O PAPEL DO ARVOREDO NO AMBIENTE ROMANTICO DO PARQUE DA PENA E O SEU INTERESSE CTENTÍFICO A CRIAçÃO DO "ARBORETO NACIONAL D. FERNANDO II' C. ,14. L. Baeta Nettes Á.ceitando que o Romantismo possa set definido como uma reacçâo a um passado tenascentista, que limitava, subordinando a regras mais ou menos rígidas, a expansão livre da sensibilidade art-stica de cada um, haverá que aceitá-lo, pelo que Íepfesenta espiritualmente, como uo milagre de conciliar a realidade da vida com os impulsos da imagìnação>, ou como <a conquista da verdadeira independéncia nas regral e nos preceitos da arte, Com raízes na Revolução Francesa, como sua consequência pelo abalo produzido na forma de viver da sociedade da França e de outlos países da Europa, o Romantismo não deixará de ter tido o seu reflexo na Àrte de Jardrns, na forma de utilização das plantas oÍnalnentâis, na escolha das espécies e no emprego destas, quanto aos arranjos paisagísricos com eles formados. Terá sido dado com eÌe mais um pesso na evolução dessa modalidade da Árre, aJardinagem, que a pouco e pouco, ao longo dos tempos, sob influências várias, foì traduzindo o reflexo destas ideias postas em prática por quantos lhe dedicavam. Como consequência de um conhecimento cada vez mais generalizado, jardins e parcompleto e profundo da flora mundial iadas origens, ques foram aparecendo novas espécies, celacteÍlzâção e assim o exotismo foi a pouco e pouco criadas intencionalnessas áteas romântica da época definida cada vez mais para arquitectónicas, de obras como complemento menre , de forma isolada ou se enquadramento das construções próprias.  evolução dos esp-ritos, das ideias, das atitudes, dos sentimentos, dos hábitos de que resultou em s-rntese o chamado Romantismo, também se traduziu de forma própria na orientação seguida pelos autores dos planos do Dreenchimento das áreas ajardinadas por uma vegetação meÌhor com as conse' quèncias estérit as de:sa evo)uçã E tal como em épocas mais remotas, e sob influências bem diversas' essas diferentes' a áreas sempre foram eìistindo. embora com feições e fìnalidades .o-ol.,"io coniunto de edificios monásticos ou privados, numa Ìigação indispenàueì destes com a Natureza, rambém na época romântica se manteve ligacao. ainda que estabele.ida dc maneira diçrinra e mais ou menos ìgual carâcterística. Não podia assim, o Rei D Fernando, ao iàealizat a construção do Palácro da Pena, ter dexado de pensar na criação de um Parque que o completasse ' época que lhe dando ao conjunto a pfoporçâo e feição próprias da escaÌa e da correspondiam, -óriundo da Turingia, região vizinha da Baviera, onde em qualquer deÌas também não dominava a paisagem ãotatt"l, a dar-lhe beleza e característica' i.ro tido de todo" indiferente à concepção da obra a reahzas z influência do ao vir para ambiente da sua origem, alnda que tão cedo a tivesse abandonado Portugal. onde Passaria a vi rrlu o terreno para exeA própria existência na ade, da cerca hgada ao que rdealizara, .rl,", "'obà área adquirida' não tepequeno convento cujas ru-rnas esta muito maior área' ìi" d.ì*"do de lhe impor a criação r essas ruínas' for." ot"o-ru" da granãiosidade do Pal totalmente desia ãÃào'"o. -"luío um todo em rela( propofclonaoa. Ao volume da nova construção haveria que corresponder uma área anexa possíveÌ modelar a e compìementar de extensão bem diferente, onde fosse adequadas grandiosidade e a dando ao conjunto a harmonia o"rr"*è-, ' Ë"r" qu.rn viera do Cenrro da Europa, habrtuado aos horizontes pró' prios, q.r".tto a vastidão e característica, não podia satisfazeÍ-se apenas com esde um parque' or., um jardinzrnho anexo, mas antes com a vasridão ir.ar.á amplo e variado .no getação necessâr1am " 'D, Fernn.rdo .t Ye'egetação de que-deveria ser composto ' variedade e disposição ftrente' e de tal sorte o seu plano nto e a cultuta o teriam levado a teria que corresponder 2 quanto o se contribul para a idealizar, l.uanáo-o à execução da tão notável obra que tanto e pert^lor""çzo do conjunto' Palácio e Parques da Pena' que à sua iniciatLva se lhe ficou devendo >isrència --" g s. àz vzlorização do Pa-s em que viveu a -rr não tivesse feito em favor na Serra de Sintra pamaior parte da sua vida, 1â baxe;ira quanto deixou feito oúrigando ao respeito' admkação e reconhecimento de ;;li;;;;;Jilizar, todos os portugueses 70 cerca s casas ou hospedarias e a sua rnho à realidade' pâss( Àcrescentando a quanto asslm área m Castelo dos Mowos e uma vasta a conviver a seu modo com a NatutePalátautar o Convento e lhe anexar o da obra que cada sua custâ, vinha apro*imando-se tão ambicionada o rtnsformado nu;a tr, lento mas progressivo ' nr fruto ddo sornbra aoJ que paftetaÌn irvoÍes a que vieram a juntar-se murtas e pouso ! com bancos e por vezes mesas' 7t embora neste como muito menos pormenor' tinuidade do seu contacto com o Parque como Professor de Srlvicultura, já dcpois de ter passado à posse do Estado após a impÌantação da República, desde 1916 xê ao seu faÌecimeto em 1965. Nessa tão noÍável monogÍafi2, para a)'êm do mu.ito e do maior inte resse que oferece ao leitor, encontte-se quanto a seguir se transcreve, por respeito à sua memótia e a satisfzzer o seu muito legítimo desejo de ver respeirada a verdade sobre o PaPel q parque da Pena, nem tem-se queido dìmìn a que ambos se por assim dizer rival de D. Fernando aa ^fie encontÍal-se acidentalmente com o Professor Azevedo dedicavam qrr"ttdo "o conversa o muito que esse inglês admirava o esforem Gomes lhe transmitiu não admirando menos a de sua muço, entusiasmo e capacidade do rei, mas lher, a C-ondessa d'ÊdI", q.r., segundo as suâs próPrias palavras, onõo lhe ficadessa qu.inta, e ua nada atrásr . sua inteira responsabilidade. D. Fernando querendo manifestar 72 a sua admiração pelo gosto, entusias- mo e espíÍìto de iniciariva, delegou neia a orientação desses trabalhos, e por isso bem merec.ia, quem tanto fez pelo Parque, a homenagem do restauro de tão romântico retiro. a ÍelembraÍ peÌo menos quanto naqueÌa área se lhe ficou devendo, para além do muito que há a acÍescentar da sua iniciariva, nomeadamente a implantação de árvores de origem americana, por usufruto de uma paffe e como proprterária da outra, entre as duas em que o Parque foi dividido. desde a motte de D Fernando acé à venda ao Estado em 1904 de quanto então lhe pertencia. Para se fazer uma ideia das encusiásticas apreciações que ao longo de anos o Palácio e o Parque têm merecido poderia transcreveÍ, como o têm feito outros aurores, quanto muitos dos seus visirantes, nomeadamentr estÍangeiros, as fiases em que é relembrada a sua esradia em Sintra e quando nesta mais os encantou. Todas elas traduzem uma admiração e um encantârrento excepcio' nais, aproximando-os das maiores maravilhas que aré entâo tinham contempleoo. Entretanto os anos foram passando e depois da Condessa fazer essa venda ao Esrado, acabou o conjunto por ser enttegue aos Sen'iços Florestais. que dele têm ttatado procurando mantê-lo intacto ou até valor^zí-Io Subitamente, no dia 1) de Fevereiro de 1941, um inesperado e forte cidone causou nele tâo grandes estragos, deitando abaixo muitas das árvores, partindo outras ou estragando as suas copas, causando tão profundas alÌeÍapela reac@es no arvoredo existente, nas áreas mais atìngidas, que ainda hoje, executados, se nopelos trabalhos de restauro ou da vegeração espontânea ção tam os seus desrruidores efeitos, mantendo-se contudo na sua maior parte do Parque os seus aspectos originais, apenas alterados pela sua evolução natutal ou pelas intervenções intenciona.is de ordem técnica O Parque da Pena é ainda aquela maravilha que tento e tão valorizados visitanles o consideram como taÌ, assim como por aqueles outros mars Sensívels à obra da Natureza, que nele podem admirar sob os muitos e variados aspec' Fetnando havia sonhado construir, para nele se deliciar com os ptazeÍes do seu sonho lhe podia proporcionar, tal como na realidade ainda aconteceu. A propósito do interesse do Parque valerá a pena, em meu entender, como fundamento de quanto a certa altura superiormente foi proposto, transcrevo de Henri Gaussen, autor do rrabzlho htìlìeu Pltysìque eï la Forêt au Portagal (1!40) o que a certa altura diz ao r beaucoup déboìsé, ì/ a à son artìf la création en Eurobe n'exìs\ent des barcs aussi laxunan D. serïdler, acÍescentando mais à fÍentet (c'eJÌ rcì que det'raìt être un grand ar,iorrru* scìentìfque à côÍí des magnìfìqttes collectìons disPorées en forme de ganização próPria. ' Pu^ tento não se destinaria de início o Parque criado por D Fernando' ne, o Parque da Pena ainda é cenário romântico de valor único por não se encontrâÍ, tanto entÍe nos como na Europa, qualquer termo de compaÍação ao um Ârboreto Nacional E por se dever a D. Fernando a sua criação, e em grande parÌe esse seu set' tão raro valor, e Íão Íl-Í^ aptidão para tal fim. se entende deYer o mesmo lhe dedicado. na1 para ser 74