CÂMARA DOS DEPUTADOS BRASÍLIA-DF, QUARTA-FEIRA, 21 DE NOVEMBRO DE 2012 Ano 14 | Número 2899 Câmara aprova medida provisória que permite aporte de recurso público a PPPs durante obras Transportes gov.br Várias obras de ampliação da malha ferroviária no País são feitas em sistema de parceria público-privadas O Plenário também aprovou MP que permite a exigência de produtos e serviços nacionais na contratação de obras do Programa de Aceleração do Crescimento. A votação do marco civil da internet (PL 2126/11), prevista para ontem, foi adiada mais uma vez depois que oito lideranças pediram a retirada do projeto da pauta. Página 3 Manifestantes cobram direitos para trabalhadores domésticos; PEC pode ser votada hoje Gustavo Lima Integrantes da bancada feminina e da Comissão de Direitos Humanos promoveram ontem um ato público pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 478/10, que amplia os direitos trabalhistas para empregados domésticos, como FGTS, horas extras, adicional noturno e outros. Os manifestantes, muitos usando aventais, foram recebidos em Plenário pela 1ª vice-presidente da Câmara (foto) , deputada Rose de Freitas (PMDB-ES). A matéria poderá ser analisada hoje, em sessão extraordinária marcada para as 11 horas. EVOLUÇÃO DAS EMENDAS INDIVIDUAIS Ano do orçamento 1997 a 2000 2001 a 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Fonte: Pareceres preliminares Valor (R$ milhão) 1,5 2 2,5 3,5 5,0 6 8 10 12,5 13 15 15 Nº máximo de emendas 20 20 20 20 20 20 25 25 25 25 25 25 ECONOMIA | 8 Orçamento: relatório preliminar é aprovado e valor das emendas não aumenta em relação a 2012 2 SESSÃO SOLENE Brasília, 21 de novembro de 2012 Deputados querem barrar propostas do novo Código Penal “contrárias à família” As críticas aos meios de comunicação e ao novo projeto de Código Penal em discussão no Senado foram a tônica da sessão solene ontem em homenagem ao Dia Nacional de Valorização da Família, comemorado em 21 de outubro. Os deputados João Campos (PSDBGO), Pastor Eurico (PSB-PE), Roberto de Lucena (PV-SP) e Aureo (PRTB-RJ) conclamaram os presentes à sessão a combater no Senado algumas das propostas contidas no projeto do novo Código Penal, como a descriminalização do uso privado de drogas, a legalização do aborto até a 12ª semana de gestação e a redução da maioridade sexual de 14 para 12 anos. Para os deputados, a instituição familiar está ameaçada e precisa da proteção do Estado. A realização da sessão foi proposta pelo líder do PSC, deputado Andre Moura (SE); pelo presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado João Campos; e pelo deputado Arolde de Oliveira (PSD-RJ). Os três se revezaram na presidência da sessão, que contou com a participação de lideranças religiosas, principalmente evangélicas. Leilão - “A família vem sendo atacada e desconfigurada”, disse João Campos. Para ele, o leilão da virgindade de uma catarinense na Austrália “é um indicativo do rumo que a sociedade adotou, que leva mais em conta o ter do que o ser”. André Moura afirmou que é preciso “acabar com essa tendência de votar apenas projetos de interesse do governo e trabalhar diariamente em defesa da família”. Arolde de Oliveira citou dados do último Censo que mostram a redução do número de casamentos e o aumento de divórcios e de uniões informais. Para ele, “a família tradicional é a cidadela de resistência à degradação de valores socioculturais, sociopolíticos e socioeconômicos”. O deputado Mauro Benevides (PMDB-CE) disse que a célula familiar jamais deixou de ser a matriz da sociedade e que Estado precisa fortalecer a família com políticas públicas adequadas nas áre- as de educação e saúde, além de amparar o menor e o idoso. Para Marcos Rogério (PDT-RO), nenhuma ação do Estado será eficaz se a família não tiver prioridade. “O crescimento econômico não consegue livrar a sociedade da violência, do álcool e das drogas. O caráter deve ser formado dentro de casa. Cuidar das famílias é cuidar do Brasil”, afirmou. Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP) disse que é na família que se inicia e se consolida a transmissão de princípios e valores. Para ele, não basta que os pais digam o que é certo e o que é errado, é preciso mostrar aos filhos que eles são responsáveis por seus atos. Na avaliação do deputado e pastor Josué Bengtson (PTB-PA), a mídia é irresponsável ao divulgar que “tudo é normal”. Para ele, “a pior mensagem é a subjetiva, sutil, que aos poucos vai tirando os alicerces da família”. Para Roberto de Lucena, “a família está adoecida, e o caos social e a explosão da violência são Luis Macedo Sessão solene realizada ontem homenageou o Dia Nacional de Valorização da Família, comemorado em 21 de outubro um reflexo do caos familiar”. O discurso mais aplaudido foi o do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus. “Família é homem, mulher e sua agenda QUARTA-FEIRA 21 de novembro de 2012 Resíduos sólidos A Frente Parlamentar Ambientalista, o Grupo de Trabalho de Resíduos Sólidos, entre outros, debatem a política nacional de resíduos sólidos. Restaurante do Senac (10º andar) da Câmara, 8h30. Servidor público A Comissão de Direitos Humanos discute a Lei 8.878/94, que permitiu o retorno dos demitidos pelo Governo Collor; e o Regime Jurídico dos Servidores Públicos. Auditório Nereu Ramos, 9h Tecnologia da Informação A Comissão de Fiscalização Financeira discute as ações do TCU Mesa Diretora da Câmara dos Deputados - 54a Legislatura Presidente: Marco Maia (PT-RS) 1ª Vice-Presidente Rose de Freitas (PMDB-ES) 2º Vice-Presidente Eduardo da Fonte (PP-PE) 1º Secretário Eduardo Gomes (PSDB-TO) 2º Secretário Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP) 3º Secretário Inocêncio Oliveira (PR-PE) 4º Secretário Júlio Delgado (PSB-MG) www.camara.leg.br Suplentes Geraldo Resende (PMDB-MS), Manato (PDT-ES), Carlos Eduardo Cadoca (PSC-PE) e Sérgio Moraes (PTB-RS) Ouvidor Parlamentar Miguel Corrêa (PT-MG) Procurador Parlamentar Nelson Marquezelli (PTB-SP) Diretor-Geral Rogério Ventura Secretário-Geral da Mesa Sérgio Sampaio de Almeida prole. Dê ao resto o nome que quiser, mas não é família”, disse. “A fortaleza da família depende das relações heterossexuais”, acrescentou. na área de tecnologia da informação. Plenário 9, 10h ticipativa debate sociedade civil e Legislativo. Plenário 3, 14h Reciclagem Processo Civil Igualdade racial Lavoura do cacau As comissões de Desenvolvimento Urbano; e de Meio Ambiente debatem os incentivos à indústria de reciclagem. Plenário 16, 11h A Comissão de Direitos Humanos discute desafios para implementação do Estatuto da Igualdade Racial. Plenário 9, 14h Clima na Amazônia A Comissão Mista Permanente Sobre Mudanças Climáticas debate ações relativas à mudança do clima na Amazônia. Sala 9, da Ala Senador Alexandre Costa, no Senado, 14h Participação popular A Comissão de Legislação Par- A Comissão Especial do Código de Processo Civil reúne-se para discussão e votação do parecer. Plenário 13, 14h A Comissão de Agricultura debate novas tecnologias para aumentar a produtividade da lavoura do cacau. Plenário 10, 14h30 Trabalho escravo A CPI sobre o Trabalho Escravo discute o tema dos representantes de sindicatos. Plenário 12, 14h30 Mérito Legislativo Solenidade de entrega da medalha Mérito Legislativo Câmara. Salões Negro e Nobre, 15h SECOM - Secretaria de Comunicação Social Diretora: Sueli Navarro (61) 3216-1500 [email protected] Jornal da Câmara Diretor de Mídias Integradas Frederico Schmidt Coordenadora de Jornalismo Patricia Roedel Editora-chefe Rosalva Nunes Editores Maria Clarice Dias Rachel Librelon Diagramadores Gilberto Miranda Roselene Guedes Ilustrador Renato Palet [email protected] | Redação: (61) 3216-1660 | Distribuição e edições anteriores: (61) 3216-1827 Impresso na Câmara dos Deputados (DEAPA / CGRAF) em papel reciclado Disque - Câmara 0800 619 619 3 PLENÁRIO Brasília, 21 de novembro de 2012 Aprovada medida provisória que permite pagamento a PPPs durante obras Um dos pontos polêmicos incluídos no texto é a criação de cargos para os ministérios do Esporte e da Integração Nacional. A MP também prorroga isenções para trigo, diminui o valor de multa para empresas e amplia a extensão de seguro para agricultores familiares. Eduardo Piovesan O Plenário aprovou ontem a Medida Provisória 575/12, que permite aos governos realizarem pagamentos às empresas com as quais mantêm parcerias público-privadas (PPPs) antes do término das obras. A matéria será votada ainda pelo Senado. O texto foi aprovado na forma do projeto de lei de conversão da comissão mista, que acrescentou diversos outros temas, como isenções tributárias e mudanças no programa Garantia-Safra, para agricultores familiares. As parcerias público-privadas foram criadas em 2004 para estimular a participação das empresas em projetos com grande necessidade de investimento. Podem ser objeto de PPPs os serviços que precisam de infraestrutura com valor igual ou superior a R$ 20 milhões. Os contratos de exploração desses serviços podem ser de 5 a 35 anos. Os pagamentos antecipados poderão ser feitos para a construção ou compra de bens reversíveis, aqueles que retornam ao governo depois do término do contrato de exploração do serviço. No caso de uma rodovia, por exemplo, ela retorna ao poder público depois que a empresa construtora tiver explorado o pedágio pelo tempo estipulado no contrato. Uma das novidades do relatório da comissão mista é a proibição de recebimento de indenizações, ao final do contrato, quando os bens reversíveis tiverem sido financiados com os pagamentos antecipados. Cargos - Um dos pontos polêmicos incluídos no texto pelo relator, senador Sérgio Souza (PMDB-PR), é a criação de 24 cargos DAS para o Ministério do Esporte e 3 cargos DAS para o Ministério da Integração Nacional, todos anteriormente previstos no Projeto de Lei 2205/11, do Executivo. O Plenário rejeitou, por 195 votos a 79 e 3 abstenções, um destaque da oposição para suprimir a criação dos cargos. Isenções - O texto aprovado da MP 575/12 beneficia o trigo, sua farinha e a pré-mistura para pão com mais um ano (até 31 de dezembro de 2013) de isenção do PIS/Pasep e da Cofins. A MP estendeu a isenção até a mesma data para as massas. No setor de carnes, a suspensão de PIS e Cofins vale também para a venda de caprinos e ovinos aos frigoríferos. Ainda sobre esses tributos, o parecer inclui no regime cumulativo da Cofins a comercialização de pedra e areia para construção civil. Igual migração de regime de cobrança é con- Gustavo Lima Os deputados aprovaram a medida provisória com inclusão de diversos temas ao texto cedida para as sociedades de advogados, tanto no pagamento da Cofins quanto do PIS. Multas - O texto aprovado diminui o valor das multas aplicadas pela Receita Federal pelo descumprimento de obrigações acessórias (apresentação de declarações e demonstrativos, por exemplo) por parte dos contribuintes pessoa jurídica. Atualmente, a multa por deixar de fornecer informações é de R$ 5 mil ao mês ou de 5% do valor da transação se a informação prestada for incompleta ou inexata. Produtos nacionais terão preferência na contratação de obras do PAC Também foi aprovada ontem a Medida Provisória 580/12, que permite a exigência de produtos e serviços nacionais na contratação de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O texto da comissão mista estende o Regime Diferenciado de Contratações (RDC) às obras do sistema público de saúde. A matéria será analisada ainda pelo Senado. O uso do RDC na área de saúde foi a única mudança feita na MP pelo relator, deputado Afonso Florence (PT-BA). De autoria do deputado Pedro Uczai (PTSC), a emenda foi objeto de um destaque do DEM, rejeitado pelo Plenário. Esse regime é aplicado atualmente às obras do PAC, dos Jogos Olímpicos de 2016, das copas das Confederações (2013) e do Mundo (2014), e do setor educacional. Ele reduz prazos de recursos nas liciwww.camara.leg.br tações e permite a contratação integrada, quando uma única empresa fica responsável pela realização de uma obra. Obras do PAC - Segundo a MP, os editais de licitação e os contratos relacionados ao PAC poderão exigir a compra de manufaturados e serviços nacionais em setores específicos que serão definidos pelo Executivo. Nessa regulamentação, deverão ser definidas as regras e condições para caracterizar esses produtos e serviços como nacionais. Outro tema tratado pela MP 580/12 é a autorização para órgãos e entidades da administração pública contratarem, com dispensa de licitação, o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), empresa pública federal que atua no setor de microeletrônica e semicondutores. O texto estipula as multas em R$ 500 por mês no caso dos tributados pelo lucro presumido, e em R$ 1,5 mil ao mês para os que pagam imposto com base no lucro real. Seguro-safra - O texto aprovado incorpora ainda mudanças no Fundo Garantia-Safra (10.420/02) previstas no Projeto de Lei 4577/12, do Executivo, permitindo que agricultores familiares de regiões fora da área de atuação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) recebam o seguro pela quebra de safra. Marco civil da internet é retirado de pauta e não tem previsão de nova votação Carol Siqueira A votação em Plenário do marco civil da internet (PL 2126/11) foi adiada mais uma vez depois que oito lideranças pediram a retirada do projeto da pauta. A proposta não tem data para voltar à Ordem do Dia. Partidos como o PR, PTB, PDT e PSC justificaram a posição favorável à retirada de pauta como uma manobra de obstrução para pressionar pela votação da proposta do fim do fator previdenciário. “Enquanto não tiver um acordo para votação do fim do fator previdenciário, não se vota nada nesta Casa”, ameaçou o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). O argumento, no entanto, não convenceu o presidente da Câmara, Marco Maia. Ele disse que o fator previdenciário foi utilizado como “cortina de fumaça” para evitar a votação do marco civil. “Há um debate sobre detalhes, influências pontuais, que estão se sobrepondo ao interesse maior. Essa matéria voltará à pauta assim que nós tivermos um acordo definitivo por parte da maioria dos líderes”, disse o presidente. Outro deputado a defender a retirada de pauta do marco civil foi Sílvio Costa (PTB-PE). “Não existe na Casa consenso sobre esse projeto, não dá para entender a urgência em votar”, disse. Para o relator da proposta, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), o que tem inviabilizado a votação do marco civil são “interesses econômicos dos grandes provedores de conexão”. Um dos pontos polêmicos do texto é o que estabelece a neutralidade da rede, dispositivo que obriga os pacotes de dados a serem tratados sem distinção por conteúdo, origem, destino ou serviço. Disque - Câmara 0800 619 619 4 direitos humanos Brasília, 21 de novembro de 2012 CPMI vai a Manaus para avaliar casos de agressão contra mulheres Uma comitiva da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a violência contra a mulher estará em Manaus amanhã e na sextafeira (23) para verificar a situação das vítimas que sofrem ou sofreram algum tipo de agressão. Já confirmaram presença a presidente da CPMI, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG); a vice-presidente, deputada Keiko Ota (PSB-SP); e a deputada Rebecca Garcia (PP-AM), que coordenará as atividades em conjunto com a deputada estadual Conceição Sampaio (PP). No dia 22, as parlamentares reú- nem-se com a titular da Delegacia Especializada em Crime contra a Mulher, Kethleen Araújo Calmont; com a juíza da Vara Especializada da Violência Doméstica e Familiar, Patrícia Macedo de Campos; e com a secretária estadual de Assistência Social e Cidadania, Regina Fernandes do Nascimento. Além disso, o grupo visitará abrigos que recebem mulheres vítimas de violência na capital amazonense. No dia 23, as deputadas têm reunião com o governador Omar Aziz para tratar de ações de enfrentamento a esse tipo de violência. Também será realizada uma audiência pública sobre o assunto na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas. Lei Maria da Penha - “O objetivo dessas diligências é averiguar como as amazonenses estão sendo tratadas quando sofrem algum tipo de agressão. Também veremos se a Lei Maria da Penha (11.340/06) vem sendo realmente aplicada, como as autoridades têm agido nesses casos”, informou Rebecca Garcia. Após a viagem, será feito um relatório sobre a situação no estado. “Esse documento é importante porque vai apresentar um mapa da violência e, assim, poderemos criar penas mais rigorosas para os homens que ainda teimam em machucar as mulheres”, acrescentou. A CPMI já esteve no Distrito Federal, em Pernambuco, em Minas Gerais, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, no Espírito Santo, em Alagoas, no Paraná, em São Paulo, na Bahia, na Paraíba, em Goiás, no Rio de Janeiro e no Mato Grosso do Sul. O relatório final do colegiado, com o diagnóstico sobre o atendimento das mulheres vítimas de violência doméstica e sugestões de medidas para superar esses problemas, deve ser concluído em dezembro. Estado precisa agir para reduzir violência de gênero, diz sociólogo Políticas públicas eficientes e suficientes são, na opinião do sociólogo Júlio Jocobo, autor do Mapa da Violência 2012, o caminho para reverter o cenário mostrado no estudo, que aponta crescimento, nos últimos 30 anos, de mais de 200% no número de mulheres assassinadas no Brasil. Jacobo participou ontem de audiência da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado sobre a violência contra a mulher no meio familiar. Júlio Jocobo disse que quanto mais eficientes as ações do Estado, menores são as taxas de violência contra as mulheres, mas que hoje as políticas do governo deixam a desejar. “O Ministério da Justiça ainda atua com programas extremamente pontuais. Mas na medida em que a criminalidade e a violência são um problema nacional, temos que ter uma política nacional, e que ainda não está sendo efetivada.” Segundo o sociólogo, os números da violência doméstica no Brasil são muito superiores à média mundial. De acordo com o estudo, 68% dos homicídios de mulheres no País acontecem dentro de casa. Em 86% dos casos, o assassino é alguém da família ou próximo a ela. Os parceiros ou ex-parceiros são os responsáveis pela maior parte dos assassinatos. Exemplo - O debate foi sugerido pelo Alexandra Martins Segundo o deputado Marlos Sampaio (ao microfone), o Piauí pode ser exemplo, por apresentar os menos índices nacionais de homicídio contra mulheres deputado Marllos Sampaio (PMDB-PI). O parlamentar lembrou que o estado mais violento para as mulheres é o Espírito Santo, com taxa de 9,4 homicídios para cada 100 mil mulheres. Já o estado que apresenta o menor índice é o Piauí, com 2,6 homicídios para cada 100 mil mulheres. Para ele, o exemplo do Piauí pode ser seguido por outros estados. Vilma Alves, titular da Delegacia Especializada de Proteção dos Direitos da Mulher no Piauí, ressaltou que a parceria de Polícia Civil com Polícia Militar, Ministério Público e Judiciário contribui com a baixa taxa apresentada no estado. A delegada relatou que faz muitas palestras em canteiros de obras, escolas, universidades sobre o respeito às mulheres. Ela disse que também tenta sempre conversar com os agressores e explicar os danos causados pela cultura machista que existe no País. “Ela está impregnada e apenas a educação em casa e nas escolas poderá reverter esses quadro”, afirmou. Ações de governo - Representantes do governo destacaram, na audiência, as principais ações no combate à violência doméstica. Ana Teresa Iamarino, representante da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, observou que a campanha Compromisso e Atitude, lançada em agosto, busca discutir ações conjuntas do Conselho Nacional de Justiça, Conselho Nacional do Ministério Público, do Colégio de Presidentes de Tribunais e do Ministério da Justiça. Além de criar serviços e qualificar pessoal, a campanha também inclui, por exemplo, a realização de mutirões para dar mais rapidez às decisões judiciais. De acordo com Ana Teresa, a campanha já foi lançada nos estados que apresentam altos índices de violência, como Espírito Santo, Alagoas e Pará. Em dezembro, será a vez do Mato Grosso e do Paraná. Em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), foi aberta ontem na Câmara a exposição Arte Tribal Africana, que reúne máscaras, esculturas e objetos de várias etnias africanas. A mostra traz cerca de 60 peças criadas entre os séculos XVII e XX pertencentes ao acervo do África Brasil Museu Intercontinental, no Espírito Santo. As obras poderão ser vistas até 16 de dezembro, no Salão Branco. “O público poderá ver uma exposição que não existe em lugar nenhum, mas que vai, daqui para frente, caminhar pelo mundo para mostrar a nossa história”, afirmou a primeira vice-presidente da Câmara, deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), ao participar da solenidade. Na cerimônia houve apresentação de grupo folclórico de Ticumbi – manifestação étnica e ritualística típica do Espírito Santo, que reelabora elementos da negritude. www.camara.leg.br Arte Tribal Marques Dia Nacional da Consciência negra Disque - Câmara 0800 619 619 Brasília, 21 de novembro de 2012 5 participação social Palestrantes divergem sobre escolha de integrantes do Conselho de Comunicação do Congresso Renato Araújo Vania Alves Durante audiência pública realizada ontem pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, parlamentares e entidades da área foram unânimes quanto à importância do funcionamento do Conselho de Comunicação Social do Congresso, mas discordaram em relação à forma como foram escolhidos os 13 integrantes. Por lei, a Mesa do Senado pode indicar todos os nomes. De acordo com o presidente do conselho, o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, foram feitas consultas, e os nomes, escolhidos a partir de indicações. O Conselho de Comunicação Social do Congresso ficou seis anos sem funcionar e retomou suas atividades há três meses. O objetivo do órgão é assessorar a Câmara e o Senado em questões ligadas à comunicação, à liberdade de expressão e a questões mais técnicas, como a TV Digital. Para a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), coordenadora da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expres- Na audiência, parte dos palestrantes apontou falta de participação de segmentos da sociedade na formação do conselho são e Direito à Comunicação, a escolha dos integrantes deveria ter sido feita após ampla consulta às entidades efetivamente atuantes e considerando as diversas parcelas da sociedade. Ela defendeu uma maior diversidade entre os representantes do conselho. “O máximo de segmentos deve estar representado para que haja uma articulação com outras áreas do governo, como educação, cultura, políticia de gênero, política étnico-racial, que são todas questões que têm um rebatimento na programação de TV e de rádio”, afirmou. Mas, para o deputado Milton Monti (PR-SP), coordenador da Frente Parlamentar da Comunicação Social, o processo obedeceu à lei e foi democrático. Ele avaliou que é necessário restringir o processo para que o conselho funcione adequadamente. “Houve muitas indicações, de diversos segmentos da sociedade. Algumas puderam ser atendidas. Há um número limitado de conselheiros, e outras ficaram para uma próxima oportunidade. O Congresso procurou ter um conselho enxuto. A formação muito extensa acaba tendo um problema de operacionalidade”, explicou. A presidente do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, Rosane Bertotti, também não concordou com a escolha, mas disse esperar que o conselho cumpra uma missão fundamental para o setor. Para ela, o órgão deveria trabalhar na regulamentação dos artigos da Constituição referentes à Comunicação Social. Rosane Bertotti afirmou que é preciso regulamentar o fim do monopólio dos meios de comunicação e a proibição de políticos serem donos de emissoras, entre outros dispositivos. trabalho Regulamentação de DJs ficará para o próximo ano, diz relator Para evitar novo veto, deputado Vicentinho quer apresentar substitutivo à proposta. “Vamos fazer tudo sem pressa para garantir a sanção”, afirma. Carolina Pompeu O relator do projeto que regulamenta a profissão de DJ (disc-jóquei), deputado Vicentinho (PT-SP), disse ontem que vai trabalhar para que a proposta seja votada pela Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público a partir de fevereiro do próximo ano. A medida está prevista no Projeto de Lei 3265/12, já aprovado pelo Senado. A proposta altera a Lei 6.533/78, que regulamenta as profissões de artista e de técnico em espetáculos de diversões. O texto estende aos DJs as regras hoje válidas para esses profissionais, como a necessidade do registro no Ministério do Trabalho e o direito à aposentadoria. A medida já havia sido aprovada pela Câmara e pelo Senado por meio de outro projeto de lei (PL 6816/10), mas foi vetada em 2010 pelo então presidente Lula. Em audiência pública ontem, Vicentinho disse que, apesar do veto, o governo tem interesse em regulamentar a profissão. “É interesse do Estado regular a categoria, para que todos tenham direito a férias, aposentadoria, entre outros benefícios. Deve ter havido alguma contradição na tramitação desse projeto”, argumentou. www.camara.leg.br Para evitar novos impasses, o relator músicas já existentes. Já os profissionais vai elaborar um substitutivo à proposta. de cabine de som simplesmente fazem “Quanto mais perfeito e discutido o prouma seleção de músicas prontas. jeto, menos chance de atropelo”, disse o Para as duas categorias, o texto exige deputado, que não quis dar prazo para registro profissional e fixa carga de traa votação da proposta: balho máxima de seis horas Antonio Augusto “Desta vez, vamos fazer diárias e 30 semanais. Para tudo sem pressa para gao registro, de acordo com rantir a sanção, mas sem a proposta, será exigido deixar o texto nenhum dia diploma ou certificado de na gaveta”. O projeto tracurso profissionalizante. A mita de forma conclusiva previsão, segundo Santos, e, depois de passar pela é que o curso de DJ tenha Comissão de Trabalho, será 1.400 horas de duração. analisado pela Comissão de Segundo ele, no entanto, Constituição e Justiça e de ainda não há definição de Cidadania. onde seriam oferecidas Tipos de profissionais essas aulas. - O PL 3265/12 define dois Os estrangeiros serão tipos de profissionais: o dispensados dessas exiprodutor DJ e o profissional gências, desde que permade cabine de som DJ. O neçam no máximo 60 dias presidente do Sindicato dos no País. Os profissionais É interesse do Estado DJs e Profissionais de Caque já atuarem no mercado regular a categoria, quando a lei for publicada bine de Som de São Paulo (Sindecs), Antonio Carlos poderão ficar dispensados para que todos dos Santos, que também do curso se comprovarem tenham direito a participou da audiência, o exercício da atividade férias, aposentadoria, por meio de atestado de explicou que a primeira categoria inclui aqueles que capacitação profissional entre outros produzem música própria fornecido pelo sindicato da benefícios por meio de trechos de categoria. Vicentinho Aposentadoria - A principal vantagem da proposta para a categoria, segundo Antonio Carlos dos Santos, é a possibilidade de aposentadoria. “Os DJs normalmente começam na profissão muito cedo, normalmente por volta dos 16 anos de idade, e, quando chegam à idade de se aposentar, não têm qualquer proteção do estado. Temos o direito de ser trabalhadores como qualquer outro do País”, defendeu. De acordo com o secretário-geral do Sindecs, Dárcio Corrêa, os riscos à saúde decorrentes da profissão também devem diminuir. Corrêa lembrou que os DJs estão mais sujeitos a problemas auditivos e visuais em razão das condições de trabalho, e a regulamentação da profissão deve estabelecer exames médicos periódicos obrigatórios. A DJ Sandra Gal, do Rio de Janeiro, também lamentou a falta de proteção dos profissionais. “Em quatro décadas de trabalho, tive condições de testemunhar as contradições de uma profissão que é rotulada como glamourosa, mas tem uma carga de deficiências. Milhares de DJs vivem na ilegalidade, o que gera falta de renda, de assistência médica”, denunciou. Disque - Câmara 0800 619 619 6 DISCURSOS Gustavo Lima Onofre Santo Agostini defende financiamento público de campanhas e fim das coligações “Passamos por mais um pleito sem que as principais distorções da legislação eleitoral tenham sido previamente sanadas.” A afirmação é do deputado Onofre Santo Agostini (PSD-SC), que defendeu em Plenário a reforma política. “Não há razão para supor serem impossíveis mudanças na legislação atual. Algumas alterações relativamente pontuais serão suficientes para reparar os problemas mais significativos das eleições brasileiras”, declarou. Segundo o parlamentar, três pontos são fundamentais para o aperfeiçoamento da legislação: a proibição das coligações nas eleições proporcionais, a coincidência de mandatos e o financiamento público de campanha. Sobre a extinção das coligações, Agostini afirmou que a medida é imprescindível para sanar os resultados do pleito. Para ele, essas coligações são um elemento ‘espúrio’ do processo, em que a população se pergunta por que candidatos tão bem votados não conseguem se eleger, enquanto outros menos votados são eleitos. Outro ponto importante, para o parlamentar, é a coincidência de mandatos. “Não se admite mais que tenhamos eleições de dois em dois anos. O País para e o processo é caro. O povo já aprendeu a votar, apenas mais dois votos não trarão dificuldades”, afirmou. Agostini defendeu ainda o financiamento público de campanha porque, segundo ele, “sairá mais barato que a atual situação de caixa dois’. Brasília, 21 de novembro de 2012 Gustavo Lima Luiz Argôlo aponta problemas de infraestrutura de transportes no País O deputado Luiz Argôlo (PP-BA), integrante da Comissão de Viação e Transportes, afirmou que o País possui profundos dilemas nas questões de infraestrutura, mas que está trabalhando para que haja o equilíbrio dos modais de transporte e o resgate do setor ferroviário. “Presido a Subcomissão de Reforma Regulatória nos Transportes, cujo objeti- NOTAS SESSÃO SOLENE Parlamentares destacam papel do ex-governador Augusto Franco no desenvolvimento do País O Congresso Nacional realizou, na segunda-feira (19), sessão solene em homenagem ao centenário de nascimento de Augusto do Prado Franco, ex-senador, ex-deputado e ex-governador de Sergipe. Além de sua participação na vida política brasileira, Augusto Franco também foi médico, banqueiro e empresário. Ele nasceu em Laranjeiras, em 4 de setembro de 1912, e morreu em Aracaju, no dia 16 de dezembro de 2003. A iniciativa para a realização da sessão foi de autoria do líder do PSC, deputado André Moura (SE), e do senador Eduardo Amorim (PSC-SE). A cerimônia contou com a presença de deputados federais, senadores e prefeitos, além dos familiares de Augusto Franco, entre eles seu filho, o ex-governador Albano Franco. Para André Moura, Augusto Franco foi um homem que deixou marcas indeléveis no seu tempo, revelando-se um empresário de grande talento. O deputado disse ainda que o ex-governador teve participação decisiva no crescimento econômico de Sergipe. “Augusto Franco valorizou a cultura do estado, num momento em que a censura imperava no País”, disse. Segundo o deputado Márcio Mawww.camara.leg.br vo é fazer a ponte entre as necessidades do governo, dos setores produtivos, do usuário, e da responsabilidade socioambiental, de forma a criarmos um arcabouço para que o crescimento do País caminhe pelos trilhos certos”, disse. O parlamentar destacou as obras do Porto-Sul e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste na Bahia. Para ele, são empreendimentos da maior importância, que trarão inúmeros benefícios para o estado, como o aumento da eficiência no comércio internacional e especialmente no escoamento de grãos e minérios. Argôlo também defendeu a reforma da gestão fiscal, de forma que os municípios tenham mais recursos. Segundo ele, “é o prefeito quem tem de encontrar as primeiras soluções para os problemas”. Agricultura - O deputado afirmou ainda, em seu discurso, que o papel do agricultor brasileiro está sendo cada vez mais valorizado. Os governos do expresidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, avaliou, “têm atendido o clamor daqueles que nunca foram ouvidos”. Ele destacou o combate à pobreza e os serviços em relação à estiagem no semiárido nordestino. Gustavo Lima Produção de leite Junji Abe (PSD-SP) informou ter participado de encontro com produtores de leite de 40 municípios do Vale do Paraíba, em São Paulo. Segundo o deputado, o setor enfrenta problemas, como os altos custos de produção. Ele disse também que faltam estradas vicinais para o escoamento da produção e, em função disso, algumas medidas devem ser tomadas para melhorar a situação, como políticas de crédito, incentivo à pesquisa e ações de defesa sanitária e comercial. Obras do PAC A cerimônia contou com a presença de deputados federais, senadores e prefeitos, além de familiares de Augusto Franco, entre eles seu filho, o ex-governador Albano Franco cêdo (PT-SE), Augusto Franco, como governador, fez obras estruturantes, e tinha uma preocupação ambiental inovadora. “Ele defendeu o investimento em mineração em Sergipe, o que é fundamental para o estado até os dias de hoje. Reconheço nele um grande sergipano e grande brasileiro, apesar de sermos de matrizes ideológicas contrárias”, afirmou. Já o deputado Mauro Benevides (PMDB-CE) exaltou o político sergipano dizendo que ele foi um mais atuantes do cenário nacional. Para Benevides, Augusto Franco transformou Sergipe em “um centro impulsionador” do desenvolvimento nacional’ “Embora sendo de partidos diferentes, nós tínhamos um grande sentimento de servidão à Pátria aqui no Senado”, lembrou. Onyx Lorenzoni (DEM-RS) criticou as declarações da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, nas quais ela reconheceu atrasos em obras do PAC. Para o deputado, o programa tem problemas de gestão e eficiência. Ele afirmou que o País sofre com a falta de infraestrutura em estradas e portos para transportar safras, por exemplo. Disse ainda que a licitação para privatizar aeroportos não teve sucesso e que os terminais continuam sem condições de operar. Dívidas agrícolas Paulo Magalhães (PSD - BA) elogiou a administração federal pela inciativa de mudar de um para três anos o prazo para renegociação de dívidas na agricultura, provocadas pela estiagem no Nordeste. O deputado destacou que essa era uma reivindicação dos produtores da região, que se sentiam discriminados em relação aos agricultores do Sul do País. “O prazo para renegociação de dívidas do setor na Região Sul pode chegar a até dez anos”, disse. Disque - Câmara 0800 619 619 7 JUSTIÇA Brasília, 21 de novembro de 2012 Demarcação de terras indígenas deve ser pactuada entre Poderes e partes interessadas, afirma ministro Antonio Augusto Tiago Miranda O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou ontem, em audiência pública na Câmara, que os poderes Executivo e Legislativo, além de produtores rurais e índios, precisam chegar a um acordo para a demarcação de terras indígenas. Segundo o ministro, o assunto é um dos mais tensos e difíceis da pasta. “Acredito que a prudência e a acomodação de interesses são a melhor forma de equacionar a questão”, afirmou. As afirmações foram feitas à Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, que promoveu debate sobre aplicação da Portaria 303/12 da Advocacia-Geral da União (AGU), que estende para todo o País as 19 condicionantes definidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na demarcação da reserva Raposa Serra do Sol (RR). Dentre as limitações impostas consta a autorização para que o governo construa rodovias, hidrelétricas, linhas de transmissão de energia e instalações militares dentro das aldeias sem autorização da co- Segundo o ministro José Eduardo Cardozo (ao microfone), a melhor forma de equacionar os conflitos relacionados ao assunto são a prudência e a acomodação de interesses munidade indígena que vive ali. A AGU também veta a ampliação de terras demarcadas. Lei complementar - O advogadoGeral da União, Luís Inácio Adams, defendeu a edição de uma lei complementar para regulamentar situações de demarcação de terras indígenas, com pos- sibilidades de indenização integral para produtores rurais ou permanência deles na área. Segundo Adams, a definição de quem deveria permanecer na terra poderia ser feita a partir do tempo de ocupação da área ou de certidão de posse dada pelo Executivo. O deputado Domingos Sávio (PSDB- Deputados criticam papel da Funai na demarcação de terras Diante das críticas de deputados à atuação da Fundação Nacional do Índio (Funai), o ministro José Eduardo Cardozo admitiu ser necessário encontrar uma solução para que a Funai não dê a palavra final sobre a demarcação de terras indígenas. Na avaliação do coordenador da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Homero Pereira (PSD-MT), a Funai traz insegurança para o campo. “Os antropólogos (que orientam quais áreas devem ser demarcadas) pautam a Funai e ela pauta o ministro da Justiça”, afirmou. Segundo o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC) “qualquer antropólogo terceirizado tira a terra de um brasileiro com escritura há mais de cem anos”. Na opinião dele, a demarcação de terras indígenas é o maior problema atual do País e os índios são hoje “os grandes latifundiários”. O deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA) criticou a falta de ação da Funai na reserva indígena de Apyterewa, na beira do rio Xingu (PA). “Decisão judicial a Funai não obedece. Eles assumem compromisso para não cumprir”, afirmou o parlamentar, um dos autores do requerimento para a audiência. Rigor - O deputado Bohn Gass (PT-RS) ponderou que é preciso rigor para separar quem fez grilagem de quem recebeu a titulação do Estado. “Caso de boa-fé do Estado, que permitiu que alguém comprasse a terra, precisa ser trabalhado diferentemente”, disse. Ele lembrou que a demarcação de terras indígenas é uma dívida histórica, e criticou os parlamentares que propuseram o fim da Funai. Na opinião do deputado Moreira Mendes (PSD-RO), que também propôs o debate, a maior parte da população brasileira é desinformada sobre a questão indígena. “É romântico defender a comunidade indígena. Temos 940 mil índios no País e mais da metade (60%) são aculturados”. (TM) MG), que presidiu o debate, defendeu uma proposta suprapartidária para solucionar o conflito. “Vamos redigir juntos esse texto e contar com o apoio do ministro para uma redação que seja do interesse do País”, disse. O ministro da Justiça também afirmou ser contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/00, que transfere do Executivo para o Congresso Nacional a prerrogativa de reconhecer terras de povos tradicionais. Cardozo: governo abriu 7 mil novas vagas em presídios no ano passado Questionado na Câmara sobre a estrutura prisional do País, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que o governo abriu sete mil novas vagas para presos no ano passado e vem agindo para melhorar a situação. Ele lembrou, porém, que esse é um trabalho conjunto, que precisa do apoio de estados e municípios. Cardozo defendeu a separação dos presos de maior periculosidade dos menos perigosos dentro de presídios de segurança máxima. Ele ressaltou que os menos violentos convivendo com chefes de facções, em presídios em péssimas condições, acabam se tornando perigosos até como forma de sobrevivência. O ministro disse ainda que colocou o equipamento de rastreamento de criminosos à disposição da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo e que, agora, cabe ao governo paulista decidir se usará ou não o equipamento. Na semana passada, em um encontro com empresários paulistas sobre presídios, José Eduardo Cardozo disse que preferia morrer a cumprir uma pena longa em uma prisão brasileira. (TM) Diretor do INSS promete resolver questão das aposentadorias rurais indeferidas Oscar Telles O diretor de Benefícios do INSS, Benedito Adalberto Brunca, afirmou ontem, em audiência pública na Comissão de Agricultura, que o INSS já está examinando os casos de não concessão de aposentadoria ao produtor rural em razão de suposta renda elevada. “Interpretações de âmbito local têm repercutido em decisões ou pareceres de procuradorias federais, e isso tem dado respaldo para servidores indeferirem o benefício por renda tida como elevada”, explicou. Segundo Benedito, em 2011, foram apresentados www.camara.leg.br mais de 600 mil pedidos de aposentadoria rural por idade: mais de 520 mil foram despachados, cerca de 343 mil concedidos, e quase 180 mil indeferidos. Dentre os pedidos negados, segundo o diretor do INSS, 90% foram por dificuldades de comprovação da atividade rural. Condição - O autor do requerimento para realização da audiência, deputado Assis do Couto (PT-PR), ressaltou que o servidor do INSS não pode indagar o agricultor sobre renda, pois isso não faz parte da legislação atual. “O INSS melhorou muito, mas fico triste que dali de dentro saia um agricultor decepcionado porque teve o seu direito legítimo negado”, afirmou. Na opinião do secretário de Políticas Sociais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), José Wilson Gonçalves, o INSS precisa melhorar o quadro de servidores. Já a presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário, Jane Lúcia Berwanger, acredita que o servidor fica inseguro para conceder o benefício. Regras - Tem direito à aposentadoria o agricultor que comprove a atividade rural, com 60 anos de idade (homem) e 55 anos (mulher), que tenha trabalhado no campo, no mínimo, durante 15 anos. Estão enquadrados na categoria de segurado especial os trabalhadores rurais que produzem em regime de economia familiar, sem utilização de mão de obra assalariada. Disque - Câmara 0800 619 619 8 ECONOMIA Brasília, 21 de novembro de 2012 Orçamento aprova parecer preliminar sem mudança no valor das emendas Janary Júnior A Comissão Mista de Orçamento aprovou ontem o relatório preliminar da proposta orçamentária de 2013, que traz as regras para apresentação das emendas parlamentares. O texto estabelece que cada parlamentar (deputados e senadores) poderá apresentar até R$ 15 milhões em emendas. Esta é a primeira vez, desde 2001, que o valor é mantido de um ano para o outro. De acordo com o relatório, dos R$ 15 milhões, R$ 2 milhões devem ser destinados obrigatoriamente para investimentos no âmbito do Ministério da Saúde. No total, as emendas individuais vão somar R$ 8,91 bilhões no Orçamento do próximo ano. O prazo para apresentação das emendas começa nesta quarta (21) e vai até o dia 29. As emendas são destinadas para pequenos investimentos e custeios nas bases eleitorais dos parlamentares, como construção de quadras esportivas, compras de ônibus escolares e ampliação de prontos-socorros. As emendas das comissões da Câmara e do Senado e das bancadas regionais não têm limite e devem ser apresentadas no mesmo prazo. Para o relator-geral da proposta orçamentária, senador Romero Jucá (PMDBRR), a manutenção do valor das emendas é uma prova de que o Congresso reconhece a necessidade de não elevar as despesas para o próximo ano. Segundo ele, a proposta orçamentária de 2013 está “apertada”, e qualquer elevação de gastos deve ser vista com cuidado. “Temos menos recursos para trabalhar neste ano do que houve no ano passado. O Congresso entendeu isso”, avaliou Jucá. Ele afirmou que a proposta de 2013, no seu conjunto, é apenas 1,2% superior à de 2012 (respectivamente, R$ 2,251 trilhões e R$ 2,225 trilhões). Entre 2010 e 2011, por exemplo, a proposta Bancada feminina quer mais recursos para combater violência contra mulher Em reunião com movimentos de mulheres ontem, a bancada feminina decidiu atuar mais fortemente junto à Comissão Mista de Orçamento para elevar os recursos reservados para as políticas públicas de enfrentamento à violência contra a mulher em 2013. O orçamento da Secretaria de Políticas para as Mulheres proposto pelo governo para o próximo ano teve queda de 40% em relação ao aprovado para 2011. A coordenadora da bancada, deputada Janete Rocha Pietá (PT-SP), informou que vai procurar o presidente da comissão, deputado Paulo Pimenta, para buscar os recursos. A deputada Fátima Bezerra (PT-RN) sugeriu a atuação junto aos dez relatores setoriais do Orçamento de 2013. Já a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) propôs a inclusão de dispositivos anticontingenciamento nas emendas parlamentares destinadas às políticas públicas relacionadas às mulheres. Durante a reunião, a representante do Movimento dos Atingidos por Barragens, Lívia Gonçalves, denunciou que as grandes obras de infraestrutura que estão ocorrendo no País têm tido o efeito de aumentar a exploração de mulheres por meio da implantação de prostíbulos. Leonardo Prado A votação foi possível depois que o presidente da Comissão de Orçamento, deputado Paulo Pimenta, intermediou um acordo de procedimentos com a oposição e a base aliada orçamentária cresceu 7,3%. Como tem acontecido nos últimos anos, o parecer preliminar concede poderes amplos para o relator-geral na definição de uma série de despesas. Caberá a Jucá centralizar a negociação sobre eventuais reajustes a servidores públicos. Também está nas mãos dele definir despesas específicas, como a compensação para estados exportadores (Lei Kandir), as ações do Plano Brasil Sem Miséria e eventuais reajustes nos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Acordo - A votação foi possível depois que o presidente da Comissão de Orçamento, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), intermediou um acordo de procedimentos com a oposição e a base aliada. Os parlamentares concordaram com a votação do parecer preliminar e da Medida Provisória 583/12, que também tramitava na comissão. Em troca, o governo se dispôs a negociar com os líde- res o aumento da execução das emendas individuais do Orçamento deste ano. Mas o acordo tem data de validade: se até o início da discussão dos dez relatórios setoriais, daqui a duas semanas, não houver um entendimento com o governo, poderá haver obstrução às reuniões da comissão e do Plenário do Congresso, onde tramitam projetos de crédito adicional de interesse do Executivo. “Caso o acordo não seja cumprido, que o governo não venha responsabilizar a oposição pela não aprovação do Orçamento”, disse o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). Seca no Nordeste - Além do parecer preliminar, a comissão aprovou a Medida Provisória 583/12, que abre um crédito de R$ 676 milhões, no Orçamento em vigor, para os municípios brasileiros que sofrem com a escassez de chuva, principalmente na região do semiárido do Nordeste. O texto será examinado agora pelo Plenário da Câmara. Projeto que cria legislação específica para setor de seguros não tem consenso em audiência Rodrigo Bittar O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, defendeu ontem a manutenção da “espinha dorsal” do Projeto de Lei 3555/04, que cria uma legislação específica para o setor de seguros. Cardozo, que apresentou o projeto na época em que era deputado, declarou que suas preocupações passam por aumentar a previsibiliwww.camara.leg.br dade e a segurança jurídica no setor e “balizar direitos dos consumidores”. Ele participou de audiência pública sobre o projeto, realizada na comissão especial que trata do assunto. Segundo Cardozo, por mais que o sistema brasileiro seja eficiente, conforme creem representantes das seguradoras, contrárias à proposta, “não é razoável” que um setor que mobiliza tantos recursos seja regulado sem a participação do Legislativo, apenas com normativos infralegais editados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) e, em menor escala, pelo Código Civil. Posição contrária - A posição de Cardozo encontrou avaliação contrária no debate, a do secretário-executivo-adjunto do Ministério da Fazenda, Diogo de Oliveira. Para ele, o sistema de seguros brasileiro é exemplo mundial de qualidade e não precisaria de uma ampla legislação. Na explicação do secretário, os contratos considerados de menor valor, como os de automóveis e pessoais, já são padronizados e possuem uma regulação satisfatória. Os de “média complexidade”, acrescentou, não teriam uma padronização total e dependeriam de alguma flexibilidade para atender eventuais diferenciações. Disque - Câmara 0800 619 619