E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 1 º D E A G O S T O D E 2 0 1 0 5 BEMVIVER Monitoramento do treinador impede que atletas se machuquem ou sejam impedidos de correr por dores musculares RENATO WEIL/EM/D.A PRESS CORRIDA O professor de educação física Cássio Vilela diz que as dores musculares tardias normalmente são sentidas nos músculos e incluem rigidez e leve sensação de inchaço Orientação evita lesões MARCELO SANT’ANNA/EM/D.A PRESS HUMBERTO SIQUEIRA André Rodrigues e Fernando Assunção estão em ritmo acelerado para a meia maratona Ritmo adequado de treinos Fernando César Menezes Assunção, nefrologista, de 33 anos, mantém ritmo de treino semelhante ao de André. “Treino seguindo rigorosamente a planilha do meu treinador. Para mim, estar bem orientado é o principal segredo para que a corrida proporcione qualidade de vida e saúde, e não doenças e lesões. A única vez em que me machuquei foi justamente por estar praticando sem o suporte de um educador físico. Tive uma lesão conhecida como síndrome da banda íleo-tibial. Precisei me tratar por três meses com fisioterapia, gelo, anti-inflamatório e alongamento, além de interromper os treinamentos. Ou seja, não compensa”, defende. Ele pretende completar os 21.097 metros da meia maratona em 1 hora e 24 minutos. O circuito abrangerá a orla da Pampulha e um trecho dentro do Parque Ecológico. "São esperados grandes nomes internacionais do atletismo, além dos principais corredores do Brasil, o que irá garantir um alto nível à competi- ção", garante Bruno Khouri, organizador da corrida. A premiação total da meia maratona, distribuída entre os primeiros cinco competidores que cruzarem a linha de chegada será de R$ 30 mil. E a classificação será feita por idade e sexo. Simultaneamente à meia maratona, será realizado um circuito de cinco quilômetros no entorno da orla, o que irá permitir a participação de iniciantes e amadores. O ponto inicial e de chegada dessa prova será na Praça Pampulha. Participantes deficientes largam às 7h30 e 7h35. A elite feminina às 7h40. E as demais largadas simultaneamente às 8h, com transmissão, ao vivo, pela TV Alterosa. AMeiaMaratonaInternacional de Belo Horizonte é uma realização dos Diários Associados e TBH Esportes e promoção do Estado de Minas, Aqui, TV Alterosa, Guarani FM, Portal Uai e Ragga e tem o apoio da Prefeitura de Belo Horizonte. Informações: www.meiamaratonadebh.com.br. Quem já fez algum tipo de treinamento físico sabe bem que, não raro, surgem dores localizadas. Mas é preciso ter atenção, pois essa sensação é normal apenas quando ocorre nos músculos mais exigidos durante a atividade física. Incômodos constantes que até impeçam a realização do exercício não são comuns. Nesses casos, o ideal é buscar logo um profissional para avaliá-las, pois podem ser os primeiros sinais de futuras lesões mais sérias, muitas vezes consequência de excesso de atividade física e/ou execução incorreta. Segundo Cássio Vilela, professor de educação física da academia Rio Sport Center, tanto na musculação quanto em atividades aeróbicas, a dor muscular tardia é comum porque nessas modalidades as pessoas utilizam diferentes métodos de treinamento que variam o tipo de exercício, a intensidade, a velocidade e a amplitude do movimento, principais variáveis que contribuem para a dor de início tardio. Dores tardias se manifestam, em média, dentro de 24 ou 48 horas depois da prática de algum exercício e podem persistir por alguns dias. “Normalmente, essa sensação é percebida apenas nos músculos. Os sintomas incluem rigidez muscular local, leve sensação de inchaço, sensibilidade à apalpação e ao alongamento, e não incomodam durante o exercício. Aparecem sempre depois, como consequência das microlesões causadas nos músculos pelo esforço. Descrições como contraturas, pinçamento, ardores, entre outras sensações, que são diferentes daquelas relacionadas à dor tardia, são relatadas em quadros de entorses, estiramentos e contusões. Repouso e métodos anti-inflamatórios são usualmente recomendados. Pode-se afirmar que as dores são sinais de que de algo não vai bem quando se tornam frequentes. De acordo com Cássio, as dores tardias em geral são bilaterais, com igual intensidade. “Sempre vale lembrar que essa dor, que pode ser considerada normal, ocorre nos músculos, nunca em ligamentos ou articulações, por exemplo. No caso das corridas, os praticantes costumam ter dores nas pernas, pois são as partes mais exigidas. E quando treinam em descidas, as dores são piores, pois os músculos têm um esforço extra de frenagem”, explica. É preciso estar atento aos sinais que o corpo dá. Microlesões podem se transformar em macrolesões e, em seguida, em traumas. Além da orientação de um educador físico, que determinará o ritmo, a periodicidade, o tênis correto e a intensidade, é necessário controle da alimentação, nível de estresse, sono e descanso. No caso do corredor, as lesões mais comuns são tendinites rotulares, do calcâneo, da pata de ganso e a síndrome do joelho de corredor, caracterizada por uma sensibilidade aumentada com dor na tíbia, abaixo e ao lado da rótula. ORTOPEDISTA Em preparação para participar da 1ª Meia Maratona Internacional de Belo Horizonte, no próximo domingo, o ortopedista André Soares Rodrigues, de 34 anos, sabe bem a importância de se cuidar e observar os tipos de dores pelo corpo. “Como ortopedista, sempre recebo pacientes com lesões causadas por treinos incorretos. Como desde o início sempre busquei orientação de um treinador, nunca tive problemas. Só mesmo as dores tardias, que são essas microlesões que ocorrem na estrutura do músculo e dos tecidos envoltórios”, esclarece. Esses pequenos danos no músculo são responsáveis por estimular o reparo das fibras afetadas, tornando-as maiores e mais resistentes. Há dois anos treinando, André reduziu o peso em 25 quilos. Antes e depois dos treinamentos ou provas, faz aquecimento com corridas lentas de 10 a 15 minutos. São quatro treinos semanais, em que percorre um total de 50 quilômetros. “Não se deve sair correndo por aí. Muitos detalhes devem ser observados. Até o calçado a ser escolhido tem seus segredos. A pessoa precisa ver se tem pisada normal, pronada ou supinada e, se for o caso, usar uma palmilha para corrigila. Além disso, ter em mente ainda que o amortecimento do tênis dura 600 quilômetros, depois já é preciso trocar”, pontua.