HELENA
MACHADO DE ASSIS – vida e obra
(rápidas análises)
Fonte de Pesquisa: http://www.releituras.com/machadodeassis_bio.asp
Acesso: 05 de janeiro de 2013
Paixões de largos anos, chegando ao casamento, acabam
muitas vezes pela separação ou pelo ódio, quando menos pela
indiferença. O amor não é mais que um instrumento de escolha;
amar é eleger a criatura que há de ser companheira na vida, não
é afiançar a perpétua felicidade de duas pessoas, porque essa
pode esvair-se ou corromper-se. Que resta à maior parte dos
casamentos, logo após os anos de paixão?
Uma afeição pacífica, a estima, a intimidade. Não peço
mais ao casamento, nem lhe posso dar mais do que isso.
(Machado de Assis - 1975, p.61).
DA ESCOLA LITERÁRIA
Apesar das obras de Machado de Assis em sua maioria
fazerem parte do Realismo, o romance Helena escrito em 1876
se encaixa na "fase romântica", quando melhor se diriam "de
compromisso" ou "convencionais" do escritor. Entretanto ale
destacar que a genialidade do autor transcende a qualquer
escola que se possa colocar.
A obra de Machado, segundo alguns críticos, pode ser
dividida em duas fases: romântica ou convencional e realista.
1ª fase: Romântica
"Ressurreição" (1872)
"A Mão e a Luva" (1874)
"Helena" (1876)
"Iaiá Garcia" (1878)
Os romances de sua primeira fase se caracterizam por uma
mistura de romantismo agonizante e psicologismo incipiente.
Observam-se aqui e ali perfeitas construções estilísticas,
renúncia à ação aventureira e melodramática dos românticos,
certa agudeza em tratar os caracteres dos personagens; mas o
grave equívoco destes romances é que Machado os submete à
moral e aos padrões da época.
2ªfase: Realista
"Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881)
"Quincas Borba" (1891)
"Dom Casmurro" (1900)
"Esaú e Jacó" (1908)
"Memorial de Aires" (1908)
Pode-se encontrar a verdadeira essência do Machado de
Assis nesta 2ª fase. Quebra da atitude narrativa e da estrutura
linear, análise psicológica, uma nova visão do mundo e o senso
de humor destacam o realismo na obra do escritor.
Dessa forma Helena se comporta de forma Romântica,
mas, assim como Senhora, de José de Alencar, o livro possui
características pré-realistas.
Prof. Raul Castro
Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista,
dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e
ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de
1839. Filho de um operário mestiço de negro e português,
Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de
Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um
mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela
madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino
e o matricula na escola pública, única que frequentará o
autodidata Machado de Assis.
De saúde frágil, epilético, gago, sabe-se pouco de sua
infância e início da juventude. Criado no morro do Livramento,
consta que ajudava a missa na igreja da Lampadosa. Com a
morte do pai, em 1851, Maria Inês, à época morando em São
Cristóvão, emprega-se como doceira num colégio do bairro, e
Machadinho, como era chamado, torna-se vendedor de doces.
No colégio tem contato com professores e alunos e é até
provável que assistisse às aulas nas ocasiões em que não
estava trabalhando.
Mesmo sem ter acesso a cursos regulares, empenhou-se
em aprender. Consta que, em São Cristóvão, conheceu uma
senhora francesa, proprietária de uma padaria, cujo forneiro lhe
deu as primeiras lições de Francês. Contava, também, com a
proteção da madrinha D. Maria José de Mendonça Barroso,
viúva do Brigadeiro e Senador do Império Bento Barroso Pereira,
proprietária da Quinta do Livramento, onde foram agregados
seus pais.
Aos 16 anos, publica em 12-01-1855 seu primeiro trabalho
literário, o poema "Ela", na revista Marmota Fluminense, de
Francisco de Paula Brito. A Livraria Paula Brito acolhia novos
talentos da época, tendo publicado o citado poema e feito de
Machado de Assis seu colaborador efetivo.
Com 17 anos, consegue emprego como aprendiz de
tipógrafo na Imprensa Nacional, e começa a escrever durante o
tempo livre. Conhece o então diretor do órgão, Manuel Antônio
de Almeida, autor de Memórias de um sargento de milícias, que
se torna seu protetor.
Em 1858 volta à Livraria Paula Brito, como revisor e
colaborador da Marmota, e ali integra-se à sociedade líterohumorística Petalógica, fundada por Paula Brito. Lá constrói o
seu círculo de amigos, do qual faziam parte Joaquim Manoel de
Macedo, Manoel Antônio de Almeida, José de Alencar e
Gonçalves Dias.
Começa a publicar obras românticas e, em 1859, era
revisor e colaborava com o jornal Correio Mercantil. Em 1860, a
convite de Quintino Bocaiúva, passa a fazer parte da redação do
jornal Diário do Rio de Janeiro. Além desse, escrevia também
para a revista O Espelho (como crítico teatral, inicialmente), A
Semana Ilustrada(onde, além do nome, usava o pseudônimo de
Dr. Semana) e Jornal das Famílias.
Seu primeiro livro foi impresso em 1861, com o título Queda
que as mulheres têm para os tolos, onde aparece como tradutor.
No ano de 1862 era censor teatral, cargo que não rendia
qualquer remuneração, mas o possibilitava a ter acesso livre aos
teatros. Nessa época, passa a colaborar em O Futuro, órgão sob
a direção do irmão de sua futura esposa, Faustino Xavier de
Novais.
Publica seu primeiro livro de poesias em 1864, sob o título
de Crisálidas.
Em 1867, é nomeado ajudante do diretor de publicação do
Diário Oficial.
Agosto de 1869 marca a data da morte de seu amigo
Faustino Xavier de Novais, e, menos de três meses depois, em
12 de novembro de 1869, casa-se com Carolina Augusta Xavier
de Novais.
1
Nessa época, o escritor era um típico homem de letras
brasileiro bem sucedido, confortavelmente amparado por um
cargo público e por um casamento feliz que durou 35 anos. D.
Carolina, mulher culta, apresenta Machado aos clássicos
portugueses e a vários autores da língua inglesa.
Sua união foi feliz, mas sem filhos. A morte de sua esposa,
em 1904, é uma sentida perda, tendo o marido dedicado à
falecida o soneto Carolina, que a celebrizou.
Seu primeiro romance, Ressurreição, foi publicado em
1872. Com a nomeação para o cargo de primeiro oficial da
Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e
Obras Públicas, estabiliza-se na carreira burocrática que seria o
seu principal meio de subsistência durante toda sua vida.
No O Globo de então (1874), jornal de Quintino Bocaiúva,
começa a publicar em folhetins o romance A mão e a luva.
Escreveu crônicas, contos, poesias e romances para as revistas
O Cruzeiro, A Estação e Revista Brasileira.
Sua primeira peça teatral é encenada no Imperial Teatro
Dom Pedro II em junho de 1880, escrita especialmente para a
comemoração do tricentenário de Camões, em festividades
programadas pelo Real Gabinete Português de Leitura.
Na Gazeta de Notícias, no período de 1881 a 1897, publica
aquelas que foram consideradas suas melhores crônicas.
Em 1881, com a posse como ministro interino da
Agricultura, Comércio Obras Públicas do poeta Pedro Luís
Pereira de Sousa, Machado assume o cargo de oficial de
gabinete.
Publica, nesse ano, um livro extremamente original , pouco
convencional para o estilo da época: Memórias Póstumas de
Brás Cubas -- que foi considerado, juntamente com O Mulato, de
Aluísio de Azevedo, o marco do realismo na literatura brasileira.
Extraordinário contista, publica Papéis Avulsos em 1882,
Histórias sem data (1884), Vária Histórias (1896), Páginas
Recolhidas (1889), e Relíquias da casa velha (1906).
Torna-se diretor da Diretoria do Comércio no Ministério em
que servia, no ano de 1889.
Grande amigo do escritor paraense José Veríssimo, que
dirigia a Revista Brasileira, em sua redação promoviam reuniões
os intelectuais que se identificaram com a idéia de Lúcio de
Mendonça de criar uma Academia Brasileira de Letras. Machado
desde o princípio apoiou a idéia e compareceu às reuniões
preparatórias e, no dia 28 de janeiro de 1897, quando se instalou
a Academia, foi eleito presidente da instituição, cargo que
ocupou até sua morte, ocorrida no Rio de Janeiro em 29 de
setembro de 1908. Sua oração fúnebre foi proferida pelo
acadêmico Rui Barbosa.
É o fundador da cadeira nº. 23, e escolheu o nome de José
de Alencar, seu grande amigo, para ser seu patrono.
Por sua importância, a Academia Brasileira de Letras
passou a ser chamada de Casa de Machado de Assis.
Dizem os críticos que Machado era "urbano, aristocrata,
cosmopolita, reservado e cínico, ignorou questões sociais como
a independência do Brasil e a abolição da escravatura. Passou
ao longe do nacionalismo, tendo ambientado suas histórias
sempre no Rio, como se não houvesse outro lugar. ... A galeria
de tipos e personagens que criou revela o autor como um mestre
da observação psicológica. ... Sua obra divide-se em duas
fases, uma romântica e outra parnasiano-realista, quando
desenvolveu inconfundível estilo desiludido, sarcástico e
amargo. O domínio da linguagem é sutil e o estilo é preciso,
reticente. O humor pessimista e a complexidade do pensamento,
além da desconfiança na razão (no seu sentido cartesiano e
iluminista), fazem com que se afaste de seus contemporâneos."
BIBLIOGRAFIA:
Comédia
Desencantos, 1861.
Tu, só tu, puro amor, 1881.
Poesia
2
Prof. Raul Castro
Crisálidas, 1864.
Falenas, 1870.
Americanas, 1875.
Poesias completas, 1901.
Romance
Ressurreição, 1872.
A mão e a luva, 1874.
Helena, 1876.
Iaiá Garcia, 1878.
Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881.
Quincas Borba, 1891.
Dom Casmurro, 1899.
Esaú Jacó, 1904.
Memorial de Aires, 1908.
Conto:
Contos Fluminenses,1870.
Histórias da meia-noite, 1873.
Papéis avulsos, 1882.
Histórias sem data, 1884.
Várias histórias, 1896.
Páginas recolhidas, 1899.
Relíquias de casa velha, 1906.
Teatro
Queda que as mulheres têm para os tolos, 1861
Desencantos, 1861
Hoje avental, amanhã luva, 1861.
O caminho da porta, 1862.
O protocolo, 1862.
Quase ministro, 1863.
Os deuses de casaca, 1865.
Tu, só tu, puro amor, 1881.
Algumas obras póstumas
Crítica, 1910.
Teatro coligido, 1910.
Outras relíquias, 1921.
Correspondência, 1932.
A semana, 1914/1937.
Páginas escolhidas, 1921.
Novas relíquias, 1932.
Crônicas, 1937.
Contos Fluminenses - 2º. volume, 1937.
Crítica literária, 1937.
Crítica teatral, 1937.
Histórias românticas, 1937.
Páginas esquecidas, 1939.
Casa velha, 1944.
Diálogos e reflexões de um relojoeiro, 1956.
Crônicas de Lélio, 1958.
Conto de escola, 2002.
Antologias
Obras completas (31 volumes), 1936.
Contos e crônicas, 1958.
Contos esparsos, 1966.
Contos: Uma Antologia (02 volumes), 1998
Em 1975, a Comissão Machado de Assis, instituída pelo
Ministério da Educação e Cultura, organizou e publicou as
Edições críticas de obras de Machado de Assis, em 15 volumes.
Seus trabalhos são constantemente republicados, em
diversos idiomas, tendo ocorrido a adaptação de alguns textos
para o cinema e a televisão.
Elementos da Narrativa e
Características
Autoria: Prof. Raul Castro
LINGUAGEM e ESTILO:
Elaborada em uma linguagem bem simples, pode-se
considerar uma característica de um pré-realismo, a linguagem
na obra é a mesma adotada no resto de suas obras.
O estilo de Machado de Assis assume uma originalidade
despreocupada com as modas literárias dominantes de seu
tempo. Mesmo suas obras iniciais — Ressurreição, Helena, Iaiá
Garcia — que eram pertencentes ao Romantismo (ou ao
convencionalismo), possuem uma ainda tímida análise do
interior das personagens e do homem diante da sociedade, que
ele virá mais amplamente desenvolver em suas obras do
Realismo. Os acadêmicos notam cinco fundamentais
enquadramentos em seus textos: "elementos clássicos"
(equilíbrio, concisão, contenção lírica e expressional), "resíduos
românticos"
(narrativas
convencionais
ao
enredo),
"aproximações realistas" (atitude crítica, objetividade, temas
contemporâneos), "procedimentos impressionistas" (recriação do
passado através da memória), e "antecipações modernas" (o
elíptico e o alusivo engajados à um tema que permite diversas
leituras e interpretações).
O estudioso Francisco Achcar traça um plano
resumidamente no estilo de Machado de Assis, escrevendo:
"[...] alguns dos pontos mais importantes da prosa narrativa
machadiana:
Machado é o grande mestre do foco narrativo de primeira
pessoa, embora tenha exercido com mestria também o foco de
terceira pessoa. Ele sabe colocar-se no lugar de um narrador
hipotético e vivenciar todos os seus grandes problemas.
Ao contrário dos realistas, que eram muito dependentes de
um certo esquematismo determinista (isto é: pensavam que
tudo, no comportamento humano, era determinado por causas
precisas), Machado não procura causas muito explícitas ou
claras para a explicação das personagens e situações. Ele sabe
deixar na sombra e no mistério aquilo que seria inútil explicar.
Foi justamente por não tentar explicar tudo que Machado não
caiu na vulgaridade de muitos realistas, como Aluísio Azevedo.
Há coisas que não se explicam, coisas que só podem ter
descrição discreta. Nisso, Machado de Assis foi um grande
mestre.
A frase machadiana é simples, sem enfeites. Os períodos
em geral são curtos, as palavras muito bem escolhidas e não há
vocabulário difícil (alguma dificuldade que pode ter um leitor de
hoje se deve ao fato de que certas palavras caíram em desuso).
Mas com esses recursos limitados Machado consegue um estilo
de extraordinária expressividade, com um fraseado de agilidade
incomparável.
A descrição dos objetos se limita ao que neles é funcional,
ou seja, àquilo que tenha que ver com a história que está sendo
contada. O espaço é singelo, reduzido, e as coisas descritas
parecem participar intimamente do espírito da narrativa.
Uma das maiores características da prosa de Machado de
Assis é a forma contraditória de apreensão do mundo. Machado
em geral apanha o fato em suas versões antagônicas, e isso lhe
dá um caráter dilemático. É também uma forma superior e mais
completa de ver as coisas. Machado tem os olhos voltados para
as contradições do mundo.
Chamamos aparência aquilo que aparece a nossos olhos,
aquilo que primeiramente surge à observação; chamamos
essência aquilo que consideramos a verdade, aquilo que é
encoberto pela aparência. Mas o que tomamos por essência
pode não ser mais do que outra aparência. O estilo machadiano
focaliza as personagens de fora para dentro, vai descascando as
pessoas, aparência atrás de aparência. Por isso, Machado é
considerado grande "analista da alma humana".
A linguagem machadiana faz referências constantes aos
estilos de outros grandes autores do Ocidente. Na maioria dos
Prof. Raul Castro
casos, essas referências são implícitas, só podem ser
percebidas por leitores familiarizados com as grandes obras da
literatura. Esse é um dos motivos de se poder dizer que o estilo
de Machado é um estilo "culto" (pois ele faz uso da cultura e sua
compreensão aprofundada exige cultura da parte do leitor).
Costuma-se chamar intertextualidade a esse diálogo que se
estabelece, no texto de um escritor, com textos de outros
autores, do presente ou do passado. Machado de Assis foi um
grande virtuose da intertextualidade.
Em seus romances mais importantes, Machado de Assis
pratica a interpolação de episódios, recordações, ou reflexões
que se afastam da linha central da narrativa. Essas
"intromissões" de elementos que aparentemente se desviam do
tema central do livro correspondem a procedimentos chamados
digressões. As digressões são, naturalmente, muito mais
comuns nos romances do que nos contos, pois nestes a
brevidade do texto não permite constantes retardamentos da
narrativa. Nessas digressões, Machado é constantemente
seduzido pelo impulso de falar sobre a própria obra que está
escrevendo, isto é, faz metalinguagem, comentando os
capítulos, as frases, a organização do todo. Embora também
presente nos contos, esses elementos de metalinguagem são
neles bem mais raros e discretos.
Uma das características mais atraentes e refinadas de
Machado de Assis é sua ironia, uma ironia que, embora chegue
francamente ao humor em certas situações, tem geralmente uma
sutileza que só a faz perceptível a leitores de sensibilidade já
treinada em textos de alta qualidade. Essa ironia é a arma mais
corrosiva da crítica machadiana dos comportamentos, dos
costumes, das estruturas sociais. Machado a desenvolveu a
partir de grandes escritores ingleses que apreciava e nos quais
se inspirou (sobretudo o originalíssimo Lawrence Sterne,
romancista do século XVIII). Na representação dos
comportamentos humanos, a ironia de Machado de Assis se
associa àquilo que é classificado como o seu grande poder
'analista da alma humana'."
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Estilo_de_Machado_de_Assis
Ainda no estilo machadiano não podemos esquecer de que
ele falava com o leitor, como podemos ver nessa passagem na
página 31 onde se usa até mesmo pronomes na 1º pessoa do
plural:
Eugênia desfiou uma historiazinha de toucador, que
omito em suas particularidades por não interessar ao nosso
caso, bastando saber que a razão capital da divergência
entre as duas amigas fora uma opinião de Cecília acerca da
escolha de um chapéu.
Os aforismos
Ainda no estilo machadiano podemos encontrar os
aforismos: [Do gr. aphorismós, “limitação; definição; breve
definição, sentença”.] Aparece, na maioria dos dicionários, com
este sentido, ou seja, com uma definição semelhante à de
provérbio, dito, ditado, dizer, adágio, rifão, anexim e à de
máxima, sentença, apotegma, sendo as fronteiras entre estes
termos pouco definidas. O aforismo e esta segunda série de
termos podem ter, no entanto, uma dimensão mais culta. Surge
como ponto de contacto entre o filosófico e o literário: ”Forme de
transition qui organise le général et lui impose l’empreinte de
l’individuel, l’aphorisme se trouve à la frontière de la philosophie”
(Silvian Iosifescu, “L’aphorisme et la poésie des idées”, Cahiers
roumains d’études littéraires, 1, 1987, p.54). Deve ser analisado
segundo o conteúdo semântico e os padrões estruturais. É um
estilo de discurso ligado à percepção do mundo e que pode
contribuir para a expressividade da mensagem.
A análise linguística dos aforismos pode revelar certas
estratégias lexicais, sintácticas e semânticas. Assim, para além
do conteúdo, deve-se ter em conta a forma de expressão,
normalmente curta e concisa. Tem habitualmente sentido
figurado e grande expressividade estilística. A sua função
pragmática é fundamental. A forma lacónica, de expressão curta,
3
e a natureza de máximo apuramento dos aforismo propicia uma
grande condensação de potencialidades significativas,
apresentando assim um código de prescrições sociais para a
interpretação da realidade. O recurso frequente a palavras
polissémicas, a sinónimos, antónimos, a perguntas retóricas,
torna-o um instrumento clássico do poder do discurso. Pode
aparecer como afirmação política, filosófica, moral, apresentando
um ideal de sabedoria.
Em Helena, não é diferente, os aforismos aparecem nos
diálogos ou entre as análises do narrador, eis os principais
encontrados na obra:
•
“As dores alheias fazem lembrar as próprias, e são um
corretivo da alegria, cujo excesso pode engendrar o
orgulho.”
•
“Deixemos a cada idade a sua atmosfera própria, concluiu
ele, e não antecipemos a da reflexão, que é tornar infelizes
os que ainda não passaram do puro sentimento.”
•
“As mulheres que são apenas mulheres, choram, arrufamse ou resignam-se; as que têm alguma coisa mais do que a
debilidade feminina, lutam ou recolhem-se à dignidade do
silêncio.”
•
“— Eugênia, disse Estácio, quer saber a verdadeira razão
do mau sucesso de suas afeições? É deixar-se levar mais
pelas aparências que pela realidade; é porque dá menos
apreço às qualidades sólidas do coração do que às frívolas
exterioridades da vida. Suas amizades são das que duram
a roda de uma valsa, ou, quando muito, a moda de um
chapéu; podem satisfazer o capricho de um dia, mas são
estéreis para as necessidades do coração.”
•
“- O medo? O medo é um preconceito dos nervos. E um
preconceito desfaz-se; basta a simples reflexão.”
...
“— Quem lhe ensinou essas idéias? perguntou ele.
— Não são idéias, são sentimentos. Não se aprendem;
trazem-se no coração.”
•
“— Valem muito os bens da fortuna, dizia Estácio; eles dão
a maior felicidade da terra, que é a independência absoluta.
Nunca experimentei a necessidade; mas imagino que o pior
que há nela não é a privação de alguns apetites ou
desejos, de sua natureza transitórios, mas sim essa
escravidão moral que submete o homem aos outros
homens. A riqueza compra até o tempo, que é o mais
precioso e fugitivo bem que nos coube. Vê aquele preto
que ali está? Para fazer o mesmo trajeto que nós, terá de
gastar, a pé, mais uma hora ou quase.”
•
“— Tem razão, disse Helena: aquele homem gastará muito
mais tempo do que nós em caminhar. Mas não é isto uma
simples questão de ponto de vista? A rigor, o tempo corre
do mesmo modo, quer o esperdicemos, quer o
economizemos. O essencial não é fazer muita coisa no
menor prazo; é fazer muita coisa aprazível ou útil. Para
aquele preto o mais aprazível é, talvez, esse mesmo
caminhar a pé, que lhe alongará a jornada, e lhe fará
esquecer o cativeiro, se é cativo. É uma hora de pura
liberdade.”
•
O melhor modo de viver em paz é nutrir o amor-próprio dos
outros com pedaços do nosso.
•
A beleza é como a bravura; vale mais se não a metem à
cara dos outros.
•
A prece é a escada misteriosa de Jacó: por ela sobem os
pensamentos ao céu; por ela descem as divinas
consolações.
FOCO NARRATIVO
A narrativa é toda em 3º pessoa, portanto é onisciente,
heterodiegético, Machado tem como característica a análise do
perfil feminino, e o psicologismo, sua marca registrada, para isso
precisa de um narrador que não esteja na história.
TEMPO
4
Prof. Raul Castro
O tempo não se define até o momento que Helena entrega
no dia do aniversário de Estácio um quadro que representava o
ambiente que eles passeavam de cavalo, a quadro é assinado e
datado de 1850, portanto estamos na metade do século XIX.
A história se passa de forma bastante linear, bem diferente
do estilo Machadiano em quebrar a linearidade dos fatos, como
faz com seus livros Realistas, exceto no capítulo XXV e XXVI em
Salvador conta a história à Pe. Melchior e Estácio e relembra
sua trágica história.
ESPAÇO
O ambiente como é típico de Machado de Assis, é o Rio de
Janeiro, especificamente o Andaraí, que é aonde Helena vai
quando seu nome é encontrado no testamento de Conselheiro
Vale.
PERSONAGENS
Helena
É a personagem central da história, é a partir dela que tudo
se desenrola, é a sua chegada que gera os conflitos que
permearão a obra, moça linda e de boa educação:
Machado descreve-a fisicamente:
Era uma moça de dezesseis a dezessete anos, delgada
sem magreza, estatura um pouco acima de mediana, talhe
elegante e atitudes modestas. A face, de um moreno-pêssego,
tinha a mesma imperceptível penugem da fruta de que tirava a
cor; naquela ocasião tingiam-na uns longes cor-de-rosa, a
princípio mais rubros, natural efeito do abalo. As linhas puras e
severas do rosto parecia que as traçara a arte religiosa. Se os
cabelos, castanhos como os olhos, em vez de dispostos em
duas grossas tranças lhe caíssem espalhadamente sobre os
ombros, e se os próprios olhos alçassem as pupilas ao céu,
disséreis um daqueles anjos adolescentes que traziam a Israel
as mensagens do Senhor. Não exigiria a arte maior correção e
harmonia de feições, e a sociedade bem podia contentar-se com
a polidez de maneiras e a gravidade do aspecto. Uma só coisa
pareceu menos aprazível ao irmão: eram os olhos, ou antes o
olhar, cuja expressão de curiosidade sonsa e suspeitosa reserva
foi o único senão que lhe achou, e não era pequeno.
Como psicologicamente:
Helena tinha os predicados próprios a captar a confiança e
a afeição da família. Era dócil, afável, inteligente. Não eram
estes, contudo, nem ainda a beleza, os seus dotes por
excelência eficazes. O que a tornava superior e lhe dava
probabilidade de triunfo, era a arte de acomodar-se às
circunstâncias do momento e a toda a casta de espíritos, arte
preciosa, que faz hábeis os homens e estimáveis as mulheres.
Helena praticava de livros ou de alfinetes, de bailes ou de
arranjos de casa, com igual interesse e gosto, frívola com os
frívolos, grave com os que o eram, atenciosa e ouvida, sem
entono nem vulgaridade. Havia nela a jovialidade da menina e a
compostura da mulher feita, um acordo de virtudes domésticas e
maneiras elegantes.
Além das qualidades naturais, possuía Helena algumas
prendas de sociedade, que a tornavam aceita a todos, e
mudaram em parte o teor da vida da família. Não falo da
magnífica voz de contralto, nem da correção com que sabia usar
dela, porque ainda então, estando fresca a memória do
conselheiro, não tivera ocasião de fazer-se ouvir. Era pianista
distinta, sabia desenho, falava correntemente a língua francesa,
um pouco a inglesa e a italiana. Entendia de costura e bordados
e toda a sorte de trabalhos feminis. Conversava com graça e lia
admiravelmente. Mediante os seus recursos, e muita paciência,
arte e resignação, — não humilde, mas digna, — conseguia polir
os ásperos, atrair os indiferentes e domar os hostis.
Estácio
É o irmão de Helena, mas em função de não ter convivido
com ela desde pequeno desenvolve um amor romântico pela
moça, isso lhe custa muito sofrimento pondo em risco muita
coisa.
Era formado em Matemática e nunca quisera entrar para a
política, embora fosse a vontade de todos.
Estácio recebera efetivamente de sua mãe uma boa parte
destas. Não sendo grande talento, deveu à vontade e à paixão
do saber a figura notável que fez entre seus companheiros de
estudos. Entregara-se à ciência com ardor e afinco. Aborrecia a
política; era indiferente ao ruído exterior. Educado à maneira
antiga e com severidade e recato, passou da adolescência à
juventude sem conhecer as corrupções de espírito nem as
influências deletérias da ociosidade; viveu a vida de família, na
idade em que outros, seus companheiros, viviam a das ruas e
perdiam em coisas ínfimas a virgindade das primeiras
sensações. Daí veio que, aos dezoito anos, conservava ele tal
ou qual timidez infantil, que só tarde perdeu de todo. Mas, se
perdeu a timidez, ficara-lhe certa gravidade não incompatível
com os verdes anos e muito própria de organizações como a
dele.
N Juntava às outras qualidades morais uma sensibilidade,
não feminil e doentia, mas sóbria e forte; áspero consigo, sabia
ser terno e mavioso com os outros.
Tal era o filho do conselheiro; e se alguma coisa há ainda
que acrescentar, é que ele não cedia nem esquecia nenhum dos
direitos e deveres que lhe davam a idade e a classe em que
nascera. Elegante e polido, obedecia à lei do decoro pessoal,
ainda nas menores partes dela.
Mendonça
Chega ao Rio de Janeiro esteve em Paris por um tempo, ao
conhecer Helena tem inicialmente um má impressão, mas depois
se apaixona quando Estácio viaja. Acaba sendo mal interpretado
pelo colega que se arde em ciúmes, a amizade fica abalada,
mas depois é restaurada.
Mendonça fora o seu melhor companheiro de aula. Havia
entre eles certos contrastes de gênio. O de Mendonça era mais
folgazão e ativo.
Mendonça era da mesma estatura que Estácio, um pouco
mais cheio, ombros largos, fisionomia risonha e franca, natureza
móbil e expansiva. Vestia com o maior apuro, como verdadeiro
parisiense que era, arrancado de fresco ao grand boulevard, ao
café Tortoni e às récitas do Vaudeville. A mão larga e forte
calçava fina luva cor de palha, e sobre o cabelo, penteado a
capricho, pousava um chapéu de fábrica recente.
D. Úrsula
Tia de Estácio, senhora entre seus 50 anos, no começo
reluta em aceitar a moça, mas depois cede aos caprichos da
moça principalmente quando Helena cuida dela quando adoece.
Conselheiro Vale
É a sua morte que desencadeia todo o conflito, pois
reconhece em seu testamento uma filha que estudava na escola
no Botafogo.
Salvador
O verdadeiro pai de Helena, fugiu com Ângela e viveu
sempre na pobreza com a única felicidade em ter a filha, ao ir
visitar seu pai, que depois morre, descobre que ela está com o
conselheiro, e sofre amargamente, mas acaba renunciando sua
paternidade em função da felicidade da filha. Era ele que Helena
visita várias vezes na chácara e que relata ao padre e Estácio a
real origem da moça. Antes da morte da moça, escreve um carta
dizendo que vai embora para não prejudicá-la.
Era um homem de trinta e seis a trinta e oito anos, forte de
membros, alto e bem proporcionado. Uma cabeleira espessa e
comprida, de um castanho escuro, descia-lhe da cabeça até
quase tocar nos ombros. Os olhos eram grandes, e geralmente
quietos, mas riam, quando sorriam os lábios, animando-se então
de um brilho intenso, ainda que passageiro. Havia naquela
cabeça, — salvo as suíças, — certo ar de tenor italiano. O
Prof. Raul Castro
pescoço, cheio e forte, surgia dentre dois ombros largos, e, pela
abertura da camisa, que um lenço atava frouxamente na raiz do
colo, podia Estácio ver-lhe a alva cor e a rija musculatura. Vestia
pobre, mas limpamente, um rodaque branco, calça de ganga e
colete de brim pardo. O vestuário, disparatado e mesquinho, não
diminuía a beleza máscula da pessoa; acusava somente a
penúria de meios.
Ângela
Morre quando Helena possuía apenas 12 anos,
extremamente amada pela filha, Ângela larga Salvador para ficar
com o Conselheiro, chega a dizer para a filha que seu pai
morrera.
Dr. Camargo
É o médico da família, homem extremamente interesseiro,
tudo para ele não passava de um negócio, sente-se chateado
por Helena entrar na família, pois diminuiria a herança de
Estácio. Chega a pedir ajuda da moça para que Estácio casasse
logo com sua filha. Morava no Rio Comprido com sua filha
Eugênia e D. Tomásia, sua esposa:
Camargo era pouco simpático à primeira vista. Tinha as
feições duras e frias, os olhos perscrutadores e sagazes, de uma
sagacidade incômoda para quem encarava com eles, o que o
não fazia atraente. Falava pouco e seco. Seus sentimentos não
vinham à flor do rosto. Tinha todos os visíveis sinais de um
grande egoísta; contudo, posto que a morte do conselheiro não
lhe arrancasse uma lágrima ou uma palavra de tristeza, é certo
que a sentiu deveras. Além disso, amava sobre todas as coisas
e pessoas uma criatura linda, — a linda Eugênia, como lhe
chamava, — sua filha única e a flor de seus olhos; mas amava-a
de um amor calado e recôndito. Era difícil saber se Camargo
professava algumas opiniões políticas ou nutria sentimentos
religiosos. Das primeiras, se as tinha, nunca deu manifestação
prática; e no meio das lutas de que fora cheio o decênio anterior,
conservara-se indiferente e neutral. Quanto aos sentimentos
religiosos, a aferi-los pelas ações, ninguém os possuía mais
puros. Era pontual no cumprimento dos deveres de bom católico.
Mas só pontual; interiormente, era incrédulo.
CURIOSIDADE!
Não se esqueçam dos três beijos de Camargo:
O primeiro ocorre ainda no primeiro capítulo, quando morre
o conselheiro Vale.
O segundo ocorre na capítulo XIII, quando chega a carta de
Estácio pedindo a sua filha em casamento.
A terceira na morte de Helena.
Esses beijos representam as conquistam do objetivo central
de Camargo, casar a filha, que vão desde a morte do seu amigo
conselheiro Vale, passa pelo pedido e vai se concretizar na
morte de Helena.
Eugênia
Era a noiva prometida à Estácio, eram amigos desde a
infância, mas tinha certas atitudes que desagradavam ao rapaz,
como por exemplo o fato de que a moça discutia muitas
futilidades.
Era de pequena estatura; tinha os cabelos de um castanho
escuro, e os olhos grandes e azuis, dois pedacinhos do céu,
abertos em rosto alvo e corado; o corpo, levemente refeito, era
naturalmente elegante; mas se a dona sabia vestir-se com luxo,
e até com arte, não possuía o dom de alcançar os máximos
efeitos com os meios mais simples.
Dr. Matos
Era advogado da família, que é descrito como desconhecer
da ciência do direito, no entanto tinha aprendizados
meteorológicos e botânicos, vivia a falar de uma planta medicinal
ou de uma erva que curava aquilo e aquilo outro, era viciado em
gamão.
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A esposa de Dr. Matos era D. Leonor a quem Conselheiro
Vale já se ardera de paixões, mas que fora desprezado pela
mesma. Ela era descrita como uma das belezas do primeiro
reinado e conservava bem o aroma da juventude.
Melchior
O padre exerce um papel importante principalmente
quando Helena pede que sonde o coração de Mendonça, pois
ela queria se casar com ele. Melchior desenvolve sempre um
papel de apaziguador, ora entre Helena e Mendonça em um
jantar, ora entre Estácio e Mendonça, quando se estranham por
causa de Helena, ora quando vai com Estácio até a casa de
Salvador.
Melchior era capelão em casa do conselheiro, que mandara
construir alguns anos antes uma capelinha na chácara, onde
muita gente da vizinhança ouvia missa aos domingos. Tinha
sessenta anos o padre; era homem de estatura mediana, magro,
calvo, brancos os poucos cabelos, e uns olhos não menos
sagazes que mansos.
De compostura quieta e grave, austero sem formalismo,
sociável sem mundanidade, tolerante sem fraqueza, era o
verdadeiro varão apostólico, homem de sua Igreja e de seu
Deus, íntegro na fé, constante na esperança, ardente na
caridade. Conhecera a família do conselheiro algum tempo
depois do consórcio deste.
Vale notar que mesmo Machado de Assis tendo tendências
a nunca obedecer a preceitos de escolas, obedece a uma
rigorosa característica romântica: a idealização da figura
religiosa, o padre.
Mesmo assim o autor não deixa de contrastar tal
idealização com a descrença de Estácio, que era matemático, ou
seja, voltado para um caráter científico.
Macedo
O coronel Macedo tinha a particularidade de não ser
coronel. Era major.
Alguns amigos, levados de um espírito de retificação,
começaram a dar-lhe o título de coronel, que a princípio recusou,
mas que afinal foi compelido a aceitar, não podendo gastar a
vida inteira a protestar contra ele. Macedo tinha visto e vivido
muito; e, sobre o pecúlio da experiência, possuía imaginação
viva, fértil e agradável. Era bom companheiro, folgazão e
comunicativo, pensando sério quando era preciso. Tinha dois
filhos, um rapaz de vinte anos, que estudava em São Paulo, e
uma moça de vinte e três, mais prendada que formosa.
Vicente
Era o pajem de Helena, sempre ia com ela visitar a casinha
pobre, no início, na chegada de Helena, é o primeiro a advogar
por ela, chega a procurar o padre e conta que o homem que ela
visitava era irmão de Helena, mas era na verdade o que ele
achava ser.
RESUMO
Por Raul Castro
Capítulo I
A narrativa inicia logo com a morte de conselheiro Vale,
homem idôneo e detentor de grande status social, mantinha um
ponto neutro partidário o que lhe concedeu o privilégio raro de
manter amizades de ambos os lados, um enterro disputadíssimo
e cheio de honrarias.
A causa da morte fora apoplexia, que é uma designação
genérica das afecções causadas por derramamento de sangue
ou de serosidade no interior de um órgão, a morte, instantânea,
o narrador trata de mencionar Dr. Camargo e Pe. Melchior,
ambos não tiveram como socorrer o conselheiro.
Em seguida trata de enumerar a família do falecido,
Estácio, filho, e D. Úrsula, irmã. Dr. Estácio, formado em
Matemática, e bastante relutante no querer do falecido pai em
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Prof. Raul Castro
inseri-lo na política, tinha 27 anos, e Úrsula, solteira, entre 50 e
59 anos.
Após o enterro, Estácio procura Camargo e reafirma os
laços de amizade mesmo com a morte do pai e saem a procura
de um testamento, Camargo após encontrá-la se impressiona
com o conteúdo e chega a chamar de erro, no entanto não diz o
assunto e alega que amanhã seria um melhor dia, todo esse
mistério para tentar prepará-los, Estácio se resigna com a dúvida
no coração.
Camargo vai para casa ver sua família, D. Tomásia, a
esposa, e Eugênia, sua filha tão amada.
Capítulo II
Chega o grande dia, então, durante a leitura, sabemos o
tamanho mistério do testamento:
Uma disposição havia, porém, verdadeiramente
importante. O conselheiro declarava reconhecer uma filha
natural, de nome Helena, havida com D. Ângela da Soledade.
Esta menina estava sendo educada em um colégio de
Botafogo. Era declarada herdeira da parte que lhe tocasse
de seus bens, e devia ir viver com a família, a quem o
conselheiro instantemente pedia que a tratasse com desvelo
e carinho, como se de seu matrimônio fosse.
A informação pega a todos de surpresa. Úrsula se indigna,
alega ser uma usurpação social, isso porque o testamento
deixava bem claro, que a filha, fruto de um amor desconhecido
com uma pessoa na qual eles não conheciam, deveria ser
inserida na família como se fosse criada com eles.
Estácio se põe contra a tia e diz querer receber a irmã, a
ordem do pai era soberana, Camargo revela que já tinha
conhecimento de Helena, ainda tenta convencê-lo a não trazer
para casa a filha bastarda, mas não é o suficiente, Estácio
mantém a palavra do pai, tal caráter de bondade nada mais era
herdado de sua mãe.
Em seguida discuti com a tia que ainda persiste em não
trazê-la, mas o filho do conselheiro novamente alega suas
opiniões:
— Contudo, ela é do nosso mesmo sangue.
D. Úrsula ergueu os ombros como repelindo
semelhante consangüinidade. Estácio insistiu em trazê-la a
mais benévolos sentimentos. Invocou, além da vontade, a
retidão do espírito de seu pai, que não havia dispor uma
coisa contrária à boa fama da família.
— Além disso, essa menina nenhuma culpa tem de sua
origem, e visto que meu pai a legitimou, convém que não se
ache aqui como enjeitada. Que aproveitaríamos com isso?
Nada mais do que perturbar a placidez da nossa vida
interior. Vivamos na mesma comunhão de afetos; e vejamos
em Helena uma parte da alma de meu pai, que nos fica para
não desfalcar de todo o patrimônio comum.
Estácio sabe que terá de esperar até a tia aceitar aquela
situação inusitada, Úrsula ainda tenta sondar as origens da mãe
de Helena com Camargo, o médico não concordava com o
herdeiro, entretanto aconselha a irmã do falecido a amá-la, e
depois de muitos pedidos do sobrinho, Úrsula vai buscar a nova
habitante da casa.
Capítulo III
Nesse capítulo, Estácio e Helena se conhecem, almoçam,
mas ainda há entre ambos, certa estranheza, passam-se quatros
dias até engatarem uma conversa mais sólida quando Estácio
diz que a casa é tão dela quanto dele, ela solicita a nova tia que
possa conhecer a casa com mais detalhes, Úrsula responde com
aspereza, Helena, brandamente se oferece para ler para ela
mostrando resignação, Estácio então se oferece para mostrar os
aposentos bem como a chácara.
Helena reluta, mas aceita, ambos vão para o gabinete do
pai, emociona-se ao saber dele e agradece por tê-la reconhecido
e lhe dado futuro e família, saem para a chácara, Helena se
mostra outra mulher, e isso surpreende de forma positiva a
Estácio:
Helena tornou-se logo outra do que se revelara no
gabinete do pai. Jovial, graciosa e travessa, perdera aquela
gravidade quieta e senhora de si com que aparecera na sala
de jantar; fez-se lépida e viva, como as andorinhas que
antes, e ainda agora, esvoaçavam por meio das árvores e
por cima da grama. A mudança causou certo espanto ao
moço; mas ele a explicou de si para si, e em todo o caso não
o impressionou mal. Helena pareceu-lhe naquela ocasião,
mais do que antes, o complemento da família. O que ali
faltava era justamente o gorjeio, a graça, a travessura, um
elemento que temperasse a austeridade da casa e lhe desse
todas as feições necessárias ao lar doméstico. Helena era
esse elemento complementar.
Após o passeio, Úrsula ainda se mantém indiferente,
Helena começa a mudar o curso da opinião de sua tia:
— Titia... disse Estácio jovialmente; minha irmã
conhece já a casa toda e suas dependências. Resta somente
que lhe mostremos o coração.
D. Úrsula sorriu, um sorriso amarelo e acanhado, que
apagou nos olhos da moça a alegria que os tornava mais
lindos. Mas foi breve a má impressão; Helena caminhou
para a tia, e pegando-lhe nas mãos, perguntou com toda a
doçura da voz:
— Não quererá mostrar-me o seu?
— Não vale a pena! respondeu D. Úrsula com afetada
bonomia; coração de velha é casa arruinada.
— Pois as casas velhas consertam-se, replicou Helena
sorrindo.
D. Úrsula sorriu também; desta vez porém, com
expressão melhor. Ao mesmo tempo, fitou-a; e era a
primeira vez que o fazia. O olhar, a princípio indiferente,
manifestou logo depois a impressão que lhe causava a
beleza da moça. D. Úrsula retirou os olhos; porventura
receou que o influxo das graças de Helena lhe torcessem o
coração, e ela queria ficar independente e inconciliável.
Capítulo IV
Aqui continua a empreitada de Helena em conquistar todos
da casa, principalmente os escravos, um dos primeiros a se
afeiçoar a ela é Vicente que será seu advogado em meio aos
outros que ainda viam a nova herdeira mais como um gesto de
caridade.
O capítulo fala um pouco mais de Melchior, padre de
sessenta anos que comandava a igrejinha na chácara. Dr.
Matos, um velho advogado e D. Leonor, esposa, a quem o
conselheiro Vale já se ardera de paixões.
Depois o coronel Macedo, que era na verdade major,
homem bastante experiente.
Helena vence a todos, Úrsula cede aos poucos, mas
Camargo continua irreconciliável em sua opinião.
Todo esse encanto das pessoas se dava por dois grandes
motivos:
1 – A origem misteriosa da moça: “vantagem grande,
porque o obscuro favorecia a lenda, e cada qual podia atribuir o
nascimento de Helena a um amor ilustre ou romanesco, —
hipóteses admissíveis, e em todo o caso agradáveis a ambas as
partes.”
2 – À personalidade de Helena: “Helena tinha os
predicados próprios a captar a confiança e a afeição da família.
Era dócil, afável, inteligente. Não eram estes, contudo, nem
ainda a beleza, os seus dotes por excelência eficazes. O que a
tornava superior e lhe dava probabilidade de triunfo, era a arte
de acomodar-se às circunstâncias do momento e a toda a casta
de espíritos, arte preciosa, que faz hábeis os homens e
estimáveis as mulheres. Helena praticava de livros ou de
alfinetes, de bailes ou de arranjos de casa, com igual interesse e
gosto, frívola com os frívolos, grave com os que o eram,
atenciosa e ouvida, sem entono nem vulgaridade. Havia nela a
Prof. Raul Castro
jovialidade da menina e a compostura da mulher feita, um
acordo de virtudes domésticas e maneiras elegantes.
Além das qualidades naturais, possuía Helena algumas
prendas de sociedade, que a tornavam aceita a todos, e
mudaram em parte o teor da vida da família. Não falo da
magnífica voz de contralto, nem da correção com que sabia usar
dela, porque ainda então, estando fresca a memória do
conselheiro, não tivera ocasião de fazer-se ouvir. Era pianista
distinta, sabia desenho, falava correntemente a língua francesa,
um pouco a inglesa e a italiana. Entendia de costura e bordados
e toda a sorte de trabalhos feminis. Conversava com graça e lia
admiravelmente. Mediante os seus recursos, e muita paciência,
arte e resignação, — não humilde, mas digna, — conseguia polir
os ásperos, atrair os indiferentes e domar os hostis.”
Capítulo V
Estácio visita Eugênia, filha de Camargo a fim de reatar o
desejo de pedir a moça a permissão para pedi-la ao seu pai em
namoro, entretanto ao longo da conversa, Estácio apresenta
uma certa dualidade, dúvidas em relação ao que sente pela
moça. Eugênia era meiga, simpática, até mesmo almeja a
amizade de Helena, entretanto se entrega facilmente às
futilidades da vida, intriguinhas juvenis o que desanima Estácio.
O silêncio paira sobre os dois, Carlos Barreto, estudante
de Medicina, chega para entregar os convites do baile de uma
de suas parentas, e quebra o silêncio, Eugênia esquece o
ocorrido, tudo fica em paz, a desilusão do rapaz o aplaca, pois a
intenção de estar ali, pedi-la em namoro ao pai, havia sido
cancelada.
Capítulo VI
Ao chegar a casa, o jovem matemático recebe a carta de
Luís Mendonça, que havia sido seu colega de sala, esteve na
Europa, por dois anos, estava agora em Pernambuco, e
anunciava que logo em breve chegaria, tal notícia o anima e tira
um pouco do peso da desilusão no capítulo anterior.
Então entra em cena Helena, submissa, ainda tentando
ganha a tia Úrsula, diz querer aprender a andar a cavalo, Estácio
se oferece para ensiná-la, D. Úrsula até empresta um vestido de
amazona, Helena e Estácio conversam e Helena é usada pelo
autor para expressar certos aforismos (olhar aforismos).
Helena já sabia andar a cavalo, mente para Estácio a fim
de que ele a acompanhasse, que a reprende com perguntas, ela
triste fica, mas Estácio restabelece o clima amigável
desculpando-a por achá-lo que lhe negaria tal prazer.
Um clima romântico vai se estabelecendo entre ambos:
Apertaram-se as mãos, e o passeio continuou nas
melhores disposições do mundo. Helena deu livre curso à
imaginação e ao pensamento; suas falas exprimiam, ora a
sensibilidade romanesca, ora a reflexão da experiência
prematura, e iam direitas à alma do irmão, que se comprazia
em ver nela a mulher como ele queria que fosse, uma graça
pensadora, uma sisudez amável.
De quando em quando faziam parar os animais para
contemplar o caminho percorrido, ou discretear acerca de
um acidente do terreno.
Debatem sobre riquezas e reflexões, Helena responde a
altura que Estácio alega que ela deveria ter nascido homem e
advogado.
Continua a caminhar, ao estarem próximos da chácara,
uma tristeza abate Helena que sendo percebida pelo irmão pede
apenas que ele diga cada má impressão que dela tiver, então
chegam, ele, curioso com o pedido e apreensivo pela suposta
indireta da infelicidade da irmã e ela com vergonha.
Capítulo VII e VIII
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Estácio insiste em pedir que Helena desse melhores
explicações sobre o ocorrido, a irmã tenta se desviar, logo
depois o bom humor da moça volta.
Estácio procura a tia e conversa sobre Helena, Úrsula
revela que as desconfianças antes sentidas diminuíram, e
quando se prepara para contar a novidade, Camargo chega de
surpresa, e inicia uma longa conversa na tentativa de convencêlo a ser o novo deputado em virtude dos dotes familiares, que
reluta e diz consultar os moradores da casa, inclusive a nova
herdeira. Ao sair padre Melchior solicita que se candidate, até
mesmo para sua surpresa, Helena também se mostra a favor.
Logo após, D. Tomásia e Eugênia vão almoçar no Andaraí.
No dia seguinte espiando pela janela flagra Helena lendo
uma carta de quatro laudas, o que lhe entristece, pois imagina
ser uma carta amorosa, desce movido pela curiosidade, a moça
chega a perguntar-lhe se desejava lê-la, entretanto ele se
contém.
Depois é a vez de Estácio de receber uma carta de
Eugênia, que mostra à irmã, ambos conversam e Helena
aconselha-o a procurá-la duvidando do amor do rapaz, na tarde
que decide vê-la, cai um grande temporal e o plano de visita é
abortado.
Capítulo IX
D. Úrsula adoece e Helena cuida como uma enfermeira,
além de presidir a casa com maestria, após a cura da tia, a
jovem moça acaba por ganhar de vez o seu carinho.
Estácio ainda se resigna a pedir Eugênia em casamento, e
não gosta ao saber que Helena está saindo a cavalo com
Vicente, o pajem, Helena chega a perguntar se Estácio está
chateado, o mesmo se diz incomodado com as saídas e
pergunta se ela ama, e ela diz: “Muito! Muito! Muito!”
envergonha-se, quando chega o amigo distante do matemático,
Luís Mendonça.
Capítulo X
Os amigo se abraçam e logo é apresentada ao colega
recém-chegado Helena, inicialmente ele tem má impressão, mas
Estácio trata de tirá-la, conversam sobre a vida e o casamento
do matemático, o colega diz querer imitá-lo, estava cansado das
viagens, das variedades que Paris proporcionava, no entanto ele
mantém esses hábitos na cidade carioca.
Helena e seu irmão voltam a passear juntos.
Capítulo XI
Era o aniversário de Estácio, Helena dá-lhe de presente um
fiel desenho do ambiente que por vezes passavam quando
passeavam a cavalo, o desenho era uma imitação perfeita, o
jovem fica maravilhado, D. Úrsula que lhe deu uma bocetinha de
joalheiro admira a destreza da moça.
Ele decide levá-la para passear no mesmo ambiente para
comparar o desenho dado pela irmã, neste capítulo ele dá
indícios do amor que sente por ela:
A uma das janelas estava um homem, com a cabeça
inclinada, atento a ler o livro que tinha sobre o peitoril. ...
— Mal sabes tu, filósofo matinal, disse Estácio consigo,
mal sabes tu que a tua casa teve a honra de ser reproduzida
pela mais bela mão do mundo!
Capítulo XII
A festa se segue, Mendonça dança com Eugênia
ganhando elogios de Dr. Matos, Camargo concorda, depois,
Mendonça pede à Helena que lhe conceda uma dança que a
nega, alegrando Estácio.
A jovem moça ocupada com os afazeres da festa dorme
em um sofá, mas é interrompida por Camargo, alegando ele
pedir um conselho, o que a faz ficar desconfiada.
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Prof. Raul Castro
Aqui se inicia um longo diálogo.
Camargo alega querer fazer uma viagem, mas tem medo
de embarcar e deixar Eugênia sem estar casada com Estácio,
que, segundo ele, está tendo umas mudanças de
comportamento em relação ao amor que sente por sua filha. Daí
o médico propõe que Helena intervenha, que logo pede para que
o mesmo procure pelo Estácio, o médico reluta:
— Não havia inconveniente; estabeleceu-se, porém que
um pai não deve ser o primeiro a falar em tais coisas. É
preciso respeitar a dignidade paterna.
Acresce que Estácio é rico, e tal circunstância podia
fazer supor de minha parte um sentimento de cobiça, que
está longe de meu coração. Podia falar a D. Úrsula; creio,
porém, que ela não tem a sua habilidade, e... por que o não
direi? A sua influência no espírito de Estácio.
Camargo continua a insistir alegando que acredita na
influência de Helena sobre Estácio, Helena então dá uma
sugestão:
— Anuncie a viagem, e Estácio se apressará a pedir-lhe
sua filha. Se o não fizer, é porque a não ama, conforme ela
merece, e em tal caso mais vale perder um casamento do
que o fazer mau.
O doutor finge aceitar e lança lhe uma ameaça:
— Dá-me o seu braço até à sala? perguntou.
Camargo sorriu.
— Só isso? Eu dizia comigo outra coisa.
— Que dizia então? perguntou Helena.
— Dizia que muito se devia esperar da dedicação de
uma moça, que acha meio de visitar às seis horas da manhã
uma casa velha e pobre, não tão pobre que a não adorne
garridamente uma flâmula azul...
Helena fez-se lívida; apertou nervosamente o pulso de
Camargo. Nos olhos pareciam falar-lhe ao mesmo tempo o
terror, a cólera e a vergonha.
Através dos dentes cerrados Helena gemeu esta
palavra única:
— Cale-se!
Helena para o médico que ele era cruel, Camargo responde
contar com ela.
Capítulo XIII-XV
A moça chega ao quarto e chora, não consegue dormir, o
irmão se preocupa e fica pensando em pedir Eugênia, Helena
chega ao escritório e cobra do irmão o pedido à Eugênia, Estácio
promete pedi-la, mas mostra dúvidas sobre seus sentimentos.
Helena o reprova e no dia seguinte Estácio entrega a carta à ela
que deveria ser dada ao Dr. Camargo, não lê e pede ao escravo
que entregue na mão do doutor.
A carta chega à família do médico, que após lê-la brada
triunfos, dá o segundo beijo na filha, Eugênia ao receber a
notícia só pensa na pompa do casório, Camargo fica a andar
pela casa, quando o autor revela as suas intenções:
Não era fácil dar a Eugênia a felicidade que o pai
ambicionava e a que mais lhe apetecia a ela. Posto não
fosse perdulário, eram poucos os haveres do médico, de
modo que a filha não podia caber pecúlio suficiente a
satisfazer todas as veleidades. Ele espreitou durante longo
tempo um noivo, armando com algum dispêndio a gaiola em
que o pássaro devia cair. No dia em que percebeu a
inclinação de Estácio, fez quanto pôde para prendê-lo de
vez. Esperou muitos meses a iniciativa de Estácio; e quando
ela lhe entrou a fugir para a região das coisas
problemáticas, suspeitou a influência de Helena. Já era
muito que esta moça diminuísse a herança do futuro genro;
arrancar-lhe o genro era demais.
Camargo não hesitou um instante, foi direito ao fim. O
resultado confirmou-lhe a suspeita.
O casamento era muito, mas não bastava. Camargo
cuidara na carreira política de Estácio, como um meio de dar
certo relevo público ao da filha, e, por um efeito retroativo, a
ele próprio, cuja vida fora tanto ou quanto obscura. Se o
marido de Eugênia se confinasse no repouso doméstico,
entre a horta e a álgebra, a ambição de Camargo padeceria
imenso. Vimo-lo apresentar a Estácio a maçã política;
recusada a princípio, foi-lhe de novo apresentada, e
finalmente aceita com a noiva. Esta dupla vitória foi o
momento máximo da vida do médico. Ele ouvia já o rumor
público; sentia-se maior, — antegostava as delícias da
notoriedade, — via-se como que sogro do Estado e pai das
instituições.
Entretanto um imprevisto ocorre, a madrinha de Eugênia,
D. Clara na qual a família da moça fazia questão que ela fosse
ao casamento, adoeceu, estava à beira da morte, e tudo teve
que ser temporariamente adiado. Era uma senhora rica e
Camargo, por interesse, quis visitá-la e resolve viajar com a
família ao Cantagalo, Eugênia se recusa, mas Estácio contra sua
vontade acaba cedendo e vai, ao se despedir de Helena, solicita
que a mesma não saia a passeio sozinha, que o desobedece,
vai à casinha velha, procura por alguém, pega um papel escreve
algo, deixa embaixo da porta e vai embora.
Todos sentem falta do homem da casa, entretanto é nessa
ausência que Mendonça começa a gostar de Helena que finge
não perceber o interesse do rapaz.
Estácio envia uma carta demonstrando uma imensa
saudade e pedindo respostas, livros e bordados. Vou fazer por
voltar breve. Adeus, minha boa Helena; adeus, minha vida,
adeus, ó mais bela e doce de todas as irmãs! Diz ele ao final
da carta.
aquilo que é simplesmente difícil. Demais, não esqueçamos
que Helena mal tem dezessete anos.
Depois critica o amigo:
— Mendonça é bom coração, disse ele; mas não possui
as qualidades que, em meu entender, devem distinguir o
marido de Helena. Nunca exercerá sobre ela a influência que
deve ter um marido. Entre os dois inverte-se a pirâmide. Mas
isto, ao menos, se destruía uma das condições do
casamento, podia conservar a felicidade doméstica. O
perigo maior é outro; é vir ele a perder a estima da mulher.
Nesse caso, que lhe daríamos nós a ela? Um casamento
aparente e um divórcio real.
Após as tentativas do padre, Estácio não volta atrás:
— Pois bem, disse Estácio, como concluindo um
raciocínio interior; consinto em que Helena se case, mas
procuremos outro marido. Mendonça, não; há de ser outro.
Vou casar-me também; receberei todas as semanas; algum
rapaz aparecerá que a mereça e de quem ela venha a gostar
seriamente... É a minha última resolução.
Capítulo XIX
Estácio encontra Mendonça chegando à capela, o jovem
matemático dá a sua opinião o que contraria a todos, Mendonça
fica decepcionado e se retira do Andaraí, o padre tenta ainda
conciliá-los, sem sucesso, Helena e Estácio brigam, mas a
moça, como sempre, convence a chamar novamente o amigo e
faz que seu irmão aceite o casamento.
Helena escreve um bilhete pedindo a Mendonça que volte.
Capítulo XVI
Capítulo XX e XXI
Ao longo do dia, Mendonça tenta se aproximar de Helena e
não é bem sucedido, o rapaz por fim decide se declarar para ela
em breve.
Depois a moça vai à capela, assisti a missa e entrega a
carta de Estácio ao padre que lê a do rapaz e a resposta da
moça. Depois saem para almoçar, o padre lhe sugere
casamento e ela reluta, depois pede ao padre que sonde o
coração de Mendonça, e sugere que pode também amá-lo.
No meio do almoço o padre pega a mão dos dois e declara
saber que Mendonça ama Helena, e que Helena pode amá-lo, o
rapaz nem acredita, acha ser um sonho, garante após recuperar
a fala que seria sua maior honra e glória, a moça se resigna ao
silêncio e aprovando as palavras do padre.
Capítulo XVII
Mendonça, empolgado com a novidade, não podia
acreditar, radiava felicidade e escreve para Estácio narrando os
últimos eventos em relação à sua irmã e pedindo seu
consentimento.
Estácio quando recebe a carta fica espantado e decidi
voltar imediatamente ao Andaraí, chegando, todos se alegram e
Estácio conduz Mendonça ao quarto para conversar, o amigo
revela amar Helena, Estácio o trata com frieza e sai para
consultar Helena dizendo poucas palavras ao amigo.
Capítulo XVIII
Somente no dia seguinte a conversa entre os irmãos
ocorre, Estácio alega que a moça está se sacrificando casando
com um homem que não a ama, pois a mesma já havia dito que
amava uma pessoa.
Helena responde que não, procurava alguém que a amava,
o resto era ilusão ou fantasia que havia passado, Estácio não
acredita na irmã e diz que não consentirá o casamento.
O rapaz sai a procura do padre que não entende o porquê
do não consentimento do rapaz. Eis a justificativa:
— Porque não desanimo de descobrir a pessoa a quem
Helena entregou o coração. Talvez ela ache impossível
Prof. Raul Castro
Estácio vai com o padre atrás de Mendonça que já
esperava por aquela visita, mas o clima ainda é tenso, Helena se
diz disposta a casar, chega a se comparar a um exército em
sentido à sua decisão.
Foi após isso que Estácio decide caçar, depois de
fracassadas tentativas, vê o pajem de Helena, a quem a mesma
já havia pedido sua liberdade, conduzindo a mula e a égua, ele
se esconde e fere sua mão na certa, e vê a saída de Helena em
direção à casa de bandeira azul onde ela havia desenhado o
quadro que dera a ele. Após a saída dela, ele vai até lá, sobre o
pretexto da mão ensanguentada, e entra, o homem mesmo
pobre o recebe muito bem, Estácio ao estar recebendo os
cuidados o observa:
Era um homem de trinta e seis a trinta e oito anos, forte
de membros, alto e bem proporcionado. Uma cabeleira
espessa e comprida, de um castanho escuro, descia-lhe da
cabeça até quase tocar nos ombros. Os olhos eram grandes,
e geralmente quietos, mas riam, quando sorriam os lábios,
animando-se então de um brilho intenso, ainda que
passageiro. Havia naquela cabeça, — salvo as suíças, —
certo ar de tenor italiano. O pescoço, cheio e forte, surgia
dentre dois ombros largos, e, pela abertura da camisa, que
um lenço atava frouxamente na raiz do colo, podia Estácio
ver-lhe a alva cor e a rija musculatura. Vestia pobre, mas
limpamente, um rodaque branco, calça de ganga e colete de
brim pardo. O vestuário, disparatado e mesquinho, não
diminuía a beleza máscula da pessoa; acusava somente a
penúria de meios.
E depois o deixa dizendo que se desejasse poderia dar-lhe
melhor condição de vida, o homem recusa a oferta.
No jantar de volta a casa ele continua a desconfiar da irmã
e se resigna ao escritório.
Capítulo XXII
Helena visita o irmão cobra a sua presença na casa; não
obtém resposta, começa a perguntar o que houve, quando ele
vai e pega o quadro na parede e aponta para a casa da bandeira
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azul. Helena treme, Estácio arremessa o quadro e ela corre pelo
corredor.
Dr. Úrsula visita o rapaz que tem algo a dizer, mas só
depois, em seguida a tia vai a Helena, que pouco fala e também
nada revela.
Estácio fica preocupado e com medo dos escravos
desconfiarem do que se passava dentro da casa.
Manda chamar Pe. Melchior, após se reunirem, ele conta o
que vira. Dr. Úrsula fica arrasada, o padre pede que ela saia e
fica sozinho com Estácio que aguarda para ouvir o capelão.
Dr. Camargo, por carta, manda avisar que D. Clara morrera
e que em breve estará de volta.
Capítulo XXIII
O padre pergunta se o rapaz acredita em Deus e diz que o
mesmo esteve à beira do abismo do pecado, o jovem diz não
entender, quando ele revela:
— Estácio, disse Melchior pausadamente, tu amas tua
irmã.
Aquilo deixa-o aterrado de pavor, de medo e de horror,
tenta falar e não consegue, nega. Melchior não aceita as
alegações e ao sair faz jurar que tratará Helena como uma
estranha e que só falará com ela depois de amanhã. A promessa
é feita frente ao crucifixo e a benção do padre.
Capítulo XXIV
Em meio ao escândalo, a tensão se instaura na casa, o
clima fica tenso. Vicente procura o padre e diz saber de algo que
pode salvar a reputação de sua senhora, mas com a chegada de
um escravo e estando escuro, o pajem beija-lhe a mão e se
retira.
Mendonça escreve perguntando se há doença na casa.
No dia seguinte o padre se encontra com ela do lado de
fora, D. Úrsula vai chamar Estácio, enquanto isso o padre diz
que Vicente o procurara e que o jovem rapaz havia dito que o
homem com quem Helena se encontrava era seu irmão, e que
nenhum mal havia nisso.
Helena o desmente, entrega uma carta e diz que após a
leitura dela a relação com aquela família estará acabada.
Estácio chega, o padre já tem lido e entrega ao jovem
matemático a carta, lá dizia:
“Minha boa filha. Sei pelo Vicente que alguma coisa aí
há que te aflige. Presumo adivinhar o que é. O Estácio
esteve comigo, logo depois que daqui saíste a última vez.
Entrou desconfiado, e deu como razão ou pretexto a
necessidade de curar algumas feridas feitas na mão. Talvez
ele próprio as fizesse para entrar aqui em casa. Interrogoume; respondi conforme pedia o caso.
Supondo que ele soubesse de tuas visitas, não lhe
ocultei a minha pobreza; era o meio de atribuí-las a um
sentimento de caridade. A virtude serviu assim de capa a
impulsos da natureza. Não é isso em grande parte o teor da
vida humana? Fiquei, entretanto, inquieto; talvez lhe não
arrancasse o espinho do coração. Pelo que me disse o
Vicente, receio que assim acontecesse. Conta-me o que há,
pobre filha do coração; não me escondas nada. Em todo
caso, procede com cautela. Não provoques nenhum
rompimento. Se for preciso, deixa de vir aqui algumas
semanas ou meses. Contentar-me-ia a idéia de saber que
vives em paz e feliz. Abençôo-te, Helena, com quanta efusão
pode haver no peito do mais venturoso dos pais, a quem a
fortuna, tirando tudo, não tirou o gosto de se sentir amado
por ti. Adeus. Escreve-me. —Salvador.”
“P.S. Recebi o teu bilhete. Pelo amor de Deus, não
faças nada; não saias daí; seria um escândalo.”
Tudo começa a ficar confuso, o padre ainda tenta retirar de
Helena alguma confissão, mas de nada adianta, então eles
resolver ir até a casa de Salvador, o real pai de Helena.
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Prof. Raul Castro
Capítulo XXV
O padre e Estácio vão até Salvador, mostram a carta e ele
se propõe a contar toda a história.
Aqui narra sua tragédia e suas angústias e suas dores.
Ângela era filha de um nobre lavrador no Rio Grande do
Sul, linda e bela, ele era filho de um homem que tinha boas
condições e que queria o seu progresso, que estudasse.
Impelidos pelo amor, fogem e vivem na miséria, nem
sequer casam, o amor entre os dois só aumentava, Salvador
trabalhava com bastante vigor e sacrifício, tivera várias
profissões, o salário é que não compensava muito.
Quando tudo parecia estar perdido nasce Helena, era o
motivo de sua vida:
Os senhores não são pais; não podem avaliar a força
que possui o sorriso de uma filha para dissolver todas as
tristezas acumuladas na fronte de um homem. Muita vez,
quando o trabalho me tomava parte da noite, e eu, apesar de
robusto, me sentia cansado, erguia-me, ia ao berço de
Helena, contemplava-a um instante e parecia cobrar forças
novas. Se o próprio berço era obra de minhas mãos!
Fabriquei-o de alguns sarrafos de pinho velho; obra
grosseira e sublime; servia a adormecer metade da minha
felicidade na terra.
Depois sabe que o pai está doente, vai ao encontro dele e
lá falecendo o pai retorna para sua família depois de um tempo,
no entanto ao chegar, fica sabendo que sua esposa está de vida
nova morando em São Cristóvão, vai ao encalço dela e descobre
que Ângela está morando com o conselheiro Vale.
Aquilo o arrasa, pensa em apelar para a violência, queria
resgatar Helena, mas ela rogava implorava e pedia que não.
Salvador vivia na espreita a vigiá-los até que um dia uma
cena que ele presencia muda tudo:
O conselheiro erguera-se, tendo nos braços Helena,
que já não chorava. Ele beijava-lhe as mãozinhas e dizia-lhe:
“Se papai foi para o céu, fiquei eu no lugar dele, para dar-te
muito beijo, muito doce e muita boneca. Queres ser minha
filha?” A resposta de Helena foi a do náufrago; estendeu-lhe
os braços em volta do pescoço, como se dissesse: “Se não
tenho ninguém mais no mundo!” O gesto foi tão eloqüente
que eu vi borbulhar uma lágrima nos olhos do conselheiro.
Essa lágrima decidiu do meu destino; vi que ele a amava, e
de todos os sacrifícios que o coração humano pode fazer,
aceitei o maior e mais doloroso: eliminei a minha
paternidade, desisti da única herança que tinha na terra,
força da minha juventude, consolo de minha miséria, coroa
de minha velhice, e voltei à solidão mais abatido que nunca!
A partir daí ele chora e interrompe a narrativa.
Capítulo XXVI
Salvador se recompõe e continua, diz que aos 12 anos
Helena o reconheceu na rua e o abraçou, o pai fizera a moça
prometer que não o vira, e ela cumpre.
Depois começa a visitar a filha para isso, deixava de comer
para dar dinheiro a uma escrava que intermediava o encontro.
Fica sabendo da morte de Ângela, depois de cinco ano
morre conselheiro Vale, e quando soube do testamento nada
pode fazer.
Capítulo XXVII
O pai de Helena diz que se a família não a quiser mais ele
a quererá.
Estácio sai com padre sem saber o que fazer, Melchior
orienta a deixar as coisas como estão, mas o jovem não a quer
como irmã, o padre sabe o porquê:
— Estácio! disse o padre, depois de olhar para ele um
instante. Compreendo, quisera despojar Helena do título que
seu pai lhe deixou, para lhe dar outro, e ligá-la à sua família
por diferente vínculo...
Ao chegarem, Helena vai ao encontro deles e a família
demonstra seu desejo de tê-la na casa, mas Helena se diz não
merecedora de tal obséquio e pede meio que querendo que não
que a permita ir embora. Estácio nega. Recebe depois uma carta
de Salvador dizendo que estava indo embora.
Capítulo XXVIII
Estácio se encontra arrebatado de amores por Helena,
aquilo lhe consumia, mas decidi escrever a Mendonça, para se
adiantar pois queria apressar o seu casamento.
Helena a cada dia vai ficando mais triste, o padre sugeri
que vigiem, pois todos temiam que cometessem suicídio. O
jovem matemático frente a um tanque e pede que entre, ela
pede tempo, estava molhada, Estácio tenta convencê-la e
trocam olhares, olhares de amor e paixão. Quando começa os
indícios de chuva ele a traz, mas quando chove ela corre pela
chuva, Estácio a agarra e a traz de volta. Helena vá se
encontrava fraca e com muita febre.
A partir de então a luta na casa pela vida de Helena é
constante, Estácio resolve ir atrás do pai, de nada adianta.
Camargo chega, Eugênia tenta lhe dar forças. Estácio e
Mendonça choram agarrados no jardim.
Mandam chamá-lo, Helena morre em seus braços. Todos
sofrem, principalmente Estácio:
Sozinho com Estácio, o capelão contemplou-o longo
tempo; depois, alçou os olhos ao retrato do conselheiro,
sorriu melancolicamente, voltou-se para o moço, ergueu-o e
abraçou com ternura.
— Ânimo, meu filho! disse ele.
— Perdi tudo, padre-mestre! gemeu Estácio.
Ao mesmo tempo, na casa do Rio Comprido, a noiva de
Estácio, consternada com a morte de Helena, e aturdida com
a lúgubre cerimônia, recolhia-se tristemente ao quarto de
dormir, e recebia à porta o terceiro beijo do pai.
Exercícios – HELENA
01. Em Helena, podemos afirmar:
a) É uma narrativa homodiegética.
b) Pertence ao romance regionalista.
c) Tem como espaço central o Rio de Janeiro.
d) Tem como temática central o amor de Estácio e
Helena.
02. Machado de Assis, ao escrever Helena, fugiu dos
padrões da escola, pois:
a) Representa um amor idealizado.
b) Representa o catolicismo como um mal social.
c) Representa
Helena
despida
da
ideologia
romântica.
d) Representa uma crítica social forte aos padrões
burgueses da época.
03. Sobre o estilo e linguagem machadiano assinale o item
incorreto:
a) "elementos barrocos" (dualidade, dúvida, exagero
lírico.
b) "resíduos românticos" (narrativas convencionais ao
enredo).
c) "aproximações
realistas"
(atitude
crítica,
objetividade, temas contemporâneos).
d) "procedimentos impressionistas" (recriação do
passado através da memória).
04. Em Helena, encontramos logo no primeiro capítulo a
situação que irá desencadear o conflito da trama, que
seria:
a) A descoberta de Helena no testamento.
b) A morte de Conselheiro Vale.
Prof. Raul Castro
c)
d)
O mistério de Dr. Camargo a respeito do
testamento.
A forma misteriosa da morte do Conselheiro Vale.
05. Ao saberem do testamento, descobrem que há a
presença de um terceiro na herança, com relação à
reação, podemos afirmar:
a) Estácio contesta o testamento e diz que foi
falsificado.
b) D. Úrsula aceita de bom grado, mas Dr. Camargo
contesta a ordem de Conselheiro.
c) D. Úrsula se põe contra a vinda da moça e Estácio
também.
d) Estácio está disposto a obedecer ao pai, mas D.
Úrsula não a quer na casa.
06. Helena vai aos poucos ganhando o encanto das
pessoas, isso se dava por várias razões, exceto:
a) Pela origem misteriosa da moça.
b) Pelas suas habilidades na pintura, na costura e na
leitura.
c) Pela sua jovial e bela aparência.
d) Pelo fato de que se mostrava ser uma moça
ingênua e simples.
07. Sobre o Dr. Camargo, assinale o item correto:
a) Era o médico da família, seu maior desejo era
casar Eugênia com Estácio, visava apenas o
dinheiro do rapaz.
b) Era amigo e médico da casa, homem humilde e
sem traços de maquiavelismo.
c) Era casado com D. Tomásia e tinha uma filha
Aurélia Camargo.
d) Tinha como grande objetivo o casamento da filha
com Luís Mendonça, amigo de Estácio
08. A filha de Dr. Camargo era:
a) Helena
b) D. Ângela
c) Eugênia
d) D. Clara
09. Sobre os três beijos que Dr. Camargo dá a filha é
correto afirmar:
a) O primeiro se dá quando ocorre o aniversário de
Estácio.
b) O segundo se dá quando chega a carta de Estácio
pedindo sua filha em casamento.
c) O terceiro ocorre quando descobrem que Helena
adoecera.
d) O
terceiro
e
segundo
beijo
ocorrem
simultaneamente quando Helena morre.
10. Esses três beijos do médico representam dentro da
história:
a) O resquício de bondade existente no coração de
Camargo.
b) Os interesses do médico que vão sendo
alcançados ao longo da narrativa.
c) Os momentos de infelicidade na vida do médico.
d) O amor que tinha pela sua filha.
11. Estácio e Helena vão se conhecendo, Helena vai a
cada passo conquistando a confiança de todos, D.
Úrsula adoece, a moça cuida dela, quando Estácio
recebe a visita de seu amigo que havia lhe escrito
falando de sua chegada, esse seria:
a) Luís Mendonça
b) Macedo
c) Vicente
d) Dr. Matos
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HELENA - Colégio Luciano Feijão