Mordedura de Cobra
Dr. Wingi M. Olivier
Maputo (Moçambique)
www.paulomargotto.com.br
28/4/2010
Mitos ! Culturas !
SUMÁRIO
1. GENERALIDADES
2. TAXONOMIA
3. TOXICOLOGIA / FISIOPATOLOGIA
4. QUADRO CLÍNICO & COMPLICAÇÕES
5. EXAMES COMPLEMENTARES
6. PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO
INTRODUÇÃO
• Ocorre em todas regiões do mundo,
• Estima- se a 30.000 a 40.000 óbitos / ano,
• Sem terapêutica adequada , importante
problema de saúde,
• Extremidades atingidas em 90% dos casos,
• Situação em Moçambique .
CLASSIFICAÇÃO-TAXONOMIA
• Grupo dos répteis
Tuatara
TAXONOMIA
• As cobras venenosas são classificadas em 4
famílias :
- Colubridae
- Elapidae
- Viperidae
- Hidrophidae
TAXONOMIA
• Colubridae : Cobra
cuspideira
moçambicana !
TAXONOMIA
• Elapidae :
Mambas !
TAXONOMIA
• Viperidae : Vibora
Seoanei
Diferenças entre cobra venenosa e
não venenosa
• Venenosa :
- Cabeça triangular
- Pupila em fenda
vertical
- Fosseta laureal
presente
- Cauda afina-se
abruptamente
• Não venenosa :
-Cabeça oval
-Pupila circular
-Fosseta laureal
ausente
-Cauda afina-se
lentamente
Detalhe da fosseta loreal e da pupila em
fenda vertical  cobra
TOXICOLOGIA -FISIOPATOLOGIA
• 1. Conceito de veneno :
- mecanismo de defesa
- captura das presas
TOXICOLOGIA (1)
• Olfato apurado
• Lingua bifurcada
transporta
informações química !
• A bifurcação detecta
um gradiente que
localiza a substância
identificada .
TOXICOLOGIA (2)
• 2. Dentição : existe 4 tipos basicos ,
- Aglifas
- Opistoglifas
- Proteroglifas
- Solenoglifas
TOXICOLOGIA (3)
• Cobra sem dentes
constrictores ,
• Não possui veneno !
TOXICOLOGIA (4)
• Um dente inoculador
no fundo da boca !
• Canalículo que guia o
veneno ,
• Colubridae
TOXICOLOGIA (5)
• Dente inoculador
sempre erecto !
• Canal inoculador que
não vaza todo o
dente ,
• Elapidae .
TOXICOLOGIA(6)
• Dente grande , de 1 a
2 cm , que fica
retraído na boca ,
• Funciona como
agulha hipodérmica ,
• Especializado para
uso do veneno .
• Viperidae
TOXICOLOGIA (7)
• Cobra cuspideira pulveriza o veneno !
TOXICOLOGIA(8)
• 3. Quantidade / Letalidade do Veneno variam
com:
- Espécie
- Época do ano (hibernação / muda ),
- Idade da cobra .
TOXICOLOGIA (9)
• 4. Composição do veneno: mistura complexa ,
- Componentes enzimáticos
- Componentes nao enzimáticos
TOXICOLOGIA (10 )
• COMPONENTES ENZIMÁTICOS :
- Proteases
- Hialuronidases
- Fosfolipases A2
- PAL , PAC ,Colinesterases
• COMPONENTES NÃO ENZIMÁTICOS :
- Diversas toxinas com efeitos
citotóxicos,hematotóxicos, anticoagulantes,
nefrotóxicos, miotóxicos e neurotóxicos .
TOXICOLOGIA (11)
Mecanismo de acção do veneno
Enzima
Mecanismo
Proteases
Necrose tecidual
Hialuronidases
Facilitam a deposição
subcutânea do veneno
Hemólise e mionecrose
Fosfolipases A2
PAL , PAC,
Colinesterases
Lesão local e efeitos
cardiovascular, pulmonar
,renal e neurológico
TOXICOLOGIA(12)
Toxinas
Mecanismo
Anticoagulantes
Nefrotóxicas
Coagulação de consumo,
diminuição das plaquetas e de
Fibrinogenio
Toxicidade renal, IRA
Miotóxicas
Mionecrose, rabdomiólise
Vasculotóxicas
Destruição da M.B dos
capilares e rupturas vasculares
TOXICOLOGIA(13)
Mecanismo de coagulação
TOXICOLOGIA (14)
• Efeito anticoagulante:
- Veneno converte diretamente fibrinogénio em
fibrina
- Activa fator X e a protrombina da cascata de
coagulação sangüínea
- Consumo de fibrinogénio com incapacidade de
coagulação do sangue
- Consumo de factores V, VII e plaquetas  CIVD
TOXICOLOGIA (15)
• Efeito neurotóxico :
 Acção pré-sináptica inibindo a liberação de
acetilcolina  bloqueio neuromuscular
TOXICOLOGIA (16)
• Outros efeitos :
Choque com ou sem causa definida:
 Hipovolémia por perda de sangue ou plasma
no membro edemaciado
 Ativação de substâncias hipotensoras
 Edema pulmonar
 CIVD
QUADRO CLÍNICO
• Manifestações autónomas
• Sinais e sintomas locais
• Manifestações sistémicas
QUADRO CLINICO (2)
Manifestações autonómicas :
• Precoces
• Reflectem reacções autonómicas ao medo mal-estar , sudorese , secura da boca ,
inquietação etc…
QUADRO CLÍNICO (3)
Sinais e sintomas locais :
Mordeduras secas ! Sem dor local ou
de baixa intensidade & eritema no ponto da
picada.
Sinais e sintomas locais
• Sabor metálico ou de
menta !
• Dois pontos
vermelhos dolorosos
separados de 1 cm
• Dor forte, edema,
calor e rubor, que
podem progredir para
todo o membro,
• Vesículas e bolhas de
conteúdo seroso ou
sero-hemático nas
primeiras horas após
o acidente
• Podem surgir
adenopatias locais e
linfangites,
QUADRO CLINICO(4)
• Manifestações sistémicas :
- Quando a quantidade de veneno inoculado é
grande :epistaxe , gengivorragias,
sangramento na lesão recente ,
- Mialgias generalizadas ,
- Mioglobinúria,
- CIVD ,
- HSA
QUADRO CLINICO(5)
• Fácies neurotóxica de Rosenfield - ptose
palpebral ,diplopia e/ ou visão turva,
oftalmoplegia, flacidez muscular da face e
alteração do diâmetro pupilar.
QUADRO CLINICO(6)
• Fácies de Rosenfield
QUADRO CLINICO(7)
• Complicações locais
- Síndrome compartimental (fasceite necrosante)
- Necrose
- Gangrena (por isquémia, infecção ou ambas)
QUADRO CLINICO(8)
• Complicações Sistêmicas
- Insuficiência renal aguda,
- Choque.
Classificação da gravidade do
envenenamento
Dor
,Edema,
Eritema
Manif.
sistémicas
LEVE
MODERADO GRAVE
Local
Alastrado
Disseminadas
localmente
Ausentes Ligeiras
Alterações Ausentes Ligeiras
de
coagulação
Grave(choque,
alteração da
consciência)
Graves
EXAMES COMPLEMENTARES
- Hemograma: leucocitose/neutrofilia,
trombocitopénia
- VS : elevada nas primeiras horas do acidente
- Exame urinário: proteinúria, hematúria e
leucocitúria
EXAMES COMPLEMENTARES
- Função renal: Uréia e Creatinina
- TP, TTPA,
- Fibrinogénio e PDF
- CK (aumento precoce e pico máximo nas
primeiras 24h após o acidente)
- LDH (aumento lento e gradual - diagnóstico
tardio)
TRATAMENTO
Princípios de Tratamento:
• Pré-hospitalar
• Hospitalar
TRATAMENTO(1)
• Tratamento pré – hospitalar visa:
- Conter o veneno no local e evitar a sua
disseminação no sistema linfático ( ligadura
elástica ,imobilização do membro…)
- Não se deve fazer :incisões na ferida ,sugar a
ferida, colocar torniquetes, massagear o local
edemaciado ….
TRATAMENTO(2)
Tratamento hospitalar :
• Tratamento específico - Soro Antiofídico
• Balanço risco / benefício
• Necessidade de prémedicação (Prometazina,
Cimetidina, Hidrocortisona)
• Soro polivalente / monovalente
Indicaçãcao de soro antiofídico
Com envenenamento
sistémico
•Neurotoxicidade, coma,
hipotensão, choque ,
hemorragia,
•CIVD
•Rabdomiólise, IRA
Sem envenenamento
sistémico
•Edema > ½ membro
afectado
•Progressão da lesão
local em 30 minutos
TRATAMENTO(3)
• Tratamento hospitalar :
-
Internar o paciente
Repouso e posição de drenagem postural
Membro atingido elevado
Hidratação
Soro antiofídico
Outras medidas de suporte
Bibliografia
• Nelson, Tratado de Pediatria, Behrman
Kliegman Jenson, 17ª edição ,
• Isbister G.K , Snake bite: A current approach to
management , Aust.Prescr 2006; 29: 125-9
• Marta M.J.,Silva J.S., Oliveira A., Saavedra
J.A.,Mordedura de Víbora , Revista da
Sociedade Portuguesa de Pediatria ,vol.12,
número 3, jul/set 2005 , 148-153.
• Mathew J.L., Gera T., Ophitoxaemia (Venemous
snakebite ), Medecine on-line.
Perigosa ! Risco de morte
Obrigado!!
Nota do Editor do site
www.paulomargotto.com.br
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Titulo
Autor
Acidentes por animais
peçonhentos
Camila Freitas Pereira
Acidentes do animais
peçonhentos
Luciana Silva Machado
Lin
k
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