REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE SABERES DA EXPERIÊNCIA POR PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDA-MENTAL DE UMA ESCOLA PÚBLICA Autora: JUDITH DOS SANTOS PEREZ Banca examinadora: Profª Drª Helenice Maia Gonçalves (presidente e orientadora); Profª Drª Monica Rabello de Castro; Profª Drª Sonia Regina Mendes dos Santos (UERJ) Data da defesa: 29/04/2011 RESUMO O presente estudo constitui-se em uma pesquisa qualitativa que tem como objetivo conhecer os indícios das representações sociais de saberes da experiência por professores dos anos iniciais do ensino fundamental, atuantes em uma escola vinculada à rede mu-nicipal de Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Por entendermos que os valores dos profes-sores, seu modo de vida e experiências pessoais interferem em sua atividade profissio-nal, procuramos perceber que saberes da experiência são mobilizados por eles e como são mobilizados em função das situações de trabalho e das interações estabelecidas com outros agentes no processo ensino-aprendizagem, privilegiando as dimensões da ativi-dade e da experiência. Por considerarmos os sujeitos como atores sociais ativos que, afetados por diferentes aspectos da vida cotidiana, podem possuir percepções diferenci-adas de um objeto em relação a outros indivíduos do seu grupo, interferindo assim, na construção de sua representação social, dirigimos também o olhar para um único sujeito – uma professora voluntária – para verificar processos de ressignificação individual do conhecimento relativo aos saberes da experiência compartilhado por seu grupo de per-tença. O estudo foi norteado pela abordagem processual desenvolvida por Serge Mos-covici, que identifica os processos formadores das representações sociais, a objetivação e ancoragem. A categoria saberes da experiência foi focalizada à luz dos estudos de Jacques Therrien, que dá ênfase aos saberes da experiência produzidos em situações reais de trabalho, utilizando princípios da ergonomia da atividade. Para a coleta de in-formações, foram realizadas observação, análise documental e entrevistas semi-diretivas com 24 professores. A pesquisa utilizou ainda como técnica de coleta a Clínica da Ati-vidade, proposta por Yves Clot, em que situamos a análise entre a tarefa prescrita e a atividade real, ou seja, como estas se realizam no processo concreto do trabalho. Para isso, foram gravados em vídeo oito dias de aula da professora voluntária e, em áudio, a narrativa de sua história de vida. Foram também efetuadas sessões de autoconfrontação simples e cruzada entre ela, outra professora convidada e a pesquisadora. A análise dos dados coletados foi realizada segundo o Modelo da Estratégia Argumentativa (MEA), conforme proposto por Monica Castro e Janet Bolite-Frant. As teses encontradas com-põem o esquema figurativo da representação social de saberes da experiência. A tese central que condensa esse esquema é “a experiência profissional orienta a prática cotidi-ana docente”, de onde os professores buscam certezas que orientam suas práticas e não em sua formação ou nas ideologias pedagógicas subjacentes aos currículos pedagógicos, reforçando a ideia de que basta ter experiência para se desenvolver um bom trabalho. Não podemos afirmar se houve ressignificação individual das representações sociais de saberes da experiência, uma vez que as teses defendidas pela professora voluntária estão imbricadas à tese central, permitindo sua adaptabilidade ao grupo. Palavras-chave: representações sociais – saberes da experiência – clínica da atividade