Política&Poder.
doaltodatorre
Brasília, quinta-feira,
22 de janeiro de 2015
JORNAL DE BRASÍLIA
Eduardo Brito
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Lições do passado valem agora
Cristovam chama
PT de “hipócrita”
É uma autocrítica, sim, embora o PDT, a rigor, sequer tenha
entrado no governo. Cristovam inclui nela o PSB, que também
se afastou, mas ainda permaneceu por algum tempo com
Agnelo. Por tudo isso, pretende tirar desse período controverso
lições para que não se repita — inclusive no governo
Rollemberg. Cristovam acha que pessoalmente não pode
deixar de influir sobre o atual governo, como fez com o
governo Agnelo. E acha que o próprio Rodrigo
Rollemberg tem de fazer uma autocrítica permanente.
Precisa ser, como, prometeu, um governo aberto “e
isso significa consultar todas as forças da cidade,
inclusive os partidos e, em especial, quem estava com
ele desde o começo”.
Ex-petista, o senador Cristovam Buarque (foto) qualifica como
“hipócrita” a postura do PT brasiliense ao tentar descolar sua
imagem do ex-governador Agnelo Queiroz. Na verdade, diz, o PT
participou de todo o governo passado, inclusive com uma grande
quantidade de secretarias de peso. Para Cristovam, o partido não
pode fugir à sua responsabilidade, “inclusive porque o PT
nacional se dispôs a nomear um interventor para o Buriti, o chefe
da Casa Civil, Swedenberger Barbosa”. Mais, o PT seria
responsável também por omissão, ao admitir que Agnelo
“permanecesse enclausurado com seu grupo” e a “colocar gente
muito poderosa, como o conselheiro Paulo Tadeu, para conduzir
as principais decisões”.
Da herança recebida à
herança que vai deixar
Proposta de autocrítica
Nesse sentido, o senador propõe uma autocrítica. “Agnelo
Queiroz pode, sim, ser o responsável número um pela herança
deixada por seu governo, e o PT claramente é o responsável número
dois”, avalia o senador, “mas as responsabilidades não param por aí”. De
acordo com Cristovam, há um número três, representado pelo conjunto
de partidos que ficaram no governo durante esses quatro anos. E há ainda,
completa, os grupos políticos — inclusive o PDT e ele próprio — que
ajudaram a eleger o governo, mas se afastaram sem usar de sua influência
para corrigir seus rumos.
Levando em conta todas essas observações, afirma
Cristovam, o governador Rodrigo Rollemberg não deve se
concentrar apenas em administrar as contas públicas e
enfrentar as dívidas que recebeu de herança. “Precisa colocar
em prática as propostas que darão a cara de seu governo”,
avisa. Afinal, já se passaram quase 90 dias da vitória eleitoral
e 30 dias de governo. No entanto, diz, “só se trata da herança
que recebeu, quando já passa da hora de mostrar a herança
que vai deixar”.
JOSEMAR GONÇALVES
Uma vez Câmara,
sempre Câmara
Até os selos sumiram
A presença constante da ex-distrital Eliana
Pedrosa na Câmara Legislativa tem gerado muita
especulação nos corredores. Sabe-se que Eliana
não pode ficar de fora do cenário político, como se
sabe que a ex-deputada pretende, no mínimo,
voltar nas próximas eleições como deputada
distrital. Para se manter na mídia, Eliana pretende
montar uma ONG e fazer, durante os quatro anos
em que está fora da Câmara, trabalhos sociais.
Porém, leva jeito que Eliana quer mesmo é se
manter no Legislativo. Sem mandato, a ex-distrital
já ouviu até sugestões para chefiar alguns
gabinetes. Inclusive do PMDB.
Mais um capítulo da herança.
Desapareceram da Administração Regional
de Ceilândia 67 selos utilizados para
autenticar documentos como alvarás,
licenças e habite-se. É coisa séria, pois os
selos são confeccionados pela Casa da
Moeda, justamente para conferir
autenticidade a documentos que têm fé
pública. Com eles, fica mais fácil validar
falsificações. Ainda para complicar as coisas,
descobriu-se também na Administração de
Ceilândia que três habite-se foram
concedidos no dia 1º de janeiro — além de já
se estar em novo governo, em pleno feriadão.
táfalado
Administração regional é linha de frente. Por isso mesmo, o
importante é a qualidade dos serviços prestados. No
governo passado, essa qualidade era péssima, sem falar
em irregularidades que já estamos
investigando.
Todo mundo no batente
Com a abertura das discussões sobre eventual convocação
dos distritais, a presidente em exercício da Câmara Legislativa,
Liliane Roriz, defendeu a quebra do recesso para que consigam
aprovar a antecipação de receita para o governo local. Liliane
afirmou que, apesar de os trabalhos legislativos estarem
suspensos, todos os parlamentares precisam estar em sintonia
com a necessidade da população. "É notório que estamos
passando por um momento de crise jamais visto no Distrito
Federal e vamos trabalhar para que haja consenso entre todos os
deputados para que os servidores da Saúde e Educação possam,
enfim, ter seus direitos garantidos", declarou a parlamentar.
Cumplicidade de Dilma
Liliane acha que está cada vez mais evidente o descaso da
presidente Dilma Rousseff na busca de soluções federais para
que o Distrito Federal coloque as contas em dia. "A presidente
precisa entender que ela hoje é a comandante de um País, e não
mais a candidata de um partido político. Suas posições
precisam deixar de ser petistas e precisam passar a ser de uma
estadista", disparou. Para a presidente em exercício, o apoio
dado ao governador Rollemberg por vários senadores, inclusive
do PMDB comandado pelo vice-presidente Michel Temer,
evidencia que o caos instalado no DF supera questões
partidárias. "A não ser que ela concorde ou mesmo seja
cúmplice de todas as barbaridades que a gestão de Agnelo
Queiroz fez com a nossa capital", ironiza.
Renato Santana, vice-governador do Distrito Federal
Distritais devem, sim, ser ouvidos
Percepção rápida
Administrador interino de Ceilândia, o vice-governador Renato
Santana assegura que nada existe de negativo em, caso um deputado
tenha vinculação com determinada região, ouvi-lo a respeito da
escolha das nomeações da área. Inclusive do administrador regional.
O importante, ensina, é que se não seja o único a ser consultado e
que se ouçam também todos os segmentos da comunidade local.
Na verdade, diz Renato Santana, o que realmente importa é a
qualidade dos serviços prestados pelas administrações regionais.
Como se trata de órgãos de contato direto com a população, quando
os serviços são ruins, isso é percebido com rapidez. Há o outro lado
da moeda: também se registra em pouco tempo a melhora na
qualidade, o que deve ser prioridade para Rollemberg.
MATHEUS OLIVEIRA
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22/01/2015 1a. Caderno A_13_Tb