ID: 61579165 27-10-2015 Tiragem: 33895 Pág: 9 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 21,97 x 11,38 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Sindicatos levam hospitais a tribunal para evitar que médicos trabalhem 30 horas seguidas Saúde Alexandra Campos Ministério da Saúde anunciou que vai contestar as acções interpostas pelos sindicatos médicos Dois sindicatos integrados na Federação Nacional dos Médicos (Fnam) avançaram para os tribunais contra o Ministério da Saúde (MS) e vários centros hospitalares para os obrigar a permitir que os médicos usufruam do chamado “descanso compensatório” quando fazem turnos superiores a oito horas. Depois de urgências de 24 horas, os médicos podem ter que trabalhar no dia seguinte, cumprindo “mais de 30 horas seguidas”, o que potencia a possibilidade de erro e de burnout (exaustão), justifica Mário Jorge Neves, da Fnam. Para hoje está marcada uma reunião para fazer um “diagnóstico mais rigoroso” dos hospitais da Zona Sul e dos serviços que não “cumprem” a lei, adianta, avisando que se poderá avançar com mais acções judiciais. O primeiro sindicato a avançar foi o do Sul, que, em “Abril ou Maio”, instaurou uma acção no Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa contra o MS, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), o Centro Hospitalar de Lisboa Central, o IPO de Lisboa e o Hospital Garcia de Orta, enumera Jorge Mata, advogado do sindicato. Pretende-se que o tribunal “diga, de uma vez por todas, qual é a interpretação correcta” do que está escrito na lei, precisa. Em Setembro, o sindicato da Zona Centro avançou com acções do mesmo teor, mas no Tribunal do Trabalho, segundo adiantou o Diário de Notícias. O Ministério da Saúde anunciou entretanto a intenção de contestar estas acções, sublinhando que já pediu um parecer ao conselho consulti- vo da Procuradoria-Geral da República e que aguarda “a deliberação das comissões paritárias, que integram os sindicatos e entidades empregadoras”. Já o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Roque da Cunha, fez saber que não concorda com este tipo de estratégia, ainda que defenda o direito ao descanso compensatório. Lembrando que este direito foi reconhecido pelo ministério, Roque da Cunha lembra que os médicos podem exigi-lo, com um mês de antecedência, informando por escrito a administração do hospital. O SIM até tem uma minuta para este efeito, diz.