OLIBERAL 12 PODER BELÉM, QUINTA-FEIRA, 24 DE JULHO DE 2014 RESPONSABILIDADE SOCIAL [email protected] ROSÂNGELA MAIORANA KZAN DIVULGAÇÃO CONHECIMENTO Ribeirinhos são conscientizados sobre a necessidade de preservação MARCELO SEABRA / O LIBERAL Programa estimula consciência ambiental BRENDA PANTOJA Da Redação P Voluntários do Grupo Hélio Oliveira mostram às crinças na Ilha do Combu que é possível explorar sem devastar o meio ambiente Achievement é bastante voltada para o empreendedorismo e, no primeiro momento deste projeto, o público são os alunos ribeirinhos, falamos muito sobre as atividades artesanais e extrativistas que fazem parte da vivência deles. Tentamos mostrar meios de desenvolvimento sustentável, como explorar sem devastar o meio ambiente”, explica Mário Eurípedes, coordenador artístico do LBB. “Mesmo participando do treinamento, nós ficamos livres para usar a linguagem clown, relacionada aos palhaços, e elaborar uma abordagem artística para envolver as crianças”, ressalta Mário Eurípedes, que é um dos atores que emprestam a voz e dão vida aos bonecos de fantoche da turma do Doutor Bené, os personagens criados pelo Laboratório, que, com músicas e brincadeiras, transmitem às crianças e aos adolescentes conceitos como valorização da família, higiene e respeito aos animais. Além do teatro de bonecos, que se apresenta em abrigos, escolas e hospitais, os funcionários do LBB participam como voluntários do Grupo Hélio Oliveira. Desde 2003, o grupo DIVULGAÇÃO romover a educação ambiental desde cedo é essencial para as populações ribeirinhas de Belém, que interagem diretamente com a natureza nas 39 ilhas que cercam a cidade. Abordar as consequências da poluição nas salas de aula e fazer os alunos conscientes das suas responsabilidades no meio ambiente desde cedo é o objetivo do programa “Nossa Casa, Nossa Escola”. A iniciativa começou a ser executada neste ano e é uma parceria da fundação Junior Achievement Pará, da Secretaria Municipal de Educação (Semec) e do Laboratório Beneficente de Belém (LBB), por meio do Grupo Hélio Oliveira – Viver é Amar. No primeiro semestre, foram visitadas as Unidades Pedagógicas Santo Antônio, na Ilha do Combu e Nossa Senhora dos Navegantes, na Ilha da Várzea. As próximas escolas a receberem o programa até o final do ano ainda serão definidas. A proposta é conscientizar os estudantes do ensino fundamental, entre o 1º e o 4º anos, sobre a necessidade de preservar o ambiente, levando até eles conhecimentos relacionados a recursos naturais, reciclagem e empreendedorismo sustentável de um modo prático. Para isso, tanto os voluntários quanto os educadores precisam passar por capacitação oferecida pela Achievement, responsável pelo programa. Durante o bimestre, os professores integram as diretrizes do programa ao currículo escolar e tratam do tema em várias aulas. Na “ação de culminância”, que encerra o módulo com dinâmicas e brincadeiras, é que entra a equipe do grupo Hélio Oliveira. “Como a Em outra ação, voluntários dão assitência a 1.500 famílias do Lixão do Aurá AÇÕES “Tentamos mostrar meios de desenvolvimento sustentável”, diz Mário Eurípedes Por ano, mais de 1.500 famílias de comunidades próximas ao lixão do Aurá recebem assistência, assim como as quase 60 crianças e adolescentes que vivem no Lar da Tia Socorro, no bairro do Tapanã. “São realizadas ações especiais de Dia das Crianças e Natal, entre outras ocasiões, então o número de pessoas alcança- atende comunidades carentes de forma lúdica e educativa, ajudando também com doações de roupas e alimentos. das é ainda maior. É também nesses períodos que aumenta a quantidade de voluntários”, afirma o diretor de marketing do LBB, Marcos Porpino. Se, normalmente, os projetos sociais mobilizam em torno de 40 funcionários, nas datas festivas o time chega facilmente a 60 pessoas, incluindo clientes que fazem questão de deixar doações e acompanhar o trabalho pessoalmente. Os mascotes, personagens do Teatro de Bonecos, foram criados há oito anos e desde 2008, são feitas apresentações diárias em quatro das 22 unidades do Laboratório. Os dois projetos caminham de mãos dadas, pois os fantoches acompanham as atividades do “Viver é amar”. “As peças são montadas para abordar vários temas: uso racional dos recursos ambientais, alimentação saudável, respeito pelos familiares, entre outros aspectos”, explica Mário. A inspiração são os Doutores da Alegria, organização que atende crianças hospitalizadas em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, há 20 anos. No ano passado, a empresa investiu na gravação de um CD e um DVD da “Turma do Doutor Bené”, que tiveram grande aceitação pelo público infantil. “O retorno foi surpreendente e acima das expectativas, as produções tiveram uma resposta muito positiva nas escolas e hospitais. Estamos programando, inclusive, espetáculos em locais públicos. As apresentações devem começar neste semestre”, conta. A companhia Lábia Teatral, que interpreta os mascotes, recebe em média oito convites por mês. O planejamento e a atuação na área social renderam ao LBB, em 2013, o selo “Empresa Amiga da Criança”, concedido pela Fundação Abrinq. Um dos critérios é que a instituição reserve uma porcentagem da renda anual para investir em ações que beneficiem crianças e adolescentes. Marcos Porpino frisa que a instituição foi o primeiro laboratório regional a receber o certificado. “Esse reconhecimento nos dá mais credibilidade e abre as portas para novas parcerias, que futuramente podem gerar novos projetos, é uma ideia que não descartamos”, declara o diretor administrativo do Laboratório, Flávio Porpino. Ele destaca também o projeto Saúde na Cidade, que atende 400 pessoas todos os dias, em diversos pontos da capital paraense. Em locais como a Praça Batista Campos, Bosque Rodrigues Alves, Museu Emilio Goeldi, avenida Marquês de Herval, avenida João Paulo II, Praça Brasil e Praça da Bíblia, é possível encontrar técnicos de enfermagem do LBB que realizam, gratuitamente, exames de verificação da pressão, peso, altura, índice de massa corporal e circunferência abdominal. “O diferencial desse trabalho é que ele é contínuo, de graça e abrange um grande número de pessoas. Algumas até se fidelizam”, aponta. Para Flávio, apostar em serviços em prol da população agrega benefícios para a empresa e para os clientes. “Investir em projetos sociais é uma tendência mundial no mundo corporativo. Cada vez mais, as empresas procuram dar um retorno para a sociedade. O poder público, por mais eficiente que seja, mesmo nos países de primeiro mundo, não é capaz de dar conta de tudo sozinho. Aí é que entra o setor privado, para tentar fazer uma ponte com projetos nas mais diversas áreas. Seja esporte, educação ou saúde, sempre haverá uma parcela que não tem acesso a determinados serviços e será beneficiada”, pontua. FOTOS: MARCELO SEABRA / O LIBERAL Desempenho social garante ao LBB o selo “Empresa Amiga da Criança” Flávio Porpino, João Victor e Mário Eurípedes: grupo mais unido e espiritualizado VOLUNTARIADO Ainda de acordo com Flávio, os efeitos das políticas sociais dentro da instituição são “grupo mais unido e espiritualizado e colaboradores mais orgulhosos”. “As iniciativas do terceiro setor só vão para frente e valem a pena se houver dedicação de verdade das empresas”, completa. Prova da teoria de Flávio é o auxiliar administrativo João Victor Bittencourt, de 28 anos. Ele já participava de trabalhos voluntários há oito anos, mas só conheceu o Grupo Hélio Oliveira há dois. “Gosto de dizer que sou pau pra toda obra, ajudo no que for preciso. Não sou ator, mas posso ser motorista, organizo as crianças nas brincadeiras, entre outras tarefas para garantir a infraestrutura necessária”, garante. Somente depois de se envolver com o projeto foi que ele se tornou funcionário do LBB. João Victor considera estimulante trabalhar em uma empresa com atuação social, pois causa satisfação pessoal e fortalece os vínculos entre os empregados. “Essa experiência, esse contato com as crianças é uma grande felicidade. A gente vai lá para dar alegria, amor e esperança a elas, mas nós recebemos tudo isso de volta e ficamos fortalecidos. Não tem preço trocar seus dias de folga ou mesmo um feriado para estar com esses meninos e meninas. É um trabalho que muitas vezes requer vigor e a gente volta para casa cansados, mas com um sorriso estampado no rosto”, descreve. João Victor é um dos que participou do treinamento promovido pela Achievement, em abril, e aprendeu melhor como transmitir às crianças noções de empreendedorismo e sustentabilidade. “A ideia é fazer elas se sentirem inseridas no meio ambiente, porque os ribeirinhos, principalmente, vivem em contato 24 horas com a natureza. Então, é preciso trabalhar com o imaginário da criança e estimular a conscientização ambiental”, define. Junior Achievement usa o empreendedorismo para transformar Com o lema “Empreendedorismo para transformar”, a Junior Achievement realiza, em todo o Brasil, 18 programas voltados para estudantes do 3º ano do ensino fundamental até o primeiro ano da faculdade. Mantida pela iniciativa privada, a organização promove a educação prática em economia em negócios desde 1919, quando foi criada nos Estados Unidos. Ela chegou no Pará somente em 2005 e, desde então, já atendeu quase 50 mil alunos. As parcerias, como a firmada com o LBB, são essenciais para estender o alcance da entidade, segundo a gerente executiva da instituição no Estado, Ocirema Figueiredo. A Achievement tem como missão incentivar o espírito empreendedor e o desenvolvimento pessoal nos jovens, ainda na escola, proporcionar uma visão clara do mundo dos negócios e facilitar o acesso ao mercado de trabalho. Promover a conscientização ambiental é uma das preocupações no mundo empresarial e é o tema de cinco dos 25 cursos ofertados pelo escritório local. Entre eles, está o “Nossa Casa, Nossa Escola”. “É muito relevante integrar os alunos desde cedo e dis- cutir sobre meio ambiente, sobre consumo consciente e tudo que esse tema engloba. Por ser um público mais novo, de menor faixa etária, trabalhamos em conjunto com o Grupo Hélio Oliveira para levar uma programação lúdica e incrementar o trabalho. Fornecemos o material didático e o treinamento para 15 pessoas do Laboratório e da Semec”, es- clarece Ocirema. Ao longo da vida escolar, os estudantes continuam envolvidos na fundação. Em uma das ações, jovens do ensino médio recebem acompanhamento, durante três meses, nas áreas de marketing, finanças, recursos humanos e produção. A proposta da orientação profissional é auxiliar na escolha da carreira e preparar para o mercado. “O foco é despertálos para o futuro. O programa abre caminhos para conscientização ambiental e contribui para formar verdadeiros multiplicadores da cultura do uso sustentável dos recursos naturais”, complementa. Todos os programas e seus respectivos conteúdos programáticos estão disponíveis para consulta no site www.japa.org.br.