UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP EIANE BASILIO DE LIMA Diagnóstico e análise ambiental da microbacia do Imbirussu, Campo Grande -MS CAMPO GRANDE – MS 2013 EIANE BASILIO DE LIMA Diagnóstico e analise ambiental da microbacia do Imbirussu, Campo Grande -MS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em nível de Mestrado Acadêmico em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Universidade Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional. Orientação: Profa. Dra. Rosemary Matias CAMPO GRANDE – MS 2013 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp L696d Lima, Eiane Basilio de. Diagnóstico e analise ambiental da microbacia do Imbirussu, Campo Grande-MS. / Eiane Basilio de Lima. -- Campo Grande, 2013. 61f. Dissertação (mestrado) – Universidade Anhanguera - Uniderp, 2013. “Orientação: Profa. Dra. Rosemary Matias.” 1. Dinâmica do uso do solo 2. Geoprocessamento 3. Efluentes industriais I. Título. CDD 21.ed. 551.48 Dedico esse trabalho a todas as vítimas de Santa Maria-RS, principalmente aos acadêmicos que pleiteavam um futuro mais digno para o país. AGRADECIMENTOS Durante o último ano em que se desenvolveu este trabalho, diversas pessoas contribuíram de forma significativa e valiosa para desde a elaboração até a conclusão desse trabalho, às qual expresso meu profundo agradecimento. Primeiramente a Deus, por me dar fortalecimento para me manter vivo. A minha orientadora, professora Dra. Rosemary Matias, que em todos os momentos esteve sempre presente, com sua dedicação, competência, caráter, incentivo e equilíbrio na difícil tarefa de coordenar. A minha família, que sempre esteve presente em toda a minha jornada, principalmente a minha mãe Luiza, pela perseverança e fé nos momentos difíceis. Aos meus sobrinhos, Michelle e Renan, pela ajuda quando me deparei com a incapacidade de me locomover. Aos colegas do laboratório de Hidroquímica da Universidade Anhanguera Uniderp, Karen e Pedro, pela amizade e pela contribuição. A secretária do programa de mestrado, Aline Freitas Signorelli, por sua dedicação, educação e profissionalismo. Aos professores, Ademir, Mauro e Celso pelo apoio e orientação nas diretrizes finais. Por fim, a todos aqueles que não foram citados, mas que contribuíram, de alguma maneira, para o sucesso na concretização deste trabalho “Temos o direito a sermos iguais quando a diferença nos inferioriza, e de sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza”. (Boaventura de Sousa Santos). SUMÁRIO Resumo.............................................................................................................xi Abstract.............................................................................................................xii 1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................13 2. REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................17 2.1. Bacias, sub-bacias e microbacias hidrográficas.........................................17 2.2. O ambiente aquático...................................................................................19 2.3. Gestão dos Recursos hídricos....................................................................19 2.4. Impacto ambiental e o ecossistema aquático.............................................21 2.5. Pré estabelecimento da qualidade da água................................................22 2.6. Parâmetros da qualidade da água..............................................................23 2.7. Parâmetros Físicos.....................................................................................23 2.7.1. Temperatura............................................................................................23 2.7.2. Turbidez...................................................................................................24 2.7.3. Sólidos.....................................................................................................24 2.7.4 Sólidos totais.............................................................................................24 2.8 Parâmetros químicos...................................................................................22 2.8.1 Potencial hidrogeniônico (Ph)...................................................................25 2.8.2 Condutividade elétrica..............................................................................25 2.8.3 Oxigênio dissolvido...................................................................................25 2.9. Parâmetros biológicos................................................................................26 2.10. Uso do solo ou processo de urbanização................................................26 2.11. Legislação Urbanistica de Campo Grande...............................................28 2.12. Plano Diretor Municipal (PDM).................................................................30 2.13. Programa de Aceleração do Crescimento- PAC......................................31 2.14. O PAC em Campo Grande- MS...............................................................32 2.15. O uso do Georreferenciamento................................................................32 3. MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................34 3.1 Localização e caracterização da área.........................................................34 3.2 Área de estudo............................................................................................37 3.2.1. Microbacia do Imbirussu.........................................................................37 3.3 Levantamento da ocupação da região........................................................38 3.4. Trabalhos de campo e coleta de amostra de água....................................41 3.5 Análise das amostras de água e solo..........................................................41 4.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................42 4.1 Análise química, física e microbiológica da água e caracterização dos pontos................................................................................................................42 4.2 Microbacia do Imbirussu, 2006 / 2011.........................................................51 5. CONCLUSÃO................................................................................................54 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................56 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Localização do Estado de Mato Grosso do Sul e sua capital.........15 Figura 2 - Área do Imbirussu após a revitalização...........................................17 Figura 3 - Regiões Hidrográficas do Brasil.......................................................18 Figura 4 - Regiões urbanas de Campo Grande- MS, (macrozonas)................30 Figura 5 - Localização de Campo Grande- MS................................................35 Figura 6 - Mapa Hidrográfico de Campo Grande- MS......................................36 Figura 7 - Localização dos Parques Lineares de Campo Grande- MS.............37 Figura 8 - Região urbana da Microbacia do Imbirussu.....................................38 Figura 9 - Localização dos pontos de coleta da água.......................................39 Quadro 1- Caracterização dos pontos de coleta no Córrego Imbirussu, Campo Grande, MS........................................................................................................40 Figura 10- Fotos do Ponto 1, lixo acumulado ao longo do trecho.....................46 Figura 11- Ponto 2, e área que antecede o local..............................................47 Figura 12- Acesso ao ponto 3...........................................................................47 Figura 13- Área que antecede o ponto 4 (margem direita); Foto que antecede o local; Local da coleta do ponto 4; Efluentes lançados no córrego.....................48 Figura 14- Ponto 5; Ponte de acesso à propriedades particulares...................49 Figura 15- Dados precipitação pluviométrica 2006/ 2011.................................50 Figura 16- Microbacia do Imbirussu antes da revitalização, 2006....................52 Figura 17- Microbacia do Imbirussu após a revitalização, 2011.......................52 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Valores médios das variáveis, turbidez, CE;OD; DBO; DQO e C. T. do córrego Imbirussu, Campo Grande ...................................................................43 Tabela 2 - Valores médios das variáveis: cor, sólidos solúveis, sólidos totais, cloretos e oxigênio dissolvido do córrego Imbirussu, Campo Grande –MS......44 Tabela 3 - Quantificação das variáveis (Km2) e (%) da microbacia do imbirussu no período de 2006/ 2011..................................................................................53 RESUMO Atualmente, uma das maiores causas da escassez dos recursos hídricos nos centros urbanos se deve a degradação da qualidade da água, a qual é decorrente dos lançamentos de efluentes industriais e esgotos domésticos oriundos da inadequada ocupação do solo. A fragmentação da paisagem, estimadas através de técnicas de processamento de imagem de satélite auxilia estudos referente às modificações ocorridas, assim como a analise da qualidade da água. Dentro desse contexto, o objetivo do presente trabalho foi de analisar a qualidade da água da microbacia do córrego Imbirussu em Campo Grande- MS, associando com o processo de revitalização urbana da área ocorrida em 2008. Foram relacionadas os parâmetros químicos, físicos e microbiológicos da água medidos (mensalmente), em 5 pontos ao longo do córrego, no período de fevereiro de 2012 a Janeiro de 2013. Dos parâmetros analisados encontram-se fora dos padrões estabelecidos pelo CONAMA, sólidos sedimentáveis, DBO, PO4-2 e coliformes termotolerantes. Os problemas hídricos diagnosticado na região estão relacionados com o crescimento urbano, despejo de efluentes no núcleo industrial, e a diminuição da vegetação arbórea identificados na analise realizada in loco na região dos pontos de amostragem e pelas imagens de satélite Landsat TM 5, obtidas do ano de 2006 e 2011. As análises destes dados demonstram que o crescimento urbano esta sendo acelerado, principalmente com a substituição da mata ciliar por pastagem, empreendimentos imobiliários e pavimentação asfáltica. Conclui-se que no período entre 2006 e 2011 ocorreu um aumento significativo do grau de ocupação do solo na bacia estudada e que esta ocupação esta relacionada com a qualidade da água, e, ainda que programa de revitalização deva prever e estimar eventuais impactos oriundos do processo de urbanização. Palavras chave: dinâmica do uso do solo, geoprocessamento, efluentes industriais. ABSTRACT Currently, a major cause of the shortage of water resources in urban centers is due to degradation of water quality, which is a result of releases from industrial effluents and domestic sewage from improper land use. The fragmentation of the landscape, estimated using techniques of image processing satellite assists studies regarding alterations, as well as the analysis of water quality. Within this context, the objective of this study was to analyze the water quality of the watershed stream Imbirussu in Campo Grande-MS, associating with the process of revitalization of the area occurred in 2008. Were related to the chemical, physical and microbiological water measured (monthly), 5 points along the stream, from February 2012 to January 2013. Analyzed parameters are outside of the standards established by CONAMA, settleable solids, DBO, PO4-2 and fecal coliform. The water problems diagnosed in the region are related to urban growth, dumping of industrial effluents into the nucleus, and the decline of trees identified in the analysis performed in situ in the region of sampling points and the images of Landsat TM 5, obtained in the year 2006 and 2011. The analyzes of these data demonstrate that urban growth is being accelerated, especially with the replacement of riparian vegetation for grazing, real estate and asphalt paving. We conclude that in the period between 2006 and 2011 there was a significant increase in the degree of land use in the watershed studied and that this occupation is related to water quality, and though revitalization program must predict and estimate potential impacts from the urbanization process. Keywords: dynamics of land use, GIS, industrial effluents. 1. INTRODUÇÃO Do ponto de vista da hidrologia, a classificação de bacias hidrográficas não é vista somente na sua superfície total, mas também a sensibilidade tanto às chuvas de curta duração, como também ao uso do solo (LIMA, et al., 2000). Apesar da relação entre a mudança do uso do solo e a qualidade da água de uma determinada região, os diversos fatores que intervêm no processo de sua característica dinâmica tornam sua determinação quantitativa difícil e elusiva; em função disso, a maior parte dos estudos na área tem sido empírica, relacionando o tipo de uso, cobertura e manejo do solo com a qualidade da água (JOHNSON et al., 1997). Enquanto grandes rios são bons indicadores dos impactos cumulativos, rios menores apresentam maiores variabilidades na qualidade da água, dependendo da estação do ano e do grau de distúrbio da bacia (CHAVES, et al., 2009) A ocupação de áreas nas proximidades dos córregos urbanos, resultado do crescente processo de urbanização, gera diversos impactos ambientais, principalmente nos corpos de água, deixando as áreas naturais descaracterizadas e muitas vezes incapazes de cumprir suas funções. MOTA (1995) diz que quase todos os usos que o ser humano faz dos recursos hídricos acabam gerando resíduo, que por sua vez voltam para os recursos hídricos como poluentes. Desta maneira, algumas atividades modificam a qualidade dos recursos hídricos, ocasionando prejuízos. Portanto, a manutenção da qualidade da água necessária a um ou mais usos de determinado é a meta a ser alcançada em qualquer projeto que vise o seu aproveitamento. A redução da área verde e as erosões subsequentes são consequência da expansão desordenada de bairros, aumentando assim a impermeabilização da superfície (KRUSCHE, 1997). Outro fator oriundo da ocupação do solo é a poluição das águas das microbacias, que podem ser classificada em contaminações pontuais e difusas, sendo a primeira pelos efluentes domésticos e industriais, e as difusas pelos resíduos promovidos da agricultura e do escoamento dos pátios de indústrias (LOAGUE et al., 1998). Para compensar os efeitos negativos da urbanização, têm surgido programas e projetos governamentais voltados para a recuperação de áreas de ecossistemas impactados, envolvendo o saneamento básico e a remoção de poluentes hídricos, bem como a chamada revitalização de rios e córregos no meio urbano, composta por corredores verdes ao longo das avenidas e corpos hídricos que cortam a cidade (COSTA, 2011), o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) estabelecendo limites de uso para esses ecossistemas. Para evitar o excesso de contaminação nos corpos d’água a Resolução 357, de 17 de março de 2005 do Conselho Nacional do Meio AmbienteCONAMA, dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, estabelecendo condições e padrões de lançamentos de efluentes, que em seu art. 4º classifica as águas doces em: classe especial, classe 1, classe 2, classe 3 e 4 (BRASIL, 2005). De acordo com o documento, as águas de classe especial são destinadas ao consumo humano com desinfecção e para a manutenção dos ambientes aquáticos em unidades de preservação. Já a de classificação 1 são destinadas à irrigação de hortaliças, consumo humano com após tratamento simplificado e a proteção de ambientes aquáticos em terras indígenas. A classe 2 para o abastecimento do consumo humano após tratamento convencional, proteção das comunidades aquáticas, recreação de contato primário, irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, além de poder ser utilizada na aquicultura e atividade de pesca (BRASIL, 2005). As águas de classe 3, além do abastecimento para o consumo humano, após tratamento convencional ou avançado, são destinadas também para a irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras, pesca amadora, recreação de contato secundário e dessedentação de animais (BRASIL, 2005). As águas de classificação 4, são destinadas apenas para a navegação e harmonia paisagística (BRASIL, 2005). Os impactos ocorridos nos ambientes aquáticos variam entre as regiões, principalmente àquelas com um elevado nível de crescimento populacional e econômico. Dentre as diferentes cidades com problemas relacionados à questão hídrica, Campo Grande, capital do estado de Mato Grosso do Sul (Figura 1), por sua posição geográfica, apresenta clima do tropical ou tropical de altitude, com chuvas de verão e inverno seco (CAMPO GRANDE, 2012). A cidade possui uma área de 8.096 km², representa 2,27% de toda a extensão do estado. As características geomorfológicas do município permite o aproveitamento dos recursos hídricos tanto superficial como subterrâneos pois esta localizado nas imediações do divisor de águas das bacias hidrográficas do Paraná e Paraguai, e é definida pelas coordenadas geográficas 20°26’34’’ latitude Sul e 54°38’47’’ longitude Oeste (PMCG, 2012). Figura 1: Localização do estado de Mato Grosso do Sul e sua capital Fonte: IMASUL (2011). De acordo com a Secretaria de Planejamento Urbano do Município (SEMADUR), as 10 microbacias existentes no perímetro urbano/rural já demonstram efeitos de alterações antrópicas (PLANURB, 2011). Segundo a SEMADUR, todos os córregos de Campo Grande recebem a classificação 2; porém, por deliberação do Conselho Estadual de Controle Ambiental (CECA) n. 003, de 1997, o córrego Imbirussu e seus afluentes, até sua foz no rio Anhanduí, possui classe 3 (CAMPO GRANDE, 2010). O córrego imbirussu, localiza-se na região noroeste da cidade, e, segundo órgãos governamentais, a área de sua nascente já é prejudicada pelo desmatamento por implantação de lavouras e pastagens no local, e ao longo de seu curso, recebe os efluentes industriais (PMCG, 2010). Para minimizar os problemas ambientais da região, em 18 de março de 2008, foram lançadas as obras do projeto do Complexo do Imbirussu, incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e pelo Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata). Esse projeto previa a eliminação de efluentes nos Córregos Imbirussu e Serradinho, bem como a recuperação dos cursos d’água e fundo de vales, preservando a faixa de drenagem dos córregos e desenvolvendo assim a recuperação do ecossistema e manutenção do equilíbrio ecológico da microbacia (NEWS BRASIL CENTRAL, 2008). Inaugurada em 15 de novembro de 2011, a obra orçada em R$ 122 milhões, retirou cerca de 850 famílias que viviam de modo precário as margens do córrego, além de propiciar a pavimentação de mais de 14,4 Km de extensão em suas duas margens (PMCG, 2010). As obras executadas (Figura 2) envolveram a implantação de pistas pavimentadas nas duas margens do córrego Imbirussu, pontes, calçadas e ciclovia interligando as avenidas Duque de Caxias e Euler de Azevedo. A revitalização do local priorizou a conservação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) para a proteção e recuperação de áreas degradadas dos córregos Imbirussu e Serradinho, bem como a diversidade botânica local com a revitalização do horto municipal. Figura 2: Área do imbirussu após a revitalização Fonte: Correio do Estado de MS, (2011). Os processos de revitalização nos perímetros urbanos tem o objetivo de melhorar a qualidade da vida da população e a conservação ambiental. É também essencialmente um fator integrador na medida em que a qualidade de vida somente é possível com um ambiente conservado, que atenda às necessidades da população, garantindo harmonia do homem e da natureza. Para avaliar as mudanças ocorridas na paisagem de uma região, por processo de revitalização ou ocupação do solo, pesquisadores fazem uso de imagens de satélite, que constituem técnicas fundamentais para a manutenção de registros ao longo do tempo (CAMPOS et al., 2004). Considerando o exposto, o objetivo do presente trabalho foi analisar a qualidade da água da microbacia do imbirussu, associando com o uso e ocupação do solo nos períodos de 2006 a 2011. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Bacias, Sub-bacias e Microbacias Hidrográficas As bacias hidrográficas compõem-se de um conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de drenagem formada por cursos de água que confluem até resultar em um leito único no seu exutório (TUCCI, 1997) e seu comportamento hidrológico depende de suas características geomorfológicas como forma, relevo, área, geologia, rede de drenagem, solo e cobertura vegetal existente (LIMA, 2005). No Brasil, existem doze grandes bacias hidrográficas (Figura 3), sendo que sete têm o nome de seus rios principais, Amazonas, Paraná, Tocantins, São Francisco, Parnaíba, Paraguai e Uruguai; as demais são agrupamentos de vários rios chamadas de bacias agrupadas (IMASUL, 2011). Figura 3: Regiões hidrográficas do Brasil Fonte: IMASUL, 2011. Para definir as subdivisões de uma bacia hidrográfica como sub-bacia e microbacias, vários autores apresentam divergências nos aspectos morfométricos e ecológicos. Para Faustino (1996), as sub-bacias possuem áreas maiores que 100 km² e menores que 700 km²; já para Pissara et al., (2004), são áreas entre 200 a 300 km2. Segundo Santana (2003), bacias podem ser desmembradas em um número qualquer de sub-bacias, dependendo do ponto de saída considerado ao longo do seu eixo-tronco ou canal coletor. Já o termo microbacia para Mosca (2003) e Leonardo (2003), é a menor unidade do ecossistema onde pode ser observada a delicada relação de interdependência entre os fatores bióticos e abióticos, sendo que perturbações podem comprometer a dinâmica de seu funcionamento. Esse conceito visa à identificação e o monitoramento de forma orientada dos impactos ambientais. De acordo com Collares (2000), os parâmetros físicos específicos de um ecossistema aquático podem ser relacionados com as alterações ambientais, e sua vulnerabilidade sobre variáveis morfométricas e sua aplicabilidade. O presente trabalho utilizou a definição de Mosca e Leonardo (2003), por assim distinguir um curso d’água sensível a diversas transformações, porém acessível ao uso de forma sustentável. 2.2 O ambiente aquático Todos os corpos hídricos são interconectados, desde a atmosfera até o mar pelo ciclo hidrológico; assim a água se constitui em diferentes estágios que vão desde a precipitação até as águas salinas dos mares e oceanos (MEYBECK et al.,1996),podendo ser lóticos, ou seja, de água corrente como rios, e lênticos, cuja velocidade é pequena ou nenhuma, representados principalmente por lagos naturais (MOTA, 2005). Os ambientes aquáticos, em especial os lóticos, estabelecem interações de fluxo com os outros ambientes, surgindo assim os ambientes de transição ou ecótonos (CALIJURI et al., 2006). A zona ripária de um curso de água (mata ciliar ou floresta de galeria), que inclui principalmente as margens e as cabeceiras, caracteriza-se como um hábitat de extrema dinâmica, diversidade e complexidade. Dessa complexidade dependem também as relações ecológicas e processos vitais para a manutenção do ecossistema aquático, tais como: suprimento de resíduos vegetais responsáveis por processos biofísicos, suprimento de matéria orgânica dissolvida e particulada, filtragem biológica de nutrientes, além de hábitat e refúgio da fauna (LIMA, 2005). 2.3 Gestão dos Recursos Hídricos O planejamento em recursos hídricos pode ser definido como um conjunto de procedimentos organizados, que visam o atendimento das demandas de água, considerando a disponibilidade restrita desse recurso (FILHO, et al., 2003). No Brasil, ao final de 1980 e início de 1990, uma nova perspectiva de gestão de recursos hidrícos se disseminou por todos os setores da administração pública ao nível federal, estadual e municipal, bem como em outros setores usuários da água, através de associações, ou comissões (SETTI, 1994). A constituição federal de 1988 não faz menção específica a esses recursos em seu texto, apenas especifica princípios e diretrizes que orientam o tratamento jurídico e a proteção ambiental desses recursos. Apesar de a constituição estabelecer que seja de alçada privativa da união legislar sobre a água e energia, possibilita aos estados tratar de questões especificas (LIBÂNIO, 2005). Cabe ao governo Federal instituir o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNGRH), estipulando o direito de uso. A lei nº 9.433 de 1997 institui a política nacional de recursos hídricos criando o SNGRH (LIBÂNIO, 2005). Em Mato Grosso do Sul, os recursos hídricos são gerenciados pelo Instituto do Meio Ambiento de Mato Grosso do Sul – IMASUL, que tem por finalidade assegurar, promover e incentivar a preservação e conservação das águas em todo o território estadual (IMASUL, 2011). O estado conta ainda com o Conselho Estadual de Controle AmbientalCECA, que dispõe sobre a utilização das águas das bacias hidrográficas, em que estabelece no seu artigo primeiro o enquadramento dos corpos de água da bacia hidrográfica do Alto Paraguai, do córrego Imbirussu, da bacia do rio Paraná, além de definir os padrões de lançamento de efluentes (IMASUL, 2011). Já o município compete legislar sobre assuntos de interesse local, suplementando as legislações federal e estadual, e ainda, organizar e prestar diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, ordenamento territorial mediante planejamento e promovendo o controle do uso e parcelamento da ocupação do solo urbano, o que reflete na qualidade e na quantidade das águas (LIBÂNIO, 2005). 2.4 Impacto ambiental e ecossistema aquático A preocupação com o ambiente e a ideia de impacto ambiental, aparece nas discussões de especialistas de várias partes do mundo desde a década de 1970. No Brasil, na década seguinte, o Conselho Nacional do Meio AmbienteCONAMA , em sua Resolução 001 (23/01/86), define: Impacto ambiental como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causadas por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas [...] e que afetam: 1 – a saúde, a segurança e o bemestar da população; 2 – as atividades sociais e econômicas; 3 - a biota; 4 - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 5 - a qualidade dos recursos ambientais. Segundo MOREIRA (1985), um impacto ambiental é sempre consequência de uma ação, e nem todas as consequências de uma ação do homem merecem ser consideradas como degradação. Os fatores que levam a qualificar um efeito ambiental como significativo são subjetivos, envolvendo escolhas de natureza técnica, política ou social. A degradação de um ambiente pode ser caracterizada ainda por sua reversibilidade, de acordo com a possibilidade de o fator ambiental afetado retornar às suas condições originais. A reversão às condições anteriores pode ocorrer naturalmente ou como resultado de uma intervenção do homem (FEEMA, 2000). No ciclo hidrológico, os impactos ocorrem principalmente pelo desenvolvimento urbano como, por exemplo, a pavimentação, o qual altera a cobertura vegetal provocando vários efeitos nos componentes do ciclo hidrológico natural (TUCCI, 1997). Nas obras de pavimentação urbana onde predomina o concreto e o asfalto, a energia solar aumenta a temperatura do ambiente, produzindo ilhas de calor. O asfalto, devido a sua cor, absorve mais energia devido à radiação solar do que as superfícies naturais, e o concreto, à medida que a sua superfície envelhece tende a escurecer, aumenta também a absorção de radiação solar. Essa elevação da temperatura cria condições de movimento de ar ascendente aumentando assim a precipitação (TUCCI, 1997). De acordo com Mota (1995), os impactos ambientais dos ecossistemas aquáticos geram a contaminação da água, quando essa recebe microrganismos patogênicos, substâncias químicas e até mesmo radioativas. A contaminação pode ser de origem agropastoril, por excremento de animais, pesticidas e fertilizantes, e de origem urbana com o lançamento de esgotos domésticos e lixo, além do escoamento superficial das águas de origem pluviométrica. 2.5 Pré-estabelecimento da Qualidade da Água É de grande importância para controle e manutenção dos ambientes aquáticos um programa de monitoramento da qualidade da água em bacias hidrográficas, bem como determinações de fontes e cargas poluidoras, na qual a adequação dos pontos selecionados é analisada a partir do conhecimento prévio da ocupação e qualidade da água nos rios da bacia, utilizando parâmetros físico-químicos e indicadores biológicos, principalmente os que se referem aos microrganismos presentes nos corpos hídricos (MESQUITA et al., 2003). O monitoramento quantitativo e qualitativo dos recursos hídricos é um instrumento que permite a avaliação dos corpos de água, e, tomadas de decisões quanto ao aproveitamento dos usos múltiplos da água, possibilita a minimização de impactos ambientais, além de alertar em relação à qualidade, a qual pode revelar doenças de veiculação hídrica (PORTO, 1991). Para que seja realizada a classificação dos mananciais é necessário o estabelecimento de padrões de qualidade, sendo este estabelecido de acordo com os usos preponderantes, atuais e futuros, não confundindo os termos “parâmetro” e “padrão” de qualidade. Enquanto o primeiro termo são grandezas que indicam as características da água, padrão constitui um valor do parâmetro que não deverá ser excedido em determinado intervalo de tempo (JORDÃO et al., 2005). 2.6 Parâmetros de qualidade da água Existem diversas metodologias de avaliação das mudanças ocorridas nos cursos hídricos, dentre as quais se destacam as medidas de bioindicação e as técnicas utilizadas na determinação de Índices de Qualidade da Água (IQAs) com base em características físico-químicas e microbiológicas (MOULTON, 1998). Cada sistema lótico possui características próprias, o que torna difícil estabelecer uma única variável como um indicador padrão para qualquer sistema hídrico (COUILLARD et al., 1985). As interações entre as diversas variáveis mensuradas numa amostra de água constitui o ponto de partida para avaliação da qualidade da água, desde que estas interações sejam obtidas de uma distribuição amostral no espaço e no tempo das variáveis do sistema a ser estudado (HARMANCIOGLU et al., 1998). O uso de variáveis físicas e químicas, principalmente através de índices de qualidade de água, é um método bastante aplicado para esta finalidade (SILVA et al., 2007). 2.7 Parâmetros Físicos 2.7.1Temperatura Este é um importante fator ecológico, tanto pela influência direta que pode exercer sobre vários tipos de organismos, como pela relação existente entre ele e o teor de gases dissolvidos (MORAES, 2001). A elevação da temperatura da água, dentro de certos limites, aumenta a atividade metabólica de organismos tais como peixes, bactérias, entre outros, causando maior consumo de oxigênio e afetando, assim, duplamente, a respiração aeróbia aquática (BRANCO, 1998). 2.7.2Turbidez A turbidez é causada pela presença de materiais em suspensão na água, tais como partículas insolúveis de solo, matéria orgânica e organismos microscópicos (MOTA, 2005). Quando excessiva reduz a penetração da luz na água e com isso reduz a fotossíntese do fitoplâncton (algas) e vegetação submersa (CETESB, 1998). 2.7.3 Sólidos A alta taxa de transporte de sedimentos do sistema terrestre para o aquático, durante período de intensa precipitação, pode estar relacionada a desmatamento ou práticas agrícolas ao redor de lagos, represas e rios, causando alterações no sistema aquático e interferindo nos processos ecológicos (TUNDISI, 2008). Os sólidos suspensos (areia, silte, microorganismos, restos de animais e vegetais) com diâmetro superior a 10 μm, em altas concentrações, constituemse em um dos principais problemas, pois podem ocasionar obstrução dos orifícios em sistema de irrigação localizada (NAKAYAMA; BUCKS, 1986). A presença de materiais em suspensão e a cor da massa líquida diminuem a transparência das águas, podendo reduzir significativamente a energia luminosa disponível para a fotossíntese (REBOUÇAS, 2002). 2.7.4 Sólidos Totais Os sólidos totais são os sedimentos gerados pela erosão do solo, em razão do efeito da precipitação, do sistema de escoamento e também produzidos pela população. A quantidade de sólidos que passam pela seção transversal de um curso de água em um intervalo de tempo, isto é, a descarga sólida total, é composta por dois componentes principais: a descarga sólida em suspensão (sólidos dissolvidos e/ou de pequena granulometria, transportados em suspensão na água) e a descarga sólida do leito (partículas de maior granulometria, transportadas por arraste ou saltação no leito do curso d’ água) (VANZELA, 2004). No entanto, as causas relacionadas volume de sedimentos na água devem ser investigadas quanto à influência da precipitação, relevo, solo e uso da terra sobre a erosão da microbacia por indicar a ocorrência de perda de solos no local. 2.8 Parâmetros Químicos 2.8.1 Potencial Hidrogeniônico (pH) O potencial hidrogeniônico é um valor que representa a concentração de íons de hidrogênio H+ (em escala anti-logarítmica), dando uma indicação sobre a condição de acidez, neutralidade ou alcalinidade da água (VON SPERLING, 2005) e o pH é um parâmetro químico que pode contribuir para a obstrução de tubulações e emissores em sistemas localizados (NAKAYAMA; BUCKS, 1986). A influência do pH sobre os ecossistemas aquáticos naturais, dá-se diretamente devido a seus efeitos sobre a fisiologia das diversas espécies. Os peixes adoecem em pH inferior a 4.5 ou superior a 9.0. O pH da água depende de sua origem e características naturais, mas pode ser alterado pela introdução de resíduos. A vida aquática depende do pH recomendável entre 6 a 9 (CETESB, 1998). 2.8.2 Condutividade Elétrica A condutividade elétrica determina a capacidade de a água conduzir a corrente elétrica (ESTEVES, 1998), sendo um indicador da salinidade resultante da concentração MATSUMURAMA, 2008). de sais, ácidos e bases (TUNDISI; 2.8.3. Oxigênio Dissolvido O teor de oxigênio dissolvido na água é um indicador de suas condições de poluição por matéria orgânica. Assim, uma água não poluída (por matéria orgânica) deve estar saturada de oxigênio. Por outro lado, teores baixos de oxigênio dissolvido podem indicar que houve uma intensa atividade bacteriana decompondo matéria orgânica lançada na água (MOTA, 2005). A baixa concentração de oxigênio dissolvido indica eutrofização ou poluição orgânica, resultante do esgoto doméstico, de certos resíduos industriais, do vinhoto e outros, que são decompostos por microorganismo que utilizam o oxigênio na respiração. A morte de peixes em rios poluídos é resultado da ausência de oxigênio e não da presença de substâncias poluentes. O nível de oxigênio dissolvido em águas naturais é, com freqüência, uma indicação direta de qualidade, uma vez que as plantas aquáticas produzem oxigênio enquanto microorganismos geralmente o consomem ao alimentarem-se de poluentes (CETESB, 1998). 2.9. Parâmetros Biológicos Embora não sendo, de um modo geral, patogênicas, a presença de bactérias do grupo coliforme na água indica que a mesma recebeu material fecal e pode, portanto, conter microrganismos patogênicos (MOTA, 2005). As bactérias do grupo coliforme podem se dividir em coliformes totais e coliformes fecais. Os coliformes totais constituem-se em um grande grupo de bactérias que tem sido isolada de amostras de águas e solos poluídos e não poluídos, bem como de fezes de seres humanos e outros animais de sangue quente. Os coliformes fecais são bactérias indicadoras de organismos originários do trato intestinal humano e de outros animais (VON SPERLING, 2005). 2.10. Uso do solo ou Processo de urbanização A temática da qualidade do meio ambiente e o uso do solo nos centros urbanos perpassa o entendimento da relação entre o processo de expansão, e a degradação ambiental, que invariavelmente resulta desse processo. Assim, a manutenção da qualidade do meio ambiente depende do equilíbrio na estruturação das cidades no que concerne ao trato com a natureza (TEIXEIRA et al., 1992). A principal característica da expansão populacional urbana tem sido o novo perfil de crescimento, no qual a população urbana passou a ocorrer de forma mais acentuada nas áreas urbanas, com diminuição da população rural, ocasionando um “inchaço” nas cidades, já que a migração do campo para a cidade ocorreu de forma intensa, com a população ocupando, de forma desordenada, os territórios urbanizados (DUARTE, 2003). No Brasil, este processo aconteceu durante o século XX, principalmente após a proclamação da República, e se tornou mais intenso com a Revolução de 1930, com a migração de populações de áreas rurais para as cidades, sendo consolidado na década de 1950, no governo de Juscelino Kubitschek (CEZARE, 2009). A evolução desse processo resulta no agravamento de práticas ambientais predatórias, gerando erosões do solo, enchentes, desabamentos, desmatamentos e poluição dos mananciais de abastecimento e do ar, que afetam o conjunto urbano e em especial, as áreas ocupadas pela população de baixa renda, com perdas e deseconomias significativas para o funcionamento adequado do conjunto metropolitano (GROSTEIN, 2005). Segundo Mota (2005), o ambiente urbano constitui-se de dois sistemas abertos que estão inter-relacionados: o primeiro é o meio biológico e físico, onde se inserem a fauna, a flora, solo, ar e água. O segundo é o sistema antrópico, que considera o ser humano e as atividades desenvolvidas pelo mesmo. O desenvolvimento urbano produz grande competição pelos mesmos recursos naturais (solo e água), destruindo parte da biodiversidade natural. O meio formado pelo ambiente natural e pela população (socioeconômico urbano), é um ser vivo e dinâmico que gera um conjunto de efeitos interligados, que sem controle pode levar a cidade ao caos (DUARTE, 2003). Diante do processo da ocupação do solo inadequada, o plano diretor dos municípios utiliza tendências para incorporar as questões ambientais no planejamento urbano, associando esta ao meio físico, assim privilegiando a área urbana definida pela rede hidrográfica (DUARTE, 2003). 2.11. Legislação Urbanística de Campo Grande Em 1970, a lei de uso do solo nº. 1747/78 reforçou a tendência de fluxo e comércio nas avenidas, sacramentando o aproveitamento das saídas da cidade e acesso aos novos bairros. Em 1987, foi criada a Unidade de Planejamento Urbano- PLANURB, órgão vinculado à Secretaria Municipal de Planejamento, sendo seu primeiro feito a lei que dispunha sobre o ordenamento do uso e ocupação do solo, instituindo o zoneamento da área urbana por categorias funcionais e por compatibilidade locacional, com a criação do regime urbanístico específico para áreas com problemas fundiárias além da preservação ambiental (PMCG, 2012). O plano diretor municipal da cidade de Campo Grande, instituído em 22 de novembro de 1995, tem como foco principal a criação de um sistema de planejamento e a gestão democrática da cidade. Diante disso, o território urbano de Campo Grande foi subdividido em nove regiões, sendo sete no distrito sede e duas outras nos distritos de Rochedinho e Anhanduí (PMCG, 2012). Em 2006, foi aprovada a lei complementar nº94 em que manteve as nove regiões urbanas existentes, definindo as macrozonas com objetivo de controlar a ocupação e uso do solo, são elas: de Adensamento Prioritário-MZ1; de Adensamento Secundário-MZ2 e de Adensamento Restrito- MZ3; além disso, foram instituídas áreas de interesse coletivo como: Zona Especial de Interesse Cultural- ZEIC; Zona Especial de Interesse Urbanístico- ZEIU; Zona Especial de Interesse Social- ZEIS e a Zona Especial de Interesse AmbientalZEIA (Figura 4) (PMCG, 2012). A Macrozona de Adensamento Prioritário – MZ1, são áreas destinadas à intensificação do uso e ocupação do solo, principalmente quanto a ocupação dos vazios urbanos, lotes e glebas não utilizadas ou subutilizadas, de forma a otimizar os serviços públicos existentes (PMCG, 2012). Na Macrozona de Adensamento Secundário – MZ2, é a área destinada ao uso e ocupação gradual, acompanhando a expansão da infraestrutura e serviços públicos a medidas que sejam disponibilizados, face às condições estabelecidas na Legislação Municipal específica (PMCG, 2012). A Macrozona de Adensamento Restrito – MZ3, é constituída por áreas reservadas para o futuro adensamento, estimulado os usos de lazer, recreação, cultura, habitacional, residencial, hortifruticultura, bem como parcelamento com lotes de no mínimo 5.000m² (PMCG, 2012). A Zona Especial de Interesse Cultural – ZEIC é destinada à proteção do patrimônio histórico, ambiental, arquitetônico, paisagístico, aos demais bens tombados pelo patrimônio histórico municipal, estadual e federal (PMCG, 2012). A Zona Especial de Interesse Ambiental – ZEIA tem com finalidade garantir áreas de permeabilidade e qualidade ambiental, e constituem reservas lineares, buscando proteger áreas portadoras de vegetação arbórea nativa ou revegetadas, matas ciliares dos córregos e suas nascentes, áreas marginais aos córregos, áreas brejosas e/ou alagadiças impróprias à urbanização (PMCG, 2012). A Zona Especial de Interesse Social – ZEIS, constitui uma reserva de lotes e glebas para programas públicos de regularização fundiária e formação de estoque de terras para produção habitacional, em consonância com a Política Municipal de Habitação (PMCG, 2012). Figura 4: Regiões urbanas de Campo Grande- MS, (macrozonas) Fonte: PLANURB, (2011). 2.12. Plano Diretor Municipal (PDM) O plano diretor municipal é a gestão de municípios e prefeituras que impõe questões específicas do uso e ocupação do solo. Os problemas do plano estão mais relacionados com as temáticas territoriais, como: desenvolvimento econômico; reabilitação de áreas centrais da cidade e sítios históricos; avaliação e atividades em áreas rurais; políticas habitacionais; regularização fundiária; transporte e mobilidade; saneamento ambiental; estudos de impactos de vizinhança; instrumentos tributários e de indução de desenvolvimento regional. Essas temáticas podem ser abordadas em quatro etapas: elaborar leituras técnicas e comunitárias para identificar, mapear e entender a situação do município; formular e pactuar propostas com perspectiva estratégica; definir instrumentos de viabilidades dos objetivos e estratégias municipais; e formalizar um sistema de gestão e planejamento do município (PMCG, 2012). Para auxiliar na execução do planejamento municipal, o governo federal através do Programa de Aceleração do Crescimento- PAC disponibiliza recursos com objetivos de melhoria e desenvolvimento de uma determinada região, atendendo principalmente as necessidades socioambientais locais. 2.13. Programa de Aceleração do Crescimento - PAC Lançado pelo Governo Federal em janeiro de 2007, o Programa de Aceleração do Crescimento visa promover a aceleração do crescimento econômico, o aumento do emprego e melhoria das condições de vida da população brasileira (BRASIL, 2007). Segundo o discurso governamental, o estímulo ao investimento é justificado pelo papel de importância atribuído principalmente à iniciativa privada na promoção do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e na oferta de empregos através do aumento da estabilidade econômica interna. O capital utilizado no programa é originário dos recursos da União e de investimentos das empresas estatais, além de investimentos privados e parcerias com o programa. Para utilização dos recursos, o governo organizou medidas em cinco frentes concomitantes e complementares, sendo priorizados: 1) Investimento em Infraestrutura; 2) Estímulo ao Crédito e ao Financiamento; 3) Melhora do Ambiente de Investimento; 4) Desoneração e Aperfeiçoamento do Sistema Tributário: 5) Medidas Fiscais de Longo Prazo, além da execução de obras no interior das cidades cumprindo com as determinantes propostas pelo Programa no que diz respeito à atenção aos problemas sociais e urbanos (BRASIL, 2007). Na região centro oeste do país, uma posição geográfica estratégica para o desenvolvimento junto a outros países, os recursos disponibilizados para Mato Grosso do Sul foram principalmente destinados à reconstituição econômica e social nos setores de energia, saneamento, habitação popular, ferrovias, aeroportos, portos, estradas e tecnologias (BRASIL, 2007). Em sua etapa inicial, foram contemplados três municípios (Campo Grande, Corumbá e Dourados); posteriormente, já em 2009, foram inseridos outros 41 municípios, através do PAC/FUNASA (BRASIL, 2005). 2.14. O PAC em Campo Grande- MS As ações previstas em infraestrutura social e urbana com auxilio do PAC tiveram como estratégia oficial, melhorar as condições de vida da população, garantindo a remoção de moradias localizadas em beiras de córregos e áreas de risco nos programas de intervenção em favelas do complexo imbirussu, segredo e cabaça, totalizando um pouco mais de R$ 74 milhões de reais. Tais obras foram iniciadas em julho de 2008, e envolveram recursos de R$ 66,4 milhões, aplicados em urbanização, recuperação de áreas degradadas, construção de moradias, abertura de novas avenidas, drenagem e, pavimentação, tirando de situação de risco famílias que moravam em fundo de vale (BRASIL, 2010). Com recursos de R$ 57 milhões do governo federal e R$ 70 milhões do Fonplata , a obra do Complexo Imbirussú/ Serradinho previa a construção de um parque linear, com via marginal de 4,5 quilômetros, ligando as regiões norte e sul, desafogando o trânsito do centro da cidade (BRASIL, 2007- 2010). 2.15 O uso do georreferencimento O sensoriamento remoto e o geoprocessamento constituem-se em técnicas fundamentais para a manutenção de registros do uso da terra ao longo do tempo. As imagens de satélite, em forma digital ou papel, são muito importantes e úteis, pois permite avaliar as mudanças ocorridas na paisagem de uma região num dado período, registrando a cobertura vegetal em cada momento (CAMPOS et al., 2004). As vantagens de utilizar dados de sensoriamento remoto nos levantamentos do uso atual de terras permitem atingir áreas de difícil acesso, e fazer o imageamento a altas altitudes, possibilitando uma visão sinóptica da superfície terrestre, com repetitividade, viabilizando, portanto, a ações de monitoramento (FREITAS, 1993). O levantamento necessário para fins de planejamento pode ser obtido a partir da utilização de dados multiespectrais, fornecidos por satélites de Sensoriamento Remoto, associados às técnicas de interpretação (PEREIRA et al., 1989). A análise de características, como cobertura vegetal, topografia, drenagem e tipo de solo, permite chegar ao uso racional e adequado de um determinado espaço geográfico. Dessa maneira, determinam-se áreas de preservação de mananciais, reservas florestais, áreas agrícolas, distritos industriais e áreas de expansão urbana, para que o uso do solo obedeça às características naturais da bacia, e o planejamento (TUCCI, 1993). Os parâmetros morfométricos, pelo emprego de técnicas de processamento digital de imagens e Sistema de Informação Geográfica (SIG) constituem um instrumento adequado para a análise ambiental e no diagnóstico de estudos para a realocação das atividades humanas (PANQUESTOR et al., 2002). As ferramentas computacionais, para geoprocessamento, chamadas de SIG, realizam análises complexas ao integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados georreferenciados. Um dos aspectos mais importante de um SIG é a natureza da informação geográfica, expressa por uma localização geográfica (CALIJURI, 1995). Além disso, um dado geográfico pode estar associado a diversos outras de informações como, por exemplo: a) Verificação de impactos ambientais nas florestas; b) Monitoramento e controle de epidemias; c) Gestão de redes de distribuição de energia elétrica, abastecimento de água, gás, telefone, coleta de lixo e esgoto; d) Administração municipal e planejamento urbano: consultas rápidas, simulações de situações, obtenção de resultados estatísticos, formulação de decisões, planejamento de uso e ocupação do solo, controle de arrecadação de taxas; e) Administração, caracterização e localização de recursos naturais; f) Cadastramento e mapeamento de áreas de risco; g) Análises de impacto ambiental; h) Mapeamento de solos; 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Localização e caracterização da região O estudo foi desenvolvido em Campo Grande, capital do estado de Mato Grosso do Sul, situada na região neotropical do Estado (Figura 5), pertence aos domínios da região fitogeográfica do Cerrado, constituindo um conjunto de formas de vegetação relacionando-se à fertilidade do solo, sendo as principais: campo limpo, campo sujo, cerradão, além da presença de mata ciliar em áreas de tensão ecológica, representadas pelo contato Cerrado/Floresta Estacional Semidecidual (PMCG, 2012). Figura 5. Localização de Campo Grande-MS. Fonte: PLANURB, (2011). O clima predominante, segundo a classificação de Koppen, situa-se na faixa de transição entre o sub-tipo (Cfa) mesotérmico úmido sem estiagem e o sub tipo (Aw) tropical úmido com estação chuvosa no verão e seca no inverno (OLIVEIRA et. al., 2003). A classe dominante do solo é o latossolo vermelho escuro, o qual apresenta textura média e com caráter álico, estendendo-se desde a parte superior do município até o limite de seu território, na confluência dos rios Anhanduizinho e Anhanduí (PMCG/SEMADUR, 2012). A hidrografia da cidade (Figura 6) destaca o rio Anhanduí como o principal curso de água do município, tendo como seus afluentes a maioria dos corpos d’ água na região, destacando-se o Anhanduizinho, Ribeirão da Lontra, e os córregos Cachoeira, Três Barras, Anhanduí, Lageado, Lageadinho, Imbirussu, Pouso Alegre, do Engano, Mangue, Lagoa, Lagoinha, Estiva, Limpo, da Areia, Arame e Fortaleza os quais pertence a Bacia do rio Paraguai além dos córregos Guariroba, Água Turva, Estaca e Ribeirão das Botas, os quais são tributários da sub-bacia do rio Pardo, que por sua vez é afluente do rio Paraná (Figura 6), (PMCG/SEMADUR, 2012). Figura 6: Mapa Hidrográfico de Campo Grande-MS Fonte: SEMADUR, (2011). Em termos de conservação ambiental, a cidade possui três grandes Unidades de Conservação da natureza, denominadas Áreas de Proteção Ambiental (APA), que constitui um instrumento viável em situações de expansão urbana, sendo elas: APA do Lageado, do Guariroba e APA do Ceroula (PMCG, 2011). Também foram implantadas, a partir do ano 2000, os parques lineares (Figura 7) nas áreas urbanas da capital, visando proteger as margens dos córregos, matas ciliares e nascentes, melhorando assim as condições sanitárias no entorno (CAMPO GRANDE, 2011). Figura 7: Localização dos Parques Lineares, Campo Grande-MS. Fonte: PMCG/SEMADUR, (2012). 3.2 Área de estudo 3.2.1 Microbacia do Imbirussu A microbacia do Imbirussu (Figura 8) está inserida na Bacia do Rio Anhanduí localizada no Estado de Mato Grosso do Sul abrangendo os municípios de Campo Grande, Sidrolândia e Nova Alvorada do Sul, possuindo 67,26% da sua área total na Capital do Estado (IMASUL, 2011). A área é composta por três córregos: Zé Pereira, Serradinho e Imbirussu, que abrange cinco bairros (José Abrão, Panamá, Popular, Nova Campo Grande e Núcleo Industrial) e parte de sete outros bairros (Nasser, Santo Amaro, Santo Antônio, Sobrinho, Taveirópolis, São Conrado e Caiobá), totalizando uma área de 66,7 Km2 (PMCG, 2011). Figura 8: Região urbana da microbacia do Imbirussu. Fonte: PMCG, 2012; adaptado por LIMA,( 2013). 3.3 Levantamento da ocupação da região. O período de levantamento e análise para a realização deste trabalho foi antes da implantação do plano diretor de revitalização da região em 2006, e após a implantação 2011. As informações sobre o uso da terra foram obtidas com auxilio do software spring 5.1 e imagens do satélite Landsat TM 5, órbita/Ponto 225/74, datadas respectivamente de 11/08/06 e 22/09/2011, adquiridas pelo site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, na página do Banco de Imagens da DPI/INPE. Para a obtenção dos dados foi realizado, primeiramente, o georreferenciamento das imagens, utilizando para isso, dados vetoriais referentes aos limites da área da microbacia do imbirussu, disponibilizadas on line pela Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano de Mato Grosso do Sul. A composição colorida e o realce de imagem foram obtidos utilizando a combinação RGB nas bandas 3, 4 e 5 das imagens de satélite, resultando na composição 3B4G5R, falsa cor. Realizou-se ainda a segmentação e classificação das imagens, optando pela elaboração de cinco temas/classes: áreas de solo nu, vegetação arbórea, área urbana, plantação e pastagens. Para finalização dessas atividades, foram extraídos os dados estatísticos de cada tema/classe com o intuito de quantificar a evolução de cada unidade da paisagem da área estudada. Também foram estipulados cinco pontos ao longo do córrego Imbirussu (Figura 9), contemplando três deles em locais onde ocorreram as obras de revitalização e outros dois pontos na saída do perímetro urbano. Figura 9: Localização dos pontos de coleta da água. Fonte: ANHANGUERA UNIDERP, (2011). O primeiro ponto (P1) está localizado antes da confluência com o córrego Serradinho (20°26’58.88”S e 54°41’06.95”O), o segundo ponto (P2) no bairro Jardim Imá (20°27’11.57”S e 54°41’27.29”O), o terceiro ponto (P3) av. Duque de Caxias (20°27’29.55”S e 54°42’10.23”O), o quarto ponto (P4) no núcleo Industrial (20°30’03.62S e 54°43’54.94”O), e o quinto ponto (P5), localizado na BR 060 (20°36’08.54”S 54°43’49.02”O) (Quadro 1). Quadro 1 – Caracterização dos pontos de coleta no Córrego Imbirussu, Campo Grande, MS. Ponto 1 2 3 Descrição Antes do Córrego Serradinho, B. Jardim Aeroporto Fundos CEA imbirussu, Jardim Imá Saída da área Revitalizada, bairro Nova Campo Grande. 4 Entrada Núcleo Industrial. 5 Saída Núcleo Industrial, BR 060 Detalhe 3.4 Trabalhos de Campo e coleta de amostra de água As atividades de campo foram realizadas mensalmente de fevereiro de 2012 a Janeiro de 2013, sempre na primeira quinzena de cada mês, nos horários fixos entre 8:00 e 10:00 horas da manhã, impedindo assim a interferência da variação horária na composição do esgoto lançado no manancial, em comparação entre os períodos de seca e chuva.. Para o levantamento da cobertura vegetal da região, entre outras transformações ambientais, e também para identificar as transformações socioeconômicas e demográficas ocorridas, foi utilizado, além das imagens de satélite, uma câmera digital da marca Sansung 4.9 – 24.5 mm , 12.2 mega pixels. As amostras foram coletadas a 30 cm de profundidade e transferidas para frascos de vidro estéril e acondicionadas em caixa térmica (temperatura ≈ 4º. C), evitando possíveis alterações até a chegada ao Laboratório de Hidroquímica Ambiental da Universidade Anhanguera - Uniderp, onde foram analisadas. 3.5 Análise das amostras de água As amostras de água foram submetidas à análise física, química e microbiológica, de acordo com Standard Methods (APHA, 1995), foram executadas em três repetições. Os parâmetros analisados foram: cor (colorímetro), turbidez (turbidímetro), pH (pHmetro), condutividade elétrica (condutivímetro), alcalinidade, acidez, dureza total e cloretos por titulometria, oxigênio dissolvido (OD) (Oxímetro), demanda bioquímica de oxigênio (DBO) (incubação durante 5 dias a 21 °C e aferição através do oxímetro), demanda química de oxigênio (DQO) (digestor de DQO/Titulometria), óleos e graxas (Gravimetria), sólidos sedimentáveis (Cone de Inoff) e sólidos totais (Gravimetria). Para as análises microbiológicas, a técnica empregada foi de tubos múltiplos, para determinar o Número Mais Provável (NMP) de Coliformes Totais e Termotolerantes (APHA, 1995). Os dados obtidos das análises mensais foram registrados em planilhas, tratados estatisticamente e comparados com os parâmetros físicos, químicos e microbiológicos estabelecidos para águas superficiais, na Resolução 357/2005 do CONAMA (BRASIL, 2005). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA), seguida de um teste de comparações múltiplas (Tukey) e quando necessário os dados foram submetidos a um teste não-paramétrico (Kruskal-Wallis). 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4. 1 Análise física, química e microbiológica da água e caracterização dos pontos Através dos resultados obtidos para as variáveis avaliadas, em relação aos pontos amostrados e períodos de coleta, somente temperatura, pH, turbidez, cor, condutividade elétrica, sólidos totais e cloretos não apresentaram diferenças significativas entre os pontos e períodos de coleta (Tabela 1e 2). De acordo com os valores das variáveis apresentadas na tabela 1, no período de fevereiro de 2011 a janeiro de 2012, o Fosfato PO4-2, ficou fora dos padrões estabelecidos para todos os pontos tanto para classe 2 (P1), quanto para a classe 3 (demais pontos), além da DBO e DQO, que obtiveram valores elevados. Os coliformes Termotolerantes indicou contaminação apenas para P1, que, de acordo com a Resolução 357/2005- CONAMA, a tolerância é de até 1000 em 100 ml. A presença de coliformes fecais, nas amostras avaliadas, torna não recomendável o uso da água do córrego Imbirussu para irrigação de plantas consumidas cruas e para dessedentação de animais uma vez que no Ponto P1 apresenta propriedades rurais com formação de pastagem e cultivo de hortaliça. Tabela 1 – Valores médios das variáveis físicas (T.; Turbidez), químicas (CE;OD; DBO; DQO) e microbiológica (C.T.) em cinco pontos de amostragem no córrego Imbirussu, Campo Grande –MS. Turb. PO4 -2 C.Term./C.Tot. DQO DBO Pontos/ Parâmetros T. C U.N.T. pH mg/LP mg/L mg/L N.M.P. em 100 mL P1 23,72 11,82 6,35 0,20 109,75 26,7 > 2400 ± 0,0 σ ± 0.05 ± 0.05 ± 0.05 ± 0.06 ± 0.05 ± 0.08 P2 24,03 11,37 6,57 0,34 103,43 29,30 σ ± 0.90 ± 0.09 ± 0.05 ± 0.01 ± 0.01 ± 0.33 P3 24,38 11,68 6,42 0,42 122,95 24,83 > 2400 ± 0,0 Classe 2 < 40 Até 100 6,0- 9,0 0,03 ** Até 5 Até 1000 Classe 3 < 40 Até 100 6,0- 9,0 0,05 ** Até 10 O. * Brasil (2005). **Não há parâmetros de qualidade. T.= temperatura. Turb.= turbidez. PO > 2400 ± 0,0 Até 4000 -2 = fosfato total. 4 DQO= demanda bioquímica de oxigênio. DBO= Demanda bioquímica de oxgênio. C.Term. = coliformes termotolerantes e C.Tot.= coliformes totais. σ (Desvio Padrão). A carga de fosfato (Tabela 1) presente nos cinco pontos de amostragem e transportada pelo córrego Imbirussu, variou de 0,20 a 0,97 mg/L., elevados teores desta variável em corpos d’água podem estar associados ao carreamento de sedimentos de terras agrícolas adubadas ou a lançamento de esgotos. Peixoto Filho et al. (2003) avaliaram a qualidade da água do córrego Prosa, na área urbana da cidade de Campo Grande–MS, e constataram que este córrego apresentou o nível de coliformes termotolerante acima dos valores estabelecidos para classe 2. A demanda química de oxigênio (DQO) é a quantidade de oxigênio necessário para a oxidação da matéria orgânica, por meio de um agente químico. A tabela 1 apresenta a variação da DQO nos diferentes pontos de coleta. A DQO não é um parâmetro químico considerado na Resolução CONAMA 357/2005, porém, Chapman; Kimstach (1996) apresentam, como critério de qualificação de águas superficiais, não poluídas, um limite de DQO de 20 mg L-1, ou de até 200 mg L-1 em mananciais que sofrem a descarga de efluentes. Portanto, os valores encontrados de DQO nesse trabalho sugerem a ocorrência de poluição aquática. Tabela 2 – Valores médios das variáveis: cor, sólidos solúveis, sólidos totais, cloretos e oxigênio dissolvido avaliadas em cinco pontos de amostragem no córrego Imbirussu, Campo Grande –MS. Cor C.E. - S/cm Sól. Sed. mg/L Sól.Totais Cl OD mg/L mg/L mg/L 33,75a 140,88a 0,19a 109,6a 9,414a 5,10a **σ ± 0.08 ± 0.08 ± 0.05 ± 0.08 ± 0.08 ± 0.02 Ponto 2 28,75ab 140,54a 0,19a 104,5a 12,90a 4,82abc **σ ± 0.60 ± 0.06 ± 0.05 ± 0.08 ± 0.28 ± 0.13 Ponto 3 35,00a 134,13a 0,49a 113,0a 11,76a 4,68abc **σ ± 0.60 ± 0.01 ± 2.07 ± 8.00 ± 0.01 ± 0.38 Ponto 4 60,00bc 232,25bc 0,62 bc 234,8ba 56,78b 4,45bc **σ ± 0.06 ± 0.04 ± 1.04 ± 0.25 ± 0.15 ± 0.06 Ponto 5 75,0cb 246,25bc 0,73cb 126.3ab 57,50a 4,58cb **σ ± 0.01 ± 0.03 ± 0.87 ± 0.75 ± 0.95 ± 0.10 Classe 2 Até 75 * Até 0,1 Até 500 Até 250 ≥5 Classe 3 Até 75 * Até 0,1 Até 500 Até 250 ≥4 Pontos/ Parâmetros mg Pt/L Ponto 1 * Brasil (2005). **σ (Desvio Padrão). As Médias seguidas de mesma letra não se diferenciam estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade e pelo Teste Kruskal-Wallis a 1% de probabilidade. C.E.= condutividade elétrica. OD= oxigênio dissolvido. Sól. Sed.= sólidos sedimentáveis; Sól.Totais = sólidos totais; Cl-= cloretos. *Não há parâmetros de qualidade. Comparando os resultados da tabela 2 com o padrão estabelecido pela Resolução nº 357 do CONAMA, limites para água doce de classe 2 para P1 e classe 3 para os demais pontos, conforme classificação, observa-se que os sólidos sedimentáveis estiveram acima do valor estabelecido em todos os pontos, assim como OD para P1. Os sólidos sedimentáveis (tabela 2) apresentaram valores superiores aos recomendados para ambientes aquáticos sem carga poluidora, os resultados obtidos pode ser relacionado a falta de conservação do solo e a retirada da vegetação nativa, são fatores preponderantes para a ocorrência do assoreamento de rios e córregos. Conforme Vanzela et al. (2010) o carreamento de grandes quantidades de solo, matéria orgânica e insumos agrícolas para o leito dos cursos d’água no período chuvoso, contribui significativamente com o aumento da concentração de sólidos e nutrientes na água dos mananciais. O oxigênio dissolvido (OD) (Tabela 2), ao longo do monitoramento, variou de 4,0 a 5,8 mg L-1 O2, esses teores de OD estão abaixo do limite inferior estabelecido pela Resolução CONAMA 357/2005 para rios de Classe 3, o qual é de 4 mg L-1. A quantidade de oxigênio dissolvido presente no meio, sendo que a sua concentração está sujeita às variações diária e sazonal em função da temperatura, da atividade fotossintética, da turbulência da água e da vazão do rio (PALMA-SILVA, 1999), podendo reduzir-se na presença de sólidos em suspensão e de substâncias orgânicas biodegradáveis, como esgoto doméstico, vinhoto e certos resíduos industriais (MATHEUS et al., 1995). No parâmetro cor (Tabela 2) todas as amostras apresentaram dentro dos valores estabelecidos. De acordo com Von Serling (2009) a cor é responsável pelo aspecto da água, podendo ser verdadeira quando causada por substância orgânica e inorgânica, e aparente quando causada por suspensões. Pode ser tóxica além de ser esteticamente indesejável. Conforme dados da SEMADUR (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) o córrego Imbirussu, no trecho que compreende P2 ao P5 esta classificado dentro da classe 3 e apresenta o índice de qualidade da água de regular para ruim no período avaliado de 2010 a 2011 (CAMPO GRANDE, 2011). DIAS et al., (1999), esclarece que os corpos receptores devem ser classificados de acordo com a resolução CONAMA 357/05 (2005), e que mesmo após o lançamento dos efluentes de esgotos, estes devem manter-se de acordo com os parâmetros que identificam a sua classificação. O ponto 1 é localizado na região do bairro Jardim Aeroporto antes da junção com o córrego Serradinho no perímetro urbano da cidade, no entanto, especificamente nesta área as águas do córrego recebem classificação 2 (Figura 10). Figura 10: Fotos do Ponto 1, lixo acumulado ao longo do trecho Fonte: LIMA, (2011). Nesse ponto o córrego apresenta uma largura estreita, margeada por vegetação de pequeno porte, com uma extensa área constituída de gramíneas, que dá acesso fácil ao corpo d’água (Figura 10). O solo em alguns pontos apresenta-se compactado, resultado proveniente do pisoteio de pessoas e animais. O lixo também é outro fator que pode ser visto nas margens ao longo da avenida pavimentada, esse acumulo de entulho pode ser facilmente carreados por enxurrada em dias de chuva até o leito do córrego. O pisoteio e lixo presente nesta região pode contribuir com o índice de coliformes fecais e sólidos sedimentáveis (Tabela 2). O ponto 2 (bairro Jardim Imá aos fundos do centro de educação ambiental imbirussu) esta em um local protegido por uma cerca de metal, para a preservação da pouca mata ciliar existente. Ao lado da vegetação, os funcionários da prefeitura produzem mudas de árvores típicas da região, para distribuir entre os visitantes do centro de educação ambiental (Figura 11). O trecho que antecede esse ponto é caracterizado por uma grande área degrada, com a falta de mata ciliar e o solo exposto, proporcionando pastagem para animais domésticos, carreamento de lixo e consequentemente, o assoreamento do córrego (Figura 11). Como ocorre no ponto 1, o pisoteio e lixo presente no local pode contribuir com o elevado índice de sólidos sedimentáveis. Figura 11: Ponto 2, e área que antecede o local. Fonte: LIMA, (2011). O ponto 3 (saída da área revitalizada do complexo do imbirussu, situado na Av. Duque de Caxias, entrada para o bairro Nova Campo Grande) fica abaixo de um viaduto e esta situado próximo a uma empresa do ramo frigorifico. A área que dá acesso ao ponto possui uma grande quantidade de vegetação pioneira de porte herbácea em meio às poucas arvores existente (Figura 12). Figura 12: Acesso ao ponto 3. Fonte: LIMA, (2011). O elevado índice de coliformes termotolerantes encontrado nas amostras mensais do local pode ser indicativo de um possível lançamento clandestino de esgoto, baixa eficiência da antiga ETE (estação de tratamento de esgoto), no bairro Coophatrabalho, na remoção de substâncias presente no esgoto, que exercem ação deletéria nos corpos d’água. Nas regiões de amostragem que não há cobertura de rede de esgoto contribuem no aumento de coliformes termotolerantes principalmente na região do Pólo Empresarial Oeste e Núcleo Industrial (Ponto 4), onde esta localizada a estação de tratamento de efluentes de um frigorífico e de um curtume. Os valores elevados desta variável em algumas coletas evidencia alguma falha na eficiência do tratamento dos efluentes destas atividades já relatadas nos relatórios de índice de qualidade de água de Campo Grande divulgado pela SEMADUR nos anos de 2009, 2010 e 2011 (CAMPO GRANDE, 2009; 2010; 2011). O ponto 4 (Núcleo industrial da cidade) é caracterizado por situar diversas indústrias, como local que antecede o ponto de coleta o córrego é margeado por pouca mata ciliar, com vegetações pioneira e com alguns pontos ausente de vegetação, servindo de limite para uma extensa área de agricultura (Figura 13). Figura 13: Área que antecedo o ponto 4, margem direita (Foto 1). Área que antecedo o ponto 4, margem esquerda (Foto 2). Local de coleta do ponto 4 (Foto 3). Efluentes lançados no córrego (Foto 4). Fonte: LIMA, (2011). O ponto é de difícil acesso, pelo fato do córrego situar em um declive abaixo de uma ponte de concreto, facilitando assim o carreamento de substâncias provindas dos arredores, fato esse que possibilitou o elevado valor de sólidos sedimentáveis aprensetados na tabela 2, e fosfato indicado na tabela 1. O local possui uma grande quantidade de capim navalha (Hypolytrum pungens), a qual atua no local como vegetação ciliar (Figura 13: Foto 2). Especificamente nesse ponto, as indústrias da região utilizam o córrego imbirussu para o descarte de efluentes, recebendo uma grande quantidade de dejetos, os quais deveriam ser previamente tratados; porém, o aspecto escuro e espumoso forma uma pasta gordurosa que exala forte odor, como um cheiro do preparo de sabão caseiro, o que não indica tais procedimentos de tratamento (Figura 13: Foto 4). O ponto 5 (Figura 14), situa-se abaixo de uma ponte na BR 060 que liga Campo Grande ao município de Sidrolândia, é de fácil acesso, com vegetaçao composta por uma pequena mata ciliar, com diversas falhas em vários pontos. Dentro do córrego, é possível visualizar descarte de troncos de madeira ainda da construção da ponte. Figura 14: Ponte de acesso à propriedades particulares (Foto 1) e Ponto 5 abaixo da ponte da BR 060. Fonte: LIMA, (2011). No entorno da região há extensas áreas com atividade agropastoris, além de vestígios encontrados no local demonstrando que pessoas utilizam o córrego também para a pesca. O aspecto da água é escuro, também com forte odor, resultado da presença de efluentes provindos da região do núcleo industrial; fora do perímetro urbano a área possui uma segunda ponte de madeira que dá acesso a várias áreas particulares (Figura 14). Na região da microbacia do Imbirussu não se verifica agricultura intensiva, portanto, é mais provável que os níveis de fósforo estejam associados ao despejo de efluentes domésticos, pois à jusante há a estação de tratamento de efluentes de um frigorífico, o que pode justifica os altos valores de coliformes termotolerantes e fósforo. Como os valores de fósforo foram acima do limite no período de avaliação, os resultados dessa variável em conjunto com coliformes termotolerantes evidencia alguma falha na eficiência do tratamento dos efluentes do frigorifico e do curtume assim como a atividade agropastoril na região interferem nos valores destas variáveis. Para recursos hídricos de microbacias hidrográficas a radiação solar é a principal variável que controla a temperatura da água (ARCOVA et al., 1993). De acordo com Branco (1986), a capacidade de penetração de radiação solar em ambiente aquático depende da quantidade de material suspenso presente na massa líquida. Com base nestas informações pode-se observar que a urbanização da região na microbacia do Imbirussu não esta influenciado significativamente na temperatura da água. Medeiros et al. (2009) avaliaram a qualidade hídrica do córrego Recanto, no município de Americana – SP e a temperatura máxima foi de 26 ºC, em março de 2007, e a mínima de 20 o. C, observada em junho e agosto períodos de outono e inverno como ocorreu para na água do córrego Imbirussu. Estes resultados podem ser relacionados com a precipitação pluviométrica nos períodos de monitoramento (Figura 15). Figura 15: Dados da precipitação pluviométrica extraídos para o período de novembro de 2011 a janeiro de 2013, Campo Grande-MS. Fonte: Uniderp Anhanguera, 2012. Os resultados referentes ao pH, OD e condutividade elétrica são variáveis dependentes da precipitação média e temperatura da água e estão apresentados na tabela 1e 2. Os valores médios obtidos da temperatura da água, próximo a superfície, nos cindo pontos de amostragem, nos 12 meses de coleta, ficaram entre 23.7º.C e 24,4º.C, sendo a máxima de 27º.C no mês de março de 2012, e a mínima de 20º.C observado no mês de maio (tabela 1). Para os valores médio do pH de todas as amostras avaliadas estão dentro dos parâmetros estabelecidos conforme e Resolução do CONAMA 357/2005 (tabela 1), ou seja, pH de 6 a 9, exceto para o mês de fevereiro o pH de todos as amostras foi inferior a 6 ficando entre 5,2 a 5,7, com precipitação média em 171 mm (Figura 15). No mês de março nos pontos 1 e 5 com precipitação média de 162 mm (Figura 15), e para o ponto 4, os valores de pH ficou entre 5,3 a 5,7 nos meses de agosto e setembro com precipitação pluviométrica para os meses em 38 mm e 78 mm respectivamente (Figura 15). Segundo Oliveira et al. (2008) as mudanças na faixa de pH podem indicar impactos com substancias ácidas ou básicas capazes de alterar o ambiente químico, além disso o pH fornece indícios sobre a qualidade hídrica (água superficial valor entre 4 e 9), o tipo de solo por onde a água percorreu e indica a acidez ou a alcalinidade da solução (MATHEUS et al., 1995). Em geral, em águas superficiais, o pH é alterado pelas concentrações de íons H+ originados da dissociação do ácido carbônico, que geram baixos valores de pH (ESTEVES, 1998). Esse ácido carbônico, nos corpos d’água, é resultante, segundo BRANCO (1998), da introdução de gás carbônico pelas águas de chuva, ar atmosférico, matéria orgânica do solo e, principalmente, matéria orgânica que é consumida e oxidada nas águas. 4.2 Microbacia do Imbirussu, 2006 / 2011. A classificação das imagens de 2006 e 2011(Figuras 16 e 17) possibilitou a quantificação das cinco classes de uso da terra, sendo elas: pastagem, área urbana, vegetação arbórea, solo exposto e plantação, visualizadas nos 66,96 Km2 da área de estudo que compreende a microbacia do imbirussu (Tabela 3). Figura 16: Microbacia do Imbirussu antes da revitalização em 2006. Figura 17: Microbacia do Ibirussu após a revitalização em 2011. Tabela 3: Quantificação das variáveis (Km2) e (%) da microbacia do imbirussu no período de 2006/ 2011. IBIRUSSU 2006 (área em Km2) 2006 (área em %) 2011 (área em km2) 2011 (área em %) Vegetação Arbórea 10.61 16% 4.46 7% Solo Nu 1.54 2% 2.04 4% Área Urbana 32.32 48% 33.7 50% Pastagem 22.07 33% 26.0 38% Plantação 0.42 1% 0.71 1% Área total 66.96 100% 66.96 100% A vegetação arbórea é a classe mais representativa das mudanças ocorridas na região. No ano de 2006, essa variável ocupava 10,61 Km2 da área total, somando em 15,8%. Em 2011, essa vegetação nativa passou a ocupar apenas 4,46 Km2, reduzido em 57,1%, ou seja, ocorreu a retirada de mais da metade do total dessa vegetação que existia na área da microbacia (Tabela 3). Relacionado ao processo da diminuição da vegetação arbórea, a classe de plantações aumentou 69%, ou seja, passou de 0.42 Km 2 em 2006 para 0.71 Km2 em 2011 (Tabela 3). O processo de retirada da vegetação arbórea do ambiente, tem sido intensificado pela ação humana, resultando em um grande número de problemas ambientais. A fragmentação da vegetação arbórea, várias pode ocasionar , o desaparecimento de muitas espécies, as quais não conseguem alimentar-se ou reproduzir-se adequadamente nos fragmentos geralmente menores que o ecossistema original. Além disso, organismos que dependem de interações altamente especializadas podem se extinguir rapidamente com o desaparecimento ou diminuição de um dos organismos que participa desta interação (FRANCESCHINELLI et al., 2003). O processo de retirada de habitat é, possivelmente, a mais profunda alteração causada pelo homem ao meio ambiente; com isso, muitos habitats naturais que eram quase contínuos, são transformados em paisagens semelhantes a um mosaico, composto por manchas isoladas de habitat original (JORDÃO et al., 2005). Fato é que, os fenômenos e processos biológicos são alterados quando ocorre a retirada da vegetação, perdendo-se diversidade, implicando isto na perda de grupos funcionais em muitos lugares; os sistemas ecológicos são simplificados, gerando-se temores de perdas crescentes devido a isto. Outras modificações expressivas, associadas à retirada da vegetação arbórea, são o aumento das áreas de solo nu e pastagens. Enquanto que em 2006 o solo nu tinha 2,3% da área total da microbacia (Tabela 1.), em 2011 estava com 3%, obtendo assim um aumento de 32,5%. Já as áreas de pastagem que ocupava uma área de 22,07Km 2 da extensão da microbacia, cinco anos depois aumentou para 26Km 2, considerando assim um crescimento de 17,8%. A classe área urbana na microbacia do córrego Imbirussu que representava 48% de sua área total em 2006, teve um pequeno aumento de 4,3% no ano de 2011. 5. CONCLUSÃO 1. Através de técnicas de geoprocessamento na microbacia do córrego do Imbirussu em 2006 e 2011, foi observado que o aumento das plantações (69%) e o crescimento da área urbana (4,3%), fez com que as demais classes diminuíssem. 2. As análises das amostras de água do córrego Imbirussu indicou contaminação pela presença de coliformes termotolerantes e OD para o ponto 1 em todo período analisado, e para todos os pontos os parâmetros sólidos sedimentáveis, DBO, PO4-2 estiveram alterados, ficando fora dos parâmetros estabelecidos pela Resolução 357/2005CONAMA. 3. Nas coletas mensais, foi percebido uma maior contaminação nos pontos 4 e 5, principalmente pelo despejo direto de efluentes domésticos e industriais. 4. O pH variou mensalmente, obtendo valores inferior para o mês de fevereiro para todos os pontos, março para os pontos 1 e 5 além dos meses de agosto e setembro para o ponto 4, levando em consideração a precipitação ocorrida nos referidos meses. 5. A diminuição da mata ciliar, o acumulo de lixo e a exposição do solo dentro do perímetro urbano nos pontos (P1, P2 e P3), são os fatores da elevada presença de sólidos sedimentáveis, mesmo nos meses em que a precipitação não tenha sido acentuada. 6. No período entre 2006 e 2011 ocorreu um aumento significativo do grau de ocupação do solo na bacia estudada e que esta ocupação esta relacionada com a qualidade da água, e, ainda que programas de revitalização devem prever e estimar eventuais impactos oriundos da urbanização. 7. É necessário um melhor planejamento em construções e revitalizações de complexo e parques lineares em regiões de microbacias, evitando assim impactos diretos e indiretos nessas áreas. Campo Grande- MS, considerada uma das cidades mais arborizadas do Brasil necessita de meios sustentáveis no que se refere ao crescimento urbano. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APHA - American Public Health Association. Standard methods for examination of water and wastewater. 20 ed. Washington: EPS Group, 1995. 1.268 p. ARCOVA, F. C. S.; CICCO, V.; SHIMOMICHI, P. Y. Qualidade da água e dinâmica dos nutrientes em bacia hidrográfica recoberta por floresta de Mata Atlântica. Revista do Instituto Florestal, v. 5, n. 1, p. 1-20, 1993. BRANCO, S. M.. Hidrobiologia aplicada a engenharia sanitária. 2.ed. São Paulo: CETESB, 1998. p. 620. BRASIL. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação e enquadramento dos corpos de água. 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