ANÁLISES DE RENDIMENTO E RENTABILIDADE DE HÍBRIDOS DE MILHO
EM QUERÊNCIA-MT, NA SAFRINHA DE 2013
Ricardo Francischini(1), Alessandro Guerra da Silva(2), Cássio Marcel Costa(3),
Paula Daiane de Sena Martins(4)
Introdução
O cultivo de milho na safrinha tem crescido significativamente nos últimos anos no
estado de Mato Grosso. Os investimentos em tecnologias no sistema produtivo têm
impulsionado a produção. Em 2003, a produção que foi de 2,5 milhões de toneladas passou
para 19,5 milhões de toneladas em 2013, um crescimento médio de 19,6% ao ano, no
período (IBGE, 2013).
O uso de sementes melhoradas geneticamente tem sido um dos principais fatores
para a melhoria dos rendimentos no campo, principalmente para aqueles adaptados às
condições ambientais da região do Mato Grosso. A escolha correta dos híbridos no
momento da semeadura permite a cultura obter maior produtividade, porém os fatores
abióticos e bióticos, como disponibilidade de água, luz, nutrientes, pragas e doenças,
poderão limitar o potencial genético dos cultivares (CRUZ et al., 2010; OLIVEIRA et al.,
2010; PORTO et al., 2011; COSTA et al., 2012). O planejamento na instalação da
semeadura dos híbridos de milho minimizam os fatores limitantes da produtividade no
milho safrinha (PERIN et al., 2009).
O rendimento do milho safrinha influencia diretamente na lucratividade na
atividade rural e o uso de híbridos com maior capacidade de adaptação ambiental
potencializa a produtividade e, consequentemente, maiores respostas em termos
econômicos (ARAÚJO et al., 2009).
O objetivo deste trabalho foi o de avaliar os desempenhos agronômico e econômico
de 12 híbridos de milho na safrinha, no cerrado mato-grossense, em 2013.
1
Engenheiro-Agrônomo, Prof Faculdade de Agronomia da Universidade de Rio Verde, Fazenda Fontes do
Saber, 75901-970, Rio Verde – GO. [email protected]
2
Engenheiro-Agrônomo, Prof Faculdade de Agronomia da Universidade de Rio Verde, Fazenda Fontes do
Saber, 75901-970, Rio Verde – GO. [email protected]
3
Acadêmico da Prof Faculdade de Agronomia da Universidade de Rio Verde, Fazenda Fontes do Saber,
75901-970, Rio Verde – GO. [email protected]
4
Acadêmica do Programa de Pós-Graduação em produção vegetal da Universidade de Rio Verde, Fazenda
Fontes do Saber, 75901-970, Rio Verde – GO. [email protected]
[1]
Material e Métodos
O experimento foi conduzido em uma propriedade rural localizada no município de
Querência, Mato Grosso, na safrinha de 2013, em sistema de plantio direto por mais de dez
anos. As coordenadas do local onde o experimento foi conduzido são latitude Sul
11º57’56,88’’S e longitude Oeste 52º28’35’’W e 330 m de altitude. O delineamento
experimental empregado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições, onde foram
testados 12 híbridos, a saber: RB 9110, RB 9006, RB 9210, RB9005, AG 8061, AG8544,
2B710, 2B688, NS50, 30A91, 30A37 e P30F53. Com exceção dos híbridos 2B688 (híbrido
triplo) e 30A91 (híbrido simples modificado) todos os outros são híbrido simples.
A escolha dos cultivares foi realizada em relação de sua possibilidade de utilização
na região, destacando-se que a maioria são híbridos simples, pois esta característica é
determinante para se obter acréscimos no rendimento dos grãos (HASHEMI et al., 2005).
O híbrido 2B688 foi usado como testemunha por ser amplamente cultivado na propriedade.
As características agronômicas analisadas foram o rendimento da cultura de milho, o peso
de mil grãos e o número de grãos por espiga.
A parcela foi constituída por fileiras de cinco metros de comprimento, com quatro
linhas, totalizando uma área de 7,5 m2. O espaçamento entre linhas utilizado foi de 0,50
metros. Os resultados da análise química da amostra de solo nas camadas de 0-10 e de 1020 cm do local de realização dos ensaios foram, respectivamente: pH em CaCl2: 5,3 e 4,6;
Ca, Mg, Al, H, CTC e SB: 2,7 e 1,3; 1,0 e 0,5; 0,0 e 0,3; 3,1 e 3,5; 6,9 e 5,6; 3,8 e 1,9, em
cmolc dm-3; P e K: 11,1 e 6,4; 45 e 21, respectivamente, em mg dm-3; saturação de bases
e de alumínio: 55,1 e 33,1; e 0,0 e 13,9%, respectivamente; matéria orgânica: 28,7 e 20,6 g
dm-3; argila 379, silte 84 e areia 537 g kg-1.
Todos os híbridos foram semeados entre os dias 03 e 07 fevereiro de 2013, sendo que
anteriormente na área do experimento foi plantada a cultura da soja. As sementes foram
tratadas com Imidacloplid, Raynitro Zn News e Azospirillun brasilense. A adubação foi
realizada conforme a análise de solo, sendo adicionado 230 kg ha-1 da formulação de 0525-25, realizada no momento do plantio. Foi realizada adubação de cobertura nitrogenada
com 120 kg ha-1 de uréia na formulação 45-0-0, o qual foi aplicada no estádio V6 de folhas
verdadeiras. Para o controle de doenças utilizou-se azoxistrobina+ciproconazol (60+24 g
[2]
i.a. ha-1) + óleo no estádio V8 de folhas verdadeiras e VT. A colheita do milho foi feita
manualmente, quando todas as folhas da planta se encontravam senescidas e, em seguida,
as espigas foram debulhadas manualmente.
Para a avaliação econômica levantou-se o custo operacional de produção, que
consiste em despesas diretas, que são os gastos com insumos (fertilizantes, sementes,
defensivos, combustível, etc.), mão-de-obra e operações com máquinas e equipamentos, e
despesas indiretas, que incluem as depreciações de máquinas e equipamentos, encargos
sociais e financeiros, taxas e etc. O custo operacional efetivo (COE) consiste na soma das
despesas diretas e quando se incorpora a estas os gastos indiretos obtém-se o custo
operacional total (COT) (MATSUNAGA et al., 1976).
Os indicadores de rentabilidade, conforme definidos por Martin et al. (1998), foram:
(a) a renda líquida operacional (RLO) ou lucro operacional, que consiste na diferença entre
a RBT e o COT; (b) o índice de lucratividade (IL), resultado obtido, em percentagem, da
relação entre a RLO e a RBT, que representa a taxa disponível de receita após se pagar
todos os custos operacionais, sendo mais interessante o híbrido que apresentar maior IL,
representada pela seguinte expressão: IL= (RLO⁄RBT)*100; e (c) a rentabilidade do uso de
híbridos (RUH), que mede o retorno do híbrido i em relação ao mais utilizado na região
(2B688), levando-se em consideração o custo para aquisição de sementes para efetuar a
implantação do híbrido em um hectare; é, portanto, o resultado da diferença entre a renda
líquida do híbrido i e a renda líquida do híbrido 2B688.
Para análise estatística do rendimento dos híbridos citados, foi usado o software
computacional Sisvar (FERREIRA, 2011) e o teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade
para comparação entre as médias dos tratamentos quando constatada significância para a
fonte de variação testada.
Resultados e Discussão
A análise de variância mostrou haver diferença estatística significativa, conforme
teste F, para o tratamento testado; desta forma, os rendimentos entre os híbridos
apresentaram diferença estatística significativa (Tabela 1).
[3]
Tabela 1. Valores médio de rendimento (REND), custo operacional total (COT), renda
líquida total (RLT), índice de lucratividade (IL) e rentabilidade em relação ao híbrido
2B688 em híbridos de milho cultivados em Querencia-MT, na safrinha de 2013
Variedade
REND
COT
RLT
IL
RUH
-1
-1
--- Kg ha ----- R$ ha ---- % --- R$ ha-1 -RB 9006
7.665 a
1.227,06
424,37
25,7
267,58
RB 9210
6.720 b
1.197,06
151,69
11,2
-5,10
RB 9110
6.420 c
1.277,33
180,75
12,4
23,96
AG 8544
6.390 c
1.318,39
-26,58
-2,1
-183,37
RB 9005
6.240 c
1.227,06
162,25
11,7
5,46
2B710
6.330 c
1.177,06
-26,17
-2,3
-182,96
2B688
5.955 d
1.227,06
156,79
11,3
0,00
30A37
5.925 d
1.262,06
-48,90
-4,0
-205,69
NS50
5.850 d
1.177,06
68,73
5,5
-88,06
P 30F53
5.745 d
1.325,94
2,14
0,2
-154,65
30A91
5.595 d
1.257,06
7,71
0,6
-149,08
AG 8061
5.325 d
1.281,28
10,53
0,8
-146,26
* Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5%
de probabilidade.
O híbrido que mais se destacou foi o RB9006, apresentando rendimento superior a
todos os demais. Em relação ao segundo mais produtivo, a diferença foi de 945 kg ou cerca
de 16 sacas do grão; mesmo apresentando custo operacional final maior, houve resultado
econômico para o produtor rural. Portanto, o produtor deve sempre escolher híbridos que
apresentem rendimentos elevados, pois isso acaba resultando em ganhos para a atividade.
A análise econômica mostrou que há vários híbridos à disposição do produtor que
podem ser utilizados na propriedade junto com o 2B688, pois apresentaram renda líquida
superior a este, como foi o caso dos cultivares RB 9005, RB9006 e RB 9110. Contudo,
outros híbridos que apresentaram viabilidade econômica (RLT ≥ 0 e IL ≥ 0), como os RB
9210, AG 8061, NS50, 30A91 e o 30F53, também são opções de materiais a serem
empregados no cultivo de milho safrinha na região. Essa possibilidade de diversificação de
materiais a serem cultivados em uma região é importante se ter estabilidade na produção
evitando problemas com fitossanidade.
O estudo mostrou também que os híbridos que apresentaram menores custos
operacionais, em decorrência do menor custo da semente, foram os que se mostraram mais
viável economicamente, pois apresentaram maiores renda líquida, como foi o caso dos
[4]
RB9006, RB9110, RB9005 e RB9210. Os dois primeiros foram os que se destacaram em
termos de rendimento, em relação aos demais, uma diferença que chegou a ser de 21 e 5
sacas por hectare, respectivamente, se comparado com o RB9005, mostrando que o
rendimento no campo está correlacionado à lucratividade da cultura (ARAÚJO et al.,
2009). Tsuneschiro et al. (2006) comparando sistemas de produção em milho safrinha
verificou que o maior rendimento afetou a lucratividade da atividade, devido a maior renda
bruta por unidade de área
Conclusões
O cultivo de milho safrinha foi viável para a região em estudo, uma vez que a
rentabilidade econômica foi positiva para a maioria dos híbridos testados.
Os rendimentos foram satisfatórios, porém, o híbrido que apresentou maior
rendimento foi o que apresentou maior rentabilidade econômica para o produtor rural.
A análise econômica feita em relação ao híbrido mais utilizado permitiu verificar que
o produtor tem à sua disposição uma quantidade de híbridos que pode utilizar na região,
em combinação com o 2B688, para ter uma maior rentabilidade na atividade.
Referências
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