ESTUDO DA CINÉTICA E DA TERMODINÂMICA DE ADSORÇÃO DA TORTA PRENSADA DE CRAMBE (CRAMBE ABYSSINICA) EM SUA APLICAÇÃO COMO BIOSORVENTE EM SOLUÇÕES AQUOSAS DE CORANTE 1 1 2 Victor Freire de Oliveira 2 Adriana Silva Franca Bolsista de iniciação Científica PIBIC/CNPq/UFMG, discente do curso de Engenharia Química Professor da Faculdade de Engenharia Mecânica da UFMG/MG 1,2 Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Engenharia, Departamento de Engenharia Mecânica. Av Antonio Carlos, 6627, Pampulha, Belo Horizonte – MG, CEP 31270-901 e-mail: [email protected] RESUMO – A termodinâmica de adsorção é um dos critérios mais fortes para a definição da viabilidade do uso de um determinado material como adsorvente. Se o processo global de adsorção apresentar uma variação de energia livre de Gibbs negativa, ele é termodinamicamente favorável e, portanto, viável. A entalpia de adsorção é outra grandeza termodinâmica de suma importância na caracterização de um adsorvente, por fornecer dados sobre a natureza química ou física do processo adsortivo. Enfim, é importante determinar-se qual o modelo que melhor descreve a cinética de adsorção para o material. A fim de se determinar essas grandezas para torta prensada de crambe (TPC), realizaram-se testes de termodinâmica e cinética de adsorção. Concluiu-se que 6 horas é um tempo suficiente para que o processo adsortivo atinja um equilíbrio, sendo a cinética melhor descrita pelo modelo de 2ª Ordem. A sua energia de ativação foi estimada em 53kJ/mol. O processo mostrou-se exotérmico e favorável, uma vez que a energia livre de Gibbs foi negativa para todas as temperaturas testadas. Enfim, a entalpia de adsorção foi estimada em -98,5kJ/mol, apontando para um processo de quimissorção. Palavras-Chave: Biosorventes, resíduos industriais, biocombustíveis INTRODUÇÃO O Crambe, Crambe abyssinica, é uma alternativa viável para a produção de biodiesel (Machado et al., 2007). Entretanto, esse processo gera um resíduo durante a extração de óleo, a torta prensada de crambe (TPC). Esse material não pode, diferentemente de resíduos de outras matérias-primas de biocombustíveis como a cana-de-açúcar, ser usado na adubação de solos ou alimentação de gado. Esse último uso, por exemplo, é descartado pelo fato de que a TPC possui compostos tóxicos aos animais. Dessa forma, o uso do material como biosorvente para a remoção de corantes de soluções aquosas surge como uma vantajosa opção de destino para esse resíduo. Um dos critérios mais fortes para a determinação da viabilidade do uso de um material como adsorvente é a avaliação da espontaneidade termodinâmica do processo adsortivo. Testes de termodinâmica e cinética fornecem dados cruciais para o cálculo da energia livre de Gibbs de adsorção a diferentes temperaturas. Valores negativos para essa grandeza representam um processo termodinamicamente espontâneo. Esses testes fornecem, ainda, a energia de ativação do processo adsortivo e a entalpia de adsorção, que fornece dados importantes sobre a natureza química ou física das interações adsorventeadsorvato. Com esses objetivos, testes de cinética e termodinâmica de adsorção foram conduzidos para a TPC, a fim de estimar-se sua entalpia de adsorção, seu tempo de equilíbrio, o modelo cinético que melhor descreve o processo e, acima de tudo, sua viabilidade termodinâmica. MATERIAIS E MÉTODOS Preparo de Amostras Tomava-se uma massa suficiente de TPC e esfarelava-se manualmente a mesma, de modo a evitar possíveis falhas no moinho de discos utilizado. Esse era ajustado de modo a fornecer uma maior fração de material moído com granulometria entre Tyler Mesh 35 e 20. O peneiramento do material assim obtido era feito com uma associação de peneiras de Tyler Mesh 20 e 35, nessa ordem. O material retido na peneira de Tyler Mesh 35 (Diâmetro de partícula entre 0,850 e 0,425mm) era, então, transferido para erlenmeyers e submetido a 60 minutos de lavagem com hexano em um agitador VIII Congresso Brasileiro de Engenharia Química em Iniciação Científica 27 a 30 de julho de 2009 Uberlândia, Minas Gerais, Brasil Preparo de Soluções de azul de metileno (AM) Soluções de AM foram preparadas nas concentrações de 50, 100, 200, 300, 500 e 700ppm e tiveram seu pH ajustado para 7,0 com o auxílio de um peagâmetro eletrônico e soluções 0,1mol/L de NaOH e HCl. C apac idade de ads orç ão (mg /g ) mecânico. A dosagem de hexano era de 120mL para 8g de material. O sólido assim tratado era, então, recuperado por intermédio de uma filtração simples, e o hexano residual da amostra era evaporado em uma mufla semi-aberta a 60°C por 1 hora, sob um exaustor ligado. 60 50 700 ppm 40 500 ppm 30 300 ppm 20 100 ppm 10 50 ppm 0 0 100 200 300 400 500 Tempo (min) Testes de Cinética Figura 1 – Evolução Temporal da Capacidade de Adsorção 100 50 ppm 95 100 ppm 90 % A ds orvido Testes de adsorção em batelada foram conduzidos em duplicatas para cada uma das concentrações previamente citadas. A dosagem de adsorvente utilizada foi de 1,0 g de TPC em 100mL de solução de AM. Os erlenmeyers utilizados eram embrulhados em papel alumínio para que se evitasse a fotodegradação do corante, e foram submetidos a agitação constante a 100rpm em um agitador mecânico. O experimento durou 8 horas e os tempos de amostragem foram de 15’, 30’, 60’, 120’, 360’ e 480’, ao fim dos quais alíquotas de 2,00mL eram retiradas com o auxílio de uma micropipeta de volume fixo e transferidas para tubos falcon. Esses eram centrifugados em uma centrífuga eletrônica por 6 minutos. Retirava-se 1,00mL do sobrenadante dos tubos e diluía-se 25 vezes. As soluções amostra assim preparadas eram, então, submetidas à leitura de absorbância em um espectrofotômetro (Cole Palmer 1100 RS), e os resultados obtidos eram analisados com o auxílio de planilhas de cálculo do software Microsoft Excel ®. 85 300 ppm 80 500 ppmppm 700 75 70 65 60 0 100 200 300 400 500 Tempo (min) Figura 2 – Evolução temporal do Percentual Adsorvido Cinética de Adsorção Observou-se que o aumento da concentração inicial de adsorvato levou a uma diminuição do percentual adsorvido em contraste com um aumento da capacidade de adsorção do material. Isso ocorre pois diminui-se a proporção de adsorvato que é efetivamente retirada de um meio mais concentrado, ao mesmo passo em que se aumenta o grau de saturação dos sítios de adsorção do adsorvente. O tempo necessário para que se atingisse o equilíbrio foi, graficamente, estimado em 6 horas. Os dados foram, então, submetidos ao tratamento matemático de diferentes modelos cinéticos. Dentre os testados, todos partem de uma mesma equação primeva, representada pela Equação 1: A variação temporal da capacidade de adsorção e do percentual adsorvido são apresentadas nas Figuras 1 e 2: dq t = k n ⋅ (qe − qt ) n dt Testes de Termodinâmica Os procedimentos experimentais foram análogos aos utilizados nos testes de cinética, porém o agitador mecânico foi substituído por um banho Dubnoff de temperatura e velocidade de rotação ajustáveis. Os procedimentos descritos na seção anterior foram repetidos, então, para as temperaturas de 40 e 50°C. RESULTADOS E DISCUSSÃO (1) Na Equação 1, qe é a capacidade de adsorção no equilíbrio, n é a ordem do modelo cinético, qt é a capacidade de adsorção em um tempo t e kn é uma constante de velocidade. Para o modelo de 1ª ordem proposto por Lagergrem (1898), n assume o valor unitário e a Equação 1 se converte na Equação 2: dq t = k1 ⋅ ( q e − q t ) dt (2) Dessa forma, a taxa de variação temporal da capacidade de adsorção seria linearmente proporcional ao gradiente de capacidade de adsorção. Uma linearização é possível, e apresentada na Equação 3: ln(q e − q t ) = −k1t + ln q e (3) A Equação 3 sugere que a relação entre ln(qe-qt) e o tempo é linear. Porém, qe é desconhecido, e adotar o valor mais alto de qt para essa grandeza simplesmente levaria à eliminação de um ponto experimental, pois a Equação 3 não se definiria nesse ponto (o gradiente seria nulo). A solução para esse inconveniente reside em se escolher um valor arbitrário para qe, que seja maior ou igual ao valor mais alto obtido para qt. A linearização e essas estimativas foram feitas para os dados experimentais obtidos, de modo que as estimativas não desviassem mais de 5% dos valores de qt. Os resultados são apresentados na Figura 3 e na Tabela 1: dq t = k 2 ⋅ (qe − qt ) 2 dt (4) Uma linearização também é possível, e é Representada pela Equação 5: (5) 50 ppm 2 100ppm 1 ln(Qe-Qt) Os coeficientes de correlação (R²) obtidos apontaram para um mau ajuste do modelo de 1ª ordem para os dados obtidos, pois todos foram bastante distantes da unidade, ainda que os valores de qe não se distanciassem muito do valor de qt para o tempo de 6 horas. Dessa forma, descartou-se a possibilidade de uma cinética de 1ª ordem para o processo. Para o modelo cinético de 2ª ordem, a Equação 1 se converte na Equação 4: 1 t t = + qt q e ⋅ k 2 qe 3 0 Tabela 1 – Parâmetros de Cálculo para o Modelo Cinético de 1ª Ordem e Coeficientes de Correlação Obtidos Desvio Concentração Valor R² Inicial (ppm) Adotado do de qe Valor (mg/g) de qt (%) 50 3,75 2,83 0,71816 100 7,40 1,55 0,56539 200 17,7 1,05 0,67117 300 26,6 3,09 0,21883 500 43,2 2,44 0,46964 700 51,8 0,303 0,49836 300ppm 0 100 200 300 400 500 500ppm 700ppm -1 200ppm -2 Linear (50 ppm) -3 Linear (100ppm) -4 Linear (300ppm) Linear (500ppm) -5 Linear (700ppm) -6 Linear (200ppm) -7 Tempo (min) Figura 3 – Modelo Cinético de 1ª Ordem (Lagergrem 1898) Aplicado aos Dados Experimentais Obtidos Dessa forma, a relação entre t/qt e t deveria fornecer uma reta cujo coeficiente angular permite o cálculo de qe e cujo intercepto no eixo das ordenadas fornece a constante de velocidade k2. O procedimento, aplicado aos dados experimentais, forneceu os resultados apresentados na Figura 4 e na Tabela 2: 140 120 t/Qt (min.g/mg) 50ppm 100 100ppm 300ppm 80 mica realizados a diferentes temperaturas, e os resultados foram plotados em função das temperaturas experimentais, conforme proposto pela equação 6, para cada uma das concentrações iniciais testadas. Os resultados são dispostos na tabela 3: 500ppm 60 700ppm 40 200ppm Linear (50ppm) 20 Linear (100ppm) 0 Linear (300ppm) 0 100 200 300 400 Tempo (min) 500 Linear (500ppm) Linear (700ppm) Linear (200ppm) Figura 4 – Modelo Cinético de 2ª Ordem Aplicado aos Dados Experimentais Obtidos Tabela 2 – Parâmetros Obtidos a Partir do Modelo Cinético de 2ª Ordem 2 k2 R Concentração qe Inicial (ppm) (mg/g) (g/mg.min) 50 3,74 0,0309 0,99924 100 7,45 0,0183 0,99971 200 17,5 0,0130 0,99978 300 26,2 0,0193 0,99962 500 42,9 0,00636 0,99964 700 51,1 0,00658 0,99954 Os valores obtidos para os coeficientes de correlação, muito próximos da unidade, indicaram excelentes ajustes dos dados obtidos pelo modelo de 2ª ordem. Dessa forma, pôde-se concluir que a cinética de adsorção do AM sobre a TPC é um processo cuja cinética é bem descrita por esse modelo. Isso sugere que a fase limitante da velocidade seja a adsorção na superfície do adsorvente, assim como aponta para a natureza química das interações adsorvato-adsorvente. Termodinâmica de Adsorção Ea 1 ⋅ R T (6) Dessa forma, plotando-se ln(k2) como uma função do inverso da temperatura do experimento em Kelvin (T), deve-se obter uma reta cujo coeficiente é a energia de ativação do processo adsortivo (Ea) dividida pela constante universal dos gase perfeitos (R=8,314 J/k.mol) e cujo intercepto no eixo das ordenadas fornece o logaritmo natural do fator pré-exponencial A. O mesmo tratamento analítico do Modelo de 2ª ordem, descrito na seção anterior, foi repetido para os resultados dos testes de termodinâ- Cálculo da EnerEa(kJ/mol) 19,6 24,2 49,2 40,1 58,1 64,5 Desvio Padrão (kJ/mol) 10,6 O valor médio foi calculado desprezando-se as concentrações iniciais de 50 e 100ppm, cujos ajustes à equação de Arrhenius não foram bons. Assim, pôde-se estimar que a energia de ativação do processo adsortivo é da ordem de 53kJ/mol. Isso significa dizer que, para a formação da interação entre o adsorvato e a superfície do adsorvente, uma barreira energética de 53kJ/mol deve ser superada. Essa energia pode ser fornecida por intermédio de aquecimento ou agitação, métodos utilizados nos experimentos. O processo de adsorção pode ser entendido como um equilíbrio entre os processos antagônicos de adsorção e dessorção, em que o adsorvato se transfere da solução para a superfície do adsorvente e vice-versa. Dessa forma, uma constante de equilíbrio pode ser definida, conforme apresentado pela Equação 7: k c' = Supondo que a constante k2 de velocidade do processo adsortivo, obtida na seção anterior, é bem descrita pela Equação de Arrhenius (Equação 6), temos: ln(k 2 ) = ln( A) − Tabela 3 – Resultados para o gia de Ativação de Adsorção Concentração R² (ppm) 50 0,80244 100 0,18393 200 0,98792 300 0,99745 500 0,99941 700 0,98712 53,0 Ea média (kJ/mol) Ci − Ce Ce (7) Essa constante aparente de equilíbrio, k’c é uma razão entre a concentração de adsorvato na superfície do adsorvente e a concentração de adsorvato remanescente na solução (Ce). Em uma condição ideal em que todo o adsorvato se aderisse à superfície do adsorvente, Ce adotaria um valor nulo. Dessa forma, ao plotar-se k’c como uma função de Ce e analisar-se o ajuste linear da curva obtida, obtém-se como intercepto da reta no eixo das ordenadas (extrapolação de Ce para ze0 ro) o valor da constante de equilíbrio padrão, k c. Sabe-se que a relação entre a energia livre de Gibbs padrão de um processo e sua constante de equilíbrio é dada pela Equação 8: ∆G 0 = − RT ln(k c0 ) (8) Dessa forma, dispondo-se dos valores de k0c para diferentes temperaturas, pode-se calcular a energia livre de Gibbs para cada uma delas. Quanto mais negativo o valor dessa grandeza, maior é a espontaneidade do processo analisado. Assim, o princípio de Le Chatelier prevê que, se essa grandeza crescer em módulo com a temperatura, o processo é endotérmico e exotérmico caso o oposto seja observado. Esses procedimentos foram realizados com os dados obtidos, e os resultados são expostos na Figura 5 e na Tabela 4: T e m pe ra t ura ( K) 0 300 305 3 10 3 15 320 325 -2 -4 -6 -8 - 10 - 12 - 14 Figura 5 – Evolução da Energia Livre de Gibbs de Adsorção em Função da Temperatura Tabela 4 – Resultados Obtidos para a Variação da Energia Livre de Gibbs para Diferentes Temperaturas 0 0 0 Temperatura k c Ln(k c) ∆G (K) (kJ/mol) 303,15 93,39391 4,536826 -11,4346 313,15 14,4738 2,67234 -6,95752 323,15 8,41826 2,130403 -5,72369 Pôde-se concluir que o processo adsortivo é exotérmico, uma vez que sua espontaneidade, indicada pela variação da energia livre de Gibbs, diminuiu com o aumento da temperatura. Ho e McKay (2003), explicam esse fenômeno pela maior energia das partículas do adsorvato a temperaturas mais elevadas. A taxa de “escape” da superfície do adsorvente seria maior, causando uma diminuição da eficiência de adsorção do material. Como todos os valores encontrados para a energia livre de Gibbs foram negativos, concluiuse que o processo de adsorção da TPC é espontâneo e termodinamicamente viável para todas as temperaturas testadas. A Equação de Van’t Hoff estabelece a rela0 ção entre ln(k c), a entropia e a entalpia de adsorção. Ela é exposta na Equação 9: ln(k c0 ) = ∆S 0 ∆H 0 − R RT (9) 0 A Equação 9 prevê que, plotando-se ln(k c) como função do inverso da temperatura em Kelvin, obtém-se uma reta cujo coeficiente angular permite calcular a entalpia de adsorção e cujo intercepto no eixo das ordenadas permite o cálculo da entropia de adsorção. Esse procedimento, aplicado aos dados experimentais obtidos, forneceu os resultados dispostos na Tabela 5: Tabela 5 – Resultados quação de Van’t Hoff Grandeza 0 ∆H 0 ∆S Obtidos a Partir da EValor (kJ/mol) -98,537 -0,289 O valor obtido para a entalpia de adsorção permite afirmar que o processo de adsorção é químico, já que valores entre 10 e 20kJ/mol representam processos de fisissorção e valores entre 40 e 4000kJ/mol, comparáveis aos encontrados para reações químicas, representam um processo de quimissorção. O processo mostrouse, de fato, ser exotérmico, devido ao valor negativo da variação de entalpia. Uma explicação para esse fato reside na extensa formação de ligações químicas entre a superfície do adsorvente e as partículas do adsorvato, um processo naturalmente exoenergético, por ocorrer com diminuição da energia potencial de cada uma das partes envolvidas na ligação formada. O valor negativo da variação de entropia de adsorção indica um aumento no grau de organização do sistema, associado à acomodação das partículas do adsorvato em camadas mais ordenadas na superfície do adsorvente. Ele indica, ainda, que não ocorre dissociação ou aumento de mobilidade das partículas na superfície do adsorvente. Esse aumento do grau de organização do sistema é compensado pela liberação de energia representada pela variação de entalpia, garantindo que o processo global é termodinamicamente coerente. A equação da energia livre de Gibbs em termos de ∆H0 e ∆S0 evidencia isso, uma vez que 0 ∆G deve ser sempre negativo para que um processo seja termodinamicamente favorável. Ela é apresentada na Equação 10: ∆G 0 = ∆H 0 − T∆S 0 (10) CONCLUSÃO O modelo que melhor descreveu a cinética do processo de adsorção do AM na superfície da TPC foi o de 2ª ordem. Os parâmetros calculados por esse modelo permitiram a conclusão de que a energia de ativação do processo global é da ordem de 53kJ/mol. A análise da termodinâmica do processo indicou que a entalpia de adsorção é da ordem de -98,5 kJ/mol, o que indica um processo de quimissorção, provavelmente com a formação de ligações covalentes entre a superfície do adsorvente e as partículas do adsorvato. O processo mostrou-se exotérmico e, acima de tudo, termodinamicamente favorável e espontâneo. A TPC é um resíduo que não necessita de tratamento térmico como ativação para ser aplicada como biosorvente. Etapas de ativação mostram-se essenciais para a aplicação de outros agroresíduos, o que sempre incorre em um maior gasto energético no preparo do adsorvente. A economia desses gastos, associada à espontaneidade termodinâmica do processo adsortivo, permitem concluir, em definitivo, que a TPC é um material viável e vantajoso em sua aplicação como biosorvente para a retirada de corantes de efluentes aquosos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AKSU, Z., TATLI, A.I., ÖSLEM, T., 2008. A comparative adsorption/biosorption study of Acid Blue 161: Effect of temperature on equilibrium and kinetic parameters, Chemical Engineering Journal, 142, 23-39. HO, Y.S., 2006. Review of second-order models for adsorption systems, Journal of Hazardous Materials, 136, 681-689. HO, Y.S., MCKAY, G., 2003. Sorption of dyes and copper ions onto biosorbents, Process Biochemistry, 38, 1047-1061. MACHADO, M.F., BRASIL, A.N., OLIVEIRA, L.S., NUNES, D.L., 2008. Estudo do Crambe (CRAMBE ABYSSINICA) Como Fonte de Óleo para Produção de Biodiesel, Anais do II Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel, Brasília – DF. 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