A S S I M A G R A P I E R C A B E Ç A V E A D A P O R T O 1 ª F A S E – C S D D E M Ó S A R A C T E R I Z A Ç Ã O R I T U A Ç Ã O I A G N Ó S T I C O E D E P R É O – D A E F E R Ê N C I A - P R O P O S T A R D E N A M E N T O R E L A T Ó R I O 2 0 1 1 / 0 1 6 2 de Dezembro de 2013 A S S I M A G R A P I E R C A B E Ç A V E A D A D E 1 ª F A S E – - P O R T O M Ó S C A R A C T E R I Z A Ç Ã O D A S I T U A Ç Ã O D I A G N Ó S T I C O D E E R E F E R Ê N C I A , P R É - P R O P O S T A D E O R D E N A M E N T O R E L A T Ó R I O Í N D I C E 1. INTRODUÇÃO ................................................................... 1 1.1. BREVE ENQ UADRAMENTO L EG AL ................................................ 3 2. METODOLOGIA ................................................................ 9 3. ENQUADRAMENTO DA Á REA DE INTERVE NÇÃO.................... 12 3.1. PROJEC TO QREN - SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DA I NDÚST RIA EXT R ACT IV A ..................................................................... 12 3.2. ENQ UADRAMENTO I NST ITUCIO NAL ........................................... 16 3.3. ENQ UADRAMENTO LEG AL ...................................................... 17 3.3.1. Plano de Pormenor na Modalidade de Plano de Intervenção em Espaço Rural ..............................................................................................................18 3.3.2. 3.4. Avaliação Ambiental Estratégica...............................................................19 ARTICUL AÇ ÃO TERRITÓ RIO CO M O UTR OS PLANO S MU NICIPAIS D E O RD ENAME NTO DO ...................................................................... 20 3.5. PRAZO 3.6. CONTEÚDO 3.7. ENQ UADRAMENTO T ERRITO RIAL ............................................... 23 3.8. INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL COM INCIDÊNCIA NA ÁREA DE E FASES PARA A EL ABORAÇÃO DO PLANO ......................... 20 M ATERIAL E DOCUM ENTAL DO PLANO ......................... 21 INTERVENÇÃO ................................................................... 25 3.8.1. Plano Nacional de Política de Ordenamento do Território (PNPOT)......... 26 3.8.2. Plano Regional de Ordenamento do Território do Centro (PROT–C) ........ 29 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | i 3.8.3. Plano Regional de Ordenamento Florestal Centro Litoral ......................... 34 3.8.4. Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo ..................................... 39 3.8.5. Plano Sectorial da Rede Natura 2000 .........................................................40 3.8.6. Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros ................................................................................................... 45 3.8.7. Plano Director Municipal de Porto de Mós ................................................. 54 4. CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO .. 56 4.1. INDÚSTRIA E XTRAT IVA - S IT UAÇ ÃO ACTUAL ................................ 56 4.1.1. Pedreiras Licenciadas e Escombreiras ....................................................... 56 4.1.2. Áreas Recuperadas ..................................................................................... 59 4.1.3. Descrição das áreas recuperadas na AIE de Cabeça Veada no concelho de Porto de Mós .......................................................................... 60 4.1.4. Afetação das áreas recuperadas na AIE de Cabeça Veada no concelho de Porto de Mós .......................................................................... 61 4.2. GEOLOGIA ...................................................................... 63 4.2.1. Enquadramento Geológico ........................................................................ 63 4.2.2. Caracterização Litológica........................................................................... 64 4.3. APTIDÃO GEOLÓGIC A ......................................................... 69 4.3.1. 4.4. Metologia adotada para definição do limite de escavação .................. 69 SOLOS ........................................................................... 72 4.4.1. Metodologia................................................................................................. 72 4.4.2. Caraterização dos solos na AIE de Cabeça Veada ................................. 73 4.4.2.1. Tipo de solos ......................................................................................... 74 4.4.2.2. Descrição dos solos presentes na área de estudo ............................ 74 4.4.2.3. Capacidade de Uso do Solo ...............................................................77 4.4.3. Diagnóstico .................................................................................................. 79 4.4.4. Conclusões...................................................................................................80 4.5. REC URSO S H ÍDRICOS SUBTERRÂNEOS ........................................ 81 4.5.1. METODOLOGIA.............................................................................................81 4.5.2. CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA ......................................................83 4.5.2.1. Enquadramento geológico local ........................................................ 83 4.5.2.2. Hidrogeologia local..............................................................................84 4.5.3. 4.6. Diagnóstico .................................................................................................. 94 RECURSO S H ÍDRICOS SUPERFICIAIS .......................................... 95 4.6.1. 4.6.1.1. Caracterização da Situação de Referência .............................................. 95 Considerações gerais .......................................................................... 95 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS ii biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 4.6.1.2. 4.6.2. 4.7. Caracterização do Sistema Hídrico .................................................... 96 Diagnóstico ................................................................................................ 101 CARACTERIZ AÇÃO BIOLÓ GICA ..............................................102 4.7.1. Introdução .................................................................................................. 102 4.7.2. Metodologia............................................................................................... 103 4.7.2.1. Inventariação do património natural ................................................ 103 4.7.2.2. Flora e vegetação .............................................................................. 103 4.7.2.3. Fauna e biótopos ................................................................................ 103 4.7.2.4. Valoração do Património Natural...................................................... 104 4.7.3. Caraterização Ecológica .......................................................................... 105 4.7.3.1. Flora ..................................................................................................... 105 4.7.3.2. Habitats ............................................................................................... 113 4.7.3.3. Fauna e Biótopos ................................................................................ 132 4.7.4. Diagnóstico ................................................................................................ 143 4.7.4.1. Carta de Valores Florísticos ............................................................... 144 4.7.4.2. Carta de Valores Faunísticos ............................................................. 147 4.8. OCU PAÇ ÃO 4.8.1. DO SOLO ........................................................149 Evolução da Ocupação do solo 1990-2012 ............................................ 149 4.8.1.1. Carta de Ocupação do Solo – COS 90 ............................................. 149 4.8.1.2. Carta de Ocupação do Solo – 2000.................................................. 150 4.8.1.3. Carta de Ocupação do Solo - COS 2007 ......................................... 151 4.8.1.4. Carta da Ocupação actual do solo – 2012 ...................................... 152 4.8.1.5. Distribuição das áreas por categoria de uso do solo ...................... 153 4.8.1.6. Síntese da Evolução da Ocupação do solo 1990-2012 ................... 155 4.9. PAISAGEM ......................................................................156 4.9.1. Enquadramento teórico ............................................................................ 156 4.9.2. Enquadramento da paisagem da área de intervenção no Panorama Nacional ..................................................................................................... 158 4.9.3. Metodologia............................................................................................... 162 4.10. CLIMA ..........................................................................166 4.10.1. Metodologia............................................................................................... 166 4.10.2. Caracterização .......................................................................................... 168 4.10.2.1. Temperatura........................................................................................ 168 4.10.2.2. Precipitação ....................................................................................... 170 4.10.2.3. Neve, Granizo, Trovoada, Nevoeiro, Geada .................................... 173 4.10.2.4. Ventos ................................................................................................. 174 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | iii 4.10.3. Diagnóstico ................................................................................................ 175 4.11. QUALIDADE 4.11.1. 4.11.1.1. 4.11.2. DO AR ............................................................176 Metodologia............................................................................................... 176 Introdução .......................................................................................... 176 Caracterização .......................................................................................... 176 4.11.2.1. Recetores e fontes dos poluentes atmosféricos ............................... 176 4.11.2.2. Qualidade do ar na área em estudo ................................................ 177 4.11.3. Diagnóstico ................................................................................................ 186 4.12. AMBIENTE SONORO ...........................................................187 4.12.1. 4.12.1.1. 4.12.2. Metodologia............................................................................................... 187 Introdução .......................................................................................... 187 Caracterização .......................................................................................... 187 4.12.2.1. Fontes ruidosas existentes.................................................................. 187 4.12.2.2. Potenciais recetores do ruído gerado pela exploração ................. 188 4.12.2.3. Caracterização do ambiente acústico local ................................... 188 4.12.3. Diagnóstico ................................................................................................ 194 4.13. PATR IMÓ NIO CULT URAL ...................................................... 195 4.13.1. Introdução .................................................................................................. 195 4.13.2. Pesquisa Documental ................................................................................ 195 4.13.3. Trabalho de Campo .................................................................................. 198 4.13.4. Diagnóstico ................................................................................................ 200 4.14. PATR IMÓ NIO GEOLÓG ICO ................................................... 200 5. CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÓMICA ............................ 201 5.1. DINÂMIC AS TERRITORIAIS ............................................... 201 5.1.1. Demográficas e sociais ............................................................................. 202 5.1.1.1. A freguesia de Mendiga no PNSAC .................................................. 202 5.1.1.2. A freguesia de Mendiga no concelho de Porto de Mós.................. 211 5.1.2. Dinâmicas Locativas .................................................................................. 214 5.1.3. Recursos Institucionais - Associações e Instituições ............................... 218 5.1.4. Recursos de Iniciativa................................................................................ 219 5.1.4.1. Notas sobre a relevância da extração de rochas industriais e ornamentais ........................................................................................ 219 5.1.4.2. A atividade nos concelhos que acolhem AIE’s ............................... 227 5.2. DI AG NÓ ST ICO PRO S PEC TI VO PREL IM I NAR ................................. 237 5.3. AIE DE CABEÇA VEADA: CARACTERIZAÇÃO ECONÓMICA DA EXPLORAÇÃO ............................................................... 240 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS iv biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 5.4. 6. CARACTERIZAÇÃO EMPRESARIAL ..................................... 247 SERVIDÕES E RESTRIÇÕES DE UTILIDADE PÚBLICA ............... 250 6.1. RECURSOS H ÍDRICOS .........................................................251 6.1.1. 6.2. Domínio Hídrico.......................................................................................... 251 RECURSOS 6.2.1. 6.3. AGRÍCOLAS E FLORESTAIS .......................................252 Regime Florestal ......................................................................................... 252 RECURSOS ECOL ÓGICOS .....................................................253 6.3.1. Áreas Protegidas ........................................................................................ 253 6.3.2. Rede Natura 2000 ...................................................................................... 255 6.4. INF R AE ST RUT U RAS ............................................................. 256 6.4.1. Rede Eléctrica ............................................................................................ 256 7. PRÉ-PROPOSTA DE ORDENAMENTO .......................................... 257 7.1. METODOLOG IA ................................................................258 7.2. OBJ ECT IV OS GERAIS 7.3. EL AB OR AÇ ÃO 7.4. MODELO 8. DE E OBJECTIVOS ESPECÍFICOS .......................262 CENÁRIOS ................................................. 264 DE PLANEAMENTO E GE ST ÃO TERRITORIAL ...................... 267 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................ 273 ANEXO I - CONTEÚDO DOCUMENTAL ANEXO II - CARACTERIZAÇÃO BIOLÓGICA ANEXO III - AMBIENTE SONORO ANEXO IV - QUALIDADE DO AR ANEXO V - PATRIMÓNIO CULTURAL Í N D I C E F I G U R A S Figura 1.1-1: Quadro legal da indústria extractiva no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros ......................................................................................... 8 Figura 2-1: Esquema Geral do Faseamento do Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça Veada e respectiva Avaliação Ambiental Estratégica.. 10 Figura 2-2: Esquema Geral do Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça Veada e respectiva Avaliação Ambiental Estratégica .............................. 11 Figura 3.7-1: Enquadramento territorial das Áreas de Intervenção Específica .............. 25 Figura 3.8-1: Extracto do Modelo Territorial Proposto do PROT Centro ........................... 32 Figura 3.8-2: Extracto do Mapa Síntese do PROF Centro Litoral ...................................... 37 Figura 3.8-3: Sítio de Importância Comunitária PTCON 0015 – Serras de Aire e Candeeiros .................................................................................................. 43 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | v Figura 3.8-4: Habitats presentes no Sítio PTCON 0015 ..................................................... 44 Figura 3.8-5: Extracto do Planta Síntese do POPNSAC na Área de Intervenção Específica de Cabeça Veada .................................................................... 53 Figura 3.8-6: Extracto da Planta de Ordenamento do PDM de Porto de Mós - Núcleo de Cabeça Veada ...................................................................................... 55 Figura 4.1-1: Pedreiras licenciadas na AIE de Cabeça Veada ...................................... 57 Figura 4.1-2: Áreas recuperadas no concelho de Porto de Mós referentes à AIE de Cabeça Veada ........................................................................................... 62 Figura 4.2-1: Enquadramento da AIE da Cabeça Veada no Maciço Calcário Estremenho. ................................................................................................ 64 Figura 4.2-2: Mapa geológico simplificado. ................................................................... 68 Figura 4.2-3: Corte geológico evidenciando a estrutura geológica local. .................... 69 Figura 4.3-1: Metodologia desenvolvida para definição do limite da área de escavação. ................................................................................................. 70 Figura 4.3-2: Área com aptidão geológica na AIE do Cabeça Veada.......................... 71 Figura 4.4-1: Carta de solos na área de estudo da AIE de Cabeça Veada referente ao concelho de Porto de Mós .................................................................... 76 Figura 4.4-2: Carta de capacidade de uso do solo na área de estudo da AIE de Cabeça Veada referente ao concelho de Porto de Mós. .......................... 79 Figura 4.5-1: Localização dos pontos de água com informação de produtividade, piezometria e amostrados para caracterização qualitativa das águas subterrâneas da AIE de Cabeça Veada. (Implantação sobre extracto da Folha 328 do IGeoE na escala 1:25 000)................................................ 86 Figura 4.5-2: Modelo digital de terreno da área compreendida entre a AIE de Cabeça Veada e a nascente temporária Olho da Mata do Rei. [Coordenadas: Datum 73 Hayford Gauss IPCC] ......................................... 88 Figura 4.6-1: Rede hidrográfica principal na AIE de Cabeça Veada ............................. 97 Figura 4.6-2: Distribuição espacial do escoamento médio anual (mm) na bacia do rio Tejo e na AIE de Cabeça Veada (SNIRH, INAG, 2008) .......................... 98 Figura 4.6-3: Extracto do mapa síntese do PROF Centro Litoral ...................................... 99 Figura 4.6-4: Localização do sistema aquífero Maciço Calcário Estremenho ............. 100 Figura 4.7-1: Áreas de ocorrência de espécies RELAPE de distribuição muito localizada. ................................................................................................ 110 Figura 4.7-2: Espécies RELAPE – endemismos lusitânicos - identificadas na área de estudo: a) Silene longicilia; b) Saxifraga cintrana. ................................... 111 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS vi biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Figura 4.7-3: Espécies de orquídeas inventariadas na área de estudo: a) Anacamptis pyramidalis (orquídea-piramidal); b) Barlia robertiana (salepeira-grande); c) Orchis papilionacea (erva-borboleta). ............... 112 Figura 4.7-4: Mosaico de comunidades arbustivas, de comunidades pratenses e de afloramentos rochosos na da área de estudo. ......................................... 113 Figura 4.7-5: Carvalhal de Quercus faginea subsp. broteroi (carvalho-cerquinho). ... 116 Figura 4.7-6: Carrascal (habitat 5330 subtipo pt5). ....................................................... 119 Figura 4.7-7: Matos baixos calcícolas (habitat 5330 subtipo pt7), em co-dominância de Rosmarinus officinalis (alecrim) e Thymus zygis subsp. sylvestris (sal-da-terra)............................................................................................. 120 Figura 4.7-8: Prado rupícola com Saxifraga cintrana. .................................................. 122 Figura 4.7-9: Clareira de arrelvados anuais neutrobasófilos em mosaico com matos.124 Figura 4.7-10: Vertente calcária.................................................................................... 125 Figura 4.7-11: Lajes calcárias. ....................................................................................... 126 Figura 4.7-12: Eucaliptal. ............................................................................................... 127 Figura 4.7-13: Prado anual. ........................................................................................... 128 Figura 4.7-14: Campos de Lapiás. ................................................................................. 130 Figura 4.7-15: Olival abandonado. ............................................................................... 131 Figura 4.7-16: Área artificializada. ................................................................................ 132 Figura 4.7-17: Carta de Valores Florísticos. ................................................................... 146 Figura 4.7-18: Carta de Valores Faunísticos. ................................................................. 148 Figura 4.8-1: Evolução da ocupação do solo entre 1990 e 2012 ................................. 156 Figura 4.9-1: Enquadramento da área de intervenção ................................................ 160 Figura 4.9-2: Imagem aérea da região (Fonte: BingMaps)........................................... 163 Figura 4.9-3: Vista da área do Plano para Sul ............................................................... 164 Figura 4.9-4: Vista para a área do Plano e linha de água ............................................ 165 Figura 4.10-1: Distribuição das temperaturas média mensal, máximas médias e mínimas médias. ....................................................................................... 169 Figura 4.10-2: Gráficos termo-pluviométricos. .............................................................. 171 Figura 4.10-3: Valores anuais de precipitação. ............................................................ 172 Figura 4.10-4: Variação interanual da precipitação. Diferença em relação à média. 172 Figura 4.10-5: Rosa dos Ventos (frequência e velocidade média anual). ................... 175 Figura 4.11-1: Índices da qualidade do ar na região Vale do Tejo e Oeste. ............... 179 Figura 4.11- 2: Localização dos pontos de medição de PM10 ...................................... 184 Figura 4.12-1: Localização dos pontos de medição de ruído ambiente. ..................... 191 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | vii Figura 4.13-1: Área de Estudo e localização das Ocorrências de Interesse Cultural no Concelho de Porto Mós ....................................................................... 197 Figura 5.1-1: Pressão demográfica (hab,/Km2) 2011 .................................................... 203 Figura 5.1-2: Tendências recentes na dinâmica demográfica, 2001-2011................... 204 Figura 5.1-3: Tendências recentes para o número de famílias, 2001-2011 .................. 206 Figura 5.1-4: Densidade habitacional, 2011 ................................................................. 208 Figura 5.1-5: Lugares da Mendiga (Esq.) e Serro Ventoso ............................................ 209 Figura 5.1-6: Fragmento territorial da freguesia de Alcanede em 2005 e 2009............ 209 Figura 5.1-7: Tendências recentes na disponibilidade em alojamentos, 2001-2011 .... 210 Figura 8: Inserção sub-regional da AI........................................................................... 214 Figura 5.1-8: Áreas protegidas nas freguesias que integram AIE ................................. 218 Figura 5.1-9: Localização dos centros de produção de rochas industriais e ornamentais .............................................................................................. 221 Figura 5.1-10: Valor de produção nas pedreiras das NUTS III da AI, 2005- 2011 .......... 225 Figura 5.1-11: Perfil da estrutura económica das freguesias que integram as AIE, 2009 ........................................................................................................... 235 Figura 5.1-12: Variação das unidades empresariais no quinquénio 2004-2009, nas freguesias que integram as AIE................................................................. 236 Figura 5.3-1: Valor da produção em Cabeça Veada entre 2008 e 2011 ..................... 241 Figura 5.3-2: Valor por tonelada produzida em Cabeça Veada entre 2008 e 2011 .... 241 Figura 5.3-3: Número de pessoal ao serviço na AIE de Cabeça Veada entre 2008 e 2011 ........................................................................................................... 242 Figura 5.3-4: Valor de consumo de fontes energéticas em Cabeça Veada, ente 2008 e 2011 ............................................................................................... 243 Figura 5.3-5: Países importadores de minério português (mais de um milhão de euros), 2011 ............................................................................................... 245 Figura 7.4-1: Aptidão geológica para exploração de rocha ornamental ................... 268 Figura 7.4-2: Valoração biologia .................................................................................. 268 Figura 7.4-3: Áreas recuperadas (Anexo 3 do POPNSAC) ............................................ 268 Figura 7.4-4: Diagrama Metodológico para a Proposta de Ordenamento dos PIER AIE270 Figura 7.4-5: Pré-Proposta de Ordenamento de Cabeça Veada ................................. 271 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS viii biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Í N D I C E Q U A D R O S Quadro 3.7-1: Distribuição das AIE por concelho........................................................... 24 Quadro 3.8-1: AIE de Cabeça Veada - Distribuição dos Regimes de Protecção .......... 53 Quadro 4.1-1: Ocupação da indústria extractiva na AIE de Cabeça Veada ................ 56 Quadro 4.1-2: Caracterização das escombreiras existentes na AIE de Cabeça Veada ......................................................................................................... 58 Quadro 4.4-1: Classes da Capacidade de Uso dos Solos. ............................................. 78 Quadro 4.4-2: Sub-classes da Capacidade de Uso dos Solos. ...................................... 78 Quadro 4.5-1: Relação das análises laboratoriais realizadas. ....................................... 83 Quadro 4.5-2: Características geométricas e produtividade de furos. .......................... 85 Quadro 4.5-3: Parâmetros físico-químicos de caracterização global. .......................... 89 Quadro 4.5-4: Resultados analíticos da componente iónica maioritária ....................... 91 Quadro 4.5-5: Resultados analíticos de componentes vestigiários. ............................... 92 Quadro 4.5-6: Resultados analíticos de óleos e gorduras, hidrocarbonetos totais e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. .................................................. 93 Quadro 4.5-7: Resultados da componente microbiológica analisada. ......................... 94 Quadro 4.7-1: Espécies com valor conservacionista inventariadas, com indicação do nome comum (quando existente) e respetivo estatuto de proteção. 107 Quadro 4.7-2: Usos do solo e habitats existentes e respetiva área (ha) ocupada na área de estudo (habitats prioritários assinalados por *). .......................... 115 Quadro 4.7-3: Enquadramento legal das espécies potenciais da área de estudo ..... 134 Quadro 4.7-4: Biótopos existentes, habitats correspondentes, e representatividade (ha) na área em estudo. ........................................................................... 135 Quadro 4.8-1: Distribuição da Ocupação do Solo - COS 90 ........................................ 150 Quadro 4.8-2: Distribuição da Ocupação do Solo - 2000............................................. 150 Quadro 4.8-3: Distribuição da Ocupação do Solo - 2000............................................. 151 Quadro 4.8-4: Legenda do uso Actual do Solo............................................................. 153 Quadro 4.8-5: Distribuição das áreas por categoria de uso do solo ............................ 154 Quadro 4.8-6: Evolução da ocupação do solo entre 1990 e 2012 ............................... 155 Quadro 4.9-1: Descritores de caracterização .............................................................. 164 Quadro 4.9-2: Quantificação do critério Harmonia ...................................................... 166 Quadro 4.9-3: Valoração das Unidades de Paisagem ................................................. 166 Quadro 4.10-1: Temperaturas médias........................................................................... 169 Quadro 4.10-2: Número de dias por ano com temperaturas extremas. ...................... 169 Quadro 4.10-3: Sazonalidade da precipitação anual .................................................. 170 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | ix Quadro 4.10-4: Número de dias por ano com precipitação superior a 0,1 mm e 10,0 mm ..................................................................................................... 171 Quadro 4.10-5: Meteoros diversos: n.º de dias por ano. ............................................... 173 Quadro 4.11-1: Dados das estações de monitorização da qualidade do ar. .............. 180 Quadro 4.11-2: Dados estatísticos das medições de qualidade do ar. ....................... 180 Quadro 4.11-3: Descrição dos locais de medição de PM 10 ......................................... 183 Quadro 4.11-4: Resultados das medições de PM10. ..................................................... 185 Quadro 4.12-1: Descrição dos locais de medição de ruído selecionados e das respetivas fontes de ruído detetadas........................................................ 190 Quadro 4.12-2: Análise do critério de exposição máxima. .......................................... 192 Quadro 4.12-3 - Análise do critério de incomodidade no período diurno. .................. 193 Quadro 4.13-1: Síntese da Pesquisa Documental ......................................................... 196 Quadro 4.13-2: Ocorrências Patrimoniais ..................................................................... 199 Quadro 5.1-1: Residentes em 2001 e 2011 .................................................................... 203 Quadro 5.1-2: Famílias em 2001 e 2011 ........................................................................ 205 Quadro 5.1-3: Alojamentos em 2001 e 2011 ................................................................. 207 Quadro 5.1-4: Qualificação dos residentes mais qualificados, 1991-2001 .................. 211 Quadro 5.1-5: Área e População em Mendiga e Porto de Mós, 2001-2011 ................. 212 Quadro 5.1-6: Famílias em Mendiga e Porto de Mós, 2001-2011 ................................. 213 Quadro 5.1-7: Alojamentos em Mendiga e Porto de Mós, 2001-2011 .......................... 213 Quadro 5.1-8: Permeabilidade viária ........................................................................... 216 Quadro 5.1-9: Evolução do número de pedreiras em atividade por tipo de rocha extraída ..................................................................................................... 222 Quadro 5.1-10: Evolução do peso (%) de pedreiras em atividade por tipo de rocha extraída ..................................................................................................... 223 Quadro 5.1-11: Evolução do pessoal ao serviço por tipo de rocha extraída .............. 223 Quadro 5.1-12: Evolução do peso (%) do pessoal ao serviço por tipo de rocha extraída ..................................................................................................... 224 Quadro 5.1-13: Variação da produção nas pedreiras das NUTS III da AI e de Portugal Continental, 2005-2011 ............................................................... 225 Quadro 5.1-14: Proporção de Quantidade Produzida nas Pedreiras das NUTS III da AI relativamente ao total nacional, 2005-2011 ............................................. 226 Quadro 5.1-15: Proporção do Valor de Produção nas Pedreiras das NUTS III da AI relativamente ao total nacional, 2005-2011 ............................................. 226 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS x biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Quadro 5.1-16: Proporção da Produção nas Pedreiras das NUTS III da AI e de Portugal Continental relativamente à Produção Global Nacional de todos os sectores produtivos, 2005-2011 .................................................. 226 Quadro 5.1-17: Variação recente da população, famílias, alojamentos e edifícios, 2001 e 2011 ............................................................................................... 228 Quadro 5.1-18: Universo empresarial por concelho por classes de dimensão, 2006 e 2009 ........................................................................................................... 229 Quadro 5.1-19: Variação do universo empresarial por classes de dimensão, 20062009 ........................................................................................................... 230 Quadro 5.1-20: Estrutura do tecido empresarial por concelho e por classe de dimensão, 2009 ......................................................................................... 230 Quadro 5.1-21: Indicadores de empresas por concelho, 2009 .................................... 231 Quadro 5.1-22: Produtividade por concelho, 2009 ....................................................... 231 Quadro 5.1-23: Trabalhadores no universo empresarial e na ind. extractiva, 2009 ..... 232 Quadro 5.1-24: Produtividade por concelho na indústria extractiva, 2009 .................. 233 Quadro 5.1- 25: Empresas por sectores nos concelhos abrangidos por AIE ................ 234 Quadro 5.1-26: Tendências empresariais recentes nos ramos da indústria extractiva nas freguesias que integram AIE, 2004-2009 ............................................ 237 Quadro 5.2-1: Matriz de Pontos-Chave por dimensões de análise .............................. 238 Quadro 5.3-1: Substâncias e quantidade total produzida ............................................ 240 Quadro 5.3-2: Pessoal ao Serviço em Cabeça Veada ................................................. 242 Quadro 5.3-3: Materiais consumidos em Cabeça Veada, 2008-2011 .......................... 244 Quadro 5.3-4: Top 1 milhão 2010-2011 ......................................................................... 246 Quadro 5.4-1: Matriz de respostas da AIE de Cabeça Veada ..................................... 249 Quadro 6.4-1: Servidões e Restrições de Utilidade Pública .......................................... 256 Quadro 7.3-1: Situação Actual – trabalhos realizados no âmbito do PIER Cabeça Veada ....................................................................................................... 266 Quadro 7.3-2: Cenários elaborados no âmbito do PIER de Cabeça Veada ................ 266 Quadro 7.4-1: Pré-Proposta de Ordenamento – Distribuição das Classes de Espaço . 272 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | xi 1. INTRODUÇÃO A indústria extractiva constitui uma das principais actividades presentes no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, criado pelo Decreto-Lei n.º 118/79, de 4 de Maio, tendo como objecto central uma parte significativa do maciço calcáreo estremenho, singular pela sua geologia e pela humanização da sua paisagem. Decorridos 22 anos desde a publicação do Plano de Ordenamento aprovado pela Portaria n.º 21/88, de 12 de Janeiro, verificou-se a necessidade de proceder à revisão do mesmo. De acordo com a Resolução do Conselho de Ministros n.º 57/2010, de 12 de Agosto, que publica o Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (POPNSAC), é objectivo deste Plano fixar o regime de gestão compatível com a protecção e a valorização dos recursos naturais e com o desenvolvimento das actividades humanas, tendo em conta os instrumentos de gestão territorial convergentes na área protegida. A actividade de extracção de inertes no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC) conheceu um aumento significativo a partir dos meados dos anos oitenta quando se conjugaram vários factores favoráveis como um período de expansão económico, avanços tecnológicos que permitem a extracção de pedra com menor recurso aos explosivos, aumento da procura dos calcários sedimentares e introdução de novos sistemas de financiamento adaptado à expansão da actividade extractiva1. No entanto, nos últimos anos, a indústria extractiva, deparou-se com grandes dificuldades, nomeadamente pelo esgotamento das áreas licenciadas, aliada à inexistência de áreas alternativas consignadas em instrumentos de gestão de território, que perspectivavam o estrangulamento desta actividade. A necessidade de ordenar a indústria extractiva está presente em todos os Instrumentos de Gestão Territorial com incidência na área de intervenção. Coube ao Plano de Ordenamento das Serras de Aire e Candeeiros a definição das disposições regulamentares a respeitar neste território. Trata-se de um plano de âmbito nacional, prevalecendo portanto sobre os planos municipais de ordenamento do território. 1 Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, 2003 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 1 Com a publicação do Plano de Ordenamento das Serras de Aire e Candeeiros, foram definidas novas regras para instalação e ampliação das pedreiras, nem sempre compatíveis com a necessidade de crescimento do sector. Numa tentativa de colmatar esta situação, com a publicação do POPNSAC, foram criadas seis Áreas de Intervenção Específica que constituem áreas sujeitas a exploração extractiva, onde é possível a instalação ou ampliação de explorações de massas minerais. Essas áreas encontram-se delimitadas na Planta Síntese do referido plano. De acordo com as disposições regulamentares do POPNSAC, as áreas classificadas como: "Áreas de Intervenção Específica - Áreas Sujeitas a Exploração Extractiva" (AEI), recuperadas ou não por projectos específicos, deverão ser sujeitas à elaboração de Planos Municipais de Ordenamento do Território, visando o estabelecimento de medidas de compatibilização entre a gestão racional da extracção de massas minerais, a recuperação das áreas degradadas e a conservação do património natural existente tendo em conta os valores e a sensibilidade paisagística e ambiental da área envolvente”. É, portanto, com base neste enquadramento que a ASSIMAGRA – Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins, concorreu ao Programa “Âncora 2 do cluster da Pedra Natural”, apresentando o Projecto “Sustentabilidade Ambiental da Indústria Extractiva – Exploração Sustentável de Recursos no Maciço Calcário Estremenho”. Das seis Áreas de Intervenção Específica - Áreas Sujeitas a Exploração Extractiva (AEI) delimitadas no âmbito do Plano de Ordenamento do PNSAC, o Projecto “Sustentabilidade Ambiental da Indústria Extractiva – Exploração Sustentável de Recursos no Maciço Calcário Estremenho” incide em cinco: i) Cabeça Veada - 29 ha ii) Portela das Salgueiras - 63 ha iii) Codaçal - 98 ha iv) Moleanos - 147 ha v) Pé da Pedreira - 1374 ha PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 2 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Para garantir o cumprimento dos procedimentos necessários, a Assimagra estabeleceu contrato de planeamento para a elaboração de Planos de Pormenor, previsto no regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, com os municípios envolvidos. A elaboração dos Planos de Pormenor na Modalidade de Plano de Intervenção em Espaço Rural (PIER) permitirá um conhecimento do território a uma escala de maior detalhe, permitindo a definição de classes de ocupação do solo na perspectiva da gestão racional da extracção de massas minerais com a protecção e conservação dos valores naturais e paisagísticos. A elaboração do PIER de Cabeça Veada deverá permitir a compatibilização da actividade com as condicionantes de ordenamento do território, tendo ainda o propósito de ordenamento dos espaços de exploração, a definição de metodologias e regras de exploração e de recuperação paisagística, considerando a ocorrência do recurso geológico e os imperativos ambientais. O presente Relatório encontra-se dividido em sete capítulos. No segundo capítulo será apresentada a metodologia definida para a elaboração do Plano e no terceiro capítulo será apresentado o enquadramento territorial e legal da área de intervenção e serão apresentadas as principais orientações dos instrumentos de gestão territorial com incidência na área de intervenção. No quarto capítulo será apresentada a caracterização e diagnóstico da área de intervenção nas diferentes temáticas. No quinto capítulo será apresentada a caracterização sócio-económica. No sexto capítulo serão apresentadas as servidões e restrições de utilidade pública, de acordo com a legislação em vigor. Por fim, no sétimo capítulo será apresentada a uma préproposta de ordenamento, com a definição dos objectivos gerais e específicos, cenários e modelo territorial de Cabeça Veada. 1.1. BREVE ENQUADRAMENTO LEGAL A área de intervenção do presente plano, inclui pedreiras de blocos, localiza-se na freguesia de Mendiga do concelho de Porto de Mós, sendo um dos mais importantes núcleos de pedreiras do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 3 No entanto, a situação actual das pedreiras na área de intervenção, à luz da legislação em vigor, não é um tema fácil de explicar. Ao longo dos últimos anos, a legislação, relativa às massas minerais, foi alterada e nem sempre de fácil aplicabilidade. De facto, em 16 de Março de 1990, são aprovados dois diplomas: o Decreto-Lei nº 89/90, que estabelece o regime jurídico em matéria de exploração de massas minerais-pedreiras (conhecido pela lei das pedreiras) e o Decreto-Lei nº 90/90, que estabelece o regime geral dos recursos geológicos e posteriormente alterado pelo Decreto-Lei nº 270/2001 de 6 de Outubro. No entanto, de acordo com este último diploma (…)”Apesar das esperanças depositadas na lei das pedreiras, a aplicação prática das suas disposições viriam, contudo, a revelar limitações nos efeitos esperados. Também a crescente importância dos aspectos ambientais na actividade económica levou à formulação de políticas integradoras que importava traduzir no enquadramento legislativo do sector. Ficou assim em evidência a necessidade de rever o decreto-lei, principalmente no tocante aos aspectos ambientais e nomeadamente no que se refere à recuperação paisagística e ao reforço do papel do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAOT) no procedimento de obtenção de licença e, posteriormente na fiscalização das explorações”.(…). (…)“O objectivo das alterações introduzidas do Decreto-Lei nº 270/2001 de 6 de Outubro é corrigir, na medida do possível, as numerosas situações de pedreiras abandonadas e não reabilitadas, visando a melhoria acentuada do desempenho ambiental da indústria extractiva”(…). (…)”Entre as mais importantes alterações cabe, portanto, salientar as relativas ao procedimento de atribuição de licença. Assim, introduziram-se dois capítulos novos, de modo a tornar independente o regime jurídico relativo à licença de pesquisa e de exploração. Por outro lado, reforçou-se o rigor dos documentos administrativos e, sobretudo, técnicos a apresentar pelo requerente no pedido de licença, todos eles referidos a uma nova concepção, plano de pedreira. Outra alteração relevante é a substituição do plano de recuperação paisagística, tal como contemplado pelo Decreto-Lei nº 89/90, por um plano muito mais abrangente do ponto de vista ambiental, o PARP (plano ambiental e de recuperação paisagística) (…)”. O Decreto-Lei nº 270/2001 de 6 de Outubro, no artigo 63º do Capítulo X, relativo às Disposições Transitórias, define as condições a cumprir para as pedreiras já licenciadas. De facto, este diploma (…) “ procurou introduzir no procedimento de licenciamento e fiscalização das pedreiras normas que garantissem a adequação das explorações existentes à lei e a necessária ponderação dos valores ambientais. Contudo, este PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 4 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| diploma veio a revelar-se, na prática, demasiado exigente ao pretender regular através de um regime único um universo tão vasto e diferenciado como é o do aproveitamento das massas minerais das diversas classes de pedreiras. A título de exemplo refere-se a exigência aos industriais do sector da entrega do projecto de adaptação das pedreiras já licenciadas no prazo de 18 meses, norma que, apesar da sua inequívoca bondade, se mostrou de aplicação impraticável, em especial para as explorações de pequena e média dimensão, ainda que tal prazo tenha sido prorrogado por duas vezes, através dos Decretos-Leis n.os 112/2003, de 4 de Junho, e 317/2003, de 20 de Dezembro, por mais 6 meses cada. O último diploma tem, pois, como objectivo essencial adequar o Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de Outubro, à realidade do sector, o que permitiria que fossem cumpridos os fins a que inicialmente se propôs, tornando possível o necessário equilíbrio entre os interesses públicos do desenvolvimento económico, por um lado, e da protecção do ambiente, por outro. Das alterações introduzidas, salienta-se o restabelecimento do princípio do interlocutor único, a clarificação da intervenção e das competências fiscalizadoras das diferentes entidades e a criação de instrumentos legais com abordagens técnico-administrativas mais eficazes e de reconhecida sustentabilidade técnica e ambiental, tais como as figuras dos projectos integrados e dos planos trienais. As adequações efectuadas visam alcançar um melhor e continuado acompanhamento das explorações no terreno, em detrimento de uma carga administrativa desajustada para a grande maioria das explorações, muitas das quais com pequena dimensão, como é o caso das explorações para a pedra de calçada e de laje. Neste último sector foram, aliás, tidas em consideração as recomendações constantes da Resolução da Assembleia da República nº 40/2003, de 9 de Maio.” No entanto, mais uma vez a aplicabilidade das disposições regulamentares e exigências destes diplomas não foi clara. Assim, por forma à clarificação dos pressupostos da emissão de decisão favorável, foi aprovado o Despacho nº 5697/2011 de 1 de Abril. De acordo com este diploma, “O Decreto-Lei nº 340/2007, de 12 de Outubro, veio alterar o Decreto-Lei nº 270/2001, de 6 de Outubro, visando, entre outros objectivos, estabelecer o equilíbrio adequado entre os interesses públicos do desenvolvimento económico, por um lado, e a protecção do ambiente, por outro. É neste âmbito que deve ser entendido o regime estabelecido pelo artigo 5º do Decreto-Lei nº 340/2007, de 12 de Outubro, que vem permitir a regularização de pedreiras não tituladas por licença. Este regime especial prevê, nomeadamente, a possibilidade de emissão de uma decisão favorável condicionada quando se verificar PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 5 que existe necessidade de conformar a exploração com os planos de ordenamento do território vigentes, com restrições de utilidade pública ou com áreas abrangidas pela Rede Natura 2000. Nesse caso, a licença de exploração só poderá ser emitida depois de assegurada a referida conformação, sendo nesse período e a título provisório permitida a exploração da pedreira em causa. No entanto, a aplicação do regime tem revelado dificuldades interpretativas quanto aos pressupostos da emissão de decisão favorável condicionada prevista no n.º 8 do artigo 5.º. Assim, mostra-se necessário clarificar o regime de regularização das explorações de massas minerais, no que diz respeito à apreciação técnica dos pedidos, aproveitando-se, ainda, para definir, quanto aos pedidos de regularização entretanto já decididos desfavoravelmente com fundamento na desconformidade com instrumentos de gestão territorial, o procedimento a adoptar para a sua reapreciação à luz das orientações constantes do presente despacho”. Até à publicação da Resolução do Conselho de Ministros nº 57/2010 de 12 de Agosto, relativa ao Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, as autorizações para a indústria extractiva eram efectuadas ao abrigo do anterior Plano. A aprovação do novo regulamento exige novas regras para a indústria extractiva, que poderão vir a ser alteradas com a elaboração e aprovação dos Planos de Intervenção em Espaço Rural para as diversas Áreas de Intervenção Específica. No entanto, existem ainda vários processos anteriores ao POPNSAC em vigor, que se regem pelas disposições regulamentares do Decreto-Lei nº 270/2001 de 6 de Outubro, alterado pelo Decreto-Lei nº 340/2007 de 12 de Outubro, nomeadamente no que se refere aos Artigos 4º - Adaptação das explorações existentes e Artigo 5º - Explorações não tituladas por licença, e que o presente plano deverá ter em conta. Na área de intervenção existem pedreiras de blocos, que de acordo com informação disponibilizada pelo ICNF (2013), encontram-se em apreciação ao abrigo dos Artigos 4.º e Artigo 5.º do Decreto-Lei nº 340/2007 de 12 de Outubro. As áreas de intervenção específica definidas no POPNSAC abrangem áreas maioritariamente ocupadas pela indústria extractiva, existindo ainda área com recurso geológico, com aptidão para a indústria extractiva, mas com limitações e imposições legais no que se refere à ampliação e instalação das pedreiras. Por forma a resolver estas limitações é o próprio Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, que define Áreas sujeitas a exploração extractiva, onde se inclui a PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 6 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| área de intervenção. De acordo com o nº 2 do Artigo 24º do referido Plano, para estas áreas “(…) deverão ser elaborados planos municipais de ordenamento do território, visando o estabelecimento de medidas de compatibilização entre a gestão racional da extracção de massas minerais, a recuperação das áreas degradadas e a conservação do património natural existente tendo em conta os valores e a sensibilidade paisagística e ambiental da área envolvente”. O nº 3 do mesmo artigo refere ainda que (…)”as áreas em causa podem ser abrangidas por projectos integrados, nos termos do Decreto-Lei nº 270/2001, de 6 de Outubro, na redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei nº 340/2007, de 12 de Outubro”. Pretende-se que a aprovação do Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça Veada permita a compatibilização da actividade de indústria extractiva com as condicionantes legais, tendo por objectivo o ordenamento dos espaços de exploração, a definição de metodologias e regras de exploração e de recuperação paisagística, considerando a presença do recurso geológico e dos valores naturais. A inclusão em Plano Municipal de Ordenamento do Território de áreas definidas para exploração de recursos geológicos permitirá, ao abrigo do Artigo 35º de Decreto-Lei nº 270/2001, de 6 de Outubro, na redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei nº 340/2007, de 12 de Outubro, a elaboração de Projectos Integrados para pedreiras vizinhas ou confinantes, por forma a estabelecer o racional aproveitamento de massas minerais em exploração. Com a elaboração do Projecto Integrado pretende-se que as unidades industriais extractivas vizinhas ou confinantes, que apresentem características próprias e objectivos de produção independentes, convirjam nas acções de exploração e de integração paisagística, durante e no final da actividade. Os Projectos Integrados de núcleos de pedreiras são projectos de âmbito global, nos quais são identificadas as condicionantes extractivas, ambientais e paisagísticas das explorações e, pela conjugação destas condicionantes com as características de cada exploração, é definida uma solução integrada para o racional aproveitamento de massas minerais em exploração e à boa recuperação das áreas exploradas. O esquema seguinte representa o quadro legal a observar nas Áreas de Intervenção Específica. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 7 1988 1990 2001 2007 2010 2011 2013 •Portaria nº 21/88 de 12 de Janeiro Publicação do POPNSAC DL 90/90 de 16 de Março Regime Geral dos Recursos Geológicos •DL 270/2001 de 6 de Outubro Aproveitament o das massas minerais •DL nº 340/2007 de 12 de Outubro Altera o DL 270/2001 de 6 de Outubro •RCM nº 57/2010 de 12 de Agosto Publica o POPNSAC, com novas regras para a indústria extractiva •Despacho nº 5697/2011 de 1 de Abril Clarifica os pressupostos da emissão de decisão favorável •Elaboração do PIER Novas regras para a indústria extractiva nas AIEs Figura 1.1-1: Quadro legal da indústria extractiva no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 8 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 2. METODOLOGIA O Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça Veada será elaborado de acordo com o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, aprovado pelo Decreto-Lei nº 380/99 de 22 de Setembro e legislação complementar. O Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça Veada será desenvolvido em 4 fases: Numa primeira fase irá proceder-se à Caracterização e Diagnóstico das diversas temáticas. O Diagnóstico será o suporte para o desenvolvimento do PIER, e como tal, o aprofundado conhecimento da área de intervenção e tendências de evolução, ao nível do ordenamento, é fundamental. Fundamental é também uma interacção dinâmica entre várias disciplinas que se cruzam com o ordenamento do território, dado que estes processos não são de todo estanques, interagindo entre si. Entendemos que esta fase dos trabalhos, não se deverá cingir a uma listagem descritiva dos sistemas de ordenamento presentes e a uma sistematização da informação de base existente. Deverá entrecruzar-se a informação, entender-se as interacções entre a aptidão e os condicionalismos do território por forma a estabelecer-se uma pré-proposta de ordenamento. Igualmente há que ter em conta que para além das diversidades dos próprios territórios há também duas escalas de trabalho que têm que ser abordadas: por um lado uma escala mais macro e estratégica definida pelo zonamento do Plano de Ordenamento das Serras de Aire e Candeeiros que delimitou as Áreas de Intervenção Específica; por outro lado uma escala de mais pormenor para o desenvolvimento do PIER. A componente do Ordenamento do Território tem a responsabilidade de “colar” ao território a visão estratégica que vai sendo trabalhada pelas várias temáticas. Ou seja, a resolução de conflitos, a fase de negociação e a capacidade de fechar acordos são etapas primordiais no processo de desenvolvimento do PIER. Para tal, conta-se com o acompanhamento das instituições, designadamente do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas que acompanhará o desenvolvimento desde o início dos trabalhos. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 9 Na 2ª Fase será apresentada a Proposta de Ordenamento, que posteriormente será colocada a Discussão Pública, correspondendo à 3ª Fase. Na 4ª Fase do PIER serão integrados os resultados da Discussão Pública e concluída a Versão Final do Plano. 1ª Fase Caracterização , Diagnóstico e Pré-Proposta Definição do Âmbito e Alcance da AAE 2ª Fase Proposta de Ordenamento e Proposta de Relatório Ambiental 3ª Fase Discussão Pública e Consulta Pública do Relatório Ambiental 4ª Fase Versão Final do Plano, Relatório Ambiental e Declaração Ambiental Figura 2-1: Esquema Geral do Faseamento do Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça Veada e respectiva Avaliação Ambiental Estratégica PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 10 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| PREPARAÇÃO E Entidades Autarquias Empresários ACOMPANHAMENTO Revisão / Reformulação Caracterização Diagnóstico Monitorização GESTÃO PARTICIPADA IMPLEMENTAÇÃO Análise Avaliação Ambiental Estratégica Definição dos Objectivos Medidas de Compensação APROVAÇÃO Proposta de Ordenamento Programa de Execução ELABORAÇÃO Aprovação e Publicação Avaliação Programa de Monitorização Discussão Pública, Relatório de Ponderação e Versão Final do Plano PARTICIPAÇÃO Figura 2-2: Esquema Geral do Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça Veada e respectiva Avaliação Ambiental Estratégica PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 11 REVISÃO 3. ENQUADRAMENTO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO 3.1. PROJECTO QREN - SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DA INDÚSTRIA EXTRACTIVA De acordo com os elementos da candidatura do projecto ao QREN, “O Sector das Pedras Naturais é constituído por 2500 empresas dispersas por todo o território, com uma produção anual de 2 500 000 toneladas e cerca de 25 000 postos de trabalho directos (segundo Estatísticas Oficiais, 2006). Este Sector subdivide-se em dois subsectores, que pela sua natureza, têm características de posicionamento diferentes. 70% do que se produz em Portugal, são Rochas Industriais, basicamente para consumo interno, principalmente para a Construção Civil. Os restantes 30% são Rochas Ornamental, cuja produção se destina essencialmente para exportação (atingindo valores que rondam os 70%), e que nos tem permitido um posicionamento privilegiado a nível Europeu e Mundial. Esta relevância internacional está actualmente muito suportada pela produção de calcários ornamentais provenientes da região do país conhecida por Maciço Calcário Estremenho, a qual está em grande parte abrangida pelo Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. São rochas com características específicas que apenas aí se verificam e que têm grande aceitação no mercado interno e externo. No ano de 2010 encontravam-se em funcionamento nesta região 281 pedreiras, a maioria delas dedicadas à produção de calcários ornamentais. Suportavam 1240 postos de trabalho directos, produzindo uma riqueza de 100 milhões de euros. Contudo, nos últimos anos, a actividade extractiva nesta região tem atravessado grandes dificuldades, fruto do esgotamento das áreas licenciadas, aliada à inexistência de áreas alternativas consignadas em instrumentos de gestão do território com uma tipologia de uso compatível com este tipo de actividade. Esta situação perspectiva o estrangulamento a curto prazo desta actividade, com pesadas implicações ao nível económico, uma vez que afectará toda a respectiva fileira industrial”. Ainda de acordo com o mesmo documento, “ O Projecto-Âncora está integrado no Eixo Estratégico “Sustentabilidade do Cluster – Apostar na Qualificação dos Recursos e do Território” e pretende melhorar o desempenho económico e ambiental do Cluster PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 12 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| da Pedra Natural, aumentando a sua eficiência e atenuando os seus impactos, bem como contribuir para o planeamento e integração das suas actividades de forte implantação territorial em sede de Ordenamento do Território. A organização e a qualificação do território são hoje reconhecidas como factores fundamentais de fixação das populações e atracção de investimento exterior. O aproveitamento e a potenciação dos recursos em pedra natural e de elementos diversos existentes nos territórios onde ocorrem, podem constituir um importante elemento de valorização económica e contribuir para uma melhor aceitação (que não a simples tolerância) da indústria, situando-a num patamar em que surja não só como factor de desenvolvimento económico mas, correspondendo às expectativas actuais de preservação ambiental e bem-estar social, surja também como factor de auto-estima dos territórios de inserção, nomeadamente daqueles em que representam recursos identitários. Existem diversas regiões do país em que esta potenciação económica ambiental e social do território, em função da pedra natural e de elementos diversos que a ela se podem associar, pode ser mais aprofundada ou mesmo iniciada. Entre elas destaca-se, como paradigmática, a região do Maciço Calcário Estremenho, onde desde há largos anos se tem vindo a desenvolver uma intensa actividade de extracção de calcários para fins ornamentais. Paradigmática porque essa actividade, sendo uma das de maior impacto económico na região e a que está associada uma forte componente comercial de exportação, se desenrola maioritariamente no interior de uma área protegida – o Parque Natural das Serra de Aire e Candeeiros.” “A exploração de pedreiras constitui assim um factor determinante para o desenvolvimento sócio-económico da região, mas que carece de estudos geológicos de base que possam suportar a eficiente exploração e valorização dos recursos existentes numa perspectiva ecológica. Assim, a realização em simultâneo de acções de caracterização ambiental permitirá que este conjunto contribua instrumentalmente para o ordenamento do território, em particular no que respeita à distinção entre áreas com concretas potencialidades geológicas e áreas passíveis de reabilitação ambiental e requalificação territorial.” De acordo com o mesmo documento, as principais ameaças que afectam o funcionamento do sector podem ser resumidas nos seguintes pontos: § Estrutura dimensional muito marcada por pequenas empresas; § Empresários e gestores com fraca formação, que preferem a improvisação e práticas rotineiras; PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 13 § § Domínio frágil dos factores dinâmicos de competitividade o Plano interno (gestão) o Plano externo (ambiente) o Insuficiência na promoção o Insuficiência na diferenciação do produto (design) Escassez de recursos humanos qualificados e debilidade dos quadros intermédios; § Débil imagem do sector (agressor do ambiente e da comunidade envolvente) § Debilidade das estratégias comerciais e excessivo individualismo na política de preços, o que tem conduzido a um avitamento dos mesmos; § Concorrência de empresas sem preocupações de qualidade e que denigrem a imagem da generalidade dos produtores; § Problemática ambiental e a aplicação de leis limitativas à extracção; § Desajustamento frequente das estruturas financeiras, com capitais próprios reduzidos e forte dependência de capitais alheios de curto prazo; § Incremento da concorrência dos mercados externos, nomeadamente os asiáticos. Paralelamente, as oportunidades que se colocam aos empresários do sector surgem tanto em domínios internos à actividade das empresas, relacionadas com os produtos e processos, como externos, intimamente ligados à evolução dos mercados e da procura. Verifica-se deste modo que o processo de crescimento do sector, apoiado no reforço sustentado das condições de competitividade, terá de incidir simultaneamente em várias vertentes, nomeadamente: § Redimensionamento das pedreiras; § Valorização e diversidade das matérias-primas nacionais; § Existência de apreciáveis reservas de matérias-primas; § Desenvolvimento tecnológico/modernização dos equipamentos; § Redução dos tempos de paragem; § Aposta na formação profissional dos recursos humanos; § Satisfação crescente dos clientes através da aposta na qualidade e certificação; § Criação de estruturas comerciais com base numa filosofia de marketing § Protecção ambiental e adequação crescente à legislação e normas ambientais; § Tradição do trabalho na pedra; PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 14 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| § Aumento do uso e gosto dos prescritores pela pedra natural; § Oportunidade de plataformas logísticas e de ampliação de valor, aproveitando o posicionamento como porta da EU. O mesmo documento identifica ainda um conjunto de factores críticos de sucesso, decorrentes da implementação do projecto, que se destacam: § Reorganização da actividade extractiva; § Aumento da qualidade da oferta; § Incorporação do Ambiente como factor de sustentabilidade; § Percepção de valor em termos de produto-ampliado; § Cooperação empresarial; § Vantagem apriorística pela denominação de origem; § Aposta em mercados de futuro; § Aproveitamento dos efeitos das economias de aglomeração; § Exploração do binómio cooperação/competitividade; § Capacidade prospectiva para formatação de estratégias empresariais consequentes e sustentáveis; § Capacidade prospectiva para formatação de estratégias empresariais consequentes e sustentáveis; § Visão dinâmica do complexo de factores de competitividade. O projecto pretende melhorar o desempenho económico e ambiental do Cluster da Pedra Natural, aumentando a sua eficiência e atenuando os seus impactos, bem como contribuir para o planeamento e integração das suas actividades de forte implantação territorial em sede de Ordenamento do Território. São considerados objectivos nomeadamente: 1. Definição de estratégias para o desenvolvimento sustentável da indústria extractiva na região do Maciço Calcário Estremenho; 2. Criação de informação de base de âmbito geológico e ambiental para o planeamento integrado das Unidades Operacionais de Planeamento e Gestão previstas na proposta do Plano Operacional do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (POPNSAC) e seu Plano de Execução, e para outras áreas com potencialidades em recursos minerais de elevado valor económico no Maciço Calcário Estremenho; 3. Caracterização geral dos aspectos quantitativos e qualitativos das condições hidrogeológicas do aquífero do MCE e sua monitorização, visando a avaliação PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 15 da vulnerabilidade dos recursos hídricos subterrâneos face à indústria extractiva; 4. Inventariação, caracterização e proposta de gestão do vasto património de índole geológica do MCE em torno da Pedra Natural, visando a sua valorização conjunta como marcas identitárias da região; 5. Programa de Comunicação e Sensibilização de valorização da actividade extractiva versus conservação do património natural; 6. Definição e implementação de um painel de indicadores de aproveitamento sustentável para a quantificação e monitorização do desempenho ambiental, económico e social da actividade extractiva no MCE. 3.2. ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL Como já referido, “O Projecto Sustentabilidade Ambiental da Indústria Extractiva é um dos Projectos Âncora da estratégia de Eficiência Colectiva – Cluster da Pedra Natural, cujo Plano de Acção resulta da concertação estratégica Sectorial e na afirmação da Pedra Natural enquanto complexo dinâmico de actividades sustentáveis e competitivas, de referência nacional, reconhecido internacionalmente e norteado pela sua capacidade de inovação e diferenciação. A importância de valorizar o recurso geológico decorre não apenas de visões regionais ou locais, mas também do significado que este recurso deverá assumir para a competitividade do país, para a criação de riqueza nacional, para a sua melhor afirmação e reconhecimento internacional. Trata-se de um projecto que apresenta uma visão holística do território e das actividades humanas e como tal será dada especial importância à vertente ambiental, sem a qual não faz sentido falar de sustentabilidade. As actividades a realizar resultam do somatório de várias visões do território enquanto meio de interacção, e como tal dinâmico, pretendendo-se salvaguardar os principais valores ambientais de cada região. Todo este trabalho de montagem e concepção resultou de uma antiga ambição das Entidades que directa e indirectamente estão relacionadas com o Sector da Pedra Natural, por uma actuação concertada e em rede. Esta ambição, conseguida com o reconhecimento do Cluster da Pedra Natural e da sua estratégia de Eficiência Colectiva, formalizada numa dinâmica de cooperação, consiste assim numa rede, densa e robusta, que integra as principais entidades e instituições de referência do sector.” (Assimagra, 2011). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 16 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| As entidades envolvidas no projecto e com as quais foram definidos diferentes modelos de parceria e cooperação, correspondem a: § Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) § Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG) § CEVALOR / Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) Foram realizadas várias reuniões de trabalho com as diversas entidades, e estabelecidos contratos de planeamento com Câmaras Municipais envolvidas para a elaboração dos Planos Municipais, como apresentado no presente documento. 3.3. ENQUADRAMENTO LEGAL A elaboração de Planos Municipais de Ordenamento do Território para as Áreas de Intervenção Específica encontra-se definida no Artigo 24º do POPNSAC, aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros nº 57/2010 de 12 de Agosto. No âmbito do Projecto “Sustentabilidade Ambiental da Indústria Extractiva – Exploração Sustentável de Recursos no Maciço Calcário Estremenho”, serão elaborados Planos Municipais de Ordenamento do Território, mais concretamente Planos de Pormenor, na Modalidade de Planos de Intervenção em Espaço Rural (PIER), para cada Área de Intervenção Específica. Uma vez que, de acordo com o Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 Setembro, com a redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 Fevereiro e legislação complementar, os Planos de Pormenor abrangem “áreas contínuas do território municipal, correspondentes, designadamente, a uma unidade ou subunidade operativa de planeamento e gestão ou a parte delas” (nº 3 do Artigo 90º), serão elaborados oito PIER, abrangendo as cinco AIE envolvendo quatro municípios e duas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR). Esta situação exigirá a abertura de um procedimento idêntico para cada porção do território municipal abrangido pela Área de Intervenção Específica. Por exemplo no caso do PIER de Cabeça Veada no município de Santarém, a área abrangida é de cerca de 3 ha, que terá o mesmo procedimento que as restantes áreas. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 17 3.3.1. PLANO DE PORMENOR NA MODALIDADE DE PLANO DE INTERVENÇÃO EM ESPAÇO RURAL No sistema de planeamento municipal, o Plano de Pormenor constitui um instrumento de ordenamento do uso e transformação do território que desenvolve e concretiza propostas de ocupação de uma determinada área desse território municipal, estabelecendo regras sobre o uso e ocupação. O Plano será elaborado de acordo com a legislação em vigor, tendo por base a Lei n.º 48/98, de 11 de Agosto, complementada pelo Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 Setembro, com a redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 Fevereiro e legislação complementar. A área de intervenção localiza-se em solo rural, pelo que será elaborado um Plano de Pormenor na Modalidade de Plano de Intervenção em Espaço Rural, nos termos dos artigos 91º-A (Modalidades específicas), 91º (Conteúdo material) e 92º (Conteúdo documental) do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro com nova redacção dada pelos Decretos-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro e 46/2009, de 20 de Fevereiro. A figura de Plano de Intervenção em Espaço Rural foi pormenorizada com a publicação do Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de Fevereiro que altera o Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro. De facto, neste Decreto-Lei especifica-se e detalha-se os objectivos e a abrangência deste tipo de Plano de Pormenor, ficando definido o seguinte: 3 - “O plano de intervenção no espaço rural abrange solo rural e estabelece as regras relativas a: § Construção de novas edificações e reconstrução, alteração, ampliação ou demolição das edificações existentes, quando tal se revele necessário ao exercício das actividades autorizadas no solo rural; § Implantação de novas infra-estruturas de circulação de veículos, animais e pessoas, e de novos equipamentos públicos ou privados de utilização colectiva, e a remodelação, ampliação ou alteração dos existentes; § Criação ou a beneficiação de espaços de utilização colectiva, públicos ou privados, e respectivos acessos e áreas de estacionamento; § Criação de condições para a prestação de serviços complementares das actividades autorizadas no solo rural; § Operações de protecção, valorização e requalificação da paisagem. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 18 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 4 - “O plano de intervenção no espaço rural não pode promover a reclassificação do solo rural em urbano, com excepção justificada das áreas expressamente destinadas à edificação e usos urbanos complementares.” Assim, o PIER ao tirar partido das potencialidades do solo rural, possibilita a gestão, a conservação e a valorização dos recursos naturais e culturais existentes. Por outro lado, o PIER viabiliza o conjunto de medidas necessárias ao equilíbrio dos diferentes usos humanos e naturais através da qualificação das paisagens, sem mitigar a coexistência das actividades económicas que sustentam e construíram a paisagem como a vemos hoje. A aplicação do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro com a redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro, vem alterar substancialmente o sistema de planeamento existente. De facto, a importância que é dada à participação das populações, faz com que o planeamento não seja um sistema de imposição de regras de cima para baixo mas, ao contrário, um processo de desenvolvimento participado respeitando todas as vertentes do território. Assim para além dos aspectos físicos e humanos há que ter em conta a dinâmica própria da população e dos agentes de cada território. Nesse sentido, o plano deverá reflectir a vontade dos interessados de forma articulada com as políticas nacionais e municipais de ordenamento do território respeitando ainda as exigências ambientais, técnicas e físicas de cada local. 3.3.2. AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA Na sequência da elaboração do PIER, e atendendo à publicação do Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro, torna-se necessário apresentar um Relatório Ambiental, no qual se “identificam, descrevem e avaliam os eventuais efeitos significativos no ambiente, resultantes da aplicação do Plano e as suas alternativas razoáveis que tenham em conta os objectivos e o âmbito de aplicação territorial respectivos” — alínea b) do Artigo 92.º do Decreto -Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro. O Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei nº 58/2011 de 4 de Maio, que resulta da transposição da Directiva 2001/42/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de Julho, corporiza, num PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 19 contexto jurídico-administrativo, a avaliação ambiental de determinados planos e programas no ambiente. A orientação dada pelo preâmbulo do Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho, refere que “a avaliação ambiental de planos e programas pode ser entendida como um processo integrado no procedimento de tomada de decisão, que se destina a incorporar uma série de valores ambientais nessa mesma decisão.” O grande objectivo destes instrumentos é assim estabelecer um nível elevado de protecção do ambiente e do processo de decisão, integrando as preocupações ambientais, sociais, económicas, políticas e institucionais nas diversas fases de preparação de determinados planos e programas. 3.4. ARTICULAÇÃO COM OUTROS PLANOS MUNICIPAIS DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO Para além da articulação e enquadramento com outros instrumentos de gestão territorial de hierarquia superior, a proposta do PIER deverá articular-se com os planos municipais de ordenamento do território em revisão, nomeadamente os Planos Directores Municipais. 3.5. PRAZO E FASES PARA A ELABORAÇÃO DO PLANO A elaboração do Plano ocorrerá em 4 fases, num prazo estimado de 18 meses, associadas ao processo técnico de elaboração do Plano em conformidade com o seguinte faseamento: Elaboração do Plano Municipal de Ordenamento do Território, nos termos do DecretoLei nº 46/2009, de 20 de Fevereiro que altera o Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro. Para a sua execução serão desenvolvidas as seguintes fases de execução: § 1ª Fase – Caracterização da Situação de Referência, Diagnóstico e PréProposta § 2ª Fase – Proposta de Ordenamento do Plano de Intervenção em Espaço Rural § 3ª Fase – Discussão Pública PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 20 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| § 4ª Fase – Versão Final do Plano Elaboração da Avaliação Ambiental Estratégica de acordo com o Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho. Pretende-se cumprir quatro fases de realização, em contínua articulação com as fases de realização do Plano Municipal de Ordenamento do Território, constituindo por isso, uma metodologia transversal: § 1ª Fase – Definição do Âmbito da Avaliação Ambiental (que decorrerá em articulação com a 1ª fase do Plano Municipal de Ordenamento do Território); § 2ª Fase – Análise, Avaliação e preparação do Relatório Ambiental (que decorrerá em articulação com a 2ª fase do Plano Municipal de Ordenamento do Território); § 3.ª Fase – Elaboração da Declaração Ambiental (que decorrerá em simultâneo com a versão final do Plano Municipal de Ordenamento do Território); § 4ª Fase – Seguimento (decorrerá em simultâneo com a Implementação do Plano Municipal de Ordenamento do Território). 3.6. CONTEÚDO MATERIAL E DOCUMENTAL DO PLANO O conteúdo material e documental encontra-se definido no Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, na redacção que lhe é conferida pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de Fevereiro, assim como o estabelecido no Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho, o Plano de Intervenção em Espaço Rural deverá integrar e definir todos os elementos tidos como necessários ao completo entendimento do modelo de organização territorial proposto e à sua operacionalização futura. O conteúdo documental do Plano deverá ser constituído por três componentes: Documentos instrutórios, Elementos que constituem o Plano e Elementos que Acompanham o Plano, que a seguir se descrevem. Documentos Instrutórios § Deliberação Camarária que determina a elaboração do Plano § Termos de Referência do Plano § Aviso sobre auscultação prévia da população § Deliberação camarária de qualificação ou não do plano para efeitos de AAE PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 21 A Câmara Municipal de Porto de Mós deliberou a elaboração do Plano de Pormenor de Cabeça Veada, na modalidade de Plano de Intervenção em Espaço Rural, adiante designado por PIERCV. Nas reuniões de câmara realizadas em 24 de Novembro de 2011 e 2 de Fevereiro de 2012, a Câmara Municipal deliberou, nos termos do disposto no n.º 5 do artigo 6.º-A, conjugado com o n.º 2 do artigo 77.º, a alínea b) do n.º 4 do artigo 148.º e n.º 2 do artigo 149.º do Decreto -Lei n.º 380/99 de 22 de Setembro, com a nova redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de Fevereiro, recorrer à contratualização, aprovar a minuta de proposta de Contrato para Planeamento e proceder à sua divulgação pública, com vista à elaboração do Plano de Pormenor do Pé da Pedreira, aprovando os Termos de Referência que fundamentam a sua oportunidade e fixam os respectivos objectivos através do Aviso nº 2363/2012 de 14 de Fevereiro. Posteriormente foi publicado o Aviso nº 4895/2012 de 29 de Março que submete a elaboração do referido Plano a Avaliação Ambiental Estratégica, de acordo com o Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho. Em ambas as situações decorreu um período de Participação Preventiva de 15 dias, onde não se registaram quaisquer participações. Os documentos instrutórios do Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça Veada, encontram-se no Anexo I do presente relatório. Documentos que constituem o plano § Regulamento § Planta de Implantação § Planta de Condicionantes No âmbito da elaboração da 1ª Fase do PIERCV – Estudos de Caracterização e PréProposta de Ordenamento será apresentada uma primeira abordagem ao zonamento, que serão desenvolvidas e concretizadas na 2ª Fase do PIERCV – Plano de Intervenção em Espaço Rural, com a apresentação da Proposta de Regulamento, Planta de Implantação e Planta de Condicionantes. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 22 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Documentos que Acompanham o plano § Relatório § Relatório Ambiental § Programa de Execução e Plano de Financiamento § Planta de Enquadramento § Planta da Situação Existente e Anexo Fotográfico § Planta das pedreiras licenciadas § Extracto da Planta Síntese do POPNSAC § Extracto da Planta de Condicionantes do POPNSAC § Extracto da Planta de Ordenamento do PDM de Porto de Mós § Extracto da Planta de Condicionantes do PDM de Porto de Mós § Planta de Caracterização e Aptidão Geológica § Plantas de Caracterização e Valoração Biológica § Planta da Evolução da Ocupação do Solo No que se refere à Avaliação Ambiental Estratégica, a 1ª Fase do PIERCV será acompanhada pelo Relatório de Definição de Âmbito. 3.7. ENQUADRAMENTO TERRITORIAL O Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (POPNSAC) propõe a criação de seis “Áreas de Intervenção Específica – Áreas sujeitas a exploração extractiva”, onde é possível a instalação ou ampliação de explorações de massas minerais. As Áreas de Intervenção Específica definidas no POPNSAC para a exploração de recursos minerais são: Cabeça Veada, Pé da Pedreira, Portela das Salgueiras, Codaçal, Moleanos e Alqueidão da Serra. À excepção da AIE do Alqueidão da Serra, que se localiza parcialmente no PNSAC e na qual apenas existe a exploração de calcários para calçada, todas as outras áreas encontram-se abrangidas pelo Projecto “Sustentabilidade Ambiental da Indústria Extractiva – Exploração Sustentável de Recursos no Maciço Calcário Estremenho”. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 23 As Áreas de Intervenção Específica localizam-se em quatro municípios e duas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), a saber: § CCDR CENTRO: o § Município de Porto de Mós: § PIER Codaçal § PIER Cabeça Veada § PIER Pé da Pedreira § PIER Portela das Salgueiras CCDR LISBOA E VALE DO TEJO: o o Município de Santarém: § PIER Cabeça Veada § PIER Pé da Pedreira Município de Rio Maior: § o PIER Portela das Salgueiras Município de Alcobaça: § PIER Moleanos Quadro 3.7-1: Distribuição das AIE por concelho Porto de Mós Santarém Alcobaça Rio Maior AIE Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) % Cabeça Veada 26 90 3 10 Pé da Pedreira 502 36.5 871 63.5 Portela das Salgueiras 40 63.5 Cadoçal 98 100 Moleanos 23 147 36.5 100 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 24 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Figura 3.7-1: Enquadramento territorial das Áreas de Intervenção Específica 3.8. INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL COM INCIDÊNCIA NA ÁREA DE INTERVENÇÃO A política de ordenamento do território e de urbanismo assenta no sistema de gestão territorial, que se organiza, num quadro de interacção coordenada, em três âmbitos: § âmbito nacional; § âmbito regional; § âmbito municipal. O âmbito nacional é concretizado através do Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território; planos sectoriais com incidência territorial e planos PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 25 especiais de ordenamento do território, compreendendo os planos de ordenamento de áreas protegidas, os planos de ordenamento de albufeiras de águas públicas, os planos de ordenamento da orla costeira e os planos de ordenamento dos estuários. O âmbito regional é concretizado através dos planos regionais de ordenamento do território, e o âmbito municipal é concretizado através dos planos intermunicipais de ordenamento do território; dos planos municipais de ordenamento do território, compreendendo os planos directores municipais, os planos de urbanização e os planos de pormenor. No âmbito do presente relatório, serão efectuadas duas análises distintas, de acordo com os instrumentos de gestão territorial com incidência na área de intervenção. Com efeito, será realizada uma análise de carácter mais geral, ao nível dos instrumentos de desenvolvimento territorial e de política sectorial, e uma análise mais pormenorizada analisando o Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros e o Plano Director Municipal de Porto de Mós. O presente capítulo visa a apresentação do enquadramento legal aos Instrumentos de Gestão Territorial com incidência para a área de intervenção, nomeadamente: § Plano Nacional de Política de Ordenamento do Território § Plano Regional de Ordenamento do Território Centro § Plano Regional de Ordenamento Florestal Centro Litoral § Plano Sectorial da Rede Natura 2000 § Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo § Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros § Plano Director Municipal de Porto de Mós, designadamente a Planta de Ordenamento e Regulamento. 3.8.1. PLANO NACIONAL DE POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO (PNPOT) De acordo com o disposto no Decreto-Lei nº 380/99, o PNPOT “estabelece as grandes opções com relevância para a organização do território nacional, consubstancia o quadro de referência a considerar na elaboração dos demais instrumentos de gestão territorial [nomeadamente, os PROT e os PDM] e constitui um instrumento de cooperação com os demais Estados-membros para a organização do território da PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 26 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| União Europeia” (art.º 26º); e “estabelece as opções e as diretrizes relativas à conformação do sistema urbano, das redes, das infraestruturas e equipamentos de interesse nacional, bem como à salvaguarda e valorização das áreas de interesse nacional em termos ambientais, patrimoniais e de desenvolvimento rural” (art.º 28º). Por sua vez este Programa foi suportado em documentos estratégicos nacionais e comunitários em especial o Plano Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (PNDES) a Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (ENDS 2015) e o Esquema de Desenvolvimento do Espaço Comunitário (EDEC). No Plano de Ação o PNPOT dispõe os seus seis objectivos estratégicos ficando claro, logo no primeiro o destaque conferido aos recursos geológicos: § OE1 Biodiversidade, recursos e património natural, paisagístico e cultural, sustentabilidade dos recursos energéticos e geológicos, riscos § OE2 Competitividade territorial, integração nos espaços ibérico, europeu, atlântico e internacional § OE3 Desenvolvimento policêntrico, reforço das infraestruturas de suporte à integração e coesão territorial § OE4 Equidade territorial no provimento das infraestruturas e equipamentos, universalidade de acesso aos serviços, coesão social § OE5 Expansão das TIC e promoção da sua utilização pelos cidadãos, empresas e Administração § OE6 Melhorar a qualidade e eficiência da gestão territorial, participação informada, ativa e responsável dos cidadãos e instituições Estes objectivos estratégicos desdobram-se em objectivos específicos sendo que aqui o que parece ser mais relevante no OE1 é o Objectivo específico 8 - Definir e executar uma política de gestão integrada dos recursos geológicos, para o que se afirma “Os recursos geológicos são bens escassos, não renováveis, necessários para abastecimento das indústrias transformadora e da construção, sendo de realçar o seu potencial para exportações que coloca o sector extractivo numa posição estratégica, com reflexos diretos na economia nacional e no desenvolvimento do mercado de emprego. Os impactes gerados pela exploração interferem com a biodiversidade, o ambiente, a paisagem e a qualidade de vida das populações nas áreas envolventes, pelo que PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 27 deverão ser geridos numa perspectiva de eficiência, no contexto dos princípios de desenvolvimento sustentável” Torna-se, por isso, indispensável promover o aproveitamento dos recursos geológicos numa óptica de compatibilização das vertentes ambientais, de ordenamento do território, económica e social. Esta clarividência é muito útil para guiar o desenvolvimento do presente IGT, em especial no seu objectivo de contribuir para um desenvolvimento equilibrado deste território tão delicado pelas sensibilidades em presença. Vale a pena elencar as medidas prioritárias assumidas pelo PNPOT (e com interesse para as pedreiras) para este objectivo específico, onde se incluíam já as balizas temporais da sua concretização: i) Actualizar o cadastro e promover a criação de áreas de reserva e áreas cativas para a gestão racional dos recursos geológicos, reforçando a inventariação das potencialidades em recursos geológicos e mantendo um sistema de informação das ocorrências minerais nacionais (2007-2010). ii) Monitorizar e fiscalizar a extracção de recursos geológicos no âmbito da legislação específica do sector extractivo e da avaliação de impacte ambiental e assegurar a logística inversa dos resíduos da exploração mineira e de inertes com respeito pelos valores ambientais (2007-2013). iii) Concluir o Programa Nacional de Recuperação de Áreas Extractivas Desactivadas, em execução para as minas e a finalizar na vertente das pedreiras, com incidência no conteúdo dos Planos Regionais de Ordenamento do Território e nos Planos Municipais de Ordenamento do Território (2007-2008). iv) Monitorizar as antigas áreas minerais e de extracção de inertes, após a fase de reabilitação ambiental, designadamente pelo desenvolvimento de sistemas de monitorização e controlo on-line (2007-2013). Estas orientações deverão ser assumidas e integradas em IGT de nível inferior de forma a dar-lhes uma forma mais ágil e operacional. No caso da AI são dois os Planos Regionais de Ordenamento do Território que estão preparados: O PROT Centro e o PROT OVT. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 28 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 3.8.2. PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO DO CENTRO (PROT–C) A elaboração do Plano Regional de Ordenamento do Território do Centro (PROT-C) foi determinada pela Resolução de Conselho de Ministros nº 31/2006, de 23 de Março e estabeleceu orientações relativas aos objectivos estratégicos, ao modelo territorial e delimitou o respectivo âmbito territorial. A Discussão Pública do PROT-C decorreu entre 28 de Setembro e 30 de Novembro de 2010. A proposta de plano foi, para efeitos do artigo 59.º do Regime Jurídico dos instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT), enviado pela CCDR Centro à Secretaria de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades, e aguarda aprovação (Fonte: https://www.ccdrc.pt/). Embora o PROT Centro não se encontre aprovado, optou-se por, no âmbito do presente trabalho, apresentar um breve enquadramento à área de estudo. No caso do primeiro o respeito pelas indicações do PNPOT juntou-se a consideração de um leque extenso de outras preocupações expressos em documentos de referência em especial o Programa Operacional da região Centro 2007-2013 onde três prioridades fundamentais se destacavam: § Uma aposta em termos de qualificação de recursos humanos; § A mobilização plena de recursos para o reforço da inovação e da competitividade; § A valorização do território numa óptica de pleno aproveitamento da forte diversidade de recursos naturais, culturais, gastronómicos, paisagísticos e patrimoniais. Esta última prioridade era mesmo aprofundada num objectivo estratégico de programação: “Ordenar as Áreas Protegidas, articulando níveis elevados de proteção de valores naturais com o uso sustentável dos recursos, com benefícios económicos e sociais para a população residente.” Na especificação do modelo territorial defendido neste PROT Centro é possível encontrar referências concretas ao PNSAC inscritas no Subsistema urbano de Leiria – Marinha Grande/Pinhal Litoral: o “Parque Natural da Serra de Aires e Candeeiros (PNSAC), no maciço calcário estremenho, possui, (…), um importante conjunto de habitats, dos quais se destacam as grutas e algares, tem uma grande valia turística e económica, estando, no entanto, sob grande pressão, nomeadamente no que toca à extração de inertes e carga turística nas grutas e algares”. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 29 As propostas de consolidação do modelo tendencial implicam: i. A estruturação da aglomeração urbana Leiria – Marinha Grande, tendo em conta a RAVE e o completamento do PRN (IC36); ii. A qualificação ambiental do sistema hidrológico do Lis, controlando a poluição difusa com origem nas suiniculturas e nos efluentes domésticos e industriais; iii. O controlo da pressão urbanística junto aos nós do IC1/A17 e sua relação com a orla litoral; iv. A qualificação urbana do corredor da EN1; v. A concertação intermunicipal para as estratégias de qualificação da urbanização difusa de baixa densidade para a zona agrícola a SO do Pombal (sector, grosso modo, entre a N1 e o IC8); e para toda a faixa entre o IC1/A17 e o IP1/A1; vi. Ordenar na Serra de Aire e Candeeiros a atividade da indústria extractiva e atividade turística; vii. Salvaguarda das áreas estratégicas de produção agrícola de regadio e de produtos de qualidade certificada. Fica assim expressa no ponto vi. a necessidade de desenvolver esforços de concretizar o ordenamento na área de intervenção as atividades extractivas entre outras mas que não encontra eco nas normas orientadoras vertidas no PROT. De acordo com os elementos disponíveis no site da CCDR Centro, encontram-se definidos como Objectivos Gerais e Objectivos Estratégicos do PROT Centro: § Objectivos Gerais: - Definir directrizes para o uso, ocupação e transformação do território, num quadro de opções estratégicas estabelecidas a nível regional; - Desenvolver, no âmbito regional, as opções constantes do programa nacional da política de ordenamento do território e dos planos sectoriais; - Traduzir, em termos espaciais, os grandes objectivos de desenvolvimento económico e social sustentável formulado no plano de desenvolvimento regional; - Equacionar as medidas tendentes à atenuação das assimetrias de desenvolvimento intra-regionais; - Servir de base à formulação da estratégia nacional de ordenamento territorial e de quadro de referência para a elaboração dos planos especiais, intermunicipais e municipais de ordenamento do território. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 30 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| § Objectivos Estratégicos: - O reforço dos factores de internacionalização da economia regional e a valorização da posição estratégica da região para a articulação do território nacional e deste com o espaço europeu; - A protecção, valorização e gestão sustentável dos recursos hídricos e florestais; - O aproveitamento do potencial turístico, dando projecção internacional ao património natural, cultural e paisagístico; - A mobilização do potencial agro-pecuário e a valorização dos grandes empreendimentos hidroagrícolas; - O reforço da cooperação transfronteiriça, visando uma melhor inserção ibérica das sub-regiões do interior. O PROT Centro define um Modelo Territorial e identifica quatro unidades territoriais: Centro Litoral, Dão-Lafões e Planalto Beirão, Beira Interior e Pinhal Interior e Serra da Estrela. A área em estudo abrange o concelho de Porto de Mós, que se insere no Sistema Centro-Litoral, sub-sistema Leiria – Marinha Grande/Pinhal Litoral. O sub-sistema do Pinhal Litoral (incluindo Leiria, Marinha Grande, Batalha, Porto de Mós e Pombal) ocupa uma faixa de transição entre os relevos calcários de Sicó/Alvaiázere à Serra de Aire e Candeeiros de onde se destaca a importância e fragilidade do maciço calcário estremenho com especial relevância para os habitats cársicos da Serra de Aire de Candeeiros. O PROT Centro define ainda cinco Sistemas Estruturantes: Sistemas Produtivos, Sistema Urbano, Sistema de Acessibilidades e Transportes, Sistema de Protecção e Valorização Ambiental e Sistema de Riscos Naturais e Tecnológicos. Relativamente à Indústria Extractiva, é definida nas Normas por Unidade Territorial, integrada no Sistema Urbano, Povoamento e Ordenamento do Território, a necessidade de “Ordenar e regular a indústria extractiva”. O Sistema de Protecção e Valorização Ambiental define a necessidade de “Ordenar a actividade da indústria extractiva. Promover a elaboração de estudos municipais e/ou intermunicipais que permitam identificar áreas de extracção compatíveis com os valores naturais”. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 31 A área em estudo insere-se no Sistema Urbano de Leiria – Marinha Grande, na Unidade Geográfica Serra de Aire e Candeeiros, e integra as Áreas de Mais Valia Ambiental, como se pode verificar na figura seguinte: Figura 3.8-1: Extracto do Modelo Territorial Proposto do PROT Centro PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 32 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| De acordo com o Documento Fundamental que integra a Proposta do PROT Centro, O Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros (PNSAC), no maciço calcário estremenho, possui, um importante conjunto de habitats, dos quais se destacam as grutas e algares, tem uma grande valia turística e económica, estando, no entanto, sob grande pressão, nomeadamente no que se refere à extracção de inertes e carga turística nas grutas e algares. As propostas de consolidação do modelo tendencial implicam, entre outras: Ordenar na Serra de Aire e Candeeiros a actividade da indústria extractiva e actividade turística. De acordo com o Sistema Ambiental apresentado no Documento Fundamental que integra a Proposta do PROT Centro, a área em estudo insere-se na Área de Mais-Valia Ambiental. As áreas de mais-valia ambiental estão enquadradas no Sistema de Protecção e Valorização Ambiental, definidas nas Normas Específicas por Domínio de Intervenção. A Estrutura Regional de Protecção e Valorização Ambiental (ERPVA) faz parte integrante do Modelo Territorial, consiste no conjunto de áreas com valores naturais e sistemas fundamentais para a protecção e valorização ambiental, tanto na óptica do suporte à vida natural como às actividades humanas. O objectivo da ERPVA é o de garantir a manutenção, a funcionalidade e a sustentabilidade dos sistemas biofísicos (ciclos da água, do carbono, do azoto), assegurando, desta forma, a qualidade e a diversidade das espécies, dos habitats, dos ecossistemas e das paisagens. A ERPVA deve contribuir para o estabelecimento de conexões funcionais e estruturais entre as áreas consideradas nucleares do ponto de vista da conservação dos recursos para, desta forma, contrariar e prevenir os efeitos da fragmentação e artificialização dos sistemas ecológicos e garantir a continuidade dos serviços providenciados pelos mesmos: aprovisionamento (água, alimento), regulação (clima, qualidade do ar), culturais (recreio, educação) e suporte (fotossíntese, formação de solo). Neste sentido, a ERPVA deve garantir a existência de uma rede de conectividade entre os ecossistemas, contribuindo para uma maior resiliência dos habitats e das espécies face às previsíveis alterações climáticas, e possibilitando as adaptações necessárias aos sistemas biológicos para o assegurar das suas funções. A ERPVA é constituída por áreas nucleares (áreas de mais valia) e corredores ecológicos. As áreas nucleares correspondem às áreas de mais valia ambiental, distinguindo-se em áreas classificadas (Rede Nacional de Áreas Protegidas, Rede Natura 2000, e outras derivadas de convenções internacionais), e em outras áreas sensíveis, que abrangem áreas que possuem valor para a conservação da natureza (biótopos naturais de valor) como sejam as áreas agro-florestais e outros sistemas biogeográficos, não classificados. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 33 Os corredores ecológicos são de dois tipos, os corredores ecológicos estruturantes, que assentam nas principais linhas de água da Região e na zona costeira; e os corredores identificados nos Planos Regionais de Ordenamento Florestal (PROF), que constituem os Corredores Ecológicos Secundários. No seu conjunto, estes corredores assumem uma extrema importância na salvaguarda da conectividade e continuidade espacial e dos intercâmbios genéticos entre diferentes áreas nucleares de conservação da biodiversidade em toda a Região. Refere o documento que, a articulação da ERPVA com os PMOT realiza-se através da Estrutura Ecológica Municipal, integrando as áreas nucleares e os corredores ecológicos, assim como as áreas de RAN, REN, Domínio Público Hídrico, áreas de floresta autóctone e outras áreas de mais-valia ambiental cuja importância venha a ser demonstrada em sede de PMOT. A delimitação das áreas e corredores da ERPVA, integrando os elementos constitutivos elencados, bem como a regulamentação do uso e ocupação do solo de acordo com os objectivos e valores que lhe estão subjacentes, é feita a nível municipal. Desta forma, os PMOT devem: 1. Definir modelos de uso e ocupação do solo de acordo com a função ecológica destes territórios, interditando novas actividades não compatíveis com a respectiva salvaguarda ou com os regimes territoriais específicos. A ERPVA à semelhança da EEM incide nas diversas categorias de solo rural, não constituindo uma categoria autónoma; 2. Cartografar os valores naturais, com destaque para os valores constantes das Directivas Aves e Habitats (Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro), valores com estatuto de ameaça, valores representativos da identidade local e valores que justificam a criação de áreas protegidas; 3. Assegurar a continuidade física e a conectividade ecológica da Estrutura Ecológica Municipal, dentro do próprio município e entre municípios vizinhos, integrando espaços rurais e urbanos. 3.8.3. PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTO FLORESTAL CENTRO LITORAL Os Planos Regionais do Ordenamento Florestal constituem um instrumento de política florestal, que define estratégias, de acordo com a vocação de cada região em termos florestais. São instrumentos de gestão de política sectorial, que incidem sobre os espaços florestais e visam enquadrar e estabelecer normas específicas de uso, ocupação, utilização e ordenamento florestal, por forma a promover e garantir a PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 34 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| produção de bens e serviços e o desenvolvimento sustentado destes espaços. Os Planos têm uma abordagem multifuncional, isto é, integra as funções de produção, protecção, conservação de habitats, fauna e flora, silvo pastorícia, caça e pesca em águas interiores, recreio e enquadramento paisagístico. Neste contexto, a adopção destes instrumentos de planeamento e de ordenamento florestal constitui o contributo do sector florestal para os outros instrumentos de gestão territorial, em especial para os planos especiais de ordenamento do território (PEOT) e os planos municipais de ordenamento do território (PMOT), no que respeita especificamente à ocupação, uso e transformação do solo nos espaços florestais, dado que as acções e medidas propostas nos PROF são integradas naqueles planos. Articulam-se ainda com os planos regionais de ordenamento do território. O Plano Regional de Ordenamento Florestal Centro Litoral, aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º 11/2006, de 21 de Julho. DR n.º 140, Série I, abrange os municípios de Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Mealhada, Murtosa, Oliveira do Bairro, Ovar, Sever do Vouga, Vagos, Cantanhede, Coimbra, Condeixa-aNova, Figueira da Foz, Mira, Montemor-o-Velho, Penacova, Soure, Batalha, Leiria, Marinha Grande, Pombal e Porto de Mós. O PROF Centro Litoral compreende 8 sub-regiões homogéneas: Entre Vouga e Mondego; Calcários de Cantanhede; Ria e Foz do Vouga; Gândaras Norte; Dunas Litorais e Baixo Mondego; Gândaras Sul; Sicó e Alvaiázere; Porto de Mós e Mendiga. É comum a todas as sub-regiões homogéneas a prossecução dos seguintes objectivos específicos: a) Diminuir o número de ignições de incêndios florestais; b) Diminuir a área queimada; c) Promover o redimensionamento das explorações florestais de forma a optimizar a sua gestão, nomeadamente: i) Divulgar informação relevante para desenvolvimento da gestão florestal; ii) Realização do cadastro das propriedades florestais; iii) Redução das áreas abandonadas; iv) Criação de áreas de gestão única de dimensão adequada; v) Aumentar a incorporação de conhecimentos técnico-científicos na gestão, através da sua divulgação ao público alvo; d) Aumentar o conhecimento sobre a silvicultura das espécies florestais; PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 35 e) Monitorizar o desenvolvimento dos espaços florestais e o cumprimento do Plano. De acordo com o Mapa Síntese do PROF Centro Litoral, cujo extracto se apresenta na figura seguinte, a área em estudo insere-se na Sub-região-homogénea Porto de Mós e Mendiga, abrangendo as seguintes classes: - Áreas protegidas - Sítios da Lista Nacional (Directiva Habitats) - Zonas críticas do ponto de vista da protecção da floresta contra incêndios - Matas Nacionais e Perímetros Florestais PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 36 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Figura 3.8-2: Extracto do Mapa Síntese do PROF Centro Litoral PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 37 Para a sub-região-homogénea Porto de Mós e Mendiga são definidos os seguintes objectivos específicos: 1. Na sub-região homogénea Porto de Mós e Mendiga visa-se a implementação e incrementação das funções de conservação dos habitats, de espécies da fauna e da flora e de geomonumentos, de protecção, e de desenvolvimento da silvopastorícia, caça e pesca nas águas interiores. 2. A fim de prosseguir as funções referidas no número anterior, são estabelecidos os seguintes objectivos específicos: a) Adequar a gestão dos espaços florestais às necessidades de conservação dos habitats, da fauna e da flora classificados; b) Adequar a gestão dos espaços florestais às necessidades de protecção da rede hidrográfica, ambiental, microclimática e contra a erosão hídrica; c) Adequar os espaços florestais à crescente procura de actividades de recreio e de espaços de interesse paisagístico, de forma articulada com as condicionantes de conservação dos habitats, da fauna e da flora classificados e com as condicionantes de protecção: i) Definir as zonas com elevado potencial para o desenvolvimento de actividades de recreio e com interesse paisagístico e elaborar planos de adequação destes espaços ao uso para recreio nas zonas definidas, considerando igualmente as condicionantes de conservação dos habitats, da fauna e da flora classificados e de protecção; ii) Dotar as zonas com bom potencial para recreio com infra-estruturas de apoio; iii) Adequar o coberto florestal nas zonas prioritárias para utilização para recreio, de forma articulada com as condicionantes de conservação dos habitats, da fauna e da flora classificados e com as condicionantes de protecção; iv) Controlar os impactes dos visitantes sobre as áreas de conservação; d) Desenvolver a actividade silvo-pastoril: i) Aumentar o nível de gestão dos recursos silvo-pastoris e o conhecimento sobre a actividade silvo-pastoril; ii) Integrar totalmente a actividade silvo-pastoril na cadeia de produção de produtos certificados. A área em estudo insere-se no Perímetro Florestal Serra dos Candeeiros (Núcleo de Porto de Mós) (http://www.afn.min-agricultura.pt/portal/gestao-florestal/regime- PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 38 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| florestal/matasnac-perflor). De acordo com o Artigo 8º do Decreto-Regulamentar n.º11/2006 de 21 de Julho, que aprova o PROF do Centro Litoral, o Perímetro Florestal da serra dos Candeeiros (uma parte do PF localiza-se na região PROF Ribatejo e outra parte na região PROF Oeste), está submetido ao regime florestal e obrigado à elaboração de Plano de Gestão Florestal (PGF). De acordo com o mesmo diploma, este perímetro florestal, apresenta uma área com cerca de 3300 ha e apresenta um grau de prioridade 1 – alta para a elaboração do PGF, tendo como principais objectivos conservação de habitats, de espécies da fauna e da flora e de geomonumentos; protecção; silvo-pastorícia, caça e pesca nas águas interiores. 3.8.4. PLANO DE GESTÃO DA REGIÃO HIDROGRÁFICA DO TEJO O Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo, aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros 16-F/2013 de 22 de Março. De acordo com os elementos disponíveis em http://www.apambiente.pt/, a área em estudo abrange a massa de água subterrânea Maciço Calcário Estremenho e localiza-se na sub-bacia do Rio Alviela. De acordo com os elementos disponíveis, a indústria extractiva constitui uma pressão relativamente às fontes tópicas de poluição das massas de água superficiais e subterrâneas. O Diagnóstico elaborado no âmbito do referido Plano identifica como principais problemas de poluição orgânica, associados, em grande medida, à inexistência de sistemas de tratamento apropriados de efluentes pecuários; inexistência ou deficiência dos sistemas de tratamento de águas residuais urbanas e industriais e às escorrências de solos agrícolas, assim como os sectores urbanos, industrial e agro-industrial, destacando a presença de boviniculturas, suiniculturas, aviculturas e adegas. Nos elementos disponíveis do Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo, são apresentadas diversas medidas para atingir o bom estado das águas, relacionadas essencialmente com a construção de Sistemas de Tratamento de Águas Residuais, envolvendo diversas entidades, mas não directamente relacionadas com a indústria extractiva. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 39 3.8.5. PLANO SECTORIAL DA REDE NATURA 2000 O Plano Sectorial da Rede Natura 2000, adiante designado por PSRN2000, foi publicado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 115-A/2008, de 21 de Julho, tendo o seu enquadramento legal no Artigo 8º do Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 de Abril com a redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 49/2005 de 24 de Fevereiro. De acordo com a Resolução do Conselho de Ministros n.º 115-A/2008, de 21 de Julho, a Rede Natura 2000 é uma rede ecológica que tem por objectivo contribuir para assegurar a biodiversidade através da conservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens no território da União Europeia. Resultando da aplicação de duas directivas comunitárias, as Directivas n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril (Directiva Aves), e 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio (Directiva Habitats), a Rede Natura 2000 constitui um instrumento fundamental da política da União Europeia, em matéria de conservação da natureza e da biodiversidade. Esta rede é constituída por zonas de protecção especial (ZPE), criadas ao abrigo da Directiva Aves e que se destinam, essencialmente, a garantir a conservação das espécies de aves e seus habitats, e por zonas especiais de conservação (ZEC), criadas ao abrigo da Directiva Habitats, com o objectivo expresso de contribuir para assegurar a conservação dos habitats naturais e das espécies da flora e da fauna incluídos nos seus anexos. Para efeitos do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN2000), são consideradas as áreas classificadas como sítios da Lista Nacional (um estatuto atribuído na fase intermédia do processo de inclusão na Rede Natura 2000) e ZPE. O PSRN2000, constitui um instrumento de concretização da política nacional de conservação da diversidade biológica, visando a salvaguarda e valorização das ZPE e dos Sítios (e respectivas fases posteriores de classificação – SIC e ZEC), do território continental, bem como a manutenção das espécies e habitats num estado de conservação favorável nestas áreas. Trata-se de um plano desenvolvido a uma macro-escala (1:100.000) para o território continental, que caracteriza os habitats naturais e semi-naturais e as espécies da flora e da fauna presentes nos Sítios e ZPE, e define as orientações estratégicas para a gestão do território abrangido por aquelas áreas, considerando os valores naturais que nelas ocorrem. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 40 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| O PSRN2000 vincula as entidades públicas, dele se extraindo orientações estratégicas e normas programáticas para a actuação da administração central e local. A área em estudo é abrangida pelo Sítio PTCON 0015 – Serras de Aires e Candeeiros, pertencente à Região Biogeográfica Mediterrânea, com uma área 44 226.95ha. De acordo com a Ficha do PSRN 2000 (http://portal.icnb.pt/NR/rdonlyres/73255D102CA2-4F63-80BD-A5C7F740E8A8/0/SIC_Serras_Aire_Candeeiros.pdf), estas serras estendem-se de Rio Maior a Ourém e integram-se no maciço calcário estremenho, ainda que ocorram algumas inclusões siliciosas e zonas de arenitos. O fogo, o pastoreio e agricultura moldaram uma paisagem onde predominam as formações cársicas e são característicos os muros de pedra seca nas zonas de vale usados na compartimentação de pequenas parcelas, cultivadas. Subsistem ainda, vestígios de carvalhal ou até de azinhal (maioritariamente nas zonas mais secas e ou de maior continentalidade). Presentes em abundância estão o olival com pastagem sob coberto, frequentemente de arrelvados xerófilos dominados por gramíneas anuais e/ou perenes (6220*), e as culturas de regadio, tendo nas zonas mais elevadas sido praticamente abandonadas as culturas arvenses de sequeiro. O Sítio possui um elevado valor para a conservação da vegetação e da flora, já que as características peculiares da morfologia cársica conduziram ao desenvolvimento de uma vegetação esclerofílica e xerofílica, rica em elementos calcícolas raros e endémicos. Merecem destaque as lajes calcárias, dispostas em plataforma praticamente horizontal percorrida por um reticulado de fendas (8240*), os prados com comunidades de plantas suculentas (6110*), os arrelvados vivazes, frequentemente ricos em orquídeas (6210), os afloramentos rochosos colonizados por comunidades casmofíticas (8210) e os matagais altos e matos baixos calcícolas (5330), caso dos carrascais. Também de realçar são as grutas e algares (8310), que proporcionam peculiares condições de micro-habitat possibilitando o refúgio de um interessante elenco florístico. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 41 De referir a ocorrência de cascalheiras calcárias (8130), nas quais a vegetação devido à instabilidade do substrato e à ausência de solo à superfície dificilmente se instala. Importantes são ainda os carvalhais de carvalho-cerquinho (Quercus faginea subsp. broteroi) (9240), de um modo geral localizados no fundo dos vales, os louriçais (Laurus nobilis), com presença frequente de Arbutus unedo e ocasional de Viburnum tinus (5230*), os prados de Molinia caerulea e juncais não nitrófilos (6410) e os charcos mediterrânicos temporários (3170*). O elenco florístico do Sítio é absolutamente notável dada a presença de inúmeras espécies raras e/ou ameaçadas, muitas delas endemismos lusitanos, como Arabis sadina, Narcissus calcicola, Iberis procumbens ssp. microcarpa e Silene longicilia. Inclui várias grutas importantes para morcegos, entre as quais se destaca a que abriga a única colónia de criação de morcego-lanudo (Myotis emarginatus) conhecida no país. De referir ainda outras grutas com colónias de hibernação e criação de morcego-de-peluche (Miniopterus schreibersi), morcego-rato-grande (Myotis myotis) e morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale). É ainda um Sítio relevante para a conservação da boga-portuguesa Chondrostoma lusitanicum, endemismo lusitano criticamente em perigo. Na figura seguinte pode constatar-se que toda a área de intervenção insere-se no Sítio de Importância Comunitária PTCON 0015 – Serras de Aire e Candeeiros. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 42 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Figura 3.8-3: Sítio de Importância Comunitária PTCON 0015 – Serras de Aire e Candeeiros PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 43 Figura 3.8-4: Habitats presentes no Sítio PTCON 0015 Fonte: Plano Sectorial da Rede Natura 2000, ICNF, 2008 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 44 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Habitat Descrição 5330 Matos termomediterrânicos pré-desérticos 6110* Prados rupícolas calcários ou basófilos de Alysso-sedion albi Prados secos seminaturais e fácies arbustivas em substrato calcário 6210 (Festuco-Brometalia) (importantes habitats de orquídeas) 6220* Subestepes de gramíneas e anuais de Thero-Brachypodietea 8210 Vertentes rochosas calcárias com vegetação casmofitica 8240* Lajes calcárias 3.8.6. PLANO DE ORDENAMENTO DO PARQUE NATURAL DAS SERRAS DE AIRE E CANDEEIROS Como não poderia deixar de ser o POPNSAC manifesta um grau de detalhe assinalável e que contrasta com os anteriores IGT descritos, sobretudo no que respeita à caracterização da situação existente. A evolução recente marcada por uma intensificação da exploração destes materiais é reconhecida no POPNSAC desde os anos 80 com contributos positivos na fixação de população mas com consequências ambientais desfavoráveis: “(Actividade) conheceu um aumento significativo a partir dos meados dos anos oitenta quando se conjugaram vários factores favoráveis: - um período de expansão económica com fortes efeitos no dinamismo do sector da construção civil; - alterações tecnológicas que permitem a extração de pedra com menor recurso aos explosivos o que se adapta às características da fracturação dos maciços existentes; - uma alteração do gosto dos clientes que permitiu aos calcários sedimentares competir com os mármores; - a introdução do sistema de financiamento com as características do leasing, muito bem adaptado a situações de expansão da atividade, em que os equipamentos podem ser pagos à medida que as vendas se realizam. Esta situação, se contribuiu para fixação da população, tem efeitos significativos de conservação, nomeadamente quanto ao património geológico e geomorfológico e à vegetação”. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 45 A diversidade da exploração quanto às rochas exploradas e na forma como são exploradas justifica a existência de 4 tipos de pedreiras: i) Pedreiras industriais (britas, dolomitos e cal) ii) Pedreiras de rocha ornamental (blocos) iii) Pedreiras de calçada branca e preta iv) Pedreiras de laje Justifica-se reproduzir no âmbito dos estudos de caracterização deste IGT a elucidativa descrição destes vários tipos de exploração no seio do PNSAC quer por razões de esclarecimento e convergência de conceitos quer para reforçar a aderência do Plano em elaboração às preocupações expressas no POPNSAC: § “Pedreiras de Rocha Ornamental | Ocupam áreas que em média não ultrapassam os 3 ha. A exploração é feita em degraus com cerca de 6 metros de altura, o método de exploração recorre a máquinas de corte por forma a retirar blocos com dimensões comerciais, dimensões estas que devem formar um bloco com 3,5 metros de comprimento, com 1,5 metros de altura e de largura. O material extraído é utilizado maioritariamente em pavimentos e acabamentos de edifícios. O tipo de calcário explorado nestas pedreiras na área do PNSAC varia adoptando as seguintes designações comerciais: Vidraço de Moleanos (Alcobaça); Mocacreme e Relvinha (Santarém); Alpinina, Brecha de Sto. António; e Semi – Rijo (Porto de Mós). Estas explorações têm um aproveitamento que varia entre 15 a 30 % de material extraído o que significa que 85 a 70 % do material é colocado em aterros que têm a denominação comum de escombreiras ou moledos. Acresce que estas explorações, ao contrário das explorações de rocha industrial, encontram-se concentradas em núcleos de 5 a 30 pedreiras, o que significa que existe sobre o mesmo local um valor acumulado dos impactes individuais de cada uma das pedreiras. § Pedreiras de Rocha Industrial | Ocupam grandes áreas, em média 10 ha. As frentes de exploração desenvolvem-se em degraus com alturas que variam entre os 15 e os 20 metros de altura. O método de desmonte recorre a explosivos por forma a desagregar a rocha em dimensões que permitam o seu transporte em máquinas de pá ou rotativas, destinando-se a ser britada ou moída. Este material é utilizado nas obras públicas ou destina-se a fábricas de cal ou de cerâmicas, dependendo da qualidade do calcário que é extraído. Estas explorações têm um aproveitamento bastante alto, sendo que 95 % do material extraído é comercializado. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 46 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| § Pedreiras de calçada | As pedreiras de calçada apresentam pequenas frentes de exploração, com uma altura e área médias de 5m e 5.500 m2, respectivamente. Caracterizam-se pela exploração de bancos de pedra que se sobrepõem em camadas horizontais, e o arranque é feito com máquinas retro-escavadoras. Em seguida a pedra é “traçada” consoante as linhas de fracturação e, com um martelo, é partida em cubos, que variam de tamanho, de acordo com a qualidade da pedra. A pedra que não é aproveitada, é depositada em escombreiras (depósitos de desperdícios), geralmente na retaguarda da frente de exploração. Os depósitos de desperdícios, que também incluem terras, são os materiais que mais tarde, quando esgotada a pedreira, irão preencher os volumes de vazio resultantes exploração.A modelação do terreno a executar, faseadamente ou no final da exploração tem como objectivo repor, tanto quanto possível, o terreno original. § Pedreiras de Laje | São pedreiras de pequena dimensão, com cerca de 4.000 m2 de área média, atingindo as frentes de exploração entre 1 a 5 metros de altura, conforme os casos. O desmonte é efectuado por de máquina retroescavadora ou, mais frequentemente, giratória, sendo o material extraído posteriormente transportado para estaleiro, onde é transformado manualmente. Este material é utilizado na construção civil, para pavimentos, alvenarias e revestimento de muros e paredes. A distribuição geográfica destas pedreiras abrange três concelhos: Alcobaça, Porto de Mós e Rio Maior; concentrando-se as maiores áreas de exploração na zona de cumeada da Serra dos Candeeiros. Relativamente à gestão de materiais rejeitados e recuperação paisagística das pedreiras, verificam-se situações idênticas às descritas para as pedreiras de calçada”. As grandes orientações traçadas para a exploração de inertes no âmbito do POPNSAC, aprovado em 2010, incorporam a sua dupla personalidade ao nível da sua capacidade de fixar emprego e populações e ao nível dos seus efeitos ambientais negativos e ainda a profunda diferença que os vários tipos de exploração encerram quanto às suas consequências: “A extração de inertes é uma atividade secular na região. No entanto há já alguns anos que adquiriu uma dimensão que a coloca numa situação absolutamente excepcional: Por um lado, a atividade é responsável por um número significativo de empregos que, como se referiu anteriormente, podem desempenhar um papel relevante no suporte de uma agricultura de complementaridade; por outro, é uma das atividades mais degradadoras do PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 47 Património, sendo responsável por alterações profundas da morfologia do solo a profundidades variáveis. O plano procura dar resposta a esta dupla condição da atividade estabelecendo regras para o seu exercício, tanto ao nível do zonamento como do regulamento propriamente dito, de forma a evitar as áreas patrimonialmente mais significativas e garantir que a atividade se exerce com um mínimo de prejuízo e implicando a sua recuperação. O plano prevê ainda um tratamento diferenciado em função dos diferentes tipos de pedreiras e das consequências maiores ou menores que cada um dos tipos de exploração provocam”. No que se refere à indústria extractiva, o POPNSAC, define, no seu Artigo 32º as disposições regulamentares. Neste artigo é estabelecido que as licenças de explorações existentes, se mantêm válidas, são interditas as explorações de massas minerais industriais destinadas exclusivamente à produção de materiais destinados à construção civil e obras públicas, nomeadamente brita e é interdita a instalação e a ampliação de explorações de massas minerais nos locais de ocorrência da espécie Arabis sadina. De acordo com o ponto 6 do Artigo 32.º, a ampliação das explorações de massas minerais nas “Áreas de protecção complementar de tipo II” pode ser autorizada pelo ICNB, a partir da recuperação de área de igual dimensão, de outra exploração licenciada ou de outra área degradada, desde que seja independentemente da sua localização, nos seguintes termos: “7 — A ampliação das explorações de massas minerais só é permitida: a) Nas explorações de massas minerais com área superior a 1 ha, até 10 % da área licenciada à data da entrada em vigor do presente Regulamento, sendo que à área de ampliação acresce a área entretanto recuperada; b) Nas explorações de massas minerais com área inferior ou igual a 1 ha, até 15 % da área licenciada à data da entrada em vigor do presente Regulamento, sendo que à área de ampliação acresce a área entretanto recuperada; c) As ampliações podem contemplar uma área superior ao estipulado, desde que os planos de pedreira considerem o faseamento da lavra e recuperação, de modo a cumprir com o previsto nas alíneas anteriores.” PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 48 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| É interdita a formação de aterros ou depósitos de inertes resultantes da indústria extractiva quando estes não estiverem contemplados nos planos de pedreira aprovados (ponto 11). O Plano Ambiental e de Recuperação Paisagística (PARP) das pedreiras situadas na área do PNSAC é obrigado a preservar os habitats rupícolas associados às espécies Coincya cintrana e Narcissus calciola, não deve contemplar a criação de escombreiras com altura superior a 3 m e as pargas resultantes da decapagem dos solos devem ser depositadas nas zonas de defesa, onde não exista vegetação ou em que esta esteja bastante danificada, devendo ser alvo de tratamento adequado de forma a manter a qualidade da terra viva (ponto 12). O encerramento das explorações de massas minerais determina a remoção de todas as construções e infraestruturas instaladas no terreno, incluindo as linhas eléctricas aéreas e instalações lava-rodas, excepto se outra solução se encontrar prevista no PARP aprovado (ponto 13). Finalmente, e no que respeita às “Áreas de intervenção específica” estas constituem áreas com características especiais que requerem a adopção de medidas ou acções específicas (ponto 1 do Artigo 20.º). As áreas de intervenção específica compreendem espaços com valor natural, patrimonial, cultural e socioeconómico, real ou potencial, que carecem de valorização, salvaguarda, recuperação e reabilitação ou reconversão. As áreas de intervenção específica são as seguintes (ponto 3): a) Áreas de especial interesse para a fauna; b) Jazida de Icnitos de Dinossáurio de Vale de Meios; c) Outros geosítios e sítios de interesse cultural; d) Áreas sujeitas a exploração extractiva. Constituem objectivos prioritários de intervenção nestas áreas (ponto 7 do Artigo 20.º): a) A realização de acções de conservação da natureza; b) A protecção e a conservação dos valores naturais e paisagísticos; c) A gestão racional da extracção de massas minerais e recuperação de áreas degradadas; d) A requalificação do património geológico e cultural. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 49 Os Outros geosítios e sítios de interesse cultural, representam os sítios de especial interesse geológico, paleontológico, geomorfológico, espeleológico e cultural cuja conservação dos valores neles existentes se afigura necessário realizar, identificados no Anexo I do POPNSAC. Nestes sítios são interditas todas as actividades susceptíveis de degradar significativamente os valores existentes, podendo ser autorizada a investigação científica, a visitação do meio cavernícola e novas captações de água desde que sejam adoptadas medidas de salva guarda dos valores existentes (Artigo 23.º). O Plano de Ordenamento define diferentes tipologias de áreas de protecção de acordo com os valores naturais em presença, a saber: Áreas de Protecção Complementar do tipo II, Áreas de Protecção Complementar do tipo I, Áreas de Protecção Parcial do tipo II, Áreas de Protecção Parcial do tipo I numa variação crescente de sensibilidade ecológica. As “Áreas de Protecção Complementar do tipo II” (PC II) são representadas pelas encostas de declive suave, assim como pelas áreas aplanadas com reduzida aptidão agrícola, as quais apresentam uma distribuição regular ao longo do território, integrando essencialmente áreas florestais e matagais não abrangidas por outros níveis de protecção e áreas intervencionadas sujeitas a exploração extractiva de massas minerais, recuperadas ou não por projectos específicos (ponto 2 do Artigo 18.º). Nestas áreas pretende-se garantir o estabelecimento de regimes de exploração agrícola, florestal e de exploração de massas minerais compatíveis com os objectivos que presidiram à criação do PNSAC e a manutenção da paisagem, orientando e harmonizando as alterações resultantes dos processos sociais, económicos e ambientais (ponto 3 do Artigo 18.º). Relativamente às disposições específicas das “Áreas de Protecção Complementar do tipo II” (Artigo 19.º) é estabelecido que pode ser autorizada a instalação e a ampliação de explorações de extracção de massas minerais, nos termos do Artigo 32º (ponto 1). Nas áreas identificadas no Anexo III que sejam áreas recuperadas são interditas a instalação ou ampliação de explorações de massas minerais e de infraestruturas de aproveitamento energético, bem como quaisquer acções que impeçam a recuperação natural do coberto vegetal, com excepção do pastoreio extensivo e das actividades silvícolas limitadas a povoamentos de espécies indígenas (ponto 2). Para as áreas não recuperadas ou recuperadas e não identificadas no Anexo III, é permitida a instalação ou ampliação de explorações PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 50 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| de massas minerais e de infraestruturas de aproveitamento energético, desde que devidamente fundamentada e previamente autorizada pelo ICNB (ponto 3). As “Áreas de Protecção Complementar do tipo I” (PC I) correspondem a espaços que estabelecem o enquadramento, transição ou amortecimento de impactes relativamente às áreas de protecção parcial, incluindo também valores naturais e ou paisagísticos relevantes, designadamente ao nível da diversidade faunística. As áreas de protecção complementar do tipo I englobam as zonas de maior aptidão agrícola e localizam-se sobretudo nas áreas deprimidas, nos vales e no sopé do maciço calcário e no alinhamento das principais falhas estruturais de origem tectónica, que estão na génese da formação das depressões da Mendiga, Alvados e polje de MiraMinde. Nestas áreas pretende-se garantir a protecção e a conservação dos solos agrícolas, integrar áreas de transição ou amortecimento de impactes necessárias às áreas de protecção parcial, salvaguardar a diversidade biológica e integridade paisagística das zonas agrícolas pelo carácter específico que as mesmas assumem na paisagem cársica que caracteriza o Parque Natural das Serras de Aire e de Candeeiros, preservar a qualidade dos recursos hídricos subterrâneos através do condicionamento das actividades agrícolas e agro-pecuárias passíveis de contribuírem, directa ou indirectamente, para a perda de qualidade dos mesmos. Relativamente às disposições específicas das “Áreas de Protecção Complementar do tipo I” (Artigo 17.º) é estabelecido que é permitida a instalação e a ampliação de explorações de extracção de massas minerais nos termos do Artigo 32º. As “Áreas de Protecção Parcial do tipo II” (PP II) correspondem a espaços que contêm valores naturais e paisagísticos relevantes com moderada sensibilidade ecológica e que desempenham funções de enquadramento ou transição para as áreas de protecção parcial do tipo I. Estas áreas distribuem-se sobretudo pelo planalto de Santo António e de forma descontínua, em áreas com encostas suaves, compreendendo áreas de usos mais intensivos, designadamente áreas agrícolas, pinhais, e povoamentos florestais mistos com eucalipto (ponto 2 do Artigo 14.º). Nestas áreas pretende-se garantir a manutenção ou recuperação do estado de conservação favorável dos habitats naturais e das espécies da flora e da fauna; a conservação do património geológico; a conservação dos traços significativos ou característicos da paisagem, resultante da sua configuração natural e da intervenção humana. (ponto 3 do Artigo 14.º). Relativamente às disposições específicas das “Áreas de Protecção PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 51 Parcial do tipo II” (Artigo 15.º) é estabelecido que a ampliação de explorações de extracção de massas minerais nas áreas de protecção parcial de tipo II deve obedecer ao disposto no Artigo 32.º. A instalação de infra-estruturas de aproveitamento energético, designadamente de parques eólicos, apenas pode ser autorizada pelo ICNB, I. P., em áreas de explorações de extracção de massas minerais não licenciadas, ou numa faixa de 100 m em seu redor, ou que não se encontrem recuperadas. Quanto às “Áreas de Protecção Parcial do tipo I” (PP I), estas correspondem a espaços que contêm valores naturais e paisagísticos cujo significado e importância, do ponto de vista da conservação da natureza e da biodiversidade, se assumem no seu conjunto como relevantes ou excepcionais, apresentando uma sensibilidade ecológica elevada ou moderada. Estas áreas abrangem os topos aplanados das subunidades da serra dos Candeeiros, da serra de Aire, do planalto de Santo António e do planalto de São Mamede e as escarpas de falhas associadas às mesmas, onde o declive é muito acentuado, frequentemente superior a 50 %, o polje de Mira-Minde, dolinas e campos de lapiás e as áreas deprimidas nas bordaduras das zonas agrícolas e sopés de encosta, coincidentes com usos extensivos do solo, em particular em floresta autóctone, nomeadamente de carvalhal e sobreiral, herbáceas não cultivadas e matos baixos e esparsos de altitude, onde o maneio assume um papel relevante na sua manutenção, designadamente o pastoreio. As “Áreas de protecção parcial do tipo I” visam a manutenção e a recuperação do estado de conservação favorável dos habitats naturais e das espécies da flora e da fauna, bem como a conservação do património geológico. (Artigo 12.º). Na figura e quadro seguintes, pode-se verificar que na área de intervenção específica de Cabeça Veada não é abrangida pelo regime de protecção PC I nem PPII, dominando as áreas PC II, representando cerca de 78.50% da área. Existem, contudo cerca de 11015% abrangidos pelo regime de protecção PP I. De acordo com a alínea l) do Artigo 13.º do regulamento do POPNSAC, nas “Áreas de Protecção Parcial do tipo I”, entre outras actividades, é interdita a instalação e a ampliação de explorações de extracção de massas minerais. No entanto, de acordo com o nº 6 do Artigo 20º do Capítulo IV, que define as disposições regulamentares para as Áreas de Intervenção Específica, após a entrada em vigor do Plano Municipal de Ordenamento do Território. O regime de protecção definido no POPNSAC não é aplicável. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 52 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Quadro 3.8-1: AIE de Cabeça Veada - Distribuição dos Regimes de Protecção PC II AIE Porto Mós (26 ha) Santarém (3 ha) Total PC I PP II PP I Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) % 22.766 78.50 -- -- -- -- 3.234 11.15 3 10.35 -- -- -- -- -- -- 25.766 88.85 -- -- -- -- 3.234 11.15 Fonte: POPNSAC, Resolução do Conselho de Ministro nº 57/2010 de 12 de Agosto Figura 3.8-5: Extracto do Planta Síntese do POPNSAC na Área de Intervenção Específica de Cabeça Veada PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 53 3.8.7. PLANO DIRECTOR MUNICIPAL DE PORTO DE MÓS O Plano Director Municipal (PDM) de Porto de Mós foi ratificado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 81/94, de 14 de Setembro, alterada pela Declaração n.º 71/99 de 3 de Março e pelo Aviso nº 1695/2011, de 17 de Janeiro. A Revisão do PDM encontra-se em fase de concertação com as entidades da CTA que se pronunciaram quanto à Proposta de Revisão apresentada em reunião plenária em 22/08/2011. Ainda, de acordo com o PDM em vigor, e no que respeita à carta de Ordenamento, a área de intervenção abrange “Espaço de Indústria Extractiva”, Espaços Florestais” na categoria de “Espaços Florestais de Protecção” sub-categoria “Matos de Protecção” e ”Produção Condicionada” e Espaços Agrícolas” na categoria de “Uso ou Aptidão Agrícola”. Relativamente aos “Espaços Florestais de Produção Condicionada”, definidos no Artigo 25º da Secção III do PDM, é estipulado que deverão ser incentivadas acções de reconversão progressiva para povoamentos em mosaico ou mistos de espécies folhosas autóctones. No que se refere aos “Espaços Florestais de Protecção – Matos de Protecção”, no ponto 5 do Artigo 26º, é definido que estes espaços deverão ser objecto de manutenção activa no sentido de preservar determinadas fases serais ou de promover a sua evolução no sentido das formações naturais que lhes sucedem. Relativamente à indústria extractiva nada é referido para estes espaços florestais. Os “Espaços Agrícolas – Uso ou Aptidão Agrícola”, definidos no Artigo 21º da Secção II, constituem espaços não integrados na Reserva Agrícola Nacional, mas cujas características pedológicas, de ocupação actual ou de localização os potenciam para possíveis usos agrícolas. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 54 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Figura 3.8-6: Extracto da Planta de Ordenamento do PDM de Porto de Mós - Núcleo de Cabeça Veada PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 55 4. CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO 4.1. 4.1.1. INDÚSTRIA EXTRATIVA - SITUAÇÃO ACTUAL PEDREIRAS LICENCIADAS E ESCOMBREIRAS No Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC), a actividade extractiva representa um dos principais sectores da actividade económica da região, do qual depende directa e indirectamente uma grande percentagem da população. Considerando as características das explorações existentes no interior do PNSAC, estas podem-se dividir em dois grupos: Pedreiras de Calçada e Laje e Pedreiras de Rocha Ornamental e Industrial. A Área de Intervenção Específica de Cabeça Veada é abrangida pela indústria extractiva, que inclui pedreiras de blocos e ainda por escombreiras, representadas no quadro e figuras seguintes. Quadro 4.1-1: Ocupação da indústria extractiva na AIE de Cabeça Veada Porto de Mós Santarém Área (ha) Distribuição (%) Área (ha) Distribuição (%) Indústria extractiva – pedreiras licenciadas § Pedreiras de blocos 10.8650 41.79 0.9830 32.77 § Escombreiras 2 4.7350 18.21 1.0010 33.37 10.40 40 1.016 33.86 26 100 3 100 Outras Ocupações TOTAL Fonte: Instituto da Conservação da Natureza e Florestas/Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, 2013 2 Existem situações em que as escombreiras se localizam na área das pedreiras PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 56 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Figura 4.1-1: Pedreiras licenciadas na AIE de Cabeça Veada Relativamente aos resíduos de extração, de um modo geral, as empresas exploradoras procedem à sua deposição em escombreiras, maioritariamente localizadas nas imediações das áreas em exploração. Os resíduos de extração vão sendo depositados nas escombreiras à medida que a exploração evolui. A utilização dos resíduos de extração nos vazios de escavação é uma operação de valorização que ocorre muito raramente e está associada ao processo de recuperação paisagística. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 57 A exploração nas pedreiras de blocos é feita maioritariamente em profundidade e quase sempre envolvendo áreas com dimensões que dificultam a conciliação das operações de recuperação paisagística no decorrer da extração. De um modo geral, as áreas dessas pedreiras são constituídas por uma corta e por uma ou mais escombreiras. As operações de recuperação paisagística envolvendo a utilização dos resíduos de extração no preenchimento dos vazios de escavação são, na maioria das vezes, desenvolvidas no final da extração ou envolvendo pequenas áreas no decorrer da extração. Verifica-se ainda ser comum cada pedreira possuir as suas próprias escombreiras o que justifica a grande proliferação desses depósitos nos núcleos de exploração em estudo. Essa proliferação, aliada aos volumes produzidos em cada pedreira, justifica também a pequena dimensão de muitas das escombreiras existentes que se encontram dispersas pela área de exploração ou na envolvente próxima. Quadro 4.1-2: Caracterização das escombreiras existentes na AIE de Cabeça Veada AIE Cabeça Veada (29 ha) Volume de resíduos Área de extração intervencionada pela existente em exploração de escombreira [m 3 ] pedreiras [ha] 282 000 20,2 Área ocupada pelas escombreiras [ha] 6,2 Relação entre a área das escombreiras e a area intervencionada pelas pedreiras [%] 31 De referir que a seleção dos locais para a criação das escombreiras tem obedecido, na maioria dos casos, à proximidade da exploração e à disponibilidade de espaço para acomodar os resíduos de extração. Cada empresa exploradora foi-se apropriando dos espaços disponíveis, sem ter em linha de conta fatores como o património natural, os impactes paisagísticos e, acima de tudo, a boa gestão da exploração do recurso mineral. A gestão individual das pedreiras determinou também a gestão individual do espaço, sendo comum cada pedreira possuir a sua própria escombreira o que determinou uma ocupação desordenada do espaço. Algumas das áreas de escombreiras encontram-se inclusivamente implantadas em áreas não licenciadas, onde apenas prevalecem os acordos entre o explorador e o proprietário. De referir a este respeito que as escombreiras constituem instalações de resíduos, nos termos do Decreto-Lei n.º 10/2010, de 4 de fevereiro, carecendo de um licenciamento autónomo caso se encontrem fora das áreas licenciadas para pedreira. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 58 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Para além da utilização dos resíduos de extração no âmbito dos processos de recuperação paisagística das pedreiras, a valorização dos resíduos de extração faz-se também através da sua aplicação na produção de agregados e de cal. 4.1.2. ÁREAS RECUPERADAS A atividade de exploração de massas minerais, quando efetuada ao nível superficial, implica a afetação da paisagem através das necessárias desmatações e decapagens com vista à extração do recurso e para instalação das respetivas infraestruturas de apoio, como são o caso, dos anexos sociais e industriais, parques de produtos, escombreiras, entre outras. Esse tipo de atividade gera, de um modo geral, impactes temporários e localizados, permanecendo potencialmente ativos enquanto o recurso mineral é explorado. Desse modo, o planeamento insurge-se muito importante dado que permite tomar, oportunamente, medidas que minimizem a degradação da paisagem, salvaguardando os usos e funções adequados. Ou seja, é necessário garantir que a área afetada pela exploração seja recuperada, ambiental e paisagisticamente, recorrendo a modelações com estéreis resultantes da atividade extrativa, reposição da camada de solo e revestimento vegetal, concomitantemente com o avanço da exploração de modo a, restituir no final da exploração, a capacidade e potencialidade de uso existentes previamente ao início da escavação. É assim importante definir uma estratégia eficaz de planeamento para todas as atividades a desenvolver de modo, a garantir que a afetação da área se cinja ao mínimo possível para a implantação do projeto e, numa fase de desativação, seja possível a integração e recuperação ambiental e paisagística de toda a área afetada. Desse modo, dando cumprimento ao disposto no n.º6 do Art.º 32.º do Regulamento do Plano de Ordenamento do Parque Natural de Serra de Aire e Candeeiros (POPNSAC) que refere o que “a ampliação das explorações de massas minerais nas áreas de protecção complementar pode ser autorizada pelo ICNB, I. P., a partir da recuperação de área de igual dimensão, de outra exploração licenciada ou de outra área degradada (…)”, foram realizadas ações de recuperação de áreas degradadas PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 59 pela exploração de calcário, cumprindo o objetivo de atenuar a sua artificialidade e melhorando o seu aspeto estético e ecológico com vista à criação de uma paisagem equilibrada e sustentável, recorrendo à utilização de vegetação autóctone e criando condições propícias para atrair a fauna local. Nesse sentido, a recuperação ambiental e paisagística de áreas degradadas é definida na alínea e) do Art.º 4.º, do POPNSAC, como “Área Recuperada” sendo “a área anteriormente sujeita a exploração de massas minerais ou deposição de materiais inertes e que foi objecto de acções de modelação do terreno e recuperação do coberto vegetal”. As “Áreas Recuperadas” à data da aprovação do POPNSAC encontram-se cartografadas no Anexo III do referido Plano, verificando-se a sua existência nas 5 AIE em estudo. 4.1.3. DESCRIÇÃO DAS ÁREAS RECUPERADAS NA AIE DE CABEÇA VEADA NO CONCELHO DE PORTO DE MÓS A área do concelho de Porto de Mós onde se insere a AIE de Cabeça Veada, apresenta um relevo ondulado a acidentado, onde predominam os solos pobres e esqueléticos, sendo notória a presença de vários afloramentos rochosos, originários de materiais calcários. Nessa área desenvolve-se, atualmente, uma ocupação florestal pobre, constituída por povoamentos arbóreos lenhosos, dominados pelo pinheiro bravo, muitas vezes em associação com o eucalipto, interrompidas por alguns aglomerados urbanos e espaços agrícolas compartimentados, normalmente de subsistência. Para além disso surgem ainda, algumas áreas de indústria extrativa em atividade, em recuperação ou já recuperadas paisagisticamente. Na AIE de Cabeça Veada, verifica-se apenas a existência de uma área recuperada que abrange o concelho em análise, localizada no quadrante oeste da referida AIE. Essa área foi recuperada com recurso a aterro e modelação com estéreis (provenientes de escombros de pedreiras na envolvente), tendo-se sido colocados ao nível superficial materiais de menor granulometria e terras vegetais, verificando-se atualmente o repovoamento gradual e natural do coberto vegetal ao longo das mesmas. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 60 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 4.1.4. AFETAÇÃO DAS ÁREAS RECUPERADAS NA AIE DE CABEÇA VEADA NO CONCELHO DE PORTO DE MÓS De acordo com o número 2 do artigo 19.º do Regulamento do POPNSAC “Nas áreas identificadas no anexo III que sejam áreas recuperadas são interditas a instalação ou ampliação de explorações de massas minerais (…) bem como quaisquer acções que impeçam a recuperação natural do coberto vegetal, com excepção do pastoreio extensivo e das actividades silvícolas limitadas a povoamentos de espécies indígenas”. Considerando o determinado pelo Regulamento do POPNSAC foi ainda ponderada a existência do recurso mineral com aptidão ornamental para blocos e a análise local a local das áreas recuperadas, constantes no Anexo III, verificando-se da sua efectiva recuperação. Considerando a existência do recurso mineral com aptidão ornamental para blocos e embora identificadas no Anexo III é permitida a instalação ou ampliação de explorações de massas minerais, nas áreas identificadas em Figura 4.1-2. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 61 Figura 4.1-2: Áreas recuperadas no concelho de Porto de Mós referentes à AIE de Cabeça Veada PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 62 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 4.2. 4.2.1. GEOLOGIA ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO O Maciço Calcário Estremenho (MCE) é uma unidade geomorfológica do território nacional sensivelmente limitada a norte pelas cidades da Batalha e de Ourém, e a sul pelas cidades de Rio Maior e Alcanena. Este maciço é essencialmente constituído por calcários que datam do Jurássico Médio e do Jurássico Superior. Está sobrelevado tectonicamente relativamente às regiões marginais onde, essencialmente, afloram rochas detríticas pós-jurássicas. A Área de Intervenção Específica de Cabeça Veada localiza-se entre a Serra dos Candeeiros e o Planalto de Santo António, na chamada Depressão da Mendiga, no Maciço Calcário Estremenho (Figura 4.2-1). Está integrada num estreito relevo estrutural alongado segundo N-S que abrange rochas calcárias do Jurássico Médio e Superior. As primeiras são caraterizadas, em termos gerais, por apresentarem cores claras, o que é demonstrativo do seu elevado grau de pureza em termos de conteúdo de carbonato de cálcio. As do Jurássico Superior tipicamente apresentam tons cinzentos mais ou menos escuros. A ocidente, o contato entre estes dois grupos de rochas de idade diferente dá-se por intermédio de uma falha; a oriente corresponde a uma discordância de âmbito regional. Nesta área de Cabeça Veada os calcários do Jurássico Médio constituem uma unidade litostratigráfica específica conhecida, informalmente, por Calcários de Pé da Pedreira. Devido às suas caraterísticas, desde há mais de três décadas que têm vindo a ser alvo de intensa exploração para a produção de blocos para fins ornamentais. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 63 Concelho Porto de Mós Concelho Santarém Figura 4.2-1: Enquadramento da AIE da Cabeça Veada no Maciço Calcário Estremenho. 4.2.2. 3 CARACTERIZAÇÃO LITOLÓGICA Para a caracterização litológica, o LNEG procedeu à realização de cartografia geológica à escala 1:2000, tendo como objetivo a identificação e caracterização das litologias em termos de aptidão ornamental. Em termos genéricos e utilizando a já mencionada terminologia local, na área da Cabeça Veada afloram, da base para o topo: § Vidraços da Base; § Calcários Ornamentais; § Vidraços do Topo; 3 Fonte: LNEG. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 64 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| § Jurássico Superior. Na área correspondente ao concelho de Porto de Mós, tal como se representa na Figura 4.2-1, afloram as seguintes unidades litológicas, da base para o topo: § Vidraços da Base. Calcários micríticos (mudstones, wackstones e floatstones) de cor creme e cinzenta, de tons claros a escuros. As bancadas têm espessura decimétrica, sendo que a possança total desta unidade é bastante elevada, na ordem dos 300 m. Contudo, aflora apenas parcialmente, estando truncada por uma falha de orientação geral NNE-SSW. Estes calcários têm correspondência com a Formação de Serra de Aire, cuja idade abrange todo o Batoniano. Foi definida por Azêredo, 2007, que a considera equivalente à unidade Calcários Micríticos de Serra de Aire da Folha 27 C – Torres Novas, da Carta Geológica de Portugal à escala 1:50000 (Manupella et al., 2006). Nesta unidade diferenciaram-se também níveis lenticulares de calcários mais ou menos dolomitizados. Por se encontrarem nas imediações de vários acidentes que recortam a região, deverão ser o resultado da circulação de fluídos ricos em magnésio ao longo de níveis de calcários mais suscetíveis a este tipo de alteração. A espessura de alguns destes níveis de calcários dolomitizados poderá alcançar os vinte metros. § Calcários Ornamentais. Calcários biolitoclásticos pelóidicos de granularidade fina a grosseira (grainstones e rudstones). Apresentam cor creme de tom mais ou menos claro e textura marcada por laminações paralelas e oblíquas, mais ou menos evidentes e organizadas em feixes de espessura decimétrica a métrica. A espessura das bancadas é de difícil apreciação pela dificuldade de distinguir, em paredes verticais, os estratos dos feixes de laminações sedimentares. Na realidade, as bancadas deverão corresponder a corpos maciços, com possanças superiores a 20 m. Em termos económicos, são os feixes de dimensão métrica que condicionam a dimensão dos blocos. A possança total da unidade rondará os 130 m. Tem correspondência com o Membro de Pé da Pedreira da Formação de Santo António – Candeeiros; equivalente lateral da formação anteriormente referida, mas cuja idade abrange o Caloviano (Azêredo, 2007). O Membro de Pé da Pedreira data do Batoniano superior (Azêredo, 2007) e tem correspondência com a unidade Calcários de Pé da Pedreira definida na Folha 27-C. A variedade comercial proveniente desta AIE toma o nome de Semi Rijo de Cabeça Veada. Quartau, PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 65 1998, diferenciou no interior desta unidade um nível biostromático de granularidade bastante grosseira, com espessura constante próxima de 1 m. Neste trabalho optou-se por não proceder à sua delimitação, por não constituir um fator condicionador da exploração. § Vidraços do Topo. Idênticos aos Vidraços da Base, fazendo parte, do ponto de vista regional, da mesma unidade litostratigráfica. § Jurássico Superior. Calcários micríticos e mais ou menos margosos e bioclásticos (wackstones e packstones) de cor cinzenta tendencialmente escura. Ocorrem em bancadas de espessura decimétrica. Estruturalmente, as bancadas das unidades do Jurássico Médio, onde se inclui a de calcários ornamentais, apresentam-se orientadas NNE-SSW com inclinações na ordem dos 400 para leste, tal como se pode visualizar na Figura 4.2-3. Contatam, a ocidente, por intermédio de uma falha com os calcários do Jurássico Superior. Estes apresentamse com orientações muito diversas e inclinações na ordem dos 200 a 300, denunciando dobramentos vários. Junto à referida falha, tendem a paralelizar-se com ela, com inclinações para oeste. Essa falha, conhecida por Falha de Valverde, apresenta uma geometria e cinemática de falha inversa, com o Jurássico Médio a cavalgar o Jurássico Superior. O Jurássico Médio apresenta-se truncado por ela, o que é particularmente visível ao nível da unidade Vidraços da Base (a sul) e dos Calcários Ornamentais (a norte). Já de um ponto de vista mais regional, ao nível da Depressão da Mendiga, esta falha apresenta uma geometria de falha normal invertida, pois, sobre o Jurássico Médio aflora o Superior, na região central da mencionada depressão. A Falha de Valverde apresenta-se rejeitada por outras duas falhas, agora com uma orientação WNW-ESE. Uma na região norte da AIE, com uma movimentação aparente em desligamento esquerdo e outra, na região sul, já fora da AIE, com movimentação semelhante. A primeira perde-se no interior da unidade Calcários Ornamentais, provavelmente dando origem a ligeira flexura, conforme denunciado pela modificação no andamento do contato com os Vidraços do Topo. A segunda falha limita o afloramento de Calcários Ornamentais a sul. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 66 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Assim, de modo sintético, a unidade Calcários Ornamentais dispõe-se em monoclinal basculado cerca de 400 para leste, estando, nessa direção, limitado superiormente pelos Vidraços do Topo. Para oeste está limitado pelos Vidraços da Base ou pela Falha de Valverde. Esta também limita os Calcários Ornamentais a norte, ao passo que a sul eles estão limitados por uma falha orientada WNW-ESE que também corta a Falha de Valverde. Uma estrutura filoniana orientada NNW-SSE atravessa os Vidraços do Topo e os Calcários Ornamentais, desenvolvendo-se, sobretudo, nestes últimos. Na realidade, não se trata de um verdadeiro filão, ou seja, não aflora uma rocha ígnea subvulcânica. Verifica-se, sim, uma forte alteração metassomática dos calcários: cor escura intensa, aspeto mais ou menos vitrificado, e localmente, desagregado. Depreende-se, portanto, que esta alteração tenha correspondência com circulação localizada de fluídos hidrotermais associados às verdadeiras estruturas filoneanas que ocorrem nas imediações da área. Essa circulação localizada terá ocorrido ao longo de fraturas pré-existentes com a mesma orientação. Para ocidente da Falha de Valverde, já nos calcários do Jurássico Superior e no prolongamento da estrutura anterior, ocorre uma outra com as mesmas caraterísticas, mas de menores dimensões. No que respeita à fraturação, ela está representada por duas famílias principais de fraturas. Uma apresenta-se orientada WSW-ENE e outra segundo NNE-SSW, sendo que a primeira é a que se mostra mais persistente e condicionadora da exploração. Os espaçamentos destas famílias, medidos nos locais de maior intensidade de fraturação, são, regra geral, superiores a 2 m. Localmente estão representadas por corredores de fraturação de extensão variável. A unidade de calcários ornamentais está limitada, a sul, por uma falha com a mesma orientação, que os coloca em contato com calcários mais recentes, já de idade Jurássico Superior. Dum modo muito genérico, estes correspondem a mudstones, wackstones e packstones mais ou menos margosos e bioclásticos, e apresentam cores castanhas e cinzentas, por vezes bastante escuras. Dispõem-se em bancadas centimétricas a decimétricas. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 67 No que respeita à fraturação, ela está representada por um sistema ortogonal de diaclases orientadas WSW-ENE e NNW-SSE. Figura 4.2-2: Mapa geológico simplificado.4 4 Fonte: adaptado de NEG. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 68 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Figura 4.2-3: Corte geológico evidenciando a estrutura geológica local.5 4.3. APTIDÃO GEOLÓGICA 4.3.1. METOLOGIA ADOTADA PARA DEFINIÇÃO DO LIMITE DE ESCAVAÇÃO O limite de escavação da AIE do foi definido com base em critérios geológicos (aptidão geológica e património geológico/geomorfológico), económico-mineiro (critério de avaliação da viabilidade de exploração), logísticos (servidões administrativas) e de ordenamento do território (com destaque para os valores naturais). A metodologia adotada desenvolveu-se em três etapas fundamentais e pode-se representar esquematicamente da forma apresentada na Figura 4.3-2 5 Fonte: LNEG. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 69 Cartografia geológica Aptidão ornamental para bloco ETAPA I - ÁREA COM APTIDÃO e calçada GEOLÓGICA Critério de avaliação da ETAPA II - ÁREA COM POTENCIAL viabilidade de exploração MINEIRO Áreas naturais ETAPA III - ÁREA DE ESCAVAÇÃO Património geológico Património geomorfológico Zonas de defesa Limite da área de escavação Figura 4.3-1: Metodologia desenvolvida para definição do limite da área de escavação. Importa mencionar que para a realização dos trabalhos desenvolvidos foram utilizados métodos computacionais baseados na aplicação de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), com recurso ao software ArcGIS 10, e de Planeamento Mineiro, com recurso ao software SURPAC versão 6.5.1. Etapa I – Área com aptidão geológica Com base na cartografia geológica efetuada pelo LNEG, foram classificados os litótipos aflorantes em termos da sua aptidão geológica para a produção de blocos de calcário ornamental e ainda para a produção de calçada, tendo-se elaborado a partir da referida informação a aptidão geológica para a AIE da Cabeça Veada no concelho de Porto de Mós (Figura 4.3-2). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 70 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Figura 4.3-2: Área com aptidão geológica na AIE do Cabeça Veada. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 71 4.4. 4.4.1. SOLOS METODOLOGIA O solo é a camada superficial da crosta terrestre constituída por partículas minerais, matéria orgânica, água, ar e microrganismos, essencial para a sobrevivência e desenvolvimento da vegetação e da vida animal terrestre, sendo um fator ambiental fundamental para a subsistência humana.6 A formação do solo é um processo lento, gradual e constante, sendo por isso considerado um recurso natural não renovável nem regenerável. Esse processo origina a constituição de camadas granulometricamente diferenciadas, misturadas com matéria orgânica às quais se denominam horizontes do solo.7 A caraterização e cartografia dos solos é bastante importante para determinar a tipologia e a adequada capacidade de uso, sendo normalmente classificados conforme o tipo de rocha mãe, temperatura, relevo, profundidade, textura, cor e influência de lençol freático. A atividade de exploração de massas minerais, quando efetuada ao nível superficial, implica a afetação dos solos através das necessárias desmatações e decapagens com vista à extração do recurso e para instalação das respetivas infra-estruturas de apoio, como são o caso dos anexos sociais e industriais, parques de produtos, escombreiras, entre outras. Esse tipo de atividade gera, de um modo geral, impactes temporários e localizados, permanecendo potencialmente ativos enquanto as reservas do recurso mineral existem e são exploradas. Desse modo, o planeamento atempado do uso e funções do solo revela-se muito importante dado que, permite tomar, oportunamente, medidas que minimizem a degradação dos solos a afetar, salvaguardando os usos e funções adequados, consoante a sua capacidade produtiva. Ou seja, deverá garantir que os melhores solos são salvaguardados, através de decapagens e seu armazenamento em condições adequadas de conservação. 6 COSTA, 1999. 7 Idem. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 72 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Nesse sentido a ocupação dos solos pelas várias atividades deverá ser adequada em conformidade com a sua capacidade de uso, evitando ao máximo a sua degradação e destruição, sobretudo, no caso de solos com elevada capacidade produtiva, essenciais para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável. A definição de uma estratégia de planeamento para todas as atividades a desenvolver é importante para garantir que a afetação da área se cinja ao mínimo possível e, numa fase de desativação, seja possível a integração e recuperação ambiental e paisagística de toda a área afetada. A presente análise cingiu-se à área do concelho de Porto de Mós, a qual abrange o quadrante norte da AIE de Cabeça Veada e envolvente próxima sobre a qual terão maior incidência as alterações associadas à implementação do projeto, representada à escala 1/25 000 e, nessa base, cartografada a informação considerada relevante para a análise e compreensão do fator ambiental solos. A área de estudo onde se insere o projeto integrado, apresenta um relevo ondulado a acidentado, onde predominam os solos originários de materiais calcários, desenvolvendo-se, atualmente, uma ocupação florestal pobre, constituída por povoamentos arbóreos lenhosos, dominados pelo pinheiro bravo, muitas vezes em associação com o eucalipto, interrompidas por algumas áreas agrícolas (associadas aos aglomerados urbanos existentes), bem como algumas áreas de indústria extractiva. Neste capítulo, será efetuada uma breve descrição dos solos presentes na área de estudo atendendo à “Área de Intervenção Específica de Cabeça Veada” (AIE de Cabeça Veada) e envolvente próxima, exclusivamente para o concelho de Porto de Mós. 4.4.2. CARATERIZAÇÃO DOS SOLOS NA AIE DE CABEÇA VEADA De acordo com a classificação das unidades taxonómicas do CNROA /SROA8 e de unidades de capacidade de uso agrícola para carta de solos e de capacidade de 8 Centro Nacional de Reconhecimento e Ordenamento Agrário / Serviço de Reconhecimento e Ordenamento Agrário. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 73 uso de Portugal identificam-se e descrevem-se seguidamente a tipologia e classes de uso dos solos na área de estudo onde se insere a AIE em análise. 4.4.2.1. Tipo de solos Nos pontos seguintes, descreve-se a tipologia dos solos abrangida na AIE em estudo, apresentando-se a respetiva cartografia de solos (Figura 4.4-1), à qual se sobrepôs as “Áreas de Protecção Complementar do tipo I” (APCI), definidas no Plano de Ordenamento do PNSAC (POPNSAC). As APCI determinam os locais com melhor aptidão agrícola de forma a garantir a proteção e a conservação dos solos agrícolas; integrar espaços de transição ou amortecimento de impactes, (necessárias à salvaguarda de áreas em que foram aplicados maiores regimes de proteção, como é o caso das áreas de proteção parcial); salvaguardar a diversidade biológica e integridade paisagística das zonas agrícolas pelo caráter específico que as mesmas assumem nessa paisagem cársica, preservar a qualidade dos recursos hídricos subterrâneos através do condicionamento das atividades agrícolas e agro-pecuárias passíveis de contribuírem, direta ou indiretamente, para a perda de qualidade dos mesmos.9 4.4.2.2. Descrição dos solos presentes na área de estudo De acordo com a Carta dos Solos de Portugal10 e com o apoio dos levantamentos de campo efetuados, os tipos de solos11 identificados descrevem-se ao longo dos pontos seguintes: § Afloramentos rochosos - 9 10 Arc – Afloramento rochoso de calcários ou dolomias. RCM nº57/2010, de 12 de Agosto de 2010. Cartas de Solos e de Capacidade de Uso de Portugal, folhas nº. 317, 318, 327 e 328 (à escala 1:25000) do Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidraulica (IDRHa). 11 A Descrição dos solos foi efetuada com base no livro de José V.J. de Carvalho Cardoso “Os solos de Portugal – Sua classificação, Caracterização e Génese. 1 – A Sul do rio Tejo”” da Secretaria de Estado da Agricultura – Direcção Geral dos Serviços Agrícolas. Lisboa. 1965. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 74 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| § Áreas Sociais - ASoc – Áreas sociais – Correspondem às áreas da cartografia que se encontravam infraestruturadas ou pavimentadas, não sendo possível determinar o tipo de solo. § Solos Argiluviados Pouco Insaturados São solos evoluídos, de perfil A Btx C, em que o grau de saturação do horizonte B é superior a 35% e que aumenta, ou pelo menos não diminui com a profundidade e nos horizontes subjacentes. - Vcd – Solos Argiluviados Pouco Insaturados – Solos Mediterrâneos, Vermelhos ou Amarelos, de Materiais Calcários, Normais, de calcários compactos ou dolomias. - Puvd – Solos Argiluviados Pouco Insaturados – Solos Mediterrâneos, Vermelhos ou Amarelos, de Materiais Não Calcários, Húmicos, de material coluviado de solos derivados de calcários compactos ou dolomias. § Solos Mólicos Solos que apresentam um horizonte superficial mólico, ou seja, caraterizam-se pela larga espessura e boa estrutura, de cor escura, em que a saturação por bases é alta e moderada para alto teor de matéria orgânica. - Kvcd – Solos Mólicos – Castanozemes, argiluviados, vermelhos ou amarelos, de calcários compactos ou dolomias. - Kr – Solos Mólicos – Castanozemes, (não argiluviados), Rendzinas, descarbonatadas. § Barros São solos evoluídos de perfil A Bc C (*) ou A Btx C (**), argilosos, com apreciável percentagem de colóides minerais do grupo dos montmorilonóides que lhes imprime características especiais, tais como elevadas plasticidade e rijeza, estrutura anisoforme no horizonte A e prismática no B com presença de superfícies polidas, pronunciado fendilhamento nas épocas secas, curto período de boa sazão, entre outras. - Bc – Barros Pardos, Calcários, Não Descarbonatados, de arenitos argilosos, argilas ou argilitos, calcários. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 75 Através do trabalho de campo efetuado e da cartografia analisada, foi possível verificar que a área do concelho de Porto de Mós onde se insere a AIE de Cabeça Veada se encontra já bastante afetada pela indústria extrativa, ou seja, os solos são praticamente inexistentes. Ainda assim, verificam-se duas parcelas não afetadas por essa atividade (cerca de 10% do total), nomeadamente, nos quadrantes Norte e Oeste da AIE de Cabeça Veada. Solos esses que, de modo geral, são pobres e esqueléticos com várias ocorrências de afloramentos rochosos, tendo como material originário o calcário, sendo argiluviados pouco insaturados do tipo Vcd. Figura 4.4-1: Carta de solos na área de estudo da AIE de Cabeça Veada referente ao concelho de Porto de Mós PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 76 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 4.4.2.3. Capacidade de Uso do Solo Na área em estudo (Figura 4.4-2), em conformidade com o indicado no Quadro 4.4-1 e Quadro 4.4-2, são predominantes os solos com fraca capacidade de uso, nomeadamente, pertencentes à classe E, com limitações sobretudo ao nível da zona radicular (subclasse s) e condicionamentos relacionados com problemas de escoamento superficial e de erosão (subclasse e). Os solos com melhor capacidade produtiva (classe B), caraterizam-se por apresentarem algumas limitações ao nível da zona radicular (subclasse s), localizandose ao longo das zonas baixas dos vales, onde geralmente, se desenvolve uma actividade agrícola de subsistência, associadas aos aglomerados urbanos existentes (Asoc). Ao longo da área de estudo, verifica-se ainda a existência de outras classes de capacidade de uso do solo, tais como a C e a D, com elevadas limitações na zona radicular ou problemas de erosão e escoamento superficial, pelo que se encontram bastante condicionados ao nível da sua utilização. No que diz respeito à AIE de Cabeça Veada no concelho de Porto de Mós, são abrangidos apenas solos com fraca capacidade de uso, nomeadamente da classe E (Figura 4.4-2), apresentando bastantes limitações ao nível da sua zona radicular (subclasse s) e alguns problemas associados à erosão e escoamento superficial (subclasse e). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 77 Quadro 4.4-1: Classes da Capacidade de Uso dos Solos. C LASSE C ARATERÍSTICAS - poucas ou nenhumas limitações A - sem riscos de erosão ou com riscos ligeiros - susceptível de utilização agrícola intensiva - limitações moderadas B - riscos de erosão no máximo moderados - susceptível de utilização agrícola moderadamente intensiva - limitações acentuadas C - riscos de erosão no máximo elevados - susceptível de utilização agrícola pouco intensiva - limitações severas - riscos de erosão no máximo elevados a muito elevados D - não susceptível de utilização agrícola, salvo casos muito especiais - poucas ou moderadas limitações para pastagens, exploração de matos e exploração florestal - limitações muito severas - riscos de erosão muito elevados - não susceptível de utilização agrícola E - severas a muito severas limitações para pastagens, matos e exploração florestal - ou servindo apenas para vegetação natural, floresta de protecção ou de recuperação - ou não susceptível de qualquer utilização Quadro 4.4-2: Sub-classes da Capacidade de Uso dos Solos. C LASSE C ARATERÍSTICAS e Erosão e escoamento superficial h Excesso de água s Limitações do solo na zona radicular PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 78 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Figura 4.4-2: Carta de capacidade de uso do solo na área de estudo da AIE de Cabeça Veada referente ao concelho de Porto de Mós. 4.4.3. DIAGNÓSTICO A AIE de Cabeça Veada, encontra-se em praticamente toda a sua extensão, afetada pela exploração de calcários, verificando-se, na área abrangida pelo concelho de Porto de Mós, a preexistência de apenas dois locais, um localizado no quadrante Oeste e outro a Norte, que ainda não foram decapados com vista à exploração de calcário, correspondendo a menos de 10% do total da AIE em estudo. Esses espaços, apresentam solos pobres e esqueléticos com várias ocorrências de afloramentos rochosos, tendo como material originário o calcário. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 79 Segundo a cartografia utilizada, os solos, quando existentes, são do tipo argiluviados pouco insaturados, mediterrânicos, caraterizados pela sua cor vermelha ou amarela, resultantes de calcários compactos ou dolomias. Em termos globais, são solos que apresentam bastantes restrições ao seu uso, devido, não só, à atual ocupação dos solos, com as explorações de calcário que abrangem praticamente toda a área, mas também, ao relevo acidentado e elevado risco de erosão, limitando a sua capacidade de uso à pastorícia e silvicultura, sendo classificados na cartografia em uso, como classe E, com limitações sobretudo ao nível da zona radicular (subclasse s) e alguns condicionamentos relacionados com problemas de erosão e escoamento superficial (subclasse e). Ao longo da área de estudo verifica-se ainda a existência de solos com capacidade de uso referentes à classe C, correspondendo a solos com elevadas limitações na zona radicular (subclasse s) ou problemas de erosão e escoamento superficial (subclasse e), pelo que se encontram bastante condicionados ao nível da sua utilização. Os solos com melhor capacidade produtiva (classe B) identificados na área de estudo (por vezes coincidente com as APCI, na cartografia do POPNSAC), caraterizam-se por apresentarem algumas limitações, ao nível da zona radicular (subclasse s). Essas áreas localizam-se nas zonas mais baixas e aplanadas, onde se desenvolvem as principais atividades agrícolas de subsistência, associadas muitas vezes a aglomerados urbanos. Os solos com essa capacidade de uso não se encontram abrangidos pela AIE de Cabeça Veada. Importante ainda referir que, os solos com melhor capacidade de uso, classificados como RAN no PDM de Porto de Mós, não serão afetados pela exploração de massas minerais. 4.4.4. CONCLUSÕES A intensidade e a natureza de uma intervenção ao nível do solo, dependem das suas potencialidades intrínsecas, quanto maior for a capacidade produtiva de um determinado solo, mais amplas serão as alternativas para a sua utilização. Dessa PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 80 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| forma, uma alteração profunda do uso, em particular quando essa utilização é não agrícola ou florestal, pode gerar impactes significativos, principalmente quando os solos com essas caraterísticas são raros ou quando a tipologia da sua ocupação assume um interesse ou valor particular. Deverá assim, ter-se sempre em consideração medidas de minimização adequadas para o projeto no que diz respeito a este fator ambiental de modo a garantir a mitigação dos impactes negativos nos solos da área de intervenção, sobretudo no que diz respeito à sua contaminação e poluição e consequentemente do subsolo. Através da metodologia adotada, onde se descreve e carateriza a tipologia e capacidade de uso dos solos para a AIE de Cabeça Veada, verificou-se que, de um modo geral, as áreas de exploração se localizam em solos de baixa qualidade e de fraca capacidade de uso, apresentando na sua maioria, riscos elevados de erosão e de escoamento superficial e limitações ao nível radicular (Classe Ee e Es). 4.5. RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS 4.5.1. METODOLOGIA Após uma recolha prévia de informação bibliográfica sobre o Sistema Aquífero Maciço Calcário Estremenho, procedeu-se a uma análise dos aspectos hidrogeológicos da AIE de Cabeça Veada, visando a respectiva caracterização ambiental. Os trabalhos desenvolvidos envolveram as seguintes acções gerais: § Recolha de informação hidrogeológica junto de várias entidades com competências na área do Maciço Calcário Estremenho (MCE), nomeadamente, o Parque Natural da Serra de Aires e Candeeiros (PNSAC) e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA, IP); § Integração da informação constante na base de dados hidrogeológicos do LNEG, IP; § Reconhecimento da área de estudo, incluindo a validação dos pontos de água provenientes das diversas fontes de informação; § Verificação in situ, sempre que possível, das condições de captação de água subterrânea, nomeadamente no que se refere, à profundidade do nível de PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 81 água, posição da bomba de extracção, regime de exploração e outras informações úteis; § Selecção de pontos de água com vista à definição da rede de amostragem da qualidade da AIE (se possível) ou sua envolvência. Na caracterização hidrogeológica da AIE de Cabeça Veada foram considerados os seguintes itens: § Enquadramento geológico local; § Aptidão hidrogeológica; § Produtividade aquífera; § Modelo hidrodinâmico; § Qualidade da água subterrânea. O enquadramento geológico local teve em consideração dados bibliográficos (Azêredo, 2007; Manuppella et al., 2006; Crispim, 1995), bem como o relatório da caracterização do substrato geológico da AIE de Cabeça Veada (Carvalho et al., 2012). A aptidão hidrogeológica e a produtividade aquífera foram definidas considerando dados bibliográficos (Crispim, 1995; Almeida et al., 2000; Almeida et al. in Manuppella et al., 2000; Sampaio in Manuppella et al., 2006), relatórios de furos de captação de água e dados de monitorização do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (http://snirh.pt). O modelo hidrodinâmico foi consubstanciado em dados bibliográficos (Crispim, 1995; Almeida et al., 2000) e em dados piezométricos de relatórios de furos de captação de água e da rede de monitorização do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (http://snirh.pt). A caracterização da qualidade das águas subterrâneas da AIE de Cabeça Veada baseou-se em análises de três furos de captação de água, amostrados numa época correspondente a “águas baixas” (5-13/Novembro/2012) e numa época de “águas altas” (Março/2013). Trata-se de dois furos situados no interior da AIE (Furo Cabeça Veada SC e Furo Cabeça Veada CP) e do furo situado a jusante e a sul da mesma AIE (Furo de Valverde). A caracterização em apreço teve como orientação, sempre que se considerou conveniente ou aplicável, os valores paramétricos (ou os valores PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 82 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| máximos admissíveis) respeitantes a águas para consumo humano, estabelecidos pela legislação vigente (Decreto-Lei nº 236/98, de 1 de Agosto e Decreto-Lei nº 306/2007, de 27 de Agosto). No Quadro 4.5-1 indicam-se os tipos de análises, os parâmetros determinados, bem como os laboratórios onde foram realizadas as análises. Quadro 4.5-1: Relação das análises laboratoriais realizadas. Tipo de análise Parâmetros analisados Laboratório § Parâmetros globais – pH, condutividade eléctrica, alcalinidade, dureza total, sílica e resíduo seco; § Composição maioritária – catiões (Na +, K +, Mg2+, Análises físico-químicas Ca2+, NH4-) e aniões (F-, Cl-, HCO3-, S042-, H2P04-, completas. NO3-, NO2-); § Composição vestigiária – 36 elementos (Li, Be, B, Unidade de Ciência e Tecnologia Mineral do LNEG, IP. Al, V, Cr, Fe, Mn, Co, Ni, Cu, Zn, 71Ga, 72Ge, As, Se, Rb, Sr, Y, Zr, Nb, Mo, Ag, Cd, Sn, Sb, Te, Cs, Ba, Ta, W, Hg, Tl, Pb, Bi, U). Laboratório do Instituto § (1) Óleos e gorduras; (1) Análise de substâncias § (1) Hidrocarbonetos totais; Superior Técnico. perigosas. § (2) Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (2) (HAPs)*. § Coliformes fecais; Análises microbiológicas. § Coliformes totais; § Escherichia coli. Laboratório da Agência Portuguesa do Ambiente, IP. Laboratório da Agência Portuguesa do Ambiente, IP. * NOTA: Análises realizadas apenas em “águas altas” nos pontos de água cujas amostras em “águas baixas” apresentaram hidrocarbonetos totais. 4.5.2. CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA 4.5.2.1. Enquad ramento geológ ico local A AIE de Cabeça Veada tem uma área aproximada de 0,29 km2. Localiza-se no Maciço Calcário Estremenho, entre o Planalto de Santo António e as Serras da Lua e de Candeeiros, num estreito relevo estrutural alongado segundo N-S que integra a denominada Depressão da Mendiga. As litologias aflorantes da AIE que se encontram ladeadas pelos Calcários do Jurássico Superior da Depressão da Mendiga correspondem a calcários do Jurássico Médio dispostos em bancadas com orientação NNE-SSW e inclinações na ordem de 40o para leste (Carvalho et al., 2012). Conforme Manuppella et al. (2006), do topo para a base PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 83 há a considerar, sucessivamente, as formações do Jurássico Médio (Calcários de Pé da Pedreira, Calcários de Serra de Aire, Calcários de Chão de Pias e Margas e calcários margosos de Zambujal), os Calcários margosos e margas da Fórnea (transição Jurássico Médio/Inferior) e os litótipos do Jurássico Inferior (dolomitos das Camadas de Coimbra, Dolomitos em plaquetas e Margas de Dagorda). No que diz respeito à tectónica, segundo Carvalho et al. (2012), são de referir: i) a falha de Valverde com desenvolvimento regional de direcção NNE-SSW e que, localmente, a ocidente, coloca os calcários do Jurássico Médio a cavalgar sobre os calcários do Jurássico Superior; ii) falhas transversais (à Falha de Valverde) com desenvolvimento local, de direcção NW-SE a WNW-ESE e subsequentes indícios de estruturas filoneanas nelas instaladas; iv) a fracturação que está representada por duas famílias principais de fraturas, uma de orientação WSW-ENE e outra NNE-SSW. 4.5.2.2. Hidrogeologia local Aptidão hidrogeológica A aptidão hidrogeológica da AIE de Cabeça Veada e sua envolvente é condicionada pela litostratigrafia local, sendo de perspectivar, do topo para a base, as seguintes considerações contextualizadas no Sistema Aquífero do Maciço Calcário Estremenho (cf. Almeida et al. in Manuppella et al., 2000): - Os termos do Jurássico Superior respeitantes às Camadas de Alcobaça, pelo seu carácter predominantemente margoso e argiloso, não têm interesse hidrogeológico; - Os termos inferiores do Jurássico Superior, isto é, as Camadas de Montejunto (calcários, calcários argilosos e argilas calcárias) e as Camadas de Cabaços (calcários, calcários argilosos e argilas e conglomerados), apresentando algum grau de carsificação, têm interesse hidrogeológico; - As rochas do Jurássico Médio (Calcários de Pé da Pedreira, Calcários micríticos de Serra de Aire, Calcários de Chão de Pias e Margas e os termos superiores das Margas e calcários margosos de Zambujal) são as de maior importância hidrogeológica, suportando, localmente, as unidades aquíferas; - Os termos inferiores das Margas e calcários margosos de Zambujal e os termos superiores dos Calcários margosos e margas da Fórnea (transição Jurássico Médio/Inferior) apresentam interesse hidrogeológico reduzido; PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 84 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| - Os termos inferiores dos Calcários margosos e margas da Fórnea e os dolomitos que constituem as Camadas de Coimbra, embora pouco expressivos, apresentam-se carsificados podendo constituir um aquífero confinado entre as formações suprajacentes e as formações subjacentes do Hetangiano (Dolomitos em plaquetas e Margas de Dagorda); - As Margas de Dagorda (complexo pelítico-carbonatado-evaporítico) constituem o substrato tido como impermeável, podendo ser responsáveis por elevados valores de mineralização das águas em virtude da elevada solubilidade dos evaporitos (salgema e gesso). Produtividade aquífera Face aos dados disponíveis, a produtividade aquífera na envolvência da AIE de Cabeça Veada é caracterizada tendo em consideração três furos de captação que se assinalam na Figura 4.5-1. Atendendo ao Quadro 4.5-2, os furos são de elevada profundidade (na ordem de 400 m) e proporcionam caudais a variar entre 0,4 e 2,8 L/s. No caso dos dois furos de Cabeça Veada (situados no interior da AIE), os caudais de 0,4 e 2,2 L/s implicam, respectivamente, rebaixamentos de 140 e 60 m, pelo que os caudais específicos são muito reduzidos (0,003 e 0,037 L/s.m). Quadro 4.5-2: Características geométricas e produtividade de furos. Furos Coordenadas Datum 73 Hayford Gauss IPCC Cota do terreno Prof. do furo X (m) Y (m) (m) (m) Cabeça Veada SC -63105 -20443 410 422 Cabeça Veada CP -63240 -20930 431 Valverde -63001 -21902 295 Totalidade e posição dos drenos (m) Prof. do NHE Prof. do Caudal NHD−NHE Caudal NHD específico (m) (m) (m) (L/s) (L/s.m) 120 entre 104 e 422 220 360 140 0,4 0,003 440 40 entre 314 e 434 240 300 60 2,2 0,037 390 36 entre 276 e 366 ? ? ? 2,8 ? PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 85 Figura 4.5-1: Localização dos pontos de água com informação de produtividade, piezometria e amostrados para caracterização qualitativa das águas subterrâneas da AIE de Cabeça Veada. (Implantação sobre extracto da Folha 328 do IGeoE na escala 1:25 000) PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 86 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Na AIE, atendendo à sua altimetria (cotas compreendidas entre os 370 e 440 m), aos níveis piezométricos posicionados à cota aproximada de 190 m (cf. Figura 4.5-1) e aos elevados rebaixamentos necessários para a obtenção de caudais ainda assim reduzidos, é expectável que a captação de água apenas seja possível através de furos com profundidades superiores a 400 m. Além da apreciável profundidade dos furos, acresce salientar o elevado grau de incerteza, característico dos meios cársicos, na intersecção de condutas de água e subsequente obtenção daqueles caudais. Modelo hidrodinâmico Atendendo à Figura 4.5-1, na AIE de Cabeça Veada apenas se conhecem dois furos de captação de água cujos níveis hidrostáticos, à data da sua construção, se posicionavam numa cota próxima de +190 m. Não obstante a escassez de pontos de água com dados piezométricos que permitam definir uma rede local de fluxos subterrâneos, a localização da AIE, numa zona topograficamente elevada e inserida na Depressão da Mendiga (Figura 4.5-2), bem como a ocorrência de nascentes temporárias a sul e a jusante, e.g., a nascente cársica de Olho da Mata do Rei (cota +150 m), afigura-se como plausível que o escoamento subterrâneo natural, isto é, sem interferências provocadas por rebaixamentos piezométricos resultantes da exploração de furos, se processe de norte para sul. Nesta perspectiva, e ainda que sem perder de vista a complexidade tectónica, estrutural e cársica da região que certamente condicionará a circulação subterrânea, a AIE deverá integrar parte da área de recarga daquelas nascentes situadas numa zona tectonicamente conturbada, a sul do afloramento do Jurássico Médio, junto ao contacto com formações do Jurássico Superior menos permeáveis. De entre as vicissitudes e constrangimentos que impedem a definição realística de uma rede de fluxo subterrâneo, salientam-se: - A imprevisibilidade da circulação subterrânea intrínseca do meio cársico; - A compartimentação estrutural, geológica e geomorfológica da generalidade do Maciço Calcário Estremenho e, em particular, da AIE de Cabeça Veada que é intersectada por falhas injectadas com filões de direcção WNW-ESE; - A escassez de informação acerca de pontos de água (furos); - A dificuldade ou impossibilidade técnica de se efectuar nos furos existentes medições piezométricas com uma sonda de níveis. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 87 Figura 4.5-2: Modelo digital de terreno da área compreendida entre a AIE de Cabeça Veada e a nascente temporária Olho da Mata do Rei. [Coordenadas: Datum 73 Hayford Gauss IPCC] Qualidade da água subterrânea Na Figura 4.5-1 assinalam-se os pontos de água utilizados para a caracterização da qualidade das águas subterrâneas da AIE de Cabeça Veada e sua envolvência. Para o efeito, analisaram-se amostras de água colhidas em três furos (Cabeça Veada SC, PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 88 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Cabeça Veada CP e Valverde). As colheitas decorreram de 5 a 13 de Novembro de 2012 no final de uma época de estio (“águas baixas”) e de 5 a 21 de Março de 2013 em época de chuvas avançada (“águas altas”). No Quadro 4.5-3, Quadro 4.5-4, Quadro 4.5-5 e Quadro 4.5-6 apresentam-se, respectivamente, resultados analíticos referentes a parâmetros físico-químicos globais, à composição iónica maioritária, à composição vestigiária, aos hidrocarbonetos, óleos e gorduras e à componente microbiológica. Conforme Quadro 4.5-3 e Quadro 4.5-4, as águas amostradas apresentam as espectáveis características de circulação em meio carbonatado, isto é, têm carácter alcalino (7,18 ≤ pH ≤ 7,91), são águas duras (159 ≤ dureza total ≤ 328 mg/L CaCO3) e evidenciam fácies bicarbonatada-cálcica. Os valores de condutividade eléctrica compreendidos entre 287 e 591 µS/cm reflectem valores de mineralização total a variar de 265 a 541 mg/L. Os valores de pH, condutividade eléctrica e dureza total observados nas amostras dos três furos, nas duas épocas de amostragem, são inferiores ou balizados pelos respectivos valores paramétricos preconizados pelo Decreto-Lei nº 306/2007, de 27 de Agosto, no que diz respeito a águas para consumo humano. Quadro 4.5-3: Parâmetros físico-químicos de caracterização global. Características globais Época de Amostragem Furo Cabeça Veada SC Furo Cabeça Veada CP Furo Valverde Valor paramétrico * pH AB AA 7,55 7,91 7,57 7,57 7,18 7,20 [6,5-9,0] Condutividade eléctrica a o 20,0 C (µS/cm) AB AA 320 287 350 348 591 585 2500 Mineralização total (mg/L) AB AA 294 265 319 315 539 541 −− Sílica (SiO2) (mg/L) AB AA 2,8 2,9 2,8 2,9 5,0 5,5 −− Dureza total (mg/L CaCO3) AB AA 177 159 202 209 298 328 [150-500] AB: Águas Baixas (Novembro/2012); AA: Águas Altas (Março/2013). * cf. DL nº 306/2007, de 27 Agosto. As amostras de água do furo Valverde situado a sul e a jusante da AIE apresentam valores de mineralização significativamente superiores aos valores de cada um dos PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 89 furos do interior da AIE, sendo as concentrações dos iões HCO3-, Cl-, SO42-, NO3- e Na+ as que mais contribuem para essa diferença na mineralização. É também no furo de Valverde que se observam as variações mais significativas, entre amostras de “águas baixas” e de “águas altas”, destacando-se, a diminuição das concentrações de NO 3-, Na+ e Cl- em consequência do efeito de diluição na época das chuvas. As concentrações do ião nitrato são muito pequenas ou praticamente nulas (0,95 > NO3- ≤ 2,3 mg/L) nas amostras dos furos situados no interior da AIE. No entanto, no furo de Valverde observam-se valores de 35,9 mg/L e de 11,5 mg/L, respectivamente nas “águas baixas” e nas “águas altas”. Considerando que as concentrações naturais do ião nitrato raramente atingem os 8-10 mg/L, no furo de Valverde constata-se, ainda que sem se atingir o valor paramétrico máximo admissível de 50 mg/L, alguma contaminação por compostos de azoto de origem antrópica, possivelmente relacionada com a aplicação de fertilizantes nos terrenos agricultados adjacentes e/ou com efluentes domésticos, bem como com as características construtivas da cabeça do furo, a qual, posicionada no fundo de uma caixa, abaixo da cota do terreno, permite a entrada de águas de escorrência superficial. No furo de Valverde, constata-se que ambas as amostras evidenciam concentrações de ião Ca2+ superiores ao valor limite aconselhável (100 mg/L). Nos elementos vestigiários, atendendo ao Quadro 4.5-5, sobressaem, comummente aos três furos, as concentrações de Estrôncio (70 ≤ Sr ≤ 130 µg/L) e de Bário (8,0 ≤ Ba ≤ 128 µg/L). No caso do Sr a sua ocorrência está associada à substituição do ião Ca2+ característico das águas com circulação em meios carbonatados. No furo Cabeça Veada SC, é de salientar a concentração de Alumínio (Al: 229 µg/L) superior ao respectivo valor paramétrico legal (200 µg/L), bem como a concentração de Ferro nas “águas baixas” (Fe: 191 µg/L), ligeiramente inferior ao seu valor paramétrico (também de 200 µg/L). No que diz respeito aos óleos e gorduras, hidrocarbonetos totais e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs), atendendo ao Quadro 4.5-5, é de referir: i) Nas “águas baixas”, a amostra do furo Cabeça Veada SC evidenciou a presença de óleos e gorduras (32 µg/L) e de hidrocarbonetos totais (16 µg/L), sendo neste último parâmetro o valor máximo admissível de 10 µg/L; PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 90 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| ii) Nas “águas altas” todas as amostras evidenciaram valores de hidrocarbonetos totais < 10 µg/L; o despiste de HAPs na água do furo Cabeça Veada SC revelou a presença de naftaleno; relativamente aos óleos e gorduras constata-se um aumento na amostra do furo de Valverde e uma diminuição na amostra do furo Cabeça Veada SC. Quadro 4.5-4: Resultados analíticos da componente iónica maioritária Época de Amostragem Furo Cabeça Veada SC Furo Cabeça Veada CP Furo Valverde Valor paramétrico * AB AA 10,0 8,7 9,3 8,9 20,9 16,7 250 AB AA 204 182 217 219 301 343 −− AB AA 4,9 6,5 15,3 14,8 33,2 31,6 250 AB AA 1,7 2,3 < 1,00 < 0,95 35,9 11,5 50 AB AA < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,5 AB AA < 1,45 < 1,20 < 1,45 < 1,20 < 1,45 < 1,20 −− - AB AA < 0,55 < 0,50 < 0,55 < 0,50 < 0,55 < 0,50 1,5 Sódio (Na ) + AB AA 4,9 5,0 5,1 5,1 17,7 9,1 200 + AB AA 0,25 0,29 0,39 0,36 2,4 1,4 −− AB AA 7,0 12,8 13,8 13,3 2,9 2,8 50 AB AA 58,9 44,1 55,3 50,6 119 119 100 Amónio (NH4 ) AB AA < 0,10 < 0,10 < 0,10 < 0,10 < 0,10 < 0,10 0,5 Iões predominantes AB AA Composição Iónica - Cloreto (Cl ) - Bicarbonato (HCO3 ) Aniões (mg/L) 2- Sulfato (SO4 ) - Nitrato (NO3 ) - Nitrito (NO2 ) - Fosfato (H2PO4 ) Catiões (mg/L) Fluoreto (F ) Potássio (K ) 2+ Magnésio (Mg ) 2+ Cálcio (Ca ) + - 2+ HCO3 > Ca - HCO3 > Ca 2+ 2+ Ca > HCO3 - AB: Águas Baixas (Novembro/2012); AA: Águas Altas (Março/2013). * cf. DL nº 306/2007, de 27 Agosto. Os valores apresentados como "< XXX" são Quantidades Analíticas Mínimas Doseáveis (QAMD), obtidas através da expressão: QAMD = Limite de Quantificação x Factor de Diluição Praticado. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 91 Quadro 4.5-5: Resultados analíticos de componentes vestigiários. Composição vestigiária (µg/L) Época de Amostragem Furo Cabeça Veada SC Furo Cabeça Veada CP Furo Valverde Valor paramétrico * Alumínio (Al) AB AA n.d. 229 2,5 < 16,7 16,8 < 16,7 200 Antimónio (Sb) AB AA 0,09 < 0,04 0,06 < 0,04 < 0,03 < 0,04 5 Arsénio (As) AB AA < 0,38 < 3,2 0,42 < 3,2 0,42 < 3,2 10 Boro (B) AB AA 6,9 < 19,4 7,2 < 19,4 21,0 < 19,4 1000 Cádmio (Cd) AB AA < 0,04 < 0,10 < 0,04 < 0,10 < 0,04 1,2 5 Crómio (Cr) AB AA 1,0 < 1,2 0,83 < 1,2 0,4 < 1,2 50 Cobre (Cu) AB AA 1,9 < 1,3 1,5 < 1,3 2,0 < 1,3 2000 Chumbo (Pb) AB AA 0,43 0,16 0,03 < 0,05 0,08 0,12 25 Ferro (Fe) AB AA 191 101 < 77,8 < 79,0 < 77,8 < 79,0 200 Manganês (Mn) AB AA 5,7 2,2 0,51 < 1,4 0,34 1,6 50 Mercúrio (Hg) AB AA < 0,02 < 0,10 < 0,02 < 0,10 < 0,02 < 0,10 1 Níquel (Ni) AB AA < 0,83 < 21,9 0,83 < 21,9 < 0,83 < 21,9 20 Selénio (Se) AB AA < 0,59 < 3,0 < 0,59 < 3,0 0,67 < 3,0 10 Zinco (Zn) AB AA 3,5 < 2,5 2,7 3,1 13,4 4,9 −− Bário (Ba) AB AA 10,3 8,0 128 117 13,5 69,8 −− Estrôncio (Sr) AB AA 88,5 80 86,1 70 130 113 −− AB: Águas Baixas (Novembro/2012); AA: Águas Altas (Março/2013). * cf. DL nº 306/2007, de 27 Agosto. n.d. - Parâmetro não determinado. Os valores apresentados como "< XXX" são Quantidades Analíticas Mínimas Doseáveis (QAMD), obtidas através da expressão: QAMD = Limite de Quantificação x Factor de Diluição Praticado. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 92 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Quadro 4.5-6: Resultados analíticos de óleos e gorduras, hidrocarbonetos totais e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Época de Amostragem Furo Cabeça Veada SC Furo Cabeça Veada CP Furo Valverde (µg/L) AB AA 32 < 10 < 10 < 10 < 10 17 −− Hidrocarbonetos totais (µg/L) AB AA 16 < 10 < 10 < 10 < 10 < 10 10 * AA Naftaleno: 15 Acenaftlineno: < 5 Acenafteno: < 5 Fluoreno: < 5 Fenantreno: < 5 Antraceno: < 5 Fluoranteno: < 5 Pireno: < 5 Benzo(a)antraceno: < 5 Criseno: < 5 Benzo(b)fluoranteno: < 5 Benzo(k)fluoranteno: < 5 Benzo(a)pireno: < 5 Dibenzo(a,h)antraceno: < 5 Benzo(g,h,i)perileno: < 5 Indeno(1,2,3-c,d)pireno: < 5 −− −− 0,1 ** Óleos e Gorduras Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (ng/L) [1 ng/L = 0,001 µg/L] Valor paramétrico (µg/L) AB: Águas Baixas (Novembro/2012); AA: Águas Altas (Março/2013). * cf. DL nº 236/1998, de 1 Agosto. ** cf. DL nº 306/2007, de 27 de Agosto [soma das concentrações dos compostos indicados nas alíneas a), b), c) e d)]. Do ponto de vista microbiológico, conforme Quadro 4.5-7, constata-se: i) Nas “águas baixas”, além do destaque da contaminação patente nas amostras do furo de Valverde relativamente aos três parâmetros analisados, constata-se ainda alguma contaminação por coliformes totais na amostra do furo Cabeça Veada SC, sendo ultrapassado o valor de referência 0 (zero) UFC/100mL vigente para o consumo humano. ii) Nas “águas altas” constata-se uma apreciável diminuição da contaminação detectada no furo de Valverde na época de “águas baixas”, bem como, em oposição a esta melhoria, um caso de contaminação por Escherichia coli na amostra do furo Cabeça Veada SC. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 93 Quadro 4.5-7: Resultados da componente microbiológica analisada. Época de Amostragem Furo Cabeça Veada SC Furo Cabeça Veada CP Furo Valverde AB AA 4 2 0 0 230 80 0 AB AA 0 2 0 0 50 8 0 AB AA 0 2 0 0 50 8 0 Coliformes totais (UFC/100mL) Coliformes fecais (UFC/100mL) Escherichia coli (UFC/100mL) Valor paramétrico * (UFC/100mL) AB: Águas Baixas (Novembro/2012); AA: Águas Altas (Março/2013). * cf. DL nº 236/1998, de 1 Agosto. 4.5.3. DIAGNÓSTICO A escassa informação existente relacionada com a hidrogeologia local permite estabelecer o diagnóstico respeitante aos impactes da AIE sobre os recursos hídricos subterrâneos, que se passa a dissecar. Do ponto de vista da afectação quantitativa das águas subterrâneas: § Não se prevê que as profundidades de desmonte das pedreiras atinjam a cota dos níveis piezométricos observados nos furos da AIE aquando da sua construção. § A exploração dos dois furos de captação conhecidos e directamente relacionados com a actividade extractiva da AIE, apesar dos rebaixamentos de nível compreendidos entre 60 e 140 m necessários à obtenção de caudais diminutos, respectivamente de cerca de 2 e 0,5 L/s, não deverá, apenas per si, causar interferência significativa nas reservas hídricas subterrâneas e na produtividade de outras captações, em particular das nascentes temporárias situadas a jusante. Do ponto de vista da afectação qualitativa das águas subterrâneas: § As amostras colhidas nos furos de captação situados no interior da AIE, além das características físico-químicas típicas de circulação em meio carbonatado, evidenciaram, no caso do furo Cabeça Veada SC, alguma contaminação por óleos e gorduras, bem como por hidrocarbonetos totais e ainda por colónias microbiológicas (Coliformes totais e Escherichia coli). A amostra relativa a PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 94 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| “águas altas” do mesmo furo (Cabeça Veada SC) evidencia ainda uma concentração de Alumínio (Al) superior ao valor paramétrico legal. § Os casos de contaminação (óleos e gorduras, hidrocarbonetos totais e colónias microbiológicas) resultam, muito plausivelmente, de práticas ou descuidos relacionados com actividade extractiva ou com a construção/manutenção do furo e respectivo equipamento e tubagem. A concentração “anómala” de Al acompanhado de uma concentração de Ferro (Fe) relativamente elevada poderá ser devida a alguma influência das tubagens e equipamento do furo. § Em caso de derrame acidental de quantidades apreciáveis de substâncias poluentes no interior da AIE que atinjam o meio hídrico subterrâneo, a propagação da contaminação deverá ocorrer segundo as tendências do sentido de escoamento subterrâneo, isto é, plausivelmente de N para S, não obstante outras direcções preferenciais decorrentes de condicionalismos do meio cársico e estruturais. Conclusões/Recomendações: § A ausência de piezómetros no interior da AIE de Cabeça Veada e sua envolvente constitui uma grande condicionante à caracterização da hidrodinâmica subterrânea local; § Até à conclusão do projecto serão envidados esforços para se conseguir obter mais dados e assim esclarecer dúvidas e validar conjecturas que têm sido apresentadas para esta área de intervenção; § No final do projecto serão indicadas recomendações tidas como convenientes à monitorização ambiental respeitante aos recursos hídricos subterrâneos. 4.6. 4.6.1. RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA 4.6.1.1. Considerações gerais A descrição das características de natureza hídrica de um determinado local passa pela forma como a água se distribui, os tipos de massa de água existentes e, ainda, a sua quantidade e qualidade, pois estas características influenciam o funcionamento dos sistemas. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 95 Face ao objectivo do presente estudo, nomeadamente a definição de estratégias de ordenamento e planeamento territorial da indústria extractiva na área do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, nesta fase de caracterização da situação de referência na componente que respeita aos recursos hídricos pretende-se inventariar e caracterizar os factores críticos que lhe estão associados e que poderão condicionar as propostas a desenvolver nas fases seguintes do estudo. Neste enquadramento, caracteriza-se essencialmente o sistema hidrográfico das linhas de água abrangidas e/ou influenciadas directamente na Área de Intervenção Específica (AEI) de Cabeça Veada e respectivo regime de escoamento superficial, assim como, o sistema aquífero onde se insere, de comportamento tipicamente cársico. A AIE de Cabeça Veada abrange uma área de 29 ha, em que 90% dessa área se situa no concelho de Porto de Mós e os restantes 10% no concelho de Santarém. Nesta área, apesar da ausência de cursos de água de superfície organizados eles existem em abundância no subsolo, constituindo uma das principais reservas de água subterrânea de Portugal e que se estende entre Rio Maior e Leiria. 4.6.1.2. Caracterização do Sistema Hídrico De acordo com o Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo (PGRHTejo), a área em estudo insere-se na massa de água subterrânea Maciço Calcário Estremenho e localiza-se na sub-bacia do rio Alviela, afluente da margem direita do rio Tejo (APA/ARHTejo, 2012). Segundo o Índice Hidrográfico e Classificação Decimal dos Cursos de Água (DGRAH, 1981) a área em estudo integra-se na Região Hidrográfica n.º3 (Tejo-Folha nº 1) nomeadamente, na margem direita do rio Tejo. A rede hidrográfica na AIE de Cabeça Veada e envolvente é muito pouco densa, de regime torrencial, formada por trechos de linhas de água temporários que não apresentam caudal, a não ser após a ocorrência de uma chuvada com duração e intensidade significativas. As características fisiográficas e geológicas da área em estudo, em conjugação com as da precipitação da região, induzem um regime hidrológico torrencial. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 96 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Na Figura 4.6-1 (elaborada a partir do extracto da Carta Militar de Portugal, folha n.º 328, escala 1:25 000, IGeoE) observa-se a rede hidrográfica principal na AIE de Cabeça Veada, cujo limite da AIE é assinalada a vermelho. (Adaptado a partir do extracto da Carta Militar de Portugal, folhas n.º 318 e 328, escala 1:25 000, IGeoE) Figura 4.6-1: Rede hidrográfica principal na AIE de Cabeça Veada Da análise desta figura verifica-se que na AIE de Cabeça Veada existem alguns troços de linhas de água directamente afectados, ou seja, abrangidos pela área dominada pela intervenção. Os referidos troços são afluentes de linhas de água sem designação específica, pelo que no presente relatório essas linhas de água tomam a designação de LC1, LC2 e LC3, conforme se mostra na Figura 4.6-1. A extensão dos troços de linhas de água afectados pela AIE não são significativos e as bacias hidrográficas dominadas são endorreicas. Na LC1 apenas um pequeno troço de 1ª ordem, numa extensão de poucos metros (cerca de 120 m), é abrangido pelo limite sul da AIE. Na LC2 é o troço inicial, também de 1ª ordem, numa extensão de, aproximadamente, 600 metros que é abrangido pela AIE e na LC3 esta situação verifica-se no troço intermédio, de 2ª ordem, numa extensão de 150 metros. De acordo com o Atlas da Ambiente (SNIRH, INAG, 2008), como se pode observar na Figura 4.6-2, o escoamento médio anual na área em estudo oscila entre os 300 e os PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 97 600 mm, valores de escoamento muito elevados face às características geomorfológicas da AIE que, como se sabe, trata-se de uma região cársica, em que não tem existe praticamente escoamento superficial. Face a esta situação considerase que estes valores de escoamento não são aplicáveis ao caso em estudo. Figura 4.6-2: Distribuição espacial do escoamento médio anual (mm) na bacia do rio Tejo e na AIE de Cabeça Veada (SNIRH, INAG, 2008) Segundo o PGRHTejo (APA/ARHTejo, 2012), o escoamento médio anual na sub-bacia do rio Alviela, com uma área de 483 km2, é de 259 mm. No entanto, este valor também é demasiado elevado para o caso em estudo, pois além da AIE de Cabeça Veada se localizar no cársico e em zona de cabeceira, as áreas das bacias hidrográficas dominadas pelas linhas de água afectadas são inferiores a 1 km2, pelo que as afluências geradas não têm significado. Face ao exposto, não são estimadas as afluências médias anuais geradas na AIE de Cabeça Veada, pois os dados de escoamento disponíveis não reflectem a realidade do local. Dada a natureza geológica da AIE a quase totalidade das águas pluviais infiltra-se não se verificando praticamente transporte de sedimentos para a rede de drenagem. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 98 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Durante a visita de campo à AIE de Cabeça Veada, efectuada no dia 19 de Novembro de 2012, verificou-se que as referidas linhas de água não apresentavam caudal, sendo marcantes as condições de secura à superfície da AIE, devido à escassez de recursos hídricos superficiais, conforme se pode observar nas fotografias apresentadas no Desenho OT-04.2. Face à extensão das linhas de água afectadas, à respectiva localização, à área das bacias dominadas e ao regime hídrico da região, de características tipicamente cársicas, considera-se que na AIE de Cabeça Veada os recursos hídricos superficiais não constituem elemento condicionante às propostas a desenvolver nas fases seguintes do estudo. Face à extensão das linhas de água afectadas, à respectiva localização, à área das bacias dominadas e ao regime hídrico da região, de características tipicamente cársicas, considera-se que na AIE de Cabeça Veada os recursos hídricos superficiais não constituem elemento condicionante às propostas a desenvolver nas fases seguintes do estudo. De acordo com o Plano Regional de Ordenamento Florestal (PROF) do Centro Litoral, cujo extracto do mapa síntese se apresenta naFigura 4.6-3, a AIE de Cabeça Veada, localizada no concelho de Porto de Mós, insere-se na sub-região Porto de Mós e Mendiga, não sendo indicadas condicionantes no que respeita aos recursos hídricos. Figura 4.6-3: Extracto do mapa síntese do PROF Centro Litoral PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 99 Tendo como base os Sistemas Aquíferos de Portugal Continental (Almeida et al., 2000), em termos hidrogeológicos, a AIE Cabeça Veada insere-se no Sistema Aquífero Maciço Calcário Estremenho (MCE), que ocupa uma área de 767,6 km2, situando-se na região centro-oeste, entre Rio Maior, a Sul, Fátima a Nordeste, e Porto de Mós, a Norte (Figura 4.6-4). O MCE é parte integrante da unidade hidrogeológica Orla Ocidental, em que as formações geológicas que suportam o sistema são maioritariamente rochas carbonatadas de idade Jurássica, predominando os calcários Figura 4.6-4: Localização do sistema aquífero Maciço Calcário Estremenho O Maciço Calcário Estremenho forma um aquífero importante, no qual a água apresenta processos rápidos de infiltração e circula em galerias subterrâneas. Ao contrário da área situada à superfície deste maciço calcário, caracterizada pela quase ausência de cursos de água, na sua periferia a água surge em nascentes caudalosas, em que várias bacias endorreicas que fazem parte deste maciço alimentam as nascentes. Do ponto de vista morfológico podem diferenciar-se neste maciço três áreas distintas; a serra dos Candeeiros, a Oeste; o planalto de Santo António, ao Centro e Sul; e o planalto de São Mamede e a Serra de Aire, a Norte e a Este, respectivamente. A AIE de Cabeça Veada integra-se na Depressão da Mendiga, entre os sectores da Serra dos Candeeiros e do Planalto de Sto. António. O sistema aquífero maciço calcário estremenho, de comportamento tipicamente cársico influencia o regime hídrico da região, não se tendo identificado na área AIE de Cabeça Veada nenhuma nascente e/ou captação. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 100 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| De acordo com o PGRHTejo (APA/ARHTejo, 2012), as massas de água da sub-bacia do rio Alviela apresentam estado inferior a bom, indicando os parâmetros físico-químicos gerais e os biológicos como os responsáveis por este estado. Embora no PGRH sejam apresentadas diversas medidas para se atingir o bom estado das massas de água, essas medidas não estão directamente relacionadas com a indústria extractiva. 4.6.2. DIAGNÓSTICO O meio hídrico é uma componente biofísica com probabilidade de ser afectado pela actividade extractiva. Assim, aspectos como a alteração da drenagem superficial (com intersecção de linhas de água e ocupação de áreas dominadas pelas bacias hidrográficas) e a intersecção dos níveis freáticos podem estar associadas à referida actividade. As potenciais influências da actividade extractiva nos recursos hídricos poderão ser esquematizados em duas grandes linhas, nomeadamente a afectação do regime de escoamento e a qualidade da água. Na AIE de Cabeça Veada as características fisiográficas e geológicas em conjugação com as da precipitação da região, induzem um regime hidrológico na rede hidrográfica torrencial. Como já foi referido, o caudal circulante nos troços das linhas de água afectados pela AIE apenas existe após ter acontecido uma chuvada significativa, estando directamente condicionado pela sua intensidade. Em termos meramente hidrográficos, nos concelhos de Porto de Mós e de Santarém, de acordo com a análise efectuada, considera-se que as potenciais influências na componente dos recursos hídricos superficiais não terão significado. A AIE de Cabeça Veada insere-se na paisagem típica do carso do maciço calcário estremenho, onde as condições de secura à superfície são marcantes devido à escassez de recursos hídricos superficiais, podendo a água neste território constituir um factor limitante ao uso do solo. A vegetação de ocorrência espontânea encontra-se adaptada aos solos secos e pedregosos, reflectindo claramente a escassez de água à superfície. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 101 Segundo as Plantas de Condicionantes dos Planos Directores Municipais de Porto de Mós e de Santarém, a AIE de Cabeça Veada não está sujeita a nenhuma condicionante biofísica no âmbito do factor recursos hídricos. Segundo a Planta de Reserva Ecológica Nacional (REN) de Porto de Mós, a AIE de Cabeça Veada abrangida por este concelho não inclui áreas de REN. Face ao exposto, na AIE de Cabeça Veada a componente dos recursos hídricos superficiais não constitui um elemento condicionante às propostas a desenvolver nas fases seguintes do estudo. No entanto, a AIE localizado no concelho de Santarém é considerada uma zona sensível para a protecção do solo e da água, pelo que deverá ser objecto de intervenções específicas que visem proteger estes recursos naturais, contribuindo assim para a gestão sustentável do território. Relativamente à componente dos recursos hídricos subterrâneos, face às características biofísicas do território e área dominada pela AIE de Cabeça Veada também se considera que este não é um factor crítico para as propostas a desenvolver nas fases seguintes do estudo. Dada a vulnerabilidade deste tipo de aquífero podem ocorrer contaminações de diversos tipos, podendo existir risco de poluição acidental. 4.7. 4.7.1. CARACTERIZAÇÃO BIOLÓGICA INTRODUÇÃO No âmbito do presente PIER foi efetuada uma avaliação do património natural na AIE de Cabeça Veada, tendo-se identificado os habitats, espécies de flora e fauna associadas à área em estudo (apresentada na Figura 1 do ANEXO A – Metodologia de Valoração). A avaliação do património natural foi efetuada em duas fases, tendo a primeira consistido na inventariação das espécies de flora, habitas, fauna e biótopos existentes. Posteriormente, com base na informação recolhida, aplicou-se uma metodologia de valoração aos elementos inventariados, com o fim de obter um zonamento espacial dos valores naturais que possa servir de base às decisões de ordenamento. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 102 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| No âmbito deste capítulo, são descritas as metodologias de inventariação e valoração empregues, uma descrição da flora, fauna e habitats presentes e por fim é efetuada uma avaliação do zonamento de valores obtido. 4.7.2. METODOLOGIA 4.7.2.1. Inventariação do património natural A avaliação dos valores naturais existentes na área estudada foi efetuada com recurso a metodologias de campo e pesquisa bibliográfica. Uma descrição mais detalhada das metodologias aqui resumidas pode ser encontrada no ANEXO A – Metodologia de Valoração. 4.7.2.2. Flora e vegetação O estabelecimento de manchas de vegetação e uso do solo foi inicialmente efetuado em ortofotomapas a cores com recurso a Sistemas de Informação Geográfica e posteriormente confirmado e retificado no campo. Simultaneamente, foram realizados levantamentos florísticos que permitiram o reconhecimento dos habitats presentes, com base no Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro e, o apuramento das suas percentagens de cobertura. Em acréscimo, foi efetuada uma prospeção intensiva e direcionada às espécies de flora de carácter conservacionista, mais relevantes ao nível do PNSAC, que incluiu as espécies Narcissus calcícola, Arabis sadina, Silene longicilia, Saxifraga cintrana e Inula montana que, permitiu também cartografar os locais de presença de outras espécies de Flora importantes (listadas no Quadro 4 do ANEXO A – Metodologia de Valoração). 4.7.2.3. Faun a e biótopos A avaliação dos valores faunísticos visou identificar as espécies de potencial ocorrência na área estudada. Nesse sentido foram efetuadas saídas de campo em que se aplicaram diferentes técnicas de amostragem orientada para os diferentes PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 103 grupos faunísticos, como pontos de escuta e observação de aves e transeptos para pesquisa de indícios de mamíferos e visualização de espécimes de répteis e anfíbios. Em acréscimo foi efetuada uma pesquisa bibliográfica12, permitindo identificar as espécies potencialmente ocorrentes não detetadas. A identificação dos biótopos existentes foi efetuada a partir da cartografia de habitats e usos do solo efetuada no âmbito da caraterização da flora e vegetação. 4.7.2.4. Valoração do Património Natural A valoração da Flora, Vegetação e Habitats, bem como dos Biótopos presentes na área em estudo, foi efetuada com base na metodologia utilizada pelo ICNF nos Planos de Ordenamento das Áreas Protegidas13, tendo-se efetuado as adaptações consideradas necessárias em função da realidade e escala da área em estudo. O objetivo final do exercício de valoração é a obtenção de Cartas de Valores Florísticos e Faunísticos, em que o valor do património natural é refletido numa escala de relevância ecológica que varia entre Baixa e Excecional. Ao nível da flora e vegetação a metodologia envolve a valoração, de forma independente, dos habitats classificados e das espécies de flora mais relevantes sob o ponto de vista da conservação e o cruzamento das valorações obtidas para a obtenção de uma Carta de Valores Florísticos. De forma resumida a metodologia envolve as seguintes etapas: 1. Definição e cartografia de unidades de vegetação, para elaboração da Carta de Vegetação; 2. Valoração dos habitats; 3. Valoração da flora; 4. Aplicação do Valor Florístico às unidades de vegetação. Relativamente à fauna, o processo de valoração envolve a avaliação dos biótopos existente e da identificação de locais importantes para espécies mais relevantes. 12 BRUUN & FAPAS 1995, CABRAL et al. 2006, CATRY et al. 2010, EQUIPA ATLAS 2008, FERRAND DE ALMEIDA et al. 2001, ICN 2007, IUCN 2012, LOUREIRO et al. 2010, MATHIAS et al. 1999, MACDONALD & BARRET 1993, RAINHO et al. 1998. 13 ICN, 2005 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 104 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Resumidamente, a obtenção da Carta de Valores Faunísticos envolve as seguintes etapas: 1. Definição dos Biótopos; 2. Valoração das Espécies associadas aos Biótopos; 3. Valoração Faunística dos Biótopos; 4. Identificação de locais prioritários. A valoração das espécies foi efetuada com informação recolhida via pesquisa bibliográfica14, avaliando os seus estatutos de conservação, as suas características biológicas e a utilização por parte destas espécies pelos biótopos existentes. A valoração faunística dos biótopos foi efetuada tendo em contas as 50 espécies mais valoradas associadas a cada biótopo. 4.7.3. CARATERIZAÇÃO ECOLÓGICA 4.7.3.1. Flora 4.7.3.1.1. Introdução e enquadramento A área em estudo localiza-se no PNSAC que, dadas as suas caraterísticas, nomeadamente geológicas e climáticas, constitui, no contexto nacional, uma área detentora de um património florístico único15, quer pelo número elevado de espécies presentes (acima de 600 espécies), quer pelo número considerável de espécies raras e/ou ameaçadas, incluindo 27 espécies de orquídeas e endemismos lusitânicos16,17. Esta importância é também confirmada pela presença de sete espécies vegetais inscritas no Anexo B-II do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, alterado pelo DecretoLei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro, cuja conservação requer a delimitação de zonas especiais de conservação, nomeadamente, Arabis sadina, Euphorbia transtagana (mama-leite), Iberis procumbens subsp. microcarpa (assembleias), Juncus valvatus (junco), Narcissus calcicola (nininas), Pseudarrhenatherum pallens e Silene longicilia18. 14 BRUUN & FAPAS 1995, CABRAL et al. 2006, CATRY et al. 2010, EQUIPA ATLAS 2008, FERRAND DE ALMEIDA et al. 2001, ICN 2007, IUCN 2012, LOUREIRO et al. 2010, MATHIAS et al. 1999, MACDONALD & BARRET 1993, RAINHO et al. 1998. 15 ICN, 2007 16 www.icnf.pt, 2012 17 Flor, 2005 18 idem PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 105 A nível biogeográfico, e dado que a distribuição dos elementos florísticos e das comunidades vegetais é condicionada pelas características físicas do território (características edáficas e climáticas), é seguidamente efetuado o enquadramento da biogeográfico da vegetação19. Reino Holoártico Região Mediterrânica Província Gaditano-Onubo-Algarviense Sector Divisório Português Subsector Oeste-Estremenho Superdistrito Estremenho As Serras de Aire e Candeeiros pertencem à Região Mediterrânica que se carateriza pelos bosques e matagais de espécies de carvalhos (Quercus suber – sobreiro, Quercus ilex subsp. ballota – azinheira, Quercus coccifera – carrasco), a aroeira (Pistacia lentiscus), o folhado (Viburnum tinus), o zambujeiro (Olea europaea var. sylvestris), entre outras espécies vegetais20. Em particular, a Província Gaditano-OnuboAlgarviense é uma unidade rica em endemismos, como: Arabis sadina, Biarum galiani, Brassica oxyrrhina, Euphorbia transtagana (mama-leite), Fritillaria lusitanica var. stenophylla (fritilária), Juncus valvatus, Leuzea longifolia, Narcissus gaditanus, Narcissus wilkommii, Salvia sclareoides (salva-do-sul), Serratula baetica subsp. lusitanica, Stauracanthus spectabilis (tojo-vicentino), Thymus mastichina (bela-luz). Em exclusivo do Setor Divisório Português salientam-se os endemismos Scrophularia grandiflora, Senecio doronicum subsp. lusitanicus e Ulex jussiaei (tojo-durázio). Este setor, ao nível da vegetação, inclui os bosques de carvalho-cerquinho (Arisaro-Quercetum broteroi), os carrascais (Melico arrectae-Quercetum cocciferae e Quercetum coccifero-airensis) e os arrelvados (Phlomido lychnitis-Brachypodietum phoenicoidis). Nas categorias infra constam o Subsetor Oeste-Estremenho e o Superdistrito Estremenho, territórios onde predominam as rochas calcárias e que possuem taxa exclusivos como: Asplenium rutamuraria (avenca-brava), Biarum arundanum, Cleonia lusitanica, Micromeria juliana, Narcissus calcicola (nininas), Quercus ilex subsp. ballota (azinheira) e Scabiosa turolensis. Na vegetação, estão presentes as séries de vegetação do carvalhocerquinho (Arisaro-Querceto broteroi S.), do sobreiro (Asparago aphylli-Querceto suberis S.), e da azinheira (Lonicero implexae-Quercetum rotundifoliae S.). São também 19 Alves et al., 1998 20 Costa et al., 1998 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 106 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| caraterísticas as comunidades rupícolas (Asplenietalia petrachae-Narciso calcicolaeAsplenietum ruta-murariae) e os tomilhais (Teucrio capitatae-Thymetum sylvestris). 4.7.3.1.2. Elenco florístico e flora protegida Os dados recolhidos no campo permitiram identificar na área de estudo 226 espécies e subespécies e 157 géneros distribuídos por 55 famílias (Anexo B – Elenco Florístico). Da análise do elenco, verificou-se que as famílias Asteraceae (34 taxa), Poaceae (24 taxa), Fabaceae (19 taxa) e Liliaceae (15 taxa), são as mais representadas na área de estudo. Regista-se um número considerável de plantas herbáceas, algumas bulbosas, típicas do subcoberto de bosques, matos e clareiras da aliança Quercion broteroi. Foram registadas 34 espécies RELAPE (Raras, Endémicas, Localizadas, Ameaçadas ou em Perigo de Extinção), distribuídas por 12 famílias (Quadro 4.7-1constituindo cerca de 16% da totalidade de taxa inventariados. Verifica-se que a maioria são endemismos ibéricos (12 taxa) ou está abrangida pelo Decreto-Lei n.º 114/90, de 5 de abril (Convenção CITES) (11 taxa), ocorrendo também um número expressivo de endemismos lusitânicos (5 taxa), dois dos quais incluídos no Anexo B-II do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro. A família Orchidaceae foi a que registou maior número de taxa protegidos pela legislação, com 11 espécies identificadas. Quadro 4.7-1: Espécies com valor conservacionista inventariadas, com indicação do nome comum (quando existente) e respetivo estatuto de proteção. F AMÍLIA G ÉNERO /ESPÉCIE NOME C OMUM ESTATUTO DE PROTEÇÃO Fagaceae Quercus ilex L. subsp. ballota (Desf.) Samp. Azinheira Quercus suber L. Sobreiro Decreto-Lei n.º 254/2009, de 24 de Setembro Caryophyllaceae Arenaria conimbricensis Brot. subsp. conimbricensis Endemismo Ibérico Dianthus cintranus Boiss. & Reut. subsp. barbatus R. Fern. & Franco Endemismo Lusitânico Silene longicilia (Brot.) Otth Endemismo Lusitânico; Anexos B-II, B-IV e B-V do Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 de Abril, alterado pelo DecretoLei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 107 F AMÍLIA G ÉNERO /ESPÉCIE NOME C OMUM ESTATUTO DE PROTEÇÃO Assembleias Endemismo Lusitânico; Anexos B-II, B-IV e B-V do Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 de abril, alterado pelo DecretoLei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro Brassicaceae Iberis procumbens Lange subsp. microcarpa Franco & P. Silva Saxifragaceae Fabaceae Araliaceae Lamiaceae Saxifraga cintrana Kuzinsky Endemismo Lusitânico Anthyllis vulneraria L. subsp. gandogeri (Sagorski) W. Becker ex. Maire (= Anthyllis lusitanica Cullen & P. Silva) Anexo B-V do DecretoLei n.º 140/99 de 24 de abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005 de 24 de fevereiro Genista tournefortii Spach subsp. tournefortii Endemismo Ibérico Ulex europaeus L. subsp. latebracteus (Mariz) Rothm. Tojo-arnal-do-litoral Endemismo Ibérico Ulex jussiae Webb Tojo-durázio Endemismo Lusitânico Hedera maderensis K. Koch. ex. A. Rutherf subsp. iberica McAllister Hera Endemismo Ibérico Salvia sclareoides Brot. Salva-do-sul Endemismo Ibérico Teucrium haenseleri Boiss. Scrophulariaceae Poaceae Liliaceae Endemismo Ibérico Thymus zygis L. subsp. sylvestris (Hoffmanns & Link) Cout. Sal-da-terra Endemismo Ibérico Antirrhinum linkianum Boiss. & Reut. Bocas-de-lobo Endemismo Ibérico Linaria amethystea (Vent.) Hoffmanns. & Link subsp. amethystea Endemismo Ibérico Avenula sulcata (Boiss.) Dumort. subsp. occidentalis (Gervais) Romero Zarco Endemismo Ibérico Koeleria vallesiana (Honckeny) Gaudin subsp. vallesiana Rara Crocus serotinus Salisb. subsp. serotinus Açafrão-bravo Endemismo Ibérico Fritillaria lusitanica Wikström Fritilária Endemismo Ibérico Gilbardeira Anexo B-V do DecretoLei n.º 140/99 de 24 de abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro Campainhas-amarelas Anexo B-V do DecretoLei n.º 140/99 de 24 de abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro Ruscus aculeatus L. Amaryllidaceae Narcissus bulbocodium L. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 108 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| F AMÍLIA G ÉNERO /ESPÉCIE NOME C OMUM Orchidaceae Anacamptis pyramidalis (L.) Rich. Orquídea-piramidal Barlia robertiana (Loisel.) W. Greuter Salepeira-grande ESTATUTO DE PROTEÇÃO Cephalantera longifolia (L.) Fritsch Ophrys fusca Lonk Moscardo-fusco Ophrys scolopax Cav. Flor-dos-passarinhos Ophrys tenthredinifera Willd. Orchis mascula L. Satirião-macho Orchis morio L. Testículo-de-cão Orchis papilionacea L. Erva-borboleta Serapias lingua L. Erva-língua Serapias parviflora Parl. Serapião-de-línguapequena Decreto-Lei nº 114/90 de 5 de abril (Convenção CITES) PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 109 Figura 4.7-1: Áreas de ocorrência de espécies RELAPE de distribuição muito localizada. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 110 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| a b Figura 4.7-2: Espécies RELAPE – endemismos lusitânicos - identificadas na área de estudo: a) Silene longicilia; b) Saxifraga cintrana. Contabilizaram-se 11 espécies da família Orchidaceae, incluídas na lista das espécies RELAPE pela sua proteção conferida pelo Decreto-Lei n.º 114/90, de 5 de abril (Convenção CITES) (Anexo I) (Figura 4.7-3). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 111 a b c Figura 4.7-3: Espécies de orquídeas inventariadas na área de estudo: a) Anacamptis pyramidalis (orquídea-piramidal); b) Barlia robertiana (salepeira-grande); c) Orchis papilionacea (erva-borboleta). 4.7.3.1.3. Vegetação A área de estudo, excluindo as áreas intervencionadas, é dominada por um mosaico de comunidades arbustivas de porte médio e baixo, de comunidades de prados anuais e afloramentos rochosos, designadamente lapiás (Figura 4.7-4). De salientar, a presença dispersa de indivíduos jovens de Quercus faginea subsp. broteroi (carvalhocerquinho) e de Quercus ilex subsp. ballota (azinheira) nas comunidades arbustivas. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 112 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Estas comunidades apresentam uma elevada diversidade florística, sendo exemplo as seguintes espécies constituintes destas: Calluna vulgaris (torga-ordinária), Cistus albidus (roselha-maior), Cistus crispus (roselha), Cistus monspeliensis (sargaço), Cistus psilosepalus (sanganho), Cistus salvifolius (saganho-mouro), Crataegus monogyna (pilriteiro), Daphne gnidium (trovisco), Erica lusitanica (queiroga), Erica scoparia subsp. scoparia (urze-das-vassouras), Genista tournefortii spp. tournefortii, Genista triacanthus (ranha-lobo), Lavandula stoechas subsp. stoechas (rosmaninho), Lonicera etrusca (madressilva-caprina), Lonicera implexa (madressilva), Olea europaea subsp. sylvestris (zambujeiro), Phillyrea angustifolia (lentisco), Pyrus bourgaeana (carapeteiro), Quercus coccifera (carrasco), Rhamnus alaternus (sanguinho-das-sebes), Rosmarinus officinalis (alecrim), Thymus zygis subsp. silvestrys (sal-da-terra), Ulex europaeus subsp. europaeus (tojo-arnal), Ulex europaeus subsp. latebracteus (tojo-arnal-do-litoral) e Ulex jussiae (tojo-durázio). Figura 4.7-4: Mosaico de comunidades arbustivas, de comunidades pratenses e de afloramentos rochosos na da área de estudo. 4.7.3.2. Habitats A caracterização dos habitats tem como base principal a flora e a vegetação presentes na área de estudo. Para além de identificados e caracterizados, os habitats foram cartografados com base em fotografia aérea através da delimitação das PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 113 formações vegetais observadas – Carta de Habitats (Desenho 01, Anexo A). Ao nível cartográfico e com base nas comunidades vegetais inventariadas, identificaram-se 12 habitats na área de estudo, dos quais 6 são habitats naturais, ou seja, encontram-se abrangidos pelo Anexo B-I do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro, sendo três prioritários (assinalados por * e a negrito): - Habitat 9240 Carvalhais ibéricos de Quercus faginea e de Quercus canariensis; - Habitat 9330 Florestas de Quercus suber; - Habitat 9340 Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia - Habitat 5330 Matos termomediterrânicos pré-desérticos, o Subtipo pt5 – Carrascais, espargueirais e matagais afins basófilos; o Subtipo pt7 – Matos baixos calcícolas; - Habitat 6110* Prados rupícolas calcários ou basófilos da Alysso-Sedion albi; - Habitat 6210 Prados secos seminaturais e fácies arbustivas em substrato calcário (Festuco-Brometalia) (* importante habitat de orquídeas); - Habitat 6220* Subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea, o Subtipo pt1 - Arrelvados anuais neutrobasófilos; - Habitat 8210 Vertentes rochosas calcárias com vegetação camofítica; - Habitat 8240* Lajes calcárias - Eucaliptal; - Matos (Tojais, silvados); - Prados anuais; - Lapiás; - Área agrícola (Olival); - Área artificializada. No Quadro 4.7-2, apresenta-se a área de ocupação dos diferentes habitats e usos do solo que ocorrem na área de estudo e nos pontos seguintes apresenta-se a sua descrição. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 114 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Quadro 4.7-2: Usos do solo e habitats existentes e respetiva área (ha) ocupada na área de estudo (habitats prioritários assinalados por *). Área ocupada# (ha) Código Habitat Descrição habitat/Uso do Solo 9240 Carvalhais ibéricos de Quercus faginea e de Quercus canariensis 1,22 9330 Florestas de Quercus suber 0,36 9340 Bosques de Quercus rotundifolia 0,23 8210 Vertentes rochosas calcárias com vegetação camofítica 0,04 8240* Lajes calcárias 1,40 5330pt5 Carrascais, espargueirais e matagais afins basófilos 1,87 5330pt7 Matos baixos calcícolas 10,91 6110* Prados rupícolas calcários ou basófilos da Alysso-Sedion albi 0,68 6210 Prados secos seminaturais e fácies arbustivas em substrato calcário (Festuco-Brometalia) (* importante habitat de orquídeas) 0,66 Subestepes de gramíneas e anuais da TheroBrachypodietea, Subtipo pt1 - Arrelvados anuais neutrobasófilos 1,58 Eucaliptal Eucaliptais de Eucalyptus globulus 0,54 Matos Tojais e silvados 4,05 Prados anuais Comunidades herbáceas sujeitas a pastoreio 0,55 Lapiás Afloramentos rochosos 13,43 Área agrícola Parcelas agrícolas de pequena dimensão 5,96 Área artificializada Áreas de atividade extrativa, acessos e outras infraestruturas 19,98 6220* Habitat 9240: Carvalhais ibéricos de Quercus faginea e Quercus canariensis O habitat natural 9240 ocorre em contacto miscenal com a floresta de sobreiro (habitat 9330) e corresponde a bosques, não higrófilos, com estrato arbóreo dominado por Quercus faginea subsp. broteroi (carvalho-cerquinho), com estratos lianóide, arbustivo latifoliado/espinhoso e herbáceo vivaz ombrófilo bem desenvolvidos. Tem correspondência com a classe fitossociológica Quercetea ilicis, nomeadamente com as alianças Quercion broteroi e Querco rotundifoliae-Oleion sylvestris. O carvalhal apresenta os diferentes estratos com estrutura e composição complexa e diversa (Figura 4.7-5), os quais se assemelham aos que ocorrem associados às florestas de Quercus Suber (ver habitat seguinte). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 115 Figura 4.7-5: Carvalhal de Quercus faginea subsp. broteroi (carvalho-cerquinho). Habitat 9330: Florestas de Quercus suber Na área de estudo, o habitat natural 9330 ocorre a sul da área de estudo, ocupando uma pequena extensão e em contacto catenal com o habitat 9240. Habitat caracterizado por bosques de copado cerrado, dominado por Quercus suber (sobreiro), por vezes co-dominados por outras árvores. Apresenta os estratos lianóide, arbustivo latifoliado/espinhoso e herbáceo vivaz ombrófilo bem desenvolvidos e com intervenção humana reduzida ou nula no subcoberto. Tem correspondência fitossociológica com as alianças Quercion broteroi e Querco rotundifoliae-Oleion sylvestris, ambas da classe Quercetea ilicis. O presente habitat apresenta uma diversidade florística relevante, onde estão presentes as seguintes espécies características: Arisarum simorrhinum (candeias), Aristolochia paucinervis (erva-bicha), Asparagus acutifolius (espargo-bravo-menor), Asparagus albus (estrepes), Asparagus aphyllus (espargo-bravo-maior), Asplenium onopteris (avenca-negra), Barlia robertina (salepeira-grande), Biarum arundanum, Bupleurum rigidum subsp. paniculatum, Calamintha nepeta subsp. nepeta (erva-das- PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 116 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| azeitonas), Campanula rapunculus (campainha-rabanete), Carex distachya, Cephalantera longifolia, Clinopodium vulgare (clinopódio), Crataegus monogyna (pilriteiro), Daphne gnidium (trovisco), Genista tournefortii subsp. tournefortii, Geranium robertianum (bico-de-grou), Hedera maderensis subsp. iberica (hera), Holcus mollis subsp. mollis (erva-molar), Hyacinthoides hispanica (jacinto-dos-campos), Lonicera etrusca (madressilva-caprina), Lonicera implexa (madressilva), Olea europaea var. sylvestris (zambujeiro), Origanum vulgare subsp. virens (oregão), Osyris alba (cássiabranca), Paeonia broteroi (rosa-albardeira), Phillyrea angustifolia (lentisco), Pteridium aquilinum subsp. bourgaeana aquilinum (carapeteiro), (feto-do-monte), Quercus Pulicaria coccifera odora (carrasco), (montã), Rhamnus Pyrus alaternus (sanguinho-das-sebes), Rubia peregrina (raspalíngua), Rubus ulmifolius (silva), Ruscus aculeatus (gilbardeira), Smilax aspera (salsaparrilha) e Tamus communis (uva-de-cão). Habitat 9340: F Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia O habitat natural 9340 ocorre muito pontualmente na área de estudo. Caracteriza-se por formar bosques de copado cerrado, dominados por Quercus rotundifolia, por vezes co-dominados por outras árvores; com latifoliado/espinhoso e herbáceo vivaz umbrófilo estratos lianóide, arbustivo bem desenvolvidos e com intervenção humana reduzida ou nula sob coberto. Tem correspondência com a classe fitossociológica Quercetea ilicis, nomeadamente com as alianças Quercion broteroi e Querco rotundifoliae-Oleion sylvestris. Semelhante ao habitat anterior, o azinhal apresenta uma estrutura formada por diferentes estratos de composição diversa. Na área de estudo são características deste habitat as seguintes espécies: Quercus ilex subsp. ballota (azinheira), Quercus coccifera (carrasco) Thymus zygis subsp. sylvestris (sal-da-terra), Teucrium capitatum subsp. capitatum, Teucrium haenseleri, Genista triacanthos (ranha-lobo), Ulex spp., Phillyrea angustifólia (lentisco), Daphne gnidium (trovisco). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 117 Habitat 5330: Matos termomediterrânicos pré-desérticos Na área de estudo ocorrem comunidades arbustivas de elevada diversidade florística que se enquadram no habitat natural 5330 – matos termomediterrânicos prédesérticos. Estes caracterizam-se por matagais altos meso-xerófilos mediterrânicos e matos baixos calcícolas e a sua composição florística tem correspondência fitossociológica com as classes Quercetea ilicis (ordem Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni), Cytisetea scopari-striati (alianças Retamion sphaerocarpae e Retamion monospermae) e Rosmarinetea officinalis. Na área de estudo, ocorrem dois subtipos de formações arbustivas principais, seguindo-se uma breve caracterização de cada uma. Subtipo pt5: Carrascais, espargueirais e matagais afins basófilos São matagais densos, dominados geralmente por Quercus coccifera (carrasco) e são constituídos maioritariamente por arbustos pirófilos, paleo-mediterrânicos esclerofilos, adaptados a ciclos de recorrência de fogo não muito curtos e com capacidade de rebentar de toiça após a perturbação. A composição florística destas formações é variável e tem correspondência fitossociológica com a aliança Asparago albi-Rhamnion oleoidis (classe Quercetea ilicis). Além do carrasco (Quercus coccifera), estão presentes na área de estudo, as seguintes espécies características deste habitat: Arisarum simorrhinum (candeias), Asparagus albus (estrepes), robertiana (salepeira-grande), Asparagus Asparagus Bupleurum acutifolius aphyllus rigidum (espargo-bravo-menor), (espargo-bravo-maior), subsp. paniculatum, Barlia Carex distachya, Crataegus monogyna (pilriteiro), Daphne gnidium (trovisco), Genista tournefortii subsp. tournefortii, Hedera maderensis subsp. iberica (hera), Hyacinthoides hispanica (jacinto-dos-campos), Lonicera etrusca (madressilva-caprina), Lonicera implexa (madressilva), Olea europaea var. sylvestris (zambujeiro), Osyris alba (cássiabranca), Phillyrea angustifolia (lentisco), Pteridium aquilinum subsp. aquilinum (feto-domonte), Pulicaria odora (montã), Pyrus bourgaeana (carapeteiro), Rhamnus alaternus (sanguinho-das-sebes), Rosmarinus officinalis (alecrim), Rubia peregrina (raspalíngua), Ruscus aculeatus (gilbardeira) e Smilax aspera (salsaparrilha). Dependente da ação antrópica, esta comunidade arbustiva pode apresentar na sua composição outros arbustos representantes das classes fitossociológicas CallunoUlicetea e Cisto-Lavanduletea, ambas indicadoras de etapas subseriais avançadas de degradação dos bosques e pré-bosques climácicos. São exemplo destas comunidades arbustivas e presentes neste habitat com cobertura variável: Calluna PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 118 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| vulgaris (torga-ordinária), Cistus crispus (roselha), Cistus monspeliensis (sargaço), Cistus psilosepalus (sanganho), Cistus salvifolius (saganho-mouro), Cytinus hypocistis (pútegasdas-escamas), Erica lusitanica (queiroga), Erica scoparia subsp. scoparia (urze-dasvassouras), Genista triacanthos (ranha-lobo), Lavandula stoechas subsp. stoechas (rosmaninho), Ulex europaeus subsp. europaeus (tojo-arnal), Ulex europaeus subsp. latebracteus (tojo-arnal-do-litoral), Ulex jussiae (tojo-durázio) e Xolantha tuberaria (alcar). Os matos pertencentes ao subtipo pt5 têm carácter permanente (clímaces préflorestais) ou são etapas de substituição de bosques climácicos. Na área de estudo, salienta-se a presença dispersa de indivíduos jovens de quercíneas neste habitat, nomeadamente de Quercus faginea subsp. broteroi (carvalho-cerquinho) e mais raramente Quercus ilex subsp. ballota (azinheira) (Figura 4.7-6), o que reflete a capacidade de regeneração das comunidades climácicas (florestais) típicas da região. Este habitat ocorre na área de estudo em mosaico com matos baixos basófilos (subtipo pt7) e com prados rupícolas (6110*). Figura 4.7-6: Carrascal (habitat 5330 subtipo pt5). Subtipo pt7: Matos baixos calcícolas O subtipo pt7 caracteriza-se pela correspondência com a classe fitossociológica Rosmarinetea officinalis, sendo definidos como matos baixos de calcários, resultantes PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 119 da degradação das comunidades florestais ou dos matagais calcícolas (subtipo pt5). Na área de estudo, esta comunidade é dominada por Thymus zygis subsp. sylvestis (salda-terra) estando ainda presente e, por vezes, co-dominante Rosmarinus officinalis (alecrim) (Figura 4.7-7). A diversidade florística destes matos é elevada assim como o valor conservacionista, estando presentes na área de estudo e sendo características deste habitat: Anthyllis vulneraria subsp. gandogeri, Cistus albidus (roselha-maior), Iberis procumbens subsp. microcarpa (assembleias), Ononis pusilla subsp. pusilla e Teucrium capitatum subsp. capitatum. Figura 4.7-7: Matos baixos calcícolas (habitat 5330 subtipo pt7), em co-dominância de Rosmarinus officinalis (alecrim) e Thymus zygis subsp. sylvestris (sal-da-terra). É de registar que nas orlas e clareiras deste subtipo, nas fendas dos afloramentos rochosos, ocorrem comunidades de terófitos pioneiros e de carácter xerofítico (classe Tuberarietea guttatae) (e representantes de prados de gramíneas e de herbáceas vivazes (classes Festuco-Brometea, Lygeo-Stipetea, Stipo gigantea-Agrostitea castellanae). São representantes, na área de estudo, destas comunidades herbáceas coexistentes com os matos baixos calcícolas: Agrostis castellana (agrostis), Allium sphaerocephalon Andryala (alho-bravo), corymbosa Anacamptis (alface-dos-calcários), pyramidalis Arenaria (orquídea-piramidal), conimbricensis subsp. conimbricensis, Brachypodium phoenicoides (braquipódio), Briza maxima (bole-bole- PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 120 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| maior), Centaurium erythraea subsp. grandiflorum (fel-da-terra), Crupina vulgaris, Dactylis glomerata (panasco), Euphorbia exigua subsp. exigua (ésula-menor), Filago lutescens subsp. atlantica, Gaudinia fragilis (azevém-quebradiço), Gladiollus communis (espadana-dos-montes), Hypericum perforatum subsp. perforatum (milfurada), Hypochaeris glabra, Leuzea conifera, Linum strictum subsp. strictum, caraterizadoras do habitat 6220*. Como verificado pela descrição deste habitat na área de estudo, este representa um refúgio para a biodiversidade, assim como tem um papel fundamental na retenção e formação de solo e na regulação do ciclo de nutrientes. Habitat 6110*: Prados rupícolas calcários ou basófilos da Alysso-Sedion albi O habitat natural prioritário 6110* caracteriza-se por prados rupícolas calcários com comunidades de plantas suculentas e tem correspondência fitossociológica com a aliança Calendulo lusitanicae-Antirrhinion linkiani (classe Phagnalo-Rumicetea indurati). Estas comunidades são constituídas por plantas suculentas e outros caméfitos e geófitos heliófilos, por vezes com abundantes terófitos efémeros. Estão presentes na área de estudo as seguintes espécies características do habitat: Anthyllis vulneraria subsp. gandogeri, Antirrhinum linkianum (bocas-de-lobo), Calendula suffruticosa subsp. lusitanica, Dianthus cintranus subsp. barbatus, Iberis procumbens subsp. microcarpa (assembleias), Koeleria vallesiana subsp. vallesiana, Narcissus bulbocodium (campainhas-amarelas), Ononis pusilla subsp. pusilla, Phagnalon saxatile (alecrim-dasparedes), Rosmarinus officinalis (rosmaninho), Saxifaga cintrana (Figura 4.7-8), Sedum album, Sedum sediforme (erva-pinheira), Silene longicilia e Thymus zygis subsp. sylvestris (sal-da-terra). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 121 Figura 4.7-8: Prado rupícola com Saxifraga cintrana. Habitat 6210: Prados secos seminaturais e fácies arbustivas em substrato calcário (Festuco-Brometalia) (* importante habitat de orquídeas) O habitat natural 6210 corresponde a arrelvados vivazes xerófilos, frequentemente ricos em orquídeas, de substratos calcários e que tem correspondência fitossociológica com a aliança Brachypodion phoenicoidis (classe Festuco-Brometea). Os prados secos na área de estudo não são frequentes, apresentam uma baixa área de ocupação e ocorrem sobretudo no subcoberto de alguns eucaliptais e em mosaico com prados anuais, com as comunidades arbustivas do habitat 5330 (subtipos pt5 e pt7) e com as comunidades rupícolas (habitat 6110*). O habitat inventariado na área de estudo é dominado por Brachypodium phoenicoides (braquipódio), ocorrendo frequentemente Allium roseum (alho-rosado), Avenula sulcata subsp. occidentalis, Centaurium erythraea subsp. grandiflorum (fel-da-terra), Dactylis glomerata (panasco), Gladiollus communis (espadana-dos-montes), Hypericum perforatum subsp. perforatum (milfurada), Melica ciliata subsp. magnolii (mélica-ciliada), Nepeta tuberosa, Teucrium chamaedrys (carvalhinha), tendo sido PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 122 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| observado apenas duas espécies de orquídea, Anacamptis pyramidalis (orquídeapiramidal) e Orchis papilionacea (erva-borboleta). Este habitat, subserial dos azinhais calcícolas, é muito pouco frequente na área de estudo, em que as espécies características encontram-se muitas vezes nas orlas e clareiras dos matos baixos calcícolas (habitat 5330pt7), revelando a progressão evolutiva das comunidades vegetais. Este habitat não foi considerado como prioritário dado que não reúne os critérios indicados no Anexo B-I do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro: - Composição rica em espécies de orquídeas (mais de 4 espécies); - Presença de uma população importante (mais de 20 indivíduos) de uma ou mais espécies de orquídeas; - Presença de uma ou mais espécies de orquídeas consideradas raras ou ameaçadas no território nacional: Dactylorrhiza insularis, Orchis collina, Ophrys atrata e Ophrys dyris. Em conclusão, na área de estudo verifica-se a sucessão ecológica da passagem de comunidades herbáceas para comunidades arbustivas. Habitat 6220* Subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea Nas orlas e clareiras dos matos baixos calcícolas ocorrem comunidades de terófitos pioneiros e de carácter xerofítico (classe Helianthemetea guttati) que se enquadram no subtipo pt1 - Arrelvados Anuais Neutrobasófilos e se caraterizam pela presença de plantas heliófilas efémeras que florescem e entram em senescência entre o início da primavera e o início do Verão. São habitats com elevada diversidade florística, que albergam espécies raras e endémicas, sendo por isso prioritários. Na área de estudo, são representantes, destas comunidades herbáceas: Allium roseum (alho-rosado), Allium sphaerocephalon (alho-bravo), Anacamptis pyramidalis (orquídea-piramidal), Andryala corymbosa (alface-dos-calcários), Andryala integrifolia (tripa-de-ovelha), Arenaria conimbricensis subsp. conimbricensis, Brachypodium phoenicoides (braquipódio), Briza maxima (bole-bole-maior), Centaurium erythraea subsp. grandiflorum (fel-da-terra), Euphorbia exigua subsp. exigua (ésula-menor), Filago lutescens subsp. atlantica, Hypericum perforatum subsp. perforatum (milfurada), PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 123 Hypochaeris glabra, Leuzea conifera, Linum strictum subsp. strictum, Melica ciliata subsp. magnolii (mélica-ciliada), Ornithogalum bourgaeanum (leite-de-galinha), Ophrys fusca (moscardo-fusco), Ophrys scolopax (flor-dos-passarinhos), Ophrys tenthredinifera, Orchis morio (testículo-de-cão), Teucrium chamaedrys (carvalhinha), e Xolantha guttata (Figura 4.7-9). Figura 4.7-9: Clareira de arrelvados anuais neutrobasófilos em mosaico com matos. Como se verifica pela descrição deste habitat na área de estudo, este representa um refúgio para a biodiversidade. É de salientar também o seu papel fundamental na retenção e formação de solo e na regulação do ciclo de nutrientes. Habitat 8210: Vertentes rochosas calcárias com vegetação casmofítica O habitat natural 8210 é caracterizado por afloramentos rochosos calcários com vegetação vascular casmofítica calcícola, tendo correspondência fitossociológica com a aliança Asplenion gladulosi, ordem Asplenetalia gladulosi, classe Asplenietea trichomanis. Caracteriza-se por fissuras verticais e horizontais estreitas de rochas carbonatadas, colonizadas por hemicriptófitos, geófitos e caméfitos muito especializados onde algumas espécies se destacam pela sua raridade, como por exemplo Narcissus scaberulus subsp. calcícola (nininas). Estão presentes na área de PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 124 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| estudo e características deste habitat: Asplenium billotii (fentilho), Asplenium ruta-muraria subsp. ruta-muraria (arruda-dos-muros), Koeleria vallesiana subsp. vallesiana e Melica minuta (Figura 4.7-10). Figura 4.7-10: Vertente calcária. Habitat 8240* Lajes calcárias As Lajes calcárias constituem plataformas rochosas horizontais a pouco inclinadas, com um reticulado de fendas colonizadas por diferentes tipos de vegetação, tais como plantas herbáceas rupícolas (classe Asplenietea trichomanis), arbustos (Figura 4.7-11), e árvores com correspondência fitossociológica na aliança PistacioRhamnetalia p.p. (classe Quercetea ilicis). Na área de estudo as espécies presentes nas fendas das lajes calcárias incluem Ruscus aculeatus, Quercus coccifera, Hedera maderensis subsp. iberica, Asplenium trichomanes subsp. quadrivalens (avencão), Ceterach officinarum subsp. Officinarum (doiradinha) e Brachypodium phoenicoides (braquipódio), bem como algumas orquídeas; Cephalantera longifolia, Orchis morio e Orchis mascula. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 125 Figura 4.7-11: Lajes calcárias. Eucaliptal Os eucaliptais de Eucalyptus globulus da área de estudo têm dimensão reduzida, sendo pouco expressivos. No seu subcoberto observa-se uma dominância de comunidades herbáceas, ocorrendo muitas vezes o habitat 6210 em mosaico com comunidades ruderais. De salientar a presença pontual de espécies arbustivas, como são exemplo Cistus crispus (roselha), Cistus salvifolius (sanganho-mouro), Daphne gnidium (trovisco), Erica scoparia subsp. scoparia (urze-das-vassouras), Phillyrea angustifolia (lentisco), Quercus coccifera (carrasco), Rosmarinus officinalis (alecrim), Rubus ulmifolius (silva), Ulex europaeus subsp. europaeus (tojo-arnal) e Ulex europaeus subsp. latebracteus (tojo-arnal-do-litoral). De igual modo, os eucaliptais na área de estudo apresentam, no subcoberto, uma continuidade das comunidades naturais inventariadas (Figura 4.7-12). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 126 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Figura 4.7-12: Eucaliptal. Matos Na área de estudo as comunidades arbustivas que não constituem habitats naturais são dominadas manchas de silvado de Rubus ulmifolius, cuja presença se verifica predominantemente em zonas de depressão com alguma humidade e outras áreas alteradas pelo homem. Estas zonas possuem uma reduzida diversidade florística. Ocorrem também áreas de tojal, comunidades arbustivas que apresentam na sua composição, arbustos representantes das classes fitossociológicas Calluno-Ulicetea e Cisto-Lavanduletea, degradação dos ambas bosques indicadoras e de pré-bosques etapas subseriais climácicos. São avançadas exemplo de destas comunidades arbustivas e presentes neste habitat com cobertura variável: Calluna vulgaris (torga-ordinária), Cistus crispus (roselha), Cistus salvifolius (saganho-mouro), Erica scoparia subsp. scoparia (urze-das-vassouras), Genista triacanthos (ranha-lobo), Lavandula stoechas subsp. stoechas (rosmaninho) e Ulex europaeus subsp. latebracteus (tojo-arnal-do-litoral). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 127 Prados anuais Na área de estudo ocorrem prados anuais, onde se regista algum pastoreio e que são dominados por herbáceas da classe fitossociológica Stellarietea mediae (Figura 4.713). Esta unidade caracteriza vegetação nitrofílica ou subnitrofílica, constituída por pequenos terófitos ou pequenos geófitos, estando presentes neste habitat as seguintes espécies características: Anagallis arvensis (morrião), Anagallis monelli (morriãogrande), Avena barbata (balanco-bravo), Bromus madritensis (espadana), Calendula arvensis (erva-vaqueira), Centaurea (cardinho-das-almorreimas), melitensis Chamaemelum (beija-mão), mixtum Centaurea pullata (margaça), Coleostephus myconis (pampilho-de-micão), Echium plantagineum (soagem), Echium tuberculatum (viperina), Euphorbia segetalis (alforva-brava), Galactites tomentosa (cardo), Lagurus ovatus (rabo-de-lebre), Linaria amethystea subsp. amethystea, Malva hispanica (malva-de-espanha), Papaver dubium (papoila-longa), Plantago afra (erva-daspulgas), Plantago lagopus (erva-da-mosca), Rostraria cristata (rabo-de-cão), Spergularia segetalis (sapinho-das-pastagens), Trifolium angustifolium (trevo-das-folhasestreitas), Trisetaria panacea, Urospermum picroides (leituga-de-burro), Vulpia ciliata e Vulpia geniculata. Figura 4.7-13: Prado anual. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 128 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Salienta-se ainda a presença de espécies de outras classes fitossociológicas, principalmente nos locais com mais substrato rochoso e com menor pressão antrópica: - Artemisietea vulgaris (vegetação nitrófila vivaz dominada por grandes herbáceas vivazes, cardos bienais ou perenes): Carduus tenuiflorus (cardoazul), Centaurea calcitrapa (cardo-estrelado), Convolvulus arvensis (corriola), Daucus carota (cenoura-brava), Eryngium campestre (cardo-corredor), Lactuca serriola (alface-brava-menor), Scolymus hispanicus (cangarinha); - Molinio-Arrhenatheretea (vegetação de prados densos e juncais que se desenvolvem em solos profundos e húmidos): Bellis perennis (margarida), Blackstonia perfoliata subsp. perfoliata, Crepis capillaris (almeirão-branco), Holcus lanatus (erva-lanar), Hypochaeris radicata (leiteirigas), Lotus corniculatus (cornichão); - Tuberarietea guttatae (vegetação de terófitos pioneiros efémeros, de pequeno tamanho e de carácter xerofítico): Andryala corymbosa (alface-dos-calcários), Arenaria conimbricensis subsp. conimbricensis, Briza maxima (bole-bole-maior), Crupina vulgaris, Euphorbia exigua subsp. exigua (ésula-menor), Filago lutescens subsp. atlantica, Hypochaeris glabra, Linum strictum subsp. strictum, Petrorhagia nanteuilii, Rumex bucephalophorus subsp. gallicus (catacuzes), Teesdalia coronopifolia, Tolpis barbata (olho-de-mocho), Trifolium campestre (trevo-amarelo), Trifolium stellatum (trevo-estrelado), Vulpia myuros, Xolantha guttata. Lapiás Na área de estudo ocorrem afloramentos de rocha calcária em diferentes fases do processo meteorização, que dão origem a áreas rochosas mais ou menos contínuas com aspetos diversos que incluem os campos de Lapiás, Lapiás de vertente, os Megalapiás e zonas descontínuas de Lapiás mais evoluídos (Figura 4.7-14). Na área de estudo as áreas de Lapiás são dominadas por estas formações rochosas descontinuas, e encontram-se em mosaicos com matos baixos calcíolas, carrascais, e comunidades herbáceas. Estas áreas rochosas tendem a albergar, à semelhança das vertentes calcárias, espécies da flora vascular casmofítica calcícola. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 129 Figura 4.7-14: Campos de Lapiás. Área agrícola Na área de estudo ocorrem olivais abandonados (Figura 4.7-15) cujo subcoberto apresenta comunidades arbustivas do habitat 5330 (subtipos pt5 e pt7) e das classes fitossociológicas Calluno-Ulicetea e Cisto-Lavanduletea. São espécies dominantes neste habitat Barlia robertiana (salepeira-grande), Cistus albidus (roselha-maior), Cistus crispus (roselha), Cistus monspeliensis (sargaço), Cistus salvifolius (sanganho-mouro), Daphne gnidium (trovisco), Erica scoparia subsp. scoparia (urze-das-vassouras), Genista tournefortii subsp. tournefortii, Genista triacanthos (ranha-lobo), Lavandula stoechas subsp. stoechas (rosmaninho), Olea europaea var. sylvestris (zambujeiro), Phillyrea angustifolia (lentisco), Quercus coccifera (carrasco), Rhamnus alaternus (sanguinho-das-sebes), Rosmarinus officinalis (alecrim), Thymus zygis subsp. sylvestris (sal-da-terra), Ulex europaeus subsp. europaeus (tojo-arnal) e Ulex europaeus subsp. latebracteus (tojo-arnal-do-litoral). Os olivais revelam não só a continuidade das comunidades naturais da área de estudo assim como capacidade de regeneração das comunidades vegetais climácicas ou pré-climácicas. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 130 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Figura 4.7-15: Olival abandonado. Área artificializada As áreas artificializada estão associadas a atividades humanas onde o coberto vegetal está alterado e/ou é praticamente inexistente (Figura 4.7-16). Foram incluídos neste habitat, as áreas em exploração, as escombreiras, as estradas e os caminhos. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 131 Figura 4.7-16: Área artificializada. 4.7.3.3. Fauna e Biótopo s 4.7.3.3.1. Introdução Em função da grande variedade de habitats existente, o PNSAC revela-se uma área de conservação importante para a fauna, sobretudo para algumas aves e mamíferos. Em particular, dadas as caraterísticas geomorfológicas existentes, é uma área importante para várias espécies de quirópteros, e espécies de aves associadas a ambientes rupícolas, como a gralha-de-bico-vermelho e o bufo-real, que encontram nas cavidades rochosas, vertentes e demais ambientes rochosos, condições favoráveis de reprodução e abrigo. A importância do PNSAC como área de conservação para a fauna está também refletida no fato de a área albergar numerosas espécies de fauna que são consideradas ameaçadas ou merecedoras de mecanismos de proteção aos níveis nacional21 e internacional22,23,24,25. 21 CABRAL et al. 2006,. 22 Anexos do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro (revê a transposição para Portugal da Directiva Aves - Directiva n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de abril, alterada pelas Directivas n.º 91/244/CE, da Comissão, de 6 de março, 94/24/CE, do Conselho, de 8 de junho, e 97/49/CE, da Comissão, de 29 de junho; e da Directiva Habitats – Directiva n.º 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de maio, com as alterações que lhe foram introduzidas pela Directiva n.º 97/62/CE, do Conselho, de 27 de outubro). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 132 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| A distribuição das espécies de fauna dentro da área do PNSAC, reflete as relações ecológicas das espécies com a ocupação do solo, particularmente com as caraterísticas da vegetação. Desta forma, através da caracterização dos biótopos presentes na área de estudo e dos requisitos ecológicos das espécies de fauna, é possível identificar a comunidade faunística de cada biótopo, consitutida pelas espécies que exploram os recursos aí existentes. De acordo com o documento Revisão do Plano de Ordenamento do PNSAC – Caracterização e Diagnóstico do ICNB26 é possível identificar as seguintes tipologias gerais de biótopos às quais se encontra associada uma comunidade faunística particular: matos rasteiros e esparsos, matagais, espaços florestais, espaços agrícolas, alcantilados rochosos e zonas húmidas. 4.7.3.3.2. Comunidade Faunística da área de estudo O Elenco faunístico potencial da área de estudo é composto por 181 espécies de vertebrados terrestres (13 anfíbios, 17 répteis, 106 aves e 45 mamíferos) estas encontram-se listadas nos Quadros 1, 2, 3 e 4 do Anexo Fauna, destas foi confirmada a presença de 27 (1 réptil, 25 aves e 1 mamífero). Considerando os estatutos de Conservação, são potenciais 20 espécies ameaçadas: três Criticamente em Perigo (CR), três Em Perigo (EN) e 14 Vulneráveis (VU). Nos levantamentos de campo foi confirmada a presença apenas de uma espécie ameaçada, com o estatuto EN: gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax). Foi também confirmada a ocorrência de uma espécie com estatuto Quase Ameaçada (NT): coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus). O enquadramento legal de proteção nacional e comunitário do elenco de vertebrados, dado para a área de estudo, é apresentado no Quadro 4.7-3. 23 Anexos das Convenções de Bona (ratificada pelo Decreto-Lei n.º 103/80, de 11 de outubro); 24 Anexos das Convenções de Berna (ratificada por Portugal pelo Decreto-Lei n.º 95/81, de 23 de julho regulamentado pelo Decreto-Lei n.º 316/89, de 22 de setembro) 25 Anexos da Convenção CITES (Decreto n.º 50/80, de 23 de julho - aprovação da Convenção de Washington; Decreto-Lei n.º 114/90 de 5 de abril (Anexos I, II e III) - regulamenta a aplicação da Convenção em Portugal; Portaria n.º 352/92, de 19 de novembro); Regulamento (CE) n.º 338/97 do Conselho, de 9 de dezembro de 1996, complementado pelo Regulamento (CE) n.º 1332/2005 da Comissão de 9 de agosto (Anexos A, B, C e D); 26ICN, 2007 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 133 Quadro 4.7-3: Enquadramento legal das espécies potenciais da área de estudo NÚMERO DE ESPÉCIES POR CLASSE E NQUADRAMENTO L EGAL ANFÍBIO RÉPTEIS AVES MAMÍFEROS Anexo II A - - 19 1 Anexo A - - 3 - - - 38 18 Anexo II 6 4 79 18 Anexo III 7 13 23 16 Convenção CITES Convenção de Bona Anexo II Convenção de Berna Diretiva Aves e Habitat (Decreto-Lei n.º 140/99, de 24/04, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24/02) 4.7.3.3.3. Anexo A-I - - 17 - Anexo B-I - - - 20 Anexo B-II 1 - - 10 Anexo B-IV 7 3 - 20 Anexo B-V 1 - - 3 Anexo D - - 10 2 Biótopos e Comunidades Os biótopos que ocorrem na área de estudo constam do A maior parte da área em estudo é ocupada por Área agrícola e Artificializada. Os biótopos naturais dominantes na área de estudo são as florestas Autóctones e Matagais com as Florestas Não Autóctones a ocuparam uma área semelhante. Prados e Matos Rasteiros e Ambientes Rochosos são minoritários na área em estudo. A distribuição dos biótopos na área em estudo consta na Carta de Biótopos (Desenho 02, do Anexo A). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 134 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Quadro 4.7-4. Foram identificados quase todos os biótopos considerados no POPNSAC, com a exceção de zonas húmidas relevantes. As zonas com disponibilidade de água existentes na área de estudo são de pequena dimensão, resultantes de acumulação da precipitação em depressões nas rochas (Pias), geralmente de carácter temporário. Desta forma estas áreas foram consideradas no biótopo Ambientes Rochosos. A maior parte da área em estudo é ocupada por Área agrícola e Artificializada. Os biótopos naturais dominantes na área de estudo são as florestas Autóctones e Matagais com as Florestas Não Autóctones a ocuparam uma área semelhante. Prados e Matos Rasteiros e Ambientes Rochosos são minoritários na área em estudo. A distribuição dos biótopos na área em estudo consta na Carta de Biótopos (Desenho 02, do Anexo A). Quadro 4.7-4: Biótopos existentes, habitats correspondentes, e representatividade (ha) na área em estudo. BIÓTOPO UNIDADE DE VEGETAÇÃO/USO DO SOLO Prados e Matos Prados rupícolas (6110*), Prados secos (6210), rasteiros Subestepes de gramíneas (6220*), Prados anuais, Matos ÁREA# (ha) 14,38 baixos calcícolas (5330pt7) Matagais Espaços florestais autóctones Espaços florestais não autóctones Ambientes rochosos Área agrícola Áreas Artificializadas #Nota: Carrascais (5330pt5), Matos (Tojais e silvados) 5,92 Carvalhal (9240), Sobreiral (9330), Azinhal (9340) 1,81 Eucaliptal 0,54 Lajes calcárias (8240*), Vertentes calcárias (8210), Lapiás Área agrícola (Áreas cultivadas e pastagens) Áreas Artificializadas (Pedreiras, caminhos, escombreiras, urbanizações e outros edifícios) 14,88 5,96 19,98 Dado que existem áreas de sobreposição de dois ou mais biótopos, a soma das áreas apresentadas é superior à área de estudo. Seguidamente são descritos os diferentes biótopos presentes na área de estudo da AIE da Cabeça Veada, destacando a sua importância para os diferentes taxa faunísticos potenciais e confirmados (destacados a negrito). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 135 Comunidade faunística dos Prados e Matos Rasteiros A comunidade faunística dos prados e matos rasteiros agrupa as espécies que habitam e exploram os recursos onde predomina uma vegetação de porte e cobertura reduzida. Prados, permanentes ou não, e afloramentos rochosos de superfície do tipo lapiás, que condicionam o desenvolvimento da vegetação, constituem também suporte desta comunidade. São habitats pouco favoráveis para os anfíbios devido à sua aridez, apenas encontrando condições para a sua sobrevivência pela elevada humidade do ar, que se condensa, precipitando-se no solo e na vegetação. Assim, poderão ocorrer espécies menos dependentes dos meios aquáticos, em parte do seu ciclo de vida, como a salamandra-de-costelas-salientes salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra (Pleurodeles salamandra), o waltl), a tritão-marmorado (Triturus marmoratus) e o sapo-comum (Bufo bufo). A aridez desfavorável aos anfíbios torna-se favorável para os répteis, constituindo assim boas condições para o seu desenvolvimento. Como espécies mais características destacam-se o sardão (Timon lepidus), a lagartixa-ibérica (Podarcis hispanicus), a lagartixa-do-mato-ibérica (Psammodromus hispanicus), a lagartixa-de-dedos-denteados (Acanthodactylus erythrurus) a víbora-cornuda (Vipera latastei) e a cobra-rateira (Malpolon mospessulanus). Quanto à comunidade ornitológica, é esperada a presença de espécies típicas dos espaços abertos, sendo que a diversidade de espécies destes locais é pequena quando comparado com as outras comunidades, nomeadamente no que diz respeito a espécies nidificantes. Contudo, algumas possuem grande valor conservacionista. As espécies mais características são a perdiz (Alectoris rufa), a laverca (Alauda arvensis), a petinha-dos-campos (Anthus campestris), a gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax), a felosa-do-mato (Sylvia undata) e o chasco-ruivo (Oenanthe hispanica). Constituem ainda importantes áreas de alimentação para alguns corvídeos como o corvo (Corvus corax), a gralha-preta (Corvus corone) e algumas aves de rapina como a águia-cobreira (Circaetus gallicus), a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo) e o peneireiro-comum (Falco tinnunculus). Nas zonas de prado poderemos observar avifauna característica como: o cartaxo (Saxicola torquatus), o pintassilgo (Carduelis carduelis), o verdilhão (Carduelis chloris), o tentilhão (Fringilla coelebs), entre outros. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 136 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Os matos rasteiros e esparsos, não são um habitat muito favorável para os mamíferos, contudo é possível a presença de espécies como o musaranho-de-dentes-brancos (Crossidura russula), a lebre (Lepus granatensis), o rato-do-campo (Apodemus sylvaticus), a raposa (Vulpes vulpes) e a doninha (Mustela nivalis). Comunidade faunística dos matagais Os matagais surgem nas áreas não exploradas pelo homem (Área Artificializadas e Áreas Agrícolas), a marginar ou em mosaico com outros biótopos, nomeadamente Afloramentos Rochosos e Prados e Matos Rasteiros. A sua área de distribuição localizase, predominantemente, nas encostas de declive acentuado e de solo pedregoso, resultante do abandono da cultura do olival e por degradação sucessiva das formações vegetais mais evoluídas. Neste tipo de comunidade faunística são poucas as espécies de anfíbios, pelo que nenhuma merece especial relevância, principalmente porque utilizam as zonas periféricas dos matagais (zonas agrícolas e caminhos) ou zonas próximas de pontos de água. Tanto na área de estudo como em redor da mesma existem vários caminhos, porém não existem zonas com disponibilidade de água importantes para este grupo, principalmente na época de reprodução. Por outro lado, os répteis encontram-se bem representados neste tipo de biótopo, sendo a comunidade a este associada a que melhor representa este grupo faunístico, em consequência das boas condições ecológicas. Neste tipo de biótopo é possível encontrar espécies características como o sardão (Timon lepidus), a lagartixa-do-mato (Psammodromus algirus), a lagartixa-de-dedos-denteados (Acanthodactylus erythrurus), a lagartixa-ibérica (Podarcis hispanicus), a cobra-rateira (Malpolon monspessulanus), a cobra-de-escada (Rhinechis scalaris) e a cobra-de-ferradura (Hemorrhois hippocrepis). Ao nível das aves, a riqueza específica em diversidade e valor conservacionista nos matagais assume um valor intermédio entre as comunidades adjacentes (matos rasteiros e esparsos, zonas agrícolas e espaços florestais), variando consoante o grau de cobertura e desenvolvimento dos mesmos. Quando associados em mosaico assumem um elevado valor ecológico, aumentando consideravelmente o número de espécies existentes, principalmente pela proteção e abrigo que proporcionam. Das espécies de aves mais relevantes destacam-se pela sua abundância a PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 137 toutinegra-de-cabeça-preta (Sylvia melanocephala), o rouxinol-comum (Luscinia megarhynchos) e o pintarroxo (Carduelis cannabina). Também destacada, mas pelo seu valor conservacionista temos a águia-cobreira (Circaetus gallicus). Na comunidade dos mamíferos os matagais assumem importância pela sua tranquilidade e como locais de refúgio e abrigo. São características as espécies como o musaranho-de-dentes-brancos (Crossidura russula), o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), o rato-do-campo (Apodemus sylvaticus), a raposa (Vulpes vulpes), o sacarrabos (Herpestes ichneumnon), o gato-bravo (Felis silvestris) e o javali (Sus scrofa). Comunidade faunística dos espaços florestais naturais As comunidades de florestas autóctones revelam-se um meio pouco propício ao desenvolvimento de comunidades de anfíbios, dependendo muito da presença de pontos de água à superfície, ou de zonas marginais de contacto onde estes ocorram, no caso presente, os caminhos. Quanto aos répteis, embora podendo encontrar-se um número significativo de espécies, mesmo sendo um meio pouco favorável, desde que estes espaços não sejam muito fechados, poderão reunir características ecológicas semelhantes às dos matagais. Como espécie de maior interesse podem ocorrer a lagartixa-de-dedosdenteados (Acanthodactylus erythrurus), que apresenta uma distribuição muito localizada na área da serra. Contudo, é também provável encontrar espécies como a lagartixa-ibérica (Podarcis hispanicus), a lagartixa-do-mato (Psamodromus algirus) e a cobra-rateira (Malpolon mospessulanus). Na comunidade das aves, espécies como o chapim-azul (Parus caeruleus) são comuns nos carvalhais, sobreirais e olivais. São também características das zonas florestais da área de estudo a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo), o pombo-torcaz (Columba palumbus), o pica-pau-malhado-grande (Dendrocopos major), o gaio (Garrulus glandarius), a toutinegra-de-barrete (Sylvia atricapilla), o pisco-de-peito-ruivo (Erythacus rubecula), a estrelinha-real (Regulus ignicapilla), o chapim-rabilongo (Aegythalus caudatus), o chapim-de-poupa (Parus cristatus), a trepadeira-comum (Certhia brachydactyla) e o tentilhão (Fringilla coelebs). Com maior interesse conservacionista, porém menos frequentes, ocorrem as espécies como a águiacalçada (Hieraetus pennatus), o gavião (Accipiter nisus), o açor (Accipiter gentilis), a coruja-do-mato (Strix aluco) e o torcicolo (Jynx torquilla). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 138 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Ao nível da comunidade de mamíferos as espécies presentes neste biótopo são essencialmente de carácter ubiquista, destacando-se a função de refúgio que este meio apresenta para as mesmas. São características espécies como o musaranho-dedentes-brancos (Crossidura russula), o rato-do-campo (Apodemus sylvaticus), a raposa (Vulpes vulpes), o texugo (Meles meles), o sacarrabos (Herpestes ichneumnon) e o javali (Sus scrofa). Comunidade faunística dos espaços florestais de produção As manchas de floresta não autóctone, presentes na área de estudo, são compostas essencialmente por eucalipto, e apresentam subcoberto de matos ou prados, por este motivo a comunidade faunística deste tipo de espaço poderá dividir-se em espécies que habitam e exploram os recursos associados ao estrato arbóreo das manchas de floresta de produção, e em espécies que habitam e exploram os recursos de matos. Tal como no caso das comunidades de espaços florestais naturais, este biótopo revela-se um meio pouco propício ao desenvolvimento de comunidades de anfíbios, dependendo muito da presença de pontos de água à superfície, ou de zonas marginais de contacto onde estes ocorram. Quanto aos répteis, embora a floresta seja considerada um meio pouco favorável para este grupo, as espécies presentes estarão essencialmente associadas ao subcoberto biótopo matos. Assim, é provável encontrar espécies, neste tipo de biótopo, tais como a lagartixa-de-dedos-denteados (Acanthodactylus erythrurus), a lagartixa–do-mato (Psamodromus algirus) e a cobra-rateira (Malpolon mospessulanus). No que respeita à comunidade avifaunistica, embora nos espaços florestais de produção possam ocorrer espécies características do biótopo florestas autóctones, algumas espécies, como o chapim-azul (Parus caeruleus), serão quase inexistentes nas matas de pinhal e eucaliptal. Assim, as espécies mais características deste biótopo serão: a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo), o pica-pau-malhado-grande (Dendrocopos major), o gaio (Garrulus glandarius), a toutinegra-de-barrete (Sylvia atricapilla), o pisco-de-peito-ruivo (Erythacus rubecula), a estrelinha-real (Regulus ignicapilla), o chapim-rabilongo (Aegythalus caudatus), o chapim-preto (Parus ater), o chapim-de-poupa (Parus cristatus), a trepadeira-azul (Sitta europaea), a trepadeira-comum (Certhia brachydactyla) e o tentilhão (Fringilla coelebs). Tal como observado no biótopo dos espaços florestais naturais, a riqueza específica e o valor PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 139 conservacionista que o subcoberto de matos assume variam consoante o grau de cobertura e desenvolvimento dos mesmos. As espécies de aves mais relevantes e susceptíveis de se encontrar associadas ao subcoberto deste biótopo são a toutinegra-de-cabeça-preta (Sylvia melanocephala), o rouxinol-comum (Luscinia megarhynchos), o pintassilgo (Carduelis carduelis) e o pintarroxo (Carduelis cannabina). Ao nível da comunidade de mamíferos, as espécies presentes são essencialmente de carácter ubiquista, destacando-se a função de refúgio que este meio apresenta para as mesmas. São características as espécies como o musaranho-de-dentes-brancos (Crossidura russula), o rato-do-campo (Apodemus sylvaticus), a raposa (Vulpes vulpes), o texugo (Meles meles) e o javali (Sus scrofa). O subcoberto de matos assume importância pela sua tranquilidade e como local de refúgio e abrigo onde poderão ocorrer as mesmas espécies que ocorrem no biótopo de florestas autóctones. Comunidade faunística dos ambientes rochosos Os ambientes rochosos são o Biótopo mais representado. Nestes locais é passível encontrar comunidades faunísticas cujas principais características são a sua adaptação aos ambientes rupícolas. Pela sua aridez, os ambientes rochosos são à partida um habitat pouco favorável à ocorrência de anfíbios. Contrariamente aos anfíbios, a aridez dos ambientes rochosos proporciona um ambiente favorável à ocorrência de répteis, pelo que podemos encontrar nestes locais espécies como a lagartixa-ibérica (Podarcis hispânica), a osga (Tarentola mauritanica) e a víbora-cornuda (Vipera latastei). Quanto à comunidade das aves, reveste-se de especial importância a sua conservação, tanto pelo número de espécies com interesse conservacionista que alberga como pela vulnerabilidade destes locais. São características e comuns as espécies como o peneireiro-comum (Falco tinnunculus), a coruja-das-torres (Tyto alba), o andorinhão-preto (Apus apus), o melro-azul (Monticola solitarius) e o rabirruivo-preto (Phoenicurus ochrurus). Menos comuns, mas com interesse regional, as espécies como a andorinha-dáurica (Hirundo daurica), a andorinha-das-rochas (Ptyonoprogne rupestris), o corvo (Corvus corax), a petinha-dos-campos (Anthus campestris) e o PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 140 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| pardal-francês (Petronia petronia). Os Ambientes Rochosos da área de estudo não têm características relevantes associadas, tais como cavidades que servem como ótimos locais de refúgio e de procriação importantes para espécies de ocorrência mais rara e de grande valor conservacionista a nível nacional, tais como o bufo-real (Bubo bubo) e a gralha-de-bico-vermelho (Phyrrhocorax phyrrhocorax). No entanto, estas formações estão presentes na envolvente da área de estudo. Relativamente às comunidades de mamíferos, são de ocorrência provável os carnívoros como a raposa (Vulpes vulpes) e a geneta (Genetta genetta). Tal como referido para as aves, os ambientes rochosos não têm características relevantes (cavidades) que proporcionem locais de refúgio e de procriação importantes para morcegos cavernícolas. No entanto, dada a presença de formações desta natureza na envolvente da área de estudo, destaca-se pelo seu valor conservacionista a potencial ocorrência nestes ambientes das seguintes espécies: morcego-de-ferraduramediterrânico (Rhinolophus euryale), morcego-de-ferradura-mourisco (Rhinolophus mehelyi), morcego-de-peluche (Miniopterus shcreibersii), ou morcego-rato-pequeno (Myotis blythii). Comunidade faunística das áreas agrícolas Este biótopo engloba os terrenos agrícolas, maioritariamente compostos por olivais geralmente em estado de abandono. Estas manchas encontram-se em depressões onde o solo se acumulou permitindo a prática agrícola. O tipo de regime agrícola praticado é maioritariamente extensivo, sendo conciliável com a ocorrência de uma comunidade faunística diversificada. Assim, esta comunidade apresenta não só uma grande diversidade, como abundância de espécies devido à quantidade de alimento que a atividade agrícola proporciona. Ao nível dos anfíbios são mais abundantes as espécies de hábitos mais terrestres, como a salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra) e o sapo-comum (Bufo bufo). A diversidade de ambientes que proporcionam as zonas agrícolas permite que, salvo as espécies estritamente aquáticas, esta comunidade conte com representantes da maioria das espécies de répteis presentes na área de estudo, tendo como espécies mais abundantes e características a cobra-de-ferradura (Hemorrhois hippocrepis) e a cobra-de-escada (Rhinechis scalaris). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 141 A diversidade do meio e a ação humana fazem com que a comunidade ornitológica seja bastante diversificada e abundante, predominando os passeriformes. Visto que se tratam de áreas relativamente abertas e ricas em alimento, é possível a observação de várias espécies, oriundas de áreas vizinhas, nomeadamente, aves de rapina, como a águia-calçada (Hieraaetus pennatus), a águia-cobreira (Circaetus gallicus), o gavião (Accipiter nisus), o peneireiro-comum (Falco tinnunculus) e a coruja-do-mato (Strix aluco). Para além de alguns passeriformes característicos temos várias outras espécies como a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo), a perdiz (Alectoris rufa), a rola-brava (Streptopelia turtur), a coruja-das-torres (Tyto alba), o mocho-galego (Athene noctua), a poupa (Upupa epops), a andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica), o pardal-comum (Passer domesticus), o pardal-montês (Passer montanus), o pintassilgo (Carduelis carduelis), a escrevedeira-de-garganta-amarela (Emberiza cirlus) e o trigueirão (Emberiza calandra). Relativamente aos mamíferos podemos encontrar neste biótopo um grande número de espécies, proporcionado pela abundância de alimentos, sendo favorável para o ouriço-cacheiro (Erinaceus europaeus) e para um grande número de micromamíferos, como a toupeira (Talpa occidentalis) que constitui um endemismo ibérico, a ratazana (Rattus norvegicus), destacando-se pela sua abundância. Podem igualmente estar presentes o musaranho-de-dentes-vermelhos (Sorex granarius), também este um endemismo ibérico, e o musaranho-anão-de-dentes-brancos (Suncus etruscus) sendo embora mais raros. Ao nível dos quirópteros os espaços agrícolas funcionam como excelentes áreas de alimentação ocorrendo aqui a grande maioria das espécies inventariadas para a área de estudo. Assim temos algumas espécies importantes como o morcego-grande-de-ferradura (Rhinolophus ferrumequinum), o morcego-pequeno-de-ferradura (Rhinolophus hipposideros), o morcego-rato-grande (Myotis myotis) e o morcego-anão (Pipistrellus pipistrellus). Outras espécies de mamíferos comuns são o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), a raposa (Vulpes vulpes), o texugo (Meles meles) e a doninha (Mustela nivalis). Comunidade faunística das áreas artificializadas As áreas artificializadas agregam essencialmente comunidades oportunistas, ubiquistas e adaptadas a meios antropizados. Estas áreas incluem na generalidade da área de estudo, as áreas de exploração extrativa. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 142 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Ao nível dos anfíbios, este biótopo não proporciona condições favoráveis à sua ocorrência, dependendo muito da presença de pontos de água à superfície, meios estes que não foram identificados nas áreas artificializadas presentes na área de estudo. No caso dos répteis, devido à aridez destes meios, poderão ocorrer algumas espécies mais ubiquistas ou adaptadas a meios antropizados, tais como a lagartixa–do-mato (Psamodromus algirus), ou a osga (Tarentola mauritanica). Ao nível da comunidade avifaunística, poderão ocorrer essencialmente espécies adaptadas a meios antropizados, tais como o pardal (Passer domesticus), o melropreto (Turdus merula), ou a cegonha-branca (Ciconia ciconia), e espécies mais ubiquistas e adaptadas às características do ambiente criado pela exploração extrativa, tais como a andorinha-das-barreiras (Riparia riparia), a andorinha-das-rochas (Ptyonoprogne rupestres), o andorinhão-preto (Apus apus), ou o pombo-das-rochas (Columba livia). Também a comunidade de mamíferos que ocorre no presente biótopo é formada por espécies oportunistas e ubiquistas, tais como o rato-caseiro (Mus domesticus), a ratazana (Rattus norvegicus), o morcego-anão (Pipistrellus pipistrellus), o morcego de Kuhl (Pipistrellus kuhlii) o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), ou a raposa (Vulpes vulpes). 4.7.4. DIAGNÓSTICO Tendo em conta que a área em estudo se situa dentro de uma área protegida, a interpretação dos resultados da valoração efetuada tem em consideração que esta metodologia incidiu num património natural que apresenta um valor relevante perante o contexto nacional, reconhecido na figura do Parque Nacional de Serra de Aire e Candeeiros. Nesse sentido, as classificações obtidas, decorrentes da valoração, são relativas, e deverão ser interpretadas no contexto da área em estudo, inserida num parque natural. Os habitats ou biótopos que no âmbito do presente exercício não foram classificados como de relevância Ecológica Excecional, poderão ser apreciados como de elevado valor quando considerados num contexto espacial mais amplo. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 143 4.7.4.1. Carta de Valores Florísticos Os habitats mais valorados, de acordo com a metodologia empregue, foram as Lajes calcárias (8240*) e as Vertentes calcárias (8210). São ambos habitats típicos de substratos calcários, com expressão reduzida ao nível nacional e com grande representatividade no PNSAC, relativamente aos restantes Sítios de Importância Comunitária (SIC) (ICNF, 2006). As respetivas percentagens de ocorrência destes habitats na área do PNSAC relativamente à área quantificada para o total de áreas SIC, quando estes ocorrem como dominantes ou subdominantes (de primeira e segunda ordem), é de 67 % no caso das Vertentes calcárias e 50% no caso das Lajes Calcárias. Por outro lado, estes são habitats cuja regeneração ou possibilidade de recriação em caso de perda é muito difícil, senão mesmo impossível, quando comparados com outros habitats existentes na área. Dentro das espécies de flora com maior relevância sob o ponto de vista da conservação, foram mais valoradas as espécies Silene longicilia e Saxifraga cintrana que apresentam uma distribuição muito localizada dentro da área estudada. A classificação da relevância ecológica das áreas mapeadas foi efetuada de maneira a refletir a importância dos habitats e das espécies mais valoradas, tendo-se definido como zonas de relevância Excecional aquelas onde ocorrem Lajes e Vertentes calcárias dentro da AIE, bem como áreas com núcleos populacionais das espécies Silene longicilia e Saxifraga cintrana. No total, as zonas de relevância ecológica Excecional ocupam aproximadamente 5,88 ha da área em estudo (Figura 4.7-17). À classe de relevância ecológica Alta correspondem zonas com dominância dos habitats naturais mais frequentes na área de estudo em percentagens de cobertura elevadas, incluindo os habitats prioritários Prados rupícolas (6110*) e Subestepes de gramíneas (6220*pt1). A classe de valoração Média inclui os polígonos com percentagens de cobertura medianas de habitats naturais com expressão elevada no PNSAC. As zonas de relevância ecológica Baixa correspondem a habitats artificializados ou a habitats naturais muito frequentes na área de estudo em percentagens baixas. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 144 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Dentro das áreas de relevância ecológica Excecional podemos distinguir na Carta de Valores Florísticos as seguintes tipologias: 1- Presença de habitats prioritários de Lajes calcárias 2- Presença de habitats naturais de Vertentes calcárias; 3- Presença de núcleos populacionais de Saxifraga cintrana; 4- Presença de núcleos populacionais de Silene longicilia. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 145 3 4 3 1 3 2 1 – Lajes calcárias 2 – Vertentes calcárias 3 – Silene longicilia 4 – Saxifraga cintrana Figura 4.7-17: Carta de Valores Florísticos . PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 146 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 4.7.4.2. Carta de Valores Faunísticos De acordo com o exercício de valoração efetuado, os biótopos mais valorados foram: os Prados e Matos rasteiros e os Ambientes Rochosos. Os Prados e matos rasteiros são ambientes que acabam por ser utilizados por muitas espécies. Os Ambientes Rochosos, apesar de utilizados por um número mais restrito de espécies, são biótopos importantes para algumas espécies relevantes no contexto do PNSAC, como é o caso de diferentes espécies de morcegos e da gralha-de-bico-vermelho, sendo também utilizados por répteis e anfíbios, em virtude da presença de zonas de acumulação de água, nomeadamente as Pias. No entanto, na área em estudo a presença destes biótopos é reduzida, não ocorrendo Pias nem cavidades rochosas, habitats de grande importância no PNSAC dado servirem de abrigo e local de reprodução para espécies de grande valor de conservação, como o caso de algumas espécies de morcegos e da gralha-de-bico-vermelho. A hierarquização da relevância ecológica dos biótopos foi efetuada de forma a refletir a ausência das cavidades, habitats que como anteriormente referido, se consideram de maior relevância. Desta forma optou-se por não se atribuir a classe Excecional, tendo-se considerado de relevância Alta as zonas onde os biótopos mais valorados são dominantes, e àquelas onde são expressivos os restantes biótopos relevância Média. Às zonas onde a presença dos biótopos atrás referidos considerados é baixa ou nula, como no caso de áreas artificializadas, foi atribuída relevância Baixa. Os polígonos onde predominam os biótopos mais valorados, considerados de relevância ecológica Alta, ocupam uma área de 29,20 ha (Figura 4.7-18). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 147 Figura 4.7-18: Carta de Valores Faunísticos. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 148 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 4.8. OCUPAÇÃO DO SOLO A elaboração da cartografia temática da ocupação do solo constitui um instrumento no ordenamento do território, na medida em que identifica e delimita geograficamente todos os usos actuais do solo, com representação à escala de trabalho adoptada. A área do Parque Natural das Serra de Aire e Candeeiros tem sofrido ao longo das últimas décadas grandes transformação ao nível da ocupação do solo, principalmente pela indústria extractiva. Assim, no âmbito de presente Plano optou-se por elaborar uma análise comparativa da ocupação do solo nas duas últimas décadas, período para o qual existe informação disponível. 4.8.1. EVOLUÇÃO DA OCUPAÇÃO DO SOLO 1990-2012 Para a análise da evolução da ocupação do solo entre 1990 e 2012, foram utilizadas quatro referências temporais: 1990, 2000, 2007 e 2012. Para tal recorreu-se à Cartografia da Ocupação do Solo - COS 90 e COS 2007, disponível no Instituto Geográfico Português. Para a referência do ano de 2000, recorreu-se à cartografia temática do Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros e para a referência 2012 foi elaborada a cartografia específica no âmbito do presente Plano. No Desenho OT - 12 encontra-se representada a evolução da ocupação do solo nas diferentes épocas. 4.8.1.1. Carta de Ocupação do Solo – COS 9 0 A Carta de Ocupação do Solo – COS 90, disponível no Instituto Geográfico Português, foi elaborada à escala 1:25 000. As fotografias utilizadas para a obtenção desta série cartográfica foram tiradas em Agosto de 1990 e em Agosto de 1991. De acordo com a cartografia disponível, a área de intervenção encontrava-se ocupada por: PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 149 Quadro 4.8-1: Distribuição da Ocupação do Solo - COS 90 Área Distribuição (m2) (%) Áreas principalmente de sequeiro com espaços naturais importante 56765.33 21.39 II2 Vegetação arbustiva baixa - matos 120578.72 45.45 JY2 Rocha nua 82650.75 31.15 OO1 Olival 934.98 0.35 PQ2 Pinheiro bravo + Carvalho (grau de coberto de 30% a 50%) 4395 1.66 Total 265325 100 Legenda Designação CI1 4.8.1.2. Carta de Ocupação do Solo – 2000 A cartografia do uso actual do solo apresentada do Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, elementos de Caracterização e Diagnóstico (Março de 2007), foi elaborada no âmbito de um trabalho de prevenção dos fogos florestais em 2000. De acordo com a Cartografia do uso do solo, a área de intervenção, encontrava-se ocupada por: Quadro 4.8-2: Distribuição da Ocupação do Solo - 2000 Área Distribuição Legenda Designação (m2) (%) M+O Matos com oliveiras 37608.46 14.2 HNC Herbáceas não cultivadas 20795.73 7.8 HNC + O Herbáceas não cultivadas com oliveiras 78569.65 29.6 PD Pedreira 128350.94 48.4 Total 265325 100 Na elaboração do Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (POPNSAC) – Relatório de Caracterização e Diagnóstico foi já elaborada uma análise da evolução do uso do solo entre 1958 e 1998 para uma parte do PNSAC. De acordo com o referido documento, “mais de um terço da área analisada mudou o seu uso neste período de tempo, tendo todas as classes de uso sofrido alterações, das quais as mais importantes serão: § Diminuição da área agrícola e dos olivais, especialmente importante nas áreas mais afastadas das povoações e as de menor dimensão. Sendo evidente a PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 150 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| inexistência de cultura actual de cereais nas zonas aplanadas das serras e a quase inexistência de chousos agricultados, há também uma diminuição da área agrícola em zonas mais favoráveis, embora este processo seja menos evidente; Aumento do eucaliptal na envolvente do Maciço Calcáreo estremenho, da § área social, da área afecta a pedreiras e aos povoamentos de resinosas, embora se admita que neste último caso exista provavelmente um primeiro momento de forte expansão seguido de uma posterior retracção. Pode dizer-se que se verifica um aumento da intensificação de uso do solo, se medida pelo aumento da área afecta a usos mais intensivos (áreas sociais, pedreiras e povoamentos florestais de produção”. Embora a área de estudo seja consideravelmente diferente e portanto não é directamente comparável, optou-se por elaborar esta análise e comparar com os resultados apresentados no POPNSAC relativamente à evolução das áreas de extracção de inertes. 4.8.1.3. Carta de Ocupação do Solo - COS 2007 A Carta de Ocupação do Solo - COS' 2007 disponível no Instituto Geográfico Português, foi elaborada à escala 1:25 000. As fotografias utilizadas para a obtenção desta série cartográfica foram tiradas entre Julho e Outubro de 2007. A informação disponível na página oficial (http://www.igeo.pt/) é constituída apenas por dois níveis de informação. A área de intervenção encontrava-se ocupada por: Quadro 4.8-3: Distribuição da Ocupação do Solo - 2000 Legenda 1.3 Designação Área Distribuição (m2) (%) 184215.86 69.43 Áreas de extracção de inertes, áreas de deposição de resíduos e estaleiros de construção – áreas artificializadas principalmente ocupadas por actividades extractivas, estaleiros de construção, zonas de deposição de resíduos e áreas associadas a todas estas actividades. 2.1 Culturas temporárias 7469.20 2.82 2.2 Culturas permanentes 11204.86 4.22 3.1 Florestas 5194.16 1.95 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 151 Legenda 3.2 3.3 4.8.1.4. Área Distribuição (m2) (%) áreas com coberto vegetal composto principalmente por arbustos e vegetação herbácea. 46578.21 17.56 Zonas descobertas e com pouca vegetação 10662.49 4.02 Total 265324.78 100 Designação Florestas abertas e vegetação arbustiva e herbácea – Cart a da Ocup ação actual do solo – 2012 A cartografia temática da ocupação actual do solo relativa ao ano 2012, foi elaborada tendo por base o trabalho exaustivo na identificação de habitats e biótopos descrito e apresentado no capítulo da Flora, Vegetação e Habitats, e Fauna e Biótopos. As manchas de vegetação e uso do solo foram delimitadas nos ortofotomapas em ambiente SIG, utilizando o software e escala utilizada em écran foi maioritariamente a escala 1/500 por um grupo de biólogos. As saídas de campo foram realizadas nos meses de Novembro de 2011, Fevereiro, Março, Maio e Junho de 2012. A elaboração da cartografia do uso do solo teve por base o trabalho de identificação dos habitats e biótopos realizados e posterior trabalho de campo complementar nos meses de Setembro e Novembro. As etapas de realização da Carta do Uso do Solo foram as seguintes: - Análise e verificação das shapes produzidas na identificação dos habitats e biótopos; - Adequação da legenda à temática uso do solo; - Adequação das classes produzidas na identificação dos habitats e biótopos (nas áreas com ocupação igual ou superior a 70%, prevalece a classe dominante; nas áreas com ocupação igual ou inferior a 70% mantêm-se as duas classes. - trabalho de campo realizado em Setembro e Novembro de 2012 por três técnicas (duas Engenheiras Biofísicas e uma Arquitecta Paisagista); - controlo de qualidade da classificação. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 152 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Quadro 4.8-4: Legenda do uso Actual do Solo CATEGORIA / CLASSE DESCRIÇÃO DE USO DO SOLO Áreas artificializadas (Aa) Áreas agrícolas (Ag) Áreas rochosos (Ar) Correspondem a áreas onde predominam as actividades humanas. Inclui as áreas de extracção de inertes, áreas de deposição de resíduos e estaleiros de construção e rede viária e espaços associados. Pequenas zonas agrícolas onde também se verifica a presença de oliveiras dispersas. Áreas com pouca vegetação onde predomina a superfície coberta por rocha. Constituída por Lajes calcárias, Vertentes calcárias e Lapiás. Espaços Florestais (EF) Áreas ocupadas por vegetação arbórea. Espaços Florestais de Produção (EFP) Áreas com eucaliptos. Espaços Florestais Naturais (EPN) Áreas com plantações florestais, nomeadamente sobreiros, azinheiras e carvalhos. Matagais (Mg) florestais nomeadamente Áreas naturais de vegetação dominada por matos densos de carrascais e tojais. Áreas ocupadas por vegetação espontânea herbácea e arbustiva. Matos (Ma) Áreas naturais de vegetação espontânea dominadas por Prados (Pr) 4.8.1.5. plantações prados rupícolas calcários. Dist ribuição das áreas por categoria de uso do solo A distribuição do uso do solo nas classes, para a área de intervenção do Plano, está documentada no quadro que se segue: PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 153 Quadro 4.8-5: Distribuição das áreas por categoria de uso do solo CATEGORIA / CLASSE Área (ha) Distribuição (%) Áreas artificializadas 18.966 71.49 Aa 17.320 65.28 Aa + Ar + Ma 1.009 3.80 Aa + Ar + Ma + Mg 0.414 1.56 Aa + Ma + Mg 0.220 0.83 Aa + Pr 0.003 0.01 Áreas agrícolas 0.568 2.14 Ag 0,401 1.51 Ag + Ma + Ar + Pr 0.020 0.08 Ag + Mg + Ar 0.083 0.31 Ag + Pr 0.064 0.24 Ambientes rochosos 5.446 20.53 Ar + Aa + Ma 0.151 0.57 Ar + Ma 0.048 0.18 Ar + Ma + Aa 0.599 2.26 Ar + Ma + Mg 2.503 9.43 Ar + Ma + Mg + Pr 2.145 8.08 Espaços Florestais 0.689 2.60 EPF + EPN + Mg 0.364 1.37 EPF + Ma 0.019 0.07 EPN + Ma + Ar + Mg 0.124 0.47 EPN + Ma + Mg 0.182 0.69 Matos 0.695 2.62 Ma + Ar + Pr 0.186 0.70 DE USO DO SOLO PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 154 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| CATEGORIA / CLASSE Área (ha) Distribuição (%) Ma + Mg + Ar 0.242 0.91 Ma + Pr + Ar 0.006 0.02 Ma + Pr + Ar + Mg 0.261 0.98 Matagais 0.032 0.12 Mg + Ma 0.032 0.12 0.1350 0.51 Pr 0.038 0.14 Pr + Ma + Ar 0.097 0.37 265325 100 DE USO DO SOLO Prados TOTAL A partir da análise da distribuição da ocupação do solo por classes verifica-se que a categoria com maior representatividade corresponde à área artificializada, ocupando cerca de 71% da área de intervenção. Seguem-se os ambientes rochosos, que ocupam cerca de 20%. As áreas agrícolas, espaços florestais, matagais e prados ocupam, no conjunto, menos de 10% da área de intervenção. 4.8.1.6. Síntese da Evolução da Ocupação do solo 1990- 2012 No quadro e gráfico seguintes pode-se observar a evolução da ocupação do solo desde 1990 até 2012, em percentagem. Quadro 4.8-6: Evolução da ocupação do solo entre 1990 e 2012 Ocupação do solo 1990 2000 2007 2012 Extracção de inertes 31,15 48,4 69,43 71,79 Outras ocupações 68,85 51,6 30,57 28,21 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 155 100 80 60 Outras ocupações Extracção de inertes 40 20 0 1990 2000 2007 2012 Figura 4.8-1: Evolução da ocupação do solo entre 1990 e 2012 Da análise ao gráfico constata-se que desde 1990, a extracção de inertes, na área de intervenção do PIER de Cabeça Veada tem vindo a crescer significativamente. Em 1990 ocupava cerca de 30%. Entre 1990 e 2007, a área de extracção de inertes duplicou e em 2012 ocupava cerca de 70% da área de intervenção. 4.9. 4.9.1. PAISAGEM ENQUADRAMENTO TEÓRICO Entende-se paisagem como “expressão formal das numerosas relações existentes num determinado período entre a sociedade e um território definido topograficamente, sendo a sua aparência o resultado da acção, ao longo do tempo, dos factores humanos e naturais e da sua combinação” (Conselho da Europa, 2000). Assim, e desenvolvendo um pouco mais este conceito conforme apresentado em “Contributos para a Identificação e Caracterização da Paisagem em Portugal Continental” trabalho desenvolvido pela Universidade de Évora para a Direcção Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano em 2004, define-se paisagem como “um sistema complexo, permanentemente dinâmico, em que os diferentes factores naturais e culturais se influenciam mutuamente e se alteram ao longo do tempo, determinando e sendo determinados pela estrutura global. (…) A paisagem também é afectada por uma componente mais subjectiva, directamente PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 156 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| ligada ao observador e condicionando as sensações que ele experimenta quando está perante ela. Por isso se considera que a paisagem combina aspectos naturais e culturais, expressando e ao mesmo tempo suportando a interacção espacial e temporal entre o homem e o ambiente, em toda a sua diversidade e criatividade. (…) a dimensão mais subjectiva da paisagem não pode ser esquecida porque sendo as paisagens europeias fortemente humanizadas, a sua futura gestão terá que considerar os sentimentos das comunidades que as mantêm e transformam, que delas vivem ou, simplesmente, as visitam e apreciam.” (DGOTDU, 2004). A paisagem de uma dada região pode ser descrita em termos de unidades. As unidades de paisagem “são áreas com características relativamente homogéneas, com um padrão específico que se repete no seu interior e que as diferencia das suas envolventes” (DGOTDU, 2004). A delimitação destas pode depender da “morfologia ou da natureza geológica, do uso do solo, da proximidade ao oceano, ou da combinação equilibrada de vários factores. Uma unidade de paisagem tem também uma certa coerência interna e um carácter próprio, identificável no interior e do exterior”. Esta delimitação tem por objectivos a caracterização, a identificação de potencialidades e deficiências e ainda, a definição de orientações para futura gestão. Por sua vez, a Lei de Bases da Política de Ordenamento do Território e Urbanismo, Lei nº 48/98 de 11 de Agosto, introduz a definição de unidades de paisagem nos planos de ordenamento regional, segundo a qual é necessário “identificar as paisagens, definir o seu carácter, tendências e ameaças e avaliar a sua qualidade. Só esta avaliação permitirá definir estratégias e instrumentos que, embora se integrem num quadro mais alargado, respeitem a especificidade local da paisagem e mantenham a sua identidade”. Os elementos da paisagem, são assim os factores que em conjunto definem a sua estrutura; na análise ao nível nacional foram “considerados como elementos da paisagem aqueles que se distinguem nas imagens aéreas utilizadas. Estes elementos tanto podem ser de origem natural como antrópica e contribuem, em conjunto, para o padrão que caracteriza a unidade de paisagem e a distingue das envolventes” (DGOTDU, 2004) tais como: afloramentos rochosos, as linhas de água e respectivas galerias ripícolas, conjuntos edificados, infra-estruturas, planos de água, etc. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 157 As unidades de paisagem são “áreas em que a paisagem se apresenta com um padrão específico, a que está associado um determinado carácter.” Os factores considerados na sua delimitação, para o Estudo desenvolvido ao nível de Portugal continental foram: “geomorfologia, litologia, solos, uso do solo, dimensão das explorações agrícolas e padrão de povoamento. Foram também consideradas outras variáveis fundamentais, mas de modo mais implícito, tais como o clima, a proximidade ao mar, ou a presença de importantes estruturas e infra-estruturas” procurando-se “identificar áreas com características relativamente homogéneas no seu interior, não por serem exactamente iguais em toda a sua superfície, mas por nelas se verificar um padrão específico que se repete e/ou um forte carácter que diferencia a unidade em causa das suas envolventes.” A principal dificuldade prende-se com a definição dos limites uma vez que “raramente a transição de uma unidade de paisagem para outra se faz através de uma linha de mudança brusca. (…) Entre as áreas nucleares de unidades adjacentes há espaços de transição mais ou menos extensos (DGOTDU, 2004)“. “Cada tipologia de paisagem constitui um caso particular, no qual devem ser ponderados os valores substanciais em presença, no quadro sócio-económico que está subjacente à sua existência, sem deixar de assumir que a própria dinâmica das actividades é evolutiva, em resultado do desenvolvimento tecnológico e cultural do Homem. Existem, pois, paisagens que devem ser conservadas; existem outras que devem ser transformadas, pois constituem o reflexo do desenvolvimento sustentável.” 4.9.2. ENQUADRAMENTO DA PAISAGEM DA ÁREA DE INTERVENÇÃO NO PANORAMA NACIONAL A paisagem da área de intervenção, de acordo com os “Contributos para a Identificação e Caracterização da Paisagem em Portugal Continental” (Universidade de Évora/ DGOTDU, 2002), enquadra-se no grupo K – Maciços Calcários da Estremadura. “Nestes relevos ainda imponentes, penetra uma cunha de chuvas abundantes; mas a água some-se pelas fendas da rocha descarnada e uma vegetação mediterrânea de carrasco, lentisco, aroeira, zambujo e ervas perfumadas cobre o solo de tufos PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 158 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| intermitentes. As serras calcárias são ainda o solar do carvalho português; e o olival cada vez mais se desenvolve.” (Santa-Ritta, 1982) (...) Marcam ainda o carácter do conjunto os campos fechados com a pedra solta, resultado da situação morfológica e da abundância de pedra à superfície.” “O uso do solo é bastante heterogéneo observando-se em função do relevo e solo situações bem diversificadas. Salienta-se a presença nas zonas mais elevadas, secas e menos férteis de matos, pastagens pobres, olivais e algumas matas de fraca qualidade; nas zonas mais baixas, depressões e bases de encostas, menos inclinadas e com melhores solos, surgem povoamentos florestais e olivais com melhores condições produtivas, bem como pequenas áreas de policultura, correspondentes a zonas mais frescas, férteis e próximas de povoações. Mais recentemente vem-se assistindo ao abandono dos olivais ou mesmo ao seu arranque, sendo frequentemente substituídos por eucaliptais. (...) Relativamente ao povoamento, neste grupo de unidades pode falar-se numa dispersão ordenada (tipo misto, entre o disperso e o aglomerado), encontrando-se aldeias bem distantes umas das outras (por vezes separadas pelas zonas de maior altitude, em que não se encontram estabelecimentos humanos). (...) A exploração de pedreiras de calcário é uma das actividades mais pujantes neste conjunto de unidades, dela resultando sérios problemas ambientais que se espera poderem vir a ser reduzidos com as recentes normas legais relativas à revelação e aproveitamento das massas minerais. O património natural e paisagístico neste conjunto é reconhecido como importante em termos nacionais e locais, integrando-se na Rede Nacional de Áreas Protegidas (Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, etc.) (...) Comparativamente, o património construído que se encontra neste conjunto de unidades de paisagem é muito menos significativo.” E, corresponde especificamente à Unidade de Paisagem 68 – Serras de Aire e Candeeiros. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 159 Figura 4.9-1: Enquadramento da área de intervenção Fonte: Contributos para a Identificação e Caracterização da Paisagem em Portugal Continental “Este conjunto evidencia-se pelo relevo, como massa proeminente que se eleva cerca de 200m relativamente às suas envolventes, e pela sua constituição geológica de alvos calcários, muito permeáveis, a que se deve a grande secura. É a água, que praticamente não se deixa ver à superfície, o principal agente erosivo, modelador desta morfologia invulgar. O carácter destas paisagens, também se encontra associada à presença dos inúmeros muros de pedra, das depressões (poldjes) com uma utilização agrícola variada, e ao olival nas encostas pedregosa e difíceis de trabalhar, para o qual se abrem covas, se arrumam socalcos ou se constroem muros de pedra para segurar o escasso solo existente.” PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 160 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| “A passagem da AP1/ IP1 na serra de Aire exigiu enormes aterros e escavações em zonas sensíveis do Parque Natural, que ficou assim com duas áreas definitivamente separadas. Por outro lado, a força e a beleza das formações calcárias ficaram bem patentes para quem circula naquela auto-estrada.” “Paisagem cársica com elevada identidade, podendo considerar-se única em Portugal. Sendo a água o principal factor limitante, os usos desta unidade de paisagem foram e continuam a ser fortemente condicionados por este recurso: áreas mais altas e secas não têm ocupação permanente, sendo utilizadas de forma muito extensiva ou mesmo abandonadas; nas baixas ou depressões onde há disponibilidades de água, o relevo é mais suave e o solo permite uma utilização agrícola, concentram-se os estabelecimentos humanos. A natureza geomorfológica e as particularidades climáticas desta unidade de paisagem conferem-lhe uma excepcional ‘riqueza biológica’, implicitamente reconhecida através da inclusão de grande parte da sua superfície no Parque Natural e Sítio Natura 2000. Nesta unidade encontram-se, nas zonas mais altas, paisagens grandiosas, vigorosas, com vastos horizontes mas, também, agrestes e inóspitas devido à sua aridez e relevo. No sopé das encostas e nas depressões, a situações mais abrigadas, menos secas e com solos de razoável fertilidade, correspondem no geral sensações de conforto e suavidade, com horizontes altos e recortados.” Das medidas de gestão e acções de carácter geral apontadas para o Sítio Natura 2000 (...) são de destacar as seguintes (...): § “definir as áreas de maior interesse biológico; promover a sua protecção utilizando modelos de gestão adequados”; § “acompanhar as acções de ordenamento e gestão florestal, nomeadamente através da protecção dos carvalhais de Quercus pyrenaica(...), de Quercus faginea (...)” e, ainda, “manter os sobreirais (...) e proteger os azinhais e áreas com regeneração de azinho (...)”; § “fomentar a utilização de espécies autóctones nos Planos de Recuperação Paisagística, nomeadamente em zonas de exploração de inertes”; § “proteger as linhas de água, nomeadamente através da conservação dos corredores rípicolas (...)” e do “controlo mais restrito da poluição dos recursos PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 161 aquícolas, nomeadamente pelas unidades de pecuária intensiva e efluentes domésticos e industriais”; § “proteger as zonas com afloramentos rochosos e escarpados”; § “regulamentação das explorações dos recursos geológicos”; § “manter as actividades agro-pastoris tradicionais”; § etc. Independentemente da caracterização da paisagem a nível nacional, procurou-se também analisar os diferentes descritores a nível local, à escala do presente Plano, em termos de: relevo, uso do solo, humanização e carácter (entendido como resultando numa emoção provável ou “impressão pericial” que cada unidade de paisagem cria no observador, fruto da súmula homogénea das características anteriores). 4.9.3. METODOLOGIA Normalmente, considerando os objectivos do Plano e a metodologia recomendada nestes trabalhos, compreende a caracterização e a classificação do território em sectores homogéneos. Deste modo, o processo integrará nomeadamente: § a análise visual, no sentido de definir, numa primeira aproximação as zonas homogéneas; § a delimitação cartográfica das unidades de paisagem, através da sobreposição sucessiva de informação cartográfica, detectando-se áreas em que os parâmetros biofísicos apresentam uma grande homogeneidade de comportamento, definindo porções do território cujos parâmetros biofísicos de caracterização apresentam uma certa homogeneidade de expressão. Para a decomposição da Paisagem, ponderou-se a morfologia, o uso actual, a humanização e aspectos cénicos, cujo cruzamento com dados geomorfológicos e fisiográficos, originaram unidades paisagisticamente homogéneas. Cada Unidade de Paisagem corresponde a um espaço territorial no interior do qual se repete um determinado padrão, ou seja, um conjunto de características ao nível do relevo, da geomorfologia, do uso do solo, da presença humana (entre outros factores), e que o distingue relativamente à unidade envolvente. A área afecta a cada unidade não apresenta uma homogeneidade total no seu interior, antes PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 162 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| representa “um padrão específico que se repete”, tal fica a dever-se ao facto de que as mesmas características físicas do território dão origem ao mesmo tipo de paisagem potencial, num processo de causa-efeito. Contudo, resultante da extensão da área de intervenção e das suas características geo-morfológicas intrínsecas não se identifica claramente mais do que uma unidade de paisagem. A área do Plano, quase completamente afecta à exploração de inertes, situa-se junto ao aglomerado urbano de Cabeça Veada, uma pequena aldeia do Oeste, com o casario ao longo dos arruamentos, esta localiza-se no sopé da encosta e, aproveitando a situação orográfica, surgem igualmente parcelas de pomar/ olival e talhões agrícolas. Figura 4.9-2: Imagem aérea da região (Fonte: BingMaps) PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 163 Figura 4.9-3: Vista da área do Plano para Sul É ainda de realçar o facto deste Plano se desenvolver em dois concelhos distintos: Porto de Mós e Santarém, ao primeiro corresponde a maior parte da intervenção enquanto Santarém se restringe a uma pequena parcela no extremo sul; contudo, e como é compreensível, em termos de paisagem e para análise e interpretação das inter-relações entre os diversos factores que impendem sobre o território, entendeu-se tratar como uma situação única. Quadro 4.9-1: Descritores de caracterização Unidade Cabeça Veada Relevo Geologia Uso do Solo Humanização Carácter Ondulado (transição entre encosta e cabeço) Calcário – Formação de Alcobaça Exploração de inertes, matos rasteiros, manchas de mata, caminhos, etc. Alta Paisagem diversificada mas estruturada A diversidade, em termos de situações e de qualidade dos espaços é efectivamente muito reduzida. As pedreiras que ocupam a generalidade da zona, entremeiam-se com algumas, raras, linhas de água na região, estrategicamente localizadas no topo da área de intervenção. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 164 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Figura 4.9-4: Vista para a área do Plano e linha de água De acordo com metodologia comummente aceite, o valor paisagístico de cada unidade paisagem, neste caso da paisagem da área de intervenção, será classificado como: Valor Excepcional, Alto, Médio ou Baixo. No entanto, esta classificação depende da avaliação de três critérios fundamentais: § Diversidade – prende-se com factores biológicos e ecológicos, ou seja, terá um peso maior quanto maior for a diversidade em termos florísticos e/ou faunísticos ou relevância dos habitats presentes; § Harmonia – factor de avaliação subjectivo pois depende da apreciação de factores de cariz estético como a Ordem (uso e sustentabilidade), a Grandeza (fisiografia) e a Leitura (estrutura e valor cénico) da paisagem; § Identidade – reconhecimento características intrínsecas que configuram um valioso património natural, afirmando-se como referências no contexto nacional ou internacional com importância histórico-cultural. Pelo acima descrito, torna-se fundamental quantificar os parâmetros que conduzem à determinação do critério Harmonia. Cada um dos parâmetros/ critérios será avaliado com a seguinte escala: § Nenhuma – 0 valores PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 165 § Pouca – 1 valor § Razoável – 2 valores § Muita – 3 valores Quadro 4.9-2: Quantificação do critério Harmonia Unidade Ordem Grandeza Leitura Cabeça Veada 0 1 1 Harmonia/ Valor Médio 1 Apresenta-se seguidamente o quadro de análise dos critérios fundamentais anteriormente descritos de acordo com a escala acima exposta. Quadro 4.9-3: Valoração das Unidades de Paisagem Unidade Diversidade Harmonia Identidade Valor da Paisagem Cabeça Veada 1 1 0 2 De acordo com as classificações atribuídas, as classes que traduzem o valor da paisagem são: § valor cénico -paisagístico baixo (de 0 a 3) § valor cénico -paisagístico médio (de 4 a 6) § valor cénico -paisagístico alto (de 7 a 8) § valor cénico -paisagístico excepcional (9) 4.10. CLIMA 4.10.1. METODOLOGIA A integração do clima no presente estudo justifica-se pela necessidade de apresentar um correto enquadramento biofísico da área de implantação do projeto. Devido às suas dimensões e características não se prevê, que o projeto em análise venha a gerar impactes no clima. No entanto, algumas das variáveis climáticas determinam a extensão e a magnitude dos impactes na qualidade do ar, no ruído e, indiretamente, na paisagem, destacando-se, neste âmbito, a precipitação e o regime de ventos. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 166 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| A análise do clima foi realizada com recurso aos dados das estações mais próximas da área de intervenção, concretamente, das estações de Alcobaça e Rio Maior, as quais apresentam as seguintes coordenadas de localização: - Alcobaça: Latitude - 39º 32’ N, Longitude - 8º 58’ W, Altitude - 75 m; - Rio Maior: Latitude - 39º 21’ N, Longitude - 8º 56’ W, Altitude - 69 m. Os dados climáticos considerados para o presente estudo referem-se aos períodos entre 1951-1975 (Alcobaça) e 1951-1980 (Rio Maior). Apesar de existirem dados mais recentes, os mesmos reportam-se a valores médios anuais, pelo que se optou por considerar dados mais antigos, mas relativos a séries mais extensas, que permitem uma caracterização climática mais fiável. A variação regional do clima de Portugal apresenta um forte gradiente Leste-Oeste, resultante da frequência decrescente da penetração das massas de ar atlântico para o interior 27. Este fenómeno é percetível na comparação dos climas de Alcobaça e de Rio Maior. A estação de Alcobaça encontra-se mais próxima do litoral, sendo o seu clima marcado por uma maior influência oceânica, com reflexos na menor amplitude térmica anual, com Verões mais frescos e Invernos menos frios do que os verificados em Rio Maior. A temperatura média anual atinge os 14,7 ºC em Alcobaça e 15,0 ºC em Rio Maior. Existem mais dias com temperaturas negativas em Rio Maior (15,6 dias por ano) do que em Alcobaça (13,7 dias). A ocorrência de temperaturas máximas superiores a 25 ºC é também mais frequente em Rio Maior (90 dias por ano) do que em Alcobaça (61 dias por ano). Em Alcobaça, a proximidade do litoral, a Oeste, reflete-se também no regime de ventos, dominado pela Nortada que ocorre entre os meses de Maio e Setembro, e na frequência elevada de nevoeiros, com maior incidência durante os meses de Verão. A precipitação apresenta grandes oscilações interanuais, característica comum a todos os tipos de clima. A precipitação média anual é ligeiramente superior em Alcobaça, com 945 mm, e 856 mm em Rio Maior. As chuvas estão fortemente concentradas no semestre húmido de Outubro a Março. 27 Daveau in Ribeiro e Lautensach, 1988 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 167 O clima pode ser considerado temperado oceânico ou moderado, húmido e moderadamente chuvoso (classificação simples). Pela classificação de Köppen, o clima é mesotérmico húmido com estação seca no Verão, sendo este pouco quente mas extenso (Csb). No esboço provisório das regiões climáticas de Portugal28, Alcobaça e Rio Maior localizam-se na “Fachada Atlântica”, região de clima marítimo com vasta distribuição latitudinal, desde o Minho até Aljezur, paralela ao litoral. 4.10.2. CARACTERIZAÇÃO 4.10.2.1. Temperatura Os dados de temperatura do Quadro 4.10-1, do Quadro 4.10-2 e da Figura 4.10-1, referem-se aos períodos entre 1951-1975 (Alcobaça) e 1951-1980 (Rio Maior). A temperatura é um dos elementos do clima com menor variação interanual. As estações de Alcobaça e de Rio Maior apresentam uma temperatura média anual de, respetivamente, 14,7 ºC e 15,0 ºC. A amplitude térmica anual é superior em Rio Maior, com 11,9 ºC, em face da média de 10,3 ºC registada em Alcobaça. O facto da estação de Alcobaça se encontrar mais próxima do litoral, leva a que esteja mais exposta à influência moderadora do oceano. Assim, Alcobaça apresenta Verões menos quentes e Invernos menos frios comparativamente com a estação de Rio Maior, sendo menos frequentes valores extremos de temperatura: menos dias com temperatura máxima superior a 25 ºC e menos dias com temperatura mínima inferior a 0,0 ºC. A temperatura média do mês mais quente (Agosto) é 1,2 ºC superior em Rio Maior, e a temperatura média do mês mais frio (Dezembro em Alcobaça, Janeiro em Rio Maior) é 0,4 ºC inferior em Rio Maior. 28 Ribeiro & Lautensach, 1988 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 168 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Quadro 4.10-1: Temperaturas médias ALCOBAÇA RIO MAIOR Temperatura média anual 14,7 ºC 15,0 ºC Média mensal mês mais quente (Agosto) 19,9 ºC 21,1 ºC Média mensal mês mais frio (Dezembro - Alcobaça) (Janeiro – Rio Maior) 9,6 ºC 9,2 ºC Média das máximas diárias 19,8 ºC 20,8 ºC Média das mínimas diárias 9,4 ºC 9,1 ºC Amplitude térmica anual 10,3 ºC 11,9 ºC Quadro 4.10-2: Número de dias por ano com temperaturas extremas. ALCOBAÇA RIO MAIOR Temperatura máxima >25 ºC 61,0 90,4 Temperatura mínima < 0,0 ºC 13,7 15,6 Temperatura mínima > 20,0 ºC 0,1 0,0 30,0 Alcobaça (1951-1975) Med.Max 25,0 Med.Min Med.Mensal T ( ºC) 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 30,0 Rio Maior (1951-1980) Med.Max 25,0 Med.Min Med.Mensal T ( ºC) 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Figura 4.10-1: Distribuição das temperaturas média mensal, máximas médias e mínimas médias. A temperatura média mensal atinge um mínimo de 9,2 ºC em Janeiro, em Rio Maior, com a média das mínimas a situar-se em 4,0 ºC, e a média das máximas 14,4 ºC. A PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 169 temperatura mínima média é inferior a 5,0ºC entre Dezembro e Fevereiro, sendo inferior a 10,0 ºC entre Novembro e Abril. Em Alcobaça, o mês mais frio é Dezembro, com a temperatura média mensal a descer aos 9,6 ºC, quando a média das mínimas atinge 4,8 ºC e a média das máximas 14,4 ºC. A temperatura mínima média é inferior a 5,0º C apenas em Dezembro, sendo inferior a 10,0 ºC entre Novembro e Abril Os meses mais quentes são Julho e Agosto, com temperaturas médias mensais de 19,8 ºC e 19,9 ºC em Alcobaça, e 21,1 ºC em Rio Maior. Em Agosto, a médias das mínimas atinge 13,9 ºC em Alcobaça e 14,5 ºC, em Rio Maior, e a média das máximas respetivamente 25,8 ºC e 27,7 ºC. Em Alcobaça, a temperatura média mensal é sempre inferior a 20,0 ºC, enquanto que em Rio Maior é superior a 20,0 ºC nos meses de Julho e Agosto. Entre Maio e Outubro, a temperatura média mensal é superior a 15,0 ºC, em ambas as localidades. 4.10.2.2. Precipitação Nos períodos considerados a precipitação média anual foi de 944,8 mm em Alcobaça e 855,6 mm em Rio Maior, havendo, em ambos os casos, uma variação interanual muito significativa. Nas duas localidades, os valores de precipitação definem claramente um semestre húmido (Outubro-Março), em contraste com um semestre seco (Abril-Maio). Mais de 75 % da precipitação anual ocorre durante o semestre húmido. Quadro 4.10-3: Sazonalidade da precipitação anual ALCOBAÇA RIO MAIOR Outubro a Março 716,1 mm 76 % 673,6 mm 79 % Abril a Setembro 228,7 mm 24 % 182,0 mm 21 % TOTAL 944,8 mm 855,6 mm O período chuvoso estende-se de Outubro a Maio (91 % e 93 % da precipitação anual, respetivamente, em Alcobaça e Rio Maior), por contraste com um quadrimestre seco PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 170 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| de Junho a Setembro, com menos de 10% da precipitação anual. No entanto, em Alcobaça apenas dois meses podem ser considerados “secos”, isto é, com precipitação mensal inferior a 30 mm: Julho e Agosto. Em Rio Maior, a secura estival é mais acentuada, com precipitações inferiores a 30 mm entre Junho e Setembro. O gráfico termo-pluviométrico assinala a distribuição sazonal da precipitação e da temperatura média mensal. Os mínimos de precipitação coincidem com os meses mais quentes (Julho e Agosto). Alcobaça (1951-1975) 30,0 Precipitação 150,0 Temperatura 25,0 20,0 90,0 15,0 60,0 10,0 30,0 120,0 Temperatura ( ºC) 120,0 5,0 0,0 Rio Maior (1951-1980) 0,0 30,0 Precipitação Temperatura 25,0 20,0 90,0 15,0 60,0 10,0 30,0 5,0 0,0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Temperatura ( ºC) 150,0 0,0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Precipitação média anual (Alcobaça): (R) = 944,8 mm Temp. média anual = 14,7 ºC Precipitação média anual (Rio Maior)(R) = 855,6 mm Temp. média anual = 15,0 ºC Figura 4.10-2: Gráficos termo-pluviométricos. Nos períodos considerados, o número médio de dias por ano com precipitação superior a 0,1 mm foi significativamente superior em Alcobaça: 128 dias, sendo apenas 107,6 dias registados em Rio Maior. Com precipitação superior a 10 mm, ocorreram em média, respetivamente, 31,6 dias e 29,8 dias. A precipitação diária superior a 10 mm está normalmente associada à passagem de superfícies frontais. Quadro 4.10-4: Número de dias por ano com precipitação superior a 0,1 mm e 10,0 mm ALCOBAÇA RIO MAIOR R ³ 0,1 mm 128,0 107,6 R ³ 10,0 mm 31,6 29,8 Para analisar a variação interanual da precipitação recorreu-se apenas aos dados da estação meteorológica de Alcobaça, no período 1952-1975. Em Rio Maior, no mesmo período, ocorrem falhas de registo que impedem a obtenção de uma série contínua de dados. Nas figuras seguintes expõe-se a sequência dos valores totais de precipitação. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 171 1600 1400 1200 R (mm) 1000 800 600 400 200 1974 1972 1970 1968 1966 1964 1962 1960 1958 1956 1954 1952 0 Figura 4.10-3: Valores anuais de precipitação. 75% 50% 25% 1972 1968 1964 1960 1956 1952 0% -25% -50% -75% Figura 4.10-4: Variação interanual da precipitação. Diferença em relação à média. Os valores anuais de precipitação apresentam uma variação irregular e descontínua, oscilando, no período 1952-1975, entre um mínimo de 582 mm e um máximo de 1588 mm. Consideram-se anos secos (ou húmidos) aqueles que se afastam mais de 25 % em relação à média, sendo classificados de muito secos (ou muito húmidos), se o afastamento ultrapassa os 50%. No período considerado ocorreram 4 anos secos, 1 ano húmido e 2 anos muito húmidos. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 172 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 4.10.2.3. Neve, Grani zo, Trovo ada, Nevoeiro, Gead a Nos períodos considerados houve em média 40 dias por ano com ocorrência de nevoeiro em Alcobaça, e apenas 11 dias em Rio Maior. Em Alcobaça o nevoeiro é relativamente frequente em todo o ano, mas é observado com maior incidência entre Julho e Setembro, reflexo da proximidade ao litoral. Em Rio Maior o nevoeiro é bastante raro entre Abril e Julho, e apresenta maior intensidade em Dezembro e Janeiro. Em média, ocorrem trovoadas em 15 dias por ano em Alcobaça, com maior incidência em Abril, não existindo dados para a estação de Rio Maior. O Granizo é um meteoro de ocorrência rara: 4,2 dias por ano em Alcobaça, entre Novembro e Maio e 0,5 dias em Rio Maior, entre Dezembro e Fevereiro. No período analisado não ocorreu queda de neve em Rio Maior, e ocorreram em média 0,3 dias de neve por ano em Alcobaça, em Janeiro e Fevereiro. A informação detalhada sobre a ocorrência dos diversos meteoros é apresentada no quadro seguinte. Quadro 4.10-5: Meteoros diversos: n.º de dias por ano. NEVE GRANIZO TROVOADA NEVOEIRO GEADA A RM A RM A RM A RM A RM JAN 0,1 0,0 0,8 0,0 1,2 - 3,0 2,5 8,2 6,4 FEV 0,2 0,0 1,1 0,3 1,5 - 2,3 1,2 6,3 4,2 MAR 0,0 0,0 0,7 0,0 1,4 - 2,2 0,7 5,1 0,7 ABR 0,0 0,0 0,4 0,0 2,1 - 2,8 0,1 2,3 0,2 MAI 0,0 0,0 0,2 0,0 1,8 - 2,9 0,0 0,1 0,0 JUN 0,0 0,0 0,0 0,0 0,9 - 3,4 0,0 0,0 0,0 JUL 0,0 0,0 0,0 0,0 0,3 - 5,6 0,0 0,0 0,0 AGO 0,0 0,0 0,0 0,0 0,4 - 4,5 1,1 0,0 0,0 S ET 0,0 0,0 0,0 0,0 0,8 - 4,3 1,2 0,0 0,0 OUT 0,0 0,0 0,0 0,0 1,6 - 3,2 0,9 1,1 0,2 NOV 0,0 0,0 0,3 0,0 1,7 - 2,2 1,1 4,3 1,0 D EZ 0,0 0,0 0,6 0,0 1,2 - 3,2 2,0 9,3 5,8 ANO 0,3 0,0 4,2 0,5 14,9 - 39,6 10,8 36,7 48,4 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 173 4.10.2.4. Ventos A análise do regime de ventos reporta-se ao período 1951-1975, em Alcobaça, não havendo registos em Rio Maior. Os ventos dominantes em Alcobaça são de quadrantes Norte e Noroeste, com frequências anuais de, respetivamente, 29 % e 19 %. A ocorrência de ventos fortes (velocidade ≥ 36 km/h) ou muito fortes (velocidade ≥ 55 km/h) é de, respetivamente 21,1 e 4,7 dias por ano, com maior incidência entre Janeiro e Março. O regime sazonal de ventos é dominado pela presença da Nortada (ventos dos quadrantes de Norte e Noroeste), que sopra predominantemente entre Abril e Setembro em toda a faixa litoral ocidental. Em Alcobaça, a Nortada verifica-se em 45 % do total anual de observações, atingindo valores superiores a 50% entre Maio e Setembro, com um máximo de 67-68 % em Julho e Agosto. A velocidade média anual dos ventos de todos os quadrantes em Alcobaça é de 14,5 km/h, com valores máximos da média anual de 17,1 km/h (quadrante Sudeste) e 16,9 km/h (quadrante Sul). A frequência de calmas é de apenas 8% do total anual de observações, com máximos mensais de Novembro e Dezembro (15-16% das observações) e mínimos entre Maio e Agosto – nestes meses mais ventosos as observações de calmas descem para 1 a 3 %. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 174 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| N 30,0 NW NE 20,0 10,0 W 0,0 E frequência (%) velocidade média (Km/h) SW SE S Figura 4.10-5: Rosa dos Ventos (frequência e velocidade média anual). 4.10.3. DIAGNÓSTICO Não se prevê que a exploração das pedreiras do núcleo de Cabeça Veada gere alterações mensuráveis sobre a generalidade das variáveis climatológicas. Ainda assim os efeitos decorrentes da exploração das pedreiras poderão manifestar-se através da alteração do regime de escoamento de micro-escala das massas de ar, da redução da evapotranspiração, devido à remoção do coberto vegetal e da alteração da humidade relativa do ar em consequência da alteração da topografia e do regime hidrológico local. Pelo exposto considera-se que, do ponto de vista do clima, não existem condicionalismos relevantes. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 175 4.11. 4.11.1. QUALIDADE DO AR METODOLOGIA 4.11.1.1. Introdução O aumento das concentrações de vários poluentes na atmosfera e a sua deposição será responsável por um conjunto alargado de impactes sobre a saúde humana, na produção agrícola, no estado de conservação de construções e obras de arte e de uma forma geral origina desequilíbrios nos ecossistemas. O desenvolvimento industrial e urbano tem sido responsável pelo crescente aumento da emissão de poluentes atmosféricos e consequentemente, da sua concentração no ar ambiente. Na envolvente de explorações de pedreiras a qualidade do ar é maioritariamente condicionada por poluentes do tipo partículas em suspensão, monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2), óxidos de enxofre (SOx), aerossóis, etc. O fluxo de produção destes poluentes depende basicamente do ritmo de exploração uma vez que as fontes estão, de uma forma geral, ligadas aos equipamentos utilizados nos trabalhos (pás carregadoras, veículos pesados de transporte de materiais, geradores elétricos, etc.) e à quantidade de material processado. A metodologia de caracterização da qualidade do ar na região envolvente da área de intervenção específica de Cabeça Veada é apresentada nos pontos seguintes. 4.11.2. CARACTERIZAÇÃO 4.11.2.1. Recetores e fontes dos poluentes atmosféricos A área de intervenção específica (AIE) da Cabeça Veada situa-se na freguesia de Mendiga no concelho de Porto de Mós e na freguesia de Alcanede no concelho de Santarém. Nesta AIE existem várias pedreiras onde são explorados blocos de calcário ornamental. Neste núcleo não existem quaisquer pedreiras de calcário industrial ou laje. As explorações deste núcleo são constituídas por uma corta a céu aberto e por um conjunto de equipamentos dos quais se destacam as perfuradoras (torres de furação), os serrotes e os engenhos. As fontes de poluentes atmosféricos associadas à sua laboração devem-se essencialmente aos equipamentos utilizados nos trabalhos PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 176 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| de desmonte, carregamento e transporte da rocha, principalmente as torres de furação. Os serrotes e os engenhos não possuem grande expressão nos níveis de empoeiramento já que funcionam por via húmida. Nesta AIE não existem unidades de britagem pelo que a gestão dos estéreis será realizada através da deposição em escombreiras e do encaminhamento para as indústrias de produção de cal e de agregados de calcário. As vias de acesso no interior e no exterior da AIE não se encontram asfaltadas pelo que constituem uma importante fonte de poluentes atmosféricos. A AIE da Cabeça Veada possui dois acessos principais que atravessam as localidades de Bemposta, a Norte, Cabeça Veada, a Este e Valverde a Sul. Destacam-se ainda as principais vias de comunicação a nível local, nomeadamente a EN 362 onde circula um elevado número de veículos pesados com origem nas AIE’s do Codaçal, Cabeça Veada e Pé da Pedreira. A envolvente da AIE da Cabeça Veada apresenta uma ocupação esparsa identificando-se algumas habitações, espaços agrícolas, terrenos incultos e espaços industriais (pedreiras da AIE). Destacam-se as localidades de Cabeça Veada a cerca de 260 m para Este, Valverde a cerca de 500 m para Sul e Bemposta a cerca de 870 m para Norte. 4.11.2.2. Qualidade do ar na área em estudo A rede de estações de monitorização da qualidade do ar, da responsabilidade da Agência Portuguesa do Ambiente, apresenta uma resolução bastante reduzida centrando-se na envolvente dos grandes centros urbanos e industriais. A estação mais próxima da área de estudo situa-se na Chamusca, a mais de 30 km de distância da área de estudo, não podendo ser considerada representativa das condições locais, pelo que se considerou necessário proceder a medições de qualidade do ar na envolvente da pedreira, junto dos recetores mais próximos. Ainda assim, no âmbito do presente estudo apresentam-se os dados disponíveis para esta estação de monitorização monitorização e os índices de qualidade do ar calculados para a região Vale do Tejo e Oeste. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 177 A qualidade do ar em várias zonas da região Vale do Tejo e Oeste tem apresentado nos últimos anos concentrações de alguns poluentes que excedem os valores-limite estabelecidos pela legislação nacional. Os poluentes onde mais frequentemente se verificam situações de excedência do valor limite são as partículas inaláveis (PM10), o dióxido de azoto (NO2) e o dióxido de enxofre (SO2). Os elevados níveis de concentração destes poluentes são gerados pelo tráfego rodoviário (no caso das partículas inaláveis e dióxido de azoto nos centros urbanos) e pela indústria (no caso do dióxido de enxofre). Ainda assim, dos valores medidos resultam, resultam índices da qualidade do ar29 que na sua larga maioria correspondem a uma classificação de Bom. No período 20052011 o número de dias com índices de Bom foi claramente predominante. Da análise dos gráficos apresentados na Figura 4.11-1 verifica-se que tem ocorrido um aumento no número de dias com índice de qualidade do ar classificado como Bom graças a uma significativa redução do número de dias com índice de qualidade do ar classificado como Médio ou Fraco. Destaca-se que, nos sete anos considerados (últimos relativamente aos quais existem dados publicados), apenas ocorreram quatro dias onde o índice de qualidade do ar foi classificado como Mau. 29 Definido de acordo com os critérios da Agência Portuguesa do Ambiente PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 178 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Figura 4.11-1: Índices da qualidade do ar na região Vale do Tejo e Oeste. No Quadro 4.11-1 apresentam-se os dados característicos da estação da Chamusca, sendo que no Quadro 4.11-2 se apresentam os dados estatísticos das medições de qualidade do ar dessa estação. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 179 Quadro 4.11-1: Dados das estações de monitorização da qualidade do ar. C HAMUSCA Código: 3096 Data de início: 01-11-2002 Tipo de Ambiente: Rural Regional Tipo de Influência: Fundo Zona: Vale do Tejo e Oeste Rua: Sítio da Ermida do Sr. do Bonfim Freguesia: Chamusca Concelho: Chamusca Coordenadas Gauss Militar (m) Coordenadas Geográficas WGS84 Latitude: 265176 Longitude: 171180 Latitude: 39° 21' 09'' Longitude: -8° 27' 58'' Altitude (m): 143 Rede: Rede de Qualidade do Ar de Lisboa e Vale do Tejo Instituição: CCDR-LVT Quadro 4.11-2: Dados estatísticos das medições de qualidade do ar. POLUENTE ANO BASE HORÁRIA Ozono (O 3 ) VALOR LIMITE (mg/m 3) VALOR MÉDIO (m G /M3) PROTEÇÃO DA SAÚDE HUMANA BASE OCTO HORÁRIA 2002 54,8 54,8 2003 72,6 72,6 2004 69,8 69,6 2005 71,7 71,7 2006 69,5 69,5 2007 67,8 67,8 2008 69,2 69,2 2009 75,5 75,5 2010 74,9 74,9 2011 72,0 72,0 30 Base octo-horária 31 Base horária O BJETIVOS A VALOR L IMIAR DE L IMIAR DE LONGO PRAZO30 ALVO1 INFORMAÇÃO31 ALERTA 120 120 180 240 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 180 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| POLUENTE SO2 POLUENTE NO 2 POLUENTE PM10 ANO BASE HORÁRIA BASE DIÁRIA BASE DIÁRIA 2008 1,1 1,1 2009 1,0 1,0 2010 1,4 1,4 2011 1,4 1,4 ANO BASE HORÁRIA BASE DIÁRIA 2002 2,3 2,3 2003 3,9 3,9 2004 5,4 4,9 2005 6,6 6,6 2006 6,9 6,9 2007 7,8 7,8 2008 7,3 7,3 2009 7,8 7,8 2010 6,9 6,9 2011 6,4 6,4 ANO BASE HORÁRIA BASE DIÁRIA BASE DIÁRIA BASE ANUAL 2002 15,7 15,7 65 45 2003 21,9 21,8 60 43 2004 20,9 21 55 42 2005 26,9 26,5 2006 22,5 22,6 2007 20,0 20,0 2008 16,0 16,1 50 40 2009 16,3 16,2 2010 16,6 16,5 2011 17,3 17,1 350 BASE HORÁRIA BASE ANUAL L IMIAR DE ALERTA 250 50 400 Da análise dos valores apresentados no quadro anterior verifica-se que não se têm verificado níveis de concentração superiores aos limites legislados. De facto, com exceção dos parâmetros Ozono e PM10, os valores medidos na estação da Chamusca são bastante inferiores ao limite estabelecido pela legislação em vigor. Em todos os parâmetros medidos, tem-se observado uma estabilização dos níveis de concentração, ainda que se observe um ligeiro aumento no período 2002-2007 e um ligeiro decréscimo no período 2008-2010. No caso do Ozono, as concentrações mantiveram-se estáveis no período 2002-2008, tendo-se observado um ligeiro aumento entre 2009 e 2011. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 181 No âmbito do presente estudo procedeu-se a trabalhos de monitorização da qualidade do ar na envolvente da área em estudo, tendo-se considerado o parâmetro PM10. Foi selecionado este parâmetro uma vez que as partículas em suspensão constituem o principal poluente associado à atividade extrativa. As medições de qualidade do ar foram realizadas na envolvente do núcleo do Pé da Pedreira, junto dos recetores mais próximos. Na envolvente desta Área de Intervenção Específica (AIE) existem dois aglomerados habitacionais os quais constituem os principais recetores dos poluentes gerados pelos trabalhos de extração. Estes aglomerados são Valverde e Cabeça Veada, a cerca de 650 m para Oeste da AIE e Pé da Pedreira a Sul, que em alguns locais é confinante com a AIE. Foram considerados dois locais/recetores na envolvente (um em cada um destes aglomerados), tendo sido realizadas as medições entre os dias 15 e 25 de Outubro de 2012 por períodos de 24 horas, durante sete dias. No Quadro 4.11-3 procede-se à descrição dos locais de medição de PM10. Destaca-se que os níveis de empoeiramento medidos nos locais de medição resultam da atividade cumulativa das várias explorações existentes na AIE do Pé da Pedreira assim como de outras atividades existentes na envolvente, destacando-se as unidades industriais de produção de cal existentes a Sul da AIE. Destaca-se ainda que as localidades de Valverde e Cabeça Veada poderão ser influenciadas também pelos trabalhos de exploração que decorrem na AIE de Cabeça Veada. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 182 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Quadro 4.11-3: Descrição dos locais de medição de PM10 C ÓDIGO DO L OCAL DE MEDIÇÃO FOTOGRAFIA Ponto A1 39º 28’ 36,87’’ N 8º 51’ 47,95’’ O O ponto de medição situa-se na localidade de Cabeça Veada, junto às habitações mais próximas da AIE. Este conjunto de habitações situa-se a cerca de 140 m do limite da AIE e junto ao principal acesso à mesma. A qualidade do ar deste local é condicionada maioritariamente emissões de partículas pelas provenientes do tráfego de viaturas no acesso à AIE. Este acesso não se encontra asfaltado. As emissões provenientes da circulação de máquinas e viaturas no interior das áreas de exploração da AIE condicionam também a qualidade do ar do local. Ponto A2 39º 28’ 08,65’’ N 8º 51’ 44,72’’ O O ponto de medição A2 situa-se a Sul da AIE, a cerca de 650 m, junto a um conjunto de habitações da localidade de Valverde. A qualidade do ar deste local será influenciada pela circulação de viaturas na via que liga as localidades de Valverde e Casais Monizes e pela circulação de máquinas e viaturas no interior da AIE. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 183 Figura 4.11- 2: Localização dos pontos de medição de PM10 Na Figura 4.11- 2, apresenta-se a localização dos locais de medição de PM10. Os resultados obtidos durante a realização das medições são indicados no Quadro 4.11-4. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 184 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Quadro 4.11-4: Resultados das medições de PM10. C ONCENTRAÇÃO DE PM10 (m G. M-3 ) PONTO D ATA VOLUME A NALISADO ( M3 ) M ASSA DE SÓLIDOS (m G) C ONCENTRAÇÃO (m G. M-3 ) 15/10/2012 22,6 280 16/10/2012 24 18/10/2012 24,7 C ONDIÇÕES CLIMATÉRICAS VELOC . VENTO T EMP . H UM. REL. 12,4 2N 16,4 62 370 15,4 2 SW 17,0 74 360 14,6 2 SW 12,4 92 A1 M ÉDIA A2 14,1 23/10/2012 24 290 12,1 3E 19,4 74 23/10/2012 24 290 12,1 3E 19,4 74 24/10/2012 24,3 280 11,5 4S 18,4 82 25/10/2012 24,1 360 14,9 4S 17,5 87 M ÉDIA 10,3 Os resultados apresentados no quadro anterior demonstram que os níveis de empoeiramento na envolvente da AIE da Cabeça Veada não excedem o limite estabelecido pela legislação. Os níveis de concentração medidos nos dois locais considerados apresentam valores semelhantes e que são bastante inferiores ao limite estabelecido pela legislação em vigor. Os níveis de concentração medidos podem ser justificados pela época em que se realizaram as medições (Outubro), as quais foram realizadas sob condições de elevada humidade relativa do ar e pontualmente alguma precipitação. Os valores medidos no ponto A1 são ligeiramente superiores aos medidos no ponto A2 o que se justifica pela proximidade face à AIE de Cabeça Veada e ao seu acesso. Ainda assim, os valores medidos são bastante inferiores ao limite legal. O valor médio da campanha de medição realizada no ponto A1 foi de 14,1 µg/m3 o que corresponde a cerca de 28% do valor limite diário. O valor mais elevado registado neste ponto foi de 15,4 µg/m3 o que corresponde a cerca de 31% do valor limite diário. No ponto A2, o valor médio da campanha de medição foi de cerca de 10,3 µg/m3 o que corresponde a apenas 20% do valor limite diário, sendo que o valor mais elevado foi de 14,9 µg/m3 o que corresponde a cerca de 30% do valor limite diário. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 185 Destaca-se que os valores medidos em ambos os locais resultam da laboração simultânea das várias pedreiras existentes na AIE de Cabeça Veada. 4.11.3. DIAGNÓSTICO A exploração de pedreiras é responsável pela emissão de um conjunto de poluentes atmosféricos associados à laboração dos equipamentos, nomeadamente o NOx, o SOx e o CO. No entanto, em termos mássicos o principal poluente emitido nesta atividade é as partículas em suspensão, com destaque para as PM10. As partículas em suspensão têm origem não só nos trabalhos e equipamentos de exploração, mas também nas áreas desmatadas, mesmo onde não ocorram trabalhos. Para a correta avaliação das taxas de emissão de poluentes atmosféricos e a caraterização dos efeitos associados a essas emissões é necessário conhecer com pormenor os projetos das várias explorações nomeadamente no que se refere às áreas e ritmos de exploração. Esta análise será realizada com maior pormenor no estudo de impacte ambiental que será realizado para a área de intervenção específica de Cabeça Veada. No presente documento importa identificar os fatores críticos que podem condicionar a análise da qualidade do ar na envolvente da área de intervenção específica da Cabeça Veada. A presença de populações na envolvente do núcleo e dos seus acessos não permite excluir a possibilidade de ocorrência de impactes negativos. O núcleo de explorações da Cabeça Veada encontra-se em plena laboração pelo que os efeitos perniciosos da atividade extrativa são já visíveis, ainda que possam ter atualmente níveis de expressão e extensão distintos dos que ocorrerão com a ampliação das áreas de exploração. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 186 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 4.12. 4.12.1. AMBIENTE SONORO METODOLOGIA 4.12.1.1. Introdução A laboração de uma atividade industrial seja temporária ou permanente implica, de uma forma geral, a introdução de um conjunto de fontes de ruído que poderão gerar impactes negativos ao nível do ambiente acústico do local. No caso concreto da laboração das pedreiras do núcleo de Cabeça Veada, as fontes ruidosas devem-se essencialmente aos equipamentos utilizados na exploração, remoção e transporte do calcário. Destaca-se que no caso em análise as fontes ruidosas já se encontram instaladas no terreno e em funcionamento, pelo que o seu efeito sobre os níveis de ruído da envolvente já se fazem sentir. Para avaliar os impactes induzidos pelos trabalhos de exploração desenvolvidos no núcleo importa caracterizar a situação atual do ambiente acústico da envolvente de forma qualitativa (identificando as principais fontes de ruído existentes) e quantitativa (com recurso a medições de ruído em locais potencialmente afetados). 4.12.2. CARACTERIZAÇÃO 4.12.2.1. Fontes ruidosas exi stente s A AIE da Cabeça Veada integra-se numa zona já intervencionada pela exploração de várias pedreiras de rocha ornamental, pelo que as principais fontes já se encontram instaladas no local. Estas fontes ruidosas devem-se aos equipamentos utilizados nos trabalhos de remoção e transporte dos blocos de calcário, nomeadamente Dumper’s, pás carregadoras, escavadoras giratórias, martelos pneumáticos, etc.). A circulação de viaturas na rede viária constitui igualmente uma fonte ruidosa importante, com destaque para a EN 362 que constitui a principal via de comunicação a nível local e para os arruamentos no interior das localidades de Cabeça Veada, Valverde e Bemposta. Nesta AIE não existem unidades de britagem pelo que a gestão dos estéreis será realizada através da deposição em escombreiras PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 187 e do encaminhamento para as indústrias de produção de cal e de agregados de calcário. 4.12.2.2. Potenciais recetores do ruído gerado pela exploração A envolvente da AIE da Cabeça Veada apresenta uma ocupação esparsa identificando-se algumas habitações, espaços agrícolas, terrenos incultos e espaços industriais (pedreiras da AIE). Destacam-se as localidades de Cabeça Veada a cerca de 260 m para Este, Valverde a cerca de 500 m para Sul e Bemposta a cerca de 870 m para Norte. 4.12.2.3. Caracte rização do ambie nte ac úst i co local 4.12.2.3.1. Metodologia utilizada A caracterização do ambiente sonoro baseou-se na análise preliminar da área envolvente ao local de implementação do Projeto Integrado, selecionando-se um conjunto de locais de medição que permitissem a conveniente caracterização da situação de referência. A caracterização do ambiente sonoro dos vários pontos foi realizada nos períodos diurno, entardecer e noturno. As medições foram realizadas nos dias 15 e 16 de Outubro de 2012, sob condições climatéricas de vento fraco e uma temperatura média próxima dos 16º C no período diurno e 12º C no período noturno. A Câmara Municipal Porto de Mós possui um mapa de ruído (indicadores Lden e Ln) do concelho. Estes mapas tiveram em consideração, na região envolvente da AIE da Cabeça Veada, as fontes de ruído associadas ao tráfego de viaturas na EN 362 e nas várias pedreiras existentes na AIE da Cabeça Veada. Da análise dos mapas de ruído disponíveis, verifica-se que os níveis previstos para a envolvente da AIE da Cabeça Veada variam entre os 55 dB(A) e os 65 dB(A). Nos recetores mais próximos da AIE da Cabeça Veada os níveis de ruído são reduzidos para valores inferiores a 55 dB(A) no entanto, junto às principais vias de comunicação (EN 362) os níveis de ruído sobem para valores da ordem dos 65 dB(A) e 70 dB(A). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 188 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| A parte Sul da AIE da Cabeça Veada está localizada no município de Santarém. Este município possui também um mapa de ruído podendo verificar-se que no mesmo foram consideradas como fontes de ruído o tráfego de viaturas na EN 362 e a laboração das pedreiras da AIE do Pé da Pedreira. Neste mapa não foi considerada a laboração das explorações existentes na AIE da Cabeça Veada. Apesar do mapa de ruído do concelho ter considerado as principais fontes de ruído existentes no local optou-se por realizar medições de campo. Para a análise do cumprimento do valor limite estabelecido segundo o indicador LDEN, procedeu-se à determinação do nível de ruído característico de cada um dos diferentes períodos. Considerou-se que o nível de ruído nos períodos entardecer e noturno não apresenta flutuações significativas, pelo que as amostras recolhidas podem ser consideradas características de todo o período de referência. No período diurno os níveis de ruído apresentam flutuações que estão associadas aos períodos de laboração e paragem das várias pedreiras existentes na Área de Intervenção Específica. Assim, foram identificados dois subperíodos onde foram recolhidas amostras dos níveis de ruído, procedendo-se à sua ponderação de modo a determinar o nível de ruído característico. As fontes ruidosas que contribuíram para os níveis de ruído medidos estão associadas à laboração dos equipamentos existentes nas várias pedreiras da AIE, nomeadamente a circulação de máquinas (dumper’s, pás carregadoras e escavadoras giratórias), a laboração de perfuradoras e martelos pneumáticos e a circulação de viaturas pesadas para a expedição de materiais. Como outras fontes externas deverá considerar-se a circulação de viaturas rede viária existente, nomeadamente a EN 362. 4.12.2.3.2. Locais de medição No Quadro 4.12-1 são descritos os pontos de medição e identificadas as principais fontes de ruído presentes. A localização dos pontos de medição encontra-se representada na Figura 4.12-1. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 189 Quadro 4.12-1: Descrição dos locais de medição de ruído selecionados e das respetivas fontes de ruído detetadas. C ÓDIGO DO L OCAL DE MEDIÇÃO FOTOGRAFIA Ponto R1 39° 28' 37.02"N 8º 51’ 47,45’’ O O ponto R1 situa-se na localidade de Cabeça Veada, junto ao principal acesso à AIE da Cabeça Veada, a cerca de 160 m do limite do núcleo, para Este. Junto a este local existem outras explorações, pelo que os níveis de ruído medidos resultam da laboração simultânea circulação de das mesmas. viaturas, A associada especialmente à expedição dos materiais explorados e dos estéreis é também uma importante fonte ruidosa do local. Ponto R2 39º 28’ 07,67’’ N 8º 51’ 40,48’’ O O ponto R2 situa-se a Sul da AIE de Cabeça Veada, a cerca de 630 m do seu limite. Os níveis de ruído deste local são condicionados pela circulação de viaturas nas vias de comunicação existentes na envolvente em especial a via que liga as localidades de Valverde e Casais Monizes. O ruído gerado exploração das pelas actividades pedreiras da AIE de de Cabeça Veada é perceptível neste local, embora sem grande expressão nos valores finais. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 190 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Figura 4.12-1: Localização dos pontos de medição de ruído ambiente. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 191 4.12.2.3.3. Apresentação e interpretação dos resultados Durante a realização das medições foram avaliados todos os parâmetros em simultâneo. As medições foram efetuadas em cada local, durante intervalos de tempo representativos do ruído característico verificado, nos vários períodos de referência. Com base nas medições efetuadas foi elaborado o Quadro 4.12-2 onde se procede à análise do critério de exposição máxima nos vários pontos. Na situação de referência procedeu-se à análise do critério de incomodidade apenas para o período diurno uma vez que este é o único onde existe laboração das pedreiras da AIE de Cabeça Veada. Destaca-se que as explorações existentes na AIE de Cabeça Veada possuem horários de laboração semelhantes pelo que os níveis de ruído medidos resultam da laboração simultânea dessas explorações. As classificações acústicas constantes do RGR (zonas sensíveis e mistas) são, na envolvente da AIE de Cabeça Veada, da responsabilidade das autarquias de Porto de Mós e Santarém devendo ter em consideração o atual uso do solo, bem com o uso previsto. Na envolvente da área em estudo essa classificação não se encontra ainda definida. Nestas situações, o ponto 3 do Artigo 11º do RGR estipula que aos recetores sensíveis se aplicam os valores limite de LDEN igual a 63 dB(A) e Ln igual a 53 dB(A). Quadro 4.12-2: Análise do critério de exposição máxima. NÍVEL SONORO CONTÍNUO EQUIVALENTE (LAEQ) D IURNO PONTO RUÍDO RESIDUAL RUÍDO AMBIENTE (07:00 - 8:00 (08:00 - 12:00 +12:00-13:00 +13:00-17:00) +17:00-20:00) E NTARDECER NOCTURNO L DAY (7:00 – 20:00) L EVENING (20:00 – 23:00) L NIGHT (23:00 – 7:00) L DEN (DB(A)) R1 62,7 58,9 61,6 47,2 41,6 59,3 R2 53,8 51,6 53,0 47,8 43,5 53,2 Os resultados apresentados no Quadro 4.12-2 demonstram que o nível de ruído expresso pelo parâmetro LDEN não excede, em nenhum dos locais considerados, o valor limite estabelecido para as zonas não classificadas. O valor medido no ponto R1 é o mais elevado do conjunto de pontos analisados, o que se justifica pela proximidade deste local à AIE e ao seu acesso. Ainda assim, o valor calculado para o parâmetro PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 192 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| LDEN no ponto R1 é inferior ao limite estabelecido para os locais não classificados, sendo também inferior ao limite estabelecido para as zonas mistas. No ponto R2 o nível de ruído medido é inferior ao obtido no ponto R1 o que se justifica pelo afastamento face à AIE de Cabeça Veada e ao seu acesso. O valor calculado para o ponto R2 é por isso também inferior ao limite estabelecido para as zonas mistas e para as zonas não classificadas. No período nocturno os valores medidos não excedem o valor limite de 53 dB(A). Os valores medidos são inclusivamente inferiores ao limite estabelecido para as zonas sensíveis (45 dB(A)). Destaca-se que os valores medidos são consentâneos com os níveis de ruído previstos no mapa de ruído do concelho de Alcobaça. No Quadro 4.12-3 procede-se à análise do critério de incomodidade no período diurno. Esta análise foi realizada apenas para este período de referência uma vez que as pedreiras existentes na AIE de Cabeça Veada laboram apenas no período diurno. Para tal, os níveis de avaliação são comparados com os níveis de ruído residual medidos em cada um dos locais. Destaca-se que esta análise foi realizada para o conjunto das várias explorações existentes na AIE de Cabeça Veada, não individualizando qualquer exploração. No caso em análise não foram identificadas tonais ou impulsivas em nenhuma das medições, pelo que o nível de avaliação é igual ao nível de ruído ambiente. Quadro 4.12-3 - Análise do critério de incomodidade no período diurno. RUÍDO AMBIENTE NÍVEL DE AVALIAÇÃO RUÍDO RESIDUAL D IFERENÇA LAEQ [dB(A)] LAIMP [dB(A)] LAEQ [dB(A)] [dB(A)] R1 62,7 62,7 58,9 3,8 R2 53,8 53,8 51,6 2,2 L OCAL As pedreiras existentes na AIE de Cabeça Veada apresentam um período de laboração semelhante que compreende o período diurno, entre as 8:00 e as 17:00, PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 193 com interrupção para almoço entre as 12:00 e as 13:00. Conclui-se assim que a diferença entre o nível de avaliação e o nível de ruído residual não deverá ser superior a 6 dB(A). Da análise dos valores apresentados no quadro anterior verifica-se que o valor limite não excedido em nenhum dos pontos de medição. O valor mais elevado regista-se no ponto R1, o que se justifica pela proximidade do local de medição face à zona em exploração e ao acesso à AIE. O valor calculado para o ponto R2 é substancialmente inferior ao calculado para o ponto R1 o que se justifica pelo afastamento ao principal acesso à AIE de Cabeça Veada. 4.12.3. DIAGNÓSTICO Os trabalhos de exploração de pedreiras constituem uma importante fonte de ruído a nível local. Estas fontes ruidosas estão normalmente associadas aos equipamentos utilizados nos trabalhos de exploração com destaque para os dumper’s, pás carregadoras e escavadoras giratórias. No caso das explorações de calcário ornamental, os equipamentos utilizados para o desmonte dos blocos são também fontes ruidosas relevantes, nomeadamente as perfuradoras, os martelos hidráulicos, os compressores, as serras de bancada e os monofios. Para a correta avaliação dos impactes associados aos trabalhos de exploração é necessário conhecer com pormenor os projetos das várias explorações nomeadamente no que se refere às áreas e ritmos de exploração e aos equipamentos a utilizar. Esta análise será realizada com maior pormenor no estudo de impacte ambiental que será realizado para a área de intervenção específica da Cabeça Veada. No presente documento importa identificar os fatores críticos que podem condicionar a análise do Ambiente Sonoro na envolvente da área de intervenção específica da Cabeça Veada. A presença de populações na envolvente do núcleo e dos seus acessos não permite excluir a possibilidade de ocorrência de impactes negativos. O núcleo de explorações da Cabeça Veada encontra-se em plena laboração pelo que os efeitos da atividade extrativa são já visíveis, ainda que possam ter atualmente níveis de expressão e extensão distintos dos que ocorrerão com a ampliação das áreas de exploração. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 194 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 4.13. 4.13.1. PATRIMÓNIO CULTURAL INTRODUÇÃO Como âmbito de caracterização do Património consideraram-se achados (isolados ou dispersos), construções, monumentos, conjuntos, sítios e, ainda, indícios - toponímicos, topográficos ou de outro tipo, de natureza arqueológica, arquitectónica e etnológica, independentemente do seu estatuto de protecção ou valor cultural. Estes dados são denominados, de forma abreviada, como ocorrências. A área de estudo (AE) considerada é o conjunto territorial formado pelas áreas de incidência direta (AId), no caso a Área de Intervenção Especifica (AIE) de Cabeça Veada - concelho de Porto de Mós, e de incidência indireta (AIi) da AIE, numa faixa circundante da AId até pelo menos 50 m, e por uma zona de enquadramento (ZE). A AId corresponde à área AIE e é objeto de pesquisa documental e prospeção sistemática. A ZE é uma faixa envolvente da AIE com pelo menos 1 km de distância. (Figura 4.13-1). A caracterização do Património Cultural baseou-se numa pesquisa documental correspondente à AE e na prospeção sistemática da AId, com reconhecimento das ocorrências pré-existentes na Ald e na Ali. 4.13.2. PESQUISA DOCUMENTAL No âmbito do trabalho realizou-se uma pesquisa documental prévia, de modo a tomar conhecimento do potencial cultural da AE e a identificar património cultural pré-existente na AIE. De modo a evidenciar o potencial arqueológico da região, tal pesquisa abrangeu uma área envolvente situada até cerca de 1 km de distância do limite exterior da AIE. No Quadro 4.13-1 apresenta-se um resumo das fontes documentais consultadas no âmbito da pesquisa documental. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 195 Quadro 4.13-1: Síntese da Pesquisa Documental Fontes de informação Resultados Lista de imóveis classificados Não contempla ocorrências de interesse cultural na AE. (DGPC) Bases de dados de sítios arqueológicos (DGPC) O concelho de Porto de Mós não contempla ocorrências. Inventário do Património Arquitectónico (IHRU) Não contempla ocorrências de interesse cultural na AE. Plano Director Municipal: não contempla ocorrências de interesse cultural na AE. Instrumentos de planeamento Cartografia Bibliografia Plano de Ordenamento do PNSAC: contém vasta documentação contendo especial destaque, ainda que de modo genérico, para o património arquitectónico e etnológico assim como para os sítios de especial interesse geológico, paleontológico e espeleológico, contudo, os inventários são muito genéricos e não contêm informações específicas todavia obteve-se aqui a única ocorrência identificada na AI da AIE (Oc. 4). Carta Geológica de Portugal (CGP): não contempla ocorrências de interesse cultural na AE. Carta Militar de Portugal (CMP): regista património construído, designadamente moinhos de vento e igrejas. Na bibliografia consultada não se identificaram referências a património cultural na AE. Essencial para a obtenção de dados relativos a algumas das ocorrências Sítios na internet anteriormente identificadas, dos quais se destacam a consulta de fotografias aéreas no Google Earth Pro e o sítio da Câmara Municipal de Porto de Mós. Consultou-se a base de dados com sítios geo-referenciados nos Serviços Centrais do Contactos com instituições IGESPAR, em Lisboa, tendo sido comunicado não existirem sítios arqueológicos identificados na AE. Foi enviado pedido de informações à Câmara Municipal de Porto de Mós não se tendo obtido resposta até à presente data. No âmbito da pesquisa documental identificaram-se 7 ocorrências cujo inventário se apresenta no Anexo 1, situando-se uma ocorrência (Oc. 4) na AI, e três na ZE (Oc. 9 a 11) (Figura 4.13-1). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 196 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Figura 4.13-1: Área de Estudo e localização das Ocorrências de Interesse Cultural no Concelho de Porto Mós PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 197 4.13.3. TRABALHO DE CAMPO O trabalho de campo teve como objetivo executar a prospeção sistemática da AId. Nos trabalhos de prospeção foram alvo de reconhecimento as ocorrências identificadas na AId e na AIi, em sede de pesquisa documental. Dada a profusão e dimensão de muros de propriedade e cercados em pedra seca existentes na Área de Incidência, apenas se efectuou o reconhecimento daqueles que se encontravam referenciados nas fontes consultadas e que estivessem localizados na AIE, servindo estes para documentar uma realidade que abrange toda a AE. O trabalho de campo foi realizado por cinco prospectores, dois dos quais com ampla experiência em espeleologia. As condições climáticas foram adequadas, porém, a AId encontra-se maioritariamente com denso coberto vegetal ou artificializada pela indústria extrativa, concedendo visibilidade do solo maioritariamente reduzida a nula para a identificação de materiais na superfície e média a nula para detecção de estruturas. No âmbito do trabalho de campo procedeu-se ao reconhecimento de uma ocorrência (Oc. 4) identificada nas fontes documentais consultadas e identificaram-se três novas ocorrências (Oc. 1, 2 e 3) que não se encontravam referenciadas na pesquisa documental que antecedeu esta fase de caracterização da área. Todas as ocorrências identificadas na AI da AIE correspondem a património cultural de âmbito arquitectónico e etnológico, não tendo sido identificados vestígios arqueológicos. A Oc. 4 corresponde a um sítio assinalado no Plano de Ordenamento do PNSAC. Todavia não contêm descrição, designação ou menção a potencial arqueológico da ocorrência, sendo apenas apresentada como sítio de especial interesse geológico, paleontológico e espeleológico. No local indicado encontra-se um lapiás proeminente podendo esta referência reportar ao lapiás. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 198 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| As ocorrências identificadas estão inventariadas no Quadro 4.13-2 e caracterizadas com detalhe no Anexo 2. Dadas as características gerais de visibilidade do solo32, é prudente considerar a possibilidade de existirem vestígios arqueológicos ao nível do solo ocultados pelo coberto vegetal ou mesmo sob as montureiras. Quadro 4.13-2: Ocorrências Patrimoniais Inserção no Projecto (AI, ZE) Tipologia Categoria (CL, AA, AE) Topónimo ou Valor cultural e Classificação Referência Designação TC AI PD Referência CL AA ZE AE CL Inserção no Projecto (AI, ZE) Topónimo ou Categoria (CL, AA, AE) Designação Valor cultural e Classificação PD Cabeça Veada Abrigo 2 Abrigo de Pias Novas Cisterna 3 4 CL Depósito, Depósito de 1 Cisterna de Pias Novas 4 9 10 11 AA Tipologia AI TC Indeterminado AA PA PR F ER MC Ind MC Ind Cronologia ZE AE CL AA AE PA PR F ER 1 C 1 C 2 C Moinho de Vento Ind 3 Moinho da Cabeça Capela AE Natural Pias Novas Capela, Cronologia da Cabeça Veada Igreja Igreja de Arrimal Ind 2 C 2 C LEGENDA Referência. Os números da primeira coluna identificam as ocorrências caracterizadas durante o trabalho de campo (TC) e as letras da segunda coluna as que foram identificadas na pesquisa documental (PD). Faz-se, desta forma, a correspondência entre as duas fontes de caracterização do Património. As ocorrências estão identificadas na cartografia com estas referências. Tipologia, Topónimo ou Designação Inserção no PP. AI = Área de incidência da AIE; ZE = Zona envolvente da AIE. Categoria. CL = Património classificado, em vias de classificação ou com outro estatuto de protecção (M=monumento nacional; IP=imóvel de interesse público; IM=imóvel de interesse municipal; ZP=zona especial de protecção; VC=em 32 O trabalho de campo foi zonado no que concerne às características da ocupação do terreno e de visibilidade do solo para a detecção de estruturas e materiais arqueológicos (Anexo 3) PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 199 vias de classificação; PL=planos de ordenamento; In=inventário); AA = Património arqueológico; AE = Arquitectónico, artístico, etnológico, construído; (?)=quando há dúvidas quanto à integração na categoria. Valor cultural e critérios. Elevado (5): Imóvel classificado (monumento nacional, imóvel de interesse público) ou ocorrência não classificada (sítio, conjunto ou construção, de interesse arquitectónico ou arqueológico) de elevado valor científico, cultural, raridade, antiguidade, monumentalidade, a nível nacional. Médio-elevado (4): Imóvel classificado (valor concelhio) ou ocorrência (arqueológica, arquitectónica) não classificada de valor científico, cultural e/ou raridade, antiguidade, monumentalidade (características presentes no todo ou em parte), a nível nacional ou regional. Médio (3), Médio-baixo (2), Baixo (1): Aplica-se a ocorrências (de natureza arqueológica ou arquitectónica) em função do seu estado de conservação, antiguidade e valor científico, e a construções em função do seu arcaísmo, complexidade, antiguidade e inserção na cultura local. Nulo (0): Atribuído a construção actual ou a ocorrência de interesse patrimonial totalmente destruída. Natural (Nt): atribuído a formações naturais sem valor cultura. Ind=Indeterminado (In), quando a informação disponível não permite tal determinação, ou não determinado (Nd), quando não se obteve informação actualizada ou não se visitou o local. Cronologia. PA=Pré-História Antiga (i=Paleolítico Inferior; m=Paleolítico Médio; s=Paleolítico Superior); PR=Pré-História Recente (N=Neolítico; C=Calcolítico; B=Idade do Bronze); F=Idade do Ferro; ER=Época Romana; MC=Idades Média, Moderna e Contemporânea (M=Idade Média; O=Idade Moderna; C=Idade Contemporânea); Ind=Indeterminado (In), quando a informação disponível não permite tal determinação, ou não determinado (Nd), quando não se obteve informação actualizada ou não se visitou o local. Sempre que possível indica-se dentro da célula uma cronologia mais específica. Incidência espacial. Reflecte-se neste indicador a dimensão relativa da ocorrência, à escala considerada, e a sua relevância em termos de afectação, através das seguintes quatro categorias (assinaladas com diferentes cores nas células): achado isolado (cor verde); ocorrências localizadas ou de reduzida incidência espacial, inferior a 200m2 (cor azul); manchas de dispersão de materiais arqueológicos, elementos construídos e conjuntos com área superior a 200m2 e estruturas lineares com comprimento superior a 100m (cor vermelha); áreas de potencial interesse arqueológico (cor laranja). Incidência espacial Áreas de potencial valor arqueológico Achado isolado Ocorrência de dimensão significativa Ocorrência de pequena dimensão Dimensão não determinada 4.13.4. DIAGNÓSTICO A ausência de vestígios arqueológicos não inviabiliza a probabilidade da sua existência. Tendo em consideração as condições de visibilidade do solo é prudente considerar a possibilidade de existirem vestígios arqueológicos ao nível do solo/subsolo ocultos pela vegetação ou dentro de cavidades cársicas. 4.14. PATRIMÓNIO GEOLÓGICO O levantamento de campo efetuado na AIE de Cabeça Veada, e a consulta às fontes de informação disponíveis não revelou património geológico assinalável. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 200 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 5. CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÓMICA 5.1. DINÂMICAS TERRITORIAIS A abordagem territorial seguida neste relatório teve como objetivo disponibilizar diferentes perspectivas de análise para um objecto que não é fácil tratar em planeamento como é a Área de Intervenção Específica. A sua escala espacial mas também, de modo geral, a sua relevância económica e social bem como as arritmias no seu funcionamento levantam desafios que foram aqui enfrentados através de análises múltiplas quer territoriais quer sectoriais. É por essa razão que se irá encontrar um primeiro enfoque da freguesia da AIE em análise face às demais freguesias que também estão envolvidas por acolherem outras AIE submetidas a um processo de planeamento semelhante. Este exercício permite ponderar as características da freguesia com outras com algum grau de afinidade de modo a conseguir encontrar possibilidades de comparação e análise consistentes numa escala espacial micro. Em segundo lugar, relaciona-se a freguesia da AIE com o concelho onde se inscreve buscando sinais de convergência ou divergência com o perfil concelhio e refletindo sobre a capacidade da AIE em contribuir para a convergência freguesia-concelho e, de um modo mais geral, para o desenvolvimento municipal. É o que se pode designar como uma escala de análise meso. Finalmente, existiu a possibilidade de olhar para o interior da AIE através de indicadores relacionados com a sua atividade económica global bem como através dos resultados do processo de inquirição conduzido pela equipa no âmbito PIER junto dos empresários que operam na AIE visando detalhar dinâmicas da atividade em matéria de funcionamento (recursos humanos, mercados, etc.) e de relação com a comunidade. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 201 5.1.1. DEMOGRÁFICAS E SOCIAIS 5.1.1.1. A freguesia de Mendiga no PNSAC A Área de Intervenção Específica de Cabeça Veada insere-se parcialmente na freguesia de Mediga, concelho de Porto de Mós. Os recentes dados provenientes do recente XV Recenseamento Geral da População (2011) permitem identificar para as freguesias que integram Áreas de Intervenção Específica (para onde será elaborado um PIER) inscritas no Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros (PNSAC) - Arrimal, Mendiga, Serro Ventoso, Aljubarrota (Prazeres), Alcobertas, Alcanede - um recuo demográfico ligeiro de -1,7%, entre 2001 e 2011. Esta diminuição ocorrida na última década censitária corresponde a um conjunto de cerca de 230 indivíduos. O universo demográfico situa-se então, neste território, nos 13435 indivíduos em 2011. Para além desta imagem vale a pena ainda sublinhar duas ideias fundamentais: i. Este valor é, na verdade, um saldo entre os indivíduos que entram neste território (nascimentos e imigrantes) e os que saem (óbitos e emigrantes), revelando então certamente um dinamismo que acabou por se revelar negativo; ii. Um saldo global não pode deixar de esconder particularidades e assimetrias espaciais. Com efeito, estas 6 freguesias – Aljubarrota/ Prazeres, Alcobertas, Alcanede, Serro Ventoso, Mendiga e Arrimal – exibem um perfil, em termos de dinâmica demográfica, bastante distinto: Por um lado, as freguesias que atraíram população - Aljubarrota/ Prazeres (+14,1%), e Arrimal (+3,6%) – e, por outro, as que expulsaram população – Serro Ventoso (-7,9%), Mendiga (-8,5%), Alcobertas (-5,4%) e Alcanede (-9,9%). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 202 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Quadro 5.1-1: Residentes em 2001 e 2011 Local de residência População residente 2011 2001 Variação 10047083 9869343 1,7% Arrimal 774 747 3,6% Mendiga 930 1016 -8,5% Serro Ventoso 1026 1114 -7,9% Aljubarrota (Prazeres) 4235 3711 14,1% Alcobertas 1923 2033 -5,4% Alcanede 4547 5048 -9,9% Total freguesias alvo de PPIER 13435 13669 -1,7% CONTINENTE Fonte: INE, XIV e XV Recenseamentos Gerais da População. Figura 5.1-1: Pressão demográfica (hab,/Km2) 2011 Fonte: INE, XV Recenseamento Geral da População. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 203 Figura 5.1-2: Tendências recentes na dinâmica demográfica, 2001-2011 Fonte: INE, XIV e XV Recenseamentos Gerais da População. Famílias que se multiplicam… mas com menos membros Fenómeno usual nas últimas décadas tem sido o constante crescimento do número de famílias mesmo que em contraciclo com o que se verifica no campo do número de residentes. Aliás, é mesmo este o caso do território alvo deste Plano de Pormenor de Intervenção em Espaço Rural (PPIER) sendo que a população encolheu 1,7% na primeira década do século XXI mas o número de agregados familiares expandiu-se de 5001 para 5113 famílias, correspondendo a uma variação de +2,2% de 2001 para 2011. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 204 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Quadro 5.1-2: Famílias em 2001 e 2011 Famílias Local de residência 2011 2001 Variação 3874115 3508953 10,4% Arrimal 262 253 3,6% Mendiga 351 371 -5,4% Serro Ventoso 369 385 -4,1% Aljubarrota (Prazeres) 1652 1376 21,1% Alcobertas 704 680 3,5% Alcanede 1775 1936 -8,3% Total freguesias alvo de PPIER 5113 5001 2,2% CONTINENTE Fonte: INE, XIV e XV Recenseamentos Gerais da População. Esta alteração não configura mudanças apenas quantitativas mas também no plano qualitativo. Com efeito, não existem dados para caracterizar com maior pormenor estas famílias mas, como é um fenómeno que já se arrasta há muito tempo, têm sido adiantadas justificações que importa neste caso atender, em especial as que remetem para a fragmentação familiar por via do divórcio e por via da emancipação dos jovens face à coabitação com os pais. Esta explicação é consistente com o facto de, ao mesmo tempo que aumenta o número de famílias, também a sua dimensão média vai diminuindo. Neste território ao longo da última década censitária a contração foi de 2,73 para 2,62 indivíduos por família. As consequências são claras embora possam não ser imediatas. As exigências em novos alojamentos (mesmo que a satisfação residencial não passe sempre por novos fogos mas também pela transferência de habitações sazonais para habitações principais, por exemplo) e a ampliação do mercado de emprego para responder às necessidades emergentes são as primeiras que devem ser enunciadas. Mais uma vez o território em avaliação regista uma diferenciação significativa ao nível destas mudanças. A polarização das variações positivas nas freguesias de Aljubarrota/Prazeres (bastante superior à média do Continente), no Arrimal e em Alcobertas contrastam as expressivas reduções recenseadas em Mendiga (-5,4%), Serro Ventoso (-4,1%) e Alcanede (-8,3%). Atente-se que estas últimas três freguesias acumulam este perfil com uma significativa perda de vitalidade demográfica medida em termos de número de residentes (cf.Figura 5.1-1). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 205 Figura 5.1-3: Tendências recentes para o número de famílias, 2001-2011 Fonte: INE, XIV e XV Recenseamentos Gerais da População. A ocupação edificada continua a sua expansão indiferente à demografia A informação relativa aos alojamentos proveniente do último Censo à habitação (2011) é preciosa pela sua atualidade. A primeira informação que se retira destes dados é desde logo a da forte expansão do número de fogos existente neste território inserido no PNSAC entre 2001 e 2011. Foram 921 os novos alojamentos, o que corresponde a mais 14,8% face a 2001. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 206 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Quadro 5.1-3: Alojamentos em 2001 e 2011 Alojamentos Localização geográfica 2011 2001 Variação 5639257 4866373 15,9% Arrimal 377 328 14,9% Mendiga 500 474 5,5% Serro Ventoso 517 500 3,4% Aljubarrota (Prazeres) 2287 1784 28,2% Alcobertas 1021 796 28,3% Alcanede 2456 2355 4,3% Total freguesias alvo de PPIER 7157 6237 14,8% CONTINENTE Fonte: INE, XIV e XV Recenseamentos Gerais da População. Este ritmo de crescimento ultrapassou largamente a média de Portugal continental revelando uma capacidade de atração de investimento imobiliário muito significativa. Em termos globais a população regrediu 1,7% e o número de famílias situa-se nas 5113. Em 2011 o excesso de fogos é de 2045. Mais de um quarto dos alojamentos neste território (2045 fogos do total) poderão estar, assim, vagos – para venda, demolição ou servindo de habitação secundária33. 33 Atente-se que esta é apenas uma apreciação sintética relação famílias-parque habitacional já que são múltiplas as dimensões (carências quantitativas e carências qualitativas) que normalmente se consideram para a determinação de deficiências ou excessos na oferta de alojamentos. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 207 Figura 5.1-4: Densidade habitacional, 2011 Fonte: INE, V Recenseamento Geral da Habitação. Podemos segmentar as dinâmicas imobiliárias por territórios correspondentes às várias freguesias pois as diferenças são marcantes. Com pouca expressão (inferior a 5,6%) neste crescimento surgem as de Serro Ventoso, Mendiga e Alcanede. As duas primeiras apresentam valores próximos dos 150 fogos excedentários face ao número de famílias quando em 2001 esse valor pouco ultrapassava as 100 unidades. O caso de Alcanede que passou de 2355 para 2456 alojamentos ampliou o seu afastamento entre os dois universos – familiar e residencial – de 419 para 681, até porque tinha visto diminuir a sua população (-9,9%), assim como o número de famílias (-8,3%). Aliás, não é alheio, a estas dinâmicas, o encerramento da escola primária da localidade e a cedência das suas instalações à Sociedade Filarmónica Alcanedense. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 208 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Fonte: Google Earth, 2009 Figura 5.1-5: Lugares da Mendiga (Esq.) e Serro Ventoso 2005 2009 Fonte: Google Earth Figura 5.1-6: Fragmento territorial da freguesia de Alcanede em 2005 e 2009 Num patamar intermédio podemos colocar a freguesia de Arrimal cujos 14,9% de crescimento do parque residencial se distinguem nitidamente das freguesias anteriores. Sendo actualmente 377 fogos o universo residencial da freguesia o seu número de famílias é apenas de 262, o que mais uma vez representa a presença de um conjunto expressivo de alojamentos vagos (115, isto é, aproximadamente 30%). As freguesias mais urbanas, Aljubarrota (Prazeres) e Alcobertas cresceram acima dos 28%, acrescentando até 2011, portanto, mais de um quarto do número de fogos de 2001. Este salto permitiu a que Aljubarrota (Prazeres) passasse a exibir um excedente de fogos de 635 (408 em 2001), e Alcobertas 317 (116 em 2001). Em todas o peso dos PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 209 fogos vagos ultrapassa os 28% do total do parque residencial chegando a 31% em Alcobertas (quase, portanto, um terço do total). Figura 5.1-7: Tendências recentes na disponibilidade em alojamentos, 2001-2011 Fonte: INE, IV e V Recenseamentos Gerais da Habitação. Como nota final vale a pena sublinhar que apesar de se assistir nos últimos anos a uma “desdensificação” da presença humana neste território o que é facto é que, em contraciclo, verifica-se uma maior pressão na ocupação do solo por parte da componente imobiliária. Este desfasamento entre demografia e alojamento pode ser ligeiramente explicado pela variação do número de famílias e pela tendência de aumento no acesso à habitação secundária. Esta tendência é, aliás, interessante pontualmente pelo emprego que gera e rendimentos que proporciona às autarquias. Interessante trajetória social e qualificação de recursos. Finalmente, seguindo por uma abordagem mais social por recurso à presença de recursos humanos qualificados, é interessante verificar como todas as freguesias em análise tiveram um percurso na década de noventa extraordinário na qualificação PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 210 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| dos seus residentes. Com efeito, e tomando o continente como referencial onde a proporção de profissionais socialmente mais qualificados era de 9,93 em 1991 passando para quase 16% em 2001, os valores das freguesias que integram Áreas de Intervenção Específica estão ainda distantes. Todavia, em todas as 6 freguesias o crescimento foi uma evidência. O facto de partirem de valores muito baixos condicionou e muito a sua evolução. Isto é especialmente válido para as freguesias do Arrimal, Alcobertas e Serro Ventoso. Em 2001 as freguesias que reuniam proporcionalmente mais profissionais residentes socialmente valorizados era a de Serro Ventoso, Mendiga, Aljubarrota e Alcanede. Entende-se que estes dados constituem variáveis a serem tomadas em consideração na leitura do desenvolvimento socioeconómico registado neste território e neste período. Quadro 5.1-4: Qualificação dos residentes mais qualificados, 1991-2001 Proporção de profissionais socialmente mais valorizados (%) 2001 1991 Continente 15,68 9,93 Arrimal 6,31 1,56 Mendiga 10,37 4,67 Serro Ventoso 12,18 3,66 Aljubarrota (Prazeres) 9,93 4,89 Alcobertas 6,21 2,12 Alcanede 8,47 5,32 Fonte: INE, XIII e XIV Recenseamento Geral da População, 1991 e 2001 5.1.1.2. A freguesia de Mendiga no concelho de Porto de Mós Uma outra leitura legítima passível e útil de ser feita no âmbito deste IGT é a que a que procura integrar e comparar alguns dos elementos-chave sociodemográficos entre a freguesia onde se localiza a pedreira e o respectivo concelho. Com estes elementos básicos é desde logo possível verificar se a freguesia segue as tendências gerais do PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 211 território concelhio e, caso não seja essa a situação, averiguar a razão pela qual tal sucede incluindo nessa justificação, se possível, o papel das explorações de rochas. No caso concreto da freguesia da Mendiga, integra o concelho de Porto de Mós que regista uma área de cerca de 275Km2. Com os seus 20,18Km2 Mendiga apenas representa um pouco mais de 7% da superfície total do concelho (7,3%). Todavia, quando a nossa grelha de análise e comparação se desloca para a demografia e em particular para o universo de habitantes uma nova realidade se anuncia pois em 2011 os 930 habitantes da freguesia correspondiam a apenas 3,8% do total de 24342 hab. concelhios (em 2001 essa proporção era de 4,1%). As dinâmicas também não têm sido animadoras pois enquanto se assiste a uma certa estabilização (+0,29%) no universo dos residentes do Concelho em Mendiga a regressão é a imagem que mais se adequa atendendo aos -8,5% a que podemos associar um maior envelhecimento, diminuição de população ativa e jovem. A densidade populacional de apenas 46,1 habitantes por Km2 reflete bem a menor importância no contexto concelhio da demografia face ao território que apresenta. Quadro 5.1-5: Área e População em Mendiga e Porto de Mós, 2001-2011 Área População Δ 2001-2011 Habitantes/ (%) Km² (2011) 24342 +0,29 88,4 930 -8,46 46,1 Km² 2001 2011 Porto de Mós 275,39 24271 Mendiga 20,18 1016 Fontes: CAOP; INE, XIV e XV Recenseamentos Gerais da População. A perda de velocidade demográfica da freguesia face ao Concelho tem como se viu implicações diversas na estrutura demográfica bem como na ocupação rarefeita do território mas reflete-se também no número de famílias. A evolução do seu número costuma ser sempre bem mais generosa que a evolução dos residentes pois que as respectivas dinâmicas são bastante diferentes. Esta situação volta aqui a verificar-se com o concelho de Porto de Mós a ultrapassar na última década censitária os 10% de crescimento enquanto a freguesia continuou a perder famílias (-5,4%) se bem que com menor intensidade que a população. É por isso também que o peso concelhio da freguesia de Mendiga é de apenas 3,7%. Isto é, PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 212 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| inferior à proporção dos residentes tomados como indivíduos isolados. Quanto à composição familiar os valores são semelhantes aos do concelho (2,6). Quadro 5.1-6: Famílias em Mendiga e Porto de Mós, 2001-2011 Famílias 2001 2011 Porto de Mós Mendiga 8491 9361 371 351 Δ 2001-2011 Dimensão Média (%) Familiar (2011) +10,25 2,6 -5,39 2,6 Fonte: INE, XIV e XV Recenseamentos Gerais da População. Do ponto de vista sociodemográfico percebe-se que as freguesias têm uma expressão territorial a que não corresponde idêntico peso em questões de população e as dinâmicas recentes antecipam já a ideia de que esse peso continua a regredir. Daí que a reversão da situação, ou seja, a revitalização destes espaços de baixa densidade possa ser uma preocupação que normalmente é enfrentada com a possibilidade de criação de emprego. Uma situação ligeiramente diferente pode ser encontrada quando nos centramos no parque residencial. Com efeito, os 500 fogos existentes na freguesia da Mendiga continuam a expressar a relevância da demografia, isto é, 3,8%, mas a diferença está que este parque continua em expansão, em contraciclo com a população e as famílias. É evidente que a variação na primeira década deste século foi de 5,5% quando em Porto de Mós foi mais de 13% mas, ainda assim, é um sinal positivo num contexto humano recessivo generalizado. Quadro 5.1-7: Alojamentos em Mendiga e Porto de Mós, 2001-2011 Alojamentos 2001 Porto de Mós Mendiga 2011 11521 13047 474 500 Δ 2001-2011 (%) Aloj./km² (2011) +13,25 47,4 +5,49 24,8 Fonte: INE, IV e V Recenseamentos Gerais da Habitação PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 213 5.1.2. DINÂMICAS LOCATIVAS As dinâmicas locativas respeitam ao interesse que certos aspectos inerentes ao território trazem dentro de cada contexto histórico e económico para o desenvolvimento. Na verdade são recursos para o desenvolvimento mas que devem ser entendidos na lógica de dinâmica porque só em função dos diferentes contextos tecnológicos e económicos poderão assumir ou não relevância. É assim, por exemplo, com as acessibilidades ou com a qualidade ambiental. Os valores de flora, fauna, paisagísticos e geológicos entre outros emprestam a este território grande singularidade e interesse não só económico – exploração da pedra, turismo – como cultural e ambiental. O modelado cársico e a sua espetacularidade quer à superfície (cf. formas elementares cársicas e espelho de falha do Reguengo do Fetal, por exemplo) quer no subsolo levaram à construção de uma paisagem com forte identidade e sensibilidade. Por isso, a área do PNSAC tem de ser entendida como uma mais-valia para o desenvolvimento dos territórios nele incluídos ou nas suas imediações. Por outro lado, estes recursos só poderão ser convenientemente explorados se a malha das acessibilidades se ajustarem às necessidades. Dito de outro modo se se ajustarem à grelha urbana existente na envolvente – Leiria, Caldas da Rainha, Santarém, Lisboa, entre outros. Figura 8: Inserção sub-regional da AI Fonte: Google Earth PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 214 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| A proximidade da A1, A23, A15 (aproximadamente a cerca de 25 km) e A8 parece não oferecer dúvidas sobre a inserção territorial privilegiada desta área face a um conjunto alargado de sub-regiões (Oeste, Pinhal litoral, Lezíria do Tejo e Área Metropolitana de Lisboa) bem como nacional e internacional, salientando-se neste caso a relação com os portos da AML e a ligação à fronteira pela A23 e A6, aproveitando a existência da A13. Sublinhe-se ainda que esta rede de acessibilidades serve não apenas para explorar o potencial de recursos naturais como para aproveitar os recursos humanos formados no sistema formal de ensino ou no sistema de formação profissional das áreas envolventes, servindo estas como bacias de recrutamento de mão-de-obra para a indústria extractiva mas também como catalisadores de uma exploração que se pretende crescentemente capaz de gerar mais-valias pela incorporação de valor na produção. Por isso se toma em elevada conta a existência de centros de formação em Santarém, Rio Maior, Tomar, Torres Novas e Leiria bem como instituições de ensino superior – Instituto Politécnico de Leiria, Santarém e de Tomar. Assim, a rede viária fundamental assume-se como um recurso locativo fundamental na articulação com os sistemas urbanos da Lezíria, Médio Tejo, Oeste e Pinhal Litoral a partir do aproveitamento das economias de aglomeração aí geradas e com benefício para a prestação de serviços de apoio às empresas (formação e investigação, entre outros) e às pessoas (comércio, alojamento e restauração, serviços de saúde, entre outros). Descendo à escala das freguesias que integram AIE a densidade viária medida pela relação da extensão de vias relevantes presentes em relação à superfície, a segmentação deste território em três parcelas fica imediatamente sugerida pelas diferenças encontradas. A freguesia de Aljubarrota pelo seu carácter urbano apresenta a maior densidade viária (0,41); Mendiga, Alcanede e Serro Ventoso (0,27, 0,22 e 0,19, respectivamente) têm um valor sensivelmente de metade da primeira freguesia; Alcobertas e Arrimal não registam valores para este indicador. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 215 Quadro 5.1-8: Permeabilidade viária Estradas Estradas [km] Area [km2] Alcanede 23,69 106,66 0,22 Alcobertas - 31,91 - 10,81 26,26 0,41 - 19,03 - Mendiga 5,47 20,42 0,27 Serro Ventoso 6,43 33,09 0,19 Aljubarrota (Prazeres) Arrimal km/km2 Fonte: Estradas de Portugal. Esta leitura é especialmente importante para avaliar, por um lado, a oferta de infraestruturas territoriais relevantes para o desenvolvimento económico e qualidade de vida das populações mas por outro, e no caso concreto das explorações aqui abordadas, as implicações que poderão sobre a rede viária o acréscimo da exploração destes materiais. Havendo menos diversidade a pressão sobre as infraestruturas será maior bem como sobre o quadro de vida das comunidades residentes. A conectividade física é suporte do networking empresarial (e não só) o que é essencial para que um tecido económico possa implantar-se, expandir-se e aprofundar-se em termos de criação de valor e inovação. Todavia este depende também e cada vez mais é claramente das condições das infraestruturas de informação e comunicação. Para isso afirma-se como indispensável a disponibilidade em termos de recursos locativos de redes de comunicação de elevado débito como a banda larga e agora mais recentemente a fibra óptica (designada em Portugal como Rede de Nova Geração). A ANACOM disponibiliza elementos cartográficos (sem possibilidade extrair dados quantitativos) onde é possível observar, para o caso da Banda Larga, que os concelhos e sub-regiões onde se inscreve a AI regista uma densidade apreciável de Centrais que disponibilizam o serviço admitindo-se portanto uma boa cobertura em termos de conectividade digital que, no entanto, exige um upgrade para a fibra óptica a curto prazo para não subtrair competitividade a esta área (não existem dados desagregados a esta escala territorial que permitam fazer um diagnóstico detalhado para esta infraestrutura). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 216 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Assim, sendo este um espaço essencialmente rural vale a pena em termos de diagnóstico identificar um núcleo-chave de forças motrizes que se têm revelado estratégicas para a sustentabilidade destes espaços: território e competitividade. O primeiro porque fornece a matriz essencial das infraestruturas territoriais facilitadoras da produção e das formas de valorização de mercado próprias, capazes de acrescentar valor às produções e serviços locais. O segundo porque respeita à criação de capacidades que valorizem os recursos existentes, naturais e construídos (a partir da dotação de recursos de excelência com origem no sistema científico e tecnológico que podem suportar a oferta de serviços técnicos de apoio) e, por outro lado, a atração e fixação de novos recursos de investimento, de residentes e de visitantes, que enriqueçam a dotação de factores locativos do espaço. Os valores naturais convergindo genericamente no que se designa como ambiente são um contexto onde se deve moldar o território e a competividade assumindo-se ele próprio como um dos mais importantes recursos locativos pelo que a presença do PNSAC tem de ser entendida como um factor de promoção e qualificação das atividades. Ao mesmo tempo reconhece-se que estão identificadas necessidades prioritárias de defesa e de proteção pelo que se devem mobilizar recursos situados nos PO regionais, PROVERE (Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos) e outros, que garantam a sua satisfação. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 217 Figura 5.1-8: Áreas protegidas nas freguesias que integram AIE 5.1.3. RECURSOS INSTITUCIONAIS - ASSOCIAÇÕES E INSTITUIÇÕES Devem ser elencados como recursos institucionais os que respeitam a associações que prosseguem interesses comunitários ou sectoriais já que corporizam uma capacidade mobilizadora dos agentes em função de objectivos específicos. Essa capacidade deve ser reconhecida como um instrumento poderoso no processo de desenvolvimento integrado deste território. No âmbito do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros foi possível identificar a REDE PRÓ-CARSO que integra várias Associações (Associação de Artesãos das Serras d’Aire e Candeeiros, Associação Cultural e Recreativa Pedras Soltas, Associação para o Desenvolvimento Integrado da Freguesia de Alcobertas, Associação para o Desenvolvimento Sociocomunitário do concelho de Santarém, Conselho Diretivo do Baldio de Vale da Trave, Covaltas - Associação Cultural e Ambiental da Serra e Cooperativa “Terra Chã). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 218 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Como obstáculo maior ao incremento económico, para além dos situados no plano da demografia, está o que parece ser a insuficiente informação e a anémica proposta de iniciativas no domínio económico que mobilizem o investimento produtivo no seio dos municípios. Isto apesar de na área (concelho de Porto de Mós) se situar também a Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins - ASSIMAGRA cujo objetivo é juntar os industriais do sector, apresentando uma cobertura territorial de nível nacional (tem delegações em Lisboa, Pêro Pinheiro e Borba). Os seus objetivos procuram, designadamente: - Estimular os contactos e as relações entre os associados; - Enfrentar os problemas específicos do sector, designadamente os de carácter técnico-económico, financeiro e laboral, procurando atingir maior produtividade e a aplicação de ajustadas práticas comerciais; - Articular-se com instituições semelhantes nacionais ou estrangeiras; - Fomentar a criação de serviços partilhados, como a elaboração de estudos económicos, fiscais e de consulta e assistência jurídica. 5.1.4. RECURSOS DE INICIATIVA Recursos que salientam o que se faz, como se faz e onde se faz Estes recursos reportam à capacidade que o território manifesta em acolher dinâmicas empresariais com maior ou menor interesse e qualificação, sendo que por essa via poderá suscitar observações para políticas de correção ou ampliação das condições de funcionamento do tecido empresarial local. 5.1.4.1. Notas sobre a relevância da extração de rochas industriais e ornamentais As dinâmicas que afectam a indústria extractiva revelam comportamentos diferentes conforme se tratem de rochas industriais ou de rochas ornamentais. As exigências em torno da extração – tecnologia, recursos humanos, materiais consumidos, energia, ... – são diferenciadas mas também em matéria de escoamento. À primeira pede-se que cumpra os requisitos necessários para os trabalhos de construção civil e obras públicas mas cujo valor do produto extraído depende mais da qualidade intrínseca que da sua transformação que é, por motivos óbvios, mínima. É muito sensível às variações PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 219 conjunturais que afectam o sector imobiliário e a capacidade de investimento público em equipamentos, infraestruturas e parque edificado em geral, sendo aliás os indicadores desta atividade alguns dos mais requisitados para ilustrar as extensões da crise no imobiliário. Por outro lado, os baixos valores por tonelada que regista não facilita a alternativa da exportação pois os custos do transporte por muito baixos que possam ser acabam por lhe subtrair margem de competitividade. Este ramo da atividade extrativa parece assim estar encurralada entre um contexto interno recessivo e estagnado e um contexto externo cujos potenciais mercados, estando fora da Europa ocidental, tornam inviáveis os esforços de internacionalização como formula para contornar a crise. Uma outra realidade constitui a rocha ornamental já que apresenta diferenças quer na forma de exploração quer nas potencialidades de comercialização. A sua especificidade fica desde logo bem ilustrada pelo menor número de explorações, face aos centros de produção de rochas industriais, capazes de dar resposta às exigências da procura, conforme se apresenta na figura seguinte, bem como numa maior assimetria da sua distribuição. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 220 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Figura 5.1-9: Localização dos centros de produção de rochas industriais e ornamentais Fonte: DGEG (20 de Maio de 2013) Aliás, o primeiro aspecto (forma de exploração) acaba por ter ajustamentos face às oportunidades e inovação de mercado que se vão introduzindo: a qualidade do produto, o valor acrescentado necessário para o tornar competitivo e apetecível nos mercados internacionais onde se registam fortes dinâmicas nas obras públicas e imobiliário, designadamente, China, Brasil, Europa de Leste e Médio Oriente. A procura de quantidades assinaláveis de produtos valorizados ajuda a esbater o impacto do custo de transporte no processo de exportação. Porém este acaba por ser ainda mitigado com a crescente introdução de inovação na oferta clássica aumentando o valor do produto, diminuindo em alguns casos o seu volume e tornando-o menos sensível às variações do transporte. É por isso evidente que essas inovações na oferta acabam por ter alguns efeitos no tipo e forma de exploração e consequentes consumos de materiais, recurso a tecnologias específicas assim como a recursos humanos em maior quantidade e qualidade. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 221 A análise de uma série de 6 anos (2002 a 2007) permite identificar um comportamento não linear mas ainda assim indicativo de uma diminuição gradual do número total de pedreiras em funcionamento em Portugal. Essa regressão foi muito mais explícita nas de extração de rochas ornamentais que nas de rochas industriais onde, apesar da variação, o último ano acaba por registar mais pedreiras que o ano inicial da série (cf.Quadro 5.1-9). Quadro 5.1-9: Evolução do número de pedreiras em atividade por tipo de rocha extraída R. Ornamentais/ 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Rochas Ornamentais 633 611 607 580 606 516 Mármores e calcários 194 184 173 179 183 149 Granitos e rochas similares 97 108 110 99 107 106 334 311 315 292 306 253 8 8 9 10 10 8 Rochas Industriais 484 496 481 477 481 489 Argila e caulino 94 95 90 98 94 100 Calcário, gesso e cré 27 29 33 33 29 34 Saibro, areia e pedra britada 363 372 358 346 358 355 Total 1117 1107 1088 1057 1087 1005 R. Industriais Pedra rústica para calçada e Ardósia e Xisto Fonte: DGEG Esse perfil de evolução teve uma tradução clara no período analisado no peso das pedreiras de rochas ornamentais no conjunto das pedreiras. Com efeito essa proporção veio consistentemente a reduzir-se de 56,7% para 51,3% do total. Foi a pedra para calçada e os mármores e calcários que mais contribuíram para essa diminuição já que os granitos mantiveram a sua relevância e até a elevaram ligeiramente. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 222 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Quadro 5.1-10: Evolução do peso (%) de pedreiras em atividade por tipo de rocha extraída R. Ornamentais/ 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Rochas Ornamentais 56.7% 55.2% 55.8% 54.9% 55.7% 51.3% Mármores e calcários 17.4% 16.6% 15.9% 16.9% 16.8% 14.8% 8.7% 9.8% 10.1% 9.4% 9.8% 10.5% 29.9% 28.1% 29.0% 27.6% 28.2% 25.2% 0.7% 0.7% 0.8% 0.9% 0.9% 0.8% 43.3% 44.8% 44.2% 45.1% 44.3% 48.7% Argila e caulino 8.4% 8.6% 8.3% 9.3% 8.6% 10.0% Calcário, gesso e cré 2.4% 2.6% 3.0% 3.1% 2.7% 3.4% Saibro, areia e pedra britada 32.5% 33.6% 32.9% 32.7% 32.9% 35.3% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% R. Industriais Granitos e rochas similares Pedra rústica para calçada e Ardósia e Xisto Rochas Industriais Total Fonte: DGEG Numa versão de síntese os dados da DGEG revelam algum paralelismo entre a redução do número de pedreiras (-10% entre 2002 e 2007) e a redução do emprego a elas associado (-19,8% para os encarregados e Operários). Já para o emprego de dirigentes, administrativos e técnicos o comportamento destes foi positivo (4,2%) tendo-se registado esse aumento quer nas explorações das rochas ornamentais quer nas industriais. Em jeito de síntese temos então que as explorações de rochas ornamentais parecem ter vindo a reduzir de forma global os recursos humanos associados acompanhando a diminuição do número de explorações. Todavia, para os recursos mais qualificados a evolução foi em sentido contrário se bem que ligeiramente (Quadro 5.1-11). Quadro 5.1-11: Evolução do pessoal ao serviço por tipo de rocha extraída 2002 R. Ornamentais/R. Dirigentes, Industrais Administr. e Técnicos Rochas Ornamentais Mármores e calcários* Granitos e rochas similares* Ardósia e Xisto 2006 Encarreg. e Operários Dirigentes, Administr. e Técnicos 2007 Encarreg. e Operários Dirigentes, Administr. e Técnicos Encarreg. e Operários 541 3782 554 3386 570 2885 289 1743 299 1408 311 1209 234 1941 233 1854 237 1544 18 98 22 124 22 132 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 223 2002 R. Ornamentais/R. Dirigentes, Industrais Administr. e Técnicos Rochas Industriais Argila e caulino Calcário, gesso e cré Saibro, areia e pedra britada TOTAL 2006 Encarreg. e Operários Dirigentes, Administr. e Técnicos 2007 Encarreg. e Operários Dirigentes, Encarreg. e Administr. e Operários Técnicos 1092 4561 1045 3613 1132 3804 104 254 103 227 157 373 21 144 22 121 40 145 967 4163 920 3265 935 3286 1633 8343 1599 6999 1702 6689 Fonte: DGEG O peso dos recursos humanos nas pedreiras existentes por tipos de rochas encontra-se sistematizado noQuadro 5.1-12. Torna-se claro que o maior número de explorações de rochas ornamentais existentes face às rochas industriais não tem tradução similar no emprego já que regista uma relação trabalhador/unidade mais baixo o que aponta para melhores condições no domínio da produtividade. Quadro 5.1-12: Evolução do peso (%) do pessoal ao serviço por tipo de rocha extraída 2002 2006 2007 Dirigentes, Administr. e Técnicos Encarreg. e Operários Dirigentes, Administr. e Técnicos Encarreg. e Operários Dirigentes, Administr. e Técnicos Encarreg. e Operários Rochas Ornamentais 33.1% 45.3% 34.6% 48.4% 33.5% 43.1% Mármores e calcários* 17.7% 20.9% 18.7% 20.1% 18.3% 18.1% Granitos e rochas similares* 14.3% 23.3% 14.6% 26.5% 13.9% 23.1% Ardósia e Xisto 1.1% 1.2% 1.4% 1.8% 1.3% 2.0% 66.9% 54.7% 65.4% 51.6% 66.5% 56.9% Argila e caulino 6.4% 3.0% 6.4% 3.2% 9.2% 5.6% Calcário, gesso e cré 1.3% 1.7% 1.4% 1.7% 2.4% 2.2% Saibro, areia e pedra britada 59.2% 49.9% 57.5% 46.6% 54.9% 49.1% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% R. Ornamentais/R. Industriais Rochas Industriais TOTAL Fonte: DGEG Fazendo um exercício de aproximação às NUTIII onde se inscreve a Área de Intervenção (Pinhal Litoral, Oeste e Lezíria do Tejo) poderemos observar que em termos gerais tem existido uma queda da atividade medida quer em valores de produção (Figura 5.1-10) quer em quantidades extraídas (Quadro 5.1-13), entre 2005 e 2011. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 224 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Valor de produção (mil €) 60.000 50.000 40.000 30.000 NUTS III Oeste NUTS III Pinhal Litoral 20.000 NUTS III Lezíria do Tejo 10.000 0 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Anos Figura 5.1-10: Valor de produção nas pedreiras das NUTS III da AI, 2005- 2011 Fonte: DGEG Quadro 5.1-13: Variação da produção nas pedreiras das NUTS III da AI e de Portugal Continental, 2005-2011 Δ produção (2005-2011) Quantidade (t) Valor (mil €) -32.669.544 -134.904 NUTS III Oeste -6.931.842 -15.806 NUTS III Pinhal Litoral -3.768.164 -1.333 NUTS III Lezíria do Tejo -2.411.020 -24.363 PORTUGAL CONTINENTAL Fonte: DGEG Sendo verdade que a queda da produção – quantidade e valores - não é subregional mas nacional os quadros seguintes mostra claramente como a importância deste sector no total nacional tem vindo a diminuir com exceção do Pinhal Litoral no que respeita aos valores de produção. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 225 Quadro 5.1-14: Proporção de Quantidade Produzida nas Pedreiras das NUTS III da AI relativamente ao total nacional, 2005-2011 Proporção de Quantidade Produzida nas Pedreiras (%) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 100 100 100 100 100 100 100 13,6 13,3 14,1 14,0 14,1 11,8 10,1 NUTS III PINHAL LITORAL 9,2 9,6 10,7 11,2 9,8 9,1 8,1 NUTS III LEZÍRIA DO TEJO 4,4 4,4 4,9 3,7 3,4 3,1 3,1 PORTUGAL CONTINENTAL NUTS III OESTE Fonte: DGEG Quadro 5.1-15: Proporção do Valor de Produção nas Pedreiras das NUTS III da AI relativamente ao total nacional, 2005-2011 Proporção do Valor de Produção nas Pedreiras (%) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 PORTUGAL CONTINENTAL 100 100 100 100 100 100 100 NUTS III OESTE 9,3 9,1 10,6 9,7 9,9 9,2 8,5 NUTS III PINHAL LITORAL 7,7 7,6 8,0 10,5 9,4 9,8 10,0 NUTS III LEZÍRIA DO TEJO 8,5 10,1 9,7 6,2 5,3 6,4 5,4 Fonte: DGEG Estas três regiões são detentoras de cerca de um quarto da produção nacional nas pedreiras, sendo, por isso, um território valioso para o país na área da extração de pedra. Quadro 5.1-16: Proporção da Produção nas Pedreiras das NUTS III da AI e de Portugal Continental relativamente à Produção Global Nacional de todos os sectores produtivos, 2005-2011 Relevância da produção nas pedreiras em relação à produção global nacional (%) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 0,2622 0,2493 0,2229 0,1759 0,1866 0,1918 NUTS III OESTE 0,0244 0,0228 0,0236 0,0170 0,0185 0,0177 NUTS III PINHAL LITORAL 0,0203 0,0188 0,0178 0,0185 0,0176 0,0188 NUTS III LEZÍRIA DO TEJO 0,0224 0,0252 0,0215 0,0108 0,0098 0,0123 PORTUGAL CONTINENTAL Fontes: DGEG, INE Verifica-se nesta proporção que a produção nas pedreiras é uma área de atividade com pouca expressão quando comparada com o todo nacional. Em 2005, esta produção representava 2,6‰ do total nacional recuando para 1,9‰ em 2010. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 226 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| É possível então avaliar a relevância económica e social das explorações de minerais não metálicos e parcialmente das rochas ornamentais e rochas industriais. Todavia, há que relativizar essa importância no conjunto do PIB nacional porque fica muito diluído. Mas quando nos aproximamos de escalas regionais, subregionais e locais não só os valores em causa começam a expressar alguma relevância como sobretudo se pressente um maior impacto social com a presença de volumes de emprego com significado local quer por absorção direta do sector quer indireta pelas dinâmicas de consumo que gera a partir dos rendimentos auferidos pelos trabalhadores e empresários. Embora como se tenha visto existam apenas algumas diferenças entre um tipo de exploração e outra as mudanças introduzidas pela conjuntura económica tem claramente ampliado a importância de uma e o definhamento de outra. Desta alteração parecem ocorrer efeitos positivos no sector com um grau de inovação apreciável no topo de produtos bem como na sua comercialização em simultâneo com uma relativa especialização e qualificação nos recursos humanos. Todo este quadro económico e social em mudança vai no sentido também de uma maior sensibilidade para as questões do próprio recurso e das implicações ambientais da exploração já que essa dimensão começa crescentemente a integrar as estratégias de marketing mais eficazes. 5.1.4.2. A atividade nos concelhos que acolhem AIE’s Para o caso presente e para este relatório destacaremos sobretudo três aspectos que poderão merecer pertinentes desenvolvimentos futuros: estrutura empresarial concelhia; estrutura empresarial geral; estrutura empresarial das atividades extractiva. Relembre-se que são 4 os concelhos que incluem freguesias com AIE’s: Rio Maior, Santarém, Alcobaça e Porto de Mós. Os sinais recolhidos em 2011 pelo XV Recenseamento Geral da População e V Recenseamento Geral da Habitação são animadores no que toca à demografia e à habitação, quando comparados com os de 2001. Estes resultados são entendidos como proxy’s de uma avaliação da dinâmica de desenvolvimento socioeconómico. Apenas o número de residentes do concelho PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 227 de Santarém diminuiu (2,14%) neste decénio. As famílias aumentaram 7,33%, os alojamentos 16,97% e os edifícios 13,43%. Quadro 5.1-17: Variação recente da população, famílias, alojamentos e edifícios, 2001 e 2011 População Alojamentos 10047621 3873767 5639257 3818574 3353610 Porto de Mós 24342 9361 13047 9156 11220 Alcobaça 56693 21935 34684 21661 26663 Rio Maior 21192 8318 12480 8104 9829 Santarém 62200 24980 35163 24606 24325 164427 64594 95374 63527 72037 9 869 343 3508953 4866373 3410548 2997659 Porto de Mós 24271 8491 11521 8422 9876 Alcobaça 55376 19735 28786 19397 23352 Rio Maior 21110 7669 10420 7453 8418 Santarém 63563 24289 30807 23551 21863 164320 60184 81534 58823 63509 0,29 10,25 13,25 8,72 13,61 2,38 11,15 20,49 11,67 14,18 0,39 8,46 19,77 8,73 16,76 -2,14 2,84 14,14 4,48 11,26 0,07 7,33 16,97 8,00 13,43 Continente 2011 Total AI Continente 2001 Aloj. de resid. Famílias residente Total AI Variação Porto de Mós 20012011 (%) Variação Alcobaça 2001-2011 (%) Variação Rio Maior 2011-2011 (%) Variação Santarém 2001-2011 (%) Variação AI 2001-2011 (%) habitual Edifícios Fonte: INE, XV Recenseamento geral da População; V Recenseamento geral da Habitação Nestes domínios, neste território e neste arco temporal não se vislumbra qualquer clivagem entre concelhos já que o sentido da tendência é muito convergente em todos eles (admitindo-se uma ligeira exceção para a variação dos residentes em Santarém onde diminuiu 2,14%). Sendo reconhecidamente a dinâmica demográfica e imobiliária função do crescimento económico a conclusão parece conduzir a um crescimento produtivo e na geração de emprego. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 228 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Tecido económico em retração e ajustamento Os quatro concelhos em 2009 registaram 16727 empresas concentradas em quase três quartos desse universo nos concelhos de Santarém (37,2%) e Alcobaça (34,7%). Os municípios de Porto de Mós (15,8%) e Rio Maior (11,6%) ultrapassam cada um ligeiramente um décimo do emprego produtivo gerado localmente. Quadro 5.1-18: Universo empresarial por concelho por classes de dimensão, 2006 e 2009 Empresas 2009 Menos de Total 10 pessoas Continente 2006 10 - 49 50 - 249 pessoas pessoas 250 e Menos de Total mais pessoas 10 pessoas 10 - 49 50 - 249 pessoas pessoas 250 e mais pessoas 1019248 974543 38317 5536 852 1044450 996940 40930 5737 843 Porto de Mós 2649 2498 133 18 0 2683 2526 134 23 0 Alcobaça 5796 5476 283 36 1 6058 5705 306 46 1 Rio Maior 1936 1828 97 10 1 1991 1891 89 10 1 Santarém 6346 6106 209 27 4 6353 6097 223 29 4 Fonte: INE, Anuários estatísticos, 2006, 2009 A tendência recente (200634 a 2009) dá conta de um quadro regressivo na estrutura empresarial nestes territórios. Em três anos são menos 358 empresas no conjunto, isto é, 2,1%. O recuo é generalizado embora mais expressivo em Alcobaça (-4,3%) e apenas muito ligeiro em Santarém (-0,1%). Sublinhe-se que este perfil de evolução está em linha com a tendência observada no continente onde a diminuição é de 2,4%. Fica então a ideia que o território composto por estes 4 concelhos não foi capaz de escapar às dinâmicas recessivas que afectam a economia nacional. Este panorama tem levado a uma gradual alteração da estrutura da distribuição do tecido empresarial no seio deste território com o reforço do peso de Santarém (37,2% para 37,9%) e recuo de Alcobaça (35,5% para 34,7%). 34 Ano mais recuado disponível com informação concelhia comparável. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 229 Quadro 5.1-19: Variação do universo empresarial por classes de dimensão, 2006-2009 Empresas Variação 2006-2009 Total Menos de 10 - 49 50 - 249 250 e mais 10 pessoas pessoas pessoas pessoas Continente -2,4% -2,2% -6,4% -3,5% 1,1% Porto de Mós -1,3% -1,1% -0,7% -21,7% 0,0% Alcobaça -4,3% -4,0% -7,5% -21,7% 0,0% Rio Maior -2,8% -3,3% 9,0% 0,0% 0,0% Santarém -0,1% 0,1% -6,3% -6,9% 0,0% Fonte: INE, Anuários estatísticos Finalmente destacam-se nesta análise os efeitos desta regressão desagregada por classes de dimensão empresarial. Em todos os concelhos a polarização das pequenas empresas (menos de 10 empregados) ultrapassa os 94%. As médias empresas chegam aos 5% em Porto de Mós, Alcobaça e Rio Maior. Só Porto de Mós não regista a presença de grandes empresas e Santarém chega mesmo a deter 4 empresas com mais de 250 pessoas. Quadro 5.1-20: Estrutura do tecido empresarial por concelho e por classe de dimensão, 2009 Empresas 2009 Total Menos de 10 - 49 50 - 249 250 e mais 10 pessoas pessoas pessoas pessoas Continente 100,0% 95,6% 3,8% 0,5% 0,1% Porto de Mós 100,0% 94,3% 5,0% 0,7% 0,0% Alcobaça 100,0% 94,5% 4,9% 0,6% 0,0% Rio Maior 100,0% 94,4% 5,0% 0,5% 0,1% 100,0% 96,2% 3,3% 0,4% 0,1% Santarém Fonte: INE, Anuário estatístico, 2010 Robustez instável e produtividade polarizadas O tecido empresarial está como se viu a sofrer uma contração nos últimos anos afectando indistintamente pequenas e médias empresas. Mas este quadro tendencial por si não consegue desfazer com facilidade os traços mais profundos da personalidade empresarial concelhia. Com efeito, a presença das empresas nestes espaços concelhios acaba por exercer em termos globais uma pressão bem menor que na média do continente. Enquanto aqui a densidade empresarial é de 11,9 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 230 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| emp./km2 só em Alcobaça esse valor é ultrapassado. Em Rio Maior é substancialmente inferior (7,2 empresas/km2). Essa incipiência é acompanhada aliás por uma dimensão média da empresa sempre inferior em qualquer dos 4 concelhos à dimensão média do continente. As 3,5 pessoas por empresa estimadas para Portugal continental são sempre uma meta afastada para os concelhos aqui analisados e, em particular, para Santarém que se queda pelos 3,1. Quadro 5.1-21: Indicadores de empresas por concelho, 2009 Densidade Pessoal ao serviço de empresas Volume de Concentração do Concentração do volume de valor acrescentado negócios das 4 bruto das 4 maiores maiores empresas empresas negócios por empresa por empresa N.º/km2 N.º 1.000 € % Continente 11,9 3,5 337,5 6,0 4,3 Porto de Mós 10,4 3,3 219,0 19,8 19,0 Alcobaça 14,8 3,3 230,9 10,3 6,5 Rio Maior 7,2 3,4 348,7 25,6 35,8 Santarém 11,6 3,1 225,2 18,7 19,4 Fonte: INE, Anuário estatístico, 2010 Ao mesmo tempo que a presença empresarial na sua relação com o território é frágil regista-se uma sólida polarização em torno de algumas grandes empresas. Esta persistente concentração quer do volume de vendas quer do valor acrescentado nas 4 maiores empresas em níveis que podem ser até oito vezes maiores que a média continental (cf. o caso de Rio Maior para o VAB) não deixa de remeter também para uma fragilidade e dependência do tecido empresarial. Quadro 5.1-22: Produtividade por concelho, 2009 Trab. Vab Produtividade 3 713 490 82 788 295 22,29 Porto de Mós 8 819 169 772 19,25 Alcobaça 19 971 330 671 16,56 Rio Maior 6 650 177 261 26,66 Santarém 20 372 318 931 15,66 Continente Fonte: INE, Anuário estatístico, 2010 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 231 Densidade e dimensões médias mais baixas e níveis de concentração muito para além do registado no continente têm uma tradução pouco excitante nos valores de produtividade (Vab/Trab.). Só em Rio Maior (que já se destacava em quase todas as variáveis) se ultrapassa o valor médio aqui tomado como referência. Uma indústria extractiva com produtividades que pouco se distinguem O universo dos trabalhadores por conta de outrem em 2009 nos 4 concelhos era de 55812 indivíduos. Quase 75% concentrava-se só nos concelhos de Alcobaça e Santarém. Daquele valor 1415 empregos registavam-se nas Indústrias extractivas, isto é, 2,5% do total. Em Rio Maior e sobretudo em Porto de Mós esses pesos são proporcionalmente muito maiores, 3,3% e 5,3%, respectivamente. Em Santarém e Alcobaça o emprego neste sector encontra-se muito diluído no restante (1,8%). Todavia, é aqui que o emprego em valores absolutos neste sector é maior rondando os 730 trabalhadores. Quadro 5.1-23: Trabalhadores no universo empresarial e na ind. extractiva, 2009 Total Indústrias Total Indústrias Indústrias Extractivas (%) Extractivas (%) Extractivas/Total (%) Porto de Mós 8819 469 15,80% 33,10% 5,3% Alcobaça 19971 366 35,80% 25,90% 1,8% Rio Maior 6650 217 11,90% 15,30% 3,3% Santarém 20372 363 36,50% 25,70% 1,8% 55812 1415 100,00% 100,00% 2,5% Total Fonte: INE, Anuário estatístico, 2010 É por isso que se compreende que metade do emprego no sector está nestes dois concelhos embora, por causa da dimensão do seu mercado de trabalho, a sua expressão no conjunto é pouco relevante. Do emprego para a produtividade (valor acrescentado bruto por trabalhador) há uma alteração significativa: todos os concelhos estão muito próximos entre si e abaixo da média do continente com exceção de Rio Maior onde a produtividade não está muito longe do dobro da média continental. Dito de outro modo, este Concelho consegue com menos de metade dos empregados de Porto de Mós obter um valor acrescentado bruto apenas ligeiramente inferior e com bastante menos trabalhadores que Alcobaça e Santarém ultrapassa-os no valor daquele indicador. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 232 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Quadro 5.1-24: Produtividade por concelho na indústria extractiva, 2009 Trab. Continente Vab. (1000 €) Produtividade 13 163 515 765 39,18 Porto de Mós 469 16 871 35,97 Alcobaça 366 12 564 34,33 Rio Maior 217 14 889 68,61 Santarém 363 11 489 31,65 Fonte: INE, Anuário estatístico, 2010 Um zoom às freguesias que integram as AIE: o mesmo na estrutura produtiva Num período de 5 anos – 2004 a 2009 – o saldo foi negativo no balanço entre as empresas criadas e dissolvidas já que foram menos 22 as recenseadas em 2009 (-3,4%). O tecido empresarial passou de 639 empresas para 617 neste arco temporal de 5 anos. Todos os sectores manifestaram este desfalecimento com exceção de algumas novas e sobretudo dos ramos do comércio e reparação de veículos e da restauração e alojamento que tradicionalmente servem de refúgio para novas iniciativas empresariais para indivíduos recém-desempregados ou com dificuldade de inserção profissional. Entre as maiores quedas de protagonismo estão as indústrias transformadoras (de 151 para 113 em 2009), atividades imobiliárias (de 28 empresas para 5) e atividades de construção (de 92 para 77). Por este quadro percebe-se bem as consequências cirúrgicas da crise neste território: crise económica afectando o sector transformador e ligeiramente o sector empresarial agrícola; crise financeira afectando a construção e o imobiliário em geral. Aliás já se havia verificado atrás a diminuição do número de fogos e edifícios. As consequências na indústria extractiva são desta forma bastante compreensíveis. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 233 Quadro 5.1- 25: Empresas por sectores nos concelhos abrangidos por AIE 2009 2004 2009 2004 Nº Nº % % 22 29 3,6% 4,5% B - indústrias extractivas 76 78 12,3% 12,2% C - indústrias transformadoras 113 151 18,3% 23,6% F - construção 77 92 12,5% 14,4% 166 150 26,9% 23,5% H - transportes e armazenagem 61 64 9,9% 10,0% I - alojamento, restauração e similares 34 27 5,5% 4,2% J - atividades de informação e de comunicação 1 0 0,2% 0,0% K - atividades financeiras e de seguros 1 2 0,2% 0,3% L - atividades imobiliárias 5 28 0,8% 4,4% 19 0 3,1% 0,0% 12 0 1,9% 0,0% 2 1 0,3% 0,2% P - educação 6 2 1,0% 0,3% Q - atividades de saúde humana e apoio social 10 8 1,6% 1,3% S - outras atividades de serviços 12 7 1,9% 1,1% 617 639 100,0% 100,0% A - agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca G - comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos M - atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares N - atividades administrativas e dos serviços de apoio O - administração pública e defesa; segurança social obrigatória Total Fonte: MSTT Na Figura 5.1-11 fica sublinhado o peso do comércio a retalho e das pequenas atividades de serviços de reparação (27%), bem como das indústrias transformadoras que apesar do decréscimo em valor absoluto continua a ter relevância na estrutura empresarial (18%). A construção e as indústrias extractivas surgem de seguida com um peso a rondar os 12,5%. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 234 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 30,00% 26,90% 25,00% 20,00% 15,00% 18,30% 12,30% 12,50% 10,00% 9,90% 5,50% 5,00% 3,60% 3,10% 0,20% 0,20% 0,80% 1,90% 0,30% 1,00% 1,60% 1,90% 0,00% Figura 5.1-11: Perfil da estrutura económica das freguesias que integram as AIE, 2009 Fonte: MSTT A grande diferença nestas atividades reside no seu aproveitamento ou resistência à conjuntura económica. A indústria transformadora e a construção estão a seguir uma trajetória descendente registando um apagamento na estrutura empresarial concelhia de 23,6% para 18,3% e de 14,4% para 12,5%, respectivamente. Já o comércio tem uma posição simétrica, pois reforça a sua presença passando de 23,5% em 2004 para 26,9% em 2009. Finalmente, a indústria extractiva que não obstante ter perdido duas unidades empresariais consegue manter o seu peso na economia concelhia em termos de número de empresas (passando de 78 para 76 unidades, corresponde a uma variação positiva de 12,2% para 12,3%. A indústria extractiva nas freguesias que integram as AIE: resistente nas empresas e coerente no território Embora se tenha visto que o universo regrediu ligeiramente de 78 para 76 empresas entre 2004 e 2009 esse comportamento encerra diferenciações significativas quando se abordam essas mudanças por ramos (cf. Figura 5.1-12). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 235 Extracção de mármore e Extracção extracção de saibro, outras de granito rochas ornamental Extracção areia e carbonatad e rochas de calcário pedra similares e cré britada as 2009 2004 2 4 31 2009 26 2004 2009 2004 6 7 37 2009 41 2004 Fonte: MSTT Figura 5.1-12: Variação das unidades empresariais no quinquénio 2004-2009, nas freguesias que integram as AIE A atividade parece ter vindo a diminuir de modo ligeiro mas consistente para a extração de saibro, areia e pedra britada (4 empresas para 2), para a extração de granito ornamental e rochas similares (7 para 6) e para a extração de mármore e outras rochas carbonatadas (41 para 37). Com uma dinâmica inversa, isto é com um crescimento verificado nesta baliza temporal surgem as empresas de extração de calcário e cré (26 para 31). A procura parece ter feito a seleção dos ramos que se expandem e que se contraem. O balanço final é de um grande equilíbrio no conjunto. O comportamento intra-territorial deixa exposto ao longo destes anos a mesma estrutura na presença de empresas ligadas à indústria extractiva se bem com ligeiras diferenças. Alcanede é a freguesia mais vincadamente ligada ao sector com cerca de 40 empresas, rondando portanto 50% do universo da AI. Mármore e calcário são as pedras mais extraídas. Serro Ventoso é também muito marcada apela atividade tendo aliás até crescido de 2004 para 2009 em mais 3 empresas. Concentram-se todas elas na Extração de mármore e outras rochas carbonatadas (8) e Extração de calcário e cré (6). PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 236 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Quadro 5.1-26: Tendências empresariais recentes nos ramos da indústria extractiva nas freguesias que integram AIE, 2004-2009 Extração de Extração de mármore e outras granito Extração de rochas ornamental e calcário e cré carbonatadas rochas similares 2004 2009 2004 2009 2004 2009 2004 2009 2004/2009 2 2 0 0 2 1 0 0 4/3 Arrimal 2 2 2 0 2 3 1 0 7/5 Mendiga 2 2 0 0 2 4 0 1 4/7 Serro ventoso 4 8 1 0 6 6 0 0 11/14 Alcobertas 0 1 1 0 1 1 1 0 3/2 Alcanede 26 21 2 6 12 12 1 0 41/39 Total 36 36 6 6 25 27 3 1 70/70 Aljubarrota (Prazeres) Extração de saibro, areia e Total pedra britada Fonte: MSTT Conclui-se, assim, por uma manutenção no passado recente da estrutura espacial da extração de pedra e dos materiais mais explorados, o que significa na verdade uma polarização nas freguesias de Alcanede e Serro Ventoso e uma polarização das empresas na exploração de Extração de mármore e outras rochas carbonatadas e Extração de calcário e cré. A estabilidade demonstrada do peso desta atividade no conjunto do universo empresarial confere-lhe também grande relevância social num contexto de regressão geral das unidades empresariais e de expansão pontual de atividades de grande fragilidade (comércio, restauração e similares). 5.2. DIAGNÓSTICO PROSPECTIVO PRELIMINAR É tempo agora de, em face à caracterização apresentada, reter os Pontos-Chave que serão úteis para fases subsequentes da elaboração do Plano. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 237 Quadro 5.2-1: Matriz de Pontos-Chave por dimensões de análise Dimensões de análise Pontos Fortes Pontos Fracos § O número de agregados familiares § Recuo demográfico ligeiro de - expandiu-se famílias, de 5001 para correspondendo 5113 a uma variação de +2,2% de 2001 para 2011. Sociodemografia § Expansão do número existente nesta área de fogos 1,7%, entre 2001 e 2011. § Diferenciação de comportamentos: as 6 freguesias – Aljubarrota/Prazeres, Alcobertas, no Alcanede, Serro Ventoso, Mendiga PNSAC entre 2001 e 2011: 921 novos e Arrimal – exibem um perfil, em alojamentos (+ 14,8% do verificado termos de dinâmica demográfica, inserida bastante distinto. em 2001). urbanas, § A dimensão média da família vai Aljubarrota (Prazeres) e Alcobertas diminuindo já que a contração foi cresceram de 2,73 para 2,63 indivíduos. § As freguesias mais acima dos 28%, acrescentando até 2011, mais de um quarto do número de fogos de 2001. § Todas as freguesias em § Mais de análise assim, noventa demolição na A1, A23, dos vagos – para ou venda, servindo de habitação secundária. qualificação dos seus residentes § A proximidade da quarto fogos do total) poderão estar, tiveram um percurso na década de extraordinário um alojamentos neste território (2045 A15 (aproximadamente a cerca de 25 km) e A8 parece não oferecer dúvidas sobre a inserção territorial privilegiada desta área. § Existência de centros de formação em Santarém, Rio Maior, Tomar, Torres Novas e Leiria bem como instituições Dinâmicas locativas de ensino superior – Instituto Politécnico de Leiria, Santarém e de Tomar. § Para o caso da Banda Larga, os concelhos e sub-regiões onde se inscreve a AI registam uma densidade apreciável de Centrais que disponibilizam o serviço admitindo-se por isso uma boa cobertura. § Instrumentos de Gestão territorial de informação e iniciativas no domínio económico do que território e qualificação das mobilizem o investimento produtivo no seio dos municípios. atividades extractivas. Dinâmicas Institucionais § Insuficiente suporte a um correto ordenamento § Densidade apreciável de associações visando o desenvolvimento territorial e/ou sectorial afigurando-se como interessantes interlocutores para o processo de planeamento. Recursos de Iniciativa § Em Rio Maior (que já se destacava em quase todas as variáveis) § A tendência recente (2006 a 2009) dá conta de um quadro regressivo PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 238 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Dimensões de análise Pontos Fortes ultrapassa-se Pontos Fracos o valor médio do atividades reparação restauração aumentaram de de comércio veículos e em e e da alojamento número de empresarial nestes § Desigual perfil empresarial já que as médias empresas chegam apenas aos 5% em Porto de Mós, Alcobaça e Rio Maior. Porto de Mós não regista a presença de unidades. § Manutenção estrutura territórios. continente para a produtividade. § As na da relevância da grandes empresas e Santarém Indústria extractiva em número de chega mesmo a deter 4 empresas unidades. com mais de 250 pessoas. § A presença das empresas nestes espaços concelhios exerce uma pressão bem menor que na média do continente. Essa incipiência é acompanhada, dimensão aliás, média por da uma empresa sempre inferior em qualquer dos 4 concelhos à dimensão média do continente. Ao mesmo tempo que a presença empresarial na sua relação com o território é frágil regista-se uma sólida polarização em torno de algumas grandes empresas. Esta persistente concentração quer do volume de vendas quer acrescentado do valor 4 maiores nas empresas em níveis que podem ser até oito vezes maiores que a média continental (cf. o caso de Rio Maior Acrescentado para Bruto o (VAB) Valor não deixa de remeter também para uma fragilidade e dependência do tecido empresarial. § Num período de 5 anos – 2004 a 2009 – o saldo foi negativo no balanço entre as empresas criadas e dissolvidas já que foram menos 22 as recenseadas em 2009 (3,4%). O tecido empresarial passou de 639 empresas para 617 neste arco temporal de 5 anos. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 239 5.3. AIE DE CABEÇA VEADA: CARACTERIZAÇÃO ECONÓMICA DA EXPLORAÇÃO São as rochas ornamentais, neste caso o calcário, a única substância explorada na AIE de Cabeça Veada. Tendo em consideração os 4 anos mais recentes para os quais foi possível recolher informação relevante (2008 a 2011), verificou-se uma considerável diminuição da quantidade produzida, principalmente a partir de 2010, com uma diminuição na ordem dos 8% relativamente ao ano anterior. Quadro 5.3-1: Substâncias e quantidade total produzida 38.515 4.466 36.334 4.414 35.232 Valor Vendas (103 €) 3.715 Quantidade Vendida (ton) 39.441 Valor Producao (103 €) Valor Vendas (103 €) 4.949 Quantidade Produzida (ton) Quantidade Vendida (ton) 38.114 2011 Valor Vendas (103 €) Valor Producao (103 €) 4.136 Quantidade Vendida (ton) Quantidade Produzida (ton) 39.492 Valor Producao (103 €) Valor Vendas (103 €) Rochas Ornamentais Quantidade Produzida (ton) Subsector/ Substância Quantidade Vendida (ton) 2010 Valor Producao (103 €) 2009 Quantidade Produzida (ton) 2008 4.308 34.523 4.424 33.386 4.315 Calcário ornamental 39.492 4.136 38.114 4.949 39.441 3.715 38.515 4.466 36.334 4.414 35.232 4.308 34.523 4.424 33.386 4.315 Total Geral 39.492 4.136 38.114 4.949 39.441 3.715 38.515 4.466 36.334 4.414 35.232 4.308 34.523 4.424 33.386 4.315 Fonte: DGEG, Estatística dos Recursos Geológicos A informação sistematizada no Quadro 5.3-1 permite extrair algumas ideias interessantes sobre a actividade desta pedreira. Destacam-se sobretudo três: - O valor de produção sofreu, entre 2008 e 2011, uma oscilação considerável, sobretudo no ano de 2009, com uma redução de 421 mil €. Ainda assim, o valor de produção aumentou a partir desse ano, chegando a valores mais elevados que dos de 2008. - As quantidades produzidas e vendidas não tiveram um comportamento semelhante ao valor de produção já que, apesar de algumas flutuações já referidas, se pressente uma tendência de aumento; O valor por tonelada produzida em Cabeça Veada (Figura 5.3-2) no quadriénio 2008-2011 deixa à vista uma certa oscilação (descida na ordem dos 10€/ton entre 2008 e 2009 e aumento gradual a partir desse ano). Não obstante esta sensação também se poderá especular sobre a volatilidade destes mercados já que variações que ocorram nos países consumidores como o Brasil, Chile ou Rússia PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 240 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| conduzem de imediato ou a uma maior pressão ou a uma descompressão do valor desta matéria-prima. 4.600 4.400 4.200 10³ € 4.000 3.800 3.600 3.400 3.200 10³ € 2008 2009 2010 2011 4.136 3.715 4.414 4.424 Figura 5.3-1: Valor da produção em Cabeça Veada entre 2008 e 2011 Fonte: DGEG - Estatística dos Recursos Geológicos 140,00 120,00 100,00 € 80,00 60,00 40,00 20,00 0,00 € 2008 2009 2010 2011 104,72 94,18 121,48 128,15 Figura 5.3-2: Valor por tonelada produzida em Cabeça Veada entre 2008 e 2011 Fonte: DGEG - Estatística dos Recursos Geológicos O perfil descrito para a produção, isto é, um quadriénio em que a quantidade produzida vai sempre diminiundo, encontra uma aderência quase perfeita no emprego (Quadro 5.3-2). Com efeito, o emprego variou da mesma forma que a quantidade produzida. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 241 Quadro 5.3-2: Pessoal ao Serviço em Cabeça Veada 2008 Nº de pessoal 59 2009 2010 51 41 2011 41 Fonte: DGEG - Estatística dos Recursos Geológicos Não obstante algumas oscilações, fica claro que o rácio valor de produção por tonelada por trabalhador (indicadores de produtividade dos recursos humanos) continuou a sair beneficiado aumentando gradualmente de 1,77 euros em 2008 para 3,13 euros três anos depois. 70 60 50 40 30 20 10 0 2008 2009 2010 2011 Figura 5.3-3: Número de pessoal ao serviço na AIE de Cabeça Veada entre 2008 e 2011 Fonte: DGEG - Estatística dos Recursos Geológicos Apesar do ganho de eficiência na utilização dos recursos humanos, no recurso a energia e a materiais necessários para a atividade da exploração parece que se verificou uma menor eficiência. Com efeito, o valor de consumo de fontes energéticas da exploração foi aumentando (com excepção de uma diminuição em 2009) entre 2008 e 2011 (cf.Figura 5.3-4), e a sua relação direta com a quantidade produzida (medida em toneladas) revela-nos que existiu um aumento nos custos energéticos para produzir uma tonelada. O valor médio em 2008 foi de 8,12 euros por tonelada tendo diminuido em 2009 e aumentado para 10,98 euros em 2010 e 14,90 euros em 2011. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 242 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 600.000 Valor de consumo (€) 500.000 400.000 300.000 200.000 100.000 0 € 2008 2009 2010 2011 320.762 310.663 399.062 514.350 Figura 5.3-4: Valor de consumo de fontes energéticas em Cabeça Veada, ente 2008 e 2011 Fonte: DGEG - Estatística dos Recursos Geológicos Este aumento é também significativo se nos referirmos aos valores envolvidos para a venda. Por cada euro de valor de venda, em 2008, correspondia um custo de 0,06 euros em energia tendo chegado aos 0,12 euros em 2011. Este significativo aumento será porventura enorme embora não se saiba se meramente conjuntural, dado a série temporal aqui utilizada ser muito limitada. Se há então algo que parece acompanhar de perto, quer os valores de produção quer, em menor escala, o emprego gerado são os valores de energia. Tendo sido quase sempre crescentes ao longo do quadriénio, o último ano viu quase duplicar os valores do consumo. Tendo no mesmo período a quantidade total produzida diminuído alguma justificação terá de existir para o aumento do valor da energia. Essa variação poderá ser explicada a partir do exterior, ou seja, dos custos da energia. Quanto aos materiais consumidos na AIE a fonte que disponibiliza esta informação registou, ao longo do quadriénio 2008-2011, uma alteração dos items considerados dificultando por essa via uma comparação interanual. De facto, os montantes incluídos na coluna “valor consumido” são bastante inferiores aos da coluna “valor de compra” podendo significar, caso representem o mesmo indicador, um aumento do consumo de materiais ou, não estarem relacionados caso representem indicadores distintos. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 243 Quadro 5.3-3: Materiais consumidos em Cabeça Veada, 2008-2011 Brocas, barrenas e bits kg Cabos de aço N.º Discos diamantados 84 1.100 16 208 398 398 6.786 757 757 5.267 537 kg Filtros (de ar, óleo, gasóleo, etc.) 537 Valor de Compras € Comprada Quantidade Consumida Quantidade Valor de 2011 Compras € Comprada Quantidade Consumida Quantidade Valor 2010 Consumido € Consumida Quantidade Valor 2009 Consumido € Consumida Unidade Materiais Quantidade 2008 14.168 0 0 240 600 600 30.000 860 860 3.695 Fio diamantado kg 100 25.000 108 25.000 195 195 37.237 212 212 10.603 Lubrificantes kg 750 2.600 750 2.700 5.271 5.271 11.621 8.490 8.490 16.248 6 6 12.000 280 280 724 Pólvora kg 30 180 Rastilho km 0,2 70 Total Geral 28.950 30 231 70 178 585 0,2 0,2 80 28.139 61.576 87.678 Fonte: DGEG - Estatística dos Recursos Geológicos Em 2011 os países que mais importaram de pedreiras portuguesas foram a China, França, Espanha e Arábia Saudita, com mais de 30 milhões de euros em transações cada um. É interessante verificar que, dos 29 países que integram o “top 1 milhão”, os maiores crescimentos de vendas entre 2010 e 2011 deram-se em países de fora da Europa, tais como Marrocos, Coreia do Sul e Brasil. Pode-se dizer que existe uma repartição equilibrada entre Europa e países extra-Europa já que o primeiro é o destino de 54% do valor das exportações de rocha portuguesa, se se tivermos em conta os 29 países desta lista com mais de um milhão de euros de compras de rochas. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 244 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Figura 5.3-5: Países importadores de minério português (mais de um milhão de euros), 2011 Igualmente relevante para a explicação das variações recentes nos valores das substâncias da pedreira está o crescimento, que se pode entender mais como pressão, promovida por alguns países emergentes e cujo consumo pela sua escala consegue alterar os valores clássicos das transações. O aumento da procura entre 2010 e 2011 de 10% por parte da China, de quase 200% de Marrocos ou de 55% do Brasil é bem explícito desta nova realidade. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 245 Quadro 5.3-4: Top 1 milhão 2010-2011 FLUXO COD. PAIS PAÍS VALOR - EUROS VALOR - 2011 EUROS 2010 CRESCIMENTO SAÍDA CN CHINA 52.521.459 48.065.507 9,27% SAÍDA FR FRANCA 49.594.955 41.646.653 19,09% SAÍDA ES ESPANHA 40.280.237 45.448.365 -11,37% SAÍDA SA ARABIA SAUDITA 30.010.598 29.913.981 0,32% SAÍDA DE ALEMANHA 15.777.736 17.714.319 -10,93% SAÍDA GB REINO UNIDO 12.303.838 15.868.464 -22,46% SAÍDA US ESTADOS UNIDOS 10.894.165 11.257.055 -3,22% SAÍDA AO ANGOLA 10.472.968 10.555.184 -0,78% SAÍDA NL PAISES BAIXOS 9.250.790 9.737.609 -5,00% SAÍDA IT ITALIA 8.590.077 9.129.832 -5,91% SAÍDA BE BELGICA 7.203.091 5.550.166 29,78% SAÍDA SE SUECIA 4.406.996 4.093.157 7,67% SAÍDA DK DINAMARCA 4.333.914 3.997.970 8,40% SAÍDA MA MARROCOS 4.275.639 1.452.989 194,27% SAÍDA KR COREIA DO SUL 3.741.149 1.920.256 94,83% SAÍDA CH SUICA 3.445.888 3.073.425 12,12% SAÍDA BR BRASIL 2.410.294 1.547.942 55,71% SAÍDA TW TAIWAN 2.256.031 1.744.044 29,36% SAÍDA AT AUSTRIA 2.107.981 1.683.156 25,24% SAÍDA AE EMIRATOS ARABES UNIDOS 1.977.079 3.600.446 -45,09% SAÍDA NO NORUEGA 1.787.563 1.948.621 -8,27% SAÍDA LB LIBANO 1.621.883 2.008.679 -19,26% SAÍDA LU LUXEMBURGO 1.582.258 1.213.875 30,35% SAÍDA JP JAPAO 1.345.874 1.353.611 -0,57% SAÍDA IN INDIA 1.327.353 1.100.759 20,59% SAÍDA SG SINGAPURA 1.249.262 822.184 51,94% SAÍDA PL POLONIA 1.135.741 1.120.166 1,39% SAÍDA IE IRLANDA 1.017.108 1.949.992 -47,84% SAÍDA HK HONG-KONG 1.001.746 1.517.657 -33,99% PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 246 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 5.4. CARACTERIZAÇÃO EMPRESARIAL No âmbito da elaboração do presente instrumento de gestão territorial foi levado a efeito um processo de auscultação das empresas presentes da Área de Intervenção Específica de Cabeça Veada. Das três empresas inquiridas, uma não respondeu. Ainda assim, os resultados obtidos merecem que deles se faça uma breve apresentação, reflexão e articulação com o que ficou referido nos pontos anteriores. Importa também referir que nestes dois inquéritos preenchidos a qualidade da informação recolhida levanta dificuldades para uma análise mais aprofundada. Por exemplo, o facto da existência de empresas com dinâmicas diferentes face ao emprego não se torna possível de aprofundar nestas condições. Suporte à Comunidade Uma das duas empresas que responderam revelou alguma sensibilidade e preocupação com as comunidades locais através de donativos à Junta de Freguesia. Suporte ao emprego Os trabalhadores das empresas inquiridas são oriundos tanto da própria freguesia e de freguesias próximas como de concelhos vizinhos. O recurso a população imigrante verifica-se num dos casos, apesar de ter vindo a diminuir ao longo dos anos. Não foi possível, por escassez de respostas conhecer com limpidez o sentido da dinâmica do recrutamento de mão-de-obra. De acordo com as respostas obtidas a realidade é bastante heterogénea, havendo um caso onde o número de funcionários aumentou e outro em que esse valor diminuiu. Apoio Institucional A atividade empresarial é sujeita a um alargado conjunto de condicionantes institucionais e legais onde as autarquias surgem com grande destaque. No caso das empresas inquiridas na Área de Intervenção Específica de Cabeça Veada não só não se registam problemas neste domínio como ainda são explicitamente classificadas como boas as relações com a Câmara Municipal de Porto de Mós e com a Junta de Freguesia de Mendiga. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 247 Externalidades positivas Em busca da delimitação de alguns dos efeitos multiplicadores desta atividade no meio empresarial local, a totalidade das empresas inquiridas deixou expresso que sempre que possível recorrem aos serviços e bens disponíveis localmente o que deixa perceber efeitos indiretos positivos no emprego concelhio que no entanto não é possível com esta informação quantificar. Externalidades negativas Para além das externalidades positivas geradas no emprego e restante tecido empresarial, a opinião dos dois empresários que responderam ao questionário encontra-se dividida: um julga que a actividade da pedreira pode ter uma interferência negativa sobre outras, como por exemplo, o turismo, dado que poderá estar próxima das áreas com maior atratividade e recursos interessantes para essa atividade; e o outro empresário tem a opinião que não é pela pedreira que não têm surgido novas iniciativas. Ainda com relação às externalidades negativas destaca-se igualmente a posição dos empresários quanto à ausência ou desconhecimento da existência de reclamações quanto ao ruído, qualidade do ar, vibrações ou outros problemas. Prospectiva O quadro a médio e a longo prazo foi apenas dicutido por uma das empresas inquiridas, ficando a sensação global que este universo empresarial terá futuro desde que haja organização e resolução de problemas ambientais. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 248 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Quadro 5.4-1: Matriz de respostas da AIE de Cabeça Veada Questão 1 A empresa dá contribuições (entre outras formas de mecenato) ao município, associações religiosas, desportivas, educativas? Questão 2 Questão 3 Questão 4 Dos trabalhadores da Quantos trabalhadores pedreira/empresa possui? Evolução nos Existe quantos pertencem últimos três anos dificuldade freguesia/concelho e aos (aumentou, estagnou ou no concelhos vizinhos? diminuiu? ) recrutament o de recursos humanos? Freg/conc Conc. viz. Nº trab. Evolução Questão 5 Tem de recorrer a imigrantes? Se sim porquê (qualificações, remunerações , …)? Rec. Imig. Porquê Questão 6 Questão 7 Questão 8 Questão 9 Acha que a sua Utiliza s erviços/actividades do Como classifica a relação Existem reclamações actividade pode Concelho ou dos concelhos com as autarquias (ruído, qualidade do ar, inibir o vizinhos (restauração, (Câmara Municipal e vibrações, etc). Se sim, aparecimento contabilidades, transportadoras, freguesia)? Porquê? de quem? ou o manutenção, …)? Se não porquê? desenvolviment o de outras por exemplo o turis mo? Serv/act Porquê Relação Porquê Reclam. De quem Questão 10 Como vê o futuro da empresa? E des ta pedreira? Questionário 1 Questionário 2 0 Al guns da fregues ia da Sempre que Mendi ga, s ão a borda dos - Al ca nede, Questionário 3 Junta de Ca sa is Fregues ia da Moni zes – Mendi ga Concel ho Sa ntarém/ Porto de Mós Concelho de Al coba ça ↓ Boa Eram 5. A procura baixou Nã o exi s ti u di fi cul dade . Até Houve a pa recem a umento pess oa s a entre 2011 e pedi r 2012 (+/-3) emprego ↑ Sã o portugueses . Já ti veram ma is i mi gra nte s. Atualmente têm a pena s 2 Ini bi r Se exi s ti r organi za çã o vê o futuro bom. Junta de fregues i a e Câ ma ra têm óti mas rela ções Normalmente s ó s ervi ços da regi ã o. A empres a tem 2 ca mi ões. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | Nã o 249 Nã o Acha que nã o i ni be. O probl ema é que não têm e xi s ti do i ni ci a ti va s Se nã o exi s ti r orga ni za çã o, resoluçã o de probl ema s ambienta is, se nã o for col oca do na práti ca e ntão a s pedrei ra s a ca ba m 6. SERVIDÕES E RESTRIÇÕES DE UTILIDADE PÚBLICA Neste capítulo serão analisadas as condicionantes legais, pois importa desde logo perceber as condicionantes de ordem legal que vigoram para a área de intervenção, quer no sentido de as respeitar na sua base jurídica, quer também de as interpretar na sua lógica de descritores operacionais de características relevantes do território. Para a análise das condicionantes legais foi consultada a publicação Servidões e Restrições de Utilidade Pública, DGOTDU, edição digital de Setembro de 2011 e legislação aplicável para cada caso. As servidões e restrições de utilidade pública presentes na área de intervenção encontram-se representadas graficamente no Desenho OT–02 - Planta Condicionantes e correspondem a: RECURSOS NATURAIS FONTE: Recursos hídricos Carta Militar de Portugal (série M888, editada em 2004), à escala 25k (IGEOE). Domínio Hídrico Recursos agrícolas e florestais Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, 2012 Regime Florestal (ex-Autoridade Nacional Florestal) Recursos ecológicos Áreas Protegidas Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, 2011 Rede Natura 2000 Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, 2011 INFRAESTRUTURAS Rede eléctrica Postes eléctricos de alta, média e baixa tensão Levantamento topográfico, 2011 PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 250 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| de 6.1. RECURSOS HÍDRICOS 6.1.1. DOMÍNIO HÍDRICO A constituição de servidões administrativas e restrições de utilidade pública relativas ao Domínio Hídrico segue o regime previsto na Lei nº 54/2005, de 15 de Novembro, na Lei nº 58/2005, de 29 de Dezembro (com as alterações introduzidas Decreto-Lei nº 130/2012 de 22 de Junho) e no Decreto-Lei nº 226-A/2007, de 31 de Maio. Na área de intervenção, existem dois troços de linha de água não navegáveis nem flutuáveis, apresentando uma servidão de 10 metros para cada lado. De acordo com n.º 1 do artigo 60.º da Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro, para a extracção de inertes é necessário obter licença da entidade competente. O Artigo 67º define as normas do Regime das licenças: 1 - A licença confere ao seu titular o direito a exercer as actividades nas condições estabelecidas por lei ou regulamento, para os fins, nos prazos e com os limites estabelecidos no respectivo título. 2 - A licença é concedida pelo prazo máximo de 10 anos, consoante o tipo de utilizações, e atendendo nomeadamente ao período necessário para a amortização dos investimentos associados. 3 - A licença pode ser revista em termos temporários ou definitivos pela autoridade que a concede: a) No caso de se verificar alteração das circunstâncias de facto existentes à data da sua emissão e determinantes desta, nomeadamente a degradação das condições do meio hídrico; b) No caso de necessidade de alteração das suas condições para que os objectivos ambientais fixados possam ser alcançados nos prazos legais; c) Para adequação aos instrumentos de gestão territorial e aos planos de gestão de bacia hidrográfica aplicáveis; d) No caso de seca, catástrofe natural ou outro caso de força maior. 4 - Por força da obtenção da licença de utilização e do respectivo exercício são devidas: a) Uma taxa de recursos hídricos; PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 251 b) Uma caução adequada destinada a assegurar o cumprimento das obrigações do detentor do título que sejam condições da própria utilização. 6.2. 6.2.1. RECURSOS AGRÍCOLAS E FLORESTAIS REGIME FLORESTAL A área de intervenção é abrangida por uma área sujeita ao regime florestal, denominado por Serra dos Candeeiros (Núcleo de Porto de Mós), encontrando-se sob gestão directa do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (Fonte: http://www.afn.min-agricultura.pt/portal/gestao-florestal/regflo/perimetros-florestais). Os Perímetros Florestais são constituídos por terrenos baldios, autárquicos ou particulares e estão submetidos ao Regime Florestal Parcial por força dos Decretos dos anos de 1901 e 1903, e demais legislação complementar. O Regime Florestal é o conjunto de disposições destinadas a assegurar não só a criação, exploração e conservação da riqueza silvícola, sob o ponto de vista da economia nacional, mas também o revestimento florestal dos terrenos cuja arborização seja de utilidade pública, e conveniente ou necessária para o bom regime das águas e defesa das várzeas, para a valorização das planícies áridas e benefício do clima, ou para a fixação e conservação do solo, nas montanhas, e das areias, no litoral marítimo (parte IV, artigo 25.º, do Decreto de 24 de Dezembro de 1901). O regime florestal decorre dos artigos 26º a 38º do Código Florestal aprovado pelo Decreto-Lei nº 254/2009, de 24 de Setembro cuja entrada em vigor foi prorrogada por 360 dias pela Lei nº 116/2009, de 23 de Dezembro e por mais 365 dias pela Lei n.º 1/2011 de 14 de Janeiro. No entanto, a Lei nº 12/2012 de 13 de Março revoga o Código Florestal, mantendo-se em vigor o quadro legal existente à data de publicação do Decreto -Lei n.º 254/2009, de 24 de Setembro. De acordo com o estabelecido no n.º 1 do Despacho Conjunto de 15 de Fevereiro de 1991, publicado no n.º 54 do DR (II Série), de 6 de Março de 1991, “nos processos tendentes à desafectação de áreas sujeitas ao regime florestal total ou parcial, a PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 252 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Direcção-Geral das Florestas(35) deve, antes de submeter o processo ao Ministro da Agricultura, Pescas e Alimentação(2), solicitar parecer à CCDR competente em razão do território (...)”. O parecer da CCDR deve ser emitido no prazo de 30 dias após a recepção do pedido, sob pena de ser considerado favorável (informação disponível em https://www.ccdrc.pt/). 6.3. 6.3.1. RECURSOS ECOLÓGICOS ÁREAS PROTEGIDAS A área de intervenção encontra-se abrangida pelo Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, criado pelo Decreto-Lei nº 118/79, de 4 de Maio, tendo como objecto central uma amostra significativa do maciço calcáreo estremenho, singular pela sua geologia e pela humanização da sua paisagem, e cujos valores naturais aí presentes se impunha salvaguardar. A servidão constituiu-se com a publicação do diploma que procede à classificação da área protegida, efectuada ao abrigo do Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de Julho ou de legislação anterior (Lei n.º 9/70, DL n.º 613/76 ou DL n.º 19/93 todos revogados). As áreas classificadas como áreas protegidas constituem a Rede Nacional de Áreas Protegidas que integra o Sistema Nacional de Áreas Classificadas da Rede Fundamental de Conservação da Natureza (art. 5.º e art. 10.º n.º1 do DL n.º 142/2008). Nas áreas protegidas, todos os projectos de instalação das actividades constantes do anexo II do DL n.º 69/2000 com as características indicadas na coluna áreas sensíveis estão sujeitos a avaliação de impacte ambiental (AIA) (art. 1º e 2º do DL n.º 69/2000 republicado pelo DL 197/2005). O Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros, aprovado pela Portaria nº 21/88 de 12 de Janeiro, foi revisto e publicado pela Resolução do Conselho de Ministros nº 57/2010 de 12 Agosto. O Plano de Ordenamento das Serra de Aire e Candeeiros tem a natureza jurídica de regulamento administrativo e com ele se devem conformar os planos municipais e intermunicipais de ordenamento do território, bem como os programas e projectos, de iniciativa (1) Actualmente designado por Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (2) Actualmente designado por Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAMAOT) PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 253 pública ou privada a realizar na área do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. O POPNSAC estabelece os regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais e fixa o regime de gestão a observar na sua área de intervenção, com vista a garantir a conservação da natureza e da biodiversidade, a geodiversidade, a manutenção e a valorização da paisagem, a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento económico das populações locais (ponto 1 do Artigo 2.º). De acordo com o ponto 2 do Artigo 2.º constituem objectivos gerais do POPNSAC: “a) Assegurar, à luz da experiência e dos conhecimentos científicos adquiridos sobre o património natural desta área, uma estratégia de conservação e gestão que permita a concretização dos objectivos que presidiram à criação do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros; b) Corresponder aos imperativos de conservação dos habitats naturais, da fauna e flora selvagens protegidas, nos termos do Decreto -Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, na redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro; c) Fixar o regime de gestão compatível com a protecção e a valorização dos recursos naturais e com o desenvolvimento das actividades humanas em presença, tendo em conta os instrumentos de gestão territorial convergentes na área protegida; d) Determinar, atendendo aos valores em causa, os estatutos de protecção adequados às diferentes áreas, bem como definir as respectivas prioridades de intervenção”. De acordo com o Artigo 24º - Áreas sujeitas a exploração extractiva, onde se inclui a área de intervenção, “devem ser elaborados planos municipais de ordenamento do território visando o estabelecimento de medidas de compatibilização entre a gestão racional da extracção de massas minerais, a recuperação das áreas degradadas e a conservação do património natural existente tendo em conta os valores e a sensibilidade paisagística e ambiental da área envolvente”. É com base neste enquadramento legal que se encontra em elaboração o presente plano de intervenção em espaço rural. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 254 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 6.3.2. REDE NATURA 2000 A área de intervenção foi incluída na Lista Nacional de Sítios – 2ª Fase (Sítio PTCON0015 – Serras de Aire e Candeeiros), publicada pela Resolução do Conselho de Ministros nº 76/2000, de 5 de Julho, no âmbito da Rede Natura 2000. A Rede Natura 2000 é uma rede ecológica europeia que resulta da aplicação de duas directivas comunitárias distintas — a Directiva Aves e a Directiva Habitats — transpostas para o direito interno pelo Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro. A Rede Natura 2000 engloba as áreas classificadas como Zonas Especiais de Conservação (Z E C) e as áreas classificadas como Zonas de Protecção Especial (Z P E) – art. 4.º do DL n.º 140/99. Os instrumentos de gestão territorial aplicáveis nas Z.E.C. e nas Z.P.E. devem garantir a conservação dos habitats e das populações das espécies em função dos quais as referidas zonas foram classificadas (art. 8.º, n.º 1 do DL n.º 140/99). Para este efeito, os instrumentos de gestão territorial devem conter as medidas de conservação que satisfaçam as exigências ecológicas dos tipos de habitats naturais e sejam adequadas para evitar a poluição ou a deterioração dos habitats e para evitar as perturbações que afectem as aves para as quais as Z.E.C. e as Z.P.E. foram classificadas (art. 7.º, n.º 1, 7.º - B e 8º, n.º 1 do DL n.º 140/99). De acordo com o DL n.º 140/99 os projectos no âmbito da indústria extractiva que abrangem sítios Natura 2000 não se encontram excluídos e deverão ser alvo de uma avaliação adequada. No âmbito da elaboração do plano de intervenção em espaço rural será elaborado a avaliação ambiental estratégica, que tem como objectivo assegurar que os eventuais efeitos de determinados planos e programas no ambiente sejam identificados, avaliados e tomados em consideração durante a sua preparação e antes da aprovação. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 255 6.4. 6.4.1. INFRAESTRUTURAS REDE ELÉCTRICA De acordo com o levantamento topográfico elaborado para o presente Plano, na área de intervenção existem postes eléctricos de média e alta. A pesquisa e exploração de massas minerais não pode ser licenciada nas zonas de terreno que circundam edifícios, obras, instalações, monumentos, acidentes naturais, áreas ou locais classificados de interesse científico ou paisagístico (art. 4º, nº 1 do DL nº 270/2001 alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 340/2007, de 12 de Outubro). Tais zonas designam-se por zonas de defesa e devem observar as distâncias fixadas em portaria de cativação ou, na falta destas, as seguintes distâncias medidas a partir da bordadura da escavação (art. 4º, nº 1 e anexo II do DL nº 270/2001). No que respeita aos postes eléctricos de média e alta tensão deverá ser contemplada uma faixa de protecção de 30 m de raio e de 20 m para os postes de baixa tensão. Quadro 6.4-1: Servidões e Restrições de Utilidade Pública SERVIDÃO E CONSEQUÊNCIAS DA RESTRIÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA SERVIDÃO/COMPATIBILIDADE COM A INDÚSTRIA EXTRACTIVA PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO RECURSOS NATURAIS Recursos hídricos Domínio Hídrico Na área de intervenção, existem troços de linha de água não navegáveis nem flutuáveis. 58/2005, de 29 de Dezembro, para a extracção metros para cada lado. de inertes é necessário obter licença da entidade competente (APA – Agência Portuguesa do Ambiente) Compatível De acordo com o estabelecido no n.º 1 do Constituição da servidão: 10 Recursos agrícolas De acordo com n.º 1 do artigo 60.º da Lei n.º e florestais Regime Florestal Despacho Conjunto de 15 de Fevereiro de 1991, publicado no n.º 54 do DR (II Série), de 6 de Março de 1991, “nos processos tendentes à desafectação de áreas sujeitas ao regime florestal total ou parcial, a Direcção-Geral das Florestas(36) deve, antes de submeter o processo ao Ministro da Agricultura, Pescas e Alimentação(2), solicitar parecer à CCDR competente em razão do território (...)”. O parecer da CCDR deve ser emitido no prazo de 30 dias após a recepção do pedido, sob (1) (2) Actualmente designado por Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas Actualmente designado por Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAMAOT) PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 256 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| SERVIDÃO E RESTRIÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA CONSEQUÊNCIAS DA SERVIDÃO/COMPATIBILIDADE COM A INDÚSTRIA EXTRACTIVA PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO pena de ser considerado (informação disponível https://www.ccdrc.pt/). favorável em Recursos ecológicos Áreas Protegidas – Parque Compatível Nas áreas protegidas, todos os projectos de instalação das actividades constantes do anexo II do DL n.º 69/2000 com as características indicadas na coluna áreas sensíveis estão sujeitos a avaliação de impacte ambiental (AIA) (art. 1º e 2º do DL n.º 69/2000 republicado pelo DL 197/2005). Compatível De acordo com o DL n.º 140/99 os projectos no âmbito da indústria extractiva que abrangem sítios Natura 2000 não se encontram excluídos e deverão ser alvo de uma avaliação adequada. No âmbito da elaboração do plano de intervenção em espaço rural será elaborado a avaliação ambiental estratégica, Natural das Serras de Candeeiros Aire e Rede Natura 2000 – PTCON0015 – Serra de Aire e Candeeiros que tem como objectivo assegurar que os eventuais efeitos de determinados planos e programas no ambiente sejam identificados, avaliados e tomados em consideração durante a sua preparação e antes da aprovação. INFRAESTRUTURAS Rede eléctrica Compatível, sujeita a servidão Constituição da servidão: 30 m de raio para postes eléctricos de média e alta tensão (art. 4º, nº 1 e anexo II do DL nº 270/2001 de 6 de Outubro) 7. PRÉ-PROPOSTA DE ORDENAMENTO A elaboração do Plano de Pormenor na Modalidade de Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça Veada (PIERCV) assenta, num conhecimento do território a uma escala de grande detalhe. Um dos principais objectivos deste Plano era a realização de estudos atualizados, nas diversas temáticas, por forma a fundamental a tomada de decisões. Pretende-se a definição de um modelo territorial que permita a identificação dos locais susceptíveis de exploração, onde a qualidade do recurso geológico, os valores ecológicos e a sensibilidade ambiental são conciliáveis. Assim, no âmbito do presente Plano foi apresentada a caracterização e diagnóstico da área de intervenção, nomeadamente: PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 257 § Caracterização e delimitação de áreas com aptidão para a exploração de rocha ornamental; § Caracterização da fauna, flora e sensibilidade ecológica; § Caracterização hidrogeológica nomeadamente no que respeita à vulnerabilidade dos recursos hídricos subterrâneos; § Caracterização recursos hídricos superficiais; § Caracterização e análise da evolução da ocupação do solo nas duas últimas décadas; § Caracterização dos valores patrimoniais e paisagísticos; § Caracterização social da área de intervenção e análise comparativa com o concelho e região; § Enquadramento nos Instrumentos de Gestão Territorial com incidência na área de intervenção; § Análise às Servidões e Restrições de Utilidade Pública; § Cartografia temática. Nos pontos seguintes será apresentada a metodologia utilizada na construção do Modelo Terriorial. Serão apresentados os objectivos gerais e específicos; diferentes cenários e uma primeira abordagem à Planta de Implantação que se designa por PréProposta de Ordenamento, tendo em conta os principais descritores identificados na fase de Caracterização e Diagnóstico. A Pré-Proposta de Ordenamento encontra-se representada no Desenho OT – 01. 7.1. METODOLOGIA A área de intervenção insere-se no Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros, encontrando-se associado à exploração de massas minerais. Actividades como a agricultura e a silvicultura não constituem actividades determinantes nesta área. A presença do recurso geológico é evidente, e até os sistemas ecológicos mais interessantes estão associados às características geológicas existentes. Torna-se, pois, necessário identificar e refletir sobre a aptidão e os condicionalismos do território, valorizando as suas características, privilegiando a presença dos recursos naturais existentes. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 258 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| A identificação das aptidões e condicionantes na área de intervenção, assim como as directrizes identificadas na Avaliação Ambiental Estratégica deverão contribuir para a definição da Estratégia de Desenvolvimento Territorial e do Modelo de Organização Territorial. A presente análise pretende ser um contributo de base para a matriz estratégica de ocupação e gestão territorial, no sentido do conhecimento preciso da área de intervenção, que permita assim apresentar propostas de transformação do uso do solo compatíveis com as condicionantes e aptidões presentes no local, numa perspectiva sustentável das actividades humanas e da sua relação com o território. No esquema seguinte encontram-se representados os conteúdos elaborados na 1ª Fase do PIERCV, dividido em 2 Etapas: 1) Caracterização e Diagnóstico; 2) Proposta de Ordenamento e 3 componentes: 1) Análise dos Instrumentos de Gestão Territorial com incidência na área de intervenção; 2) Caracterização e Diagnóstico para as diversas temáticas e, 3) Servidões e Restrições de Utilidade Pública. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 259 ANÁLISE DOS INSTRUMENTOS DE CARACTERIZAÇÃO DA SERVIDÕES E RESTRIÇÕES DE GESTÃO TERRITORIAL ÁREA DE INTERVENÇÃO UTILIDADE PÚBLICA § Plano Nacional de Política de Ordenamento CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO do Território § Plano Regional de Ordenamento do Território Centro § Plano Regional de Ordenamento Florestal Centro Litoral § Plano Sectorial da Rede Natura 2000 § Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo § Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros § Plano Director Municipal de Porto de Mós § Geologia § Recursos hídricos: - § Solos Domínio hídrico § Biologia § Recursos Hídricos Subterrâneos § Recursos Hídricos Superficiais § Recursos agrícolas e florestais: - Regime florestal § Ocupação do Solo § Paisagem § Recursos ecológicos: § Património geológico - Área Protegida § Património cultural - Rede Natura 2000 § Qualidade do ar § Ruído § Infraestruturas: - § Sócio-economia Rede eléctrica - postes eléctricos de média e alta tensão § Áreas recuperadas § Pedreiras licenciadas § Garantir a compatibilidade e conformidade ORDENAMENTO PROPOSTA DE com os Instrumentos de Gestão Territorial de hierarquia superior § Alteração aos Regimes de Protecção da AIE definidos no POPNSAC § Definição de um modelo territorial que permita a identificação dos locais susceptíveis de exploração, onde a qualidade do recurso geológico, os valores ecológicos e a sensibilidade ambiental são conciliáveis PLANTA DE IMPLANTAÇÃO E REGULAMENTO § Identificação das consequências servidões e restrições de utilidade pública § Identificação dos procedimentos administrativos PLANTA DE CONDICIONANTES PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 260 das biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| A Análise dos Instrumentos de Gestão Territorial (IGT) com incidência na área de intervenção permitiu a identificação de directrizes e orientações a contemplar no presente Plano, por forma a garantir a compatibilidade e conformidade com os IGT de hierarquia superior. A Caracterização e Diagnóstico permitiu a identificação das variáveis mais relevantes: na geologia - a presença do recurso geológico para exploração de rocha ornamental, na biologia - os valores excepcionais e altos e a presença de áreas recuperadas. Foram também identificadas as Servidões e Restrições de Utilidade Pública e respectivas consequências, assim como os procedimentos administrativos que deverão ser despoletados na implementação do Plano. A Proposta de Ordenamento deverá contemplar uma proposta de zonamento que permita a identificação de áreas compatíveis com a indústria extractiva e de áreas preferenciais para a conservação da natureza. O PIER de Cabeça Veada será constituído pela Planta de Implantação, Planta de Condicionantes e Regulamento e acompanhado por um conjunto de plantas temáticas e relatórios de fundamentação. A componente do Ordenamento do Território tem a responsabilidade de “colar” ao território a visão estratégica que vai sendo trabalhada pelas várias temáticas. Ou seja, a resolução de conflitos, a fase de negociação e a capacidade de fechar acordos são etapas primordiais no processo de desenvolvimento do PIER. A fase de Caracterização e Diagnóstico, e a definição da metodologia para a proposta de ordenamento contou com o acompanhamento contínuo do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. A proposta de ordenamento a desenvolver deverá contar com as seguintes etapas: PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 261 1. DEFINIÇÃO DOS OBJECTIVOS GERAIS E OBJECTIVOS ESPECÍFICOS 2. ELABORAÇÃO DE DIFERENTES CENÁRIOS EM FUNÇÃO DA PRESENÇA DO RECURSO GEOLÓGICO E DA SENSIBILIDADE AMBIENTAL 3. ELABORAÇÃO DE CARTOGRAFIA TEMÁTICA QUE TRADUZA UM MODELO DE PLANEAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL 4. DEFINIÇÃO DE UM MODELO TERRITORIAL COM A IDENTIFICAÇÃO DOS LOCAIS SUSCEPTÍVEIS DE EXPLORAÇÃO, ONDE A QUALIDADE DO RECURSO GEOLÓGICO, OS VALORES ECOLÓGICOS E A SENSIBILIDADE AMBIENTAL SÃO CONCILIÁVEIS 5. ANÁLISE DO POPNSAC: DISPOSIÇÕES REGIMES DE PROTECÇÃO REGULAMENTARES A APLICAR NO PIERCV E ALTERAÇÃO DOS 6. DEFINIÇÃO DE MODELO DE PARCERIA ENTRE AS ENTIDADES ENVOLVIDAS, AGENTES LOCAIS, EXPLORADORES, TENDO POR MISSÃO O FINANCIAMENTO DE INICIATIVAS QUE PROMOVAM O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DA BIODIVERSIDADE , COM BASE NA VALORIZAÇÃO AMBIENTAL DOS RECURSOS NATURAIS E PATRIMONIAIS , PARA A COMPENSAÇÃO E RECUPERAÇÃO DO CUSTO AMBIENTAL CAUSADO PELA IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO No presente relatório serão apresentadas as etapas 1, 2, 3 e 4 que serão desenvolvidas e concretizadas na 2ª Fase - Proposta de Plano, bem como as etapas 5 e 6. 7.2. OBJECTIVOS GERAIS E OBJECTIVOS ESPECÍFICOS ETAPA 1 • DEFINIÇÃO DOS OBJECTIVOS GERAIS E OBJECTIVOS ESPECÍFICOS A elaboração do Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça Veada (PIERCV) tem como objectivo a definição do ordenamento e planeamento territorial da indústria extractiva e a identificação de factores críticos de natureza ambiental, social e económica que poderão condicionar as propostas de ordenamento do território. O Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça Veada, deverá constituir uma referência e marcar uma viragem na forma como é visto o sector da indústria extractiva em Portugal. Pelo fato de se encontrar inserida dentro duma área protegida, impõe responsabilidades acrescidas no usufruto e gestão deste território. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 262 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Torna-se indispensável a procura de uma estratégia de desenvolvimento que permita conciliar a salvaguarda das áreas de maior valor natural com um modelo de utilização humana do território, e contribua para a sua valorização numa perspectiva de desenvolvimento sustentável. Pretende-se conciliar essa estratégia de desenvolvimento sustentável, através do cumprimento dos seguintes objectivos gerais e específicos: OBJETIVOS GERAIS • Definir as regras de ocupação e gestão do território das áreas extrativas existentes e potenciais, valorizando o recurso geológico e preservando os valores naturais; • Estabelecer condições para o desenvolvimento da indústria extractiva; • Minimizar os impactes ambientais e paisagísticos resultantes do desenvolvimento da atividade extrativa; • Promover o desenvolvimento sustentável e a conservação da natureza e da biodiversidade, com base na valorização ambiental dos recursos naturais, patrimoniais e paisagísticos. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Definir áreas preferenciais para a exploração de massas minerais; • Definir áreas preferenciais para a conservação da natureza; • Estabelecer diretrizes para a implementação do projeto integrado e desenvolvimento do plano de gestão de resíduos; • Desenvolver um programa de execução que garanta o cumprimento de ações de qualificação territorial, valorização patrimonial e paisagística e requalificação ambiental, nomeadamente nos recursos hídricos subterrâneos; • Definir modelo de parceria entre as entidades envolvidas, agentes locais, exploradores, que deverá ter por missão o financiamento de iniciativas que visem a compensação e recuperação do custo ambiental causado pela implementação do Plano. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 263 7.3. ELABORAÇÃO DE CENÁRIOS ETAPA 2 • ELABORAÇÃO DE DIFERENTES CENÁRIOS EM FUNÇÃO DA PRESENÇA DO RECURSO GEOLÓGICO E DA SENSIBILIDADE AMBIENTAL Da Caracterização e Diagnóstico realizada nos capítulos anteriores pode afirmar-se que a área de intervenção do Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça Veada constitui um território de recursos geológicos e valores naturais. A exploração do recurso geológico pela actividade da indústria extractiva tem conduzido a situações de degradação ambiental, não desejáveis, carecendo de uma resposta urgente. A presença de valores naturais, traduz-se na presença de espécies da Flora Protegida e biótopos de alimentação. Colocam-se diversas questões: Qual o peso de cada um dos factores? Como conseguir a sustentabilidade da área de intervenção? APTIDÃO GEOLÓGICA PARA EXPLORAÇÃO DE ROCHA ORNAMENTAL VALORAÇÃO BIOLÓGICA PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 264 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| A dualidade que caracteriza o contexto de referência deste Plano, impõe uma estratégia orientada para a concretização de um modelo de ordenamento, que consiga impor uma valorização territorial, e que consiga minimizar e compensar os impactes ambientais gerados pela indústria extractiva. APTIDÃO GEOLÓGICA PARA EXPLORAÇÃO DE ROCHA ORNAMENTAL COMPATIBILIZAÇÃO ENTRE A APTIDÃO GEOLÓGICA PARA EXPLORAÇÃO DE ROCHA ORNAMENTAL E A VALORAÇÃO BIOLÓGICA VALORAÇÃO BIOLÓGICA No âmbito da Pré-Proposta de Ordenamento foram elaborados 3 cenários que se apresentam no Quadro 7.3-2. No cenário 1, considera-se a apenas a presença do recurso geológico com aptidão para exploração de rocha ornamental. No cenário 2, os valores excepcionais e altos da biologia sobrepõem-se à presença do recurso geológico. O cenário 3, contempla a compatibilização entre a aptidão geológica para exploração de rocha ornamental e a valoração biológica, que deverá ser atingida com o estabelecimento de medidas de compensação. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 265 Quadro 7.3-1: Situação Actual – trabalhos realizados no âmbito do PIER Cabeça Veada DESCRITOR APTIDÃO GEOLÓGICA PARA EXPLORAÇÃO DE ROCHA ORNAMENTAL VALORAÇÃO BIOLÓGICA Área (ha) % Presença recurso 24.99 86.17 Ausência recurso 4.01 13.83 Excepcional 1.26 4.35 Alta 8.03 27.62 Média / Baixa 19.82 68.14 Quadro 7.3-2: Cenários elaborados no âmbito do PIER de Cabeça Veada Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Aptidão geológica para Valoração Biológica Compatibilização entre a exploração rocha Aptidão geológica para ornamental exploração rocha ornamental e a valoração biológica Área (ha) % Área (ha) % Área % 24.99 86.17 19.82 68.14 15.68 54.20 4.01 13.83 9.31 31.97 4.01 13.83 -- -- -- -- 9.31 31.97 ÁREAS PREFERENCIAIS PARA A INDÚSTRIA EXTRATIVA IMCOMPATIBILIDADE COM A INDÚSTRIA EXTRATIVA ÁREAS COMPATÍVEIS COM A INDÚSTRIA EXTRATIVA SUJEITAS A MEDIDAS DE COMPENSAÇÃO Este processo foi acompanhado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e foi estabelecido que a Proposta de Ordenamento deveria ser desenvolvida para o Cenário 3 - Compatibilização entre a aptidão geológica para exploração de rocha ornamental e a valoração biológica, que deverá ser atingida com o estabelecimento de medidas de compensação. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 266 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 7.4. MODELO DE PLANEAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL ETAPA 3 • ELABORAÇÃO DE CARTOGRAFIA TEMÁTICA QUE TRADUZA UM MODELO DE PLANEAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL Como referido anteriormente, os factores relevantes para a definição da proposta de ordenamento correspondem a: geologia áreas recuperadas e existência de recurso geológico aptidão geológica PIER CABEÇA VEADA biologia áreas recuperadas a manter valores excepcionais e altos Nesta fase do Plano, foi construída diversa cartografia temática, que se encontram representados nas diversas planta e representados nas figuras que a seguir se apresentam. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 267 Figura 7.4-1: Aptidão geológica para exploração de rocha ornamental Figura 7.4-2: Valoração biologia Figura 7.4-3: Áreas recuperadas (Anexo 3 do POPNSAC) ETAPA 4 • DEFINIÇÃO DE MODELO TERRITORIAL COM A IDENTIFICAÇÃO DOS LOCAIS SUSCEPTÍVEIS DE EXPLORAÇÃO, ONDE A QUALIDADE DO RECURSO GEOLÓGICO, OS VALORES ECOLÓGICOS E A SENSIBILIDADE AMBIENTAL SÃO CONCILIÁVEIS Não basta caracterizar e delimitar um território, publicar um diploma legal que identifique os respectivos limites e os órgãos directivos, e elaborar um plano de ordenamento que defina um zonamento e aprove um regulamento que estabeleça as restrições e condicionantes ao seu uso. Estas são, apesar de tudo, as medidas mais fáceis de concretizar. Constitui, no entanto, uma forma de gestão passiva, uma vez que assentam numa atitude defensiva e reactiva, que apenas produz efeitos quando um dado agente que pretende actuar nesse território, tenta obter as permissões legalmente exigidas. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 268 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Na maior parte das vezes, os valores presentes, são o resultado de uma interacção dinâmica entre o meio natural e as actividades humanas, pelo que mais do que proibir e condicionar, importa estabelecer fórmulas de actuação conjunta que possibilitem a realização de um conjunto de actividades, que permitam compatibilizar a salvaguarda dos valores presentes com as actividades económicas, afinal a única via que faculta a indispensável sobrevivência das populações que vivem ou dependem desse território. Este objectivo constitui o que se tem vindo a designar por Gestão do Território, que pretende identificar as medidas de actuação conjunta, a implementar pela administração central e local, pelos residentes, pelos agentes económicos e culturais e outros. A gestão deverá ter em conta o uso que o homem fez do território, no passado e no presente, o impacte actual ou previsível no futuro, e os meios necessários para se atingir um uso óptimo do espaço. Portanto, uma gestão eficaz implica compreender as medidas e acções necessárias para que o espaço seja sustentável, dando-lhe uma orientação positiva dentro da comunidade, assim como em qualquer projecto que possa levar-se a cabo nas zonas adjacentes. A elaboração do PIER de Cabeça Veada deverá permitir a compatibilização da actividade da indústria extractiva com as condicionantes de ordenamento do território, tendo ainda o propósito de ordenamento dos espaços de exploração, a definição de metodologias e regras de exploração e de recuperação paisagística, considerando a ocorrência do recurso geológico e os imperativos ambientais. O presente Plano deverá assim, constituir uma referência no domínio do ordenamento e do desenvolvimento territorial, no que se refere ao sector da indústria extractiva em Portugal. Com base nos pressupostos anteriores e acompanhamento contínuo dos trabalhos pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas foi possível a definição de um Diagrama Metodológico para a Proposta de Ordenamento das Áreas de Intervenção Específica que se apresenta na figura seguinte: PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 269 Figura 7.4-4: Diagrama Metodológico para a Proposta de Ordenamento dos PIER AIE PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 270 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| Esta metodologia deverá ser aplicada nas diversas AIE. De referir que no caso do PIER de Cabeça Veada, considerou-se que as Áreas Recuperadas poderiam voltar a ser exploradas, nos locais onde existe recurso geológico. Relativamente às pedreiras licenciadas, o seu limite prevalece sobre os outros regimes. A aplicação desta metodologia, permitiu nesta fase apresentar uma Pré-Proposta de Ordenamento, representada cartograficamente no Desenho OT – 01- Pré-Proposta de Ordenamento, na figura e quadro seguintes: Figura 7.4-5: Pré-Proposta de Ordenamento de Cabeça Veada PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 271 Nesta fase de Pré-Proposta foram definidas três classes de espaço: § A1 - Compatível com a indústria extractiva § A2 - Compatível com indústria extrativa sujeito a medidas de compensação, que compreende duas categorias: § o Tipo 1 – quando se localiza em áreas com valoração excepcional o Tipo 2 - quando se localiza em áreas com valoração excepcional A3 – Áreas preferenciais para a conservação da natureza Cuja distribuição se apresenta no quadro seguinte. Quadro 7.4-1: Pré-Proposta de Ordenamento – Distribuição das Classes de Espaço Porto de Mós Santarém Classe Espaço Área (ha) % Área (ha) % 17.88 66.92 1.92 75.89 Tipo I - valoração excepcional 0.49 1.83 0.18 7.11 Tipo II - valoração alta 4.79 17.93 0.34 13.44 A3 - Áreas preferenciais para a conservação da natureza 3.56 13.32 0.09 3.56 TOTAL 26.72 100 2.53 100 A1 - Compatível com a indústria extrativa A2 - Compatível com indústria extrativa sujeito a medidas de compensação Na 2ª Fase do PIERCV será desenvolvida a proposta de ordenamento, na qual será apresentada a Planta de Implantação, acompanhada pelo Regulamento, que deverá conter as disposições regulamentares, por classe de espaço, bem como a definição das medidas de compensação, entre outras. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 272 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS § ALARCÃO, Jorge de (1988) - Roman Portugal. 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PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO | 277 Planos § Plano Director Municipal de Porto de Mós (1994). § Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros, Relatório da Revisão do Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros, Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade, 2007. Entidades Câmara Municipal de Porto de Mós. Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC). VISA Consultores, S.A. (2012) – Levantamento realizado por equipa de espeleólogos com base nos dados fornecidos pelo PNSAC. PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS 278 biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| A N E X O C D § O C U M E N T O S I O C U M E N T A L N S T R U T Ó R I O S Deliberação Camarária que determina a elaboração do Plano § § § D O N T E Ú D O I Termos de Referência do Plano Aviso sobre auscultação prévia da população Deliberação camarária de qualificação ou não do Plano para efeitos de AAE PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| MUNICÍPIO DE PORTO DE MÓS – CÂMARA MUNICIPAL ACTA N.º 23/2011 DA REUNIÃO ORDINÁRIA DA CÂMARA MUNICIPAL DE PORTO DE MÓS, REALIZADA EM 24 DE NOVEMBRO DE 2011 --------------- Aos vinte e quatro dias do mês de Novembro do ano de dois mil e onze, nesta Vila de Porto de Mós, nos Paços do Concelho e Sala de Sessões, realizou-se a reunião ordinária da Câmara Municipal, sob a Presidência do Senhor Presidente JOÃO SALGUEIRO, secretariada pelo Secretário Municipal NEUZA JOSÉ DOS REIS MORINS, achando-se presentes os Vereadores Senhores, ALBINO PEREIRA JANUÁRIO, ANABELA DOS SANTOS MARTINS, LUÍS MANUEL COELHO DE ALMEIDA, RITA ALEXANDRA SACRAMENTO ROSA CEREJO E FERNANDO MANUEL DE CARVALHO OLIVEIRA MONTEIRO, tendo faltado o Vereador Senhor JÚLIO JOÃO CARREIRA VIEIRA. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- À hora marcada e depois de todos terem ocupado os seus lugares, o Senhor Presidente declarou aberta a reunião, tendo sido tratados os seguintes assuntos: ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- A Câmara Municipal deliberou justificar a falta ao Vereador Senhor Júlio João Carreira Vieira. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- PRÓXIMA REUNIÃO DE CÂMARA – A Câmara deliberou marcar a próxima reunião de Câmara para o dia seis de Dezembro, pelas catorze horas e trinta minutos.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- APROVAÇÃO DA REDACÇÃO FINAL DA ACTA DA REUNIÃO ANTERIOR – Após análise da acta da reunião anterior, foi a mesma aprovada na sua redacção final. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------OBRAS PARTICULARES ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ PROC.º N.º 1998/366 – Presente uma informação da Chefe de Divisão de Licenciamento Urbano, a declarar a caducidade da licença, dado que a obra não foi totalmente executada no prazo da legal para o efeito, ao abrigo do disposto na alínea d), do n.º 3 do art.º 71.º do R.J.U.E, em Leões - Corredoura, freguesia de São Pedro, em nome de Pedro Carreira Crespo. ----- ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Deliberado declarar a caducidade do processo. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ PROC.º N.º 190/1999 – Presente uma informação da Chefe de Divisão de Licenciamento Urbano, a declarar a caducidade da licença, dado que a obra não foi concluída no prazo legal para o efeito, ao abrigo do disposto na alínea d), do n.º 3 do art.º 71.º do R.J.U.E, referente a construção de duas moradias geminadas em Casais de Baixo, freguesia de Pedreiras, em nome de Pedro Carreira Crespo. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Deliberado declarar a caducidade do processo e reconhecer o interesse na conclusão da obra. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- PROC.º N.º 628/2006 – Presente uma informação da Chefe de Divisão de Licenciamento Urbano, a declarar a caducidade da licença, dado que a obra não foi iniciada no prazo da legal para o efeito, ao abrigo do disposto na alínea a), do n.º 3 do art.º 71.º do R.J.U.E, referente à construção de uma moradia em Dinez, freguesia de Pedreiras, em nome de João José Duarte Ferreira. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Deliberado declarar a caducidade do processo e informar o requerente do parecer dos Serviços Técnicos. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Reunião de 24 de Novembro de 2011 MUNICÍPIO DE PORTO DE MÓS – CÂMARA MUNICIPAL ------------------------------------------------ DIVERSOS -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- PROPOSTA DE PROCEDIMENTO DO CONTRATO PARA PLANEAMENTO – PARA ELABORAÇÃO DOS PLANOS DE PORMENOR (PIER) DE CABEÇA VEADA, CODAÇAL, PÉ DA PEDREIRA E PORTELA DAS SALGUEIRAS – Deliberado proceder à elaboração dos Planos de Pormenor dos Núcleos de Cabeça Veada, Codaçal, Pé da Serra e Portela das Salgueiras, aprovar os termos de referência dos referidos planos, recorrer à contratualização prevista no art.º 6º-A do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro com a nova redacção dada pelos Decretos-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro e 46/2009, de 20 de Fevereiro e iniciar o procedimento legal de contratualização nos termos do disposto no mesmo artigo 6º-A da referida Lei.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Reunião de 24 de Novembro de 2011 'LiULR GD 5HS~EOLFD SHOR 'HFUHWR /HL Q ž GH GH DJRVWR SHOR TXH VH FRQYLGDP WRGRV RV PXQtFLSHV D IRUPXODU DV UHFODPDo}HV REVHUYDo}HV H VXJHV W}HV TXH HQWHQGDP SRU FRQYHQLHQWH DV TXDLV GHYHP VHU DSUHVHQWDGDV SRU HVFULWR HP LPSUHVVR SUySULR RX HP RItFLR GHYLGDPHQWH LGHQWLIL FDGR GLULJLGR DR 3UHVLGHQWH GD &kPDUD 0XQLFLSDO GH &DQWDQKHGH H HQWUHJXH QR 'HSDUWDPHQWR GH 8UEDQLVPR RX SHOD ,QWHUQHW QR HQGHUHoR KWWS VLJ FP FDQWDQKHGH SW UHYSXSW e DLQGD GLVSRQLELOL]DGR XP H PDLO SUySULR GX#FP FDQWDQKHGH SW 'XUDQWH DTXHOH SHUtRGR RV LQWHUHVVDGRV SRGHUmR FRQVXOWDU D UHVSHWLYD SURSRVWD GR 3ODQR GXUDQWH DV KRUDV QRUPDLV GH H[SHGLHQWH QR 'HSDUWD PHQWR GH 8UEDQLVPR ² 'LYLVmR GH 2UGHQDPHQWR GR 7HUULWyULR 2 SUHVHQWH $YLVR YDL VHU DIL[DGR QRV OXJDUHV S~EOLFRV GR FRVWXPH GH IHYHUHLUR GH ² $ 9LFH 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Flora e vegetação Marco Jacinto Fauna e biótopos Mário Carmo Ana Paula Rosa Helder Cardoso Sérgio Barbosa (Espeleólogo) Luís Filipe Sobral (Espeleólogo) António Galvão (Espeleólogo) Anexo_A_metValorac ao ÍNDICE iii PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO Página intencionalmente deixada em branco iv ÍNDICE Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO ÍNDICE GERAL 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................................ 7 2. ÁREA EM ESTUDO .............................................................................................................................. 8 3. VALORAÇÃO DA FLORA E VEGETAÇÃO ........................................................................................... 9 3.1. HABITATS .......................................................................................................................................... 9 3.1.1. Cartografia e trabalho de campo ................................................................................... 9 3.1.2. Metodologia de valoração dos habitats ....................................................................... 10 3.1.2.1. Diretiva Habitats .......................................................................................................... 11 3.1.2.2. Grau de Raridade ........................................................................................................ 11 3.1.2.3. Grau de Naturalidade .................................................................................................. 12 3.1.2.4. Grau de Ameaça ......................................................................................................... 12 3.1.2.5. Singularidades ............................................................................................................ 13 3.1.2.6. Determinação do valor das unidades de vegetação ................................................... 14 3.2. FLORA PROTEGIDA .......................................................................................................................... 17 3.2.1. Cartografia e Trabalho de campo................................................................................ 17 3.2.2. Metodologia de Valoração........................................................................................... 21 3.2.2.1. Estatuto de Conservação ............................................................................................ 21 3.2.2.2. Estatuto Biogeográfico ................................................................................................ 22 3.2.2.3. Valoração florística de áreas....................................................................................... 24 3.3. APLICAÇÃO DO VALOR FLORÍSTICO ÀS UNIDADES DE VEGETAÇÃO ..................................................... 26 4. VALORAÇÃO DA FAUNA TERRESTRE............................................................................................. 28 4.1. DEFINIÇÃO DOS BIÓTOPOS............................................................................................................... 28 4.2. METODOLOGIA DE VALORAÇÃO DAS ESPÉCIES ASSOCIADAS AOS BIÓTOPOS ...................................... 29 4.2.1.1. Descrição dos Parâmetros utilizados na valoração das espécies............................... 30 4.2.1.1.1 Estatuto de conservação (EC) ............................................................................... 30 4.2.1.1.2 Estatuto biogeográfico (EBg) ................................................................................. 32 4.2.1.1.3 Estatuto biológico (EB) .......................................................................................... 32 4.2.1.1.4 Estatuto regional (ER) ........................................................................................... 34 4.2.1.1.5 Ponderação de cada estatuto no cálculo do valor ecológico específico (VEE) ..... 34 4.3. METODOLOGIA DE VALORAÇÃO FAUNÍSTICA DOS BIÓTOPOS .............................................................. 45 5. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................... 47 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 – Limite da AIE de Cabeça Veada, do buffer de 100m e da área de estudo considerada. ....................... 8 Figura 2 - Carta de Valoração das Unidades de Vegetação ............................................................................ 16 Figura 3 – Localização dos núcleos populacionais de Arabis sadina, Narcissus calcicola, Saxifraga cintrana, Silene longicilia, espécies importantes para conservação com distribuição pontual na área de estudo. .................................................................................................................................... 20 Figura 4 – Valoração florística da área de estudo com quatro classes de relevância ......................................... 25 Figura 5 - Carta de Valores Florísticos e de Vegetação .................................................................................. 27 Figura 6 - Carta de valoração faunística dos biótopos .................................................................................... 46 Anexo_A_metValorac ao ÍNDICE v PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1 – Esquema exemplificativo de valoração das unidades de vegetação................................................. 11 Quadro 2 – Valor de Conservação dos Habitats de acordo com a localização espacial e existência pressão antrópica. ................................................................................................................................ 14 Quadro 3 – Classes de VC. ........................................................................................................................... 15 Quadro 4 – Lista de espécies florísticas usadas na análise e respetivo valor de VEE. ........................................ 18 Quadro 5 – Esquema exemplificativo de valoração das espécies. .................................................................... 21 Quadro 6 – Tipologia de espécies raras baseado em três características: distribuição geográfica, habitat e tamanho da população. ............................................................................................................ 24 Quadro 7 – Classes de VEE e respetivos intervalos considerados.................................................................... 24 Quadro 8 – Exemplos de cruzamento do Valor Florístico com o Valor das Unidades de Vegetação (adaptado de ICN, 2005). ......................................................................................................................... 26 Quadro 9 – Descrição das tipologias de biótopos adotadas no presente estudo e dos habitats correspondentes ...................................................................................................................... 28 Quadro 10 – Ponderações definidas para cada um dos grupos considerados (ICN, 2000). ................................ 35 Quadro 11 - Valor Ecológico Específico obtido para cada espécie relativamente a cada um dos biótopos existentes na área em estúdo; ................................................................................................... 36 Quadro 12 – Número de espécies associadas e valor faunístico obtido para cada um dos biótopos considerados, excetuando a Área artificializada .......................................................................... 45 DESENHOS Desenho 1 – Carta de Habitats Desenho 2 – Carta de Biótopos ANEXOS Anexo I – Email relativo à Listagem de Flora a utilizar na metodologia de Valoração Anexo II – Email relativo à Listagem de Fauna de interesse regional a utilizar na metodologia de Valoração Anexo III – Listagem de Fauna de interesse regional a utilizar na metodologia de Valoração vi ÍNDICE Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS No âmbito do presente plano foi efetuada uma valoração ecológica do património natural presentes na Área de Intervenção Específica de Cabeça Veada, e a sua envolvente, com o fim de obter um zonamento espacial desses valores. Nesse sentido foram aplicadas as metodologias de valoração de fauna, flora, habitats e biótopos desenvolvidas pelo ICNF11 no âmbito de Planos de Ordenamento. No entanto, efetuaram-se adaptações a estas metodologias no sentido de as adequar às características e escala espacial da área em estudo. O processo de valoração é efetuado em separado para as componentes habitats/flora e biótopos/fauna obtendo-se dois zonamentos de valoração distintos. Em seguida, é apresentado um enquadramento espacial, uma descrição pormenorizada das metodologias empregues, apresentados os resultados das valorações e os zonamentos dos valores naturais na área de estudo. 1 ICN 2005 Anexo_A_metValoracao METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 7 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO 2. ÁREA EM ESTUDO A área para a qual se desenvolveu o estudo de valoração está delimitada na Figura 1, na qual estão também delimitados, a AIE e um buffer de 100m considerado no exercício de valoração. Figura 1– Limite da AIE de Cabeça Veada, do buffer de 100m e da área de estudo considerada. 8 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO 3. VALORAÇÃO DA FLORA E VEGETAÇÃO A valoração da flora e vegetação foi efetuada de acordo com a metodologia para valoração do Instituto da Conservação da Natureza1, atual Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, na qual se incorporaram algumas alterações, devidamente explicitadas. A metodologia tem por objetivo a obtenção de uma Carta de Valores Florísticos e de Vegetação Esta metodologia baseia-se nas seguintes fases: 1. Definição e cartografia de unidades de vegetação, para elaboração da Carta de Vegetação; 2. Valoração dos habitats; 3. Valoração da flora; 4. Aplicação do Valor Florístico às unidades de vegetação. 3.1. HABITATS 3.1.1. Cartografia e trabalho de campo As manchas de vegetação e uso do solo foram inicialmente individualizadas e diferenciadas em ortofotomapas2. Os polígonos correspondentes às manchas individualizadas foram elaborados com recurso ao programa ArcGIS versão 10.0. A escala de trabalho foi maioritariamente de 1:500, tendo, em casos concretos sido menor, nomeadamente em situações de unidades de vegetação com áreas pequenas mas facilmente individualizáveis utilizada uma escala de 1:100. O Sistema de Coordenadas utilizado é Hayford-Gauss, Datum 73 (ponto central), sendo este o Sistema de Coordenadas utilizado em todo o trabalho de cartografia na totalidade das componentes abordadas. A cartografia preliminar resultante foi posteriormente confirmada e retificada no campo. Quando necessário, os limites dos polígonos delimitados foram ajustados e, nos casos em que se diferenciaram variações de percentagem de cobertura dos habitats presentes dentro de um polígono, foram efetuadas as necessárias subdivisões desse polígono inicial. Neste trabalho foram usadas as cartas preliminares impressas em formato A1. Simultaneamente, foram recolhidos os dados florísticos, realizando-se levantamentos florísticos em todos os habitats, o que permitiu o reconhecimento dos habitats presentes (Decreto-Lei nº 140/99, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei nº 49/2005, de 24 de Fevereiro) e o apuramento das suas percentagens de cobertura. Para todos os polígonos foram identificados os habitats presentes e, determinadas as percentagens médias de cobertura de cada um dos habitats do polígono exceto para os habitats cuja individualização cartográfica não tenha sido possível, dado ocuparem áreas diminutas, mesmo para a escala de trabalho considerada. 1 ICN, 2005 2 Ortofotomapas a cores fornecido pela Assimagra. A Cobertura aerofotográfica foi realizada em Agosto 2011. O Ortofotomapa foi apresentado à escala 1:5000 e com a resolução de 12 cm Anexo_A_metValoracao METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 9 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO A área cartografada corresponde à área de estudo já apresentada na Figura 1. As saídas de campo foram realizadas nos meses de Novembro de 2011, Fevereiro, Março, Maio e Junho de 2012. Desta fase, dos trabalhos de cartografia resultou uma shapefile à qual se associa a base de dados do Sistema de Informação Geográfica (SIG) onde constam: · Designação dos usos do solo presentes, com a indicação da percentagem média de cobertura de cada uso no polígono; · Identificação dos habitats naturais presentes (individualizados ou em mosaico), indicando-se o código do habitat e seu subtipo caso exista, com a indicação da percentagem média de cobertura de cada habitat no polígono. Os habitats naturais identificados na área em estudo foram os seguintes: · Carrascais (5330pt5); · Matos baixos calcícolas (5330pt7); · Prados rupícolas (6110*); · Prados secos (6210); · Sub-estepes de gramíneas (6220*pt1); · Vertentes calcárias (8210); · Lajes Calcárias (8240*); · Carvalhal (9240); · Sobreiral (9330). · Azinhal (9340) A Carta de Habitats com representação dos habitats naturais onde a legenda inclui os códigos até ao subtipo, quando existente, é apresentada no Desenho 1. 3.1.2. Metodologia de valoração dos habitats A valoração dos habitats foi baseada na metodologia indicada pelo ICNF1, relativa à valoração da vegetação. O valor intrínseco da comunidade e a sua necessidade de conservação são calculados com base em diversos parâmetros de avaliação (0). 1 ICN, 2005 10 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO Quadro 1 – Esquema exemplificativo de valoração das unidades de vegetação. COMUNIDADE H ABITAT A B D IRETIVA H ABITATS GRAU DE R ARIDADE 10 10 GRAU DE N ATURALI DADE GRAU DE A MEAÇA SINGULARI VC1 VC DADES H ABITAT C OMUNIDADE 10 10 50 50 C LASSES R ELEVÂNCIA C OMUNIDADE V ALOR FINAL E, A, M, B E, A, M, B X Y Z Q C Y K Valor Máximo 10 No caso de uma comunidade ser constituída por mais do que um habitat, e sobretudo se os habitats foram substancialmente diferentes, a valoração pode ser aplicada a cada habitat, sendo depois calculado o valor de conservação da comunidade (VC comunidade). Os parâmetros utilizados na valoração das unidades de vegetação são explicitados de seguida. 3.1.2.1. Diretiva Habitats Presença do habitat na Diretiva Habitats – Diretiva nº 92/43/CEE, de 21 de Maio, relativa à preservação dos habitats naturais e da fauna e flora selvagens. 10 – Incluído no anexo I, ou seja, habitats naturais, prioritários (assinalados com *), de interesse comunitário cuja conservação exige a designação de zonas especiais de conservação; 8 – Incluído no anexo I, ou seja, habitats naturais de interesse comunitário cuja conservação exige a designação de zonas especiais de conservação; 0 – Não incluído. 3.1.2.2. Grau de Raridade Este parâmetro pretende medir a importância do habitat em termos da sua raridade a nível nacional e regional. Para a sua quantificação foi utilizada a cartografia das áreas naturais (Sítios da Rede Natura 2000) do ICNF2. A quantificação foi realizada com base na importância quantitativa dos habitats ocorrentes no PNSAC em relação às restantes áreas naturais consideradas na referida cartografia: 10 – Habitat é representante único no país; 8 – Habitat tem muito interesse, dada a sua raridade a nível nacional; 1 2 Valor de Conservação ICNB, 2006 Anexo_A_metValoracao METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 11 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO 6 – Apesar de não ser muito raro ao longo do país, apresenta algumas singularidades devido a fatores locais, que podem ter uma expressão única a nível nacional; 4 – Habitat relativamente comum ao longo do país, mas regionalmente pouco frequente; 0 – Habitat comum a nível nacional e regional. 3.1.2.3. Grau de Naturalidade A integridade do sistema é calculada em função do grau de influência humana e foi aplicado a escala utilizada de Loidi1: 10 – Bosques evoluídos naturais não explorados; 9 – Bosques evoluídos naturais explorados; 8 – Bosques naturais jovens (estádio inicial) em mosaico com fragmentos de coberto florestal e outras comunidades relacionadas com o sistema florestal; 7 – Bosques esparsos em adaptação a um uso silvo-pastoril tradicional (montado), Bosques mistos de árvores autóctones e exóticas, Exploração combinada de pastoreio e extração de madeira; 6 – Comunidades arbustivas de orlas florestais ou de primeira ordem de substituição; 5 – Matos e prados naturais secundários; 4 – Prados ligados ao uso pastoril; 3 – Plantações florestais de espécies exóticas; 2 – Parques, jardins, campos de cultivo abandonados, comunidades viárias subnitrófilas, vegetação pioneira terofíticas; 1 – Vegetação ruderal, viária e arvense interligada a perturbação extrema causada por uma intensa atividade humana; 0 – Áreas intensamente urbanizadas. Aos habitats rochosos de Lajes e de vertentes calcárias foi atribuído o valor mais elevado, pois considera-se que estes habitats estão no seu grau máximo de naturalidade, sem qualquer influência direta por parte do homem. 3.1.2.4. Grau de Ameaça Este grau é medido em função de perturbação derivada da atividade humana, ou seja, é uma medida das pressões existentes que diminuem as probabilidades de manutenção da comunidade e das características naturais. Foram aplicados os seguintes valores: 10 – Habitat que se encontre na AIE; 7 – Habitat que se encontre na envolvente de 100 m da AIE; 4 – Habitat que se encontre na área próxima da envolvente (área cartografada para além de um buffer de 100 m da AIE) mas onde existam pressões antrópicas; 1 Loidi, 2008 12 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO 0 – Habitat que se encontre na área próxima da envolvente (área cartografada para além de um buffer de 100 m da AIE) onde não existam pressões antrópicas. Foi considerado como grau de ameaça máximo (10) a área que está abrangida pela AIE visto que a área está maioritariamente afeta à exploração de inertes. As áreas que se situem na envolvente próxima da AIE (buffer de 100 m) foram consideradas no nível intermédio/alto (7) devido aos impactes da atividade extrativa. Na área para além de um buffer de 100 m, foram considerados dois valores distintos (4 e 0) que estão relacionados com a presença/ausência de pressões antrópicas (pedreiras, áreas agrícolas, explorações florestais, etc.). 3.1.2.5. Singularidades Na metodologia de base1, este critério é sustentado no interesse científico dos habitats. Dada a subjetividade associada, foi aplicado o valor florístico e fitocenótico2 cuja categorização se apresenta: 10 – Bosques mesofíticos e húmidos das zonas quentes com flora rica e diversa; 9 – Prados e matos criorotemperados e crioromediterrânicos e comunidades associadas, Turfeiras de montanha; 8 – Vegetação potencial orotemperada e oromediterrânica, Bosques e matos de alta montanha, Cervunais; 7 – Bosques basófilos caducifólios ricos em espécies; 6 – Bosques oligotróficos caducifólios e bosques e comunidades arbustivas esclerofilos mediterrânicos, Comunidades arbustivas de orlas florestais ou de primeira ordem de substituição; 5 – Falésias e arenais, Vegetação dunar costeira; 4 – Vegetação halófila costeira e interior; 3 – Prados e comunidades herbáceas, Vegetação helofíticas e aquática; 2 – Matos secundários; 1 – Vegetação nitrófila, flora comum e de estrutura simples; 0 – Sem vegetação. O Valor de Conservação obtido para os habitats presentes consta do quadro seguinte. 1 2 ICN, 2005 Loidi, 2008 Anexo_A_metValoracao METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 13 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO Quadro 2 – Valor de Conservação dos Habitats de acordo com a localização espacial e existência pressão antrópica. VALOR DE CONSERVAÇÃO DOS HABITATS HABITAT AIE ENVOLVENTE DE 100M ALÉM DA ENVOLVENTE DE 100M PRESENÇA DE PRESSÕES AUSÊNCIA DE PRESSÕES ANTRÓPICAS ANTRÓPICAS Carrascais (5330pt5) 30 27 24 20 Matos baixos calcícolas (5330pt7) 31 28 25 21 Prados rupícolas (6110*) 38 35 32 28 Prados secos seminaturais (Festuco-Brometalia) (6210) (*importante habitat de orquídeas) 33 30 27 23 Subestepes de gramíneas e anuais da TheroBrachypodietea (6220*) 31 28 25 21 Vertentes calcárias (8210); 41 38 35 31 Lajes calcárias (8240*) 44 41 38 34 Carvalhal (9240) 39 36 33 29 Sobreiral (9330) 39 36 33 29 Azinhal (9340) 38 35 32 28 Salienta-se que o habitat (6210) - Prados secos seminaturais (Festuco-Brometalia) foi valorado como habitat prioritário no item 3.1.2.1. Trata-se de um habitat importante para o grupo das orquídeas, e por isso valorado como prioritário mesmo nas situações em que não foram detetadas orquídeas nas prospeções de campo. Esta opção conservadora prende-se com o facto de ocorrer frequentemente alguma variabilidade inter-anual na floração destas espécies e porque apenas foi possível acompanhar um ciclo anual. 3.1.2.6. Determinação do valor das unidades de vegetação De acordo com o esquema exemplificativo de valoração das unidades de vegetação (Quadro 3), as premissas para o seu cálculo incluem: i. Valoração dos Habitats: VC habitat = somatório dos valores referentes aos diferentes parâmetros ii. Valoração das Unidades de Vegetação: \ No caso de a comunidade ser constituída por um único habitat: 14 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO VC comunidade = VC habitat \ No caso de a comunidade integrar vários habitats o Valor de Conservação da Comunidade (VC comunidade) deverá: a. Adotar o VC sobrepostos; habitat mais alto, se os diferentes habitats estiverem b. Ser a média dos VC habitat , se os diferentes habitats não se sobrepuserem e estiverem representados de forma mais ou menos equitativa; c. Ser a média dos VC habitat ponderada pela representatividade de cada um, se a expressão dos habitats for muito desigual. Determinado o Valor de Conservação das Unidades de Vegetação, é possível estabelecer a sua hierarquização e distribuição pelas seguintes classes de relevância (Quadro 3). Quadro 3 – Classes de VC. CLASSES I NTERVALO Excecional >40 Alta 25 ≥ 40 Média 10 ≥ 25 Baixa <10 O intervalo das classes de relevância foi selecionado em função dos polígonos e respetivos valores de VC. A distribuição dos níveis de classificação em função do VC foi a seguinte: · Excecional (>40) – polígonos com habitats naturais de elevada relevância no contexto do PNSAC, nomeadamente as Lajes e as Vertentes Calcárias, localizados dentro da AIE; · Alta (25≥40) – polígonos com dominância e elevada cobertura dos habitats naturais mais comuns na área de estudo, por vezes associados a habitats naturais prioritários, dentro da AIE e do buffer de 100m, ou ainda, polígonos com habitats naturais de elevada relevância no contexto do PNSAC, localizados fora da AIE; · Média (10≥25) – polígonos com dominância de habitats naturais mais frequentes na área de estudo e com percentagens de cobertura medianas a baixas; · Baixa (<10) – polígonos com dominância de habitats artificializados ou com habitats naturais mais frequentes na área de estudo em percentagens de cobertura muito pouco representativas. A Carta de Valoração das Unidades de Vegetação com a representação das classes de VC é apresentada na Figura 2. Anexo_A_metValoracao METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 15 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO Figura 2 - Carta de Valoração das Unidades de Vegetação 16 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO 3.2. FLORA PROTEGIDA 3.2.1. Cartografia e Trabalho de campo Foi efetuada uma prospeção intensiva e direcionada à flora de carácter conservacionista e com distribuição muito localizada na área em estudo, nomeadamente as espécies: · · Incluídas no Anexo B-II do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro: o Narcissus calcicola; o Arabis sadina; o Silene longicilia. Incluídas no Anexo B-IV do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro: o · Saxifraga cintrana. Espécies raras no nosso país, ou com uma distribuição muito restrita: o Inula montana. Para além destas espécies, foi anotada a presença de outras também revelantes, abrangidas por legislação nacional (Decreto-Lei n.º 169/2001, de 25 de Maio, alterado pelo Decreto-Lei n.º 155/2004, de 30 de Junho), pela convenção CITES (Decreto-Lei nº 114/90, de 5 de Abril) ou tratando-se de endemismos ibéricos e lusitânicos (Quadro 4). Realizaram-se saídas de campo em Novembro de 2011 e, em Fevereiro, Março, Maio e Junho de 2012. Nestas saídas participaram três técnicos especialistas de flora, tendo uma das saídas sido orientada por António Flor, técnico do ICNF - PNSAC. A prospeção de flora protegida foi realizada em todos os habitats ocorrentes com exceção da área artificializada (pedreiras em laboração). No caso da área de estudo, a presença de afloramentos rochosos não é expressiva o que, como se confirmou, leva a que as espécies associadas a estes não ocorram nesta área. Na prospeção foram realizados transeptos paralelos, espaçados de cerca de 5m entre si, com o objetivo principal de percorrer a maior parte dos locais e detetar a presença de espécies importantes do ponto de vista conservacionista. Por cada núcleo populacional ou exemplares isolados foram registadas as coordenadas GPS e o número de indivíduos presentes. Os dados de campo foram incorporados no SIG e representados em shapefile com recurso ao programa ArcMap versão 10.0. Do trabalho de cartografia resultou a individualização de locais de presença de espécies de Flora importantes do ponto de vista conservacionista com distribuição pontual na área de estudo, Arabis sadina, Narcissus calcícola, Saxifraga cintrana e Silene longicilia (Figura 3). Para cada uma das ocorrências foi registado o número aproximado de efetivos populacionais, dados que constam na base de dados da referida shapefile. Anexo_A_metValoracao METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 17 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO Quadro 4 – Lista de espécies florísticas usadas na análise e respetivo valor de VEE. FAMÍLIA GÉNERO/ESPÉCIE Ranunculaceae Ranunculus olissiponensis Pers. subsp. olissiponensis Fagaceae Quercus ilex L. subsp. ballota (Desf.) Samp. Azinheira Quercus suber L. Sobreiro Caryophyllaceae NOME COMUM ESTATUTO DE PROTEÇÃO VEE Endemismo Ibérico 18 Decreto-Lei n.º 254/2009, de 24 de Setembro 4 Arenaria conimbricensis Brot. subsp. conimbricensis Endemismo Ibérico 14 Silene longicilia (Brot.) Otth Endemismo Lusitânico; Anexos B-II, B-IV e BV do DL n.º 140/99 de 24 de Abril, alterado pelo DL n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro 28 Endemismo Lusitânico; Anexos B-II, B-IV e BV do DL n.º 140/99 de 24 de Abril, alterado pelo DL n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro 30 Assembleias Brassicaceae Iberis procumbens Lange subsp. microcarpa Franco & P. Silva Fabaceae Genista tournefortii Spach subsp. tournefortii Endemismo Ibérico 12 Ulex europaeus L. subsp. Tojo-arnal-dolitoral latebracteus (Mariz) Rothm. Endemismo Ibérico 12 Araliaceae Hedera maderensis K. Koch ex A. Rutherf subsp. iberica McAllister Hera Endemismo Ibérico 12 Lamiaceae Salvia sclareoides Brot. Salva-do-sul Endemismo Ibérico 23 Thymus zygis L. subsp. sylvestris (Hoffmanns & Link) Cout. Sal-da-terra Endemismo Ibérico 12 Orobanchaceae Orobanche rosmarina Beck Endemismo Ibérico 23 Asteraceae Serratula baetica DC. subsp. lusitanica Cantó Endemismo lusitânico 20 Poaceae Avenula sulcata (Boiss.) Dumort. subsp. occidentalis (Gervais) Romero Zarco Endemismo Ibérico 18 Liliaceae Crocus serotinus Salisb. Endemismo Ibérico 18 18 Açafrão-bravo METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO FAMÍLIA GÉNERO/ESPÉCIE NOME COMUM ESTATUTO DE PROTEÇÃO VEE Ruscus aculeatus L. Gilbardeira Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005 de 24 de Fevereiro (Anexo B-V) 11 Amaryllidaceae Narcissus bulbocodium L. subsp. bulbocodium Campainhasamarelas Anexo B-V do DL n.º 140/99 de 24 de Abril, alterado pelo DL n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro 6 Orchidaceae Aceras anthropophorum (L.) W.T. Aiton Rapazinhos 10 Anacamptis pyramidalis (L.) Rich. Orquídeapiramidal Barlia robertiana (Loisel.) W. Greuter Salepeiragrande Decreto-Lei nº 114/90 de 5 de Abril (Convenção CITES); Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005 de 24 de Fevereiro (Anexo I) subsp. clusii (Gay) Mathew Cephalantera longifolia (L.) Fritsch 6 10 10 Epipactis helleborine (L.) Crantz subsp. helleborine Eleborinha 6 Ophrys fusca Lonk Moscardofusco 6 Ophrys scolopax Cav. Flor-dospassarinhos 6 6 Ophrys tenthredinifera Willd. Anexo_A_metValoracao Orchis italica Poir. Flor-dosmacaquinhosdependurados 6 Orchis mascula L. Satiriãomacho 6 Orchis morio L. Testículo-decão 10 Serapias lingua L. Erva-língua 6 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 19 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO Figura 3 – Localização dos núcleos populacionais de Arabis sadina, Narcissus calcicola, Saxifraga cintrana, Silene longicilia, espécies importantes para conservação com distribuição pontual na área de estudo. 20 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO 3.2.2. Metodologia de Valoração De acordo com a metodologia para valoração do Instituto da Conservação da Natureza1 a valoração da Flora é realizada pelo cálculo do Valor Ecológico da Espécie (VEE) que deverá ser aplicado às espécies incluídas no Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro (Diretiva Habitats), espécies previstas para o Livro Vermelho da Flora, ou que apesar de não terem estatuto de proteção, apresentem particular interesse do ponto de vista da conservação. Dado que a lista provisória do Livro Vermelho da Flora ainda não se encontra disponível, foram incluídas no cálculo da valoração da flora as espécies abrangidas por legislação nacional (Decreto-Lei n.º 169/2001, de 25 de Maio, alterado pelo Decreto-Lei n.º 155/2004, de 30 de Junho) e pela convenção CITES (Decreto-Lei nº 114/90, de 5 de Abril) e todos os endemismos ibéricos e lusitânicos, considerando-se assim todas as espécies listadas no Quadro 5. A lista preliminar de espécies selecionadas foi fornecida para apreciação ao corpo técnico do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, cujos comentários foram tidos em consideração na listagem final utilizada no presente trabalho2. A obtenção do VEE de cada espécie resulta da avaliação parâmetros de conservação e de carácter biogeográfico que são descritos em seguida. As classificações obtidas nos diferentes subparâmetros são somadas para obter o VEE que tem o valor máximo possível de 50 (Quadro 5). Quadro 5 – Esquema exemplificativo de valoração das espécies. ESPÉCIES Estatuto de Conservação Estatuto Biogeográfico A B C M ÁXIMO Diretiva Habitats 10 Livro Vermelho 10 Grau de Endemismo 10 Isolamento 10 Raridade 10 VEE 50 Fonte: Adaptado de ICN, 2005 3.2.2.1. Estatuto de Conservação Os parâmetros correspondentes ao Estatuto de Conservação refletem o grau de ameaça de cada espécie e a responsabilidade que o nosso país tem na sua conservação, aplicando-se os seguintes valores para cada um, respetivamente a cada espécie: a) Diretiva Habitats 10 – Anexo II* - espécies vegetais prioritárias de interesse comunitário cuja conservação requer a designação de zonas especiais de conservação; 9 – Anexo II – espécies vegetais de interesse comunitário cuja conservação requer a designação de zonas especiais de conservação; 7 – Anexo IV - espécies vegetais prioritárias de interesse comunitário que exigem uma proteção rigorosa; 1 2 ICN, 2005 Anexo I – email de 23 de Julho de 2012 Anexo_A_metValoracao METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 21 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO 5 – Anexo V - espécies vegetais prioritárias de interesse comunitário cuja captura, colheita ou exploração podem ser objeto de medidas de gestão; 0 – Espécies não incluídas nestes anexos. b) Livro Vermelho da Flora Dado que o Livro Vermelho da Flora de Portugal se encontra em elaboração, este parâmetro foi baseado nos critérios para as categorias de ameaça definidas pela International Union for Conservation of Nature (IUCN). Todas as espécies incluídas no cálculo VEE foram verificadas no Livro Vermelho da Flora Vascular Europeia1 e na IUCN Red List of Threatened Species2. 10 – CR – em perigo crítico de extinção; 8 – EN – em perigo de extinção; 6 – VU - vulnerável; 4 – DD – dados insuficientes; 0 – NT – não ameaçada ou espécie não incluída no Livro Vermelho. Quando uma dada espécie não foi encontrada em nenhuma das obras citadas, foi sempre considerado a categoria DD (dados insuficientes) tendo em consideração a inexistência de dados específicos para Portugal Continental. 3.2.2.2. Estatuto Biogeográfico Os parâmetros incluídos no estatuto biogeográfico têm como objetivo obter uma expressão de relevância das populações em função da sua distribuição. c) Grau de Endemismo (adaptado de Souto Cruz, 1999) 10 – Português; 8 – Ibérico; 5 – Península Ibérica e Sul de França; 5 – Portugal e Macaronésia; 5 – Portugal e Norte de África (Magreb); 3 – Península Ibérica e Macaronésia; 3 – Península Ibérica e Norte de África; 2 – Portugal, Norte de África e Macaronésia; 1 – Península Ibérica, Norte de África e Sul de França; 1 – Península Ibérica, Norte de África e Macaronésia; 1 – Europeu. 1 2 Bilz et al., 2011 http://www.iucnredlist.org, 2012 22 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO d) Isolamento Este parâmetro considera características de distribuição relacionadas com o isolamento de populações, que podem conferir alguma vulnerabilidade à população da área em estudo. Na avaliação deste parâmetro foram considerados os dados disponibilizados por Euro+MedPlantBase1 e Anthos2 e às espécies foram atribuídas as pontuações seguintes: 10 – A população está isolada da principal área de distribuição; 5 – A população está localizada no seu limite de ocorrência natural; 0 – A população não apresenta, nestes aspetos, uma distribuição que lhe confira um carácter biogeográfico singular. e) Índice de Raridade (Rabinowitz, et al., 1986 in McNeely, 1996) O conceito de raridade proposto por Rabinowitz et al. (1986) sugere 7 formas de raridade, baseando-se em 3 fatores de avaliação. c1 – Distribuição Geográfica - A espécie está localizada numa pequena área de distribuição ou - A espécie ocorre ao longo de uma faixa grande de distribuição c.2 – Dimensão da População - A espécie ocorre sempre com frequência baixa, formando populações pequenas e esparsas ou - A espécie ocorre de forma expressiva e frequente, formando populações com elevado número de efetivos c.3 – Especificidade de Habitat - A espécie apresenta uma grande tolerância em termos de habitat, ocorrendo em vários tipos de habitat ou - A espécie apresenta uma grande especialização, restringindo a sua ocorrência a poucos habitats A avaliação da raridade baseada nos critérios de Rabinowitz3, estando adaptado segundo Kruckenberg & Rabinowitz4 é explicada no Quadro 6: ww2.bgbm.org/EuroPlusMed/[accessedDATE] www.anthos.es 3 Rabinowitz et al., 1986 4 Krukenberg & Rabinowitz, 1985 1 2 Anexo_A_metValoracao METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 23 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO Quadro 6 – Tipologia de espécies raras baseado em três características: distribuição geográfica, habitat e tamanho da população. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E ESPECIFICIDADE DE HABITAT Grande e Amplo Grande e Restrito Pequeno e Amplo 6 - Localmente 0 - Localmente abundante em diversos habitats mas com distribuição geográfica restrita População grande, 6 - Localmente abundante numa dominante em abundante mas num grande variedade de alguns locais habitat específico habitats População pequena, não dominante 8 - Populações esparsas e com distribuição geográfica restrita, mas em diversos habitats 8 - Populações 6 - Populações esparsas num habitat específico mas com ampla distribuição geográfica esparsas sobre uma grande variedade e em diversos habitats Pequeno e Restrito 8 - Localmente abundante num habitat específico e com distribuição geográfica restrita 10 - Populações esparsas, com distribuição geográfica restrita e num habitat específico Fonte: Adaptado de Krukenberg & Rabinowitz, 2002 3.2.2.3. Valoração florística de áreas De acordo com a metodologia proposta pelo ICNF1, a expressão cartográfica das áreas de ocupação de espécies deve ser baseada no conhecimento particular de cada situação e ter em conta variações anuais e zonas potenciais de ocorrência. As populações podem abranger toda uma unidade de vegetação (comunidade), corresponder a um habitat ou ter uma distribuição particular que defina um polígono próprio. Independentemente da abordagem escolhida é necessário efetuar uma hierarquização das espécies, enquadrando-as em classes de relevância de valor ecológico, em função dos seus valores de VEE, que variam entre valor Médio e Excecional. Dado que se considerou que os valores de VEE obtidos não discriminavam as espécies de flora de carácter conservacionista e com distribuição muito localizada de outras espécies com distribuições mais alargadas na área do PNSAC (ver em supra), optou-se por fazer uma adaptação da metodologia. Assim, efetuou-se um primeiro zonamento utilizando os valores de VEE discriminando espécies de relevância Média e Alta (0), atribuindo-se em seguida relevância Excecional aos polígonos onde foi detetada a presença de núcleos populacionais de Narcissus calcicola; Arabis sadina; Silene longicilia e Saxifraga cintrana. Quadro 7 – Classes de VEE e respetivos intervalos considerados CLASSES I NTERVALO Alta >20 Média 6-20 A valoração florística final dos polígonos foi obtida da seguinte forma: - atribuição de valor Baixo na ausência das espécies consideradas; 1 ICN, 2005 24 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO - atribuição do valor de relevância florística mais elevado, considerando todas as espécies presentes no polígono. A Carta de Valores Florísticos pode ser visualizada na Figura 4. Figura 4 – Valoração florística da área de estudo com quatro classes de relevância Anexo_A_metValoracao METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 25 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO 3.3. APLICAÇÃO DO VALOR FLORÍSTICO ÀS UNIDADES DE VEGETAÇÃO Após a definição das áreas de valor florístico procedeu-se à sua sobreposição com os valores de vegetação, obtendo-se como resultado o maior valor dos dois fatores de avaliação conforme o Quadro 8: Quadro 8 – Exemplos de cruzamento do Valor Florístico com o Valor das Unidades de Vegetação (adaptado de ICN, 2005). COMUNIDADE VEGETAÇÃO FLORA CARTA FINAL DE VALOR FLORÍSTICO E DE VEGETAÇÃO α Média Média Média β Média Baixa Média λ Baixa Excecional Excecional δ Média Alta Alta Os resultados são apresentados na Carta de Valores Florísticos e de Vegetação, resultante da integração das análises de valoração da Flora e das Unidades de Vegetação (Figura 5). 26 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO Figura 5 - Carta de Valores Florísticos e de Vegetação Anexo_A_metValoracao METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 27 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO 4. VALORAÇÃO DA FAUNA TERRESTRE A valoração dos Biótopos na área em estudo foi efetuada com base na metodologia utilizada pelo ICNF nos Planos de Ordenamento das Áreas Protegidas1, tendo-se efetuado as adaptações consideradas necessárias em função da realidade, e escala da área em estudo. O objetivo final é a obtenção de uma Carta de Valores Faunísticos onde se obtém um zonamento dos valores em função do valor potencial do biótopo e da ocorrência de espécies importantes ou locais prioritários. A metodologia-base para a elaboração da Carta de Valores Faunísticos apoia-se em 4 fases que serão pormenorizadas nos capítulos seguintes: · Definição dos Biótopos; · Valoração das Espécies associadas aos Biótopos; · Valoração Faunística dos Biótopos; · Identificação de Espécies singulares ou locais prioritários. 4.1. DEFINIÇÃO DOS BIÓTOPOS A cartografia dos biótopos foi definida tomando como base a Carta de Habitats efetuada no âmbito dos trabalhos descritos no capítulo 3.1., adaptando as unidades ou polígonos de vegetação e de uso do solo a unidades de utilização faunística. O resultado deste exercício consta de uma cartografia própria, cuja base de dados inclui a identificação dos biótopos e as respetivas percentagens médias de ocupação no polígono. A definição dos biótopos teve por base os critérios e tipologias de biótopo definidos no Plano de Ordenamento de Parque Natural das Serras d’Aire e Candeeiros (POPNSAC)2, tendo-se, no entanto, optado por pormenorizar essa tipologia ao estabelecer dois tipos de biótopos florestais. Desta forma as unidades de vegetação e de uso do solo cartografadas aquando a elaboração da Carta de Vegetação foram enquadradas nas tipologias de biótopos definidas seguidamente (Quadro 9): Quadro 9 – Descrição das tipologias de biótopos adotadas no presente estudo e dos habitats correspondentes BIÓTOPO Prados e Matos rasteiros 1 2 UNIDADE DE VEGETAÇÃO/USO DO SOLO Prados rupícolas (6110*), Prados secos (6210), Subestepes de gramíneas (6220*pt1), Prados anuais, Matos baixos calcícolas (5330pt7) Matagais Carrascais (5330pt5), Matos (Tojais, Silvados) Espaços florestais autóctones Carvalhal (9240), Sobreiral (9330), Azinhal (9340) Espaços florestais não autóctones Eucaliptal Ambientes Lapiás, Vertentes calcárias (8210), Lajes calcárias (8240*) ICN, 2005 ICN, 2007 28 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO BIÓTOPO UNIDADE DE VEGETAÇÃO/USO DO SOLO rochosos Área agrícola Área agrícola (Áreas cultivadas) Áreas Artificializadas Áreas Artificializadas (Pedreiras, caminhos, escombreiras, urbanizações e outros edifícios) Dada a ausência de habitats aquáticos na área de estudo do Cabeça Veada, o biótopo Zonas Húmidas, descrito no POPNSAC, não foi considerado. As zonas com disponibilidade de água existentes nesta área, são de pequena dimensão e geralmente de carácter temporário (Pias), tendo sido incluídas no biótopo Ambientes Rochosos de acordo com as orientações seguidas no POPNSAC1. A Carta de Vegetação inclui polígonos com apenas um tipo de habitat e polígonos mistos, com diferentes tipos de habitats em mosaico, a Carta de Biótopos obtida reflete essa diversidade, podendo os polígonos conter um ou mais biótopos. A área artificializada foi tida em conta na valoração de cada um dos polígonos como se explica em detalhe no ponto 4.3. 4.2. METODOLOGIA DE VALORAÇÃO DAS ESPÉCIES ASSOCIADAS AOS BIÓTOPOS A valoração das espécies associadas aos Biótopos é feita pela quantificação de quatro classes básicas de avaliação: 1. Estatuto de conservação As variáveis incluídas neste estatuto refletem o grau de ameaça de cada espécie e a responsabilidade que o nosso país tem em conservá-las, no seguimento da assinatura e ratificação de convenções internacionais e também decorrentes do seu estatuto de Estado-membro da União Europeia. 2. Estatuto biogeográfico Este estatuto exprime a relevância das populações em função da sua representatividade nacional e internacional, podendo também contribuir para uma medida do grau de endemismo. 3. Estatuto biológico As variáveis pretendem refletir, em conjunto, a sensibilidade biológica das espécies, através da medida de algumas caraterísticas biológicas intrínsecas. 4. Estatuto regional Este parâmetro pretende qualificar as espécies em termos regionais, apreciação que não é garantida pelos outros estatutos considerados. A sua utilização está muito dependente da informação-base existente e, consequentemente, da capacidade da Área Protegida para proceder a uma proposta de lista das espécies de especial interesse regional. 1 ICN, 2007 Anexo_A_metValoracao METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 29 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO A avaliação da utilização real dos biótopos para todas as espécies de fauna é um exercício impraticável dado o enorme esforço de amostragem que seria necessário para ter uma avaliação da utilização idêntica para todas as espécies. Na perspetiva de obter uma avaliação o mais equilibrada possível entre todas as espécies, esta foi efetuada via pesquisa bibliográfica1, orientada para recolher informação sobre a ecologia das espécies que permitisse identificar as espécies potenciais para cada biótopo e quantificar a associação espécies-biótopo. Os dados recolhidos foram complementados pela informação recolhida no terreno, através de pontos de escuta e observação de aves, pontos de escuta de morcegos, transeptos para pesquisa de indícios de mamíferos e visualização de espécimes de répteis e anfíbios e, prospeção espeleológica de cavidades e grutas (vide capítulo Error! Reference source not found.). Estes dados foram sobretudo utilizados na avaliação do Estatuto Biológico das espécies, ao nível dos parâmetros concentração da população e reprodução (vide ponto 4.2.1.1.3) 4.2.1.1. Descrição dos Parâmetros utilizados na valoração das espécies 4.2.1.1.1 Estatuto de conservação (EC) O EC foi obtido através dos estatutos das espécies no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, no Livro Vermelho da UICN, e no grau de proteção definido de acordo com a Diretiva Habitats, a Diretiva Aves e a Convenção de Berna. A quantificação pormenorizada de cada um dos sub-parâmetros é descrita de seguida. a) Estatuto no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal A avaliação do estatuto de conservação das espécies em Portugal foi efetuada através do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, tendo sido efetuadas as adaptações à escala de quantificação para se adequar às categorias de ameaça seguidas no novo Livro Vermelho2: · 10 – Criticamente Em Perigo e Em Perigo · 8 – Vulnerável · 6 – Quase Ameaçada · 3 – Informação Insuficiente · 0 – Pouco Preocupante b) Estatuto no Livro Vermelho da UICN A utilização deste estatuto pretende garantir uma apreciação mais vasta da situação da espécie, em termos de conservação, uma vez que é tido em conta o seu estatuto global. A aferição foi efetuada através das avaliações mais recentes3, tendo-se adaptado a escala de quantificação às categorias de ameaça em vigor: · 10 – Criticamente Em Perigo e Em Perigo 1 BRUUN & FAPAS 1995, CABRAL et al. 2006, CATRY et al. 2010 EQUIPA ATLAS 2008, FERRAND DE ALMEIDA et al. 2001, ICN 2007, IUCN 2012, LOUREIRO et al. 2010, MATHIAS et al. 1999, MACDONALD & BARRET 1993, RAINHO et al. 1998. 2 CABRAl, et al., 2006 3 IUCN, 2012 30 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO · 8 – Vulnerável · 6 – Quase Ameaçada · 3 – Informação Insuficiente · 0 – Pouco Preocupante c) Diretiva de Habitats A Diretiva 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio, relativa à preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens, é utilizada no sentido de fornecer uma indicação sobre a importância comunitária das espécies (aves não incluídas), em termos de conservação. · 10 – Espécies prioritárias incluídas no Anexo II (espécies prioritárias de interesse comunitário cuja conservação exige a designação de zonas especiais de conservação) · 8 – Espécies incluídas no Anexo II (espécies de interesse comunitário cuja conservação exige a designação de zonas especiais de conservação) · 6 – Espécies incluídas no Anexo IV (espécies de interesse comunitário que exigem uma proteção rigorosa) · 0 – Espécies não incluídas nos anexos d) Diretiva das Aves A Diretiva 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril, relativa à conservação das aves selvagens é utilizada no sentido de fornecer uma indicação sobre a importância comunitária, das espécies de aves, em termos de conservação. · 10 – Espécies prioritárias incluídas no Anexo I (espécies prioritárias de aves de interesse comunitário cuja conservação requer a designação de zonas de proteção especial) · 8 – Espécies incluídas no Anexo I (espécies de aves de interesse comunitário cuja conservação requer a designação de zonas de proteção especial) e) Convenção de Berna Esta Convenção relativa à conservação da vida selvagem e dos habitats naturais da Europa (Decreto-Lei nº 316/89, de 22 de Setembro), inclui, no seu Anexo II as espécies da fauna estritamente protegidas. A utilização deste parâmetro pode ser questionada dada a baixa discriminação da Convenção de Berna, no entanto, pode sempre funcionar como filtro, não para distinguir as espécies excecionalmente importantes, mas para efetuar uma gradação em relação às menos importantes. · 5 – Espécies incluídas no Anexo II · 2 – Espécies incluídas no Anexo III · 0 – Não incluídas na Convenção Anexo_A_metValoracao METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 31 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO 4.2.1.1.2 Estatuto biogeográfico (EBg) A avaliação do estatuto biogeográfico foi efetuada através de consulta bibliográfica de obras de referência que refletem os padrões e tendências populacionais o mais atuais possível1. a) Distribuição Global · 10 – Península Ibérica e áreas adjacentes do Sul de França · 8 – Idem + ocorrência fora da Europa · 6 – Distribuição restrita na Europa (<30%) · 4 – Idem + ocorrência fora da Europa · 1 – Distribuição só na Europa, mas alargada · 0 – Distribuição alargada na Europa e fora dela b) Distribuição em Portugal · 10 – Localizada · 6 – Menos de 1/3 do País · 3 – 1/3 a 2/3 do País · 0 – Mais de 2/3 do País c) Tendências da Distribuição · 10 – A distribuição da espécie está em regressão em Portugal e a nível Europeu · 8 – A distribuição da espécie está em regressão em Portugal · 6 – A distribuição da espécie está em regressão na Europa · 4 – Tendência indeterminada da distribuição · 2 – Estabilidade a nível de distribuição · 0 – A distribuição da espécie está em expansão 4.2.1.1.3 Estatuto biológico (EB) Este parâmetro permite avaliar as sensibilidades biológicas das espécies, permitindo simultaneamente diferenciar o uso dos diferentes Biótopos (ver pontos 3.2 e 3.3). a) Tendência Populacional · 10 – Efetivo populacional em declínio em Portugal e a nível global · 8 – Efetivo populacional em declínio em Portugal · 6 – Efetivo populacional em declínio a nível global Cabral, et al., 2006; Catry, Costa, Elias, & Matias, 2010; Equipa Atlas, 2008; IUCN, 2012; Loureiro, Ferrand de Almeida, & Paulo, 2010 1 32 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO · 2 – Efetivo populacional estável · 0 – Efetivo populacional em aumento b) Concentração da População A definição deste parâmetro parte do princípio que as espécies cujas populações se concentram numa dada fase do seu ciclo de vida são mais vulneráveis do que as espécies que não têm tendência para concentrar-se. Consideram-se situações de concentração de indivíduos em reprodução (colónias), dormitórios, corredores ou frentes de migração, etc. · 10 – Concentra-se no biótopo em causa, sendo uma espécie que se concentra em poucos sítios · 5 – Concentra-se no biótopo em causa, sendo uma espécie que se concentra em pequeno número, em muitos sítios · 0 – Não se concentra no biótopo em causa c) Reprodução Uma vez que a reprodução corresponde geralmente ao período mais vulnerável do ciclo de vida dos indivíduos foi atribuída uma ponderação, quando no biótopo em causa a reprodução de uma espécie é provável ou está confirmada. · 10 – Reprodução confirmada · 8 – Reprodução provável, não confirmada · 6 – Reprodução possível, não confirmada · 0 – A espécie não utiliza o biótopo em causa para reprodução d) Migração Considerou-se que o facto de uma espécie migrar pode contribuir de certa maneira para aumentar a sua vulnerabilidade (não se aplica a répteis nem a anfíbios) · 5 – Espécie migradora · 0 – Espécie não-migradora e) Especializações Ecológicas Considera-se que a especialização de uma espécie é uma caraterística que lhe confere algum grau de vulnerabilidade. Especialização Alimentar · 5 – Espécie com dieta muito especializada · 3 – Nível intermédio · 0 – Espécie com dieta generalista Especialização em termos de Habitat Anexo_A_metValoracao METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 33 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO Considera-se que espécies estreitamente ligadas a um biótopo são mais vulneráveis, e tanto mais se o biótopo de que dependem for pouco abundante. · 10 – Espécie muito especializada, dependente de biótopos pouco abundantes · 5 – Espécie com uma situação intermédia · 0 – Espécie de maior plasticidade, ou dependentes de biótopos abundantes 4.2.1.1.4 Estatuto regional (ER) O estatuto regional permite diferenciar as espécies pelo seu valor a nível local. A elaboração de uma lista de espécies com interesse regional pode ter por base os seguintes fatores. · Espécies Caraterísticas · Grau de Raridade · Localmente Ameaçadas Na presente metodologia foi considerada para avaliação a lista de espécies com interesse regional fornecida pelos serviços do PNSAC1. A todas as espécies constituintes desta lista foi atribuída a pontuação 10. 4.2.1.1.5 Ponderação de cada estatuto no cálculo do valor ecológico específico (VEE) De acordo com a metodologia-base a classificação obtida em cada um dos estatutos é ponderada de maneira a salientar os estatutos que melhor podem contribuir para uma relativização da importância dos valores ecológicos das espécies (VEE). A metodologia considera que o Estatuto de Conservação por si só define uma hierarquização básica das espécies, dado que os critérios ecológicos (entre outros) já serviram de base para a definição de graus de ameaça ou estatutos de conservação. Como tal o EC deverá ter o maior dos pesos atribuídos. O Estatuto Biogeográfico é também considerado um fator determinante na definição básica da importância relativa das espécies e como tal é atribuído ao EBg um peso não muito inferior ao EC. De acordo com a metodologia, o Estatuto Biológico reordena a hierarquização de uma forma mais direcionada para aspetos de vulnerabilidade ou probabilidade de extinção das espécies, ao detalhar determinado tipo de fatores biológicos. Atendendo a que esta avaliação se pode revestir de alguma dificuldade e/ou subjetividade, a metodologia estabelece uma ponderação moderada para o estatuto em causa. O uso do Estatuto Regional (ER) pretende fazer uma última reorganização à hierarquização, através de um enfoque em valores de caráter regional que não estão contemplados nos outros Estatutos. Assim, este fator regional de avaliação aproxima o estatuto geral da espécie à realidade da zona em que se encontra, funcionando como fator de adequação à envolvente local. Em função da relevância atribuída aos diferentes Estatutos a contribuição de cada um no cálculo do VEE é a seguinte: 1 Através de email a 21 de Junho de 2012 em Anexo III 34 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO EC EC = 35% Ebg EBg = 30% EB EB = 15% ER ER = 20% Concretamente o valor ecológico da espécie (VEE) será determinado pela equação: VEE = k1xEC+k 2xEBg+k3xEB+k4xER As constantes k pretendem assegurar, em cada caso, que a contribuição dos vários Estatutos, independentemente do número de parâmetros utilizados no seu cálculo, esteja sempre de acordo com as ponderações atrás definidas. São diferentes entre alguns grupos taxonómicos, pois não é utilizado o mesmo número de parâmetros para o cálculo do EB (Quadro 10). Tal como neste caso, se na aplicação dos critérios for ignorado ou adicionado algum dos parâmetros de avaliação, deverão ser recalculadas as constantes para manter as ponderações estipuladas. Quadro 10 – Ponderações definidas para cada um dos grupos considerados (ICN, 2000). TAXA K1 K2 K3 K4 Mamíferos, Aves e Peixes dulçaquícolas 1,25 1,25 0,38 2,50 Répteis e Anfíbios 1,21 1,20 0,39 2,50 Os valores de VEE obtidos para cada espécie relativamente a cada biótopo são apresentados no Quadro 11. Anexo_A_metValoracao METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 35 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO Quadro 11 - Valor Ecológico Específico obtido para cada espécie relativamente a cada um dos biótopos existentes na área em estudo; CLASSE Amphibia Reptilia 36 NOME PRADOS E CIENTÍFICO M ATOS RASTEIROS Bufo bufo 10.67 Bufo calamita M ATAGAIS ESPAÇOS FLORESTAIS ESPAÇOS FLORESTAIS AMBIENTES ÁREA AUTÓCTONES NÃO AUTÓCTONES ROCHOSOS AGRÍCOLA 10.67 10.67 10.67 13.01 10.67 32.72 32.72 32.72 32.72 32.72 32.72 Alytes obstetricans 45.08 45.08 45.08 45.08 47.42 45.08 Discoglossus galganoi 84.56 84.56 84.56 84.56 86.9 84.56 Hyla arborea 0 0 0 0 35.06 0 Hyla meridionalis 0 0 0 0 62.1 0 Pelobates cultripes 57.14 57.14 57.14 57.14 59.48 57.14 Pelodytes punctactus 27.47 27.47 27.47 27.47 29.81 27.47 Pelophylax perezi 0 0 0 0 25.01 0 Lissotriton boscai 56.07 56.07 56.07 56.07 58.41 56.07 Pleurodeles waltl 43.85 43.85 43.85 43.85 46.19 43.85 Salamandra salamandra 25.79 25.79 25.79 25.79 28.13 25.79 Triturus marmoratus 36.29 36.29 36.29 36.29 38.63 36.29 Blanus cinereus 36.26 0 0 0 0 37.04 Coronella girondica 24.2 24.98 24.98 24.2 24.2 24.2 Hemorrhois hippocrepis 39.23 40.01 0 0 39.23 40.01 Macroprotodon cucullatus 34.67 0 34.67 34.67 34.67 0 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO Aves Anexo_A_metValoracao Malpolon monspessulanus 16.31 17.09 16.31 0 16.31 16.31 Natrix maura 0 0 0 0 19.94 0 Natrix natrix 0 0 0 0 10.34 0 Rhinechis scalaris 30.71 31.49 30.71 30.71 30.71 31.49 Tarentola mauritanica 17.57 0 0 0 20.69 17.57 Acanthodactylus erythrurus 72.9 72.9 72.9 72.9 72.9 72.9 Podarcis hispanicus 37.55 36.77 36.77 0 37.55 36.77 Psammodromus algirus 25.91 25.91 25.91 25.91 25.91 25.91 Psammodromus hispanicus 73.68 70.56 0 0 72.9 70.56 Timon lepidus 48.32 49.1 48.32 0 48.32 48.32 Chalcides bedriagai 63.08 63.08 63.08 0 63.08 63.08 Chalcides striatus 40.16 39.38 0 0 39.38 40.16 Vipera latastei 86.95 86.17 86.17 86.17 86.95 86.17 Accipiter gentilis 52.01 52.01 54.29 54.29 0 54.29 Accipiter nisus 39.4 39.4 41.68 41.68 0 39.4 Buteo buteo 6.25 6.25 8.53 8.53 0 6.25 Circaetus gallicus 58.04 58.04 60.32 60.32 58.04 60.32 Circus cyaneus 62.01 62.01 0 62.01 0 62.01 Circus pygargus 75.32 77.6 0 0 0 75.32 Elanus caeruleus 66.9 0 0 0 0 66.9 Hieraaetus fasciatus 77.17 77.17 79.45 79.45 0 77.17 Hieraaetus pennatus 64.18 64.18 66.46 66.46 0 64.18 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 37 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO 38 Milvus migrans 27.66 0 28.04 28.04 0 27.66 Aegithalos caudatus 0 0 8.04 5.76 0 0 Alauda arvensis 22.55 0 0 0 22.55 22.55 Galerida cristata 45.05 45.05 0 0 45.05 45.05 Galerida theklae 37.28 37.28 0 0 37.28 37.28 Lullula arborea 16.52 16.52 16.52 16.52 16.52 16.52 Apus apus 12.22 12.22 12.22 12.22 16.4 12.22 Apus melba 40.21 40.21 40.21 40.21 44.39 40.21 Apus pallidus 23.2 23.2 23.2 23.2 27.38 23.2 Ardea cinerea 0 0 31.25 31.25 31.25 0 Bubulcus ibis 21.25 0 21.25 21.25 0 21.25 Caprimulgus europaeus 70.1 70.1 67.82 67.82 67.82 70.1 Caprimulgus ruficollis 56.35 0 56.35 56.35 0 54.07 Certhia brachydactyla 0 0 20.21 17.93 0 17.93 Ciconia ciconia 20.38 0 0 22.28 0 20 Columba livia 12.55 12.55 12.55 12.55 12.55 12.55 Columba palumbus 2.5 2.5 4.78 5.54 2.5 2.5 Streptopelia decaocto 2.5 4.78 4.78 4.78 2.5 2.5 Streptopelia turtur 15.7 17.98 17.98 17.98 15.7 15.7 Corvus corax 51.79 0 54.07 51.79 0 51.79 Corvus corone 7.28 7.28 0 9.56 7.28 7.28 Garrulus glandarius 0 0 5.54 3.26 0 3.26 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO Anexo_A_metValoracao Pyrrhocorax pyrrhocorax 82.6 82.6 0 0 90.2 0 Cuculus canorus 10.32 10.32 12.6 12.6 0 12.6 Emberiza calandra 10.27 0 0 0 0 12.55 Emberiza cia 19.78 0 19.78 17.5 19.78 0 Emberiza cirlus 0 0 19.78 19.78 19.78 0 Falco columbarius 57.55 0 0 0 0 57.55 Falco peregrinus 38.91 38.91 41.19 41.19 41.19 38.91 Falco subbuteo 51.68 51.68 53.96 53.96 0 51.68 Falco tinnunculus 11.03 11.03 11.03 11.03 13.31 11.03 Carduelis cannabina 11.03 13.31 0 0 0 11.03 Carduelis carduelis 0 0 10.65 10.65 0 10.65 Carduelis chloris 11.03 11.03 11.03 11.03 0 11.03 Fringilla coelebs 9.56 9.56 0 0 0 7.28 Serinus serinus 11.03 0 11.03 13.31 0 13.31 Delichon urbicum 0 0 0 0 0 14.83 Hirundo daurica 0 0 0 0 42.33 0 Hirundo rustica 14.83 0 0 0 0 14.83 Ptyonoprogne rupestris 0 0 0 0 23.2 0 Riparia riparia 39.18 0 0 0 0 39.18 Lanius meridionalis 26.3 0 24.02 24.02 0 0 Lanius senator 0 0 66.08 65.7 0 65.7 Merops apiaster 47.82 47.82 47.82 47.82 47.82 47.82 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 39 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO 40 Anthus campestris 50.16 50.16 0 0 50.16 50.16 Motacilla alba 15.43 0 0 0 0 0 Motacilla cinerea 15.16 0 0 0 0 17.44 Oriolus oriolus 0 0 43.2 43.2 0 43.2 Parus ater 0 0 15.16 17.44 0 15.16 Parus caeruleus 0 0 10.65 12.93 0 10.65 Parus cristatus 14.18 14.18 16.46 14.18 0 14.18 Parus major 0 0 14.45 12.93 0 10.65 Passer domesticus 0 0 0 0 0 4.78 Passer montanus 0 0 9.51 9.51 0 9.51 Petronia petronia 0 0 0 0 42.5 42.5 Alectoris rufa 28.58 28.58 28.58 28.58 26.3 28.58 Coturnix coturnix 46.84 0 0 0 43.8 46.08 Dendrocopos major 0 0 9.89 12.17 0 0 Jynx torquilla 44.67 0 44.67 46.95 0 46.95 Picus viridis 0 0 11.9 14.18 0 11.9 Scolopax rusticola 37.55 37.55 37.55 37.55 0 37.55 Sitta europaea 0 0 40.16 42.44 0 40.16 Asio otus 47.28 47.28 49.56 49.56 47.28 47.28 Athene noctua 9.51 9.51 11.79 11.79 0 11.79 Bubo bubo 62.93 62.93 65.21 65.21 65.21 62.93 Otus scops 51.95 0 54.23 54.23 0 51.95 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO Anexo_A_metValoracao Strix aluco 0 0 40.54 40.54 0 38.26 Sturnus unicolor 18.75 0 21.03 21.03 18.75 18.75 Cettia cetti 40.65 0 0 0 0 0 Cisticola juncidis 13.75 0 0 0 0 13.75 Hippolais polyglotta 15.65 17.93 15.65 0 0 0 Phylloscopus bonelli 0 0 45.16 45.16 0 0 Phylloscopus ibericus 0 0 27.44 27.44 0 0 Regulus ignicapilla 40.16 40.16 42.44 40.16 0 0 Sylvia atricapilla 8.75 11.03 8.75 8.75 0 8.75 Sylvia cantillans 13.15 13.15 13.15 15.43 0 15.43 Sylvia conspicillata 35.21 0 32.93 0 0 32.93 Sylvia melanocephala 17.55 13.75 0 13.75 0 13.75 Sylvia undata 51.08 48.8 48.8 48.8 0 0 Troglodytes troglodytes 10.27 10.27 12.55 10.27 10.27 0 Erithacus rubecula 13.26 13.26 15.54 15.54 13.26 0 Luscinia megarhynchos 0 12.55 0 0 0 0 Monticola solitarius 0 0 0 0 48.91 0 Oenanthe hispanica 0 0 68.2 68.2 68.2 0 Phoenicurus ochruros 18.96 0 0 0 17.44 0 Saxicola torquatus 11.79 9.51 0 0 9.51 9.51 Turdus merula 5.76 8.04 5.76 5.76 8.04 5.76 Turdus philomelos 17.28 17.28 17.28 17.28 17.28 17.28 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 41 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO Mammalia 42 Turdus viscivorus 22.55 22.55 24.83 24.83 22.55 0 Tyto alba 14.4 0 16.68 16.68 16.68 14.4 Upupa epops 37.17 0 37.17 0 0 37.17 Vulpes vulpes 7.44 7.44 7.44 7.44 7.44 7.44 Erinaceus europaeus 8.8 0 0 0 0 8.8 Felis silvestris 67.44 70.48 70.48 70.48 67.44 67.44 Eliomys quercinus 69.34 68.58 68.58 68.58 68.58 0 Lepus granatensis 42.55 41.79 41.79 0 0 41.79 Oryctolagus cuniculus 58.58 59.34 58.58 0 0 59.34 Miniopterus schreibersi 87.6 87.6 0 0 95.2 87.6 Tadarida teniotis 59.67 59.67 59.67 59.67 67.27 59.67 Apodemus sylvaticus 7.55 7.55 7.55 7.55 0 6.79 Microtus cabrerae 72.33 0 70.05 0 0 0 Microtus duodecimcostatus 26.3 25.54 0 0 0 25.54 Microtus lusitanicus 22.55 0 0 0 0 22.55 Mus domesticus 0 0 0 0 0 5.54 Mus spretus 15.54 15.54 15.54 0 15.54 16.3 Rattus norvegicus 7.39 0 0 0 0 7.39 Rattus rattus 9.29 9.29 9.29 9.29 9.29 9.29 Martes foina 9.18 9.18 9.18 6.9 9.18 9.18 Meles meles 9.18 9.18 9.94 9.94 9.18 9.94 Mustela nivalis 9.94 9.18 9.18 9.18 6.9 9.94 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO Anexo_A_metValoracao Mustela putorius 43.2 43.2 43.2 43.2 43.2 43.2 Rhinolophus euryale 0 89.34 89.34 89.34 96.94 0 Rhinolophus ferrumequinum 67.82 67.82 67.82 67.82 75.42 67.82 Rhinolophus hipposideros 72.82 72.82 72.82 72.82 80.42 72.82 Rhinolophus mehelyi 99.5 99.5 99.5 0 107.1 0 Crocidura russula 14.18 14.18 14.18 14.18 14.18 14.18 Crocidura suaveolens 16.68 16.68 14.4 14.4 16.68 16.68 Sorex granariu 29.18 29.18 29.18 29.18 29.18 29.94 Sorex minutus 21.19 21.19 20.43 20.43 20.43 20.43 Suncus etruscus 21.95 21.95 21.95 21.95 21.95 22.71 Sus scrofa 8.8 8.8 8.8 8.8 6.52 6.52 Talpa occidentali 19.18 19.18 19.18 19.18 0 19.94 Barbastella barbastellus 0 0 85.1 85.1 85.1 80.92 Eptesicus serotinus 56.46 56.46 56.46 56.46 60.26 56.46 Myotis blythii 90.59 0 0 0 98.19 90.59 Myotis daubentonii 45.54 45.54 45.54 0 53.14 0 Myotis emarginatus 62.06 62.06 0 0 69.66 62.06 Myotis myotis 61.3 0 61.3 61.3 68.9 61.3 Myotis nattereri 0 0 64.83 64.83 70.15 62.55 Nyctalus leisleri 65.16 0 67.44 67.44 0 65.16 Pipistrellus kuhlii 54.56 0 0 0 57.6 54.56 Pipistrellus pipistrellus 45.65 45.65 47.93 45.65 53.25 45.65 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 43 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO 44 Pipistrellus pygmaeus 0 0 48.09 48.09 0 0 Plecotus auritus 0 0 57.93 57.93 0 0 Genetta genetta 19.94 19.18 19.18 19.18 16.9 16.9 Herpestes ichneumon 23.15 26.19 23.15 23.15 25.43 23.15 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO 4.3. METODOLOGIA DE VALORAÇÃO FAUNÍSTICA DOS BIÓTOPOS Os biótopos definidos foram hierarquizados, de acordo com o valor ecológico da fauna que potencialmente os utiliza. Neste processo optou-se por valorizar os biótopos em função das 50 espécies com VEE mais elevado, através da média dos respetivos VEE, no intuito de que o zonamento dos biótopos tenha em conta de forma inequívoca a importância para a conservação de espécies mais ameaçadas, raras, ou muito vulneráveis, ainda que estas possam também ser contempladas na fase seguinte do processo da valoração (Identificação de Espécies singulares ou prioritárias). Uma vez calculado o valor faunístico de cada biótopo (Quadro 12) procedeu-se a quantificação dos polígonos definidos aquando da elaboração da Carta da Biótopos. No caso dos polígonos com mais do que um biótopo, o valor faunístico do polígono foi obtido através da média dos valores faunísticos ponderada pela percentagem de ocupação de cada biótopo. A área do polígono ocupado por área artificializada, correspondente essencialmente a pedreiras em exploração, escombreiras e acessos, foi também considerada no processo de valoração, tendo neste caso atribuído o valor zero de VFB. Quadro 12 – Número de espécies associadas e valor faunístico obtido para cada um dos biótopos considerados, excetuando a Área artificializada ESPAÇOS FLORESTAIS BIÓTOPOS E M ATOS M ATAGAIS FLORESTAIS NÃO AUTÓCTONES RASTEIROS AUTÓCTONES PRADOS ESPAÇOS ALCANTILADOS ROCHOSOS ÁREAS AGRÍCOLAS REB 138 103 125 114 101 141 VFB 61.7 57.6 59.7 56.9 61.15 60.0 Após a determinação do VFB, a metodologia de base prevê a hierarquização dos biótopos e a sua categorização em termos de importância para a conservação da fauna, através da classificação em 4 classes de relevância: Baixa, Média, Alta, Excecional. Nesta fase, procedeu-se a alguns ajustamentos da metodologia de base. Primeiro, optou-se por se estabelecer classes de relevância em função do valor faunístico dos polígonos e não dos biótopos dado que a variabilidade de valor faunístico é muito maior quando se considera a primeira valoração, permitindo assim um zonamento mais fino do valor faunístico da área de estudo. A segunda alteração à metodologia base consistiu em considerar apenas os seguintes 3 níveis de classificação quanto à relevância dos polígonos em função do VFB: · Baixa [0-39] – polígonos com pouca expressão dos biótopos considerados, com elevada área artificializada; · Média ]39-59.6] – polígonos com predominância elevada expressão dos biótopos menos valorados considerados; · Alta (≥59.7) – polígonos com predominância dos biótopos naturais com maior valor faunístico. A atribuição da classe Excecional, não foi atribuída no presente exercício dado que se considerou estarem ausentes da área em estudo habitats considerados de extrema importância no contexto faunístico do PNSAC. Em concreto, não foram identificadas cavidades rochosas que servem de locais de abrigo e reprodução para espécies de alto valor de conservação como são algumas espécies de morcegos e a gralha-de-bico vermelho. Na mesma ótica não foi considerado no Anexo_A_metValoracao METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 45 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO exercício a fase de Identificação de Espécies ou Locais Prioritários que seria adequada para a valoração das cavidades rochosas anteriormente descritas. Desta forma a Carta de Valores Faunísticos resulta diretamente do cálculo do Valor Faunístico dos biótopos tal como consta na Figura 6. Figura 6 - Carta de valoração faunística dos biótopos 46 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO 5. BIBLIOGRAFIA BILZ, M.; KELL, S.P.; MAXTED, N. & LANSDOWN, R.V. 2011. European Red List of Vascular Plants. Luxembourg: Publications Office of the European Union. BRUUN, B. & FUNDO PARA A PROTECÇÃO DOS ANIMAIS SELVAGENS (Portugal), 1995. Aves de Portugal e Europa. Câmara municipal do Porto: Porto. CABRAL (COORD.), M. J., J ALMEIDA, P R ALMEIDA, T DELLINGER, N FERRAND DE ALMEIDA, M E OLIVEIRA, J M PALMEIRIM, A L QUEIROZ, L ROGADO, & M SANTOS-REIS. 2006. 660 Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Instituto de Conservação da Natureza. 2aEdição Lisboa: Instituto da Conservação da Naturez/Assírio & Alvim. CATRY, P., COSTA, H., ELIAS, G. & MATIAS, R. 2010. Aves de Portugal : ornitologia do território continental. Assírio & Alvim: Lisboa. EQUIPA ATLAS. 2008. Atlas das Aves Nidificantes em Portugal (1999-2005). ed. Parque Natural da Madeira e Secretaria Regional do Ambiente e do Mar Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves. Lisboa: Assírio & Alvim. ESPÍRITO-SANTO, M.D.; Costa, J.C.; Lousã, M.F.; Capelo, J.H. & Aguiar, C. 1995b. Listagem dos habitats naturais contidos na Directiva 92/43/CEE presentes em Portugal. Departamento de Botânica e Engenharia Biológica. Instituto Superior de Agronomia. Universidade Técnica de Lisboa. FERRAND DE ALMEIDA, N., FERRAND DE ALMEIDA, P., GONÇALVES, H., SEQUEIRA, F., TEIXEIRA, J. & ALMEIDA, F.F. 2001. Guia FAPAS Anfíbios e Répteis de Portugal – Porto: FAPAS e Câmara Municipal do Porto. 249 pp FLOR, A. 2005. Plantas a proteger no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. Instituto da Conservação da Natureza. Lisboa. ICN (2005) Caderno de Encargos do Plano de Ordenamento e Gestão da Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica, Lagoa de Albufeira e Áreas Adjacentes. Anexo III. ICN, 2006. Plano Sectorial da Rede Natura 2000. Cartografia de Valores Naturais – Sítios. ICN, 2007. Revisão do Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros Caracterização e Diagnóstico. PNSAC. IUCN 2012. The IUCN Red List of Threatened Species. Version 2012.2. <http://www.iucnredlist.org> KENT, M. & COKER, P. 1992. Vegetation description and analysis. A practical approach. John Wiley & Sons,Ltd. Chichester. KRUCKBERG, A.R. & RABINOWITZ, D. 1985. Biological aspects of endemism in higher plants. Ann. Rev. Ecol. Syst. 16: 447-479. LOIDI, J. 2008. La fitossociologia como provedora de herramientas de gestión. Lazaroa 29: 7-17. LOUREIRO, A., CARRETERO, N. & PAULO, O, 2010. Atlas dos anfíbios e répteis de Portugal. Esfera do Caos: Lisboa. MACDONALD, D. & BARRET, P. 1993. Mamíferos de Portugal e Europa, Guias FAPAS, Porto. MATHIAS, M. (Coord.) 1999. Guia dos Mamíferos Terrestres de Portugal Continental, Açores e Madeira. Instituto da Conservação da Natureza, Lisboa. Anexo_A_metValoracao METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 47 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO PURROY IRAIZOZ, F. J. & VARELA, J. M, 2003. Guía de los mamíferos de España: península, Baleares y Canarias. Lynx Edicions: Seo/Birdlife: Barcelona. RABINOWITZ, D.; CAIRNS, S. & DILLON, T. 1986. Seven forms of rarity and their frequency in the flora of the British Isles. Pages 182-204 in M. E. Soulé, editor. Conservation biology: the science of scarcity and diversity. Sinauer, Sunderland, Massachusetts, USA. RAINHO, A.; RODRIGUES, L.; BICHO, S.; FRANCO, C.; PALMEIRIM, J.M. 1998. Morcegos das Áreas Protegidas I. Estudos de Biologia e Conservação da Natureza, 26. ICN, Lisboa. SOUTO CRUZ. 1999. Metodologia sobre a cartografia da flora e vegetação do Parque Natural da Arrábida. Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida. Páginas Web Consultadas: www.anthos.es www.icnf.pt http://www.icnf.pt/NR/rdonlyres/BB81AC9B-8BD0-4CC0-A51564D5EEE6ED5D/0/RCM_57_2010_POPNSAC.pdf (Resolução do Conselho de Ministros n.º 57/2010) www.iucnredlist.org ww2.bgbm.org/EuroPlusMed/[accessedDATE] 48 METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO Anexo_A_metValoracao PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO ANEXO I Email relativo à Listagem de Flora a utilizar na metodologia de Valoração Anexo_A_metValoracao METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 49 - Estudos 07/11/12 e Div ulgação em Ambiente Correio - Fw: Compilacao_Flora_Indice Sónia Malveiro <[email protected]> Fw: Compilacao_Flora_Indice Ana Amaral <[email protected]> Para Catarina Azinheira <[email protected]> Cc: Sónia Malveiro <[email protected]>, Patricia Rodrigues <[email protected]> 23 de Julho de 2012 12:49 ----- Original Message ----From: PNSAC - Paula Maria Duarte To: [email protected] Cc: PNSAC (Superv) - Manuel Duarte Sent: Monday, July 23, 2012 12:40 PM Subject: FW: Compilacao_Flora_Indice Em resposta ao solicitado no email de 4 de Julho, junto envio os comentários efetuados à listagem. Com melhores cumprimentos O Secretariado Paula Duarte Paula Maria Duarte ICNB.I.P - Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade DGACLLO - Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros Rua Dr. Augusto César da Silva Ferreira 2040-215 RIO MAIOR Telef. 243 999 481 Fax 243 999 488 [email protected] https://mail.google.com/mail/u/0/?ui=2&ik=3e02be4956&v iew=pt&q=IndiceValoracao_Flora&qs=true&… 1/2 - Estudos 07/11/12 e Div ulgação em Ambiente Correio - Fw: Compilacao_Flora_Indice De: Ana Amaral [mailto:[email protected]] Enviada: quarta-feira, 4 de Julho de 2012 18:33 Para: PNSAC (Superv) - Manuel Duarte Assunto: Compilacao_Flora_Indice Importância: Alta Caro Eng.º Manuel Duarte, Uma vez que o ICNB ainda não tem disponível a lista preliminar de plantas a integrar o livro vermelho da flora, do elenco por nós construído foram selecionámos aquelas que eventualmente poderão integrar essa lista. Assim enviamos, em anexo, proposta de listagem para a qual solicitamos análise crítica. Grata pela atenção. Cumprimentos, Ana Amaral Rua do Alto da Terrugem, nº2, 2770-012 Paço de Arcos, Portugal Tel: + 351 214 461 420, Fax: + 351 214 461 421 2 anexos IndiceValoracao_Flora_AEI_PNSAC_2012.docx 23K IndiceValoracao_Flora_AEI_PNSAC_2012_Comentários.docx 19K https://mail.google.com/mail/u/0/?ui=2&ik=3e02be4956&v iew=pt&q=IndiceValoracao_Flora&qs=true&… PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO ANEXO II Email relativo à Listagem de Fauna de interesse regional a utilizar na metodologia de Valoração Anexo_A_metValoracao METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 51 07/11/12 Sónia Malveiro <[email protected]> Fwd: Lista das espécies de fauna de interesse regional Ana Amaral <[email protected]> Para Sónia Malveiro <[email protected]> 21 de Junho de 2012 18:46 Enviado do meu iPad Iniciar a mensagem reencaminhada: De: "PNSAC \(Superv\) - Manuel Duarte" <[email protected]> Data: 21 de Junho de 2012 16:27:54 WEST Para: "Ana Amaral" <[email protected]> Assunto: FW: Lista das espécies de fauna de interesse regional Ana, boa tarde. Conforme combinado na reunião, junto segue a lista das espécies da fauna com interesse regional. Cumprimentos Manuel Duarte Manuel Duarte Instituto da Conserv ação da Natureza e da Biodiv ersidade ( ICNB, I.P.) Departamento de Gestão de Áreas Classificadas do Litoral de Lisboa e Oeste Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros Rua Dr. Augusto César Silva Ferreira 2040-215 RIO MAIOR tel. 243999480 fax. 243999488 https://mail.google.com/mail/u/0/?ui=2&ik=3e02be4956&v iew=pt&q=manuel duartem%40icnb.pt&qs=t… 1/2 ação 07/11/12 em Ambiente Correio - Fwd: Lista das espécies de f auna de interesse… De: PNSAC - Luís António Ferreira Enviada: quinta-feira, 21 de Junho de 2012 16:24 Para: PNSAC (Superv) - Manuel Duarte Cc: DGAC LLO (Dir Adj) - Teresa Leonardo; DGAC LLO (Dir) - Sofia Castel-Branco da Silveira Assunto: Lista das espécies de fauna de interesse regional Manuel, No seguimento da reunião entre o ICNB e a empresa que se encontra a elaborar os estudos para as AIE’s do POPNSAC, segue anexo o xls. com a lista de espécies de interesse regional (PNSAC) adaptada/atualizada da que foi considerada para o POPNSAC. LAF Luís António Jorge Ferreira Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB, I.P.) Departamento de Gestão de Áreas Classificadas do Litoral de Lisboa e Oeste (DGAC-LLO) Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC) Rua Dr. Augusto César Silva Ferreira 2040-215 RIO MAIOR tel. 243999480 fax. 243999488 legenda mail_b Especies de fauna de interesse regional.xlsx 13K https://mail.google.com/mail/u/0/?ui=2&ik=3e02be4956&v iew=pt&q=manuel duartem%40icnb.pt&qs=t… 2/2 PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO ANEXO III Listagem de Fauna de interesse regional a utilizar na metodologia de Valoração Anexo_A_metValoracao METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO 53 LISTA DE ESPÉCIES DE INTERESSE REGIONAL/LOCAL Espécie Nome comum Ocorrência Anfíbios Triturus boscai Tritão-de-ventre-laranja Discoglossus galganoi Rã-de-focinho-pontiagudo Hyla meridionalis Rela-meridional Residente; Endemismo ibérico Residente Residente; Endemismo ibérico Répteis Acanthodactylus erythrurus Lagartixa-de-dedos-denteados Residente Psammodromus hispanicus Lagartixa-do-mato-ibérica Residente Vipera latastei Víbora-cornuda Residente Tachybaptus ruficollis Mergulhão-pequeno Residente Nycticorax nycticorax Goraz Estival nidificante Ardea cinerea Garça-real Essencialmente invernante Anas platyrhynchos Pato-real Residente Elanus caeruleus Peneireiro-cinzento Residente Circaetus gallicus Águia-cobreira Estival nidificante Circus cyaneus Tartaranhão-azulado Invernante Cyrcus pygargus Tartaranhão-caçador Estival/de passagem Accipiter gentilis Açor Residente Accipiter nisus Gavião Residente Hieraaetus pennatus Águia-calçada Estival nidificante Hieraaetus fasciatus Águia de Bonelli Residente Falco columbarius Esmerilhão Invernante Falco subbuteo Ógea Estival nidificante Coturnix coturnix Codorniz Estival nidificante Gallinula chloropus Galinha-de-água Residente Fulica atra Galeirão Invernante Scolopax rusticola Galinhola Invernante Otus scops Mocho-d`orelhas Estival nidificante Bubo bubo Bufo-real Residente Strix aluco Coruja-do-mato Residente Asio otus Bufo-pequeno Residente Caprimulgus europaeus Noitibó-cinzento Estival nidificante Caprimulgus ruficollis Noitibó-de-nuca-vermelha Estival nidificante Upupa epops Poupa Estival/residente Alcedo atthis Guarda-rios Residente Merops apiaster Abelharuco Estival nidificante Jynx torquilla Torcicolo Estival nidificante Galerida cristata Cotevia-de-poupa Residente Riparia riparia Andorinha-das-barreiras Estival nidificante Hirundo daurica Andorinha-dáurica Estival nidificante Anthus campestris Petinha-dos-campos Estival nidificante Oenanthe hispanica Chasco-ruivo Estival nidificante Monticola solitarius Melro-azul Residente Cetti cetti Rouxinol-bravo Residente Phyloscopus bonelli Felosa-de-papo-branco Estival nidificante Regulus ignicapilla Estrelinha-real Residente Aves Espécie Nome comum Ocorrência Sita europaea Trepadeira-azul Residente Oriolus oriolus Papa-figos Estival nidificante Lanius senator Picanço-barreteiro Estival nidificante Pyrrhocorax pyrrhocorax Gralha-de-bico-vermelho Residente Corvus corax Corvo Residente Petronia petronia Pardal-francês Residente Lepus granatensis Lebre Residente Oryctolagus cuniculus Coelho-bravo Residente Eliomys quercinus Leirão Residente Mustela putorius Toirão Residente Felis silvestris Gato-bravo Residente Mamíferos Todos os MORCEGOS Quadro 1 – Lista de espécies de flora identificadas na área de estudo da AIE de Cabeça Veada. Respetivas famílias, nome científico(nomenclatura de acordo com a Flora Ibérica www.floraiberica.es), nomes comuns e estatuto: biogeográfico de acordo com www.floraiberica.es e, de proteção de acordo com a legislação em vigor (Decreto-Lei n.º 254/2009, de 24 de Setembro, Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 de Abril e Decreto-Lei n.º 49/2005 de 24 de fevereiro e Decreto-Lei nº 114/90 de 5 de Abril). F AMÍLIA G ÉNERO /ESPÉCIE NOME C OMUM Selaginellaceae Selaginella denticulata (L.) PB. ex Schrank & Mart. Selaginela Polypodiaceae Polypodium vulgare L. Fentelha Hypolepidaceae Pteridium aquilinum (L.) Kuhn subsp. aquilinum Feto-do-monte Aspleniaceae Asplenium billotii F.W. Schultz. Fentilho Asplenium onopteris L. Avenca-negra Asplenium ruta-muraria L. subsp. ruta-muraria Arruda-dos-muros Asplenium trichomanes L. subsp. quadrivalens D.E. Mey Avencão Ceterach officinarum Willd. subsp. officinarum Doiradinha Pinaceae Pinus pinaster Aiton Pinheiro-bravo Aristolochiaceae Aristolochia paucinervis Pomel Erva-bicha Ranunculaceae Delphinium pentagynum Lam. Nigella damascena L. Barbas-de-velho Papaveraceae Papaver dubium L. Papoila-longa Fagaceae Quercus coccifera L. Carrasco Quercus faginea Lam. Subsp. broteroi (Cout.) A. Camus Carvalhocerquinho Quercus ilex L. subsp. ballota (Desf.) Samp. Azinheira Quercus suber L. Sobreiro Caryophyllaceae Decreto-Lei n.º 254/2009, de 24 de setembro Endemismo Ibérico Arenaria conimbricensis Brot. subsp. conimbricensis Arenaria montana L. subsp. montana ESTATUTO DE PROTEÇÃO arenária Cerastium glomeratum Thuill. Endemismo Lusitânico Dianthus cintranus Boiss. & Reut. subsp. barbatus R. Fern. & Franco Paronychia argentea Lam. Erva-prata Petrorhagia nanteuilii (Burnat) P.W. Ball & Heywood Silene fuscata Link ex Brot. Silene longicilia (Brot.) Otth Endemismo Lusitânico; Anexos B-II, B-IV e B-V do Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 de abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro F AMÍLIA G ÉNERO /ESPÉCIE NOME C OMUM ESTATUTO DE PROTEÇÃO Silene vulgaris (Moench) Garcke subsp. vulgaris Spergularia purpurea (Pers.) G.Don. Sapinho-roxo Spergularia cf. segetalis (L.) G. Don. Sapinho-daspastagens Polygonaceae Rumex bucephalophorus L. subsp. gallicus (Steinh.) Rech. Fil. Catacuzes Paeoniaceae Paeonia broteroi Boiss. & Reut. Rosa-albardeira Guttiferae Hypericum humifusum L. Erva-das-milfolhinhas Hypericum perforatum L. subsp. perforatum Milfurada Malvaceae Malva hispanica L. Malva-deespanha Cistaceae Cistus albidus L. Roselha-maior Cistus crispus L. Roselha Cistus monspeliensis L. Sargaço Cistus psilosepalus Sweet Sanganho Cistus salvifolius L. Saganho-mouro Xolantha guttata (L.) Raf. Xolantha tuberaria (L.) Gallego, Munoz Garm. & C. Navarro Brassicaceae Alcar Biscutella valentina (Loefl. ex L.) Heywood subsp. valentina Iberis procumbens Lange subsp. microcarpa Franco & P. Silva Assembleias Endemismo Lusitânico; Anexos B-II, B-IV e B-V do Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 de abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro Teesdalia coronopifolia (J. Bergeret) Thell. Ericaceae Primulaceae Crassulaceae Calluna vulgaris (L.) Hull Torga-ordinária Erica lusitanica Rudolphi Queiroga Erica scoparia L. subsp. scoparia Urze-dasvassouras Anagallis arvensis L. Morrião Anagallis monelli L. Morrião-grande Sedum album L. Sedum forsterianum Sm. Sedum sediforme (Jacq.) Pau Saxifragaceae Saxifraga cintrana Kuzinsky Rosaceae Aphanes australis Rydb. Erva-pinheira Endemismo Lusitânico Crataegus monogyna Jacq. Pilriteiro Pyrus bourgaeana Decne. Carapeteiro F AMÍLIA G ÉNERO /ESPÉCIE NOME C OMUM Rubus ulmifolius Schott Silva ESTATUTO DE PROTEÇÃO Sanguisorba verrucosa (Link ex G. Don) Ces. Fabaceae Anthyllis vulneraria L. subsp. maura (Beck) Maire Anthyllis vulneraria L. subsp. gandogeri (Sagorski) W. Becker ex. Maire Genista triacanthos (Cav.) DC. Ranha-lobo Endemismo Ibérico Genista tournefortii Spach subsp. tournefortii Lotus corniculatus L. Cornichão Lotus parviflorus Desf. Medicago polymorpha L. Ononis pusilla L. subsp. pusilla Ononis reclinata L. subsp. reclinata Scorpiurus sulcatus L. Cornilhão Trifolium angustifolium L. Trevo-de-folhasestreitas Trifolium campestre Schreb. Trevo-amarelo Trifolium pratense L. subsp. pratense Pé-de-lebre Trifolium repens L. Trevo-rasteiro Trifolium subterraneum L. subsp. subterraneum Trevosubterrâneo Trifolium stellatum L. Trevo-estrelado Ulex europaeus L. subsp. europaeus Tojo-arnal Ulex europaeus L. subsp. latebracteus (Mariz) Rothm. Tojo-arnal-dolitoral Endemismo Ibérico Ulex jussiae Webb Tojo-durázio Endemismo Lusitânico Thymelaeaceae Daphne gnidium L. Trovisco Myrtaceae Eucalyptus globulus Labill. Eucalipto-comum Santalaceae Osyris alba L. Cássia-branca Rafflesiaceae Cytinus hypocistis (L.) L. Pútegas-deescamas Euphorbiaceae Euphorbia exigua L. subsp. exigua Ésula-menor Euphorbia pterococca Brot. Ésula-angulosa Euphorbia segetalis L. Alforva-brava Rhamnaceae Rhamnus alaternus L. Sanguinho-dassebes Rutaceae Ruta chalepensis L. Arruda-doscalcários Linaceae Linum bienne Miller Linhaça Linum strictum L. subsp. strictum Geraniaceae Erodium cicutarium (L.) L'Hér. Bico-de-cegonha F AMÍLIA G ÉNERO /ESPÉCIE NOME C OMUM ESTATUTO DE PROTEÇÃO subsp. cicutarium Geranium lucidum L. Polygalaceae Geranium purpureum Vill. Erva-de-sãoroberto Geranium robertianum L. Bico-de-grou Polygala monspeliaca L. Polygala vulgaris L. Erva-leiteira Araliaceae Hedera maderensis K. Koch. ex. A. Rutherf subsp. iberica McAllister Hera Apiaceae Bupleurum gerardi All. Endemismo Ibérico Bupleurum rigidum L. subsp. paniculatum (Brot.) H. Wolff Gentianaceae Conopodium marianum Lange Trangulho Daucus carota L. Cenoura-brava Eryngium campestre L. Cardo-corredor Thapsia villosa L. Turbit-da-terra Torilis arvensis (Huds.) Link. subsp. neglecta (Spreng.) Thell. Salsinha Blackstonia perfoliata (L.) Hudson subsp. perfoliata Centaurium erythraea Rafn subsp. grandiflorum (Biv.) Melderis Fel-da-terramaior Olea europaea L. Oliveira Olea europaea L. var. sylvestris (Mill.) Lehr Zambujeiro Phillyrea angustifolia L. Lentisco Convolvulaceae Convolvulus arvensis L. Corriola Boraginaceae Echium plantagineum L. Soagem Echium tuberculatum Hoffmanns. & Link Viperina Ajuga reptans L. Língua de boi Calamintha nepeta (L.) Savi subsp. nepeta Calaminta-dasmontanhas Clinopodium vulgare L. Clinopódio Lavandula stoechas L. subsp. stoechas Rosmaninho Oleaceae Lamiaceae Nepeta tuberosa L. Origanum vulgare L. subsp. virens (Hoffmanns. & Link) Bonnier & Layens Oregão Phlomis lychnitis L. Salva-brava Rosmarinus officinalis L. Alecrim Salvia sclareoides Brot. Salva-do-sul Teucrium capitatum L. subsp. capitatum Teucrium chamaedrys L. Carvalhinha Endemismo Ibérico F AMÍLIA G ÉNERO /ESPÉCIE NOME C OMUM Teucrium haenseleri Boiss. Plantaginaceae Scrophulariaceae Endemismo Ibérico Thymus zygis L. subsp. sylvestris (Hoffmanns & Link) Cout. Sal-da-terra Plantago afra L. Erva-das-pulgas Plantago coronopus L. Corno-de-veado Plantago lagopus L. Erva-da-mosca Antirrhinum linkianum Boiss. & Reut. Bocas-de-lobo Campanulaceae Campanula rapunculus L. Campainharabanete Rubiaceae Rubia peregrina L. Raspalíngua Caprifoliaceae Lonicera etrusca Santi Madressilvacaprina Lonicera implexa Aiton Madressilva Centranthus calcitrapae (L.) Dufr. Calcitrapa Valerianella discoidea (L.) Loisel. Alface-robusta Andryala corymbosa L. Alface-doscalcários Andryala integrifolia L. Tripa-de-ovelha Bellis perennis L. Margarida Calendula arvensis L. Erva-vaqueira Asteraceae Calendula suffruticosa Vahl subsp. lusitanica (Boiss.) Ohle Carduus tenuiflorus Curtis Cardo-azul Carlina corymbosa L. subsp. corymbosa. Centaurea calcitrapa L. Cardo-estrelado Centaurea melitensis L. Beija-mão Centaurea ornata Willd. subsp. ornata Lavapé Centaurea pullata L. Cardinho-dasalmorreimas Centaurea sphaerocephala L. subsp. lusitanica (Boiss. & Reuter) Nyman Lóios-ásperos Chamaemelum mixtum (L.) All. Margaça Coleostephus myconis (L.) Reichenb. Pampilho-demicão Crepis capillaris (L.) Wallr. Almeirão-branco Crupina vulgaris Cass. Filago lutescens Jordan subsp. atlantica Wagenitz Galactites tomentosa Moench Endemismo Ibérico Endemismo Ibérico Endemismo Ibérico Linaria amethystea (Vent.) Hoffmanns. & Link subsp. amethystea Valerianaceae ESTATUTO DE PROTEÇÃO Cardo F AMÍLIA G ÉNERO /ESPÉCIE NOME C OMUM Hedypnois cretica (L.) Dum.Courset Alface-de-porco Helichrysum stoechas (L.) Moench subsp. stoechas Perpétuas-dasareias ESTATUTO DE PROTEÇÃO Hypochaeris glabra L. Hypochaeris radicata L. Leiteirigas Lactuca serriola L. Alface-bravamenor Lactuca vimenea (L.) J. & C. Presl subsp. chondrilliflora (Boreau) Bonnier Leituga-branca Leontodon taraxacoides (Vill.) Mérat subsp. longirostris Finch P.D. Sell Leituga-dosmontes Leuzea conifera (L.) DC Pallenis spinosa (L.) Cass. subsp. spinosa Pampilhoespinhoso Phagnalon saxatile (L.) Cass. Alecrim-dasparedes Pulicaria odora (L.) Reichenb. Montã Reichardia picroides (L.) Roth Araceae Scolymus hispanicus L. Cangarinha Sonchus tenerrimus L. Serralha Tolpis barbata (L.) Gaertner Olho-de-mocho Urospermum picroides (L.) F.W. Schmidt Leituga-de-burro Arisarum simorrhinum Durieu Candeias Biarum arundanum Boiss. & Reut. Cyperaceae Carex distachya Desf. Carex flacca Schreb. Poaceae Agrostis castellana Boiss. & Reuter Agrostis Agrostis stolonifera L. Agrostide-de-cão Avena barbata Link in Schrader Balanco-bravo Endemismo Ibérico Avenula sulcata (Boiss.) Dumort. subsp. occidentalis (Gervais) Romero Zarco Brachypodium dystachion (L.) Beauv. Brachypodium phoenicoides (L.) Roemer & Schultes Braquipódio Briza maxima L. Bole-bole-maior Bromus madritensis L. Espadana Cynosurus echinatus L. Rabo-de-cão Dactylis glomerata L. Panasco Gastridium ventricosum (Gouan) Schinz & Thell F AMÍLIA G ÉNERO /ESPÉCIE NOME C OMUM Gaudinia fragilis (L.) Beauv. Azevémquebradiço Holcus lanatus L. Erva-lanar Holcus mollis L. subsp. mollis Erva-molar ESTATUTO DE PROTEÇÃO Rara Koeleria vallesiana (Honckeny) Gaudin subsp. vallesiana Lagurus ovatus L. Rabo-de-lebre Melica ciliata L. subsp. magnolii (Gren. & Godron) Husnot Mélica-ciliada Melica minuta L. Rostraria cristata (L.) Tzvelev Rabo-de-cão Stipa gigantea Link in Schrader Baracejo Trisetaria panacea (Lam.) Paunero Vulpia ciliata Dumort. Vulpia geniculata (L.) Link Vulpia myuros (L.) C.C. Gmelin Liliaceae Allium pallens L. Allium roseum L. Alho-rosado Allium sphaerocephalon L. Alho-bravo Asparagus acutifolius L. Espargo-bravomenor Asparagus albus L. Estrepes Asparagus aphyllus L. Espargo-bravomaior Asphodelus aestivus Brot. Abrótea-deverão Crocus serotinus Salisb. subsp. serotinus Açafrão-bravo Endemismo Ibérico Fritillaria lusitanica Wikström Fritilária Endemismo Ibérico Gladiollus communis L. Espadana-dosmontes Hyacinthoides hispanica (Miller) Rothm. Jacinto-doscampos Ornithogalum bourgaeanum Jord. & Fourr. Leite-de-galinha Ruscus aculeatus L. Gilbardeira Scilla autumnalis L. Amaryllidaceae Urginea maritima (L.) Baker Cebola-albarrã Leucojon autumnale L. Campainhas-dooutono Anexo B-V do DecretoLei n.º 140/99 de 24 de abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro F AMÍLIA G ÉNERO /ESPÉCIE NOME C OMUM ESTATUTO DE PROTEÇÃO Narcissus bulbocodium L. Campainhasamarelas Anexo B-V do DecretoLei n.º 140/99 de 24 de abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro Iridaceae Romulea bulbocodium (L.) Sebastiani & Mauri subsp. bulbocodium Smilacaceae Smilax aspera L. Salsaparrilha Dioscoreaceae Tamus communis L. Uva-de-cão Orchidaceae Anacamptis pyramidalis (L.) Rich. Orquídeapiramidal Barlia robertiana (Loisel.) W. Greuter Salepeira-grande Cephalantera longifolia (L.) Fritsch Ophrys fusca Lonk Moscardo-fusco Ophrys scolopax Cav. Flor-dospassarinhos Ophrys tenthredinifera Willd. Orchis mascula L. Satirião-macho Orchis morio L. Testículo-de-cão Orchis papilionacea L. Erva-borboleta Serapias lingua L. Erva-língua Serapias parviflora Parl. Serapião-delíngua-pequena Decreto-Lei nº 114/90 de 5 de abril (Convenção CITES) Quadro 1. Lista potencial de Anfíbios para a área de estudo e envolvente próxima. Nome científico, nome vulgar, Ocorrência: C=Confirmada (se a espécie foi confirmada na área de estudo durante os levantamentos de campo); P=Potencial (se a ocorrência da espécie está confirmada na área do PNSAC, ou se é potencial na área de estudo de acordo com as fontes consultadas: Loureiro et al., 2010; http://www.iucnredlist.org/). Estatuto de Conservação em Portugal segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al., 2006). Convenções/Decreto-Lei: Estatuto nas Convenções Internacionais e Comunitárias de proteção da fauna: Convenções de Berna, Bona, CITES e Decreto-Lei 140/99, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei 49/2005, de 24 de Fevereiro.*Endemismo Ibérico. Estatuto de Conservação Nome científico Nome vulgar Convenções/ Decreto-Lei Ocorrência Portugal Berna Bona CITES D.L. 140/99 Salamandra-de-costelas-salientes P LC III - - - Salamandra salamandra Salamandra-de-pintas-amarelas P LC III - - - Lissotriton boscai* Tritão-de-ventre-laranja P LC III - - - Triturus marmoratus Tritão-marmorado P LC III - - B-IV Râ-de-focinho-pontiagudo P NT II - - B-II / B-IV Sapo-parteiro-comum P LC II - - B-IV Sapo-de-unha-negra P LC II - - B-IV Sapinho-de-verrugas-verdes P NE III - - - Bufo bufo Sapo-comum P LC III - - - Bufo calamita Sapo-corredor P LC II - - B-IV Hyla arborea Rela P LC II - - B-IV Hyla meridionalis Rela-meridional P LC II - - B-IV Rã-verde P LC III - - B-V ORDEM CAUDATA FAMÍLIA SALAMANDRIDAE Pleurodeles waltl ORDEM ANURA FAMÍLIA DISCOGLOSSIDAE Discoglossus galganoi* Alytes obstetricans FAMÍLIA PELOBATIDAE Pelobates cultripes FAMÍLIA PELODYTIDAE Pelodytes punctatus FAMÍLIA BUFONIDAE FAMÍLIA HYLIDAE FAMÍLIA RANIDAE Pelophylax perezi 1 Quadro 2. Lista potencial de Répteis para a área de estudo e envolvente próxima. Nome científico, nome vulgar Ocorrência: C=Confirmada (se a espécie foi confirmada na área de estudo durante os levantamentos de campo); P=Potencial (se a ocorrência da espécie está confirmada na área do PNSAC, ou se é potencial na área de estudo de acordo com as fontes consultadas: Loureiro et al., 2010; http://www.iucnredlist.org/). Estatuto de Conservação em Portugal segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al., 2006).Convenções/Decreto-Lei: Estatuto nas Convenções Internacionais e Comunitárias de proteção da fauna: Convenções de Berna, Bona, CITES e Decreto-Lei 140/99, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei 49/2005, de 24 de Fevereiro. *Endemismo Ibérico. Nome científico ORDEM SAURIA FAMÍLIA GEKKONIDAE Tarentola mauritanica FAMÍLIA AMPHISBAENIDAE Blanus cinereus FAMÍLIA LACERTIDAE Acanthodactylus erythrurus Nome vulgar Ocorrência Estatuto de Conservação Convenções/ Decreto-Lei Portugal Berna Osga P LC III Cobra-cega P LC III Lagartixa-de-dedos-denteados P P Timon lepidus Podarcis hispanicus Sardão Lagartixa ibérica Psammodromus algirus Psammodromus hispanicus FAMÍLIA SCINCIDAE Chalcides bedriagai* Chalcides striatus Lagartixa-do-mato Lagartixa-do-mato-ibérica P C P Cobra-de-pernas-pentadáctila Fura-pastos P ORDEM SERPENTES FAMÍLIA COLUBRIDAE Hemorrhois hippocrepis Cobra-de-ferradura Coronella girondica Rhinechis scalaris Macroprotodon cucullatus Cobra-lisa-meridional Cobra-de-escada Cobra-de-capuz P P Malpolon monspessulanus Natrix maura Cobra-rateira Cobra-de-água-viperina Natrix natrix FAMÍLIA VIPERIDAE Vipera latastei Cobra-de-água-de-colar P P Víbora-cornuda P P P P P Bona CITES D.L. 140/99 NT III LC LC II III LC NT III III LC LC II III B-IV LC II B-IV LC LC LC III III III LC LC III III LC III VU II B-IV 2 Quadro 3. Lista potencial de Aves para a área de estudo e envolvente. Nome científico, nome vulgar, Ocorrência: C=Confirmada (se a espécie foi confirmada na área de estudo durante os levantamentos de campo); P=Potencial (se a ocorrência da espécie está confirmada na área do PNSAC, ou se é potencial na área de estudo de acordo com as fontes consultadas: Equipa Atlas, 2008; http://www.iucnredlist.org/). Fenologia – Res=residente, Vis=visitante, MgRep=migrador reprodutor, Rep=reprodutor, Oc=ocasional, Nind**=não-indígena com nidificação provável ou confirmada, Desc.=desconhecido. Estatutos de conservação: Portugal -Estatuto de Conservação em Portugal segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al., 2006); Convenções/Decreto-Lei: Estatuto nas Convenções Internacionais e Comunitárias de proteção da fauna: Convenções de CITES, de Berna e de Bona e Decreto-Lei 140/99, de 24 de Abril alterado pelo Decreto-Lei 49/2005, de 24 de Fevereiro. SPEC - Espécies com interesse conservacionista a nível da Europa (critérios definidos em Tucker & Heath, 1994). Nome científico ORDEM CICONIFORMES FAMÍLIA ARDEIDAE Bubulcus ibis Ardea cinerea FAMÍLIA CICONIIDAE Ciconia ciconia ORDEM FALCONIFORMES FAMÍLIA ACCIPITRIDAE Elanus caeruleus Milvus migrans Circaetus gallicus Circus cyaneus Circus pygargus Accipiter gentilis Accipiter nisus Buteo buteo Hieraaetus pennatus Hieraaetus fasciatus FAMÍLIA FALCONIDAE Falco tinnunculus Falco columbarius Falco subbuteo Falco peregrinus ORDEM GALLIFORMES FAMÍLIA PHASIANIDAE Alectoris rufa Coturnix coturnix ORDEM CHARADRIIFORMES FAMÍLIA SCOLOPACIDAE Nome vulgar Ocorrência Fenologia Garça-boieira Garça-real P P Cegonha-branca Estatuto de Conservação Convenções/ Decreto-Lei Portugal SPEC Berna Res Res LC LC - II III P MgRep/Res LC Peneireiro-cinzento Milhafe-preto Águia-cobreira Tartaranhão-azulado Tartaranhão-caçador Açor Gavião Águia-de-asa-redonda Águia-calçada Águia de Bonelli P P P P P P P P P P Res Mig MgRep Res MgRep Res Res Res MgRep Res NT LC NT CR/VU EN VU LC LC NT EN Peneireiro Esmerilhão Ógea Falcão-peregrino P P P P Res Vis MgRep Res LC VU VU VU 3 Perdiz Codorniz P P Res MgRep/Vis/Res LC LC 2 3 3 3 4 3 Bona CITES D.L. 140/99 A II II A-I II II II II II II II II II II II II II II II II II II II II II A II A II A II A II A II A II A II A II A II A II II II II II II II II II A II A II A IA III III II A-I A-I A-I A-I A-I A-I A-I* A-I A-I D D 3 Nome científico Scolopax rusticola ORDEM COLUMBIFORMES FAMÍLIA COLUMBIDAE Columba livia Columba palumbus Streptopelia decaocto Streptopelia turtur ORDEM CUCULIFORMES FAMÍLIA CUCULIDAE Cuculus canorus ORDEM STRIGIFORMES FAMÍLIA TYTONIDAE Tyto alba FAMÍLIA STRIGIDAE Otus scops Bubo bubo Athene noctua Strix aluco Asio otus ORDEM CAPRIMULGIFORMES FAMÍLIA CAPRIMULGIDAE Caprimulgus europaeus ORDEM APODIFORMES FAMÍLIA APODIDAE Apus apus Apus pallidus Tachymarptis melba ORDEM CORACIIFORMES FAMÍLIA MEROPIDAE Merops apiaster FAMÍLIA UPUPIDAE Upupa epops ORDEM PICIFORMES FAMÍLIA PICIDAE Jynx torquilla Picus viridis Dendrocopos major ORDEM PASSERIFORMES FAMÍLIA ALAUDIDAE Galerida cristata Galerida theklae Lullula arborea Alauda arvensis Nome vulgar Ocorrência Fenologia Estatuto de Conservação Galinhola P Vis DD - III Pombo-das-rochas Pombo-torcaz Rola-turca Rola-brava P P P C Res Res/Vis Res MgRep DD LC LC LC 4 3 III A D III III A D Cuco P MgRep LC - III Coruja-das-torres P Res LC 3 II II A Mocho-d'orelhas Bufo-real Mocho-galego Coruja-do-mato Bufo-pequeno P P C P P Res Res Res Res Res DD NT LC LC DD 3 3 4 - II II II II II II A II A II A II A II A Noitibó-cinzento P MgRep VU 2 II Andorinhão-preto Andorinhão-pálido Andorinhão-real C P P MgRep MgRep MgRep LC LC NT - III II II Abelharuco P MgRep LC Poupa C MgRep/Res LC - II Torcicolo Peto-verde Pica-pau-malhado-grande P P P MgRep/Vis Res Res DD LC LC 3 2 - II II II Cotovia-de-poupa Cotovia-do-monte Cotovia-pequena Laverca C P P P Res Res Res/Vis Res/Vis LC LC LC LC 3 III II III III - Convenções/ Decreto-Lei II 2 3 II D A-I A-I II A-I A-I 4 Nome científico FAMÍLIA HIRUNDINIDAE Riparia riparia Ptyonoprogne rupestris Hirundo rustica Hirundo daurica Delichon urbicum FAMÍLIA MOTACILLIDAE Anthus campestris Motacilla cinerea Motacilla alba FAMÍLIA TROGLODYTIDAE Troglodytes troglodytes FAMÍLIA TURDIDAE Prunella modularis Erithacus rubecula Luscinia megarhynchos Phoenicurus ochruros Saxicola torquatus Oenanthe hispanica Monticola solitarius Turdus merula Turdus philomelos Turdus viscivorus FAMÍLIA SYLVIIDAE Cettia cetti Cisticola juncidis Hippolais polyglotta Sylvia atricapilla Sylvia cantillans Sylvia communis Sylvia conspicillata Sylvia undata Sylvia melanocephala Phylloscopus bonelli Phylloscopus ibericus (brehmii) Phylloscopus trochilus Regulus ignicapilla FAMÍLIA MUSCICAPIDAE Ficedula hypoleuca FAMÍLIA AEGITHALIDAE Aegithalos caudatus FAMÍLIA PARIDAE Parus cristatus Nome vulgar Ocorrência Fenologia Estatuto de Conservação Andorinha-das-barreiras Andorinha-das-rochas Andorinha-das-chaminés Andorinha-dáurica Andorinha-dos-beirais P P C C C MgRep Res MgRep MgRep MgRep LC LC LC LC LC 3 Petinha-dos-campos Alvéola-cinzenta Alvéola-branca C P P MgRep MgRep Res/Vis LC LC LC 3 - II II II Carriça P Res LC - II Ferreirinha Pisco-de-peito-ruivo Rouxinol Rabirruivo-preto Cartaxo Chasco-ruivo Melro-azul Melro-preto Tordo-músico Tordeia P C P C C P P C P P Res Res/Vis MgRep Res Res MgRep Res Res Rep/Vis Res LC LC LC LC LC VU LC LC NT/LC LC 4 4 3 2 3 4 4 4 II II II II II II II III III III Rouxinol-bravo Fuinha-dos-juncos Felosa-poliglota Toutinegra-de-barrete Toutinegra-carrasqueira Papa-amoras Toutinegra-tomilheira Felosa-do-mato Toutinegra-de-cabeça-preta Felosa de Bonelli Felosinha-ibérica Felosa-musical Estrelinha-real P C P C P P P C C P P C P Res Res MgRep Res MgRep MgRep MgRep Res Res MgRep MgRep Vis Res/Vis LC LC LC LC LC LC NT LC LC LC LC NE LC Papa-moscas P Vis LC Chapim-rabilongo P Res Chapim-de-poupa P Res 3 - Convenções/ Decreto-Lei II II II II II A-I II II II II II II II II II II II II II II II II II II II II II II II II II II II II 4 II II LC - III LC 4 II 4 4 2 4 4 4 D D A-I II II II 5 Nome científico Parus ater Parus caeruleus Parus major FAMÍLIA SITTIDAE Sitta europaea FAMÍLIA CERTHIIDAE Certhia brachydactyla FAMÍLIA ORIOLIDAE Oriolus oriolus FAMÍLIA LANIIDAE Lanius meridionalis Lanius senator FAMÍLIA CORVIDAE Garrulus glandarius Pyrrhocorax pyrrhocorax Cyanopica cyanus Pica pica Corvus corone Corvus corax FAMÍLIA STURNIDAE Sturnus unicolor FAMÍLIA PASSERIDAE Passer domesticus Passer montanus Petronia petronia FAMÍLIA ESTRILIDIDAE Estrilda astrild FAMÍLIA FRINGILLIDAE Fringilla coelebs Serinus serinus Carduelis chloris Carduelis carduelis Carduelis cannabina FAMÍLIA EMBERIZIDAE Emberiza cirlus Emberiza calandra Emberiza cia Nome vulgar Ocorrência Fenologia Chapim-preto Chapim-azul Chapim-real P P P Res Res Res LC LC LC Trepadeira-azul P Res LC Trepadeira P Res LC 4 II Papa-figos P MgRep LC - II Picanço-real Picanço-barreteiro C P Res MgRep LC NT 3 II II Gaio Gralha-de-bico-vermelho Pega-azul Pega Gralha-preta Corvo C C P P C P Res Res Res Res Res Res LC EN LC LC LC NT 3 - III Estorninho-preto P Res LC 4 II Pardal Pardal-montês Pardal-francês P P P Res Res Res LC LC LC - III II Bico-de-lacre P NInd NA Tentilhão Chamariz Verdilhão Pintassilgo Pintarroxo P C C P C Res Res Res Res Res LC LC LC LC LC 4 4 4 4 III II II II II P Res LC 4 II P P Res Res LC LC 4 III II Escrevedeira-de-gargantaamarela Trigueirão Cia Estatuto de Conservação 4 - Convenções/ Decreto-Lei II II II II D A-I II II D D C 6 Quadro 4. Lista potencial de Mamíferos para a área de estudo e envolvente próxima. Nome científico, nome vulgar, Ocorrência: C=Confirmada (se a espécie foi confirmada na área de estudo durante os levantamentos de campo); P=Potencial (se a ocorrência da espécie está confirmada na área do PNSAC, ou se é potencial na área de estudo de acordo com as fontes consultadas: Rainho et al.,1998; Mathias (coord.), 1999; Rodrigues et al., 2003; Rodrigues et al., 2010; http://www.iucnredlist.org/). Estatuto de Conservação em Portugal segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al., 2006).Convenções/Decreto-Lei: Estatuto nas Convenções Internacionais e Comunitárias de proteção da fauna: Convenções de CITES, de Berna e de Bona. Decreto-Lei n.º140/99, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei 49/2005, de 24 de Fevereiro. *Endemismo ibérico. Estatuto de Conservação Nome científico Nome vulgar Convenções/ Decreto-Lei Ocorrência Portugal Berna Bona CITES D.L. 140/99 Ouriço-cacheiro P LC III Sorex minutus Musaranho-anão-de-dentesvermelhos P DD III Sorex granarius* Musaranho-de-dentes-vermelhos P DD III Crocidura russula P LC III Crocidura suaveolens Musaranho-de-dentes-brancos Musaranho-de-dentes-brancospequeno P NE III Suncus etruscus Musaranho-anão-de-dentes-brancos P LC III Toupeira P LC Rhinolophus ferrumequinum Morcego-de-ferradura-grande P VU II II B-II / B-IV Rhinolophus hipposideros Morcego-de-ferradura-pequeno P VU II II B-II / B-IV Rhinolophus euryale Morcego-de-ferradura-mediterrânico P CR II II B-II / B-IV Rhinolophus mehelyi Morcego-de-ferradura-mourisco P CR II II B-II / B-IV Myotis myotis Morcego-rato-grande P VU II II B-II / B-IV Myotis blythii Morcego-rato-pequeno P CR II II B-II / B-IV Myotis nattereri Morcego-de-franja P VU II II B-IV Myotis emarginatus Morcego-lanudo P DD II II B-II / B-IV Myotis daubentonii Morcego-de-água P LC II II B-IV Pipistrellus pipistrellus Morcego-anão P LC III II B-IV Pipistrellus kuhlii Morcego de Kuhl P LC II II B-IV ORDEM INSECTIVORA FAMÍLIA ERINACIDAE Erinaceus europaeus FAMÍLIA SORICIDAE FAMÍLIA TALPIDAE Talpaoccidentalis* ORDEM CHIROPTERA FAMÍLIA RHINOLOPHIDAE FAMÍLIA VESPERTILIONIDAE 7 Estatuto de Conservação Nome científico Nome vulgar Ocorrência Convenções/ Decreto-Lei Portugal Berna Bona CITES D.L. 140/99 Pipistrellus pygmaeus Morcego-pigmeu P LC III II B-IV Nyctalus leisleri Morcego-arborícola-pequeno P DD II II B-IV Eptesicus serotinus Morcego-hortelão P LC II II B-IV Barbastella barbastellus Morcego-negro P DD II II B-II / B-IV Plecotus auritus FAMÍLIA MINIOPTERIDAE Morcego-orelhudo-castanho P DD II II B-IV Miniopterus schreibersii Morcego-de-peluche P VU II II B-II / B-IV Morcego-rabudo P DD II II B-IV Oryctolagus cuniculus Coelho-bravo C NT Lepus granatensis Lebre P LC III Microtus cabrerae* Rato de Cabrera P VU II Microtus duodecimcostatus Rato-cego-mediterrânico P LC Microtus lusitanicus Rato-cego P LC Apodemus sylvaticus Rato-do-campo P LC Rattus rattus Rato-preto P LC Rattus norvegicus Ratazana P NA Mus domesticus Rato-caseiro P LC Mus spretus Rato-das-hortas P LC Leirão P DD Raposa P LC Mustela nivalis Doninha P LC III Mustela putorius Toirão P DD III Martes foina Fuinha P LC III Meles meles Texugo P LC III FAMÍLIA MOLOSSIDAE Tadarida teniotis ORDEM LAGOMORPHA FAMÍLIA LEPORIDAE ORDEM RODENTIA FAMÍLIA MURIDAE B-II / B-IV FAMÍLIA GLIRIDAE Eliomys quercinus III ORDEM CARNIVORA FAMÍLIA CANIDAE Vulpes vulpes D FAMÍLIA MUSTELIDAE B-V 8 Estatuto de Conservação Nome científico Nome vulgar Convenções/ Decreto-Lei Ocorrência Portugal Berna Bona CITES D.L. 140/99 FAMÍLIA VIVERRIDAE Genetta genetta Geneta P LC III B-V Herpestes ichneumon Sacarrabos P LC III B-V / D Gato-bravo P VU II Javali P LC FAMÍLIA FELIDAE Felis silvestris II A B-IV ORDEM ARTIODACTILA FAMÍLIA SUIDAE Sus scrofa 9 As categorias utilizadas na definição do Estatuto de Conservação em Portugal das espécies são as propostas no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al. 2006): Criticamente em Perigo (CR) – Um taxon considera-se Criticamente em Perigo quando as melhores evidências disponíveis indicam que se cumpre qualquer um dos critérios A a E para Criticamente em Perigo, pelo que se considera como enfrentando um risco de extinção na natureza extremamente elevado. Em Perigo (EN) - Um taxon considera-se Em Perigo quando as melhores evidências disponíveis indicam que se cumpre qualquer um dos critérios A a E para Em Perigo, pelo que se considera como enfrentando um risco de extinção na natureza muito elevado. Vulnerável (VU) - Um taxon considera-se Vulnerável quando as melhores evidências disponíveis indicam que se cumpre qualquer um dos critérios A a E para Vulnerável, pelo que se considera como enfrentando um risco de extinção na natureza elevado. Quase Ameaçado (NT) – Um taxon considera-se Quase Ameaçado quando, tendo sido avaliado pelos critérios, não se qualifica atualmente como Criticamente em Perigo, Em Perigo ou Vulnerável, sendo no entanto provável que lhe venha a ser atribuída uma categoria de ameaça num futuro próximo. Pouco Preocupante (LC) - Um taxon considera-se Pouco Preocupante quando foi avaliado pelos critérios e não se qualifica como nenhuma das categorias Criticamente em Perigo, Em Perigo, Vulnerável ou Quase Ameaçado. Taxa de distribuição ampla e abundante é incluída nesta categoria. Informação Insuficiente (DD) – Um taxon considera-se com Informação Insuficiente quando não há informação adequada para fazer uma avaliação direta ou indireta do seu risco de extinção, com base na sua distribuição e/ou estatuto da população. Um taxon nesta categoria pode até estar muito estudado e a sua biologia ser bem conhecida, mas faltarem dados adequados sob a sua distribuição e/ou abundância. Não constitui por isso uma categoria de ameaça. Classificar um taxon nesta categoria indica que é necessária mais informação e que se reconhece que investigação futura poderá mostrar que uma classificação de ameaça seja apropriada. É importante que seja feito uso de toda a informação disponível. Em muitos casos deve-se ser muito cauteloso na escolha entre DD e uma categoria de ameaça. Quando se suspeita que a área de distribuição de um taxon é relativamente circunscrita e se decorreu um período de tempo considerável desde a última observação de um indivíduo desse taxon, pode-se justificar a atribuição de uma categoria de ameaça. Não Aplicável (NA) – Categoria de um táxon que não reúne as condições julgadas necessárias para ser avaliado a nível regional. Não Avaliado (NE) – Um taxon considera-se Não Avaliado quando ainda não foi avaliado pelos presentes critérios. SPEC (Espécies com interesse conservacionista a nível da Europa-critérios definidos em Tucker & Heath 1994): 1-espécies com interesse conservacionista a uma escala global e que estejam classificadas em Collar et al. (1994) como "Globalmente ameaçadas", "Dependentes de medidas de conservação", ou "Com dados insuficientes"; 2 - espécies cujas populações mundiais estejam concentradas na Europa (ou seja mais de 50% da sua população ou da sua área de distribuição está na Europa) e que tenham um estatuto de conservação desfavorável a nível europeu; 3 - Espécies cujas populações mundiais não se 10 encontram concentradas no continente europeu mas que têm um estatuto de conservação desfavorável na Europa; 4 - espécies cujas populações mundiais estejam concentradas na Europa (ou seja mais de 50% da sua população ou da sua área de distribuição está na Europa) mas que tenham um estatuto de conservação favorável a nível europeu. Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES); Anexo I - espécies ameaçadas de extinção que são ou poderão ser afetadas pelo comércio, o qual só poderá ser autorizado em circunstâncias excecionais, de modo a não por ainda mais em perigo a sobrevivência das referidas espécies; Anexo II - espécies que, apesar de não se encontrarem em perigo de extinção, o seu comércio deve ser controlado de modo a evitar uma comercialização não compatível com a sua sobrevivência. Convenção sobre a Vida Selvagem e os Habitats Naturais na Europa (BERNA); Anexo II – espécies da fauna estritamente protegidas; Anexo III – espécies da fauna protegidas. Convenção Sobre a Conservação de Espécies Migradoras da Fauna Selvagem (BONA); Anexo II - espécies migradoras com um estatuto de conservação desfavorável. #diz respeito a Dec. Nº 31/95, de 18 de Agosto. Acordo sobre a Conservação das Populações de Morcegos Europeus. Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril (transpões para Portugal a Directiva Aves e a Directiva Habitats), alterado pelo Decreto-Lei 49/2005, de 24 de Fevereiro; Anexo A-I – espécies de aves de interesse comunitário cuja conservação requer a designação de zonas de proteção especial, um asterisco (*) indica que se trata de uma espécie prioritária; Anexo B-II - espécies animais e vegetais de interesse comunitário cuja conservação exige a designação de zonas especiais de conservação, um asterisco (*) indica que se trata de uma espécie prioritária; Anexo B-IV – espécies animais e vegetais de interesse comunitário que exigem uma proteção rigorosa; Anexo B-V- espécies animais e vegetais de interesse comunitário cuja captura ou colheita na natureza e exploração podem ser objeto de medidas de gestão; Anexo D – espécies cinegéticas. 11 A N E X O A M B I E N T E PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| S I I I O N O R O 1 . A M B I E N T E 1.1. O regime S O N O R O ENQUADRAMENTO jurídico em LEGAL matéria de ruído encontra-se consignado no Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de Janeiro que constitui o RGR. Este documento classifica os locais como “zonas sensíveis” e “zonas mistas” na perspetiva da sua suscetibilidade ao ruído. De acordo com o RGR, as zonas sensíveis são descritas como “áreas definidas em plano de ordenamento do território como vocacionada para uso habitacional, ou para escolas, hospitais ou similares, ou espaços de lazer, existentes ou previstos, podendo conter pequenas unidades de comércio e de serviços destinadas a servir a população local, tais como cafés e outros estabelecimentos de comércio tradicional, sem funcionamento noturno”. As zonas mistas definem-se como “áreas definidas em plano municipal de ordenamento do território, cuja ocupação seja afeta a outros usos, existentes ou previstos, para além dos referidos a definição de zona sensível”. O RGR estabelece também os períodos de referência a considerar: o período diurno que compreende o intervalo de tempo entre as 07:00 e as 20:00 horas, o período do entardecer que compreende o intervalo de tempo entre as 20:00 horas e as 23:00 horas; e o período noturno que compreende o intervalo de tempo entre as 23:00 e as 07:00 horas. Os valores limite de ruído são estabelecidos de acordo com o tipo de zona considerado, expressos pelo indicador de ruído diurno-entardecer-noturno (Lden) e pelo indicador de ruído noturno (Ln). O parâmetro Lden é dado pela expressão seguinte: 1 é 10 = 10 ´ Log ê13 ´ 10 + 3 ´ 10 24 ë Ld Lden Le +5 10 + 8 ´ 10 Ln +10 10 ù ú û Para cada um dos parâmetros indicados (Lden e Ln) existe um limite máximo de ruído que é estabelecido segundo o tipo de zona considerado (1.1.Quadro 1). Quadro 1 - Limites de ruído ambiente para zonas sensíveis e zonas mistas. T IPO DE LOCAL L DEN L NIGHT Zona Sensível 55 dB(A) 45 dB(A) Zona Mista 65 dB(A) 55 dB(A) Relativamente às atividades ruidosas permanentes, o artigo 13º do RGR estabelece que a instalação e exercício de atividades ruidosas permanentes em zonas mistas, na envolvente de zonas mistas ou sensíveis ou na proximidade de recetores sensíveis isolados estão sujeitos ao cumprimento dos limites indicados anteriormente e ao cumprimento do critério de incomodidade que estabelece que: LAeq (on) – LAeq (off) < 5 dB(A), entre as 7 e as 20 horas LAeq (on) – LAeq (off) < 4 dB(A), entre as 20 e as 23 horas LAeq (on) – LAeq (off) < 3 dB(A), entre as 23 e as 7 horas Em que LAeq (on) representa o nível sonoro contínuo equivalente ponderado para a malha A, com a fonte ruidosa em funcionamento e LAeq (off) representa o nível sonoro contínuo equivalente ponderado para a malha A, com a fonte ruidosa inativa. As diferenças apresentadas anteriormente poderão ser incrementadas pelo fator d em função da duração acumulada do ruído particular segundo o exposto no Quadro 2. Quadro 2 - Incrementos no nível de ruído. VALOR DA RELAÇÃO (Q ) ENTRE A DURAÇÃO ACUMULADA DE OCORRÊNCIA DO RUÍDO PARTICULAR E A DURAÇÃO TOTAL DO PERÍODO D [D B(A)] DE REFERÊNCIA q £ 12,5% 4 12,5% < q £ 25% 3 25% < q £ 50% 2 50% < q £ 75% 1 q < 75% 0 O ponto 3 do Artigo 7º do Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de Janeiro determina que em planos de pormenor referentes a zonas exclusivamente industriais não há necessidade de elaborar mapas de ruído. Destaca-se que a definição de ocupação industrial no âmbito deste diploma é por oposição à definição de zona habitacional, pelo que a ocupação do solo proposta para a AIE do Codaçal é industrial. 1.2. METODOLOGIA As medições de ruído foram realizadas com recurso a equipamento que cumpre os requisitos do RGR e da norma NP 1730 (1996) – “Acústica – Descrição e medição do ruído ambiente”, designadamente: § Analisador de Ruído de marca Brüel & Kjaer modelo 2260; § Calibrador sonoro de marca Brüel & Kjaer modelo 4231; § Filtros de oitava dos 31,5 Hz aos 8 kHz e 1/3 de oitava dos 16Hz aos 12,5 kHz; § Software Noise ExplorerTM B&K 7815; § Tripé. O equipamento utilizado cumpre as características especificadas para a classe 1 da norma NP 3496 “Acústica, Sonómetros”. O microfone foi equipado com um protetor para o vento de forma a evitar perturbações por sinais espúrios de baixa frequência. O recurso a um tripé pretendeu garantir estabilidade ao analisador de ruído. As medições de ruído foram efetuadas em conjunto com medições da velocidade e direção do vento e da humidade relativa do ar. Para a sua realização adotou-se a metodologia descrita na norma NP 1730 (1996), tendo cada ensaio sido realizado num período de tempo representativo (no mínimo 15 minutos). Como regras de medição, e de acordo com a norma supracitada, foram adotadas as seguintes: § Microfone 1,5 m acima do solo; § Microfone afastado mais de 3,5 m de qualquer superfície refletora; § Medições efetuadas com filtro de ponderação A; § Medição realizada em Fast (e em Impulsivo noutro canal e em simultâneo). Para a realização das medições foi considerado o documento “Guia Prático para Medições de Ruído Ambiente”, publicado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) em Outubro de 2011. Este documento determina que, de modo a assegurar a representatividade das amostragens deverão ser efetuadas três medições em dias distintos em cada um dos períodos. Se os valores obtidos nestas três amostragens diferir em mais de 5 dB(A) deverão ser realizadas mais amostragem. Os valores utilizados para a determinação do Lden e para a avaliação do critério de incomodidade resultarão da média logarítmica dos valores obtidos. A N E X O Q U A L I D A D E PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| D O I V A R 1 . Q U A L I D A D E 1.1. D O ENQUADRAMENTO A R LEGAL Em matéria de Qualidade do Ar ambiente o quadro legal está consignado no Decreto-Lei nº 102/2010, de 23 de Setembro. Este diploma estabelece o regime de avaliação e gestão da qualidade do ar ambiente e transpõe para ordem jurídica interna a Diretiva nº 2008/50/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de Maio, relativa à qualidade do ar ambiente e a um ar mais limpo na Europa e a Diretiva n.º 2004/107/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de Dezembro, relativa ao arsénio, ao cádmio, ao mercúrio, ao níquel e aos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos no ar ambiente. Este diploma estabelece medidas destinadas a: § Definir e fixar objetivos relativos à qualidade do ar ambiente, destinados a evitar, prevenir ou reduzir os efeitos nocivos para a saúde humana e para o ambiente; § Avaliar, com base em métodos e critérios comuns, a qualidade do ar ambiente no território nacional; § Obter informação relativa à qualidade do ar ambiente, a fim de contribuir para a redução da poluição atmosférica e dos seus efeitos e acompanhar as tendências a longo prazo, bem como as melhorias obtidas através das medidas implementadas; § Garantir que a informação sobre a qualidade do ar ambiente seja disponibilizada ao público; § Preservar a qualidade do ar ambiente quando ela seja boa e melhorá-la nos restantes casos; § Promover a cooperação com os outros estados membros de forma a reduzir a poluição atmosférica. No Anexo XII do Decreto-Lei n.º 102/2010, de 23 de Setembro, são estabelecidos os valores limite e margens de tolerância das partículas em suspensão. Os métodos de análise são estabelecidos no Anexo VII. Quadro 1 PARÂMETRO - Valores limite de poluentes atmosféricos PERÍODO CONSIDERADO VALOR LIMITE 1 hora 350 µg/m3 (valor a não exceder mais que 24 vezes em cada ano civil) 1 dia 125 µg/m3 (valor a não exceder mais que 3 vezes em cada ano civil) 1 hora 200 µg/m3 (valor a não exceder mais que 18 vezes em cada ano civil) Ano civil 40 µg/m3 1 dia 50 µg/m3 (valor a não exceder mais que 35 vezes em cada ano civil) Ano civil 40 µg/m3 C HUMBO Ano civil 0,5 µg/m3 B ENZENO Ano civil 5 µg/m3 CO Máximo diário das médias de oito horas 10 mg/m3 SO 2 NO X E NO 2 PM10 Quadro 2 - Limiares superiores e inferiores de avaliação para poluentes atmosféricos PARÂMETRO M ÉDIA DE 24 HORAS M ÉDIA ANUAL Limiar superior de avaliação 60% do valor limite por período de 24 horas (75 µg/m3 , a não exceder mais de 3 vezes em cada ano civil) 60% do nível crítico aplicável no Inverno (12 µg/m3 ) Limiar inferior de avaliação 40% do valor limite por período de 24 horas (50 µg/m3 , a não exceder mais de 3 vezes em cada ano civil) 40% do nível crítico aplicável no Inverno (8 µg/m3 ) Limiar superior de avaliação 70% do valor limite (140 µg/m3 , a não exceder mais de 18 vezes em cada ano civil) 80% do valor limite (32 µg/m3) Limiar inferior de avaliação 50% do valor limite (100 µg/m3 , a não exceder mais de 18 vezes em cada ano civil) 65% do valor limite (26 µg/m3 ) Limiar superior de avaliação 70% do valor limite (35 µg/m3 , a não exceder mais de 35 vezes em cada ano civil) 70% do valor limite (28 µg/m3 ) Limiar inferior de avaliação 50% do valor limite (25 µg/m3 , a não exceder mais de 35 vezes em cada ano civil) 50% do valor limite (20 µg/m3 ) Limiar superior de avaliação 70% do valor limite (0,35 µg/m3 ) -- Limiar inferior de avaliação 50% do valor limite (0,25 µg/m3 ) -- SO 2 NOx e NO2 PM10 Chumbo PARÂMETRO M ÉDIA DE 24 HORAS M ÉDIA ANUAL Limiar superior de avaliação 70% do valor limite (3,5 µg/m3 ) -- Limiar inferior de avaliação 40% do valor limite (2,5 µg/m3 ) -- Limiar superior de avaliação 70% do valor limite (7 µg/m3 ) -- Limiar inferior de avaliação 50% do valor limite (5 µg/m3 ) -- Benzeno CO 1.2. METODOLOGIA DE MEDIÇÃO A metodologia utilizada para as medições da fração PM10 encontra-se descrita na Norma EN 12341, “Qualidade do ar - Procedimento de ensaio no terreno para demonstrar a equivalência da referência dos métodos de amostragem para a fração PM10 das partículas em suspensão”. O princípio de medição baseia-se na recolha num filtro de membrana da fração PM10 das partículas em suspensão no ar ambiente e na determinação da sua massa gravimétrica. As medições foram realizadas utilizando um amostrador de marca ZAMBELLI modelo ISOPLUS 6000, o qual utiliza uma cabeça omnidireccional, equipada com um filtro de celulose. Foram respeitadas as condições estabelecidas na Secção II do Anexo VIII do Decreto-Lei n.º111/2002, de 16 de Abril, garantindo-se, nomeadamente, que o fluxo de ar em torno da tomada de ar não era restringido por quaisquer obstruções que afetassem o seu escoamento na proximidade do equipamento de medição. A tomada de ar foi situada a uma distância de cerca de 1,7 m acima do solo, não sendo posicionada na imediata proximidade de fontes, para evitar admissão direta de emissões não misturadas com o ar ambiente. O exaustor do equipamento de medição foi posicionado de modo a evitar a recirculação do ar expelido para a entrada do sistema. A N E X O P A T R I M Ó N I O PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO| C V U L T U R A L Anexo 1. Ocorrências identificadas na pesquisa documental Nº de Referência Topónimo Tipologia Cronologia Categoria 4 Pias Novas Indeterminado Indeterminado Natural 9 Moinho da Cabeça Moinho de Vento Indeterminado Arquitectónico; Etnológico 10 Capela da Cabeça Veada / Igreja de Nossa Senhora de Fátima Capela Contemporâneo Arquitectónico 11 Igreja de Arrimal / Igreja Paroquial de Santo António Igreja Contemporâneo Arquitectónico Estatuto (legal) Valor Cultural CMP Folha N.º Fonte de Informação Localização Caracterização Incluído na Área Protegida das Serras de Aire e Candeeiros Indeterminado 328 http://www.icn.pt/downloads /POPNSAC Na AId do PP Sítio assinalado no Plano de Ordenamento do PNSAC. As fontes consultadas não contêm descrição, designação ou menção a potencial arqueológico da ocorrência, sendo apenas apresentada como sítio de especial interesse geológico, paleontológico e espeleológico. Incluído na Área Protegida das Serras de Aire e Candeeiros Médio 328 CMP; Google Earth; http://geoportal.municipioportodemos.pt/ Na ZE do PP. Moinho de vento localizado no topo de um monte. No Google Earth observa-se que já não contém a cobertura. Incluído na Área Protegida das Serras de Aire e Candeeiros Médio-Baixo 328 CMP; Google Earth; http://www.municipioportodemos.pt/page.aspx?id =298 Na ZE do PP. "A Capela da Cabeça Veada é considerada o segundo templo da freguesia. De invocação a Nossa Senhora de Fátima, esta capela foi edificada pelo povo da Cabeça Veada e Mendiga." (http://www.municipioportodemos.pt/page.aspx?id=298) Incluído na Área Protegida das Serras de Aire e Candeeiros Médio-Baixo 317 CMP; Google Earth; http://www.municipioportodemos.pt/page.aspx?id =257 Na ZE do PP "A Igreja de Santo António, da paróquia do Arrimal, é uma das mais modernas do concelho de Porto de Mós ao nível do estilo arquitetónico. Inaugurada a 1976, a sua construção durou cerca de dois anos. Após a inauguração da igreja nova, o antigo local de culto foi votado ao abandono. Construída em 1775, a Igreja Velha do Arrimal havia sofrido melhoramentos em 1917 e 1945." (www.municipioportodemos.pt/page.aspx?id=257) Anexo 2. Ocorrências caracterizadas em Trabalho de Campo Atributos Projecto. Nº = referência de inventário utilizada na cartografia, nos quadros e nas fichas de inventário. Data = corresponde à data de observação. Carta Militar de Portugal (CMP) = nº da folha na escala 1:25.000. Altitude = obtida a partir da CMP, em metros (m). Topónimo ou Designação = nome atribuído à ocorrência ou ao local onde se situa. Categoria = distinção entre arqueológico, arquitectónico, etnológico, construído e outros atributos complementares (hidráulico, civil, militar, artístico, viário, mineiro, industrial, etc). Tipologia = tipo funcional de ocorrência, monumento ou sítio, segundo o thesaurus do Endovelico. Cronologia = indica-se o período cronológico, idade ou época correspondente à ocorrência. A aplicação do sinal “?” significa indeterminação na atribuição cronológica. A indicação de vários períodos cronológicos separados por “,” tem significado cumulativo. Classificação = imóvel classificado ou outro tipo de protecção, decorrente de planos de ordenamento, com condicionantes ao uso e alienação do imóvel. Valor cultural = hierarquização do interesse patrimonial da ocorrência no conjunto do inventário de acordo com os seguintes critérios: Elevado (5): Imóvel classificado (monumento nacional, imóvel de interesse público) ou ocorrência não classificada (sítio, conjunto ou construção, de interesse arquitectónico ou arqueológico) de elevado valor científico, cultural, raridade, antiguidade, monumentalidade, a nível nacional. Médio-elevado (4): Imóvel classificado (valor concelhio) ou ocorrência (arqueológica, arquitectónica) não classificada de valor científico, cultural e/ou raridade, antiguidade, monumentalidade (características presentes no todo ou em parte), a nível nacional ou regional. Médio (3), Médio-baixo (2), Baixo (1): Aplica-se a ocorrências (de natureza arqueológica ou arquitectónica) em função do seu estado de conservação, antiguidade e valor científico, e a construções em função do seu arcaísmo, complexidade, antiguidade e inserção na cultura local. Nulo (0): Atribuído a construção actual ou a ocorrência de interesse patrimonial totalmente destruída. Indeterminado: Quando as condições de acesso ao local, a cobertura vegetal ou outros factores impedem a observação da ocorrência (interior e exterior no caso das construções). Posição v. Projecto = indicam-se as relações de proximidade em relação ao projecto: AI (área de incidência) ou ZE (zona envolvente). Tipo de trabalho = atributo baseado no thesaurus do Endovelico. Coordenadas Geográficas = coordenadas rectangulares; UTM datum WGS84 obtidas em campo com GPS; conversão para HAYFORD-GAUSS Militares-ponto fictício; não indicado quando não existe garantia de segurança dos sítios arqueológicos referenciados. Distrito. Concelho. Freguesia. Lugar = local habitado mais próximo. Proprietário = identificação do(s) proprietário(s). Uso do Solo, Ameaças e Estado de conservação = atributos baseado no thesaurus do Endovelico. Estes atributos são apenas aplicáveis a bens imóveis ou a bens móveis de dimensão considerável ou que não foram recolhidos. Acesso. Morfologia do terreno = indica a posição da ocorrência face à topografia do terreno (afloramento; encosta; cumeada; socalco; aluvião, terraço; planalto; planície; linha de água; escarpa; chã; vale; outros). Visibilidade para estruturas e artefactos: indicam-se os seguintes graus de visibilidade para detecção de estruturas e artefactos, elevada, média, reduzida e nula. Fontes de informação = bibliografia, cartografia, manuscritos, informação oral, instrumento de planeamento, base de dados ou de outro tipo. Também se indica a fonte de informação utilizada quando não tem origem na CMP por aproximação espacial. Espólio recolhido = indicação do tipo e quantidade de achados arqueológicos móveis recolhidos durante o trabalho de campo. Caracterização = caracterização da ocorrência em termos de localização, características construtivas e materiais utilizados, dimensões e registo fotográfico. Avaliação de Impactes = impactes identificados sobre a ocorrência. Caracterização de Impactes: Probabilidade (Pr): incerto (I), provável (P), certo (C); Incidência (In): indirecto (I), directo (D); Tipo (Ti): negativo (-); positivo (+); Magnitude (Ma): reduzida (R), média (M), elevada (E);; Duração (Du): temporária (T); permanente (P); Significância (Sg): pouco significativo (P), significativo (S), muito significativo (M); INI: impactes não identificados (N) ou indeterminados (I); (? = incerteza na atribuição). Medidas de Minimização = medidas de minimização propostas. Responsável(eis) = nome do(s) arqueólogo(s) responsável(eis) pela observação da ocorrência e elaboração da ficha de sítio. Área de Intervenção Específica Cabeça Veada Nº 1 Data Novembro de 2012 CMP 328 Altitude 400m Topónimo Depósito de Cabeça Veada Coordenadas (UTM) 0511572 - 4370308 Categoria Arquitectónico; Etnológico Coordenadas (Gauss) 136992,1 - 279609,6 Concelho Porto de Mós Tipologia Depósito Freguesia Mendiga Cronologia Contemporâneo Lugar Cabeça Veada Classificação Incluído na Área Protegida das Proprietários Não identificados Serras de Aire e Candeeiros Valor cultural Baixo Uso do solo Baldios Posição v. projecto AId do PP Ameaças Pedreiras Tipo de trabalho Prospecção Estado de conservação Regular Morfologia do terreno Encosta Visibilidade para estruturas Reduzida Acesso A partir da localidade de Cabeça Visibilidade para artefactos Nula Veada, caminho para Oeste em direcção às pedreiras Fonte de informação Não identificada Espólio recolhido Não foi recolhido espólio arqueológico Caracterização Possivelmente um depósito de materiais relacionado com uma pedreira desactivada que se encontra imediatamente a Oeste. De planta rectangular com paredes em pedra seca e sem vestígios de cobertura, utilizando pedras extraídas da pedreira. A porta fica virada a Sul e tem uma janela virada a Este. Registo fotográfico 02 Responsável(eis) Mário Monteiro e Fernando Robles Henriques Área de Intervenção Específica Cabeça Veada Nº 2 Data Novembro de 2012 CMP 328 Altitude 430m Topónimo Abrigo de Pias Novas Coordenadas (UTM) 0511347 - 4370078 Coordenadas (Gauss) 136764,8 - 279381,7 Concelho Porto de Mós Categoria Arquitectónico; Etnológico Tipologia Abrigo Freguesia Mendiga Cronologia Contemporâneo Lugar Cabeça Veada Classificação Incluído na Área Protegida Proprietários Não identificados das Serras de Aire e Candeeiros Valor cultural Baixo Uso do solo Baldios Posição v. projecto AId do PP Ameaças Pedreiras Tipo de trabalho Prospecção Estado de conservação Regular Morfologia do terreno Encosta Visibilidade para estruturas Reduzida Acesso A partir da localidade de Cabeça Visibilidade para artefactos Nula Veada, caminho para Oeste em direcção às pedreiras Fonte de informação Não identificada Espólio recolhido Não foi recolhido espólio arqueológico Caracterização Dois abrigos contíguos, separados por uma parede e com entradas nas faces Norte e Sul. Encontra-se dentro de uma tapada sendo as paredes em pedra seca. O abrigo mais pequeno, virado a Norte, tem uma cobertura em lajes de calcário justapostas, tendo as dimensões exteriores de 1,30m de comprimento e 1,50m de altura. No interior tem 1,40m de altura, 1,18m de comprimento e 0,70m de largura. O abrigo maior, virado a Sul, tem uma cobertura em chapa segura por pedras e tem as dimensões exteriores de 2,14m de comprimento e 1,38m de altura. No interior tem 1,70m de comprimento e 1,56m de largura. Registo fotográfico 03 Responsável(eis) Mário Monteiro e Fernando Robles Henriques 04 Área de Intervenção Específica Cabeça Veada Nº 3 Data Novembro de 2012 CMP 328 Altitude 430m Topónimo Cisterna de Pias Novas Coordenadas (UTM) 0511344 - 4369751 Coordenadas (Gauss) 136759 - 279055 Concelho Porto de Mós Categoria Etnológico Tipologia Cisterna Freguesia Mendiga Cronologia Contemporâneo Lugar Cabeça Veada Classificação Incluído na Área Protegida Proprietários Não identificados das Serras de Aire e Candeeiros Valor cultural Médio-Baixo Uso do solo Industrial Posição v. projecto AId do PP Ameaças Pedreiras Tipo de trabalho Prospecção Estado de conservação Regular Morfologia do terreno Encosta Visibilidade para estruturas Elevada Acesso A partir da localidade de Cabeça Visibilidade para artefactos Reduzida Veada, caminho para Oeste em direcção às pedreiras Fonte de informação Não identificada Espólio recolhido Não foi recolhido espólio arqueológico Caracterização Sobre plataforma de calcário ligeiramente inclinada, junto de dois reservatórios cilíndricos actuais, pequeno reservatório na rocha, possivelmente aproveitando cavidade natural, coberto com lajes de calcário inclinadas para o exterior, cuja dimensão total é de cerca de 3,5mx3,5m, rematadas a cimento, com ligeira abertura quadrangular a Este, para acesso à cisterna. No limite externo, ausência de argamassa no fim de pequenos canais naturais na rocha, que conduziriam as águas pluviais para o interior do reservatório. Registo fotográfico 05 Responsável(eis) André Pereira, Emanuel Carvalho e Tiago Carvalho 06 Área de Intervenção Específica Cabeça Veada Nº 4 Data Novembro de 2012 CMP 328 Altitude 400m Topónimo Pias Novas Coordenadas (UTM) 0511580 - 4369640 Categoria Natural Coordenadas (Gauss) 136994 - 278941 Concelho Porto de Mós Tipologia Indeterminado Freguesia Mendiga Cronologia Indeterminado Lugar Cabeça Veada Classificação Incluído na Área Protegida Proprietários Não identificados das Serras de Aire e Candeeiros Valor cultural Indeterminado Uso do solo Baldio Posição v. projecto AId do PP Ameaças Pedreiras Tipo de trabalho Estado de conservação Regular Prospecção/Reconhecimento Morfologia do terreno Encosta Visibilidade para estruturas Reduzida Acesso A partir da localidade de Cabeça Visibilidade para artefactos Reduzida-Nula Veada, caminho para Oeste em direcção às pedreiras Fonte de informação http://www.icn.pt/downloads/POPNSAC Espólio recolhido Não foi recolhido espólio arqueológico Caracterização O local indicado localiza-se num lapiás proeminente. Tanto aqui como na envolvente não foi identificada qualquer cavidade cársica de realce, à excepção da possível diáclase reaproveitada como caminho, correspondente à ocorrência 5. A ocorrência pode corresponder quer ao lapiás como à possível diáclase. Registo fotográfico 07 Responsável(eis) André Pereira, Emanuel Carvalho e Tiago Carvalho Anexo 3. Zonamento da prospecção arqueológica Figura 1. Zonamento (visibilidade do solo) da prospecção arqueológica e ocorrências na Área de Incidência sobre Fotografia Aérea (descrição de zonas A, B e C infra) Zona VE VA Caracterização e registo fotográfico Zona de extracção de pedra e depósito de inertes. Corresponde a áreas de pedreiras activas e em laboração. Solo original inexistente devido às crateras das pedreiras ou oculto por depósitos de escombreiras. Dentro desta área existem pequenas manchas de baldios com coberto A N vegetal muito denso e muros em pedra seca. N 13 Zona de vegetação arbustiva rasteira densa, sobre plataforma de calcário (afloramento), ligeiramente inclinada. Progressão de modo fácil e condições excelentes para detecção de estruturas positivas. E B M-R 14 Zona de lapiás com vegetação arbustiva densa (tojo, carrasco), que cobre totalmente o solo, fora das áreas de afloramento, e arbórea dispersa (pinheiro manso, oliveira). Dentro desta área existem frequentes muros em pedra seca. C R N 15 Zona. Identificação e delimitação de áreas sequenciais, em termos de ocupação actual e/ou visibilidade, com dimensão significativa à escala cartográfica utilizada. Parâmetros. VE = visibilidade para detecção de estruturas, acima do solo (elementos imóveis); VA = visibilidade para detecção de artefactos, ao nível do solo (elementos móveis). Graus de visibilidade. Elevado = ausência de vegetação (arbórea, arbustiva e herbácea) devido a incêndio, desmatação ou lavra recente. Observa-se a totalidade (ou quase) da superfície do solo; Médio = a densidade da cobertura vegetal é mediana ou existem clareiras que permitem a observação de mais de 50% da superfície do solo; Reduzido = a densidade da vegetação impede a progressão e/ou a visualização de mais de 75% da superfície do solo; Nulo = zona artificializada, impermeabilizada ou oculta por se encontrar ocupada por construções, depósitos de materiais, pavimentos ou vegetação densa impedindo, desta forma, a progressão e a visualização do solo na totalidade da área considerada; Div = diversos graus de visibilidade. Caracterização. Descrição da ocupação e visibilidade do solo e registo fotográfico.