Vamos Escrever! 4 “Deve-se aprender lendo mais em profundidade do que em largura”. Quintiliano. Com base na leitura dos textos motivadores a seguir e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema A PUBLICIDADE E SEUS ENTRAVES PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE JUSTA E RESPONSÁVEL, apresentando proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. Texto I A propaganda hoje é o carro-chefe do mercado, pois o dever da propaganda é criar necessidades e mais necessidades, seduzindo o consumidor, de modo que se torne quase impossível a realização completa dessas aspirações. Sempre há algo mais novo e mais eficiente que suprirá uma necessidade que, até então, o consumidor não tinha atentado e assim, dia após dia, o consumidor “coisificado” é bombardeado por um semnúmero de propagandas nos meios de comunicação de massa, telefone, correio, internet etc. que o convence, a qualquer custo, de que determinado produto ou serviço é indispensável à sua sobrevivência. O poder da propaganda é, além de muito forte, sutil. Vivemos numa efervescência de marcas, adjetivos, qualidades maravilhosas e soluções arrebatadoras para problemas ou necessidades que não temos, ou se temos, nunca nos demos conta. Esse poder sutil da propaganda de mercado faz com que nos confundamos entre o que é necessidade e o que é supérfluo, pois os valores incutidos em nossas mentes pela propaganda faz com que transformemos simples necessidades diárias em verdadeiros acontecimentos ao usar determinados produtos envoltos em grife e glamour, como escovar os dentes ou fazer a barba, por exemplo. E faz com que façamos do supérfluo verdadeiras necessidades vitais. A publicidade de mercado é tão astuta que transforma simples camisas, bolsas, sapatos ou tênis em verdadeiros objetos preciosos, fazendo com que não importe mais se o produto possui uma boa qualidade ou não, o que importa neles é o logotipo estampado. E nisto abre-se espaço para a falsificação, que mostra claramente que a necessidade criada não é de um produto, por ter uma boa qualidade ou por suprir uma lacuna, mas sim de uma determinada marca que lhe traz prestígio social, não importando a qualidade do produto ou sequer sua origem. A palavra-chave do mercado é lucro e esse lucro tem que ser conseguido de qualquer modo e a qualquer custo. É possível viver com as necessidades supridas e não se deixar contaminar pelo poder invasivo da propaganda comercial, acreditando que sem determinados bens não será possível o bem-estar. AURÉLIO, Leandro. O papel da publicidade na sociedade de consumo (Adaptado). João Pessoa: 2008. Disponível em: <http://www.artigonal.com/noticias-e-sociedade-artigos/o-papel-da-publicidade-nasociedade-de-consumo-667584.html>. Acesso em: 26/4/2012. Texto II Texto III A nova ética da publicidade no Brasil Duas peças publicitárias foram recentemente denunciadas junto ao CONAR (Conselho de Autorregulamentação Publicitária): a da cerveja Devassa Negra e a do azeite Gallo, ambas por, supostamente, praticarem sexismo, racismo e preconceito de classe em sua redação. A primeira foi julgada pelo Conselho, que recomendou alterações no conteúdo do anúncio. A segunda, também julgada pelo órgão, teve sua publicação vetada pela própria empresa de azeites, preocupada com a má imagem que o caso lhe rendera. Mais importante que o efeito regulador do Conselho é a discussão que ele engendra. Por meio das redes sociais, é possível verificar opiniões diversas sobre o assunto. Enquanto uns encaram o tema como uma “bobagem”, outros veem a seriedade e a importância do debate. O que está em pauta é o diálogo sobre a construção de uma nova ética da publicidade que tem como obrigação – por seu papel social de meio de comunicação de massa – prezar pela qualidade e valor social de suas peças. Neste ínterim há cada vez menos espaço para ideias que possam dar margem a interpretações de preconceito e difusão de estereótipos. Embora possivelmente desconhecido pela maioria da população, existe um Código de Ética para profissionais de Publicidade e Propaganda, do qual se destaca esses artigos: Art. II “O profissional da propaganda, cônscio do poder que a aplicação de sua técnica lhe põe nas mãos, compromete-se a não utilizá-la senão em campanhas que visem ao maior consumo dos bons serviços, ao progresso das boas instituições e à difusão de idéias sadias”. Art. III “O profissional da propaganda, para atingir aqueles fins, jamais induzirá o povo ao erro; jamais lançará mão da inverdade; jamais disseminará a desonestidade e o vício”. Nesse sentido, a preocupação de grupos e cidadãos em denunciar é totalmente legítima, pois, além de prática democrática e representativa, induz a publicidade a um novo patamar de qualidade e responsabilidade social. Se atualmente o “politicamente correto” é tema constante – seja na mídia ou nas ruas – é sinal de um amadurecimento cultural e, neste caso em especifico, não pode ser confundido com histeria e censura, como alguns tentam alardear. Também não pode ser considerado mera “bobagem”, pois desta forma lança a luta tão difícil de determinados grupos na latrina. É desejável que se estabeleça uma relação cada vez mais criteriosa e humana com os meios de comunicação e atividades artísticas voltadas para o grande público. Fica o alerta aos novos profissionais do ramo para que atentem sobre o novo panorama ético da Publicidade e Propaganda no Brasil, que agora está sob o crivo da própria população – alvo constantemente bombardeado pelos anunciantes. Que a força criativa de nossas agências não seja transformada em gafe, ódio e intolerância, mas sim em responsabilidade social, humana e democrática.