Economia do meio ambiente
Elizabeth Nogueira Fernandes
Aula 2 - 2009
Economia do meio ambiente
• A história da humanidade é marcada por avanços
jamais vistos no domínio das técnicas e dos
processos de produção de bens materiais.
• Hoje somos capazes de produzir em quantidades
maiores e com melhor qualidade tudo o que
nossos antepassados produziam, como também
temos acesso a produtos que há 20 anos não
seriam nem imagináveis
• Todo este avanço não terá seu preço????
• Em 1968 – trabalho intitulado “Limites do
crescimento”
• Sugerem uma resposta a essa pergunta:
– O ritmo de crescimento da economia mundial
só se sustenta graças a uma progressiva e
insaciável exploração dos recursos naturais e ao
comprometimento das condições do meio
ambiente humano
• Este estudo teve grande repercussão e gerou
uma série de previsões catastróficas quanto
ao futuro da Terra:
– Até o ano 2000 seriam praticamente esgotadas
as nossa reservas de combustíveis fósseis, o que
tornaria impossível a continuidade das
economias modernas
• Hoje o pessimismo se mostra bem menos
• Porém há questões que não podemos ignorar
• O crescimento em certos países, principalmente
em desenvolvimento, foi acompanhado de sérios
danos:
– poluição da água e do ar
– diversas espécies animais e vegetais que podem ser
úteis à humanidade no futuro estão em extinção.
• Isto é indício de que estamos fazendo algo
errado?
• Se SIM o que podemos modificar nossa
maneira de agir?
• A teoria econômica pode nos ajudar a obter
respostas a essas perguntas.
• O campo da economia que aplica a teoria a
questões ligadas ao manejo e preservação
do meio ambiente é chamado “Economia
Ambiental”
Relações entre as atividades econômicas de consumo e de produção em
relação ao nosso ambiente natural
3 funções básicas: prestação de serviços diretos ao consumo (ar, suporte e recreação),
o fornecimento de insumos para a produção (combustíveis, matérias-primas,..) e a
recepção de resíduos do consumo e da produção
• Esses usos podem estar em conflito
– Usar o ar para receber resíduos de
escapamentos restringe a respiração
– Usar a água para irrigação de uma fazenda faz
com ela se torne menos disponível para
consumo
• Conclusão: os RN são, em sua maioria,
escassos e têm usos alternativos
• Como empregar estes recursos é portanto
um problema tipicamente econômico
• Veremos a seguir, para alguns casos, que
condições devem ser satisfeitas para que esses
recursos sejam bem empregados.
• O critério que utilizaremos para julgar se o
emprego de um recurso é bom ou não, é o critério
de Pareto:
– Um estado da economia é eficiente no sentido de Pareto
quando não há nenhuma possibilidade de melhorar a
posição de pelo menos um agente dessa economia sem
que com isto a posição de outro agente seja piorada”
Poluição
• Problema ambiental mais importante: poluição ar
e água
• Dimensões globais – aquecimento global, camada
de ozônio
• Contaminação de recursos hídricos:
comprometimento da pesca e agricultura; aumento
do custo de tratamento de água
• Poluição do ar nas grandes cidades: doenças
respiratórias, destruição de patrimônio cultural...
Poluição
• Do ponto de vista da economia: Externalidade
• Externalidade: “é o efeito do consumo ou produção de
um bem ou serviço por um agente econômico e que
afeta involuntariamente outro agente sem a devida
compensação ou remuneração”
• A externalidade pode ser um efeito positivo ou
negativo
• A poluição é considerada uma externalidade negativa,
um efeito externo do processo de produção que afeta a
comunidade.
Poluição
• Exemplos:
• A fumaça que sai do escapamento de um
veículo – afeta bem-estar dos pedestres
• Uma firma que polui um rio pode afetar a
produtividade de um pescador
Poluição
• Suponha que em um lago operem duas
companhias: uma química e uma pesqueira
• A química usa o lago como receptor de seus
resíduos
• A pesqueira usa o lago como fonte de pesca
Poluição
• Se a companhia química quiser reduzir suas emissões
de poluentes, terá que incorrer em custos para
tratamento dos resíduos ou reduzir sua produção 
redução do lucro
• Interesses conflitantes
• A companhia pesqueira gostaria que a química
reduzisse a sua emissão de poluentes par poder obter
lucro maior
• Como este dois interesses deveriam ser conciliados??
Solução
Química sem estímulo  8 ou 7
Lucro = R$2.000,00
É eficiente?
Verificar se uma mudança no nível de poluição melhoraria
para as duas companhias
• De 8 para 7: lucro de A não reduz e o da B cresceria de
R$1.800,00 para R$2.160,00 (aumento de R$360,00)
• De 7 para 6 ganho da pesqueira seria de R$280,00 e
poderia compensar a redução no lucro da B que é de
R$10,00
• Máximo: 4 ou 3 unidades de poluição  poluição ótima
•
•
•
•
• A emissão de poluição traz, do ponto de vista
social, custos e benefícios.
• O custo associado à poluição é a redução no lucro
da companhia pesqueira
• O benefício é o aumento no lucro da companhia
química
• O nível eficiente de emissão seria atingido quando
a diferença entre benefício total e o custo total
fosse máxima
• Benefício marginal: benefício de uma unidade
adicional de poluição (aumento no lucro devido ao
aumento de de uma unidade de poluição)
• Custo marginal: redução no lucro da companhia
pesqueira associada a emissão desta unidade de
poluição
• Benefício marginal > custo marginal >
diferença entre os dois
• Nível eficiente de poluição = benefício marginal =
custo marginal
Poluição òtima
Teorema de Coase
• A companhia química não está contudo não
está preocupada com questões de eficiência
• O que ela busca é lucro máximo e com isto
deve emitir 7 ou 8 unidades de poluição
(lucro de R$2.000,00)
• O que poderíamos fazer para garantir que
essa companhia reduzisse suas emissões
para o nível ótimo (4 unidades)?
Teorema de Coase
• Ronald Coase  sugeriu que a companhia
química seria levada a emitir o nível ótimo
de poluição, desde que fosse claramente
determinado se é ela que tem direito de
poluir quanto quiser ou se é a pesqueira que
tem direito a água limpa
Teorema de Coase
• Caso 1 – ninguém pode poluir o lago sem a
autorização expressa da companhia
pesqueira
– Ela só permitiria poluição se fosse compensada
na perda de seus lucros
– Até quando a companhia química estaria
disposta a pagar? (benefício marginal > custo
marginal) = 3 ou 4 unidades
Teorema de Coase
• Caso 2 – a companhia química pode poluir
o lago o quanto quiser
– A pesqueira é que tem interesse de pagar pela
não poluição
– Até quando a companhia pesqueira estaria
disposta a pagar? (benefício marginal < custo
marginal) = não emitir a 8, 7, 6 ou 5
Teorema de Coase
• “se os direitos de emissão de externalidades
(como poluição) são adequadamente
definidos e não há custos de transação entre
as partes, a livre negociação entre as
mesmas deve levar ao nível ótimo de
emissão dessas externalidades”
Teorema de Coase
• Parece sugerir que os problemas de poluição
podem ser facilmente resolvidos desde que haja
claramente definido a quem pertence o direito
sobre a emissão de poluição
• Na maioria dos casos que envolve poluição a
aplicação deste princípio é impossível
• Porque a poluição costuma ter um caráter de bem
público (o seu consumo por parte de uma pessoa
não reduz a quantidade disponível para os outros)
Teorema de Coase
• Comportamento “free-rider” (carona ou
oportunista)– se existissem mais
companhias pesqueiras e umas não estivesse
dispostas a colaborar, elas ganhariam os
benefícios sem os custos envolvidos
• Free-rider – pessoa que usufrui do bem
público sem pagar por ele.
Perguntas
• O que é uma externalidade?
• Porque a poluição pode ser entendida como
uma externalidade negativa?
• O que diz o teorema de Coase
• O que inviabiliza a aplicação do teorema de
Coase?
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