3ª Jornada de Serviço Social do INCA Direitos Sociais e Integralidade em Saúde Interfaces da Questão Social, Gênero e Oncologia Let ícia Batista Silva Letícia Assistente Social HCII/INCA Rio de Janeiro, 1 de julho de 2011. Questão Social? Questão Social diz respeito ao conjunto das expressões das desigualdades sociais engendradas na sociedade capitalista madura. Tem sua gênese no caráter coletivo da produção contraposto a apropriação privada da própria atividade humana – o trabalho – das condições necessárias a sua realização, assim como de seus frutos. A Questão Social expressa, portanto, as disparidades econômicas, políticas e culturais das classes sociais, mediatizadas por relações de gênero, características étnico raciais, orientação sexual, formações regionais, entre outras. Fonte: produções JP Netto e Marilda Iamamoto. Fonte: http://arguciapopular.wordpress.com/ Cenário Internacional Pós 70 • • • • • • • • Crise do capitalismo monopolista; Revolução tecnológica e impactos no mundo do trabalho; Desemprego estrutural; Retrocesso do poder sindical/solapamento da organização da classe trabalhadora; Forte volatilidade do mercado de trabalho; Capital financeiro em detrimento do capital produtivo; Papel do Estado: garantia da expansão do capital financeiro e corte nos gastos sociais e impactos nas políticas sociais. Resultado: desregulamentação dos direitos sociais e a implementação de políticas sociais focalizadas, descentralizadas e seletivas. Alteração na relação entre Estado e sociedade civil. Brasil anos 90 Duplo Movimento: Constituição de 1988 ↔ Implementação do Neoliberalismo Constituição Cidadã → direitos sociais, aproximação ao welfare state. Neoliberalismo → desregulamentação do direitos; precarização do trabalho flexibilização das formas de contratação; diminuição das funções do Estado destinadas aos trabalhadores; entre outras. Destaque para divisão sexual do trabalho: as mulheres representam cerca de 40% da força de trabalhos em paises de capitalismo avançado (no Reino Unido a força de trabalho feminina supera a masculina), entretanto a expansão dos postos de trabalho não foi acompanhada de remuneração equiparada a masculina. Trabalho feminino como emancipação e trabalho feminino como exploração. Fonte: Ricardo Antunes em Os Sentidos do Trabalho (2002). No portal OUL em 11/11/2010 Mulher chefe de família é a que trabalha mais, em casa e no emprego, diz Ipea Elas têm mais anos de estudo, se dividem entre o trabalho e os cuidados com a casa, ganham menos e trabalham mais. Este é o retrato das mulheres chefes de família traçado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), por meio do cruzamento de dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) 2009, divulgados em 2010 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Segundo o estudo, de 2001 a 2009 a proporção de famílias chefiadas por mulheres no Brasil subiu de aproximadamente 27% para 35% do total. São mulheres solteiras, separadas ou viúvas que tem filhos, solteiras sem filhos, morando sozinhas, entre outras. Mas um perfil chama a atenção: o das mulheres casadas chefiando a família mesmo tendo um marido ou companheiro em casa, com ou sem filhos. Entretanto... (...) A mulher de um casal sem filhos recebe, em média, 80% do salário dos homens. Entre os casais com filhos, a renda das mulheres chefes de família representa 73% da renda média de seus maridos. De qualquer modo, a mulher continua ganhando menos do que o homem. Com relação ao nível de escolaridade, as mulheres, independentemente da posição na família, estudaram mais anos em média, e aquelas responsáveis por famílias com filhos apresentam a mais alta escolaridade. (...) O aumento do número de chefes de família mulheres, no entanto, não implica em uma mudança nos valores familiares tradicionais. O trabalho doméstico não foi transferido para os homens, e elas têm de se dividir entre a jornada de trabalho e a doméstica. O resultado é a sobrecarga da mulher nessa configuração: a com a maior jornada de trabalho entre todos os perfis estudados. Jornada média total de trabalho por semana no Brasil - 2009 (em horas) Fonte: PNAD/IBGE A partir do contexto descrito apontam-se aspectos do perfil da usuária de atenção oncológica Processo de adoecimento X condições de vida – – – – Doença avançada; Limites para possibilidade de compreensão do adoecimento; Precarização das condições de vida e trabalho; Dificuldades de acesso ao SUS e de continuidade em fase de tratamento oncológico; – Ausente ou limitada proteção social. Mulher mãe cuidadora sem proteção social para o cuidado, Mulher cuidadora clássica, Mulher auto cuidadora ... Mulher Polivalente no Cuidado ... Perspectivas no Cuidado Integral dessas mulheres ... É necessário ... Identificação de necessidades; Transformação de necessidades em demandas; Construção coletiva e institucional de respostas a essas demandas. Pressupostos… Foco nessa mulher em processo de tratamento, a partir da escuta e das mediações. Busca da superação da pseudo-impressão de que a “paciente” pode ser “dividida” em diferentes necessidades e que essas necessidades não se comunicam; Busca da integração efetiva da paciente e família ao processo de tratamento. Desvelando o “com o que posso lidar”, “o que quero e como quero saber”. Transformações Societárias, SS e a Saúde As mudanças societárias contemporâneas produziram alterações nas demandas profissionais postas aos assistentes sociais e aos trabalhadores da saúde em geral, reconfigurando os espaços de intervenção, solicitando a associação da leitura crítica das macro estruturas com o desvelamento do cotidiano das instituições e, principalmente, o desvelamento a realidade em que está inserido o usuário e as condições do seu adoecimento! Contribuições do Serviço Social para a Integralidade Oncológica Orientado pelo PEP ... Profissão que empreende uma prática de caráter social, educativa e política de enfrentamento das variadas expressões da questão social; Vinculação radical à efetivação, ampliação e defesa dos direitos sociais; Construção da cultura do público e do exercício de práticas democráticas; A prática do assistente social no contexto de educação-formação em serviço adota uma um saber-intervenção que se contrapõe às ações isoladas e dicotomizadas historicamente encontrados no campo da atenção oncológica, na chamada alta complexidade! É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso sonho, de observar com atenção a vida real, de confrontar a observação com nosso sonho, de realizar escrupulosamente nossas fantasias. Sonhos, acredite neles! V. I. Lenin Obrigada!