PANORAMA DAS EMPRESAS DE LATICÍNIO DO ESTADO DE GOIÁS
Thaysa dos Santos Silva¹*; Edmar Soares Nicolau²; Marília Cristina Sola¹; Cíntia Silva
Minafra e Rezende²; Hugo Telles Costa³; Gisely Lázara Prado Santos4.
¹Mestranda, UFG, Escola de Veterinária, Programa de Pós-graduação em Ciência
Animal, Goiânia, Goiás, Brasil. ²Doutor, UFG, Escola de Veterinária, Departamento de
Medicina Veterinária, Goiânia, Goiás, Brasil. ³Graduando de Agronomia da UFG.
4
Graduanda de Engenharia de Alimentos da UFG.
*Endereço para correspondência: [email protected]
INTRODUÇÃO
O Brasil ocupa a quarta posição em produção mundial de leite e há expectativas
de que o setor lácteo consiga gerar mais lucros à economia. A pecuária leiteira nacional
vem ganhando espaço considerável nos últimos anos visto seu crescimento em produção
e requisitos para qualidade do leite produzido (SIQUEIRA & ALMEIDA, 2010). A
produção de leite encontra-se distribuída por todo o país, porém os produtores de maior
relevância concentram-se nas bacias leiteiras tradicionais localizadas nos estados de
Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul (HOTT & CARVALHO,
2007).
Com as mudanças ocorridas na cadeia produtiva do leite desde o início da
década de 90, aumentou-se o interesse de grandes empresas internacionais quanto ao
investimento no segmento, redefinindo assim os padrões de concorrência, colocando em
“xeque” produtores de leite e empresas de laticínios. No elo industrial, assistiu-se aos
avanços de empresas privadas, sobretudo transnacionais, em movimento de aquisição
ou incorporação de empresas privadas e cooperativas brasileiras (ÁLVARES et al.,
2002; MARTINS, 2004).
As indústrias de laticínio em Goiás estão inseridas na cadeia produtiva do
agronegócio do leite, sendo responsáveis por realizar o beneficiamento do leite no
estado, e, portanto, contribuir para agregação de valor ao produto acabado. Segundo a
Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás - FAEG (2009), o estado de Goiás possui
um parque industrial de lácteos moderno, atendendo com folga à demanda do setor,
além da ociosidade presente em diversas indústrias.
Desta forma, objetivou-se caracterizar as empresas de laticínios (constituídas de
posto de refrigeração, usina de beneficiamento ou indústria de laticínio), instaladas no
estado de Goiás, estando sob fiscalização do serviço de inspeção federal (SIF) e estadual
(SIE), no que se refere ao número de empresas, porte (tamanho) e média de recebimento
de leite por dia.
MATERIAL E MÉTODOS
As informações utilizadas neste trabalho foram obtidas a partir de relatórios
disponibilizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do
Estado de Goiás e pela Agência Goiana de Defesa Agropecuária do estado de Goiás
(AGRODEFESA), no período de junho de 2009 a junho de 2010. As empresas de
laticínio foram contabilizadas e reunidas em grupos que vão de A (até 5.000 litros de
leite) a H (acima de 500.000 mil litros de leite), conforme o recebimento de leite cru
diário, estabelecendo-se também uma média de recebimento de leite por dia. Os dados
foram analisados e convertidos em proporções e dispostos em gráficos para melhor
apresentar os dados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados obtidos estão dispostos nos Gráficos 1 e 2. Analisando a distribuição
dos grupos, observa-se que cerca de 66% das empresas de laticínio do estado de Goiás
recebem até 5 mil litros de leite por dia (grupo A), sendo que 87,2% estão sob
fiscalização do SIE e apenas 12,8% estão sob fiscalização do SIF (Gráfico 1). Este
grupo recebe em média, cerca de 4% do leite armazenado diariamente em todas as
empresas do estado, sendo 80,5% advindo de empresas sob fiscalização do SIE e 19,5%
do SIF. Já no grupo B, que recebe acima de 5 mil litros leite/dia ocorre uma inversão
nestes valores, no qual a maioria das empresas estão sob fiscalização do SIF e recebem
as maiores quantidades de leite.
GRÁFICO 1: Distribuição das empresas de laticínio de Goiás quanto ao recebimento de
leite/dia e fiscalização sanitária (2009)
GRÁFICO 2: Classificação das empresas de laticínio de Goiás de acordo com o
recebimento de leite cru/L/dia (2009)
De acordo com os dados expostos, pode-se observar um maior número de
empresas nos grupos com menor recebimento de litros de leite/dia e uma predominância
de estabelecimentos sob fiscalização federal nos grupos que recebem acima de 20 mil
litros de leite/dia. Sabe-se que as empresas de laticínio sob SIF possuem autorização de
comercializar seus produtos dentro de todo o país e ainda exportá-los, por isso exige-se
uma maior capacidade do processo produtivo. Para que haja esta autorização as
empresas são obrigadas a seguir legislações nacionais específicas e adotar critérios
internacionais, tendo a obrigação de melhorar a produção e qualidade do leite
comercializado.
No que tange as pequenas empresas, em função do seu baixo investimento,
muitas ainda não possuem sistemas de gestão da qualidade eficientes para que estejam
sob SIF, pois esta apresenta maiores exigências com relação às boas práticas de
fabricação e conservação de alimentos, por isso continuam sob SIE, este que apresenta
requisitos básicos para comercialização dos produtos no âmbito estadual.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As empresas de laticínio em Goiás são em sua grande maioria de pequeno porte,
sendo fiscalizadas principalmente pelo Serviço de Inspeção Estadual (SIE). As
empresas de médio a grande porte estão sob fiscalização do SIF e recebem uma grande
quantidade de leite por dia. Assim, à medida que aumenta o volume de leite recebido
diminui a quantidade de empresas.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Superintendência do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA/GO) e Agência Goiana de Defesa Pecuária (AGRODEFESA).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ÁLVARES, J. G.; NOGUEIRA NETTO, V.; MARTINS, P. C.; BARROSO, M.
Perspectivas para o cooperativismo de leite no Brasil. In: VILELA, D.; BRESSAN, M.;
BRASIL, Empresa Brasileira Gado de Leite (EMBRAPA). Sistema de Produção de
Leite (Cerrado). 2002. Disponível em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/
FontesHTML/Leite/LeiteCerrado/introducao.html. Acessado em: 24 de jun. 2010.
FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DE GOIÁS (FAEG). Diagnóstico
da Cadeia Produtiva do Leite de Goiás: relatório de pesquisa. Goiânia: FAEG.
2009. Disponível em: http://www.faeg.com.br/index.php?option=com_phocadownload
&view=category&id=2&Itemid=109. Acesso em: 12 mai. 2010.
HOTT, M. C.; CARVALHO, G. R. Análise espacial da concentração da produção de
leite no Brasil e potencialidades geotecnológicas para o setor. Anais XIII Simpósio
Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Florianópolis, p. 2729-2736, abril, 2007.
MARTINS, M. C. Competitividade da cadeia produtiva de leite no Brasil. Revista de
Política Agrícola. Ano XIII - Nº 3 - Jul./Ago./Set. 2004.
SIQUEIRA, K. B.; ALMEIDA, M. F. Projeções para o mercado lácteo mundial.
Panorama do Leite online- Centro de Inteligência do Leite- CILeite. Ano 4, n. 43,
junho 2010. Disponível em: <http://www.cileite.com.br/panorama/conjuntura42.html>.
Acesso em: 15 jun. 2010.
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