Fundação Getulio Vargas
18/11/2011
Valor Online - SP
Tópico: CPS
Editoria: Brasil
Pg: 16:46:00
Pacificação de favelas favorece mais grandes empresas, diz
economista
Murilo Rodrigues Alves
(Murilo Rodrigues Alves)
BRASÍLIA – As grandes empresas vão ser mais favorecidas com a pacificação das
favelas pela polícia no Rio de Janeiro do que os pequenos empreendedores locais,
segundo análise do coordenador do Centro de Pesquisas Sociais da Fundação Getulio
Vargas (CPS/FGV), Marcelo Neri, durante o Fórum Sebrae de Conhecimento, que será
encerrado nesta sexta-feira em Brasília.
Em palestra aos consultores do Sebrae, Neri afirmou que essa é uma das
“consequências da abertura da paz”. Para o economista, se a ocupação das
comunidades pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) é “sensacional” para a
população, os empreendedores locais devem ficar atentos para não sentir o baque da
concorrência. A “pacificação” certamente levará aos morros as grandes empresas.
“Se vier um McDonald’s na Rocinha não vai deixar pedra sobre pedra. Entre ele e o
vendedor de churrasquinho da esquina, o morador vai escolher o primeiro”, avalia. A rede
de lanchonetes americana já tem uma unidade na Rocinha, mas só vende sobremesas
no local.
O economista considera que além da segurança garantida pela presença da polícia, os
grandes empresários vão querer se instalar nas favelas como forma de “merchandising”,
para passar a imagem de que também se preocupam com o lado social.
Neri disse que a preferência pelas grandes empresas já acontece entre os consumidores
da nova classe média. “Entre os supermercados e as vendinhas eles preferem os
grandes. Até o ar condicionado faz diferença”. A principal preocupação das empresas,
seja grandes ou pequenas, na visão do estudioso da nova classe média, é como atingir
esse público que aquece o mercado consumidor brasileiro.
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