Sumário Capítulo 1 – Sistemas Lineares …............................................................................................................. 02 Teoria .......................................................................................................................................................... 02 I. Equação linear …...................................................................................................................................... 02 II. Sistema linear .….................................................................................................................................... 02 III. Classificação de um sistema linear …..................................................................................................... 02 IV. Métodos de resolução de sistemas lineares …...................................................................................... 03 Sessão Leitura ............................................................................................................................................ 04 Fixação ….................................................................................................................................................... 05 Pintou no ENEM .......................................................................................................................................... 06 Capítulo 2 – Polinômios …......................................................................................................................... 07 Teoria ............................................................................................................................................................ 07 I. Expansão polinomial de um número ….................................................................................................... 08 II. Identidade de polinômios …..................................................................................................................... 08 III. Operações com polinômios …................................................................................................................. 08 IV. Divisão de um polinômio por um binômio do 1° grau …......................................................................... 09 V. Equação Polinomial …............................................................................................................................. 10 1)Teorema Fundamental da Álgebra …................................................................................................... 10 2)Teorema da Decomposição ….............................................................................................................. 10 VI. Raízes: …................................................................................................................................................ 11 1) Número de Raízes de uma equação Polinomial ….............................................................................. 11 2) Raízes Racionais …............................................................................................................................. 11 VII. Relações de Girard em equações do 2º e 3º …..................................................................................... 11 Sessão Leitura .............................................................................................................................................. 12 Fixação …..................................................................................................................................................... 13 Puntou no ENEM …...................................................................................................................................... 14 Capítulo 3 – Análise Combinatória …...................................................................................................... 15 Teoria ............................................................................................................................................................ 15 I. Princípio fundamental da contagem …...................................................................................................... 15 II. Fatorial ….................................................................................................................................................. 16 III.Tipos de agrupamento …........................................................................................................................... 16 1) Arranjos simples ….............................................................................................................................. 16 2) Permutação simples …........................................................................................................................ 17 3) Permutação com elementos repetidos …............................................................................................ 17 4) Combinação simples …....................................................................................................................... 17 IV. Binômio de Newton …............................................................................................................................. 18 Sessão Leitura .............................................................................................................................................. 19 Fixação …..................................................................................................................................................... 20 Pintou no ENEM …........................................................................................................................................ 21 Capítulo 4 – Probabilidade ….................................................................................................................... 23 Teoria ............................................................................................................................................................ 23 I. Conceito e definição de probabilidade ….................................................................................................. 23 II. Adição de probabilidades …..................................................................................................................... 23 III. Probabilidade condicional …................................................................................................................... 24 IV. Multiplicação de probabilidades ….......................................................................................................... 24 Sessão Leitura ….......................................................................................................................................... 25 Fixação …..................................................................................................................................................... 26 Pintou no ENEM …........................................................................................................................................ 28 Referências....................................................................................................................................................30 2 Capítulo 1 – Sistemas Lineares Teoria I. Equação Linear Conceito: chamamos equação linear toda equação do 1º grau com uma ou mais incógnitas. Definição: equação linear é toda equação que pode ser apresentada sob a forma: a1x1 + a2x2 + a3x3+ … + anxn = b Na qual: • X1, X2, X3,...,Xn, são as incógnitas; • a1, a2, a3,… an, são constantes reais chamadas coeficientes; • b é uma constante real chamada termo independente; Exemplos: a) 8x + 5y = 11 • incógnitas: x e y • coeficientes: 8 e 5 • termo independente: 11 b) 5x + 3y - 0z = - 4 • incógnitas: x, y e z • coeficientes: 5, 3 e - 0 • termo independente: - 4 Solução de uma equação linear: é toda sequência de números ( α1, α2, α3, …, αn ) que faz ser verdadeira a equação a1α1 + a2α2 + a3α3+ … + anαn = b. As equações lineares podem não apresentar solução, sendo chamadas de impossíveis, podem apresentar apenas uma solução ou infinitas soluções. Exemplo: a solução para a equação linear 8x – y + 3z = -1 é o termo ordenado (0, 4, 1), pois a sentença 8·0 - 4 + 3·1 = -1 é verdadeira. Observações: 1) 3x² + y = 5, não é equação linear, pois é do 2º grau; , não é equação linear, pois o expoente de x é -1; 3) Quando b = 0, dizemos que a equação linear é homogênea; II. Sistema Linear Conceito: é um conjunto de equações lineares simultâneas. Solução: é qualquer solução comum a todas as equações do sistema. Exemplo: 2x + y + 3z = 11 y + 5z = 9 x – y + z = -1 2·2 + 4 + 3·1 = 11 0·2 + 4 + 5·1 = 9 2 – 4 + 1 = -1 O termo ordenado (2, 4, 1) é a solução deste sistema linear, pois tal sequência é a solução comum a todas as equações do sistema. III. Classificação de um Sistema Linear 1) Sistema possível e determinado (SPD): todo sistema linear que admite apenas uma solução. 2) Sistema possível e indeterminado (SPI): todo sistema linear que admite mais de uma solução. 3) Sistema impossível (SI): todo sistema linear que não admite solução alguma. x+y=5 y=2 SPD 2x + y = 5 4x + 2y = 10 SPI x+y=5 x+y=8 SI 3 IV. Métodos de resolução de um sistema linear 1) Escalonamento Para um sistema linear ser considerado escalonado, é preciso que: • Todas as equações apresentem as incógnitas na mesma ordem; • Cada equação deve conter ao menos um coeficiente não nulo; • Deve existir uma ordem crescente de incógnitas com coeficiente nulo em cada equação; Exemplos: 2x + 3y + 5z = 9 0x + 4y + z = 5 0x + 0y + 3z = 6 4x + 3y +z = 1 0x + 5y – z = 3 0x + 3y +2z = 5 6x + y + 3z = 6 0x + 4y – 3z = 1 0x + 0y + 0z = 5 Escalonado Não escalonado Não escalonado a) Resolução de um sistema linear escalonado cujo número de equações é igual ao número de incógnitas, conhecido como do primeiro tipo (método da substituição): 3x + 2y – z = 9 equação I 0x + 5y – 2z = 1 equação II 0x + 0y + 3z = 6 equação III • • • • Para resolver este tipo de sistema, determinamos o valor de z na equação III: 3z = 6 → z = 2; Substituindo z por 2 na equação II, temos: 5y – 2.2 = 1 → 5y = 1 + 4 → y = 1; Substituindo y = 1 e z = 2 na equação I, temos: 3x + 2.1 – 2 = 9 → 3x = 9 → x = 3; Logo, o conjunto solução para este sistema é: S = {(3, 1, 2)}; Propriedade: todo sistema linear escalonado do primeiro tipo é possível e determinado (SPD). b) Resolução de um sistema linear escalonado cujo número de equações é menor do que o número de incógnitas, conhecido como do segundo tipo: x + 2y – 3z = 1 y + 5z = 3 • No caso de sistemas do segundo tipo, admitimos a existência de pelo menos uma variável arbitrária, ou livre, que será aquela que não aparece no início de nenhuma equação do sistema escalonado (no exemplo acima, a variável arbitrária é z). A variável arbitrária poderá assumir qualquer valor real. • Para cada valor assumido pela variável arbitrária, obtém-se uma solução diferente para o sistema. • Grau de indeterminação de um sistema do segundo tipo é seu número de variáveis livres. • Todo sistema escalonado do segundo tipo é possível e indeterminado (SPI). 2) Sistemas Lineares Equivalentes • Sistemas lineares equivalentes são aqueles que apresentam o mesmo conjunto solução. • Usamos sistemas lineares equivalentes para a resolução de sistemas lineares através dos métodos da multiplicação, da divisão e da adição de equações. Exemplo: Multiplica-se a equação (I) por – 3, em seguida, somamos a equação equivalente ( I') com a equação (II). Por último, faz se a substituição do valor encontrado para y na equação (I) ou ( I'), assim encontramos o valor de x para formar o conjunto solução, S = {(x,y)}. x + 2y = 5 (I) ×( - 3) → 3x + 7y = 16 (II) -3x – 6y = -15 ( I') 3x + 7y = 16 ( II) → (I') +(II)→ - 3x – 6y = -15 ( I') y = 1 ( II”) 4 Sessão Leitura Existem várias aplicações práticas que justificam a necessidade de conhecer os métodos para cálculo de sistemas lineares. Por exemplo, os proprietários de automóveis que usam a gasolina como combustível, precisam saber se a quantidade de álcool anidro misturada na gasolina está dentro do valor permitido (o álcool deve corresponder de 20% a 25% do combustível). Isso poderia ser feito da seguinte maneira: Se 1 litro de álcool anidro custa R$ 1,20, 1 litro de gasolina custa R$ 2,00 e 1 litro da mistura custa R$ 1,80, quanto de álcool anidro contém em 1 litro dessa mistura? x+ y=1 (I) 1,20x + 2y = 1,80 (II) • • • Isolando o y na equação (I): y = 1 – x Substituindo na equação (II), o valor encontrado para y na equação (I), teremos: 1,20x + 2(1- x) = 1,80 1,20x + 2 – 2x = 1,80 0,8x = 0,20 x = 0,25 Assim, concluímos que a mistura está na proporção correta de álcool anidro e gasolina. 5 Agora vamos resolver uma questão de raciocínio lógico: Os cinco marinheiros Você é o comandante de um navio. Cinco marinheiros colocam-se a sua frente para receber suas ordens. Tente nomeá-los, da esquerda para a direita, de acordo com as informações: - Anderson está entre Jorge e Cláudio; - Humberto está à esquerda de Cláudio; - Jorge não está ao lado de Humberto; - Humberto não está ao lado de Rafael. Dica: Observe que a sua esquerda não é a esquerda dos marinheiros. Resposta: A sequência correta é Rafael, Jorge, Anderson, Cláudio e Humberto. Fixação 1. (Vunesp) Uma pessoa quer trocar duas cédulas de 100 reais por cédulas de 5, 10 e 50 reais, recebendo cédulas de todos esses valores e o maior número possível de notas de 50 reais. Nessas condições, qual é o número mínimo de cédulas que ela poderá receber? a) 8 b) 9 c) 10 d) 11 e) 12 2. Qual das alternativas apresenta uma solução para o sistema: x + y + 2z = 9 x + 2y + z = 8 2x + y + z = 7 a) ( 8, 1, 0) b) (10, -1, 0) c) ( 1, 2, 3) d) ( 9, 0, 0) e) ( 1, 1, 1) 3. Os 152 participantes de um congresso são professores de Matemática, Física ou Química. Sabendo que cada um deles leciona apenas uma dessas matérias e que o número de professores de Física é o dobro do número de professores de Química, qual é o menor número possível de professores de Matemática que participam desse congresso? a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5 4. Um litro de creme contém suco de fruta, leite e mel. A quantidade de leite é o dobro da quantidade de suco de fruta, e a quantidade de mel é a nona parte da quantidade dos outros dois líquidos juntos. A quantidade de suco de fruta que contém neste um litro de creme é: a) 300ml b) 250ml c) 350ml d) 400ml e) 420m 5. Um ourives cobrou R$ 150,00 para cunhar medalhas de ouro com 3g cada, de prata com 5g cada e de bronze com 7g cada. O preço unitário era de R$ 30,00, R$ 10,00 e R$ 05,00, respectivamente. Sabendo que foram confeccionadas 15 medalhas, com massa total de 87g, qual foi o número de medalhas de ouro confeccionadas? a) 1 Gabarito: b) 2 1B 2C 3B 4A c) 3 5B d) 4 e) 5 6 Pintou no ENEM 1. O prefeito de uma cidade deseja construir uma rodovia para dar acesso a um outro município. Para isso foi aberta uma licitação na qual concorreram duas empresas. A primeira cobrou R$ 100.000,00 por km construído (n), acrescidos de um valor fixo de R$ 350.000,00, enquanto a segunda cobrou R$ 120.000,00 por km construído (n), acrescidos de um valor fixo de R$ 150.000,00. As duas empresas apresentavam o mesmo padrão de qualidade, mas apenas uma delas poderá se contratada. Do ponto de vista econômico, qual equação possibilitaria encontrar a extensão da rodovia que tornaria indiferente para a prefeitura escolher uma das propostas apresentadas? a) 100n + 350 = 120n + 150 b) 100n + 150 = 120n + 350 c) 100 (n + 350) = 120 (n + 150) d) 100 (n + 350.000,00) = 120 (n + 150.000,00) e) 350 (n + 100.000,00) = 150 (n + 120.000,00) 2. Há, em virtude da demanda crescente de economia de água, equipamentos e utensílios como, por exemplo, as bacias sanitárias ecológicas, que utilizam 6 litros de água por descarga em vez de 15 litros de água utilizados pelas bacias sanitárias não ecológicas, conforme dados da Agência Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Qual será a economia diária de água obtida pela substituição de uma bacia sanitária não ecológica, que gasta cerca de 60 litros de água por dia com a descarga, por uma bacia sanitária ecológica? a) 24 litros b) 36 litros c) 40 litros d) 42 litros e) 50 litros 3. Nos shopping costumam existir parques com vários brinquedos e jogos. Os usuários colocam créditos em um cartão, que são descontados por cada período de tempo de uso dos jogos. Dependendo da pontuação da criança no jogo, ela recebe um certo número de tíquetes para trocar por produtos nas lojas dos parques. Suponha que o período de uso de um brinquedo em um certo shopping custa R$ 3,00 e que uma bicicleta custa 9.200 tíquetes. Para uma criança que recebe 20 tíquetes por período de tempo que joga, o valor, gasto com créditos para obter a quantidade de tíquetes para trocar pela bicicleta é de: a) 153 b) 460 c) 1.218 d) 1.380 e) 3.066 4) Uma companhia de seguros levantou dados sobre os carros de determinada cidade e constatou que são roubados, em média, 150 carros por ano. O número de carros roubados da marca x é o dobro do número de carros roubados da marca y, e as marcas x e y juntas respondem por cerca de 60% dos carros roubados. O número esperado de carros roubados da marca y é: a) 20 b) 30 c) 40 d) 50 e) 60 5) Uma empresa realizou uma grande doação de brinquedos para um orfanato. Essa doação compreendeu 535 brinquedos, entre bolas e bonecas, 370 brinquedos entre bonecas e carrinhos, e o total da doação entre bolas e carrinhos foi de 455 brinquedos. É possível afirmar que, para realizar a doação, a empresa produziu: a) 320 bolas b) 145 carrinhos c) 235 bonecas d) 780 brinquedos e) 1350 brinquedos 6) Segundo as regras da Fórmula 1, o peso mínimo do carro, de tanque vazio, com o piloto, é de 605 kg, e a gasolina deve ter densidade entre 725 e 780 gramas por litro. Entre os circuitos nos quais ocorrem competições dessa categoria, o mais longo é Spa-Francorchamps, na Bélgica, cujo traçado tem 7 km de extensão. O consumo médio de um carro da Fórmula 1 é de 75 litros para cada 100 km. Suponha que um piloto de uma equipe específica, que utiliza um tipo de gasolina com densidade de 750 g/L, esteja no circuito de Spa-Francorchamps, parado no box para reabastecimento. Caso ele pretenda dar mais 16 voltas, ao ser liberado para retornar à pista, seu carro deverá pesar, no mínimo, a) 617 kg. Gabarito: b) 668 kg. 1- 2- 3- 4- 5- c) 680 kg. 6- d) 689 kg. e) 717 kg. 7 A B D E B B Capítulo 2 – Polinômios Teoria Nos exercícios de matemática, é muito comum que a leitura e a compreensão do enunciado levem a formulação de expressões que permitirão a resolução do problema por meio de uma equação das expressões obtidas. Veja por exemplo a seguinte figura: • • • • Se trata de um cubo de lados S = x + 2. Para calcularmos sua área total, temos: 6·S² = 6(x+2)² = 6(x² + 4x + 4) = 6x² +24x + 24. Para calcularmos seu volume, temos: S³ = (x+2)³ = x³ + 6x² + 12x + 8. Todas essas expressões são chamadas polinomiais. Neste capítulo vamos estudar métodos desenvolvidos para calcular os polinômios com muitos termos, pois estes são mais difíceis de serem calculados por outros métodos matemáticos. I. Expansão Polinomial de um Número O número 4.532 pode ser representado por uma soma de milhares, centenas, dezenas e unidades, isto é: 4.532 = 4·10³ + 5·10² + 3·10¹ + 2·10º De maneira análoga, qualquer número natural pode ser representado sub a forma: • Os coeficientes: , são números naturais menores do que 10. • Cada uma das parcelas de um polinômio, como generalizado acima, é conhecida como termo ou monômio do polinômio e ao é o termo independente da variável x. • Grau de um polinômio é o maior expoente da variável dentre os termos de coeficientes não nulos. • Raiz de um polinômio é todo número complexo α tal que P(α) = 0. 5 Exemplo: 8x + 3x4 + 5x² – 4x + 2 • • • • • O polinômio é do 5º grau Os coeficientes são 8, 3, 5, 4 e 7 A variável é x Os termos, ou monômios, são 8x5, 3x4, 5x², 4x e 2 O termo independente é 7 8 II. Identidade de Polinômios Dizemos que dois polinômios são idênticos somente se seus valores numéricos são iguais para todo α, ou seja, P(x) = Q(x) se, e somente se, P(α) = Q(α). Polinômios de graus diferentes nunca são iguais. 3 Exemplo: Determinar os valores de a e b para que os polinômios P(x)=(a² – 4) x + 2x + 6 e Q(x)= 5x³ + (a – 3)x² + (a – b)x + 6, na variável x, sejam idênticos a=±3 a=3 a–b=2 a² – 4 = 5 a–3=0 a–b=2 a=3eb=1 III. Operações com Polinômios 1) Adição: P(x) + Q(x), é obtida ao se adicionar os coeficientes do polinômio P(x) aos coeficientes do polinômio Q(x) que tem o mesmo expoente na variável. Caso exista algum termo sem um expoente correspondente ao do outro polinômio, considera- se o seu coeficiente como sendo zero. 2) Subtração: P(x) – Q(x), é considerada como o oposto da soma, ou seja, P(x) + [ - Q(x)]. Assim, a resolução será através do mesmo procedimento feito em uma adição. 3) Multiplicação: P(x) · Q(x), é dada pela soma dos produtos de cada monômio de P por todos os monômios de Q. 4) Divisão: E(x) / D(x), significa encontrar dois polinômios R(x) e Q(x) que satisfaçam as condições: • E(x) = Q(x)·D(x) + R (x) • O grau de R(x) não pode ser igual nem maior do que o grau de Q(x) ou então R(x) = 0 • Obs.: A expressão E(x) = Q(x)·D(x) + R (x), quer dizer que o dividendo é igual ao divisor multiplicado pelo quociente depois somado ao resto. Exemplo: 1) Dados os polinômios P(x) = 3x4 + 2x³ + x – 1 e Q(x) = 5x4 + 3x + 7, calcule: a) P(x) + Q(x) = 3x4 + 5x4 + 2x³ + 3x + x – 1 +7 = 8x4 + 2x³ + 4x + 6 b) P(x) – Q(x) = 3x4 - 5x4 + 2x³ - 3x + x – 1 – 7 = 2x4 + 2x³ – 2x – 8 c) 3P(x) = 3 ( 3x4 + 2x³ + x – 1) = 9x4 + 6x³ + 3x – 3 d) P(x)·Q(x) = (3x4 + 2x³ + x – 1)·(5x4 + 3x + 7) = 15x8 + 9x5 + 21x4 + 10x7 + 6x4 + 14x³ + 5x5 + 3x² + 7x – 5x4 – 3x – 7 = 15x8 + 10x7 + 14x5 + 22x4 + 14x³ + 3x² + 4x – 7 2) Dividindo-se E(x) = 2x5 – x4 + x2 por D(x) = 2x+3, qual será o quociente e resto? • 1º Passo: Dividimos o monômio de mais alto grau de E(x) pelo monômio de mais alto grau de D(x). • 2º Passo: Subtraímos do dividendo o produto de D(x) pelo resultado obtido no primeiro passo, assim teremos o primeiro resto parcial. • 3º Passo: Dividimos o monômio de mais alto grau do primeiro resto parcial pelo monômio de mais alto grau de D(x). • 4º Passo: Subtraímos do primeiro resto parcial o produto do divisor D(x) pelo resultado obtido no terceiro passo, obtendo o segundo resto parcial. 9 • Segue sucessivamente com esse processo até obter o resto final R(x). Aplicando o método: x5 – 2x4 – 0 x³ + x2 - 3x -1 x5 + x4 | x+1 x4 – 3x3 + 3x2 – 2x -1 - 3x4 + 0x³+ x2 - 3x -1 - 3x4 - 3x3 3x3 + x2 – 3x -1 3x3 +3x2 - 2x2 – 3x -1 - 2x2 – 2x - x -1 -x -1 0 Resposta: Q(x) = x4 – 3x3 + 3x2 – 2x -1 R(x) = 0 IV. Divisão de um Polinômio por um Binômio do 1º grau Todo polinômio pode ser decomposto em fatores do primeiro grau, portanto, a divisão de polinômios pode ser efetuada por meio de divisões sucessivas por fatores do primeiro grau. A partir desse pressuposto, outros métodos foram desenvolvidos para facilitar o cálculo da divisão entre polinômios. 1) Teorema do resto: Se a é constante qualquer, o resto da divisão de um polinômio P(x) por x – a é igual a P(a), com R(x) = R; P(x) = (x – a)·Q(x) + R(x) P(a) = (a – a)·Q(x) + R P(a) = 0 ·Q(x) + R P(a) = R Exemplo: O resto da divisão de um polinômio 4x³ + x² – 3 pelo binômio x – 2 é igual a P(2), isto é: R = P(2) = 4·2³ + 2² – 3 = 33 2) Teorema de D'Alembert: Se a é uma constante qualquer, um polinômio P(x) é divisível por x – a se, e somente se, a for raiz de P(x). Se a é raiz de P(x), então P(a) = 0. Pelo teorema do resto, temos que P(a) = R, então a é raiz de P(x) se, e somente se, R = 0. Exemplo: Determinar o polinômio do segundo grau que , dividido por x – 1, x – 2 e x – 3, apresenta restos iguais a 4, 7 e 14, respectivamente: Sendo P(x) = ax² + bx + c, temos: P(1) = 4 → a + b + c = 4 P(2) = 7 → a·2² + b·2 + c = 7 P(3) = 14 → a·9 + b·3 + c = 14 a 9 + 3b + c = 14 a+b+c=4 4a + 2b + c = 7 a = 2, b = - 3 e c = 5 10 P(x) = 2x² – 3x + 5 3) Dispositivo prático de Briot-Ruffini: Este algoritmo permite efetuar as divisões por polinômios do tipo x – a de uma maneira rápida e simples. Termo constante do divisor, com sinal trocado Coeficientes de x do dividendo p(x) Coeficientes do quociente Termo constante do dividendo p(x) Resto Exemplo: Dividindo p(x) = 3x³ -5x² +x -2 por h(x) = x - 2, temos: • Repetimos o primeiro coeficiente do dividendo, no caso 3. • Multiplicamos o termo repetido pelo divisor e somamos esse produto com o próximo termo do dividendo, que resulta em 1. • Repetimos o processo para obter o novo termo do quociente, e assim por diante, sempre repetindo o processo, até chegar no último coeficiente. • A partir desse algoritmo chegamos que q(x) = 3x² +x +3 e r(x)= 4, ou seja, temos que 3x³ -5x² +x -2 = (x-2)(3x²+x+3) +4 e que 2 é uma raiz do polinômio. 2 3 -5 3 6+(-5) 1 1 -2 2+1 6+(-2) 3 4 V. Equação Polinomial Chamamos de equação polinomial, ou algébrica, toda equação que pode ser descrita sob a forma: • O conjunto solução de uma equação polinomial é o conjunto das raízes da equação, S={k,w} Exemplo: 1) A equação x³ – 2x = 2 – x pode ser representada sob a forma x³ – 2x² + x – 2 = 0, portanto é uma equação polinomial do terceiro grau na variável x. Para determinarmos suas raízes complexas, podemos fatorar o primeiro membro, ou seja: x²(x – 2) + (x – 2) = 0 (x – 2)(x² + 1) = 0, é o mesmo dizer que: (x – 2) = 0 ou (x² + 1) = 0, dado pela propriedade do produto nulo. Assim, temos que x = 2. 2) Uma das raízes da equação polinomial x³ – 6x² + 11x – 6 = 0 é o número 1. Obter as outras raízes: • • • Se 1 é uma raiz deste polinômio, então P(1) = 0 e P(x) é divisível por x – 1. Assim, podemos escrever P(x) = (x – 1)·Q(x). Por Briot-Ruffini, temos: • • • Logo, Q(x) = x² – 5x + 6, portanto P(x) = (x – 1)(x² – 5x +6) é equivalente a x³ – 2x² + x – 2 = 0. Pela propriedade do produto nulo, temos: x – 1 = 0 ou (x² – 5x +6) = 0, então: x = 1 ou x = 3 ou x = 2. 11 • Logo, além da raiz 1, temos as raízes 2 e 3. 1) Teorema Fundamental da Álgebra: toda equação polinomial admite pelo menos uma raiz complexa. 2) Teorema da Decomposição: todo polinômio de grau n pode ser fatorado sob a forma abaixo, sabendo que r1, r2, r3,...,rn são todas as raízes de P(x). P(x) = an( x - r1 )( x – r2 )( x – r3 )·...·(x – rn ) Exemplo: Uma das raízes de P(x) = 3x³ – 20x² + 23x + 10 é o número 5. Fatorar P(x) como produto de uma constante por polinômios do 1º grau. • Pelo Teorema de D'Alamber, temos que P(x) é divisível por x – 5, ou seja, P(x) = (x – 5)·Q(x). • Obtém-se o polinômio Q(x), dividindo-se P(x) por x – 5. • Por Briot-Ruffini, temos: • • • • • Q(x) = 3x² – 5x – 2, portanto, P(x) = (x – 5)( 3x² – 5x – 2). As raízes de P(x) são dadas por: (x – 5)( 3x² – 5x – 2) = 0. (x – 5) = 0 ou ( 3x² – 5x – 2) = 0. Resolvendo as equações, encontramos as raízes 5, 2 e – 1/3. Pelo Teorema da Decomposição, temos: P(x) = 3(x – 5)(x – 2)(x + 1/3). VI. Raízes: 1) Número de raízes de uma equação polinomial: uma equação polinomial de grau n admite exatamente n raízes complexas, não necessariamente distintas entre si. 2) Raízes racionais: para descobrir se uma equação polinomial de coeficientes inteiros admite, ou não, raízes racionais usamos o teorema: • Seja p ÷ q, com p e q inteiros e primos entre si e q ≠ 0; • Se p ÷ q é raiz de uma equação polinomial de coeficientes inteiros, então p é divisor de ao e q é divisor de an. • Consequência: se a equação polinomial de coeficientes inteiros, P(x) = 0 tiver o polinômio P(x) com an = 1 e admitir raízes racionais, então essas raízes são inteiras. Exemplo: se p÷ q for raiz da equação x² – 5x + 6 = 0, então p é divisor de 6 e q é divisor de 1, logo, p ÷ q pertence a {±1, ±2, ±3, ±6}. VII. Relações de Girard 1) Relações de Girard para equações do 2º grau: • As raízes r1 e r 2 da equação do 2º grau ax² + bx + c = 0, são tais que: r1 + r 2 = - b / a r1 · r 2 = c / a 2) Relações de Girard para equações do 3º grau: • As raízes r1, r2 e r3 da equação do 3º grau ax³ + bx² + cx + d = 0, são tais que: r1, r2 e r3 = - b / a r1 · r 2 + r2 · r3 + r1 · r3 = c / a r1 · r 2· r3 = - d / a 12 Sessão Leitura O Surgimento da Moeda Um ser humano pode produzir tudo o que necessita para sua sobrevivência? Suponhamos que ele seja produtor de trigo: é possível ele calçar trigo, vestir trigo e só comer trigo? Claro que não. Dessa impossibilidade estabeleceu-se uma relação entre os homens: a troca das mercadorias que produzem. Por meio da troca, o produtor de trigo podia obter calçados, roupas ou outras necessidades. Bastava para isto dar a quantidade de trigo correspondente à quantidade da outra mercadoria. Esse processo apresentava, contudo, um problema: imagine que o nosso produtor de trigo esteja interessado em café, mas nenhum produtor de café esteja interessado em trigo. Dessa forma, a troca não poderá ser realizada, uma vez que para isso deve haver interesse de ambas as partes. Esse problema foi resolvido com a criação da moeda-mercadoria, geralmente a mais produzida e a mais procurada, que passava a ser aceita, não necessariamente para o consumo, mas para ser trocada novamente. Esta foi a primeira forma de moeda na nossa história. A moeda serve, então, como um meio de troca e muitos mercados passaram a ter sua moeda específica. Uns usaram o gado, que do latim pecus deu origem à palavra pecúlio, e outros o sal, daí o termo salário. Essa diversificação de moedas-mercadorias em diferentes mercados dificultava as trocas entre os grupos sociais. Além disso, um animal vivo ou um balde de sal não eram as melhores formas de 'carregar' dinheiro. Problemas como esses fizeram com que se criasse a moeda metálica. Pequena e de fácil transporte, seu poder de compra era equivalente ao valor do material com que era fabricada. Inicialmente utilizou-se a prata e o ouro. Contudo, o manuseio dessas moedas fazia com que elas se desgastassem e perdessem seu valor. Então, optou-se por metais como o cobre e o níquel, que até pouco tempo eram sinônimos de dinheiro. Paralelamente, foram criadas pequenas firmas que se comprometiam a guardar as moedas. Como prova de recolhimento emitiam um recibo registrando a quantia guardada. Nasciam, portanto, os primeiros 'bancos' e os primeiros papéis-moeda. Uma vez que as pessoas que deixavam seu dinheiro guardado não o consumiam imediatamente, os donos dessas firmas resolveram diversificar suas funções emprestando dinheiro, o que mais tarde se constituiria no sistema de crédito. Na verdade, dinheiro nada mais é do que uma convenção social, uma relação entre os homens que se dá na troca entre mercadorias. A instituição do crédito foi o elemento propulsor do surgimento de um tratamento matemático na Economia. O crescente desenvolvimento das transações comerciais exigia um cálculo específico e o desenvolvimento de um aspecto particular da Matemática: a Matemática Financeira. 13 Agora vamos resolver uma questão de raciocínio lógico: O fogo na corda Temos duas cordas que não têm necessariamente o mesmo comprimento. Se colocarmos fogo na ponta de qualquer uma das cordas, vai levar exatamente 1 hora para o fogo chegar à outra ponta da corda. Porém, o fogo não vai se mover com velocidade constante, pode ser mais rápido em alguns pontos e mais lento em outros. A velocidade do fogo não depende do sentido que ele anda na corda. Como poderíamos medir 45 minutos com essas cordas? Resposta: Basta colocar fogo nas duas extremidades de uma das cordas e em apenas uma extremidade da outra. Quando o fogo consumir completamente a primeira corda (em 30 minutos), coloque fogo na segunda extremidade da outra corda. Em mais 15 minutos a segunda corda estará completamente queimada. Então, o tempo total será de 45 minutos. Fixação 1) Determine o valor de k, de modo que o polinômio P(x) = (k² – 25)x³ – x² – 2x² – 2x + 3 tenha grau 2. 2) Dado o polinômio P(x) = 4x² – 8x – 3k, determine o valor de k de forma que P(2) = 4. 3) Calcule os valores de m e n para que os polinômios P(x) = (3 – m)x² – 6x + 4 e Q(x) = 8x² + ( 5n – 4)x + 4 sejam idênticos. 4) Determine p e q sabendo que os polinômios P(x) = px² – 12x + q e Q(x) = (2x – 3)² são idênticos. 5) A equação 3x³ + 2x² - x – 3 = 0 admite raízes x1, x2, x3. Escreva as relações de Girard para essa equação. 6) Os números -2 e 3 são duas raízes da equação 2x³ - x² + mx + n = 0, em que m e n pertencem aos reais. Determine a terceira raiz da equação e os valores de m e n. 7) Determine as raízes da equação x³ - 3x – 2 = 0 sabendo que uma delas é dupla. 8) As raízes da equação polinomial x³ - 15x² + 71x – 105 = 0 estão em PA. Calcule essas raízes. 9) Resolva a equação algébrica x³ - 3x² - 6x + 8 = 0 sabendo que a soma de duas de suas raízes é igual a 5. 10) Qual é o valor de k na equação algébrica x³ - 3x² - 6x + k = 0 para que as raízes da equação formem uma PA? Gabarito: 1k = 5 ou k = - 5 2k = - 4/3 3m = - 5 e n = -2 / 5 4p=4eq=9 x1 + x2 + x3 = -2/3 ; 5- x1x2 + x1x3 + x2x3 = -1/3 ; x1x2x3 = 1 6- x3 = -1/2; m = -13; n = -6 7-1 e 2 83, 5 e 7 9{1, -2, 4} 108 14 Pintou no Enem 1) João gosta de brincar com números e fazer operações com eles. Em determinado momento, ele pensou em três números naturais e, em relação a esses números, observou o seguinte: • a soma desses números é 7; • o produto deles é 8; • a soma das três parcelas resultantes dos produtos desses números tomados dois a dois é 14. Assim, os três números pensados por João são raízes da equação a) x³ - 7x² +14x – 8 = 0 b) x³ - 7x² – 14x + 8 = 0 c) x³ - 7x² – 14x – 8 = 0 d) x³ - 7x² – 14x - 8 = 0 e) Nenhuma das alternativas anteriores 2) De cada vértice de um cubo de mármore de x cm de aresta, sendo x maior que 2, retirou-se um cubinho de 1cm de aresta, obtendo a figura abaixo. Qual das alternativas a seguir apresenta o volume remanescente do bloco, em cm³, após a retirada dos pequenos cubos? a) (2 + x)( 4 – 2x + x²) b) (2 – x)( 4 + 2x + x²) c) (x – 2)( 4 + 2x + x²) d) (x – 2)( 4 – 2x + x²) e) (x + 2)( 4 – 2x + x²) 3) O perímetro e a área da figura abaixo são expressos, respectivamente por: Gabarito: 1A 2C 3D 15 Capítulo 3 – Análise Combinatória Teoria I. Princípio Fundamental da Contagem Contar não é uma tarefa tão fácil como parece. Contar unidades uma a uma não é um processo viável em muitas situações, como, por exemplo, determinar o número de pessoas presentes em grandes eventos, o número de grãos de areia de uma praia e o número de moléculas de determinada substância. Por isso, foram desenvolvidos métodos de cálculo para serem aplicados em situações semelhantes às exemplificadas anteriormente. O princípio fundamental da contagem é um desses métodos. Observe a seguinte situação: Júlia não gosta de repetir exatamente a mesma roupa para ir nas aulas de seu curso pré-vestibular, mas não se importa em usar as mesmas peças em diferentes combinações. Sabendo que ela possui 2 sapatos, 2 calças e 4 blusas, quantos dias Júlia poderá ir nas aulas sem repetir a mesma combinação de peças, se ela não comprar roupas novas neste período? • Primeiro, vamos listar todas as possibilidades através da chamada matriz de possibilidades: chamaremos os dois sapatos de S1 e S2, as duas calças de C1 e C2 e as quatro blusas de B1, B2, B3 e B4. Assim, temos: (S1, C1, B1); (S1, C1, B2); (S1, C1, B3); (S1, C1, B4) (S1, C2, B1); (S1, C2, B2); (S1, C2, B3); (S1, C2, B4) (S2, C1, B1); (S2, C1, B2); (S2, C1, B3); (S2, C1, B4) (S2, C2, B1); (S2, C2, B2); (S2, C2, B3); (S2, C2, B4) Total = 16 possibilidades = 16 dias com roupas diferentes • Como percebemos, usando a matriz de possibilidades, se o número de cada peça de vestuário fosse maior, demoraria e daria muito trabalho para descobrir o quantas diferentes possibilidades Júlia teria para se vestir. O princípio fundamental da contagem nos ajuda a chegar ao resultado com uma operação matemática simples e rápida, mesmo para eventos com grande quantidade de possibilidades. Princípio Fundamental da Contagem: se os experimentos E1, E2, E3, …, Ek, apresentam n1, n2, n3, …, nk resultados distintos, então o experimento composto por E1, E2, E3, …, Ek, apresenta um total de resultados distintos, dado por: n1·n2·n3·...·nk • No exemplo da vestimenta de Júlia, teríamos: 2·2·4 = 16 possibilidades distintas. Exemplos: 1) Quantos números naturais de três algarismos podem ser formados com os algarismos 1, 2, 6, 8, e 9? 5·5·5 = 125 2) Quantos números naturais de três algarismos distintos podem ser formados com os algarismos 1, 2, 6, 8, e 9? 5·4·3 = 60 3) Qual é a quantidade de números naturais compreendidos entre 300 e 3.000 que podemos representar utilizando somente os algarismos 1, 2, 3, 5, 7 e 8, de modo que não figurem algarismos repetidos? (4·5·4) + (2·5·4·3) = 80 + 120 = 200 números 16 II. Fatorial Durante o estudo de análise combinatória, nos deparamos com multiplicações de números naturais consecutivos, como, por exemplo, 11·10·9·8·7·6·5·4·3·2·1. Esta é uma multiplicação possível de ser feita mesmo sem o auxilio de calculadoras, porém demanda bastante tempo fazê-lo desta maneira. Para facilitar operações desse tipo, podemos lançar mão da notação n! (lê-se: “fatorial de n”) para indicar o produto dos números naturais consecutivos n, (n-1), (n-2),...,1. Exemplos: a) 5! = 5·4·3·2·1 = 120 b) 7! = 7·6·5·4·3·2·1 = 5040 Propriedade fundamental dos fatoriais: n! = n·(n-1) Exemplo: 9! = 9·8·7·6! Observações: 1! = 1 e 0! = 1 III. Tipos de Agrupamentos • Arranjos: são agrupamentos em que alterações na ordem dos elementos fornecem um resultado diferente, ou seja, a ordem dos elementos tem importância. Por exemplo, com as letras da palavra LATA, podemos formar, também, a palavra TALA, para isso basta alterar a ordem dos elementos. • Combinações: são agrupamentos em que alterações na ordem dos elementos não mudam o resultado, ou seja, a ordem dos elementos não tem importância. Por exemplo, se um treinador de um time de futebol tem 22 jogadores e deseja dividi-los em dois times para um treino, ele pode fazer duas combinações, na qual cada time teria 11 jogares. Se trataria de uma combinação porque a ordem da escolha dos jogadores não faz diferença dentro de seu time. • Além da divisão dos agrupamentos em arranjos e combinações, podemos ainda classificá-los como simples ou compostos. Os agrupamentos simples são aqueles que não possuem nenhum elemento repetido e os compostos apresentam pelo menos um elemento repetido. • Diferenciando arranjo e combinação: Quando nos deparamos com um problema de análise combinatória, é muito comum ficarmos na dúvida se é um caso de arranjo ou combinação. Para identificar em qual das duas situações o problema se enquadra, devemos construir um dos agrupamentos sugeridos pelo problema e, em seguida, mudamos a ordem de seus elementos. Se obtivermos um agrupamento diferente do original, será um arranjo, mas se obtivermos um agrupamento igual ao original, será uma combinação. 1) Arranjo Simples: Usamos a notação “An,p”, lê-se arranjo simples de n elementos tomados p a p, quando temos um arranjo de n possibilidades para cada elemento p do arranjo, sendo que p ≤ n. 1º elemento n 2º elemento n-1 3º elemento n-2 ... pº elemento n– (p – 1) An,p = n·(n – 1)·(n – 2)·(n – 3)·...·(n – p + 1) Exemplo: Quantas sequências de três letras distintas podem ser formadas usando as letras a, b, c, d, e, f, g e h? • • • Temos 8 possibilidades, a, b, c, d, e, f, g e h, então n = 8. Para sequência de três letras, temos 3 elementos no arranjo, então p = 3. Cálculo: A8,3 = 8·7·6 = 336 17 2) Permutação Simples: Permutar é sinônimo de trocar. Intuitivamente, nos problemas de contagem, devemos associar a permutação à noção de misturar. Permutação simples de um conjunto de n elementos (Pn) é qualquer sequência de elementos distintos formada por todos os elementos disponíveis. Seu cálculo é dado por: Pn = n! Exemplo: Quantos anagramas podemos formar a partir da palavra ANEL? • Há quatro possibilidades para a primeira posição, três para a segunda, duas para a terceira e uma para a quarta posição. • Pelo princípio fundamental da contagem, temos 4·3·2·1 = 4! = 24 • Podemos formar 24 anagramas com a palavra ANEL. 3) Permutação com elementos repetidos: Quantos anagramas podemos formar com a palavra INFINITO? Se as oito letras que compõem essa palavra fossem distintas entre si, bastaria fazer 8! que teríamos a resposta. Porém, ao permutar letras iguais, a palavra não se altera; por isso, concluímos que o número de anagramas é menor que 8!. Para fazer o cálculo correto do número de anagramas, devemos desconsiderar as palavras repetidas que se formarão devido à presença de letras repetidas. Para tanto, usamos a expressão: Exemplo: I N F I N I T O • • • Temos oito letras no total; A letra i aparece três vezes e a letra N aparece duas vezes; A repetição das letras i e N não produzirão novos anagramas, então devemos excluí-las; • Para excluir os anagramas repetidos, devemos dividir n! pelo produto do fatorial do número de repetições das letras que aparecem mais de uma vez, ou seja: 4) Combinação Simples: Nos problemas de contagem, o conceito de combinação está associado à noção de escolher subconjuntos. Dado o conjunto A = {a,b,c,d}, vamos formar todos os subconjuntos de A com três elementos: {a,b,c} {a,b,d} {a,c,b} {b,c,d} Observe, baseado na definição de conjuntos, que: • {a,b,c} ≠ {a,b,d}, os conjuntos se diferenciam pela natureza dos elementos; • {a,c,b} = {a,b,c}, já que apenas a ordem dos elementos mudou e isso não altera o conjunto; • Obs.: se fossem arranjos, teríamos quatro agrupamentos diferentes, pois a mudança na ordem dos elementos formaria arranjos diferentes. • Isto posto, percebemos que para determinar o número de combinações possíveis, devemos eliminar os agrupamentos que não são considerados conjuntos, já que seus elementos diferem apenas pela ordem. Se não for feita a exclusão desses agrupamentos, eles serão contados duas ou mais vezes, gerando um número falso de combinações possíveis para aquele conjunto. 18 Cada combinação de n elementos tomados p a p correspondem a p! arranjos, que são obtidos permutando os elementos da combinação, ou seja: O número de combinações possíveis para um conjunto de n elementos tomados p a p é dado por: Exemplo: De quantas maneiras diferentes um técnico pode escalar seu time de basquete tendo à sua disposição 12 atletas que jogam em qualquer posição e sabendo que um time de basquete tem 5 jogadores? IV. Binômio de Newton Para desenvolver certos problemas de matemática, necessitamos de potências do tipo ( x + y)³, que para serem resolvidas sem o auxílio da análise combinatória seriam calculadas da seguinte maneira: (x+y)³ = (x+y)(x+y)(x+y) = x³ + 3x²y + 3xy² + y³ • Usando conceitos de análise combinatória, podemos deduzir uma expressão binomial, relativamente mais simples, para desenvolver essas potências. • A fórmula do binômio de Newton é a fórmula que dá o desenvolvimento de (x + y)ᶰ e ela é encontrada fazendo o produto (x + y)(x + y)(x + y)(x + y) … (x + y), n vezes. • O termo genérico do produto é obtido tomando em p dos fatores (p = 1, 2, 3,..., n) a segunda parcela e tomando nos restantes n – p fatores a primeira parcela. Com isso, pode ser feito: Cn,p = Exemplo: Considere a potência 19 Sessão Leitura O conhecimento sobre análise combinatória é muito utilizado em situações cotidianas. Frequentemente assistirmos a reportagens de telejornais nas quais é dito o número de pessoas que se encontravam em um grande evento, como, por exemplo, nas manifestações que aconteceram em todo o país no ano de 2013. Esse tipo de contagem normalmente é uma estimativa do verdadeiro número de pessoas que ocupam aquele espaço e essa contagem precisa ser feita para que os responsáveis pelo local do evento possam estimar o número de policiais, ambulâncias e banheiros necessários para atender a demanda do evento. Um exame feito em laboratórios clínicos é a contagem de glóbulos vermelhos no sangue. Um homem adulto sadio tem de 4.500.000 a 6.000.000 dessas células em cada mm³ de sangue, e uma mulher tem de 4.000.000 a 5.400.000. Modernos aparelhos eletrônicos fazem a contagem, que também pode ser feita utilizando-se um microscópio, conforme descrito a seguir. O sangue é diluído em uma proporção conhecida, reduzindo-se muito o número de células por mm ³, e colocado num pequeno recipiente de vidro em forma de paralelepípedo com fundo quadriculado. Em alguns quadradinhos desse quadriculado, conta-se a quantidade de glóbulos vermelhos, calculando-se, a seguir, o número médio por quadradinho. Levando-se em conta a diluição, obtém-se o número de glóbulos vermelhos por mm³ no sangue. Agora vamos resolver um exercício de raciocínio lógico: Quantas pernas há no ônibus? Há um ônibus com 7 garotas. Cada garota tem 7 sacolas. Dentro de cada sacola há sete gatos grandes. Cada gato grande tem 7 gatos pequenos. Todos os gatos têm 4 pernas cada um. Pergunta: Quantas pernas há no ônibus? Resposta: são 56 gatos por sacola, são 4 patas: 4×56= 224, são 7 sacolas: 224x 7=1568, são 7 garotas: 1568×7= 10976 cada garota tem 2 pernas: 2×7=14, então: 10976+14=10990. O resultado é: 10 990 pernas 20 Fixação 1) Quantos números de quatro algarismos distintos maiores que 2000 podemos formar com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, e 6 ? 2) As placas dos automóveis são formadas por três letras seguidas de quatro algarismos. Quantas placas podemos criar com as letras A e B e os algarismos pares, podendo repetir a letra, mas não podendo repetir o algarismo? 3) A diretoria de um clube é composta por 10 membros, que podem ocupar a função de presidente, secretário ou tesoureiro. De quantas maneiras podemos formar chapas que contenham presidente, secretário e tesoureiro? 4) Sobre uma reta, marcam-se 4 pontos e sobre uma outra reta, paralela à primeira, marcam-se 5 pontos. Quantos triângulos podemos formar unindo 3 quaisquer desses 9 pontos? 5) Um hacker sabe que a senha de acesso a um arquivo é um número natural de cinco algarismos distintos e não-nulos. Com o objetivo de acessar esse arquivo, ele programou o computador para testar, como senha, todos os números naturais nessas condições. O computador vai testar esses números um a um, demorando 5 segundos em cada tentativa. Qual será tempo máximo para que o arquivo seja aberto? 6) Um jornal terá 12 páginas. O diagramador deve distribuir 6 fotos diferentes em 6 páginas do jornal, de modo que não apareçam duas dessas fotos em páginas consecutivas. De quantas maneiras diferentes o diagramador pode distribuir essas fotos? 7) (UFPE) Uma prova de Matemática é constituída de 16 questões de múltipla escolha, tendo cada questão 5 alternativas, das quais deve ser assinalada como resposta apenas uma. Respondendo ao acaso todas as questões, o número de maneiras diferentes que se pode preencher o cartão de respostas é: a) 80 b) 165 c) 5³² d) 16 ¹¹ e) 5¹5.5 8) Quantos números naturais pares ou múltiplos de 5 , com 4 algarismos distintos, podem ser formados com os algarismos 0, 2, 3, 5 e 9? Gabarito: 1234567- 300 números 960 placas 720 chapas 70 triângulos 21 horas 1440 maneiras diferentes Alternativa E 21 8- 60 números Pintou no Enem 1) Um fabricante de cosméticos decide produzir três diferentes catálogos de seus produtos, visando a públicos distintos. Como alguns produtos estarão presentes em mais de um catálogo e ocupam uma página inteira, ele resolve fazer uma contagem para diminuir os gastos com originais de impressão. Os catálogos C1, C2 e C3 terão, respectivamente, 50, 45 e 40 páginas. Comparando os projetos de cada catálogo, ele verifica que C1 e C2 terão 10 páginas em comum; C1 e C3 terão 6 páginas em comum; C2 e C3 terão 5 páginas em comum, das quais 4 também estarão em C1. Efetuando os cálculos correspondentes, o fabricante concluiu que, para a montagem dos três catálogos, necessitará de um total de originais de impressão igual a: a) 135 b) 126 c) 118 d) 114 e) 110 2) Doze times se inscreveram em um torneio de futebol amador. O jogo de abertura do torneio foi escolhido da seguinte forma: primeiro foram sorteados 4 times para compor o Grupo A. Em seguida, entre os times do Grupo A, foram sorteados 2 times para realizar o jogo de abertura do torneio, sendo que o primeiro deles jogaria em seu próprio campo, e o segundo seria o time visitante. A quantidade total de escolhas possíveis para o Grupo A e a quantidade total de escolhas dos times do jogo de abertura podem ser calculadas através de a) uma combinação e um arranjo, respectivamente. b) um arranjo e uma combinação, respectivamente. c) um arranjo e uma permutação, respectivamente. d) duas combinações. e) dois arranjos. 3) João deve 12 parcelas de R$ 150,00 referentes ao cheque especial de seu banco e cinco parcelas de R$ 80,00 referentes ao cartão de crédito. O gerente do banco lhe ofereceu duas parcelas de desconto no cheque especial, caso João quitasse esta dívida imediatamente ou, na mesma condição, isto é, quitação imediata, com 25% de desconto na dívida do cartão. João também poderia renegociar suas dívidas em 18 parcelas mensais de R$ 125,00. Sabendo desses termos, José, amigo de João, ofereceu-lhe emprestar o dinheiro que julgasse necessário pelo tempo de 18 meses, com juros de 25% sobre o total emprestado. A opção que dá a João o menor gasto é: a) renegociar suas dívidas com o banco. b) pegar emprestado de José o dinheiro referente à quitação das duas dívidas. c) recusar o empréstimo de José e pagar todas as parcelas pendentes nos devidos prazos. d) pegar emprestado de José o dinheiro referente à quitação do cheque especial e pagar as parcelas do cartão de crédito. e) pegar emprestado de José o dinheiro referente à quitação do cartão de crédito e pagar as parcelas do cheque especial. 4) Um médico está estudando um novo medicamento que combate um tipo de câncer em estágios avançados. Porém, devido ao forte efeito dos seus componentes, a cada dose administrada há uma chance de 10% de que o paciente sofra algum dos efeitos colaterais observados no estudo, tais como dores de cabeça, vômitos ou mesmo agravamento dos sintomas da doença. O médico oferece tratamentos compostos por 3, 4, 6, 8 ou 10 doses do medicamento, de acordo com o risco que o paciente pretende assumir. Se um paciente considera aceitável um risco de até 35% de chances de que ocorra algum dos efeitos colaterais durante o tratamento, qual é o maior número admissível de doses para esse paciente? a) 3 doses. b) 4 doses. c) 6 doses. d) 8 doses. 22 e) 10 doses 5) Desde 2005, o Banco Central não fabrica mais a nota de R$ 1,00 e, desde então, só produz dinheiro nesse valor em moedas. Apesar de ser mais caro produzir uma moeda, a durabilidade do metal é 30 vezes maior que a do papel. Fabricar uma moeda de R$ 1,00 custa R$ 0,26, enquanto uma nota custa R$ 0,17, entretanto, a cédula dura de oito a onze meses. Com R$ 1 000,00 destinados a fabricar moedas, o Banco Central conseguiria fabricar, aproximadamente, quantas cédulas a mais? a) 1667 b) 2036 c) 3846 d) 4300 e) 5882 6) Existe uma cartilagem entre os ossos que vai crescendo e se calcificando desde a infância até a idade adulta. No fim da puberdade, os hormônios sexuais (testosterona e estrógeno) fazem com que essas extremidades ósseas (epífises) se fechem e o crescimento seja interrompido. Assim, quanto maior a área calcificada entre os ossos, mais a criança poderá crescer ainda. A expectativa é que durante os quatro ou cinco anos da puberdade, um garoto ganhe de 27 a 30 centímetros. De acordo com essas informações, um garoto que inicia a puberdade com 1,45 m de altura poderá chegar ao final dessa fase com uma altura a) mínima de 1,458 m. b) mínima de 1,477 m. c) máxima de 1,480 m. d) máxima de 1,720 m. e) máxima de 1,750 m. 7) Para cada indivíduo, a sua inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) é composto por um número de 9 algarismos e outro número de 2 algarismos, na forma d1d2, em que os dígitos d1 e d2 são denominados dígitos verificadores. Os dígitos verificadores são calculados, a partir da esquerda, da seguinte maneira: os 9 primeiros algarismos são multiplicados pela sequência 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2 (o primeiro por 10, o segundo por 9, e assim sucessivamente); em seguida, calcula-se o resto r da divisão da soma dos resultados das multiplicações por 11, e se esse resto r for 0 ou 1, d1 é zero, caso contrário d1 = (11 – r). O dígito d2 é calculado pela mesma regra, na qual os números a serem multiplicados pela sequência dada são contados a partir do segundo algarismo, sendo d1 o último algarismo, isto é, d2 é zero se o resto s da divisão por 11 das somas das multiplicações for 0 ou 1, caso contrário, d2 = (11 – s). Suponha que João tenha perdido seus documentos, inclusive o cartão de CPF e, ao dar queixa da perda na delegacia, não conseguisse lembrar quais eram os dígitos verificadores, recordando-se apenas que os nove primeiros algarismos eram 123.456.789. Neste caso, os dígitos verificadores d1 e d2 esquecidos são, respectivamente, a) 0 e 9 b) 1 e 4 c) 1 e 7 d) 9 e 1 e) 0 e 1 Gabarito: 1188 2a 3e 4b 5b 6e 7a 23 Capítulo 4 – Probabilidade Teoria I. Conceito e Definição de Probabilidade Conceito: Probabilidade é um número que mede a possibilidade de ocorrer ou não em evento. Definição: Se E é um espaço amostral equiprovável, finito e não vazio, e A é um evento de E, então a probabilidade de ocorrer algum elemento de A é definida por: P(A) = n(A) n(E) 1) Experimento aleatório: é todo experimento cujo resultado depende exclusivamente do acaso. Ex.: lançamento de moedas e dados, sorteio de cupons, etc. 2) Espaço amostral de um experimento aleatório: é o conjunto de todos os resultados possíveis de um experimento aleatório. Ex.: o espaço amostral do lançamento de uma moeda é E= {cara, coroa}. 3) Evento de um espaço amostral: é qualquer subconjunto de um espaço amostral. Ex.: No lançamento de um dado temos E = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, o subconjunto B = {1, 2} é um evento de E. 4) Evento amostral equiprovável: é o espaço amostral cujas frequências de seus elementos tendem a um mesmo valor quando o número de experimentos aumenta indefinidamente. - Propriedades das Probabilidades • P.1: a probabilidade de ocorrência de um evento impossível é dada por P(Ø) = 0 • P.2: a probabilidade de ocorrer um evento certo é dada por P(E) = 1 • P.3: a probabilidade de ocorrência de um dos eventos de A deve ser dada por 0 ≤ P(A) ≤ 1 • P.4: a probabilidade de ocorrência do evento A somada a probabilidade de ocorrência dos elementos de E que não pertencem a A, é igual a 1. P(A) + P(Ᾱ) = 1 Exemplos: 1) No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de se obter na face voltada para cima, um número de pontos menor que três? E = {1, 2, 3, 4, 5, 6} A = {1, 2} n(A) = 2 P(A) = 2 / 6 = 1 / 3 = 33,33...% 2) Uma urna contém bolas coloridas. Retirando-se uma bola dessa urna, a probabilidade de se obter uma bola vermelha é de 0,64. Qual é a probabilidade de se obter uma bola que não seja vermelha? P(A) + P(Ᾱ) = 1 0,64 + P(Ᾱ) = 1 P(Ᾱ) = 1 – 0,64 = 0,36 II. Adição de Probabilidades A probabilidade de ocorrência de um elemento A ou de um elemento B é dada por: P(A U B) = n(A U B) n(E) P(A U B) = P(A) + P(B) – P(A∩B) 24 • Eventos mutuamente exclusivos: são aqueles nos quais P(A∩B) = 0; então P(A U B) = P(A) + P(B). Exemplo: Um número será sorteado dentre os números naturais de 1 a 1.000. Qual é a probabilidade de que saia um número par ou um número de dois algarismos? E = {1, 2, 3, … ,1000} e n(E) = 1000 A = {2, 4, 6, …, 1000} e n(A) = 500 B = {10, 11, 12, …, 99} e n(B) = 90 P(A U B) = {10, 12, 14, … ,98} = n(A U B) = 45 P(A U B) = P(A) + P(B) – P(A∩B) = 500 + 90 – 45 = 545 = 54,5% 1000 1000 III. Probabilidade Condicional A probabilidade condicional é a probabilidade de ocorrer o evento B, dado que ocorreu o evento A, é indicada por P (B/A) e seu cálculo se dá pela expressão: • Dois eventos são independentes se, e somente se, P(A/B) = P(A) ou P(A/B) = P(B). Exemplo: Uma moeda é lançada duas vezes. Qual é a probabilidade de obtermos cara no segundo lançamento sabendo que obtivemos cara no primeiro lançamento? Cara no 1º evento: B = {(C,C),(C,K)} Cara no 2º evento: A = {(C,C),(K,C)} P(A/B) = 1 2 Como P(A/B) = P(A) = 1 , dizemos que os eventos A e B são independentes. 2 IV. Multiplicação de Probabilidades Como visto, P(B/A) = n(A U B) , daí concluímos que: n(A) • Se A e B forem eventos independentes, então: P(A U B) = P(A) x P(B). • A probabilidade de retirar simultaneamente elementos de um dado conjunto A é igual á probabilidade de retirá-los sucessivamente e sem reposição. Neste caso, a ordem de retirada dos elementos de A deve ser levada em consideração. Exemplo: Uma urna contém exatamente onze bolas, das quais 6 são azuis e 5 são vermelhas. Retirando-se simultaneamente 4 bolas, qual é a probabilidade de saírem 3 bolas azuis e uma vermelha? P = P1 + P2 + P3 + P4 = 22/66 = 10/33 25 P = 0,3030 ou 30,30% Sessão Leitura Origem das Probabilidades O passo decisivo para fundamentação teórica da inferência estatística, associa-se ao desenvolvimento do cálculo das probabilidades. A origem deste costuma atribuir-se a questões postas a Pascal (1623-1662) pelo célebre cavaleiro Méré, para alguns autores um jogador inveterado, para outros um filósofo e homem de letras. Parece, no entanto, mais verosímil aceitar que as questões postas por Méré (1607-1684) eram de natureza teórica e não fruto da prática de jogos de azar. Parece, também, aceitável que não foram essas questões que deram origem ao cálculo das probabilidades. Do que não resta dúvida é de que a correspondência trocada entre Pascal e Fermat (1601-1665) - em que ambos chegam a uma solução correta do célebre problema da divisão das apostas - representou um significativo passo em frente no domínio das probabilidades. Também há autores que sustentam que o cálculo das probabilidades teve a sua origem na Itália com Paccioli (1445-1514), Cardano (1501-1576), Tartaglia (1499-1557), Galileo (1564-1642) e outros. Se é certo que nomeadamente Cardano no seu livro Liber de Ludo Aleae, não andou longe de obter as probabilidades de alguns acontecimentos, a melhor forma de caracterizar o grupo é dizer que marca o fim da pré- história da teoria das probabilidades. Três anos depois de Pascal ter previsto que aliança do rigor geométrico com a incerteza do azar daria origem a uma nova ciência, Huyghens (1629-1625), entusiasmado pelo desejo de " dar regras a coisas que parecem escapar á razão humana" publicou "De Ratiociniis in Ludo Aleae" que é considerado como sendo o primeiro livro sobre cálculo das probabilidades e tem a particularidade notável de introduzir o conceito de esperança matemática. Leibniz (1646-1716), como pensador ecléctico que era, não deixou de se ocupar das probabilidades. Publicou, com efeito, duas obras, uma sobre a " arte combinatória" e outra sobre as aplicações do cálculo das probabilidades às questões financeiras. Foi ainda devido ao conselho de Leibniz que Jacques Bernoulli se dedicou ao aperfeiçoamento da teoria das probabilidades. A sua obra "Ars Conjectandi", foi publicada oito anos depois da sua morte e nela o primeiro teorema limite da teoria das probabilidades é rigorosamente provado. Pode dizer-se que foi devido às contribuições de Bernoulli que o cálculo das probabilidades adquiriu o estatuto de ciência. São fundamentais para o desenvolvimento do cálculo das probabilidades as contribuições dos astrónomos, Laplace, Gauss e Quetelet. Agora vamos resolver uma questão de raciocínio lógico: A lesma no poço Uma lesma está no fundo de um poço que tem 15 metros de profundidade, e quer sair dele. Como lesma é lesma, ela sobe 4 metros durante o dia, mas desce três durante a noite. Pergunta: Em quantos dias ela conseguirá sair do poço? Resposta: em 12 dias ela conseguirá sair do poço. Subindo 4 metros por dia e descendo 3 à noite, no décimo primeiro dia já terá subido 11 metros. Um dia depois, no décimo segundo dia, subindo mais 4 metros chegará à boca do poço (15 m) e não terá porquê continuar descendo. 26 Fixação 1- Numa urna existem bolas numeradas de 1 a 17. Qualquer uma delas tem a mesma chance de ser retirada. Qual é a probabilidade de se retirar uma bola cujo número seja: a) Par? b) Primo? c) Par ou primo? d) Par e primo? e) Nem par nem primo? f) Par mas não primo? g) Primo mas não par? 2- No lançamento de dois dados perfeitos, qual é a probabilidade de se obter soma 8 ou números iguais nas faces superiores? 3- Numa classe há 16 homens e 20 mulheres, dos quais metade dos homens e metade das mulheres têm cabelos castanhos. Ao escolher um aluno ao acaso, qual é a probabilidade de que seja homem ou tenha cabelos castanhos? 4- Uma moeda e um dado são lançados simultaneamente. Qual é a probabilidade de se obter “cara” ou um 6? 5- Uma carta é retirada ao acaso de um baralho de 52 cartas e, ao mesmo tempo, uma moeda é lançada. Qual é a probabilidade de se obter: a) Carta vermelha e cara? b) Carta vermelha ou cara? c) Carta de figura (dama, valete, rei) e coroa? d) Carta de figura ou coroa? 6- Uma carta é retirada ao acaso de um baralho de 52 cartas. Qual é a probabilidade de a carta retirada ser: a) Copas? b) Dama? c) Copas ou dama? d) Copas e dama (dama de copas)? e) Não copas? f) Não dama? g) Nem copas nem dama? 7) No lançamento de um dado perfeito, qual é a probabilidade de que o resultado seja: a) Um número par? b) Um número primo? c) O número 3? d) Um número menor do que 3? 8) Numa caixa há 6 bolas brancas e 4 bolas vermelhas. Qual a probabilidade de, ao acaso, retirar: a) Uma bola vermelha? b) Uma bola branca? 9) Escreva em pedaços iguais de papel os números de 1 a 13. Dobre-os igualmente de modo que qualquer um deles tenha a mesma chance de ser retirado de uma caixa. Qual a probabilidade de que o número retirado seja: a) Par? b) Divisível por 3? c) Um número primo? 27 d) Maior do que 8? e) Menor do que 10? f) Um número entre 5 e 10? g) Múltiplo de 4? 10) Qual a probabilidade de, ao retirar ao acaso uma carta de um baralho de 52 cartas, obter: a) Uma carta de copas? b) Um ás? c) Um ás de copas? d) Uma carta com naipe vermelho? e) Um “três” vermelho? 11) No lançamento simultâneo de duas moedas perfeitas e distinguíveis, qual é a probabilidade de que: a) Em ambas ocorra cara? b) Em uma ocorra cara e na outra coroa? c) Não ocorra nenhuma cara? d) Ocorra exatamente uma coroa? 12) No lançamento simultâneo de dois dados perfeitos e distinguíveis, um branco e outro vermelho, qual é a probabilidade de que: a) A soma seja 7? b) A soma seja par? c) A soma seja um número primo? d) A soma seja maior do que 1 e menor do que 8? e) Ambos os números sejam pares? f) Ambos os números sejam iguais? g) O primeiro número seja múltiplo do segundo? 13) Um casal planeja ter exatamente 3 crianças. Faça um diagrama de arvore para mostrar todos os possíveis arranjos de meninos e meninas. Qual é a probabilidade de que: a) Duas crianças sejam meninos e a outra, menina? b) Todas as crianças sejam meninas? c) Pelo menos uma criança seja menino? d) Todas as crianças sejam do mesmo sexo? e) Nenhuma criança seja menina? Gabarito: a) 8/17 b) 7/17 c) 14/17 1- d) 1/17 e) 3/17 f) 7/17 227,78% 372,2% 458,3% a) 25% 5b) 75% c) 11,5% d) 61,5% a) 25% b) 7,7% c) 30,8% 6d) 1/52 e) 75% f) 92,3% g) 69,2% 7- a) 50% b) 50% c) 16,7% d) 33,3% 8- a) 40% b) 60% 11- 12- 9- 10- a) 46,2% b) 30,8% c) 46,2% d) 38,5% e) 69,2% f) 30,8% g) 23,1% a) 25% b) 7,7% c) 1,9% d) 50% e) 3,8% 13- a) 25% b) 50% c) 25% d) 50% a) 16,7% b) 50% c) 41,7% d) 58,3% e) 25% f) 16,7% g) 38,9% a) 37,5% b) 12,5% c) 87,5% d) 25% e) 12,5% 28 Pintou no Enem 1) Rafael mora no Centro de uma cidade e decidiu se mudar, por recomendações médicas, para uma das regiões: Rural, Comercial, Residencial Urbano ou Residencial Suburbano. A principal recomendação médica foi com as temperaturas das “ilhas de calor” da região, que deveriam ser inferiores a 31ºC. Tais temperaturas são apresentadas no gráfico: Escolhendo, aleatoriamente, uma das outras regiões para morar, a probabilidade de ele escolher uma região que seja adequada às recomendações médicas é a) 1/5 d) 3/5 c) 2/5 b) 1/4 e) 3/4 Texto para as questões 2 e 3 A população mundial está ficando mais velha, os índices de natalidade diminuíram e a expectativa de vida aumentou. No gráfico seguinte, são apresentados dados obtidos por pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), a respeito da quantidade de pessoas com 60 anos ou mais em todo o mundo. Os números da coluna da direita representam as faixas percentuais. Por exemplo, em 1950 havia 95 milhões de pessoas com 60 anos ou mais nos países desenvolvidos, número entre 10% e 15% da população total nos países desenvolvidos. 29 2) Suponha que o modelo exponencial y = 363 eº˒º³˟, em que x = 0 corresponde ao ano 2000, x = 1 corresponde ao ano 2001, e assim sucessivamente, e que y é a população em milhões de habitantes no ano x, seja usado para estimar essa população com 60 anos ou mais de idade nos países em desenvolvimento entre 2010 e 2050. Desse modo, considerando e º˒³ = 1,35, estima-se que a população com 60 anos ou mais estará, em 2030, entre: a) 490 e 510 milhões. b) 550 e 620 milhões. c) 780 e 800 milhões. d) 810 e 860 milhões. e) 870 e 910 milhões 3) Em 2050, a probabilidade de se escolher, aleatoriamente, uma pessoa com 60 anos ou mais de idade, na população dos países desenvolvidos, será um número mais próximo de: a) 1/2 b) 7/20 c) 8/25 d) 1/5 e) 3/25 4) O controle de qualidade de uma empresa fabricante de telefones celulares aponta que a probabilidade de um aparelho de determinado modelo apresentar defeito de fabricação é de 0,2%. Se uma loja acaba de vender 4 aparelhos desse modelo para um cliente, qual é a probabilidade de esse cliente sair da loja com exatamente dois aparelhos defeituosos? a) 2 · (0,2%)⁴ b) 4 · (0,2%)² c) 6 · (0,2%)² · (99,8%)² d) 4 · (0,2%) e) 6 · (0,2%) · (99,8%) 5) A população brasileira sabe, pelo menos intuitivamente, que a probabilidade de acertar as seis dezenas da mega-sena não é zero, mas é quase. Mesmo assim, milhões de pessoas são atraídas por essa loteria, especialmente quando o prêmio se acumula em valores altos. Até junho de 2009, cada aposta de seis dezenas, pertencentes ao conjunto {01, 02, 03, ..., 59, 60}, custava R$ 1,50. Considere que uma pessoa decida apostar exatamente R$ 126,00 e que esteja mais interessada em acertar apenas cinco das seis dezenas da mega-sena, justamente pela dificuldade desta última. Nesse caso, é melhor que essa pessoa faça 84 apostas de seis dezenas diferentes, que não tenham cinco números em comum, do que uma única aposta com nove dezenas, porque a probabilidade de acertar a quina no segundo caso em relação ao primeiro é, aproximadamente: a) 1 1/2 vez menor. b) 2 1/2 vezes menor. c) 4 vezes menor. d) 9 vezes menor. e) 14 vezes menor. Gabarito: 12345- e e c c c 30 Referências BARRETO FILHO, Benigno. Matemática aula por aula. Volume único. São Paulo: FTD, 2000. DANTE, Luiz Roberto. Matemática. Volume único. 1. Ed. São Paulo: Ática, 2005. PAIVA, Manoel. Matemática. Volume único. 1. Ed. São Paulo: Moderna, 2005. ENEM. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/enem/enem>. Acesso em: 24 mar. 2014. Matemática. Disponível em: <www.matematiques.com.br>. Acesso em: 06 de mai. 2014.