1 ÉTICA PROFISSIONAL: Uma análise acerca das infrações cometidas pelos contadores registrados no CRC-RN André Victor Medeiros Cardoso¹ Gislânia Dantas dos Santos² Hugo Azevedo Rangel de Morais³ RESUMO A presente pesquisa proporciona um breve estudo sobre asinfrações cometidas pelo profissional contábil em face aética profissional, onde é possível perceber que a mesma possui grande relevância para os profissionais da área das ciências contábeis por exporprocedimentos necessários para um bom desempenho no ambiente de trabalho. Desse modo, o trabalho objetivou mostrar quala principal causa das infrações cometidas pelos contadores do estado do Rio Grande do Norte. Os dados foram extraídos do setor de fiscalização do CRC/RN de Natal, no período de Junho a Agosto de 2013. O trabalho desenvolveu-se por meio de pesquisa bibliográfica, caracterizando uma descrição de abordagem qualitativa em um universo de 2009 a 2012. Portanto, esperava-se que a causa das infraçõesfossem por negligência e os resultados apontaram que a imprudência foi o principal motivador das infrações. Palavras Chaves: contabilidade, infrações, ética. 1 André Victor Medeiros Cardoso [email protected] Graduando em Ciências Contábeis pela Faculdade Católica Santa Teresinha – Caicó/RN 2 Gislânia Dantas dos Santos [email protected] Graduada em Ciências Contábeis pela UNP – Mossoró/RN 3 Hugo Azevedo Rangel de Morais [email protected] Mestrando em Administrando pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN- Natal/RN. 2 1INTRODUÇÃO A ciência contábil, como qualquer outra ciência precisar seguir a ética como um instrumento de orientação, tanto para o próprio profissional como para toda sociedade, pois a mesma deve ser aplicada de maneira correta, para que em troca possa ser respeitado e valorizado profissionalmente. O nosso país está evoluindo a cada dia e trazendo parâmetros os quais devem ser mantidos e usados de maneira que possa trazer benefícios para a área contábil, como por exemplo, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC,considerando que sempre o tema ética está em evidência, ressalta-se então, se realmente os profissionais contábeis estão preparados para atuar eticamente num mercado tão competitivo, fornecendo e opinando nas decisões das entidades. Nesse pressuposto foi criado o código de ética profissional do contador - CEPC, segundo a resolução CFC N°803/96 que teve alguns de seus dispositivos alterados com a resolução Nº1307/10 onde diz que: fica aprovado o código de ética profissional do contador, e seu objetivo é orientar esse profissional a adotar uma postura que siga os princípios éticos que sejam de conhecimento e aceitação da sociedade. O trabalho tem como problemáticadescobrirquala principal causa das infrações cometidas pelos contadores do Rio Grande do Norte;negligência, imprudência ou imperícia? Considerando o problema acima, tem-se como hipótese que a principal causa das infrações cometidas é a negligência, logo, a mesma é caracterizada pelo descaso, pela falta de atenção e pela indolência, ou seja, pelo deixar de fazer aquilo que estava sob sua responsabilidade.O presente trabalho tem como objetivo geralmostrar a principal causa das infrações cometidas pelos contadores do estado do RN, e como objetivos específicos, expor os tipos de infrações existentes na profissão contábil,quantificar as infrações cometidas no período estudado, classificar em negligência, imprudência ou imperícia as infrações cometidas no período de 2009 a 2012 as pelos contadores do RN. O profissional contábil tem grande importância para a sociedade e para a economia global, junto a ele vem sua postura ética, que deve estar atrelado ao CEPC. Como profissional que trabalha para prestar informações contábil e financeira para pequenas, medias e grandes empresas, requer dele uma maior confiabilidade e credibilidade, pois diante de situações tentadoras e provocadoras que podem surgir em seu dia-a-dia, é preciso que o profissional possa refletir e analisar quais consequências 3 poderá enfrentar casoseja feito algo que não esteja de acordo com seus valores éticos exposto no seu código profissional. 2FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 CONCEITO DE ÉTICA A ética está ligada diretamente com a moral, com a sua junção, torna-se mais fácil guiar-se num caminho correto onde os princípios prevaleçam e o respeito do individuo ganhe espaço no meio em que ele está vivendo, tendo-a também como guia na busca de conduta, a ética também nasce e prevalece no convívio familiar desde a infância dos indivíduos até sua fase adulta, onde ele irá escolher se segue sua vida com costumes e valores ou se vai ser um cidadão capaz de viver em sociedade, ou até se vai seguir o lado da competição, da desonestidade, tempestividade, onde um é contra o outro e que vença o melhor. Muitas vezes a ética chega a ser confundida com a moral mais as duas são diferentes, é algo que quase todo mundo tem uma breve visão do que seja, mais o difícil é ser explicada e posta na prática, para se ter um rápido esclarecimento, podemos dizer dessa forma que a ética vêm desde o berço e a moral nasce a partir dos relacionamentos sociais. Para melhor esclarecer, Sá (2007, p.33) diz: A ética é um estado de espírito é quase hereditário e vem da formaçãomeio social no qual a criança teve sua personalidade moldada, burilada para ingressar no convívio da sociedade, que é o que popularmente se denomina berço; e moral é adquirida por meio da educação formal e da experiência de vida. 2.2 OBJETIVO DA ÉTICA A convivência em sociedade cada dia está maisdifícil de manter, pois há a questão do conflito de interesses entre as partes, isso fazendo com que haja sempre fortes influências de diversos fatores como as crenças, valores, ou pensamentos diversificados, resumindo objetivos antagônicos. Para que se possa mudar esse quadro ou pelo menos tentar amenizar a situação precisa-seque as partes envolvidas tenha um relacionamento aceitável mesmo quecada um possua seu posicionamento individual, 4 para que isso não venha atrapalhar no convívio social, é necessário um ponto de equilíbrio, que nada mais é que o respeito sobre o próximo, sobre as decisões tomadas, sobre pensamentos opostos. Em tese observa-se a necessidade de viver em conjunto, cada homem está obrigado a passar por isso. As pessoas tende a ter uma forte influência pelas condições de vida que as o cercam e claro pelas informações que recebe no mundo lá fora, tornando assim como já foi citado ideias opostas. Segundo Lisboa (2006, p.22) “Entender os conflitos existentes entre as pessoas, buscando suas razões, como resultado direto de suas crenças e valores, e com base nisto estabelecer tipos de comportamentos que permitam a convivência em sociedade, é o objetivo do estudo da ética”. Então fica claro que a ética tem por objeto de estudo tentar o máximo possível para que os indivíduos tenham um comportamento aceitável na sociedade, e que em troca possa se manter a convivência esperada entre o meio, constituindo o objetivo da ética. 2.3 ÉTICA PROFISSIONAL O conceito de profissão pode ser entendido como trabalho que se pratica diariamente, com freqüência, a serviço de outras pessoas, do qual se obtém renda para o seu sustento diário. Além de grande importância para o indivíduo o termo profissão tem um papel importante, tanto social como moral na vida do ser humano, é através dele que o mesmo se auto-avalia, pela sua capacidade, inteligência e postura ética, mediante isso é que surgem as exigênciaspara a conservação de uma conduta profissional que esteja de acordo com os princípios éticos. Segundo Sá (2007, p.137) destaca que: 1. É pela profissão que o individuo se destaca e se realiza plenamente, provando sua capacidade, habilidade, sabedoria e inteligência, comprovando sua personalidade para vencer obstáculos. 2. Através do exercício profissional, consegue o homem elevar seu nível moral. 3. É na profissão que o homem pode ser útil a sua comunidade e nela se eleva e destaca, na prática dessa solidariedade orgânica. Devido à grande importância que a ética tem para toda sociedade, surgiu a ideia de criar o código de ética geral, para que se pudessem orientar as pessoas a viver em 5 sociedade, logo após foi criado o código de ética profissional, para que pudesse nortear o profissional dentro das organizações. Segundo Lopes de Sá (2007, p.126) ele diz que: “Uma espécie de classe gera o código de ética profissional, e os órgãos de fiscalização do exercício passam a controlar a execução de tal peça magna”. 2.3.1Código de ética profissional do contador O Conselho Federal de Contabilidade - CFC criou no ano de 1970 o seu primeiro Código de Ética do Contabilista, que por 26 anos iria servir como orientação para os profissionais contábeis no exercício de sua profissão, através da Resolução CFC 290/70. Em 1996 o CFC reeditou para Resolução CFC 803/96 em 10 de outubro de 1996, passando a ser reeditado novamente em 09 de dezembro de 2010 pela nova resolução CFC 1307/10, onde ficou aprovada a mudança de nomenclatura para Código de Ética Profissional do Contador - CEPC. Levando em conta que independente de qualquer profissão, toda classe profissional tem o seu código de ética, que vai lhe servir para orientar e mostrar regras para que no exercício da sua profissão, o mesmo possa trabalhar de maneira correta e justa, passando assim respeito e satisfação para seus usuários, que seria seus clientes como também para toda a sociedade, e não se esquecendo dos colegas de classe. Entretanto muitas vezes o ser humano na busca de seus objetivos, tende a se importar primeiramente consigo mesmo, para que isso não venha se tornar uma busca excessiva, a partir daí são criados os órgãos fiscalizadores, para que possa controlar essa situação. Para Rocha (2005, p.169): Uma definição para o código de ética poderia ser expressa como um documento estabelecendo regras de conduta decorrentes do entendimento comum entre os membros de um determinado grupo social- uma categoria de profissionais liberais, uma associação civil, um partido político, um grupo de funcionários públicos. Essas regras objetivam normatizar a forma como aquele grupo social age, pensa e estabelece sua postura no meio da corporação e na sociedade. O código de ética profissional do contador, não diferente dos outros, cabe o uso da conduta profissional, moral e social dos seus membros, objetivando o bem e a justiça. Para que isso venha acontecer, é preciso que os princípios norteadores que regem direitos e deveres sejam colocados na prática. O mesmo tem caráter obrigatório e 6 condutas antiéticas não são aceitas, e profissionais que caso venha a praticar tal erro, será punido pelos órgãos cabíveis, onde o mesmo receberá punições, podendo ser uma advertência reservada, censura reservada e/ou censura pública. Como citado acima, os princípios são de grande relevância para que o profissional adote sua própria postura profissional. Lisboa (2006, p.61) resume a respeito dos princípios: 1. responsabilidade, perante a sociedade, de atuar com esmero e qualidade, adotando critério livre e imparcial; 2. lealdade, perante o contratante de seus serviços, guardando sigilo profissional e recusando tarefas que contrariem a moral; 3. responsabilidade para com os deveres da profissão mesma aprimoramento técnico, inscrição nos órgãos de classe; 4. preservação de imagem profissional, mantendo-se atualizado em relação às novas técnicas de trabalho, adotando, igualmente, as mais altas normas profissionais de conduta. O contador de contribuir para o desenvolvimento e difusão dos conhecimentos próprios da profissão. O respeito pelos colegas deve ser sempre observado. 2.4 ÉTICA NA PROFISSÃO CONTÁBIL Estando a ética, presente em toda sociedade e em todas as classes profissionais, na profissão contábil não seria diferente, pois o contador tem que ter conhecimento e postura ética incomparável com qualquer outro profissional, tem que manter sigilo, repassar confiança, competência e serenidade aos usuários de suas informações, já que o mesmo tem acesso a toda a riqueza patrimonial de pessoas físicas e jurídicas. O contador é o grande responsável por todo o processo contábil e financeiro, com a finalidade de prestar todas as informações e orientações que possam ser úteis e necessárias para as tomadas de decisões, o mesmo tem o dever de controlar e manter estável a riqueza de seus clientes e orientá-los qual a melhor maneira de fazer uso da mesma. A falta de ética pode acabar com qualquer profissional, para o contador não basta só se ter o conhecimento técnico de sua profissão, é preciso ter conhecimento da conduta moral ética, de suas responsabilidades e de sua lealdade perante seus clientes, pois situações provocadoras que possa colocar à prova seus valores éticos irão surgir freqüentemente, se esse profissional colocar a ética em primeiro lugar estará mostrando para sociedade o valor de seu trabalho e de sua conduta moral, como confirma Rocha 7 (2005, p.163): “Agir com ética é um dever elementar que jamais poderá ser esquecido, notadamente, para os profissionais que militam na contabilidade [...]”. O padrão de conduta ética a ser seguido pelos profissionais de contabilidade, no desenvolver de suas atividades diárias, deve está de acordo com a competência, sigilo, integridade e objetividade. 2.5 O PROCESSO DE FISCALIZAÇÃO NOS CONSELHOS DE CONTABILIDADE Sendo a contabilidade uma profissão regulamentada e respeitada, o profissional deve sempre exercê-la de forma zelosa e com obediência as suas obrigações. O contador deve sempre se orientar pelo seu Código de Ética, ao contrário estará sujeito à fiscalização e também punições cabíveis prevista na lei. Caso venha a se concretizar esse tipo de ato será aberto um processo contra o profissional. O CFC aprovou em sua resolução n° 949/02, o Regulamento de Procedimentos Processuais dos Conselhos de Contabilidade, que dispõe sobre processos administrativos de fiscalização. 2.6NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA E IMPERÍCIA NA PROFISSÃO CONTÁBIL A negligência ocorre pela ausência de cuidado ou de precaução com que se realizamos atos, normalmente é algo que se deixa de fazer. Na contabilidade, deixar de fazer a escrituração contábil seria um ato negligente, pois deixou de fazer algo que estava sob a responsabilidade do contador. Já aimprudênciaé resultado da imprevisão dequem faz o ato em relação ás consequências. Há ciência da culpa. Pode ser definidacomo algo que se faz. Um exemplo no âmbito contábil seria imprudente não executar um serviço contábil. Por fim, a imperícia por sua vez, ocorre quando o profissional não possui capacidade técnica, falta ou deficiência de conhecimentos para exercer atividades inerentes a profissão, como por exemplo, o cidadão que exerce ilegalmente a profissão, não tem qualificação para o exercício da profissão. Stocco(2004, p.135), relata: A imprudência se caracteriza pela falta de cautela, em que o indivíduo age precipitadamente, de forma a causar dano a alguém; a negligência é caracterizada pelo descaso, pela falta de atenção e pela indolência, ou seja, 8 pelo deixar de fazer aquilo que estava sob sua responsabilidade; a imperícia se caracteriza pela demonstração de inabilidade por parte de qualquer profissional no exercício da sua profissão. Enfim, ela se configura a partir do momento em que se registra a violação de um dever previamente estabelecido por força contratual, cuja violação é passível de causar dano a terceiros. 3PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA A pesquisa foi realizadautilizando o modelo de Raupp e Bauren (2008), ondefoi desenvolvida por meio de pesquisa bibliográfica em literaturas específicas do assunto em questão, em leis, códigos de ética do profissional contábil, por meio de pesquisa documental e estudo de múltiplos casos, sendo assim de caráter descritivo e exploratório de abordagem qualitativa, onde o uso da observação e análise de características é preponderante. 3.2 COLETA E TRATAMENTO DE DADOS A população da pesquisa foi todo o universo compreendido pelos autos de infração entre os períodos de 2009 a 2012, segundo os dados do conselho regional de contabilidade do rio grande do norte(CRC-RN), compreende 1082 autos de infração A fonte de coleta foram todos os autos de infração registrados pelo Conselho Regional de Contabilidade do RN, coletados através de fonte primária onde ocorreu o preenchimento de 03(três) formuláriospadronizados,via e-mail, intitulados como: Tipos de Infrações, Classificação das Ocorrências, Quantidade de Punições Aplicadas pelo CRC, compreendidas no universo temporal entre 2009 e 2012 preenchidas pelos fiscais responsáveis pelas autuações no Conselho Regional de Contabilidade do RN. O tratamento dos dados obtidos se deu através do exame dos formulários onde foram identificados eclassificados tabuladasnoMicrosoftword 2010. as causas das infrações existentes, 9 4ANÁLISES E RESULTADOS Os dados apresentados a seguir foram obtidos através de um levantamento de informações, nos arquivos do Setor de Fiscalização do Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Rio Grande do Norte – CRC/RN, acerca das infrações cometidas pelos contadores registrados no mesmo órgão, no período de 2009 a 2012. Os mesmos foram organizados e distribuídos nas tabelas a seguir. Tabela 1:Tipos de infrações 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Tipos de infrações Retenção abusiva, danificação ou extravio de livros ou documentos contábeis Apropriação indevida de valores de clientes Inexecução de serviços contábeis Descumprimento de prazo estabelecido pelo CRC Deixar de apresentar prova de contratação de serviços profissionais Firmar declaração comprobatória de rendimentos sem base em documentos legais Deixar de manter arquivada a documentação legal que serviu de base para emissão da decore Facilitar o exercício profissional aos não habilitados/impedidos Exercer ilegalmente a profissão/leigo Profissional da contabilidade com o registro baixado ou suspenso Técnico em contabilidade que se qualifica como contador Profissional que deixa de comunicar mudança de endereço Deixar de elaborar escrituração contábil Profissional de contabilidade que explora atividades de contabilidade sem registro de escritório Sociedade sem registro cadastral composta por profissionais Sociedade sem registro cadastral composta por leigos Falta de averbação de alteração cadastral Adulteração ou manipulação fraudulenta na escrita ou em documentos Decore apresentando valores divergentes Utilização de DHP falsificada na decore Organização contábil de responsabilidade individual sem registro (MEI) Fonte:Banco de dados do CRC/RN – Setor de Fiscalização Com base nos dados fornecidos pelo CRC/RN, podemos perceber os vários tipos de infrações que os contadores estão cometendo no desenvolver de suas atividades profissionais, diante da grande quantidade, notamos que os profissionais, mesmo tendo o CEPC como orientador e normatizador no desenvolver de suas funções, estão de alguma forma fazendo o que não está de acordo com o que diz o CEPC. A partir dessas informações, iremos mostrar a quantidade para cada tipo de infrações cometidas, entre os anos de 2009 a 2012. Tabela 2:Quantidade de infrações cometidas Tipo de Infração Retenção abusiva, danificação ou extravio de livros ou documentos contábeis Apropriação indevida de valores de clientes 2009 01 01 Ano da Infração 2010 2011 - - 2012 - Total 01 - 01 10 Inexecução de serviços contábeis Descumprimento de prazo estabelecido pelo CRC Deixar de apresentar prova de contratação de serviços profissionais Firmar declaração comprobatória de rendimentos sem base em documentos legais Deixar de manter arquivada a documentação legal que serviu de base para emissão da decore Facilitar o exercício profissional aos não habilitados/impedidos Exercer ilegalmente a profissão/leigo Profissional da contabilidade com o registro baixado ou suspenso Técnico em contabilidade que se qualifica como contador Profissional que deixa de comunicar mudança de endereço Deixar de elaborar escrituração contábil Profissional de contabilidade que explora atividades de contabilidade sem registro de escritório Sociedade sem registro cadastral composta por profissionais Sociedade sem registro cadastral composta por leigos Falta de averbação de alteração cadastral Adulteração ou manipulação fraudulenta na escrita ou em documentos Decore apresentando valores divergentes Utilização de DHP falsificada na decore Organização contábil de responsabilidade individual sem registro(MEI) Total de infrações no período de 2009 - 2012 02 28 29 16 28 85 39 01 62 24 03 191 120 29 35 229 90 383 14 24 131 54 223 - 02 02 04 08 - 11 - 11 02 03 02 25 04 - 01 01 02 - 04 01 05 - - 32 16 15 06 47 22 - - 01 16 17 - - 04 02 - 08 03 01 12 05 01 - - - 01 01 10 01 01 10 104 116 559 303 1082 Fonte: Elaborada pelo autor A tabela acima demonstra a quantidade de infrações para cada ano em questão, já que o setor de fiscalização do CRC/RN trabalha durante todo o ano fazendo diversas autuações, chegando a esse resultado ao final do ano. Notamos que o ano em que mais se cometeu infrações foi o de 2011, com um total de 559, chegando a ser 51,66% dentre os quatro anos levantados. A partir desse total classificaremos as infrações como sendo atos de imperícia, imprudência e negligência. Tabela 3:Classificação das ocorrências Causa da Infração Imperícia Tipo de Infração Quantidades Exercer ilegalmente a profissão/leigo Profissional da contabilidade com o registro baixado ou suspenso Técnico em contabilidade que se qualifica como contador Sociedade sem registro cadastral composta por leigos Retenção abusiva, danificação ou 25 04 02 12 01 Total por Causa 43 (3,97%) 11 extravio de livros ou documentos contábeis Inexecução de serviços contábeis Firmar declaração comprobatória de rendimentos sem base em documentos legais Imprudência Deixar de manter arquivada a documentação legal que serviu de base para emissão da decore Facilitar o exercício profissional aos não habilitados/impedidos Decore apresentando valores divergentes Utilização de DHP falsificada na decore Apropriação indevida de valores de clientes Descumprimento de prazo estabelecido pelo CRC Deixar de apresentar prova de contratação de serviços profissionais Deixar de elaborar escrituração contábil Adulteração ou manipulação fraudulenta na escrita ou em documentos Profissional de contabilidade que Negligência explora atividades de contabilidade sem registro de escritório Profissional que deixa de comunicar mudança de endereço Sociedade sem registro cadastral composta por profissionais Falta de averbação de alteração cadastral Organização contábil de responsabilidade individual sem registro (MEI) Quantidade total das infrações 03 383 223 620 (57,30%) 08 01 01 01 191 120 47 01 22 419 (38,73%) 05 17 05 10 1082 1082 (100%) Fonte: Elaborada pelo autor Nessa tabela verifica-se que a principal causa das infraçõescometidas pelos contadores é a imprudência, chegando a ser mais da metade das ocorrências com 57,30%, o que nos leva a acreditar que estes profissionais estão executando seus serviços sem a devida cautela, com falta de atenção nas regras pertinentes a sua profissão, conforme expresso no CEPC. Do total de imprudências cometidas 61,77% delas é do ato de firmar declaração comprobatória de rendimentos (DECORE) sem base em documentos legais, já que a Resolução CFC N° 1.364/2011 em seu Art. 3° diz que “A DECORE deverá estar fundamentada somente nos registros do Livro Diário ou em documentos autênticos, 12 definidos no Anexo II desta Resolução.” Então fica claro que estes profissionais estão emitindo DECORES, sem apresentação de documento, que comprove que tal rendimento é proveniente de algum lugar. 5 CONCLUSÃO O presente estudo teve como problema, descobrirquala principal causa das infrações cometidas pelo contadores do Rio Grande do Norte, negligência, imperícia ou imprudência? E como hipótese, que a principal causa das infrações cometidas seria negligência, o que foi refutada, logo 57,30% das infrações são cometidas por imprudência,o objetivo geral que foi mostrar a principal causa das infrações cometidas pelos contadores do estado do RN foi alcançado, bem como os objetivos específicos que eramexpor os tipos de infrações existentes na profissão contábil, quantificar as infrações cometidas no período estudado, classificar em negligência, imprudência ou imperícia as infrações cometidas no período de 2009 a 2012 as pelos contadores do RN. Para se alcançar tais objetivos, foi feito um levantamento entre os meses de junho a agosto de 2013, junto ao setor de fiscalização do CRC/RN, onde através das informações colhidas, se chegou à conclusão acima. O que nos chamou a atenção foi à quantidade existente dos tipos de infrações registrado pelo CRC/RN, onde seu número chegou a ser 21, desse total a mais frequente é a de firmar declaração comprobatória de rendimentos (DECORE) sem base em documentos legais. Representando um total de 35,39% do total de infrações (1.082) registrados entre os anos de 2009 a 2012, o que mostra que os profissionais estão agindo em desacordo com o que determinao conselho federal de contabilidade. Durante o desenvolvimento do trabalho tivemos algumas limitações como;referências bibliográficas, periódicos que abordasse o assunto, dificuldade em encontrar trabalhos que tratasse do tema. Embora ainda exista um número considerável de autuações, no período pesquisado,é necessário que os CRC’sprofirammaispalestras, orientações, informativos, que aborde esta temática, que é de grande relevância para a vida profissional, assim poderá minimizar o número de autuações. Mesmo tendo o CEPC como regulamentador para a profissão, ficou claro que ainda assim muitos profissionais estão agindo de forma antiética, cometendo infrações no exercício do seu dever. 13 Como recomendação, indicamos que futuramente possa ser feito uma nova pesquisa em outrosCRC´sa nível de comparação com os resultados. 6REFERÊNCIAS CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC N° 1.370 de 2011. Regulamento geral dos conselhos decontabilidade . Disponível em: http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2003/000960. Acesso em: 06 de maio de 2013. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC N° 1.307 de 2010. Altera dispositivos da Resoluçao CFC n° 803/96 . Disponível em: http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2010/001307. Acesso em: 07 de abril de 2013. CRC/SP. Código de Ética Profissional do Contador.9ed. São Paulo: CRC SP, 2011. LISBOA, Lázaro Plácido. Ética Geral e Profissional em Contabilidade. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2006. 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