1 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE TURISMO E HOTELARIA CURSO DE TURISMO MONIQUE TELLES DA SILVA TURISMO DE AVENTURA: MOTIVAÇÕES E EXPECTATIVAS DO PRATICANTE Niterói 2014 2 MONIQUE TELLES DA SILVA TURISMO DE AVENTURA: MOTIVAÇÕES E EXPECTATIVAS DO PRATICANTE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Turismo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Turismo. Prof. Frederico Cascardo Alexandre e Silva – Orientador - UFF Niterói 2014 3 S586 Silva, Monique Telles da Turismo de aventura: motivações e expectativas do praticante / Monique Telles da Silva – Niterói: UFF, 2014. 82p. Monografia (Graduação em Turismo) Orientador: Frederico Cascardo Alexandre e Silva, M. Sc 1. Turismo de Aventura CDD. 338.4791 4 TURISMO DE AVENTURA: MOTIVAÇÕES E EXPECTATIVAS DO PARTICIPANTE Por MONIQUE TELLES DA SILVA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Turismo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Turismo. BANCA EXAMINADORA __________________________________________________________________ Presidente: Prof. Frederico Cascardo Alexandre e Silva, M. Sc. – Orientador, UFF ___________________________________________________________________ Convidada: Prof. Verônica Feder Mayer, D. Sc., UFF Convidado: Rodrigo Fonseca Tadini, D. Sc., UFF Niterói, Maio de 2014 5 AGRADECIMENTOS Primeiramente à minha mãe, Lenita, e ao meu pai, Antonio, que são os ídolos da minha vida. Que sempre incentivaram para que eu ingressasse na universidade e me deram forças, durante todo o percurso, para que eu pudesse chegar até aqui. À minha amada irmã Isabella, que me inspira todos os dias e me torna ainda mais feliz. Aos meus avós, Kilza, Guaracy e Wilson, que apesar de não estarem mais por perto para presenciar esse momento tão importante, sei que estão acompanhando a minha trajetória lá de cima e devem estar orgulhosos. Aos meus tios, Leonice, Lenice, Guaracy, Francisco, Paola e João pelo amor, carinho e preocupação desde que nasci. Aos meus primos-irmãos Gustavo e Sávio pelo companheirismo e amizade de sempre. Às minhas fiéis e eternas amigas, Fernanda, Liz, Nicole, Luana e Janaina, por sempre estarem ao meu lado e compartilharem comigo os momentos mais incríveis. Aos meus amigos que ganhei na universidade, Thaianne, Tainá, Jéssica, Rômulo, Rodrigo e Vinícius, que fizeram da minha vida acadêmica um momento único e inesquecível. Aos meus colegas do estágio, Priscila, Diogo, Marcelly e Paulo que contribuíram para o meu crescimento profissional e se tornaram amigos para uma vida inteira. Ao meu orientador, Frederico, por ter aceitado me orientar nesta pesquisa e por compartilhar os seus conhecimentos na elaboração da mesma. À professora Verônica pela confiança, pelos ensinamentos e por contribuir para a escolha do tema da pesquisa e me auxiliar na elaboração da metodologia da pesquisa. À professora Erly por ser sempre solícita e me guiar na pesquisa e demais trabalhos acadêmicos durante toda a minha graduação. 6 RESUMO Apesar de ser um recente segmento no mercado turístico, o turismo de aventura vem se destacando no mercado mundial devido ao seu crescimento nos últimos anos. O turismo de aventura possui suas raízes no ecoturismo, porém atualmente o segmento do turismo de aventura cria a sua própria identidade e atrai novos adeptos que buscam experimentar algo novo em ambientes peculiares. A variedade de atividades e a dinamicidade de locais para a sua prática tornam o turismo de aventura uma modalidade atraente para os mais variados públicos. Neste contexto, o objetivo geral da pesquisa é analisar o perfil do praticante de turismo de aventura, tangendo as suas motivações e expectativas, para isto, fez-se uma pesquisa quantitativa do tipo exploratória por meio de questionário. Os resultados dessa pesquisa indicam que o consumidor de turismo de aventura tem como principais motivações sentir adrenalina; conhecer lugares onde a natureza é preservada e conhecer lugares paradisíacos. Palavras-chave: Turismo de Aventura. Motivações. Expectativas. Praticante. 7 ABSTRACT Though a recent segment in the tourism market, adventure tourism has been increasing in the world market due to its growth in recent years. Adventure tourism has its roots in ecotourism, but currently the adventure tourism segment creates its own identity and attracts new fans looking to experience something new in peculiar environment. The variety of activities and the dynamics places makes the practice of adventure tourism an attractive modality for the most varied audiences. In this context, the general objective of the research is to analyze the profile of practicing adventure tourism, herding their motivations and expectations for this a quantitative exploratory research was done through a questionnaire. The results of this research indicate that consumers of adventure tourism are mainly motivated feel adrenaline; know places where nature is preserved and meet beautiful places. Keywords: Adventure Tourism. Motivations. Expectations. Practitioner. 8 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: O núcleo de características do turismo de aventura ........................ 23 FIGURA 2: Diferentes tipos de viagem de aventura ........................................... 24 FIGURA 3: Tipologia das motivações do turismo ............................................... 25 FIGURA 4: Motivações segundo o perfil do iniciante ou experiente ................... 28 FIGURA 5: Expectativas médias dos participantes (a) e experientes (b) ........... 29 FIGURA 6: Diferença entre as expectativas dos participantes experientes e dos iniciantes em ordem crescente ........................................................................... 30 FIGURA 7: Apresentação do questionário sobre Turismo de Aventura ............. 32 FIGURA 8: Questões sobre os dados pessoais ................................................. 33 FIGURA 9: Questão sobre atividades praticadas ............................................... 34 FIGURA 10: Questão sobre motivações para a prática de atividades de aventura (Parte I) ................................................................................................ 35 FIGURA 11: Questão sobre motivações para a prática de atividades de aventura (Parte II) .............................................................................................. 36 FIGURA 12: Questão sobre motivações para a prática de atividades de aventura (Parte III) .............................................................................................. 37 FIGURA 13: Questão sobre sensações .............................................................. 37 FIGURA 14: Questão sobre as definições dos participantes .............................. 38 FIGURA 15: Questões finais ............................................................................... 39 FIGURA 16: Gráfico da escolaridade dos participantes ..................................... 42 FIGURA 17: Gráfico da renda mensal familiar .................................................. 43 FIGURA 18: Principais motivações em praticar atividades de aventura ............ 47 FIGURA 19: Gráfico das sensações ao praticar atividades de aventura ............ 48 FIGURA 20: Gráfico das expectativas dos participantes .................................... 49 FIGURA 21: Word Cloud das expectativas do praticante ................................... 49 FIGURA 22: Gráfico sobre a prática da atividade de aventura ........................... 55 FIGURA 23: Gráfico sobre uma nova modalidade de atividade de aventura ..... 55 9 LISTA DE TABELAS TABELA 1: Relação escolaridade e ocupação do praticante............................. 43 TABELA 2: Atividades de aventura praticadas pelos participantes ................. 45 TABELA 3: Motivações para a prática de atividades de aventura ................... 46 TABELA 4: Definições do praticantes de atividades de aventura .................... 54 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11 2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 14 2.1 TURISMO DE AVENTURA ............................................................................ 14 1.1 2.2 DIFERENÇAS ENTRE O ECOTURISMO E O TURISMO DE AVENTURA .... 16 2.3 A EXPERIÊNCIA DA AVENTURA .................................................................. 18 2.4 MOTIVAÇÕES E EXPECTATIVAS ................................................................. 20 2.4.1 Motivações em viagens de aventura ........................................................ 22 2.4.2 A relação entre a expectativa e a experiência em turismo de aventura. 27 3 METODOLOGIA ................................................................................................ 31 3.1 QUESTIONÁRIO APLICADO NA PESQUISA ................................................ 32 3.2 COLETA DE DADOS ...................................................................................... 40 3.3 TRATAMENTO DE DADOS ............................................................................ 40 4 ANÁLISE DE RESULTADOS ........................................................................... 41 4.1 O PERFIL DOS RESPONDENTES ................................................................. 41 4.2 RANKING DE ATIVIDADES DE AVENTURA ................................................. 44 4.3 MOTIVAÇÕES DOS PRATICANTES EM TURISMO DE AVENTURA ........... 45 4.4 SENSAÇÕES AO PRATICAR AS ATIVIDADES ............................................. 47 4.5 EXPECTATIVAS DOS PRATICANTES EM TURISMO DE AVENTURA ........ 48 4.6 CARACTERÍSTICAS DOS PRATICANTES .................................................... 53 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 57 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 60 APÊNDICE: QUESTIONÁRIO .............................................................................. 62 ANEXO: CATEGORIAS DE ATIVIDADES DE TURISMO DE AVENTURA ........ 70 11 1 INTRODUÇÃO O mercado do Turismo de Aventura - TA cresce no mundo e no Brasil em ritmo acelerado. O ecoturismo, que de certa maneira abrange as atividades relacionadas ao TA, cresce em taxas globais anuais de 10% a 30%, e se comparadas aos 4% de crescimento do turismo em geral, tal modalidade aparece como um produto altamente promissor (VINCENT; THOMPSON, 2002 apud LÓPEZ-RICHARD; CHINÁGLIA, 2004 p. 200). Na atualidade, devido às gradativas mudanças climáticas ocasionadas pela emissão de gases poluentes à atmosfera, ao desmatamento, entre outros fatores, os indivíduos, cada vez mais, têm se mostrado engajados nas causas de preservação ambiental a fim de reverter este quadro. Neste contexto, o turismo de apelo baseado no contato com a natureza e a sua conservação, vem apresentando crescimento nos últimos anos segundo estudos da EMBRATUR (2002). O turismo vinculado à natureza possui diversas denominações, tais como, turismo natural, turismo de natureza, ecoturismo, turismo de aventura e esportes de aventura. Talvez, essa amplitude de ramificações justifique a falta de clareza na classificação e conceituação de cada segmento, assim como, a relativa escassez de estudos nessas áreas. Esta exiguidade de compreensão de cada modalidade pode levar à má avaliação do comportamento de consumo do participante, e consequentemente, uma gestão inadequada do setor. Tendo isso em vista e a pouca produção de estudos teóricos a respeito das preferências dos indivíduos adeptos do turismo de aventura, buscou-se apresentar o tema referente às motivações e expectativas do consumidor deste segmento do turismo a fim de desvelar a relevância do conhecimento de seu perfil e comportamento para melhor atendimento dessa crescente e potencial demanda. O estudo dos fatores que determinam a motivação do turista para se envolver em programas de aventura é essencial para compreender tanto o seu comportamento quanto a segmentação de diferentes perfis de clientes, além da evolução de suas expectativas e necessidades. Ao compreender esses fatores, será possível sinalizar as tendências da procura e as adaptações requeridas do mercado e dos canais de comunicação para atingir diferentes tipos de público. (LÓPEZ-RICHARD; CHINÁGLIA, 2004 p.201). 12 Sabendo que o tema apresentado ainda é pouco explorado, levantou-se o seguinte questionamento: visto que a classificação do turismo em relação aos segmentos vinculados à natureza, ainda não é totalmente clara, quais são as particularidades que podem definir e diferenciar o turismo de aventura e quais são as motivações e expectativas dos indivíduos participantes desse segmento? Partindo-se desse questionamento, formulou-se os seguintes pressupostos: o conhecimento do perfil do consumidor, em específico, das suas motivações e expectativas em relação às atividades de turismo de aventura, é capaz de colaborar para o entendimento desse segmento de mercado e, consequentemente a sua ascensão. Deduz-se que compreendendo essas preferências, haverá menor indução ao erro de interpretação da - gradual e versátil - demanda potencial. A fundamentação teórica da presente pesquisa foi baseada em documentos e artigos oficiais do Ministério do Turismo e do Instituto Brasileiro de Turismo – EMBRATUR e em diferentes autores da área do turismo. Para a elaboração da pesquisa, foram utilizados os conceitos de segmentação turística para a contextualização do turismo de aventura. Do mesmo modo, a construção teórica baseou-se em autores com distintas e complementares visões sobre turismo de aventura, como por exemplo, a autora Vera Costa (2000), que contribuiu para a compreensão das motivações e expectativas dos consumidores, funcionando como estímulo para atrair praticantes e torná-los adeptos da modalidade: Tornou-se comum a publicidade excitar os consumidores com símbolos máximos, espetaculares, extremos, sem limites, próprios da era das imagens [...] despertando-lhes o desejo de liberarem o herói que cada um carrega dentro de si. Também as empresas de ecoturismo, de um modo mais ameno, mas com o mesmo sentido de desenvolver o espetacular, organizam práticas esportivas recreativas desafiadoras nas quais são oferecidas oportunidades fabulosas de atingir lugares agrestes, de desfrutar de paisagens paradisíacas ainda pouco exploradas pelo público. A garantia de alcançar o Paraíso, desperta desejos, sonhos e fantasias nas pessoas, permitindo que elas voltem seus interesses para essas atividades. (COSTA, 2000, p. 25-26) A presente pesquisa é do tipo exploratória, “esse tipo de pesquisa é realizada, sobretudo, quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil formular hipóteses precisas e operacionalizáveis” (RAUPP; BEUREN, 2003, pg.80), de natureza quantitativa. O procedimento utilizado foi o levantamento ou survey por meio de questionário que: 13 Se caracterizam pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se a solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para em seguida, mediante análise quantitativa, obter conclusões correspondentes aos dados coletados (GIL,1999 apud RAUPP; BEUREN, 2003, p. 83). . A construção deste trabalho foi estruturada em quatro capítulos. No primeiro deles foi realizada uma abordagem teórica a respeito dos conceitos de turismo de aventura e a sua relação como o ecoturismo, também foi apresentada a experiência dos indivíduos ao praticarem estes segmentos do turismo. O segundo capítulo refere-se às motivações e expectativas dos praticantes do turismo de aventura, evidenciando a importância em identificá-las nos indivíduos. No terceiro capítulo demonstraram-se os processos metodológicos para a realização da pesquisa. Por fim, no quarto capítulo, os resultados da pesquisa foram apresentados, revelando as o perfil dos praticantes; suas preferências em relação às atividades de aventura e as suas motivações e expectativas diante o turismo de aventura, com isso, foi elaborada a análise de resultados levantando uma discussão sobre os dados obtidos. 14 2 REFERENCIAL TEÓRICO Este capítulo abordará, inicialmente, os conceitos de turismo de aventura desde a sua definição à relevância desse fenômeno. Em seguida, será apresentada a contextualização desta prática com os conceitos básicos de ecoturismo e de turismo de esportes, para a melhor compreensão do turismo de aventura. 2.1 TURISMO DE AVENTURA Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT, 2001), entende-se por turismo, as atividades que as pessoas praticam quando se deslocam do seu entorno habitual para lugares diferentes, por um período inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios, entre outros. O turismo é um fenômeno complexo e diversificado, que pode ser classificado de acordo com diferentes critérios. O turismo pode ser receptivo ou emissivo, nacional ou internacional e os objetivos da viagem podem ter diversas classificações como: descanso, lazer, cultural, gastronômico, religioso, de negócios, desportivo, entre outros (BARRETTO, 2008). A segmentação do turismo é estabelecida para que haja o planejamento, a gestão e a preparação do segmento para o mercado. Esses segmentos podem ser definidos a partir dos elementos de identidade da oferta e também das características e variáveis da demanda. A partir da oferta, a segmentação é dada diante da existência de atividades e tradições; aspectos e características e determinados serviços e infraestrutura, com enfoque na demanda, a segmentação é dada de acordo com o perfil do consumidor, por meio de suas motivações, preferências e decisões (BRASIL, 2010). Este estudo tem enfoque na segmentação de acordo com a demanda, especificamente no tipo de consumidor de acordo com as suas expectativas e motivações ao praticar atividades de aventura. O turismo de aventura ainda é confundido com as segmentações: turismo de esporte e esporte de aventura. A conceituação de turismo de aventura se refere à atividade turística e ao ambiente em associação à motivação do turista, presumindo 15 que haja respeito nas relações institucionais, de mercado, entre os praticantes e o território em que estão envolvidos (BRASIL, 2008). Ao contrário do turismo de esportes, as atividades de turismo de aventura compreendem caráter recreativo e não competitivo. As atividades caracterizadas esportivas, mesmo que não sejam de aventura, quando compreendida como competições, são tratadas no âmbito do segmento Turismo de Esportes (BRASIL, 2008). De maneira complementar, pode-se dizer que o turismo de aventura é: Segmento do mercado turístico que promove a prática de atividades de aventura e esporte de recreação, ambientes naturais e espaços urbanos ao ar livre, que envolvam emoções e riscos controlados, exigindo o uso de técnicas e equipamentos específicos, a adoção de procedimentos para garantir a segurança pessoal e de terceiros e o respeito ao patrimônio ambiental e sociocultural. Os riscos são gerenciados e minimizados por meio de duas estratégias: o uso de equipamentos de segurança credenciados por órgãos internacionais de segurança e a experiência e treinamento dos guias e monitores. (BRASIL, 2005 [s.p]) Segundo o Ministério do Turismo (2008), para distinguir as segmentações turismo de aventura de esporte de aventura, considera-se que, assim como todos os segmentos do fenômeno turístico, no turismo de aventura deve haver descolamento e estadia que presumem a efetivação das atividades consideradas turísticas. Ao mesmo tempo em que, deve envolver a oferta de serviços, equipamentos e produtos, tais como hospedagem; alimentação; transporte; recepção e condução de turistas; recreação e entretenimento; operação e agenciamento e demais atividades complementares que existem em detrimento do turismo. Este segmento possui ampla dinamicidade, pois pode ser conduzido em ambientes naturais, rurais ou urbanos (BRASIL, 2008). Os territórios, os equipamentos utilizados, as habilidades técnicas exigidas e os regulamentos classificam as atividades de aventura. Por isso, para definir cada categoria é necessário levar em consideração à diversidade e os riscos. A diversidade, cada vez mais passa por transformações devido às constantes inovações tecnológicas e pela busca incessante por novos desafios e experiências únicas por uma parcela significativa dos praticantes. Os consumidores esperam não sofrer danos materiais, físicos ou psicológicos, os riscos devem ser controláveis, para isso, são adotados normas e regulamentos específicos (BRASIL, 2008). As atividades de aventura são envolvidas em três elementos da natureza: 16 terra, água e ar (BRASIL, 2008). Cada categoria de aventura foi listada e classificada no “Anexo” deste trabalho. Para Dawling (1997 apud LÓPEZ-RICHARD; CHINÁGLIA, 2004), o turismo pode ser classificado como de massa ou alternativo. No turismo de massa, encontrase um grande número de pessoas buscando opções que recriem características da própria cultura em um cenário institucionalizado, no qual a interação cultural e ambiental como o cenário local é mínima. Já o turismo alternativo, que é uma tendência relevante e crescente entre minorias, representa o sentido oposto, procurar interagir o visitante de modo positivo com os valores ambientais e culturais da comunidade local, “nesse marco se enquadra o turismo natural englobando diferentes tipos de atividades em contato com a natureza” (LÓPEZ-RICHARD; CHINÁGLIA, 2004 p. 201). O turismo natural possui a subdivisão baseada no turismo de natureza, cujo principal intuito é a observação, e o turismo de aventura, no qual o visitante estará envolvido em atividades plenamente influenciadas pelas condições do meio ambiente (DAWLING, 1997 apud LÓPEZ-RICHARD; CHINÁGLIA, 2004). Associado o turismo natural, surge o conceito de ecoturismo contraposto ao turismo convencional conforme será apresentado no próximo capítulo. 2.2 DIFERENÇAS ENTRE O ECOTURISMO E O TURISMO DE AVENTURA O ecoturismo faz parte da ampliação do processo de segmentação do mercado turístico que pode ser atribuído à tendência da superespecialização observada no setor (DIAS, 2007). O aspecto principal desse processo é, fundamentalmente, a incorporação das práticas turísticas tradicionais em novas modalidades como: o turismo ecológico, religioso, cultural, rural e turismo esportivo. Estas modalidades demonstram preocupação com os aspectos ambientais, sustentáveis e ecológicos e vêm crescendo ao longo dos anos (DIAS, 2007). Segundo Gilmar Mascarenhas (2003 apud DIAS, 2007) o ecoturismo é o segmento com o maior crescimento no mercado internacional de turismo. Comprovando esta afirmação, a OMT (2003 apud MIRANDA, 2006) afirma que o ecoturismo cresceu 20% ao ano enquanto outros segmentos do turismo apresentaram um crescimento de apenas 7,5% ao ano. Miranda (2006, p.13) ratifica que “o ecoturismo representa 5% do turismo mundial e deve chegar a 10% na 17 próxima década. Além disso, os investimentos nessa área aumentaram 90% nos últimos quinze anos”. Em virtude destes fatos, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o ano de 2002 como o Ano Internacional do Ecoturismo. Em razão disso, as empresas operadoras de ecoturismo se desenvolveram e o mercado turístico se tornou mais proeminente em consumir produtos, serviços e roteiros que levassem as pessoas aos ambientes de natureza preservada (BRASIL, 2008). Para Dias (2007), a expansão do segmento do ecoturismo relaciona-se com a exposição dos graves problemas ambientais, por parte da mídia e com o intenso trabalho dos ambientalistas, pois as pessoas passaram a ter maior preocupação com a natureza, manifestando isso através do desejo de estar junto a ela. O autor completa que, este desejo, consequentemente, aumenta a demanda do ecoturismo, assim como a de aventura esportiva, pois as práticas de aventura na natureza - com a geografia particular e acidentada - gera o risco e a incerteza no imaginário para a prática dessas atividades e cria a motivação essencial às viagens rumo ao desconhecido. No âmbito acadêmico, segundo Beni (2004), o ecoturismo não é apenas um turismo tradicional em áreas naturais, é uma atividade que tem de estar completamente ligada ao trabalho de educação ambiental e o referido autor o define da seguinte maneira: Denominação dada ao deslocamento de pessoas para espaços naturais delimitados e protegidos pelo Estado ou controlados em parceria com associações locais e ONGs. Pressupõe sempre a utilização controlada de uma área com planejamento do uso sustentável de seus recursos naturais e culturais, por meio de estudos de impactos ambientais, estimativas de capacidade de carga/saturação e de suporte local, monitoramento e avaliações constantes, com plano de manejo e sistema de gestão responsável (BENI, 2004 [s.p]). Da mesma maneira, para The International Ecotourism Society (1990), o ecoturismo é uma viagem às áreas naturais, visando preservar o meio ambiente e promover o bem-estar da população local. Outras definições de ecoturismo surgiram nos últimos anos e ainda existem divergências sobre sua origem, mas existem aspectos consensuais, como o que se deve contribuir para a conservação da área visitada, deve ser gerada uma experiência ambiental educativa e deve-se pensar na questão da sustentabilidade. 18 Apesar das distinções dos conceitos entre turismo de natureza, ecoturismo, turismo de aventura, viagem de aventura, recreações ao ar livre e educação ao ar livre por parte de pesquisadores e autores da área, percebe-se que o turismo de aventura é um tipo de turismo natural no qual os consumidores participam com divergentes graus de envolvimento, em experiências de aventura que devem se basear na ética do ecoturismo (LÓPEZ-RICHARD, 2004). De modo complementar, Ralf Buckley (2006) se refere ao turismo de aventura como um tour comercial no qual a principal atração é a atividade ao ar livre, que depende de um ambiente natural, onde serão praticados esportes que exigem equipamentos específicos. Esta combinação gera excitação nos turistas participantes e é um dos fatores principais para que os tornem adeptos das atividades. 2.3 A EXPERIÊNCIA DA AVENTURA Para compreender o conceito de turismo de aventura por inteiro, deve-se levar em consideração a experiência de aventura, que por sua vez, pode ser representada com uma experiência de lazer no qual “precisa ser um estado da mente, voluntária e intrinsecamente motivadora” (NEUILINGUER 1981 apud LÓPEZRICHARD; CHINÁGLIA 2004, p.204). O que torna a experiência a ser vivida em aventura é o fato das consequências serem incertas, logo, arriscada e sempre assimilada ao desafio. Além disso, conforme Fluker e Turner (2000 apud LÓPEZ-RICHARD; CHINÁGLIA, 2004 p.204), a aventura requer três elementos: "liberdade de escolha; gratificação intrínseca; e um elemento de incerteza, por exemplo, quando o resultado da experiência é desconhecido ou seus riscos são imprevisíveis". A experiência de aventurar-se em atividades específicas em territórios junto à natureza, constantemente torna-se pauta de discussões por autores, devido à confusão entre esportes de aventura e esportes radicais. Os autores López-Richard e Chináglia (2004) explicam tal divergência: Ao referir-se às atividades de aventura é comum o uso indistinto das denominações esportes de aventura e esportes radicais para qualificar uma ampla variedade de eventos e atividades de lazer ou competição. Contudo, podemos tentar estabelecer um diferencial sutil entre elas, enfatizando, no caso dos esportes de aventura, a incerteza do resultado. Os esportes de aventura nascem a partir da reprodução total ou parcial de experiências e 19 técnicas expedicionárias em constante evolução. [...] Em todas elas, os fatores naturais adicionam um importante elemento de incerteza, e o participante está intrinsecamente motivado pela sensação de desbravar, conhecer e encarar obstáculos imprevistos. Já os chamados esportes radicais englobam um grande número de atividades nas quais o desafio consiste em executar manobras de alta complexidade e vencer obstáculos muitas vezes conhecidos de antemão - a partir de habilidades técnicas em modalidades esportivas nas quais fatores naturais imprevisíveis podem não influir no resultado. (LÓPEZ-RICHARD; CHINÁGLIA, 2004 p.205) A relação dos participantes com o risco nas atividades pertencentes ao turismo de aventura, também é apresentada pela autora Vera Costa (2000): A prática de esportes no meio selvagem, junto à natureza, está associada à ideia de aventura carregada de um forte valor simbólico. [...] É comum, os elementos ecoturísticos e o empresariado aproximarem-se desses esportes adotando as práticas de aventura e risco como uma arte de viver, desafiando calculadamente o risco em decisões úteis que indicam as probabilidades de êxito e a ponderação de seus benefícios, motivados pela incerteza e pelo estado de interação com os elementos da natureza. (p. 15) Essa relação entre o risco e a competência dos participantes é conhecida como o paradigma da experiência de aventura (PRIEST, 1992 apud LÓPEZRICHARD; CHINÁGLIA, 2004). Esse paradigma estabelece situações-desafio que podem ser classificadas em cinco diferentes níveis: exploração e experimentação; aventura; aventura pico; desventura e devastação ou desastre (MARTIN; PRIEST, 1986 apud LÓPEZ-RICHARD; CHINÁGLIA, 2004). Os níveis do paradigma podem ser explicados da seguinte forma: quando um participante com alto nível de competência desenvolve uma atividade com um baixo risco, este participante está em fase de exploração ou experimentação. Caso a sua competência diminua ou o risco cresça, a atividade se torna uma aventura. O equilíbrio entre a competência e o risco gera a condição de aventura pico. Porém a partir do momento em que o risco supera a competência, a experiência poderá ter como resultado o nível de desventura e, por fim quando o risco é muito elevado ou a competência extremamente baixa, pode ocorrer a devastação ou desastre (LÓPEZRICHARD; CHINÁGLIA, 2004). O balanceamento e a segurança só acontecerão quando houver a percepção do risco envolvido na atividade juntamente com a avaliação da competência pessoal a realizar tal atividade (LÓPEZ-RICHARD; CHINÁGLIA 2004). Com isso, conclui-se que, fica a cargo dos roteiristas de passeios e atividades, dos guias especializados ou dos instrutores em questão, analisarem a relação risco-competência e adaptarem 20 o nível de atividades de maneira adequada e coerente ao perfil de participantes e a situação apresentada, tendo em vista que os mesmos já possuem a experiência de aventura necessária. Contudo, López-richard e Chináglia (2001, p.204) afirmam que “à medida que crescem a consciência sobre posturas eticamente corretas em relação ao meio ambiente e a experiência de se descolar nesses locais, a presença de um guia pode ser dispensada”. O paradigma em turismo de aventura, neste caso, está relacionado à experiência ou competência que o participante possui em relação à atividade praticada, ou seja, quanto menos experiência na modalidade de aventura, maior será o risco que o mesmo enfrentará e vice-versa. No segundo capítulo deste trabalho foi apresentada uma pesquisa que complementa as concepções deste paradigma. 2.4 MOTIVAÇÕES E EXPECTATIVAS O homem passa grande parte de sua existência buscando compreender sua origem, o seu destino e qual a sua finalidade no mundo. Os estudos da antropologia têm dado a sua colaboração para ampliar o entendimento dessa incógnita latente ao ser humano, o auxiliando na descoberta de sua origem e finalidade, favorecendo que se situe em sua vida e permitindo-o desvendar o sentido da sua existência (SCHWARTZ, 1993 apud COSTA, 2000). A importância da antropologia para a vida das sociedades tradicionais é reconhecida pelo homem que, depois de camuflado pelo racionalismo representado principalmente por Descartes (século XVII) e o cientismo de Augusto Comte (século XIX), retoma a orientação do século XVIII, em que é um instrumento de conhecimento (COSTA, 2000). A antropologia, conhecida como a “ciência do homem” busca compreender o comportamento social homem levando em consideração o ambiente em que está inserido e a sua cultura, por exemplo. A psicologia, por sua vez, procura retratar as sensações, emoções, percepções e demais condições motivadoras do comportamento humano. Estas ciências servem como base para o entendimento das motivações e expectativas do homem, bem como especificamente, em turismo de aventura. Outra linha de pensamento, de caráter biológico, acredita que o homem apresenta uma tendência constante de busca por estímulos positivos advindos dos 21 fenômenos fisiológicos do corpo humano, como a produção de endorfinas, que geram sensações de prazer cuja intensidade varia de um indivíduo para o outro. Para Rossi e Ceratti (1993 apud LÓPEZ-RICHARD; CHINÁGLIA, 2004): O estímulo, induzido pelo risco associado a certas atividades, pode desencadear emoções prazerosas. Esse risco, percebido pelo indivíduo, pode ser tanto objetivo, associado à taxa de acidentes de certa atividade, como subjetivo, isto é, percebido pelo participante mesmo sem tê-lo experimentado (p.205). Antes de entender as motivações dos indivíduos que participam do turismo de aventura, é necessário conhecer sentido da palavra motivação. Esta palavra é amplamente aplicada na área da psicologia e é utilizada em diferentes contextos com significados diferentes. Sheth Mittal e Newman (2001 apud CONVIDRA [s.p]) declaram que “Motivação é o que move as pessoas. Um estado de movimento ou excitação que impulsiona o comportamento de um indivíduo em direção a um objetivo-alvo”. Para Torodov e Moreira (2005), um mesmo autor pode fazer uso do termo motivação de maneira diversa: A motivação é encarada como uma espécie de força interna que emerge, regula e sustenta todas as nossas ações mais importantes. Contudo, é evidente que motivação é uma experiência interna que não pode ser estudada diretamente (VERNON, 1973, p.11 apud TORODOV; MOREIRA, 2005). Segundo esses autores, a motivação se caracteriza como uma “força” - sem que se especifique de qual natureza - e como uma “experiência interna” - algo que apenas os próprios indivíduos podem sentir, sem que ninguém possa observar. A busca por sensações e experiências diversas, desconhecidas e complexas, bem como o desejo em encarar riscos físicos e sociais, são resultado do processo evolutivo. Segundo Zukerman (1990 apud LÓPEZ-RICHARD; CHINÁGLIA, 2004, p.205) “testar a capacidade de vencer desafios e riscos potencializa o aprendizado e, consequentemente, induz a evolução”. Para compreender o homem moderno, suas motivações e o seu processo evolutivo, especificamente no turismo, é necessário contextualizar o seu antepassado: Assim, o homem do final do século XX [...] avança com o espírito de aventura tão presente nas grandes conquistas da humanidade, em especial no século XVI, quando o homem desbravou os mares e foi ao encontro de 22 outras civilizações. O espírito aventureiro, hoje tão ou mais presente nas atividades esportivas de aventura e risco calculado, permite ao homem jogar com as chances de conquistar, com o destino e com as adversidades, imprimindo outros sentidos que se distanciam dos antepassados do século XVI. Se aqueles eram movidos em suas conquistas, estes, hoje, conquistam, de modo simbólico, a si mesmos, desafiando os seus próprios limites (COSTA, 2000, p.5). O consumidor, de modo geral, é motivado por questões conscientes e inconscientes além de ser influenciado por fatores culturais e sociais externos e internos, que por sua vez, são ligados à sua personalidade e à afetividade. No processo de decisão de compra da viagem, o turista necessita fazer escolhas que envolvam seus gostos pessoais. Dentre as motivações pessoais de um consumidor para viajar podem ser citados: trabalho; negócios; razões físico-psicológicas; educacionais, de ordem cultural ou pessoal; sociais; interpessoais e étnicas; entretenimento; diversão; prazer; passatempo e a religião ou crença (LÓPEZRICHARD; CHINÁGLIA, 2004). 2.4.1 Motivações em viagens de aventura O turismo de aventura é específico, devido a isso, seus participantes também possuem motivações específicas. A intangibilidade da atividade faz com que as perspectivas que possam identificar esses participantes sejam: a motivação; a expectativa; a satisfação e a qualidade percebida (MIDDLETON, 2002). A palavra aventura, do latim adventura, de acordo com o Ministério do Turismo (2010), significa o que há por vir, remete a algo inesperado, diferente. Nesse sentido, as atividades de aventura podem ser consideradas físicas e sensoriais com caráter recreativo e que envolvem riscos assumidos que podem provocar as sensações de liberdade, prazer e superação dependendo da expectativa e experiência de cada indivíduo e o nível de dificuldade das atividades. À vista disso, foram expostos os conceitos da palavra motivação, bem como, os fatores que podem influenciar na motivação ou decisão da escolha de um serviço turístico, em específico, em turismo de aventura. Para a melhor compreensão do perfil do consumidor do turismo de aventura será apresentado na figura 1, o quadro de características pertinentes a esse segmento do turismo. 23 O núcleo de características do turismo de aventura Resultados inesperados Perigo e risco Desafio Recompensas antecipadas Inovação Estimulação e excitação Escapismo e segregação Exploração e descoberta Absorção e foco Emoções contrastantes Figura 1- O núcleo de características do turismo de aventura Fonte: Adaptado de SWARBROOKE; HORNER, 2003, p. 351 Os turistas de aventura não são um grupo uniforme, podem ser formado pelos mais diversos tipo de pessoas, como por exemplo, por pessoas com idades avançadas buscando experimentar coisas novas, por mochileiros que desejam umas férias diferentes ou podem ser um novo grupo que procura se aventurar como uma alternativa às viagens tradicionais (MINTEL, 2002 apud SWARBROOKE, 2003). Em vista disso, Swarbrooke (2003) lista os diferentes tipos de viagens de aventura relacionadas com as motivações dos participantes (Figura 2). 24 Diferentes tipos de viagem de aventura Viagem impulsionada pelo destino O consumidor escolhe um país ou região específica para explorar. Viagem com veículo Viagem realizada por meio de um veículo, como por exemplo, bote ou carro. Viagem sem veículo Viagem baseada através de caminhada ou corrida. Viagem de aventura impulsionada pela atividade Por exemplo, mergulho, canoagem, voo livre, escalada, etc. Viagem de aventura de família A família viaja como um grupo para uma experiência de aventura. Viagem de múltiplas atividades A programação da viagem é incorporada por um número de atividades. Viagem de aventuras extremas Esportes extremos são a base da viagem. Viagem ética de aventura A viagem envolve elementos de sustentabilidade. Viagem de reputação de aventura A viagem é de prestígio e envolve a construção de status social. Figura 2- Diferentes tipos de viagem de aventura Fonte: Adaptado de MINTEL 2001 apud SWARBROOKE 2003, p. 353 De acordo com Swarbrooke (2003), as viagens de aventura podem ser impulsionadas pelo destino; meio de transporte ou pela sua ausência; pela companhia durante a viagem; por uma ou mais atividades oferecidas no local; pela causa ambiental ou para a imagem diante a sociedade. Os fatores da motivação em turismo podem ser divididos em dois grupos: os que motivam o indivíduo a tirar férias e os que motivam a pessoa a tirar férias para um destino específico, em um momento particular. Estes dois grupos de fatores motivacionais são individuais, se diferenciam de acordo com o tema e possuem diversas possibilidades de combinações possíveis. 25 Físico: - Relaxamento - Bronzeamento - Exercício e saúde - Sexo Cultural: - Visita a pontos turísticos - Vivenciar outras culturas TURISTA Status: Emocional: - Nostalgia - Romance - Aventura - Escapismo - Fantasia - Realização espiritual Pessoal: - Exclusividade - Moda - Custo benefício - Ostentação Desenvolvimento pessoal: - Crescimento do conhecimento - Aprender uma nova habilidade - Visitar amigos e parentes - Fazer novos amigos - Necessidade de satisfazer outros - Busca por economia se estiver em condições limitadas Figura 3 - Tipologia das motivações do turismo Fonte: Adaptado de SWARBROOKE, 2003, p. 54 De acordo com os conceitos expostos pelos autores anteriormente, analisouse que cada indivíduo possui diferentes expectativas e experiências ao praticar a mesma atividade; um mesmo passeio ao ar livre pode gerar diferentes emoções e sensações para diferentes pessoas. Existem inúmeros fatores que motivam as pessoas a praticarem turismo de aventura, os mais presumíveis são relacionados à personalidade de cada indivíduo; ao estilo de vida que possuem; as experiências pessoais anteriores positivas ou negativas como um turista; as vivências passadas, de cada um, como por exemplo, revisitar um destino turístico em busca de vivenciar as boas recordações; as percepções dos seus pontos fortes ou fraquezas, relacionado às suas riquezas ou habilidades e como desejam ser vistos pela sociedade em que vivem. 26 É relevante ressaltar que, tais motivações variam de acordo com os acontecimentos no decorrer de suas vidas, como o casamento, nascimento de um filho, o crescimento ou declínio das finanças pessoais, questões de saúde ou mesmo as mudanças de expectativas como um turista. Os indivíduos possuem várias motivações ao mesmo tempo, ninguém possui apenas uma expectativa isolada, como por exemplo, a decisão de onde ou como passar as férias do trabalho, que por sua vez, dependerá do contexto em que o trabalhador está inserido naquele momento. Se o mesmo tem a sua rotina de trabalho numa grande metrópole tal como a cidade de Londres, talvez as suas principais motivações para o período de férias, sejam a vontade de escapar da correria e dedicar o seu tempo em ficar em casa lendo um livro ao sol, se bronzear, fazer exercícios, relaxar ou se dedicar a algum hobby como cozinhar ou surfar (SWARBROOKE, 2003). O ser humano possui complexas expectativas e motivações, sente a necessidade de compartilhar esses sentimentos com outros. Dificilmente os indivíduos saem de férias sozinhos e, a pessoa com que se divide esse momento também exerce influência sobre as suas decisões do companheiro (SWARBROOKE 2003). Da mesma maneira, raramente é possível compartilhar as mesmas motivações, por isso, na maioria das viagens em grupo há sempre um líder, que tentará estabelecer as preferências da maioria ou cada membro do grupo procurará o seu próprio caminho pelo menos em alguma parte do tempo. Apesar dos indivíduos terem motivações diversas, nem sempre as expressam, isso porque podem sentir-se desconfortáveis em saber o que irão pensar a seu respeito ou não reconhecem as suas reais motivações, pois muitas vezes elas estão no subconsciente. No turismo, a demografia contribui na compreensão do perfil do turista e os seus fatores motivacionais. O gênero, a nacionalidade e a cultura poderão definir as suas preferências. Por consequência, diferentes produtos e serviços são criados para atender a cada demanda. Outro aspecto que se deve levar em consideração é o tempo em que a viagem é programada Nesse período de preparação ou de improviso/surpresa determinará a expectativa criada antes da viagem. Em vista disso, nota-se a complexibilidade da questão da motivação e sua dependência em uma série de fatores, incluindo a personalidade e o estilo de vida dos turistas potenciais, as experiências passadas, com quem desejam passar as férias ou o momento livre, as características demográficas e com quanto tempo a 27 viagem é planejada (SWARBROOKE, 2003). Outro elemento ainda mais significativo a ser considerado na análise do comportamento do consumidor, é a sua expectativa em relação à qualidade do serviço que será fornecido. 2.4.2 A relação entre expectativa e experiência em turismo de aventura É intrínseco a natureza do ser humano criar expectativas sobre qualquer aspecto de sua vida. Cria-se expectativas sobre produtos, serviços, localidades em que estão em contato, eventos, entre outros, a fim de atender às suas necessidades. O turismo de aventura não foge esse padrão, os indivíduos que buscam aventurarse estão à procura da adrenalina, sair da rotina, superar antigos traumas, estar em meio à natureza selvagem, entre tantas outras. As expectativas não são algo fixo, elas podem ser modificadas conforme a realização da atividade ou de acordo com a experiência de aventura anterior do indivíduo ou simplesmente pelos equipamentos, informações e serviços oferecidos. Logo, os turistas que já praticaram a atividade estarão mais familiarizados com a mesma, e terão expectativas mais condizentes com a realidade. (LÓPEZ-RICHARD, 2004) De acordo com Schreyer e Roggenbuck (1978 apud LÓPEZ-RICHARD, 2004) o que realmente influência na explicação e predição das motivações e expectativas dos participantes em atividades de lazer é a avaliação do processo perceptivo, prévio e posterior, das características e qualidades do serviço. E ainda, essa seria a razão pelo o qual a procura por programas turísticos tenha tido um declínio, visto que os mesmos não conseguiram acompanhar à evolução da percepção do indivíduo em relação à experiência de aventura em questão. Segundo esses autores, dedicar a máxima atenção aos níveis de confirmação das expectativas pode colaborar a manter ou ampliar a taxa de retorno de clientes em certas atividades. A fim de exemplificar como uma experiência de aventura pode não só satisfazer necessidades de estímulo, como poderá sofrer alteração sobre a percepção da atividade (Figura 4), Victor López-Richard e Clever Ricardo Chináglia (2004), realizaram uma pesquisa sobre a corrida de aventura aplicada nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. A corrida de aventura é uma atividade no qual os participantes devem 28 completar uma travessia desconhecida orientando-se apenas com uma carta topográfica e uma bússola. Nela, os participantes deslocam-se através de esportes de aventura, tais como bicicleta de montanha, canoagem e caminhada. Com início em 1989 na Nova Zelândia e introduzida no Brasil em 1998, na atualidade, diversas agências especializadas em turismo de aventura oferecem esse programa que, cada vez mais, atrai novos adeptos, devido à variedade de modalidades, o vasto perfil de idade e diferentes graus de experiência em programas de aventura (LÓPEZRICHAR; CHINÁGLIA, 2004). Figura 4 - Motivações segundo o perfil iniciante ou experiente Fonte: (LÓPEZ-RICHARD; CHINÁGLIA 2004) A análise feita pelos autores da pesquisa indica que, as qualidades dos locais dos percursos, como as belas paisagens; a superação de seus limites e a diversidade de modalidades oferecidas demonstram ser motivações relevantes para a maioria dos participantes. Em contra partida, há uma discrepância no quesito percursos técnicos e provas longas entre os participantes iniciantes e experientes, isto representa a adaptação da motivação. Em relação às expectativas (Figura 5) os autores notaram que também houve divergências entre os participantes iniciantes e os experientes. Aqueles que são afeiçoados com as corridas de aventura têm como preferência os temas relacionados à dificuldade técnica do percurso. Já os que possuem menos familiaridade com as atividades, possuem expectativas mais subjetivas. 29 Figura 5 - Expectativas médias dos participantes iniciantes (a) e experientes (b) Fonte: (LÓPEZ-RICHARD; CHINÁGLIA 2004) Foram comparadas as divergências de expectativas entre os participantes iniciantes e experientes em um mesmo gráfico (Figura 6). Esta representação colabora para a percepção de que os iniciantes mudam as suas expectativas conforme criam experiência e maior habilidade com as atividades, e desta forma, passam a ter como motivação, os desafios técnicos do programa. Desfrutar da beleza do local ou do tempo ensolarado, por exemplo, deixam de ser as expectativas principais para o participante mais habituado com as dificuldades técnicas do percurso. 30 Figura 6 - Diferença entre as expectativas dos participantes experientes e iniciantes em ordem crescente. Fonte: (LÓPEZ-RICHARD; CHINÁGLIA 2004) O participante experiente tem a visão de que a presença de florestas pode dificultar o percurso no quesito de orientação, prefere uma paisagem acidentada, por exemplo, que irá o ajudar na orientação do percurso (LÓPEZ-RICHARD; CHINÁGLIA, 2004). Em vista disso, percebe-se que quanto mais familiarizado com o percurso e com a atividade, novas expectativas surgem, comprovando que ao realizar a mesma atividade, as expectativas se renovam. Deve ser ressaltado que, a pesquisa sobre a corrida de aventura apresentada colaborou como um exemplo de expectativas dos consumidores de turismo de aventura em relação às suas experiências. Porém para que as atividades sejam classificadas como turismo de aventura as mesmas não devem possuir caráter competitivo, apenas recreativo. 31 3 METODOLOGIA A presente pesquisa possui caráter exploratório, tendo em vista que, de acordo com Raupp e Beuren (2003), essa modalidade de pesquisa ocorre, geralmente, quando há pouco estudo ou conhecimento a respeito da temática a ser levantada: Uma característica interessante dessa pesquisa exploratória consiste no aprofundamento de conceitos preliminares sobre determinada temática não contemplada de modo satisfatório anteriormente. Assim, contribui para o esclarecimento de questões superficialmente abordadas sobre o assunto. (RAUPP; BEUREN, 2003,p.80) O turismo de aventura é considerado um segmento recente em turismo, pois anteriormente estava vinculado ao ecoturismo, mas na atualidade ainda há confusão dessa segmentação em relação aos esportes de aventura e ao turismo de esportes. Foram pesquisados artigos e livros que se tratavam sobre o turismo de aventura, tangendo a sua conceituação, as diferenças entre o mesmo e os demais segmentos, porém poucos estudos foram encontrados em relação à peça principal para que este turismo aconteça, os seus praticantes. Os questionamentos sobre qual o perfil desses participantes, o que realmente buscam; quais as suas motivações e expectativas para se deslocarem até os ambientes onde as atividades são praticadas, fizeram com que o grande incentivo para essa pesquisa fosse conhecer mais sobre o consumidor. A pesquisa exploratória possui as seguintes finalidades primordiais: “proporcionar maiores informações sobre o assunto que se vai investigar; facilitar a delimitação do tema da pesquisa; orientar a fixação dos objetivos e a formulação de hipóteses; ou descobrir um novo tipo de enfoque sobre o assunto” (ANDRADE, 2002 apud RAUPP; BEUREN, 2003 p.80). Quanto à abordagem do problema em questão, a pesquisa é de natureza quantitativa, caracterizando-se pelo uso de instrumentos estatísticos desde a coleta à análise dos dados. Tratando-se dos procedimentos, “torna-se bastante comum à utilização da pesquisa quantitativa em estudos de levantamento ou survey, numa tentativa de entender por meio de uma amostra, o comportamento de uma população” (RAUPP; 32 BEUREN, 2003 p.93), dessa forma, foi utilizada a plataforma online Qualtrics como método de aplicação do questionário. No questionário foram elaboradas perguntas abertas que “permitem ao inquirido construir a resposta com as suas próprias palavras, permitindo deste modo a liberdade de expressão” (UFF, 2013) e fechadas que “são aquelas nas quais o inquirido apenas seleciona a opção (entre as apresentadas), que mais se adéqua à sua opinião” (UFF, 2013), a fim de captar as informações necessárias para o reconhecimento das motivações e expectativas de acordo com o perfil dos participantes de turismo de aventura. 3.1 QUESTIONÁRIO APLICADO NA PESQUISA O questionário foi disponibilizado online, obtendo como resultado um total de cento e treze respondentes brasileiros, moradores da cidade do Rio de Janeiro, que já haviam praticado ao menos uma atividade de turismo de aventura. Caso o indivíduo nunca houvesse praticado qualquer atividade, ao escolher a opção “não”, automaticamente, o mesmo seria encaminhado ao fim do questionário. A Figura 7 representa a apresentação da pesquisa ao participante: Figura 7 - Apresentação do questionário sobre Turismo de Aventura Fonte: Elaboração própria, 2012 (Survey Powered by Qualtrics) 33 Após o participante ter respondido a pergunta filtro, ou seja, se já fez parte de alguma atividade de aventura, o mesmo é direcionado às perguntas pessoais, de respostas abertas e fechadas, referentes ao sexo, idade atual, escolaridade, ocupação e renda mensal familiar, com a finalidade de reconhecer o seu perfil do aventureiro (figura 8). Figura 8 - Questões sobre os dados pessoais Fonte: Elaboração própria, 2012 (Survey Powered by Qualtrics) A próxima questão (Figura 9) refere-se às atividades praticadas pelo participante, essa lista de atividades foi elaborada de acordo com a classificação do Ministério do Turismo (2010), que divide as categorias de aventura em ar, terra e água presente no “apêndice” deste trabalho, e através da experiência de aventura pessoais. Com o auxilio da escala do tipo Likert, usada comumente em pesquisas de opinião, é uma escala “no qual os respondentes especificam seu nível de 34 concordância com uma afirmação (...) estes não apenas respondem se concordam ou não com as afirmações, mas também qual o seu grau de concordância ou discordância” (UFF, 2013). Esta apresenta a escala Likert de quatro pontos, variando as afirmativas do negativo ao positivo, em relação à prática das atividades. Figura 9 - Questão sobre atividades praticadas Fonte: Elaboração própria, 2012 (Survey Powered by Qualtrics) As motivações e expectativas dos participantes são os questionamentos principais da pesquisa, desse modo, a questão “indique abaixo quais são as suas motivações para praticar atividades de aventura”, foi dividida em três partes (figuras 10, 11 e 12) e arquitetada baseada nos conceitos apresentados por Swarbrooke (2003) de acordo com a Figura 9. Segundo o autor, nenhum turista é influenciado por apenas uma motivação, mas sim por múltiplas motivações. 35 As afirmativas “eu gosto de me desafiar”; “eu quero expandir os meus limites” e “eu gosto de sentir a adrenalina” (Figura 10) foram elaboradas de acordo com a com a categoria emocional da tipologia das motivações do turismo. Figura 10 - Questão sobre motivações para a prática de atividades de aventura (Parte I) Fonte: Elaboração própria, 2012 (Survey Powered by Qualtrics) Para a elaboração da segunda parte da questão sobre as motivações para a prática de atividades de aventura (Figura 10), foram utilizadas as categorias “físico”, “emocional” e “pessoal”. 36 Figura 11 - Questão sobre motivações para a prática de atividades de aventura (Parte II) Fonte: Elaboração própria, 2012 (Survey Powered by Qualtrics) A Figura 12 é a terceira parte da questão sobre as motivações das atividades. As afirmativas “para esquecer o mundo” está relacionada à categoria “emocional”, especificamente, à sensação de escapismo e “é uma forma de autorrealização”; “expandir meus conhecimentos” e “aprender uma nova modalidade” referem-se à categoria de desenvolvimento pessoal. 37 Figura 12 - Questão sobre motivações para a prática de atividades de aventura (Parte III) Fonte: Elaboração própria, 2012 (Survey Powered by Qualtrics) As sensações que os praticantes do turismo de aventura sentem durante a prática das atividades foram questionadas com o auxílio da escala Likert de três pontos. As afirmativas foram elaboradas de acordo os conceitos apresentados por Dias (2007), Costa (2000) López-Richard e Chináglia (2004) sobre turismo de aventura apresentado no primeiro capítulo da presente pesquisa. Figura 13 - Questão sobre sensações Fonte: Elaboração própria 38 A próxima questão é relacionada à expectativa do participante em relação à atividade praticada, pergunta-se: “de forma geral, a atividade de aventura: a) não atinge suas expectativas; b) atinge as suas expectativas ou c) supera as suas expectativas”. De acordo com a resposta, o respondente é direcionado a uma pergunta diferente. Se selecionado “supera as expectativas”, por exemplo, a próxima pergunta será “por que você acha que a atividade de aventura supera as suas expectativas?”. Conhecer as expectativas dos participantes de turismo de aventura cria a oportunidade de saber a qualidade do serviço oferecido, que por sua vez, está relacionada à experiência prévia na atividade, a segurança, as informações repassadas a estes praticantes, entre outros quesitos. Para conhecer o perfil do praticante de turismo de aventura, além dos dados pessoais, motivações e expectativas, tornou-se necessário saber o que o mesmo se considera ou considera o grupo de pessoas que pratica esta modalidade de turismo. Para isso foi utilizado a escala de diferencial semântico, partindo do ponto positivo, com as possíveis definições do praticante de turismo de aventura, aos pontos negativos, com as definições opostas conforme a Figura 14, abaixo: Figura 14 - Questão sobre as definições dos participantes Fonte: Elaboração própria 39 Por fim, as três últimas afirmativas questionavam se o respondente desejava praticar a atividade novamente, abrangendo a intensidade da resposta, ao mesmo tempo em que, perguntava se ele tinha o interesse em praticar uma nova modalidade, e se recomendaria a atividade praticada a outras pessoas. Estas três questões finais procuram identificar a tomada de decisão do indivíduo após ter praticado as atividades. As respostas poderiam estar relacionadas às consequências das expectativas terem sido atingidas ou não. Figura 15 - Questões finais Fonte: Elaboração própria O último item do questionário visava saber se o mesmo desejava tecer algum comentário sobre a pesquisa. Caso o respondente não desejasse, o questionário seria finalizado automaticamente. Todos os participantes são agradecidos no final por colaborarem com a elaboração da pesquisa. 40 3.2 COLETA DE DADOS A coleta de dados foi realizada através da plataforma online Qualtrics Research Suite, designado Qualtrics, neste trabalho. Esta ferramenta possibilitou a criação e gestão do questionário, bem como, a sua distribuição aos respondentes. A distribuição do questionário se deu através de um link disponibilizado nos grupos da cidade de Niterói; nos grupos dos praticantes de turismo de aventura da cidade do Rio de Janeiro e do curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense da rede social Facebook. Os respondentes tiveram acesso ao questionário da pesquisa durante o período de 17 de Maio de 2012 a 18 de Fevereiro de 2014. 3.3 TRATAMENTO DE DADOS Foram alcançados 113 respondentes ao questionário, dos quais 84 foram concluídos. Os resultados obtidos foram tratados por meio de instrumentos estatísticos de caráter descritivo, no qual buscou-se levantar, analisar e equiparar os dados de acordo com o tema proposto nesta pesquisa. 41 4 ANÁLISE DE RESULTADOS De acordo com o programa utilizado para a elaboração do questionário online, a ferramenta Qualtrics, 113 pessoas deram início ao questionário, porém, apenas 84 delas o finalizaram. Com este universo de respondentes, o perfil com as características básicas dos participantes pode ser identificado e analisado, bem como, as suas sensações durante a prática das atividades e, principalmente, as motivações e expectativas em relação à prática do turismo de aventura. 4.1 O PERFIL DO CONSUMIDOR DE TURISMO DE AVENTURA A pergunta inicial do questionário procurava saber se o respondente já havia praticado alguma atividade de aventura, sendo a resposta positiva, o mesmo dava início às questões da pesquisa. Dentre as 113 pessoas que entraram na página virtual do questionário, 17 pessoas (15%) responderam que não haviam participado de nenhuma atividade de aventura e com isso não puderam dar continuidade às perguntas do questionário. De acordo como os resultados apresentados, das 96 pessoas que haviam participado de pelo menos uma atividade de aventura, 52% eram do sexo masculino, isto mostra que, há certa similaridade entres o gênero masculino e feminino, em relação a essas atividades. Quanto a faixa etária dos participantes no momento em que respondiam ao questionário, no ano de aplicação do questionário (2012), percebeu-se que a maioria dos respondentes, no ano de aplicação do questionário, possuía entre 20 e 30 anos de idade. Também foi perguntado ao participante qual era a sua idade quando praticou a atividade de aventura pela primeira vez, visando descobrir qual a média de idade os participantes iniciam as atividades de aventura e por quanto tempo eles continuam a praticando. A maior parte dos participantes encontrava-se entre 12 a 20 anos de idade quando praticou a primeira atividade. Um fator importante é que existia uma parcela desses participantes que iniciaram a prática das atividades antes dos cinco anos de 42 idade, demonstrando que, mesmo que ainda não seja uma demanda expressiva, há uma minoria de crianças iniciando ou se tornando adeptas das atividades de aventura. De acordo com o gráfico representado pela Figura 16, 50% dos respondentes, possuíam ensino superior, enquanto 20% possuíam ensino médio e menos de 10% têm como escolaridade o ensino fundamental ou pós-graduação. O nível de escolaridade dos participantes facilita os profissionais ligados ao turismo de aventura, por exemplo, como proceder no processo de abordagem e comunicação com os participantes. Figura 16 - Gráfico da escolaridade dos participantes Fonte: Elaboração própria Foi feita a tabulação cruzada da questão sobre a escolaridade, com a questão referente à ocupação dos participantes. Das 96 pessoas que deram início ao questionário, apenas 89 responderam sobre a ocupação. De acordo com a tabela abaixo notou-se que, 47 dos 89 participantes que possuíam ensino superior, eram estudantes. O somatório de todos os estudantes contabilizou 70 pessoas, variando do ensino fundamental à pós-graduação, enquanto apenas 19 não eram estudantes, sendo que 12 deles possuíam ensino superior. Isso mostra que a maioria dos respondentes estava exercendo a vida acadêmica e a outra parte, referente aos respondentes não estudantes, em sua maioria, possuía formação superior. 43 Tabela 1: Relação escolaridade e ocupação do praticante Fonte: Elaboração própria Finalizando os dados pessoais dos participantes, a próxima questão se referiu à renda mensal familiar de cada um deles. Com os resultados desta questão pode ser verificado em qual classe econômica estes participantes faziam parte. Figura 17 - Gráfico da renda mensal familiar Fonte: Elaboração própria O valor do salário mínimo mensal utilizado foi de R$ 622,00, de acordo com o Decreto 7.655 do Brasil, pela Presidência da República Nacional, no dia 23 de 44 Dezembro do ano de 2011, já que o questionário foi aplicado em 2012. De acordo com o gráfico, mais de 25% dos participantes possuíam renda mensal familiar a partir de dez salários mínimos, ou seja, renda familiar mínima de R$ 6.220,00 ao mês. Logo, pode-se concluir que o perfil do consumidor de turismo de aventura analisado na presente pesquisa, baseados em dados majoritários, caracteriza-se da seguinte forma: são do sexo masculino; possui faixa etária entre os 20 e 30 anos de idade; em geral, iniciam as atividades em os 12 e 20 anos de idade; são estudantes ou recém-formados e pertencentes à classe econômica alta. 4.2 RANKING DE ATIVIDADES DE AVENTURA Foram perguntadas aos participantes quais atividades de aventura os mesmos já haviam praticado ou praticavam. A descrição de cada atividade de aventura presente no questionário consta no “anexo”. Conforme mostra a Tabela 2, a atividade mais frequente foi o trekking por ser baseada em uma caminhada de um ou mais dias, e que pode ser exercida em ambientes diversificados. A atividade com menor frequência foi o balonismo, provavelmente, devido à escassez de oferta desse serviço no Brasil. As atividades com as menores frequências, após o balonismo são: o paraquedismo, a asa-delta e o parapente. Nota-se que as modalidades praticadas no ar obtiveram o maior número de respondentes que nunca as praticaram. Isso, aparentemente, denota uma ligação com a duvidosa segurança dos serviços oferecidos, junto ao provável medo da altura ou queda livre. Em geral, as pessoas tendem a ter receio de avião, devido à altura, à sensação de enclausuramento e aos casos de acidentes envolvendo a queda de aviões, por exemplo. No bairro de São Conrado, no Rio de Janeiro, no dia 14 de Agosto de 2012, um instrutor de paraquedismo morreu e uma aluna sofreu ferimentos graves após o paraquedas do instrutor não abrir corretamente (G1, 2012). A falta de fiscalização dos instrutores, serviços e equipamentos utilizados fazem com que os praticantes e potenciais praticantes do turismo de aventura deixe de exercê-lo. Porém a presente pesquisa não busca se aprofundar nesta questão, deixando apenas levantamento para futuros estudos ou discussões. 45 Tabela 2: Atividades de aventura praticadas pelos participantes ATIVIDADES QUE PRATICOU OU PRATICA MÉDIA Paraquedismo 1.19 Bungee Jump 1.49 Asa Delta 1.21 Parapente 1.24 Balonismo 1.07 Alpinismo 1.54 Rapel 1.95 Escalada 2.29 Rafting 1.78 Kayaking Trekking 1.80 2.26 Mountain Bike Outros 2.00 2.29 Fonte: Elaboração própria 4.3 MOTIVAÇÕES DO PRATICANTE DE TURISMO DE AVENTURA Na Tabela 3 foram apresentadas as respostas referentes aos maiores fatores motivacionais em praticar atividades de aventura, baseados nos itens “concordo plenamente” e “concordo”; os menores fatores motivacionais de acordo com os itens “discordo plenamente” e “discordo”, bem como os fatores indiferentes à motivação dos respondentes. 46 Tabela 3: Motivações para a prática de atividades de aventura Fonte: Elaboração própria Os fatores motivacionais menos relevantes para os praticantes de turismo de aventura foram: a oferta de uma atividade com valor promocional e se tornar parte de um novo grupo social. Deste modo entende-se que, os praticantes não foram motivados pelos preços dos pacotes ou serviços oferecidos, tal como, não buscavam pertencer a um novo grupo social. Os fatores que foram indiferentes para os praticantes foram compreendidos como uma motivação possível, mas não principal. Dentre estas estavam: conhecer pessoas interessantes e para estar entre amigos e familiares. Na figura 18 encontram-se as médias das respostas positivas, ou seja, aquelas em que o respondente “concordou totalmente” com as assertivas, representando as maiores motivações dos respondentes em praticar atividades de aventura. 47 Figura 18 - Principais motivações em praticar atividades de aventura Fonte: Elaboração própria Com base nas maiores médias da Figura 18 destacam-se, as cinco principais motivações dos praticantes de turismo de aventura: 1. Eu gosto de sentir a adrenalina; 2. Para conhecer lugares de natureza linda e preservada; 3. Para ir a lugares paradisíacos; 4. Para sair da rotina; 5. Para expandir os meus limites. De acordo com os resultados, os praticantes de turismo de aventura, são motivados, principalmente, pelo o sentimento da adrenalina, que por sua vez, está relacionado à excitação pelo risco contralado e à incerteza do que está por vir; bem como, aos ambientes que as atividades são praticadas, em geral no ambiente natural; conservado e paradisíaco, onde possam sair de sua rotina e explorar suas possibilidades e expandir seus próprios limites. 4.4 SENSAÇÕES AO PRATICAR AS ATIVIDADES DE AVENTURA O gráfico apresentado na Figura 19 corresponde às sensações dos participantes ao praticar as atividades de aventura. No gráfico é possível perceber 48 que a “sensação de liberdade”; a “vontade de fazer novamente” e a “excitação” são sensações que a 80% dos participantes sempre declaram sentir ao praticar atividades de aventura. Quanto às sensações que os mesmos mencionam sentir algumas vezes, nota-se o “medo de sofrer algum dano físico”, (cerca de 60%) conforme foi falado anteriormente, os participantes são cientes dos riscos controlados – seguido da “sensação de perigo” (60%) e o “medo de não conseguir realizar a atividade com êxito” (cerca de 75%). Figura 19 - Gráfico das sensações em praticar atividades de aventura Fonte: Elaboração própria 4.5 EXPECTATIVAS DO PRATICANTE DE TURISMO DE AVENTURA No que tange as expectativas, conforme o gráfico abaixo surge um dado curioso sobre as atividades de aventura, cerca de 60% dos participantes disseram ter as suas expectativas superadas enquanto 20% restantes relatam que essas atividades atingem à suas expectativas. Pode-se concluir que, o medo e os receios que sentem antes ou durante as atividades, faz com que as expectativas sejam baixas, porém, após realizar estas atividades, percebem que aventurar-se pode gerar uma sensação única e incessante. 49 Figura 20 - Gráfico das expectativas do participante Fonte: Elaboração própria A questão seguinte representa a pergunta aberta: Por que você acha que a atividade de aventura supera; atinge ou não atinge as suas expectativas? Foi utilizada a ferramenta Word Cloud que representa visualmente as palavras mais ditas como resposta a essa pergunta. Figura 21: Word Cloud das expectativas do praticante Fonte: Elaboração própria Supera as expectativas: 50 Adrenalina e superação “Não dá para imaginar sensação previamente, a adrenalina correndo nas veias. Mas, depois a sensação é única e indescritível!” “Partindo do ponto que você nunca fez atividade, não há como ter ideia do que seu corpo irá sentir quando realizar esta atividade. Por mais que você imagine que será uma coisa incrível, seu corpo nunca esteve em uma situação em que liberasse tanta adrenalina, logo não há como você atingir a sua expectativa, pois sua expectativa era meramente uma vaga ideia do que realmente viria a ser.” “Porque gosto da sensação da adrenalina, gosto de superar meus próprios limites e sempre que pratico alguma atividade de aventura sinto como se estivesse superando esses limites e consequentemente minhas expectativas.” “Porque sempre me divirto mais, sinto mais adrenalina e muito mais emoção. Sempre ganho algo a mais do que espero.” “Pois percebo que cada vez que prático sensações/sentimentos, vou ficando cada vez mais forte.” tenho novas “Porque vou sempre com muito medo, depois quero repetir a atividade. A vontade de refazer é sempre muito grande.” Com os comentários citados acima, pode-se perceber que uma relativa parcela dos respondentes declarou ser a sensação de adrenalina e o sentimento de superação dos próprios limites as razões principais das suas expectativas terem sido superadas. Na área médica, entende-se a adrenalina como um fenômeno físico inerente ao corpo humano, mais especificamente, um hormônio que gera sintomas como a aceleração do batimento cardíaco e aumento da pressão arterial, por exemplo. O conjunto destas sensações pode ser encarado de maneira positiva ou negativa, pois estas mesmas sensações estão atreladas ao medo, à insegurança. Porém, ao mesmo tempo, geram excitação nas pessoas, que por sua vez, podem criar certo “vício” em sentir esta excitação novamente. O medo do risco ou perigo da atividade de aventura que está por vir também é responsável por gerar a sensação de adrenalina nos praticantes. Ao passo que estes participantes, mesmo sentindo insegurança, realizam a atividade com êxito, os mesmos sentem que ultrapassaram uma barreira, bem como, sentem-se 51 encorajados a praticar esta atividade novamente ou a tentar uma nova modalidade. Acredita-se que por isso, a adrenalina está relacionada à superação dos próprios limites. Inovação “Mesmo que você pratique sempre, a atividade de aventura nunca é repetitiva e vai sempre lhe proporcionar a mesma excitação da primeira vez que tenha praticado, e com mais satisfação por poder conquistar novas façanhas.” “Porque é um jeito de sair da rotina e fazer coisas que poucas pessoas fazem! Eu nunca achei que fosse capaz.” “Porque imagino que vai ser bom, mas na prática é muito melhor do que eu pudesse imaginar. É sempre algo novo. Melhor que imaginar que vai ser legal, é ir lá e ter a certeza de que é.” “Acontece sempre algo incrível, novo, que não passou pela minha cabeça. É uma sensação não pode ser transmitida em palavras.” “Por mais que idealize, na hora é tudo diferente, sempre sou surpreendido!” A palavra “aventura” refere-se ao que está por vir, ao inusitado (BRASIL, 2010), em diferentes literaturas, está vinculada ao escapismo da rotina da vida urbana; à busca da liberdade; à quebra de paradigmas meio da incerteza. Isto pode justificar a resposta de um grupo de consumidores, que disseram ter sentido algo inimaginável, novo, diferente de tudo que já sentiram anteriormente. É interessante para o mercado turístico de aventura saber que um participante, dificilmente, encara as atividades de aventura como monótonas ou repetitivas, ou seja, o praticante iniciante pode se tornar adepto às atividades de aventura muito facilmente, pois as suas expectativas em relação às atividades são sempre renovadas. Natureza “O contato com a natureza e a sensação de liberdade é indescritível.” 52 “Do ponto de vista paisagístico, as atividades de aventura nunca são as mesmas, o que faz com que eu queira explorar e conhecer novos lugares.” “Porque há sempre algo de surpreendente no contato com a natureza.” Uma parcela dos participantes respondeu ter a suas expectativas superadas devido à natureza, ou seja, ao ambiente em que praticaram as atividades. Isto comprova a teoria apresentada anteriormente a respeito da ligação do turismo de aventura com o ambiente natural. Por mais que o este segmento do turismo possa ser praticado em diversas localidades, como no espaço urbano ou na área rural, os comentários dos respondentes mostram a apreciação pela natureza de características únicas, pouco explorada, distinta da encontrada normalmente, bem como, o apelo pela preservação e conservação destas áreas naturais. Atinge as expectativas Satisfação “Porque sempre que pratiquei uma atividade considerada de aventura, a sensação ao finaliza-la foi realmente boa como eu esperava. Nem melhor e nem pior.” “Porque sempre atinjo meus objetivos.” A maior parte dos respondentes alegou ter as suas expectativas superadas em relação à prática de turismo de aventura. Uma menor parcela obteve as suas expectativas atingidas, ou seja, receberam exatamente aquilo que esperavam. Dentre estes, um relatou que as atividades de aventura são satisfatórias como pensava ser, ou seja, demonstrou uma resposta positiva em relação às atividades, mesmo que as suas expectativas não tivessem sido superadas. O outro encara o turismo de aventura como metas a serem batidas, logo, como as mesmas são sempre alcançadas, consequentemente, as suas expectativas também. Controle de riscos 53 “Porque apesar de existir sempre um determinado grau de risco, eu sempre procuro manter esse risco controlado. Prevendo e prevenindo todo e qualquer tipo de acidente, possibilitando que a atividade ocorra de forma agradável, sem danos físicos.” O praticante que respondeu prezar pelo controle de riscos, diferentemente dos demais, pareceu ter mais experiência nas atividades, pois o comentário apresentou um linguajar mais técnico ou familiarizado com o ambiente de aventura. Não atinge as expectativas Experiência ou habilidade “Pois não tenho muita habilidade.” O único participante que respondeu que as atividades de aventura não atingiram as suas expectativas declarou não ter habilidade para praticar tais atividades. Analisando as respostas, entendeu-se que o turismo de aventura, em larga escala, supera ou atinge às expectativas dos participantes, sendo eles iniciantes ou experientes. A minoria que não atingiu as expectativas declarou não ter habilidade para praticar as atividades de turismo de aventura, ou seja, a insatisfação não foi gerada pela atividade ou serviço em si, mas sim, pela ideia por parte do participante de que ele não está apto para praticar as atividades. 4.6 CARACTERÍSTICAS DO PRATICANTE DO TURISMO DE AVENTURA De acordo com a Tabela 4, em relação à como definiriam o praticante de turismo de aventura, 77 respondentes classificaram os praticantes do turismo de aventura são aventureiros, em seguida, 44 respondentes acreditaram que os 54 praticantes são livres e 43 dos respondentes disseram que são corajosos. Nenhum respondente definiu os participantes como medrosos, retraídos ou fechados. Tabela 4: Definições do praticante de atividades de aventura Fonte: Elaboração própria Com estes dados, pode-se refletir a respeito da imagem que o turismo de aventura, particularmente, os seus praticantes têm no imaginário da sociedade. Segundo Le Breton (1996 apud COSTA, 2000, p.84), o aventureiro “abandona os alicerces seguros e flutua num universo cheio de incertezas, onde é possível construir uma identidade sem entraves”. Isto também relaciona com as definições de ser livre; destemido ou corajoso. Percebeu-se também que para os participantes, ao contrário da pesquisa apresentada anteriormente, dos autores López-Richard e Chináglia (2004), a experiência é um fator indiferente. Conforme o gráfico representado pela figura 22, mais de 35% afirmaram com intensidade que praticariam a atividade de aventura mais de uma vez. Em seguida, cerca de 30% confirmaram que praticariam com certeza outras atividades de aventura. Este é um dado positivo, pois indica que os turistas possuíam o interesse em continuar praticando turismo de aventura. 55 Figura 22 - Gráfico sobre a prática da atividade de aventura Fonte: Adaptado do sistema Qualtrics, 2012 Os respondentes foram questionados se praticariam uma nova modalidade de aventura. Mais de 50% dos participantes responderam ter interesse em praticar uma nova modalidade. Isto mostra que há um mercado potencial de serviços e atividades a serem oferecidos para um mesmo grupo de consumidores. Figura 23 - Gráfico sobre uma nova modalidade de atividade de aventura Fonte: Adaptado do sistema Qualtrics, 2012 Para finalizar a pesquisa, os participantes foram questionados se recomendariam as atividades de aventura a outras pessoas. Num total de 77%, os 56 respondentes afirmaram com intensidade que, “sim, com certeza” e 22% confirmaram “sim”, enquanto apenas 1% declarou que “talvez” recomendaria. Não houve nenhum participante que contra indicasse a prática da atividade. 57 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS "A etimologia da palavra aventura remete a acontecimento, quer dizer, o que rompe a rotina dos dias e provoca o espanto, a surpresa, o memorável.” (COSTA, 2000, p.78) Diante a constante busca por novos produtos e serviços turísticos por parte dos consumidores, a segmentação passa ser um caminho estratégico para o desenvolvimento do turismo. Entender o comportamento do consumidor cria a possibilidade de ofertar produtos direcionados para cada perfil, buscando atender às necessidades e os desejos de cada demanda. O turismo de aventura é um recente segmento turístico e tem demonstrado crescimento nos últimos anos. O consumidor deste segmento por mais que esteja inserido em grupo social, possui preferências individualizadas, o que exige dos profissionais da área de turismo, o conhecimento e a análise cautelosa sobre cada uma dessas preferências. À vista disso, e devido à escassez de estudos encontrados, a presente pesquisa - do tipo quantitativa exploratória - procurou identificar as motivações e expectativas dos praticantes desta modalidade, com a finalidade de colaborar como uma diretriz para a presumível ascensão deste segmento no mercado turístico. Para o levantamento de dados foi aplicado o questionário da plataforma online Qualtrics disponibilizado na rede social Facebook, para os grupos da cidade de Niterói e Rio de Janeiro e especificamente, para o grupo do Curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense. A pesquisa não limitou o tema a uma determinada região, visto que não pode ser identificada a origem de cada um dos respondentes. As principais limitações desta pesquisa foram estabelecer um universo de respondentes, visto que, dentre estes que finalizaram o questionário, uma parcela não respondeu a todas as questões, fazendo com que haja uma margem de erro nas estatísticas apresentadas no presente trabalho. Também foram encontradas poucas referências, principalmente nacionais, que tratassem da motivação e expectativas dos praticantes de turismo de aventura. 58 Com os resultados obtidos da pesquisa, de acordo com as experiências dos respondentes, foi possível desvelar as suas principais motivações e expectativas em praticar atividades de aventura. Quanto ao perfil do praticante, percebe-se que, em sua maioria, o mesmo inicia estas atividades ainda na sua infância e permanece adepto das atividades durante a sua fase adulta. Dada esta informação, programas turísticos direcionados às famílias podem ser projetados, por exemplo. Do mesmo modo, identificou-se que a maior parte dos respondentes ainda estava inserida no meio acadêmico e os não estudantes, tinham como escolaridade, o ensino superior. Tomando este conhecimento, o profissional de turismo tem a oportunidade de atingir o seu públicoalvo através de uma comunicação direcionada e adequada a ele. O turismo de aventura que anteriormente estava vinculado ao ecoturismo, na atualidade começa a ganhar notoriedade como um segmento particular devido a sua capacidade em atrair os mais diversificados grupos sociais e, não somente isto como torná-los adeptos de suas modalidades. As razões para que este segmento tenha adquirido crescente espaço no mercado turístico podem ser explicadas através dos fatores motivacionais e das expectativas dos praticantes. Os praticantes de turismo de aventura que participaram deste estudo têm como principais motivações: sentir a adrenalina; estar junto à natureza preservada; conhecer lugares paradisíacos; sair da rotina e expandir os seus próprios limites. Percebe-se esta modalidade do turismo é capaz de gerar motivações únicas, de caráter renovador em seus praticantes, tais como a adrenalina e a superação dos próprios limites. Além disso, apesar das atividades de aventura poderem ser praticadas em diversos locais, existe um grande apelo ambiental nas suas práticas. Isto torna este segmento ainda mais promissor, visto que, as sociedades, nos últimos anos, tem demonstrado preocupação com o meio ambiente e buscado o zelo e conservação a todo o custo. Por gerar sentimentos tão específicos, em muitas vezes, inimagináveis, as atividades de aventura, prevalentemente, tendem a superar as expectativas dos praticantes. A maioria dos relatos dos respondentes apresentava como motivo da atividade ter superado as suas expectativas, o fato de nunca terem sentido algo parecido. Consequentemente, mais da metade dos respondentes da pesquisa alegaram a vontade em praticar a atividade novamente, bem como, em experimentar uma nova modalidade de aventura. 59 Pode-se perceber que há um vasto campo a ser explorado no segmento de turismo de aventura, principalmente no que tange o comportamento dos consumidores diante o serviço oferecido. Os turistas praticantes das atividades de aventura são expostos a situações e momentos nunca experimentados, que por sua vez, gera grande excitação e busca por novos momentos memoráveis como o que foi vivenciado. Além da possibilidade de se tornarem adeptos de diversas modalidades atividades ao mesmo tempo, os praticantes tomados pelos sentimentos de aventura e nostalgia, exercem influência nos demais, os motivando a compartilhar da mesma experiência. Partindo do que foi apresentado nesta pesquisa, recomenda-se que novos estudos no âmbito do turismo de aventura sejam desenvolvidos, principalmente na área do comportamento do consumidor. Este é um segmento turístico recente, porém muito promissor, por isso carece de pesquisas que contribuam para o seu conhecimento. Com a criação de novas pesquisas, espera-se ampliar a oferta de produtos e serviços de aventura no país, baseados nas especificidades de cada região e demanda. 60 REFERÊNCIAS ABEP. Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Acesso em: 16.abr.2014. Disponível em: < .abep.org/novo/File enerate.ashx?id 2 > BARRETTO, M. Manual de iniciação ao estudo do turismo. Ed. Papirus, São Paulo, 1991. BENI, M. C. Análise estrutural do turismo. Ed. Senac, São Paulo, 2004. BRASIL. MINISTÉRIO DO TURISMO. Regulamentação, normalização e certificação do turismo de aventura. Relatório Diagnóstico. Brasília: Ministério do Turismo, 2005. ______. Ecoturismo: Orientações Básicas. Brasília, 2010. ______. Introdução aos marcos conceituais. Segmentação do turismo e o mercado. Brasília, 2010. ______. Programa de Regionalização: Roteiros do Brasil: Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/turismo/programas_acoes/Programa_de_Regionalizacao _do_Turismo/> Acesso em: 27. mar. 2014. ______. Turismo de Aventura: Orientações Básicas. Brasília, 2008. ______ Turismo de Aventura: Orientações básicas. 3ª Ed. Brasília, 2010. ______. Portal do Ministério do Turismo. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/turismo/home.html> Acesso em: 10 jun. 2012. COSTA, Vera. Esportes de aventura e risco na montanha: um mergulho no imaginário. São Paulo: Ed. Manole, 2000. DIAS, C; JUNIOR, E. Entre o mar e a montanha: esporte, aventura e na natureza no Rio de Janeiro. Ed. UFF, 2007. EMBRATUR. Portal da Embratur. Disponível em: <http://www.embratur.com.br> Acesso em: 10 jun. 2012. G1. Globo. Acesso em 05.maio.2014. Disponível em: <http://g1.globo.com/rio-dejaneiro/noticia/2012/08/acidente-de-asa-delta-na-gavea-deixa-um-morto.html> LÓPEZ-RICHARD, V.; CHINÁGLIA C. R. Turismo em Análise. Turismo de Aventura: conceitos e paradigmas fundamentais. 2004 61 MARQUES. R; KOVACS. M; SOUZA. A; VASCONCELOS, A. VIII Convibra Administração. Congresso Virtual Brasileiro de Administração. Acesso em 14.abr.2014. Disponível em: http://www.convibra.org/upload/paper/adm/adm_2918.pdf MAZANEC; CROUCH; RITCHIE & WOODSIDE. Consumer psychology of tourism, hospitality and leisure. 1999 MIDDLETON, V. T. C; CLARKE, J. Marketing de turismo: teoria e prática. Ed. Elsevier, Rio de Janeiro, 2002. MIRANDA, Melissa. A Atlântica no Atlântico. Caderno Virtual de Turismo, 2006. OMT. Organização Mundial do Turismo. Introdução ao Turismo. Madrid, 2001. PRESIDÊNCIA da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Acesso em: 10.abr.2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20112014/2011/Decreto/D7655.htm RAUPP, F; BEUREN, I. Metodologia da pesquisa aplicável às ciências sociais. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. São Paulo, Ed. Atlas, 2003. SWARBROOKE, J; HORNER, S. Consumer behaviour in tourism. 2ª ed. 1999 TIES. The International Ecotourism Society, 1990. Acesso em: 25.fev.2014 Disponível em http://www.ecotourism.org TODOROV, J; MOREIRA, M. O conceito de motivação na psicologia. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 2005. UFF. Universidade Federal Fluminense. Professores UFF. Acesso em 04.maio.2014 http://www.professores.uff.br/luciane/images/stories/Arquivos/doc_turismo/quest_esc alas_cap1.pdf VINCENT, V; THOMPSON, W. Assessing community support and sustainability for ecotourism development. Journal of Travel Research, 2002. 62 APÊNDICE – QUESTIONÁRIO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE TURISMO DE AVENTURA Bem-vindo! Sou aluna do curso de Turismo da UFF e estou fazendo uma pesquisa sobre Turismo de Aventura. Gostaria que você me contasse um pouquinho da sua incrível experiência através do meu questionário! Qualquer dúvida, meu contato: [email protected] ou www.facebook/monique.telles Muito obrigada pela participação! Questão 1 - Você já praticou alguma atividade de aventura, como por exemplo: Bunjee Jump, Paraquedismo, Asa Delta, Kayaking, entre outras? Sim Não If Não Is Selected, Then Skip To End of Survey – Se Não for selecionado, Então Pule para o Fim do Survey Questão 2 - Sexo Masculino Feminino Questão 3 - Sua idade atual (em anos) ___________________________________________________________________ Questão 4 - Sua Escolaridade Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior Pós-Graduação 63 Questão 5 - Ocupação Estudante Não estudante Questão 6 - Renda Mensal Familiar Até 1 salário mínimo De 1 a 5 salários mínimos De 5 a 10 salários mínimos De 10 salários mínimos ou mais 64 Questão 7 - Indique abaixo quais atividades de aventura você já praticou ou pratica: nuNunca UUma vez Algumas vezes Frequentemente Paraquedismo Bungee Jump Asa Delta Parapente Balonismo Alpinismo Rapel Escalada Rafting Kayaking Trekking Montain Bike Outros Questão 8 - Qual era a sua idade na época em que praticou uma atividade de aventura pela primeira vez (em anos)? _________________________________________________________________________________ Questão 9 - Indique abaixo quais são as suas motivações para praticar atividades de aventura: 65 Discordo totalmente Discordo Nem discordo nem concordo CConcordo Condordo totalmente Eu gosto de me desafiar Eu quero expandir os meus limites Eu gosto de sentir a adrenalina Para fazer parte de um novo grupo social Para estar com os amigos, parceiros ou familiares Para ir a lugares paradisíacos Para conhecer locais onde a natureza linda e conservada Porque eu admiro quem pratica Porque consegui um desconto Para relaxar Para sair da rotina Porque é um bom treinamento físico Pratico como 66 esporte Para manter a boa forma Para conhecer pessoas interessantes Para esquecer do mundo É uma forma de autorrealização Expandir meus conhecimentos Aprender uma nova habilidade 67 Questão 10 - Quais são as suas sensações quando você pratica uma atividade de aventura? Nunca Algumas Vezes Sempre Frio na barriga Excitação Medo de não conseguir realizar a atividade com êxito Sensação de perigo Medo de sofrer algum dano físico Medo de passar vergonha diante de outras pessoas Sensação de liberdade Sensação de ser invencível Vontade de fazer novamente 68 Questão 11 - De forma geral, a atividade de aventura: Não atinge suas expectativas Atinge suas expectativas Supera suas expectativas Questão 12 - Por que você acha que a atividade de aventura? __________________________________________________________________________________ Questão 13 - Em sua opinião, quem pratica turismo de aventura é... Livre Apegado Corajoso Medroso Desafiador Apreensivo Aventureiro Retraído Especial Comum Aberta Fechada Experiente Inexperiente Questão 14 - Você praticaria o esporte novamente? Sim e já o pratiquei! Sim, com certeza Talvez Não Não, nunca mais! 69 Questão 15 - Você experimentaria uma nova modalidade de atividades de turismo de aventura? Sim, eu me tornei adepto (a) de outras atividades! Sim, com certeza Talvez Não Não, de forma alguma! Questão 16 - Você recomendaria a pratica do turismo de aventura as outras pessoas? Sim, com certeza! Sim Talvez Não Não, de forma alguma! Questão 17 - Você deseja fazer mais algum comentário? __________________________________________________________________________________ 70 ANEXO – CATEGORIAS DE ATIVIDADES DE TURISMO DE AVENTURA ATIVIDADES DE TURISMO DE AVENTURA Classificações das atividades de acordo com o Ministério do Turismo (2008). AR Asa-delta - Vôo com aerofólio impulsionado pelo vento. Figura 1 - Asa-delta Fonte: Diário do Centro Mundo, 2014 Balonismo - Vôo com balão de ar quente e técnicas de dirigibilidade. Figura 2 - Balonismo Fonte: 100% Pure New Zealand, 2014 71 Parapente - Vôo de longa distância com o uso de aerofólio (semelhante a um pára-quedas) impulsionado pelo vento e aberto durante todo o percurso, a partir de determinado desnível. Figura 3 - Parapente Fonte: Acervo pessoal Pára-quedismo - Salto em queda livre com o uso de pára-quedas aberto para aterrissagem, normalmente a partir de um avião. Figura 4 - Para-quedismo Fonte: Procurando Turismo, 2014 72 Ultraleve - Vôo em aeronave motorizada de estrutura simples e leve. Figura 5 - Ultraleve Fonte: Adventure Sports Fair, 2014 73 ÁGUA Bóia-cross – Descida em corredeiras utilizando boias infláveis. Também conhecida como acqua-ride. Figura 6 - Bóia-cross Fonte: Bonito Turismo, 2014 Canoagem – Percurso aquaviário utilizando canoas, caiaques e remos. Figura 7 - Canoagem Fonte: Ultradownload, 2014 74 Mergulho – Imersão profunda ou superficial em ambientes submersos, praticando com ou sem o uso de equipamento especial. Figura 9 - Mergulho Fonte: Futurismo, 2014 Rafting – Descida em corredeiras utilizando botes infláveis. Figura 10 - Rafting Fonte: Acervo pessoal 75 TERRA Arvorismo – Locomoção por percurso em altura instalado em árvores e outras estruturas construídas. Figura 11 - Arvorismo Fonte: Rio Selvagem, 2014 Atividades ciclísticas – Percurso em vias convencionais convencionais em bicicletas, também denominadas de Cicloturismo . Figura 12 - Cicloturismo Fonte: Viaje aqui – Revista Abril, 2014 e não 76 Atividades em cavernas – Observação e apropriação de ambientes subterrâneos, também conhecidas como caving ou Espeleoturismo. Figura 13 - Caving Fonte: New Zealand, 2014 Atividades equestres – Percursos em vias convencionais convencionais em montaria, também tratadas de Turismo Equestre. Figura 14 - Turismo Equestre Fonte: Vida e Estilo e não 77 Atividades fora-da-estrada – Percursos em vias convencionais e não convencionais, com trechos de difícil acesso, em veículos apropriados. Também denominadas de Turismo Fora-de-Estrada ou off-road. Figura 15 - Turismo off-road Fonte: Tourism Tattler Bungue jump – Salto com o uso de corda elástica. Figura 16 - Bunge Jump Fonte: Arcervo Pessoal 78 Cachoeirismo – Descida em quedas d’agua utilizando técnicas verticais, seguindo ou não o curso d’agua. Figura 17 - Cachoeirismo Fonte: Lizard Acity, 2014 Canionismo – Descida em curso d’agua transpondo obstáculos aquáticos ou verticais com a utilização de técnicas verticais. O curso d’agua pode ser intermitente. Figura 18 - Canionismo Fonte: Brasil Anfibio 79 Caminhadas – Percursos a pé em itinerário predefinido. Figura 19 - Caminhada Fonte: G1, 2014 Curta duração – Caminhada de um dia. Também conhecida por hiking. Figura 20: Hiking Fonte: Foot Path, 2014 80 Longa duração – Caminhada de mais de um dia. Também conhecida como trekking. Figura 20 - Trekkin Fonte: Wild Himalaya, 2014 Escalada – Ascensão de montanhas, paredes artificiais, blocos rochosos utilizando técnicas verticais. Figura 21 - Escalada Fonte: Blog da Escalada, 2014 81 Montanhismo – Caminhada, escalada ou ambos, praticada em ambiente de montanha. Figura 22 - Montanhismo Fonte: Acontece em Petrópolis, 2014 Rapel – Técnica vertical de descida em corda. Por extensão, nomeiam-se, também, as atividades de descida que utilizam essa técnica. Figura 23 - Rapel Fonte: Health Utah, 2014 82 Tirolesa – Deslizamento entre dois pontos afastados horizontalmente em desnível, ligados por cabo ou corda. Figura 24 - Tirolesa Fonte: Trilhas e Aventuras, 2014