A Diocese de Aveiro online :: http://www.diocese-aveiro.pt
Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo,
Rei e Senhor do Universo (Ano A)
Texto – Mt 25,31-46
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
«Quando
o FILHO DO HOMEM vier na sua glória,
acompanhado por todos os seus anjos,
então sentar-se-á no seu TRONO
da sua glória.
E serão reunidos diante dele TODOS OS POVOS
e Ele separará uns dos outros,
como o pastor separa as ovelhas dos
cabritos,
e porá as ovelhas
à sua direita e os cabritos
à sua esquerda.
Então, o REI dirá aos que estão à sua direita:
‘Vinde,
BENDITOS de meu Pai!
Recebei em herança o Reino
preparado para vós desde a criação do mundo.
Porque tive fome e
destes-me de comer,
tive sede e
destes-me de beber,
era forasteiro e
hospedastes-me,
estava nu e
destes-me que vestir,
adoeci e
visitastes-me,
estive na prisão e
fostes ter comigo.’
Então, os justos vão responder-lhe:
‘Senhor,
QUANDO te vimos
com fome e
te demos de comer,
ou com sede e
te demos de beber?
QUANDO te vimos forasteiro e te hospedámos,
ou nu e
te vestimos?
E QUANDO te vimos doente
ou na prisão, e
fomos ter contigo?’
Respondendo, o REI lhes dirá:
‘Em verdade vos digo:
SEMPRE QUE
FIZESTES ISTO A UM DESTES MEUS IRMÃOS MAIS PEQUENINOS,
A MIM O
FIZESTES.’
Então dirá aos que estão à sua esquerda:
‘Afastai-vos de mim, MALDITOS,
para o fogo eterno,
A Diocese de Aveiro online :: http://www.diocese-aveiro.pt
preparado para o diabo e para os seus anjos!
42
43
44
45
46
Porque tive fome e
não me destes de comer,
tive sede e
não me destes de beber,
era forasteiro e
não me hospedastes,
estava nu e
não me vestistes,
doente e na prisão e
não fostes ter comigo’.
Então, também aqueles lhe responderão, dizendo:
‘Senhor,
QUANDO te vimos com fome,
ou com sede,
ou forasteiro, ou nu,
ou doente, ou na prisão, e
não te socorremos?’
Então, ele responderá, dizendo:
‘Em verdade vos digo:
SEMPRE QUE NÃO O FIZESTES A UM DESTES PEQUENINOS,
NÃO O FIZESTES A MIM’.
Estes irão para o
e os JUSTOS, para a
SUPLÍCIO ETERNO,
VIDA ETERNA».
Breve comentário
O texto deste domingo é a continuação lógica da parábola das virgens (25,1-13), que termina com a
advertência de Jesus: «Vigiai… porque não sabeis o dia nem a hora», e da parábola dos talentos (Mt
25,14-30). Estas parábolas iam já apontando para um final, que podia ser de entrada no «banquete» ou
na «alegria» ou de auto-exclusão destas realidades finais.
O texto deste domingo apresenta o quadro grandioso do Filho do Homem que facilmente
identificamos com a pessoa de Jesus. Ele vem como juiz divino e com todo o poder real anunciado já no
livro de Daniel (7,14). Por isso, senta-se no trono como Rei e senhor de todos os povos.
Aquilo que vulgarmente chamamos «Juízo final» de facto apresenta-se mais como a proclamação
duma sentença que mais não é do que a constatação da atitude que cada um teve durante a vida. Por
isso, logo à partida, todos são separados uns dos outros: benditos para um lado e malditos para o outro,
colhendo a imagem na vida pastoril. Em noites mais frias o pastor separa as ovelhas dos cabritos, pois
as ovelhas, com a sua lã mais espessa, pode estar ao frio, enquanto é necessário resguardar os cabritos
que não têm protecção natural.
Os primeiros, chamados «benditos de meu Pai», são convidados a entrar na posse do reino para eles
preparado pela iniciativa soberana e gratuita de Deus. Estes benditos do Pai recebem em herança o
reino porque partilharam o destino e a condição do Filho. Os outros são chamados «malditos» e não têm
lugar no reino.
A salvação é sempre um dom de Deus concedido àqueles que a aceitam. A condenação é um
produto humano, isto é, a consequência natural da não aceitação da salvação oferecida por Deus. É na
vida do dia-a-dia que cada um, pela sua forma de viver consigo mesmo, com os outros e com Deus, vai
aceitando ou rejeitando aquilo que Deus vai oferecendo para ser vivido em plenitude um dia.
O Rei apresenta-se como aquele que teve fome e sede, peregrino e sem roupa, doente e prisioneiro.
O juiz glorioso, a quem os interlocutores chamam «Senhor» tinha o rosto do indigente, do indefeso e do
necessitado.
O confronto decisivo entre os homens e Filho do Homem não acontece com gestos extraordinários e
heróicos mas na simplicidade dos encontros humanos, com os gestos mais simples que a tradição
bíblica já recomendava há séculos (Is 58,7; Ez 18,7; Job 31,32; Tb 4,16). Qualquer homem justo tinha a
obrigação interior de se compadecer e ir ao encontro daqueles que, no momento concreto, precisavam
dele.
No evangelho de Mateus há uma insistência no amor para com o próximo e na realização na vontade
do Pai. Ora, a vontade do Pai, revelada e realizada por Jesus, resume-se no amor gratuito e activo para
com os pobres, doentes e necessitados. No entanto, o critério decisivo para a salvação ou ruína não
estásimplesmente na prática do amor para com os necessitados. A novidade evangélica está na
identificação que Jesus faz com estes: «Sempre que (não) fizestes a um destes (meus irmãos) mais
pequeninos (não) o fizestes a mim».
A Diocese de Aveiro online :: http://www.diocese-aveiro.pt
Mateus propõe um exemplo como viver hoje na espera vigilante e responsável da vinda do Filho do
Homem. O teste definitivo da verdade e fidelidade de homens, condição essencial para a salvação, jogase hoje nas relações quotidianas de acolhimento ou rejeição do homem necessitado, sinal objectivo da
presença humilde e escondida do Filho do Homem.
Com este texto, o último da actividade pública de Jesus antes de se iniciar o drama da paixão,
Mateus funde numa maravilhosa síntese os dois polos à volta dos quais gira a sua mensagem
evangélica: Cristo e o amor activo, síntese da vontade de Deus. No amor gratuito e universal para com
os mais pequenos vive-se aquela relação vital de fé em Cristo, o Filho de Deus e Senhor, que no final se
transformará em plena comunhão salvífica.
P. Franclim Pacheco
Diocese de Aveiro
Download

preparado para vós para o fogo eterno,