I CONACSO - Congresso Nacional de Ciências Sociais: desafios da inserção em contextos contemporâneos. 23 a 25 de setembro de 2015, UFES, VitóriaES. Café Conilon: a superexploração do trabalho na colheita no município de Sooretama no ES Amanda Teixeira Silveira Arthur Almeida da Silva Rayssa Deps Bolelli Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES Resumo: O presente artigo analisa o caso de exploração do trabalho na fazenda de café Conilon em Córrego Alegre, no município de Sooretama, no Espírito Santo, a partir da releitura de Marisa Silva Amaral e Marcelo Dias Carcanholo sobre o conceito de superexploração de Ruy Mauro Marini. Pretende-se mostrar como a dependência dos mercados periféricos aos mercados centrais influi na economia a tal ponto de gerar um regime de exploração da classe trabalhadora na periferia diferenciado do centro. A análise será realizada a partir da teoria da dialética da dependência para contextualizar como se dá o processo de superexploração da força de trabalho na contemporaneidade. Palavras-chave: Dialética da Dependência; Superexploração; Café. Introdução O Espírito Santo, em pleno século XXI, ocupa o segundo lugar na lista de Estados que possuem trabalhadores em situação análoga ao escravo, segundo os dados do Ministério do Trabalho e Emprego do Espírito Santo (MTE), no ano de 2014, de acordo com a reportagem do G1 Espírito Santo1. Só no município de Sooretama, no Norte do Estado, foram encontrados 86 trabalhadores em condições deploráveis de permanência durante o período de colheita do café Conilon. Desta maneira, podemos verificar que a tendência do mercado global, analisada por Ruy Mauro Marini (2005), sobre a teoria da dialética da dependência e da superexploração, está presente de maneira expressiva em todo o país, ainda em tempos atuais. Com isso, propomos neste artigo analisar como a superexploração está presente no Espírito Santo por meio do caso da lavoura de café no município de Sooretama, no ES, 1 Disponível em: <http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2014/06/homens-deixam-lavoura-no-es-apos-flagra-deirregularidade-no-trabalho.html>. Acesso em: 27 de junho de 2015. 1 I CONACSO - Congresso Nacional de Ciências Sociais: desafios da inserção em contextos contemporâneos. 23 a 25 de setembro de 2015, UFES, VitóriaES. traçando um panorama a partir do esquema proposto por Marini (2005) e reanalisado por Amaral e Carcanholo (2012). Segundo Amaral e Carcanholo (2012), a dependência proposta por Marx - teoria da dependência - ocorre no condicionamento da economia de alguns países que se desenvolvem a partir da expansão de outras economias. Desta forma, pode ser observado, no que tange a economia nacional, que há uma desigual proporção na relação de produção no que diz respeito ao desenvolvimento de setores, pois estes necessitam se apoiar no subdesenvolvimento de outras partes. Essa desigual proporção está relacionada com a teoria marxista da dependência. Portanto, há uma lógica contrária da acumulação do capital que ocorre por meio da expansão das economias dependentes (AMARAL; CARCANHOLO, 2012). No que diz respeito às regiões que ocorrem as precarizações no âmbito trabalhista e consequentemente ocorre a dependência, Osorio (2012) aponta a América Latina como região do continente americano que acompanhou transformações radicais na economia a partir da crise capitalista no final de 1960. Desta forma, este período de mudanças ocasionou a divisão internacional do trabalho e reformulações na economia mundial. Para Eduardo Galeano (2013) esta divisão internacional do trabalho se configurou entre ganhar e perder, ou seja, os países centrais ganham e os periféricos perdem. Nossa comarca no mundo, que hoje chamamos América Latina, foi precoce: especializou-se em perder desde os remotos tempos em que os europeus do Renascimento se aventuraram pelos mares e lhe cravaram os dentes na garganta. [...] Mas a região continua trabalhando como serviçal, continua existindo para satisfazer as necessidades alheias, como fonte e reserva de petróleo e ferro, de cobre e carne, frutas e café [...], destinados aos países ricos que, consumindo-os, ganham muito mais do que ganha a América Latina ao produzi-los (GALEANO, 2013, p. 17). A mudança apontada por Osorio (2012) elucida um novo padrão exportador de reprodução do capital que tem a ver com as mudanças tecnológicas que foram surgindo ao longo desse processo. Ao analisar este novo padrão, podemos considerar que Amaral, Carcanholo (2012) e Osorio (2012) concordam ao dizer que toda a produção do excedente ocorre não por meio dessas novas tecnologias, mas, sim, pela superexploração da força de trabalho. Em vista disso, vários reflexos deste novo padrão imposto na América Latina são identificados, como o salário e as condições de trabalho que são atingidos pela precarização. Osorio (2012) ressalta que na precarização “não se consegue evitá-las apesar 2 I CONACSO - Congresso Nacional de Ciências Sociais: desafios da inserção em contextos contemporâneos. 23 a 25 de setembro de 2015, UFES, VitóriaES. das políticas sociais levadas a cabo por alguns Estados ou do crescimento significativo alcançado por algumas economias” (OSORIO, 2012, p.123). Outro ponto também lembrado por Osorio (2012) se trata da ligação que o padrão de exportação implicou na perda de poder aquisitivo dos assalariados que estão no mercado interno. Neste padrão também é analisado que há certa capacidade de concorrência nos mercados externos, o qual residem na deterioração dos salários locais e na diminuição do custo do trabalho em si, por exemplo, os benefícios sociais para estes trabalhadores (OSORIO, 2012). Não obstante, no presente artigo não iremos estender a discussão a respeito do padrão de exportação de produção do capital, mas sim a estruturação da condição de trabalho na qual é essencial para o crescimento e permanência do capital. Sendo assim, a seguir será exposto o esquema da dialética da dependência em que se dá a superexploração do trabalho definida por Ruy Mauro Marini (2005). As Relações Dependentes A partir da divisão mundial do trabalho, do colonialismo e posteriormente o imperialismo, já anunciados por Marx, o capitalismo avança suas contradições a níveis exorbitantes. A díade patrão versus operário desenvolve-se para as duplas capitais (nisso se inclui os primeiros estados nacionais europeus Portugal e Espanha até as primeiras potências capitalistas como Inglaterra e Holanda) versus colônias, tem sua segunda fase no neo-colonialismo ou imperialismo e posteriormente dá lugar a capitalismo industrial versus capitalismo periférico, isso após a independência política das colônias, mas não obtém independência econômica. As relações de dependência entre o centro e a periferia capitalistas não são oriundas diretamente do sistema colonial anterior ao século XIX, mas sim do processo de expansão imperialista exercido pelas potências capitalistas centrais no fim deste mesmo século. É a partir desse momento que as relações da América Latina com os centros capitalistas europeus se inserem em uma estrutura definida: a divisão internacional do trabalho, que determinará o sentido do desenvolvimento posterior da região. Em outros termos, é a partir de então que se configura a dependência, entendida como uma relação de subordinação entre nações formalmente independentes, em cujo marco as relações de produção das nações subordinadas são modificadas ou recriadas para assegurar a reprodução ampliada da dependência (MARINI, 2005, p.141). 3 I CONACSO - Congresso Nacional de Ciências Sociais: desafios da inserção em contextos contemporâneos. 23 a 25 de setembro de 2015, UFES, VitóriaES. Assim, “a situação dependente [é] como um condicionamento da economia de certos países em relação ao desenvolvimento e expansão de outras economias” onde segundo Theotonio dos Santos “os países dominantes poderiam se expandir e se autosustentar, ao passo que os dependentes apenas poderiam fazê-lo como um reflexo da expansão dos anteriores”, ou seja, “a expansão de economias dependentes é um reflexo da lógica contraditória da acumulação de capital em escala mundial” (DOS SANTOS apud AMARAL; CARACANHOLO, 2012, p. 87). Dentro da teoria marxista os primeiros a tratarem das relações entre os países centrais e os periféricos, embora não utilizassem essa nomenclatura, foram os teóricos do imperialismo. A teoria marxista da dependência, neste sentido, se diferencia destes teóricos por darem centralidade nas consequências sociais e econômicas que a expansão e dinâmica de acumulação capitalista causam na parte periférica do sistema (DOS SANTOS, 2012). A partir do século XX, com o avanço das relações econômicas globais, as contradições presentes desde a gênese do capitalismo passam a atingir de forma mais intensa os países periféricos. Ou seja, enquanto o capitalismo central passa a se ocupar com o setor de serviços, produção de novas tecnologias, pesquisas e a expandir suas indústrias a níveis multinacionais, os países de terceiro mundo devem receber essas empresas e conceder-lhes mão-de-obra barata, regimes de trabalho mais flexíveis (menos leis trabalhistas) e produzir alimentos e commodities não só para si, mas prioritariamente para o mercado internacional. Devem trabalhar em dobro para manter a economia mundial. Assim, as teorias terceiro mundistas passam a observar tal fenômeno e chamá-lo de superexploração (DOS SANTOS apud AMARAL; CARACANHOLO, 2012). Porém é preciso pensar a teoria da dependência em sua dissonância com as teorias vigentes. É preciso compreender o capitalismo moderno a partir de uma ótica que não somente inclua a exploração e a superexploração, mas que tenha essas categorias em sua centralidade. Para tanto, é preciso entender o capitalismo central como dependente no capitalismo periférico, sendo a sua recíproca verdadeira. Em suma, não resumimos aqui a dependência como sendo unilateral, mas a entendemos como sendo mútua, ou seja, o desenvolvimento das periferias depende da lógica do capitalismo central, assim como este depende necessariamente da economia capitalista periférica para sua existência e reprodução (DOS SANTOS apud AMARAL; CARACANHOLO, 2012). 4 I CONACSO - Congresso Nacional de Ciências Sociais: desafios da inserção em contextos contemporâneos. 23 a 25 de setembro de 2015, UFES, VitóriaES. Superexploração da Força de Trabalho A superexploração do trabalho se trata de um termo desenvolvido a partir dos estudos de Ruy Mauro Marini, no qual introduziu este pensamento ao marxismo latinoamericano, na metade da década de 1960, com base na teoria do valor da obra de Karl Marx. Este termo passou a ser usado em seu texto Suddesarollo y Revolución, de 1967. Não obstante, Marx, em O Capital, já especulava algumas ideias que poderiam vir a ser analisadas para o entendimento da superexploração: “[...] quando Marx identifica situações em que a remuneração da força de trabalho por baixo do seu valor assume relevância teórica para a compreensão da dinâmica do sistema” (MARQUES, 2013, p. 21). Sendo assim, o cerne da superexploração se deu início com os escritos de Marx, e principalmente com a teoria do valor a partir da obra sobre a dialética da dependência de Ruy Marini (2005). Entende-se que “o aumento da intensidade do trabalho aparece, nessa perspectiva, como um aumento da mais-valia, obtido através de uma maior exploração do trabalhador e não incremento de sua capacidade produtiva” (MARINI, 2005, p. 154). No capítulo XIV do livro I de O Capital, Marx explica que a duração do tempo de trabalho pode ser decisiva no preço da força de trabalho. Em um de seus escritos fica claro que o cálculo sobre o valor de cada dia trabalhado (força de trabalho) possui uma média que se resulta na “duração média, ou seja, sobre a duração normal da vida de um trabalhador e sobre uma correspondente transformação normal, ajustada à natureza humana, de substância vital em movimento” (MARX apud MARQUES, 2013, p. 22). O prolongamento da jornada de trabalho acaba por desgastar e comprometer a reprodução da força de trabalho, sendo assim desvalorizando o seu valor2. Diante disto, a restauração desta força de trabalho desgastada pela aceleração da jornada, não chega a ser compensada, pois não vale a pena, mesmo com a constância dos valores nominais e do aumento. Além disso, existe o ponto que calcula o tempo de vida de um trabalhador, no qual resulta no desgaste rápido em que não é possível estabelecer uma recomposição desse gasto na vida humana, que foi estabelecida pelas horas a mais trabalhadas. Para tanto, a 2 O valor total da força de trabalho, do ponto de vista do capital, leva em consideração não só o tempo de vida útil do trabalhador, ou seja, o total de dias que o possuidor da força de trabalho pode vendê-la em boas condições no mercado de trabalho, assim como o tempo de aposentadoria, em que o trabalhador não participará da produção. O valor total (tempo de vida útil e de vida média total) é que determina o valor diário da força de trabalho, apresentando como parâmetros as condições históricas e morais existentes na época. O salário que corresponde ao pagamento diário da força de trabalho e respeita o valor desta deve permitir ao indivíduo que trabalha a reposição do desgaste de seu período produtivo e não produtivo, de acordo com o tempo médio de sua vida. Essa é a maneira como atua a lei do valor sobre a força de trabalho, sob as “condições normais” de exploração da força de trabalho no modo de produção capitalista (MARQUES, 2013, p. 23). 5 I CONACSO - Congresso Nacional de Ciências Sociais: desafios da inserção em contextos contemporâneos. 23 a 25 de setembro de 2015, UFES, VitóriaES. queda do valor do preço da força de trabalho abaixo do seu valor ocorre a partir do momento em que é imposta a jornada de trabalho prolongada. [...] vê-se que Marx define o cálculo do valor diário da força de trabalho com base no seu valor total; ou seja, sobre a duração média ou normal do tempo de vida do trabalhador. Ele remete, assim, ao efeito que o prolongamento da jornada de trabalho pode implicar em termos de desgaste acelerado, em progressão geométrica [...] (MARQUES, 2013, p. 23). A partir dos estudos de Marx, Marini elucida o conceito de superexploração em que destaca três características de apropriação, que tange o tempo de trabalho excedente no qual os capitalistas se empenham para obter o lucro por meio da diminuição do preço da força de trabalho: “[...] a intensificação do trabalho, a prolongação da jornada de trabalho e a expropriação de parte do trabalho necessário ao operário para repor sua força de trabalho [...]” (MARINI, 2005, p. 156). Desta maneira, Marini (2005) aponta que os processos que produzem o aumento da jornada de trabalho e, por consequência, a intensificação do mesmo, acabam por reduzir a vida do trabalhador a tal ponto que não é possível que ele consiga alcançar um tempo adequado de descanso, ainda que seja remunerado pelas horas trabalhas a mais. No entanto, Amaral e Carcanholo (2012) também ressaltam que as economias baseadas no controle de mercado são regidas pela capitação de excedentes de países dependentes para países dominantes. Como já citamos acima, esta é a base para que seja compreendido o processo da dialética da dependência. Sendo assim, é visto por Amaral e Carcanholo (2012) que há uma distinção no contexto local, em que é nomeado de tecnologia capital-intensiva num contexto de mercado de trabalho barato. Todo esse processo resulta em uma exploração da força de trabalho, compreendida do ponto de vista da mais-valia relativa que “se dá justamente como consequência do já mencionado intercâmbio desigual e dos mecanismos de transferência de valor que ele reforça” (AMARAL; CARCANHOLO, 2012, p. 88). Essa radicalidade da exploração da força de trabalho é a maneira que o mercado externo possui para impulsionar a saída de recursos que, por consequência, resulta em problemas graves para os trabalhadores. Segundo Amaral e Carcanholo (2012) há apenas uma solução para que as economias periféricas garantam algum tipo de acumulação de capital para si, é com o aumento do excedente por meio da superexploração da força de trabalho, junto à lógica da reprodução do capital. No entanto, é válido lembrar, como foi exposto acima, que as economias estão apoiadas umas as outras e que tanto os 6 I CONACSO - Congresso Nacional de Ciências Sociais: desafios da inserção em contextos contemporâneos. 23 a 25 de setembro de 2015, UFES, VitóriaES. trabalhadores das regiões periféricas quanto os das regiões centrais, sofrem com esta superexploração do trabalho. Com isto, há em volta desse sistema uma série de problemáticas que ocasionam a má distribuição de renda e por consequência surgem situações precárias de cunho social na população dos países periféricos. Para tanto, será exposto como se dá a supexploração da força de trabalho por meio da análise realizada por Amaral e Carcanholo (2012) em que esclarece as quatro características principais da superexploração da força de trabalho, e é por meio destas que traçaremos a analise do caso do munícipio de Sooretama, no ES. A superexploração da força de trabalho, apontado por Marini (2005), é uma caracterização da dependência ocasionada pelas economias dominantes de países centrais sobre as economias dependentes de países periféricos e culmina com a lei de acumulação capitalista de Marx, na qual suprime o mercado a tal ponto que cria um exército industrial de reserva destinado para a acumulação do capital. Sendo assim, todo esse resultado, que está apoiado neste esquema da dependência, impacta a classe trabalhadora de maneira perversa (OSORIO, 2012). A superexploração ocorre em função da transferência de valor entre as economias periféricas e centrais, ou seja, a mais-valia que é produzida na periferia é levada para atender ao centro. Amaral e Carcanholo (2012) chama este processo de um “capitalismo sui generis na periferia” exatamente pelo motivo de que todo o excedente produzido é dirigido em formato de lucros para os países centrais. Portanto, a economia interna acaba por enviar uma quantidade demasiada de excedente no qual não pode retrair para si (AMARAL; CARCANHOLO, 2012, p. 90). Contudo, a expropriação de valor só consegue obter compensação de uma margem de acréscimo por meio do plano de produção, o que significa que somente com a superexploração é possível completar a acumulação interna. Para tanto, podemos compreender que a explicação deste fato ocorre com o entendimento de duas concorrências abordadas por Amaral e Carcanholo (2012): a intrassetorial e a interssetorial. A concorrência intrassetorial é a que está dentro de um mesmo setor produtivo, e a interssetorial é a que está entre setores distintos de produção e se configura por meio da análise da Lei da Queda Tendencial da Taxa de Lucro (LQTTL). Em nota de roda pé, Amaral a Carcanholo (2012) esclarecem como esta lei ocorre. [...] Esse aumento de produtividade se configura, em primeira instância, numa ampliação da relação entre meios de produção e força de trabalho (MP/FT), ou a relação entre o capital 7 I CONACSO - Congresso Nacional de Ciências Sociais: desafios da inserção em contextos contemporâneos. 23 a 25 de setembro de 2015, UFES, VitóriaES. constante (c) capital variável (v) investimentos, também se amplia, mesmo que seja em proporção menor do que a aquela outra. Ou seja, o que se percebe é uma maior participação de c em relação ao capital global – e, portanto, uma participação reduzida dos salários em relação a este último. E, como taxa de lucro é uma função da taxa de mais-valia e da compensação orgânica do capital, pressupondo uma taxa de mais-valia constante, o crescimento da composição orgânica do capital leva necessariamente à queda da taxa de lucro (AMARAL; CARCANHOLO, 2012, p. 90). Sendo assim, na concorrência intrassetorial ocorre o aumento de produtividade em um setor específico que gera a produção de produtos em um mesmo intervalo de tempo. E, com isso, o capitalista consegue reduzir o valor individual das mercadorias em um nível abaixo do valor de mercado e se apropriar da mais-valia extraordinária3. Já o nível da concorrência intersetorial é incorporado quando a uma ideia de progresso técnico ligado ao capital individual e que está inserido direta ou indiretamente a setores de produção de bens de consumo de luxo (AMARAL; CARCANHOLO, 2012). A mais-valia extraordinária ou superlucro, sendo aplicada por vários capitalistas individuais pode submeter a um excesso de mercadorias que levam a uma queda na taxa de lucro devido a esta alta produção. Portando, fica claro que o interesse do capitalista é o de gerar a mais-valia extraordinária à custa da força de trabalho. Até este ponto, expomos que toda a estrutura em volta do capital está predestinada apenas ao pensamento lucrativo e não ao de traçar boas condições de trabalho e salariais para estes que são a mola propulsora do capitalismo nos países periféricos e centrais. Portanto, com base no que já foi exposto, a estrutura da superexploração do trabalho ocorre a partir das quatro características que Amaral e Carcanholo (2012) propõem a partir do pensamento de Marini (2005). Não obstante, observa-se neste artigo que já citamos as três características de Ruy Mauro Marini (2005), e o que se percebe é que a proposta de Marini recebeu um acréscimo a partir do pensamento de Amaral e Carcanholo. Diante disto, estas quatro características podem aparecer de maneira isolada ou combinada que possibilitam a continuidade do processo de acumulação capitalista nos países periféricos (AMARAL; CARCANHOLO, 2012). Em primeiro lugar está o “aumento da intensidade do trabalho” em que o mesmo é intensificado e o trabalhador produz mais valor num mesmo espaço de tempo. A segunda forma é “o prolongamento da jornada de trabalho” que se resulta no aumento de tempo do trabalho excedente, sendo assim este tempo de trabalho ultrapassa o que seria necessário 3 “Mais-valia extraordinária ou superlucro: o valor individual refere-se à quantidade de trabalho necessário para a produção de uma mercadoria numa empresa específica; o valor de mercado é a medida de todos os valores individuais de todas as empresas conjuntamente (é o trabalho socialmente necessário); e a mais-valia extraordinária é a diferença entre esses dois valores quando de sua realização no mercado” (AMARAL; CARCANHOLO, 2012, p. 91). 8 I CONACSO - Congresso Nacional de Ciências Sociais: desafios da inserção em contextos contemporâneos. 23 a 25 de setembro de 2015, UFES, VitóriaES. para a própria reprodução do trabalhador. O operário segue “produzindo após ter atingido um valor equivalente ao dos meios de subsistência para seu próprio consumo”. Na terceira forma há “a apropriação, por parte do capitalista, de parcela do fundo de consumo do trabalhador – então convertido em fundo de acumulação capitalista”. É posto que o capitalista ao se enxergar fortalecido no sentido de condicionar uma queda dos salários4 a uma posição inferior a que corresponderia ao valor da força de trabalho. A última forma abordada por Amaral e Carcanholo (2012) sobre “a ampliação do valor da força de trabalho sem que seja pago o montante necessário para tal”, diz respeito à determinação do valor da força de trabalho que esta relacionada e é “histórico-social”. Neste sentido, fica entendido que há um aumento no valor e quando a produção deste sobe e não é remunerada de maneira integral, surge uma nova forma de superexploração do trabalho (AMARAL; CARCANHOLO, 2012, p. 99). Contudo, a seguir será exposto a analise do caso de superexploração da força de trabalho, na fazenda de café, no município de Sooretama, a partir das quatro características apresentadas neste trabalho. Por ser uma bebida consumida no mundo todo, entendemos a relevância deste produto para a economia mundial. E, por resultante, toda a estrutura que se dá a partir do intercâmbio de mercadorias entre países. Deste modo, podemos já de antemão destacar que, de fato, a dialética da dependência e a superexplorção do trabalho se faz presente neste caso devido à alta demanda no café no mundo. Superexploração: colheita de café Conilon em Sooretama O município de Sooretama, no Norte do Espírito Santo, foi apontado pelo Ministério do Trabalho (MTE) em segundo lugar na lista de localidades que possuem exploração do trabalho na pesquisa realizada em 2014. Sooretama é uma região que possui grande produção de café no Estado e, de acordo com esta pesquisa, 86 trabalhadores foram encontrados em uma fazenda, em Córrego Alegre, em condição de trabalho análogo ao escravo, cujo o nome da propriedade não foi divulgado, como afirma a reportagem do G1 Espírito Santo5. 4 “A ampliação do exército industrial de reserva (EIR) é um bom exemplo, dado que os trabalhadores empregados se submetem a uma situação de arrocho salarial, tendo em mente a existência de pressão por parte dos desempregados, que se sujeitariam a uma remuneração inferior em troca de trabalho” (AMARAL; CARCANHOLO, 2012, p. 100). 5 Disponível em: <http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2014/06/homens-deixam-lavoura-no-es-apos-flagra-deirregularidade-no-trabalho.html>. Acesso em: 27 de junho de 2015. 9 I CONACSO - Congresso Nacional de Ciências Sociais: desafios da inserção em contextos contemporâneos. 23 a 25 de setembro de 2015, UFES, VitóriaES. O contraditório a respeito dos dados apresentados sobre o trabalho considerado escravo, é que o Espírito Santo é o segundo Estado maior produtor de café no Brasil, com predominância para a espécie Conilon. No ano de 2014, a safra brasileira de café gerou mais de 45,3 milhões, sendo que 32,3 milhões de café Arábica e 13,0 milhões de Conilon (CONAB, 2015). No total, o PIB do café no Brasil no ano de 2014 é de R$ 3.293.350.393,00 (CETCAF, 2014). De acordo com o Centro de Desenvolvimento Tecnológico do Café (CETCAF), os tipos de café produzidos em todo o Espírito Santo são o Arábica 20% e o Conilon 80%, sendo que 60% do café Arábica é exportado e 40% vai para o mercado interno, já o Conilon exporta 10% do café e 90% é destinado para o mercado interno. Os principais destinos são: Estados Unidos, Eslovênia, Alemanhã, países da região do Mediterrâneo e Argentina (CETCAF, 2014). Desta forma, podemos apontar esta porcentagem como uma problemática, pois o café produzido na fazenda de Sooretama, onde foi encontrado condições inferiores de trabalho, é o café do tipo Conilon considerado um café de baixa qualidade. Ou seja, ainda que o café Arábica tenha pouca produção no Estado é ele que é mais exportado e, portanto, podemos identificar que há uma alta demanda, no que tange a própria manutenção do mercado interno, já que este está propenso a realizar a distribuição do café Conilon dentro do Brasil. Segundo a tabela de caracterização do parque cafeeiro no Estado do Espírito Santo, há um total de 82.400 mil propriedades sendo que destas 68,16% produzem café. Cerca de 33.456 mil propriedades produzem a espécie Conilon, e 22.713 mil são destinadas à produção do café Arábica. É evidente, portanto, que há uma alta produção de café Conilon no Estado para o seu próprio mercado. Só no período de 2014 cerca de 9.950.000 safras de café Conilon foram enviadas ao mercado interno, lembrando que 10% desse total é exportado, e ainda este número fica acima do café Arábica, que neste ano rendeu 2.899.700 safras, sendo que 60% foram exportados (CETCAF, 2014). Esta produção em grande escala do café Conilon no Espírito Santo e no Brasil ocorre porque este tipo de café é de pior qualidade em relação ao café arábica que é muito consumido na Europa, por exemplo. Segundo Uol6, os brasileiros estão acostumados a consumir um café de péssima qualidade, além de estar muito abaixo do padrão europeu. O consumo limitado do café nobre no Brasil está ligado ao baixo poder aquisitivo de uma parte da população e à falta de oportunidade para as pessoas provarem café de qualidade. 6 Disponível em: <http://economia.uol.com.br/agronegocio/noticias/redacao/2013/10/24/acostumado-a-pessimaqualidade-brasileiro-consome-pouco-cafe-nobre.htm>. Acesso em: 27 de junho de 2015. 10 I CONACSO - Congresso Nacional de Ciências Sociais: desafios da inserção em contextos contemporâneos. 23 a 25 de setembro de 2015, UFES, VitóriaES. O Conilon, muito utilizado nas casas brasileiras é misturado e transformado em café solúvel e possui baixo custo. Da espécie café coffea canephora, com 2,2% de cafeína, o café Conilon tem o sabor e aroma amargo e pouco apreciado, com 3 a 7% de açucares. As plantas são rústicas e produzem o dobro de grãos do café Arábica. Além disso, são produzidos de qualquer maneira, sem cuidados ou tratamento no campo (CULTIVANDO, 2011). Já o café Arábica possui características opostas à bebida citada acima. Da espécie coffea arabica, o tipo arábica possui 1,2% de cafeína, quase a metade de cafeína apresentada no café Conilon. O sabor e aroma são suaves e doces com maior acidez, contém 6 a 9% de açucares, o dobro do Conilon, e seu plantio exige cuidado, pois suas plantas são sensíveis e produzem menos grãos. No mundo, o café Arábica representa 70%, já o café Conilon apenas 30% (CULTIVANDO, 2011). Com estes dados é possível notar por que o café Conilon é tão produzido no Brasil, as plantas deste café produzem mais grãos e não exigem tantos cuidados, ou seja, tende haver muito mais trabalho e pouco investimento para dar conta da plantação do grão, em vista do seu baixo custo. Contudo, as condições de trabalho denunciadas pelo MTE, no município de Sooretama, podem ser compreendidas a partir deste panorama, no que tange o valor que se dá não só ao produto, mas também a mão de obra. Como foi exposto, o café Conilon não exige cuidados especiais, pois este tem boa aceitação em qualquer localidade, produz em maior quantidade e é pouco apreciado para a exportação, o que leva a um cenário propenso à exploração do trabalho. Desta forma, o caso de Sooretama é analisado como um exemplo desta superexploração da força de trabalho, em que estão presentes todas as precariedades em questão neste trabalho, impostas pela dependência entre mercados. A abordagem no município ocorreu no dia 4 de junho de 2014, pelo Ministério do Trabalho e Emprego junto à Polícia Federal. Na fazenda em Córrego Alegre foram encontrados os trabalhadores em condições desumanas com o esgoto a céu aberto, passando por dentro dos dormitórios e, além de tudo, todos os resíduos eram despejados ao lado do local de convívio deles, segundo reportagem do G1 Espírito Santo7. Os trabalhadores relataram que o único local viável para comer era dentro dos dormitórios onde passava o esgoto. Além do mais, os trabalhares não só se alimentavam expostos ao cheiro do esgoto, mas também dormiam nessas condições. Além disso, várias exigências do MTE não foram cumpridas pelo proprietário da fazenda no período que manteve os trabalhadores alojados. Por exemplo, o único banheiro do 7 Disponível em: <http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2014/06/homens-deixam-lavoura-no-es-apos-flagra-deirregularidade-no-trabalho.html>. Acesso em: 27 de junho de 2015. 11 I CONACSO - Congresso Nacional de Ciências Sociais: desafios da inserção em contextos contemporâneos. 23 a 25 de setembro de 2015, UFES, VitóriaES. alojamento não possuía azulejos, também não foi oferecido nenhum produto de higiene, como papel higiênico, sabonete etc. Os trabalhadores não tinham condições se quer para a alimentação. O bujão de gás, por exemplo, não era disponibilizado pelo proprietário, eram os trabalhadores que arcavam com estes gastos. Do mesmo modo, a carteira de trabalho de todos os trabalhadores estava com o dono da fazenda, no entanto, segundo o Ministério do Trabalho a carteira de trabalho tem que ser devolvida ao trabalhador após 48 horas, após o período de retenção para ser assinada. Ao descreverem a situação imposta, muitos trabalhadores disseram que tentaram juntar dinheiro para voltar para casa, no entanto, o que era pago pelo proprietário não era suficiente nem para a permanência dos trabalhadores no local. A fazenda de Córrego Alegra, em Sooretama, já estava notificada com 15 autos de infração e a multa para o proprietário, pelas condições insalubres as quais os trabalhadores estavam submetidos, custou à época, R$ 1 milhão, de acordo com a reportagem G1 Espírito Santo8. Contudo, podemos apontar que as quatro características de superexploração da força de trabalho citadas por Amaral e Carcanholo (2012), de acordo com a análise inicial de Marini (2005), estão presentes no caso da fazenda de Sooretama. A seguir será exposta a análise diante deste caso de superexploração da força de trabalho na fazenda localizada no município de Sooretama, no Espirito Santo. A primeira característica de superexploração apontada por Amaral e Carcanholo (2012), diz respeito ao aumento de intensidade do trabalho em que podemos compreender que os trabalhadores da fazenda de café foram trazidos de suas cidades natais para morarem em alojamentos e produzirem mais valor num mesmo espaço de tempo, ou seja, plantarem e colherem café. Na segunda característica podemos avaliar que o trabalhador alojado na propriedade onde as plantações de café ficavam, ele trabalhava a qualquer momento e esse tempo de trabalho ultrapassado, gerou para o proprietário mais excedente. A terceira característica diz respeito ao salário que, como já foi citado neste capítulo, os trabalhadores não conseguiam sair daquela condição e tinham que juntar dinheiro para comprar uma passagem de volta para casa. E isto ocorre, de acordo com Amaral e Carcanholo (2012), devido ao fortalecimento da classe capitalista que impõe uma queda no salário a um nível inferior, ou seja, esses trabalhadores são colocados numa situação de que se eles não quiserem trabalhar nessas condições, ou se por ventura reivindicassem seus direitos, não mudaria nada, pois existem 8 Disponível em: <http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2014/06/homens-deixam-lavoura-no-es-apos-flagra-deirregularidade-no-trabalho.html>. Acesso em: 27 de junho de 2015. 12 I CONACSO - Congresso Nacional de Ciências Sociais: desafios da inserção em contextos contemporâneos. 23 a 25 de setembro de 2015, UFES, VitóriaES. muitas pessoas que estão à espera de um “emprego” como este por necessidade. No que tange a economia, esta situação é confortável para o capitalista. A última característica analisada se trata do valor da força de trabalho que, quando o trabalhador não recebe remuneração pela produtividade realizada pela força de trabalho, há uma nova forma de superexploração do trabalho. Neste caso, como os trabalhadores moravam na fazenda de café e o pagamento do salário entre as outras necessidades que tinham que ser ressarcidas pelo dono da fazenda não eram realizados, podemos considerar que a última característica também se enquadra no cenário vivido por esses trabalhadores. O valor total (tempo de vida útil e vida média) determina o valor diário da força de trabalho, portanto, por esses trabalhadores estarem 24 horas no ambiente de trabalho e em condições insalubres, já é um indicativo de uma nova superexploração, pois nem a esse ponto eles deveriam estar. E para ressarcir o salário de todo cálculo do valor total deveria ser contado não só o tempo integral, mas também as condições em que viviam os trabalhadores, pois estes nem estrutura física tinham para recuperar o desgaste do período produtivo e tão pouco do período não produtivo. Considerações Finais O objetivo da presente pesquisa foi discutir como ocorre o processo de superexploração da força de trabalho, a partir do conceito da dialética da dependência na contemporaneidade. Desta maneira, notamos que a dependência dos países periféricos aos países centrais impulsiona o mercado mundial ao ponto de propiciar condições favoráveis à exploração do trabalho, no que tange ao aumento da jornada do trabalho, a intensificação do mesmo, as remunerações a baixo do seu valor e outras formas de superexploração que surgem a partir desta lógica. Para tanto, o caso da lavoura de Sooretama que propusemos analisar nos trouxe a evidência de que a superexploração do trabalho está presente e não se difere aos casos já analisados, pois todas as modalidades e formas apresentadas pelos autores Marini (2005), Amaral e Carcanholo (2012) se assemelham com o caso relatado a respeito da fazenda de café, no Norte do Espírito Santo. Além do mais, o caso de Sooretama apresenta uma superexploração da força de trabalho que não só foi gerada pela lógica da dialética da 13 I CONACSO - Congresso Nacional de Ciências Sociais: desafios da inserção em contextos contemporâneos. 23 a 25 de setembro de 2015, UFES, VitóriaES. dependência entre nações, mas sim pela dependência num contexto local e geral dos trabalhadores que sofreram com as péssimas condições de trabalho. Desta forma, ainda que o café Conilon não tenha valorização para a exportação e não seja de boa qualidade, o mesmo é comercializado no mercado interno e o seu plantio tem baixo custo. Ou seja, muito café tem que ser plantando para que se tenha uma margem de lucro e, com isso, os trabalhadores são submetidos à exaustivas horas de trabalho para realizar a colheita, pois cada pé de café Conilon produz o dobro de grãos do Arábica. Galeano (2013) descreve esta situação, ao dizer que a América Latina continua trabalhando como serviçal para atender aos países ricos. E a situação se torna pior quando se trata de atender ao próprio mercado (interno), visto que o café Conilon não tem tanto valor quanto o Arábica, ou seja, é preciso aumentar a jornada de trabalho na colheita de café e, para que isto aconteça, não há outro meio senão a superexploração da classe trabalhadora. Desde a mudança do padrão exportador de reprodução do capital com a chegada das tecnologias, as grandes produções nas lavouras de café ainda permaneceram com o processo de colheita realizado por trabalhadores. Sendo assim, o uso do trabalho artesanal ainda está presente, principalmente na separação dos grãos até a finalização do processo para que ele possa ser consumido. Claro que ressaltamos neste procedimento que existe a presença da tecnologia, como máquinas, caminhões e etc., porém, ainda assim é predominantemente e essencial a presença da força de trabalho neste tipo de produção. Contudo, podemos concluir que os trabalhadores da fazenda de café em Sooretama, no Norte do Espírito Santo, estavam sujeitos à superexploração da força de trabalho, no qual as quatro características apontadas por Amaral e Carcanholo (2012) puderam ser identificadas e analisadas. Observamos também que existe a dependência do mercado interno sob a sua própria condição, pois o produto, neste caso, o café Conilon, possui pior qualidade e para que se tenha o lucro tende haver uma grande produção. Desse modo, o mercado do café Conilon, de alguma forma, precisa acompanhar o mercado do café Arábica, sendo que o preço deste café é mais elevado comparativamente ao do Conilon. Portanto, isto cria uma concorrência no próprio mercado interno, que para se completar cria condições para a superexploração do trabalho. 14 I CONACSO - Congresso Nacional de Ciências Sociais: desafios da inserção em contextos contemporâneos. 23 a 25 de setembro de 2015, UFES, VitóriaES. Referências AMARAL, Marisa; CARCANHOLO, Marcelo Dias. Superexploração da Força de Trabalho e Transferência de Valor: fundamentos da reprodução do capitalismo dependente. Padrão de Reprodução do Capital: contribuições da Teoria Marxista da Dependência. São Paulo, Boitempo Editorial, 2012. BONATO, José. Acostumado a ‘péssima qualidade’, brasileiro consome pouco café nobre. Reportagem publicada na UOL em 24/10/2013. 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