TECNOLOGIA Antidoping em casa Chega ao Brasil detector que permite fazer teste de drogas mesmo sem que o testado saiba AIDA VEIGA Maurilo Clareto/ÉPOCA Quando desconfiam que o filho está usando drogas, os pais ficam obcecados atrás de provas. Poucos têm coragem de pedir que ele faça o teste da urina - atitude que costuma minar um relacionamento já delicado. Começa a ser vendido neste mês nas farmácias de todo o país o drugwipe - um detector de drogas caseiro. É só passá-lo na pele da pessoa ou numa superfície com a qual ela tenha tido muito contato - telefone, mouse de computador, alça de bolsa ou roupa suada. Equipado com anticorpos específicos para cada tipo de droga, o teste aponta a presença de quantidades míninas da substância. Ele funciona como uma vacina para varíola, por exemplo, que leva o organismo a reagir quando submetido ao vírus. Como o corpo, o drugwipe 'reage' na presença da substância: seu visor vai ficando cada vez mais avermelhado. O resultado aparece em dois minutos e o aparelho verifica o consumo de drogas em um prazo de até cinco dias. Há quatro versões que detectam diferentes tipos de droga: maconha e derivados como haxixe; opiáceos como morfina e heroína; cocaína em todas as formas - pó, pasta, crack -, e o grupo das anfetaminas, que inclui o ecstasy. Os quatro tipos serão vendidos por US$ 13 cada. Uma quinta versão, que conjuga testes para anfetaminas e cocaína, custará cerca de US$ 16. 180 milhões de pessoas usam drogas no mundo. No Brasil, 25% dos jovens já experimentaram algum tóxico O drugwipe ficou popular porque possibilita aos pais fiscalizar o filho sem que ele saiba. Inventado na Alemanha em 1997, tem uma produção anual de 500 mil unidades. Sua eficácia é próxima de 100% e foi comprovada pela DEA - Agência Nacional Antidrogas do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Países como Inglaterra, Alemanha e França usam o detector junto com o bafômetro para checar o estado físico dos motoristas. Escolas americanas e européias adotaram programas antidrogas a partir de seu uso. 'Elas conjugam palestras e atividades educacionais com testes para verificar quem está trazendo o tóxico para dentro da escola', conta Linaldo Pimentel, diretor da SecureTech, empresa alemã fabricante do aparelho. Maurilo Clareto/ÉPOCA Egberto Nogueira/ÉPOCA ARMA Com cinco versões para vários tipos de droga, inclusive crack, o drugwipe será usado por pais que desconfiam dos filhos Como cada detector só pode ser utilizado uma vez, o custo é alto. Apesar de tê-lo aprovado em testes, a polícia brasileira não vai usá-lo nas ruas. O controle ficará mesmo por conta das famílias. 'É um recurso que permitirá aos pais perceber prematuramente o problema para combatê-lo', diz o toxicologista Otávio Brasil. 'É arriscado, porque tanto pode ser usado dentro de um programa de prevenção como servir de instrumento de perseguição', diz o médico Arthur Guerra de Andrade.