Atendendo ao pedido de comunicações, vimos submeter uma proposta de painel para o Encontro da Associação Portuguesa de História Económica e Social 2015, composto por três comunicações e um moderador, que será igualmente discussant. Em caso de aprovação das propostas, os comunicantes inscrever-se-ão na Associação Portuguesa de História Económica e Social, conforme requerido no sítio da internet da mesma associação. Tema do Painel: "Pobreza, marginalidade e mecanismos de apoio social" Moderadora: Ana Isabel Sampaio Ribeiro (CHSC/UC; CEIS20/UC) Comunicantes: Beatriz Rodrigues Cabral (FLUC) - "Quem nada de seu tem: petições de esmola despachadas pela Santa Casa da Misericórdia de Coimbra (1712-1770)". Kevin Carreira Soares (FLUC) - "A evolução da assistência aos expostos durante o século XIX no distrito de Leiria. O caso de Porto de Mós". Ana Maria Diamantino Correia (CHSC/FLUC) - "A assistência hospitalar no concelho de Coruche (1820-1910)". A partir de um conjunto de fontes bastante diversas, o presente painel propõe-se analisar uma realidade preeminente da sociedade portuguesa até décadas muito, a pobreza, bem como alguns dos mecanismos que lhe estavam diretamente relacionados, segundo lógicas e contextos distintos. Assim, através do estudo das petições de esmola da Misericórdia de Coimbra durante o século XVIII, da evolução dos mecanismos de proteção aos expostos no distrito de Leiria no século XIX e da análise da assistência hospitalar no concelho de Coruche ao longo do século XIX e inícios do XX, pretende-se contribuir no sentido de aprofundar o conhecimento destas temáticas, algumas ainda pouco estudadas, e em contextos geográficos distintos. 1 Propostas de comunicação Quem nada de seu tem: petições de esmola despachadas pela Santa Casa da Misericórdia de Coimbra (1712-1770) Beatriz Rodrigues Cabral Mestranda em História Moderna - FLUC [email protected] Este estudo pretende dar mais um contributo para a História das Misericórdias, da pobreza e da assistência social na Época Moderna em Portugal, particularizando o caso de Coimbra setecentista. Importantes trabalhos nestas áreas têm já sido desenvolvidos, no contexto nacional, por historiadoras como Maria Antónia Lopes, Laurinda Abreu, Maria Marta Lobo de Araújo e Isabel dos Guimarães Sá, o que comprova a relevância do tema para o estudo das sociedades do Antigo Regime. Para realizar a presente investigação recorreu-se às petições de esmola despachadas pela Misericórdia de Coimbra entre 1712 e 1770, fonte manuscrita que integra o espólio documental do arquivo da mesma instituição. Como acontece frequentemente com a documentação deste período, estas petições sofrem de grandes hiatos temporais. As petições de esmola constituem uma fonte rica por possibilitarem uma grande aproximação à realidade quotidiana dos pobres. Perpetuando as palavras dos suplicantes, dão-nos a conhecer todo um mundo de carestia e dificuldades diversas. Por este motivo, são fontes pertinentes para um estudo como este, que pretende essencialmente conhecer de perto o largo universo dos que nada de seu têm. Refira-se, a propósito, que o grupo maioritário da população na Época Moderna, cerca de 80% a 90% desta, era composto por pobres. No entanto, há que ter em conta que as petições que resistiram ao tempo são as que foram despachadas pela instituição. Isto significa que muitas outras terão existido e que apenas temos acesso a uma pequena parte do que seria a população pobre da cidade de Coimbra, aquela que merecia ser e foi, de facto, ajudada. Há que ponderar também que este tipo de petições eram escritas com o claro 2 propósito de tocar emocionalmente e persuadir os mesários e o provedor da Santa Casa a dar a esmola desejada, pelo que os documentos poderão conceber uma imagem um pouco exagerada da situação real dos peticionários e das suas dificuldades. Na sequência do que foi dito, propõem-se como objetivos deste trabalho: compreender a esmola como mecanismo de apoio social facultado pela Misericórdia; averiguar qual o pobre exemplar e merecedor de tal ajuda; identificar quais os peticionários que, efetivamente, receberam esmola no período em análise, repartindo-os por sexo, idade, estado conjugal, entre outros critérios estatísticos; relacionar os pedidos feitos com as necessidades dos suplicantes; salientar alguns dos traços mais significativos da vida na pobreza, recorrendo a exemplos concretos retirados das fontes; e ainda analisar o discurso e vocabulário usado por quem escrevia as petições em nome dos peticionários. Palavras-chave: pobreza, Misericórdias, assistência social, Coimbra 3 A evolução da assistência aos expostos durante o século XIX no distrito de Leiria. O caso de Porto de Mós. Kevin Carreira Soares Mestrando em História Moderna - FLUC [email protected] O abandono de crianças assumiu, desde muito cedo, contornos muito específicos em Portugal, diferenciando-se dos restantes Estados Europeus. O seu grande número, os efeitos nefastos que o ato trazia para os que eram expostos, o seu impacto social e económico numa parte importante da população que se assegurava da sua criação e a atenção que lhe foi dispensada não só pelos monarcas do Antigo Regime, mas também pelos governos liberais, fazem deste fenómeno de relevância inquestionável e imprescindível de se observar para a leitura e correta compreensão do passado histórico das diferentes comunidades. Esta realidade adquiriu contornos alarmantes durante o século XIX, até à extinção gradual das rodas, após o ano 1867. A partir dos três regulamentos de administração dos expostos conhecidos para o distrito de Leiria (1846, 1865, 1868), das atas da Junta Geral possíveis de encontrar no arquivo distrital, bem como de alguma outra documentação da mesma instituição, é objetivo desta comunicação traçar a evolução institucional da assistência aos expostos do século XIX no território referido. Esta leitura será feita complementarmente com a análise das 726 matrículas de expostos respeitantes ao município de Porto de Mós, entre os anos de 1812 e 1879, dispersos por quatro livros de matrículas. Pretende-se assim, a partir destas fontes, aumentar o conhecimento em torno desta problemática no distrito de Leiria, realidade pouco estudada pela historiografia dentro desta temática. A incursão no território concreto de Porto de Mós sugere-se como modo de analisar a forma como as disposições distritais foram recebidas por um dos concelhos que compunha o distrito e quais os impactos gerados pelas alterações, na impossibilidade de fazer alargar esta análise a todos os concelhos. Através das fontes, será possível, igualmente, perceber os resultados deste fenómeno no município apontado, onde a taxa de mortalidade média dos expostos rondou sempre os 50%. Não sendo esta a tónica principal do trabalho, a observação do (in)sucesso da Roda de 4 Expostos na criação dos mesmos é imprescindível para delinear, de forma mais apurada, a realidade concreta que esta comunicação pretende abordar. Assume-se assim como premissa principal, delinear a evolução institucional da assistência aos expostos no distrito de Leiria, tendo como objetivos complementares tentar perscrutar a efetiva aplicação das disposições distritais, através da observação do caso específico do município de Porto de Mós, bem como as consequências produzidas por aquelas disposições neste território. Do mesmo modo, pretende-se destacar algumas especificidades que o estudo das fontes já consultadas permitiu apurar e que, pelo menos entre os estudos consultados até à data, não foram encontradas em nenhum outro contexto. Palavras-chave: expostos, roda de expostos, assistência, infância, Leiria 5 A assistência hospitalar no concelho de Coruche (1820-1910) Ana Maria Diamantino Correia Doutoranda em Altos Estudos em História - História Contemporânea - CHSC/FLUC [email protected] O estudo que se apresenta pretende analisar a assistência hospitalar no concelho de Coruche durante a Monarquia Constitucional. Neste período, ao contrário dos dias de hoje, quem estivesse enfermo, dispondo de um mínimo de recurso, pagava a visita domiciliária de um médico. Para os restantes havia duas hipóteses: recorrer a um médico municipal, que tinha o dever contratualizado de exercer clínica gratuita aos comprovadamente pobres, ou internar-se num hospital. Todavia, dirigir-se a um hospital seria sempre o último recurso, uma vez que estas instituições estavam socialmente conotadas como locais para pobres. Não que os cuidados terapêuticos fossem piores, tratava-se apenas de uma vergonha e de um desprestígio social. Na verdade, dado os incipientes tratamentos médicos praticados na altura, estes tanto podiam ser ministrados em hospitais ou consultórios como na casa dos pacientes, pelo que no segundo caso o risco de contágios era muito inferior. Por isso, eram os pobres que, desprovidos de qualquer outra possibilidade, se sujeitavam a um internamento hospitalar. Era uma questão de sobrevivência, quando mais nada, nem mesmo o estatuto social, interessava. A maioria dos hospitais em Portugal pertencia às misericórdias espalhadas por todo o país, exceção feita, a partir de 1834, ao hospital de S. José, em Lisboa, e aos hospitais da Universidade de Coimbra, administrados pela Faculdade de Medicina. Daí a importância, vital para a grande maioria da população, dos cuidados de saúde providos por estas instituições e o poder a estas conferido na tomada de decisão sobre quem deveria ser alvo de auxílio. Mesmo debatendo-se muitas vezes com gravíssimos problemas financeiros, as misericórdias eram, em muitos casos, as únicas a prestarem socorro médico aos mais desfavorecidos. No caso do concelho de Coruche, existiam, no período em análise, dois hospitais, ambos administrados por misericórdias: a de 6 Coruche e a da Erra. Esta última tinha a seu cargo uma pequena unidade hospitalar, cuja assistência prestada reflete claramente o acentuado declínio da instituição no final do século XIX, quando foi incorporada pela sua congénere coruchense. Palavras-chave: cuidados de saúde, misericórdia 7 Coruche, assistência hospitalar, Currículos Ana Isabel Ribeiro CHSC/UC; CEIS20/UC [email protected] Concluiu a Licenciatura em História, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em 1996 e, em 1997, realizou estágio pedagógico na Escola Secundária da Quinta das Flores (Coimbra). Em 1999, tornou-se Assistente, na área de História Moderna, do Instituto de História Económica e Social, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, tendo concluído o Mestrado em História Moderna da Faculdade de Letras de Coimbra, com a tese intitulada Estruturas, redes e dinâmicas sociais. A comunidade de Eiras nos finais do século XVIII, em Julho de 2003. Em 2013, defendeu a sua tese de doutoramento intitulada Nobrezas e Governança. Identidades e perfis sociais (Coimbra 1777-1820). Atualmente é professora auxiliar na mesma Faculdade, lecionando cadeiras nas áreas de História Moderna de Portugal, Iniciação à investigação Histórica e Didática da História. É diretora do mestrado em ensino da História no ssistente, patrimºa diiestigaçs versidade de Coimbra.aç3º ciclo do ensino básico e ensino secundário da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. É investigadora integrada Investigadora do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20), da Universidade de Coimbra (núcleo de património e humanidades digitais) e membro da direção do mesmo centro de investigação. Colabora, também, com o Centro de História e Cultura da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (CHSC). Algumas publicações: “O património da fidalguia da região de Coimbra – o caso da família Garrido (século XVIII)”, Revista Portuguesa de História, tomo XLIV, Coimbra, 2013, pp. 337-368. Nobrezas e Governança. Identidades e perfis sociais (Coimbra 1777-1820), Coimbra, 2012. “Using Network Analysis on Parish Registers: How Spiritual Kinship Uncovers Social Structure ”, em colaboração com Joaquim Ramos de Carvalho, in Bridging the Gaps: Sources, Methodology and Approaches to Religion in Europe, Edizioni Plus, Pisa, 2008, pp. 171-186. “A didáctica da História e o perfil do professor”, em colaboração com João Paulo Avelãs Nunes, Revista Portuguesa de História, Tomo 39, Coimbra, 2007, pp. 87-105. A comunidade de Eiras nos finais do século XVIII. Estruturas, redes e dinâmicas sociais, Coleção Estudos, nº 53, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Coimbra, 2006. “Ministros de Sua Majestade. Bacharéis oriundos da provedoria de Aveiro na carreira das Letras entre 1700-1770”, O Poder Local em Tempo de Globalização, Centro de História da Sociedade e Cultura/Palimage, Viseu, 2006, pp. 55-85. 8 Beatriz Rodrigues Cabral FLUC e-mail: [email protected] | telemóvel: 912603122 Formação académica - (2011-2014) Licenciatura em História – Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, com 17 valores - (2014-) Mestranda em História Moderna – Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Comunicações - “O Homem de Letras perante a vida e a morte: elogios históricos da Academia Real das Sciencias de Lisboa (1797-1831)”, Encontro de Jovens Investigadores em História Moderna, Porto, 3 a 6 de Junho de 2015 (texto online) Prémios - Prémio Curricular Feijó em 2014 - Prémio 3% Melhores Estudantes da UC em 2012, 2013, 2014 9 Kevin Carreira Soares FLUC e-mail: [email protected] Formação Académica - Licenciado em História (variante de História e Geografia) pela FLUC (2010-2013) - Mestrando em História (variante em História Moderna) na FLUC (2013- ) Comunicações: - “O Bispado de D. Luís Cerqueira: análise da acção pastoral nos diferentes períodos do seu Bispado” apresentada no dia 24/10/2013 no evento: “Nambam 470” e novamente no dia 26/11/2013 inserida no seminário “Oficinas de História da Expansão”, na FLUC. - "Os Índios Brasileiros no Olhar de Gabriel Soares de Sousa" apresentada no dia 5 de Junho de 2015 no evento: "IV EJHIM" na FLUP. Outros eventos: - Participou na receção dos alunos de primeiro a convite da coordenadora da Licenciatura em História, ano no dia 02-10-2013. - Colaborou no secretariado das Conferências abertas “Pobres, Assistidos e Idosos ontem e hoje. Perspectivas multidisciplinares”, inseridas na comemoração do 130º aniversário do Lar e do 355º aniversário da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco, no dia 13-07-2014. Bolsas: - Bolseiro da Fundação de Macau para o desenvolvimento da dissertação de mestrado "Os Bispos de Macau (1576-1782)"durante o ano letivo de 2014/2015, sob orientação científica do doutor José Pedro Paiva. 10 Ana Maria Diamantino Correia (CHSC/UC) e-mail: [email protected] | Tlm: 93 899 14 13 Formação académica - (2014 - presente) Doutoranda em Altos Estudos em História - História Contemporânea, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC); - (2010-2013) Mestrado em História - História Contemporânea, pela FLUC; - (2000-2005) Licenciatura em História, pela FLUC. Experiência profissional - (2014 - presente) Investigadora colaboradora do Centro de História da Sociedade e da Cultura - (2005 - presente) Técnica Superior de História no Museu Municipal de Coruche - (2004-2005) Docente de História na Escola Secundária da Mealhada Publicações - A saúde pública no concelho de Coruche: instituições, agentes e doentes (1820-1910), Coleção «Trajetos da História», vol. 4, Coruche, Museu Municipal, 2015 (no prelo). - «"Coruche": do século V ao século XIII», in Coruche: o Céu, a Terra e os Homens – catálogo da exposição de longa duração, Coruche, Museu Municipal, 2014, pp. 96-103. - «Coruche: do século XVI ao século XX», in Coruche: o Céu, a Terra e os Homens – catálogo da exposição de longa duração, Coruche, Museu Municipal, 2014, pp. 152-155. - «Devoção e poder na Misericórdia de Coruche nos séculos XVIII e XIX», in Coruche: o Céu, a Terra e os Homens – catálogo da exposição de longa duração, Coruche, Museu Municipal, 2014, pp. 157-170. - «A evolução da malha urbana de uma vila ribeirinha: contributos para o conhecimento do caso de Coruche», Revista Portuguesa de História, vol. 43, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 2012, pp. 191-218. - «Índice analítico», in Estudo Histórico de Coruche de Margarida Ribeiro, Coruche, Câmara Municipal, 2009 (1.ª edição 1959), pp. 323-334. Comunicações orais - Apresentação do livro O Foral de Coruche de 1182: estudo, edição e tradução, de Filipa Roldão e Joana Serafim, no colóquio “O Foral de Coruche de 1182”, organizado pelo CLA da Universidade Aberta, em Coruche (31.05.2014). - “Escola-Museu Salgueiro Maia”, Encontro de Inverno do MINOM/NUOME, sob a temática Um Museu: diferentes memórias, diferentes patrimónios, no Museu Municipal de Coruche (02.03.2013). - “As igrejas medievais da vila de Coruche: enquadramento breve”, Jornadas Europeias do Património, sob o tema “O futuro da memória”, em Coruche (28 e 29.09.2012). Prémios e distinções - (2015) Prémios Associação Portuguesa de Museologia (APOM), Menção Honrosa na categoria Investigação com a exposição de longa duração Coruche: o Céu, a Terra e os Homens, do Museu Municipal de Coruche - (2011) Prémio 3% dos Melhores Estudantes da Universidade de Coimbra, Mestrado em História - (2009) APOM, Menção Honrosa de Melhor Museografia, ao núcleo museológico Escola-Museu Salgueiro Maia. - (2008) APOM, Menção Honrosa de Melhor Exposição 2008 com a exposição temporária S. Pedro – Entre o céu e a terra, do Museu Municipal de Coruche. 11