Cego por nós mesmos Por Milene Costa 07/06/2015 Na maioria das vezes, não enxergamos o que fazemos ao outro. Vivemos num solipsismo existencial e emocional. Estou convencida de que a maioria das pessoas não conseguem perceber o que são capazes de fazer ao outro e a si mesmo. Vivemos num tempo em que o solipsismo existencial e emocional turvou a visão de muitos sobre eles mesmos e sobre os outros. Solipsismo é uma capacidade de desenvolver consciência própria, vontade própria e pensamento próprio excluindo a existência de tudo isso também ao redor de nós. Por outras palavras, um solipsista acha que somente o que ele sente, pensa e vê estão corretos e ao mesmo tempo ele não percebe o que faz aos outros, pois somente o seu mundo existe dentro da sua visão. Quando afirmo que vivemos num solipsismo existencial, estou me referindo a grupos de pessoas que vivem a mesma vida, os mesmos problemas, as mesmas dificuldades, pois não conseguem enxergar além da própria existência. Talvez nos falte uma visão mais ampla provocada pela reflexão ética que nos leva a medir as consequências das nossas escolhas.Se pararmos um pouco para olhar ao redor e pensar sobre os efeitos dos nossos atos, recuaríamos na maioria das vezes. O mesmo acontece com o solipsismo emocional. Existir emocionalmente é voltar-se para fora. É buscar se superar na entrega, na doação, nos sentidos que brotam para o outro. Claro, que uma vez que o mundo gira ao nosso redor, as emoções também perdem o seu valor e ficamos com o coração petrificado, diante da dureza, aridez e secura das relações. Eliminar o solipsismo é exercitar a visão para ver mais longe...pois os horizontes nos fazem perceber que existe muito mais vida além daquela que estamos limitados a ver.