Educação Ambiental em Paranapiacaba
Eixo Temático: Educação Ambiental
Raphael de Carvalho Aranha
Mestrando em Geografia do
Programa de Mestrado em Geografia
Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP)
(11) 3670-8647
[email protected]
Resumo
O objetivo deste artigo é discutir o papel dos trabalhos de campo como recurso didático nas aulas de cursos
superiores de Gestão Ambiental, mostrando como exemplo as atividades realizadas semestralmente na Vila
de Paranapiacaba, Santo André, São Paulo, Brasil. A Vila de Paranapiacaba foi criada na segunda metade
do século 19 com a finalidade de abrigar operários da ferrovia que ligaria o interior do estado de São Paulo
ao porto de Santos, no litoral, visando principalmente o transporte do café, principal produto de exportação
brasileira da época com destino à Europa. A área de estudo mostra atrativos de ordem histórica/cultural e
natural e tem servido como ótimo laboratório de experiências didáticas para alunos de cursos superiores,
aliando os conteúdos teóricos de sala de aula à vivência prática.
Referências Básicas
A Vila de Paranapiacaba faz parte do Município de Santo André, integrando a Região Metropolitana de São
Paulo. Seu nome significa, em tupi-guarani, lugar onde se vê o mar. A instalação da Vila se deu em razão
da construção da estrada de ferro Santos-Jundiaí, para escoamento da produção do café para a Europa,
pelo porto de Santos.
A concessão para construção e exploração da ferrovia coube à São Paulo Railway Company, de origem
inglesa. A Vila se formou, num primeiro momento, em acampamento de operários, e, após a inauguração da
ferrovia (1867), passou a constituir a Estação Alto da Serra. Possui dois núcleos históricos: a Parte Alta,
situada no morro; e a Parte Baixa, compreendida pelas Vila Velha (local do primeiro acampamento dos
operários) e Vila Nova ou Martin Smith.
Em 1987, o núcleo urbano, os equipamentos ferroviários e a área natural foram tombados pelo Conselho de
Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Turístico do Estado de Paulo – Condephaat, compreendendo a
Área Natural Tombada da Serra do Mar e de Paranapiacaba. O conjunto tombado apresenta grande valor
geológico, geomorfológico, hidrológico e paisagístico, com representativos ecossistemas de fauna e flora.
Também integra a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, sendo reconhecida pela Unesco como de
relevante valor para a humanidade, por ser área representativa desse bioma. Além disso, constitui a
Reserva Biológica de Paranapiacaba, que se destina à proteção integral da biota e dos demais atributos
naturais nela existentes.
Nas porções da Serra do Mar, o relevo bastante inclinado e a ação do clima e da gravidade, condicionam a
existência de solos rasos. Esses solos conseguem sustentar a exuberante floresta, em razão das árvores
tecerem uma densa e intricada rede de raízes, paralela à superfície. Essas áreas são suscetíveis
naturalmente à ocorrência de deslizamentos (escorregamentos), que mobilizam solos e blocos de rochas,
pela combinação de fatores como a declividade das encostas, pluviosidade e às características litológicas.
Associado às suas características naturais, a interferência antrópica nessas áreas, por meio de
desmatamentos e execução de cortes nas encostas, induz às ocorrências desses processos.
Tem-se como exemplo, a instalação do pólo industrial de Cubatão, localizado no sopé da Serra de
Paranapiacaba, onde a poluição das indústrias causou grande impacto numa extensa faixa de vegetação,
particularmente nas décadas de 1970 e 1980, alterando o equilíbrio das encostas, intensificando e
acelerando os processos naturais, e colocando em situação de perigo a população local e o próprio pólo e
seus trabalhadores, em razão dos deslizamentos.
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