Comunicado
Assunto: Competição Ibérica
A realização de uma prova ibérica com um modelo novo, alargado, diferente da tradicional
final entre os campeões nacionais respectivos, foi um objectivo sentido e partilhado desde
há alguns meses por clubes e as federações de rugby de Espanha (FER) e Portugal (FPR). A
própria International Rugby Board identificou uma competição ibérica forte como um
factor crítico para a melhoria da qualidade e competitividade do rugby dos dois países.
Neste contexto, a FPR foi inicialmente abordada pelos quatros clubes primeiros
classificados do campeonato nacional da época transacta, que lhe comunicaram o
desenvolvimento de negociações com uma organização privada com sede em Espanha,
promotora de uma competição com base em “franquias”, que corresponderia aos objectivos
em causa: a chamada Superibérica (SIB). Embora tratando-se de iniciativa que não a
envolvia directa nem formalmente, pelo menos numa 1ª fase, a FPR manifestou imediata
disponibilidade para, no estrito quadro das suas responsabilidades e competências, apoiar
os esforços dos clubes portugueses para tal realização, eventual sucedânea da prova
ibérica.
Na expectativa do resultado das negociações em causa, a FPR manteve sob reserva a
possibilidade de organizar com a FER uma prova ibérica oficial, com os quatro clubes
primeiros classificados da época transacta, num modelo de quartos e meias finais, numa só
mão, e final, situação que transmitiu aos clubes portugueses e que obteve a respectiva
concordância de princípio. A FPR inclusivamente decidiu apoiar as deslocações das equipas
nacionais, incentivando o respectivo envolvimento.
Abortada a participação dos referidos clubes portugueses na outra competição (SIB),
iniciou-se então a formalização da nova prova, no modelo proposto, e com a designação de
Iberian Rugby Cup. Logo de início o SL Benfica anunciou a sua desistência, sendo
imediatamente substituído pelo GDDireito, classificado seguinte.
Mais tarde, com o regulamento praticamente aprovado, foi-nos comunicado que também
uma das equipas de Espanha desistia, o CRC Madrid, esperando-se que fosse de igual modo,
e como previsto, substituída pela seguinte. Com surpresa, a FPR foi informada que não só
isso não sucederia, como, mais tarde, que o outro clube espanhol, o Cetransa El Salvador,
também renunciava e igualmente não seria substituído.
Em face desta situação de facto, em que para quatro clubes portugueses apenas se
encontravam disponíveis dois de Espanha, a Direcção da FPR transmitiu à FER o seu
desapontamento e o dos clubes, pois assim estava cada vez mais distante o objectivo inicial
do confronto entre as respectivas quatro melhores equipas ibéricas.
Infelizmente para a realização da prova, este foi também o sentimento de três dos clubes
nacionais, que optaram por desistir, pelo que foi proposto à FER, para salvar o que ainda
podia ser salvo, uma final entre o clube português ainda empenhado, o AEIS Agronomia, e o
correspondente espanhol.
Com data de hoje, e com base numa comunicação da Associação dos Clubes de Rugby (ACR)
de Espanha, a FER transmitiu a recusa desta solução pelos dois clubes espanhóis ainda
disponíveis, e também a abertura de inquérito disciplinar aos seus clubes que renunciaram.
Na sua comunicação a ACR revela conhecer desde o início as vulnerabilidades da
participação espanhola face a questões internas relacionadas com a realização da referida
Superibérica (SIB). Por se considerar expressiva das causas e circunstâncias de todo o
processo, junta-se a transcrição integral desta carta.
A FPR considera que desenvolveu todas as diligências para que a prova se realizasse nos
termos competitivos e de qualidade que estavam previstos, não se sentindo responsável
pelos ulteriores desenvolvimentos. As renúncias verificadas por parte dos clubes
portugueses devem a sua explicação sobretudo ao sucessivo esvaziamento destes requisitos
básicos iniciais, com o abandono dos principais clubes espanhóis.
A FPR lamenta em primeiro lugar os efeitos negativos que toda esta situação causou aos
clubes portugueses. A FPR lamenta também o resultado de uma iniciativa cujos objectivos
centrais continua contudo a defender, por poderem contribuir para o desenvolvimento do
rugby dos dois países vizinhos, esperando que não comprometa o futuro e a possibilidade de
uma prova ibérica competitiva.
Lisboa, 19 de Maio de 2009
A Direcção
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