da realidade das pessoas a partir do momento que ele é descoberto por alguém, até então, esse conhecimento é ―inexistente‖ para os que não tem consciência disso. Ao assumir a Física como Ciência, sustentamos que a disciplina de Física deve ser trabalhada no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, com o objetivo de formar 378 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 pessoas capazes de desenvolver um pensamento que vai além de simplesmente saber conceitos básicos de Física e resolver problemas clássicos dessa disciplina.Borges (2002) aponta as metas que mais comumente expressam aquilo que os estudantes devem aprender: adquirir conhecimento científico; aprender os processos e métodos das ciências, e por fim, compreender as aplicações da Ciência, especialmente as relações entre Ciência e Sociedade, e ciência-tecnologia-sociedade. Obviamente não há necessidade de fazer com que todos os alunos do Ensino Médio tornem-se cientistas, capazes de prever fenômenos e realizar grandes descobertas, mas de proporcionar à eles a autonomia de entender o mundo em que vivem, e de estarem preparados à possíveis mudanças. Na concepção atual de ensino, as aulas de Física podem não estar proporcionando a busca por esses objetivos. Rezende (2003), em um relato feito a partir do discurso de uma amostra de professores do município de Rio de Janeiro, menciona algumas deficiências no ensino de Física e Matemática que ocorrem nas instituições em que esses profissionais atuam. Dentre elas estão: a falta de apoio aos professores por parte da escola; falta de recursos e materiais didáticos; baixo nível socioeconômico e cultural do alunos; falta participação da família na escola; deficiências cognitivas dos alunos; atitude desfavorável do aluno e falta de perspectiva e interesse do aluno. São mencionados também vários problemas, por vezes, relacionados a essas deficiências, dentre eles estão: dificuldade dos professores em relacionar conteúdos teóricos à fenômenos do cotidiano; dificuldade para implementar enfoque interdisciplinar; insatisfação dos professores com os métodos tradicionais de ensino; formalismo matemático excessivo; dificuldades para usar o laboratório didático de Física; dificuldade para transpor as teorias de aprendizagem para a sala de aula. Sabemos que a física é uma disciplina escolar pouco atraente para a maioria dos alunos. O desinteresse pelo estudo de física não resulta da falta de sua aplicação no cotidiano do aluno, pois ela está presente, por exemplo,no funcionamento de aparelhos eletrônicos existentes na maioria dos lares brasileiros. Também não se pode alegar que é uma disciplina cujo conteúdo seja difícil de se ensinar e aprender. O desinteresse que se reflete na má qualidade do ensino brasileiro exige, portanto,revisão das práticas pedagógicas. (PEREIRA; AGUIAR, [20--] p. 66) Existe uma grande mobilização para a melhoria das práticas pedagógicas voltadas às Ciências. Segundo Borges, em vários países têm havido movimentos de 379 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 reforma curricular quanto as Ciências, desde os ―grandes projetos‖ de intervenção da década de 60 até ações menores e mais localizadas, fundamentadas nas concepções alternativas dos estudantes à respeito de vários tópicos de Física, e das dificuldades de aprendizagem que eles enfrentam. As mobilizações e mudanças curriculares nos últimos tempos proporcionam condições para os professores melhorarem significativamente o ensino da disciplina de Física, e aderirem a práticas pedagógicas diferenciadas. É o caso do uso de trabalhos experimentais como metodologias de ensino. O trabalho experimental tem reconhecida importância na aprendizagem das ciências, é largamente aceito entre a comunidade científica e pelos professores que pesquisam sobre metodologias de ensino e, tem resultados comprovados em muitas investigações (NEVES et al, 2006). As dificuldades dos alunos podem ser minimizadas por meio de atividades experimentais, ainda que o trabalho com elas se aproxime muito mais de atividades de verificação de conceitos que de atividades de caráter investigativo (PEREIRA e AGUIAR, [20--]). Trabalhando com atividades experimentais, os estudantes podem ter a oportunidade de interagir mais intensamente entre si e com o professor (MARINELI e PACCA, 2006). Segundo Neves, Caballero e Moreira (2006, apud HODSON 2000) existem basicamente cinco motivos para envolver os alunos em trabalhos experimentais: motivar, estimulando o interesse e o prazer de investigar; treinar destrezas laboratoriais; enfatizar a aprendizagem do conhecimento científico; percepcionar o método científico e adquirir perícia na sua utilização; desenvolver certas ―atitudes científicas‖ como abertura de espírito e objetividade. Pereira e Aguiar ([20--] apud GASPAR 2003), afirmam que o ensino de física nas escolas brasileiras vem recebendo, há anos, a crítica por não se realizarem atividades experimentais. Supomos que essa ausência seja como um reflexo da insuficiência estrutural das escolas, ou seja, os professores muitas vezes podem justificar o não uso de atividades experimentais, alegando que não dispõem de laboratórios de Física devidamente equipados. Visto que as práticas pedagógicas alternativas, como atividades experimentais, são eficazes no Ensino de Física, nosso objetivo é descobrir como fazer uso dessas práticas em sala de aula de forma consciente e significativa. 380 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 2.2 A utilização de experimentos nas aulas de Física Talvez seja possível superar os problemas estruturais das escolas, se soubermos como deve se caracterizar o ensino de Física com uso de atividades experimentais. O importante não é a manipulação dos objetos e artefatos concretos, e sim o envolvimento comprometido com a busca de respostas/soluções bem articuladas para as questões colocadas, em atividades que podem ser puramente de pensamento, pois qualquer que seja o método de ensino-aprendizagem escolhido, esse deve mobilizar a atividade do aprendiz, em lugar de sua passividade (BORGES 2002). Podemos imaginar o estudo de Física com atividades experimentais, como a abordagem de uma situação da vida real. Essa situação vista como um experimento, de alguma maneira pode ser descrita, aprimorada e até mesmo servir de base experimental para a formulação de um novo projeto. Nessa abordagem, os alunos devem ter autonomia de discutir problemas, garimpar hipóteses, e buscar soluções. Valorizando assim o planejamento do experimento feito pelos próprios alunos. Percebemos que as atividades experimentais, caracterizadas como atividades voltadas ao planejamento e investigação, não exigem muita estrutura laboratorial, ou seja, são práticas pedagógicas viáveis à maioria dos professores. Através de uma analogia, é possível perceber outras vantagens dessa prática perante a maneira tradicional de utilização das atividades experimentais. Borges (2002, apud TAMIR, 1991) afirma que no que é determinado laboratório tradicional, o aluno segue um roteiro para realizar atividades práticas, envolvendo observações e medidas, acerca de fenômenos previamente determinados pelo professor, geralmente com objetivo de testar leis científicas, ilustrar conceitos aprendidos em sala de aula ou aprender a utilizar algum instrumento ou técnica de laboratório. Sendo assim, o estudante se restringe a observar fatos e leis da Física previamente constatados, sabendo antecipadamente as conclusões a serem obtidas. Com efeito,ele pode até ―burlar‖ possíveis erros de experimentação para poder chegar ao resultado previsto. Como conseqüência, os alunos acabam não ampliando seu conhecimento em Física. Já no uso de atividades experimentais voltadas ao planejamento, reflexão e investigação, não existem limites para o aprendizado do aluno, pois ele possui 381 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 autonomia para realizar pesquisas e formular hipóteses. Por esse motivo, também é possível trabalhar com interdisciplinaridade, pois um experimento pode fornecer indícios de pesquisa a uma ampla área de conhecimento. 3 O Purificador de água em forma de pirâmide de vidro: um experimento. No sentido de viabilizar processos de purificação de água à maioria da população, muitas universidades e centros de pesquisa empenham-se na busca por uma solução alternativa para esse problema. É o caso de um grupo de pesquisadores do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), em parceria com a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan). Esse grupo se mostrou empenhado em desenvolver projetos de purificação de água. Um desses projetos consiste numa pirâmide de vidro, capaz de destilar água utilizando energia solar. Adotamos o projeto purificador de água em forma de pirâmide de vidro como um experimento a ser utilizado no ensino de conceitos de Termodinâmica. Por questões práticas, no decorrer do trabalho chamaremos esse experimento apenas como ―pirâmide de vidro‖. A pirâmide de vidro criada pela UFSC possui construção e funcionamento de fácil compreensão. Utiliza basicamente: garrafas plásticas, mangueira de ducha de chuveiro (ou similar), fibra de vidro, tinta preta, vidro liso transparente, silicone, e calhas, que podem ser feitas cortando um cano de PVC ao meio. Com as garrafas plásticas são feitos os reservatórios, tanto de água poluída, prestes a ser purificada, como da água destilada que sai do equipamento. Com a mangueira é feito o encanamento da água para que ela possa fluir com a força da gravidade, primeiramente do reservatório inicial para a base do aparelho, e depois também, da calha para o reservatório de água limpa. A base da pirâmide é feita de fibra de vidro e pintada da cor preta para absorver melhor o calor solar. Sobre essa base é montada uma pirâmide com placas de vidro coladas com silicone. Em torno dessa pirâmide é colocada a calha que está encanada ao reservatório final. Com a madeira pode ser feito um suporte para essa pirâmide. O funcionamento do destilador em forma de pirâmide depende, basicamente, da força da gravidade e do calor solar. O equipamento é posicionado de forma que a água 382 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 escoe do reservatório inicial para a base da pirâmide, formando ali uma película de água. Quando a pirâmide é exposta ao sol, os raios solares penetram as placas de vidro e acumulam-se entre as placas de vidro e a base, fazendo com que a temperatura dentro da pirâmide aumente. Consequentemente, a água evapora, e encontra com a placa de vidro, que é mais fria, e ali se condensa. Devido ao desnível do vidro, essa água destilada escoa até ser coletada pelas canaletas. É possível entender melhor esse processo analisando a figura 1. Figura 1: Esquema de funcionamento de um destilador solar Fonte: SOARES, 2004 4 O Ensino de Termodinâmica e a Utilização do purificador de água 4.1 Descrição da proposta de ensino A proposta que apresentamos, consiste em utilizar o experimento pirâmide de vidro, desenvolvido pela Universidade Federal de Santa Catarina, no ensino de conceitos de Termodinâmica para o Ensino Médio. O intuito é propor a abordagem de conceitos de Termodinâmica através de um aprimoramento da idéia inicial da Pirâmide de Vidro, com o objetivo de descobrir as melhores maneiras de estruturar esse experimento para que seu rendimento seja o maior possível. Nessa concepção, deve existir uma especulação, por parte dos alunos, quanto:aos materiais a serem utilizados;dimensões, formato e forma de construção do purificador; de modo que estejam em concordância com leis e conceitos de Termodinâmica, tornando esse experimento mais rentável, ou seja, fazendo com que a quantidade de água purificada num determinado tempo seja a maior possível, dentro das possibilidades. 383 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Com essa proposta, é possível que os alunos levantem hipóteses de condições necessárias para o melhor funcionamento do experimento fundamentadas em seu conhecimento prévio, em livros didáticos, em dados obtidos pela internet, em explanações feitas pelo professor e em informações obtidas de meios de comunicação como rádio e TV, desde que sejam informações devidamente comprovadas. O objetivo principal não é o de construir o experimento e observar seu funcionamento. Mas o de planejar a melhor maneira de construí-lo para que seja bem aproveitado. Não sendo descartada a hipótese de que ao final das explanações, a partir do projeto feito pelos alunos, seja construído um purificador, ou até mesmo um protótipo do purificador em forma de pirâmide de vidro. É viável também, a construção prévia de um experimento para ser apresentado durante ou após as investigações feitas pelos alunos. O processo de aprendizagem pode ser avaliado de várias formas, através de observações durante seu desenvolvimento, através de um relatório feito pelos próprios alunos, ou ainda através de apresentação em forma de seminário. Ao final, pode ser feita uma discussão retrospectiva para enfatizar os conceitos de Termodinâmica utilizados ao aprimorar o experimento. No que diz respeito à aplicação da atividade, descreveremos possibilidades de se estudar conteúdos relacionados à Termodinâmica durante o planejamento do experimento pirâmide de vidro. Obviamente, não queremos supor que os alunos desenvolverão suas idéias idênticas às que colocamos nesse trabalho. Nossa prioridade é, através de exemplos, mostrar que é possível trabalhar conceitos relacionados ao conteúdo que abordamos com o uso de um experimento. 4.2 Indicações para a aplicação da proposta Ao propor a atividade de aprimoramento do purificador de água, é preciso estabelecer um ponto de partida para as investigações. É o momento onde o projeto inicial da Pirâmide de Vidro deve ser apresentado aos alunos. Acreditamos que não há necessidade da apresentação desse projeto em detalhes, mas sim de forma bastante simples, enunciando os princípios básicos de seu funcionamento. Justamente para que fique a critério dos alunos planejarem a melhor forma de construir a pirâmide. 384 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A partir da descrição básica da construção e do funcionamento do purificador, podemos estabelecer o objetivo da pesquisa, e os fatores a serem analisados, que podem influenciar na busca por esse objetivo No contexto da atividade que propomos, o objetivo dos alunos é desenvolver um projeto aprimorado desse purificador, de forma que a quantidade de água limpa produzida por ele seja a maior possível. Para isso os critérios a serem analisados podem ser: material adequado para a construção do experimento, tanto da base como da pirâmide; proporções ideais das medidas, dentre elas a altura da pirâmide, o ângulo das faces com relação à base; maneira ideal de fazer um reservatório de água, proporcionando ao experimento maior autonomia de funcionamento sem interferir no seu rendimento; também podem ser estimuladas idéias de como fazer acabamentos que possam aumentar rendimento desse experimento. Os ajustes que por ventura sejam propostos pelos alunos para a melhoria do experimento devem estar devidamente fundamentados em leis e conceitos de Física. A atividade pode ser promovida em grupos, cabendo a cada grupo desenvolver seu projeto, que ao final pode ser apresentado aos demais colegas numa espécie de seminário. Para que os alunos possam iniciar as investigações acerca do experimento, é preciso que eles tenham um entendimento sobre conceitos de Física envolvidos neste experimento. A precisão desse entendimento pode não ser tão visível para os alunos, cabendo ao professor estimulá-los à buscar essas informações. Visto que o funcionamento da pirâmide de vidro depende basicamente de variações de temperatura, precisamos entender o conceito de temperatura, que é considerada uma das sete grandezas fundamentais do Sistema Internacional de Medidas, e está relacionada à movimentação das partículas que compõem a matéria. Costumamos medir a temperatura de objetos usando termômetros com escala Celsius, mas de acordo com o Sistema Internacional de Medidas, a escala Kelvin é utilizada mais formalmente. A diferença é que na escala Celsius o zero é comumente associado ao o ponto de fusão da água numa pressão atmosférica considerada normal. Já na escala Kelvin, o zero representa ausência total de temperatura, ou seja, para um objeto possuir 0 Kelvin, não pode existir movimentação entre suas partículas. 385 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Calor não é a mesma coisa que temperatura, pois a temperatura é uma grandeza que os objetos possuem e que pode ser medida, já o calor está associado à transferência de energia térmica entre os objetos e também com o ambiente em que esses objetos estão, devido às diferenças de temperatura entre eles. A transferência da energia térmica pode ocorrer basicamente de três formas: condução, convecção, e radiação. A condução é a transmissão de energia através do contato direto entre objetos. Essa transmissão ocorre mais facilmente quando o material do qual é feito esses objetos possuem pouca resistência térmica à condução, ou seja, quando são bons condutores de calor. A transferência de energia por convecção de fluidos ocorre devido a mudança de volume com a variação de temperatura. A temperatura do fluido em contato com o objeto quente aumenta e o fluido se expande. Como se torna menos denso que o fluido frio à sua volta, o quente sobe devido a forças de empuxo. O fluido frio desce, para ocupar o lugar do quente que subiu, e uma circulação convectiva se estabelece. Quando a energia é transportada por ondas eletromagnéticas, como a energia solar, dizemos que esse transporte é feito por radiação. Todos os objetos emitem tais radiações eletromagnéticas, simplesmente porque sua temperatura está acima de zero absoluto, e todos os objetos absorvem um pouco da radiação que chega até eles, emitida por outros objetos. Se analisarmos o experimento pirâmide de vidro, podemos perceber que durante seu funcionamento ocorrem os três tipos de transporte de energia. Pois ele capta a energia vinda do sol por meio da radiação. Essa radiação aquece a água e também a base da pirâmide, que por sua vez transmite calor para água por meio de condução. Ou se a água estiver com maior temperatura, a base é que receberá energia térmica da água. A água, ao ser aquecida, aumenta seu processo de vaporização, onde ocorre a transferência de energia por convecção, pois o vapor quando é mais quente que as demais partículas do ar ele sobe, deixando espaço para as partículas mais frias. O vapor, ao subir, encontra as faces da pirâmide, onde perde energia térmica por contato com o material das faces e condensa voltando ao estado líquido, ficando assim mais denso e escoando com a força da gravidade pela face da pirâmide até a borda do experimento. 386 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Figura 2: Processos de transmissão de calor Fonte: O autor Essa constante troca de energia entre os componentes da pirâmide faz com que ela funcione. Já que o aumento da vaporização da água depende do aumento de sua temperatura, devemos elaborar o experimento pirâmide de vidro de forma que seja mais bem aproveitada a energia proveniente do sol. Como já vimos, a energia solar é transportada através de radiações eletromagnéticas. Em nosso experimento, antes dessas ondas atingirem a água, elas atravessam as faces da pirâmide, onde provavelmente perdem intensidade. O material do qual são feitas as faces da pirâmide influenciam nessa perca de intensidade, pois se esse material for opaco, acabará absorvendo o calor dos raios solares ao invés de deixá-los entrar na pirâmide. Sendo assim, é conveniente que seja usado vidro ou plástico para a construção das faces da pirâmide. As ondas eletromagnéticas de calor podem ser entendidas como forças vetoriais, pois possuem direção e sentido, portanto se o ângulo da direção dessas ondas com a face da pirâmide for mais próxima de um ângulo reto, essas ondas atravessarão a face da pirâmide com mais facilidade, inclusive é esse o motivo que faz com que a temperatura em nosso ambiente fique maior nas horas próximas ao meio dia. E já que nessas horas a radiação solar chega até nós com maior intensidade, a pirâmide de vidro deve ser construída de forma essa radiação seja melhor aproveitada nesses momentos. As faces da pirâmide devem estar voltadas para o sol, portanto, o ângulo entre essas faces e a base da pirâmide deve ser o menor possível. Lembrando que o caimento das faces deve ser suficiente para fazer com que a água destilada escoe por elas. À medida que as ondas de eletromagnéticas atravessam as faces da pirâmide,diminui sua energia (frequência), com isso, à medida que essas ondas são refletidas pela água elas não conseguem mais atravessar o vidro novamente, permanecendo dentro da pirâmide, provocando o que chamamos de efeito estufa. É 387 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 criado assim um novo ambiente dentro da pirâmide, com temperatura mais elevada que a do ambiente externo. Podemos imaginar que se a pirâmide for construída com materiais sem resistência térmica à condução, a diferença entre a temperatura interna e externa da pirâmide fará com que haja grande dissipação de energia. Em contrapartida, as faces da pirâmide devem ser construídas de materiais que se portem como bons condutores de energia para facilitar a condensação da água. Mesmo assim, ainda pode ser reduzida a perca de energia térmica interna da pirâmide se a base for construída com um material que seja mal condutor de energia como, por exemplo, fibra de vidro. Vendo a precisão de fazer com que o purificador tenha maior autonomia de funcionamento, somos levados a pensar numa maneira de adequar um reservatório de água, supostamente poluída, para abastecer esse experimento. Observando a figura 2, percebemos que a água prestes a ser destilada, está disposta na base da pirâmide, sendo assim, poderíamos ampliar essa base, fazendo com que coubesse uma maior quantidade de água, como na figura 3: Figura 3: Pirâmide de vidro com reservatório de água interno Fonte: O autor É preciso saber se esse tipo de reservatório influenciará no desempenho do experimento. Visto que a água deve ser aquecida através do recebimento de calor do ambiente, o efeito causado por esse recebimento de energia está diretamente relacionado à capacidade calorífica e o calor específico da água. Segundo Halliday, Resnick e Walker(1996), a capacidade calorífica de um objeto, que podemos chamar de C, é a constante de proporcionalidade entre uma quantidade de calor e a variação de temperatura que esta mesma quantidade de calor produz no objeto. Assim, temos a equação 1: 𝑄 = 𝐶(𝑇𝑓 − 𝑇𝑖) 388 (1) ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Onde 𝑇𝑓e𝑇𝑖são temperatura final e temperatura inicial do objeto respectivamente, e 𝑄 é o calor (energia transferida entre o objeto e seu ambiente). Dois objetos feitos do mesmo material, terão capacidades caloríficas proporcionais às suas massas. Assim, é conveniente a equação 2: 𝑄 = 𝑐𝑚(𝑇𝑓 − 𝑇𝑖) (2) Onde c é o calor específico por unidade de massa do objeto, e m é a massa desse objeto, no nosso caso, dá água. Já que c é uma constante, é possível observar que à medida que aumentarmos a quantidade de massa de determinado material, a quantidade de energia transferida do ambiente terá que ser maior para gerar um determinado aumento de temperatura. Isso fica mais visível se modificarmos a equação 2 da seguinte forma: 𝑇𝑓 − 𝑇𝑖 = 𝑄 𝑚𝑐 (3) Sendo assim, quanto menor a quantidade de água disposta na base da pirâmide de vidro, maior será o aumento de temperatura dessa água e consequentemente a valorização dessa água será maior. A transferência de calor está também relacionada à superfície de contato do objeto com o sistema. Quanto maior for a superfície de contato, maior a quantidade de calor transferido. A partir dessas observações, somos levados a imaginar que a quantidade de água disposta na base da pirâmide deve ser pequena, e ao mesmo tempo, sua superfície de contato com o ambiente deve ser a maior possível. No caso do experimento pirâmide de vidro, podemos fazer com que haja uma lâmina de água sobre toda a base da pirâmide, sendo abastecida por um reservatório externo a essa pirâmide. Figura 4: Pirâmide de vidro com reservatório de água externo Fonte: O autor Observando a Figura 4, supomos que a água será transferida do reservatório para a pirâmide pela força da gravidade. Construindo o reservatório de modo que não possua 389 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 entradas de ar, poderá ser mantido o nível da lâmina de água até a altura do orifício pelo qual ela entra na pirâmide. A Primeira Lei da Termodinâmica estabelece que a energia pode ser transferida, através da fronteira de um sistema, como trabalho ou como calor. No caso da pirâmide de vidro, a água sendo aquecida aumenta seu volume, esse aumento do volume da água gera trabalho. Esse trabalho só é percebido se de alguma maneira usarmos a expansão da água para mover algum objeto. Nosso objetivo não é aproveitar o trabalho gerado pela expansão da água, mas perceber que influências esse trabalho pode trazer para o funcionamento da pirâmide de vidro dependendo de sua estrutura. Pois se a pirâmide for construída sem nenhuma espécie de respiro, a expansão do volume da água pode gerar aumento da pressão interna da pirâmide. Como conseqüência disso, pode haver uma diminuição da vaporização da água, ou até mesmo danos à estrutura da pirâmide. Portanto no experimento pirâmide de vidro devem existir orifícios por onde a pressão interna dessa pirâmide possa dissipar-se, igualando-se à pressão externa. Estudos mostram que a cor preta é mais vulnerável a transferências de calor, ou seja, objetos que possuem coloração escura, podem tanto receber calor com mais facilidade como emitir calor com mais intensidade do que objetos com a coloração mais clara. Esse fato pode aumentar o rendimento da pirâmide de vidro. Se a base for pintada de preto, a película de tinta absorverá uma grande quantidade de calor. Se a base for feita de um material que se comporte como mal condutor de energia térmica, a maior parte da energia absorvida pela película de tinta será transferida por contato para a água que consequentemente terá seu processo de vaporização acelerado devido ao aumento de temperatura. É importante observar também a questão da expansão térmica dos materiais, pois todas as dimensões de um sólido se expandem com o aumento de temperatura. O que dos diz se uma substância dilata mais ou menos do que a outra é o Coeficiente de Dilatação Linear dessa substância. Podemos ver os coeficientes de dilatação linear de algumas substâncias à temperatura ambiente na tabela 1: Substância Coeficiente de Dilatação linear (10-6/C°) Chumbo 29 Alumínio 23 390 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Latão 19 Cobre 17 Aço 11 Vidro (comum) 9 Vidro (pirex) 3,2 Quartzo fundido 0,5 Tabela 1: Alguns Coeficientes de Dilatação Linear Fonte: HALIDAY, RESNIK e WALKER; Fundamentos de Física, S.A.; Rio de Janeiro, 1996. Para facilitar a interpretação da tabela, podemos tomar como exemplo o vidro comum. Supondo que uma placa de vidro de comprimento 30cm possui temperatura semelhante à temperatura ambiente. Se houver um aumento de temperatura equivalente a 1C°, a dilatação linear dessa placa pode ser calculada da forma: ∆𝐿 = 30 . 0,000009 . 1 Onde ∆𝐿 é a dilatação linear, ou seja, a diferença entre o comprimento final e o comprimento inicial da placa de vidro, e os três valores do lado direito da igualdade são o comprimento inicial da placa, o coeficiente de dilatação linear da placa e a variação de temperatura da placa respectivamente. Para esse caso em específico, teremos uma variação de 0,00027cm no comprimento da placa de vidro com uma variação de temperatura de 1C°. Sendo assim, quanto maior o coeficiente de dilatação linear de um objeto, mais esse objeto aumenta de tamanho com o aumento de temperatura. No experimento pirâmide de vidro, uma dilatação do material com o qual seriam feitas as faces da pirâmide devido ao aumento de temperatura, poderia ocasionar danos à estrutura dessa pirâmide. Observando a tabela 1, percebemos que o vidro pirex possui um coeficiente de dilatação linear bem mais baixo que o vidro normal. O problema é que o vidro pirex é mais caro e mais difícil de ser encontrado que o vidro normal. Talvez possa ser usado o vidro normal se alguns cuidados forem tomados, como por exemplo, na hora de montar o equipamento, utilizar cola à base de silicone ou algum outro tipo de cola flexível para unir as faces da pirâmide. 391 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 5 Conclusões Ao desenvolver esse trabalho, pudemos perceber que existem duas maneiras de utilizar atividades experimentais nas aulas de Física. Uma delas, talvez a mais tradicional, consiste em fazer com que os alunos verifiquem conceitos comprovados anteriormente, e que eles já conhecem, através de experimentos. A outra maneira, que é vista como a mais produtiva com relação à aprendizagem dos alunos, é a de promover a investigação e o planejamento acerca de um experimento, fundamentando-se em conceitos de Física já existentes, para formulação de novas conjecturas. Baseados na idéia de trabalhar com atividades experimentais visando a investigação e o planejamento, produzimos uma proposta de ensino que nos fez acreditar que é possível incentivar a pesquisa na área da Física, partindo de situações do dia-a-dia das pessoas. Isso faz com que, para os alunos, haja significado nos conceitos que venham a ser pesquisados. Percebemos que os conteúdos de Física que surgiram durante os aprimoramentos do experimento pirâmide de vidro, não possuem uma complexidade muito grande. Isso viabiliza a aplicação dessa atividade em séries do Ensino Médio. Esse fato não significa necessariamente que o experimento não possa envolver conhecimentos de física mais avançados, assim como não é descartada a hipótese de que até mesmo alunos do Ensino Médio possam desenvolver esses conhecimentos. REFERÊNCIAS BORGES, A. Tarciso. Novos Rumos para o Laboratório Escolar. Colégio Técnico da UFMG, Belo Horizonte, 2002. Disponível em: http://www.fsc.ufsc.br/cbef/port/193/artpdf/a1.pdf DESTEFASNI Anelise et al; DESTILADOR SOLAR. disponível em http://www.ifcaraquari.edu.br/1/mct/2007/saude/saude5.pdf GASPAR, A. Experiência no ensino da Física. 4ª edição, Editora Ática, 2003. HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl.Fundamentos de Física 2. Gravitação, Ondas e Termodinâmica.Editora S.A. Rio de Janeiro. 1996. HODSON, D.The place of Pratical Work in Science Education.In Trabalho Prático e Experimental na Educação em Ciências. Braga: Universidade do Minho, 2000. 392 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 MARINELI, Fábio; PACCA, Jesuína Lopes de Almeida. Uma Interpretação para dificuldades enfrentadas pelos estudantes em um laboratório didática de Física. Universidade de São Paulo, SP. 2006. Disponível em: http://web.if.usp.br/cpgi/sites/default/files/Fabio_Marineli.pdf MÁXIMO, Antônio; ALVARENGA, Beatriz. Curso de Física Volume 2. 1ª edição, Editora Scipione, 2011. NEVES, Margarida Saraiva; CABALLERO, Concesa; MOREIRA, Marco Antônio. Repensando o papel do trabalho experimental, na aprendizagem da Física, em sala de aula – um estudo exploratório. 2006. Disponível em: http://www.if.ufrgs.br/ienci/artigos/Artigo_ID159/v11_n3_a2006.pdf NOTÍCIAS, 05-10-2005 17:18:12 - Departamento de Engenharia Sanitária desenvolve sistemas para controle da qualidade da água de abastecimento. 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Disponível em: http://www.bvsde.paho.org/bvsacd/abes22/cxxxiv.pdf 393 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 OS REGISTROS DE REPRESENTAÇÃO SEMIÓTICA: UM OLHAR SOBRE A MODELAGEM MATEMÁTICA SOUZA, Henrique Cristiano Thomas de*22 VALCANOVER, João Alberto** VERONEZ, Michele Regiane Dias*** Resumo: Neste trabalho apresentamos resultados de um trabalho de conclusão de curso no qual o objetivo era analisar a aprendizagem de conhecimentos específicos de alunos de um curso superior de Licenciatura em Matemática no que se refere aos conceitos de Trabalho de Força. Para a realização desse trabalho foi elaborada uma atividade de modelagem e a mesma realizada num período de 2 horas/aula. No momento da análise observou-se os registros utilizados pelos alunos para resolver a atividade proposta na tentativa de identificar vestígios sobre a aprendizagem deles em relação a estes conceitos. Para a análise utilizou-se a teoria dos Registros de Representação Semiótica desenvolvida por Raymond Duval na qual, de forma geral, afirma-se que o aprendizado de um objeto matemático se efetiva quando o sujeito consegue representá-lo ao menos em dois registros semióticos distintos, realizando para tal conversões entre estes registros semióticos. A análise possibilitou inferir que os alunos compreenderam o conceito de Trabalho de Força e ainda possibilitou que os mesmos aplicassem conceitos do Cálculo Diferencial e Integral em uma situação ―real‖. Palavras chave: Registros de Representação Semiótica, Modelagem Matemática, Ensino Superior. 1 Introdução Nesse trabalho buscamos abarcar uma alternativa de ensino (Modelagem Matemática) e analisar se os registros de representação semióticos utilizados pelos alunos nos permitem inferir algo sobre a sua aprendizagem. A realização de atividades com base nos referenciais teóricos das alternativas de ensino da Matemática nos leva a alguns questionamentos: Será que os acadêmicos e pesquisadores, conhecendo essas alternativas apenas a nível teórico, estão preparados 22 * Graduando do curso de Licenciatura em Matemática, Faculdade Estadual de Filosofia,Ciências e Letras de União da Vitória- PR; ** Doutor em Física, Universidade Federal de Santa Catarina; ***Mestre em Educação Matemática, Universidade Estadual de Londrina. 394 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 para desenvolver, em sua prática docente, atividades que envolvam tais alternativas? Os acadêmicos teriam maior familiarização com as alternativas de ensino se os mesmos tivessem contato, enquanto alunos, com atividades desse cunho durante a sua formação na graduação? É possível que aconteça o aprendizado matemático em cursos de graduação se forem realizadas atividades que sejam baseadas nas alternativas de ensino da Matemática? Não nos cabe querer responder a esses questionamentos, mas verificar como os acadêmicos do 3º ano de Matemática – Licenciatura desenvolvem uma atividade de modelagem e quais registros de representação utilizam, a fim de inferir à luz da Teoria dos Registros de Representação Semiótica se ocorreu a aprendizagem dos conceitos abordados nessa atividade. 2 Modelagem Matemática e os Registros de Representação Semiótica A Modelagem Matemática surgiu na matemática aplicada e nessa área os matemáticos seguiam esquemas bem definidos com um único objetivo: chegar à resposta de um problema. Com o avanço no estudo de formas diferenciadas de se ensinar matemática, a Modelagem Matemática passa a ser reconhecida como alternativa de ensino, Barbosa (2004) diz: ―Creio que as atividades de Modelagem podem contribuir para desafiar a ideologia de certeza e colocar lentes críticas sobre as aplicações da matemática.‖ Nesse contexto fica evidenciado que o que se procura no ensino é que os alunos tenham capacidade de identificar conhecimentos matemáticos em situações reais, tornando-os construtores do seu conhecimento. Tavares (1996), quando fala de modelagem, aborda três linhas de pesquisa, o ponto de vista de Niss, que entende a modelação Matemática como um processo pelo qual um fragmento da realidade é traduzido por um modelo matemático, a visão de Edwards e Hamson, que descrevem a modelação Matemática como uma atividade cíclica que tem como objetivo a transposição de uma situação real para a Matemática, e ainda o ponto de vista de Kerr e Maki que sugerem uma formulação para o processo de modelação Matemática e evidenciam especiais preocupações com o cenário pedagógico onde se desenvolve a construção e exploração dos modelos. Para Kerr e Maki o processo de modelação não exige o seguimento ordenado de etapas, tudo depende da situação e da Matemática envolvida. Analisando as etapas desenvolvidas pelos 395 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 pesquisadores citados, verificam-se e identificam-se pontos em comum, podendo, de forma simples serem traduzidos dessa maneira: i) identificação de um problema que envolva a “realidade”; ii) identificação dos dados do problema e sua representação na forma Matemática; iii) desenvolvimento do modelo matemático; iv) confrontação do modelo matemático com a situação real; v) adequações do modelo matemático, visando um aprimoramento do mesmo com a realidade envolvida; vi) validação do modelo. Assim como abordado por Kerr e Maki, essas etapas não precisam ser seguidas de forma integral, pois, são processos que podem variar de acordo com os aspectos, matemáticos e da realidade, envolvidos na situação. Em contexto de ensino, as etapas devem ser desenvolvidas de acordo com as necessidades encontradas pelo aluno, orientado pelo professor, que tem um papel de mediador entre o sujeito e os conhecimentos envolvidos. A inserção da Modelagem Matemática no ensino, em sala de aula regular, pode ocorrer de várias maneiras, dependendo dos objetivos do professor. Almeida (2004) considera que em um ambiente de ensino e aprendizagem de cursos regulares, as atividades de modelagem ponderem três momentos: 1º - O professor propõe uma situação e desenvolve juntamente com os alunos todas as etapas do processo de modelagem, que se fizerem necessárias; 2º - O professor propõe uma situação, mas quem a desenvolve são os alunos; 3º - Os alunos propõem uma situação a ser estudada, obtém informações e dados que envolvam tal situação e desenvolvem o modelo que a descreve. No trabalho realizado nos propomos a desenvolver uma atividade de modelagem no Ensino Superior, conforme o segundo momento proposto por Almeida. Sendo assim, é importante entendermos de forma mais aprofundada quais suas características. Esse segundo momento apontado por Almeida (2004), nos leva a uma situação de quebra de paradigmas, pois, como evidencia a própria autora, ―De forma geral, o ambiente a que nossos estudantes estão habituados é característico de aulas discursivas e expositivas, reservando um espaço menor para a interação‖(p.4), logo, uma atividade que é proposta pelo professor, mas, que deve ser desenvolvida pelos estudantes ―sai‖ 396 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 um pouco desse ambiente e causa um diferencial na aula, trazendo o estudante para pensar matematicamente, associar conceitos e estreitar ligações entre esses conceitos. No processo de Modelagem Matemática, fica evidenciado que os alunos precisam compreender diferentes formas de se representar um objeto. Atividades baseadas no referencial teórico da Modelagem Matemática, normalmente, são desenvolvidas através da utilização de dados que foram coletados de uma situação real, sendo que os mesmos podem se apresentar como dados escritos, tabelados ou representados graficamente. No intuito de desenvolver um Modelo Matemático que represente tais situações, surge a necessidade no sujeito de desenvolver novas maneiras de se representar esses dados, trabalhando com outros tipos de registros de dados. Nesse momento evidencia-se a importância da confecção, feita pelos alunos, de um relatório descrevendo todo o processo realizado durante a desenvolvimento das atividades de modelagem matemática, pois, é no relatório que estarão registrados todos os processos realizados durante a resolução da atividade de modelagem matemática. Nesse sentido, a teoria de Registro de Representação Semiótica se encaixa perfeitamente na verificação da aprendizagem, em aplicações de atividades baseadas nos referenciais teóricos da Modelagem Matemática. A teoria de Semiótica teve sua concepção na lingüística, com seu avanço e aprimoramento foi ganhando outros campos de conhecimento. Na matemática, pesquisadores como Duval (1993), analisaram o papel dos registros de representação semiótica na aprendizagem dos alunos, tendo essa concepção baseada na ciência dos signos, a Semiótica. Tal ciência foi se desenvolvendo durante toda a história da civilização como aponta Fidalgo (1999) "Apesar da semiótica ser ainda uma muito jovem ciência, a reflexão sobre o signo e a significação é tão antiga quanto o pensamento filosófico". A Semiótica desenvolvida por Charles Peirce, foi no entanto, a teoria base utilizada por Duval para desenvolver seu estudo sobre os registros. Para Peirce (2005), de forma geral, um signo é aquilo que, sob certo aspecto ou modo, representa algo para alguém. Claro que esse entendimento de signo não está diretamente ligado a Matemática, mas, se analisarmos, quando representamos um objeto matemático, aquela representação tem significado aos olhos de quem a fez, logo pode ser considerada um signo. 397 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O estudo de Peirce estava diretamente ligada ao conceito Tríade, que de forma resumida, está relacionado com as formas de interagir os signos com os seus objetos, pois, de acordo com Fidalgo (1999): Em carta a Lady Welby, Peirce explica que ―um signo é algo que medeia entre um signo interpretante e o seu objecto‖, algo que, sendo um Terceiro, ―traz um Primeiro à relação com um Segundo‖, e que esta relação triádica que o signo materializa constitui a mais genuína forma de terceiridade. Define pois signo como ―algo que ao ser conhecido por nós, faz com que conheçamos algo mais‖, ou seja, ―um objecto que está em relação com o seu objecto por um lado, e com um interpretante por outro, de tal modo que põe o interpretante em relação com o objecto, correspondendo à sua própria relação com o objecto‖. Trata-se então de ―algo que é de tal modo determinado por alguma outra coisa, o seu objecto, e assim determina um efeito sobre uma pessoa, efeito esse a que chamo o seu interpretante, que o último é mediatamente determinado pelo primeiro‖(p.146). Podemos perceber que quando estamos tratando de Tríade, falamos de algo que envolve três conceitos diferentes, o signo que representa um certo objeto, o signo interpretante do objeto, este que se refere ao "entender" a que o signo se refere e o terceiro que é o objeto em si, como mostra a Figura 1: Figura 1: A Tríade Semiótica de Pierce (Fonte:http://psico-pictografia.blogspot.com/2007/08/escola-dopensamento-cientfico-semitica.html) Baseando-se nas várias maneiras que um objeto pode ser representado Duval (1993, apud Colombo, Flores e Moretti, 2008) expõe: A compreensão (integral) de um conteúdo conceitual repousa sobre a coordenação de ao menos dois registros de representação, e esta coordenação se manifesta pela rapidez e a espontaneidade da 398 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 atividade cognitiva de conversão. Nesse sentido deve-se verificar a aprendizagem do aluno realizando uma observação e uma analise dos registros e representações que o mesmo faz do objeto que lhe foi apresentado. Colombo, Flores e Moretti (2008), ressaltam: [...]é no trânsito entre esses diversos registros de representação que se encontra a chave para a aprendizagem em matemática. Ainda, escolher o registro mais apropriado para aplicar os tratamentos implica uma desenvoltura do raciocínio e, conseqüentemente, leva à resolução dos problemas matemáticos e, por fim, à aprendizagem. Nesse sentido procura-se entender como a Modelagem Matemática favorece aos alunos o desenvolvimento da coordenação de conversões de registros semióticos usados para representar objetos matemáticos. 3 Uma Atividade De Modelagem Matemática No Ensino Superior 3.1 Aspectos metodológicos da pesquisa Nesse capítulo abordaremos os aspectos da pesquisa, deixando exposto o contexto da "realidade" em que os sujeitos participantes estavam alocados, e também descrevendo as atividades propostas e a forma como os dados foram coletados. 3.1.1 O contexto analisado A pesquisa foi realizada com a turma da 3ª série do curso de Licenciatura em Matemática23, na disciplina de Física Geral e Experimental24 e teve duração de oito horas aula. A turma contava com um total de vinte e três (23) acadêmicos e todos participaram da pesquisa. Para garantir a confiabilidade dos dados e assegurar os sujeitos da pesquisa, eles assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), ficando então cientes dos procedimentos da mesma. 4.1.2 O desenvolvimento da pesquisa 23 24 da Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV) no estado do Paraná. Ministrada pelo Prof. Dr. João Alberto Valcanover, orientador desse trabalho. 399 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Durante a realização da pesquisa foram realizadas algumas atividades, pré definidas e descritas em plano de aula (Anexo I), sendo as mesmas aprovadas pelo orientador e pela co-orientadora desse trabalho. A seguir segue o relato das atividades realizadas. Num primeiro momento, nas duas primeiras aulas, foram introduzidos alguns conceitos novos de forma mais expositiva, e entregue material de apoio em forma de apostila, sobre os conceitos trabalhados. No segundo momento da realização da pesquisa, a turma foi dividida em cinco grupos, três deles com três acadêmicos cada e dois deles com quatro acadêmicos cada. Para a realização da atividade proposta (uma atividade de modelagem) os grupos receberam, cada um, uma folha impressa contendo um problema que deveria ser resolvido pelo grupo. O problema recebido pelos grupos 1, 3 e 5 tinha o mesmo enunciado, porém os dados eram diferentes. Os grupos 2 e 4 receberam um outro enunciado, também contendo dados distintos. Os grupos tiveram um tempo de duas aulas para resolverem o problema e escreverem um relatório contendo a descrição dos procedimentos tomados para a realização da atividade, conforme sugere o referencial teórico sobre Modelagem Matemática. Esses relatórios desenvolvidos pelos grupos foram recolhidos e são materiais de análise dessa pesquisa. Em um terceiro momento da aplicação dessa pesquisa foi realizada uma atividade avaliativa referente aos conceitos trabalhados nas aulas anteriores. Para a realização dessa atividade avaliativa a turma foi dividida em dez duplas. As duplas receberam, cada uma, uma folha impressa contendo três questões com referência aos conceitos trabalhados anteriormente. As duplas tiveram um tempo de duas aulas para responderem as três questões, e o material produzido por elas foi recolhido com o intuito de servirem como fonte de dados na análise dessa pesquisa. No quarto e último momento da realização dessa pesquisa, foram realizadas entrevistas25 com nove acadêmicos da turma pesquisada. Nessas entrevistas os acadêmicos responderam a oito perguntas referentes a aplicação da pesquisa (Anexo II) tais entrevistas foram gravadas em arquivos de áudio. 25 As entrevistas não foram utilizadas na análise dos dados, porque os registros escritos foram suficientes para a realização da mesma. 400 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 3.2 Análise da atividade desenvolvida Para a análise dos dados recolhidos durante a aplicação dessa pesquisa, faremos uso somente dos registros escritos, em forma de relatório, de um grupo dos que participaram da atividade de Modelagem Matemática desenvolvida no segundo momento da aplicação dessa pesquisa. Essa escolha foi feita, visto o fato de que o desenvolvimento da atividade por parte dos cinco grupos que à realizaram, tiveram resoluções semelhantes. 3.2.1 Um olhar sobre a atividade à luz dos referenciais teóricos Os Registros que iremos analisar foram escritos pelos alunos que na realização da atividade era o número 4, observemos o desenvolvimento realizado pelos mesmos do problema proposto. Grupo 4: Um corpo se movimenta com velocidade constante até passar pela origem de uma trajetória, nesse instante força 𝑭=(9𝑥 −2 )𝒊, começa agir sobre esse corpo. 1 Determine o trabalho realizado por essa força para mover esse objeto do espaço x=( )m 2 até o espaço x=4m. Para iniciar a resolução da atividade o grupo escreveu em seu relatório (Ver Figura 2): Figura 2: Atividade desenvolvida pelo grupo - Registro gráfico. Nesse momento o grupo realizou as primeiras conversões de registros semióticos, pois, no problema que foi proposto ao grupo os dados fornecidos estão em um registro semiótico algébrico, e como podemos ver (Figura 2) o grupo representou esses dados em um registro semiótico gráfico. As conversões se caracterizam em dois 401 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 momentos, no primeiro ele se dá de forma implícita, pois para representar na forma gráfica os dados fornecidos, foi necessário, e mesmo que talvez inconsciente, utilizar-se de um registro semiótico tabular, onde são aplicados valores para a variável independente, dentro do intervalo analisado, para se obter valores para a variável dependente, conseguindo com isso pares ordenados a serem representados no plano cartesiano, nesse sentido caracterizou-se a conversão do registro semiótico algébrico para um registro semiótico tabular implícito. No segundo momento a conversão foi realizada do registro semiótico tabular para o registro semiótico gráfico. Fazendo uma análise do registro semiótico gráfico adquirido pelo grupo após a conversão, o grupo fez a seguinte anotação em seu relatório (Figura 3). Figura 3: Atividade desenvolvida pelo grupo - Obtenção do modelo matemático. Nesse trecho do relatório do grupo podemos observar que o mesmo realiza uma nova conversão de registro semiótico, pois, analisando o registro gráfico obtido o grupo compreende que pode representar esse registro gráfico de forma algébrica através da Integral Definida entre dois pontos, caracterizando a conversão do registro semiótico gráfico para o registro semiótico algébrico, ressaltando que esse último é diferente do registro semiótico algébrico que deu origem a atividade. A partir desse momento o grupo deu continuidade na resolução da seguinte maneira (Figura 4): 402 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Figura 4: Atividade desenvolvida pelo grupo - Tratamento do registro semiótico algébrico. Nesse momento o grupo utilizou-se de outra operação cognitiva oriunda dos Registros de Representação Semiótica, o Tratamento, pois obtido o modelo matemático que descreve-se a situação, o grupo realizou alguns cálculos até achar um valor que respondesse o problema proposto, caracterizou-se dessa maneira um tratamento do registro semiótico algébrico. 4 Considerações Finais Durante a análise dos dados ficou evidenciado que o grupo, durante a resolução do problema proposto, transitou em diferentes registros semióticos, realizando conversões e tratamentos entre eles, dessa forma de acordo com o que foi fundamentado sobre a teoria dos Registros de Representação Semiótica, podemos afirmar que ocorreu a aprendizagem dos conhecimentos envolvidos na atividade proposta. Nesse sentido podemos considerar então que atividades desenvolvidas nos referenciais teóricos da alternativa de ensino Modelagem Matemática, podem proporcionar a seus executantes a aprendizagem de conhecimentos específicos. Referências ALMEIDA, Lourdes Maria Werle de. MODELAGEM MATEMÁTICA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES. VII Encontro Nacional de Educação Matemática, 2004, Recife. Anais - Mesa redonda, p. 119-131. 403 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 BARBOSA, J. C. Modelagem Matemática: O que é? Por que? Como? Veriati n.4, p.7380,2004. CARREIRA, Susana. Construção e exploração de modelos matemáticos em situações do mundo real envolvendo Trigonometria. Quadrante, Vol. 2. Nº 1, 1993. COLOMBO, J. Ap. A., FLORES, C. R., MORETTI, M. T. Registros de representação semiótica nas pesquisas brasileiras em Educação Matemática: pontuando tendências. ZETETIKÉ – Cempem – FE – Unicamp – v. 16 – n. 29 – jan./jun. – 2008. DUVAL, R. Registros de representação semiótica e funcionamento cognitivo pensei. Anais da aprendizagem e da ciência cognitiva, Volume 5. 1993. FIDALGO, António. SEMIÓTICA GERAL. 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Decorrente desse propósito, focamos como o Laboratório de Ensino de Matemática (LEM) é importante em dois aspectos: para auxiliar no processo de construção do saber matemático, sendo interessante sua presença no ensino de alunos da Educação Infantil até o Ensino Superior, e para que os alunos da licenciatura em matemática possam ter contato com esse ambiente de ensino, para que futuramente possam utilizá-lo em sua prática pedagógica. Elucidamos neste texto as diversificadas concepções da utilidade do LEM. Também apresentamos como utilizamos este espaço para a aprendizagem de conceitos referentes às cônicas e às quádricas e como foram feitas as construções de ―maquetes‖ da hipérbole e da elipsóide de revolução. Acreditamos que o LEM possa vir a contribuir significantemente na aprendizagem do aluno, permitindo uma interação e socialização, aonde além de ocorrer o aprendizado por meio das atividades práticas desenvolvidas, é possível haver uma troca de conhecimentos entre os alunos. No LEM é possível construir coletivamente os conceitos matemáticos de forma mais ampla e concisa, expandindo a criatividade, despertando o raciocínio lógico, enriquecendo os conteúdos didáticos e tornando as aulas mais dinâmicas, compreensíveis e produtivas. Palavras-chave: Laboratório de Ensino de Matemática. Aprendizagem. Material concreto. 26 o Acadêmica do 2 ano de licenciatura em Matemática pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória - PR 27 o Acadêmica do 2 ano de licenciatura em Matemática pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória - PR 28 Licenciada em Matemática pela Universidade Federal de Pelotas – RS e Mestre em Ensino de Ciências e Educação Matemática pela Universidade Estadual de Londrina – PR. 405 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 1 INTRODUÇÃO A concepção de que a aprendizagem se constrói sobre bases concretas já vem sendo disseminada desde a antiguidade, com vários educadores defendendo essa ideia. Segundo Coelho, Gama e Passos [19??], durante o século XVIII, o grande filósofo John Locke já justificava a ideia de que todo tipo de conhecimento adquirido era um resultado de experiências que ocorriam em um processo de relação com o meio, ou seja, de fora do indivíduo para dentro do mesmo, isto a partir de elementos materiais. De acordo com Lorenzato (2006) muitos educadores, como, por exemplo, Piaget e Vygotsky, ressaltaram a importância de o aluno possuir um apoio visual ou visul-tátil para facilitar sua aprendizagem, propondo assim que os professores não ministrem apenas aulas expositivas. Neste contexto surge então o Laboratório de Ensino de Matemática (LEM), um local em que, segundo Lorenzato (2006), ―os professores estão empenhados em tornar a matemática mais compreensível aos alunos‖ (p. 7). De acordo com Perez e Turrioni (2006), para Lorenzato (2002), ―‘Ninguém ama o que não conhece‘: este pensamento explica porque tantos alunos não gostam da matemática. Se a eles não foi dado conhecer a matemática, como podem vir a admirála?‖ (p.57). Este é sem dúvida um dos problemas da atual situação em que a educação em nosso país se encontra. Alunos desestimulados em sala de aula são alunos com baixo índice de desempenho, que possivelmente não se desenvolveram intelectualmente. Portanto, é de extrema importância voltar nossas atenções às relações professoraluno-conhecimento, para que assim possamos mudar a realidade educacional a qual temos acompanhado. Dentro deste contexto, o Laboratório de Ensino de Matemática vem como um auxiliar à aprendizagem do aluno, e é sobre ele que explanaremos na próxima seção. 2 O LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA (LEM): algumas concepções e sua importância no ensino da matemática e na formação do professor de matemática O Laboratório de Ensino de Matemática possui várias concepções de utilidade. Ele pode ser um espaço voltado tanto para as atividades dos professores quanto para dos próprios 406 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 alunos. Primeiramente, perante a utilidade do LEM como um recurso voltado para a área de utilização dos professores, este pode ser um local para o arquivamento de materiais didáticos, de materiais construídos pelos alunos, entre outros. Também pode ser um local para o planejamento das atividades que serão aplicadas, de debates entre os docentes sobre as suas pesquisas, seus projetos, sobre as práticas pedagógicas exercidas, sobre as reações, dificuldades e superações dos alunos diante de novos métodos desenvolvidos em sala de aula, entre outros. Quanto aos estudantes, o LEM pode vir a ser um lugar aonde eles juntamente com o auxílio do professor, possam vir a desenvolver atividades experimentais, criar materiais relacionados aos conteúdos didáticos e para expor as suas dúvidas sobre determinados assuntos e respectivamente as esclarecerem. Assim, para Lorenzato (2006, p. 6 - 7) ―[...] O LEM deve ser o centro da vida matemática da escola [...]‖. Deste modo, o laboratório de ensino tem como função ser o centro do pensar e criar, demonstrando aos discentes que a matemática não é uma ciência unicamente abstrata. No laboratório de ensino é possível construir coletivamente os conceitos matemáticos de forma mais ampla e concisa, expandindo a criatividade, despertando o raciocínio lógico, enriquecendo os conteúdos didáticos e tornando as aulas mais dinâmicas, compreensíveis e produtivas. Ainda é possível que durante as atividades realizadas no LEM os alunos formulem dúvidas. Diante deste aspecto, é necessário que o professor atue como um mediador e faça com que todos os demais analisem a questão levantada, a argumentem e, por fim, concluam as suas ideias. Isto é bastante relevante à aprendizagem, pois o docente pode orientar os seus alunos na direção para que desenvolvam uma atitude de investigação sobre o fato, produzindo a sua autonomia intelectual e uma reflexão crítica, o que poderá acarretar num aumento do seu interesse pela disciplina. De acordo com Abreu (1996), O professor precisa estar atento como os pensamentos de seus alunos progridem, para melhor orientá-lo e descobrir quais as reais necessidades de sua turma. Portanto, é necessária uma postura de investigação, ou seja, deve estar em constante observação, acompanhando e registrando o progresso das 407 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 crianças, o seu desempenho, dificuldades e reações frente às atividades propostas. (apud SILVA e SILVA, 2004, p. 6). Alguns dos porquês da não utilização do LEM durante as aulas regulares da disciplina é o despreparo dos professores diante deste ambiente e/ou a preocupação em não realizar a ementa proposta para o ano letivo por completa. Embora o laboratório ocupe um tempo muito maior é possível ensinar com ele muito mais do que somente com o uso do livro didático. Para Ewbank (1977, apud PASSOS, 2006, p. 90): [...] o livro didático não nos ensina os conceitos matemáticos. O livro pode, de certo modo, explicitar certas regras e alguns procedimentos que deverão ser exercitados na sala de aula. [...] Os conceitos matemáticos são aprendidos somente com a experiência: ―o perfume de uma rosa ou a dissonância de sons não podem ser aprendidos lendo descrições verbais sobre eles em um livro. Você tem que experimentá-los. É o mesmo com ideias matemáticas‖ [...]. Para que o professor saiba aproveitar da melhor forma o LEM é necessário que ele tenha uma formação de qualidade, que vise à preparação sobre as diferentes formas didático-pedagógicas e saiba como e quando utilizar os materiais de ensino. De acordo com Lorenzato (2006), o Laboratório de Ensino é apenas um auxiliar no processo de ensino e aprendizagem, seu uso exclusivo nas aulas não garante a aprendizagem de todos os conteúdos. Portanto, é necessário que o professor tenha definido os objetivos de cada atividade desenvolvida no laboratório, pois nenhuma atividade deve ser aplicada de modo desvinculado à aprendizagem, mesmo um simples material construído deve possuir um determinado conhecimento envolvido. Afinal, para Fiorentini e Miorim (1990 apud PASSOS, 2006, p. 79) ―[...] por trás de cada material se esconde uma visão de educação, de matemática, de homem e de mundo [...]‖. Segundo Rêgo e Rêgo (2006), o LEM contribui na formação do aluno de modo geral, ampliando a linguagem matemática, adquirindo estratégias para os diversos problemas, desenvolvendo a capacidade de realizar cálculos mentais, ampliando o interesse por métodos de investigação e estimulando a sua compreensão, percepção e formação de conceitos que norteiam a matemática. 408 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Quando estimulados os alunos desenvolvem técnicas e construções que muitas vezes pode vir a surpreender o professor. No entanto, isto é algo que depende do desempenho dos alunos e do interesse do docente em aproximar a teoria da prática. É extremamente fundamental que os discentes também percebam esta aproximação, não só da teoria com a prática, mas estas juntamente com a realidade e a sua aplicação neste contexto. Para Rêgo e Rêgo (2006) o laboratório deve estar presente nas várias fases de ensino, indo da educação infantil à superior, sendo que neste último é importante para promover a interação com a pesquisa, ensino e extensão. Embora muitos futuros professores ainda sejam resistentes às mudanças quanto às práticas pedagógicas, é necessário perceber que atualmente a metodologia tradicional, em que o professor escreve as definições e conceitos na lousa, resolve alguns exemplos e deixa uma lista de infinitos exercícios semelhantes, modificando apenas os números, já não é mais conveniente no processo de ensino e aprendizagem. É durante a sua formação que o futuro professor terá contato com novas metodologias e práticas pedagógicas que visam melhorar o ensino e a aprendizagem (por exemplo, o LEM) e cabe a ele ponderar como e quando utilizá-las durante sua carreira docente. Podemos concluir que o LEM, para a licenciatura, auxilia na formação matemática do futuro professor, pois, neste momento ele ainda é aluno e usufrui dos benefícios do laboratório para sua aprendizagem, ao passo que é uma oportunidade do licenciando conhecer e se interar neste ambiente, para que futuramente possa utilizá-lo em sua prática pedagógica. 3 UMA EXPERIÊNICIA NO LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA: a construção da hipérbole e da elipsóide de revolução Dentre as diversas disciplinas propostas para o 2o ano do curso de licenciatura em matemática da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória (PR), está o Cálculo Diferencial e Integral II, que aborda diversos conteúdos e conceitos, entre eles, as cônicas e as quádricas. 409 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Para estudarmos sobre estes dois temas, a professora da disciplina subdividiu os acadêmicos em grupos de no máximo seis pessoas, para que os grupos apresentassem alguma construção que mostrasse as propriedades destes conceitos. As construções propostas primeiramente foram sobre as cônicas: a parábola, a elipse e a hipérbole. Nosso grupo construiu uma ―maquete‖ da hipérbole na forma de gráfico. A princípio foi complicado buscar os conceitos referentes a esse conteúdo e unificá-los de modo a conseguir ter uma ideia de como tal ―maquete‖ poderia ser construída. O principal problema do grupo foi generalizar o que acontecia quando os parâmetros da equação da hipérbole modificavam. Depois de várias ideias diferentes, confeccionamos a hipérbole utilizando plástico transparente, pedaços de madeira, 4 folhas de cartolina colorida, barbante e pedaços de E.V.A. (veja figura 1). Utilizando estes materiais construímos uma hipérbole cuja equação é . A partir desta equação, pelo processo de transformá-la na forma , obtemos os focos que são dados por F e F’ através da equação , que estão representados pelos pontos de cor azul, os vértices A e A’ do eixo real ou transverso de cor amarela e os pontos B e B’ do eixo imaginário ou conjugado na cor verde. Também definimos as assíntotas que são as retas que passam pela origem representadas na cor roxa para a construção do gráfico da região. Para a hipérbole selecionada, temos que o eixo real é o eixo das ordenadas. O ponto P, assim como os outros pontos sobre a hipérbole, se caracteriza por possuir a diferença das distâncias aos dois focos sempre constante. Na construção da maquete fizemos a representação do plano cartesiano sob o plástico transparente e a ilustração do gráfico da função utilizando a cartolina e os pedaços de EVA para representar os pontos. O barbante foi utilizado para demonstrar a distância dos focos ao ponto P. No entanto, a construção não ficou uma representação totalmente perfeita, pois a hipérbole confeccionada possui uma determinada área em sua região amarela, quando esta é determinada somente ao contorno da região, e não ao seu preenchimento por completo. A partir daí concluímos que as construções de materiais auxiliam na compreensão por meio da visualização, mas não são unicamente suficientes para a 410 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 aprendizagem, sendo, portanto necessário já possuir um conhecimento referente às características do conteúdo representado sob a forma concreta. FIGURA 1: Maquete da hipérbole em forma de gráfico. Foram necessárias sete horas aula para que todos os grupos finalizassem as construções das cônicas. Depois dessa experiência, a professora propôs as construções referentes às quádricas: elipsóide, hiperbolóide e parabolóide. Os grupos se mantiveram os mesmos e o tempo de construção foi reduzido para cinco horas aula, pois tivemos menos dificuldades em imaginar uma construção possível em relação ao assunto. Desta vez o nosso grupo construiu a elipsóide, se utilizando de materiais como jornal, cola, pedaços de madeira, fita colorida e bexiga (veja figura 2). Para esta construção também foi necessário definir uma única equação sobre a elipsóide, então delimitamo-la centrada acima da origem. Esta equação, portanto foi definida sob a forma (x - h)2/a2 + (y - k)2/b2 + (z – t)2/c2 = 1, onde a superfície de revolução é gerada pela rotação de três elipses, adquirindo desta maneira uma forma geométrica oval. A partir do conceito de como é a superfície de revolução, formulamos a ideia de que uma bexiga enchida de tal maneira que adquirisse uma forma oval poderia representar a elipsóide. Então para a construção se realizar, nós utilizamos uma bexiga cheia de ar, a qual sobre a sua superfície preenchemos várias camadas de jornal e cola, 411 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 para que assim que esta cola secasse o papel adquirisse o formato proposto. As fitas coloridas foram utilizadas para representar as três elipses que rotacionam e que são perpendiculares aos eixos do plano cartesiano tridimensional. Os palitos de madeira foram utilizados com o intuito de representar os eixos das abscissas, das ordenadas e das cotas. Figura 2: Construção da elipsóide. Novamente as construções elaboradas pelos grupos foi apenas um auxiliar à aprendizagem, não sendo dispensável a aula teórica expositiva referente ao assunto. 4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Para que possamos despertar nos alunos a vontade de estudar matemática, precisamos demonstrar a eles que ela não é algo solto no espaço, e sim que é uma ciência pertencente ao nosso dia a dia, como qualquer outro ramo da humanidade, e que está interligada com as demais áreas do conhecimento. Desta forma o laboratório de ensino da matemática auxilia o docente durante a sua prática pedagógica em mostrar aos alunos a representação dos conteúdos didáticos sob a forma concreta. A partir das construções realizadas pelos discentes se torna possível a associação da teoria aplicada em sala de aula com a realidade do cotidiano. 412 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 De acordo com Lorenzato (2006), quando a aprendizagem ocorre com auxílio de materiais concretos, a visualização destes materiais faz com que os alunos estimulem o pensamento e passem a formular os seus raciocínios, tirar a suas próprias conclusões, aprenderem as características dos conteúdos além de memorizá-los com mais facilidade e durante muitas das construções ainda é possível desenvolver e testar estratégias para alcançar o objetivo esperado, encontrando diversos caminhos na matemática. Estes contribuem na percepção da capacidade intelectual, o que valoriza o aluno como aprendiz e aumenta a sua auto-estima e a sua autoconfiança. Durante a construção da hipérbole tivemos que pesquisar suas propriedades e as relações entre seus parâmetros, o que nos auxiliou na compreensão deste conteúdo, permitindo que possamos investigar essas relações em hipérboles de diferentes equações. O mesmo ocorreu durante a construção da elipsóide. É importante destacar que, ao término dos trabalhos, foram realizadas apresentações, na qual cada grupo expôs as características relevantes de suas regiões e o método de construção utilizado. Como alguns grupos tiveram o mesmo tema, durante as apresentações ocorreram trocas de informações e discussões entre os acadêmicos a respeito das propriedades de cada região, fato que contribuiu para melhor apropriação dos conceitos. Ao propor a construção e a visualização das diferentes regiões do plano, a professora de cálculo nos auxiliou na compreensão dos conceitos referentes às cônicas e às quádricas, proporcionando também o debate entre os grupos sobre as características e comportamentos dos conceitos matemáticos abordados por cada um. Sendo assim, foi possível uma interação e socialização, aonde além de ocorrer o aprendizado por meio das atividades práticas desenvolvidas, foi possível compreender os demais temas propostos durante as apresentações dos outros grupos, envolvendo a troca de conhecimentos entre os acadêmicos. REFERÊNCIAS COELHO, M. A. V. M. P. ; GAMA, R. P. ; PASSOS, C. L. B. Laboratório de Ensino de Matemática na atuação e na formação inicial de professores de matemática. Disponível em: <http://alb.com.br/arquivomorto/edicoes_anteriores/anais16/sem15dpf/sm15ss03_04.pdf>. Acesso em: 27 out. 2011. 413 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 LORENZATO, S. Laboratório de Ensino de Matemática e materiais didáticos manipuláveis. In O Laboratório de Ensino de Matemática na formação de professores. v. 1. Campinas: Autores Associados, 2006. PASSOS, C. L. B. Materiais manipuláveis como recursos didáticos na formação de professores de matemática. In O Laboratório de Ensino de Matemática na formação de professores. v. 1. Campinas: Autores Associados, 2006. PEREZ, G. ; TURRIONI, A. M. S. Implementando um laboratório de educação matemática para apoio na formação de professores. In O Laboratório de Ensino de Matemática na formação de professores. v. 1. Campinas: Autores Associados, 2006. RÊGO, R. G ; RÊGO, R. M. Desenvolvimento e uso de materiais didáticos no ensino de matemática. In O Laboratório de Ensino de Matemática na formação de professores. v. 1. Campinas: Autores Associados, 2006. SILVA, R. C. de ; SILVA, J. R. de. O papel do laboratório no ensino de matemática. Disponível em: <http://www.sbem.com.br/files/viii/pdf/07/RE75541815487.pdf>. Acesso em: 27 out. 2011. 414 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE FRAÇÕES COMO FONTE DE ANÁLISE DE ERROS Miriam Kuczynski29 Maria Ivete Basniak30 RESUMO: Neste artigo, relata-se parte de um trabalho monográfico desenvolvido para analisar alguns dos tipos de erros constatados no processo de aprendizagem da adição e subtração de frações, tendo como cenário de investigação uma turma de 5º série do ensino fundamental. O estudo desenvolve-se pautado na análise de erros de compreensão. Considera-se a hipótese de que o potencial dos erros pode ser explorado para o enriquecimento do processo educativo. Os resultados visam apontar as possíveis causas ou natureza dos erros e assim indicar benefícios que o aproveitamento didático propicia ao aluno no sentido do desenvolvimento de sua cognição, e para o professor que ao refletir cotidianamente e planejar um ensino através do diagnóstico de erros, tende a aprimorar sua prática, bem como desenvolver novas competências profissionais. Todo o esforço investido vem ao encontro de oferecer condições para que o aluno sintase capaz de aprender significativamente os conteúdos ensinados. Palavras Chave: Análise de erros, Frações, Ensino de Matemática. ABSTRACT: In this paper, we report is part of a monograph developed to analyze some of the types of errors found in the learning process of addition and subtraction of fractions, against the backdrop of a research group of the 5th grade of elementary school. The study develops guided the analysis of errors in understanding. It is considered the hypothesis that potential errors can be exploited to enrich the educational 29 Aluna da especialização em Ensino da Matemática na Perspectiva da Educação Matemática pela Universidade Estadual do Paraná - Campus Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras – FAFI. 30 Professora do Curso de Licenciatura em Matemática da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras. Mestre em Métodos Numéricos em Engenharia pela UFPR e Doutoranda em Educação pela UFPR. 415 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 process. The results aim to point out the possible causes or nature of errors and thus indicate that the use benefits the student teaching provides for the development of their cognition, and for the teacher to reflect and plan a daily teaching through the diagnosis of errors tends to improve their practice and develop new skills. Every effort has been invested to meet the offer conditions for the student to feel able to learn significantly the content taught. Keywords: Error analysis, Fractions, Mathematics Teaching. INTRODUÇÃO Considera-se que o erro é algo intrínseco ao processo de aprendizagem, e que o professor deve aproveitar esse momento para tentar perceber qual o sentido que o aluno atribui à resposta que apresenta. Isto é, entender o que ele está pensando como está pensando e a forma que organiza as ideias a respeito de determinado conhecimento. Levar em consideração a ―lógica‖ que o aluno constrói, significa valorizar o processo de aprendizagem como um todo, já que, ―[...] quando um aluno comete um erro, ele expressa o caráter incompleto de seu conhecimento.‖ (PINTO, 2000, p. 54). Nesse sentido, o professor acompanhará mais de perto o processo de mobilização cognitiva que o aluno se utiliza para aprender. Engler, Gregorini, Muller, Vrancken e Hecklein explicam que: O professor deve entender os erros específicos de seus alunos como uma informação das dificuldades da Matemática que requerem um esforço para a superação. É importante levar em conta que podemos superar um erro e aceitá-lo não como algo que não deveria ter aparecido, mas sim como algo cuja aparição é útil e interessante, já que permite a aquisição de um novo e melhor conhecimento (2004, p. 28). 416 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O estudo dos erros possibilita a aprendizagem bem como o enriquecimento do trabalho educativo já que ajuda a criar um ambiente motivacional para que o aluno diminua o medo de errar e desenvolva a capacidade de argumentar sobre as suas ideias. Quando utilizado como instrumento de reflexão, o erro passa a ter um estatuto menos negativo no campo educacional, pois permite diagnosticar a aprendizagem e planejar uma forma adequada de intervenção. O presente trabalho pretende através de uma análise cuidadosa dos erros cometidos por alunos de 5ª série detectar quais são os principais tipos de erros e dificuldades presentes no processo de ensino e aprendizagem da adição e subtração de frações, tendo como objetivo principal compreender as possíveis causas ou razões destes erros. APROVEITAMENTO DIDÁTICO DOS ERROS A concepção do professor sobre os processos de ensino e aprendizagem é o que rege o trabalho desenvolvido em sala de aula. Refletir sobre as práticas cotidianas é uma forma de investigar como o conhecimento matemático está sendo articulado com o pedagógico. Vinculada à reflexão da ação, está à essência do ensinar e do aprender. Em função do constante avanço tecnológico aspira-se educar de modo a formar um cidadão compatível com as exigências impostas pelo atual contexto social. E isso implica que saber matemática é uma necessidade fundamental. Porém os programas de avaliação têm revelado ―o precário conteúdo adquirido pelo aluno no ensino fundamental, além de apontar como fator significativo desse fracasso escolar a concepção tradicional da matemática‖ (PINTO, 2000, p. 17). No modelo tradicional de ensino é dado ênfase na resposta certa, isto é, no produto final. Nessa concepção, os erros representam que o aluno não aprendeu tudo o que lhe foi ensinado. Há uma contradição ao se pensar que pode haver ensino se não houver aprendizagem. Enquanto um professor tradicional tem antipatia para com os erros, e os considera como sendo algo que deve ser banido, o professor moderno se debruça nas idéias estranhas das crianças, tem prazer em discuti-las, e considera os erros 417 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 coisas preciosas na busca de refazer um percurso e construir um conhecimento corretamente. (CARRAHER, 1990). A matemática como matéria escolar deve apresentar questões que possibilitem o aluno a pensar, a planejar ações, a formular hipóteses e adotar estratégias baseadas na intuição, dedução, indução ou analogias. Nesse sentido o erro não deixa de ser matéria prima para a aprendizagem e a sua exploração ajuda o aluno a exercer um papel ativo na construção de seus conhecimentos. Diferentemente da passividade que lhe é imposta num ensino que não permite sua interação com o objeto de estudo. Borasi (1996, apud Cury, 2008, p.36) ―propõe ambientes de aprendizagem nos quais o potencial dos erros pode ser aproveitado. Sua idéia é usar determinado erro para questionar se o resultado incorreto pode verificar-se, ao invés de tentar eliminá-lo.‖ Dessa forma, a autora sugere questionamentos que gerem uma análise quanto a existência de algum contexto no qual determinado resultado pode ser aceitável e quais as implicações resultantes. Elaborar questionamentos ou atividades que instiguem os alunos a se aprofundarem em questões que surgem a partir de erros que foram constatados é um ato significativo e primordial para a aprendizagem, sobretudo porque os alunos são convidados a vivenciar processos de dúvidas, hesitações, refutações, descobertas, formulação de conjecturas dentre outras idas e vindas de seus raciocínios. Toda essa mobilização cognitiva reflete uma matemática viva, em permanente construção, e que não é acessível apenas para os matemáticos. Destaca-se que o aproveitamento didático dos erros interfere beneficamente nas atividades educacionais, uma vez que, abre espaço para um possível diálogo entre professor e aluno, momento este, que além de aumentar a proximidade, pode também resultar em ampliação intelectual de ambas as partes. Qualquer produção, seja aquela que apenas repete uma solução-modelo, seja a que indica a criatividade do estudante, tem características que permitem detectar as maneiras como o aluno pensa e, mesmo, que influências ele traz de sua aprendizagem anterior, formal ou informal. Assim, analisar as 418 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 produções é uma atividade que traz, para o professor e para os alunos, a possibilidade de entender, mais de perto, como se dá a apropriação do saber pelos estudantes (CURY, 2008, p. 13). Para esta autora, a análise das respostas dos alunos é de extrema relevância para o enriquecimento do processo educativo. O fato de ignorar as respostas erradas significa desperdiçar a oportunidade de contribuir para a melhoria da qualidade desse processo. Cabe explicitar que até uma solução que apenas reproduz algoritmos memorizados pode se constituir de importante fonte de estudo de erros. Consoante a isso, Buriasco (2004, apud Pavanello e Nogueira, 2006, p. 37) aponta alguns itens que podem ser considerados em resoluções mecânicas, para verificação da aprendizagem: o modo como o aluno interpretou sua resolução pra dar a resposta; as escolhas feitas por ele para desincumbir-se de sua tarefa; os conhecimentos matemáticos que utilizou; se utilizou ou não a matemática apresentada nas aulas; e sua capacidade de comunicar-se matematicamente, oralmente ou por escrito. A utilização dos erros para o ensino da matemática torna-se relevante pelo fato de partir de situações decorrentes da sala de aula, isto é, coisas que surgem espontaneamente, e que muitas vezes são imprevisíveis pelo professor e que passam a reorientar o ensino em direção à construção correta de conceitos. Em um determinado momento, um professor pode estar interessado apenas em remediar os erros que detecta nas produções de seus alunos, mas, posteriormente, ou com outra turma, pode encontrar um resultado intrigante que o leva a aprofundar-se no conteúdo matemático ou, mesmo, a propor a seus alunos que engajem com ele na pesquisa. Assim, dependendo dos objetivos com que o erro é empregado e do nível de abstração com que é examinado, podemos transitar por essas diversas formas de se trabalhar com análise de erros. (CURY, 2008, p. 38). 419 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Para trabalhar com a análise de erros o professor precisa se dispor a compreender o aluno que erra. Conceber em primeira instância, o que e porque a criança erra, está diretamente ligado ao fato de conhecê-la e considerar o contexto social no qual ela encontra-se inserida. Este pode ser o primeiro passo na direção de criar um ambiente que propicie a aprendizagem, ou seja, um lugar onde o aluno possa confrontar seus conhecimentos prévios com as situações que lhe são propostas com a finalidade de aprender coisas novas. A origem dos erros está ancorada em diversos fatores que não apenas falta de atenção. Baruk (1985, apud Pinto 2000, p.27), conclui que ―os erros são complexos: eles não têm, jamais, uma única causa. Eles colocam em jogo numerosos parâmetros‖. Esses erros podem se constituir de obstáculos na fronteira do conhecimento do aluno, e muitas vezes só podem ser superados mediante a ajuda do professor. Um educador comprometido com a aprendizagem dos seus alunos buscará o aperfeiçoamento de sua prática sempre, à luz de que o conhecimento é algo de valor inestimável. Encontrá-se na análise de erros fundamentos para aperfeiçoar a prática docente. De acordo com Pinto (2000) o número de pesquisas disponíveis no Brasil que investigam especificamente os erros dos alunos é muito pequeno. Entretanto sublinha que possivelmente diversos trabalhos desenvolvidos no campo da Educação Matemática tenham tratado deste tema, porém não de forma sistemática. Estes, portanto encontramse classificados em categorias que não a de análise de erros. De modo geral, ainda com base nesta autora, a divulgação da literatura de Piaget foi o que impulsionou o surgimento de novos trabalhos voltados à valorização do erro no contexto escolar de nosso país. Segundo ela a teoria piagetiana defende a necessidade de o erro ser ―um observável‖ para o aluno. Com base nas análises que efetuou no cotidiano de sala de aula, afirma que o erro deve ser também ―um observável‖ para o professor isto porque ―se o erro também não for conhecido pelo professor, em sua qualidade, ou seja, se não provocar conflito cognitivo no professor, não haverá questionamento em relação à natureza do erro‖ (PINTO, 2000, p. 148). 420 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A pesquisadora Helena Noronha Cury buscou construir um referencial teórico sobre análise de erros, ou melhor, sobre análise das respostas dos alunos, termo que ela prefere adotar, desde a década de 1980, momento em que escrevia sua dissertação de mestrado. Depois de 20 anos de interesse e uma minuciosa pesquisa na literatura disponível, a autora pública uma obra na qual aponta exemplos das primeiras investigações sobre erros realizadas no Brasil e também no Exterior. Na obra são descritos de forma sintetizada e sob seu ponto de vista, as idéias de Thorndike, Hadamard, Krutetskii, Newell e Simon, Brousseau e Borasi. Nomes que considera serem os precursores dos trabalhos desenvolvidos na referida temática. Um capítulo é dedicado ao levantamento de 20 trabalhos de autores brasileiros e outros 20 de autores estrangeiros. Os elementos relacionados a esses trabalhos ainda encontram-se dispostos em quadros para melhor visualização dos mesmos. A revisão bibliográfica dos diferentes trabalhos selecionados revela que muitos enfocam a produção de erros na Aritmética elementar, conteúdos de Álgebra, Geometria Plana e Conceitos de Cálculo. Os trabalhos abordados que foram desenvolvidos no Brasil são posteriores à década de 1980, já os de outros paises alguns antecedem esta data. No Exterior o interesse pela investigação dos erros produzidos pelos estudantes foi influenciado por diversos fatores predominantes conforme a época e a localidade. A título de exemplo GUTIERREZ (1991, apud Pinto. 2000. p. 31) cita ―o avanço da didática da matemática, principalmente na França e na Espanha‖. O erro tem sido um vigoroso objeto de estudo para a educação matemática, e começa a ser tratado como uma possibilidade e uma realidade permanente na construção do conhecimento. Sua análise tem-se orientado em cada época pelas correntes predominantes em psicologia e em pedagogia, mas também tem estado sujeita aos objetivos e às formas de organização do currículo nos sistemas educativos (CURY, 2000, p. 28). A importância atribuída a trabalhos dessa natureza se configura mediante a possibilidade de mudanças no processo educativo. Refletindo cotidianamente e planejando um ensino eficaz através do diagnóstico de erros, o professor tende a 421 FAFIUV- Paraná ISSN 1908-0559 ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 aprimorar sua prática, bem como desenvolver novas competências profissionais. Todo o esforço investido vem ao encontro de oferecer condições para que o aluno sinta-se capaz de aprender significativamente os conteúdos ensinados. Visando que este não venha a deixar de gostar da Matemática em um momento relativamente cedo de sua vida escolar. DESCRIÇÃO DA APLICAÇÃO A coleta dos dados foi realizada em uma turma de quinta série do período vespertino localizada no interior do Paraná. Inicialmente foram selecionadas nove questões com diferentes níveis de dificuldades e aplicadas aos alunos. Em seguida, após levantamento geral das produções, o estudo de algumas atividades propostas foi direcionado especificamente para um pequeno grupo de alunos para que se viabilizasse uma conversa ou entrevista na intenção de esclarecer verbalmente o que não foi possível compreender somente através da análise da escrita. A seguir, apresentá-se algumas produções, seguidas de nossas considerações sobre duas atividades aplicadas. Atividade 1 Rafael construiu uma casa em um terreno. Ele dividiu o terreno em 6 partes, da seguinte forma: a) Que fração do terreno foi ocupada pela casa e pelo quintal juntos? b) Agora, Rafael decidiu construir uma lavanderia, ocupando metade do quintal. Que fração, do total, restará no quintal? 422 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Quadro 1: Atividade 1 Fonte: Bonjorno e Olivares, 2006. A atividade 1, refere-se a adição e subtração de frações de mesmo denominador. Todos os alunos responderam as questões a e b da atividade 1. Para responder a primeira questão 30 alunos desenvolvem cálculos e dois alunos apenas apresentaram uma resposta. Nenhum aluno registrou cálculo na alternativa b, simplesmente a resposta. A tabela a seguir ilustra o número de alunos e o percentual as respostas analisadas. RESOLUÇÃO NÚMERO DE ALUNOS % Totalmente correta 18 56,25 Apenas a questão a correta 5 15,625 Apenas a questão b correta 6 18,75 Incorreta 3 9,375 Total 32 100 Tabela 1: Resoluções da Atividade 1 Fonte: A Autora, 2011 O quadro 2 é composto por algumas respostas incorretas apresentadas para a questão a da Atividade 1 : RESOLUÇÃO NÚMERO TIPOS DE RESOLUÇÃO E POSSIVEIS CAUSAS DE ALUNOS 423 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Questão a 1 Este aluno realizou a operação de adição das frações indicadas corretamente. No entanto desconsiderou a informação que o terreno possuía 6 partes no total. A escrita do denominador cinco ocorreu pela contagem do número de partes que representam a casa e o quintal juntos, o que indica dificuldades na compreensão do enunciado ou na representação gráfica. 1 Nesse exemplo de resposta, percebe-se que o aluno usou um raciocínio similar a de seu colega, considerando que o número total de partes era 5. A escrita do numerador um na primeira fração pode estar ligada ao fato da palavra quintal estar escrita em uma única parte, e ele não ter percebido que isso correspondia as duas partes do total que representam o quintal. Bem como ter desprezado que as duas partes estavam pintadas da mesma cor, e outros indicativos da figura. 1 A princípio supomos que ter considerado apenas a parte que estava escrito a palavra quintal levou outro aluno a escrever correspondente o numerador 1 na fração a parte do terreno ocupada pelo quintal. Este, no entanto considerava a informação dada pelo enunciado ou pela representação gráfica que se tratava de um terreno dividido em 6 partes. Essa 424 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 hipótese não se confirmou, em entrevista com o aluno o mesmo disse que escreveu a fração que representava o jardim, ao invés da fração correspondente ao quintal, pois pensou que era pra somar as duas primeiras frações. Quadro 2: Resoluções da questão a da Atividade 1 Fonte: A Autora, 2011 O quadro 3 apresenta as respostas para a questão b da Atividade 1. Oito alunos apresentaram resposta incorreta para esta questão. Dentre as quais, quatro foi o registro da fração 1 1 e outras quatro o registro da fração . 2 3 RESOLUÇÃO NÚMERO TIPOS DE RESOLUÇÃO E POSSÍVEIS CAUSAS DE ALUNOS Questão b 4 A partir da resposta 1 percebe-se a falta de entendimento com o 2 enunciado da questão, uma vez que a pergunta se refere ao total de partes existentes no terreno, mas os alunos consideram apenas as partes que representam o quintal. Dois alunos que apresentaram esta resposta apresentam resposta correta na questão a. 4 A resposta um terço é proveniente da simplificação da fração 2 que 6 é a fração do terreno ocupada pelo quintal. Esses alunos demonstram que o conceito de frações equivalentes não está bem 425 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 compreendido, ou seja, não percebem que a fração a fração 1 é equivalente 3 2 , isto é após a simplificação o valor da fração permanece 6 o mesmo. Parece existir a ideia de que a simplificação por 2 representa a metade do terreno. Bem como também que a simplificação de qualquer fração diminui o valor da fração. Três dos quatro alunos que apresentaram está resposta para a questão b, acertaram a questão a. Quadro 3: Resoluções da questão b da Atividade 1 Fonte: A Autora, 2011 A Atividade 2 refere-se a adição de frações de denominadores diferentes, o enunciado da questão é: Atividade 2 Durante o café da manhã, Dudu comeu 1 1 (metade) de um pão com geléia e (um terço) de 2 3 outro pão com manteiga. Quanto de pão Dudu comeu no café da manhã? Quadro 4: Atividade 2 Fonte: Meneghetti e Nunes, 2006 Todos os 32 alunos apresentaram uma resposta a este problema. Apenas três colocaram a resposta correta sem o desenvolvimento de cálculos. A tabela a seguir mostra o desempenho dos alunos nesta questão. RESOLUÇÃO NÚMERO DE ALUNOS % Totalmente correta 15 46,9 Parcialmente correta 12 37,5 426 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Incorreta 5 15,6 Total 32 100 Tabela 2: Resoluções da Atividade 2 Fonte: A Autora, 2011 Para analise desta questão foram consideradas parcialmente corretas as resoluções que indicaram a adição das frações, isto é, mostram que os alunos compreenderam que o enunciado apresentava a idéia de juntar quantidades. Porém se utilizaram de procedimentos diferenciados para apresentar a resposta à operação. O quadro 5, retrata alguns tipos de resoluções identificadas, bem como algumas considerações a respeito delas. RESOLUÇÃO NÚMERO DE TIPOS DE RESOLUÇÃO E POSSÍVEIS CAUSAS ALUNOS 5 Os alunos efetuaram o cálculo somando numerador com numerador e denominador com denominador. Quatro deles repetiram o mesmo raciocínio da resolução da questão a da Atividade 1. Nesta adição, os mesmos alunos ainda desprezaram o fato de as frações possuírem denominadores diferentes. Parcialmente correta Borasi e Michaelsen (1985, apud Cury 2008, p. 82) explicam que neste caso ―o aluno possa estar considerando uma fração como dois números naturais separados por um traço‖. 427 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Este erro é bastante comum e não se restringe apenas a alunos da Educação Básica. É também um erro com forte potencial a ser explorado, de acordo com os autores pode-se, por exemplo, sugerir uma investigação sobre para quais pares de frações podemos efetuar a soma por esse algoritmo. 3 Houve indicação correta da operação a ser realizada, no entanto configuram-se erros de falta de atenção na hora de dividir ou somar valores. 1 Verificou-se que o aluno efetua a adição somando os denominadores e dividindo o resultado obtido pelo denominador de cada fração. O resultado de cada divisão é multiplicado pelo numerador das respectivas frações. O aluno realiza este processo sem se importar que o ―novo denominador‖ não é divisível pelo denominador das frações que está trabalhando. Isto vem indicar que ainda não está entendido que o objetivo é encontrar um ―novo denominador‖ que seja divisível pelos denominadores das duas frações. O resultado proveniente deste processo determina a resposta 428 3 . 5 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 1 A seguinte resolução se da pela multiplicação dos denominadores. Em seguida a aluna multiplica os numeradores de cada fração pelo valor obtido na primeira operação e escreve os resultados na forma de adição, por fim realiza a soma dos numeradores. Nota-se que ela realiza divisões, mas que apenas aparecessem registradas na resolução não exercendo nenhuma relação com as demais operações realizadas. A aluna sabe que é necessário realizar divisões, mas ela não percebe para que é necessário fazer isso. 1 De imediato, teve-se a impressão de que este erro fosse um erro de atenção. Após a observação das demais atividades realizadas pelo aluno, observou-se que o mesmo procedia seguindo uma lógica que não conseguíamos descobrir exatamente qual era. Em entrevista, este aluno explicou que realiza o seguinte processo: Multiplica os denominadores das frações. Depois multiplica o denominador da segunda fração pelo numerador da primeira, escreve o resultado, coloca o sinal da operação, multiplica os numeradores e faz a continha, nesse caso, a soma. Todas as resoluções deste aluno foram feitas seguindo esse processo, no qual se verificou apenas um erro de atenção. 429 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Incorreta 3 Observa-se que os alunos resolveram este problema subtraindo a fração um terço da fração um meio. Todas três resoluções empregaram o procedimento do produto dos denominadores para determinar o valor da soma. Dois dos três alunos apresentaram a resposta um sexto, o terceiro se confundiu e escreveu no numerador da segunda fração o número 3 no lugar de escrever o 430 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 número 2 que era o resultado da divisão de 6 por 3, as contas no canto da folha mostram que ele realizou corretamente a divisão. Este aluno escreveu as frações 3 3 e não escreveu uma resposta final. Embora a 6 6 subtração tenha sido realizada corretamente pelos dois primeiros, faltou compreensão aos três para distinguir que a operação que deveria ser utilizada era a adição, pois as informações dadas remetem à idéia de juntar duas quantidades. 1 Apresenta a resposta 1 . Está resposta é proveniente da 5 simples contagem dos valores de cada denominador. Demonstra que o conceito de frações não está compreendido. Está hipótese se sustenta ainda baseada na observação de que o aluno não realizou corretamente nenhuma das questões da Atividade 1. TOTAL 32 Quadro 5: Resoluções da Atividade 2 Fonte: A Autora, 2011 CONSIDERAÇÕES FINAIS Quando um aluno resolve uma série de exercícios utilizando um determinado processo, isso significa que ele compreendeu o processo. Talvez essa compreensão não seja da forma esperada pelo professor, mas ela é de acordo com seu entendimento, e a forma de compreender pode estar associada a diversos fatores, que não apenas educacionais. 431 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A análise de erros tem o propósito de se aproximar do aluno e compreender a maneira que ele está absorvendo aquilo que está sendo ensinando. Encontra-se na análise de erros uma oportunidade para repensar na prática educativa de modo a evitar certas ocorrências de erros, por partes dos futuros alunos. Mas também poder propor ao aluno um encaminhamento interessante a partir de erros que surgem no decorrer das aulas. Esse artigo apresenta alguns erros que podem reaparecer em outras turmas, pensar em estratégias a partir destes erros pode ser um caminho para despertar no aluno o interesse pelo conhecimento matemático. REFERÊNCIAS BONJORNO, J. R, BONJORNO, R. A, OLIVARES, A. Matemática: fazendo a diferença. 1ª ed. São Paulo: FDT, 2006. CARRAHER. T. N. Aprender Pensando: Contribuições da Psicologia Cognitiva para a Educação. 5ª ed. Petrópolis: Vozes. 1990. CURY, H.N. Análise de erros: o que podemos aprender com as respostas dos alunos. Coleção: Tendências em Educação Matemática. 1ª ed. Belo Horizonte: Autêntica. 2008. ENGLER, A.; GREGORINI, M. I.; MULLER, D.; VRANCKEN, S.; HECKLEIN, M. Los errores en el aprendizaje de matemática. Revista premisas, Santa fé, nº 23, p. 2329, nov. 2004. MENEGHETTI, R. C. G.; NUNES, A. C. A. Aplicação de uma proposta pedagógica no ensino dos números racionais. Educação Matemática em Revista. Revista da Sociedade Brasileira de Educação Matemática, São Paulo, ano 13, n. 20/21, p. 77- 86, 2006. 432 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 PAVANELLO, R. M; NOGUEIRA, C.M.I. Avaliação em Matemática: algumas considerações. Estudos em Avaliação Educacional, v. 17, n.33, jan./abr. 2006. PINTO, N. B. O erro como estratégia didática: estudo do erro no ensino da matemática elementar. Campinas, SP: Papirus. 2000. 433 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Química Comissão Científica Docentes que foram membros das bancas de avaliações dos trabalhos desta seção, na forma oral e de painel, durante o evento. Geronimo Wisniewski Lutecia Hiera da Cruz Quienly Godoi Machado 434 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Resumos INVESTIGAÇÃO SOBRE A DISPERSÃO DE SISTEMA POLIMERO-SOLVENTE Carla Celina Moskviak (G), Sandra Regina de Moraes (PQ) Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Química Palavras Chave: Polímeros, policarbonato, re-uso, filmes de policarbonato. Resumo: Um dos maiores desafios encontrados, na atualidade, está em se dar um destino final aos plásticos (materiais poliméricos), ou ainda, encontrar meios para sua recuperação e reuso. Um dos materiais que acaba indo para os lixões é o policarbonato (PC), um polímero com diversas aplicações, por exemplo, a base para a fabricação de discos compactos (CDs) comercializados e utilizados em todo o mundo. Do mesmo modo, outros polímeros também vêm sendo descartados. Assim, este trabalho propõe a recuperação do PC mediante a investigação de sua dispersão em diferentes solventes e a formação de dispersão de PC pós consumo. O PC é um polímero termoplástico e foi obtido de materiais descartados. A solubilização do PC, após sua fragmentação, foi realizada utilizando diferentes solventes, afim de formar uma dispersão, sem aquecimento. A previsão de solubilidade do PC nos solventes foi realizada utilizando o método tridimensional de Hansen, primeiramente descrito por Charles Hansen por volta de 1966. Os resultados obtidos pelo método de Hansen concordam com os resultados experimentais, demonstrando uma eficiência na utilização do método para prever solubilidade de um polímero. Uma exceção foi obtida quando usado o solvente acetilacetona, o qual neste, não foi previsto a dispersão parcial do PC, que ocorre. Em todos os solventes utilizados o PC apresenta solubilidade, formando uma dispersão. Nenhum processo de dispersão foi realizado com aquecimento, assim a dispersão ocorre a temperaturas baixas (cerca de 15oC). As dipersões de PC nos diferentes solventes podem vir a ter uma potencial aplicação, sendo estas, no futuro passíveis de aplicabilidade. Neste contexto, uma alternativa é apresentada de reuso de PC, ou seja, na forma de dispersão de PC pós consumo. 435 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 MATERIAIS ALTERNATIVOS PARA O ENSINO DE ASTRONOMIA EM SÉRIES INICIAIS Giana Cristina Cabral da Luz (PG), Ana Paula de Almeida Santos (G), Cleide Salete Sarturi (G), Mariane Roblowski (G), Marina Krasniak (G), Rafael William Weisshaar (G), Erna Gohl (PQ). Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Química. Palavras Chave: Astronomia, Jogos, Materiais alternativos, Interdisciplinaridade. Resumo: Este trabalho aborda a utilização de materiais alternativos para o ensino de Astronomia nas séries iniciais, especificamente no 4º ano. Atividades lúdicas são fundamentais para que crianças consigam assimilar melhor os conhecimentos. O trabalho foi desenvolvido nas Escolas Municipais: Escola Maridalva de Fátima Palamar, Escola Dille Testi Capriglione, Escola Vitória Fernandes e Escola Rural Manoel Ribas. Escolas estas atendidas pelo Projeto Química e Astronomia: Uma conjunção interdisciplinar, coordenado pela professora Esp. Erna Gohl. A primeira atividade realizada, foi a montagem de um espectroscópio caseiro utilizando uma caixa de sabão em pó/cereal, e como difrator, um pedaço de CD sem a película reflexiva. Com esse instrumento, apontado para a luz, observa-se o espectro do corpo luminoso. Por ser simples, não é possível identificar os elementos químicos, que é a finalidade dos espectroscópios profissionais, porem é possível observar as cores emitidas pela luz. Essa atividade, explica aos alunos como os astrônomos conhecem a composição química dos astros, e tem o seu próprio instrumento astronômico, instigando a curiosidade da criança. A segunda atividade foi um jogo lúdico, que consiste em um labirinto dividido em casas numeradas de 1 a 33, onde cada jogador, joga um dado e sorteia uma pergunta sobre temas trabalhados durante o ano, relacionados a Astronomia. Durante o labirinto, há armadilhas, que fazem o jogador perder a vez ou voltar até o início, e também recompensas, que o fazem avançar mais casas ou retirar perguntas extras. O jogador que chegar até o fim primeiro vence o jogo. Dessa maneira, os alunos relembram o que aprenderam durante o ano, incentivando o raciocínio e aumentando o interesse das crianças em aprender Astronomia. As duas atividades foram aplicadas no período matutino em cada Escola, foram feitas observações sobre a reação das crianças durante o desenvolvimento das atividades, testando assim a eficácia das mesmas. 436 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 RESÍDUOS: UMA QUESTÃO A SER DISCUTIDA POR ALUNOS E ENSINO MÉDIO Joice Jaqueline Kaschuk (IC)*, Álvaro Fontana (PQ) Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (UNESPAR - FAFIUV), Colegiado de Química) Área de concentração: Química. * Acadêmica de Iniciação Científica Bolsa PIBID - Fundação Araucária. Palavras Chave: Resíduos, Consciência, Educação ambiental Resumo: A geração de resíduos na atualidade não se resume a simples produção de resíduos domiciliares, emerge a produção de grande impacto de resíduos industriais, comerciais, públicos, os ditos especiais (atômicos, químicos, serviço de saúde...), entre outros, que vem afetando o ciclo natural do meio ambiente. Visando conscientizar, discutir e demonstrar os aspectos negativos e positivos dessa geração desenfreada de resíduos fora desenvolvido um trabalho com cerca de cinqüenta alunos, mostrando aos mesmos que a melhor maneira de modificar atitudes e alterar a visão humana sobre o mundo é mostrando os problemas e abrindo a mente para que pequenos atos e ações, para que modifiquem e melhorem o meio ambiente em que vivemos e que nossos descendentes irão viver. Neste trabalho, fora desenvolvido a percepção do aluno sobre a geração e os problemas ocasionados com a questão ambiental da produção e descarte dos resíduos na sociedade, também fora instigado a questão da descoberta, como aquele resíduo pode afetar o meio biológico, dando se ênfase aos processos químicos, ocorridos no meio. Após certo tempo de trabalho, observou-se que o aluno pode caracterizar definir e ter opinião própria acerca do assunto. Neste contexto, observou-se que o impacto pode até ser pequeno em relação à sociedade em um todo, mas é uma forma de mostrar a comunidade que ela pode contribuir com o meio ambiente através de pequenas ações. 437 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 CONHECENDO OS POLÍMEROS CONDUTORES E SUAS APLICAÇÕES Marina Krasniak (G), Sandra Regina de Moraes (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Química. Palavras Chave: Polímeros, Polímeros Condutores, Novas tecnologias. Resumo: Este trabalho aborda uma breve revisão sobre o tema polímeros, incluindo os polímeros condutores como tema central de estudo. Os polímeros não são tão novos quanto se imagina e têm sido usados desde a antiguidade. Nesta época, somente os polímeros naturais tais como borracha (extraída da seringueira), celulose, proteínas, polissacarídeos, eram utilizados. Contudo, no início do século XX os processos de síntese de materiais poliméricos começaram a ser viabilizados, substituindo materiais caros, a fim de promover diminuição no custo da produção de diversos produtos. Um polímero é uma macromolécula, formada pela repetição de pequenas e simples unidades químicas (monômeros), ligadas covalentemente. Um exemplo de polímero é o polietileno, cujo monômero é o etileno, obtido por um processo de polimerização. A característica que confere o maior número de aplicabilidade aos polímeros é sua incapacidade de conduzir corrente elétrica. Porém, desde meados dos anos 70, foi desenvolvida uma nova classe de polímeros: os polímeros condutores, também conhecidos como metais sintéticos. A principal característica dessa nova classe de materiais é o fato de que são condutores de corrente elétrica. O que confere essa característica aos metais sintéticos é a alternância de ligações simples e duplas ao longo da cadeia polimérica. Um exemplo de polímero condutor de grande aplicabilidade é a polianilina, cujo monômero é a anilina. Atualmente, ainda estão sendo descobertas várias propriedades dos polímeros condutores, que levam a um grande número de aplicações tecnológicas que estão sendo desenvolvidas, tais como: blindagem contra a interferência eletromagnética e radiofrequência; substituição do papel e monitores por filmes de polianilina; sensores químicos; órgãos artificiais; janelas inteligentes; geradores de fotocorrente; entre muitas outras. Assim, pode-se dizer que os polímeros condutores irão, em um futuro próximo, substituir uma infinidade de materiais, como um dia já fizeram os polímeros, sempre melhorando a qualidade de vida das pessoas. 438 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O ENSINO DE QUÍMICA PARA SURDOS. Ravena Rubia Antonelli Maia 1(PG). Vanessa Lima Gonçalves Torres 2(PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. 1 Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União 2 da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Química. Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Colegiado de Química. Palavras Chave: Inclusão, Ensino da Química, Educação de Surdos. Resumo: A Educação de Surdos está passando por mudanças, pois hoje está sendo adotada uma política de educação inclusiva devido ao reconhecimento das Línguas de Sinais e à mudança de postura frente à surdez. De acordo com a Federação Nacional de Educação e Integração do Surdo ( FENEIS) enfatiza que; a Educação oralista que transformava a criança surda em "ouvinte deficiente", uma vez que ela era um paciente que precisava de tratamento em clínicas especializadas para a "normalização" está sendo deixado para trás. O Surdo não é visto mais como aquele a quem a falta da audição precisa ser superada; mas como um ser eficiente, que se comunica por outro canal e, conseqüentemente, tem outra língua. A presente pesquisa bibliográfica elaborada na FAFI – Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras relatam a contribuição no Ensino de química ao deficiente auditivo, com finalidade de propiciar um melhor aproveitamento deste educando. O objetivo é demonstrar que a criança surda tem capacidade e habilidade para estar integrada na sociedade e mostrar a importância do seu desenvolvimento intelectual. Este trabalho aborda aspectos gerais da deficiência auditiva levando-nos a compreender melhor as diferenças existentes entre os próprios deficientes, bem como compreender o papel das escolas, dos educadores, familiares destes. Aborda a importância do processo educacional adaptado às possibilidades do surdo, utilizando diferentes recursos comunicativos e assim, contribuindo para socialização do mesmo, para sua aprendizagem e educação. Nesta pesquisa propõe demonstrar que a criança surda tem capacidade e habilidade para estar integrada na sociedade e também mostrar a importância do Ensino de química para o seu desenvolvimento social e intelectual. É importante assegurar ao surdo o direito de receber os mesmos conteúdos que os ouvintes, mas através de comunicação visual e respeitar a decisão do surdo em usar ou não aparelho de audição. 439 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Estética e Cultura Comissão Científica Docentes que foram membros das bancas de avaliações dos trabalhos desta seção, na forma oral e de painel, durante o evento. Antonio Charles Santiago Almeida Claudio Cavalcante Jr Samon Noyama 440 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Resumos CONTRACULTURA: UMA ANALISE DA VISÃO CONTEMPORÂNEA SOBRE O EPICURISMO E O MOVIMENTO HIPPIE. Carine Michele Cecchin (IC), Dr. Armindo José Longhi (PQ) Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV). Palavras Chave: Contracultura, Epicuro, indivíduo. Resumo: A contracultura é tão antiga quanto à cultura e em certa forma uma é baseada na outra para sua construção. O que as diferencia é a maneira como se constituem, a cultura se adapta, enquanto a contracultura é uma constante mudança. Esta porém, não tem envolvimento político não provem do poder público, ela apenas causa em alguns casos transtornos políticos. Analisemos duas contraculturas muito semelhantes separadas por mais de vinte séculos: o movimento Hippie e a suposta contracultura de Epicuro. Epicuro foi um filosofo helênico, que viveu o período conturbado deixado pelo império de Alexandre, o grande. Na escola de Epicuro o individuo era valorizado, com uma ética hedonista e pacifista, diante dos medos e dúvidas que até então não afligia o homem helênico, surgindo apenas pela multiplicidade de crenças que se misturavam na época. Epicuro viveu para aquilo que acreditava para as suas idéias e principalmente para as suas amizades. É nesse valor do individual que a sua teoria se assemelha ao movimento Hippie ocorrido nos anos 60. O movimento hippie teve origem nos Estados Unidos e logo tomou o mundo, com um publico em sua maioria jovem que insatisfeitos decidiram viver as suas ideias e ideais. O movimento não durou muitos anos mas teve grande repercussão em todo o mundo deixando para os seus posteriores uma variedade de produções artísticas em geral. A contracultura Hippie é caracterizada pelo visual despojado, cabelos longos para os homens e mais longos para as mulheres, roupas com temas orientais e muito coloridas e estilo musical próprio. As contraculturas são em si necessárias à cultura, pois, junto com elas vêm a quebra de tabus e uma mudança de costumes onde na maioria são benéficas. Projeto de Pesquisa custeado pela Fundação Araucária juntamente a FAFIUV. 441 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A QUESTÃO DA TÉCNICA EM HEIDEGGER Helder Leandro Kotecki (IC) Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV) Palavras Chave: Heidegger, Técnica, Música. Resumo: Este trabalho é parte da pesquisa "A Música como forma autêntica de ver o mundo", e consiste na abordagem do termo técnica da obra Ensaios e Conferências, de Martin Heidegger. O entendimento do conceito de técnica vai ser fundamental para procurar alternativas para a questão central da pesquisa. Pretendo com esta comunicação elucidar o conceito de modo que ele possa fundamentar uma das duas hipóteses, tanto de que a música seja uma técnica, como dela ser um dom divino, contribuindo para a discussão de que a música é a forma mais autêntica de ver o mundo. 442 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O PAPEL DA ARTE NA FORMAÇÃO DO HOMEM GREGO EM PLATÃO Néli Terezinha Rulka Reckelberg (G), Samon Noyama(PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Computação. Palavras Chave: Platão; arte; educação; conhecimento; Resumo: O pensamento filosófico e pedagógico de Platão se caracteriza pela relação permanente entre homem e cidade. A formação do homem grego para a convivência política na cidade-estado é o principal objetivo do filósofo. A característica fundamental da educação e do conhecimento filosófico platônico consiste em alcançar a excelência humana. Seu ideal de educação era formar o homem bom, justo e verdadeiro. Sua produção filosófica é orientada por um paradigma dual que deve ser entendida nas suas três dimensões: cosmológica, antropológica e epistemológica. Para Platão, tanto o mundo quanto o homem e o conhecimento possuem duas dimensões. O mundo se divide em sensível (visível) e inteligível (invisível), o homem em corpo e alma e o conhecimento em doxa (opinião) e episteme (saber verdadeiro, seguro). O entendimento da sua concepção acerca da educação, que se refere à educação da alma, só é possível a partir da compreensão de sua perspectiva em relação a cada uma das dimensões acima citadas. Segundo Platão, o mundo sensível, onde habitam os corpos materiais, não consegue produzir nenhum conhecimento seguro. Este seria o caso da arte que, considerada por ele como imitação da natureza, sua preocupação está voltava para a realidade física e funciona como uma cópia do real. Platão considerava este tipo de arte uma atividade enganosa, pois acreditava que, neste sentido, a arte era somente aparência, ou seja, dupla ilusão, mero reflexo da realidade e que por sua vez desviava, desencaminhava os homens do caminho da verdade. Para o filósofo, é a racionalidade que garante a passagem do sensível para o inteligível, portanto, neste confronto entre a arte e a atividade racional, a segunda é que contribui positivamente na formação moral e política dos homens. 443 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Artigos Os artigos publicados nestes anais foram escolhidos pela Comissão Científica desta seção. O conteúdo e resultados são de inteira responsabilidade dos autores. CONTRACULTURA: UMA ANÁLISE DA VISÃO CONTEMPORÂNEA SOBRE O EPICURISMO E O MOVIMENTO HIPPIE31 Carine Michele Cecchin Orientador: Armindo José Longhi Colaborador: Samon Noyama Resumo: O artigo pretende demonstrar uma suposta contracultura em Epicuro de Samos um filósofo do Período Helênico que foi o primeiro a criar uma ética para o indivíduo. Para isso o movimento hippie será usado como referência para caracterizar o que é contracultura e qual o seu objetivo enquanto contestação social em favor do indivíduo. Assim, uma análise comparativa mostra as semelhanças e diferenças dos mesmos e as heranças deixadas a nossa cultura. Palavras-chave: Contracultura, Epicuro, Movimento Hippie, Cultura, Indivíduo. Introdução O presente trabalho não tem por interesse analisar as ideias e teorias deixadas pelas contraculturas aqui citadas, e sim a forma como foram vividas, suas semelhanças e causas, pois, a contracultura não pode ser entendida como um meio para o produto final, ela é o próprio produto. Epicuro constituía em si a sua contracultura, no seu agir, ele vivia as suas ideias, não tinha por interesse expressar em belas palavras a sua teoria, alguns escritores chegam a dizer que era meio desleixado em seus livros. Dos próprios 31 Projeto de pesquisa custeado pela Fundação Araucária no período 2010 á 2011. Graduanda em Licenciatura em Filosofia, FAFIUV. 3131 444 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 integrantes do movimento hippie pouco se acha relatos e escritos, as informações estão nos jornais da época e alguns pesquisadores posteriores ao movimento. O principal objetivo é mostrar o hedonismo vivido pelas duas linhas contraculturais, divididas por mais de vinte séculos e sem nenhuma ligação direta ou mediada. Os aspectos culturais anteriores a cada época que resultaram em contraculturas humanistas. Como se diferencia a contracultura da própria cultura A visão do senso comum sobre cultura a relaciona com o local em que vive um povo ou com as suas heranças genéticas, mas o homem não é apenas o resultado do seu meio cultural. Ele é um herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquiridas pelas numerosas gerações que o antecederam. A manipulação adequada e criativa desse patrimônio cultural permite as inovações e invenções. Estas não são, pois, o produto da ação isolada de um gênio, mas o resultado do esforço de toda uma comunidade. (LARAIA, 2001, p.45) Diferente dos outros animais que apenas conquistaram outras formas de viver no planeta com adaptações físicas que levaram anos no processo de evolução, o homem conquistou os céus sem ter que ganhar asas, não precisou criar escamas para mergulhar, mas foi capaz de desenvolver métodos para atingir este objetivo através do acúmulo de conhecimentos deixados por várias gerações. Com isso o homem passou a depender muito mais do fato de adquirir conhecimentos do que viver segundo seus instintos naturais, o que faz com que sofra grande influência do seu meio e da cultura local, um exemplo disso é a linguagem humana que é um produto cultural acumulativo. Sendo a cultura um processo acumulativo guiado por instruções de adaptação, é natural que aqueles que não ajam segundo esses padrões sejam depreciados pela cultura hegemônica. Isso é facilmente percebido quando um indivíduo que foi educado segundo seu meio cultural passa a viver em outra sociedade com rituais, comportamentos, alimentação diferente, ele é facilmente notado e o seu comportamento é considerado estranho pelos indivíduos do local. Cada cultura é permeada costumes, crenças, tarefas próprias, que criam restrições para aqueles que não se adaptam a ela, na verdade um indivíduo não consegue 445 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 participar inteiramente de sua própria cultura, cada um participa de uma forma, mas sempre obedecendo a certas regras. Com a contracultura esses costumes e rituais são facilmente alterados, o diferente é aceito quase sem restrições. A rapidez com que flui uma contracultura é o que a torna tão grandiosa, a sua única constante é a mudança, se transforma, muda, desaparece sem tempo previsto. Surge onde um amontoado de pessoas começa a pensar diferente, com expressões artísticas diferentes, estilos de vida que não são comuns. Segundo o psicólogo e professor de Harvard Timothy Leary, um dos grandes gurus do movimento hippie ―a contracultura é a crista movente de uma onda, uma região de incerteza em que a cultura se torna quântica. (...) Eles conhecem a corrente, são engenheiros do caos, migrando na crista da onda da máxima mudança.‖ (in: GOFFMAN E JOY, 2007, p.9). E no meio de todo esse caos, o grande poder de trocar ideias em poucos instantes, é o que a torna tão vantajosa. Goffman e Joy (2007) veem a contracultura como prometéica, pois, assim como Prometeu considerou a humanidade merecedora de presentes e poderes e foi contra Zeus, as contraculturas do século XX se negaram a adorar cegamente a tecnologia como se fosse um deus. Por esta razão podemos perceber o caráter humanista, uma independência dos deuses em prol do que é humano. Os autores ainda citam outras figuram mitológicas que tem em sua essência a contracultura, como: Eva, a mulher que mordeu o fruto proibido, Pandora e sua caixa de maldades, que a mesma resolveu abrir, Dioniso o hipersexualizado bebedor de vinho, a feiticeira Circe e suas porções, Robin Hood com suas flechas e uma banda alegre. Um aspecto indiscutível de um movimento contracultural é que não há uma liderança, ela é na verdade um amontoado de líderes. O importante nela são as ideias, as expressões artísticas, o pensar de outra forma, o poder pessoal. A relevância que teve para o próprio indivíduo, para a sua própria maneira de pensar, é mais importante e interessante do que aquilo que ficou gravado em papel ou pedra. A contracultura tem um aspecto individualista, por esta razão não tem líderes, ela marca a liberdade de expressão, e por esta razão ela incomoda. Ela não busca envolvimento político, mas por não seguir o padrão cultural ela se torna incômoda refletindo indiretamente no poder público. 446 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Não tem o desejo de derrubar convenções, não pode ser produzida ou construída, é um impulso, precisa ser vivida. É uma expressão artística viva, constante, dá mais importância em viver uma ideia do que deixar um legado, as obras são apenas consequências, não são em si contraculturas. A essência da contracultura como um fenômeno histórico perene é caracterizado pela firmação do poder individual de criar sua própria vida, mais do que aceitar os ditames das autoridades sociais e convenções circundantes, sejam elas dominantes ou subculturais. Afirmamos ainda que a liberdade de comunicação é uma característica fundamental da contracultura, já que o contato afirmativo é a chave para libertar o poder criativo do indivíduo. (GOFFMAN E JOY, 2007, p.49) As contraculturas são em si necessárias para cultura, pois, junto com elas vêm as quebras de tabus e a mudança de costumes na maioria das vezes são benéficas. Mas ainda é difícil entender o que exatamente a contracultura busca quais os seus reais objetivos. A contracultura do movimento hippie (1960-1967) Em 1945 uma bomba atômica é jogada pelos Estados Unidos da América sobre a cidade de Hiroshima. A bomba atômica não deixa uma marca apenas na história das guerras, mas é também marca o inicio de um movimento ―A‖ contracultura. É na América, nesse peculiar nexo de niilismo e jovialidade, otimismo tecnológico e poder militar excessivo, um lugar onde expectativas e desejos que tinham sido cultivados ao longo de muitas vidas estavam começando a ficar disponíveis em questão de momentos, a terra do jazz e da algazarra, que começa a história da contracultura na segunda metade do século XX.‖ (JOY, 2007, p.251) O termo contracultura surge nos meios de comunicação nos anos 60 para referenciar o novo movimento juvenil, os hippies. Os sinais mais evidentes aparecem primeiramente por cabelos compridos, roupas coloridas, misticismo, estilo musical próprio, drogas, entre outras características. Mas seria menorizar todo um período limitar o movimento a apenas características aparentes. A contracultura juvenil 447 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 significava um novo pensamento, uma nova maneira de enxergar o mundo à sua volta. A contracultura pode ser entendida como uma postura, uma posição diante da cultura convencional. Mais do que palavras, mais do que expressões capazes de mobilizar jovens e intelectuais em todo o mundo, reunindo multidões em torno de lemas como: Paz e Amor, Paradise Now, Desbunde, Desrepressão, Revolução Individual, You Are What You Eat, Aqui e Agora, É Proibido Proibir, A Imaginação Está Tomando o Poder, Flower Power, Turn on, Turne in end Drop out, etc. Uma nova forma de contestação radical, diferente dos esquerdistas tradicionais pegou toda uma cultura de surpresa, era o surgimento de uma nova consciência, de uma nova era, de novos tempos. A sociedade era vista pelos novos jovens como um cárcere, Mario Sávio define essa visão muito bem ao dizer: Há um momento em que a operação da máquina se torna tão detestável, lhe faz tanto mal, que você não consegue participar, não consegue participar sequer tacitamente, e você precisa colocar o indivíduo acima da máquina, acima de todo aparato, e precisa fazê-lo parar. E você precisa mostrar às pessoas que são donas dele que, a não ser que você seja libertado, a máquina não irá funcionar mais. (IN GOFFMAN e JOY, 2007, p.272) A máquina aqui representada é a sociedade da época, que via o indivíduo como parte de sua engrenagem. Os jovens não queriam mais ser uma peça do relógio que se move sempre da mesma forma, eles queriam ser indivíduos, alguém que age segundo o seu querer, aqui e agora. A autonomia tomou conta da juventude, roupas desnecessárias começaram a adornar seus corpos, que pediam um uso sem regras sobre eles. Um desejo de mudança estava ao seu redor, como uma maré que sobe muito e altera a paisagem após baixar, a rebeldia entendida pelos mais conservadores, estava contaminando jovens com futuros promissores como peça do relógio. Lendas nasceram e morreram, e alguns tiveram experiências das quais nunca mais irão esquecer. O desejo pela busca de identidade tomou força na massa, causando contradições para alguns. Embalados pelas letras de músicos como o perturbador Bob Dylan, os roqueiros Rolling Stones, e os Beatles, a geração 60 começou a ver o que estava a sua volta com outros olhos. Dylan estava sempre chamando a atenção para a horrível realidade social à 448 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 sua volta. Sem contar as experiências psicodélicas com LSD, juntamente com as músicas do Pink Floyd, Janis Joplin e Jimi Hendrix. Nos Estados Unidos, em 1966, os jovens rebeldes contavam mais de cem mil, fugitivos de suas famílias rígidas em busca de experiências cósmicas. Mas o que poderia acontecer? O LSD era legal, não havia nenhuma restrição de uso pelas autoridades, sendo proibido somente 1966. No ano seguinte 1967 é marcado como a morte do movimento hippie, um caixão foi cremado como uma maneira de simbolizar o fim. Os ideais hippies não morreram do dia para noite, foram aos poucos enfraquecidos pelo sistema, ideias e estilos foram misturados a cultura. E então, em algum momento no início dos anos 1970 a rebelião acabou, ideologias silenciaram-se, ideias formadas muitas vezes pelo uso de drogas psicoativas não existiam mais como força de ação. Podemos concluir que essas ideias formadas no calor da rebeldia não morreram e sim adormeceram. Poucos mantiveram sua postura drop out de viver, a maioria não aguentou a pressão, o que vemos hoje é apenas um pequeno eco do que foi a contracultura hippie, ressoando nos ouvidos juvenis. A época vivida por Epicuro e por que ela foi tão decisiva para o nascimento de uma filosofia supostamente contracultural É preciso lembrar que a contracultura é objeto da cultura, e tem sua origem na mesma, sendo assim, depende totalmente do período histórico em que ocorreu para ser considerado contracultura. Tornando necessária a compreensão dos acontecimentos ocorridos no período em que, a filosofia epicurista foi criada. Após a morte de Alexandre, o grande, as cidades gregas pereceram pouco a pouco, os costumes foram deixados de lado, a família e os deuses deixaram de ser prioridade na vida cotidiano dos atenienses. Este período foi chamado helenismo, é devido as grandes conquistas de terra por Alexandre que, as culturas foram misturandose umas às outras, as crenças, os costumes, a afinidade com o povo, transformaram a visão de mundo dos gregos. Temores como a morte, que não era tratado pelos antigos gregos como um problema, passou a fazer parte do período helênico. Para os gregos 449 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 antigos a morte não representava o fim, mas um processo de passagem da vida para a morte. A morte era cercada de rituais, e o morto adornado com flores, essências e trajes limpos. Com o morto eram enterrados objetos de valor, em certa época colocavam-lhe na boca uma moeda para pagar Caronte, o barqueiro, a quem era incumbido de fazer a travessia da alma para o submundo. Alexandre certa vez recomendou aos seus comandantes persas e macedônios que enxergassem o mundo todo como uma única pátria de todos os homens. ―Essa ideia Alexandre deixou para os filósofos da geração seguinte, que dela fizeram um ponto cardeal de sues ensinamentos‖ (BOWRA, 1969, p.168). Na verdade essa atitude fazia parte apenas de um jogo político. É nessa Grécia decadente de tradições que viveu Epicuro (341 a.C. – 270 a.C.). Para homem grego não era mais possível participar das decisões da polis, a filosofia não consentia mais em preparar um cidadão político. A nova visão filosófica passa a ser direcionada para a ética, de forma subjetiva, a filosofia torna-se algo introspectivo, aquilo que é bom para o indivíduo independente do que esta em sua volta. As novas linhas filosóficas se direcionavam agora para os problemas do viver, qual a melhor forma para os homens viverem? Diante da situação política e social em que se encontravam os gregos, onde já não faziam parte de um todo, a filosofia epicurista, assim como o estoicismo e o ceticismo, buscava uma ética onde o indivíduo, e não mais um cidadão da polis, fosse valorizado. Epicuro colocava a filosofia como via de libertação para a verdadeira felicidade, mostrando que é obrigação de cada indivíduo o domínio de sua vida, essa é a chave para serenidade do espírito. A filosofia é o que dará ao homem o conhecimento do verdadeiro saber, possibilitando ao mesmo entender o que está a sua volta e qual é seu lugar nesse meio. A contracultura em Epicuro Antes de fundar sua própria linha filosófica Epicuro foi atomista, professor de gramática e filosofia, somente quando retorna a Atenas por volta de 306 a.C. que funda sua própria escola de filosofia o Jardim de Epicuro, em uma pequena casa que acabara de adquirir no subúrbio de Atenas, uma propriedade modesta sem nenhum valor acima do que lhe era devido. Sua nova escola foge aos padrões, suas aulas parecem uma conversa entre amigos, não põe seu saber acima dos demais o que o torna ainda mais admirado 450 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 pelos alunos, mas não é somente por isso que Epicuro causa tanta estranheza, apesar do sofrimento causado por uma doença que castiga seu corpo, é uma pessoa muito amável, inclusive com seus escravos o que não era algo comum em sua época, e talvez por isso cultivasse tantas amizades. A ética epicurista tem como princípio o prazer, como característica do sentido humano como diz o próprio filósofo ―o prazer é o princípio e o fim da vida feliz‖ (1980, p.17), este consiste em evitar o que possa nos causar mal a fim de obter a tranquilidade da alma e o bem do corpo. Epicuro não atribui ao prazer coisas de valor material, pois, elas vêm acompanhadas de inconvenientes, mas sim de valor humano, e a coisa mais prazerosa e valorosa que pode existir segundo o filósofo é a amizade. A amizade deve ser desejada por si própria, mas pode iniciar-se a partir de algo útil, mas que nenhuma amizade pode ser boa se visar apenas o que lhe é útil, pois, não temos tanta necessidade da ajuda dos amigos como de confiança na sua ajuda. Está claro, para Epicuro, que o prazer é a ausência de dor e sossego da alma, mas ressalta que devemos preferir os prazeres da alma aos corpóreos. Não se deixar levar de imediato por um prazer, é preciso primeiro analisar para saber se tal prazer poderá nos causar dor mais adiante, ou que tal prazer venha a evitar que tenhamos um prazer maior a frente, já que as virtudes andam junto à vida agradável. Quanto aos amigos, Epicuro tinha muitos ao ponto de perder as contas, segundo Diógenes Laêrtios "ligados a ele pelo vínculo do fascínio de sua doutrina, como se fosse uma sereia‖ (2008, p.285). Amigos que o conheciam pela generosidade com todos, inclusive com os servos, o mais conhecido foi Mis, aos quais deu a liberdade antes de morrer. Sua escola era aberta a todos sem distinção entre gênero, posses ou posição social, essa admiração lhe rendeu uma estátua juntamente com seu maior discípulo Metrôdoros. Uma das grandes concepções sobre o conhecimento colocadas por Epicuro é sobre os deuses. Os mitos religiosos em torno de deuses e suas influências e interferências no cotidiano das pessoas não era bem vista pelo filósofo, pois, o gozo da vida e dos prazeres vem do livre agir do indivíduo. Em uma de suas máximas diz: ―O ser bem-aventurado e eterno não tem perturbações nem perturba outro ser, por isso é imune a movimentos de ira ou de gratidão, pois todo movimento desse tipo implica fraqueza‖ (LAÊRTIOS, 2008, p.315), e a fraqueza é um atributo humano. Para defender 451 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 essa visão recorria à teoria de Demócrito, do qual foi conhecedor, para dizer que as coisas acontecem por forças da natureza, e que não há porque se acreditar na intervenção dos deuses. Com esse entendimento Epicuro busca libertar o homem daquilo que o aflige tanto a carne quanto o espírito. Os deuses vivem para si, sem se importar com o ir e vir da humanidade. Como todas as escolas da época a de Epicuro era sim de caráter religioso, mas a divindade admirada do local era o próprio Epicuro, considerado quase um deus por seus discípulos, e de fato Epicuro gostaria de viver como um. ―Era louvado pelo seu desinteresse, sua brandura, bondade e profunda concepção da amizade. Suas máximas valiam tanto como dogmas‖ (HIRSCHBERGER, 1957, p.243). Epicuro constituía em sua figura a alma da escola, ele vivia de acordo com a sua ideia de vida. Como uma das mais relevantes características da contracultura, Epicuro não teve participação alguma no meio político. Não tinha interesses em grandes cargos, contentava-se com pouco preferindo o sossego do jardim. Um dos grandes medos que afligiam o período helênico era a morte, e a este ponto Epicuro era muito firme, ao defender que não devemos temer a morte. Tendo como base de sua ética a física, afirmava que todo conhecimento nos é dado através da sensação, e a morte nada mais é do que a ausência de sensações. Assim, ao aceitar que a morte não é nada que devemos temer torna agradável viver, não por desejar a imortalidade, mas por compreender e aceitar a mortalidade. A partir desta concepção Epicuro demonstra como o sábio deve viver aproveitando o tempo mais agradável. É assim que o próprio filósofo procurou viver, aproveitando o melhor do seu tempo com os amigos. As suas últimas palavras em vida, moribundo em uma banheira de bronze foi para um amigo, Idomeneu: Este dia em que te escrevo é o último da minha vida e é também um dia feliz. Sinto tais dores de bexiga e de entranhas que nem se poderia imaginar dores tão violentas; mas estes sofrimentos são compensados pela alegria que traz à minha alma a recordação das nossas conversações‖ (1980, p.5) Não fez profundas especulações, seus estudos estavam relacionados à ética, que tinha como base a canônica e a física, como o próprio Epicuro escreve ―eu, que dedico incessantemente minhas energias à investigação da natureza, e desse modo de viver tiro principalmente a minha calma‖ (LAÊRTIOS, 2008, p.291). A maneira como dirigiu sua 452 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 vida é a prova de que os seus lemas são uma contestação em favor do humanismo, uma maneira contracultural de encarar época e ainda um novo olhar sobre a função da filosofia. As semelhanças entre os hippies e epicureus Tanto a suposta contracultura epicurista quanto a contracultura hippie surgem após um período de conflito cultural e político. Epicuro inconformado com a cultura decadente e que a Grécia se encontrava após a morte de Alexandre, fundou a sua escola baseada principalmente em uma ética hedonista, onde o indivíduo era fundamental. Os jovens que fundaram o chamado movimento hippie, se revoltaram contra a apatia dos próprios pais no período pós-guerra, e também fundaram o seu movimento baseado no hedonismo, onde o lema ―paz e amor‖ regiam a sua maneira de viver. É possível perceber que há entre a suposta contracultura de Epicuro e o movimento hippie semelhanças em seu período histórico e que pode ter causado forte influência em seus movimentos. Uma dessas influências se dá no fato de haver uma grande quantidade de povos e culturas inseridas em um mesmo espaço, nisso se incluem crenças, costumes, ética. E como uma contracultura depende totalmente do período histórico e da cultura vigente para se constituir e ser considerada uma contracultura. Um dos fatores que mais se assemelha ao contexto dos dois movimentos é a convivência com culturas do Oriente, como é o caso da Índia que, sendo uma das grandes conquistas de Alexandre passou a fazer parte do seu Império, confrontando assim com a religiosidade dos gregos, período vivido por Epicuro. Essa mesma influência de diferentes culturas, principalmente da Índia, fez parte fundamental da contracultura hippie, fazendo parte até mesmo de suas vestimentas, suas roupas eram permeadas de cores e símbolos de origem oriental. Acreditavam os hippies que o Oriente entendia o homem como algo muito próximo dos deuses, e assim compraram e ao mesmo tempo criaram um Oriente ocidentalizado. Outra característica entre os dois movimentos e caracterizada pelo indivíduo, que é valorizado num aspecto humanista. Os hippies não se sujeitaram aos jogos econômicos do Estado mesmo que isso resultasse a eles a pobreza, valorizavam muito mais a humanidade que a propriedade, e em muitos casos por não aceitarem a maneira como a cultura hegemônica vivia, e por não serem aceitos, passaram a viver em comunidades rurais remotas, onde todos trabalhavam e todos se 453 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 beneficiavam disso, não havia líderes era o humano que tinha valor. Epicuro também preferiu o exílio, fundou a sua escola nos subúrbios de Atenas, um jardim sem nenhum valor acima do que lhe era devido, não havia, como na escola de seus antecessores Platão e Aristóteles, nenhum luxo, nada que representasse fortuna, na verdade para Epicuro o que há de mais valor é a amizade, pois ela é que é capaz de nos trazer riquezas para o espírito. Considerações finais Epicuro foi inovador em sua filosofia, dizer que a ética dos socráticos já não mais servia para a sociedade da época é uma grande ousadia. Fazer uma releitura da sociedade grega em um período conturbado como foi o período helênico e a partir disso criar uma ética para o indivíduo não foi apenas uma maneira de ver o seu tempo, foi dar ao seu tempo o que ele pedia e precisava. Ser um contracultural na filosofia é para poucos, principalmente pensando na época de Epicuro, quando se tinha Sócrates, Platão e Aristóteles como grandes inspirações para uma ―teoria do comportamento‖ social. Epicuro foi além, pensou o indivíduo e não o cidadão, pensou o corpo juntamente com o espírito e não o corpo e o espírito. Ousar dizer que os deuses em nada interferem no viver humano foi mostrar ao homem que ele é sujeito de sua vida, que a sua felicidade e bem estar dependem exclusivamente dele mesmo o homem é senhor de seu agir e do resultado dessa ação. Era isso que Epicuro queria que compreendêssemos ao afirmar que desejava viver como um deus, pois os deuses são senhores de si e do seu viver e mais ninguém. A filosofia epicurista permaneceu intacta por seis séculos, seus lemas foram passados de geração para geração, teve grandes adeptos no período romano, o mais extraordinário foi o poeta Lucrécio, e mesmo o estóico Sêneca mantinha uma distinta admiração pelo filósofo. Os hippies foram tão ousados quanto Epicuro, pois, buscaram mostrar a uma civilização dominada pela tecnocracia que o ser humano é mais do que uma peça na 454 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 engrenagem da sociedade, mas que ele é um indivíduo. O desejo de ser sujeito de sua vida, embalado por muita música, drogas e misticismo mostraram a maneira underground de viver uma época. Talvez não tenha sido a melhor maneira de lutar contra a maquina da sociedade, tentar levitar o Pentágono com a força da mente não foi a atitude mais consciente, mas eles não queriam lutar contra a máquina, queriam enlouquecê-la. E temos que admitir eles tiveram muito êxito, o Festival de Woodstock provou que a contestação juvenil não precisa ser violenta, mas precisa ter força. Vivemos o eco dessa geração, a revolução sexual, a representatividade estudantil, o embalo do rock, e a espiritualização individual. O que os contraculturais Epicuro e hippies nos mostraram é que a vida não precisa ser levada com tanta seriedade, é preciso sujeitar-se ao menos um pouco ao acaso, como o próprio Epicuro dizia: as coisas acontecem por força da natureza, não controlamos o mundo, a vida não deve ser estrangulada, é necessário viver. REFERÊNCIAS BOWRA, C. M. Grécia Clássica. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1960; COULANGES, Fustel de. A cidade Antiga – Tradução de Fernando de Aguiar, São Paulo: Martins Fontes, 2000; FLACELLÈRE, Robert. A vida quotidiana em todos os tempos: A vida quotidiana dos gregos no século de Péricles –Tradução de Virginia Motta, Lisboa: Livros do Brasil, sem data. GOFFMAN, Ken e DAN Joy. Contracultura através dos tempos: do mito de Prometeu à cultura digital. Tradução Alexandre Martins, Rio de Janeiro: Ediouro, 2007. HIRSCHBERGER, Johannes. História da filosofia na antiguidade - Tradução de Alexandre Correia, São Paulo: Herder, 1957. LAÊRTIOS, Diógenes. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres – Tradução do grego, introdução e notas Mário da Gama – 2ª edição, reimpressão, Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2008. LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico – 14ª edição, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001. LUCE, J. Curso de filosofia grega – Rio de Janeiro: Zahar, 1994. 455 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 PEREIRA, Carlos Alberto Messeder - O que é contracultura – 3ª edição, São Paulo: Editora Brasiliense S.A., 1985. ROSZAK, Theodore. A contracultura – Petrópolis, RJ: Vozes, 1972. 456 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A QUESTÃO DA TÉCNICA EM HEIDEGGER Helder Leandro Kotecki32 Samon Noyama Resumo: Este trabalho é parte da pesquisa "A Música como forma autêntica de ver o mundo", e consiste na abordagem do termo técnica da obra Ensaios e Conferências, de Martin Heidegger, auxiliado por dois comentadores: Franklin Leopoldo e Silva e Pedro Ivo Ferraz da Silva. O entendimento do conceito de técnica vai ser fundamental para procurar alternativas para a questão central da pesquisa. Pretendo com esta comunicação elucidar o conceito de modo que ele possa fundamentar uma das duas hipóteses, tanto de que a música seja uma técnica, como dela ser um dom divino, contribuindo para a discussão de que a música é a forma mais autêntica de ver o mundo. Palavras-chave: Heidegger, Técnica, Desabrigar. Introdução Disse Pablo Neruda: ―Escrever é fácil: começa com letra maiúscula e termina com ponto. No meio coloca ideias‖. Esta frase nos dá uma boa definição técnica do que é escrita, e aponta para o consenso geral que conduz a escrita nesses moldes. Mas ela também mostra como a definição técnica da escrita pode ser ultrapassada, nem por isso deixando de manter a autonomia e liberdade de expressar as melhores ideias possíveis, como é o caso do famoso inicio de um livro de Clarice Lispector, chamado Uma ¹Graduando em Filosofia pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória e Bolsista de Iniciação Científica. 457 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 aprendizagem ou livro dos prazeres, quando a autora começa a escrita com uma vírgula, demonstrando que a técnica não deve limitar a criatividade e impor barreiras ao ato criador. Este trabalho é parte inicial da pesquisa intitulada "A Música como forma autêntica de ver o mundo", e consiste na abordagem do termo técnica, da obra Ensaios e Conferências, de Martin Heidegger. Este livro reúne as conferências proferidas por Heidegger no inicio da década de 50. Este texto em especial nos fornece a essência do que Heidegger entendeu como técnica e, consequentemente nos permite fazer uma abordagem profunda e consistente acerca desse termo e de algumas questões que o envolvem. O entendimento do conceito de técnica vai ser fundamental para procurar alternativas para a questão central da pesquisa. Pretendo com esta comunicação elucidar o conceito de modo que ele possa fundamentar uma das duas hipóteses, tanto de que a música seja uma técnica, como dela ser um dom divino, contribuindo para a discussão de que a música é a forma mais autêntica de ver o mundo. A questão da técnica Franklin Leopoldo e Silva, no artigo intitulado ―Martin Heidegger e a Técnica‖, diz que na conferência chamada ―A Questão da Técnica‖, da obra Ensaios e Conferências, o filósofo pretende interrogar pela própria essência da técnica. Para tanto, ele toma a técnica como questão, ―o que já antecipadamente elimina algumas possibilidades, tais como investigação e definição.‖ Nas palavras de Franklin: ―não se pretende chegar a qualquer resultado que forneça uma representação da técnica.‖ (SILVA, 2007, p. 369) Trata-se de afastar-se de algumas concepções habituais da técnica, para liberar o pensamento de sua essência. A reflexão de Heidegger sobre esta questão tem como ponto de partida a análise do conceito usual de técnica, que ele diz ser um ―meio para um fim‖ e que ela é ―uma atividade do homem‖. (HEIDEGGER, 2001, p. 11) Heidegger 458 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 chama essa concepção de instrumental e antropológica, quer dizer, trata-se de um saber fazer que tem uma utilidade e que, ao mesmo tempo, enquanto instrumento, é um recurso desenvolvido para que o homem alcance seus objetivos e efetive sua ―humanidade‖. Mas essa concepção é insuficiente. Para descobrir a essência da técnica (technik – do grego techne, ―arte, manufatura, uma arte ou modo regular de fazer algo‖ (INWOOD, 2002, p. 181) deve-se ir além de sua determinação instrumental. Deve-se determinar o que é o instrumental. E para isso deve-se examinar o conceito de causalidade. Para isso ele vai além das quatro causas aristotélicas ―para tentar compreender o fundamento unificador que as qualifica como causa.‖ (SILVA, 2009, p. 227) Com isso podemos pensá-la para além do plano metafísico e epistemológico, superando o viés exclusivamente humanista com que vem sendo tratada. Franklin Leopoldo e Silva ainda acrescenta: Digamos, a propósito, que Heidegger não faz coro com aqueles que vêem na técnica a perda do humano ou sua inevitável alienação. Não se trata propriamente de julgar a técnica, mas sim de compreendê-la em sua essência como modo de desvelamento. ( SILVA, 2007, p. 372) Heidegger remete às quatro causas de Aristóteles: causa materialis (a materia que se faz um cálice de prata), causa formalis (a forma que se insere no material), causa finalis (pra que o cálice vai ser usado) e causa efficiens (o artesão). A determinação da causalidade implica no esclarecimento da instrumentalidade, que serve para descortinar a essência da técnica. Mas Heidegger pergunta-se pela obscuridade do conceito de causalidade: Sem dúvida, há séculos considera-se a doutrina das quatro causas uma verdade caída do céu, clara como a luz do sol. E não obstante, já é tempo de se perguntar: por que existem precisamente quatro causas? No tocante às quatro causas, o que significa ‘causa’ em sentido próprio? (HEIDEGGER, 2001, p. 13) Heidegger diz que costuma-se ligar à ideia de causa à do que é eficiente. Eficiente no sentido de obter resultados e efeitos. No entanto, para o pensamento grego, 459 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 causalidade nada tem a ver com eficiência de um fazer. A causa era para os gregos ―aquilo pelo que um outro responde e deve.‖ (Idem, p.14) Para isso dá um exemplo: A prata é aquilo que de que é feito um cálice de prata. Em quanto uma matéria determinada, a prata responde pelo cálice. Este deve à prata aquilo que consta e é feito. O utensílio sacrificial não se deve, porem, apenas à prata. No cálice, o que se deve à prata aparece na figura de cálice e não de um broche ou anel. (Idem, p. 14) Heidegger segue questionando sobre as causas aristotélicas: ―de onde provém a unidade das quatro causas? Pensando de maneira grega, o que significa responder e dever? (Idem, p.15) O ―dever‖ não está ligado a um sentido moral, mas sim à um ocasionamento. ―Mas um ocasionamento que representa toda a essência da causalidade, não um simples impulso. Ocasionamento, tal como Heidegger emprega, ‗é o que deixa vir à presença o que ainda não é presente‘ (SILVA, 2009, p. 3) Heidegger tenta responder sobre os modos do dever e responder, dizendo que eles é que levam alguma coisa a parecer, fazem com que algo venha a viger. Para o filósofo, responder e dever são um deixar-viger. (HEIDEGGER, 2001, p.15) E acrescenta: Todo deixar-viger o que passa e procede do não-vigente para a vigência é é-dução. pro [...] Uma pro-dução não é apenas a confecção artesanal e nem somente levar a aparecer e conformar, poética e artisticamente, a imagem e o quadro. [...] O deixar-viger concerne à vigência daquilo que, na pro-dução e no pro-duzir, chega a aparecer e apresentar-se. A pro-dução conduz do encobrimento para o descobrimento. (Idem, p. 16) Esse movimento de deixar vir à presença o que não é presente, que significa dizer também que é um movimento que parte do ocultamento para o descobrimento, Heidegger chama de desabrigar. A técnica traz em sua essência a noção de verdade, por desabrigar o que estava oculto, e que não se produziria por si só. Não como simples utilização de meios para a obtenção de resultados. 460 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A técnica moderna Mas o que caracteriza a técnica moderna é igualmente um desabrigar. Mas um desabrigar que é regido por um desafiar e não por um produzir. Desafiar, nesse sentido, usado para designar uma exigência, mais especificamente como ―exigir da natureza que forneça energia para ser extraída e armazenada.‖ (SILVA, 2009, p. 4) Imagine-se nesse caso um pedaço de terra cultivado por um camponês: ele é preparado, cuidando e guardando esta terra. O mesmo solo, às pretensões da indústria alimentícia, é desafiado, colocado para suprir as necessidades do mercado. O mesmo acontece com o rio Reno, quando visto da instalação de uma ponte e quando serve para gerar pressão para uma usina hidrelétrica. Ambos são passíveis de encomenda. E conclui: ―Assim, o desafiar rege o desabrigar de um recurso e não o desabrigar que é produção de um objeto.‖ (Idem, p. 4) Ainda nesse raciocínio, qual seria a distinção entre, a ponte de madeira sobre o rio, moinho de vento a semeadura destinada à subsistência do camponês, de um lado, e da usina hidroelétrica e a agroindústria, de outro? No primeiro caso, existe uma noção de continuidade entre a produção natural e a interferência humana. Leopoldo e Silva exemplifica: O moinho de vento significa: deixar que aconteça o movimento do vento sobre o movimento das pás; a semeadura e a colheita significam: deixar acontecer o processo natural das estações; a ponte de madeira significa a primazia do rio a ser transposto; o guarda florestal significa o guardador das árvores. No segundo caso, o vento, o rio, a floresta, a terra significam reserva de energia a ser extraída, processada e consumida. Desse ponto de vista, árvore é madeira e carvão; rio é possibilidade de acionar turbinas; ponte é possibilidade de transportar mercadorias. (SILVA, 2007, p. 2-3) A continuidade do primeiro caso traz a noção de desocultamento. Mas desocultar, para o homem moderno, que busca nas coisas a satisfação de suas vontades, é tirar proveito. É um ―desabrigar a partir do critério da utilização. Por isso, o rio é a 461 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 representação da pressão da água nas turbinas e a árvore é a representação industrial da madeira e do combustível.‖ (Idem, p. 3) A técnica moderna é exploração de recursos, desafio à natureza. Francisco Rudiger, comentador de Heidegger, diz que a técnica clássica ―é revelação ‗que promana de um apelo poético‘, ao passo que a moderna é um ‗processo de revelação baseado no cálculo do ente‖. (SILVA, 2009, p. 9) Heidegger complementa a questão da técnica moderna: Sendo desencobrimento da dis-posição, a técnica moderna não se reduz a um mero fazer do homem. Por isso, temos de encarar, em sua propriedade, o desafio que põe o homem a dis-por do real, como dis-ponibilidade. Esse desafio tem o poder de levar o homem a reconhecer-lha a dis-posição. Está em causa o poder que o leva a dis-por do real, como dis-ponibilidade. (HEIDEGGER, 2001, P. 22-23) Mas o que leva o homem a explorar e dis-por o real? Qual é a essência da Técnica? ―Chamamos aqui de com-posição (Ge-stell) o apelo de exploração que reúne o homem a dis-por do que se des-encobre como dis-ponibilidade.‖ (Idem, p. 23) Gestell pode significar um equipamento: uma estante de livros, no exemplo de Heidegger. Também pode ser significar esqueleto. Nas suas palavras: Com-posição, ―Gestell‖, significa a força de reunião daquele por que põe, ou seja, que desafia o homem a dês-cobrir o real no modo da disposição, como dis-ponibilidade. Com-posição (Gestell) denomina, portanto, o tipo de desencobrimento que rege a técnica moderna mas que, em si mesmo, não é nada técnico.‖ (Idem, p. 24) O verbo ―pôr‖ (stellen) indica um pro-por produtivo e também um dis-por explorador. A essência da técnica se mostra na com-posição, mas isso não responde à questão da técnica, ―caso responder signifique corresponder à essência do que se questiona.‖ (Idem, p. 26) Mas o que é a com-posição? ―Não é nada de técnico nem nada de maquinal. É o modo em que o real se des-encobre como dis-ponibilidade.‖ (Idem, p. 26) Mas esse desencobrir-se não se dá exclusivamente no e pelo homem. 462 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A com-posição é a força que impõe ao homem o des-cobrir do real. Desse modo, ele se acha imerso na com-posição, na sua essência. Por isso, antes do homem entrar em contato com a técnica, ele já se encontra em sociedade com a sua essência. Esta com-posição é que desafia o homem a desafiar, e quando age desafiado, não age de maneira autônoma. Não é, portanto, senhor de sua atividade. O homem é enviado a desafiar, trata-se de um destino. Este destino sempre domina os homens, e ―ao ser enviado por um destino, fecha-se ao homem a possibilidade de chegar à essência do descoberto e assim também de encontrar a sua própria essência no desabrigar.‖ (Idem, p. 5) Na relação homem-técnica, pode-se dizer que ele não é senhor da técnica, mas é senhor unicamente da sua relação com a técnica. A disponibilidade dos entes não significam que o homem os tornou disponíveis: ―A disponibilidade é um advento histórico que está inserido nos modos de desvelamento que se apresentam ao homem na sua relação com o ser‖ (SILVA, 2007, p. 5). Segue afirmando que o homem pode perder sua diferença quando se deixa incluir entre os entes disponíveis. Isso acontece quando o homem se coloca na condição de senhor e dominador da terra, pela técnica: Quanto mais esse senhorio for valorizado, mais o homem será uma simples peça do esquema da disponibilidade. O homem não mantém autonomia em relação à disponibilidade técnica fazendo-se ‗sujeito‘ da técnica. Pelo contrário, essa atitude indicaria antes submissão e impotência. (Idem, p. 5) A força que encaminha o homem a descobrir, Heidegger chama de destino. Esse destino, que rege o desencobrimento, não aprisiona o homem numa coação obtusa, que nos forçaria uma entrega cega à técnica ou, o que dá no mesmo, a arremeter desesperadamente contra a técnica e condená-la, como obra do diabo. Ao contrário, abrindo-nos para a essência da técnica, encontramo-nos, de repente, tomados por um apelo de libertação. (Idem, p. 28) Por estar sempre a caminho, o homem caminha com esta possibilidade: ―a possibilidade de seguir e favorecer apenas o que se desencobre na disposição e de tirar daí todos os seus parâmetros e todas as suas medidas.‖ Com isso o homem se fecha para 463 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 outra possibilidade: ―a possibilidade de o homem empenhar-se, antes de tudo e sempre mais e num modo mais originário, pela essência do que se des-encobre e seu desencobrimento, com a finalidade de assumir, como sua própria essência, a pertença encarecida ao desencobrimento.‖ (Idem, p. 29) Considerações finais O homem é submisso à técnica quando esta está a serviço do desafiar e do exigir. Essa relação desafiante impede que ele se relacione de forma autêntica com os entes, com o ser, com a realidade. Com base nessa premissa podemos pensar a questão da técnica como fundamento para a hipótese da música ser uma forma autêntica do homem se relacionar com o mundo: de todas as formas técnicas que o homem mede e calcula o mundo, a musica pode ser uma forma mais livre do homem desvendar o mundo. Mas a música pode se esconder sob a máscara da técnica e se tornar instrumentalizada, artificial, estéril. Ela mesma deve, como o inicio da obra de Clarice Lispector, lançar-se além da tecnificação e estabelecer a autenticidade necessária entre o homem e a realidade. Referências HEIDEGGER, Martin. Ensaios e Conferências. Rio de Janeiro: Vozes, 2001. INWOOD, Michael. Dicionário Heidegger. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. SILVA, Franklin Leopoldo e. ―Martin Heidegger e a técnica‖. in: Scientiæ Studia, São Paulo, v. 5, n. 3, p. 369-74, 2007 SILVA, Pedro Ivo Ferraz da. ―Heidegger técnica e imagem de Mundo‖. In: Primeiros escritos. São Paulo, USP, 2009, p.225-235. 464 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O PAPEL DA ARTE NA FORMAÇÃO DO HOMEM GREGO EM PLATÃO Néli Terezinha Rulka Reckelberg33 Resumo: A produção filosófica platônica se caracteriza pela relação permanente entre homem e cidade, sendo orientada por um paradigma dual de ordem cosmológica, antropológica e epistemológica. Para Platão, o mundo, o homem e o conhecimento possuem duas dimensões. O mundo se divide em sensível e inteligível, o homem em corpo e alma, o conhecimento em doxa e episteme. O entendimento da sua concepção acerca da educação, que se refere à educação da alma, só é possível a partir da compreensão de sua perspectiva em relação a cada uma dessas dimensões. Segundo Platão, o mundo sensível não consegue produzir nenhum conhecimento seguro, este seria o caso da arte. Platão a considerava uma atividade enganosa, somente aparência, mera cópia da realidade que desvia os homens do caminho da verdade. No confronto entre arte e racionalidade, a segunda é que contribui positivamente na formação dos homens. Palavras chave: Platão; Arte; Educação; Conhecimento; Racionalidade; Neste trabalho de pesquisa, decidimos buscar num passado bem distante, porém sempre presente, um sentido para o ato de educar, uma tentativa de entendimento de como podemos fazê-la através da arte. Para a realização deste nosso objetivo, investigaremos o pensamento dele que, do ponto de vista da Filosofia da Educação, pode ser considerado o ―primeiro pedagogo‖ da história da humanidade, pois entendemos que sua validade filosófica ainda nos é plausível. Estamos nos reportando à Platão, filósofo grego que além de conceber um sistema educacional para o seu tempo, integrou-o a uma dimensão ética e política, defendendo a ideia de que a educação é de responsabilidade do Estado. Na perspectiva platônica, cidadão e polis se formam e se determinam conjuntamente, e por isso, podemos dizer que a dimensão pedagógica de sua obra se 33 Acadêmica do curso de Filosofia da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória – FAFIUV. 465 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 evidencia por uma ampla preocupação política. A formação do homem grego para a convivência política na cidade-estado é o principal objetivo de Platão. Segundo Jayme Paviani, ―o objetivo fundamental da educação e do conhecimento filosófico platônico consiste em alcançar a excelência humana.‖ (PAVIANI, 2008, p. 36) Seu ideal de educação era formar o homem bom, justo e verdadeiro. Essa educação possui uma dimensão moral, sinônimo de busca da virtude. Como o pensamento filosófico e pedagógico de Platão se caracteriza pela relação permanente entre homem e cidade, o filósofo compreende o ser humano como ser ético e político. É nesse sentido que seu projeto contempla decisivamente a formação da vida política na cidade ideal, uma vez que para ele o indivíduo e sociedade se desenvolvem concomitantemente e as virtudes ou os valores de cada um são também da coletividade. Para entendermos o projeto político educacional platônico, precisamos compreender mais a fundo o seu processo de busca do conhecimento, o que não será possível apenas a partir da estética34, mas teremos de levar em consideração as outras áreas do saber como a epistemologia, a ética, a ontologia, a política, que perpassam sua obra. Antes porém, precisamos ter em mente que toda a produção filosófica platônica é orientada por um paradigma dual que deve ser entendida nas suas três dimensões: cosmológica, antropológica e epistemológica. Para Platão, tanto o mundo quanto o homem e o conhecimento possuem duas dimensões. O mundo se divide em sensível (visível) e inteligível (invisível), o homem em corpo e alma e o conhecimento em doxa (opinião) e episteme (saber verdadeiro, seguro). O entendimento da sua concepção acerca da educação, que se refere à educação da alma, só é possível a partir da compreensão de sua perspectiva em relação à cada uma das dimensões acima citadas, começando primeiramente pela dualidade cosmológica. Segundo Platão, o mundo sensível, aquele visível ―a olho nu‖, onde habitam os corpos materiais e fenomênicos, inclusive nosso próprio corpo com seus sentidos, não consegue produzir nenhum conhecimento seguro, isso porque os sentidos não merecem 34 O termo estética foi utilizado pela primeira vez somente no século XVIII por Alexander Baumgarten. Contudo, a reflexão sobre o belo e a arte remonta a uma longa data, a saber, desde Sócrates. 466 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 confiança já que podem nos enganar35. Para além deste mundo imperfeito há o mundo inteligível, do eidos. Neste, as idéias são realidades objetivas, perfeitas, eternas e imutáveis e que tornam possível a existência das coisas no mundo material. A racionalidade que garante a passagem do sensível para o inteligível é uma conquista gradativa que tem como fundamento a ética, a procura do bem e este representa por sua vez o fim último do processo. Cabe à educação garantir, no seu estágio mais avançado, o aprendizado da virtude, dos valores, da obediência às leis. Colocamos aqui no ―estágio mais avançado‖, porque Platão concebia a educação por etapas, onde por primeiro se educava o hábito e a formação do caráter que seriam a base da educação. Quanto ao homem, Platão separa o corpo que é mortal da alma que é imortal. Segundo Giovanni Reale em seu livro O Saber dos Antigos, Platão teria herdado essa concepção de corpo e alma da cultura órfica, porém o conceito de alma não tem o mesmo sentido. De acordo com Reale, Platão aceita a idéia dos órficos da alma como imortal e do corpo como uma espécie de prisão da alma; mas, em vez de interpretar a alma como um dáimon nitidamente distinto não apenas do corpo mas também da consciência do homem, ele a interpreta como uma realidade cuja característica essencial é precisamente a inteligência, que tem uma estreita afinidade ontológica com o ser inteligível, ou seja, com o mundo das Formas ou Idéias e dos Princípios. (REALE, 2002, p. 176, 177) Nessa dupla dualidade o corpo fica em segundo plano, já que para ele a alma se iguala ao sobrenatural, divino, e que tem capacidade de pensar, raciocinar e refletir. O corpo é tão somente a prisão da alma, cuja percepção não vai além de sombras ilusórias, além de ser frágil e perecer à doenças e a morte. Já a alma, por se dirigir ao invisível e eterno, e sendo imortal, é ela que deve empreender todo o aprendizado possível submetendo-se à auto-educação. Tal perspectiva nos leva a entender o homem como 35 Este argumento é cartesiano. Para Platão, o sensível está afastado do verdadeiro por ser uma cópia dele, contudo, trata-se da mesma questão formulada dessa forma por René Descartes em suas Meditações Metafísicas. 467 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 educador de si mesmo por meio do diálogo da alma consigo mesma, ou seja, a autoeducação não se dá por transmissão, muito menos pelo conhecimento advindo dos sentidos, quando muito pela mediação correta à exemplo do método socrático da ironia e da maiêutica. Antes de expor a dualidade epistêmica, vamos nos ater, ainda que brevemente na teoria da reminiscência, já que não será possível falar em epistemologia platônica sem antes conhecer tal teoria. Esta é apresentada no diálogo Mênon onde Sócrates e o personagem que deu nome ao diálogo discorrem sobre o que vem a ser a virtude e se esta pode ser ensinada. Como é comum, em alguns diálogos de Platão ditos inconclusos, o rumo da discussão acaba em aporia (dificuldade de raciocínio, ausência de saída real ou aparente), o que leva Mênon a questionar o próprio Sócrates quanto a essa característica dialética obrigando-o a buscar uma saída. A saída proposta por Sócrates para a impossibilidade de adquirir conhecimento foi a de aprender rememorando, ou seja, tomando o conhecimento como reconhecimento. À pedido de Mênon, o filósofo se propõe a demonstrar a tese, antes, porém, expõe o que pensa: Sendo então a alma imortal e tendo nascido muitas vezes, e tendo visto tanto as coisas que estão aqui quanto as que estão no Hades, enfim todas as coisas, não há o que não tenha aprendido; [...] e tendo a alma aprendido todas as coisas, nada impede que, tendo alguém rememorado uma só coisa – fato esse que as pessoas chamam aprendizado-, essa pessoa descubra todas as outras coisas, se for corajosa e não se cansar de procurar. Pois, pelo visto, procurar e aprender são, no seu total uma rememoração. (PLATÃO, 2001. p. 51) Esta passagem sustenta a idéia de que a virtude não pode ser ensinada, mas sim, se trata de algo que já trazemos conosco desde o nascimento, mais ainda, já pertence à nossa natureza. De acordo com essa concepção, temos em nós um conhecimento inato que está na alma. Porém, quando o corpo finda, ela esquece o saber do qual é portadora ao passar a habitar outro corpo, sendo assim, o conhecimento depende de um processo de recordação. Segundo essa teoria, aprender é relembrar. É com o objetivo de demonstrá-la que Sócrates parte para o interrogatório de um escravo de Mênon levandoo à aporia a fim de mostrar a necessidade desta na aquisição do conhecimento. 468 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Buscando convencer o dono do escravo de que não estava explicando ou ensinando, mas tão somente interrogando, e mesmo assim o escravo teria resolvido o problema geométrico (apresentado opiniões verdadeiras), Sócrates levanta possibilidades de, podendo alguém lhe pôr semelhantes questões frequentemente e de diversas maneiras, ter o escravo ciência sobre estas coisas sem que ninguém o tenha ensinado, mas recuperado ele mesmo, de si mesmo, uma vez que estavam certos de que o escravo não havia estudado geometria. Eis a passagem: Se então, durante o tempo em que ele for quanto durante o tempo em que não for um ser humano, deve haver nele opiniões verdadeiras, que, sendo despertadas pelo questionamento se tornam ciência, (...) e se a verdade das coisas que são está sempre na nossa alma, (...) é necessário, tomando coragem, tratares de procurar e de rememorar.‖ (PLATÃO, 2001. p. 67) A alma ao dialogar consigo mesma aprende relembrando o conhecimento que sempre esteve com ela. A anamnese (recordação/lembrança), só é possível de acontecer pela via do desenvolvimento racional, muito além da mera técnica. Essa perspectiva de educação que ocorre de dentro para fora permite que o homem, enquanto alma, alcance o conhecimento epistêmico que o libertará da prisão do corpo e o preparará para a vida na pólis. Essa perspectiva platônica tem eco ainda hoje na pedagogia atual que defende ser impossível ou indesejável transmitir conhecimentos aos alunos, mas levá-los a procurar respostas, eles mesmos, às suas inquietações. Estamos nos referindo ao construtivismo. Embora não se resuma a uma metodologia ou técnica de ensino, mas sim a uma postura em relação à aquisição de conhecimento, o construtivismo é fundamentado na filosofia iluminista que concebe o homem como um ser dotado de razão e que a faculdade de fazer bom uso desta, precisa ser potencializada no decorrer da vida. O conhecimento construído pelo bom uso da razão tem como objetivo uma elevação do pensamento lógico, da capacidade de julgar e da argumentação. São classificados como teóricos do construtivismo dentre os mais conhecidos, Jean Piaget, Henri Wallon, Levi Vigotsky e Emilia Ferreiro. 469 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 1.1 A relação entre arte (techné) e conhecimento (episteme) em Platão Desde os Pré-Socráticos os gregos começaram a se perguntar pela constituiçãodas coisas, isto é, pela natureza e origem da realidade, mas foi a partir de Sócrates que a busca por definições acerca da arte ganhou terreno, e Platão, seu discípulo, no livro X da República, transformou em problema filosófico a existência e a finalidade das artes. É necessário, portanto, que antes de nos dedicarmos a analisar a questão da arte, façamos um breve reconhecimento do que Platão entendia ser o conhecimento verdadeiro. Nossa busca, porém, será feita em outro diálogo seu, O Teeteto, que embora escrito após A República, é onde Platão apresenta o diálogo entre Sócrates, Teeteto e Teodoro, e expõe sua concepção cabal sobre a questão do conhecimento. Neste diálogo, Platão desenvolve três alternativas para definir o conhecimento. Num primeiro momento analisa a tese do sofista Protágoras com tom desafiador. Em seguida, discorre sobre a conclusão de Teeteto de que a opinião verdadeira é conhecimento. Em resposta à opinião de Protágoras, Platão é categórico: Naquelas impressões (sensações), por conseguinte, não é que reside o conhecimento, mas no raciocínio a seu respeito; é o único caminho, ao que parece para, atingir a essência e a verdade outra forma é impossível. (PLATÃO, 2001, p. 102) No diálogo Mênon, encontramos a resposta dada por Platão à conclusão a qual chegou Teeteto: opinião verdadeira é conhecimento. Diz ele: Pois também as opiniões que são verdadeiras, por tanto tempo quanto permaneçam, são uma bela coisa e produzem todos os bens. Só que não se dispõe a ficar muito tempo, mas fogem da alma do homem, de modo que não são de muito valor, até que alguém as encadeie por um cálculo de causa. (...) 470 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 e quando encadeadas, em primeiro lugar, tornam-se ciências, e em segundo lugar, estáveis. (PLATÃO, 2001, p. 101) Percebemos nesta passagem que Platão não está desconsiderando a conclusão de Teeteto, até porque ele mesmo está consciente de que nem todos conseguem alcançar o conhecimento inteligível. Dessa forma, as pessoas que são incapazes de raciocinar podem alcançar a virtude mediante um conhecimento fundado na opinião, mas que corresponde ao estado verdadeiro. O conceito platônico de opinião verdadeira encontrase entre a doxa (opinião) e a episteme (conhecimento/verdade), é aceita pelo filósofo quando é correta e corresponde ao estado das coisas, embora seja uma correspondência externa e que não tenha sido questionada. Contudo, Platão desenvolvera uma terceira alternativa: ―opinião verdadeira justificada com a razão é conhecimento‖. (PLATÃO, 2001, 186d, p.) A diferença da segunda para esta está justamente no fato de se ter uma opinião que corresponde à verdade e uma verdade que corresponde à ciência. (PAVIANI, 2008, p. 59) O encadeamento de que o filósofo falava no Mênon se refere ao raciocínio que deve ser feito sobre os elementos que compõem a opinião, é uma recordação (reminiscência), um ―conhecimento‖ das causas. Ter opinião verdadeira não significa de modo algum conhecer as essências, apreender as formas inteligíveis, mas é uma apreensão correta dos objetos. A diferença cabal entre uma e outra está unicamente em ser a terceira mais confiável, conforme a passagem 97c do Mênon onde Platão expõe que aquele que possui o saber da episteme sempre poderá alcançar sua meta e o que possui opinião verdadeira, umas vezes poderá alcançá-la, outras vezes não. (PLATÃO, 2001, p. 101) Sendo assim, concluímos que, para Platão, a questão do conhecimento não é algo tão simples, não se trata de ter ou não, mas sim de formular, o que só é possível quando se coloca em prática a atividade do pensamento através da qual e somente dessa forma, seja possível atingir a verdade. Agora, já exposta a concepção platônica acerca do conhecimento, vamos nos aventurar em seus escritos com vistas a entendermos a sua posição acerca da relação entre o conhecimento e a arte. Para tanto, faremos um breve apanhado de suas idéias expostas no diálogo Íon. A preocupação platônica presente em suas obras, e particularmente nesse diálogo, é o questionamento em relação à formação do homem, 471 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 preocupação esta que apareceu juntamente com a formação e organização da sociedade grega. No diálogo Íon, por ocasião do encontro entre Sócrates e Íon, o rapsodo que se declara ser o melhor ―dentre os homens quem fala de modo mais belo sobre Homero‖, considerado pelos gregos ―o melhor e mais divino dos poetas‖, se desenvolve um diálogo entre estes acerca da importância das artes no que diz respeito ao conhecimento. Depois de questionado quanto à possibilidade de falar bem e de ser juiz de boa parte dos poetas da época, uma vez que, pressupõe-se que ―os poetas quase todos poetam sobre as mesmas coisas‖, Íon se vê sem resposta e então é com uma pergunta que responde a Sócrates: Por que razão então, Sócrates, quando se dialoga sobre outro poeta, eu não presto atenção, sou incapaz de acrescentar algo digno de consideração e simplesmente cochilo, mas quando Homero é lembrado, fico logo acordado, presto atenção e me saio bem no que falo? (PLATÃO, 2008, pgs. 28-29) Sócrates não se demora em responder: Isso não é difícil de imaginar, amigo, mas está claro a todos que você é incapaz de falar de Homero por arte e conhecimento, porque, se pudesse falar por arte, você também poderia falar a respeito de todos os demais poetas. (PLATÃO, 2008, p. 29) A passagem acima citada, deixa bem clara a idéia de que quando se faz algo por arte e conhecimento, se tem um domínio geral daquilo que se faz, logo, se o poeta só sabe falar bem de um, como no caso do Íon que dominava a poesia homérica, só poderia ser por um ―dom divino‖. Ainda em relação a mesma passagem, a resposta dada por Sócrates levantou-nos uma dúvida: falar de Homero por arte e conhecimento? Ou queria dizer arte ou conhecimento? Não temos nenhuma condição de continuar nossa investigação sem antes definir se arte e conhecimento são o mesmo conforme a resposta dada por Sócrates ou existe uma distinção. Continuemos nossa busca por essa resposta neste mesmo diálogo. Mais adiante, ainda que sem muita condição de argumentar com Sócrates, Íon insiste em afirmar que : ― (...) sobre Homero sou dentre os homens quem fala de modo 472 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 mais belo, me saio bem e todos dizem que falo bem, mas que sobre os demais, não.‖ (PLATÃO, 2008, p. 32) Sócrates lhe responde que isto não é arte (aqui o termo nos pareceu possuir o sentido de técnica), mas uma capacidade divina que o movia, que estando ele inspirado e tomado, cantava os belos poemas homéricos. Segundo Sócrates: ― (...) o poeta é coisa leve, e alada e sagrada, e não pode poetar até que se torne inspirado e fora de si, e a razão não esteja mais presente nele.‖ (PLATÃO, 2008, p. 33) O poeta inspirado pela Musa, fica fora de si porque uma divindade age sobre ele tornando-o ―hybris‖, humano e divino num só ser. Pelo fato de que precisa representar tão bem aquilo que se propõe, ele parece estar vivendo aquele momento. A educação pela poesia depende dessa doação do rapsodo para que os expectadores se sintam da mesma forma tomados pelo que lhes é representado. Platão coloca essa organização educacional como sendo uma cadeia onde em primeiro está o poeta, em segundo o ator e por último o povo, de quem Deus arrasta a alma para onde quer através dessa relação de representado, representador e expectador, onde a capacidade de um depende da capacidade do outro. Entre a poesia e a filosofia, ou seja, entre Homero e Platão, há um conflito muito grande no que se refere ao modelo de educação dos cidadãos. Para Platão a poesia não pode ser aprendida como se aprende o teorema de Pitágoras, por exemplo, pelo fato de que é algo divino e o que é divino, segundo o filósofo, não se aprende. Com relação à filosofia, pode-se dizer que Platão a considera como uma ―arte‖ que pode ser aprendida, embora com a ressalva de que nem todos podem chegar a ter tal conhecimento, somente aqueles que fizerem um bom uso da razão. Relembrando a nossa conclusão acerca do que é conhecimento para Platão, e estabelecendo uma ponte com a descrição do poeta, ou seja, ser desabitado pela razão, podemos afirmar que poesia (que também não é arte no sentido de técnica dos artesãos) não é conhecimento. De posse da concepção de poesia e de conhecimento, resta-nos estabelecer o que Platão entendia ser a arte. De acordo com Benedito Nunes, na obra Introdução à Filosofia da Arte, Platão separa os poetas dos artífices que compreendem tanto os artesãos propriamente ditos, quanto os pintores e escultores que trabalham manualmente com a matéria. Segundo ele, Platão entendia que: 473 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 os artífices imitam as aparências das coisas e, por isso, a sua arte, que não ultrapassa a escala da beleza sensível, deficiente e incompleta, é até inferior à daqueles que se limitam a fabricar objetos úteis. (NUNES, 2008, p. 23) Sendo assim, podemos considerar, conforme já supomos antes, que do ponto de vista platônico, arte é técnica, mas não apenas técnica, habilidade. O termo techné indica um fazer acompanhado de conhecimentos, de uma competência profissional (ex: Platão possuía um domínio técnico das habilidades com a dialética), é um reproduzir no plano material aquilo que é criação divina e perfeita e que encontra-se no campo do eidos, ou seja, no mundo das idéias. Ainda com relação à pintura e à escultura, estas estão, segundo o livro X da República, uma escala abaixo por se tratar de cópias (que são como representações sensíveis, objeto do pintor e por analogia do poeta) da cópia (objeto do artífice), reproduções da reprodução existente, oriunda da matriz original (objeto do pensamento). Com relação à poesia, de acordo com a interpretação de Benedito Nunes (2008), embora Platão enxergue nela certa dignidade, ao contrário das demais artes que classifica como sendo imitação das aparências, ainda assim sacrifica-a em função de não correr o risco de submeter a formação de sua cidade ideal à possíveis ―falhas‖ como a promoção de ilusões, sonhos, quimeras que possam causar intranqüilidade à alma e prejudicar a sua elevação. No livro III da República, Platão pondera sobre a possibilidade da poesia servir à finalidade pedagógica visada em seu projeto político, porém, com a condição de estar subordinada aos princípios morais (coragem, temperança, liberalidade, e todas as demais virtudes) estabelecidos por ele. Como os valores estéticos da poesia não correspondem aos valores morais necessários à educação, conforme a exposição já feita neste trabalho, Platão os desconsidera no que diz respeito à formação do cidadão virtuoso, embora os reconheça em alguns trechos das poesias, principalmente de Homero, ainda assim, para um melhor proveito da formação moral e cívica dos jovens, conclama os poetas a cortarem passagens que descrevem sentimentos de comoção, deprimem o ânimo, encantam, viciam, entre outros erros e falsidades que seriam nocivos à inteligência, conforme podemos observar na seguinte passagem: 474 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 No tocante a estas passagens e a todas as outras do mesmo gênero, solicitaremos a Homero e aos outros poetas que não levem a mal se as destruirmos; não que lhes falte poesia e não lisonjeiem o ouvido da maioria mas, quanto mais poéticas, menos convêm à audição de crianças e de homens que devem ser livres e temer a escravidão mais do que a morte. (GUINSBURG, 2006, p. 98) Está para nós suficientemente claro que Platão despojou-se das representações metafóricas, das fundamentações míticas, das figuras alegóricas e as substituiu pela especulação racional. Mas por que Platão também se utiliza de linguagens miméticas (mitos/alegorias) em seus diálogos se os considera indignos de confiança? 1.2 A censura moral das artes A decisão política de Platão que culminou na censura aos poetas, tinha como objetivo uma reforma educacional, superação da educação tradicional, que pudesse dar conta da organização da sociedade grega de acordo com a justiça. Para Platão, enquanto persistir o modelo homérico de educação, ou seja, onde se ensina imitando, se aprende a ser bom cidadão ouvindo histórias de bons cidadãos. Já a filosofia, através de um processo de raciocínio, levaria à uma busca de causas e uma justificação do que vem a ser um bom cidadão, um homem justo. Sendo assim, a espécie de poesia admitida pelo filósofo como instrumento educativo aos guerreiros e guardiães, era aquela que construía o homem de bem, virtuoso, modelo de conduta a ser cultivado. Portanto, aquele (poeta) que não se submeter a colocar a sua arte à serviço da Pólis seria dela banido com todas as honras prestadas, de acordo com a passagem 398ab: Se portanto um homem na aparência capaz, por sua habilidade, de assumir todas as formas e tudo imitar, viesse à nossa cidade, para exibir-se com seus poemas, reverenciar-lo-íamos profundamente como um ente sagrado, extraordinário, agradável; mas lhe diríamos que em nossa cidade não há homem como ele e nem pode haver; então o enviaríamos a qualquer outra cidade, após termos vertido mirra sobre sua cabeça e o termos adornado com fitas. De nossa parte, visando a utilidade, recorrermos ao poeta e ao narrador mais austero e menos agradável que imitará para nós o tom do homem de 475 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 bem e se conformará em sua linguagem, às regras que estabelecemos desde o início, quando empreendemos a educação de nossos guerreiros. (GUINSBURG, 2006, p. 114) Quando no livro X da República define a poesia como imitação, Platão objetiva denegrir a poesia a fim de torná-la de mesmo valor que as artes dos artífices ( aqui vale lembrar a argumentação platônica em torno do pintor, onde este seria o imitador do artífice). Aqui o caráter imitativo da arte é atacado pelo filósofo por ser ambíguo, fantasioso e mal intencionado, sendo portanto, distinta da verdade. Porém, nesta mesma obra, no início do livro VII, o próprio Platão se utiliza da forma alegórica ao dialogar com seu interlocutor Glaucon. Estamos nos referindo ao famoso Mito da Caverna. Como resolver? Platão não se explica quanto a esta aparente contradição em seu pensamento, pelo menos não a encontramos quando das leituras de suas obras, no entanto nos arriscamos a formulá-la. A conclusão imediata a que chegamos é a de que o filósofo entendia estar livre de qualquer uma das acusações atribuídas à arte, uma vez que os recursos miméticos utilizados por ele visavam tão somente expressar um sentido mais acessível aos interlocutores, o que nem sempre era possível através da dialética (exame das partes sem perder de vista a totalidade). Quando aproxima seus mitos das fábulas ou alegorias (Alegoria da Caverna, Mito de Epimeteu e Prometeu, Mito de Er), tudo leva a crer que sua intenção é pedagógica, sem nenhuma conclusão moral. Como para ele o mito verdadeiro é mensagem divina, tem, portanto, um sentido na linguagem, além de permitir uma comunicação mais direta com o público. Sendo assim, é recomendável não confundir os mitos utilizados por Platão como recurso didático, com as histórias alegóricas, fabulosas e legendárias. A passagem a seguir reforça, ainda que não conclusivamente, nossa idéia: A educação é, portanto, a arte que se propõe este fim, a conversão da alma, e que procura os meios mais fáceis e mais eficazes de operá-la; ela não consiste em dar a vista à alma, pois que está já o possui; mas com ele está mal disposto e não olha para onde deveria, a educação se esforça por levá-la à boa direção. (GUINSBURG, 2006, p. 270) 476 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Na Alegoria da Caverna, descrita no início do livro VII da República, ao comparar o filósofo com o prisioneiro que saiu da caverna e viu a luz do sol, tem-se uma imagem elucidativa e não um mito propriamente dito. A cena, a qual Glaucon foi convidado a imaginar, visava, no nosso entendimento, uma interpretação, servia como pano de fundo para que Platão se fizesse entender por Glaucon a respeito da passagem do mundo sensível para o mundo inteligível, ou seja, o processo pelo qual o indivíduo passa ao se afastar do mundo do senso comum e da opinião em busca do saber e da visão do Bem e da verdade já tratada, de forma talvez enigmática e complexa ou mais orientada para resolver esta questão epistemológica já tratada no livro anterior (VI). A saída da caverna representa a ascensão da alma em direção ao mundo da episteme, onde se encontra a idéia do bem (sol), que pode apenas ser contemplada. A realidade é apresentada nesta alegoria em seus dois níveis: mundo dos sentidos (crenças, opinião), mundo inteligível (essências, idéias) bem como as etapas da educação onde em primeiro estaria o filósofo, o homem de ciência, portanto capaz de governar a cidade orientado pela sabedoria e pelo bem. Voltando à questão da poesia, Platão coloca o poeta duplamente afastado da realidade, jogado no campo da ilusão. Segundo Junito de Souza Brandão (1985), para Platão, o poeta é um re-criador inconsciente. Porém, não foi somente a condição de imitação que levou Platão a expulsar os poetas do seu projeto-modelo de cidade ideal. Os poetas são banidos da cidade ideal acusados de, com suas narrativas, seduzir e produzir sentimentos pois, segundo Guinsburg36, ―para Platão a poesia causa como que um entorpecimento do raciocínio ao afrouxar as armas que a razão fornece (medir, calcular e pesar), trazendo à alma uma perturbação interna.‖ O autor ainda deixa evidente que esses sentimentos tanto em relação à beleza quanto os emocionais, são criticados especialmente em relação ao gênero trágico, contra o qual Platão apresenta dois argumentos: ( I ) os efeitos causados pela contemplação do sofrimento alheio afetam o estado emocional do espectador, enfraquecendo o controle da razão sobre as partes inferiores da alma; ( II ) a experiência de uma determinada emoção no drama trágico torna o indivíduo mais suscetível a experimentar essa mesma emoção em situações particulares;‖ (GUINSBURG, 2006. p. 393) 36 GUINSBURG, J. (org.) A República de Platão. SP: Perspestiva, 2006. Nota de rodapé n°43, livro X; 477 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Guinsburg acrescenta à nota a sua conclusão de que, para Platão, os espectadores induzidos pelo teatro podem agir, em determinadas situações motivados pelas paixões como os personagens do palco, mas esta ação vai contra as prescrições da razão. Do ponto de vista platônico, a poesia pode exercer influencia negativa, desfavorável à prática das virtudes por ser falsa, sedutora e deformadora do caráter emocional deixando as pessoas ―fora de si‖ como o Íon. Portanto, nesse confronto entre a arte e a atividade racional, a primeira, por se dirigir às ―faculdades inferiores‖ do homem, não tem nenhuma utilidade educativa, já que, ao contrário da razão, não contribui positivamente na formação moral e política de homens superiores. Referências Bibliográficas BRANDÃO, Junito de Souza. Teatro Grego: Tragédia e Comédia. Petrópolis: Vozes, 1985. GUINSBURG, J. (org.). A República de Platão. SP: Perspestiva, 2006. JAEGER, Werner. Paidéia. Brasília: UNB, 1986 NUNES, Benedito. Introdução à Filosofia da Arte. SP: Ática, 2008. PAVIANI, Jayme. Platão e a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. ________. Estética e Filosofia da Arte. Porto Alegre: Sulina, 1973. PLATÃO. Mênon. Trad. Maura Iglesias. RJ: Ed. PUC-Rio: Loyola, 2001. _______. Íon. Trad. André Malta.Porto Alegre: LP&M, 2008. _______. Teeteto. Pará: UFPA, 2001 REALE, Giovanni. O Saber dos Antigos. Terapia para os tempos atuais. Trad. Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Edições Loyola, 2002. 478 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Geografia Banca Avaliadora Docentes que foram membros das bancas de avaliações dos trabalhos desta seção, na forma oral e de painel, durante o evento. Luis Antonio Mello Maricler w. Kovalczu Paulo Sergio Meira Rocha 479 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Resumos INSTRUMENTALIZAÇÃO NO ENSINO DE GEOGRAFIA NO OBSERVATÓRIO GEOGRÁFICO ANDRÔMEDA, EM UNIÃO DA VITÓRIA – PARANÁ. Anelise Sueli Baiak (IC), Paulo Sérgio Meira Rocha (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Geografia Palavras Chave: Geografia. Ludicidade. Oficina didática. . Resumo: A presente pesquisa busca proporcionar ao aluno o conhecimento de Geografia, e ciências afins como (Astronomia, Geologia, Cartografia, Geomorfologia, Climatologia), aplicando a ludicidade por meio de materiais didáticos. O uso da ludicidade objetiva melhorar a compreensão de temas abordados na disciplina de Geografia, veis por meio de atividades desenvolvidas no Observatório Geográfico Andrômeda, situado na localidade de Morro do Cristo, município de União da Vitória – PR. As atividades são realizadas com alunos do ensino fundamental, médio e superior. Semanalmente desenvolve-se uma temática diferente. O tema da semana é desenvolvido da seguinte forma: primeiramente tece-se uma explicação teórica, em seguida parte-se para a apresentação de aula ilustrativa (filmes, vídeos ou imagens). Para elucidação de possíveis dúvidas e melhor compreensão do assunto, realiza práticas por meio de oficina com materiais didáticos, levando em consideração sempre o grau de aprendizado do público. Visa também construir materiais didáticos através de recicláveis (como: a garrafa Pet, papelão, isopor, latas, dentre outros). Essa metodologia de ensino proporciona curiosidade e aguça a percepção do aluno referente ao tema trabalhado. 480 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 DEBATENDO OS RECURSOS HÍDRICOS EM SALA DE AULA Deisi Denise Ciecaleski (G), Ana Paula Ivasenko (G), Adney Guilherme Nunes de Souza (G), Helena Edilamar Ribeiro Buch (PQ) Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Geografia Palavras Chave: Água, Educação Ambiental, Conscientização. Resumo: Nossa proposta, destaca a importância da água, como geradora da vida na terra elemento essencial para a existência de todos os seres vivos e objetivando construir conceitos em relação ao consumo e a conservação da água com o propósito de preservação deste recurso natural, desenvolvemos esse tema como um dos eixos da Educação ambiental no projeto Alfabetização Ecológica e das Letras, (PIBID) atuando nas series inicias da Escola Municipal Dário Bordin. Adotamos a metodologia da pesquisa – ação. Inicialmente desenvolvemos diálogos e debates junto com toda a comunidade educativa, pais professores, alunos e o corpo administrativo da escola sobre os recursos hídricos, procurando dar ênfase, ao consumo irregular da água. Partimos da experiência da própria comunidade e da escola para esse trabalho inicial, e assim em todas as turmas da escola com crianças de faixa etária entre 6 aos 10 anos por um período de um mês. As bases teóricas das atividades basearam-se em CAPRA (2000), sobre Alfabetização Ecológica. Por último consideramos significativos os efeitos e resultados diagnosticado nas atitudes dos alunos em relação a água, quando o controle do uso substituiu o desperdiço, assim como, os cuidados em relação a potabilidade da água. . 481 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE Elaine Estácio de Paula (G), Felipe Wagner Kukla (G), Jéssica Cristine Schneider (G), Helena Edilamar Ribeiro Buch (PQ) Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Geografia/Pedagogia. Palavras Chave: Meio ambiente. Sustentabilidade. Alfabetização Ecológica. Resumo A iniciativa em pesquisar o tema sustentabilidade deve-se ao fato da necessidade encontrada referente a este no projeto “Alfabetização Ecológica e das Letras”, realizado na Escola Municipal Judith Goss de Lima, localizado no Bairro Rio D´Areia em União da Vitória. O tema tem por objetivo fazer com que os alunos compreendam e conheçam juntamente com os conceitos sociais e familiares, os problemas que surgem em decorrência do consumo excessivo de sua vida particular e que de certo modo acaba por ocasionar impactos ambientais na comunidade em vivem. Os conteúdos envoltos a Educação Ambiental, enfatizam a conscientização e ao mesmo tempo reforçam sua alfabetização, ou seja, estamos promovendo uma alfabetização ecológica. O presente artigo visa apresentar os resultados encontrados durante as aplicações das atividades, abrangendo a mudança de comportamento e a formação de agentes ativos e críticos em sua comunidade, para que estes possam perceber a possibilidade de desenvolvimento com o mínimo de agressão ao meio ambiente e que através destes novos ideais demonstrados durante a aplicação do projeto, possa-se melhorar a qualidade de vida da comunidade e subseqüentemente da cidade em que vivem cotidianamente. 482 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 ABORDAGEM DA HORTA ESCOLAR COMO FERRAMENTA DIDÁTICO PEDAGÓGICA PARA A ESCOLA JUDITH GOSS DE LIMA EM UNIÃO DA VITÓRIA NO ESTADO DO PARANÁ. Sonia Mara Grossl (G), Alexandre Brito Pinheiro (G), Leandro Bianchini(G), Helena Edilamar Ribeiro Buch (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Geografia Palavras Chave: Resgate de cultura, Interdisciplinaridade. Resumo: Entendemos ser de vital importância a alimentação natural, e o uso de verduras na alimentação de todos. Para ensinar a Horta Escolar com objetivo de transformá-la em um verdadeiro laboratório de aprendizagem viva, onde se aprende plantar observar, contato com a vida vegetal e a oportunidade de construir conhecimento sobre o comportamento das plantas oportunizando ainda a sensibilização. Visando o respeito pelo trabalho do colega, a necessidade de carinho pelas plantas, a alegria da colheita, a beleza estética dos vegetais. Baseando-se no conceito de Alfabetização ecológica de CAPRA (1986) Desenvolvemos esse tema como um dos eixos da Educação ambiental no projeto “Alfabetização Ecológica e das Letras”, (PIBID) realizado na Escola Municipal Judith Goss de Lima, localizado no Bairro Rio D´Areia, município de União da Vitória.Quando as plantas começaram a aparecer , várias atividades de ciências, matemática, geografia e de língua portuguesa puderam ser realizada. O desenvolvimento das plantas pode ser observado e registrado por intermédio de desenhos detalhados, pela descrição e a formação de tabelas que registraram o crescimento das plantas. Utilizamos a metodologia participativa; inicialmente preparando o terreno e o canteiro depois o solo por meio da compostagem, a horta não apresentou necessidade de adubos químicos. Em seguida foi plantado as mudinhas que foram acompanhadas e regadas em seu desenvolvimento Dessa forma, vimos a Horta na Escola com ferramenta didático pedagógica, assim como um incentivo para ser repetido nas famílias propondo a inserção das verduras na alimentação diária das crianças. 483 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O ENSINO DA ASTRONOMIA ATRAVÉS DA LUDICIDADE Vanessa Rosana Peluchen (G), Paulo Sérgio Meira Rocha (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Geografia. Palavras Chave: Ludicidade, Aprendizagem, Astronomia. Resumo: Apresentam-se nesse texto, as experiências e reflexões acerca do ensino da Astronomia, com o auxílio de materiais alternativos ou lúdicos, objetivando comprovar que por meio da ludicidade, o processo ensino aprendizagem ocorre com maior facilidade; Essa proposta constitui-se em um instrumento diversificado, que além de ser atrativo e prazeroso, estimula o interesse e a criatividade favorecendo o aprendizado. Sendo a Astronomia uma ciência complexa e de difícil compreensão, a proposta lúdica nasce para auxiliar no desenvolvimento dos educandos, além de favorecer também os próprios educadores que não raro, desconhecem a importância e a ocorrência real de alguns fenômenos astronômicos. Alguns materiais usados para explicar alguns fenômenos envolvendo o cosmos, propõem ao meio educacional uma nova metodologia, um atrativo maior ao ensino, são eles: maquete do Sistema Solar (percebe-se a ordem dos planetas em relação ao Sol, suas grandezas, ordem crescente e orbitas); O segundo instrumento auxiliador do ensino trata-se de um relógio de Sol, sendo que através dele pode-se compreender o funcionamento e padronização dos horários, valorizando inclusive a importância do Sol para o surgimento da vida em nosso planeta. Com o intuito de analisar a ocorrência e o funcionamento das fases do satélite natural terrestre, a nossa Lua, um simulador de fases é importante, pois através dele pode-se compreender sistematicamente esse fenômeno algumas vezes incompreendido por profissionais da educação. Pressupõe-se que, após a análise dos resultados obtidos com o término da experiência realizada com os alunos, que através dela, adquiriram-se subsídios necessários para o desenvolvimento e aprendizagem dos mesmos, pois com os objetivos alcançados, prova-se que através do lúdico, o ensino da Astronomia torna-se fácil e satisfatório. 484 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 EDUCAÇÃO AMBIENTAL UM DEVER DA ESCOLA Verena Luiza Menegasso (G), Anita Kocan (G), . Helena Edilamar Ribeiro Buch (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Geografia e Pedagogia Palavras Chave: Educação, Preservação, Meio Ambiente Resumo: Com o aumento das tecnologias e da rapidez da informação, surgem também rapidamente problemas ambientais sérios que com o passar do tempo possivelmente irão gerar danos a forma de vida dos indivíduos.Diante dos impactos ambientais causados pelas intervenções relacionadas ao homem, buscar a compreensão de como preservar o ambiente em que vivemos é sem dúvida uma das mais importantes atitudes a serem trabalhadas. Todas as crianças têm o direito à educação, de receber informações que o auxiliem a construir uma conscientização da questão ambiental e a formação de condutas ecologicamente corretas. Esta conscientização faz parte das atitudes simples que realizamos em nosso cotidiano, e temos que começar por nós apesar desta batalha só ser vencida com a ajuda e colaboração de todos. Este artigo aborda as questões a serem trabalhadas a fim de realizar a conscientização sobre a importância de se conservar o ambiente no qual vivemos, isso dentro da perspectiva aplicada em um projeto cuja execução ocorre em turmas de primeira à quarta série, tornando estes alunos, indivíduos críticos quanto à preservação ambiental. 485 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 CARACTERIZAÇÃO SÓCIOESPACIAL DO FAXINAL DO EMBOQUE, SÃO MATEUS DO SUL, PARANÁ. Wagner da Silva (G), Alcimara Aparecida Föetsch (PQ). Notações: IC – Iniciação científica, G- graduação, PG – pós - graduação , PQ – pesquisador. Universidade Estadual do Paraná, Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Colegiado de Geografia. Palavras Chave: Caracterização, Desagregação, Faxinal do Emboque, Sistema tradicional. Resumo: Segundo Chang (1988) genericamente, o sistema faxinal pode ser caracterizado em múltiplos aspectos como: uso coletivo da terra, criação à solta de animais, coleta de frutos de espécies nativas e policultura alimentar. Trata-se de um sistema tradicional agrosilvopastoril resultado da integração de etnias, baseado na agricultura de subsistência e familiar, reconhecido no Paraná pela Lei Estadual 15.673/2007. No município de São Mateus do Sul – PR localiza-se um dos principais faxinais paranaenses: o Faxinal do Emboque obteve seu reconhecimento em 2008 através da Lei Municipal nº 1.7080/08, garantindo assim os direitos concedidos a comunidades denominadas tradicionais, tendo como etnia predominante a polonesa, cuja origem deve-se a desagregação de um latifúndio existente no local até a década de 1930. Segundo depoimentos a área do faxinal era muito mais extensa, sendo que atualmente possui apenas 166, 0766 hectares devido à venda de terrenos para agricultores que priorizam muito mais o lucro com a produção em larga escala do que manter o sistema tradicional. Se tratando de um projeto em sua fase inicial serão apresentados apenas objetivos e métodos. Desse modo destaca-se a importância da caracterização da localidade através de revisões bibliográficas e entrevistas com moradores como auxílio na forma de preservação e fortalecimento da identidade dessa comunidade. Evitando a extinção que ocorreu constantemente no sul do Brasil devido entre outros aspectos ao reconhecimento legal tardio, aumento das tecnologias agrícolas com a revolução verde e busca incessante do lucro agrícola. 486 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Artigos Os artigos publicados nestes anais foram escolhidos pela Comissão Científica desta seção. O conteúdo e resultados são de inteira responsabilidade dos autores. ALFABETIZAÇÃO ECOLÓGICA EM SÉRIES INICIAIS: DEBATENDO OS RECURSOS HÍDRICOS EM SALA DE AULA CIECALESKI, Deisi Denise (FAFIUV) 37 IWASENKO, Ana Paula (FAFIUV)2 SOUZA, Adney Guilherme Nunes de (FAFIUV)3 Orientadora: Prof.Dda. Helena Edilamar Ribeiro Buch Resumo: Nossa proposta destaca a importância da água, como geradora da vida na terra elemento essencial para a existência de todos os seres vivos e objetivando construir conceitos em relação ao consumo e a conservação da água com o propósito de preservação deste recurso natural, desenvolvemos esse tema como um dos eixos da Educação Ambiental no Projeto Alfabetização Ecológica e das Letras, (PIBID) atuando nas séries inicias da Escola Municipal Dário Bordin. Adotamos a metodologia da pesquisa – ação. Inicialmente desenvolvemos diálogos e debates junto com toda a comunidade educativa, pais professores, alunos e o corpo administrativo da escola sobre os recursos hídricos, procurando dar ênfase, ao consumo irregular da água. Partimos da experiência da própria comunidade e da escola para esse trabalho inicial, e assim em todas as turmas da escola com crianças de faixa etária entre seis aos dez anos por um 38 período de um mês. As bases teóricas das atividades basearam-se em CAPRA (2000), sobre Alfabetização Ecológica. Por último consideramos significativos os efeitos e *37 Graduando em Geografia pela FAFIUV E-mail [email protected] *2 Graduando em Geografia pela FAFIUV E-mail [email protected] *3 Graduando em Geografia pela FAFIUV E-mail [email protected] 487 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 resultados diagnosticados nas atitudes dos alunos em relação à água, quando o controle do uso substituiu o desperdício, assim como, os cuidados em relação à potabilidade da água. 1 Introdução A água é tão importante que os gregos antigos já consideravam como sendo um dos quatro elementos fundamentais da matéria. Aristóteles achava que a água fosse um elemento. A água esta intrinsecamente ligada à vida e a sobrevivência humana em todos os tempos e os sentidos da sobrevivência de toda a humanidade. Com a evolução e as novas tecnologias a utilização confundiu-se com o desperdício assim como a contaminação dos mananciais, rios, lençol, freático em função do uso de produtos químicos e outros poluentes estão comprometendo a qualidade da água para dessedentação humana privando a sobrevivência de alguns microorganismos. Por outro lado quando observamos a localização onde se desenvolveram as principais civilizações imediatamente se destaca que margeavam os grandes rios. Desde as mais antigas civilizações a água esta presente em suas religiões, em rituais, oferendas e dispersão, é a fonte e a origem, o reservatório de todas as possibilidades de existência; ela precede todas as formas e sustenta toda criação. A própria existência humana, do ponto de vista humano não é tão simples. Embora nosso planeta seja coberto por ¾ de água, 97% dela é salgado, o restante 2% é água doce bloqueados em camadas de neve e gelo, restando para nosso consumo apenas 1%. Que muitas vezes este restante não é potável para o consumo humano. Reflexões a cerca do futuro da água atualmente são discutidas e contestadas. Os seres humanos temem pela escassez ou excesso de água. A água é a seiva do planeta, em todo o mundo ela é necessidade de ordem econômica, sanitária e social. Porém a distribuição dos recursos pelo mundo não é regular, há beneficiados com uma vasta riqueza hídrica e outros desprovidos da quantidade mínima para seu consumo diário, acarretando em escassez, miséria economicamente social e condições sanitárias e de saúde precária. Cada vez mais o homem vem entendendo que a situação esta inteiramente relacionada com o meio em que vivemos e o seu futuro dentro desta esfera hídrica dependem das condições que a natureza proporcionar a ele. 488 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Como agente intempérico, ela molda rochas, modifica paisagens, forma rios, mares e lagos. Sem sua ação intempérica, não teríamos o solo que nos oferece alimento. Também é responsável pela sustentação de grande parte da vida vegetal existente. No âmbito de educação ambiental, as informações expositivas sobre os recursos hídricos e o estudo em sala de aula fazem parte de uma conscientização construtiva; Fazendo se necessário o projeto Alfabetização Ecológica e das Letras, da instituição de ensino superior Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória realiza trabalhos de educação ambiental, sendo uma Alfabetização Ecológica aos alunos da rede municipal dos anos inicias. O tema foi abordado conforme a observação na comunidade de desligamentos programados do abastecimento de água em algumas residências e a convivência de famílias que habitam nas proximidades das margens do rio Iguaçu, que em épocas de cheias sofrem com o excesso de água. 2 ALFABETIZAÇÃO ECOLÓGICA NAS SÉRIES INICIAIS O projeto Alfabetização Ecológica e das Letras, coordenado pela mentora do projeto professora doutoranda Edilamar Ribeiro Buch, esta inserido em algumas escolas públicas do município de União da Vitória. Dando seqüência aos assuntos que é trabalhado mensalmente o tema água aparece como uma necessidade de alfabetizar e demonstrar aos alunos a complexidade e definição deste recurso valioso. Sendo assim utilizamos como aporte teórico conceito de ―Alfabetização Ecológica‖ de Capra (2004) ―ser ecologicamente alfabetizado significa entender os princípios de organização das comunidades ecológicas (ecossistemas) e usar esses princípios para criar comunidades humanas sustentáveis‖ assim ensinar e conviver de forma harmônica com o ambiente. O tema é definido como conteúdo curricular do Ensino Fundamental, e ainda as Diretrizes Curriculares Nacionais indicam alguns pontos principais a serem trabalhados na escola para que seja criada a consciência ambiental e atitudes que necessárias para proteger e melhorar o espaço ambiental. Na prática escolar o assunto foi abordado desde crianças de seis anos até a idade de dez anos. Inicialmente foram introduzidas conversas com os alunos sobre a importância que a água tem em suas vidas, no inicio eles citam apenas algumas necessidades básicas, mas aos poucos eles mesmos vão enumerando mais tópicos, com 489 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 o auxilio dos aplicadores do projeto eles chegam à conclusão de que a vida depende da água, nada se formaria sem ela, que nossa vida é água. O dialogo é fundamental no trabalho, porém com uma referência oferecida pela escola, nos baseamos em uma obra de apoio de Caroline Rauch Vizentin e Rosemary Carla Franco, intitulada como Meio Ambiente do conhecimento cotidiano ao cientifico da Editora Base, o qual foi fundamental para o desenvolvimento deste trabalho no decorrer de um mês. Ao decorrer do projeto foi verificado que a musicalidade é importante no ensino. Conforme definição de Fernanda Krakovics, (2000) sob o título música ajuda na alfabetização de crianças diz que ―a musica é cada vez mais usada para alfabetizar, resgatar a cultura e ajudar na construção do conhecimento de crianças carentes. Projetos que envolvem a música na integração social se espalham por todo o país são exemplos de sucesso‖. Como base na importância da música para as aulas foi utilizada uma música da compositora Florisbela, Pais das Águas. O qual em sua letra possui uma linguagem simples, acessível às diversas faixas etárias e como auxilio de imagens nacionais define a riqueza brasileira das águas, com os conteúdos voltados a importância da água para os seres e a preservação da água. Os objetivos da canção seriam primeiramente compreender a água como elemento fundamental para a sobrevivência de todos os seres vivos, segundo reconhecer a água como elemento de equilíbrio do ecossistema e por final perceber a importância da união dos cidadãos para a preservação. O Brasil foi destacado como país rico em recursos naturais, o principal deles é a água, abundante em nosso país. Otimismo as próximas gerações, porém a gestão da água no Brasil ainda precisa melhorar e muito, isto depende não apenas do governo, mas também da sociedade, de uma sociedade que esta sendo construída atualmente com uma educação ambiental voltada ao respeito com o meio. Para demonstrar aos alunos a realidade dos recursos hídricos no nosso país, foram trabalhados demonstrações do aqüífero guarani, e o seu processo natural de reservatório e riqueza natural, para uma melhor visualização e situando o educando no espaço geográfico, a utilização de um mapa da América do Sul foi necessária para localizar o aluno onde ele está inserido e a distribuição do aqüífero, abrangendo três países, que foram mostrados no mapa político, diferenciando estes. Para os alunos terem melhor compreensão o rio Iguaçu foi destacada, por ser a água que é utilizada para o abastecimento da cidade e de suas 490 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 residências. Fez-se necessário falar sobre a importância econômica, social e histórica do rio, a sua abrangência pelo estado do Paraná, relatando que atualmente ele vem sofrendo transformações negativas pelo seu percurso, poluição, assoreamento e a devastação de suas matas ciliares. Não se pode falar em aqüíferos, rios, lagos e reservas hídricas, sem mencionar o ciclo hidrológico, algo fantástico nessa natureza tão simples e completa, a frase de Lavoisier ―Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma‖ nos serviu de base para exemplificar aos alunos como ocorre o ciclo da água, foi abordado de forma simples aos alunos de menor idade com o auxilio de desenhos em E.V. A, onde todos puderam compreender este importante ciclo da natureza. Ainda neste ciclo os alunos conforme seus conhecimentos empíricos demonstraram alguns conceitos que tinham a cerca do assunto como demonstrando muitas dúvidas, e incertezas ao futuro de nossa água. Onde como alfabetizadores ecológicos nós destacamos que a água em si não se acabará em breve, porém a água potável esta com grandes riscos de ficar escassa na nossa crosta terrestre, ou então ficara mais difícil o acesso, estarão em locais de difícil acesso, em virtude do grande consumo humano para suas atividades diárias e o crescimento da população em todo o mundo. Como proposta para conclusão das aulas ministradas na escola ao decorrer do mês, onde o tema enfocado foi água, a Declaração Universal dos Direitos da Água se fez necessária para os alunos conhecerem este importante documento mundial e enfocar o bom uso e a importância do recurso para o mundo. A Declaração Universal dos Direitos da Água, um importante documento formulado e estipulado pelos países aliados a ONU, no dia 22 de março de 1992, ficando estabelecida a data como dia mundial da água. A todo ano neste dia se discute diversos temas relacionados a este importante bem natural. O documento consiste em dez artigos escritos, que apresenta uma série de medidas, sugestões e informações que servem para despertar a consciência ecológica da população e dos governantes para a questão da água. Esta preocupação deve ser baseada conforme o primeiro item da Declaração assegura: ―A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável aos olhos de todos.‖ (Item 1º da Declaração Universal da água). Este conceito de que a água é patrimônio universal de direito e dever de todos foi enfocado e debatido em sala de aula. 491 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Para melhor compreensão cada item da declaração foi exemplificado de forma simples para melhor assimilação, por se tratar de um documento internacional e necessário aproximar a linguagem do texto ao universo dos alunos. Em seguida realizaram trabalho em duplas para ilustração de um item da declaração, este deveria ser representado por eles, conforme a sua compreensão e criatividade, por final a proposta consistia em trocar o item com outras duplas de forma que todos visualizassem e discutissem possíveis duvidas e sugestões, para conclusão da atividade foi produzido painel expositivo. Houve um convite por parte da Escola Municipal Maridalva Palamar de União da Vitória, para atividades de defesa do meio ambiente. Este evento ocorreu no próprio bairro e contou com a participação de outras escolas do município e com apresentações de mini palestras, e um teatro organizado com os alunos da escola que promoveu o evento, com o título Iguaçu a saga de um rio, o qual foi bem destacado a historia deste importante rio e sua bacia hidrográfica na região. Este evento foi extremamente importante para fortalecer aquilo que já foi trabalhado com os alunos e despertar novos conceitos e opiniões. No decorrer deste mês de atividades relacionadas à água, procuramos como educadores ecológicos aproximar o aluno a realidade, aos conceitos e demonstrar de forma expositiva o assunto, sempre dialogando e argumentando o mesmo. Foram utilizados recursos tecnológicos, pedagógicos. Em breves aulas apresentaram-se novas informações e reafirmamos conhecimentos que eles já tinham. Este trabalho de conscientização ecológica foi proveitoso, pois pudemos ensinar e fazer com que os alunos formassem sua própria opinião e conceitos a cerca deste recurso natural tão importante. 3 Considerações Finais Viver em uma sociedade com o respeito ecológico incluído nas ações diárias das pessoas ainda não faz parte da nossa realidade. Diante da situação alarmante em relação aos recursos naturais, a educação ambiental aparece como uma alternativa de alfabetizar ambientalmente consciente. 492 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Esta preocupação esta ligada ao futuro das próximas gerações. O tema água foi proposto em conjunto com a coordenadora da escola e os acadêmicos bolsistas do projeto, o qual se realizou da melhor forma possível com o objetivo de trabalho a conscientização e prevenção. Sabemos que não podemos mudar os hábitos das pessoas e nem sua forma de agir, mas podemos começar do inicio com as crianças, com pequenas mudanças no hábito escolar para alcançarmos o progresso na vida diária destes pequenos aprendizes. Nos firmados em um conceito de que a sociedade muda, a partir da consciência da nossa mudança. Vemos assim que o projeto intitulado Alfabetização Ecológica e das Letras é o primeiro passo para a mudança, e se faz necessário para a educação ambiental das crianças. REFERÊNCIAS VICENTIN, Caroline R. FRANCO Rosemary.C; Meio Ambiente: do conhecimento cotidiano ao científico.22 ed. Curitiba:Base 2009. KINGSOLVER, B. Água é vida National Geographic, Curitiba, nº121, p.60-71, abr. de 2010. LOUREIRO, L.M. A O ensino da música na escola fundamental: Um estudo exploratório. Disponível em: http://bib.pucminas.br/teses/Educacao_LoureiroAM_1.pdf. Acesso em: 01 de jul.2011. IBGE. Declaração Universal dos Direitos a Água. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/agua/declaracao.html. Acesso: 28 de jun.2011. 493 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 INSTRUMENTALIZAÇÃO NO ENSINO DE GEOGRAFIA NO OBSERVATÓRIO GEOGRÁFICO ANDRÔMEDA, EM UNIÃO DA VITÓRIA – PARANÁ. Anelise Sueli Baiak39 Paulo Sérgio Meira Rocha 40 RESUMO: A presente pesquisa busca proporcionar ao aluno o conhecimento de Geografia, e ciências afins como (Astronomia, Geologia, Cartografia, Geomorfologia, Climatologia), aplicando a ludicidade por meio de materiais didáticos. O uso da ludicidade objetiva melhorar a compreensão de temas abordados na disciplina de Geografia, por meio de atividades desenvolvidas no Observatório Geográfico Andrômeda, situado na localidade de Morro do Cristo, município de União da Vitória – PR. As atividades são realizadas com alunos do ensino fundamental, médio e superior. Semanalmente desenvolve-se uma temática diferente. O tema da semana é desenvolvido da seguinte forma: primeiramente tece-se uma explicação teórica, em seguida parte-se para a apresentação de aula ilustrativa (filmes, vídeos ou imagens). Para elucidação de possíveis dúvidas e melhor compreensão do assunto, realiza-se práticas por meio de oficina com materiais didáticos, levando em consideração sempre o grau de aprendizado do público. Visa também construir materiais didáticos através de recicláveis (como: a garrafa Pet, papelão, isopor, latas, dentre outros). Essa metodologia de ensino proporciona curiosidade e aguça a percepção do aluno referente ao tema trabalhado. Palavras – chave: Geografia. Ludicidade. Oficina didática. 39 Graduação em Geografia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória – PR, Campus UNESPAR. 40 Prof. Ms. do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória – PR, Campus UNESPAR. 494 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 1 Introdução O desenvolvimento da presente pesquisa busca proporcionar o conhecimento de Geografia, Astronomia, Geologia, Cartografia, Geomorfologia, Climatologia, por meio da aplicação da ludicidade. O local de aplicação destes estudos será a no Observatório Geográfico Andrômeda, localizado no município de União da Vitória, PR, e também nas aulas de Estágio Supervisionado da pesquisadora. O presente artigo será utilizado como atividade avaliativa na disciplina de Métodos e Técnicas de Pesquisa, o qual será utilizado na apresentação no Simpósio de Geografia de 2011, e servirá como base para o Trabalho Final de Estágio Supervisionado, requisito essencial e obrigatório para a obtenção do diploma de Licenciatura em Geografia. A Geografia é uma ciência social, a qual envolve desde estudos físicos como características do relevo, da hidrografia, do clima, e estudos da área humana de como é a relação do homem com o meio ambiente. Necessita de ciências afins como a Geologia, Astronomia, Cartografia, Climatologia, Geomorfologia, Física, Matemática, Química, Biologia, Sociologia, entre outras, pois a Geografia se apropria de teorias dessas ciências por haver interdisciplinaridade. Por haver várias ciências nos estudos da Geografia, é preciso que encontre uma maneira de lecionar os conteúdos de forma que não se torne somente uma transmissão de conhecimento por parte do professor, fazendo com que o aluno não receba o conteúdo como uma verdade inquestionável, sem se quer buscar novas linhas de pensamento tornado-se um ser desinteressado. Em sala de aula é necessário que o professor repasse o conteúdo aos seus alunos, mas que os instigue sobre os temas, fazendo com que haja uma troca de informações de ambas as partes, fazendo com que a opinião dos alunos esteja presente, pois cada pessoa tem um ponto de vista diferente diante das situações do cotidiano, para que assim professor e aluno descubram juntos novos horizontes. No ensino da Geografia é necessário repassar ao aluno conteúdos que exigem saber nomes de estados e capitais, países, bacias hidrográficas, cordilheiras, planetas, constelações, para ele não somente decore, mas compreenda a importância de conhecer aspectos físicos que utilizará em seu cotidiano, quando, por exemplo, em uma notícia de telejornal que informam fatos ocorridos em outras cidades, acontecimentos geológicos como a erupção de um vulcão ou terremotos em outros países. 495 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Para que o aluno compreenda melhor os conteúdos de lecionados em sala de aula, é preciso que os temas sejam explicados das mais diversas formas, sendo no quadro negro até em vídeos e filmes, e no caso de algumas situações alicerçadas a instrumentos que materializem o conteúdo, fazendo com que a Geografia deixe que ser conhecida como uma disciplina enfadonha. Para Nunes e Rivas (s/d, p.4) ―é necessário organizar um Mapa de Materiais Didáticos e Referenciais que se torne uma grande ferramenta da construção da prática de pesquisa pelo corpo técnico, docente e discente [...]‖ Por exemplo, explicar como os primeiros navegadores se orientavam nos oceanos até chegar a outros continentes, é possível esclarecer através da ciência Astronômica à orientação por meio de estrelas e constelações, a direção que deveriam seguir, e com o passar do tempo a invenção da bússola, que através do magnetismo terrestre indicando o norte magnético e assim os pontos colaterais; dessa forma é possível mostrar aos alunos em um atlas celeste onde se localizam e em que época do ano elas estão visíveis em cada hemisfério; como também a confecção de uma bússola caseira, feita com uma vasilha plástica com o desenho de uma Rosa – dos - ventos no fundo, com água, uma agulha imantada e uma tampa de garrafa Pet, é possível mostrar ao aluno como surgiram as primeiras bússolas. Para alcançar resultados é necessário desenvolver e aprimorar técnicas e materiais didáticos para o ensino da Geografia e ciências afins como a Astronomia, a Geologia, a Climatologia, a Cartografia, assim possibilitando conhecimento aos alunos, professores e comunidade em geral, através de materiais didáticos caseiros. Especificamente visamos desenvolver recursos didáticos através de materiais recicláveis, como a garrafa Pet, papelão, isopor, latas, juntamente com outros elementos como massa de modelar, madeira, argila, tinta guache, EVA, cartolina, entre outros. A utilização destes materiais tem em vista melhorar a compreensão de temas abordados na disciplina de Geografia. Os recursos didáticos são aplicados no Observatório Andrômeda, com alunos do Ensino Fundamental, Médio, Superior e a comunidade em geral da região de União da Vitória – PR, e serão aplicados nas aulas de estágio supervisionado ao final da graduação da autora desta pesquisa. Nas atividades desenvolvidas no Observatório Andrômeda com os alunos, professores e a comunidade, são realizadas explicações sobre determinado tema 496 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 abordado naquele dia, ilustrando através de filmes, e aplicados na prática em oficinas de materiais didáticos, levando em consideração sempre o grau de escolaridade do público, adaptando assim os temas nas diversas formas de linguagem, para que seja de entendimento de todos. Para que todo esse conhecimento adquirido e repassado em toda a aplicação da pesquisa não esteja somente na memória e nas fotografias, pretende-se confeccionar cartilhas, que contenham desde vivências obtidas com o projeto, como também a confecção dos materiais didáticos, dividindo-os nas respectivas áreas de estudo, como a bússola na Cartografia, a Caixa simuladora das Fases da Lua em Astronomia, que são ciências que compõe a Geografia na área escolar. Desta forma, levando à público idéias que iniciaram cruas e com o tempo se tornaram criativas para a aplicação no ensino, para que assim o conhecimento adquirido através de uma pesquisa e transformado num projeto, também sirva de base para novos estudos desta ciência (Geografia), que temos em nosso cotidiano como indispensável para a compreensão do espaço em que vivemos. Seguindo esta linha de pensamento, levar este conhecimento a comunidade em geral, terá grande importância no incentivo aos professores em utilizar os materiais didáticos como apoio. 2 Ensinar Geografia O professor em sala de aula é um mediador de conhecimento, mas deve utilizar as mais diversas formas para passar o conteúdo, seja no quadro negro, que é uma ferramenta que apesar das tecnologias, ele não se torna obsoleto, de acordo com Schoumaker (1999, p. 190) é indispensável, pois desempenha ―[...] o papel de instrumento de trabalho e de auxiliar de memória. Uma parte quadriculada é sempre útil para desenhar gráficos, mapas e esboços.‖ A utilização de filmes, trabalhos em grupo, utilizando cartolinas, lápis de cor, maquetes, e introduzindo sempre que necessário material didático, como mapas, globos, bússolas, e além de se utilizar desses materiais, pode-se utilizar dinâmicas de grupo como é os seminários, mini aulas, debates entre grupos, fazendo com que o aluno seja um ser participativo em sala de aulas, para que no futuro seja um ser participante na sociedade. 497 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 O trabalho do professor não consiste simplesmente em transmitir informações ou conhecimentos, mas em apresentá-los sob forma de problemas a resolver, situando-os num contexto e colocando-os em perspectiva de modo que o aluno possa estabelecer a ligação entre a solução e outras interrogações mais abrangentes. (DELORS, p. 157, 2000) Dessa forma pode-se entender que o aluno inserido no contexto, aprende a resolver a situação, seja ela fictícia ou real, fazendo com que ele aplique não somente na escola, como também em sua vida. Diante de tantos problemas na sociedade, o aluno tenha percepção de criar conceitos sobre os fatos cotidianos, para que o ensino da Geografia não seja somente utilizado pelos alunos enquanto estão nos bancos escolares, mas para que crie senso crítico diante do mundo. Para Kozel (1996, p. 37), ―é a partir da observação do meio mais próximo do aluno, da sua localização, representação, que serão construídos os conceitos que permitirão a criança compreender a realidade e transformá-la.‖ O professor de Geografia tem além da missão de lecionar conteúdos da disciplina, convencer o aluno da importância do estudo dessa ciência que está presente em nossos dias. Para isso é necessário utilizar materiais e técnicas para cada conteúdo, de forma que o aluno se mostre interessado em conhecer algo, instigando-o a pesquisa, não sendo precisamente sobre o conteúdo da aula, mas que o faça criar gosto pela leitura de mundo que a Geografia proporciona através de mapas, globos, instrumentos que o possibilitem utilizarem a criatividade. Para Schoumaker (1999, p. 191), ―o ensino da geografia requer um certo equipamento. A abundância deste último não é a garantia de certo sucesso, mas oferece numerosas possibilidades aos professores que sabem utilizar o material com discernimento.‖ Nosso propósito é justamente inserir materiais confeccionados de forma caseira, como de acordo com Schoumaker (1999), os materiais de geografia são precários, e com um pouco de engenho é possível construir de forma barata, e baseando-se nesse pensamento objetivamos construir materiais com bússola, relógio de Sol, luneta, caixa simuladora das fases da lua, vulcão, blocos dos movimentos tectônicos, pluviômetro, boneco reciclável, mapas em EVA, terrário, relógio estelar, maquetes ilustrando o relevo, como também trabalhar com amostras de rochas, minerais e solos, como aponta Schoumaker, que quando trabalhado com o comportamento das rochas na natureza, é necessário que o professor leve modelos para 498 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 que os alunos examinem, os quais podem ser da coleção do professor ou obtidos em trabalhos de campo, excursões. Um professor ativo supõe que os alunos possam facilmente deslocar-se durante a aula para consultar ou analisar mapas ou dossiês, de manipular rocha e mineiras ou amostras de solo, fabricar maquetes, ou instrumentos de medida ou ainda trabalhar em grupo um mesmo projeto. (SCHOUMAKER, p. 189, 1999). É claro que somente com materiais didáticos sendo utilizados em todas as aulas não é o bastante para que o aluno aprenda, pois antes de utilizar instrumentos para entendimento é necessário que tenha em mente o conteúdo teórico. Como é o exemplo do quadro negro, é através dele que o aluno visualiza e anota as questões a serem aprendidas, não deixando de lado este instrumento que em algumas escolas é o único. No caso dos materiais didáticos prontos como os mapas e globos, a sua importância é grandiosa, pois segundo Schoumaker (1999, p. 193) ―o atlas é ainda uma ferramenta indispensável nas aulas de Geografia. [...] O recurso ao atlas deve tornar-se mecânico do mesmo modo que se recorre ao dicionário.‖ Utilizando-se destas metodologias, o professor atrai a atenção dos alunos para o conteúdo, e faz com que eles criem gosto pelo ensino, para que os próprios encontrem formas de construir instrumentos didáticos para melhor aprender e poder compartilhar isso com outras pessoas, pois utilizamos das teorias de geografia e outras ciências, todos os dias. 3. Materiais e Métodos 3.1 Algumas características do Município de União da Vitória Para melhor compreensão da área de pesquisa será apresentado alguns aspectos físicos e culturais do município, partindo então do Morro do Cristo, onde se localiza o Observatório Geográfico Andrômeda. O município tem sua história ligada ao tropeirismo, devido ao relevo acidentado da região, o transporte da época era feito por cavalos ou mulas, que ao longo do caminho, no pouso dos tropeiros, nasceram as vilas e cidades. Assim foi que surgiu o 499 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 povoado de Porto da Vitória junto ao vau do rio Iguaçu, no local de passagem das tropas que percorriam o caminho de Palmas, descoberto em 12 de abril de 1842 por Pedro Siqueira Cortes (SEBBEN, 1992). União da Vitória está localizada no extremo sul do estado do Paraná e pertence à Microregião do Médio Iguaçu, tem uma área de 786 km², com 83 km² de área urbana e 703 km² de área rural, encontra-se a uma altitude média de 752 metros em relação ao nível do mar, com a seguintes coordenadas 26º 13‘ 45‖ de latitude sul e 51º 04‘ 58‖ de longitude oeste. Faz divisa com os municípios de Paula Freitas, Paulo Frontin, Cruz Machado, Bituruna, Porto Vitória, estes pertencentes ao estado do Paraná e Porto União pertencente à Santa Catarina. Seu clima predominante é Subtropical Úmido tipo Cfb (Köppen) mesotérmico, apresentando verões suaves e invernos com geadas severas e freqüentes. As chuvas ocorrem geralmente em todos os meses, não apresentando estação seca (HORT, 1990). O município localiza-se na divisão do Segundo com o Terceiro Planalto paranaense; é limitado pela Serra da Esperança, cujo ponto culminante é o Pico Tem Que Vê com 1300 m de altitude. A maior parcela de território do município faz parte do Terceiro Planalto, e uma pequena parcela na parte leste faz parte do segundo Planalto, pertencente à Escarpa Mesozóica que possui um relevo menos acidentado. As planícies de várzeas, nos vales dos Rios Iguaçu, Vermelho, da Prata e dos Banhados, são formadas por depósitos recentes e no meio delas destacam-se os morros do Cristo e do Baú (HORT, 1990). As belezas naturais e cacterísticas geográficas do município tornam-os um laboratório a ―Céu Aberto‖, possibilitando aos professores de todas as ciências desenvolverem projetos por meio da habilidade de percepção ambiental. 3.2 Escopo da realização Programa Pedagógico Observatório Geográfico Andrômeda O desenvolvimento do Programa tem como área de estudos teóricos e práticos, o Observatório Geográfico Andrômeda localizado no Morro do Cristo, com uma altitude aproximada de 925 metros. Lugar privilegiado de onde é possível observar a cidade: ao 500 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 sul a parte central, a oeste os bairros Jardim Muzzolon, Cristo Rei, São Judas Tadeu, Jacira Anibeli, João Paulo II, a sudeste a BR – 476, bairros Bom Jesus, Ouro Verde e a leste com a Colônia Passo do Iguaçu. Na figura 01 pode-se observar vista aérea da cidade de União da Vitória - PR. Figura 1 – Vista Aérea da cidade de União da Vitoria. 3.3 Metodologia Aplicada A metodologia aplicada para a realização Programa Pedagógico Observatório Geográfico Andrômeda, envolve estudos bibliográficos, como livros, artigos, cadernos, revistas e vídeos, e para a prática envolve a confecção de materiais didáticos e apresentação de aulas práticas (oficinas, exibição de filmes) realizadas no Observatório Geográfico Andrômeda. 501 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Para a confecção de materiais didáticos param serem apresentados durante as aulas expositivas foram realizadas várias oficinas com alunos do curso de geografia. A figura 2 ilustra os trabalhos sendo realizados. Figura 2 – Laboratório de pesquisa do Observatório Geográfico Andrômeda Os recursos utilizados para a confecção dos materiais didáticos são na maioria recicláveis, como garrafa e tampinha Pet, papelão, isopor, caixa de sapato, pote plástico e outros de baixo custo e fácil aquisição como: cano de PVC, tábuas de madeira, argila, agulha, imã, lente de binóculo, barbante, papel sulfite, cola, tesoura, lanterna e clips. Todos os recursos didáticos confeccionados se encontram na Sala de Materiais Didáticos do Observatório Geográfico Andrômeda, os quais são utilizados em explicações dos temas abordados e aplicados durante as oficinas. As figura 3, 4 e 5 mostram as oficinas sendo realizadas. 502 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Figura 3 – Confecção de material didático (sistema vulcânico). Figura 4 – Confecção de material didático ( relógio de sol e bússola caseira). 503 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Figura 5 – Sala de exposição de materiais didáticos. A aplicação de aulas no Observatório é realizada da seguinte forma: Semanalmente desenvolve-se uma temática diferente. O tema de cada semana a ser desenvolvido inicia-se com uma explicação teórica, em seguida parte-se para a apresentação de aula ilustrativa (filmes, vídeos ou imagens e observação da natureza) e por último, para elucidar possíveis dúvidas e melhorar a compreensão sobre o assunto, realizam-se práticas por meio de oficinas, levando em consideração sempre o grau de aprendizado do público alvo. No caso de visitas no período noturno, o observatório conta com três lunetas e um pequeno telescópio para observação da lua, das estrelas, constelações e planetas. Como atividades complementares, são realizadas observações e explanações sobre a geografia de União da Vitória, mostrando o fundo de vale, os morros que circundam a cidade, a formação geológica e geomorfológica e ainda apresenta a classificação climática da região visualizando em tempo real as condições atmosféricas do centro metereológico instalado no local. 4. Resultados 504 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 As aulas aplicadas no Observatório Geográfico Andrômeda entre os anos de 2010 e 2011 tiveram a participação de 438 docentes e discentes de todos os níveis de ensino (Fundamental, Médio e Superior), de União da Vitória e municípios vizinhos como: Porto União, Bituruna, Cruz Machado e Paula Freitas. 5. Considerações Parciais Os conhecimentos adquiridos em sala de aulas são indispensáveis, mas com o auxílio de materiais didáticos e saídas a campo, como os praticados no Observatório Geográfico Andrômeda, é possível perceber por meio de relatos e debates que tanto os alunos como os professores participantes do programa, uma percepção mais ampla dos assuntos trabalhados. Como exemplo de aplicativos, temos a bússola caseira utilizada em Cartografia, ilustrando como iniciaram as primeiras navegações e como foi adaptada com o tempo até chegar ao dias atuais contracenando com os avançados GPS (Sistema de Posição Global). Segundo Matheus (2007, p. 143), ―A atividade de campo passa a ser um momento de construir e de compartilhar o novo com o aluno e de aproximar o conhecimento teórico, lógico, ao experienciado, ao empírico.‖ Dessa forma, devemos considerar a importância do papel do professor no futuro do aluno como um ser atuante na sociedade, ensinando a importância de um novo olhar geográfico para o mundo. 6. Referências BOTELHO, Lúcio Antônio Leite Alvarenga; SILVEIRA, José Sílvio; ANDRADE, Soraia Maria de. Produção de material didático-pedagógico para o ensino de geografia e do meio ambiente. Caderno de Geografia, Belo Horizonte, v. 15, n. 25, p. 60-76, 2º sem. 2005. Acesso na web dia: 10/09/11. DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre a educação para o século XXI, São Paulo. Cortez, 2000. GUIA PRÁTICO DE CIÊNCIAS. Como a ciência funciona. São Paulo. Editora Abril, 1994. GUIA PRÁTICO DE CIÊNCIAS. Como o Universo funciona. São Paulo. Editora Abril, 1994. 505 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 GUIA PRÁTICO DE CIÊNCIAS. Como a Terra funciona. São Paulo. Editora Abril, 1994. HORT, J. Geografia do Município de União da Vitória. 2. ed. União da Vitória, PR: Uniporto, 1990. (Coleção Vale do Iguaçu, 57). KOZEL, Salete; FILIZOLA, Roberto. Didática de Geografia: memórias da terra: o espaço vivido. São Paulo: FDT, 1996. MATHEUS, Elizabeth H. C. O que há por trás de uma panela? Uma atividade de campo como trajetória a um olhar geográfico. REGO, Nelson; CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos; KAERCHER, Nestor André. In: Geografia Práticas Pedagógicas para o Ensino Médio. Editora Artmed. Porto Alegre, 2007. NUNES, Camila Xavier; RIVAS, Carmen Lúcia Figueiredo Razoni. Novas linguagens e práticas interativas no ensino de Geografia. Acesso na web dia: 28/11/11. ROCHA, Décio; DEUSDARÁ, Bruno. 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Acesso na web dia: 20/11/11. 506 em: ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 507 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE 41 Elaine Estácio de Paula 42 43 44 Felipe Wagner Kukla Jéssica Cristine Schneider Helena Edilamar Ribeiro Buch RESUMO: A iniciativa em pesquisar o tema sustentabilidade deve-se ao fato da necessidade encontrada referente a este no projeto ―Alfabetização Ecológica e das Letras‖, realizado na Escola Municipal Judith Goss de Lima, localizado no Bairro Rio D´Areia em União da Vitória. O tema tem por objetivo fazer com que os alunos compreendam e conheçam juntamente com os conceitos sociais e familiares, os problemas que surgem em decorrência do consumo excessivo de sua vida particular e que de certo modo acaba por ocasionar impactos ambientais na comunidade em vivem. Os conteúdos envoltos a Educação Ambiental, enfatizam a conscientização e ao mesmo tempo reforçam sua alfabetização, ou seja, estamos promovendo uma alfabetização ecológica. O presente artigo visa apresentar os resultados encontrados durante as aplicações das atividades, abrangendo a mudança de comportamento e a formação de agentes ativos e críticos em sua comunidade, para que estes possam perceber a possibilidade de desenvolvimento com o mínimo de agressão ao meio ambiente e que através destes novos ideais demonstrados durante a aplicação do projeto, possa-se melhorar a qualidade de vida da comunidade e subseqüentemente da cidade em que vivem cotidianamente. PALAVRAS-CHAVE: Meio ambiente. Sustentabilidade e Alfabetização Ecológica. 1 INTRODUÇÃO 41 Acadêmica do 4° ano do curso de Pedagogia da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória-UNESPAR e bolsista do Projeto ―Alfabetização Ecológica e das Letras‖ – PIBID. 42 Acadêmico do 2° ano do curso de Geografia da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória-UNESPAR e bolsista do Projeto ―Alfabetização Ecológica e das Letras‖ – PIBID 43 Acadêmica do 3° ano do curso de Pedagogia da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória-UNESPAR e bolsista do Projeto ―Alfabetização Ecológica e das Letras‖ – PIBID. 44 Orientadora Professora Mestre e Coordenadora do Projeto ―Alfabetização Ecológica e das Letras‖ – PIBID. 508 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Este artigo apresenta um relato de experiências vivenciadas em sala de aula com os primeiros anos do Ensino Fundamental, referente meio ambiente e sustentabilidade. Desenvolvendo um trabalho significativo com mais de 75 alunos, que freqüentavam do 1° ao 5° ano, nós bolsistas do projeto ―Alfabetização Ecológica e das Letras‖ buscamos oferecer o acesso às informações e conceitos ambientais, a fim de gerar reflexões sobre as causas e os efeitos da degradação, possibilitando a mudança de comportamento e atitudes, visando sempre a sustentabilidade do planeta Terra. As experiências que nos propomos a escrever foram vivenciadas na Escola Municipal Judith Goss de Lima, localizada na Rua Carlota Pioli, N°-308, Bairro Rio d‘ Areia, União da Vitória-PR. Desta forma, com a proposta de se trabalhar a compreensão dos conceitos familiares e sociais e percepção do impacto ambiental, foram planejadas e desenvolvidas atividades referentes a conceitos sustentáveis, onde na Política Nacional de Educação Ambiental, Lei N° 9.795/99, tem-se sobre a educação ambiental em seu artigo 1º e lê-se que: Entende-se por educação ambiental os processos por meio do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Durante a aplicação das aulas do projeto, se percebeu justamente a falta de conhecimento referente a estes conceitos, juntamente com a estrutura familiar debilitada em compreender a riqueza natural que existe em seu bairro e ao mesmo tempo a dificuldade de compreender a necessidade da preservação da natureza visando o bemestar da sociedade futura. Assim, coube a nós professores, desenvolver uma ação em prol do desenvolvimento ambiental destas crianças em relação às questões de sustentabilidade, principalmente voltadas ao território em que elas vivem cotidianamente. Kozel (2004) retrata que na educação ambiental é preciso aprender a preservar, conservar, conscientizar desde crianças, ou seja, a importância de se trabalhar desde os primeiros anos da educação infantil e ensino fundamental com as questões ambientais, pois, este é o período da criação e melhor adaptação de novos conceitos, fazendo com que estes alunos atuem positivamente buscando a transformação. Ou seja, não buscamos apenas a reflexão sobre aspectos ambientais, mas, sobretudo a ação. Estudos realizados recentemente demonstram que: 509 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 As relações da sociedade com a natureza tendem a se agravar cada vez mais, não só pelo mau uso e exploração excessiva, mas, principalmente, pelo desconhecimento e passividades fatalista dos indivíduos e dos poderes em relação ás questões ambientais em sua totalidade. É preciso aprender a pensar transversalmente natureza e cultura e as interações entre ecossistemas e universos de referência sociais e individuais. (KOZEL, 2004. p 6). Assim o projeto Alfabetização Ecológica e das Letras, trabalhando com as crianças da rede municipal de ensino, principalmente, as mais periféricas da cidade, busca trazer o contexto local dos problemas ambientais para a sala de aula, ou seja, desenvolver atividades partindo sempre da realidade que o aluno vive. A educação ambiental está muito limitada à destruição da natureza e o problema do lixo, dessa forma, buscamos abranger valores histórico-culturais conseqüência de uma sociedade consumista e capitalista. 2 A PERCEPÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL Conforme a teoria da Gestalt, a percepção é um processo cognitivo de apreensão de estímulos ou informações presentes no ambiente próximo ao indivíduo. Trata-se de um processo inconsciente em que ele representa a informação ou o estímulo em sua atividade psicológica interna, identificando e categorizando de forma consciente e em seguida forma uma representação interna automatizando o raciocínio com base em sua apreensão. Do contrário, a relação do indivíduo com o ambiente submete-se ao conhecimento empírico influenciado pela mídia e por aspectos culturais, assim, dificilmente alcançaríamos a Educação Ambiental para um desenvolvimento sustentável através da conscientização e a mudança de valores em relação aos problemas ambientais decorrentes das atividades antrópicas. Os educadores são muito importantes para as crianças auxiliando-as na percepção da necessidade de se preservar o meio ambiente e percebam esta necessidade, o educador deve utilizar de diversos meios para aguçar a percepção por parte das crianças através de vídeos, imagens, experiências e principalmente de aulas de campo para proporcionar melhores resultados por ser algo visível, ao vivo, palpável e trazendo isso sempre para diante da realidade dos alunos. 510 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Além dos educadores, também é decisivo a participação dos pais, incentivando, cobrando e principalmente dando o exemplo através de atitudes simples como separar o lixo de sua casa para que possa ser reciclado, economizando água e energia, enfim com atitudes básicas para um desenvolvimento sustentável. Sem essa participação dos pais dificilmente a criança desenvolverá uma atitude correta em relação ao meio ambiente, vale sempre lembrar que as crianças são reflexos da educação que participam em casa. Vários programas aplicados nas escolas são implementados de forma reducionista, não fazendo uma abordagem crítica e abrangente sobre os valores culturais de uma sociedade de consumo, do modo de produção capitalista, e dos aspectos políticos e econômicos dos impactos ambientais. Em outra linha de pensamento que segue o projeto ―Alfabetização Ecológica e das Letras‖, quais atividades foram propostas e aplicadas seguindo uma base sólida e inovadora de abordar o tema em sala de aula. Colocando em prática um tema sobre qualquer impacto ambiental, é necessário realizar com os alunos basicamente três etapas: Observar, Julgar e Agir sobre determinada situação. 3 ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE A APLICAÇÃO DO PROJETO → A erosão do solo. A observação é primeira etapa, é onde os alunos tem o primeiro contato com o tema, na maior parte é um processo teórico, mas são utilizadas também atividades práticas. O tema ―Erosão do solo‖, que é o processo de destruição do solo e seu transporte, é um processo natural sempre presente e importante na formação do relevo, mas o problema é quando esse processo é acelerado devido ao uso inadequado do solo, geralmente quando a vegetação é destruída para uso agrícola e não adequadas as práticas de conservação do solo, a erosão destrói as estruturas que compõe o solo como a argila, areia, óxidos, húmus, etc, que serão transportadas pela água das chuvas para regiões mais baixas do relevo, causando o assoreamento dos rios, e levando a processos de degradação da mata ciliar devido à retirada dos nutrientes e dos materiais orgânicos e inorgânicos que possibilitam o crescimento da vegetação, tornado o solo improdutivo. 511 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 Em um primeiro momento os alunos não associam este impacto ambiental a sua realidade, deduzindo que isso não ocorre a sua volta, mas após os alunos compreenderem realmente o que significa erosão do solo, os próprios alunos acabaram por admitir que esse impacto ocorre até mesmo no pátio da sua escola. O professor deve utilizar diversos recursos para que o aluno compreenda com mais facilidade o tema, seguindo o exemplo da erosão do solo, pode se utilizar de imagens e vídeos que mostrem este impacto. Cabe também utilizar de experiências para demonstrar em escala menor o impacto, no caso da erosão do solo pode ser utilizada uma experiência bastante simples e praticamente sem custo, que utiliza os seguintes materiais: dois tijolos, regador, água, quatro placas de isopor ou madeira de 20x20cm, um bloco de terra com vegetais pode ser retirado algum gramado com as mesmas medidas de uma das placas e terra suficiente para cobrir uma das placas. Sobre uma das placas coloca-se o bloco de grama que simulará um terreno com muita vegetação e acomoda a mesma sob um tijolo de modo que fique com uma inclinação em torno de 45°, e na base coloca-se outra placa. Faz se o mesmo com as outras duas placas, mas desta vez colocando terra na placa inclinada simulando um terreno onde foi retirada a vegetação. Após tudo montado, simula-se a chuva com o auxilio do regador. Através desta experiência, os alunos poderão observar a importância da vegetação a partir da observação do que ocorreu na experiência em que o terreno em que não havia vegetação a terra foi carregada e na placa com vegetação praticamente nenhuma partícula se desprendeu. Após essa primeira observação inicia se a segunda etapa, onde se identifica o que esta causando o impacto, é interessante realizar um debate com os alunos, colocando várias questões em discussão como: Como ocorreu a erosão? Quem são os responsáveis por aumentar o processo erosivo? Quem retirou a vegetação que existia ali? Porque motivo retirou a vegetação do local? Havia a possibilidade de esse local ser preservado? Existe a possibilidade de reduzir esse impacto? Como? O que nós podemos fazer em relação a isso? Podemos contribuir para minimizar este impacto? De que forma? 512 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 A última pergunta é a brecha para adentrarmos na terceira etapa, a etapa da ação. De acordo com as possibilidades é interessante, sair a campo com os alunos, identificar o impacto, e agir sobre ele. No caso da erosão do solo, não é difícil encontrar um exemplo real para que os alunos possam observar, (uma estrada de terra, um terreno baldio, um quintal, etc.), e se houver a possibilidade realizar o plantio de mudas de árvores, onde os alunos possam atuar para minimizar o impacto. Segundo Dubos (1981), o que o nosso meio mais precisa é de arboricultores. A árvore traz água, forragem, gado, fruto, sombra, lazer e amor. Referindo-se a importante função das árvores nos ecossistemas, em que o plantio de árvores é uma das melhores alternativas para recuperar a qualidade ambiental, e nada melhor do que o aluno começar fazendo isso, em sua própria comunidade, pois, ele o fará com amor e espírito de cooperação com a sua comunidade, resultando na gradativa transformação da comunidade local, muito importante para um desenvolvimento sustentável local e global. →Experiência realizada para a melhor compreensão dos alunos sobre a erosão do solo. FONTE: Projeto ―Alfabetização Ecológica e das Letras‖. →Experiência sendo demonstrada aos alunos, referente ao tema erosão do solo. FONTE: Projeto ―Alfabetização Ecológica e das Letras‖. 513 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 →Atividades de reciclagem. Objetivando formar cidadãos mais conscientes e agentes ativos na preservação da natureza envolvendo principalmente a sociedade em que vivem e participam, é que foram planejadas e desenvolvidas diversas atividades referentes ao tema reciclagem. Dentro deste viés, estas atividades foram realizadas manualmente pelos alunos, partindo do pressuposto do poder de transformar materiais recicláveis, tais como garrafas pet, latas de alumínio, potes de plástico, em brinquedos para as crianças da comunidade. Além de auxiliar no desenvolvimento da aprendizagem da educação ambiental, pode-se valorizar nas crianças sua criatividade, aumentar sua auto-estima e reforçar mais uma vez a importância que deve-se manter com a reciclagem, não apenas na escola, mas também em casa realizando a coleta seletiva. Em situações de jogos e brincadeiras, os alunos principalmente 6 a 12 anos, ampliam suas concepções e fazem assim a melhor assimilação dos conteúdos propostos em sala de aula, relacionando-os com o desperdício e consumo excessivo presentes em seu cotidiano. A construção de valores é parte fundamental e objetivada durante as aulas ministradas com os bolsistas do projeto, onde acredita-se que somente com a prática o aluno perceberá que pode ser um participante ativo, capaz de transformar o meio, buscando assegurar um futuro melhor para suas futuras gerações. Nesse sentido, a Educação Ambiental passa a ter importância para indivíduo, onde a instituição escolar é colaborativa com discussões sobre problemas ambientais encontrados na sociedade, transmitindo aos alunos conhecimentos que de certa forma, auxiliam em restabelecer a harmonia entre o ser humano e o ambiente. → Quebra-cabeça. FONTE: Projeto ―Alfabetização Ecológica e das Letras‖. 514 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 → Biboquê, produzido com garrafas pet. 45 FONTE: Projeto ―Alfabetização Ecológica e das Letras‖. → Jogo da memória, reutilizando cartolinas que seriam descartadas pela escola. FONTE: Projeto ―Alfabetização Ecológica e das Letras‖. → Jogo da memória, reutilizando cartolinas que seriam descartadas pela escola. FONTE: Projeto ―Alfabetização Ecológica e das Letras‖. → Atividade teórica referente ao tema RECICLAGEM. FONTE: Projeto ―Alfabetização Ecológica e das Letras‖. 45 Todas as fotos retiradas durante a aplicação do projeto foram autorizadas pelos responsáveis dos alunos. 515 ISSN 1908-0559 FAFIUV- Paraná ANAIS DO 11º ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 11ª MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO/2011 → A construção de um caragueijo com garrafas pet. FONTE: Projeto ―Alfabetização Ecológica e das Letras‖. → Passeios. As experiências e passeios realizados com finalidade pedagógica tinham por objetivo aguçar a percepção por parte das crianças, onde as aulas de campo proporcionadas a eles são