A S S I M A G R A
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V E A D A
P O R T O
1
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R O P O S T A
R D E N A M E N T O
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E L A T Ó R I O
2 0 1 1 / 0 1 6
2 de Dezembro de 2013
A S S I M A G R A
P I E R
C A B E Ç A
V E A D A
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1 ª
F A S E
–
-
P O R T O
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C A R A C T E R I Z A Ç Ã O D A
S I T U A Ç Ã O
D I A G N Ó S T I C O
D E
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R E F E R Ê N C I A ,
P R É - P R O P O S T A
D E
O R D E N A M E N T O
R E L A T Ó R I O
Í N D I C E
1.
INTRODUÇÃO ................................................................... 1
1.1.
BREVE
ENQ UADRAMENTO L EG AL
................................................ 3
2.
METODOLOGIA ................................................................ 9
3.
ENQUADRAMENTO DA Á REA DE INTERVE NÇÃO.................... 12
3.1.
PROJEC TO
QREN
-
SUSTENTABILIDADE
AMBIENTAL
DA
I NDÚST RIA
EXT R ACT IV A ..................................................................... 12
3.2.
ENQ UADRAMENTO I NST ITUCIO NAL ........................................... 16
3.3.
ENQ UADRAMENTO LEG AL ...................................................... 17
3.3.1.
Plano de Pormenor na Modalidade de Plano de Intervenção em Espaço
Rural ..............................................................................................................18
3.3.2.
3.4.
Avaliação Ambiental Estratégica...............................................................19
ARTICUL AÇ ÃO
TERRITÓ RIO
CO M O UTR OS PLANO S MU NICIPAIS D E O RD ENAME NTO DO
...................................................................... 20
3.5.
PRAZO
3.6.
CONTEÚDO
3.7.
ENQ UADRAMENTO T ERRITO RIAL ............................................... 23
3.8.
INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL COM INCIDÊNCIA NA ÁREA DE
E
FASES
PARA A EL ABORAÇÃO DO
PLANO ......................... 20
M ATERIAL E DOCUM ENTAL DO
PLANO ......................... 21
INTERVENÇÃO
................................................................... 25
3.8.1.
Plano Nacional de Política de Ordenamento do Território (PNPOT)......... 26
3.8.2.
Plano Regional de Ordenamento do Território do Centro (PROT–C) ........ 29
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
i
3.8.3.
Plano Regional de Ordenamento Florestal Centro Litoral ......................... 34
3.8.4.
Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo ..................................... 39
3.8.5.
Plano Sectorial da Rede Natura 2000 .........................................................40
3.8.6.
Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e
Candeeiros ................................................................................................... 45
3.8.7.
Plano Director Municipal de Porto de Mós ................................................. 54
4. CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO .. 56
4.1.
INDÚSTRIA E XTRAT IVA - S IT UAÇ ÃO ACTUAL ................................ 56
4.1.1.
Pedreiras Licenciadas e Escombreiras ....................................................... 56
4.1.2.
Áreas Recuperadas ..................................................................................... 59
4.1.3.
Descrição das áreas recuperadas na AIE de Cabeça Veada no
concelho de Porto de Mós .......................................................................... 60
4.1.4.
Afetação das áreas recuperadas na AIE de Cabeça Veada no
concelho de Porto de Mós .......................................................................... 61
4.2.
GEOLOGIA ...................................................................... 63
4.2.1.
Enquadramento Geológico ........................................................................ 63
4.2.2.
Caracterização Litológica........................................................................... 64
4.3.
APTIDÃO GEOLÓGIC A ......................................................... 69
4.3.1.
4.4.
Metologia adotada para definição do limite de escavação .................. 69
SOLOS ........................................................................... 72
4.4.1.
Metodologia................................................................................................. 72
4.4.2.
Caraterização dos solos na AIE de Cabeça Veada ................................. 73
4.4.2.1.
Tipo de solos ......................................................................................... 74
4.4.2.2.
Descrição dos solos presentes na área de estudo ............................ 74
4.4.2.3.
Capacidade de Uso do Solo ...............................................................77
4.4.3.
Diagnóstico .................................................................................................. 79
4.4.4.
Conclusões...................................................................................................80
4.5.
REC URSO S H ÍDRICOS SUBTERRÂNEOS ........................................ 81
4.5.1.
METODOLOGIA.............................................................................................81
4.5.2.
CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA ......................................................83
4.5.2.1.
Enquadramento geológico local ........................................................ 83
4.5.2.2.
Hidrogeologia local..............................................................................84
4.5.3.
4.6.
Diagnóstico .................................................................................................. 94
RECURSO S H ÍDRICOS SUPERFICIAIS .......................................... 95
4.6.1.
4.6.1.1.
Caracterização da Situação de Referência .............................................. 95
Considerações gerais .......................................................................... 95
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
ii
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
4.6.1.2.
4.6.2.
4.7.
Caracterização do Sistema Hídrico .................................................... 96
Diagnóstico ................................................................................................ 101
CARACTERIZ AÇÃO BIOLÓ GICA ..............................................102
4.7.1.
Introdução .................................................................................................. 102
4.7.2.
Metodologia............................................................................................... 103
4.7.2.1.
Inventariação do património natural ................................................ 103
4.7.2.2.
Flora e vegetação .............................................................................. 103
4.7.2.3.
Fauna e biótopos ................................................................................ 103
4.7.2.4.
Valoração do Património Natural...................................................... 104
4.7.3.
Caraterização Ecológica .......................................................................... 105
4.7.3.1.
Flora ..................................................................................................... 105
4.7.3.2.
Habitats ............................................................................................... 113
4.7.3.3.
Fauna e Biótopos ................................................................................ 132
4.7.4.
Diagnóstico ................................................................................................ 143
4.7.4.1.
Carta de Valores Florísticos ............................................................... 144
4.7.4.2.
Carta de Valores Faunísticos ............................................................. 147
4.8.
OCU PAÇ ÃO
4.8.1.
DO
SOLO ........................................................149
Evolução da Ocupação do solo 1990-2012 ............................................ 149
4.8.1.1.
Carta de Ocupação do Solo – COS 90 ............................................. 149
4.8.1.2.
Carta de Ocupação do Solo – 2000.................................................. 150
4.8.1.3.
Carta de Ocupação do Solo - COS 2007 ......................................... 151
4.8.1.4.
Carta da Ocupação actual do solo – 2012 ...................................... 152
4.8.1.5.
Distribuição das áreas por categoria de uso do solo ...................... 153
4.8.1.6.
Síntese da Evolução da Ocupação do solo 1990-2012 ................... 155
4.9.
PAISAGEM ......................................................................156
4.9.1.
Enquadramento teórico ............................................................................ 156
4.9.2.
Enquadramento da paisagem da área de intervenção no Panorama
Nacional ..................................................................................................... 158
4.9.3.
Metodologia............................................................................................... 162
4.10. CLIMA ..........................................................................166
4.10.1.
Metodologia............................................................................................... 166
4.10.2.
Caracterização .......................................................................................... 168
4.10.2.1.
Temperatura........................................................................................ 168
4.10.2.2.
Precipitação ....................................................................................... 170
4.10.2.3.
Neve, Granizo, Trovoada, Nevoeiro, Geada .................................... 173
4.10.2.4.
Ventos ................................................................................................. 174
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
iii
4.10.3.
Diagnóstico ................................................................................................ 175
4.11. QUALIDADE
4.11.1.
4.11.1.1.
4.11.2.
DO AR
............................................................176
Metodologia............................................................................................... 176
Introdução .......................................................................................... 176
Caracterização .......................................................................................... 176
4.11.2.1.
Recetores e fontes dos poluentes atmosféricos ............................... 176
4.11.2.2.
Qualidade do ar na área em estudo ................................................ 177
4.11.3.
Diagnóstico ................................................................................................ 186
4.12. AMBIENTE SONORO ...........................................................187
4.12.1.
4.12.1.1.
4.12.2.
Metodologia............................................................................................... 187
Introdução .......................................................................................... 187
Caracterização .......................................................................................... 187
4.12.2.1.
Fontes ruidosas existentes.................................................................. 187
4.12.2.2.
Potenciais recetores do ruído gerado pela exploração ................. 188
4.12.2.3.
Caracterização do ambiente acústico local ................................... 188
4.12.3.
Diagnóstico ................................................................................................ 194
4.13. PATR IMÓ NIO CULT URAL ...................................................... 195
4.13.1.
Introdução .................................................................................................. 195
4.13.2.
Pesquisa Documental ................................................................................ 195
4.13.3.
Trabalho de Campo .................................................................................. 198
4.13.4.
Diagnóstico ................................................................................................ 200
4.14. PATR IMÓ NIO GEOLÓG ICO ................................................... 200
5.
CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÓMICA ............................ 201
5.1.
DINÂMIC AS TERRITORIAIS ............................................... 201
5.1.1.
Demográficas e sociais ............................................................................. 202
5.1.1.1.
A freguesia de Mendiga no PNSAC .................................................. 202
5.1.1.2.
A freguesia de Mendiga no concelho de Porto de Mós.................. 211
5.1.2.
Dinâmicas Locativas .................................................................................. 214
5.1.3.
Recursos Institucionais - Associações e Instituições ............................... 218
5.1.4.
Recursos de Iniciativa................................................................................ 219
5.1.4.1.
Notas sobre a relevância da extração de rochas industriais e
ornamentais ........................................................................................ 219
5.1.4.2.
A atividade nos concelhos que acolhem AIE’s ............................... 227
5.2.
DI AG NÓ ST ICO PRO S PEC TI VO PREL IM I NAR ................................. 237
5.3.
AIE DE CABEÇA VEADA: CARACTERIZAÇÃO ECONÓMICA DA
EXPLORAÇÃO ............................................................... 240
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
iv
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
5.4.
6.
CARACTERIZAÇÃO EMPRESARIAL ..................................... 247
SERVIDÕES E RESTRIÇÕES DE UTILIDADE PÚBLICA ............... 250
6.1.
RECURSOS H ÍDRICOS .........................................................251
6.1.1.
6.2.
Domínio Hídrico.......................................................................................... 251
RECURSOS
6.2.1.
6.3.
AGRÍCOLAS E FLORESTAIS
.......................................252
Regime Florestal ......................................................................................... 252
RECURSOS
ECOL ÓGICOS
.....................................................253
6.3.1.
Áreas Protegidas ........................................................................................ 253
6.3.2.
Rede Natura 2000 ...................................................................................... 255
6.4.
INF R AE ST RUT U RAS ............................................................. 256
6.4.1.
Rede Eléctrica ............................................................................................ 256
7. PRÉ-PROPOSTA DE ORDENAMENTO .......................................... 257
7.1.
METODOLOG IA ................................................................258
7.2.
OBJ ECT IV OS GERAIS
7.3.
EL AB OR AÇ ÃO
7.4.
MODELO
8.
DE
E
OBJECTIVOS ESPECÍFICOS .......................262
CENÁRIOS ................................................. 264
DE PLANEAMENTO E
GE ST ÃO TERRITORIAL ...................... 267
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................ 273
ANEXO I - CONTEÚDO DOCUMENTAL
ANEXO II - CARACTERIZAÇÃO BIOLÓGICA
ANEXO III - AMBIENTE SONORO
ANEXO IV - QUALIDADE DO AR
ANEXO V - PATRIMÓNIO CULTURAL
Í N D I C E
F I G U R A S
Figura 1.1-1: Quadro legal da indústria extractiva no Parque Natural das Serras de
Aire e Candeeiros ......................................................................................... 8
Figura 2-1: Esquema Geral do Faseamento do Plano de Intervenção em Espaço
Rural de Cabeça Veada e respectiva Avaliação Ambiental Estratégica.. 10
Figura 2-2: Esquema Geral do Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça
Veada e respectiva Avaliação Ambiental Estratégica .............................. 11
Figura 3.7-1: Enquadramento territorial das Áreas de Intervenção Específica .............. 25
Figura 3.8-1: Extracto do Modelo Territorial Proposto do PROT Centro ........................... 32
Figura 3.8-2: Extracto do Mapa Síntese do PROF Centro Litoral ...................................... 37
Figura 3.8-3: Sítio de Importância Comunitária PTCON 0015 – Serras de Aire e
Candeeiros .................................................................................................. 43
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
v
Figura 3.8-4: Habitats presentes no Sítio PTCON 0015 ..................................................... 44
Figura 3.8-5: Extracto do Planta Síntese do POPNSAC na Área de Intervenção
Específica de Cabeça Veada .................................................................... 53
Figura 3.8-6: Extracto da Planta de Ordenamento do PDM de Porto de Mós - Núcleo
de Cabeça Veada ...................................................................................... 55
Figura 4.1-1: Pedreiras licenciadas na AIE de Cabeça Veada ...................................... 57
Figura 4.1-2: Áreas recuperadas no concelho de Porto de Mós referentes à AIE de
Cabeça Veada ........................................................................................... 62
Figura 4.2-1: Enquadramento da AIE da Cabeça Veada no Maciço Calcário
Estremenho. ................................................................................................ 64
Figura 4.2-2: Mapa geológico simplificado. ................................................................... 68
Figura 4.2-3: Corte geológico evidenciando a estrutura geológica local. .................... 69
Figura 4.3-1: Metodologia desenvolvida para definição do limite da área de
escavação. ................................................................................................. 70
Figura 4.3-2: Área com aptidão geológica na AIE do Cabeça Veada.......................... 71
Figura 4.4-1: Carta de solos na área de estudo da AIE de Cabeça Veada referente
ao concelho de Porto de Mós .................................................................... 76
Figura 4.4-2: Carta de capacidade de uso do solo na área de estudo da AIE de
Cabeça Veada referente ao concelho de Porto de Mós. .......................... 79
Figura 4.5-1: Localização dos pontos de água com informação de produtividade,
piezometria e amostrados para caracterização qualitativa das águas
subterrâneas da AIE de Cabeça Veada. (Implantação sobre extracto
da Folha 328 do IGeoE na escala 1:25 000)................................................ 86
Figura 4.5-2: Modelo digital de terreno da área compreendida entre a AIE de
Cabeça Veada e a nascente temporária Olho da Mata do Rei.
[Coordenadas: Datum 73 Hayford Gauss IPCC] ......................................... 88
Figura 4.6-1: Rede hidrográfica principal na AIE de Cabeça Veada ............................. 97
Figura 4.6-2: Distribuição espacial do escoamento médio anual (mm) na bacia do
rio Tejo e na AIE de Cabeça Veada (SNIRH, INAG, 2008) .......................... 98
Figura 4.6-3: Extracto do mapa síntese do PROF Centro Litoral ...................................... 99
Figura 4.6-4: Localização do sistema aquífero Maciço Calcário Estremenho ............. 100
Figura 4.7-1: Áreas de ocorrência de espécies RELAPE de distribuição muito
localizada. ................................................................................................ 110
Figura 4.7-2: Espécies RELAPE – endemismos lusitânicos - identificadas na área de
estudo: a) Silene longicilia; b) Saxifraga cintrana. ................................... 111
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
vi
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Figura 4.7-3: Espécies de orquídeas inventariadas na área de estudo: a)
Anacamptis pyramidalis (orquídea-piramidal); b) Barlia robertiana
(salepeira-grande); c) Orchis papilionacea (erva-borboleta). ............... 112
Figura 4.7-4: Mosaico de comunidades arbustivas, de comunidades pratenses e de
afloramentos rochosos na da área de estudo. ......................................... 113
Figura 4.7-5: Carvalhal de Quercus faginea subsp. broteroi (carvalho-cerquinho). ... 116
Figura 4.7-6: Carrascal (habitat 5330 subtipo pt5). ....................................................... 119
Figura 4.7-7: Matos baixos calcícolas (habitat 5330 subtipo pt7), em co-dominância
de Rosmarinus officinalis (alecrim) e Thymus zygis subsp. sylvestris
(sal-da-terra)............................................................................................. 120
Figura 4.7-8: Prado rupícola com Saxifraga cintrana. .................................................. 122
Figura 4.7-9: Clareira de arrelvados anuais neutrobasófilos em mosaico com matos.124
Figura 4.7-10: Vertente calcária.................................................................................... 125
Figura 4.7-11: Lajes calcárias. ....................................................................................... 126
Figura 4.7-12: Eucaliptal. ............................................................................................... 127
Figura 4.7-13: Prado anual. ........................................................................................... 128
Figura 4.7-14: Campos de Lapiás. ................................................................................. 130
Figura 4.7-15: Olival abandonado. ............................................................................... 131
Figura 4.7-16: Área artificializada. ................................................................................ 132
Figura 4.7-17: Carta de Valores Florísticos. ................................................................... 146
Figura 4.7-18: Carta de Valores Faunísticos. ................................................................. 148
Figura 4.8-1: Evolução da ocupação do solo entre 1990 e 2012 ................................. 156
Figura 4.9-1: Enquadramento da área de intervenção ................................................ 160
Figura 4.9-2: Imagem aérea da região (Fonte: BingMaps)........................................... 163
Figura 4.9-3: Vista da área do Plano para Sul ............................................................... 164
Figura 4.9-4: Vista para a área do Plano e linha de água ............................................ 165
Figura 4.10-1: Distribuição das temperaturas média mensal, máximas médias e
mínimas médias. ....................................................................................... 169
Figura 4.10-2: Gráficos termo-pluviométricos. .............................................................. 171
Figura 4.10-3: Valores anuais de precipitação. ............................................................ 172
Figura 4.10-4: Variação interanual da precipitação. Diferença em relação à média. 172
Figura 4.10-5: Rosa dos Ventos (frequência e velocidade média anual). ................... 175
Figura 4.11-1: Índices da qualidade do ar na região Vale do Tejo e Oeste. ............... 179
Figura 4.11- 2: Localização dos pontos de medição de PM10 ...................................... 184
Figura 4.12-1: Localização dos pontos de medição de ruído ambiente. ..................... 191
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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vii
Figura 4.13-1: Área de Estudo e localização das Ocorrências de Interesse Cultural
no Concelho de Porto Mós ....................................................................... 197
Figura 5.1-1: Pressão demográfica (hab,/Km2) 2011 .................................................... 203
Figura 5.1-2: Tendências recentes na dinâmica demográfica, 2001-2011................... 204
Figura 5.1-3: Tendências recentes para o número de famílias, 2001-2011 .................. 206
Figura 5.1-4: Densidade habitacional, 2011 ................................................................. 208
Figura 5.1-5: Lugares da Mendiga (Esq.) e Serro Ventoso ............................................ 209
Figura 5.1-6: Fragmento territorial da freguesia de Alcanede em 2005 e 2009............ 209
Figura 5.1-7: Tendências recentes na disponibilidade em alojamentos, 2001-2011 .... 210
Figura 8: Inserção sub-regional da AI........................................................................... 214
Figura 5.1-8: Áreas protegidas nas freguesias que integram AIE ................................. 218
Figura 5.1-9: Localização dos centros de produção de rochas industriais e
ornamentais .............................................................................................. 221
Figura 5.1-10: Valor de produção nas pedreiras das NUTS III da AI, 2005- 2011 .......... 225
Figura 5.1-11: Perfil da estrutura económica das freguesias que integram as AIE,
2009 ........................................................................................................... 235
Figura 5.1-12: Variação das unidades empresariais no quinquénio 2004-2009, nas
freguesias que integram as AIE................................................................. 236
Figura 5.3-1: Valor da produção em Cabeça Veada entre 2008 e 2011 ..................... 241
Figura 5.3-2: Valor por tonelada produzida em Cabeça Veada entre 2008 e 2011 .... 241
Figura 5.3-3: Número de pessoal ao serviço na AIE de Cabeça Veada entre 2008 e
2011 ........................................................................................................... 242
Figura 5.3-4: Valor de consumo de fontes energéticas em Cabeça Veada, ente
2008 e 2011 ............................................................................................... 243
Figura 5.3-5: Países importadores de minério português (mais de um milhão de
euros), 2011 ............................................................................................... 245
Figura 7.4-1: Aptidão geológica para exploração de rocha ornamental ................... 268
Figura 7.4-2: Valoração biologia .................................................................................. 268
Figura 7.4-3: Áreas recuperadas (Anexo 3 do POPNSAC) ............................................ 268
Figura 7.4-4: Diagrama Metodológico para a Proposta de Ordenamento dos PIER AIE270
Figura 7.4-5: Pré-Proposta de Ordenamento de Cabeça Veada ................................. 271
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
viii
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Í N D I C E
Q U A D R O S
Quadro 3.7-1: Distribuição das AIE por concelho........................................................... 24
Quadro 3.8-1: AIE de Cabeça Veada - Distribuição dos Regimes de Protecção .......... 53
Quadro 4.1-1: Ocupação da indústria extractiva na AIE de Cabeça Veada ................ 56
Quadro 4.1-2: Caracterização das escombreiras existentes na AIE de Cabeça
Veada ......................................................................................................... 58
Quadro 4.4-1: Classes da Capacidade de Uso dos Solos. ............................................. 78
Quadro 4.4-2: Sub-classes da Capacidade de Uso dos Solos. ...................................... 78
Quadro 4.5-1: Relação das análises laboratoriais realizadas. ....................................... 83
Quadro 4.5-2: Características geométricas e produtividade de furos. .......................... 85
Quadro 4.5-3: Parâmetros físico-químicos de caracterização global. .......................... 89
Quadro 4.5-4: Resultados analíticos da componente iónica maioritária ....................... 91
Quadro 4.5-5: Resultados analíticos de componentes vestigiários. ............................... 92
Quadro 4.5-6: Resultados analíticos de óleos e gorduras, hidrocarbonetos totais e
hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. .................................................. 93
Quadro 4.5-7: Resultados da componente microbiológica analisada. ......................... 94
Quadro 4.7-1: Espécies com valor conservacionista inventariadas, com indicação
do nome comum (quando existente) e respetivo estatuto de proteção. 107
Quadro 4.7-2: Usos do solo e habitats existentes e respetiva área (ha) ocupada na
área de estudo (habitats prioritários assinalados por *). .......................... 115
Quadro 4.7-3: Enquadramento legal das espécies potenciais da área de estudo ..... 134
Quadro 4.7-4: Biótopos existentes, habitats correspondentes, e representatividade
(ha) na área em estudo. ........................................................................... 135
Quadro 4.8-1: Distribuição da Ocupação do Solo - COS 90 ........................................ 150
Quadro 4.8-2: Distribuição da Ocupação do Solo - 2000............................................. 150
Quadro 4.8-3: Distribuição da Ocupação do Solo - 2000............................................. 151
Quadro 4.8-4: Legenda do uso Actual do Solo............................................................. 153
Quadro 4.8-5: Distribuição das áreas por categoria de uso do solo ............................ 154
Quadro 4.8-6: Evolução da ocupação do solo entre 1990 e 2012 ............................... 155
Quadro 4.9-1: Descritores de caracterização .............................................................. 164
Quadro 4.9-2: Quantificação do critério Harmonia ...................................................... 166
Quadro 4.9-3: Valoração das Unidades de Paisagem ................................................. 166
Quadro 4.10-1: Temperaturas médias........................................................................... 169
Quadro 4.10-2: Número de dias por ano com temperaturas extremas. ...................... 169
Quadro 4.10-3: Sazonalidade da precipitação anual .................................................. 170
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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Quadro 4.10-4: Número de dias por ano com precipitação superior a 0,1 mm e
10,0 mm ..................................................................................................... 171
Quadro 4.10-5: Meteoros diversos: n.º de dias por ano. ............................................... 173
Quadro 4.11-1: Dados das estações de monitorização da qualidade do ar. .............. 180
Quadro 4.11-2: Dados estatísticos das medições de qualidade do ar. ....................... 180
Quadro 4.11-3: Descrição dos locais de medição de PM 10 ......................................... 183
Quadro 4.11-4: Resultados das medições de PM10. ..................................................... 185
Quadro 4.12-1: Descrição dos locais de medição de ruído selecionados e das
respetivas fontes de ruído detetadas........................................................ 190
Quadro 4.12-2: Análise do critério de exposição máxima. .......................................... 192
Quadro 4.12-3 - Análise do critério de incomodidade no período diurno. .................. 193
Quadro 4.13-1: Síntese da Pesquisa Documental ......................................................... 196
Quadro 4.13-2: Ocorrências Patrimoniais ..................................................................... 199
Quadro 5.1-1: Residentes em 2001 e 2011 .................................................................... 203
Quadro 5.1-2: Famílias em 2001 e 2011 ........................................................................ 205
Quadro 5.1-3: Alojamentos em 2001 e 2011 ................................................................. 207
Quadro 5.1-4: Qualificação dos residentes mais qualificados, 1991-2001 .................. 211
Quadro 5.1-5: Área e População em Mendiga e Porto de Mós, 2001-2011 ................. 212
Quadro 5.1-6: Famílias em Mendiga e Porto de Mós, 2001-2011 ................................. 213
Quadro 5.1-7: Alojamentos em Mendiga e Porto de Mós, 2001-2011 .......................... 213
Quadro 5.1-8: Permeabilidade viária ........................................................................... 216
Quadro 5.1-9: Evolução do número de pedreiras em atividade por tipo de rocha
extraída ..................................................................................................... 222
Quadro 5.1-10: Evolução do peso (%) de pedreiras em atividade por tipo de rocha
extraída ..................................................................................................... 223
Quadro 5.1-11: Evolução do pessoal ao serviço por tipo de rocha extraída .............. 223
Quadro 5.1-12: Evolução do peso (%) do pessoal ao serviço por tipo de rocha
extraída ..................................................................................................... 224
Quadro 5.1-13: Variação da produção nas pedreiras das NUTS III da AI e de
Portugal Continental, 2005-2011 ............................................................... 225
Quadro 5.1-14: Proporção de Quantidade Produzida nas Pedreiras das NUTS III da AI
relativamente ao total nacional, 2005-2011 ............................................. 226
Quadro 5.1-15: Proporção do Valor de Produção nas Pedreiras das NUTS III da AI
relativamente ao total nacional, 2005-2011 ............................................. 226
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Quadro 5.1-16: Proporção da Produção nas Pedreiras das NUTS III da AI e de
Portugal Continental relativamente à Produção Global Nacional de
todos os sectores produtivos, 2005-2011 .................................................. 226
Quadro 5.1-17: Variação recente da população, famílias, alojamentos e edifícios,
2001 e 2011 ............................................................................................... 228
Quadro 5.1-18: Universo empresarial por concelho por classes de dimensão, 2006 e
2009 ........................................................................................................... 229
Quadro 5.1-19: Variação do universo empresarial por classes de dimensão, 20062009 ........................................................................................................... 230
Quadro 5.1-20: Estrutura do tecido empresarial por concelho e por classe de
dimensão, 2009 ......................................................................................... 230
Quadro 5.1-21: Indicadores de empresas por concelho, 2009 .................................... 231
Quadro 5.1-22: Produtividade por concelho, 2009 ....................................................... 231
Quadro 5.1-23: Trabalhadores no universo empresarial e na ind. extractiva, 2009 ..... 232
Quadro 5.1-24: Produtividade por concelho na indústria extractiva, 2009 .................. 233
Quadro 5.1- 25: Empresas por sectores nos concelhos abrangidos por AIE ................ 234
Quadro 5.1-26: Tendências empresariais recentes nos ramos da indústria extractiva
nas freguesias que integram AIE, 2004-2009 ............................................ 237
Quadro 5.2-1: Matriz de Pontos-Chave por dimensões de análise .............................. 238
Quadro 5.3-1: Substâncias e quantidade total produzida ............................................ 240
Quadro 5.3-2: Pessoal ao Serviço em Cabeça Veada ................................................. 242
Quadro 5.3-3: Materiais consumidos em Cabeça Veada, 2008-2011 .......................... 244
Quadro 5.3-4: Top 1 milhão 2010-2011 ......................................................................... 246
Quadro 5.4-1: Matriz de respostas da AIE de Cabeça Veada ..................................... 249
Quadro 6.4-1: Servidões e Restrições de Utilidade Pública .......................................... 256
Quadro 7.3-1: Situação Actual – trabalhos realizados no âmbito do PIER Cabeça
Veada ....................................................................................................... 266
Quadro 7.3-2: Cenários elaborados no âmbito do PIER de Cabeça Veada ................ 266
Quadro 7.4-1: Pré-Proposta de Ordenamento – Distribuição das Classes de Espaço . 272
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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xi
1.
INTRODUÇÃO
A indústria extractiva constitui uma das principais actividades presentes no Parque
Natural das Serras de Aire e Candeeiros, criado pelo Decreto-Lei n.º 118/79, de 4 de
Maio, tendo como objecto central uma parte significativa do maciço calcáreo
estremenho, singular pela sua geologia e pela humanização da sua paisagem.
Decorridos 22 anos desde a publicação do Plano de Ordenamento aprovado pela
Portaria n.º 21/88, de 12 de Janeiro, verificou-se a necessidade de proceder à revisão
do mesmo. De acordo com a Resolução do Conselho de Ministros n.º 57/2010, de 12
de Agosto, que publica o Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire
e Candeeiros (POPNSAC), é objectivo deste Plano fixar o regime de gestão compatível
com a protecção e a valorização dos recursos naturais e com o desenvolvimento das
actividades humanas, tendo em conta os instrumentos de gestão territorial
convergentes na área protegida.
A actividade de extracção de inertes no Parque Natural das Serras de Aire e
Candeeiros (PNSAC) conheceu um aumento significativo a partir dos meados dos
anos oitenta quando se conjugaram vários factores favoráveis como um período de
expansão económico, avanços tecnológicos que permitem a extracção de pedra
com menor recurso aos explosivos, aumento da procura dos calcários sedimentares e
introdução de novos sistemas de financiamento adaptado à expansão da actividade
extractiva1.
No entanto, nos últimos anos, a indústria extractiva, deparou-se com grandes
dificuldades, nomeadamente pelo esgotamento das áreas licenciadas, aliada à
inexistência de áreas alternativas consignadas em instrumentos de gestão de território,
que perspectivavam o estrangulamento desta actividade.
A necessidade de ordenar a indústria extractiva está presente em todos os
Instrumentos de Gestão Territorial com incidência na área de intervenção. Coube ao
Plano de Ordenamento das Serras de Aire e Candeeiros a definição das disposições
regulamentares a respeitar neste território. Trata-se de um plano de âmbito nacional,
prevalecendo portanto sobre os planos municipais de ordenamento do território.
1
Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, 2003
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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1
Com a publicação do Plano de Ordenamento das Serras de Aire e Candeeiros, foram
definidas novas regras para instalação e ampliação das pedreiras, nem sempre
compatíveis com a necessidade de crescimento do sector.
Numa tentativa de colmatar esta situação, com a publicação do POPNSAC, foram
criadas seis Áreas de Intervenção Específica que constituem áreas sujeitas a
exploração extractiva, onde é possível a instalação ou ampliação de explorações de
massas minerais. Essas áreas encontram-se delimitadas na Planta Síntese do referido
plano. De acordo com as disposições regulamentares do POPNSAC, as áreas
classificadas como: "Áreas de Intervenção Específica - Áreas Sujeitas a Exploração
Extractiva" (AEI), recuperadas ou não por projectos específicos, deverão ser sujeitas à
elaboração de Planos Municipais de Ordenamento do Território, visando o
estabelecimento de medidas de compatibilização entre a gestão racional da
extracção de massas minerais, a recuperação das áreas degradadas e a
conservação do património natural existente tendo em conta os valores e a
sensibilidade paisagística e ambiental da área envolvente”.
É, portanto, com base neste enquadramento que a ASSIMAGRA – Associação
Portuguesa dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins, concorreu ao
Programa “Âncora 2 do cluster da Pedra Natural”, apresentando o Projecto
“Sustentabilidade Ambiental da Indústria Extractiva – Exploração Sustentável de
Recursos no Maciço Calcário Estremenho”.
Das seis Áreas de Intervenção Específica - Áreas Sujeitas a Exploração Extractiva (AEI)
delimitadas no âmbito do Plano de Ordenamento do
PNSAC, o
Projecto
“Sustentabilidade Ambiental da Indústria Extractiva – Exploração Sustentável de
Recursos no Maciço Calcário Estremenho” incide em cinco:
i)
Cabeça Veada - 29 ha
ii)
Portela das Salgueiras - 63 ha
iii)
Codaçal - 98 ha
iv)
Moleanos - 147 ha
v)
Pé da Pedreira - 1374 ha
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
2
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Para
garantir
o
cumprimento
dos
procedimentos
necessários,
a
Assimagra
estabeleceu contrato de planeamento para a elaboração de Planos de Pormenor,
previsto no regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, com os municípios
envolvidos.
A elaboração dos Planos de Pormenor na Modalidade de Plano de Intervenção em
Espaço Rural (PIER) permitirá um conhecimento do território a uma escala de maior
detalhe, permitindo a definição de classes de ocupação do solo na perspectiva da
gestão racional da extracção de massas minerais com a protecção e conservação
dos valores naturais e paisagísticos.
A elaboração do PIER de Cabeça Veada deverá permitir a compatibilização da
actividade com as condicionantes de ordenamento do território, tendo ainda o
propósito de ordenamento dos espaços de exploração, a definição de metodologias
e regras de exploração e de recuperação paisagística, considerando a ocorrência do
recurso geológico e os imperativos ambientais.
O presente Relatório encontra-se dividido em sete capítulos. No segundo capítulo será
apresentada a metodologia definida para a elaboração do Plano e no terceiro
capítulo será apresentado o enquadramento territorial e legal da área de intervenção
e serão apresentadas as principais orientações dos instrumentos de gestão territorial
com incidência na área de intervenção. No quarto capítulo será apresentada a
caracterização e diagnóstico da área de intervenção nas diferentes temáticas. No
quinto capítulo será apresentada a caracterização sócio-económica. No sexto
capítulo serão apresentadas as servidões e restrições de utilidade pública, de acordo
com a legislação em vigor. Por fim, no sétimo capítulo será apresentada a uma préproposta de ordenamento, com a definição dos objectivos gerais e específicos,
cenários e modelo territorial de Cabeça Veada.
1.1.
BREVE ENQUADRAMENTO LEGAL
A área de intervenção do presente plano, inclui pedreiras de blocos, localiza-se na
freguesia de Mendiga do concelho de Porto de Mós, sendo um dos mais importantes
núcleos de pedreiras do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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3
No entanto, a situação actual das pedreiras na área de intervenção, à luz da
legislação em vigor, não é um tema fácil de explicar. Ao longo dos últimos anos, a
legislação, relativa às massas minerais, foi alterada e nem sempre de fácil
aplicabilidade. De facto, em 16 de Março de 1990, são aprovados dois diplomas: o
Decreto-Lei nº 89/90, que estabelece o regime jurídico em matéria de exploração de
massas minerais-pedreiras (conhecido pela lei das pedreiras) e o Decreto-Lei nº 90/90,
que estabelece o regime geral dos recursos geológicos e posteriormente alterado
pelo Decreto-Lei nº 270/2001 de 6 de Outubro. No entanto, de acordo com este último
diploma (…)”Apesar das esperanças depositadas na lei das pedreiras, a aplicação
prática das suas disposições viriam, contudo, a revelar limitações nos efeitos
esperados. Também a crescente importância dos aspectos ambientais na actividade
económica levou à formulação de políticas integradoras que importava traduzir no
enquadramento legislativo do sector. Ficou assim em evidência a necessidade de
rever
o decreto-lei, principalmente no
tocante aos aspectos ambientais
e
nomeadamente no que se refere à recuperação paisagística e ao reforço do papel
do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAOT) no procedimento
de obtenção de licença e, posteriormente na fiscalização das explorações”.(…).
(…)“O objectivo das alterações introduzidas do Decreto-Lei nº 270/2001 de 6 de
Outubro é corrigir, na medida do possível, as numerosas situações de pedreiras
abandonadas e não reabilitadas, visando a melhoria acentuada do desempenho
ambiental da indústria extractiva”(…). (…)”Entre as mais importantes alterações cabe,
portanto, salientar as relativas ao procedimento de atribuição de licença. Assim,
introduziram-se dois capítulos novos, de modo a tornar independente o regime jurídico
relativo à licença de pesquisa e de exploração. Por outro lado, reforçou-se o rigor dos
documentos administrativos e, sobretudo, técnicos a apresentar pelo requerente no
pedido de licença, todos eles referidos a uma nova concepção, plano de pedreira.
Outra alteração relevante é a substituição do plano de recuperação paisagística, tal
como contemplado pelo Decreto-Lei nº 89/90, por um plano muito mais abrangente
do ponto de vista ambiental, o PARP (plano ambiental e de recuperação paisagística)
(…)”.
O Decreto-Lei nº 270/2001 de 6 de Outubro, no artigo 63º do Capítulo X, relativo às
Disposições Transitórias, define as condições a cumprir para as pedreiras já licenciadas.
De facto, este diploma (…) “ procurou introduzir no procedimento de licenciamento e
fiscalização das pedreiras normas que garantissem a adequação das explorações
existentes à lei e a necessária ponderação dos valores ambientais. Contudo, este
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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diploma veio a revelar-se, na prática, demasiado exigente ao pretender regular
através de um regime único um universo tão vasto e diferenciado como é o do
aproveitamento das massas minerais das diversas classes de pedreiras. A título de
exemplo refere-se a exigência aos industriais do sector da entrega do projecto de
adaptação das pedreiras já licenciadas no prazo de 18 meses, norma que, apesar da
sua inequívoca bondade, se mostrou de aplicação impraticável, em especial para as
explorações de pequena e média dimensão, ainda que tal prazo tenha sido
prorrogado por duas vezes, através dos Decretos-Leis n.os 112/2003, de 4 de Junho, e
317/2003, de 20 de Dezembro, por mais 6 meses cada. O último diploma tem, pois,
como objectivo essencial adequar o Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de Outubro, à
realidade do sector, o que permitiria que fossem cumpridos os fins a que inicialmente
se propôs, tornando possível o necessário equilíbrio entre os interesses públicos do
desenvolvimento económico, por um lado, e da protecção do ambiente, por outro.
Das alterações introduzidas, salienta-se o restabelecimento do princípio do interlocutor
único, a clarificação da intervenção e das competências fiscalizadoras das diferentes
entidades e a criação de instrumentos legais com abordagens técnico-administrativas
mais eficazes e de reconhecida sustentabilidade técnica e ambiental, tais como as
figuras dos projectos integrados e dos planos trienais. As adequações efectuadas
visam alcançar um melhor e continuado acompanhamento das explorações no
terreno, em detrimento de uma carga administrativa desajustada para a grande
maioria das explorações, muitas das quais com pequena dimensão, como é o caso
das explorações para a pedra de calçada e de laje. Neste último sector foram, aliás,
tidas em consideração as recomendações constantes da Resolução da Assembleia
da República nº 40/2003, de 9 de Maio.”
No entanto, mais uma vez a aplicabilidade das disposições regulamentares e
exigências destes diplomas não foi clara. Assim, por forma à clarificação dos
pressupostos da emissão de decisão favorável, foi aprovado o Despacho nº 5697/2011
de 1 de Abril. De acordo com este diploma, “O Decreto-Lei nº 340/2007, de 12 de
Outubro, veio alterar o Decreto-Lei nº 270/2001, de 6 de Outubro, visando, entre outros
objectivos, estabelecer o equilíbrio adequado entre os interesses públicos do
desenvolvimento económico, por um lado, e a protecção do ambiente, por outro. É
neste âmbito que deve ser entendido o regime estabelecido pelo artigo 5º do
Decreto-Lei nº 340/2007, de 12 de Outubro, que vem permitir a regularização de
pedreiras não tituladas por licença. Este regime especial prevê, nomeadamente, a
possibilidade de emissão de uma decisão favorável condicionada quando se verificar
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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5
que existe necessidade de conformar a exploração com os planos de ordenamento
do território vigentes, com restrições de utilidade pública ou com áreas abrangidas
pela Rede Natura 2000. Nesse caso, a licença de exploração só poderá ser emitida
depois de assegurada a referida conformação, sendo nesse período e a título
provisório permitida a exploração da pedreira em causa. No entanto, a aplicação do
regime tem revelado dificuldades interpretativas quanto aos pressupostos da emissão
de decisão favorável condicionada prevista no n.º 8 do artigo 5.º. Assim, mostra-se
necessário clarificar o regime de regularização das explorações de massas minerais,
no que diz respeito à apreciação técnica dos pedidos, aproveitando-se, ainda, para
definir,
quanto
aos
pedidos
de
regularização
entretanto
já
decididos
desfavoravelmente com fundamento na desconformidade com instrumentos de
gestão territorial, o procedimento a adoptar para a sua reapreciação à luz das
orientações constantes do presente despacho”.
Até à publicação da Resolução do Conselho de Ministros nº 57/2010 de 12 de Agosto,
relativa ao Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros,
as autorizações para a indústria extractiva eram efectuadas ao abrigo do anterior
Plano. A aprovação do novo regulamento exige novas regras para a indústria
extractiva, que poderão vir a ser alteradas com a elaboração e aprovação dos Planos
de Intervenção em Espaço Rural para as diversas Áreas de Intervenção Específica. No
entanto, existem ainda vários processos anteriores ao POPNSAC em vigor, que se
regem pelas disposições regulamentares do Decreto-Lei nº 270/2001 de 6 de Outubro,
alterado pelo Decreto-Lei nº 340/2007 de 12 de Outubro, nomeadamente no que se
refere aos Artigos 4º - Adaptação das explorações existentes e Artigo 5º - Explorações
não tituladas por licença, e que o presente plano deverá ter em conta.
Na área de intervenção existem pedreiras de blocos, que de acordo com informação
disponibilizada pelo ICNF (2013), encontram-se em apreciação ao abrigo dos Artigos
4.º e Artigo 5.º do Decreto-Lei nº 340/2007 de 12 de Outubro.
As áreas de intervenção específica definidas no POPNSAC abrangem áreas
maioritariamente ocupadas pela indústria extractiva, existindo ainda área com recurso
geológico, com aptidão para a indústria extractiva, mas com limitações e imposições
legais no que se refere à ampliação e instalação das pedreiras. Por forma a resolver
estas limitações é o próprio Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de
Aire e Candeeiros, que define Áreas sujeitas a exploração extractiva, onde se inclui a
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
6
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
área de intervenção. De acordo com o nº 2 do Artigo 24º do referido Plano, para estas
áreas “(…) deverão ser elaborados planos municipais de ordenamento do território,
visando o estabelecimento de medidas de compatibilização entre a gestão racional
da extracção de massas minerais, a recuperação das áreas degradadas e a
conservação do património natural existente tendo em conta os valores e a
sensibilidade paisagística e ambiental da área envolvente”. O nº 3 do mesmo artigo
refere ainda que (…)”as áreas em causa podem ser abrangidas por projectos
integrados, nos termos do Decreto-Lei nº 270/2001, de 6 de Outubro, na redacção que
lhe foi dada pelo Decreto-Lei nº 340/2007, de 12 de Outubro”.
Pretende-se que a aprovação do Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça
Veada permita a compatibilização da actividade de indústria extractiva com as
condicionantes legais, tendo por objectivo o ordenamento dos espaços de
exploração, a definição de metodologias e regras de exploração e de recuperação
paisagística, considerando a presença do recurso geológico e dos valores naturais.
A inclusão em Plano Municipal de Ordenamento do Território de áreas definidas para
exploração de recursos geológicos permitirá, ao abrigo do Artigo 35º de Decreto-Lei nº
270/2001, de 6 de Outubro, na redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei nº
340/2007, de 12 de Outubro, a elaboração de Projectos Integrados para pedreiras
vizinhas ou confinantes, por forma a estabelecer o racional aproveitamento de massas
minerais em exploração. Com a elaboração do Projecto Integrado pretende-se que
as
unidades
industriais
extractivas
vizinhas
ou
confinantes,
que
apresentem
características próprias e objectivos de produção independentes, convirjam nas
acções de exploração e de integração paisagística, durante e no final da actividade.
Os Projectos Integrados de núcleos de pedreiras são projectos de âmbito global, nos
quais são identificadas as condicionantes extractivas, ambientais e paisagísticas das
explorações e, pela conjugação destas condicionantes com as características de
cada exploração, é definida uma solução integrada para o racional aproveitamento
de massas minerais em exploração e à boa recuperação das áreas exploradas.
O esquema seguinte representa o quadro legal a observar nas Áreas de Intervenção
Específica.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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1988
1990
2001
2007
2010
2011
2013
•Portaria nº
21/88 de 12 de
Janeiro
Publicação do
POPNSAC
DL 90/90 de 16
de Março
Regime Geral
dos Recursos
Geológicos
•DL 270/2001 de
6 de Outubro
Aproveitament
o das massas
minerais
•DL nº 340/2007
de 12 de
Outubro
Altera o DL
270/2001 de 6
de Outubro
•RCM nº 57/2010
de 12 de
Agosto
Publica o
POPNSAC, com
novas regras
para a indústria
extractiva
•Despacho nº
5697/2011 de 1
de Abril
Clarifica os
pressupostos
da emissão de
decisão
favorável
•Elaboração do
PIER
Novas regras
para a indústria
extractiva nas
AIEs
Figura 1.1-1: Quadro legal da indústria extractiva no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
8
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2.
METODOLOGIA
O Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça Veada será elaborado de
acordo com o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, aprovado pelo
Decreto-Lei nº 380/99 de 22 de Setembro e legislação complementar.
O Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça Veada será desenvolvido em 4
fases: Numa primeira fase irá proceder-se à Caracterização e Diagnóstico das diversas
temáticas. O Diagnóstico será o suporte para o desenvolvimento do PIER, e como tal,
o aprofundado conhecimento da área de intervenção e tendências de evolução, ao
nível do ordenamento, é fundamental.
Fundamental é também uma interacção dinâmica entre várias disciplinas que se
cruzam com o ordenamento do território, dado que estes processos não são de todo
estanques, interagindo entre si. Entendemos que esta fase dos trabalhos, não se
deverá cingir a uma listagem descritiva dos sistemas de ordenamento presentes e a
uma sistematização da informação de base existente. Deverá entrecruzar-se a
informação, entender-se as interacções entre a aptidão e os condicionalismos do
território por forma a estabelecer-se uma pré-proposta de ordenamento.
Igualmente há que ter em conta que para além das diversidades dos próprios
territórios há também duas escalas de trabalho que têm que ser abordadas: por um
lado uma escala mais macro e estratégica definida pelo zonamento do Plano de
Ordenamento das Serras de Aire e Candeeiros que delimitou as Áreas de Intervenção
Específica; por outro lado uma escala de mais pormenor para o desenvolvimento do
PIER.
A componente do Ordenamento do Território tem a responsabilidade de “colar” ao
território a visão estratégica que vai sendo trabalhada pelas várias temáticas. Ou seja,
a resolução de conflitos, a fase de negociação e a capacidade de fechar acordos
são etapas primordiais no processo de desenvolvimento do PIER. Para tal, conta-se
com o
acompanhamento
das instituições,
designadamente do Instituto
de
Conservação da Natureza e Florestas que acompanhará o desenvolvimento desde o
início dos trabalhos.
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9
Na 2ª Fase será apresentada a Proposta de Ordenamento, que posteriormente será
colocada a Discussão Pública, correspondendo à 3ª Fase. Na 4ª Fase do PIER serão
integrados os resultados da Discussão Pública e concluída a Versão Final do Plano.
1ª Fase
Caracterização , Diagnóstico e Pré-Proposta
Definição do Âmbito e Alcance da AAE
2ª Fase
Proposta de Ordenamento e
Proposta de Relatório Ambiental
3ª Fase
Discussão Pública e
Consulta Pública do Relatório Ambiental
4ª Fase
Versão Final do Plano,
Relatório Ambiental e Declaração Ambiental
Figura 2-1: Esquema Geral do Faseamento do Plano de Intervenção em Espaço Rural de
Cabeça Veada e respectiva Avaliação Ambiental Estratégica
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PREPARAÇÃO E
Entidades
Autarquias
Empresários
ACOMPANHAMENTO
Revisão / Reformulação
Caracterização
Diagnóstico
Monitorização
GESTÃO PARTICIPADA
IMPLEMENTAÇÃO
Análise
Avaliação Ambiental Estratégica
Definição dos Objectivos
Medidas de Compensação
APROVAÇÃO
Proposta de
Ordenamento
Programa de Execução
ELABORAÇÃO
Aprovação e Publicação
Avaliação
Programa de Monitorização
Discussão Pública, Relatório
de Ponderação e Versão
Final do Plano
PARTICIPAÇÃO
Figura 2-2: Esquema Geral do Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça Veada e respectiva Avaliação Ambiental Estratégica
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11
REVISÃO
3.
ENQUADRAMENTO
DA
ÁREA
DE
INTERVENÇÃO
3.1.
PROJECTO QREN - SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DA
INDÚSTRIA EXTRACTIVA
De acordo com os elementos da candidatura do projecto ao QREN, “O Sector das
Pedras Naturais é constituído por 2500 empresas dispersas por todo o território, com
uma produção anual de 2 500 000 toneladas e cerca de 25 000 postos de trabalho
directos (segundo Estatísticas Oficiais, 2006). Este Sector subdivide-se em dois subsectores, que pela sua natureza, têm características de posicionamento diferentes.
70% do que se produz em Portugal, são Rochas Industriais, basicamente para consumo
interno, principalmente para a Construção Civil. Os restantes 30% são Rochas
Ornamental, cuja produção se destina essencialmente para exportação (atingindo
valores que rondam os 70%), e que nos tem permitido um posicionamento privilegiado
a nível Europeu e Mundial. Esta relevância internacional está actualmente muito
suportada pela produção de calcários ornamentais provenientes da região do país
conhecida por Maciço Calcário Estremenho, a qual está em grande parte abrangida
pelo Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. São rochas com características
específicas que apenas aí se verificam e que têm grande aceitação no mercado
interno e externo. No ano de 2010 encontravam-se em funcionamento nesta região
281 pedreiras, a maioria delas dedicadas à produção de calcários ornamentais.
Suportavam 1240 postos de trabalho directos, produzindo uma riqueza de 100 milhões
de euros. Contudo, nos últimos anos, a actividade extractiva nesta região tem
atravessado grandes dificuldades, fruto do esgotamento das áreas licenciadas, aliada
à inexistência de áreas alternativas consignadas em instrumentos de gestão do
território com uma tipologia de uso compatível com este tipo de actividade. Esta
situação perspectiva o estrangulamento a curto prazo desta actividade, com pesadas
implicações ao nível económico, uma vez que afectará toda a respectiva fileira
industrial”.
Ainda de acordo com o mesmo documento, “ O Projecto-Âncora está integrado no
Eixo Estratégico “Sustentabilidade do Cluster – Apostar na Qualificação dos Recursos e
do Território” e pretende melhorar o desempenho económico e ambiental do Cluster
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da Pedra Natural, aumentando a sua eficiência e atenuando os seus impactos, bem
como contribuir para o planeamento e integração das suas actividades de forte
implantação territorial em sede de Ordenamento do Território. A organização e a
qualificação do território são hoje reconhecidas como factores fundamentais de
fixação das populações e atracção de investimento exterior. O aproveitamento e a
potenciação dos recursos em pedra natural e de elementos diversos existentes nos
territórios onde ocorrem, podem constituir um importante elemento de valorização
económica e contribuir para uma melhor aceitação (que não a simples tolerância) da
indústria, situando-a num patamar em que surja não só como factor de
desenvolvimento económico mas, correspondendo às expectativas actuais de
preservação ambiental e bem-estar social, surja também como factor de auto-estima
dos territórios de inserção, nomeadamente daqueles em que representam recursos
identitários. Existem diversas regiões do país em que esta potenciação económica
ambiental e social do território, em função da pedra natural e de elementos diversos
que a ela se podem associar, pode ser mais aprofundada ou mesmo iniciada. Entre
elas destaca-se, como paradigmática, a região do Maciço Calcário Estremenho,
onde desde há largos anos se tem vindo a desenvolver uma intensa actividade de
extracção de calcários para fins ornamentais. Paradigmática porque essa actividade,
sendo uma das de maior impacto económico na região e a que está associada uma
forte componente comercial de exportação, se desenrola maioritariamente no interior
de uma área protegida – o Parque Natural das Serra de Aire e Candeeiros.”
“A exploração de pedreiras constitui assim um factor determinante para o
desenvolvimento sócio-económico da região, mas que carece de estudos geológicos
de base que possam suportar a eficiente exploração e valorização dos recursos
existentes numa perspectiva ecológica. Assim, a realização em simultâneo de acções
de caracterização ambiental permitirá que este conjunto contribua instrumentalmente
para o ordenamento do território, em particular no que respeita à distinção entre
áreas com concretas potencialidades geológicas e áreas passíveis de reabilitação
ambiental e requalificação territorial.”
De acordo com o mesmo documento, as principais ameaças que afectam o
funcionamento do sector podem ser resumidas nos seguintes pontos:
§
Estrutura dimensional muito marcada por pequenas empresas;
§
Empresários e gestores com fraca formação, que preferem a improvisação e
práticas rotineiras;
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§
§
Domínio frágil dos factores dinâmicos de competitividade
o
Plano interno (gestão)
o
Plano externo (ambiente)
o
Insuficiência na promoção
o
Insuficiência na diferenciação do produto (design)
Escassez de recursos humanos qualificados e debilidade dos quadros
intermédios;
§
Débil imagem do sector (agressor do ambiente e da comunidade envolvente)
§
Debilidade das estratégias comerciais e excessivo individualismo na política de
preços, o que tem conduzido a um avitamento dos mesmos;
§
Concorrência de empresas sem preocupações de qualidade e que denigrem
a imagem da generalidade dos produtores;
§
Problemática ambiental e a aplicação de leis limitativas à extracção;
§
Desajustamento frequente das estruturas financeiras, com capitais próprios
reduzidos e forte dependência de capitais alheios de curto prazo;
§
Incremento da concorrência dos mercados externos, nomeadamente os
asiáticos.
Paralelamente, as oportunidades que se colocam aos empresários do sector surgem
tanto em domínios internos à actividade das empresas, relacionadas com os produtos
e processos, como externos, intimamente ligados à evolução dos mercados e da
procura. Verifica-se deste modo que o processo de crescimento do sector, apoiado
no
reforço
sustentado
das
condições
de
competitividade,
terá
de
incidir
simultaneamente em várias vertentes, nomeadamente:
§
Redimensionamento das pedreiras;
§
Valorização e diversidade das matérias-primas nacionais;
§
Existência de apreciáveis reservas de matérias-primas;
§
Desenvolvimento tecnológico/modernização dos equipamentos;
§
Redução dos tempos de paragem;
§
Aposta na formação profissional dos recursos humanos;
§
Satisfação crescente dos clientes através da aposta na qualidade e
certificação;
§
Criação de estruturas comerciais com base numa filosofia de marketing
§
Protecção ambiental e adequação crescente à legislação e normas
ambientais;
§
Tradição do trabalho na pedra;
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§
Aumento do uso e gosto dos prescritores pela pedra natural;
§
Oportunidade
de
plataformas
logísticas
e
de
ampliação
de
valor,
aproveitando o posicionamento como porta da EU.
O mesmo documento identifica ainda um conjunto de factores críticos de sucesso,
decorrentes da implementação do projecto, que se destacam:
§
Reorganização da actividade extractiva;
§
Aumento da qualidade da oferta;
§
Incorporação do Ambiente como factor de sustentabilidade;
§
Percepção de valor em termos de produto-ampliado;
§
Cooperação empresarial;
§
Vantagem apriorística pela denominação de origem;
§
Aposta em mercados de futuro;
§
Aproveitamento dos efeitos das economias de aglomeração;
§
Exploração do binómio cooperação/competitividade;
§
Capacidade prospectiva para formatação de estratégias empresariais
consequentes e sustentáveis;
§
Capacidade prospectiva para formatação de estratégias empresariais
consequentes e sustentáveis;
§
Visão dinâmica do complexo de factores de competitividade.
O projecto pretende melhorar o desempenho económico e ambiental do Cluster da
Pedra Natural, aumentando a sua eficiência e atenuando os seus impactos, bem
como contribuir para o planeamento e integração das suas actividades de forte
implantação territorial em sede de Ordenamento do Território. São considerados
objectivos nomeadamente:
1. Definição de estratégias para o desenvolvimento sustentável da indústria
extractiva na região do Maciço Calcário Estremenho;
2. Criação de informação de base de âmbito geológico e ambiental para o
planeamento integrado das Unidades Operacionais de Planeamento e Gestão
previstas na proposta do Plano Operacional do Parque Natural das Serras de
Aire e Candeeiros (POPNSAC) e seu Plano de Execução, e para outras áreas
com potencialidades em recursos minerais de elevado valor económico no
Maciço Calcário Estremenho;
3. Caracterização geral dos aspectos quantitativos e qualitativos das condições
hidrogeológicas do aquífero do MCE e sua monitorização, visando a avaliação
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15
da vulnerabilidade dos recursos hídricos subterrâneos face à indústria
extractiva;
4. Inventariação, caracterização e proposta de gestão do vasto património de
índole geológica do MCE em torno da Pedra Natural, visando a sua
valorização conjunta como marcas identitárias da região;
5. Programa de Comunicação e Sensibilização de valorização da actividade
extractiva versus conservação do património natural;
6. Definição e implementação de um painel de indicadores de aproveitamento
sustentável para a quantificação e monitorização do desempenho ambiental,
económico e social da actividade extractiva no MCE.
3.2.
ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL
Como já referido, “O Projecto Sustentabilidade Ambiental da Indústria Extractiva é um
dos Projectos Âncora da estratégia de Eficiência Colectiva – Cluster da Pedra Natural,
cujo Plano de Acção resulta da concertação estratégica Sectorial e na afirmação da
Pedra
Natural
enquanto
complexo
dinâmico
de
actividades
sustentáveis
e
competitivas, de referência nacional, reconhecido internacionalmente e norteado
pela sua capacidade de inovação e diferenciação. A importância de valorizar o
recurso geológico decorre não apenas de visões regionais ou locais, mas também do
significado que este recurso deverá assumir para a competitividade do país, para a
criação de riqueza nacional, para a sua melhor afirmação e reconhecimento
internacional. Trata-se de um projecto que apresenta uma visão holística do território e
das actividades humanas e como tal será dada especial importância à vertente
ambiental, sem a qual não faz sentido falar de sustentabilidade. As actividades a
realizar resultam do somatório de várias visões do território enquanto meio de
interacção, e como tal dinâmico, pretendendo-se salvaguardar os principais valores
ambientais de cada região. Todo este trabalho de montagem e concepção resultou
de uma antiga ambição das Entidades que directa e indirectamente estão
relacionadas com o Sector da Pedra Natural, por uma actuação concertada e em
rede. Esta ambição, conseguida com o reconhecimento do Cluster da Pedra Natural
e da sua estratégia de Eficiência Colectiva, formalizada numa dinâmica de
cooperação, consiste assim numa rede, densa e robusta, que integra as principais
entidades e instituições de referência do sector.” (Assimagra, 2011).
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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As entidades envolvidas no projecto e com as quais foram definidos diferentes
modelos de parceria e cooperação, correspondem a:
§
Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF)
§
Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG)
§
CEVALOR / Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG)
Foram realizadas várias reuniões de trabalho com as diversas entidades, e
estabelecidos contratos de planeamento com Câmaras Municipais envolvidas para a
elaboração dos Planos Municipais, como apresentado no presente documento.
3.3.
ENQUADRAMENTO LEGAL
A elaboração de Planos Municipais de Ordenamento do Território para as Áreas de
Intervenção Específica encontra-se definida no Artigo 24º do POPNSAC, aprovado
pela Resolução do Conselho de Ministros nº 57/2010 de 12 de Agosto.
No âmbito do Projecto “Sustentabilidade Ambiental da Indústria Extractiva –
Exploração Sustentável de Recursos no Maciço Calcário Estremenho”, serão
elaborados Planos Municipais de Ordenamento do Território, mais concretamente
Planos de Pormenor, na Modalidade de Planos de Intervenção em Espaço Rural (PIER),
para cada Área de Intervenção Específica.
Uma vez que, de acordo com o Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 Setembro, com a
redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 Fevereiro e legislação
complementar, os Planos de Pormenor abrangem “áreas contínuas do território
municipal, correspondentes, designadamente, a uma unidade ou subunidade
operativa de planeamento e gestão ou a parte delas” (nº 3 do Artigo 90º), serão
elaborados oito PIER, abrangendo as cinco AIE envolvendo quatro municípios e duas
Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR).
Esta situação exigirá a abertura de um procedimento idêntico para cada porção do
território municipal abrangido pela Área de Intervenção Específica. Por exemplo no
caso do PIER de Cabeça Veada no município de Santarém, a área abrangida é de
cerca de 3 ha, que terá o mesmo procedimento que as restantes áreas.
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3.3.1.
PLANO DE PORMENOR NA MODALIDADE DE PLANO DE INTERVENÇÃO EM ESPAÇO
RURAL
No sistema de planeamento municipal, o Plano de Pormenor constitui um instrumento
de ordenamento do uso e transformação do território que desenvolve e concretiza
propostas de ocupação de uma determinada área desse território municipal,
estabelecendo regras sobre o uso e ocupação.
O Plano será elaborado de acordo com a legislação em vigor, tendo por base a Lei
n.º 48/98, de 11 de Agosto, complementada pelo Decreto-Lei n.º 380/99, de 22
Setembro, com a redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 Fevereiro e
legislação complementar.
A área de intervenção localiza-se em solo rural, pelo que será elaborado um Plano de
Pormenor na Modalidade de Plano de Intervenção em Espaço Rural, nos termos dos
artigos 91º-A (Modalidades específicas), 91º (Conteúdo material) e 92º (Conteúdo
documental) do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro com nova redacção dada
pelos Decretos-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro e 46/2009, de 20 de Fevereiro. A
figura de Plano de Intervenção em Espaço Rural foi pormenorizada com a publicação
do Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de Fevereiro que altera o Decreto-Lei n.º 380/99, de
22 de Setembro. De facto, neste Decreto-Lei especifica-se e detalha-se os objectivos e
a abrangência deste tipo de Plano de Pormenor, ficando definido o seguinte:
3 - “O plano de intervenção no espaço rural abrange solo rural e estabelece as regras
relativas a:
§
Construção de novas edificações e reconstrução, alteração, ampliação ou
demolição das edificações existentes, quando tal se revele necessário ao
exercício das actividades autorizadas no solo rural;
§
Implantação de novas infra-estruturas de circulação de veículos, animais e
pessoas, e de novos equipamentos públicos ou privados de utilização
colectiva, e a remodelação, ampliação ou alteração dos existentes;
§
Criação ou a beneficiação de espaços de utilização colectiva, públicos ou
privados, e respectivos acessos e áreas de estacionamento;
§
Criação de condições para a prestação de serviços complementares das
actividades autorizadas no solo rural;
§
Operações de protecção, valorização e requalificação da paisagem.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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4 - “O plano de intervenção no espaço rural não pode promover a reclassificação do
solo rural em urbano, com excepção justificada das áreas expressamente destinadas
à edificação e usos urbanos complementares.”
Assim, o PIER ao tirar partido das potencialidades do solo rural, possibilita a gestão, a
conservação e a valorização dos recursos naturais e culturais existentes. Por outro lado,
o PIER viabiliza o conjunto de medidas necessárias ao equilíbrio dos diferentes usos
humanos e naturais através da qualificação das paisagens, sem mitigar a coexistência
das actividades económicas que sustentam e construíram a paisagem como a vemos
hoje.
A aplicação do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro com a redacção dada
pelo Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro, vem alterar substancialmente o
sistema de planeamento existente. De facto, a importância que é dada à
participação das populações, faz com que o planeamento não seja um sistema de
imposição de regras de cima para baixo mas, ao contrário, um processo de
desenvolvimento participado respeitando todas as vertentes do território. Assim para
além dos aspectos físicos e humanos há que ter em conta a dinâmica própria da
população e dos agentes de cada território. Nesse sentido, o plano deverá reflectir a
vontade dos interessados de forma articulada com as políticas nacionais e municipais
de ordenamento do território respeitando ainda as exigências ambientais, técnicas e
físicas de cada local.
3.3.2.
AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA
Na sequência da elaboração do PIER, e atendendo à publicação do Decreto-Lei n.º
316/2007, de 19 de Setembro, torna-se necessário apresentar um Relatório Ambiental,
no qual se “identificam, descrevem e avaliam os eventuais efeitos significativos no
ambiente, resultantes da aplicação do Plano e as suas alternativas razoáveis que
tenham em conta os objectivos e o âmbito de aplicação territorial respectivos” —
alínea b) do Artigo 92.º do Decreto -Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro.
O Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho com as alterações introduzidas pelo
Decreto-Lei nº 58/2011 de 4 de Maio, que resulta da transposição da Directiva
2001/42/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de Julho, corporiza, num
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contexto jurídico-administrativo, a avaliação ambiental de determinados planos e
programas no ambiente.
A orientação dada pelo preâmbulo do Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho,
refere que “a avaliação ambiental de planos e programas pode ser entendida como
um processo integrado no procedimento de tomada de decisão, que se destina a
incorporar uma série de valores ambientais nessa mesma decisão.”
O grande objectivo destes instrumentos é assim estabelecer um nível elevado de
protecção do ambiente e do processo de decisão, integrando as preocupações
ambientais, sociais, económicas, políticas e institucionais nas diversas fases de
preparação de determinados planos e programas.
3.4.
ARTICULAÇÃO COM OUTROS PLANOS MUNICIPAIS DE
ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
Para além da articulação e enquadramento com outros instrumentos de gestão
territorial de hierarquia superior, a proposta do PIER deverá articular-se com os planos
municipais de ordenamento do território em revisão, nomeadamente os Planos
Directores Municipais.
3.5.
PRAZO E FASES PARA A ELABORAÇÃO DO PLANO
A elaboração do Plano ocorrerá em 4 fases, num prazo estimado de 18 meses,
associadas ao processo técnico de elaboração do Plano em conformidade com o
seguinte faseamento:
Elaboração do Plano Municipal de Ordenamento do Território, nos termos do DecretoLei nº 46/2009, de 20 de Fevereiro que altera o Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de
Setembro. Para a sua execução serão desenvolvidas as seguintes fases de execução:
§
1ª Fase – Caracterização da Situação de Referência, Diagnóstico e PréProposta
§
2ª Fase – Proposta de Ordenamento do Plano de Intervenção em Espaço Rural
§
3ª Fase – Discussão Pública
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§
4ª Fase – Versão Final do Plano
Elaboração da Avaliação Ambiental Estratégica de acordo com o Decreto-Lei n.º
232/2007, de 15 de Junho. Pretende-se cumprir quatro fases de realização, em
contínua articulação com as fases de realização do Plano Municipal de Ordenamento
do Território, constituindo por isso, uma metodologia transversal:
§
1ª Fase – Definição do Âmbito da Avaliação Ambiental (que decorrerá em
articulação com a 1ª fase do Plano Municipal de Ordenamento do Território);
§
2ª Fase – Análise, Avaliação e preparação do Relatório Ambiental (que
decorrerá em articulação com a 2ª fase do Plano Municipal de Ordenamento
do Território);
§
3.ª Fase – Elaboração da Declaração Ambiental (que decorrerá em simultâneo
com a versão final do Plano Municipal de Ordenamento do Território);
§
4ª Fase – Seguimento (decorrerá em simultâneo com a Implementação do
Plano Municipal de Ordenamento do Território).
3.6.
CONTEÚDO MATERIAL E DOCUMENTAL DO PLANO
O conteúdo material e documental encontra-se definido no Decreto-Lei n.º 380/99, de
22 de Setembro, na redacção que lhe é conferida pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20
de Fevereiro, assim como o estabelecido no Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho,
o Plano de Intervenção em Espaço Rural deverá integrar e definir todos os elementos
tidos como necessários ao completo entendimento do modelo de organização
territorial proposto e à sua operacionalização futura.
O conteúdo documental do Plano deverá ser constituído por três componentes:
Documentos instrutórios, Elementos que constituem o Plano e Elementos que
Acompanham o Plano, que a seguir se descrevem.
Documentos Instrutórios
§
Deliberação Camarária que determina a elaboração do Plano
§
Termos de Referência do Plano
§
Aviso sobre auscultação prévia da população
§
Deliberação camarária de qualificação ou não do plano para efeitos de AAE
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21
A Câmara Municipal de Porto de Mós deliberou a elaboração do Plano de Pormenor
de Cabeça Veada, na modalidade de Plano de Intervenção em Espaço Rural,
adiante designado por PIERCV.
Nas reuniões de câmara realizadas em 24 de Novembro de 2011 e 2 de Fevereiro de
2012, a Câmara Municipal deliberou, nos termos do disposto no n.º 5 do artigo 6.º-A,
conjugado com o n.º 2 do artigo 77.º, a alínea b) do n.º 4 do artigo 148.º e n.º 2 do
artigo 149.º do Decreto -Lei n.º 380/99 de 22 de Setembro, com a nova redacção
dada pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de Fevereiro, recorrer à contratualização,
aprovar a minuta de proposta de Contrato para Planeamento e proceder à sua
divulgação pública, com vista à elaboração do Plano de Pormenor do Pé da Pedreira,
aprovando os Termos de Referência que fundamentam a sua oportunidade e fixam os
respectivos objectivos através do Aviso nº 2363/2012 de 14 de Fevereiro.
Posteriormente foi publicado o Aviso nº 4895/2012 de 29 de Março que submete a
elaboração do referido Plano a Avaliação Ambiental Estratégica, de acordo com o
Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho. Em ambas as situações decorreu um período
de Participação Preventiva de 15 dias, onde não se registaram quaisquer
participações.
Os documentos instrutórios do Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça
Veada, encontram-se no Anexo I do presente relatório.
Documentos que constituem o plano
§
Regulamento
§
Planta de Implantação
§
Planta de Condicionantes
No âmbito da elaboração da 1ª Fase do PIERCV – Estudos de Caracterização e PréProposta de Ordenamento será apresentada
uma
primeira abordagem ao
zonamento, que serão desenvolvidas e concretizadas na 2ª Fase do PIERCV – Plano de
Intervenção em Espaço Rural, com a apresentação da Proposta de Regulamento,
Planta de Implantação e Planta de Condicionantes.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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Documentos que Acompanham o plano
§
Relatório
§
Relatório Ambiental
§
Programa de Execução e Plano de Financiamento
§
Planta de Enquadramento
§
Planta da Situação Existente e Anexo Fotográfico
§
Planta das pedreiras licenciadas
§
Extracto da Planta Síntese do POPNSAC
§
Extracto da Planta de Condicionantes do POPNSAC
§
Extracto da Planta de Ordenamento do PDM de Porto de Mós
§
Extracto da Planta de Condicionantes do PDM de Porto de Mós
§
Planta de Caracterização e Aptidão Geológica
§
Plantas de Caracterização e Valoração Biológica
§
Planta da Evolução da Ocupação do Solo
No que se refere à Avaliação Ambiental Estratégica, a 1ª Fase do PIERCV será
acompanhada pelo Relatório de Definição de Âmbito.
3.7.
ENQUADRAMENTO TERRITORIAL
O Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros
(POPNSAC) propõe a criação de seis “Áreas de Intervenção Específica – Áreas sujeitas
a exploração extractiva”, onde é possível a instalação ou ampliação de explorações
de massas minerais. As Áreas de Intervenção Específica definidas no POPNSAC para a
exploração de recursos minerais são: Cabeça Veada, Pé da Pedreira, Portela das
Salgueiras, Codaçal, Moleanos e Alqueidão da Serra. À excepção da AIE do
Alqueidão da Serra, que se localiza parcialmente no PNSAC e na qual apenas existe a
exploração de calcários para calçada, todas as outras áreas encontram-se
abrangidas pelo Projecto “Sustentabilidade Ambiental da Indústria Extractiva –
Exploração Sustentável de Recursos no Maciço Calcário Estremenho”.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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As Áreas de Intervenção Específica localizam-se em quatro municípios e duas
Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), a saber:
§
CCDR CENTRO:
o
§
Município de Porto de Mós:
§
PIER Codaçal
§
PIER Cabeça Veada
§
PIER Pé da Pedreira
§
PIER Portela das Salgueiras
CCDR LISBOA E VALE DO TEJO:
o
o
Município de Santarém:
§
PIER Cabeça Veada
§
PIER Pé da Pedreira
Município de Rio Maior:
§
o
PIER Portela das Salgueiras
Município de Alcobaça:
§
PIER Moleanos
Quadro 3.7-1: Distribuição das AIE por concelho
Porto de Mós
Santarém
Alcobaça
Rio Maior
AIE
Área (ha) %
Área (ha) %
Área (ha) %
Área (ha) %
Cabeça Veada
26
90
3
10
Pé da Pedreira
502
36.5
871
63.5
Portela das Salgueiras
40
63.5
Cadoçal
98
100
Moleanos
23
147
36.5
100
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Figura 3.7-1: Enquadramento territorial das Áreas de Intervenção Específica
3.8.
INSTRUMENTOS
DE
GESTÃO
TERRITORIAL
COM
INCIDÊNCIA NA ÁREA DE INTERVENÇÃO
A política de ordenamento do território e de urbanismo assenta no sistema de gestão
territorial, que se organiza, num quadro de interacção coordenada, em três âmbitos:
§
âmbito nacional;
§
âmbito regional;
§
âmbito municipal.
O âmbito nacional é concretizado através do Programa Nacional da Política de
Ordenamento do Território; planos sectoriais com incidência territorial e planos
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25
especiais de ordenamento do território, compreendendo os planos de ordenamento
de áreas protegidas, os planos de ordenamento de albufeiras de águas públicas, os
planos de ordenamento da orla costeira e os planos de ordenamento dos estuários.
O âmbito regional é concretizado através dos planos regionais de ordenamento do
território, e o âmbito municipal é concretizado através dos planos intermunicipais de
ordenamento do território; dos planos municipais de ordenamento do território,
compreendendo os planos directores municipais, os planos de urbanização e os
planos de pormenor.
No âmbito do presente relatório, serão efectuadas duas análises distintas, de acordo
com os instrumentos de gestão territorial com incidência na área de intervenção. Com
efeito, será realizada uma análise de carácter mais geral, ao nível dos instrumentos de
desenvolvimento territorial e de política sectorial, e uma análise mais pormenorizada
analisando o Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e
Candeeiros e o Plano Director Municipal de Porto de Mós.
O presente capítulo visa a apresentação do enquadramento legal aos Instrumentos
de Gestão Territorial com incidência para a área de intervenção, nomeadamente:
§
Plano Nacional de Política de Ordenamento do Território
§
Plano Regional de Ordenamento do Território Centro
§
Plano Regional de Ordenamento Florestal Centro Litoral
§
Plano Sectorial da Rede Natura 2000
§
Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo
§
Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros
§
Plano Director Municipal de Porto de Mós, designadamente a Planta de
Ordenamento e Regulamento.
3.8.1.
PLANO NACIONAL DE POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO (PNPOT)
De acordo com o disposto no Decreto-Lei nº 380/99, o PNPOT “estabelece as grandes
opções com relevância para a organização do território nacional, consubstancia o
quadro de referência a considerar na elaboração dos demais instrumentos de gestão
territorial [nomeadamente, os PROT e os PDM] e constitui um instrumento de
cooperação com os demais Estados-membros para a organização do território da
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
26
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União Europeia” (art.º 26º); e “estabelece as opções e as diretrizes relativas à
conformação do sistema urbano, das redes, das infraestruturas e equipamentos de
interesse nacional, bem como à salvaguarda e valorização das áreas de interesse
nacional em termos ambientais, patrimoniais e de desenvolvimento rural” (art.º 28º).
Por sua vez este Programa foi suportado em documentos estratégicos nacionais e
comunitários em especial o Plano Nacional de Desenvolvimento Económico e Social
(PNDES) a Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (ENDS 2015) e o
Esquema de Desenvolvimento do Espaço Comunitário (EDEC).
No Plano de Ação o PNPOT dispõe os seus seis objectivos estratégicos ficando claro,
logo no primeiro o destaque conferido aos recursos geológicos:
§
OE1 Biodiversidade, recursos e património natural, paisagístico e cultural, sustentabilidade
dos recursos energéticos e geológicos, riscos
§
OE2 Competitividade territorial, integração nos espaços ibérico, europeu, atlântico e
internacional
§
OE3 Desenvolvimento policêntrico, reforço das infraestruturas de suporte à integração e
coesão territorial
§
OE4 Equidade territorial no provimento das infraestruturas e equipamentos, universalidade
de acesso aos serviços, coesão social
§
OE5 Expansão das TIC e promoção da sua utilização pelos cidadãos, empresas e
Administração
§
OE6 Melhorar a qualidade e eficiência da gestão territorial, participação informada, ativa
e responsável dos cidadãos e instituições
Estes objectivos estratégicos desdobram-se em objectivos específicos sendo que aqui
o que parece ser mais relevante no OE1 é o Objectivo específico 8 - Definir e executar
uma política de gestão integrada dos recursos geológicos, para o que se afirma “Os
recursos
geológicos
são
bens
escassos,
não
renováveis,
necessários
para
abastecimento das indústrias transformadora e da construção, sendo de realçar o seu
potencial para exportações que coloca o sector extractivo numa posição estratégica,
com reflexos diretos na economia nacional e no desenvolvimento do mercado de
emprego.
Os impactes gerados pela exploração interferem com a biodiversidade, o ambiente, a
paisagem e a qualidade de vida das populações nas áreas envolventes, pelo que
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27
deverão ser geridos numa perspectiva de eficiência, no contexto dos princípios de
desenvolvimento sustentável”
Torna-se, por isso, indispensável promover o aproveitamento dos recursos geológicos
numa óptica de compatibilização das vertentes ambientais, de ordenamento do
território, económica e social.
Esta clarividência é muito útil para guiar o desenvolvimento do presente IGT, em
especial no seu objectivo de contribuir para um desenvolvimento equilibrado deste
território tão delicado pelas sensibilidades em presença.
Vale a pena elencar as medidas prioritárias assumidas pelo PNPOT (e com interesse
para as pedreiras) para este objectivo específico, onde se incluíam já as balizas
temporais da sua concretização:
i)
Actualizar o cadastro e promover a criação de áreas de reserva e áreas
cativas para a gestão racional dos recursos geológicos, reforçando a
inventariação das potencialidades em recursos geológicos e mantendo um
sistema de informação das ocorrências minerais nacionais (2007-2010).
ii) Monitorizar e fiscalizar a extracção de recursos geológicos no âmbito da
legislação específica do sector extractivo e da avaliação de impacte
ambiental e assegurar a logística inversa dos resíduos da exploração mineira e
de inertes com respeito pelos valores ambientais (2007-2013).
iii) Concluir o Programa Nacional de Recuperação de Áreas Extractivas
Desactivadas, em execução para as minas e a finalizar na vertente das
pedreiras, com incidência no conteúdo dos Planos Regionais de Ordenamento
do Território e nos Planos Municipais de Ordenamento do Território (2007-2008).
iv) Monitorizar as antigas áreas minerais e de extracção de inertes, após a fase de
reabilitação ambiental, designadamente pelo desenvolvimento de sistemas de
monitorização e controlo on-line (2007-2013).
Estas orientações deverão ser assumidas e integradas em IGT de nível inferior de forma
a dar-lhes uma forma mais ágil e operacional. No caso da AI são dois os Planos
Regionais de Ordenamento do Território que estão preparados: O PROT Centro e o
PROT OVT.
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28
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3.8.2.
PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO DO CENTRO (PROT–C)
A elaboração do Plano Regional de Ordenamento do Território do Centro (PROT-C) foi
determinada pela Resolução de Conselho de Ministros nº 31/2006, de 23 de Março e
estabeleceu orientações relativas aos objectivos estratégicos, ao modelo territorial e
delimitou o respectivo âmbito territorial. A Discussão Pública do PROT-C decorreu entre
28 de Setembro e 30 de Novembro de 2010. A proposta de plano foi, para efeitos do
artigo 59.º do Regime Jurídico dos instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT), enviado
pela CCDR Centro à Secretaria de Estado do Ordenamento do Território e das
Cidades, e aguarda aprovação (Fonte: https://www.ccdrc.pt/). Embora o PROT
Centro não se encontre aprovado, optou-se por, no âmbito do presente trabalho,
apresentar um breve enquadramento à área de estudo.
No caso do primeiro o respeito pelas indicações do PNPOT juntou-se a consideração
de um leque extenso de outras preocupações expressos em documentos de
referência em especial o Programa Operacional da região Centro 2007-2013 onde três
prioridades fundamentais se destacavam:
§
Uma aposta em termos de qualificação de recursos humanos;
§
A mobilização plena de recursos para o reforço da inovação e da
competitividade;
§
A valorização do território numa óptica de pleno aproveitamento da forte
diversidade de recursos naturais, culturais, gastronómicos, paisagísticos e
patrimoniais.
Esta última prioridade era mesmo aprofundada num objectivo estratégico de
programação: “Ordenar as Áreas Protegidas, articulando níveis elevados de proteção
de valores naturais com o uso sustentável dos recursos, com benefícios económicos e
sociais para a população residente.”
Na especificação do modelo territorial defendido neste PROT Centro é possível
encontrar referências concretas ao PNSAC inscritas no Subsistema urbano de Leiria –
Marinha Grande/Pinhal Litoral: o “Parque Natural da Serra de Aires e Candeeiros
(PNSAC), no maciço calcário estremenho, possui, (…), um importante conjunto de
habitats, dos quais se destacam as grutas e algares, tem uma grande valia turística e
económica, estando, no entanto, sob grande pressão, nomeadamente no que toca à
extração de inertes e carga turística nas grutas e algares”.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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29
As propostas de consolidação do modelo tendencial implicam:
i.
A estruturação da aglomeração urbana Leiria – Marinha Grande, tendo em
conta a RAVE e o completamento do PRN (IC36);
ii.
A qualificação ambiental do sistema hidrológico do Lis, controlando a poluição
difusa com origem nas suiniculturas e nos efluentes domésticos e industriais;
iii.
O controlo da pressão urbanística junto aos nós do IC1/A17 e sua relação com
a orla litoral;
iv.
A qualificação urbana do corredor da EN1;
v.
A concertação intermunicipal para as estratégias de qualificação da
urbanização difusa de baixa densidade para a zona agrícola a SO do Pombal
(sector, grosso modo, entre a N1 e o IC8); e para toda a faixa entre o IC1/A17 e
o IP1/A1;
vi.
Ordenar na Serra de Aire e Candeeiros a atividade da indústria extractiva e
atividade turística;
vii.
Salvaguarda das áreas estratégicas de produção agrícola de regadio e de
produtos de qualidade certificada.
Fica assim expressa no ponto vi. a necessidade de desenvolver esforços de concretizar
o ordenamento na área de intervenção as atividades extractivas entre outras mas que
não encontra eco nas normas orientadoras vertidas no PROT.
De acordo com os elementos disponíveis no site da CCDR Centro, encontram-se
definidos como Objectivos Gerais e Objectivos Estratégicos do PROT Centro:
§
Objectivos Gerais:
-
Definir directrizes para o uso, ocupação e transformação do território, num
quadro de opções estratégicas estabelecidas a nível regional;
-
Desenvolver, no âmbito regional, as opções constantes do programa
nacional da política de ordenamento do território e dos planos sectoriais;
-
Traduzir, em termos espaciais, os grandes objectivos de desenvolvimento
económico e social sustentável formulado no plano de desenvolvimento
regional;
-
Equacionar as medidas tendentes à atenuação das assimetrias de
desenvolvimento intra-regionais;
-
Servir de base à formulação da estratégia nacional de ordenamento
territorial e de quadro de referência para a elaboração dos planos
especiais, intermunicipais e municipais de ordenamento do território.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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§
Objectivos Estratégicos:
-
O reforço dos factores de internacionalização da economia regional e a
valorização da posição estratégica da região para a articulação do
território nacional e deste com o espaço europeu;
-
A protecção, valorização e gestão sustentável dos recursos hídricos e
florestais;
-
O aproveitamento do potencial turístico, dando projecção internacional
ao património natural, cultural e paisagístico;
-
A mobilização do potencial agro-pecuário e a valorização dos grandes
empreendimentos hidroagrícolas;
-
O reforço da cooperação transfronteiriça, visando uma melhor inserção
ibérica das sub-regiões do interior.
O PROT Centro define um Modelo Territorial e identifica quatro unidades territoriais:
Centro Litoral, Dão-Lafões e Planalto Beirão, Beira Interior e Pinhal Interior e Serra da
Estrela. A área em estudo abrange o concelho de Porto de Mós, que se insere no
Sistema Centro-Litoral, sub-sistema Leiria – Marinha Grande/Pinhal Litoral.
O sub-sistema do Pinhal Litoral (incluindo Leiria, Marinha Grande, Batalha, Porto de Mós
e Pombal) ocupa uma faixa de transição entre os relevos calcários de Sicó/Alvaiázere
à Serra de Aire e Candeeiros de onde se destaca a importância e fragilidade do
maciço calcário estremenho com especial relevância para os habitats cársicos da
Serra de Aire de Candeeiros.
O PROT Centro define ainda cinco Sistemas Estruturantes: Sistemas Produtivos, Sistema
Urbano, Sistema de Acessibilidades e Transportes, Sistema de Protecção e Valorização
Ambiental e Sistema de Riscos Naturais e Tecnológicos.
Relativamente à Indústria Extractiva, é definida nas Normas por Unidade Territorial,
integrada no Sistema Urbano, Povoamento e Ordenamento do Território, a
necessidade de “Ordenar e regular a indústria extractiva”. O Sistema de Protecção e
Valorização Ambiental define a necessidade de “Ordenar a actividade da indústria
extractiva. Promover a elaboração de estudos municipais e/ou intermunicipais que
permitam identificar áreas de extracção compatíveis com os valores naturais”.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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A área em estudo insere-se no Sistema Urbano de Leiria – Marinha Grande, na Unidade
Geográfica Serra de Aire e Candeeiros, e integra as Áreas de Mais Valia Ambiental,
como se pode verificar na figura seguinte:
Figura 3.8-1: Extracto do Modelo Territorial Proposto do PROT Centro
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De acordo com o Documento Fundamental que integra a Proposta do PROT Centro,
O Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros (PNSAC), no maciço calcário
estremenho, possui, um importante conjunto de habitats, dos quais se destacam as
grutas e algares, tem uma grande valia turística e económica, estando, no entanto,
sob grande pressão, nomeadamente no que se refere à extracção de inertes e carga
turística nas grutas e algares. As propostas de consolidação do modelo tendencial
implicam, entre outras: Ordenar na Serra de Aire e Candeeiros a actividade da
indústria extractiva e actividade turística. De acordo com o Sistema Ambiental
apresentado no Documento Fundamental que integra a Proposta do PROT Centro, a
área em estudo insere-se na Área de Mais-Valia Ambiental. As áreas de mais-valia
ambiental estão enquadradas no Sistema de Protecção e Valorização Ambiental,
definidas nas Normas Específicas por Domínio de Intervenção.
A Estrutura Regional de Protecção e Valorização Ambiental (ERPVA) faz parte
integrante do Modelo Territorial, consiste no conjunto de áreas com valores naturais e
sistemas fundamentais para a protecção e valorização ambiental, tanto na óptica do
suporte à vida natural como às actividades humanas. O objectivo da ERPVA é o de
garantir a manutenção, a funcionalidade e a sustentabilidade dos sistemas biofísicos
(ciclos da água, do carbono, do azoto), assegurando, desta forma, a qualidade e a
diversidade das espécies, dos habitats, dos ecossistemas e das paisagens. A ERPVA
deve contribuir para o estabelecimento de conexões funcionais e estruturais entre as
áreas consideradas nucleares do ponto de vista da conservação dos recursos para,
desta forma, contrariar e prevenir os efeitos da fragmentação e artificialização dos
sistemas ecológicos e garantir a continuidade dos serviços providenciados pelos
mesmos: aprovisionamento (água, alimento), regulação (clima, qualidade do ar),
culturais (recreio, educação) e suporte (fotossíntese, formação de solo). Neste sentido,
a ERPVA deve garantir a existência de uma rede de conectividade entre os
ecossistemas, contribuindo para uma maior resiliência dos habitats e das espécies
face às previsíveis alterações climáticas, e possibilitando as adaptações necessárias
aos sistemas biológicos para o assegurar das suas funções. A ERPVA é constituída por
áreas nucleares (áreas de mais valia) e corredores ecológicos. As áreas nucleares
correspondem às áreas de mais valia ambiental, distinguindo-se em áreas classificadas
(Rede Nacional de Áreas Protegidas, Rede Natura 2000, e outras derivadas de
convenções internacionais), e em outras áreas sensíveis, que abrangem áreas que
possuem valor para a conservação da natureza (biótopos naturais de valor) como
sejam as áreas agro-florestais e outros sistemas biogeográficos, não classificados.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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Os corredores ecológicos são de dois tipos, os corredores ecológicos estruturantes, que
assentam nas principais linhas de água da Região e na zona costeira; e os corredores
identificados nos Planos Regionais de Ordenamento Florestal (PROF), que constituem
os Corredores Ecológicos Secundários. No seu conjunto, estes corredores assumem
uma extrema importância na salvaguarda da conectividade e continuidade espacial
e dos intercâmbios genéticos entre diferentes áreas nucleares de conservação da
biodiversidade em toda a Região. Refere o documento que, a articulação da ERPVA
com os PMOT realiza-se através da Estrutura Ecológica Municipal, integrando as áreas
nucleares e os corredores ecológicos, assim como as áreas de RAN, REN, Domínio
Público Hídrico, áreas de floresta autóctone e outras áreas de mais-valia ambiental
cuja importância venha a ser demonstrada em sede de PMOT. A delimitação das
áreas e corredores da ERPVA, integrando os elementos constitutivos elencados, bem
como a regulamentação do uso e ocupação do solo de acordo com os objectivos e
valores que lhe estão subjacentes, é feita a nível municipal. Desta forma, os PMOT
devem:
1. Definir modelos de uso e ocupação do solo de acordo com a função ecológica
destes territórios, interditando novas actividades não compatíveis com a respectiva
salvaguarda ou com os regimes territoriais específicos. A ERPVA à semelhança da
EEM incide nas diversas categorias de solo rural, não constituindo uma categoria
autónoma;
2. Cartografar os valores naturais, com destaque para os valores constantes das
Directivas Aves e Habitats (Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro), valores
com estatuto de ameaça, valores representativos da identidade local e valores
que justificam a criação de áreas protegidas;
3. Assegurar a continuidade física e a conectividade ecológica da Estrutura
Ecológica Municipal, dentro do próprio município e entre municípios vizinhos,
integrando espaços rurais e urbanos.
3.8.3.
PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTO FLORESTAL CENTRO LITORAL
Os Planos Regionais do Ordenamento Florestal constituem um instrumento de política
florestal, que define estratégias, de acordo com a vocação de cada região em
termos florestais. São instrumentos de gestão de política sectorial, que incidem sobre os
espaços florestais e visam enquadrar e estabelecer normas específicas de uso,
ocupação, utilização e ordenamento florestal, por forma a promover e garantir a
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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produção de bens e serviços e o desenvolvimento sustentado destes espaços. Os
Planos têm uma abordagem multifuncional, isto é, integra as funções de produção,
protecção, conservação de habitats, fauna e flora, silvo pastorícia, caça e pesca em
águas interiores, recreio e enquadramento paisagístico. Neste contexto, a adopção
destes instrumentos de planeamento e de ordenamento florestal constitui o contributo
do sector florestal para os outros instrumentos de gestão territorial, em especial para os
planos especiais de ordenamento do território (PEOT) e os planos municipais de
ordenamento do território (PMOT), no que respeita especificamente à ocupação, uso
e transformação do solo nos espaços florestais, dado que as acções e medidas
propostas nos PROF são integradas naqueles planos. Articulam-se ainda com os planos
regionais de ordenamento do território.
O Plano Regional de Ordenamento Florestal Centro Litoral, aprovado pelo Decreto
Regulamentar n.º 11/2006, de 21 de Julho. DR n.º 140, Série I, abrange os municípios de
Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Mealhada, Murtosa,
Oliveira do Bairro, Ovar, Sever do Vouga, Vagos, Cantanhede, Coimbra, Condeixa-aNova, Figueira da Foz, Mira, Montemor-o-Velho, Penacova, Soure, Batalha, Leiria,
Marinha Grande, Pombal e Porto de Mós.
O PROF Centro Litoral compreende 8 sub-regiões homogéneas: Entre Vouga e
Mondego; Calcários de Cantanhede; Ria e Foz do Vouga; Gândaras Norte; Dunas
Litorais e Baixo Mondego; Gândaras Sul; Sicó e Alvaiázere; Porto de Mós e Mendiga.
É comum a todas as sub-regiões homogéneas a prossecução dos seguintes objectivos
específicos:
a) Diminuir o número de ignições de incêndios florestais;
b) Diminuir a área queimada;
c) Promover o redimensionamento das explorações florestais de forma a optimizar
a sua gestão, nomeadamente:
i)
Divulgar informação relevante para desenvolvimento da gestão florestal;
ii) Realização do cadastro das propriedades florestais;
iii) Redução das áreas abandonadas;
iv) Criação de áreas de gestão única de dimensão adequada;
v) Aumentar a incorporação de conhecimentos técnico-científicos na gestão,
através da sua divulgação ao público alvo;
d) Aumentar o conhecimento sobre a silvicultura das espécies florestais;
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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e) Monitorizar o desenvolvimento dos espaços florestais e o cumprimento do
Plano.
De acordo com o Mapa Síntese do PROF Centro Litoral, cujo extracto se apresenta na
figura seguinte, a área em estudo insere-se na Sub-região-homogénea Porto de Mós e
Mendiga, abrangendo as seguintes classes:
-
Áreas protegidas
-
Sítios da Lista Nacional (Directiva Habitats)
-
Zonas críticas do ponto de vista da protecção da floresta contra incêndios
-
Matas Nacionais e Perímetros Florestais
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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Figura 3.8-2: Extracto do Mapa Síntese do PROF Centro Litoral
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Para a sub-região-homogénea Porto de Mós e Mendiga são definidos os seguintes
objectivos específicos:
1. Na sub-região homogénea Porto de Mós e Mendiga visa-se a implementação e
incrementação das funções de conservação dos habitats, de espécies da fauna e
da flora e de geomonumentos, de protecção, e de desenvolvimento da silvopastorícia, caça e pesca nas águas interiores.
2. A fim de prosseguir as funções referidas no número anterior, são estabelecidos os
seguintes objectivos específicos:
a) Adequar a gestão dos espaços florestais às necessidades de conservação dos
habitats, da fauna e da flora classificados;
b) Adequar a gestão dos espaços florestais às necessidades de protecção da
rede hidrográfica, ambiental, microclimática e contra a erosão hídrica;
c) Adequar os espaços florestais à crescente procura de actividades de recreio e
de
espaços
de
interesse
paisagístico,
de
forma
articulada
com
as
condicionantes de conservação dos habitats, da fauna e da flora classificados
e com as condicionantes de protecção:
i) Definir as zonas com elevado potencial para o desenvolvimento de
actividades de recreio e com interesse paisagístico e elaborar planos de
adequação destes espaços ao uso para recreio nas zonas definidas,
considerando igualmente as condicionantes de conservação dos habitats, da
fauna e da flora classificados e de protecção;
ii) Dotar as zonas com bom potencial para recreio com infra-estruturas de
apoio;
iii) Adequar o coberto florestal nas zonas prioritárias para utilização para
recreio, de forma articulada com as condicionantes de conservação dos
habitats, da fauna e da flora classificados e com as condicionantes de
protecção;
iv) Controlar os impactes dos visitantes sobre as áreas de conservação;
d) Desenvolver a actividade silvo-pastoril:
i) Aumentar o nível de gestão dos recursos silvo-pastoris e o conhecimento
sobre a actividade silvo-pastoril;
ii) Integrar totalmente a actividade silvo-pastoril na cadeia de produção de
produtos certificados.
A área em estudo insere-se no Perímetro Florestal Serra dos Candeeiros (Núcleo de
Porto
de
Mós)
(http://www.afn.min-agricultura.pt/portal/gestao-florestal/regime-
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florestal/matasnac-perflor). De acordo com o Artigo 8º do Decreto-Regulamentar
n.º11/2006 de 21 de Julho, que aprova o PROF do Centro Litoral, o Perímetro Florestal
da serra dos Candeeiros (uma parte do PF localiza-se na região PROF Ribatejo e outra
parte na região PROF Oeste), está submetido ao regime florestal e obrigado à
elaboração de Plano de Gestão Florestal (PGF). De acordo com o mesmo diploma,
este perímetro florestal, apresenta uma área com cerca de 3300 ha e apresenta um
grau de prioridade 1 – alta para a elaboração do PGF, tendo como principais
objectivos conservação de habitats, de espécies da fauna e da flora e de
geomonumentos; protecção; silvo-pastorícia, caça e pesca nas águas interiores.
3.8.4.
PLANO DE GESTÃO DA REGIÃO HIDROGRÁFICA DO TEJO
O Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo, aprovado pela Resolução do
Conselho de Ministros 16-F/2013 de 22 de Março. De acordo com os elementos
disponíveis em http://www.apambiente.pt/, a área em estudo abrange a massa de
água subterrânea Maciço Calcário Estremenho e localiza-se na sub-bacia do Rio
Alviela. De acordo com os elementos disponíveis, a indústria extractiva constitui uma
pressão relativamente às fontes tópicas de poluição das massas de água superficiais e
subterrâneas.
O Diagnóstico elaborado no âmbito do referido Plano identifica como principais
problemas de poluição orgânica, associados, em grande medida, à inexistência de
sistemas de tratamento apropriados de efluentes pecuários; inexistência ou deficiência
dos sistemas de tratamento de águas residuais urbanas e industriais e às escorrências
de solos agrícolas, assim como os sectores urbanos, industrial e agro-industrial,
destacando a presença de boviniculturas, suiniculturas, aviculturas e adegas.
Nos elementos disponíveis do Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo, são
apresentadas diversas medidas para atingir o bom estado das águas, relacionadas
essencialmente com a construção de Sistemas de Tratamento de Águas Residuais,
envolvendo diversas entidades, mas não directamente relacionadas com a indústria
extractiva.
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3.8.5.
PLANO SECTORIAL DA REDE NATURA 2000
O Plano Sectorial da Rede Natura 2000, adiante designado por PSRN2000, foi
publicado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 115-A/2008, de 21 de Julho,
tendo o seu enquadramento legal no Artigo 8º do Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 de Abril
com a redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 49/2005 de 24 de Fevereiro.
De acordo com a Resolução do Conselho de Ministros n.º 115-A/2008, de 21 de Julho,
a Rede Natura 2000 é uma rede ecológica que tem por objectivo contribuir para
assegurar a biodiversidade através da conservação dos habitats naturais e da fauna e
da flora selvagens no território da União Europeia. Resultando da aplicação de duas
directivas comunitárias, as Directivas n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril
(Directiva Aves), e 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio (Directiva Habitats), a Rede
Natura 2000 constitui um instrumento fundamental da política da União Europeia, em
matéria de conservação da natureza e da biodiversidade. Esta rede é constituída por
zonas de protecção especial (ZPE), criadas ao abrigo da Directiva Aves e que se
destinam, essencialmente, a garantir a conservação das espécies de aves e seus
habitats, e por zonas especiais de conservação (ZEC), criadas ao abrigo da Directiva
Habitats, com o objectivo expresso de contribuir para assegurar a conservação dos
habitats naturais e das espécies da flora e da fauna incluídos nos seus anexos.
Para efeitos do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN2000), são consideradas as
áreas classificadas como sítios da Lista Nacional (um estatuto atribuído na fase
intermédia do processo de inclusão na Rede Natura 2000) e ZPE.
O PSRN2000, constitui um instrumento de concretização da política nacional de
conservação da diversidade biológica, visando a salvaguarda e valorização das ZPE e
dos Sítios (e respectivas fases posteriores de classificação – SIC e ZEC), do território
continental, bem como a manutenção das espécies e habitats num estado de
conservação favorável nestas áreas.
Trata-se de um plano desenvolvido a uma macro-escala (1:100.000) para o território
continental, que caracteriza os habitats naturais e semi-naturais e as espécies da flora
e da fauna presentes nos Sítios e ZPE, e define as orientações estratégicas para a
gestão do território abrangido por aquelas áreas, considerando os valores naturais que
nelas ocorrem.
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O PSRN2000 vincula as entidades públicas, dele se extraindo orientações estratégicas
e normas programáticas para a actuação da administração central e local.
A área em estudo é abrangida pelo Sítio PTCON 0015 – Serras de Aires e Candeeiros,
pertencente à Região Biogeográfica Mediterrânea, com uma área 44 226.95ha.
De acordo com a Ficha do PSRN 2000 (http://portal.icnb.pt/NR/rdonlyres/73255D102CA2-4F63-80BD-A5C7F740E8A8/0/SIC_Serras_Aire_Candeeiros.pdf),
estas
serras
estendem-se de Rio Maior a Ourém e integram-se no maciço calcário estremenho,
ainda que ocorram algumas inclusões siliciosas e zonas de arenitos. O fogo, o
pastoreio e agricultura moldaram uma paisagem onde predominam as formações
cársicas e são característicos os muros de pedra seca nas zonas de vale usados na
compartimentação de pequenas parcelas, cultivadas. Subsistem ainda, vestígios de
carvalhal ou até de azinhal (maioritariamente nas zonas mais secas e ou de maior
continentalidade).
Presentes em abundância estão o olival com pastagem sob coberto, frequentemente
de arrelvados xerófilos dominados por gramíneas anuais e/ou perenes (6220*), e as
culturas de regadio, tendo nas zonas mais elevadas sido praticamente abandonadas
as culturas arvenses de sequeiro.
O Sítio possui um elevado valor para a conservação da vegetação e da flora, já que
as características peculiares da morfologia cársica conduziram ao desenvolvimento
de uma vegetação esclerofílica e xerofílica, rica em elementos calcícolas raros e
endémicos.
Merecem destaque as lajes calcárias, dispostas em plataforma praticamente
horizontal percorrida por um reticulado de fendas (8240*), os prados com
comunidades de plantas suculentas (6110*), os arrelvados vivazes, frequentemente
ricos em orquídeas (6210), os afloramentos rochosos colonizados por comunidades
casmofíticas (8210) e os matagais altos e matos baixos calcícolas (5330), caso dos
carrascais.
Também de realçar são as grutas e algares (8310), que proporcionam peculiares
condições de micro-habitat possibilitando o refúgio de um interessante elenco
florístico.
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De referir a ocorrência de cascalheiras calcárias (8130), nas quais a vegetação devido
à instabilidade do substrato e à ausência de solo à superfície dificilmente se instala.
Importantes são ainda os carvalhais de carvalho-cerquinho (Quercus faginea subsp.
broteroi) (9240), de um modo geral localizados no fundo dos vales, os louriçais (Laurus
nobilis), com presença frequente de Arbutus unedo e ocasional de Viburnum tinus
(5230*), os prados de Molinia caerulea e juncais não nitrófilos (6410) e os charcos
mediterrânicos temporários (3170*).
O elenco florístico do Sítio é absolutamente notável dada a presença de inúmeras
espécies raras e/ou ameaçadas, muitas delas endemismos lusitanos, como Arabis
sadina, Narcissus calcicola, Iberis procumbens ssp. microcarpa e Silene longicilia.
Inclui várias grutas importantes para morcegos, entre as quais se destaca a que abriga
a única colónia de criação de morcego-lanudo (Myotis emarginatus) conhecida no
país. De referir ainda outras grutas com colónias de hibernação e criação de
morcego-de-peluche (Miniopterus schreibersi), morcego-rato-grande (Myotis myotis) e
morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale).
É ainda um Sítio relevante para a conservação da boga-portuguesa Chondrostoma
lusitanicum, endemismo lusitano criticamente em perigo.
Na figura seguinte pode constatar-se que toda a área de intervenção insere-se no Sítio
de Importância Comunitária PTCON 0015 – Serras de Aire e Candeeiros.
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Figura 3.8-3: Sítio de Importância Comunitária PTCON 0015 – Serras de Aire e Candeeiros
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Figura 3.8-4: Habitats presentes no Sítio PTCON 0015
Fonte: Plano Sectorial da Rede Natura 2000, ICNF, 2008
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Habitat
Descrição
5330
Matos termomediterrânicos pré-desérticos
6110*
Prados rupícolas calcários ou basófilos de Alysso-sedion albi
Prados secos seminaturais e fácies arbustivas em substrato calcário
6210
(Festuco-Brometalia) (importantes habitats de orquídeas)
6220*
Subestepes de gramíneas e anuais de Thero-Brachypodietea
8210
Vertentes rochosas calcárias com vegetação casmofitica
8240*
Lajes calcárias
3.8.6.
PLANO DE ORDENAMENTO DO PARQUE NATURAL DAS SERRAS DE AIRE E CANDEEIROS
Como não poderia deixar de ser o POPNSAC manifesta um grau de detalhe
assinalável e que contrasta com os anteriores IGT descritos, sobretudo no que respeita
à caracterização da situação existente.
A evolução recente marcada por uma intensificação da exploração destes materiais
é reconhecida no POPNSAC desde os anos 80 com contributos positivos na fixação de
população
mas
com
consequências
ambientais
desfavoráveis:
“(Actividade)
conheceu um aumento significativo a partir dos meados dos anos oitenta quando se
conjugaram vários factores favoráveis:
-
um período de expansão económica com fortes efeitos no dinamismo do
sector da construção civil;
-
alterações tecnológicas que permitem a extração de pedra com menor
recurso aos explosivos o que se adapta às características da fracturação dos
maciços existentes;
-
uma alteração do gosto dos clientes que permitiu aos calcários sedimentares
competir com os mármores;
-
a introdução do sistema de financiamento com as características do leasing,
muito bem adaptado a situações de expansão da atividade, em que os
equipamentos podem ser pagos à medida que as vendas se realizam.
Esta situação, se contribuiu para fixação da população, tem efeitos significativos de
conservação, nomeadamente quanto ao património geológico e geomorfológico e à
vegetação”.
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A diversidade da exploração quanto às rochas exploradas e na forma como são
exploradas justifica a existência de 4 tipos de pedreiras:
i)
Pedreiras industriais (britas, dolomitos e cal)
ii) Pedreiras de rocha ornamental (blocos)
iii) Pedreiras de calçada branca e preta
iv) Pedreiras de laje
Justifica-se reproduzir no âmbito dos estudos de caracterização deste IGT a
elucidativa descrição destes vários tipos de exploração no seio do PNSAC quer por
razões de esclarecimento e convergência de conceitos quer para reforçar a
aderência do Plano em elaboração às preocupações expressas no POPNSAC:
§
“Pedreiras de Rocha Ornamental | Ocupam áreas que em média não
ultrapassam os 3 ha. A exploração é feita em degraus com cerca de 6 metros
de altura, o método de exploração recorre a máquinas de corte por forma a
retirar blocos com dimensões comerciais, dimensões estas que devem formar
um bloco com 3,5 metros de comprimento, com 1,5 metros de altura e de
largura. O material extraído é utilizado maioritariamente em pavimentos e
acabamentos de edifícios. O tipo de calcário explorado nestas pedreiras na
área do PNSAC varia adoptando as seguintes designações comerciais: Vidraço
de Moleanos (Alcobaça); Mocacreme e Relvinha (Santarém); Alpinina, Brecha
de Sto. António; e Semi – Rijo (Porto de Mós). Estas explorações têm um
aproveitamento que varia entre 15 a 30 % de material extraído o que significa
que 85 a 70 % do material é colocado em aterros que têm a denominação
comum de escombreiras ou moledos. Acresce que estas explorações, ao
contrário das explorações de rocha industrial, encontram-se concentradas em
núcleos de 5 a 30 pedreiras, o que significa que existe sobre o mesmo local um
valor acumulado dos impactes individuais de cada uma das pedreiras.
§
Pedreiras de Rocha Industrial | Ocupam grandes áreas, em média 10 ha. As
frentes de exploração desenvolvem-se em degraus com alturas que variam
entre os 15 e os 20 metros de altura. O método de desmonte recorre a
explosivos por forma a desagregar a rocha em dimensões que permitam o seu
transporte em máquinas de pá ou rotativas, destinando-se a ser britada ou
moída. Este material é utilizado nas obras públicas ou destina-se a fábricas de
cal ou de cerâmicas, dependendo da qualidade do calcário que é extraído.
Estas explorações têm um aproveitamento bastante alto, sendo que 95 % do
material extraído é comercializado.
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§
Pedreiras de calçada | As pedreiras de calçada apresentam pequenas frentes
de exploração, com uma altura e área médias de 5m e 5.500 m2,
respectivamente. Caracterizam-se pela exploração de bancos de pedra que
se sobrepõem em camadas horizontais, e o arranque é feito com máquinas
retro-escavadoras. Em seguida a pedra é “traçada” consoante as linhas de
fracturação e, com um martelo, é partida em cubos, que variam de tamanho,
de acordo com a qualidade da pedra. A pedra que não é aproveitada, é
depositada em escombreiras (depósitos de desperdícios), geralmente na
retaguarda da frente de exploração. Os depósitos de desperdícios, que
também incluem terras, são os materiais que mais tarde, quando esgotada a
pedreira, irão preencher os volumes de vazio resultantes exploração.A
modelação do terreno a executar, faseadamente ou no final da exploração
tem como objectivo repor, tanto quanto possível, o terreno original.
§
Pedreiras de Laje | São pedreiras de pequena dimensão, com cerca de 4.000
m2 de área média, atingindo as frentes de exploração entre 1 a 5 metros de
altura, conforme os casos. O desmonte é efectuado por de máquina retroescavadora ou, mais frequentemente, giratória, sendo o material extraído
posteriormente
transportado
para
estaleiro,
onde
é
transformado
manualmente. Este material é utilizado na construção civil, para pavimentos,
alvenarias e revestimento de muros e paredes. A distribuição geográfica destas
pedreiras abrange três concelhos: Alcobaça, Porto de Mós e Rio Maior;
concentrando-se as maiores áreas de exploração na zona de cumeada da
Serra dos Candeeiros.
Relativamente à gestão de materiais rejeitados e recuperação paisagística das
pedreiras, verificam-se situações idênticas às descritas para as pedreiras de calçada”.
As grandes orientações traçadas para a exploração de inertes no âmbito do
POPNSAC, aprovado em 2010, incorporam a sua dupla personalidade ao nível da sua
capacidade de fixar emprego e populações e ao nível dos seus efeitos ambientais
negativos e ainda a profunda diferença que os vários tipos de exploração encerram
quanto às suas consequências: “A extração de inertes é uma atividade secular na
região. No entanto há já alguns anos que adquiriu uma dimensão que a coloca numa
situação absolutamente excepcional: Por um lado, a atividade é responsável por um
número significativo de empregos que, como se referiu anteriormente, podem
desempenhar
um
papel
relevante
no
suporte
de
uma
agricultura
de
complementaridade; por outro, é uma das atividades mais degradadoras do
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Património, sendo responsável por alterações profundas da morfologia do solo a
profundidades variáveis.
O plano procura dar resposta a esta dupla condição da atividade estabelecendo
regras para o seu exercício, tanto ao nível do zonamento como do regulamento
propriamente dito, de forma a evitar as áreas patrimonialmente mais significativas e
garantir que a atividade se exerce com um mínimo de prejuízo e implicando a sua
recuperação. O plano prevê ainda um tratamento diferenciado em função dos
diferentes tipos de pedreiras e das consequências maiores ou menores que cada um
dos tipos de exploração provocam”.
No que se refere à indústria extractiva, o POPNSAC, define, no seu Artigo 32º as
disposições regulamentares. Neste artigo é estabelecido que as licenças de
explorações existentes, se mantêm válidas, são interditas as explorações de massas
minerais industriais destinadas exclusivamente à produção de materiais destinados à
construção civil e obras públicas, nomeadamente brita e é interdita a instalação e a
ampliação de explorações de massas minerais nos locais de ocorrência da espécie
Arabis sadina.
De acordo com o ponto 6 do Artigo 32.º, a ampliação das explorações de massas
minerais nas “Áreas de protecção complementar de tipo II” pode ser autorizada pelo
ICNB, a partir da recuperação de área de igual dimensão, de outra exploração
licenciada ou de outra área degradada, desde que seja independentemente da sua
localização, nos seguintes termos:
“7 — A ampliação das explorações de massas minerais só é permitida:
a) Nas explorações de massas minerais com área superior a 1 ha, até 10 % da área
licenciada à data da entrada em vigor do presente Regulamento, sendo que à área
de ampliação acresce a área entretanto recuperada;
b) Nas explorações de massas minerais com área inferior ou igual a 1 ha, até 15 % da
área licenciada à data da entrada em vigor do presente Regulamento, sendo que à
área de ampliação acresce a área entretanto recuperada;
c) As ampliações podem contemplar uma área superior ao estipulado, desde que os
planos de pedreira considerem o faseamento da lavra e recuperação, de modo a
cumprir com o previsto nas alíneas anteriores.”
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É interdita a formação de aterros ou depósitos de inertes resultantes da indústria
extractiva quando estes não estiverem contemplados nos planos de pedreira
aprovados (ponto 11). O Plano Ambiental e de Recuperação Paisagística (PARP) das
pedreiras situadas na área do PNSAC é obrigado a preservar os habitats rupícolas
associados às espécies Coincya cintrana e Narcissus calciola, não deve contemplar a
criação de escombreiras com altura superior a 3 m e as pargas resultantes da
decapagem dos solos devem ser depositadas nas zonas de defesa, onde não exista
vegetação ou em que esta esteja bastante danificada, devendo ser alvo de
tratamento adequado de forma a manter a qualidade da terra viva (ponto 12).
O encerramento das explorações de massas minerais determina a remoção de todas
as construções e infraestruturas instaladas no terreno, incluindo as linhas eléctricas
aéreas e instalações lava-rodas, excepto se outra solução se encontrar prevista no
PARP aprovado (ponto 13).
Finalmente, e no que respeita às “Áreas de intervenção específica” estas constituem
áreas com características especiais que requerem a adopção de medidas ou acções
específicas
(ponto
1
do
Artigo
20.º).
As
áreas
de
intervenção
específica
compreendem espaços com valor natural, patrimonial, cultural e socioeconómico,
real ou potencial, que carecem de valorização, salvaguarda, recuperação e
reabilitação ou reconversão.
As áreas de intervenção específica são as seguintes (ponto 3):
a) Áreas de especial interesse para a fauna;
b) Jazida de Icnitos de Dinossáurio de Vale de Meios;
c) Outros geosítios e sítios de interesse cultural;
d) Áreas sujeitas a exploração extractiva.
Constituem objectivos prioritários de intervenção nestas áreas (ponto 7 do Artigo 20.º):
a) A realização de acções de conservação da natureza;
b) A protecção e a conservação dos valores naturais e paisagísticos;
c) A gestão racional da extracção de massas minerais e recuperação de áreas
degradadas;
d) A requalificação do património geológico e cultural.
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Os Outros geosítios e sítios de interesse cultural, representam os sítios de especial
interesse geológico, paleontológico, geomorfológico, espeleológico e cultural cuja
conservação dos valores neles existentes se afigura necessário realizar, identificados no
Anexo I do POPNSAC. Nestes sítios são interditas todas as actividades susceptíveis de
degradar significativamente os valores existentes, podendo ser autorizada a
investigação científica, a visitação do meio cavernícola e novas captações de água
desde que sejam adoptadas medidas de salva guarda dos valores existentes (Artigo
23.º).
O Plano de Ordenamento define diferentes tipologias de áreas de protecção de
acordo com os valores naturais em presença, a saber: Áreas de Protecção
Complementar do tipo II, Áreas de Protecção Complementar do tipo I, Áreas de
Protecção Parcial do tipo II, Áreas de Protecção Parcial do tipo I numa variação
crescente de sensibilidade ecológica.
As “Áreas de Protecção Complementar do tipo II” (PC II) são representadas pelas
encostas de declive suave, assim como pelas áreas aplanadas com reduzida aptidão
agrícola, as quais apresentam uma distribuição regular ao longo do território,
integrando essencialmente áreas florestais e matagais não abrangidas por outros
níveis de protecção e áreas intervencionadas sujeitas a exploração extractiva de
massas minerais, recuperadas ou não por projectos específicos (ponto 2 do Artigo
18.º). Nestas áreas pretende-se garantir o estabelecimento de regimes de exploração
agrícola, florestal e de exploração de massas minerais compatíveis com os objectivos
que presidiram à criação do PNSAC e a manutenção da paisagem, orientando e
harmonizando as alterações resultantes dos processos sociais, económicos e
ambientais (ponto 3 do Artigo 18.º). Relativamente às disposições específicas das
“Áreas de Protecção Complementar do tipo II” (Artigo 19.º) é estabelecido que pode
ser autorizada a instalação e a ampliação de explorações de extracção de massas
minerais, nos termos do Artigo 32º (ponto 1). Nas áreas identificadas no Anexo III que
sejam áreas recuperadas são interditas a instalação ou ampliação de explorações de
massas minerais e de infraestruturas de aproveitamento energético, bem como
quaisquer acções que impeçam a recuperação natural do coberto vegetal, com
excepção do pastoreio extensivo e das actividades silvícolas limitadas a povoamentos
de espécies indígenas (ponto 2). Para as áreas não recuperadas ou recuperadas e
não identificadas no Anexo III, é permitida a instalação ou ampliação de explorações
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de massas minerais e de infraestruturas de aproveitamento energético, desde que
devidamente fundamentada e previamente autorizada pelo ICNB (ponto 3).
As “Áreas de Protecção Complementar do tipo I” (PC I) correspondem a espaços que
estabelecem
o
enquadramento,
transição
ou
amortecimento
de
impactes
relativamente às áreas de protecção parcial, incluindo também valores naturais e ou
paisagísticos relevantes, designadamente ao nível da diversidade faunística. As áreas
de protecção complementar do tipo I englobam as zonas de maior aptidão agrícola
e localizam-se sobretudo nas áreas deprimidas, nos vales e no sopé do maciço
calcário e no alinhamento das principais falhas estruturais de origem tectónica, que
estão na génese da formação das depressões da Mendiga, Alvados e polje de MiraMinde. Nestas áreas pretende-se garantir a protecção e a conservação dos solos
agrícolas, integrar áreas de transição ou amortecimento de impactes necessárias às
áreas de protecção parcial, salvaguardar a diversidade biológica e integridade
paisagística das zonas agrícolas pelo carácter específico que as mesmas assumem na
paisagem cársica que caracteriza o Parque Natural das Serras de Aire e de
Candeeiros, preservar a qualidade dos recursos hídricos subterrâneos através do
condicionamento
das
actividades
agrícolas
e
agro-pecuárias
passíveis
de
contribuírem, directa ou indirectamente, para a perda de qualidade dos mesmos.
Relativamente às disposições específicas das “Áreas de Protecção Complementar do
tipo I” (Artigo 17.º) é estabelecido que é permitida a instalação e a ampliação de
explorações de extracção de massas minerais nos termos do Artigo 32º.
As “Áreas de Protecção Parcial do tipo II” (PP II) correspondem a espaços que contêm
valores naturais e paisagísticos relevantes com moderada sensibilidade ecológica e
que desempenham funções de enquadramento ou transição para as áreas de
protecção parcial do tipo I. Estas áreas distribuem-se sobretudo pelo planalto de Santo
António e de forma descontínua, em áreas com encostas suaves, compreendendo
áreas
de
usos
mais
intensivos,
designadamente
áreas agrícolas,
pinhais,
e
povoamentos florestais mistos com eucalipto (ponto 2 do Artigo 14.º). Nestas áreas
pretende-se garantir a manutenção ou recuperação do estado de conservação
favorável dos habitats naturais e das espécies da flora e da fauna; a conservação do
património geológico; a conservação dos traços significativos ou característicos da
paisagem, resultante da sua configuração natural e da intervenção humana. (ponto 3
do Artigo 14.º). Relativamente às disposições específicas das “Áreas de Protecção
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Parcial do tipo II” (Artigo 15.º) é estabelecido que a ampliação de explorações de
extracção de massas minerais nas áreas de protecção parcial de tipo II deve
obedecer
ao
disposto
no
Artigo
32.º.
A
instalação
de
infra-estruturas
de
aproveitamento energético, designadamente de parques eólicos, apenas pode ser
autorizada pelo ICNB, I. P., em áreas de explorações de extracção de massas minerais
não licenciadas, ou numa faixa de 100 m em seu redor, ou que não se encontrem
recuperadas.
Quanto às “Áreas de Protecção Parcial do tipo I” (PP I), estas correspondem a
espaços que contêm valores naturais e paisagísticos cujo significado e importância, do
ponto de vista da conservação da natureza e da biodiversidade, se assumem no seu
conjunto como relevantes ou excepcionais, apresentando uma sensibilidade
ecológica elevada ou moderada. Estas áreas abrangem os topos aplanados das
subunidades da serra dos Candeeiros, da serra de Aire, do planalto de Santo António
e do planalto de São Mamede e as escarpas de falhas associadas às mesmas, onde o
declive é muito acentuado, frequentemente superior a 50 %, o polje de Mira-Minde,
dolinas e campos de lapiás e as áreas deprimidas nas bordaduras das zonas agrícolas
e sopés de encosta, coincidentes com usos extensivos do solo, em particular em
floresta autóctone, nomeadamente de carvalhal e sobreiral, herbáceas não
cultivadas e matos baixos e esparsos de altitude, onde o maneio assume um papel
relevante na sua manutenção, designadamente o pastoreio. As “Áreas de protecção
parcial do tipo I” visam a manutenção e a recuperação do estado de conservação
favorável dos habitats naturais e das espécies da flora e da fauna, bem como a
conservação do património geológico. (Artigo 12.º).
Na figura e quadro seguintes, pode-se verificar que na área de intervenção específica
de Cabeça Veada não é abrangida pelo regime de protecção PC I nem PPII,
dominando as áreas PC II, representando cerca de 78.50% da área. Existem, contudo
cerca de 11015% abrangidos pelo regime de protecção PP I. De acordo com a alínea
l) do Artigo 13.º do regulamento do POPNSAC, nas “Áreas de Protecção Parcial do
tipo I”, entre outras actividades, é interdita a instalação e a ampliação de explorações
de extracção de massas minerais. No entanto, de acordo com o nº 6 do Artigo 20º do
Capítulo IV, que define as disposições regulamentares para as Áreas de Intervenção
Específica, após a entrada em vigor do Plano Municipal de Ordenamento do Território.
O regime de protecção definido no POPNSAC não é aplicável.
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Quadro 3.8-1: AIE de Cabeça Veada - Distribuição dos Regimes de Protecção
PC II
AIE
Porto Mós (26 ha)
Santarém (3 ha)
Total
PC I
PP II
PP I
Área (ha)
%
Área (ha)
%
Área (ha)
%
Área (ha)
%
22.766
78.50
--
--
--
--
3.234
11.15
3
10.35
--
--
--
--
--
--
25.766
88.85
--
--
--
--
3.234
11.15
Fonte: POPNSAC, Resolução do Conselho de Ministro nº 57/2010 de 12 de Agosto
Figura 3.8-5: Extracto do Planta Síntese do POPNSAC na Área de Intervenção Específica de
Cabeça Veada
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3.8.7.
PLANO DIRECTOR MUNICIPAL DE PORTO DE MÓS
O Plano Director Municipal (PDM) de Porto de Mós foi ratificado pela Resolução do
Conselho de Ministros n.º 81/94, de 14 de Setembro, alterada pela Declaração n.º
71/99 de 3 de Março e pelo Aviso nº 1695/2011, de 17 de Janeiro.
A Revisão do PDM encontra-se em fase de concertação com as entidades da CTA
que se pronunciaram quanto à Proposta de Revisão apresentada em reunião plenária
em 22/08/2011.
Ainda, de acordo com o PDM em vigor, e no que respeita à carta de Ordenamento, a
área de intervenção abrange “Espaço de Indústria Extractiva”, Espaços Florestais” na
categoria de “Espaços Florestais de Protecção” sub-categoria “Matos de Protecção”
e ”Produção Condicionada” e Espaços Agrícolas” na categoria de “Uso ou Aptidão
Agrícola”.
Relativamente aos “Espaços Florestais de Produção Condicionada”, definidos no
Artigo 25º da Secção III do PDM, é estipulado que deverão ser incentivadas acções de
reconversão progressiva para povoamentos em mosaico ou mistos de espécies
folhosas autóctones. No que se refere aos “Espaços Florestais de Protecção – Matos de
Protecção”, no ponto 5 do Artigo 26º, é definido que estes espaços deverão ser
objecto de manutenção activa no sentido de preservar determinadas fases serais ou
de promover a sua evolução no sentido das formações naturais que lhes sucedem.
Relativamente à indústria extractiva nada é referido para estes espaços florestais.
Os “Espaços Agrícolas – Uso ou Aptidão Agrícola”, definidos no Artigo 21º da Secção II,
constituem espaços não integrados na Reserva Agrícola Nacional, mas cujas
características pedológicas, de ocupação actual ou de localização os potenciam
para possíveis usos agrícolas.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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Figura 3.8-6: Extracto da Planta de Ordenamento do PDM de Porto de Mós - Núcleo de
Cabeça Veada
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4. CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO DA
ÁREA DE INTERVENÇÃO
4.1.
4.1.1.
INDÚSTRIA EXTRATIVA - SITUAÇÃO ACTUAL
PEDREIRAS LICENCIADAS E ESCOMBREIRAS
No Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC), a actividade extractiva
representa um dos principais sectores da actividade económica da região, do qual
depende directa e indirectamente uma grande percentagem da população.
Considerando as características das explorações existentes no interior do PNSAC, estas
podem-se dividir em dois grupos: Pedreiras de Calçada e Laje e Pedreiras de Rocha
Ornamental e Industrial.
A Área de Intervenção Específica de Cabeça Veada é abrangida pela indústria
extractiva, que inclui pedreiras de blocos e ainda por escombreiras, representadas no
quadro e figuras seguintes.
Quadro 4.1-1: Ocupação da indústria extractiva na AIE de Cabeça Veada
Porto de Mós
Santarém
Área (ha)
Distribuição (%)
Área (ha)
Distribuição (%)
Indústria extractiva – pedreiras
licenciadas
§
Pedreiras de blocos
10.8650
41.79
0.9830
32.77
§
Escombreiras 2
4.7350
18.21
1.0010
33.37
10.40
40
1.016
33.86
26
100
3
100
Outras Ocupações
TOTAL
Fonte: Instituto da Conservação da Natureza e Florestas/Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros,
2013
2
Existem situações em que as escombreiras se localizam na área das pedreiras
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
56
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Figura 4.1-1: Pedreiras licenciadas na AIE de Cabeça Veada
Relativamente aos resíduos de extração, de um modo geral, as empresas exploradoras
procedem à sua deposição em escombreiras, maioritariamente localizadas nas
imediações das áreas em exploração. Os resíduos de extração vão sendo depositados
nas escombreiras à medida que a exploração evolui. A utilização dos resíduos de
extração nos vazios de escavação é uma operação de valorização que ocorre muito
raramente e está associada ao processo de recuperação paisagística.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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57
A exploração nas pedreiras de blocos é feita maioritariamente em profundidade e
quase sempre envolvendo áreas com dimensões que dificultam a conciliação das
operações de recuperação paisagística no decorrer da extração. De um modo geral,
as áreas dessas pedreiras são constituídas por uma corta e por uma ou mais
escombreiras. As operações de recuperação paisagística envolvendo a utilização dos
resíduos de extração no preenchimento dos vazios de escavação são, na maioria das
vezes, desenvolvidas no final da extração ou envolvendo pequenas áreas no decorrer
da extração.
Verifica-se ainda ser comum cada pedreira possuir as suas próprias escombreiras o
que justifica a grande proliferação desses depósitos nos núcleos de exploração em
estudo. Essa proliferação, aliada aos volumes produzidos em cada pedreira, justifica
também a pequena dimensão de muitas das escombreiras existentes que se
encontram dispersas pela área de exploração ou na envolvente próxima.
Quadro 4.1-2: Caracterização das escombreiras existentes na AIE de Cabeça Veada
AIE
Cabeça
Veada (29 ha)
Volume de resíduos
Área
de extração
intervencionada pela
existente em
exploração de
escombreira [m 3 ]
pedreiras [ha]
282 000
20,2
Área ocupada
pelas
escombreiras [ha]
6,2
Relação entre a área
das escombreiras e a
area intervencionada
pelas pedreiras [%]
31
De referir que a seleção dos locais para a criação das escombreiras tem obedecido,
na maioria dos casos, à proximidade da exploração e à disponibilidade de espaço
para acomodar os resíduos de extração. Cada empresa exploradora foi-se
apropriando dos espaços disponíveis, sem ter em linha de conta fatores como o
património natural, os impactes paisagísticos e, acima de tudo, a boa gestão da
exploração do recurso mineral.
A gestão individual das pedreiras determinou também a gestão individual do espaço,
sendo comum cada pedreira possuir a sua própria escombreira o que determinou
uma ocupação desordenada do espaço. Algumas das áreas de escombreiras
encontram-se inclusivamente implantadas em áreas não licenciadas, onde apenas
prevalecem os acordos entre o explorador e o proprietário. De referir a este respeito
que as escombreiras constituem instalações de resíduos, nos termos do Decreto-Lei
n.º 10/2010, de 4 de fevereiro, carecendo de um licenciamento autónomo caso se
encontrem fora das áreas licenciadas para pedreira.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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Para além da utilização dos resíduos de extração no âmbito dos processos de
recuperação paisagística das pedreiras, a valorização dos resíduos de extração faz-se
também através da sua aplicação na produção de agregados e de cal.
4.1.2.
ÁREAS RECUPERADAS
A atividade de exploração de massas minerais, quando efetuada ao nível superficial,
implica a
afetação da paisagem através das necessárias desmatações e
decapagens com vista à extração do recurso e para instalação das respetivas infraestruturas de apoio, como são o caso, dos anexos sociais e industriais, parques de
produtos, escombreiras, entre outras.
Esse tipo de atividade gera, de um modo geral, impactes temporários e localizados,
permanecendo potencialmente ativos enquanto o recurso mineral é explorado. Desse
modo, o planeamento insurge-se muito importante dado que permite tomar,
oportunamente,
medidas
que
minimizem
a
degradação
da
paisagem,
salvaguardando os usos e funções adequados. Ou seja, é necessário garantir que a
área afetada pela exploração seja recuperada, ambiental e paisagisticamente,
recorrendo a modelações com estéreis resultantes da atividade extrativa, reposição
da camada de solo e revestimento vegetal, concomitantemente com o avanço da
exploração de modo a, restituir no final da exploração, a capacidade e
potencialidade de uso existentes previamente ao início da escavação.
É assim importante definir uma estratégia eficaz de planeamento para todas as
atividades a desenvolver de modo, a garantir que a afetação da área se cinja ao
mínimo possível para a implantação do projeto e, numa fase de desativação, seja
possível a integração e recuperação ambiental e paisagística de toda a área
afetada.
Desse modo, dando cumprimento ao disposto no n.º6 do Art.º 32.º do Regulamento do
Plano de Ordenamento do Parque Natural de Serra de Aire e Candeeiros (POPNSAC)
que refere o que “a ampliação das explorações de massas minerais nas áreas de
protecção complementar pode ser autorizada pelo ICNB, I. P., a partir da
recuperação de área de igual dimensão, de outra exploração licenciada ou de outra
área degradada (…)”, foram realizadas ações de recuperação de áreas degradadas
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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pela exploração de calcário, cumprindo o objetivo de atenuar a sua artificialidade e
melhorando o seu aspeto estético e ecológico com vista à criação de uma paisagem
equilibrada e sustentável, recorrendo à utilização de vegetação autóctone e criando
condições propícias para atrair a fauna local.
Nesse sentido, a recuperação ambiental e paisagística de áreas degradadas é
definida na alínea e) do Art.º 4.º, do POPNSAC, como “Área Recuperada” sendo “a
área anteriormente sujeita a exploração de massas minerais ou deposição de
materiais inertes e que foi objecto de acções de modelação do terreno e
recuperação do coberto vegetal”.
As “Áreas Recuperadas” à data da aprovação do POPNSAC encontram-se
cartografadas no Anexo III do referido Plano, verificando-se a sua existência nas 5 AIE
em estudo.
4.1.3.
DESCRIÇÃO DAS ÁREAS RECUPERADAS NA AIE DE CABEÇA VEADA NO CONCELHO DE
PORTO DE MÓS
A área do concelho de Porto de Mós onde se insere a AIE de Cabeça Veada,
apresenta um relevo ondulado a acidentado, onde predominam os solos pobres e
esqueléticos, sendo notória a presença de vários afloramentos rochosos, originários de
materiais calcários. Nessa área desenvolve-se, atualmente, uma ocupação florestal
pobre, constituída por povoamentos arbóreos lenhosos, dominados pelo pinheiro
bravo, muitas vezes em associação com o eucalipto, interrompidas por alguns
aglomerados urbanos e espaços agrícolas compartimentados, normalmente de
subsistência. Para além disso surgem ainda, algumas áreas de indústria extrativa em
atividade, em recuperação ou já recuperadas paisagisticamente.
Na AIE de Cabeça Veada, verifica-se apenas a existência de uma área recuperada
que abrange o concelho em análise, localizada no quadrante oeste da referida AIE.
Essa área foi recuperada com recurso a aterro e modelação com estéreis
(provenientes de escombros de pedreiras na envolvente), tendo-se sido colocados ao
nível superficial materiais de menor granulometria e terras vegetais, verificando-se
atualmente o repovoamento gradual e natural do coberto vegetal ao longo das
mesmas.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
60
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
4.1.4.
AFETAÇÃO DAS ÁREAS RECUPERADAS NA AIE DE CABEÇA VEADA NO CONCELHO DE
PORTO DE MÓS
De acordo com o número 2 do artigo 19.º do Regulamento do POPNSAC “Nas áreas
identificadas no anexo III que sejam áreas recuperadas são interditas a instalação ou
ampliação de explorações de massas minerais (…) bem como quaisquer acções que
impeçam a recuperação natural do coberto vegetal, com excepção do pastoreio
extensivo e das actividades silvícolas limitadas a povoamentos de espécies indígenas”.
Considerando o determinado pelo Regulamento do POPNSAC foi ainda ponderada a
existência do recurso mineral com aptidão ornamental para blocos e a análise local a
local das áreas recuperadas, constantes no Anexo III, verificando-se da sua efectiva
recuperação.
Considerando a existência do recurso mineral com aptidão ornamental para blocos e
embora identificadas no Anexo III é permitida a instalação ou ampliação de
explorações de massas minerais, nas áreas identificadas em Figura 4.1-2.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
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Figura 4.1-2: Áreas recuperadas no concelho de Porto de Mós referentes à AIE de Cabeça
Veada
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
62
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
4.2.
4.2.1.
GEOLOGIA
ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO
O Maciço Calcário Estremenho (MCE) é uma unidade geomorfológica do território
nacional sensivelmente limitada a norte pelas cidades da Batalha e de Ourém, e a sul
pelas cidades de Rio Maior e Alcanena. Este maciço é essencialmente constituído por
calcários que datam do Jurássico Médio e do Jurássico Superior. Está sobrelevado
tectonicamente relativamente às regiões marginais onde, essencialmente, afloram
rochas detríticas pós-jurássicas.
A Área de Intervenção Específica de Cabeça Veada localiza-se entre a Serra dos
Candeeiros e o Planalto de Santo António, na chamada Depressão da Mendiga, no
Maciço Calcário Estremenho (Figura 4.2-1). Está integrada num estreito relevo estrutural
alongado segundo N-S que abrange rochas calcárias do Jurássico Médio e Superior.
As primeiras são caraterizadas, em termos gerais, por apresentarem cores claras, o que
é demonstrativo do seu elevado grau de pureza em termos de conteúdo de
carbonato de cálcio. As do Jurássico Superior tipicamente apresentam tons cinzentos
mais ou menos escuros. A ocidente, o contato entre estes dois grupos de rochas de
idade diferente dá-se por intermédio de uma falha; a oriente corresponde a uma
discordância de âmbito regional.
Nesta área de Cabeça Veada os calcários do Jurássico Médio constituem uma
unidade litostratigráfica específica conhecida, informalmente, por Calcários de Pé da
Pedreira. Devido às suas caraterísticas, desde há mais de três décadas que têm vindo
a ser alvo de intensa exploração para a produção de blocos para fins ornamentais.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
63
Concelho Porto de
Mós
Concelho
Santarém
Figura 4.2-1: Enquadramento da AIE da Cabeça Veada no Maciço Calcário Estremenho.
4.2.2.
3
CARACTERIZAÇÃO LITOLÓGICA
Para a caracterização litológica, o LNEG procedeu à realização de cartografia
geológica à escala 1:2000, tendo como objetivo a identificação e caracterização das
litologias em termos de aptidão ornamental.
Em termos genéricos e utilizando a já mencionada terminologia local, na área da
Cabeça Veada afloram, da base para o topo:
§
Vidraços da Base;
§
Calcários Ornamentais;
§
Vidraços do Topo;
3 Fonte: LNEG.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
64
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
§
Jurássico Superior.
Na área correspondente ao concelho de Porto de Mós, tal como se representa na
Figura 4.2-1, afloram as seguintes unidades litológicas, da base para o topo:
§
Vidraços da Base. Calcários micríticos (mudstones, wackstones e floatstones)
de cor creme e cinzenta, de tons claros a escuros. As bancadas têm espessura
decimétrica, sendo que a possança total desta unidade é bastante elevada,
na ordem dos 300 m. Contudo, aflora apenas parcialmente, estando truncada
por
uma
falha
de
orientação
geral
NNE-SSW.
Estes
calcários
têm
correspondência com a Formação de Serra de Aire, cuja idade abrange todo
o Batoniano. Foi definida por Azêredo, 2007, que a considera equivalente à
unidade Calcários Micríticos de Serra de Aire da Folha 27 C – Torres Novas, da
Carta Geológica de Portugal à escala 1:50000 (Manupella et al., 2006). Nesta
unidade diferenciaram-se também níveis lenticulares de calcários mais ou
menos dolomitizados. Por se encontrarem nas imediações de vários acidentes
que recortam a região, deverão ser o resultado da circulação de fluídos ricos
em magnésio ao longo de níveis de calcários mais suscetíveis a este tipo de
alteração. A espessura de alguns destes níveis de calcários dolomitizados
poderá alcançar os vinte metros.
§
Calcários Ornamentais. Calcários biolitoclásticos pelóidicos de granularidade
fina a grosseira (grainstones e rudstones). Apresentam cor creme de tom mais
ou menos claro e textura marcada por laminações paralelas e oblíquas, mais
ou menos evidentes e organizadas em feixes de espessura decimétrica a
métrica. A espessura das bancadas é de difícil apreciação pela dificuldade de
distinguir, em paredes verticais, os estratos dos feixes de laminações
sedimentares. Na realidade, as bancadas deverão corresponder a corpos
maciços, com possanças superiores a 20 m. Em termos económicos, são os
feixes de dimensão métrica que condicionam a dimensão dos blocos. A
possança total da unidade rondará os 130 m. Tem correspondência com o
Membro de Pé da Pedreira da Formação de Santo António – Candeeiros;
equivalente lateral da formação anteriormente referida, mas cuja idade
abrange o Caloviano (Azêredo, 2007). O Membro de Pé da Pedreira data do
Batoniano superior (Azêredo, 2007) e tem correspondência com a unidade
Calcários de Pé da Pedreira definida na Folha 27-C. A variedade comercial
proveniente desta AIE toma o nome de Semi Rijo de Cabeça Veada. Quartau,
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
65
1998, diferenciou no interior desta unidade um nível biostromático de
granularidade bastante grosseira, com espessura constante próxima de 1 m.
Neste trabalho optou-se por não proceder à sua delimitação, por não constituir
um fator condicionador da exploração.
§
Vidraços do Topo. Idênticos aos Vidraços da Base, fazendo parte, do ponto de
vista regional, da mesma unidade litostratigráfica.
§
Jurássico Superior. Calcários micríticos e mais ou menos margosos e bioclásticos
(wackstones e packstones) de cor cinzenta tendencialmente escura. Ocorrem
em bancadas de espessura decimétrica.
Estruturalmente, as bancadas das unidades do Jurássico Médio, onde se inclui a de
calcários ornamentais, apresentam-se orientadas NNE-SSW com inclinações na ordem
dos 400 para leste, tal como se pode visualizar na Figura 4.2-3. Contatam, a ocidente,
por intermédio de uma falha com os calcários do Jurássico Superior. Estes apresentamse com orientações muito diversas e inclinações na ordem dos 200 a 300, denunciando
dobramentos vários. Junto à referida falha, tendem a paralelizar-se com ela, com
inclinações para oeste.
Essa falha, conhecida por Falha de Valverde, apresenta uma geometria e cinemática
de falha inversa, com o Jurássico Médio a cavalgar o Jurássico Superior. O Jurássico
Médio apresenta-se truncado por ela, o que é particularmente visível ao nível da
unidade Vidraços da Base (a sul) e dos Calcários Ornamentais (a norte). Já de um
ponto de vista mais regional, ao nível da Depressão da Mendiga, esta falha apresenta
uma geometria de falha normal invertida, pois, sobre o Jurássico Médio aflora o
Superior, na região central da mencionada depressão.
A Falha de Valverde apresenta-se rejeitada por outras duas falhas, agora com uma
orientação WNW-ESE. Uma na região norte da AIE, com uma movimentação aparente
em desligamento esquerdo e outra, na região sul, já fora da AIE, com movimentação
semelhante. A primeira perde-se no interior da unidade Calcários Ornamentais,
provavelmente dando
origem a
ligeira
flexura,
conforme denunciado
pela
modificação no andamento do contato com os Vidraços do Topo. A segunda falha
limita o afloramento de Calcários Ornamentais a sul.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
66
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Assim, de modo sintético, a unidade Calcários Ornamentais dispõe-se em monoclinal
basculado cerca de 400 para leste, estando, nessa direção, limitado superiormente
pelos Vidraços do Topo. Para oeste está limitado pelos Vidraços da Base ou pela Falha
de Valverde. Esta também limita os Calcários Ornamentais a norte, ao passo que a sul
eles estão limitados por uma falha orientada WNW-ESE que também corta a Falha de
Valverde.
Uma estrutura filoniana orientada NNW-SSE atravessa os Vidraços do Topo e os
Calcários Ornamentais, desenvolvendo-se, sobretudo, nestes últimos. Na realidade,
não se trata de um verdadeiro filão, ou seja, não aflora uma rocha ígnea
subvulcânica. Verifica-se, sim, uma forte alteração metassomática dos calcários: cor
escura intensa, aspeto mais ou menos vitrificado, e localmente, desagregado.
Depreende-se, portanto, que esta alteração tenha correspondência com circulação
localizada de fluídos hidrotermais associados às verdadeiras estruturas filoneanas que
ocorrem nas imediações da área. Essa circulação localizada terá ocorrido ao longo
de fraturas pré-existentes com a mesma orientação.
Para ocidente da Falha de Valverde, já nos calcários do Jurássico Superior e no
prolongamento da estrutura anterior, ocorre uma outra com as mesmas caraterísticas,
mas de menores dimensões.
No que respeita à fraturação, ela está representada por duas famílias principais de
fraturas. Uma apresenta-se orientada WSW-ENE e outra segundo NNE-SSW, sendo que
a primeira é a que se mostra mais persistente e condicionadora da exploração. Os
espaçamentos destas famílias, medidos nos locais de maior intensidade de fraturação,
são, regra geral, superiores a 2 m. Localmente estão representadas por corredores de
fraturação de extensão variável.
A unidade de calcários ornamentais está limitada, a sul, por uma falha com a mesma
orientação, que os coloca em contato com calcários mais recentes, já de idade
Jurássico Superior. Dum modo muito genérico, estes correspondem a mudstones,
wackstones e packstones mais ou menos margosos e bioclásticos, e apresentam cores
castanhas e cinzentas, por vezes bastante escuras. Dispõem-se em bancadas
centimétricas a decimétricas.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
67
No que respeita à fraturação, ela está representada por um sistema ortogonal de
diaclases orientadas WSW-ENE e NNW-SSE.
Figura 4.2-2: Mapa geológico simplificado.4
4
Fonte: adaptado de NEG.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Figura 4.2-3: Corte geológico evidenciando a estrutura geológica local.5
4.3.
APTIDÃO GEOLÓGICA
4.3.1.
METOLOGIA ADOTADA PARA DEFINIÇÃO DO LIMITE DE ESCAVAÇÃO
O limite de escavação da AIE do foi definido com base em critérios geológicos
(aptidão geológica e património geológico/geomorfológico), económico-mineiro
(critério
de
avaliação
da
viabilidade
de
exploração),
logísticos
(servidões
administrativas) e de ordenamento do território (com destaque para os valores
naturais).
A metodologia adotada desenvolveu-se em três etapas fundamentais e pode-se
representar esquematicamente da forma apresentada na Figura 4.3-2
5
Fonte: LNEG.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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Cartografia geológica
Aptidão ornamental para bloco
ETAPA I - ÁREA COM APTIDÃO
e calçada
GEOLÓGICA
Critério de avaliação da
ETAPA II - ÁREA COM POTENCIAL
viabilidade de exploração
MINEIRO
Áreas naturais
ETAPA III - ÁREA DE ESCAVAÇÃO
Património geológico
Património geomorfológico
Zonas de defesa
Limite da área de escavação
Figura 4.3-1: Metodologia desenvolvida para definição do limite da área de escavação.
Importa mencionar que para a realização dos trabalhos desenvolvidos foram utilizados
métodos computacionais baseados na aplicação de Sistemas de Informação
Geográfica (SIG), com recurso ao software ArcGIS 10, e de Planeamento Mineiro, com
recurso ao software SURPAC versão 6.5.1.
Etapa I – Área com aptidão geológica
Com base na cartografia geológica efetuada pelo LNEG, foram classificados os
litótipos aflorantes em termos da sua aptidão geológica para a produção de blocos
de calcário ornamental e ainda para a produção de calçada, tendo-se elaborado a
partir da referida informação a aptidão geológica para a AIE da Cabeça Veada no
concelho de Porto de Mós (Figura 4.3-2).
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
70
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Figura 4.3-2: Área com aptidão geológica na AIE do Cabeça Veada.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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71
4.4.
4.4.1.
SOLOS
METODOLOGIA
O solo é a camada superficial da crosta terrestre constituída por partículas minerais,
matéria orgânica, água, ar e microrganismos, essencial para a sobrevivência e
desenvolvimento da vegetação e da vida animal terrestre, sendo um fator ambiental
fundamental para a subsistência humana.6
A formação do solo é um processo lento, gradual e constante, sendo por isso
considerado um recurso natural não renovável nem regenerável. Esse processo origina
a constituição de camadas granulometricamente diferenciadas, misturadas com
matéria orgânica às quais se denominam horizontes do solo.7
A caraterização e cartografia dos solos é bastante importante para determinar a
tipologia e a adequada capacidade de uso, sendo normalmente classificados
conforme o tipo de rocha mãe, temperatura, relevo, profundidade, textura, cor e
influência de lençol freático.
A atividade de exploração de massas minerais, quando efetuada ao nível superficial,
implica a afetação dos solos através das necessárias desmatações e decapagens
com vista à extração do recurso e para instalação das respetivas infra-estruturas de
apoio, como são o caso dos anexos sociais e industriais, parques de produtos,
escombreiras, entre outras.
Esse tipo de atividade gera, de um modo geral, impactes temporários e localizados,
permanecendo potencialmente ativos enquanto as reservas do recurso mineral
existem e são exploradas. Desse modo, o planeamento atempado do uso e funções
do solo revela-se muito importante dado que, permite tomar, oportunamente,
medidas que minimizem a degradação dos solos a afetar, salvaguardando os usos e
funções adequados, consoante a sua capacidade produtiva. Ou seja, deverá garantir
que os melhores solos são salvaguardados, através de decapagens e seu
armazenamento em condições adequadas de conservação.
6
COSTA, 1999.
7
Idem.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
72
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Nesse sentido a ocupação dos solos pelas várias atividades deverá ser adequada em
conformidade com a sua capacidade de uso, evitando ao máximo a sua
degradação e destruição, sobretudo, no caso de solos com elevada capacidade
produtiva, essenciais para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável.
A definição de uma estratégia de planeamento para todas as atividades a
desenvolver é importante para garantir que a afetação da área se cinja ao mínimo
possível e, numa fase de desativação, seja possível a integração e recuperação
ambiental e paisagística de toda a área afetada.
A presente análise cingiu-se à área do concelho de Porto de Mós, a qual abrange o
quadrante norte da AIE de Cabeça Veada e envolvente próxima sobre a qual terão
maior incidência as alterações associadas à implementação do projeto, representada
à escala 1/25 000 e, nessa base, cartografada a informação considerada relevante
para a análise e compreensão do fator ambiental solos.
A área de estudo onde se insere o projeto integrado, apresenta um relevo ondulado a
acidentado,
onde
predominam
os
solos
originários
de
materiais
calcários,
desenvolvendo-se, atualmente, uma ocupação florestal pobre, constituída por
povoamentos arbóreos lenhosos, dominados pelo pinheiro bravo, muitas vezes em
associação com o eucalipto, interrompidas por algumas áreas agrícolas (associadas
aos aglomerados urbanos existentes), bem como algumas áreas de indústria
extractiva.
Neste capítulo, será efetuada uma breve descrição dos solos presentes na área de
estudo atendendo à “Área de Intervenção Específica de Cabeça Veada” (AIE de
Cabeça Veada) e envolvente próxima, exclusivamente para o concelho de Porto de
Mós.
4.4.2.
CARATERIZAÇÃO DOS SOLOS NA AIE DE CABEÇA VEADA
De acordo com a classificação das unidades taxonómicas do CNROA /SROA8 e de
unidades de capacidade de uso agrícola para carta de solos e de capacidade de
8 Centro Nacional de Reconhecimento e Ordenamento Agrário / Serviço de Reconhecimento e Ordenamento Agrário.
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73
uso de Portugal identificam-se e descrevem-se seguidamente a tipologia e classes de
uso dos solos na área de estudo onde se insere a AIE em análise.
4.4.2.1.
Tipo de solos
Nos pontos seguintes, descreve-se a tipologia dos solos abrangida na AIE em estudo,
apresentando-se a respetiva cartografia de solos (Figura 4.4-1), à qual se sobrepôs as
“Áreas de Protecção Complementar do tipo I” (APCI), definidas no Plano de
Ordenamento do PNSAC (POPNSAC).
As APCI determinam os locais com melhor aptidão agrícola de forma a garantir a
proteção e a conservação dos solos agrícolas; integrar espaços de transição ou
amortecimento de impactes, (necessárias à salvaguarda de áreas em que foram
aplicados maiores regimes de proteção, como é o caso das áreas de proteção
parcial); salvaguardar a diversidade biológica e integridade paisagística das zonas
agrícolas pelo caráter específico que as mesmas assumem nessa paisagem cársica,
preservar a qualidade dos recursos hídricos subterrâneos através do condicionamento
das atividades agrícolas e agro-pecuárias passíveis de contribuírem, direta ou
indiretamente, para a perda de qualidade dos mesmos.9
4.4.2.2.
Descrição dos solos presentes na área de estudo
De acordo com a Carta dos Solos de Portugal10 e com o apoio dos levantamentos de
campo efetuados, os tipos de solos11 identificados descrevem-se ao longo dos pontos
seguintes:
§
Afloramentos rochosos
-
9
10
Arc – Afloramento rochoso de calcários ou dolomias.
RCM nº57/2010, de 12 de Agosto de 2010.
Cartas de Solos e de Capacidade de Uso de Portugal, folhas nº. 317, 318, 327 e 328 (à escala 1:25000) do Instituto de
Desenvolvimento Rural e Hidraulica (IDRHa).
11 A Descrição dos solos foi efetuada com base no livro de José V.J. de Carvalho Cardoso “Os solos de Portugal – Sua
classificação, Caracterização e Génese. 1 – A Sul do rio Tejo”” da Secretaria de Estado da Agricultura – Direcção Geral dos
Serviços Agrícolas. Lisboa. 1965.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
74
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§
Áreas Sociais
-
ASoc – Áreas sociais – Correspondem às áreas da cartografia que se
encontravam infraestruturadas ou pavimentadas, não sendo possível
determinar o tipo de solo.
§
Solos Argiluviados Pouco Insaturados
São solos evoluídos, de perfil A Btx C, em que o grau de saturação do horizonte
B é superior a 35% e que aumenta, ou pelo menos não diminui com a
profundidade e nos horizontes subjacentes.
-
Vcd – Solos Argiluviados Pouco Insaturados – Solos Mediterrâneos,
Vermelhos ou Amarelos, de Materiais Calcários, Normais, de calcários
compactos ou dolomias.
-
Puvd – Solos Argiluviados Pouco Insaturados – Solos Mediterrâneos,
Vermelhos ou Amarelos, de Materiais Não Calcários, Húmicos, de
material coluviado de solos derivados de calcários compactos ou
dolomias.
§
Solos Mólicos
Solos que apresentam um horizonte superficial mólico, ou seja, caraterizam-se
pela larga espessura e boa estrutura, de cor escura, em que a saturação por
bases é alta e moderada para alto teor de matéria orgânica.
-
Kvcd – Solos Mólicos – Castanozemes, argiluviados, vermelhos ou
amarelos, de calcários compactos ou dolomias.
-
Kr – Solos Mólicos – Castanozemes, (não argiluviados), Rendzinas,
descarbonatadas.
§
Barros
São solos evoluídos de perfil A Bc C (*) ou A Btx C (**), argilosos, com apreciável
percentagem de colóides minerais do grupo dos montmorilonóides que lhes
imprime características especiais, tais como elevadas plasticidade e rijeza,
estrutura anisoforme no horizonte A e prismática no B com presença de
superfícies polidas, pronunciado fendilhamento nas épocas secas, curto
período de boa sazão, entre outras.
-
Bc – Barros Pardos, Calcários, Não Descarbonatados, de arenitos
argilosos, argilas ou argilitos, calcários.
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75
Através do trabalho de campo efetuado e da cartografia analisada, foi possível
verificar que a área do concelho de Porto de Mós onde se insere a AIE de Cabeça
Veada se encontra já bastante afetada pela indústria extrativa, ou seja, os solos são
praticamente inexistentes. Ainda assim, verificam-se duas parcelas não afetadas por
essa atividade (cerca de 10% do total), nomeadamente, nos quadrantes Norte e
Oeste da AIE de Cabeça Veada. Solos esses que, de modo geral, são pobres e
esqueléticos com várias ocorrências de afloramentos rochosos, tendo como material
originário o calcário, sendo argiluviados pouco insaturados do tipo Vcd.
Figura 4.4-1: Carta de solos na área de estudo da AIE de Cabeça Veada referente ao
concelho de Porto de Mós
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
76
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4.4.2.3.
Capacidade de Uso do Solo
Na área em estudo (Figura 4.4-2), em conformidade com o indicado no Quadro 4.4-1
e Quadro 4.4-2, são predominantes os solos com fraca capacidade de uso,
nomeadamente, pertencentes à classe E, com limitações sobretudo ao nível da zona
radicular
(subclasse s)
e
condicionamentos
relacionados
com
problemas
de
escoamento superficial e de erosão (subclasse e).
Os solos com melhor
capacidade produtiva
(classe B), caraterizam-se por
apresentarem algumas limitações ao nível da zona radicular (subclasse s), localizandose ao longo das zonas baixas dos vales, onde geralmente, se desenvolve uma
actividade agrícola de subsistência, associadas aos aglomerados urbanos existentes
(Asoc).
Ao longo da área de estudo, verifica-se ainda a existência de outras classes de
capacidade de uso do solo, tais como a C e a D, com elevadas limitações na zona
radicular ou problemas de erosão e escoamento superficial, pelo que se encontram
bastante condicionados ao nível da sua utilização.
No que diz respeito à AIE de Cabeça Veada no concelho de Porto de Mós, são
abrangidos apenas solos com fraca capacidade de uso, nomeadamente da classe E
(Figura 4.4-2), apresentando bastantes limitações ao nível da sua zona radicular
(subclasse s) e alguns problemas associados à erosão e escoamento superficial
(subclasse e).
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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77
Quadro 4.4-1: Classes da Capacidade de Uso dos Solos.
C LASSE
C ARATERÍSTICAS
- poucas ou nenhumas limitações
A
- sem riscos de erosão ou com riscos ligeiros
- susceptível de utilização agrícola intensiva
- limitações moderadas
B
- riscos de erosão no máximo moderados
- susceptível de utilização agrícola moderadamente intensiva
- limitações acentuadas
C
- riscos de erosão no máximo elevados
- susceptível de utilização agrícola pouco intensiva
- limitações severas
- riscos de erosão no máximo elevados a muito elevados
D
- não susceptível de utilização agrícola, salvo casos muito especiais
- poucas ou moderadas limitações para pastagens, exploração de matos e
exploração florestal
- limitações muito severas
- riscos de erosão muito elevados
- não susceptível de utilização agrícola
E
- severas a muito severas limitações para pastagens, matos e exploração florestal
- ou servindo apenas para vegetação natural, floresta de protecção ou de
recuperação
- ou não susceptível de qualquer utilização
Quadro 4.4-2: Sub-classes da Capacidade de Uso dos Solos.
C LASSE
C ARATERÍSTICAS
e
Erosão e escoamento superficial
h
Excesso de água
s
Limitações do solo na zona radicular
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Figura 4.4-2: Carta de capacidade de uso do solo na área de estudo da AIE de Cabeça
Veada referente ao concelho de Porto de Mós.
4.4.3.
DIAGNÓSTICO
A AIE de Cabeça Veada, encontra-se em praticamente toda a sua extensão, afetada
pela exploração de calcários, verificando-se, na área abrangida pelo concelho de
Porto de Mós, a preexistência de apenas dois locais, um localizado no quadrante
Oeste e outro a Norte, que ainda não foram decapados com vista à exploração de
calcário, correspondendo a menos de 10% do total da AIE em estudo. Esses espaços,
apresentam solos pobres e esqueléticos com várias ocorrências de afloramentos
rochosos, tendo como material originário o calcário.
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79
Segundo a cartografia utilizada, os solos, quando existentes, são do tipo argiluviados
pouco insaturados, mediterrânicos, caraterizados pela sua cor vermelha ou amarela,
resultantes de calcários compactos ou dolomias.
Em termos globais, são solos que apresentam bastantes restrições ao seu uso, devido,
não só, à atual ocupação dos solos, com as explorações de calcário que abrangem
praticamente toda a área, mas também, ao relevo acidentado e elevado risco de
erosão, limitando a sua capacidade de uso à pastorícia e silvicultura, sendo
classificados na cartografia em uso, como classe E, com limitações sobretudo ao nível
da zona radicular (subclasse s) e alguns condicionamentos relacionados com
problemas de erosão e escoamento superficial (subclasse e).
Ao longo da área de estudo verifica-se ainda a existência de solos com capacidade
de uso referentes à classe C, correspondendo a solos com elevadas limitações na
zona radicular (subclasse s) ou problemas de erosão e escoamento superficial
(subclasse e), pelo que se encontram bastante condicionados ao nível da sua
utilização.
Os solos com melhor capacidade produtiva (classe B) identificados na área de estudo
(por vezes coincidente com as APCI, na cartografia do POPNSAC), caraterizam-se por
apresentarem algumas limitações, ao nível da zona radicular (subclasse s). Essas áreas
localizam-se nas zonas mais baixas e aplanadas, onde se desenvolvem as principais
atividades agrícolas de subsistência, associadas muitas vezes a aglomerados urbanos.
Os solos com essa capacidade de uso não se encontram abrangidos pela AIE de
Cabeça Veada.
Importante ainda referir que, os solos com melhor capacidade de uso, classificados
como RAN no PDM de Porto de Mós, não serão afetados pela exploração de massas
minerais.
4.4.4.
CONCLUSÕES
A intensidade e a natureza de uma intervenção ao nível do solo, dependem das suas
potencialidades intrínsecas, quanto maior for a capacidade produtiva de um
determinado solo, mais amplas serão as alternativas para a sua utilização. Dessa
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
80
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forma, uma alteração profunda do uso, em particular quando essa utilização é não
agrícola ou florestal, pode gerar impactes significativos, principalmente quando os
solos com essas caraterísticas são raros ou quando a tipologia da sua ocupação
assume um interesse ou valor particular.
Deverá assim, ter-se sempre em consideração medidas de minimização adequadas
para o projeto no que diz respeito a este fator ambiental de modo a garantir a
mitigação dos impactes negativos nos solos da área de intervenção, sobretudo no
que diz respeito à sua contaminação e poluição e consequentemente do subsolo.
Através da metodologia adotada, onde se descreve e carateriza a tipologia e
capacidade de uso dos solos para a AIE de Cabeça Veada, verificou-se que, de um
modo geral, as áreas de exploração se localizam em solos de baixa qualidade e de
fraca capacidade de uso, apresentando na sua maioria, riscos elevados de erosão e
de escoamento superficial e limitações ao nível radicular (Classe Ee e Es).
4.5.
RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS
4.5.1.
METODOLOGIA
Após uma recolha prévia de informação bibliográfica sobre o Sistema Aquífero
Maciço
Calcário
Estremenho,
procedeu-se
a
uma
análise
dos
aspectos
hidrogeológicos da AIE de Cabeça Veada, visando a respectiva caracterização
ambiental.
Os trabalhos desenvolvidos envolveram as seguintes acções gerais:
§
Recolha de informação hidrogeológica junto de várias entidades com
competências
na
área
do
Maciço
Calcário
Estremenho
(MCE),
nomeadamente, o Parque Natural da Serra de Aires e Candeeiros (PNSAC) e a
Agência Portuguesa do Ambiente (APA, IP);
§
Integração da informação constante na base de dados hidrogeológicos do
LNEG, IP;
§
Reconhecimento da área de estudo, incluindo a validação dos pontos de
água provenientes das diversas fontes de informação;
§
Verificação in situ, sempre que possível, das condições de captação de água
subterrânea, nomeadamente no que se refere, à profundidade do nível de
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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81
água, posição da bomba de extracção, regime de exploração e outras
informações úteis;
§
Selecção de pontos de água com vista à definição da rede de amostragem
da qualidade da AIE (se possível) ou sua envolvência.
Na caracterização hidrogeológica da AIE de Cabeça Veada foram considerados os
seguintes itens:
§
Enquadramento geológico local;
§
Aptidão hidrogeológica;
§
Produtividade aquífera;
§
Modelo hidrodinâmico;
§
Qualidade da água subterrânea.
O enquadramento geológico local teve em consideração dados bibliográficos
(Azêredo, 2007; Manuppella et al., 2006; Crispim, 1995), bem como o relatório da
caracterização do substrato geológico da AIE de Cabeça Veada (Carvalho et al.,
2012).
A aptidão hidrogeológica e a produtividade aquífera foram definidas considerando
dados bibliográficos (Crispim, 1995; Almeida et al., 2000; Almeida et al. in Manuppella
et al., 2000; Sampaio in Manuppella et al., 2006), relatórios de furos de captação de
água e dados de monitorização do Sistema Nacional de Informação de Recursos
Hídricos (http://snirh.pt).
O modelo hidrodinâmico foi consubstanciado em dados bibliográficos (Crispim, 1995;
Almeida et al., 2000) e em dados piezométricos de relatórios de furos de captação de
água e da rede de monitorização do Sistema Nacional de Informação de Recursos
Hídricos (http://snirh.pt).
A caracterização da qualidade das águas subterrâneas da AIE de Cabeça Veada
baseou-se em análises de três furos de captação de água, amostrados numa época
correspondente a “águas baixas” (5-13/Novembro/2012) e numa época de “águas
altas” (Março/2013). Trata-se de dois furos situados no interior da AIE (Furo Cabeça
Veada SC e Furo Cabeça Veada CP) e do furo situado a jusante e a sul da mesma AIE
(Furo de Valverde). A caracterização em apreço teve como orientação, sempre que
se considerou conveniente ou aplicável, os valores paramétricos (ou os valores
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
82
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máximos admissíveis) respeitantes a águas para consumo humano, estabelecidos pela
legislação vigente (Decreto-Lei nº 236/98, de 1 de Agosto e Decreto-Lei nº 306/2007,
de 27 de Agosto). No Quadro 4.5-1 indicam-se os tipos de análises, os parâmetros
determinados, bem como os laboratórios onde foram realizadas as análises.
Quadro 4.5-1: Relação das análises laboratoriais realizadas.
Tipo de análise
Parâmetros analisados
Laboratório
§ Parâmetros globais – pH, condutividade
eléctrica, alcalinidade, dureza total, sílica e
resíduo seco;
§ Composição maioritária – catiões (Na +, K +, Mg2+,
Análises físico-químicas
Ca2+, NH4-) e aniões (F-, Cl-, HCO3-, S042-, H2P04-,
completas.
NO3-, NO2-);
§ Composição vestigiária – 36 elementos (Li, Be, B,
Unidade de Ciência e
Tecnologia Mineral do LNEG,
IP.
Al, V, Cr, Fe, Mn, Co, Ni, Cu, Zn, 71Ga, 72Ge, As,
Se, Rb, Sr, Y, Zr, Nb, Mo, Ag, Cd, Sn, Sb, Te, Cs,
Ba, Ta, W, Hg, Tl, Pb, Bi, U).
Laboratório do Instituto
§ (1) Óleos e gorduras;
(1)
Análise de substâncias
§ (1) Hidrocarbonetos totais;
Superior Técnico.
perigosas.
§ (2) Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos
(2)
(HAPs)*.
§ Coliformes fecais;
Análises microbiológicas.
§ Coliformes totais;
§ Escherichia coli.
Laboratório da Agência
Portuguesa do Ambiente, IP.
Laboratório da Agência
Portuguesa do Ambiente, IP.
* NOTA: Análises realizadas apenas em “águas altas” nos pontos de água cujas amostras em “águas baixas”
apresentaram hidrocarbonetos totais.
4.5.2.
CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA
4.5.2.1.
Enquad ramento geológ ico local
A AIE de Cabeça Veada tem uma área aproximada de 0,29 km2. Localiza-se no
Maciço Calcário Estremenho, entre o Planalto de Santo António e as Serras da Lua e
de Candeeiros, num estreito relevo estrutural alongado segundo N-S que integra a
denominada Depressão da Mendiga.
As litologias aflorantes da AIE que se encontram ladeadas pelos Calcários do Jurássico
Superior da Depressão da Mendiga correspondem a calcários do Jurássico Médio
dispostos em bancadas com orientação NNE-SSW e inclinações na ordem de 40o para
leste (Carvalho et al., 2012). Conforme Manuppella et al. (2006), do topo para a base
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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83
há a considerar, sucessivamente, as formações do Jurássico Médio (Calcários de Pé
da Pedreira, Calcários de Serra de Aire, Calcários de Chão de Pias e Margas e
calcários margosos de Zambujal), os Calcários margosos e margas da Fórnea
(transição Jurássico Médio/Inferior) e os litótipos do Jurássico Inferior (dolomitos das
Camadas de Coimbra, Dolomitos em plaquetas e Margas de Dagorda).
No que diz respeito à tectónica, segundo Carvalho et al. (2012), são de referir: i) a
falha de Valverde com desenvolvimento regional de direcção NNE-SSW e que,
localmente, a ocidente, coloca os calcários do Jurássico Médio a cavalgar sobre os
calcários do Jurássico Superior; ii) falhas transversais (à Falha de Valverde) com
desenvolvimento local, de direcção NW-SE a WNW-ESE e subsequentes indícios de
estruturas filoneanas nelas instaladas; iv) a fracturação que está representada por
duas famílias principais de fraturas, uma de orientação WSW-ENE e outra NNE-SSW.
4.5.2.2.
Hidrogeologia local
Aptidão hidrogeológica
A aptidão hidrogeológica da AIE de Cabeça Veada e sua envolvente é
condicionada pela litostratigrafia local, sendo de perspectivar, do topo para a base,
as seguintes considerações contextualizadas no Sistema Aquífero do Maciço Calcário
Estremenho (cf. Almeida et al. in Manuppella et al., 2000):
-
Os termos do Jurássico Superior respeitantes às Camadas de Alcobaça, pelo
seu carácter predominantemente margoso e argiloso, não têm interesse
hidrogeológico;
-
Os termos inferiores do Jurássico Superior, isto é, as Camadas de Montejunto
(calcários, calcários argilosos e argilas calcárias) e as Camadas de Cabaços
(calcários, calcários argilosos e argilas e conglomerados), apresentando algum
grau de carsificação, têm interesse hidrogeológico;
-
As rochas do Jurássico Médio (Calcários de Pé da Pedreira, Calcários micríticos
de Serra de Aire, Calcários de Chão de Pias e Margas e os termos superiores
das Margas e calcários margosos de Zambujal) são as de maior importância
hidrogeológica, suportando, localmente, as unidades aquíferas;
-
Os termos inferiores das Margas e calcários margosos de Zambujal e os termos
superiores dos Calcários margosos e margas da Fórnea (transição Jurássico
Médio/Inferior) apresentam interesse hidrogeológico reduzido;
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
84
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-
Os termos inferiores dos Calcários margosos e margas da Fórnea e os dolomitos
que constituem as Camadas de Coimbra, embora pouco expressivos,
apresentam-se carsificados podendo constituir um aquífero confinado entre as
formações suprajacentes e as formações subjacentes do Hetangiano
(Dolomitos em plaquetas e Margas de Dagorda);
-
As
Margas
de
Dagorda
(complexo
pelítico-carbonatado-evaporítico)
constituem o substrato tido como impermeável, podendo ser responsáveis por
elevados valores de mineralização das águas em virtude da elevada
solubilidade dos evaporitos (salgema e gesso).
Produtividade aquífera
Face aos dados disponíveis, a produtividade aquífera na envolvência da AIE de
Cabeça Veada é caracterizada tendo em consideração três furos de captação que
se assinalam na Figura 4.5-1.
Atendendo ao Quadro 4.5-2, os furos são de elevada profundidade (na ordem de 400
m) e proporcionam caudais a variar entre 0,4 e 2,8 L/s. No caso dos dois furos de
Cabeça Veada (situados no interior da AIE), os caudais de 0,4 e 2,2 L/s implicam,
respectivamente, rebaixamentos de 140 e 60 m, pelo que os caudais específicos são
muito reduzidos (0,003 e 0,037 L/s.m).
Quadro 4.5-2: Características geométricas e produtividade de furos.
Furos
Coordenadas
Datum 73
Hayford Gauss IPCC
Cota do
terreno
Prof. do
furo
X (m)
Y (m)
(m)
(m)
Cabeça
Veada
SC
-63105
-20443
410
422
Cabeça
Veada
CP
-63240
-20930
431
Valverde
-63001
-21902
295
Totalidade e
posição dos
drenos
(m)
Prof. do
NHE
Prof. do
Caudal
NHD−NHE Caudal
NHD
específico
(m)
(m)
(m)
(L/s)
(L/s.m)
120
entre 104 e 422
220
360
140
0,4
0,003
440
40
entre 314 e 434
240
300
60
2,2
0,037
390
36
entre 276 e 366
?
?
?
2,8
?
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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85
Figura 4.5-1: Localização dos pontos de água com informação de produtividade,
piezometria e amostrados para caracterização qualitativa das águas subterrâneas da AIE
de Cabeça Veada. (Implantação sobre extracto da Folha 328 do IGeoE na escala 1:25 000)
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
86
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Na AIE, atendendo à sua altimetria (cotas compreendidas entre os 370 e 440 m), aos
níveis piezométricos posicionados à cota aproximada de 190 m (cf. Figura 4.5-1) e aos
elevados rebaixamentos necessários para a obtenção de caudais ainda assim
reduzidos, é expectável que a captação de água apenas seja possível através de
furos com profundidades superiores a 400 m. Além da apreciável profundidade dos
furos, acresce salientar o elevado grau de incerteza, característico dos meios cársicos,
na intersecção de condutas de água e subsequente obtenção daqueles caudais.
Modelo hidrodinâmico
Atendendo à Figura 4.5-1, na AIE de Cabeça Veada apenas se conhecem dois furos
de captação de água cujos níveis hidrostáticos, à data da sua construção, se
posicionavam numa cota próxima de +190 m.
Não obstante a escassez de pontos de água com dados piezométricos que permitam
definir uma rede local de fluxos subterrâneos, a localização da AIE, numa zona
topograficamente elevada e inserida na Depressão da Mendiga (Figura 4.5-2), bem
como a ocorrência de nascentes temporárias a sul e a jusante, e.g., a nascente
cársica de Olho da Mata do Rei (cota +150 m), afigura-se como plausível que o
escoamento
subterrâneo natural, isto
é, sem interferências
provocadas por
rebaixamentos piezométricos resultantes da exploração de furos, se processe de norte
para sul. Nesta perspectiva, e ainda que sem perder de vista a complexidade
tectónica, estrutural e cársica da região que certamente condicionará a circulação
subterrânea, a AIE deverá integrar parte da área de recarga daquelas nascentes
situadas numa zona tectonicamente conturbada, a sul do afloramento do Jurássico
Médio, junto ao contacto com formações do Jurássico Superior menos permeáveis.
De entre as vicissitudes e constrangimentos que impedem a definição realística de
uma rede de fluxo subterrâneo, salientam-se:
-
A imprevisibilidade da circulação subterrânea intrínseca do meio cársico;
-
A compartimentação estrutural, geológica e geomorfológica da generalidade
do Maciço Calcário Estremenho e, em particular, da AIE de Cabeça Veada
que é intersectada por falhas injectadas com filões de direcção WNW-ESE;
-
A escassez de informação acerca de pontos de água (furos);
-
A dificuldade ou impossibilidade técnica de se efectuar nos furos existentes
medições piezométricas com uma sonda de níveis.
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Figura 4.5-2: Modelo digital de terreno da área compreendida entre a AIE de Cabeça Veada
e a nascente temporária Olho da Mata do Rei. [Coordenadas: Datum 73 Hayford Gauss
IPCC]
Qualidade da água subterrânea
Na Figura 4.5-1 assinalam-se os pontos de água utilizados para a caracterização da
qualidade das águas subterrâneas da AIE de Cabeça Veada e sua envolvência. Para
o efeito, analisaram-se amostras de água colhidas em três furos (Cabeça Veada SC,
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Cabeça Veada CP e Valverde). As colheitas decorreram de 5 a 13 de Novembro de
2012 no final de uma época de estio (“águas baixas”) e de 5 a 21 de Março de 2013
em época de chuvas avançada (“águas altas”). No Quadro 4.5-3, Quadro 4.5-4,
Quadro 4.5-5 e Quadro 4.5-6 apresentam-se, respectivamente, resultados analíticos
referentes a parâmetros físico-químicos globais, à composição iónica maioritária, à
composição vestigiária, aos hidrocarbonetos, óleos e gorduras e à componente
microbiológica.
Conforme Quadro 4.5-3 e Quadro 4.5-4, as águas amostradas apresentam as
espectáveis características de circulação em meio carbonatado, isto é, têm carácter
alcalino (7,18 ≤ pH ≤ 7,91), são águas duras (159 ≤ dureza total ≤ 328 mg/L CaCO3) e
evidenciam fácies bicarbonatada-cálcica. Os valores de condutividade eléctrica
compreendidos entre 287 e 591 µS/cm reflectem valores de mineralização total a
variar de 265 a 541 mg/L. Os valores de pH, condutividade eléctrica e dureza total
observados nas amostras dos três furos, nas duas épocas de amostragem, são
inferiores ou balizados pelos respectivos valores paramétricos preconizados pelo
Decreto-Lei nº 306/2007, de 27 de Agosto, no que diz respeito a águas para consumo
humano.
Quadro 4.5-3: Parâmetros físico-químicos de caracterização global.
Características globais
Época de
Amostragem
Furo
Cabeça Veada
SC
Furo
Cabeça Veada
CP
Furo
Valverde
Valor
paramétrico *
pH
AB
AA
7,55
7,91
7,57
7,57
7,18
7,20
[6,5-9,0]
Condutividade eléctrica a
o
20,0 C (µS/cm)
AB
AA
320
287
350
348
591
585
2500
Mineralização total
(mg/L)
AB
AA
294
265
319
315
539
541
−−
Sílica (SiO2)
(mg/L)
AB
AA
2,8
2,9
2,8
2,9
5,0
5,5
−−
Dureza total
(mg/L CaCO3)
AB
AA
177
159
202
209
298
328
[150-500]
AB: Águas Baixas (Novembro/2012); AA: Águas Altas (Março/2013).
* cf. DL nº 306/2007, de 27 Agosto.
As amostras de água do furo Valverde situado a sul e a jusante da AIE apresentam
valores de mineralização significativamente superiores aos valores de cada um dos
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furos do interior da AIE, sendo as concentrações dos iões HCO3-, Cl-, SO42-, NO3- e Na+
as que mais contribuem para essa diferença na mineralização. É também no furo de
Valverde que se observam as variações mais significativas, entre amostras de “águas
baixas” e de “águas altas”, destacando-se, a diminuição das concentrações de NO 3-,
Na+ e Cl- em consequência do efeito de diluição na época das chuvas.
As concentrações do ião nitrato são muito pequenas ou praticamente nulas (0,95 >
NO3- ≤ 2,3 mg/L) nas amostras dos furos situados no interior da AIE. No entanto, no furo
de Valverde observam-se valores de 35,9 mg/L e de 11,5 mg/L, respectivamente nas
“águas baixas” e nas “águas altas”. Considerando que as concentrações naturais do
ião nitrato raramente atingem os 8-10 mg/L, no furo de Valverde constata-se, ainda
que sem se atingir o valor paramétrico máximo admissível de 50 mg/L, alguma
contaminação por compostos de azoto de origem antrópica, possivelmente
relacionada com a aplicação de fertilizantes nos terrenos agricultados adjacentes
e/ou com efluentes domésticos, bem como com as características construtivas da
cabeça do furo, a qual, posicionada no fundo de uma caixa, abaixo da cota do
terreno, permite a entrada de águas de escorrência superficial.
No furo de Valverde, constata-se que ambas as amostras evidenciam concentrações
de ião Ca2+ superiores ao valor limite aconselhável (100 mg/L).
Nos elementos vestigiários, atendendo ao Quadro 4.5-5, sobressaem, comummente
aos três furos, as concentrações de Estrôncio (70 ≤ Sr ≤ 130 µg/L) e de Bário (8,0 ≤ Ba ≤
128 µg/L). No caso do Sr a sua ocorrência está associada à substituição do ião Ca2+
característico das águas com circulação em meios carbonatados. No furo Cabeça
Veada SC, é de salientar a concentração de Alumínio (Al: 229 µg/L) superior ao
respectivo valor paramétrico legal (200 µg/L), bem como a concentração de Ferro nas
“águas baixas” (Fe: 191 µg/L), ligeiramente inferior ao seu valor paramétrico (também
de 200 µg/L).
No que diz respeito aos óleos e gorduras, hidrocarbonetos totais e hidrocarbonetos
aromáticos policíclicos (HAPs), atendendo ao Quadro 4.5-5, é de referir:
i)
Nas “águas baixas”, a amostra do furo Cabeça Veada SC evidenciou a
presença de óleos e gorduras (32 µg/L) e de hidrocarbonetos totais (16 µg/L),
sendo neste último parâmetro o valor máximo admissível de 10 µg/L;
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ii) Nas “águas altas” todas as amostras evidenciaram valores de hidrocarbonetos
totais < 10 µg/L; o despiste de HAPs na água do furo Cabeça Veada SC revelou
a presença de naftaleno; relativamente aos óleos e gorduras constata-se um
aumento na amostra do furo de Valverde e uma diminuição na amostra do
furo Cabeça Veada SC.
Quadro 4.5-4: Resultados analíticos da componente iónica maioritária
Época de
Amostragem
Furo
Cabeça Veada
SC
Furo
Cabeça Veada
CP
Furo
Valverde
Valor
paramétrico *
AB
AA
10,0
8,7
9,3
8,9
20,9
16,7
250
AB
AA
204
182
217
219
301
343
−−
AB
AA
4,9
6,5
15,3
14,8
33,2
31,6
250
AB
AA
1,7
2,3
< 1,00
< 0,95
35,9
11,5
50
AB
AA
< 0,01
< 0,01
< 0,01
< 0,01
< 0,01
< 0,01
0,5
AB
AA
< 1,45
< 1,20
< 1,45
< 1,20
< 1,45
< 1,20
−−
-
AB
AA
< 0,55
< 0,50
< 0,55
< 0,50
< 0,55
< 0,50
1,5
Sódio (Na )
+
AB
AA
4,9
5,0
5,1
5,1
17,7
9,1
200
+
AB
AA
0,25
0,29
0,39
0,36
2,4
1,4
−−
AB
AA
7,0
12,8
13,8
13,3
2,9
2,8
50
AB
AA
58,9
44,1
55,3
50,6
119
119
100
Amónio (NH4 )
AB
AA
< 0,10
< 0,10
< 0,10
< 0,10
< 0,10
< 0,10
0,5
Iões predominantes
AB
AA
Composição Iónica
-
Cloreto (Cl )
-
Bicarbonato (HCO3 )
Aniões (mg/L)
2-
Sulfato (SO4 )
-
Nitrato (NO3 )
-
Nitrito (NO2 )
-
Fosfato (H2PO4 )
Catiões (mg/L)
Fluoreto (F )
Potássio (K )
2+
Magnésio (Mg )
2+
Cálcio (Ca )
+
-
2+
HCO3 > Ca
-
HCO3 > Ca
2+
2+
Ca > HCO3
-
AB: Águas Baixas (Novembro/2012); AA: Águas Altas (Março/2013).
* cf. DL nº 306/2007, de 27 Agosto.
Os valores apresentados como "< XXX" são Quantidades Analíticas Mínimas Doseáveis (QAMD), obtidas através da expressão:
QAMD = Limite de Quantificação x Factor de Diluição Praticado.
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Quadro 4.5-5: Resultados analíticos de componentes vestigiários.
Composição
vestigiária
(µg/L)
Época de
Amostragem
Furo
Cabeça Veada
SC
Furo
Cabeça Veada
CP
Furo
Valverde
Valor
paramétrico *
Alumínio (Al)
AB
AA
n.d.
229
2,5
< 16,7
16,8
< 16,7
200
Antimónio (Sb)
AB
AA
0,09
< 0,04
0,06
< 0,04
< 0,03
< 0,04
5
Arsénio (As)
AB
AA
< 0,38
< 3,2
0,42
< 3,2
0,42
< 3,2
10
Boro (B)
AB
AA
6,9
< 19,4
7,2
< 19,4
21,0
< 19,4
1000
Cádmio (Cd)
AB
AA
< 0,04
< 0,10
< 0,04
< 0,10
< 0,04
1,2
5
Crómio (Cr)
AB
AA
1,0
< 1,2
0,83
< 1,2
0,4
< 1,2
50
Cobre (Cu)
AB
AA
1,9
< 1,3
1,5
< 1,3
2,0
< 1,3
2000
Chumbo (Pb)
AB
AA
0,43
0,16
0,03
< 0,05
0,08
0,12
25
Ferro (Fe)
AB
AA
191
101
< 77,8
< 79,0
< 77,8
< 79,0
200
Manganês (Mn)
AB
AA
5,7
2,2
0,51
< 1,4
0,34
1,6
50
Mercúrio (Hg)
AB
AA
< 0,02
< 0,10
< 0,02
< 0,10
< 0,02
< 0,10
1
Níquel (Ni)
AB
AA
< 0,83
< 21,9
0,83
< 21,9
< 0,83
< 21,9
20
Selénio (Se)
AB
AA
< 0,59
< 3,0
< 0,59
< 3,0
0,67
< 3,0
10
Zinco (Zn)
AB
AA
3,5
< 2,5
2,7
3,1
13,4
4,9
−−
Bário (Ba)
AB
AA
10,3
8,0
128
117
13,5
69,8
−−
Estrôncio (Sr)
AB
AA
88,5
80
86,1
70
130
113
−−
AB: Águas Baixas (Novembro/2012); AA: Águas Altas (Março/2013).
* cf. DL nº 306/2007, de 27 Agosto.
n.d. - Parâmetro não determinado.
Os valores apresentados como "< XXX" são Quantidades Analíticas Mínimas Doseáveis (QAMD),
obtidas através da expressão: QAMD = Limite de Quantificação x Factor de Diluição Praticado.
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92
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Quadro 4.5-6: Resultados analíticos de óleos e gorduras, hidrocarbonetos totais e
hidrocarbonetos aromáticos policíclicos.
Época de
Amostragem
Furo
Cabeça Veada
SC
Furo
Cabeça Veada
CP
Furo
Valverde
(µg/L)
AB
AA
32
< 10
< 10
< 10
< 10
17
−−
Hidrocarbonetos
totais (µg/L)
AB
AA
16
< 10
< 10
< 10
< 10
< 10
10 *
AA
Naftaleno: 15
Acenaftlineno: < 5
Acenafteno: < 5
Fluoreno: < 5
Fenantreno: < 5
Antraceno: < 5
Fluoranteno: < 5
Pireno: < 5
Benzo(a)antraceno: < 5
Criseno: < 5
Benzo(b)fluoranteno: < 5
Benzo(k)fluoranteno: < 5
Benzo(a)pireno: < 5
Dibenzo(a,h)antraceno: < 5
Benzo(g,h,i)perileno: < 5
Indeno(1,2,3-c,d)pireno: < 5
−−
−−
0,1 **
Óleos e Gorduras
Hidrocarbonetos
Aromáticos
Policíclicos
(ng/L)
[1 ng/L = 0,001 µg/L]
Valor
paramétrico
(µg/L)
AB: Águas Baixas (Novembro/2012); AA: Águas Altas (Março/2013).
* cf. DL nº 236/1998, de 1 Agosto.
** cf. DL nº 306/2007, de 27 de Agosto [soma das concentrações dos compostos indicados nas alíneas a), b), c) e d)].
Do ponto de vista microbiológico, conforme Quadro 4.5-7, constata-se:
i)
Nas “águas baixas”, além do destaque da contaminação patente nas
amostras do furo de Valverde relativamente aos três parâmetros analisados,
constata-se ainda alguma contaminação por coliformes totais na amostra do
furo Cabeça Veada SC, sendo ultrapassado o valor de referência 0 (zero)
UFC/100mL vigente para o consumo humano.
ii) Nas “águas altas” constata-se uma apreciável diminuição da contaminação
detectada no furo de Valverde na época de “águas baixas”, bem como, em
oposição a esta melhoria, um caso de contaminação por Escherichia coli na
amostra do furo Cabeça Veada SC.
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93
Quadro 4.5-7: Resultados da componente microbiológica analisada.
Época de
Amostragem
Furo
Cabeça Veada
SC
Furo
Cabeça Veada
CP
Furo
Valverde
AB
AA
4
2
0
0
230
80
0
AB
AA
0
2
0
0
50
8
0
AB
AA
0
2
0
0
50
8
0
Coliformes totais
(UFC/100mL)
Coliformes fecais
(UFC/100mL)
Escherichia coli
(UFC/100mL)
Valor
paramétrico *
(UFC/100mL)
AB: Águas Baixas (Novembro/2012); AA: Águas Altas (Março/2013).
* cf. DL nº 236/1998, de 1 Agosto.
4.5.3.
DIAGNÓSTICO
A escassa informação existente relacionada com a hidrogeologia local permite
estabelecer o diagnóstico respeitante aos impactes da AIE sobre os recursos hídricos
subterrâneos, que se passa a dissecar.
Do ponto de vista da afectação quantitativa das águas subterrâneas:
§
Não se prevê que as profundidades de desmonte das pedreiras atinjam a cota
dos níveis piezométricos observados nos furos da AIE aquando da sua
construção.
§
A exploração dos dois furos de captação conhecidos e directamente
relacionados com a actividade extractiva da AIE, apesar dos rebaixamentos
de nível compreendidos entre 60 e 140 m necessários à obtenção de caudais
diminutos, respectivamente de cerca de 2 e 0,5 L/s, não deverá, apenas per si,
causar interferência significativa nas reservas hídricas subterrâneas e na
produtividade de outras captações, em particular das nascentes temporárias
situadas a jusante.
Do ponto de vista da afectação qualitativa das águas subterrâneas:
§
As amostras colhidas nos furos de captação situados no interior da AIE, além
das características físico-químicas típicas de circulação em meio carbonatado,
evidenciaram, no caso do furo Cabeça Veada SC, alguma contaminação por
óleos e gorduras, bem como por hidrocarbonetos totais e ainda por colónias
microbiológicas (Coliformes totais e Escherichia coli). A amostra relativa a
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
94
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“águas altas” do mesmo furo (Cabeça Veada SC) evidencia ainda uma
concentração de Alumínio (Al) superior ao valor paramétrico legal.
§
Os casos de contaminação (óleos e gorduras, hidrocarbonetos totais e
colónias microbiológicas) resultam, muito plausivelmente, de práticas ou
descuidos
relacionados
com
actividade
extractiva
ou
com
a
construção/manutenção do furo e respectivo equipamento e tubagem. A
concentração “anómala” de Al acompanhado de uma concentração de
Ferro (Fe) relativamente elevada poderá ser devida a alguma influência das
tubagens e equipamento do furo.
§
Em caso de derrame acidental de quantidades apreciáveis de substâncias
poluentes no interior da AIE que atinjam o meio hídrico subterrâneo, a
propagação da contaminação deverá ocorrer segundo as tendências do
sentido de escoamento subterrâneo, isto é, plausivelmente de N para S, não
obstante outras direcções preferenciais decorrentes de condicionalismos do
meio cársico e estruturais.
Conclusões/Recomendações:
§
A ausência de piezómetros no interior da AIE de Cabeça Veada e sua
envolvente constitui uma grande condicionante à caracterização da
hidrodinâmica subterrânea local;
§
Até à conclusão do projecto serão envidados esforços para se conseguir obter
mais dados e assim esclarecer dúvidas e validar conjecturas que têm sido
apresentadas para esta área de intervenção;
§
No final do projecto serão indicadas recomendações tidas como convenientes
à monitorização ambiental respeitante aos recursos hídricos subterrâneos.
4.6.
4.6.1.
RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA
4.6.1.1. Considerações gerais
A descrição das características de natureza hídrica de um determinado local passa
pela forma como a água se distribui, os tipos de massa de água existentes e, ainda, a
sua quantidade e qualidade, pois estas características influenciam o funcionamento
dos sistemas.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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95
Face ao objectivo do presente estudo, nomeadamente a definição de estratégias de
ordenamento e planeamento territorial da indústria extractiva na área do Parque
Natural das Serras de Aire e Candeeiros, nesta fase de caracterização da situação de
referência na componente que respeita aos recursos hídricos pretende-se inventariar e
caracterizar os factores críticos que lhe estão associados e que poderão condicionar
as propostas a desenvolver nas fases seguintes do estudo.
Neste enquadramento, caracteriza-se essencialmente o sistema hidrográfico das linhas
de água abrangidas e/ou influenciadas directamente na Área de Intervenção
Específica (AEI) de Cabeça Veada e respectivo regime de escoamento superficial,
assim como, o sistema aquífero onde se insere, de comportamento tipicamente
cársico.
A AIE de Cabeça Veada abrange uma área de 29 ha, em que 90% dessa área se situa
no concelho de Porto de Mós e os restantes 10% no concelho de Santarém. Nesta
área, apesar da ausência de cursos de água de superfície organizados eles existem
em abundância no subsolo, constituindo uma das principais reservas de água
subterrânea de Portugal e que se estende entre Rio Maior e Leiria.
4.6.1.2.
Caracterização do Sistema Hídrico
De acordo com o Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo (PGRHTejo), a área
em estudo insere-se na massa de água subterrânea Maciço Calcário Estremenho e
localiza-se na sub-bacia do rio Alviela, afluente da margem direita do rio Tejo
(APA/ARHTejo, 2012).
Segundo o Índice Hidrográfico e Classificação Decimal dos Cursos de Água
(DGRAH, 1981) a área em estudo integra-se na Região Hidrográfica n.º3 (Tejo-Folha nº
1) nomeadamente, na margem direita do rio Tejo.
A rede hidrográfica na AIE de Cabeça Veada e envolvente é muito pouco densa, de
regime torrencial, formada por trechos de linhas de água temporários que não
apresentam caudal, a não ser após a ocorrência de uma chuvada com duração e
intensidade significativas. As características fisiográficas e geológicas da área em
estudo, em conjugação com as da precipitação da região, induzem um regime
hidrológico torrencial.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
96
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Na Figura 4.6-1 (elaborada a partir do extracto da Carta Militar de Portugal, folha
n.º 328, escala 1:25 000, IGeoE) observa-se a rede hidrográfica principal na AIE de
Cabeça Veada, cujo limite da AIE é assinalada a vermelho.
(Adaptado a partir do extracto da Carta Militar de Portugal, folhas n.º 318 e 328, escala 1:25 000, IGeoE)
Figura 4.6-1: Rede hidrográfica principal na AIE de Cabeça Veada
Da análise desta figura verifica-se que na AIE de Cabeça Veada existem alguns troços
de linhas de água directamente afectados, ou seja, abrangidos pela área dominada
pela intervenção. Os referidos troços são afluentes de linhas de água sem designação
específica, pelo que no presente relatório essas linhas de água tomam a designação
de LC1, LC2 e LC3, conforme se mostra na Figura 4.6-1.
A extensão dos troços de linhas de água afectados pela AIE não são significativos e as
bacias hidrográficas dominadas são endorreicas. Na LC1 apenas um pequeno troço
de 1ª ordem, numa extensão de poucos metros (cerca de 120 m), é abrangido pelo
limite sul da AIE. Na LC2 é o troço inicial, também de 1ª ordem, numa extensão de,
aproximadamente, 600 metros que é abrangido pela AIE e na LC3 esta situação
verifica-se no troço intermédio, de 2ª ordem, numa extensão de 150 metros.
De acordo com o Atlas da Ambiente (SNIRH, INAG, 2008), como se pode observar na
Figura 4.6-2, o escoamento médio anual na área em estudo oscila entre os 300 e os
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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97
600 mm,
valores
de
escoamento
muito
elevados
face
às
características
geomorfológicas da AIE que, como se sabe, trata-se de uma região cársica, em que
não tem existe praticamente escoamento superficial. Face a esta situação considerase que estes valores de escoamento não são aplicáveis ao caso em estudo.
Figura 4.6-2: Distribuição espacial do escoamento médio anual (mm) na bacia do rio Tejo e
na AIE de Cabeça Veada (SNIRH, INAG, 2008)
Segundo o PGRHTejo (APA/ARHTejo, 2012), o escoamento médio anual na sub-bacia
do rio Alviela, com uma área de 483 km2, é de 259 mm. No entanto, este valor
também é demasiado elevado para o caso em estudo, pois além da AIE de Cabeça
Veada se localizar no cársico e em zona de cabeceira, as áreas das bacias
hidrográficas dominadas pelas linhas de água afectadas são inferiores a 1 km2, pelo
que as afluências geradas não têm significado.
Face ao exposto, não são estimadas as afluências médias anuais geradas na AIE de
Cabeça Veada, pois os dados de escoamento disponíveis não reflectem a realidade
do local.
Dada a natureza geológica da AIE a quase totalidade das águas pluviais infiltra-se
não se verificando praticamente transporte de sedimentos para a rede de drenagem.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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Durante a visita de campo à AIE de Cabeça Veada, efectuada no dia 19 de
Novembro de 2012, verificou-se que as referidas linhas de água não apresentavam
caudal, sendo marcantes as condições de secura à superfície da AIE, devido à
escassez de recursos hídricos superficiais, conforme se pode observar nas fotografias
apresentadas no Desenho OT-04.2.
Face à extensão das linhas de água afectadas, à respectiva localização, à área das
bacias dominadas e ao regime hídrico da região, de características tipicamente
cársicas, considera-se que na AIE de Cabeça Veada os recursos hídricos superficiais
não constituem elemento condicionante às propostas a desenvolver nas fases
seguintes do estudo.
Face à extensão das linhas de água afectadas, à respectiva localização, à área das
bacias dominadas e ao regime hídrico da região, de características tipicamente
cársicas, considera-se que na AIE de Cabeça Veada os recursos hídricos superficiais
não constituem elemento condicionante às propostas a desenvolver nas fases
seguintes do estudo.
De acordo com o Plano Regional de Ordenamento Florestal (PROF) do Centro Litoral,
cujo extracto do mapa síntese se apresenta naFigura 4.6-3, a AIE de Cabeça Veada,
localizada no concelho de Porto de Mós, insere-se na sub-região Porto de Mós e
Mendiga, não sendo indicadas condicionantes no que respeita aos recursos hídricos.
Figura 4.6-3: Extracto do mapa síntese do PROF Centro Litoral
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Tendo como base os Sistemas Aquíferos de Portugal Continental (Almeida et al., 2000),
em termos hidrogeológicos, a AIE Cabeça Veada insere-se no Sistema Aquífero
Maciço Calcário Estremenho (MCE), que ocupa uma área de 767,6 km2, situando-se
na região centro-oeste, entre Rio Maior, a Sul, Fátima a Nordeste, e Porto de Mós, a
Norte (Figura 4.6-4). O MCE é parte integrante da unidade hidrogeológica Orla
Ocidental, em que as formações geológicas que suportam o sistema são
maioritariamente rochas carbonatadas de idade Jurássica, predominando os
calcários
Figura 4.6-4: Localização do sistema aquífero Maciço Calcário Estremenho
O Maciço Calcário Estremenho forma um aquífero importante, no qual a água
apresenta processos rápidos de infiltração e circula em galerias subterrâneas. Ao
contrário da área situada à superfície deste maciço calcário, caracterizada pela
quase ausência de cursos de água, na sua periferia a água surge em nascentes
caudalosas, em que várias bacias endorreicas que fazem parte deste maciço
alimentam as nascentes. Do ponto de vista morfológico podem diferenciar-se neste
maciço três áreas distintas; a serra dos Candeeiros, a Oeste; o planalto de Santo
António, ao Centro e Sul; e o planalto de São Mamede e a Serra de Aire, a Norte e a
Este, respectivamente. A AIE de Cabeça Veada integra-se na Depressão da Mendiga,
entre os sectores da Serra dos Candeeiros e do Planalto de Sto. António.
O sistema aquífero maciço calcário estremenho, de comportamento tipicamente
cársico influencia o regime hídrico da região, não se tendo identificado na área AIE
de Cabeça Veada nenhuma nascente e/ou captação.
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De acordo com o PGRHTejo (APA/ARHTejo, 2012), as massas de água da sub-bacia do
rio Alviela apresentam estado inferior a bom, indicando os parâmetros físico-químicos
gerais e os biológicos como os responsáveis por este estado. Embora no PGRH sejam
apresentadas diversas medidas para se atingir o bom estado das massas de água,
essas medidas não estão directamente relacionadas com a indústria extractiva.
4.6.2.
DIAGNÓSTICO
O meio hídrico é uma componente biofísica com probabilidade de ser afectado pela
actividade extractiva. Assim, aspectos como a alteração da drenagem superficial
(com intersecção de linhas de água e ocupação de áreas dominadas pelas bacias
hidrográficas) e a intersecção dos níveis freáticos podem estar associadas à referida
actividade.
As potenciais influências da actividade extractiva nos recursos hídricos poderão ser
esquematizados em duas grandes linhas, nomeadamente a afectação do regime de
escoamento e a qualidade da água.
Na AIE de Cabeça Veada as características fisiográficas e geológicas em conjugação
com as da precipitação da região, induzem um regime hidrológico na rede
hidrográfica torrencial. Como já foi referido, o caudal circulante nos troços das linhas
de água afectados pela AIE apenas existe após ter acontecido uma chuvada
significativa, estando directamente condicionado pela sua intensidade.
Em termos meramente hidrográficos, nos concelhos de Porto de Mós e de Santarém,
de acordo com a análise efectuada, considera-se que as potenciais influências na
componente dos recursos hídricos superficiais não terão significado.
A AIE de Cabeça Veada insere-se na paisagem típica do carso do maciço calcário
estremenho, onde as condições de secura à superfície são marcantes devido à
escassez de recursos hídricos superficiais, podendo a água neste território constituir um
factor limitante ao uso do solo. A vegetação de ocorrência espontânea encontra-se
adaptada aos solos secos e pedregosos, reflectindo claramente a escassez de água à
superfície.
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Segundo as Plantas de Condicionantes dos Planos Directores Municipais de Porto de
Mós e de Santarém, a AIE de Cabeça Veada não está sujeita a nenhuma
condicionante biofísica no âmbito do factor recursos hídricos.
Segundo a Planta de Reserva Ecológica Nacional (REN) de Porto de Mós, a AIE de
Cabeça Veada abrangida por este concelho não inclui áreas de REN.
Face ao exposto, na AIE de Cabeça Veada a componente dos recursos hídricos
superficiais não constitui um elemento condicionante às propostas a desenvolver nas
fases seguintes do estudo. No entanto, a AIE localizado no concelho de Santarém é
considerada uma zona sensível para a protecção do solo e da água, pelo que deverá
ser objecto de intervenções específicas que visem proteger estes recursos naturais,
contribuindo assim para a gestão sustentável do território.
Relativamente
à
componente
dos
recursos
hídricos
subterrâneos,
face
às
características biofísicas do território e área dominada pela AIE de Cabeça Veada
também se considera que este não é um factor crítico para as propostas a
desenvolver nas fases seguintes do estudo.
Dada a vulnerabilidade deste tipo de aquífero podem ocorrer contaminações de
diversos tipos, podendo existir risco de poluição acidental.
4.7.
4.7.1.
CARACTERIZAÇÃO BIOLÓGICA
INTRODUÇÃO
No âmbito do presente PIER foi efetuada uma avaliação do património natural na AIE
de Cabeça Veada, tendo-se identificado os habitats, espécies de flora e fauna
associadas à área em estudo (apresentada na Figura 1 do ANEXO A – Metodologia de
Valoração).
A avaliação do património natural foi efetuada em duas fases, tendo a primeira
consistido na inventariação das espécies de flora, habitas, fauna e biótopos existentes.
Posteriormente, com base na informação recolhida, aplicou-se uma metodologia de
valoração aos elementos inventariados, com o fim de obter um zonamento espacial
dos valores naturais que possa servir de base às decisões de ordenamento.
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No âmbito deste capítulo, são descritas as metodologias de inventariação e
valoração empregues, uma descrição da flora, fauna e habitats presentes e por fim é
efetuada uma avaliação do zonamento de valores obtido.
4.7.2.
METODOLOGIA
4.7.2.1.
Inventariação do património natural
A avaliação dos valores naturais existentes na área estudada foi efetuada com
recurso a metodologias de campo e pesquisa bibliográfica. Uma descrição mais
detalhada das metodologias aqui resumidas pode ser encontrada no ANEXO A –
Metodologia de Valoração.
4.7.2.2.
Flora e vegetação
O estabelecimento de manchas de vegetação e uso do solo foi inicialmente efetuado
em ortofotomapas a cores com recurso a Sistemas de Informação Geográfica e
posteriormente confirmado e retificado no campo. Simultaneamente, foram realizados
levantamentos florísticos que permitiram o reconhecimento dos habitats presentes,
com base no Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º
49/2005, de 24 de Fevereiro e, o apuramento das suas percentagens de cobertura. Em
acréscimo, foi efetuada uma prospeção intensiva e direcionada às espécies de flora
de carácter conservacionista, mais relevantes ao nível do PNSAC, que incluiu as
espécies Narcissus calcícola, Arabis sadina, Silene longicilia, Saxifraga cintrana e Inula
montana que, permitiu também cartografar os locais de presença de outras espécies
de Flora importantes (listadas no Quadro 4 do ANEXO A – Metodologia de Valoração).
4.7.2.3.
Faun a e biótopos
A avaliação dos valores faunísticos visou identificar as espécies de potencial
ocorrência na área estudada. Nesse sentido foram efetuadas saídas de campo em
que se aplicaram diferentes técnicas de amostragem orientada para os diferentes
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grupos faunísticos, como pontos de escuta e observação de aves e transeptos para
pesquisa de indícios de mamíferos e visualização de espécimes de répteis e anfíbios.
Em acréscimo foi efetuada uma pesquisa bibliográfica12, permitindo identificar as
espécies potencialmente ocorrentes não detetadas.
A identificação dos biótopos existentes foi efetuada a partir da cartografia de habitats
e usos do solo efetuada no âmbito da caraterização da flora e vegetação.
4.7.2.4.
Valoração do Património Natural
A valoração da Flora, Vegetação e Habitats, bem como dos Biótopos presentes na
área em estudo, foi efetuada com base na metodologia utilizada pelo ICNF nos Planos
de Ordenamento das Áreas Protegidas13, tendo-se efetuado as adaptações
consideradas necessárias em função da realidade e escala da área em estudo. O
objetivo final do exercício de valoração é a obtenção de Cartas de Valores Florísticos
e Faunísticos, em que o valor do património natural é refletido numa escala de
relevância ecológica que varia entre Baixa e Excecional.
Ao nível da flora e vegetação a metodologia envolve a valoração, de forma
independente, dos habitats classificados e das espécies de flora mais relevantes sob o
ponto de vista da conservação e o cruzamento das valorações obtidas para a
obtenção de uma Carta de Valores Florísticos. De forma resumida a metodologia
envolve as seguintes etapas:
1. Definição e cartografia de unidades de vegetação, para elaboração da
Carta de Vegetação;
2. Valoração dos habitats;
3. Valoração da flora;
4. Aplicação do Valor Florístico às unidades de vegetação.
Relativamente à fauna, o processo de valoração envolve a avaliação dos biótopos
existente e da identificação de locais importantes para espécies mais relevantes.
12
BRUUN & FAPAS 1995, CABRAL et al. 2006, CATRY et al. 2010, EQUIPA ATLAS 2008, FERRAND DE ALMEIDA et al. 2001, ICN
2007, IUCN 2012, LOUREIRO et al. 2010, MATHIAS et al. 1999, MACDONALD & BARRET 1993, RAINHO et al. 1998.
13
ICN, 2005
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Resumidamente, a obtenção da Carta de Valores Faunísticos envolve as seguintes
etapas:
1. Definição dos Biótopos;
2. Valoração das Espécies associadas aos Biótopos;
3. Valoração Faunística dos Biótopos;
4. Identificação de locais prioritários.
A valoração das espécies foi efetuada com informação recolhida via pesquisa
bibliográfica14, avaliando os seus estatutos de conservação, as suas características
biológicas e a utilização por parte destas espécies pelos biótopos existentes. A
valoração faunística dos biótopos foi efetuada tendo em contas as 50 espécies mais
valoradas associadas a cada biótopo.
4.7.3.
CARATERIZAÇÃO ECOLÓGICA
4.7.3.1.
Flora
4.7.3.1.1.
Introdução e enquadramento
A área em estudo localiza-se no PNSAC que, dadas as suas caraterísticas,
nomeadamente geológicas e climáticas, constitui, no contexto nacional, uma área
detentora de um património florístico único15, quer pelo número elevado de espécies
presentes (acima de 600 espécies), quer pelo número considerável de espécies raras
e/ou ameaçadas, incluindo 27 espécies de orquídeas e endemismos lusitânicos16,17.
Esta importância é também confirmada pela presença de sete espécies vegetais
inscritas no Anexo B-II do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, alterado pelo DecretoLei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro, cuja conservação requer a delimitação de zonas
especiais de conservação, nomeadamente, Arabis sadina, Euphorbia transtagana
(mama-leite), Iberis procumbens subsp. microcarpa (assembleias), Juncus valvatus
(junco), Narcissus calcicola (nininas), Pseudarrhenatherum pallens e Silene longicilia18.
14
BRUUN & FAPAS 1995, CABRAL et al. 2006, CATRY et al. 2010, EQUIPA ATLAS 2008, FERRAND DE ALMEIDA et al. 2001, ICN
2007, IUCN 2012, LOUREIRO et al. 2010, MATHIAS et al. 1999, MACDONALD & BARRET 1993, RAINHO et al. 1998.
15
ICN, 2007
16
www.icnf.pt, 2012
17
Flor, 2005
18
idem
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A nível biogeográfico, e dado que a distribuição dos elementos florísticos e das
comunidades vegetais é condicionada pelas características físicas do território
(características edáficas e climáticas), é seguidamente efetuado o enquadramento
da biogeográfico da vegetação19.
Reino Holoártico
Região Mediterrânica
Província Gaditano-Onubo-Algarviense
Sector Divisório Português
Subsector Oeste-Estremenho
Superdistrito Estremenho
As Serras de Aire e Candeeiros pertencem à Região Mediterrânica que se carateriza
pelos bosques e matagais de espécies de carvalhos (Quercus suber – sobreiro,
Quercus ilex subsp. ballota – azinheira, Quercus coccifera – carrasco), a aroeira
(Pistacia lentiscus), o folhado (Viburnum tinus), o zambujeiro (Olea europaea var.
sylvestris), entre outras espécies vegetais20. Em particular, a Província Gaditano-OnuboAlgarviense é uma unidade rica em endemismos, como: Arabis sadina, Biarum galiani,
Brassica oxyrrhina, Euphorbia transtagana (mama-leite), Fritillaria lusitanica var.
stenophylla (fritilária), Juncus valvatus, Leuzea longifolia, Narcissus gaditanus, Narcissus
wilkommii, Salvia sclareoides (salva-do-sul), Serratula baetica subsp. lusitanica,
Stauracanthus spectabilis (tojo-vicentino), Thymus mastichina (bela-luz). Em exclusivo
do Setor Divisório Português salientam-se os endemismos Scrophularia grandiflora,
Senecio doronicum subsp. lusitanicus e Ulex jussiaei (tojo-durázio). Este setor, ao nível
da vegetação, inclui os bosques de carvalho-cerquinho (Arisaro-Quercetum broteroi),
os carrascais (Melico arrectae-Quercetum cocciferae e Quercetum coccifero-airensis)
e os arrelvados (Phlomido lychnitis-Brachypodietum phoenicoidis). Nas categorias infra
constam o Subsetor Oeste-Estremenho e o Superdistrito Estremenho, territórios onde
predominam as rochas calcárias e que possuem taxa exclusivos como: Asplenium rutamuraria (avenca-brava), Biarum arundanum, Cleonia lusitanica, Micromeria juliana,
Narcissus calcicola (nininas), Quercus ilex subsp. ballota (azinheira) e Scabiosa
turolensis. Na vegetação, estão presentes as séries de vegetação do carvalhocerquinho (Arisaro-Querceto broteroi S.), do sobreiro (Asparago aphylli-Querceto
suberis S.), e da azinheira (Lonicero implexae-Quercetum rotundifoliae S.). São também
19
Alves et al., 1998
20
Costa et al., 1998
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caraterísticas as comunidades rupícolas (Asplenietalia petrachae-Narciso calcicolaeAsplenietum ruta-murariae) e os tomilhais (Teucrio capitatae-Thymetum sylvestris).
4.7.3.1.2.
Elenco florístico e flora protegida
Os dados recolhidos no campo permitiram identificar na área de estudo 226 espécies
e subespécies e 157 géneros distribuídos por 55 famílias (Anexo B – Elenco Florístico). Da
análise do elenco, verificou-se que as famílias Asteraceae (34 taxa), Poaceae (24
taxa), Fabaceae (19 taxa) e Liliaceae (15 taxa), são as mais representadas na área de
estudo. Regista-se um número considerável de plantas herbáceas, algumas bulbosas,
típicas do subcoberto de bosques, matos e clareiras da aliança Quercion broteroi.
Foram registadas 34 espécies RELAPE (Raras, Endémicas, Localizadas, Ameaçadas ou
em Perigo de Extinção), distribuídas por 12 famílias (Quadro 4.7-1constituindo cerca de
16% da totalidade de taxa inventariados. Verifica-se que a maioria são endemismos
ibéricos (12 taxa) ou está abrangida pelo Decreto-Lei n.º 114/90, de 5 de abril
(Convenção CITES) (11 taxa), ocorrendo também um número expressivo de
endemismos lusitânicos (5 taxa), dois dos quais incluídos no Anexo B-II do Decreto-Lei
n.º 140/99, de 24 de abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro. A
família Orchidaceae foi a que registou maior número de taxa protegidos pela
legislação, com 11 espécies identificadas.
Quadro 4.7-1: Espécies com valor conservacionista inventariadas, com indicação do nome
comum (quando existente) e respetivo estatuto de proteção.
F AMÍLIA
G ÉNERO /ESPÉCIE
NOME C OMUM
ESTATUTO DE PROTEÇÃO
Fagaceae
Quercus ilex L. subsp. ballota
(Desf.) Samp.
Azinheira
Quercus suber L.
Sobreiro
Decreto-Lei n.º
254/2009, de 24 de
Setembro
Caryophyllaceae
Arenaria conimbricensis Brot.
subsp. conimbricensis
Endemismo Ibérico
Dianthus cintranus Boiss. & Reut.
subsp. barbatus R. Fern. &
Franco
Endemismo Lusitânico
Silene longicilia (Brot.) Otth
Endemismo Lusitânico;
Anexos B-II, B-IV e B-V
do Decreto-Lei n.º
140/99 de 24 de Abril,
alterado pelo DecretoLei n.º 49/2005, de 24
de Fevereiro
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F AMÍLIA
G ÉNERO /ESPÉCIE
NOME C OMUM
ESTATUTO DE PROTEÇÃO
Assembleias
Endemismo Lusitânico;
Anexos B-II, B-IV e B-V
do Decreto-Lei n.º
140/99 de 24 de abril,
alterado pelo DecretoLei n.º 49/2005, de 24
de fevereiro
Brassicaceae
Iberis procumbens Lange subsp.
microcarpa Franco & P. Silva
Saxifragaceae
Fabaceae
Araliaceae
Lamiaceae
Saxifraga cintrana Kuzinsky
Endemismo Lusitânico
Anthyllis vulneraria L. subsp.
gandogeri (Sagorski) W. Becker
ex. Maire (= Anthyllis lusitanica
Cullen & P. Silva)
Anexo B-V do DecretoLei n.º 140/99 de 24 de
abril, alterado pelo
Decreto-Lei n.º 49/2005
de 24 de fevereiro
Genista tournefortii Spach subsp.
tournefortii
Endemismo Ibérico
Ulex europaeus L. subsp.
latebracteus (Mariz) Rothm.
Tojo-arnal-do-litoral
Endemismo Ibérico
Ulex jussiae Webb
Tojo-durázio
Endemismo Lusitânico
Hedera maderensis K. Koch. ex.
A. Rutherf subsp. iberica
McAllister
Hera
Endemismo Ibérico
Salvia sclareoides Brot.
Salva-do-sul
Endemismo Ibérico
Teucrium haenseleri Boiss.
Scrophulariaceae
Poaceae
Liliaceae
Endemismo Ibérico
Thymus zygis L. subsp. sylvestris
(Hoffmanns & Link) Cout.
Sal-da-terra
Endemismo Ibérico
Antirrhinum linkianum Boiss. &
Reut.
Bocas-de-lobo
Endemismo Ibérico
Linaria amethystea (Vent.)
Hoffmanns. & Link subsp.
amethystea
Endemismo Ibérico
Avenula sulcata (Boiss.) Dumort.
subsp. occidentalis (Gervais)
Romero Zarco
Endemismo Ibérico
Koeleria vallesiana (Honckeny)
Gaudin subsp. vallesiana
Rara
Crocus serotinus Salisb. subsp.
serotinus
Açafrão-bravo
Endemismo Ibérico
Fritillaria lusitanica Wikström
Fritilária
Endemismo Ibérico
Gilbardeira
Anexo B-V do DecretoLei n.º 140/99 de 24 de
abril, alterado pelo
Decreto-Lei n.º
49/2005, de 24 de
fevereiro
Campainhas-amarelas
Anexo B-V do DecretoLei n.º 140/99 de 24 de
abril, alterado pelo
Decreto-Lei n.º
49/2005, de 24 de
fevereiro
Ruscus aculeatus L.
Amaryllidaceae
Narcissus bulbocodium L.
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F AMÍLIA
G ÉNERO /ESPÉCIE
NOME C OMUM
Orchidaceae
Anacamptis pyramidalis (L.) Rich.
Orquídea-piramidal
Barlia robertiana (Loisel.) W.
Greuter
Salepeira-grande
ESTATUTO DE PROTEÇÃO
Cephalantera longifolia (L.)
Fritsch
Ophrys fusca Lonk
Moscardo-fusco
Ophrys scolopax Cav.
Flor-dos-passarinhos
Ophrys tenthredinifera Willd.
Orchis mascula L.
Satirião-macho
Orchis morio L.
Testículo-de-cão
Orchis papilionacea L.
Erva-borboleta
Serapias lingua L.
Erva-língua
Serapias parviflora Parl.
Serapião-de-línguapequena
Decreto-Lei nº 114/90
de 5 de abril
(Convenção CITES)
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Figura 4.7-1: Áreas de ocorrência de espécies RELAPE de distribuição muito localizada.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
110
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a
b
Figura 4.7-2: Espécies RELAPE – endemismos lusitânicos - identificadas na área de estudo: a)
Silene longicilia; b) Saxifraga cintrana.
Contabilizaram-se 11 espécies da família Orchidaceae, incluídas na lista das espécies
RELAPE pela sua proteção conferida pelo Decreto-Lei n.º 114/90, de 5 de abril
(Convenção CITES) (Anexo I) (Figura 4.7-3).
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a
b
c
Figura 4.7-3: Espécies de orquídeas inventariadas na área de estudo: a) Anacamptis
pyramidalis (orquídea-piramidal); b) Barlia robertiana (salepeira-grande); c) Orchis
papilionacea (erva-borboleta).
4.7.3.1.3.
Vegetação
A área de estudo, excluindo as áreas intervencionadas, é dominada por um mosaico
de comunidades arbustivas de porte médio e baixo, de comunidades de prados
anuais e afloramentos rochosos, designadamente lapiás (Figura 4.7-4). De salientar, a
presença dispersa de indivíduos jovens de Quercus faginea subsp. broteroi (carvalhocerquinho) e de Quercus ilex subsp. ballota (azinheira) nas comunidades arbustivas.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
112
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Estas comunidades apresentam uma elevada diversidade florística, sendo exemplo as
seguintes espécies constituintes destas: Calluna vulgaris (torga-ordinária), Cistus albidus
(roselha-maior),
Cistus
crispus
(roselha),
Cistus
monspeliensis
(sargaço),
Cistus
psilosepalus (sanganho), Cistus salvifolius (saganho-mouro), Crataegus monogyna
(pilriteiro), Daphne gnidium (trovisco), Erica lusitanica (queiroga), Erica scoparia subsp.
scoparia (urze-das-vassouras), Genista tournefortii spp. tournefortii, Genista triacanthus
(ranha-lobo), Lavandula stoechas subsp. stoechas (rosmaninho), Lonicera etrusca
(madressilva-caprina), Lonicera implexa (madressilva), Olea europaea subsp. sylvestris
(zambujeiro), Phillyrea angustifolia (lentisco), Pyrus bourgaeana (carapeteiro), Quercus
coccifera (carrasco), Rhamnus alaternus (sanguinho-das-sebes), Rosmarinus officinalis
(alecrim), Thymus zygis subsp. silvestrys (sal-da-terra), Ulex europaeus subsp. europaeus
(tojo-arnal), Ulex europaeus subsp. latebracteus (tojo-arnal-do-litoral) e Ulex jussiae
(tojo-durázio).
Figura 4.7-4: Mosaico de comunidades arbustivas, de comunidades pratenses e de
afloramentos rochosos na da área de estudo.
4.7.3.2.
Habitats
A caracterização dos habitats tem como base principal a flora e a vegetação
presentes na área de estudo. Para além de identificados e caracterizados, os habitats
foram cartografados com base em fotografia aérea através da delimitação das
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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113
formações vegetais observadas – Carta de Habitats (Desenho 01, Anexo A). Ao nível
cartográfico e com base nas comunidades vegetais inventariadas, identificaram-se 12
habitats na área de estudo, dos quais 6 são habitats naturais, ou seja, encontram-se
abrangidos pelo Anexo B-I do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, alterado pelo
Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro, sendo três prioritários (assinalados por * e a
negrito):
-
Habitat 9240 Carvalhais ibéricos de Quercus faginea e de Quercus canariensis;
-
Habitat 9330 Florestas de Quercus suber;
-
Habitat 9340 Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia
-
Habitat 5330 Matos termomediterrânicos pré-desérticos,
o
Subtipo pt5 – Carrascais, espargueirais e matagais afins basófilos;
o
Subtipo pt7 – Matos baixos calcícolas;
-
Habitat 6110* Prados rupícolas calcários ou basófilos da Alysso-Sedion albi;
-
Habitat 6210 Prados secos seminaturais e fácies arbustivas em substrato
calcário (Festuco-Brometalia) (* importante habitat de orquídeas);
-
Habitat 6220* Subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea,
o
Subtipo pt1 - Arrelvados anuais neutrobasófilos;
-
Habitat 8210 Vertentes rochosas calcárias com vegetação camofítica;
-
Habitat 8240* Lajes calcárias
-
Eucaliptal;
-
Matos (Tojais, silvados);
-
Prados anuais;
-
Lapiás;
-
Área agrícola (Olival);
-
Área artificializada.
No Quadro 4.7-2, apresenta-se a área de ocupação dos diferentes habitats e usos do
solo que ocorrem na área de estudo e nos pontos seguintes apresenta-se a sua
descrição.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
114
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Quadro 4.7-2: Usos do solo e habitats existentes e respetiva área (ha) ocupada na área de
estudo (habitats prioritários assinalados por *).
Área
ocupada#
(ha)
Código Habitat
Descrição habitat/Uso do Solo
9240
Carvalhais ibéricos de Quercus faginea e de Quercus
canariensis
1,22
9330
Florestas de Quercus suber
0,36
9340
Bosques de Quercus rotundifolia
0,23
8210
Vertentes rochosas calcárias com vegetação camofítica
0,04
8240*
Lajes calcárias
1,40
5330pt5
Carrascais, espargueirais e matagais afins basófilos
1,87
5330pt7
Matos baixos calcícolas
10,91
6110*
Prados rupícolas calcários ou basófilos da Alysso-Sedion
albi
0,68
6210
Prados secos seminaturais e fácies arbustivas em substrato
calcário (Festuco-Brometalia) (* importante habitat de
orquídeas)
0,66
Subestepes de gramíneas e anuais da TheroBrachypodietea, Subtipo pt1 - Arrelvados anuais
neutrobasófilos
1,58
Eucaliptal
Eucaliptais de Eucalyptus globulus
0,54
Matos
Tojais e silvados
4,05
Prados anuais
Comunidades herbáceas sujeitas a pastoreio
0,55
Lapiás
Afloramentos rochosos
13,43
Área agrícola
Parcelas agrícolas de pequena dimensão
5,96
Área
artificializada
Áreas de atividade extrativa, acessos e outras
infraestruturas
19,98
6220*
Habitat 9240: Carvalhais ibéricos de Quercus faginea e Quercus canariensis
O habitat natural 9240 ocorre em contacto miscenal com a floresta de sobreiro
(habitat 9330) e corresponde a bosques, não higrófilos, com estrato arbóreo dominado
por Quercus faginea subsp. broteroi (carvalho-cerquinho), com estratos lianóide,
arbustivo latifoliado/espinhoso e herbáceo vivaz ombrófilo bem desenvolvidos. Tem
correspondência com a classe fitossociológica Quercetea ilicis, nomeadamente com
as alianças Quercion broteroi e Querco rotundifoliae-Oleion sylvestris. O carvalhal
apresenta os diferentes estratos com estrutura e composição complexa e diversa
(Figura 4.7-5), os quais se assemelham aos que ocorrem associados às florestas de
Quercus Suber (ver habitat seguinte).
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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115
Figura 4.7-5: Carvalhal de Quercus faginea subsp. broteroi (carvalho-cerquinho).
Habitat 9330: Florestas de Quercus suber
Na área de estudo, o habitat natural 9330 ocorre a sul da área de estudo, ocupando
uma pequena extensão e em contacto catenal com o habitat 9240. Habitat
caracterizado por bosques de copado cerrado, dominado por Quercus suber
(sobreiro), por vezes co-dominados por outras árvores. Apresenta os estratos lianóide,
arbustivo latifoliado/espinhoso e herbáceo vivaz ombrófilo bem desenvolvidos e com
intervenção humana reduzida ou nula no subcoberto. Tem correspondência
fitossociológica com as alianças Quercion broteroi e Querco rotundifoliae-Oleion
sylvestris, ambas da classe Quercetea ilicis.
O presente habitat apresenta uma diversidade florística relevante, onde estão
presentes as seguintes espécies características: Arisarum simorrhinum (candeias),
Aristolochia paucinervis (erva-bicha), Asparagus acutifolius (espargo-bravo-menor),
Asparagus albus (estrepes), Asparagus aphyllus (espargo-bravo-maior), Asplenium
onopteris (avenca-negra), Barlia robertina (salepeira-grande), Biarum arundanum,
Bupleurum rigidum subsp. paniculatum, Calamintha nepeta subsp. nepeta (erva-das-
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
116
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azeitonas),
Campanula
rapunculus
(campainha-rabanete),
Carex
distachya,
Cephalantera longifolia, Clinopodium vulgare (clinopódio), Crataegus monogyna
(pilriteiro), Daphne gnidium (trovisco), Genista tournefortii subsp. tournefortii, Geranium
robertianum (bico-de-grou), Hedera maderensis subsp. iberica (hera), Holcus mollis
subsp. mollis (erva-molar), Hyacinthoides hispanica (jacinto-dos-campos), Lonicera
etrusca (madressilva-caprina), Lonicera implexa (madressilva), Olea europaea var.
sylvestris (zambujeiro), Origanum vulgare subsp. virens (oregão), Osyris alba (cássiabranca), Paeonia broteroi (rosa-albardeira), Phillyrea angustifolia (lentisco), Pteridium
aquilinum
subsp.
bourgaeana
aquilinum
(carapeteiro),
(feto-do-monte),
Quercus
Pulicaria
coccifera
odora
(carrasco),
(montã),
Rhamnus
Pyrus
alaternus
(sanguinho-das-sebes), Rubia peregrina (raspalíngua), Rubus ulmifolius (silva), Ruscus
aculeatus (gilbardeira), Smilax aspera (salsaparrilha) e Tamus communis (uva-de-cão).
Habitat 9340: F Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia
O habitat natural 9340 ocorre muito pontualmente na área de estudo. Caracteriza-se
por formar bosques de copado cerrado, dominados por Quercus rotundifolia, por
vezes
co-dominados
por
outras
árvores;
com
latifoliado/espinhoso e herbáceo vivaz umbrófilo
estratos
lianóide,
arbustivo
bem desenvolvidos e com
intervenção humana reduzida ou nula sob coberto. Tem correspondência com a
classe fitossociológica Quercetea ilicis, nomeadamente com as alianças Quercion
broteroi e Querco rotundifoliae-Oleion sylvestris. Semelhante ao habitat anterior, o
azinhal apresenta uma estrutura formada por diferentes estratos de composição
diversa. Na área de estudo são características deste habitat as seguintes espécies:
Quercus ilex subsp. ballota (azinheira), Quercus coccifera (carrasco) Thymus zygis
subsp. sylvestris (sal-da-terra), Teucrium capitatum subsp. capitatum, Teucrium
haenseleri, Genista triacanthos (ranha-lobo), Ulex spp., Phillyrea angustifólia (lentisco),
Daphne gnidium (trovisco).
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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Habitat 5330: Matos termomediterrânicos pré-desérticos
Na área de estudo ocorrem comunidades arbustivas de elevada diversidade florística
que se enquadram no habitat natural 5330 – matos termomediterrânicos prédesérticos. Estes caracterizam-se por matagais altos meso-xerófilos mediterrânicos e
matos baixos calcícolas e a sua composição florística tem correspondência
fitossociológica com as classes Quercetea ilicis (ordem Pistacio lentisci-Rhamnetalia
alaterni), Cytisetea scopari-striati (alianças Retamion sphaerocarpae e Retamion
monospermae) e Rosmarinetea officinalis. Na área de estudo, ocorrem dois subtipos
de formações arbustivas principais, seguindo-se uma breve caracterização de cada
uma.
Subtipo pt5: Carrascais, espargueirais e matagais afins basófilos
São matagais densos, dominados geralmente por Quercus coccifera (carrasco) e são
constituídos maioritariamente por arbustos pirófilos, paleo-mediterrânicos esclerofilos,
adaptados a ciclos de recorrência de fogo não muito curtos e com capacidade de
rebentar de toiça após a perturbação. A composição florística destas formações é
variável
e
tem
correspondência
fitossociológica
com
a
aliança
Asparago
albi-Rhamnion oleoidis (classe Quercetea ilicis). Além do carrasco (Quercus coccifera),
estão presentes na área de estudo, as seguintes espécies características deste habitat:
Arisarum
simorrhinum
(candeias),
Asparagus
albus
(estrepes),
robertiana
(salepeira-grande),
Asparagus
Asparagus
Bupleurum
acutifolius
aphyllus
rigidum
(espargo-bravo-menor),
(espargo-bravo-maior),
subsp.
paniculatum,
Barlia
Carex
distachya, Crataegus monogyna (pilriteiro), Daphne gnidium (trovisco), Genista
tournefortii subsp. tournefortii, Hedera maderensis subsp. iberica (hera), Hyacinthoides
hispanica (jacinto-dos-campos), Lonicera etrusca (madressilva-caprina), Lonicera
implexa (madressilva), Olea europaea var. sylvestris (zambujeiro), Osyris alba (cássiabranca), Phillyrea angustifolia (lentisco), Pteridium aquilinum subsp. aquilinum (feto-domonte), Pulicaria odora (montã), Pyrus bourgaeana (carapeteiro), Rhamnus alaternus
(sanguinho-das-sebes), Rosmarinus officinalis (alecrim), Rubia peregrina (raspalíngua),
Ruscus aculeatus (gilbardeira) e Smilax aspera (salsaparrilha).
Dependente da ação antrópica, esta comunidade arbustiva pode apresentar na sua
composição outros arbustos representantes das classes fitossociológicas CallunoUlicetea e Cisto-Lavanduletea, ambas indicadoras de etapas subseriais avançadas de
degradação
dos
bosques
e
pré-bosques
climácicos.
São
exemplo
destas
comunidades arbustivas e presentes neste habitat com cobertura variável: Calluna
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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vulgaris (torga-ordinária), Cistus crispus (roselha), Cistus monspeliensis (sargaço), Cistus
psilosepalus (sanganho), Cistus salvifolius (saganho-mouro), Cytinus hypocistis (pútegasdas-escamas), Erica lusitanica (queiroga), Erica scoparia subsp. scoparia (urze-dasvassouras), Genista triacanthos (ranha-lobo), Lavandula stoechas subsp. stoechas
(rosmaninho), Ulex europaeus subsp. europaeus (tojo-arnal), Ulex europaeus subsp.
latebracteus (tojo-arnal-do-litoral), Ulex jussiae (tojo-durázio) e Xolantha tuberaria
(alcar).
Os matos pertencentes ao subtipo pt5 têm carácter permanente (clímaces préflorestais) ou são etapas de substituição de bosques climácicos. Na área de estudo,
salienta-se a presença dispersa de indivíduos jovens de quercíneas neste habitat,
nomeadamente de Quercus faginea subsp. broteroi (carvalho-cerquinho) e mais
raramente Quercus ilex subsp. ballota (azinheira) (Figura 4.7-6), o que reflete a
capacidade de regeneração das comunidades climácicas (florestais) típicas da
região. Este habitat ocorre na área de estudo em mosaico com matos baixos basófilos
(subtipo pt7) e com prados rupícolas (6110*).
Figura 4.7-6: Carrascal (habitat 5330 subtipo pt5).
Subtipo pt7: Matos baixos calcícolas
O subtipo pt7 caracteriza-se pela correspondência com a classe fitossociológica
Rosmarinetea officinalis, sendo definidos como matos baixos de calcários, resultantes
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119
da degradação das comunidades florestais ou dos matagais calcícolas (subtipo pt5).
Na área de estudo, esta comunidade é dominada por Thymus zygis subsp. sylvestis (salda-terra) estando ainda presente e, por vezes, co-dominante Rosmarinus officinalis
(alecrim) (Figura 4.7-7). A diversidade florística destes matos é elevada assim como o
valor conservacionista, estando presentes na área de estudo e sendo características
deste habitat: Anthyllis vulneraria subsp. gandogeri, Cistus albidus (roselha-maior), Iberis
procumbens subsp. microcarpa (assembleias), Ononis pusilla subsp. pusilla e Teucrium
capitatum subsp. capitatum.
Figura 4.7-7: Matos baixos calcícolas (habitat 5330 subtipo pt7), em co-dominância de
Rosmarinus officinalis (alecrim) e Thymus zygis subsp. sylvestris (sal-da-terra).
É de registar que nas orlas e clareiras deste subtipo, nas fendas dos afloramentos
rochosos, ocorrem comunidades de terófitos pioneiros e de carácter xerofítico (classe
Tuberarietea guttatae) (e representantes de prados de gramíneas e de herbáceas
vivazes
(classes
Festuco-Brometea,
Lygeo-Stipetea,
Stipo
gigantea-Agrostitea
castellanae). São representantes, na área de estudo, destas comunidades herbáceas
coexistentes com os matos baixos calcícolas: Agrostis castellana (agrostis), Allium
sphaerocephalon
Andryala
(alho-bravo),
corymbosa
Anacamptis
(alface-dos-calcários),
pyramidalis
Arenaria
(orquídea-piramidal),
conimbricensis
subsp.
conimbricensis, Brachypodium phoenicoides (braquipódio), Briza maxima (bole-bole-
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
120
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
maior), Centaurium erythraea subsp. grandiflorum (fel-da-terra), Crupina vulgaris,
Dactylis glomerata (panasco), Euphorbia exigua subsp. exigua (ésula-menor), Filago
lutescens subsp. atlantica, Gaudinia fragilis (azevém-quebradiço), Gladiollus communis
(espadana-dos-montes),
Hypericum
perforatum
subsp.
perforatum
(milfurada),
Hypochaeris glabra, Leuzea conifera, Linum strictum subsp. strictum, caraterizadoras do
habitat 6220*.
Como verificado pela descrição deste habitat na área de estudo, este representa um
refúgio para a biodiversidade, assim como tem um papel fundamental na retenção e
formação de solo e na regulação do ciclo de nutrientes.
Habitat 6110*: Prados rupícolas calcários ou basófilos da Alysso-Sedion albi
O habitat natural prioritário 6110* caracteriza-se por prados rupícolas calcários com
comunidades de plantas suculentas e tem correspondência fitossociológica com a
aliança
Calendulo
lusitanicae-Antirrhinion
linkiani
(classe
Phagnalo-Rumicetea
indurati). Estas comunidades são constituídas por plantas suculentas e outros caméfitos
e geófitos heliófilos, por vezes com abundantes terófitos efémeros. Estão presentes na
área de estudo as seguintes espécies características do habitat: Anthyllis vulneraria
subsp. gandogeri, Antirrhinum linkianum (bocas-de-lobo), Calendula suffruticosa subsp.
lusitanica, Dianthus cintranus subsp. barbatus, Iberis procumbens subsp. microcarpa
(assembleias),
Koeleria
vallesiana
subsp.
vallesiana,
Narcissus
bulbocodium
(campainhas-amarelas), Ononis pusilla subsp. pusilla, Phagnalon saxatile (alecrim-dasparedes), Rosmarinus officinalis (rosmaninho), Saxifaga cintrana (Figura 4.7-8), Sedum
album, Sedum sediforme (erva-pinheira), Silene longicilia e Thymus zygis subsp. sylvestris
(sal-da-terra).
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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121
Figura 4.7-8: Prado rupícola com Saxifraga cintrana.
Habitat 6210: Prados secos seminaturais e fácies arbustivas em substrato calcário
(Festuco-Brometalia) (* importante habitat de orquídeas)
O habitat natural 6210 corresponde a arrelvados vivazes xerófilos, frequentemente
ricos
em
orquídeas,
de
substratos
calcários
e
que
tem
correspondência
fitossociológica com a aliança Brachypodion phoenicoidis (classe Festuco-Brometea).
Os prados secos na área de estudo não são frequentes, apresentam uma baixa área
de ocupação e ocorrem sobretudo no subcoberto de alguns eucaliptais e em
mosaico com prados anuais, com as comunidades arbustivas do habitat 5330
(subtipos pt5 e pt7) e com as comunidades rupícolas (habitat 6110*). O habitat
inventariado na área de estudo é dominado por Brachypodium phoenicoides
(braquipódio), ocorrendo frequentemente Allium roseum (alho-rosado), Avenula
sulcata subsp. occidentalis, Centaurium erythraea subsp. grandiflorum (fel-da-terra),
Dactylis
glomerata
(panasco),
Gladiollus
communis
(espadana-dos-montes),
Hypericum perforatum subsp. perforatum (milfurada), Melica ciliata subsp. magnolii
(mélica-ciliada), Nepeta tuberosa, Teucrium chamaedrys (carvalhinha), tendo sido
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
122
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observado apenas duas espécies de orquídea, Anacamptis pyramidalis (orquídeapiramidal) e Orchis papilionacea (erva-borboleta).
Este habitat, subserial dos azinhais calcícolas, é muito pouco frequente na área de
estudo, em que as espécies características encontram-se muitas vezes nas orlas e
clareiras dos matos baixos calcícolas (habitat 5330pt7), revelando a progressão
evolutiva das comunidades vegetais.
Este habitat não foi considerado como prioritário dado que não reúne os critérios
indicados no Anexo B-I do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, alterado pelo
Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro:
-
Composição rica em espécies de orquídeas (mais de 4 espécies);
-
Presença de uma população importante (mais de 20 indivíduos) de uma ou
mais espécies de orquídeas;
-
Presença de uma ou mais espécies de orquídeas consideradas raras ou
ameaçadas no território nacional: Dactylorrhiza insularis, Orchis collina, Ophrys
atrata e Ophrys dyris.
Em conclusão, na área de estudo verifica-se a sucessão ecológica da passagem de
comunidades herbáceas para comunidades arbustivas.
Habitat 6220* Subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea
Nas orlas e clareiras dos matos baixos calcícolas ocorrem comunidades de terófitos
pioneiros e de carácter xerofítico (classe Helianthemetea guttati) que se enquadram
no subtipo pt1 - Arrelvados Anuais Neutrobasófilos e se caraterizam pela presença de
plantas heliófilas efémeras que florescem e entram em senescência entre o início da
primavera e o início do Verão. São habitats com elevada diversidade florística, que
albergam espécies raras e endémicas, sendo por isso prioritários.
Na área de estudo, são representantes, destas comunidades herbáceas: Allium
roseum (alho-rosado), Allium sphaerocephalon (alho-bravo), Anacamptis pyramidalis
(orquídea-piramidal), Andryala corymbosa (alface-dos-calcários), Andryala integrifolia
(tripa-de-ovelha),
Arenaria
conimbricensis subsp.
conimbricensis,
Brachypodium
phoenicoides (braquipódio), Briza maxima (bole-bole-maior), Centaurium erythraea
subsp. grandiflorum (fel-da-terra), Euphorbia exigua subsp. exigua (ésula-menor), Filago
lutescens subsp. atlantica, Hypericum perforatum subsp. perforatum (milfurada),
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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123
Hypochaeris glabra, Leuzea conifera, Linum strictum subsp. strictum, Melica ciliata
subsp. magnolii (mélica-ciliada), Ornithogalum bourgaeanum (leite-de-galinha),
Ophrys fusca (moscardo-fusco), Ophrys scolopax (flor-dos-passarinhos), Ophrys
tenthredinifera, Orchis morio (testículo-de-cão), Teucrium chamaedrys (carvalhinha), e
Xolantha guttata (Figura 4.7-9).
Figura 4.7-9: Clareira de arrelvados anuais neutrobasófilos em mosaico com matos.
Como se verifica pela descrição deste habitat na área de estudo, este representa um
refúgio para a biodiversidade. É de salientar também o seu papel fundamental na
retenção e formação de solo e na regulação do ciclo de nutrientes.
Habitat 8210: Vertentes rochosas calcárias com vegetação casmofítica
O habitat natural 8210 é caracterizado por afloramentos rochosos calcários com
vegetação vascular casmofítica calcícola, tendo correspondência fitossociológica
com a aliança Asplenion gladulosi, ordem Asplenetalia gladulosi, classe Asplenietea
trichomanis. Caracteriza-se por fissuras verticais e horizontais estreitas de rochas
carbonatadas,
colonizadas
por
hemicriptófitos,
geófitos
e
caméfitos
muito
especializados onde algumas espécies se destacam pela sua raridade, como por
exemplo Narcissus scaberulus subsp. calcícola (nininas). Estão presentes na área de
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
124
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estudo e características deste habitat: Asplenium billotii (fentilho), Asplenium
ruta-muraria
subsp.
ruta-muraria
(arruda-dos-muros),
Koeleria
vallesiana
subsp.
vallesiana e Melica minuta (Figura 4.7-10).
Figura 4.7-10: Vertente calcária.
Habitat 8240* Lajes calcárias
As Lajes calcárias constituem plataformas rochosas horizontais a pouco inclinadas,
com um reticulado de fendas colonizadas por diferentes tipos de vegetação, tais
como plantas herbáceas rupícolas (classe Asplenietea trichomanis), arbustos (Figura
4.7-11), e árvores com correspondência fitossociológica na aliança PistacioRhamnetalia p.p. (classe Quercetea ilicis). Na área de estudo as espécies presentes
nas fendas das lajes calcárias incluem Ruscus aculeatus, Quercus coccifera, Hedera
maderensis subsp. iberica, Asplenium trichomanes subsp. quadrivalens (avencão),
Ceterach officinarum subsp. Officinarum (doiradinha) e Brachypodium phoenicoides
(braquipódio), bem como algumas orquídeas; Cephalantera longifolia, Orchis morio e
Orchis mascula.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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125
Figura 4.7-11: Lajes calcárias.
Eucaliptal
Os eucaliptais de Eucalyptus globulus da área de estudo têm dimensão reduzida,
sendo pouco expressivos. No seu subcoberto observa-se uma dominância de
comunidades herbáceas, ocorrendo muitas vezes o habitat 6210 em mosaico com
comunidades ruderais. De salientar a presença pontual de espécies arbustivas, como
são exemplo Cistus crispus (roselha), Cistus salvifolius (sanganho-mouro), Daphne
gnidium (trovisco), Erica scoparia subsp. scoparia (urze-das-vassouras), Phillyrea
angustifolia (lentisco), Quercus coccifera (carrasco), Rosmarinus officinalis (alecrim),
Rubus ulmifolius (silva), Ulex europaeus subsp. europaeus (tojo-arnal) e Ulex europaeus
subsp. latebracteus (tojo-arnal-do-litoral). De igual modo, os eucaliptais na área de
estudo apresentam, no subcoberto, uma continuidade das comunidades naturais
inventariadas (Figura 4.7-12).
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
126
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Figura 4.7-12: Eucaliptal.
Matos
Na área de estudo as comunidades arbustivas que não constituem habitats naturais
são dominadas manchas de silvado de Rubus ulmifolius, cuja presença se verifica
predominantemente em zonas de depressão com alguma humidade e outras áreas
alteradas pelo homem. Estas zonas possuem uma reduzida diversidade florística.
Ocorrem também áreas de tojal, comunidades arbustivas que apresentam na sua
composição, arbustos representantes das classes fitossociológicas Calluno-Ulicetea e
Cisto-Lavanduletea,
degradação
dos
ambas
bosques
indicadoras
e
de
pré-bosques
etapas
subseriais
climácicos.
São
avançadas
exemplo
de
destas
comunidades arbustivas e presentes neste habitat com cobertura variável: Calluna
vulgaris (torga-ordinária), Cistus crispus (roselha), Cistus salvifolius (saganho-mouro),
Erica scoparia subsp. scoparia (urze-das-vassouras), Genista triacanthos (ranha-lobo),
Lavandula
stoechas
subsp.
stoechas
(rosmaninho)
e
Ulex
europaeus
subsp.
latebracteus (tojo-arnal-do-litoral).
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127
Prados anuais
Na área de estudo ocorrem prados anuais, onde se regista algum pastoreio e que são
dominados por herbáceas da classe fitossociológica Stellarietea mediae (Figura 4.713). Esta unidade caracteriza vegetação nitrofílica ou subnitrofílica, constituída por
pequenos terófitos ou pequenos geófitos, estando presentes neste habitat as seguintes
espécies características: Anagallis arvensis (morrião), Anagallis monelli (morriãogrande), Avena barbata (balanco-bravo), Bromus madritensis (espadana), Calendula
arvensis
(erva-vaqueira),
Centaurea
(cardinho-das-almorreimas),
melitensis
Chamaemelum
(beija-mão),
mixtum
Centaurea pullata
(margaça),
Coleostephus
myconis (pampilho-de-micão), Echium plantagineum (soagem), Echium tuberculatum
(viperina), Euphorbia segetalis (alforva-brava), Galactites tomentosa (cardo), Lagurus
ovatus (rabo-de-lebre), Linaria amethystea subsp. amethystea, Malva hispanica
(malva-de-espanha), Papaver dubium (papoila-longa), Plantago afra (erva-daspulgas),
Plantago
lagopus
(erva-da-mosca),
Rostraria
cristata
(rabo-de-cão),
Spergularia segetalis (sapinho-das-pastagens), Trifolium angustifolium (trevo-das-folhasestreitas), Trisetaria panacea, Urospermum picroides (leituga-de-burro), Vulpia ciliata e
Vulpia geniculata.
Figura 4.7-13: Prado anual.
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Salienta-se ainda a presença de espécies de outras classes fitossociológicas,
principalmente nos locais com mais substrato rochoso e com menor pressão antrópica:
-
Artemisietea vulgaris (vegetação nitrófila vivaz dominada por grandes
herbáceas vivazes, cardos bienais ou perenes): Carduus tenuiflorus (cardoazul), Centaurea calcitrapa (cardo-estrelado), Convolvulus arvensis (corriola),
Daucus
carota
(cenoura-brava),
Eryngium
campestre
(cardo-corredor),
Lactuca serriola (alface-brava-menor), Scolymus hispanicus (cangarinha);
-
Molinio-Arrhenatheretea (vegetação de prados densos e juncais que se
desenvolvem em solos profundos e húmidos): Bellis perennis (margarida),
Blackstonia perfoliata subsp. perfoliata, Crepis capillaris (almeirão-branco),
Holcus lanatus (erva-lanar), Hypochaeris radicata (leiteirigas), Lotus corniculatus
(cornichão);
-
Tuberarietea guttatae (vegetação de terófitos pioneiros efémeros, de pequeno
tamanho e de carácter xerofítico): Andryala corymbosa (alface-dos-calcários),
Arenaria conimbricensis subsp. conimbricensis, Briza maxima (bole-bole-maior),
Crupina vulgaris, Euphorbia exigua subsp. exigua (ésula-menor), Filago
lutescens subsp. atlantica, Hypochaeris glabra, Linum strictum subsp. strictum,
Petrorhagia nanteuilii, Rumex bucephalophorus subsp. gallicus (catacuzes),
Teesdalia coronopifolia, Tolpis barbata (olho-de-mocho), Trifolium campestre
(trevo-amarelo), Trifolium stellatum (trevo-estrelado), Vulpia myuros, Xolantha
guttata.
Lapiás
Na área de estudo ocorrem afloramentos de rocha calcária em diferentes fases do
processo meteorização, que dão origem a áreas rochosas mais ou menos contínuas
com aspetos diversos que incluem os campos de Lapiás, Lapiás de vertente, os
Megalapiás e zonas descontínuas de Lapiás mais evoluídos (Figura 4.7-14). Na área de
estudo as áreas de Lapiás são dominadas por estas formações rochosas descontinuas,
e encontram-se em mosaicos com matos baixos calcíolas, carrascais, e comunidades
herbáceas. Estas áreas rochosas tendem a albergar, à semelhança das vertentes
calcárias, espécies da flora vascular casmofítica calcícola.
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Figura 4.7-14: Campos de Lapiás.
Área agrícola
Na área de estudo ocorrem olivais abandonados (Figura 4.7-15) cujo subcoberto
apresenta comunidades arbustivas do habitat 5330 (subtipos pt5 e pt7) e das classes
fitossociológicas Calluno-Ulicetea e Cisto-Lavanduletea. São espécies dominantes
neste habitat Barlia robertiana (salepeira-grande), Cistus albidus (roselha-maior), Cistus
crispus (roselha), Cistus monspeliensis (sargaço), Cistus salvifolius (sanganho-mouro),
Daphne gnidium (trovisco), Erica scoparia subsp. scoparia (urze-das-vassouras),
Genista tournefortii subsp. tournefortii, Genista triacanthos (ranha-lobo), Lavandula
stoechas subsp. stoechas (rosmaninho), Olea europaea var. sylvestris (zambujeiro),
Phillyrea angustifolia (lentisco), Quercus coccifera (carrasco), Rhamnus alaternus
(sanguinho-das-sebes), Rosmarinus officinalis (alecrim), Thymus zygis subsp. sylvestris
(sal-da-terra), Ulex europaeus subsp. europaeus (tojo-arnal) e Ulex europaeus subsp.
latebracteus (tojo-arnal-do-litoral). Os olivais revelam não só a continuidade das
comunidades naturais da área de estudo assim como capacidade de regeneração
das comunidades vegetais climácicas ou pré-climácicas.
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Figura 4.7-15: Olival abandonado.
Área artificializada
As áreas artificializada estão associadas a atividades humanas onde o coberto
vegetal está alterado e/ou é praticamente inexistente (Figura 4.7-16). Foram incluídos
neste habitat, as áreas em exploração, as escombreiras, as estradas e os caminhos.
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Figura 4.7-16: Área artificializada.
4.7.3.3.
Fauna e Biótopo s
4.7.3.3.1.
Introdução
Em função da grande variedade de habitats existente, o PNSAC revela-se uma área
de conservação importante para a fauna, sobretudo para algumas aves e mamíferos.
Em particular, dadas as caraterísticas geomorfológicas existentes, é uma área
importante para várias espécies de quirópteros, e espécies de aves associadas a
ambientes rupícolas, como a gralha-de-bico-vermelho e o bufo-real, que encontram
nas cavidades rochosas, vertentes e demais ambientes rochosos, condições favoráveis
de reprodução e abrigo. A importância do PNSAC como área de conservação para a
fauna está também refletida no fato de a área albergar numerosas espécies de fauna
que são consideradas ameaçadas ou merecedoras de mecanismos de proteção aos
níveis nacional21 e internacional22,23,24,25.
21
CABRAL et al. 2006,.
22
Anexos do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de
fevereiro (revê a transposição para Portugal da Directiva Aves - Directiva n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de abril,
alterada pelas Directivas n.º 91/244/CE, da Comissão, de 6 de março, 94/24/CE, do Conselho, de 8 de junho, e 97/49/CE, da
Comissão, de 29 de junho; e da Directiva Habitats – Directiva n.º 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de maio, com as alterações
que lhe foram introduzidas pela Directiva n.º 97/62/CE, do Conselho, de 27 de outubro).
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A distribuição das espécies de fauna dentro da área do PNSAC, reflete as relações
ecológicas das espécies com a ocupação do solo, particularmente com as
caraterísticas da vegetação. Desta forma, através da caracterização dos biótopos
presentes na área de estudo e dos requisitos ecológicos das espécies de fauna, é
possível identificar a comunidade faunística de cada biótopo, consitutida pelas
espécies que exploram os recursos aí existentes. De acordo com o documento Revisão
do Plano de Ordenamento do PNSAC – Caracterização e Diagnóstico do ICNB26 é
possível identificar as seguintes tipologias gerais de biótopos às quais se encontra
associada uma comunidade faunística particular: matos rasteiros e esparsos,
matagais, espaços florestais, espaços agrícolas, alcantilados rochosos e zonas
húmidas.
4.7.3.3.2.
Comunidade Faunística da área de estudo
O Elenco faunístico potencial da área de estudo é composto por 181 espécies de
vertebrados terrestres (13 anfíbios, 17 répteis, 106 aves e 45 mamíferos) estas
encontram-se listadas nos Quadros 1, 2, 3 e 4 do Anexo Fauna, destas foi confirmada a
presença de 27 (1 réptil, 25 aves e 1 mamífero).
Considerando os estatutos de Conservação, são potenciais 20 espécies ameaçadas:
três Criticamente em Perigo (CR), três Em Perigo (EN) e 14 Vulneráveis (VU). Nos
levantamentos de campo foi confirmada a presença apenas de uma espécie
ameaçada, com o estatuto EN: gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax).
Foi também confirmada a ocorrência de uma espécie com estatuto Quase
Ameaçada (NT): coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus).
O enquadramento legal de proteção nacional e comunitário do elenco de
vertebrados, dado para a área de estudo, é apresentado no Quadro 4.7-3.
23
Anexos das Convenções de Bona (ratificada pelo Decreto-Lei n.º 103/80, de 11 de outubro);
24
Anexos das Convenções de Berna (ratificada por Portugal pelo Decreto-Lei n.º 95/81, de 23 de julho regulamentado pelo
Decreto-Lei n.º 316/89, de 22 de setembro)
25
Anexos da Convenção CITES (Decreto n.º 50/80, de 23 de julho - aprovação da Convenção de Washington; Decreto-Lei
n.º 114/90 de 5 de abril (Anexos I, II e III) - regulamenta a aplicação da Convenção em Portugal; Portaria n.º 352/92, de 19
de novembro); Regulamento (CE) n.º 338/97 do Conselho, de 9 de dezembro de 1996, complementado pelo Regulamento
(CE) n.º 1332/2005 da Comissão de 9 de agosto (Anexos A, B, C e D);
26ICN,
2007
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Quadro 4.7-3: Enquadramento legal das espécies potenciais da área de estudo
NÚMERO DE ESPÉCIES POR CLASSE
E NQUADRAMENTO L EGAL
ANFÍBIO
RÉPTEIS
AVES
MAMÍFEROS
Anexo II A
-
-
19
1
Anexo A
-
-
3
-
-
-
38
18
Anexo II
6
4
79
18
Anexo III
7
13
23
16
Convenção CITES
Convenção de Bona
Anexo II
Convenção de Berna
Diretiva Aves e Habitat (Decreto-Lei n.º 140/99, de 24/04, alterado pelo Decreto-Lei n.º
49/2005, de 24/02)
4.7.3.3.3.
Anexo A-I
-
-
17
-
Anexo B-I
-
-
-
20
Anexo B-II
1
-
-
10
Anexo B-IV
7
3
-
20
Anexo B-V
1
-
-
3
Anexo D
-
-
10
2
Biótopos e Comunidades
Os biótopos que ocorrem na área de estudo constam do A maior parte da área em
estudo é ocupada por Área agrícola e Artificializada. Os biótopos naturais dominantes
na área de estudo são as florestas Autóctones e Matagais com as Florestas Não
Autóctones a ocuparam uma área semelhante. Prados e Matos Rasteiros e Ambientes
Rochosos são minoritários na área em estudo.
A distribuição dos biótopos na área em estudo consta na Carta de Biótopos (Desenho
02, do Anexo A).
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Quadro 4.7-4. Foram identificados quase todos os biótopos considerados no POPNSAC,
com a exceção de zonas húmidas relevantes. As zonas com disponibilidade de água
existentes na área de estudo são de pequena dimensão, resultantes de acumulação
da precipitação em depressões nas rochas (Pias), geralmente de carácter temporário.
Desta forma estas áreas foram consideradas no biótopo Ambientes Rochosos.
A maior parte da área em estudo é ocupada por Área agrícola e Artificializada. Os
biótopos naturais dominantes na área de estudo são as florestas Autóctones e
Matagais com as Florestas Não Autóctones a ocuparam uma área semelhante. Prados
e Matos Rasteiros e Ambientes Rochosos são minoritários na área em estudo.
A distribuição dos biótopos na área em estudo consta na Carta de Biótopos (Desenho
02, do Anexo A).
Quadro 4.7-4: Biótopos existentes, habitats correspondentes, e representatividade (ha) na área
em estudo.
BIÓTOPO
UNIDADE DE VEGETAÇÃO/USO DO SOLO
Prados e Matos
Prados rupícolas (6110*), Prados secos (6210),
rasteiros
Subestepes de gramíneas (6220*), Prados anuais, Matos
ÁREA#
(ha)
14,38
baixos calcícolas (5330pt7)
Matagais
Espaços florestais
autóctones
Espaços florestais
não autóctones
Ambientes rochosos
Área agrícola
Áreas Artificializadas
#Nota:
Carrascais (5330pt5), Matos (Tojais e silvados)
5,92
Carvalhal (9240), Sobreiral (9330), Azinhal (9340)
1,81
Eucaliptal
0,54
Lajes calcárias (8240*), Vertentes calcárias (8210),
Lapiás
Área agrícola (Áreas cultivadas e pastagens)
Áreas Artificializadas (Pedreiras, caminhos,
escombreiras, urbanizações e outros edifícios)
14,88
5,96
19,98
Dado que existem áreas de sobreposição de dois ou mais biótopos, a soma das áreas apresentadas
é superior à área de estudo.
Seguidamente são descritos os diferentes biótopos presentes na área de estudo da AIE
da Cabeça Veada, destacando a sua importância para os diferentes taxa faunísticos
potenciais e confirmados (destacados a negrito).
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Comunidade faunística dos Prados e Matos Rasteiros
A comunidade faunística dos prados e matos rasteiros agrupa as espécies que
habitam e exploram os recursos onde predomina uma vegetação de porte e
cobertura reduzida. Prados, permanentes ou não, e afloramentos rochosos de
superfície do tipo lapiás, que condicionam o desenvolvimento da vegetação,
constituem também suporte desta comunidade.
São habitats pouco favoráveis para os anfíbios devido à sua aridez, apenas
encontrando condições para a sua sobrevivência pela elevada humidade do ar, que
se condensa, precipitando-se no solo e na vegetação. Assim, poderão ocorrer
espécies menos dependentes dos meios aquáticos, em parte do seu ciclo de vida,
como
a
salamandra-de-costelas-salientes
salamandra-de-pintas-amarelas
(Salamandra
(Pleurodeles
salamandra),
o
waltl),
a
tritão-marmorado
(Triturus marmoratus) e o sapo-comum (Bufo bufo).
A aridez desfavorável aos anfíbios torna-se favorável para os répteis, constituindo assim
boas condições para o seu desenvolvimento. Como espécies mais características
destacam-se o sardão (Timon lepidus), a lagartixa-ibérica (Podarcis hispanicus), a
lagartixa-do-mato-ibérica
(Psammodromus
hispanicus),
a
lagartixa-de-dedos-denteados (Acanthodactylus erythrurus) a víbora-cornuda (Vipera
latastei) e a cobra-rateira (Malpolon mospessulanus).
Quanto à comunidade ornitológica, é esperada a presença de espécies típicas dos
espaços abertos, sendo que a diversidade de espécies destes locais é pequena
quando comparado com as outras comunidades, nomeadamente no que diz respeito
a espécies nidificantes. Contudo, algumas possuem grande valor conservacionista. As
espécies mais características são a perdiz (Alectoris rufa), a laverca (Alauda arvensis),
a petinha-dos-campos (Anthus campestris), a gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax
pyrrhocorax), a felosa-do-mato (Sylvia undata) e o chasco-ruivo (Oenanthe
hispanica). Constituem ainda importantes áreas de alimentação para alguns
corvídeos como o corvo (Corvus corax), a gralha-preta (Corvus corone) e algumas
aves de rapina como a águia-cobreira (Circaetus gallicus), a águia-de-asa-redonda
(Buteo buteo) e o peneireiro-comum (Falco tinnunculus). Nas zonas de prado
poderemos observar avifauna característica como: o cartaxo (Saxicola torquatus), o
pintassilgo (Carduelis carduelis), o verdilhão (Carduelis chloris), o tentilhão (Fringilla
coelebs), entre outros.
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136
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Os matos rasteiros e esparsos, não são um habitat muito favorável para os mamíferos,
contudo é possível a presença de espécies como o musaranho-de-dentes-brancos
(Crossidura russula), a lebre (Lepus granatensis), o rato-do-campo (Apodemus
sylvaticus), a raposa (Vulpes vulpes) e a doninha (Mustela nivalis).
Comunidade faunística dos matagais
Os matagais surgem nas áreas não exploradas pelo homem (Área Artificializadas e
Áreas Agrícolas), a marginar ou em mosaico com outros biótopos, nomeadamente
Afloramentos Rochosos e Prados e Matos Rasteiros. A sua área de distribuição localizase, predominantemente, nas encostas de declive acentuado e de solo pedregoso,
resultante do abandono da cultura do olival e por degradação sucessiva das
formações vegetais mais evoluídas.
Neste tipo de comunidade faunística são poucas as espécies de anfíbios, pelo que
nenhuma merece especial relevância, principalmente porque utilizam as zonas
periféricas dos matagais (zonas agrícolas e caminhos) ou zonas próximas de pontos de
água. Tanto na área de estudo como em redor da mesma existem vários caminhos,
porém não existem zonas com disponibilidade de água importantes para este grupo,
principalmente na época de reprodução.
Por outro lado, os répteis encontram-se bem representados neste tipo de biótopo,
sendo a comunidade a este associada a que melhor representa este grupo faunístico,
em consequência das boas condições ecológicas. Neste tipo de biótopo é possível
encontrar espécies características como o sardão (Timon lepidus), a lagartixa-do-mato
(Psammodromus
algirus),
a
lagartixa-de-dedos-denteados
(Acanthodactylus
erythrurus), a lagartixa-ibérica (Podarcis hispanicus), a cobra-rateira (Malpolon
monspessulanus), a cobra-de-escada (Rhinechis scalaris) e a cobra-de-ferradura
(Hemorrhois hippocrepis).
Ao nível das aves, a riqueza específica em diversidade e valor conservacionista nos
matagais assume um valor intermédio entre as comunidades adjacentes (matos
rasteiros e esparsos, zonas agrícolas e espaços florestais), variando consoante o grau
de cobertura e desenvolvimento dos mesmos. Quando associados em mosaico
assumem um elevado valor ecológico, aumentando consideravelmente o número de
espécies existentes, principalmente pela proteção e abrigo que proporcionam. Das
espécies
de
aves
mais
relevantes
destacam-se
pela
sua
abundância
a
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toutinegra-de-cabeça-preta (Sylvia melanocephala), o rouxinol-comum (Luscinia
megarhynchos) e o pintarroxo (Carduelis cannabina). Também destacada, mas pelo
seu valor conservacionista temos a águia-cobreira (Circaetus gallicus).
Na comunidade dos mamíferos os matagais assumem importância pela sua
tranquilidade e como locais de refúgio e abrigo. São características as espécies como
o musaranho-de-dentes-brancos (Crossidura russula), o coelho-bravo (Oryctolagus
cuniculus), o rato-do-campo (Apodemus sylvaticus), a raposa (Vulpes vulpes), o
sacarrabos (Herpestes ichneumnon), o gato-bravo (Felis silvestris) e o javali (Sus scrofa).
Comunidade faunística dos espaços florestais naturais
As comunidades de florestas autóctones revelam-se um meio pouco propício ao
desenvolvimento de comunidades de anfíbios, dependendo muito da presença de
pontos de água à superfície, ou de zonas marginais de contacto onde estes ocorram,
no caso presente, os caminhos.
Quanto aos répteis, embora podendo encontrar-se um número significativo de
espécies, mesmo sendo um meio pouco favorável, desde que estes espaços não
sejam muito fechados, poderão reunir características ecológicas semelhantes às dos
matagais. Como espécie de maior interesse podem ocorrer a lagartixa-de-dedosdenteados (Acanthodactylus erythrurus), que apresenta uma distribuição muito
localizada na área da serra. Contudo, é também provável encontrar espécies como a
lagartixa-ibérica (Podarcis hispanicus), a lagartixa-do-mato (Psamodromus algirus) e a
cobra-rateira (Malpolon mospessulanus).
Na comunidade das aves, espécies como o chapim-azul (Parus caeruleus) são
comuns nos carvalhais, sobreirais e olivais. São também características das zonas
florestais da área de estudo a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo), o pombo-torcaz
(Columba palumbus), o pica-pau-malhado-grande (Dendrocopos major), o gaio
(Garrulus glandarius), a toutinegra-de-barrete (Sylvia atricapilla), o pisco-de-peito-ruivo
(Erythacus rubecula), a estrelinha-real (Regulus ignicapilla), o chapim-rabilongo
(Aegythalus caudatus), o chapim-de-poupa (Parus cristatus), a trepadeira-comum
(Certhia brachydactyla) e o tentilhão (Fringilla coelebs). Com maior interesse
conservacionista, porém menos frequentes, ocorrem as espécies como a águiacalçada (Hieraetus pennatus), o gavião (Accipiter nisus), o açor (Accipiter gentilis), a
coruja-do-mato (Strix aluco) e o torcicolo (Jynx torquilla).
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Ao nível da comunidade de mamíferos as espécies presentes neste biótopo são
essencialmente de carácter ubiquista, destacando-se a função de refúgio que este
meio apresenta para as mesmas. São características espécies como o musaranho-dedentes-brancos (Crossidura russula), o rato-do-campo (Apodemus sylvaticus), a raposa
(Vulpes vulpes), o texugo (Meles meles), o sacarrabos (Herpestes ichneumnon) e o
javali (Sus scrofa).
Comunidade faunística dos espaços florestais de produção
As manchas de floresta não autóctone, presentes na área de estudo, são compostas
essencialmente por eucalipto, e apresentam subcoberto de matos ou prados, por este
motivo a comunidade faunística deste tipo de espaço poderá dividir-se em espécies
que habitam e exploram os recursos associados ao estrato arbóreo das manchas de
floresta de produção, e em espécies que habitam e exploram os recursos de matos.
Tal como no caso das comunidades de espaços florestais naturais, este biótopo
revela-se um meio pouco propício ao desenvolvimento de comunidades de anfíbios,
dependendo muito da presença de pontos de água à superfície, ou de zonas
marginais de contacto onde estes ocorram.
Quanto aos répteis, embora a floresta seja considerada um meio pouco favorável
para este grupo, as espécies presentes estarão essencialmente associadas ao
subcoberto biótopo matos. Assim, é provável encontrar espécies, neste tipo de
biótopo, tais como a lagartixa-de-dedos-denteados (Acanthodactylus erythrurus), a
lagartixa–do-mato (Psamodromus algirus) e a cobra-rateira (Malpolon mospessulanus).
No que respeita à comunidade avifaunistica, embora nos espaços florestais de
produção possam ocorrer espécies características do biótopo florestas autóctones,
algumas espécies, como o chapim-azul (Parus caeruleus), serão quase inexistentes nas
matas de pinhal e eucaliptal. Assim, as espécies mais características deste biótopo
serão:
a
águia-de-asa-redonda
(Buteo
buteo),
o
pica-pau-malhado-grande
(Dendrocopos major), o gaio (Garrulus glandarius), a toutinegra-de-barrete (Sylvia
atricapilla), o pisco-de-peito-ruivo (Erythacus rubecula), a estrelinha-real (Regulus
ignicapilla), o chapim-rabilongo (Aegythalus caudatus), o chapim-preto (Parus ater), o
chapim-de-poupa
(Parus
cristatus),
a
trepadeira-azul
(Sitta
europaea),
a
trepadeira-comum (Certhia brachydactyla) e o tentilhão (Fringilla coelebs). Tal como
observado no biótopo dos espaços florestais naturais, a riqueza específica e o valor
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conservacionista que o subcoberto de matos assume variam consoante o grau de
cobertura e desenvolvimento dos mesmos. As espécies de aves mais relevantes e
susceptíveis de se encontrar associadas ao subcoberto deste biótopo são a
toutinegra-de-cabeça-preta (Sylvia melanocephala), o rouxinol-comum (Luscinia
megarhynchos), o
pintassilgo
(Carduelis carduelis) e o
pintarroxo
(Carduelis
cannabina).
Ao nível da comunidade de mamíferos, as espécies presentes são essencialmente de
carácter ubiquista, destacando-se a função de refúgio que este meio apresenta para
as mesmas. São características as espécies como o musaranho-de-dentes-brancos
(Crossidura russula), o rato-do-campo (Apodemus sylvaticus), a raposa (Vulpes vulpes),
o texugo (Meles meles) e o javali (Sus scrofa). O subcoberto de matos assume
importância pela sua tranquilidade e como local de refúgio e abrigo onde poderão
ocorrer as mesmas espécies que ocorrem no biótopo de florestas autóctones.
Comunidade faunística dos ambientes rochosos
Os ambientes rochosos são o Biótopo mais representado. Nestes locais é passível
encontrar comunidades faunísticas cujas principais características são a sua
adaptação aos ambientes rupícolas.
Pela sua aridez, os ambientes rochosos são à partida um habitat pouco favorável à
ocorrência de anfíbios.
Contrariamente aos anfíbios, a aridez dos ambientes rochosos proporciona um
ambiente favorável à ocorrência de répteis, pelo que podemos encontrar nestes
locais espécies como a lagartixa-ibérica (Podarcis hispânica), a osga (Tarentola
mauritanica) e a víbora-cornuda (Vipera latastei).
Quanto à comunidade das aves, reveste-se de especial importância a sua
conservação, tanto pelo número de espécies com interesse conservacionista que
alberga como pela vulnerabilidade destes locais. São características e comuns as
espécies como o peneireiro-comum (Falco tinnunculus), a coruja-das-torres (Tyto alba),
o andorinhão-preto (Apus apus), o melro-azul (Monticola solitarius) e o rabirruivo-preto
(Phoenicurus ochrurus). Menos comuns, mas com interesse regional, as espécies como
a andorinha-dáurica (Hirundo daurica), a andorinha-das-rochas (Ptyonoprogne
rupestris), o corvo (Corvus corax), a petinha-dos-campos (Anthus campestris) e o
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pardal-francês (Petronia petronia). Os Ambientes Rochosos da área de estudo não
têm características relevantes associadas, tais como cavidades que servem como
ótimos locais de refúgio e de procriação importantes para espécies de ocorrência
mais rara e de grande valor conservacionista a nível nacional, tais como o bufo-real
(Bubo bubo) e a gralha-de-bico-vermelho (Phyrrhocorax phyrrhocorax). No entanto,
estas formações estão presentes na envolvente da área de estudo.
Relativamente às comunidades de mamíferos, são de ocorrência provável os
carnívoros como a raposa (Vulpes vulpes) e a geneta (Genetta genetta). Tal como
referido para as aves, os ambientes rochosos não têm características relevantes
(cavidades) que proporcionem locais de refúgio e de procriação importantes para
morcegos cavernícolas. No entanto, dada a presença de formações desta natureza
na envolvente da área de estudo, destaca-se pelo seu valor conservacionista a
potencial ocorrência nestes ambientes das seguintes espécies: morcego-de-ferraduramediterrânico (Rhinolophus euryale), morcego-de-ferradura-mourisco (Rhinolophus
mehelyi), morcego-de-peluche (Miniopterus shcreibersii), ou morcego-rato-pequeno
(Myotis blythii).
Comunidade faunística das áreas agrícolas
Este biótopo engloba os terrenos agrícolas, maioritariamente compostos por olivais
geralmente em estado de abandono. Estas manchas encontram-se em depressões
onde o solo se acumulou permitindo a prática agrícola. O tipo de regime agrícola
praticado é maioritariamente extensivo, sendo conciliável com a ocorrência de uma
comunidade faunística diversificada. Assim, esta comunidade apresenta não só uma
grande diversidade, como abundância de espécies devido à quantidade de alimento
que a atividade agrícola proporciona.
Ao nível dos anfíbios são mais abundantes as espécies de hábitos mais terrestres, como
a salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra) e o sapo-comum (Bufo
bufo).
A diversidade de ambientes que proporcionam as zonas agrícolas permite que, salvo
as espécies estritamente aquáticas, esta comunidade conte com representantes da
maioria das espécies de répteis presentes na área de estudo, tendo como espécies
mais abundantes e características a cobra-de-ferradura (Hemorrhois hippocrepis) e a
cobra-de-escada (Rhinechis scalaris).
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
141
A diversidade do meio e a ação humana fazem com que a comunidade ornitológica
seja bastante diversificada e abundante, predominando os passeriformes. Visto que se
tratam de áreas relativamente abertas e ricas em alimento, é possível a observação
de várias espécies, oriundas de áreas vizinhas, nomeadamente, aves de rapina, como
a águia-calçada (Hieraaetus pennatus), a águia-cobreira (Circaetus gallicus), o
gavião (Accipiter nisus), o peneireiro-comum (Falco tinnunculus) e a coruja-do-mato
(Strix aluco). Para além de alguns passeriformes característicos temos várias outras
espécies como a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo), a perdiz (Alectoris rufa), a
rola-brava (Streptopelia turtur), a coruja-das-torres (Tyto alba), o mocho-galego
(Athene noctua), a poupa (Upupa epops), a andorinha-das-chaminés (Hirundo
rustica), o pardal-comum (Passer domesticus), o pardal-montês (Passer montanus), o
pintassilgo (Carduelis carduelis), a escrevedeira-de-garganta-amarela (Emberiza cirlus)
e o trigueirão (Emberiza calandra).
Relativamente aos mamíferos podemos encontrar neste biótopo um grande número
de espécies, proporcionado pela abundância de alimentos, sendo favorável para o
ouriço-cacheiro (Erinaceus europaeus) e para um grande número de micromamíferos,
como a toupeira (Talpa occidentalis) que constitui um endemismo ibérico, a ratazana
(Rattus norvegicus), destacando-se pela sua abundância. Podem igualmente estar
presentes o musaranho-de-dentes-vermelhos (Sorex granarius), também este um
endemismo ibérico, e o musaranho-anão-de-dentes-brancos (Suncus etruscus) sendo
embora mais raros. Ao nível dos quirópteros os espaços agrícolas funcionam como
excelentes áreas de alimentação ocorrendo aqui a grande maioria das espécies
inventariadas para a área de estudo. Assim temos algumas espécies importantes
como
o
morcego-grande-de-ferradura
(Rhinolophus
ferrumequinum),
o
morcego-pequeno-de-ferradura (Rhinolophus hipposideros), o morcego-rato-grande
(Myotis myotis) e o morcego-anão (Pipistrellus pipistrellus). Outras espécies de
mamíferos comuns são o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), a raposa (Vulpes
vulpes), o texugo (Meles meles) e a doninha (Mustela nivalis).
Comunidade faunística das áreas artificializadas
As áreas artificializadas agregam essencialmente comunidades oportunistas, ubiquistas
e adaptadas a meios antropizados. Estas áreas incluem na generalidade da área de
estudo, as áreas de exploração extrativa.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
142
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Ao nível dos anfíbios, este biótopo não proporciona condições favoráveis à sua
ocorrência, dependendo muito da presença de pontos de água à superfície, meios
estes que não foram identificados nas áreas artificializadas presentes na área de
estudo.
No caso dos répteis, devido à aridez destes meios, poderão ocorrer algumas espécies
mais ubiquistas ou adaptadas a meios antropizados, tais como a lagartixa–do-mato
(Psamodromus algirus), ou a osga (Tarentola mauritanica).
Ao nível da comunidade avifaunística, poderão ocorrer essencialmente espécies
adaptadas a meios antropizados, tais como o pardal (Passer domesticus), o melropreto (Turdus merula), ou a cegonha-branca (Ciconia ciconia), e espécies mais
ubiquistas e adaptadas às características do ambiente criado pela exploração
extrativa, tais como a andorinha-das-barreiras (Riparia riparia), a andorinha-das-rochas
(Ptyonoprogne rupestres), o andorinhão-preto (Apus apus), ou o pombo-das-rochas
(Columba livia).
Também a comunidade de mamíferos que ocorre no presente biótopo é formada por
espécies oportunistas e ubiquistas, tais como o rato-caseiro (Mus domesticus), a
ratazana (Rattus norvegicus), o morcego-anão (Pipistrellus pipistrellus), o morcego de
Kuhl (Pipistrellus kuhlii) o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), ou a raposa (Vulpes
vulpes).
4.7.4.
DIAGNÓSTICO
Tendo em conta que a área em estudo se situa dentro de uma área protegida, a
interpretação dos resultados da valoração efetuada tem em consideração que esta
metodologia incidiu num património natural que apresenta um valor relevante perante
o contexto nacional, reconhecido na figura do Parque Nacional de Serra de Aire e
Candeeiros. Nesse sentido, as classificações obtidas, decorrentes da valoração, são
relativas, e deverão ser interpretadas no contexto da área em estudo, inserida num
parque natural. Os habitats ou biótopos que no âmbito do presente exercício não
foram classificados como de relevância Ecológica Excecional, poderão
ser
apreciados como de elevado valor quando considerados num contexto espacial mais
amplo.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
143
4.7.4.1.
Carta de Valores Florísticos
Os habitats mais valorados, de acordo com a metodologia empregue, foram as Lajes
calcárias (8240*) e as Vertentes calcárias (8210). São ambos habitats típicos de
substratos calcários, com expressão reduzida ao nível nacional e com grande
representatividade no PNSAC, relativamente aos restantes Sítios de Importância
Comunitária (SIC) (ICNF, 2006). As respetivas percentagens de ocorrência destes
habitats na área do PNSAC relativamente à área quantificada para o total de áreas
SIC, quando estes ocorrem como dominantes ou subdominantes (de primeira e
segunda ordem), é de 67 % no caso das Vertentes calcárias e 50% no caso das Lajes
Calcárias. Por outro lado, estes são habitats cuja regeneração ou possibilidade de
recriação em caso de perda é muito difícil, senão mesmo impossível, quando
comparados com outros habitats existentes na área.
Dentro das espécies de flora com maior relevância sob o ponto de vista da
conservação, foram mais valoradas as espécies Silene longicilia e Saxifraga cintrana
que apresentam uma distribuição muito localizada dentro da área estudada.
A classificação da relevância ecológica das áreas mapeadas foi efetuada de
maneira a refletir a importância dos habitats e das espécies mais valoradas, tendo-se
definido como zonas de relevância Excecional aquelas onde ocorrem Lajes e
Vertentes calcárias dentro da AIE, bem como áreas com núcleos populacionais das
espécies Silene longicilia e Saxifraga cintrana.
No total, as zonas de relevância ecológica Excecional ocupam aproximadamente
5,88 ha da área em estudo (Figura 4.7-17).
À classe de relevância ecológica Alta correspondem zonas com dominância dos
habitats naturais mais frequentes na área de estudo em percentagens de cobertura
elevadas, incluindo os habitats prioritários Prados rupícolas (6110*) e Subestepes de
gramíneas (6220*pt1).
A classe de valoração Média inclui os polígonos com percentagens de cobertura
medianas de habitats naturais com expressão elevada no PNSAC. As zonas de
relevância ecológica Baixa correspondem a habitats artificializados ou a habitats
naturais muito frequentes na área de estudo em percentagens baixas.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
144
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Dentro das áreas de relevância ecológica Excecional podemos distinguir na Carta de
Valores Florísticos as seguintes tipologias:
1- Presença de habitats prioritários de Lajes calcárias
2- Presença de habitats naturais de Vertentes calcárias;
3- Presença de núcleos populacionais de Saxifraga cintrana;
4- Presença de núcleos populacionais de Silene longicilia.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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3
4
3
1
3
2
1 – Lajes calcárias
2 – Vertentes calcárias
3 – Silene longicilia
4 – Saxifraga cintrana
Figura 4.7-17: Carta de Valores Florísticos .
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
146
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4.7.4.2.
Carta de Valores Faunísticos
De acordo com o exercício de valoração efetuado, os biótopos mais valorados foram:
os Prados e Matos rasteiros e os Ambientes Rochosos. Os Prados e matos rasteiros são
ambientes que acabam por ser utilizados por muitas espécies. Os Ambientes Rochosos,
apesar de utilizados por um número mais restrito de espécies, são biótopos importantes
para algumas espécies relevantes no contexto do PNSAC, como é o caso de
diferentes espécies de morcegos e da gralha-de-bico-vermelho, sendo também
utilizados por répteis e anfíbios, em virtude da presença de zonas de acumulação de
água, nomeadamente as Pias. No entanto, na área em estudo a presença destes
biótopos é reduzida, não ocorrendo Pias nem cavidades rochosas, habitats de grande
importância no PNSAC dado servirem de abrigo e local de reprodução para espécies
de grande valor de conservação, como o caso de algumas espécies de morcegos e
da gralha-de-bico-vermelho.
A hierarquização da relevância ecológica dos biótopos foi efetuada de forma a
refletir a ausência das cavidades, habitats que como anteriormente referido, se
consideram de maior relevância. Desta forma optou-se por não se atribuir a classe
Excecional, tendo-se considerado de relevância Alta as zonas onde os biótopos mais
valorados são dominantes, e àquelas onde são expressivos os restantes biótopos
relevância Média. Às zonas onde a presença dos biótopos atrás referidos considerados
é baixa ou nula, como no caso de áreas artificializadas, foi atribuída relevância Baixa.
Os polígonos onde predominam os biótopos mais valorados, considerados de
relevância ecológica Alta, ocupam uma área de 29,20 ha (Figura 4.7-18).
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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147
Figura 4.7-18: Carta de Valores Faunísticos.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
148
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4.8.
OCUPAÇÃO DO SOLO
A elaboração da cartografia temática da ocupação do solo constitui um instrumento
no
ordenamento
do
território,
na
medida
em
que
identifica
e
delimita
geograficamente todos os usos actuais do solo, com representação à escala de
trabalho adoptada.
A área do Parque Natural das Serra de Aire e Candeeiros tem sofrido ao longo das
últimas
décadas
grandes
transformação
ao
nível
da
ocupação
do
solo,
principalmente pela indústria extractiva. Assim, no âmbito de presente Plano optou-se
por elaborar uma análise comparativa da ocupação do solo nas duas últimas
décadas, período para o qual existe informação disponível.
4.8.1.
EVOLUÇÃO DA OCUPAÇÃO DO SOLO 1990-2012
Para a análise da evolução da ocupação do solo entre 1990 e 2012, foram utilizadas
quatro referências temporais: 1990, 2000, 2007 e 2012. Para tal recorreu-se à
Cartografia da Ocupação do Solo - COS 90 e COS 2007, disponível no Instituto
Geográfico Português. Para a referência do ano de 2000, recorreu-se à cartografia
temática do Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e
Candeeiros e para a referência 2012 foi elaborada a cartografia específica no âmbito
do presente Plano.
No Desenho OT - 12 encontra-se representada a evolução da ocupação do solo nas
diferentes épocas.
4.8.1.1.
Carta de Ocupação do Solo – COS 9 0
A Carta de Ocupação do Solo – COS 90, disponível no Instituto Geográfico Português,
foi elaborada à escala 1:25 000. As fotografias utilizadas para a obtenção desta série
cartográfica foram tiradas em Agosto de 1990 e em Agosto de 1991. De acordo com a
cartografia disponível, a área de intervenção encontrava-se ocupada por:
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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149
Quadro 4.8-1: Distribuição da Ocupação do Solo - COS 90
Área
Distribuição
(m2)
(%)
Áreas principalmente de sequeiro com espaços
naturais importante
56765.33
21.39
II2
Vegetação arbustiva baixa - matos
120578.72
45.45
JY2
Rocha nua
82650.75
31.15
OO1
Olival
934.98
0.35
PQ2
Pinheiro bravo + Carvalho (grau de coberto de 30% a
50%)
4395
1.66
Total
265325
100
Legenda
Designação
CI1
4.8.1.2.
Carta de Ocupação do Solo – 2000
A cartografia do uso actual do solo apresentada do Plano de Ordenamento do
Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, elementos de Caracterização e
Diagnóstico (Março de 2007), foi elaborada no âmbito de um trabalho de prevenção
dos fogos florestais em 2000. De acordo com a Cartografia do uso do solo, a área de
intervenção, encontrava-se ocupada por:
Quadro 4.8-2: Distribuição da Ocupação do Solo - 2000
Área
Distribuição
Legenda
Designação
(m2)
(%)
M+O
Matos com oliveiras
37608.46
14.2
HNC
Herbáceas não cultivadas
20795.73
7.8
HNC + O
Herbáceas não cultivadas com oliveiras
78569.65
29.6
PD
Pedreira
128350.94
48.4
Total
265325
100
Na elaboração do Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e
Candeeiros (POPNSAC) – Relatório de Caracterização e Diagnóstico foi já elaborada
uma análise da evolução do uso do solo entre 1958 e 1998 para uma parte do PNSAC.
De acordo com o referido documento, “mais de um terço da área analisada mudou o
seu uso neste período de tempo, tendo todas as classes de uso sofrido alterações, das
quais as mais importantes serão:
§
Diminuição da área agrícola e dos olivais, especialmente importante nas áreas
mais afastadas das povoações e as de menor dimensão. Sendo evidente a
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
150
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
inexistência de cultura actual de cereais nas zonas aplanadas das serras e a
quase inexistência de chousos agricultados, há também uma diminuição da
área agrícola em zonas mais favoráveis, embora este processo seja menos
evidente;
Aumento do eucaliptal na envolvente do Maciço Calcáreo estremenho, da
§
área social, da área afecta a pedreiras e aos povoamentos de resinosas,
embora se admita que neste último caso exista provavelmente um primeiro
momento de forte expansão seguido de uma posterior retracção.
Pode dizer-se que se verifica um aumento da intensificação de uso do solo, se medida
pelo aumento da área afecta a usos mais intensivos (áreas sociais, pedreiras e
povoamentos florestais de produção”.
Embora a área de estudo seja consideravelmente diferente e portanto não é
directamente comparável, optou-se por elaborar esta análise e comparar com os
resultados apresentados no POPNSAC relativamente à evolução das áreas de
extracção de inertes.
4.8.1.3.
Carta de Ocupação do Solo - COS 2007
A Carta de Ocupação do Solo - COS' 2007 disponível no Instituto Geográfico
Português, foi elaborada à escala 1:25 000. As fotografias utilizadas para a obtenção
desta série cartográfica foram tiradas entre Julho e Outubro de 2007. A informação
disponível na página oficial (http://www.igeo.pt/) é constituída apenas por dois níveis
de informação. A área de intervenção encontrava-se ocupada por:
Quadro 4.8-3: Distribuição da Ocupação do Solo - 2000
Legenda
1.3
Designação
Área
Distribuição
(m2)
(%)
184215.86
69.43
Áreas de extracção de inertes, áreas de deposição de
resíduos e estaleiros de construção – áreas
artificializadas
principalmente
ocupadas
por
actividades extractivas, estaleiros de construção,
zonas de deposição de resíduos e áreas associadas a
todas estas actividades.
2.1
Culturas temporárias
7469.20
2.82
2.2
Culturas permanentes
11204.86
4.22
3.1
Florestas
5194.16
1.95
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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151
Legenda
3.2
3.3
4.8.1.4.
Área
Distribuição
(m2)
(%)
áreas com coberto vegetal composto principalmente
por arbustos e vegetação herbácea.
46578.21
17.56
Zonas descobertas e com pouca vegetação
10662.49
4.02
Total
265324.78
100
Designação
Florestas abertas e vegetação arbustiva e herbácea –
Cart a da Ocup ação actual do solo – 2012
A cartografia temática da ocupação actual do solo relativa ao ano 2012, foi
elaborada tendo por base o trabalho exaustivo na identificação de habitats e
biótopos descrito e apresentado no capítulo da Flora, Vegetação e Habitats, e Fauna
e Biótopos.
As manchas de vegetação e uso do solo foram delimitadas nos ortofotomapas em
ambiente SIG, utilizando o software e escala utilizada em écran foi maioritariamente a
escala 1/500 por um grupo de biólogos. As saídas de campo foram realizadas nos
meses de Novembro de 2011, Fevereiro, Março, Maio e Junho de 2012.
A elaboração da cartografia do uso do solo teve por base o trabalho de identificação
dos habitats e biótopos realizados e posterior trabalho de campo complementar nos
meses de Setembro e Novembro.
As etapas de realização da Carta do Uso do Solo foram as seguintes:
-
Análise e verificação das shapes produzidas na identificação dos habitats e
biótopos;
-
Adequação da legenda à temática uso do solo;
-
Adequação das classes produzidas na identificação dos habitats e biótopos (nas
áreas com ocupação igual ou superior a 70%, prevalece a classe dominante; nas
áreas com ocupação igual ou inferior a 70% mantêm-se as duas classes.
-
trabalho de campo realizado em Setembro e Novembro de 2012 por três técnicas
(duas Engenheiras Biofísicas e uma Arquitecta Paisagista);
-
controlo de qualidade da classificação.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
152
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Quadro 4.8-4: Legenda do uso Actual do Solo
CATEGORIA / CLASSE
DESCRIÇÃO
DE USO DO SOLO
Áreas artificializadas (Aa)
Áreas agrícolas (Ag)
Áreas rochosos (Ar)
Correspondem a áreas onde predominam as actividades
humanas. Inclui as áreas de extracção de inertes, áreas de
deposição de resíduos e estaleiros de construção e rede
viária e espaços associados.
Pequenas zonas agrícolas onde também se verifica a
presença de oliveiras dispersas.
Áreas com pouca vegetação onde predomina a superfície
coberta por rocha. Constituída por Lajes calcárias,
Vertentes calcárias e Lapiás.
Espaços Florestais (EF)
Áreas ocupadas por vegetação arbórea.
Espaços Florestais de Produção (EFP)
Áreas
com
eucaliptos.
Espaços Florestais Naturais (EPN)
Áreas com plantações florestais, nomeadamente sobreiros,
azinheiras e carvalhos.
Matagais (Mg)
florestais
nomeadamente
Áreas naturais de vegetação dominada por matos densos
de carrascais e tojais.
Áreas ocupadas por vegetação espontânea herbácea e
arbustiva.
Matos (Ma)
Áreas naturais de vegetação espontânea dominadas por
Prados (Pr)
4.8.1.5.
plantações
prados rupícolas calcários.
Dist ribuição das áreas por categoria de uso do solo
A distribuição do uso do solo nas classes, para a área de intervenção do Plano, está
documentada no quadro que se segue:
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
153
Quadro 4.8-5: Distribuição das áreas por categoria de uso do solo
CATEGORIA / CLASSE
Área (ha)
Distribuição (%)
Áreas artificializadas
18.966
71.49
Aa
17.320
65.28
Aa + Ar + Ma
1.009
3.80
Aa + Ar + Ma + Mg
0.414
1.56
Aa + Ma + Mg
0.220
0.83
Aa + Pr
0.003
0.01
Áreas agrícolas
0.568
2.14
Ag
0,401
1.51
Ag + Ma + Ar + Pr
0.020
0.08
Ag + Mg + Ar
0.083
0.31
Ag + Pr
0.064
0.24
Ambientes rochosos
5.446
20.53
Ar + Aa + Ma
0.151
0.57
Ar + Ma
0.048
0.18
Ar + Ma + Aa
0.599
2.26
Ar + Ma + Mg
2.503
9.43
Ar + Ma + Mg + Pr
2.145
8.08
Espaços Florestais
0.689
2.60
EPF + EPN + Mg
0.364
1.37
EPF + Ma
0.019
0.07
EPN + Ma + Ar + Mg
0.124
0.47
EPN + Ma + Mg
0.182
0.69
Matos
0.695
2.62
Ma + Ar + Pr
0.186
0.70
DE USO DO SOLO
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
154
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CATEGORIA / CLASSE
Área (ha)
Distribuição (%)
Ma + Mg + Ar
0.242
0.91
Ma + Pr + Ar
0.006
0.02
Ma + Pr + Ar + Mg
0.261
0.98
Matagais
0.032
0.12
Mg + Ma
0.032
0.12
0.1350
0.51
Pr
0.038
0.14
Pr + Ma + Ar
0.097
0.37
265325
100
DE USO DO SOLO
Prados
TOTAL
A partir da análise da distribuição da ocupação do solo por classes verifica-se que a
categoria com maior representatividade corresponde à área artificializada, ocupando
cerca de 71% da área de intervenção. Seguem-se os ambientes rochosos, que
ocupam cerca de 20%. As áreas agrícolas, espaços florestais, matagais e prados
ocupam, no conjunto, menos de 10% da área de intervenção.
4.8.1.6.
Síntese
da
Evolução
da
Ocupação
do
solo
1990-
2012
No quadro e gráfico seguintes pode-se observar a evolução da ocupação do solo
desde 1990 até 2012, em percentagem.
Quadro 4.8-6: Evolução da ocupação do solo entre 1990 e 2012
Ocupação do solo
1990
2000
2007
2012
Extracção de inertes
31,15
48,4
69,43
71,79
Outras ocupações
68,85
51,6
30,57
28,21
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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155
100
80
60
Outras ocupações
Extracção de inertes
40
20
0
1990
2000
2007
2012
Figura 4.8-1: Evolução da ocupação do solo entre 1990 e 2012
Da análise ao gráfico constata-se que desde 1990, a extracção de inertes, na área de
intervenção do PIER de Cabeça Veada tem vindo a crescer significativamente. Em
1990 ocupava cerca de 30%. Entre 1990 e 2007, a área de extracção de inertes
duplicou e em 2012 ocupava cerca de 70% da área de intervenção.
4.9.
4.9.1.
PAISAGEM
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
Entende-se paisagem como “expressão formal das numerosas relações existentes num
determinado período entre a sociedade e um território definido topograficamente,
sendo a sua aparência o resultado da acção, ao longo do tempo, dos factores
humanos e naturais e da sua combinação” (Conselho da Europa, 2000).
Assim, e desenvolvendo um pouco mais este conceito conforme apresentado em
“Contributos para a Identificação e Caracterização da Paisagem em Portugal
Continental” trabalho desenvolvido pela Universidade de Évora para a Direcção Geral
do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano em 2004, define-se
paisagem como “um sistema complexo, permanentemente dinâmico, em que os
diferentes factores naturais e culturais se influenciam mutuamente e se alteram ao
longo do tempo, determinando e sendo determinados pela estrutura global. (…) A
paisagem também é afectada por uma componente mais subjectiva, directamente
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
156
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ligada ao observador e condicionando as sensações que ele experimenta quando
está perante ela. Por isso se considera que a paisagem combina aspectos naturais e
culturais, expressando e ao mesmo tempo suportando a interacção espacial e
temporal entre o homem e o ambiente, em toda a sua diversidade e criatividade. (…)
a dimensão mais subjectiva da paisagem não pode ser esquecida porque sendo as
paisagens europeias fortemente humanizadas, a sua futura gestão terá que considerar
os sentimentos das comunidades que as mantêm e transformam, que delas vivem ou,
simplesmente, as visitam e apreciam.” (DGOTDU, 2004).
A paisagem de uma dada região pode ser descrita em termos de unidades. As
unidades de paisagem “são áreas com características relativamente homogéneas,
com um padrão específico que se repete no seu interior e que as diferencia das suas
envolventes” (DGOTDU, 2004). A delimitação destas pode depender da “morfologia
ou da natureza geológica, do uso do solo, da proximidade ao oceano, ou da
combinação equilibrada de vários factores. Uma unidade de paisagem tem também
uma certa coerência interna e um carácter próprio, identificável no interior e do
exterior”. Esta delimitação tem por objectivos a caracterização, a identificação de
potencialidades e deficiências e ainda, a definição de orientações para futura
gestão.
Por sua vez, a Lei de Bases da Política de Ordenamento do Território e Urbanismo, Lei nº
48/98 de 11 de Agosto, introduz a definição de unidades de paisagem nos planos de
ordenamento regional, segundo a qual é necessário “identificar as paisagens, definir o
seu carácter, tendências e ameaças e avaliar a sua qualidade. Só esta avaliação
permitirá definir estratégias e instrumentos que, embora se integrem num quadro mais
alargado, respeitem a especificidade local da paisagem e mantenham a sua
identidade”.
Os elementos da paisagem, são assim os factores que em conjunto definem a sua
estrutura; na análise ao nível nacional foram “considerados como elementos da
paisagem aqueles que se distinguem nas imagens aéreas utilizadas. Estes elementos
tanto podem ser de origem natural como antrópica e contribuem, em conjunto, para
o padrão que caracteriza a unidade de paisagem e a distingue das envolventes”
(DGOTDU, 2004) tais como: afloramentos rochosos, as linhas de água e respectivas
galerias ripícolas, conjuntos edificados, infra-estruturas, planos de água, etc.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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157
As unidades de paisagem são “áreas em que a paisagem se apresenta com um
padrão específico, a que está associado um determinado carácter.” Os factores
considerados na sua delimitação, para o Estudo desenvolvido ao nível de Portugal
continental foram: “geomorfologia, litologia, solos, uso do solo, dimensão das
explorações agrícolas e padrão de povoamento. Foram também consideradas outras
variáveis fundamentais, mas de modo mais implícito, tais como o clima, a proximidade
ao mar, ou a presença de importantes estruturas e infra-estruturas” procurando-se
“identificar áreas com características relativamente homogéneas no seu interior, não
por serem exactamente iguais em toda a sua superfície, mas por nelas se verificar um
padrão específico que se repete e/ou um forte carácter que diferencia a unidade em
causa das suas envolventes.”
A principal dificuldade prende-se com a definição dos limites uma vez que “raramente
a transição de uma unidade de paisagem para outra se faz através de uma linha de
mudança brusca. (…) Entre as áreas nucleares de unidades adjacentes há espaços
de transição mais ou menos extensos (DGOTDU, 2004)“.
“Cada tipologia de paisagem constitui um caso particular, no qual devem ser
ponderados os valores substanciais em presença, no quadro sócio-económico que
está subjacente à sua existência, sem deixar de assumir que a própria dinâmica das
actividades é evolutiva, em resultado do desenvolvimento tecnológico e cultural do
Homem. Existem, pois, paisagens que devem ser conservadas; existem outras que
devem ser transformadas, pois constituem o reflexo do desenvolvimento sustentável.”
4.9.2.
ENQUADRAMENTO DA PAISAGEM DA ÁREA DE INTERVENÇÃO NO PANORAMA
NACIONAL
A paisagem da área de intervenção, de acordo com os “Contributos para a
Identificação e Caracterização da Paisagem em Portugal Continental” (Universidade
de Évora/ DGOTDU, 2002), enquadra-se no grupo K – Maciços Calcários da
Estremadura.
“Nestes relevos ainda imponentes, penetra uma cunha de chuvas abundantes; mas a
água some-se pelas fendas da rocha descarnada e uma vegetação mediterrânea de
carrasco, lentisco, aroeira, zambujo e ervas perfumadas cobre o solo de tufos
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
158
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intermitentes. As serras calcárias são ainda o solar do carvalho português; e o olival
cada vez mais se desenvolve.” (Santa-Ritta, 1982) (...) Marcam ainda o carácter do
conjunto os campos fechados com a pedra solta, resultado da situação morfológica e
da abundância de pedra à superfície.”
“O uso do solo é bastante heterogéneo observando-se em função do relevo e solo
situações bem diversificadas. Salienta-se a presença nas zonas mais elevadas, secas e
menos férteis de matos, pastagens pobres, olivais e algumas matas de fraca
qualidade; nas zonas mais baixas, depressões e bases de encostas, menos inclinadas e
com melhores solos, surgem povoamentos florestais e olivais com melhores condições
produtivas, bem como pequenas áreas de policultura, correspondentes a zonas mais
frescas, férteis e próximas de povoações. Mais recentemente vem-se assistindo ao
abandono dos olivais ou mesmo ao seu arranque, sendo frequentemente substituídos
por eucaliptais. (...) Relativamente ao povoamento, neste grupo de unidades pode
falar-se numa dispersão ordenada (tipo misto, entre o disperso e o aglomerado),
encontrando-se aldeias bem distantes umas das outras (por vezes separadas pelas
zonas de maior altitude, em que não se encontram estabelecimentos humanos). (...) A
exploração de pedreiras de calcário é uma das actividades mais pujantes neste
conjunto de unidades, dela resultando sérios problemas ambientais que se espera
poderem vir a ser reduzidos com as recentes normas legais relativas à revelação e
aproveitamento das massas minerais.
O património natural e paisagístico neste conjunto é reconhecido como importante
em termos nacionais e locais, integrando-se na Rede Nacional de Áreas Protegidas
(Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, etc.) (...) Comparativamente, o
património construído que se encontra neste conjunto de unidades de paisagem é
muito menos significativo.”
E, corresponde especificamente à Unidade de Paisagem 68 – Serras de Aire e
Candeeiros.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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159
Figura 4.9-1: Enquadramento da área de intervenção
Fonte: Contributos para a Identificação e Caracterização da Paisagem em Portugal Continental
“Este conjunto evidencia-se pelo relevo, como massa proeminente que se eleva cerca
de 200m relativamente às suas envolventes, e pela sua constituição geológica de
alvos calcários, muito permeáveis, a que se deve a grande secura. É a água, que
praticamente não se deixa ver à superfície, o principal agente erosivo, modelador
desta morfologia invulgar. O carácter destas paisagens, também se encontra
associada à presença dos inúmeros muros de pedra, das depressões (poldjes) com
uma utilização agrícola variada, e ao olival nas encostas pedregosa e difíceis de
trabalhar, para o qual se abrem covas, se arrumam socalcos ou se constroem muros
de pedra para segurar o escasso solo existente.”
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
160
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“A passagem da AP1/ IP1 na serra de Aire exigiu enormes aterros e escavações em
zonas sensíveis do Parque Natural, que ficou assim com duas áreas definitivamente
separadas. Por outro lado, a força e a beleza das formações calcárias ficaram bem
patentes para quem circula naquela auto-estrada.”
“Paisagem cársica com elevada identidade, podendo considerar-se única em
Portugal. Sendo a água o principal factor limitante, os usos desta unidade de
paisagem foram e continuam a ser fortemente condicionados por este recurso: áreas
mais altas e secas não têm ocupação permanente, sendo utilizadas de forma muito
extensiva
ou
mesmo
abandonadas;
nas
baixas
ou
depressões
onde
há
disponibilidades de água, o relevo é mais suave e o solo permite uma utilização
agrícola, concentram-se os estabelecimentos humanos.
A natureza geomorfológica e as particularidades climáticas desta unidade de
paisagem
conferem-lhe
uma
excepcional
‘riqueza
biológica’,
implicitamente
reconhecida através da inclusão de grande parte da sua superfície no Parque Natural
e Sítio Natura 2000.
Nesta unidade encontram-se, nas zonas mais altas, paisagens grandiosas, vigorosas,
com vastos horizontes mas, também, agrestes e inóspitas devido à sua aridez e relevo.
No sopé das encostas e nas depressões, a situações mais abrigadas, menos secas e
com solos de razoável fertilidade, correspondem no geral sensações de conforto e
suavidade, com horizontes altos e recortados.”
Das medidas de gestão e acções de carácter geral apontadas para o Sítio Natura
2000 (...) são de destacar as seguintes (...):
§
“definir as áreas de maior interesse biológico; promover a sua protecção
utilizando modelos de gestão adequados”;
§
“acompanhar as acções de ordenamento e gestão florestal, nomeadamente
através da protecção dos carvalhais de Quercus pyrenaica(...), de Quercus
faginea (...)” e, ainda, “manter os sobreirais (...) e proteger os azinhais e áreas
com regeneração de azinho (...)”;
§
“fomentar a utilização de espécies autóctones nos Planos de Recuperação
Paisagística, nomeadamente em zonas de exploração de inertes”;
§
“proteger as linhas de água, nomeadamente através da conservação dos
corredores rípicolas (...)” e do “controlo mais restrito da poluição dos recursos
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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161
aquícolas, nomeadamente pelas unidades de pecuária intensiva e efluentes
domésticos e industriais”;
§
“proteger as zonas com afloramentos rochosos e escarpados”;
§
“regulamentação das explorações dos recursos geológicos”;
§
“manter as actividades agro-pastoris tradicionais”;
§
etc.
Independentemente da caracterização da paisagem a nível nacional, procurou-se
também analisar os diferentes descritores a nível local, à escala do presente Plano, em
termos de: relevo, uso do solo, humanização e carácter (entendido como resultando
numa emoção provável ou “impressão pericial” que cada unidade de paisagem cria
no observador, fruto da súmula homogénea das características anteriores).
4.9.3.
METODOLOGIA
Normalmente, considerando os objectivos do Plano e a metodologia recomendada
nestes trabalhos, compreende a caracterização e a classificação do território em
sectores homogéneos. Deste modo, o processo integrará nomeadamente:
§
a análise visual, no sentido de definir, numa primeira aproximação as zonas
homogéneas;
§
a
delimitação
cartográfica
das
unidades
de
paisagem,
através
da
sobreposição sucessiva de informação cartográfica, detectando-se áreas em
que os parâmetros biofísicos apresentam uma grande homogeneidade de
comportamento, definindo porções do território cujos parâmetros biofísicos de
caracterização apresentam uma certa homogeneidade de expressão.
Para a decomposição da Paisagem, ponderou-se a morfologia, o uso actual, a
humanização e aspectos cénicos, cujo cruzamento com dados geomorfológicos e
fisiográficos, originaram unidades paisagisticamente homogéneas.
Cada Unidade de Paisagem corresponde a um espaço territorial no interior do qual se
repete um determinado padrão, ou seja, um conjunto de características ao nível do
relevo, da geomorfologia, do uso do solo, da presença humana (entre outros
factores), e que o distingue relativamente à unidade envolvente. A área afecta a
cada unidade não apresenta uma homogeneidade total no seu interior, antes
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
162
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representa “um padrão específico que se repete”, tal fica a dever-se ao facto de que
as mesmas características físicas do território dão origem ao mesmo tipo de paisagem
potencial, num processo de causa-efeito.
Contudo, resultante da extensão da área de intervenção e das suas características
geo-morfológicas intrínsecas não se identifica claramente mais do que uma unidade
de paisagem.
A área do Plano, quase completamente afecta à exploração de inertes, situa-se junto
ao aglomerado urbano de Cabeça Veada, uma pequena aldeia do Oeste, com o
casario ao longo dos arruamentos, esta localiza-se no sopé da encosta e,
aproveitando a situação orográfica, surgem igualmente parcelas de pomar/ olival e
talhões agrícolas.
Figura 4.9-2: Imagem aérea da região (Fonte: BingMaps)
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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163
Figura 4.9-3: Vista da área do Plano para Sul
É ainda de realçar o facto deste Plano se desenvolver em dois concelhos distintos:
Porto de Mós e Santarém, ao primeiro corresponde a maior parte da intervenção
enquanto Santarém se restringe a uma pequena parcela no extremo sul; contudo, e
como é compreensível, em termos de paisagem e para análise e interpretação das
inter-relações entre os diversos factores que impendem sobre o território, entendeu-se
tratar como uma situação única.
Quadro 4.9-1: Descritores de caracterização
Unidade
Cabeça
Veada
Relevo
Geologia
Uso do Solo
Humanização
Carácter
Ondulado
(transição
entre
encosta e
cabeço)
Calcário –
Formação de
Alcobaça
Exploração de
inertes, matos
rasteiros, manchas
de mata,
caminhos, etc.
Alta
Paisagem
diversificada mas
estruturada
A diversidade, em termos de situações e de qualidade dos espaços é efectivamente
muito reduzida.
As pedreiras que ocupam a generalidade da zona, entremeiam-se com algumas,
raras, linhas de água na região, estrategicamente localizadas no topo da área de
intervenção.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
164
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Figura 4.9-4: Vista para a área do Plano e linha de água
De acordo com metodologia comummente aceite, o valor paisagístico de cada
unidade paisagem, neste caso da paisagem da área de intervenção, será
classificado como: Valor Excepcional, Alto, Médio ou Baixo.
No entanto, esta classificação depende da avaliação de três critérios fundamentais:
§
Diversidade – prende-se com factores biológicos e ecológicos, ou seja, terá um
peso maior quanto maior for a diversidade em termos florísticos e/ou faunísticos
ou relevância dos habitats presentes;
§
Harmonia – factor de avaliação subjectivo pois depende da apreciação de
factores de cariz estético como a Ordem (uso e sustentabilidade), a Grandeza
(fisiografia) e a Leitura (estrutura e valor cénico) da paisagem;
§
Identidade – reconhecimento características intrínsecas que configuram um
valioso património natural, afirmando-se como referências no contexto
nacional ou internacional com importância histórico-cultural.
Pelo acima descrito, torna-se fundamental quantificar os parâmetros que conduzem à
determinação do critério Harmonia.
Cada um dos parâmetros/ critérios será avaliado com a seguinte escala:
§
Nenhuma – 0 valores
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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165
§
Pouca – 1 valor
§
Razoável – 2 valores
§
Muita – 3 valores
Quadro 4.9-2: Quantificação do critério Harmonia
Unidade
Ordem
Grandeza
Leitura
Cabeça Veada
0
1
1
Harmonia/
Valor Médio
1
Apresenta-se seguidamente o quadro de análise dos critérios fundamentais
anteriormente descritos de acordo com a escala acima exposta.
Quadro 4.9-3: Valoração das Unidades de Paisagem
Unidade
Diversidade
Harmonia
Identidade
Valor da Paisagem
Cabeça Veada
1
1
0
2
De acordo com as classificações atribuídas, as classes que traduzem o valor da
paisagem são:
§
valor cénico -paisagístico baixo (de 0 a 3)
§
valor cénico -paisagístico médio (de 4 a 6)
§
valor cénico -paisagístico alto (de 7 a 8)
§
valor cénico -paisagístico excepcional (9)
4.10.
CLIMA
4.10.1.
METODOLOGIA
A integração do clima no presente estudo justifica-se pela necessidade de apresentar
um correto enquadramento biofísico da área de implantação do projeto. Devido às
suas dimensões e características não se prevê, que o projeto em análise venha a gerar
impactes no clima. No entanto, algumas das variáveis climáticas determinam a
extensão e a magnitude dos impactes na qualidade do ar, no ruído e, indiretamente,
na paisagem, destacando-se, neste âmbito, a precipitação e o regime de ventos.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
166
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A análise do clima foi realizada com recurso aos dados das estações mais próximas da
área de intervenção, concretamente, das estações de Alcobaça e Rio Maior, as quais
apresentam as seguintes coordenadas de localização:
-
Alcobaça: Latitude - 39º 32’ N, Longitude - 8º 58’ W, Altitude - 75 m;
-
Rio Maior: Latitude - 39º 21’ N, Longitude - 8º 56’ W, Altitude - 69 m.
Os dados climáticos considerados para o presente estudo referem-se aos períodos
entre 1951-1975 (Alcobaça) e 1951-1980 (Rio Maior). Apesar de existirem dados mais
recentes, os mesmos reportam-se a valores médios anuais, pelo que se optou por
considerar dados mais antigos, mas relativos a séries mais extensas, que permitem uma
caracterização climática mais fiável.
A variação regional do clima de Portugal apresenta um forte gradiente Leste-Oeste,
resultante da frequência decrescente da penetração das massas de ar atlântico para
o interior 27. Este fenómeno é percetível na comparação dos climas de Alcobaça e de
Rio Maior.
A estação de Alcobaça encontra-se mais próxima do litoral, sendo o seu clima
marcado por uma maior influência oceânica, com reflexos na menor amplitude
térmica anual, com Verões mais frescos e Invernos menos frios do que os verificados
em Rio Maior. A temperatura média anual atinge os 14,7 ºC em Alcobaça e 15,0 ºC
em Rio Maior. Existem mais dias com temperaturas negativas em Rio Maior (15,6 dias
por ano) do que em Alcobaça (13,7 dias). A ocorrência de temperaturas máximas
superiores a 25 ºC é também mais frequente em Rio Maior (90 dias por ano) do que em
Alcobaça (61 dias por ano). Em Alcobaça, a proximidade do litoral, a Oeste, reflete-se
também no regime de ventos, dominado pela Nortada que ocorre entre os meses de
Maio e Setembro, e na frequência elevada de nevoeiros, com maior incidência
durante os meses de Verão.
A precipitação apresenta grandes oscilações interanuais, característica comum a
todos os tipos de clima. A precipitação média anual é ligeiramente superior em
Alcobaça, com 945 mm, e 856 mm em Rio Maior. As chuvas estão fortemente
concentradas no semestre húmido de Outubro a Março.
27
Daveau in Ribeiro e Lautensach, 1988
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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167
O clima pode ser considerado temperado oceânico ou moderado, húmido e
moderadamente chuvoso (classificação simples). Pela classificação de Köppen, o
clima é mesotérmico húmido com estação seca no Verão, sendo este pouco quente
mas extenso (Csb).
No esboço provisório das regiões climáticas de Portugal28, Alcobaça e Rio Maior
localizam-se na “Fachada Atlântica”, região de clima marítimo com vasta distribuição
latitudinal, desde o Minho até Aljezur, paralela ao litoral.
4.10.2.
CARACTERIZAÇÃO
4.10.2.1.
Temperatura
Os dados de temperatura do Quadro 4.10-1, do Quadro 4.10-2 e da Figura 4.10-1,
referem-se aos períodos entre 1951-1975 (Alcobaça) e 1951-1980 (Rio Maior).
A temperatura é um dos elementos do clima com menor variação interanual. As
estações de Alcobaça e de Rio Maior apresentam uma temperatura média anual de,
respetivamente, 14,7 ºC e 15,0 ºC. A amplitude térmica anual é superior em Rio Maior,
com 11,9 ºC, em face da média de 10,3 ºC registada em Alcobaça. O facto da
estação de Alcobaça se encontrar mais próxima do litoral, leva a que esteja mais
exposta à influência moderadora do oceano. Assim, Alcobaça apresenta Verões
menos quentes e Invernos menos frios comparativamente com a estação de Rio
Maior, sendo menos frequentes valores extremos de temperatura: menos dias com
temperatura máxima superior a 25 ºC e menos dias com temperatura mínima inferior a
0,0 ºC. A temperatura média do mês mais quente (Agosto) é 1,2 ºC superior em
Rio Maior, e a temperatura média do mês mais frio (Dezembro em Alcobaça, Janeiro
em Rio Maior) é 0,4 ºC inferior em Rio Maior.
28
Ribeiro & Lautensach, 1988
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
168
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Quadro 4.10-1: Temperaturas médias
ALCOBAÇA
RIO MAIOR
Temperatura média anual
14,7 ºC
15,0 ºC
Média mensal mês mais quente
(Agosto)
19,9 ºC
21,1 ºC
Média mensal mês mais frio
(Dezembro - Alcobaça)
(Janeiro – Rio Maior)
9,6 ºC
9,2 ºC
Média das máximas diárias
19,8 ºC
20,8 ºC
Média das mínimas diárias
9,4 ºC
9,1 ºC
Amplitude térmica anual
10,3 ºC
11,9 ºC
Quadro 4.10-2: Número de dias por ano com temperaturas extremas.
ALCOBAÇA
RIO MAIOR
Temperatura máxima >25 ºC
61,0
90,4
Temperatura mínima < 0,0 ºC
13,7
15,6
Temperatura mínima > 20,0 ºC
0,1
0,0
30,0
Alcobaça (1951-1975)
Med.Max
25,0
Med.Min
Med.Mensal
T ( ºC)
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
Jan
Fev
Mar Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
30,0
Rio Maior (1951-1980)
Med.Max
25,0
Med.Min
Med.Mensal
T ( ºC)
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Figura 4.10-1: Distribuição das temperaturas média mensal, máximas médias e mínimas
médias.
A temperatura média mensal atinge um mínimo de 9,2 ºC em Janeiro, em Rio Maior,
com a média das mínimas a situar-se em 4,0 ºC, e a média das máximas 14,4 ºC. A
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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169
temperatura mínima média é inferior a 5,0ºC entre Dezembro e Fevereiro, sendo
inferior a 10,0 ºC entre Novembro e Abril.
Em Alcobaça, o mês mais frio é Dezembro, com a temperatura média mensal a
descer aos 9,6 ºC, quando a média das mínimas atinge 4,8 ºC e a média das máximas
14,4 ºC. A temperatura mínima média é inferior a 5,0º C apenas em Dezembro, sendo
inferior a 10,0 ºC entre Novembro e Abril
Os meses mais quentes são Julho e Agosto, com temperaturas médias mensais de 19,8
ºC e 19,9 ºC em Alcobaça, e 21,1 ºC em Rio Maior. Em Agosto, a médias das mínimas
atinge 13,9 ºC em Alcobaça e 14,5 ºC, em Rio Maior, e a média das máximas
respetivamente 25,8 ºC e 27,7 ºC.
Em Alcobaça, a temperatura média mensal é sempre inferior a 20,0 ºC, enquanto que
em Rio Maior é superior a 20,0 ºC nos meses de Julho e Agosto. Entre Maio e Outubro,
a temperatura média mensal é superior a 15,0 ºC, em ambas as localidades.
4.10.2.2.
Precipitação
Nos períodos considerados a precipitação média anual foi de 944,8 mm em Alcobaça
e 855,6 mm em Rio Maior, havendo, em ambos os casos, uma variação interanual
muito significativa. Nas duas localidades, os valores de precipitação definem
claramente um semestre húmido (Outubro-Março), em contraste com um semestre
seco (Abril-Maio). Mais de 75 % da precipitação anual ocorre durante o semestre
húmido.
Quadro 4.10-3: Sazonalidade da precipitação anual
ALCOBAÇA
RIO MAIOR
Outubro a Março
716,1 mm
76 %
673,6 mm
79 %
Abril a Setembro
228,7 mm
24 %
182,0 mm
21 %
TOTAL
944,8 mm
855,6 mm
O período chuvoso estende-se de Outubro a Maio (91 % e 93 % da precipitação anual,
respetivamente, em Alcobaça e Rio Maior), por contraste com um quadrimestre seco
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
170
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de Junho a Setembro, com menos de 10% da precipitação anual. No entanto, em
Alcobaça apenas dois meses podem ser considerados “secos”, isto é, com
precipitação mensal inferior a 30 mm: Julho e Agosto. Em Rio Maior, a secura estival é
mais acentuada, com precipitações inferiores a 30 mm entre Junho e Setembro. O
gráfico termo-pluviométrico assinala a distribuição sazonal da precipitação e da
temperatura média mensal. Os mínimos de precipitação coincidem com os meses
mais quentes (Julho e Agosto).
Alcobaça (1951-1975)
30,0
Precipitação
150,0
Temperatura
25,0
20,0
90,0
15,0
60,0
10,0
30,0
120,0
Temperatura ( ºC)
120,0
5,0
0,0
Rio Maior (1951-1980)
0,0
30,0
Precipitação
Temperatura
25,0
20,0
90,0
15,0
60,0
10,0
30,0
5,0
0,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Temperatura ( ºC)
150,0
0,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Precipitação média anual (Alcobaça): (R) = 944,8 mm Temp. média anual = 14,7 ºC
Precipitação média anual (Rio Maior)(R) = 855,6 mm Temp. média anual = 15,0 ºC
Figura 4.10-2: Gráficos termo-pluviométricos.
Nos períodos considerados, o número médio de dias por ano com precipitação
superior a 0,1 mm foi significativamente superior em Alcobaça: 128 dias, sendo apenas
107,6 dias registados em Rio Maior. Com precipitação superior a 10 mm, ocorreram em
média, respetivamente, 31,6 dias e 29,8 dias. A precipitação diária superior a 10 mm
está normalmente associada à passagem de superfícies frontais.
Quadro 4.10-4: Número de dias por ano com precipitação superior a 0,1 mm e 10,0 mm
ALCOBAÇA
RIO MAIOR
R ³ 0,1 mm
128,0
107,6
R ³ 10,0 mm
31,6
29,8
Para analisar a variação interanual da precipitação recorreu-se apenas aos dados da
estação meteorológica de Alcobaça, no período 1952-1975. Em Rio Maior, no mesmo
período, ocorrem falhas de registo que impedem a obtenção de uma série contínua
de dados. Nas figuras seguintes expõe-se a sequência dos valores totais de
precipitação.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
171
1600
1400
1200
R (mm)
1000
800
600
400
200
1974
1972
1970
1968
1966
1964
1962
1960
1958
1956
1954
1952
0
Figura 4.10-3: Valores anuais de precipitação.
75%
50%
25%
1972
1968
1964
1960
1956
1952
0%
-25%
-50%
-75%
Figura 4.10-4: Variação interanual da precipitação. Diferença em relação à média.
Os valores anuais de precipitação apresentam uma variação irregular e descontínua,
oscilando, no período 1952-1975, entre um mínimo de 582 mm e um máximo de 1588
mm. Consideram-se anos secos (ou húmidos) aqueles que se afastam mais de 25 % em
relação à média, sendo classificados de muito secos (ou muito húmidos), se o
afastamento ultrapassa os 50%. No período considerado ocorreram 4 anos secos, 1
ano húmido e 2 anos muito húmidos.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
172
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
4.10.2.3.
Neve, Grani zo, Trovo ada, Nevoeiro, Gead a
Nos períodos considerados houve em média 40 dias por ano com ocorrência de
nevoeiro em Alcobaça, e apenas 11 dias em Rio Maior. Em Alcobaça o nevoeiro é
relativamente frequente em todo o ano, mas é observado com maior incidência entre
Julho e Setembro, reflexo da proximidade ao litoral. Em Rio Maior o nevoeiro é
bastante raro entre Abril e Julho, e apresenta maior intensidade em Dezembro e
Janeiro. Em média, ocorrem trovoadas em 15 dias por ano em Alcobaça, com maior
incidência em Abril, não existindo dados para a estação de Rio Maior. O Granizo é um
meteoro de ocorrência rara: 4,2 dias por ano em Alcobaça, entre Novembro e Maio e
0,5 dias em Rio Maior, entre Dezembro e Fevereiro. No período analisado não ocorreu
queda de neve em Rio Maior, e ocorreram em média 0,3 dias de neve por ano em
Alcobaça, em Janeiro e Fevereiro. A informação detalhada sobre a ocorrência dos
diversos meteoros é apresentada no quadro seguinte.
Quadro 4.10-5: Meteoros diversos: n.º de dias por ano.
NEVE
GRANIZO
TROVOADA
NEVOEIRO
GEADA
A
RM
A
RM
A
RM
A
RM
A
RM
JAN
0,1
0,0
0,8
0,0
1,2
-
3,0
2,5
8,2
6,4
FEV
0,2
0,0
1,1
0,3
1,5
-
2,3
1,2
6,3
4,2
MAR
0,0
0,0
0,7
0,0
1,4
-
2,2
0,7
5,1
0,7
ABR
0,0
0,0
0,4
0,0
2,1
-
2,8
0,1
2,3
0,2
MAI
0,0
0,0
0,2
0,0
1,8
-
2,9
0,0
0,1
0,0
JUN
0,0
0,0
0,0
0,0
0,9
-
3,4
0,0
0,0
0,0
JUL
0,0
0,0
0,0
0,0
0,3
-
5,6
0,0
0,0
0,0
AGO
0,0
0,0
0,0
0,0
0,4
-
4,5
1,1
0,0
0,0
S ET
0,0
0,0
0,0
0,0
0,8
-
4,3
1,2
0,0
0,0
OUT
0,0
0,0
0,0
0,0
1,6
-
3,2
0,9
1,1
0,2
NOV
0,0
0,0
0,3
0,0
1,7
-
2,2
1,1
4,3
1,0
D EZ
0,0
0,0
0,6
0,0
1,2
-
3,2
2,0
9,3
5,8
ANO
0,3
0,0
4,2
0,5
14,9
-
39,6
10,8
36,7
48,4
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
173
4.10.2.4.
Ventos
A análise do regime de ventos reporta-se ao período 1951-1975, em Alcobaça, não
havendo registos em Rio Maior.
Os ventos dominantes em Alcobaça são de quadrantes Norte e Noroeste, com
frequências anuais de, respetivamente, 29 % e 19 %. A ocorrência de ventos fortes
(velocidade ≥ 36 km/h) ou muito fortes (velocidade ≥ 55 km/h) é de, respetivamente
21,1 e 4,7 dias por ano, com maior incidência entre Janeiro e Março.
O regime sazonal de ventos é dominado pela presença da Nortada (ventos dos
quadrantes de Norte e Noroeste), que sopra predominantemente entre Abril e
Setembro em toda a faixa litoral ocidental. Em Alcobaça, a Nortada verifica-se em 45
% do total anual de observações, atingindo valores superiores a 50% entre Maio e
Setembro, com um máximo de 67-68 % em Julho e Agosto.
A velocidade média anual dos ventos de todos os quadrantes em Alcobaça é de 14,5
km/h, com valores máximos da média anual de 17,1 km/h (quadrante Sudeste) e 16,9
km/h (quadrante Sul).
A frequência de calmas é de apenas 8% do total anual de observações, com
máximos mensais de Novembro e Dezembro (15-16% das observações) e mínimos
entre Maio e Agosto – nestes meses mais ventosos as observações de calmas descem
para 1 a 3 %.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
174
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
N
30,0
NW
NE
20,0
10,0
W
0,0
E
frequência (%)
velocidade média (Km/h)
SW
SE
S
Figura 4.10-5: Rosa dos Ventos (frequência e velocidade média anual).
4.10.3.
DIAGNÓSTICO
Não se prevê que a exploração das pedreiras do núcleo de Cabeça Veada gere
alterações mensuráveis sobre a generalidade das variáveis climatológicas.
Ainda assim os efeitos decorrentes da exploração das pedreiras poderão manifestar-se
através da alteração do regime de escoamento de micro-escala das massas de ar,
da redução da evapotranspiração, devido à remoção do coberto vegetal e da
alteração da humidade relativa do ar em consequência da alteração da topografia
e do regime hidrológico local.
Pelo exposto considera-se que, do ponto de vista do clima, não existem
condicionalismos relevantes.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
175
4.11.
4.11.1.
QUALIDADE DO AR
METODOLOGIA
4.11.1.1.
Introdução
O aumento das concentrações de vários poluentes na atmosfera e a sua deposição
será responsável por um conjunto alargado de impactes sobre a saúde humana, na
produção agrícola, no estado de conservação de construções e obras de arte e de
uma forma geral origina desequilíbrios nos ecossistemas. O desenvolvimento industrial
e urbano tem sido responsável pelo crescente aumento da emissão de poluentes
atmosféricos e consequentemente, da sua concentração no ar ambiente.
Na envolvente de explorações de pedreiras a qualidade do ar é maioritariamente
condicionada por poluentes do tipo partículas em suspensão, monóxido de carbono
(CO), dióxido de carbono (CO2), óxidos de enxofre (SOx), aerossóis, etc. O fluxo de
produção destes poluentes depende basicamente do ritmo de exploração uma vez
que as fontes estão, de uma forma geral, ligadas aos equipamentos utilizados nos
trabalhos (pás carregadoras, veículos pesados de transporte de materiais, geradores
elétricos, etc.) e à quantidade de material processado.
A metodologia de caracterização da qualidade do ar na região envolvente da área
de intervenção específica de Cabeça Veada é apresentada nos pontos seguintes.
4.11.2.
CARACTERIZAÇÃO
4.11.2.1.
Recetores e fontes dos poluentes atmosféricos
A área de intervenção específica (AIE) da Cabeça Veada situa-se na freguesia de
Mendiga no concelho de Porto de Mós e na freguesia de Alcanede no concelho de
Santarém. Nesta AIE existem várias pedreiras onde são explorados blocos de calcário
ornamental. Neste núcleo não existem quaisquer pedreiras de calcário industrial ou
laje. As explorações deste núcleo são constituídas por uma corta a céu aberto e por
um conjunto de equipamentos dos quais se destacam as perfuradoras (torres de
furação), os serrotes e os engenhos. As fontes de poluentes atmosféricos associadas à
sua laboração devem-se essencialmente aos equipamentos utilizados nos trabalhos
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
176
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
de desmonte, carregamento e transporte da rocha, principalmente as torres de
furação. Os serrotes e os engenhos não possuem grande expressão nos níveis de
empoeiramento já que funcionam por via húmida. Nesta AIE não existem unidades de
britagem pelo que a gestão dos estéreis será realizada através da deposição em
escombreiras e do encaminhamento para as indústrias de produção de cal e de
agregados de calcário.
As vias de acesso no interior e no exterior da AIE não se encontram asfaltadas pelo
que constituem uma importante fonte de poluentes atmosféricos. A AIE da Cabeça
Veada possui dois acessos principais que atravessam as localidades de Bemposta, a
Norte, Cabeça Veada, a Este e Valverde a Sul. Destacam-se ainda as principais vias
de comunicação a nível local, nomeadamente a EN 362 onde circula um elevado
número de veículos pesados com origem nas AIE’s do Codaçal, Cabeça Veada e Pé
da Pedreira.
A envolvente da AIE da Cabeça Veada apresenta uma ocupação esparsa
identificando-se algumas habitações, espaços agrícolas, terrenos incultos e espaços
industriais (pedreiras da AIE). Destacam-se as localidades de Cabeça Veada a cerca
de 260 m para Este, Valverde a cerca de 500 m para Sul e Bemposta a cerca de 870
m para Norte.
4.11.2.2.
Qualidade do ar na área em estudo
A rede de estações de monitorização da qualidade do ar, da responsabilidade da
Agência Portuguesa do Ambiente, apresenta uma resolução bastante reduzida
centrando-se na envolvente dos grandes centros urbanos e industriais. A estação mais
próxima da área de estudo situa-se na Chamusca, a mais de 30 km de distância da
área de estudo, não podendo ser considerada representativa das condições locais,
pelo que se considerou necessário proceder a medições de qualidade do ar na
envolvente da pedreira, junto dos recetores mais próximos.
Ainda assim, no âmbito do presente estudo apresentam-se os dados disponíveis para
esta estação de monitorização monitorização e os índices de qualidade do ar
calculados para a região Vale do Tejo e Oeste.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
177
A qualidade do ar em várias zonas da região Vale do Tejo e Oeste tem apresentado
nos últimos anos concentrações de alguns poluentes que excedem os valores-limite
estabelecidos pela legislação nacional. Os poluentes onde mais frequentemente se
verificam situações de excedência do valor limite são as partículas inaláveis (PM10), o
dióxido de azoto (NO2) e o dióxido de enxofre (SO2). Os elevados níveis de
concentração destes poluentes são gerados pelo tráfego rodoviário (no caso das
partículas inaláveis e dióxido de azoto nos centros urbanos) e pela indústria (no caso
do dióxido de enxofre).
Ainda assim, dos valores medidos resultam, resultam índices da qualidade do ar29 que
na sua larga maioria correspondem a uma classificação de Bom. No período 20052011 o número de dias com índices de Bom foi claramente predominante. Da análise
dos gráficos apresentados na Figura 4.11-1 verifica-se que tem ocorrido um aumento
no número de dias com índice de qualidade do ar classificado como Bom graças a
uma significativa redução do número de dias com índice de qualidade do ar
classificado como Médio ou Fraco. Destaca-se que, nos sete anos considerados
(últimos relativamente aos quais existem dados publicados), apenas ocorreram quatro
dias onde o índice de qualidade do ar foi classificado como Mau.
29
Definido de acordo com os critérios da Agência Portuguesa do Ambiente
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
178
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Figura 4.11-1: Índices da qualidade do ar na região Vale do Tejo e Oeste.
No Quadro 4.11-1 apresentam-se os dados característicos da estação da Chamusca,
sendo que no Quadro 4.11-2 se apresentam os dados estatísticos das medições de
qualidade do ar dessa estação.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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179
Quadro 4.11-1: Dados das estações de monitorização da qualidade do ar.
C HAMUSCA
Código:
3096
Data de início:
01-11-2002
Tipo de Ambiente:
Rural Regional
Tipo de Influência:
Fundo
Zona:
Vale do Tejo e Oeste
Rua:
Sítio da Ermida do Sr. do Bonfim
Freguesia:
Chamusca
Concelho:
Chamusca
Coordenadas Gauss
Militar (m)
Coordenadas
Geográficas
WGS84
Latitude:
265176
Longitude:
171180
Latitude:
39° 21' 09''
Longitude:
-8° 27' 58''
Altitude (m):
143
Rede:
Rede de Qualidade do Ar de
Lisboa e Vale do Tejo
Instituição:
CCDR-LVT
Quadro 4.11-2: Dados estatísticos das medições de qualidade do ar.
POLUENTE
ANO
BASE HORÁRIA
Ozono (O 3 )
VALOR LIMITE (mg/m 3)
VALOR MÉDIO
(m G /M3)
PROTEÇÃO DA SAÚDE HUMANA
BASE OCTO HORÁRIA
2002
54,8
54,8
2003
72,6
72,6
2004
69,8
69,6
2005
71,7
71,7
2006
69,5
69,5
2007
67,8
67,8
2008
69,2
69,2
2009
75,5
75,5
2010
74,9
74,9
2011
72,0
72,0
30
Base octo-horária
31
Base horária
O BJETIVOS A
VALOR
L IMIAR DE
L IMIAR DE
LONGO PRAZO30
ALVO1
INFORMAÇÃO31
ALERTA
120
120
180
240
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
180
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POLUENTE
SO2
POLUENTE
NO 2
POLUENTE
PM10
ANO
BASE HORÁRIA
BASE DIÁRIA
BASE DIÁRIA
2008
1,1
1,1
2009
1,0
1,0
2010
1,4
1,4
2011
1,4
1,4
ANO
BASE HORÁRIA
BASE DIÁRIA
2002
2,3
2,3
2003
3,9
3,9
2004
5,4
4,9
2005
6,6
6,6
2006
6,9
6,9
2007
7,8
7,8
2008
7,3
7,3
2009
7,8
7,8
2010
6,9
6,9
2011
6,4
6,4
ANO
BASE HORÁRIA
BASE DIÁRIA
BASE DIÁRIA
BASE ANUAL
2002
15,7
15,7
65
45
2003
21,9
21,8
60
43
2004
20,9
21
55
42
2005
26,9
26,5
2006
22,5
22,6
2007
20,0
20,0
2008
16,0
16,1
50
40
2009
16,3
16,2
2010
16,6
16,5
2011
17,3
17,1
350
BASE HORÁRIA
BASE ANUAL
L IMIAR DE ALERTA
250
50
400
Da análise dos valores apresentados no quadro anterior verifica-se que não se têm
verificado níveis de concentração superiores aos limites legislados. De facto, com
exceção dos parâmetros Ozono e PM10, os valores medidos na estação da
Chamusca são bastante inferiores ao limite estabelecido pela legislação em vigor.
Em todos os parâmetros medidos, tem-se observado uma estabilização dos níveis de
concentração, ainda que se observe um ligeiro aumento no período 2002-2007 e um
ligeiro decréscimo no período 2008-2010. No caso do Ozono, as concentrações
mantiveram-se estáveis no período 2002-2008, tendo-se observado um ligeiro aumento
entre 2009 e 2011.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
181
No âmbito do presente estudo procedeu-se a trabalhos de monitorização da
qualidade do ar na envolvente da área em estudo, tendo-se considerado o
parâmetro PM10. Foi selecionado este parâmetro uma vez que as partículas em
suspensão constituem o principal poluente associado à atividade extrativa.
As medições de qualidade do ar foram realizadas na envolvente do núcleo do Pé da
Pedreira, junto dos recetores mais próximos. Na envolvente desta Área de Intervenção
Específica (AIE) existem dois aglomerados habitacionais os quais constituem os
principais recetores dos poluentes gerados pelos trabalhos de extração. Estes
aglomerados são Valverde e Cabeça Veada, a cerca de 650 m para Oeste da AIE e
Pé da Pedreira a Sul, que em alguns locais é confinante com a AIE. Foram
considerados dois locais/recetores na envolvente (um em cada um destes
aglomerados), tendo sido realizadas as medições entre os dias 15 e 25 de Outubro de
2012 por períodos de 24 horas, durante sete dias. No Quadro 4.11-3 procede-se à
descrição dos locais de medição de PM10.
Destaca-se que os níveis de empoeiramento medidos nos locais de medição resultam
da atividade cumulativa das várias explorações existentes na AIE do Pé da Pedreira
assim como de outras atividades existentes na envolvente, destacando-se as unidades
industriais de produção de cal existentes a Sul da AIE. Destaca-se ainda que as
localidades de Valverde e Cabeça Veada poderão ser influenciadas também pelos
trabalhos de exploração que decorrem na AIE de Cabeça Veada.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
182
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Quadro 4.11-3: Descrição dos locais de medição de PM10
C ÓDIGO DO L OCAL DE MEDIÇÃO
FOTOGRAFIA
Ponto A1
39º 28’ 36,87’’ N 8º 51’ 47,95’’ O
O ponto de medição situa-se na localidade
de Cabeça Veada, junto às habitações
mais próximas da AIE. Este conjunto de
habitações situa-se a cerca de 140 m do
limite da AIE e junto ao principal acesso à
mesma. A qualidade do ar deste local é
condicionada
maioritariamente
emissões de partículas
pelas
provenientes
do
tráfego de viaturas no acesso à AIE. Este
acesso
não
se
encontra
asfaltado.
As
emissões provenientes da circulação de
máquinas e viaturas no interior das áreas de
exploração da AIE condicionam também a
qualidade do ar do local.
Ponto A2
39º 28’ 08,65’’ N 8º 51’ 44,72’’ O
O ponto de medição A2 situa-se a Sul da
AIE, a cerca de 650 m, junto a um conjunto
de habitações da localidade de Valverde.
A
qualidade
do
ar
deste
local
será
influenciada pela circulação de viaturas na
via que liga as localidades de Valverde e
Casais
Monizes
e
pela
circulação
de
máquinas e viaturas no interior da AIE.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
183
Figura 4.11- 2: Localização dos pontos de medição de PM10
Na Figura 4.11- 2, apresenta-se a localização dos locais de medição de PM10. Os
resultados obtidos durante a realização das medições são indicados no Quadro 4.11-4.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
184
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Quadro 4.11-4: Resultados das medições de PM10.
C ONCENTRAÇÃO DE PM10 (m G. M-3 )
PONTO
D ATA
VOLUME
A NALISADO
( M3 )
M ASSA DE
SÓLIDOS (m G)
C ONCENTRAÇÃO
(m G. M-3 )
15/10/2012
22,6
280
16/10/2012
24
18/10/2012
24,7
C ONDIÇÕES CLIMATÉRICAS
VELOC . VENTO
T EMP .
H UM. REL.
12,4
2N
16,4
62
370
15,4
2 SW
17,0
74
360
14,6
2 SW
12,4
92
A1
M ÉDIA
A2
14,1
23/10/2012
24
290
12,1
3E
19,4
74
23/10/2012
24
290
12,1
3E
19,4
74
24/10/2012
24,3
280
11,5
4S
18,4
82
25/10/2012
24,1
360
14,9
4S
17,5
87
M ÉDIA
10,3
Os resultados apresentados no quadro anterior demonstram que os níveis de
empoeiramento na envolvente da AIE da Cabeça Veada não excedem o limite
estabelecido pela legislação.
Os níveis de concentração medidos nos dois locais considerados apresentam valores
semelhantes e que são bastante inferiores ao limite estabelecido pela legislação em
vigor. Os níveis de concentração medidos podem ser justificados pela época em que
se realizaram as medições (Outubro), as quais foram realizadas sob condições de
elevada humidade relativa do ar e pontualmente alguma precipitação.
Os valores medidos no ponto A1 são ligeiramente superiores aos medidos no ponto A2
o que se justifica pela proximidade face à AIE de Cabeça Veada e ao seu acesso.
Ainda assim, os valores medidos são bastante inferiores ao limite legal. O valor médio
da campanha de medição realizada no ponto A1 foi de 14,1 µg/m3 o que
corresponde a cerca de 28% do valor limite diário. O valor mais elevado registado
neste ponto foi de 15,4 µg/m3 o que corresponde a cerca de 31% do valor limite diário.
No ponto A2, o valor médio da campanha de medição foi de cerca de 10,3 µg/m3 o
que corresponde a apenas 20% do valor limite diário, sendo que o valor mais elevado
foi de 14,9 µg/m3 o que corresponde a cerca de 30% do valor limite diário.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
185
Destaca-se que os valores medidos em ambos os locais resultam da laboração
simultânea das várias pedreiras existentes na AIE de Cabeça Veada.
4.11.3.
DIAGNÓSTICO
A exploração de pedreiras é responsável pela emissão de um conjunto de poluentes
atmosféricos associados à laboração dos equipamentos, nomeadamente o NOx, o
SOx e o CO. No entanto, em termos mássicos o principal poluente emitido nesta
atividade é as partículas em suspensão, com destaque para as PM10. As partículas em
suspensão têm origem não só nos trabalhos e equipamentos de exploração, mas
também nas áreas desmatadas, mesmo onde não ocorram trabalhos. Para a correta
avaliação das taxas de emissão de poluentes atmosféricos e a caraterização dos
efeitos associados a essas emissões é necessário conhecer com pormenor os projetos
das várias explorações nomeadamente no que se refere às áreas e ritmos de
exploração. Esta análise será realizada com maior pormenor no estudo de impacte
ambiental que será realizado para a área de intervenção específica de Cabeça
Veada.
No presente documento importa identificar os fatores críticos que podem condicionar
a análise da qualidade do ar na envolvente da área de intervenção específica da
Cabeça Veada. A presença de populações na envolvente do núcleo e dos seus
acessos não permite excluir a possibilidade de ocorrência de impactes negativos.
O núcleo de explorações da Cabeça Veada encontra-se em plena laboração pelo
que os efeitos perniciosos da atividade extrativa são já visíveis, ainda que possam ter
atualmente níveis de expressão e extensão distintos dos que ocorrerão com a
ampliação das áreas de exploração.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
186
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
4.12.
4.12.1.
AMBIENTE SONORO
METODOLOGIA
4.12.1.1.
Introdução
A laboração de uma atividade industrial seja temporária ou permanente implica, de
uma forma geral, a introdução de um conjunto de fontes de ruído que poderão gerar
impactes negativos ao nível do ambiente acústico do local. No caso concreto da
laboração das pedreiras do núcleo de Cabeça Veada, as fontes ruidosas devem-se
essencialmente aos equipamentos utilizados na exploração, remoção e transporte do
calcário. Destaca-se que no caso em análise as fontes ruidosas já se encontram
instaladas no terreno e em funcionamento, pelo que o seu efeito sobre os níveis de
ruído da envolvente já se fazem sentir.
Para avaliar os impactes induzidos pelos trabalhos de exploração desenvolvidos no
núcleo importa caracterizar a situação atual do ambiente acústico da envolvente de
forma qualitativa (identificando as principais fontes de ruído existentes) e quantitativa
(com recurso a medições de ruído em locais potencialmente afetados).
4.12.2.
CARACTERIZAÇÃO
4.12.2.1.
Fontes ruidosas exi stente s
A AIE da Cabeça Veada integra-se numa zona já intervencionada pela exploração
de várias pedreiras de rocha ornamental, pelo que as principais fontes já se
encontram instaladas no local. Estas fontes ruidosas devem-se aos equipamentos
utilizados nos trabalhos de remoção e transporte dos blocos de calcário,
nomeadamente Dumper’s, pás carregadoras, escavadoras giratórias, martelos
pneumáticos, etc.).
A circulação de viaturas na rede viária constitui igualmente uma fonte ruidosa
importante, com destaque para a EN 362 que constitui a principal via de
comunicação a nível local e para os arruamentos no interior das localidades de
Cabeça Veada, Valverde e Bemposta. Nesta AIE não existem unidades de britagem
pelo que a gestão dos estéreis será realizada através da deposição em escombreiras
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
187
e do encaminhamento para as indústrias de produção de cal e de agregados de
calcário.
4.12.2.2.
Potenciais
recetores
do
ruído
gerado
pela
exploração
A envolvente da AIE da Cabeça Veada apresenta uma ocupação esparsa
identificando-se algumas habitações, espaços agrícolas, terrenos incultos e espaços
industriais (pedreiras da AIE). Destacam-se as localidades de Cabeça Veada a cerca
de 260 m para Este, Valverde a cerca de 500 m para Sul e Bemposta a cerca de 870
m para Norte.
4.12.2.3.
Caracte rização do ambie nte ac úst i co local
4.12.2.3.1.
Metodologia utilizada
A caracterização do ambiente sonoro baseou-se na análise preliminar da área
envolvente ao local de implementação do Projeto Integrado, selecionando-se um
conjunto de locais de medição que permitissem a conveniente caracterização da
situação de referência.
A caracterização do ambiente sonoro dos vários pontos foi realizada nos períodos
diurno, entardecer e noturno. As medições foram realizadas nos dias 15 e 16
de Outubro de 2012, sob condições climatéricas de vento fraco e uma temperatura
média próxima dos 16º C no período diurno e 12º C no período noturno.
A Câmara Municipal Porto de Mós possui um mapa de ruído (indicadores Lden e Ln) do
concelho. Estes mapas tiveram em consideração, na região envolvente da AIE da
Cabeça Veada, as fontes de ruído associadas ao tráfego de viaturas na EN 362 e nas
várias pedreiras existentes na AIE da Cabeça Veada. Da análise dos mapas de ruído
disponíveis, verifica-se que os níveis previstos para a envolvente da AIE da Cabeça
Veada variam entre os 55 dB(A) e os 65 dB(A). Nos recetores mais próximos da AIE da
Cabeça Veada os níveis de ruído são reduzidos para valores inferiores a 55 dB(A) no
entanto, junto às principais vias de comunicação (EN 362) os níveis de ruído sobem
para valores da ordem dos 65 dB(A) e 70 dB(A).
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
188
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A parte Sul da AIE da Cabeça Veada está localizada no município de Santarém. Este
município possui também um mapa de ruído podendo verificar-se que no mesmo
foram consideradas como fontes de ruído o tráfego de viaturas na EN 362 e a
laboração das pedreiras da AIE do Pé da Pedreira. Neste mapa não foi considerada a
laboração das explorações existentes na AIE da Cabeça Veada.
Apesar do mapa de ruído do concelho ter considerado as principais fontes de ruído
existentes no local optou-se por realizar medições de campo.
Para a análise do cumprimento do valor limite estabelecido segundo o indicador LDEN,
procedeu-se à determinação do nível de ruído característico de cada um dos
diferentes períodos. Considerou-se que o nível de ruído nos períodos entardecer e
noturno não apresenta flutuações significativas, pelo que as amostras recolhidas
podem ser consideradas características de todo o período de referência. No período
diurno os níveis de ruído apresentam flutuações que estão associadas aos períodos de
laboração e paragem das várias pedreiras existentes na Área de Intervenção
Específica. Assim, foram identificados dois subperíodos onde foram recolhidas amostras
dos níveis de ruído, procedendo-se à sua ponderação de modo a determinar o nível
de ruído característico.
As fontes ruidosas que contribuíram para os níveis de ruído medidos estão associadas à
laboração dos equipamentos existentes nas várias pedreiras da AIE, nomeadamente a
circulação de máquinas (dumper’s, pás carregadoras e escavadoras giratórias), a
laboração de perfuradoras e martelos pneumáticos e a circulação de viaturas
pesadas para a expedição de materiais. Como outras fontes externas deverá
considerar-se a circulação de viaturas rede viária existente, nomeadamente a EN 362.
4.12.2.3.2.
Locais de medição
No Quadro 4.12-1 são descritos os pontos de medição e identificadas as principais
fontes de ruído presentes. A localização dos pontos de medição encontra-se
representada na Figura 4.12-1.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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189
Quadro 4.12-1: Descrição dos locais de medição de ruído selecionados e das respetivas fontes
de ruído detetadas.
C ÓDIGO DO L OCAL DE MEDIÇÃO
FOTOGRAFIA
Ponto R1
39° 28' 37.02"N 8º 51’ 47,45’’ O
O ponto R1 situa-se na
localidade de
Cabeça Veada, junto ao principal acesso à
AIE da Cabeça Veada, a cerca de 160 m
do limite do núcleo, para Este. Junto a este
local existem outras explorações, pelo que
os níveis de ruído medidos resultam da
laboração
simultânea
circulação
de
das
mesmas.
viaturas,
A
associada
especialmente à expedição dos materiais
explorados e dos estéreis é também uma
importante fonte ruidosa do local.
Ponto R2
39º 28’ 07,67’’ N
8º 51’ 40,48’’ O
O ponto R2 situa-se a Sul da AIE de Cabeça
Veada, a cerca de 630 m do seu limite. Os
níveis
de
ruído
deste
local
são
condicionados pela circulação de viaturas
nas vias de comunicação existentes na
envolvente em especial a via que liga as
localidades de Valverde e Casais Monizes.
O
ruído
gerado
exploração
das
pelas
actividades
pedreiras
da
AIE
de
de
Cabeça Veada é perceptível neste local,
embora sem grande expressão nos valores
finais.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
190
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Figura 4.12-1: Localização dos pontos de medição de ruído ambiente.
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191
4.12.2.3.3.
Apresentação e interpretação dos resultados
Durante a realização das medições foram avaliados todos os parâmetros em
simultâneo. As medições foram efetuadas em cada local, durante intervalos de tempo
representativos do ruído característico verificado, nos vários períodos de referência.
Com base nas medições efetuadas foi elaborado o Quadro 4.12-2 onde se procede à
análise do critério de exposição máxima nos vários pontos. Na situação de referência
procedeu-se à análise do critério de incomodidade apenas para o período diurno
uma vez que este é o único onde existe laboração das pedreiras da AIE de Cabeça
Veada. Destaca-se que as explorações existentes na AIE de Cabeça Veada possuem
horários de laboração semelhantes pelo que os níveis de ruído medidos resultam da
laboração simultânea dessas explorações.
As classificações acústicas constantes do RGR (zonas sensíveis e mistas) são, na
envolvente da AIE de Cabeça Veada, da responsabilidade das autarquias de Porto
de Mós e Santarém devendo ter em consideração o atual uso do solo, bem com o uso
previsto. Na envolvente da área em estudo essa classificação não se encontra ainda
definida. Nestas situações, o ponto 3 do Artigo 11º do RGR estipula que aos recetores
sensíveis se aplicam os valores limite de LDEN igual a 63 dB(A) e Ln igual a 53 dB(A).
Quadro 4.12-2: Análise do critério de exposição máxima.
NÍVEL SONORO CONTÍNUO EQUIVALENTE (LAEQ)
D IURNO
PONTO
RUÍDO RESIDUAL
RUÍDO AMBIENTE
(07:00 - 8:00
(08:00 - 12:00
+12:00-13:00
+13:00-17:00)
+17:00-20:00)
E NTARDECER
NOCTURNO
L DAY
(7:00 – 20:00)
L EVENING
(20:00 – 23:00)
L NIGHT
(23:00 –
7:00)
L DEN
(DB(A))
R1
62,7
58,9
61,6
47,2
41,6
59,3
R2
53,8
51,6
53,0
47,8
43,5
53,2
Os resultados apresentados no Quadro 4.12-2 demonstram que o nível de ruído
expresso pelo parâmetro LDEN não excede, em nenhum dos locais considerados, o valor
limite estabelecido para as zonas não classificadas. O valor medido no ponto R1 é o
mais elevado do conjunto de pontos analisados, o que se justifica pela proximidade
deste local à AIE e ao seu acesso. Ainda assim, o valor calculado para o parâmetro
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
192
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LDEN no ponto R1 é inferior ao limite estabelecido para os locais não classificados, sendo
também inferior ao limite estabelecido para as zonas mistas.
No ponto R2 o nível de ruído medido é inferior ao obtido no ponto R1 o que se justifica
pelo afastamento face à AIE de Cabeça Veada e ao seu acesso. O valor calculado
para o ponto R2 é por isso também inferior ao limite estabelecido para as zonas mistas
e para as zonas não classificadas.
No período nocturno os valores medidos não excedem o valor limite de 53 dB(A). Os
valores medidos são inclusivamente inferiores ao limite estabelecido para as zonas
sensíveis (45 dB(A)).
Destaca-se que os valores medidos são consentâneos com os níveis de ruído previstos
no mapa de ruído do concelho de Alcobaça.
No Quadro 4.12-3 procede-se à análise do critério de incomodidade no período
diurno. Esta análise foi realizada apenas para este período de referência uma vez que
as pedreiras existentes na AIE de Cabeça Veada laboram apenas no período diurno.
Para tal, os níveis de avaliação são comparados com os níveis de ruído residual
medidos em cada um dos locais. Destaca-se que esta análise foi realizada para o
conjunto das várias explorações existentes na AIE de Cabeça Veada, não
individualizando qualquer exploração.
No caso em análise não foram identificadas tonais ou impulsivas em nenhuma das
medições, pelo que o nível de avaliação é igual ao nível de ruído ambiente.
Quadro 4.12-3 - Análise do critério de incomodidade no período diurno.
RUÍDO AMBIENTE
NÍVEL DE AVALIAÇÃO
RUÍDO RESIDUAL
D IFERENÇA
LAEQ [dB(A)]
LAIMP [dB(A)]
LAEQ [dB(A)]
[dB(A)]
R1
62,7
62,7
58,9
3,8
R2
53,8
53,8
51,6
2,2
L OCAL
As pedreiras existentes na AIE de Cabeça Veada apresentam um período de
laboração semelhante que compreende o período diurno, entre as 8:00 e as 17:00,
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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193
com interrupção para almoço entre as 12:00 e as 13:00. Conclui-se assim que a
diferença entre o nível de avaliação e o nível de ruído residual não deverá ser superior
a 6 dB(A).
Da análise dos valores apresentados no quadro anterior verifica-se que o valor limite
não excedido em nenhum dos pontos de medição. O valor mais elevado regista-se no
ponto R1, o que se justifica pela proximidade do local de medição face à zona em
exploração e ao acesso à AIE. O valor calculado para o ponto R2 é substancialmente
inferior ao calculado para o ponto R1 o que se justifica pelo afastamento ao principal
acesso à AIE de Cabeça Veada.
4.12.3.
DIAGNÓSTICO
Os trabalhos de exploração de pedreiras constituem uma importante fonte de ruído a
nível local. Estas fontes ruidosas estão normalmente associadas aos equipamentos
utilizados nos trabalhos de exploração com destaque para os dumper’s, pás
carregadoras e escavadoras giratórias. No caso das explorações de calcário
ornamental, os equipamentos utilizados para o desmonte dos blocos são também
fontes ruidosas relevantes, nomeadamente as perfuradoras, os martelos hidráulicos, os
compressores, as serras de bancada e os monofios. Para a correta avaliação dos
impactes associados aos trabalhos de exploração é necessário conhecer com
pormenor os projetos das várias explorações nomeadamente no que se refere às
áreas e ritmos de exploração e aos equipamentos a utilizar. Esta análise será realizada
com maior pormenor no estudo de impacte ambiental que será realizado para a área
de intervenção específica da Cabeça Veada.
No presente documento importa identificar os fatores críticos que podem condicionar
a análise do Ambiente Sonoro na envolvente da área de intervenção específica da
Cabeça Veada. A presença de populações na envolvente do núcleo e dos seus
acessos não permite excluir a possibilidade de ocorrência de impactes negativos.
O núcleo de explorações da Cabeça Veada encontra-se em plena laboração pelo
que os efeitos da atividade extrativa são já visíveis, ainda que possam ter atualmente
níveis de expressão e extensão distintos dos que ocorrerão com a ampliação das
áreas de exploração.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
194
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4.13.
4.13.1.
PATRIMÓNIO CULTURAL
INTRODUÇÃO
Como âmbito de caracterização do Património consideraram-se achados (isolados ou
dispersos), construções, monumentos, conjuntos, sítios e, ainda, indícios - toponímicos,
topográficos ou de outro tipo, de natureza arqueológica, arquitectónica e etnológica,
independentemente do seu estatuto de protecção ou valor cultural. Estes dados são
denominados, de forma abreviada, como ocorrências.
A área de estudo (AE) considerada é o conjunto territorial formado pelas áreas de
incidência direta (AId), no caso a Área de Intervenção Especifica (AIE) de Cabeça
Veada - concelho de Porto de Mós, e de incidência indireta (AIi) da AIE, numa faixa
circundante da AId até pelo menos 50 m, e por uma zona de enquadramento (ZE). A
AId corresponde à área AIE e é objeto de pesquisa documental e prospeção
sistemática. A ZE é uma faixa envolvente da AIE com pelo menos 1 km de distância.
(Figura 4.13-1).
A caracterização do Património Cultural baseou-se numa pesquisa documental
correspondente à AE e na prospeção sistemática da AId, com reconhecimento das
ocorrências pré-existentes na Ald e na Ali.
4.13.2.
PESQUISA DOCUMENTAL
No âmbito do trabalho realizou-se uma pesquisa documental prévia, de modo a
tomar conhecimento do potencial cultural da AE e a identificar património cultural
pré-existente na AIE. De modo a evidenciar o potencial arqueológico da região, tal
pesquisa abrangeu uma área envolvente situada até cerca de 1 km de distância do
limite exterior da AIE.
No Quadro 4.13-1 apresenta-se um resumo das fontes documentais consultadas no
âmbito da pesquisa documental.
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195
Quadro 4.13-1: Síntese da Pesquisa Documental
Fontes de informação
Resultados
Lista de imóveis classificados
Não contempla ocorrências de interesse cultural na AE.
(DGPC)
Bases de dados de sítios
arqueológicos (DGPC)
O concelho de Porto de Mós não contempla ocorrências.
Inventário do Património
Arquitectónico (IHRU)
Não contempla ocorrências de interesse cultural na AE.
Plano Director Municipal: não contempla ocorrências de interesse cultural na AE.
Instrumentos de
planeamento
Cartografia
Bibliografia
Plano de Ordenamento do PNSAC: contém vasta documentação contendo especial
destaque, ainda que de modo genérico, para o património arquitectónico e
etnológico assim como para os sítios de especial interesse geológico, paleontológico
e espeleológico, contudo, os inventários são muito genéricos e não contêm
informações específicas todavia obteve-se aqui a única ocorrência identificada na
AI da AIE (Oc. 4).
Carta Geológica de Portugal (CGP): não contempla ocorrências de interesse cultural
na AE.
Carta Militar de Portugal (CMP): regista património construído, designadamente
moinhos de vento e igrejas.
Na bibliografia consultada não se identificaram referências a património cultural na
AE.
Essencial para a obtenção de dados relativos a algumas das ocorrências
Sítios na internet
anteriormente identificadas, dos quais se destacam a consulta de fotografias aéreas
no Google Earth Pro e o sítio da Câmara Municipal de Porto de Mós.
Consultou-se a base de dados com sítios geo-referenciados nos Serviços Centrais do
Contactos com instituições
IGESPAR, em Lisboa, tendo sido comunicado não existirem sítios arqueológicos
identificados na AE.
Foi enviado pedido de informações à Câmara Municipal de Porto de Mós não se
tendo obtido resposta até à presente data.
No âmbito da pesquisa documental identificaram-se 7 ocorrências cujo inventário se
apresenta no Anexo 1, situando-se uma ocorrência (Oc. 4) na AI, e três na ZE (Oc. 9 a
11) (Figura 4.13-1).
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
196
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Figura 4.13-1: Área de Estudo e localização das Ocorrências de Interesse Cultural no
Concelho de Porto Mós
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197
4.13.3.
TRABALHO DE CAMPO
O trabalho de campo teve como objetivo executar a prospeção sistemática da AId.
Nos trabalhos de prospeção foram alvo de reconhecimento as ocorrências
identificadas na AId e na AIi, em sede de pesquisa documental.
Dada a profusão e dimensão de muros de propriedade e cercados em pedra seca
existentes na Área de Incidência, apenas se efectuou o reconhecimento daqueles
que se encontravam referenciados nas fontes consultadas e que estivessem
localizados na AIE, servindo estes para documentar uma realidade que abrange toda
a AE.
O trabalho de campo foi realizado por cinco prospectores, dois dos quais com ampla
experiência em espeleologia. As condições climáticas foram adequadas, porém, a
AId encontra-se maioritariamente com denso coberto vegetal ou artificializada pela
indústria extrativa, concedendo visibilidade do solo maioritariamente reduzida a nula
para a identificação de materiais na superfície e média a nula para detecção de
estruturas.
No âmbito do trabalho de campo procedeu-se ao reconhecimento de uma
ocorrência (Oc. 4) identificada nas fontes documentais consultadas e identificaram-se
três novas ocorrências (Oc. 1, 2 e 3) que não se encontravam referenciadas na
pesquisa documental que antecedeu esta fase de caracterização da área.
Todas as ocorrências identificadas na AI da AIE correspondem a património cultural de
âmbito
arquitectónico
e
etnológico,
não
tendo
sido
identificados
vestígios
arqueológicos.
A Oc. 4 corresponde a um sítio assinalado no Plano de Ordenamento do PNSAC.
Todavia não contêm descrição, designação ou menção a potencial arqueológico da
ocorrência, sendo apenas apresentada como sítio de especial interesse geológico,
paleontológico e espeleológico. No local indicado encontra-se um lapiás proeminente
podendo esta referência reportar ao lapiás.
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As ocorrências identificadas estão inventariadas no Quadro 4.13-2 e caracterizadas
com detalhe no Anexo 2.
Dadas as características gerais de visibilidade do solo32, é prudente considerar a
possibilidade de existirem vestígios arqueológicos ao nível do solo ocultados pelo
coberto vegetal ou mesmo sob as montureiras.
Quadro 4.13-2: Ocorrências Patrimoniais
Inserção no Projecto (AI, ZE)
Tipologia
Categoria (CL, AA, AE)
Topónimo ou
Valor cultural e Classificação
Referência
Designação
TC
AI
PD
Referência
CL
AA
ZE
AE
CL
Inserção no Projecto (AI, ZE)
Topónimo ou
Categoria (CL, AA, AE)
Designação
Valor cultural e Classificação
PD
Cabeça Veada
Abrigo
2
Abrigo de Pias Novas
Cisterna
3
4
CL
Depósito, Depósito de
1
Cisterna de Pias Novas
4
9
10
11
AA
Tipologia
AI
TC
Indeterminado
AA
PA
PR
F
ER
MC
Ind
MC
Ind
Cronologia
ZE
AE
CL
AA
AE
PA
PR
F
ER
1
C
1
C
2
C
Moinho de Vento
Ind
3
Moinho da Cabeça
Capela
AE
Natural
Pias Novas
Capela,
Cronologia
da
Cabeça Veada
Igreja
Igreja de Arrimal
Ind
2
C
2
C
LEGENDA
Referência. Os números da primeira coluna identificam as ocorrências caracterizadas durante o trabalho de campo (TC) e
as letras da segunda coluna as que foram identificadas na pesquisa documental (PD). Faz-se, desta forma, a
correspondência entre as duas fontes de caracterização do Património. As ocorrências estão identificadas na cartografia
com estas referências.
Tipologia, Topónimo ou Designação
Inserção no PP. AI = Área de incidência da AIE; ZE = Zona envolvente da AIE.
Categoria. CL = Património classificado, em vias de classificação ou com outro estatuto de protecção (M=monumento
nacional; IP=imóvel de interesse público; IM=imóvel de interesse municipal; ZP=zona especial de protecção; VC=em
32 O trabalho de campo foi zonado no que concerne às características da ocupação do terreno e de visibilidade do solo
para a detecção de estruturas e materiais arqueológicos (Anexo 3)
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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199
vias de classificação; PL=planos de ordenamento; In=inventário); AA = Património arqueológico; AE = Arquitectónico,
artístico, etnológico, construído; (?)=quando há dúvidas quanto à integração na categoria.
Valor cultural e critérios. Elevado (5): Imóvel classificado (monumento nacional, imóvel de interesse público) ou
ocorrência não classificada (sítio, conjunto ou construção, de interesse arquitectónico ou arqueológico) de elevado
valor científico, cultural, raridade, antiguidade, monumentalidade, a nível nacional. Médio-elevado (4): Imóvel
classificado (valor concelhio) ou ocorrência (arqueológica, arquitectónica) não classificada de valor científico,
cultural e/ou raridade, antiguidade, monumentalidade (características presentes no todo ou em parte), a nível
nacional ou regional. Médio (3), Médio-baixo (2), Baixo (1): Aplica-se a ocorrências (de natureza arqueológica ou
arquitectónica) em função do seu estado de conservação, antiguidade e valor científico, e a construções em função
do seu arcaísmo, complexidade, antiguidade e inserção na cultura local. Nulo (0): Atribuído a construção actual ou a
ocorrência de interesse patrimonial totalmente destruída. Natural (Nt): atribuído a formações naturais sem valor cultura.
Ind=Indeterminado (In), quando a informação disponível não permite tal determinação, ou não determinado (Nd),
quando não se obteve informação actualizada ou não se visitou o local.
Cronologia. PA=Pré-História Antiga (i=Paleolítico Inferior; m=Paleolítico Médio; s=Paleolítico Superior); PR=Pré-História
Recente (N=Neolítico; C=Calcolítico; B=Idade do Bronze); F=Idade do Ferro; ER=Época Romana; MC=Idades Média,
Moderna e Contemporânea (M=Idade Média; O=Idade Moderna; C=Idade Contemporânea); Ind=Indeterminado (In),
quando a informação disponível não permite tal determinação, ou não determinado (Nd), quando não se obteve
informação actualizada ou não se visitou o local. Sempre que possível indica-se dentro da célula uma cronologia mais
específica.
Incidência espacial. Reflecte-se neste indicador a dimensão relativa da ocorrência, à escala considerada, e a sua
relevância em termos de afectação, através das seguintes quatro categorias (assinaladas com diferentes cores nas
células): achado isolado (cor verde); ocorrências localizadas ou de reduzida incidência espacial, inferior a 200m2 (cor
azul); manchas de dispersão de materiais arqueológicos, elementos construídos e conjuntos com área superior a 200m2
e estruturas lineares com comprimento superior a 100m (cor vermelha); áreas de potencial interesse arqueológico (cor
laranja).
Incidência espacial
Áreas de potencial valor arqueológico
Achado isolado
Ocorrência de dimensão significativa
Ocorrência de pequena dimensão
Dimensão não determinada
4.13.4.
DIAGNÓSTICO
A ausência de vestígios arqueológicos não inviabiliza a probabilidade da sua
existência. Tendo em consideração as condições de visibilidade do solo é prudente
considerar a possibilidade de existirem vestígios arqueológicos ao nível do solo/subsolo
ocultos pela vegetação ou dentro de cavidades cársicas.
4.14.
PATRIMÓNIO GEOLÓGICO
O levantamento de campo efetuado na AIE de Cabeça Veada, e a consulta às
fontes de informação disponíveis não revelou património geológico assinalável.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
200
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
5.
CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÓMICA
5.1.
DINÂMICAS TERRITORIAIS
A abordagem territorial seguida neste relatório teve como objetivo disponibilizar
diferentes perspectivas de análise para um objecto que não é fácil tratar em
planeamento como é a Área de Intervenção Específica. A sua escala espacial mas
também, de modo geral, a sua relevância económica e social bem como as arritmias
no seu funcionamento levantam desafios que foram aqui enfrentados através de
análises múltiplas quer territoriais quer sectoriais.
É por essa razão que se irá encontrar um primeiro enfoque da freguesia da AIE em
análise face às demais freguesias que também estão envolvidas por acolherem outras
AIE submetidas a um processo de planeamento semelhante. Este exercício permite
ponderar as características da freguesia com outras com algum grau de afinidade de
modo a conseguir encontrar possibilidades de comparação e análise consistentes
numa escala espacial micro.
Em segundo lugar, relaciona-se a freguesia da AIE com o concelho onde se inscreve
buscando sinais de convergência ou divergência com o perfil concelhio e refletindo
sobre a capacidade da AIE em contribuir para a convergência freguesia-concelho e,
de um modo mais geral, para o desenvolvimento municipal. É o que se pode designar
como uma escala de análise meso.
Finalmente, existiu a possibilidade de olhar para o interior da AIE através de
indicadores relacionados com a sua atividade económica global bem como através
dos resultados do processo de inquirição conduzido pela equipa no âmbito PIER junto
dos empresários que operam na AIE visando detalhar dinâmicas da atividade em
matéria de funcionamento (recursos humanos, mercados, etc.) e de relação com a
comunidade.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
201
5.1.1.
DEMOGRÁFICAS E SOCIAIS
5.1.1.1.
A freguesia de Mendiga no PNSAC
A Área de Intervenção Específica de Cabeça Veada insere-se parcialmente na
freguesia de Mediga, concelho de Porto de Mós.
Os recentes dados provenientes do recente XV Recenseamento Geral da População
(2011) permitem identificar para as freguesias que integram Áreas de Intervenção
Específica (para onde será elaborado um PIER) inscritas no Parque Natural da Serra de
Aire e Candeeiros (PNSAC) - Arrimal, Mendiga, Serro Ventoso, Aljubarrota (Prazeres),
Alcobertas, Alcanede - um recuo demográfico ligeiro de -1,7%, entre 2001 e 2011. Esta
diminuição ocorrida na última década censitária corresponde a um conjunto de
cerca de 230 indivíduos. O universo demográfico situa-se então, neste território, nos
13435 indivíduos em 2011.
Para além desta imagem vale a pena ainda sublinhar duas ideias fundamentais:
i.
Este valor é, na verdade, um saldo entre os indivíduos que entram neste
território (nascimentos e imigrantes) e os que saem (óbitos e emigrantes),
revelando então certamente um dinamismo que acabou por se revelar
negativo;
ii.
Um saldo global não pode deixar de esconder particularidades e
assimetrias espaciais. Com efeito, estas 6 freguesias – Aljubarrota/ Prazeres,
Alcobertas, Alcanede, Serro Ventoso, Mendiga e Arrimal – exibem um perfil,
em termos de dinâmica demográfica, bastante distinto: Por um lado, as
freguesias que atraíram população - Aljubarrota/ Prazeres (+14,1%), e
Arrimal (+3,6%) – e, por outro, as que expulsaram população – Serro Ventoso
(-7,9%), Mendiga (-8,5%), Alcobertas (-5,4%) e Alcanede (-9,9%).
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
202
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Quadro 5.1-1: Residentes em 2001 e 2011
Local de residência
População residente
2011
2001
Variação
10047083
9869343
1,7%
Arrimal
774
747
3,6%
Mendiga
930
1016
-8,5%
Serro Ventoso
1026
1114
-7,9%
Aljubarrota (Prazeres)
4235
3711
14,1%
Alcobertas
1923
2033
-5,4%
Alcanede
4547
5048
-9,9%
Total freguesias alvo de PPIER
13435
13669
-1,7%
CONTINENTE
Fonte: INE, XIV e XV Recenseamentos Gerais da População.
Figura 5.1-1: Pressão demográfica (hab,/Km2) 2011
Fonte: INE, XV Recenseamento Geral da População.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
203
Figura 5.1-2: Tendências recentes na dinâmica demográfica, 2001-2011
Fonte: INE, XIV e XV Recenseamentos Gerais da População.
Famílias que se multiplicam… mas com menos membros
Fenómeno usual nas últimas décadas tem sido o constante crescimento do número de
famílias mesmo que em contraciclo com o que se verifica no campo do número de
residentes. Aliás, é mesmo este o caso do território alvo deste Plano de Pormenor de
Intervenção em Espaço Rural (PPIER) sendo que a população encolheu 1,7% na
primeira década do século XXI mas o número de agregados familiares expandiu-se de
5001 para 5113 famílias, correspondendo a uma variação de +2,2% de 2001 para 2011.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
204
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Quadro 5.1-2: Famílias em 2001 e 2011
Famílias
Local de residência
2011
2001
Variação
3874115
3508953
10,4%
Arrimal
262
253
3,6%
Mendiga
351
371
-5,4%
Serro Ventoso
369
385
-4,1%
Aljubarrota (Prazeres)
1652
1376
21,1%
Alcobertas
704
680
3,5%
Alcanede
1775
1936
-8,3%
Total freguesias alvo de PPIER
5113
5001
2,2%
CONTINENTE
Fonte: INE, XIV e XV Recenseamentos Gerais da População.
Esta alteração não configura mudanças apenas quantitativas mas também no plano
qualitativo. Com efeito, não existem dados para caracterizar com maior pormenor
estas famílias mas, como é um fenómeno que já se arrasta há muito tempo, têm sido
adiantadas justificações que importa neste caso atender, em especial as que
remetem para a fragmentação familiar por via do divórcio e por via da emancipação
dos jovens face à coabitação com os pais. Esta explicação é consistente com o facto
de, ao mesmo tempo que aumenta o número de famílias, também a sua dimensão
média vai diminuindo. Neste território ao longo da última década censitária a
contração foi de 2,73 para 2,62 indivíduos por família.
As consequências são claras embora possam não ser imediatas. As exigências em
novos alojamentos (mesmo que a satisfação residencial não passe sempre por novos
fogos mas também pela transferência de habitações sazonais para habitações
principais, por exemplo) e a ampliação do mercado de emprego para responder às
necessidades emergentes são as primeiras que devem ser enunciadas.
Mais uma vez o território em avaliação regista uma diferenciação significativa ao nível
destas mudanças. A polarização das variações positivas nas freguesias de
Aljubarrota/Prazeres (bastante superior à média do Continente), no Arrimal e em
Alcobertas contrastam as expressivas reduções recenseadas em Mendiga (-5,4%),
Serro Ventoso (-4,1%) e Alcanede (-8,3%). Atente-se que estas últimas três freguesias
acumulam este perfil com uma significativa perda de vitalidade demográfica medida
em termos de número de residentes (cf.Figura 5.1-1).
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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Figura 5.1-3: Tendências recentes para o número de famílias, 2001-2011
Fonte: INE, XIV e XV Recenseamentos Gerais da População.
A ocupação edificada continua a sua expansão indiferente à demografia
A informação relativa aos alojamentos proveniente do último Censo à habitação
(2011) é preciosa pela sua atualidade. A primeira informação que se retira destes
dados é desde logo a da forte expansão do número de fogos existente neste território
inserido no PNSAC entre 2001 e 2011. Foram 921 os novos alojamentos, o que
corresponde a mais 14,8% face a 2001.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
206
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Quadro 5.1-3: Alojamentos em 2001 e 2011
Alojamentos
Localização geográfica
2011
2001
Variação
5639257
4866373
15,9%
Arrimal
377
328
14,9%
Mendiga
500
474
5,5%
Serro Ventoso
517
500
3,4%
Aljubarrota (Prazeres)
2287
1784
28,2%
Alcobertas
1021
796
28,3%
Alcanede
2456
2355
4,3%
Total freguesias alvo de PPIER
7157
6237
14,8%
CONTINENTE
Fonte: INE, XIV e XV Recenseamentos Gerais da População.
Este ritmo de crescimento ultrapassou largamente a média de Portugal continental
revelando uma capacidade de atração de investimento imobiliário muito significativa.
Em termos globais a população regrediu 1,7% e o número de famílias situa-se nas 5113.
Em 2011 o excesso de fogos é de 2045. Mais de um quarto dos alojamentos neste
território (2045 fogos do total) poderão estar, assim, vagos – para venda, demolição ou
servindo de habitação secundária33.
33
Atente-se que esta é apenas uma apreciação sintética relação famílias-parque habitacional já que são múltiplas as dimensões (carências
quantitativas e carências qualitativas) que normalmente se consideram para a determinação de deficiências ou excessos na oferta de alojamentos.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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207
Figura 5.1-4: Densidade habitacional, 2011
Fonte: INE, V Recenseamento Geral da Habitação.
Podemos segmentar as dinâmicas imobiliárias por territórios correspondentes às várias
freguesias pois as diferenças são marcantes. Com pouca expressão (inferior a 5,6%)
neste crescimento surgem as de Serro Ventoso, Mendiga e Alcanede. As duas
primeiras apresentam valores próximos dos 150 fogos excedentários face ao número
de famílias quando em 2001 esse valor pouco ultrapassava as 100 unidades. O caso
de Alcanede que passou de 2355 para 2456 alojamentos ampliou o seu afastamento
entre os dois universos – familiar e residencial – de 419 para 681, até porque tinha visto
diminuir a sua população (-9,9%), assim como o número de famílias (-8,3%). Aliás, não é
alheio, a estas dinâmicas, o encerramento da escola primária da localidade e a
cedência das suas instalações à Sociedade Filarmónica Alcanedense.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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Fonte: Google Earth, 2009
Figura 5.1-5: Lugares da Mendiga (Esq.) e Serro Ventoso
2005
2009
Fonte: Google Earth
Figura 5.1-6: Fragmento territorial da freguesia de Alcanede em 2005 e 2009
Num patamar intermédio podemos colocar a freguesia de Arrimal cujos 14,9% de
crescimento do parque residencial se distinguem nitidamente das freguesias
anteriores. Sendo actualmente 377 fogos o universo residencial da freguesia o seu
número de famílias é apenas de 262, o que mais uma vez representa a presença de
um conjunto expressivo de alojamentos vagos (115, isto é, aproximadamente 30%).
As freguesias mais urbanas, Aljubarrota (Prazeres) e Alcobertas cresceram acima dos
28%, acrescentando até 2011, portanto, mais de um quarto do número de fogos de
2001. Este salto permitiu a que Aljubarrota (Prazeres) passasse a exibir um excedente
de fogos de 635 (408 em 2001), e Alcobertas 317 (116 em 2001). Em todas o peso dos
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209
fogos vagos ultrapassa os 28% do total do parque residencial chegando a 31% em
Alcobertas (quase, portanto, um terço do total).
Figura 5.1-7: Tendências recentes na disponibilidade em alojamentos, 2001-2011
Fonte: INE, IV e V Recenseamentos Gerais da Habitação.
Como nota final vale a pena sublinhar que apesar de se assistir nos últimos anos a uma
“desdensificação” da presença humana neste território o que é facto é que, em
contraciclo, verifica-se uma maior pressão na ocupação do solo por parte da
componente imobiliária. Este desfasamento entre demografia e alojamento pode ser
ligeiramente explicado pela variação do número de famílias e pela tendência de
aumento no acesso à habitação secundária. Esta tendência é, aliás, interessante
pontualmente pelo emprego que gera e rendimentos que proporciona às autarquias.
Interessante trajetória social e qualificação de recursos.
Finalmente, seguindo por uma abordagem mais social por recurso à presença de
recursos humanos qualificados, é interessante verificar como todas as freguesias em
análise tiveram um percurso na década de noventa extraordinário na qualificação
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
210
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
dos seus residentes. Com efeito, e tomando o continente como referencial onde a
proporção de profissionais socialmente mais qualificados era de 9,93 em 1991
passando para quase 16% em 2001, os valores das freguesias que integram Áreas de
Intervenção Específica estão ainda distantes. Todavia, em todas as 6 freguesias o
crescimento foi uma evidência.
O facto de partirem de valores muito baixos condicionou e muito a sua evolução. Isto
é especialmente válido para as freguesias do Arrimal, Alcobertas e Serro Ventoso.
Em 2001 as freguesias que reuniam proporcionalmente mais profissionais residentes
socialmente valorizados era a de Serro Ventoso, Mendiga, Aljubarrota e Alcanede.
Entende-se que estes dados constituem variáveis a serem tomadas em consideração
na leitura do desenvolvimento socioeconómico registado neste território e neste
período.
Quadro 5.1-4: Qualificação dos residentes mais qualificados, 1991-2001
Proporção de profissionais
socialmente mais valorizados (%)
2001
1991
Continente
15,68
9,93
Arrimal
6,31
1,56
Mendiga
10,37
4,67
Serro Ventoso
12,18
3,66
Aljubarrota (Prazeres)
9,93
4,89
Alcobertas
6,21
2,12
Alcanede
8,47
5,32
Fonte: INE, XIII e XIV Recenseamento Geral da População, 1991 e 2001
5.1.1.2.
A freguesia de Mendiga no concelho de Porto de
Mós
Uma outra leitura legítima passível e útil de ser feita no âmbito deste IGT é a que a que
procura integrar e comparar alguns dos elementos-chave sociodemográficos entre a
freguesia onde se localiza a pedreira e o respectivo concelho. Com estes elementos
básicos é desde logo possível verificar se a freguesia segue as tendências gerais do
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
211
território concelhio e, caso não seja essa a situação, averiguar a razão pela qual tal
sucede incluindo nessa justificação, se possível, o papel das explorações de rochas.
No caso concreto da freguesia da Mendiga, integra o concelho de Porto de Mós que
regista uma área de cerca de 275Km2. Com os seus 20,18Km2 Mendiga apenas
representa um pouco mais de 7% da superfície total do concelho (7,3%). Todavia,
quando a nossa grelha de análise e comparação se desloca para a demografia e em
particular para o universo de habitantes uma nova realidade se anuncia pois em 2011
os 930 habitantes da freguesia correspondiam a apenas 3,8% do total de 24342 hab.
concelhios (em 2001 essa proporção era de 4,1%). As dinâmicas também não têm sido
animadoras pois enquanto se assiste a uma certa estabilização (+0,29%) no universo
dos residentes do Concelho em Mendiga a regressão é a imagem que mais se
adequa atendendo aos -8,5% a que podemos associar um maior envelhecimento,
diminuição de população ativa e jovem. A densidade populacional de apenas 46,1
habitantes por Km2 reflete bem a menor importância no contexto concelhio da
demografia face ao território que apresenta.
Quadro 5.1-5: Área e População em Mendiga e Porto de Mós, 2001-2011
Área
População
Δ 2001-2011
Habitantes/
(%)
Km² (2011)
24342
+0,29
88,4
930
-8,46
46,1
Km²
2001
2011
Porto de Mós
275,39
24271
Mendiga
20,18
1016
Fontes: CAOP; INE, XIV e XV Recenseamentos Gerais da População.
A perda de velocidade demográfica da freguesia face ao Concelho tem como se viu
implicações diversas na estrutura demográfica bem como na ocupação rarefeita do
território mas reflete-se também no número de famílias. A evolução do seu número
costuma ser sempre bem mais generosa que a evolução dos residentes pois que as
respectivas dinâmicas são bastante diferentes.
Esta situação volta aqui a verificar-se com o concelho de Porto de Mós a ultrapassar
na última década censitária os 10% de crescimento enquanto a freguesia continuou a
perder famílias (-5,4%) se bem que com menor intensidade que a população. É por
isso também que o peso concelhio da freguesia de Mendiga é de apenas 3,7%. Isto é,
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
212
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
inferior à proporção dos residentes tomados como indivíduos isolados. Quanto à
composição familiar os valores são semelhantes aos do concelho (2,6).
Quadro 5.1-6: Famílias em Mendiga e Porto de Mós, 2001-2011
Famílias
2001 2011
Porto de Mós
Mendiga
8491 9361
371
351
Δ 2001-2011
Dimensão Média
(%)
Familiar (2011)
+10,25
2,6
-5,39
2,6
Fonte: INE, XIV e XV Recenseamentos Gerais da População.
Do ponto de vista sociodemográfico percebe-se que as freguesias têm uma expressão
territorial a que não corresponde idêntico peso em questões de população e as
dinâmicas recentes antecipam já a ideia de que esse peso continua a regredir. Daí
que a reversão da situação, ou seja, a revitalização destes espaços de baixa
densidade possa ser uma preocupação que normalmente é enfrentada com a
possibilidade de criação de emprego.
Uma situação ligeiramente diferente pode ser encontrada quando nos centramos no
parque residencial. Com efeito, os 500 fogos existentes na freguesia da Mendiga
continuam a expressar a relevância da demografia, isto é, 3,8%, mas a diferença está
que este parque continua em expansão, em contraciclo com a população e as
famílias. É evidente que a variação na primeira década deste século foi de 5,5%
quando em Porto de Mós foi mais de 13% mas, ainda assim, é um sinal positivo num
contexto humano recessivo generalizado.
Quadro 5.1-7: Alojamentos em Mendiga e Porto de Mós, 2001-2011
Alojamentos
2001
Porto de Mós
Mendiga
2011
11521 13047
474
500
Δ 2001-2011
(%)
Aloj./km² (2011)
+13,25
47,4
+5,49
24,8
Fonte: INE, IV e V Recenseamentos Gerais da Habitação
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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213
5.1.2.
DINÂMICAS LOCATIVAS
As dinâmicas locativas respeitam ao interesse que certos aspectos inerentes ao
território
trazem dentro
de
cada
contexto
histórico
e
económico
para
o
desenvolvimento. Na verdade são recursos para o desenvolvimento mas que devem
ser entendidos na lógica de dinâmica porque só em função dos diferentes contextos
tecnológicos e económicos poderão assumir ou não relevância. É assim, por exemplo,
com as acessibilidades ou com a qualidade ambiental.
Os valores de flora, fauna, paisagísticos e geológicos entre outros emprestam a este
território grande singularidade e interesse não só económico – exploração da pedra,
turismo – como cultural e ambiental. O modelado cársico e a sua espetacularidade
quer à superfície (cf. formas elementares cársicas e espelho de falha do Reguengo do
Fetal, por exemplo) quer no subsolo levaram à construção de uma paisagem com
forte identidade e sensibilidade. Por isso, a área do PNSAC tem de ser entendida como
uma mais-valia para o desenvolvimento dos territórios nele incluídos ou nas suas
imediações.
Por outro lado, estes recursos só poderão ser convenientemente explorados se a
malha das acessibilidades se ajustarem às necessidades. Dito de outro modo se se
ajustarem à grelha urbana existente na envolvente – Leiria, Caldas da Rainha,
Santarém, Lisboa, entre outros.
Figura 8: Inserção sub-regional da AI
Fonte: Google Earth
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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A proximidade da A1, A23, A15 (aproximadamente a cerca de 25 km) e A8 parece
não oferecer dúvidas sobre a inserção territorial privilegiada desta área face a um
conjunto alargado de sub-regiões (Oeste, Pinhal litoral, Lezíria do Tejo e Área
Metropolitana de Lisboa) bem como nacional e internacional, salientando-se neste
caso a relação com os portos da AML e a ligação à fronteira pela A23 e A6,
aproveitando a existência da A13.
Sublinhe-se ainda que esta rede de acessibilidades serve não apenas para explorar o
potencial de recursos naturais como para aproveitar os recursos humanos formados no
sistema formal de ensino ou no sistema de formação profissional das áreas
envolventes, servindo estas como bacias de recrutamento de mão-de-obra para a
indústria extractiva mas também como catalisadores de uma exploração que se
pretende crescentemente capaz de gerar mais-valias pela incorporação de valor na
produção. Por isso se toma em elevada conta a existência de centros de formação
em Santarém, Rio Maior, Tomar, Torres Novas e Leiria bem como instituições de ensino
superior – Instituto Politécnico de Leiria, Santarém e de Tomar.
Assim, a rede viária fundamental assume-se como um recurso locativo fundamental na
articulação com os sistemas urbanos da Lezíria, Médio Tejo, Oeste e Pinhal Litoral a
partir do aproveitamento das economias de aglomeração aí geradas e com
benefício para a prestação de serviços de apoio às empresas (formação e
investigação, entre outros) e às pessoas (comércio, alojamento e restauração, serviços
de saúde, entre outros).
Descendo à escala das freguesias que integram AIE a densidade viária medida pela
relação da extensão de vias relevantes presentes em relação à superfície, a
segmentação deste território em três parcelas fica imediatamente sugerida pelas
diferenças encontradas. A freguesia de Aljubarrota pelo seu carácter urbano
apresenta a maior densidade viária (0,41); Mendiga, Alcanede e Serro Ventoso (0,27,
0,22 e 0,19, respectivamente) têm um valor sensivelmente de metade da primeira
freguesia; Alcobertas e Arrimal não registam valores para este indicador.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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215
Quadro 5.1-8: Permeabilidade viária
Estradas
Estradas [km]
Area [km2]
Alcanede
23,69
106,66
0,22
Alcobertas
-
31,91
-
10,81
26,26
0,41
-
19,03
-
Mendiga
5,47
20,42
0,27
Serro Ventoso
6,43
33,09
0,19
Aljubarrota (Prazeres)
Arrimal
km/km2
Fonte: Estradas de Portugal.
Esta leitura é especialmente importante para avaliar, por um lado, a oferta de
infraestruturas territoriais relevantes para o desenvolvimento económico e qualidade
de vida das populações mas por outro, e no caso concreto das explorações aqui
abordadas, as implicações que poderão sobre a rede viária o acréscimo da
exploração destes materiais. Havendo menos diversidade a pressão sobre as
infraestruturas será maior bem como sobre o quadro de vida das comunidades
residentes.
A conectividade física é suporte do networking empresarial (e não só) o que é
essencial para que um tecido económico possa implantar-se, expandir-se e
aprofundar-se em termos de criação de valor e inovação. Todavia este depende
também e cada vez mais é claramente das condições das infraestruturas de
informação e comunicação. Para isso afirma-se como indispensável a disponibilidade
em termos de recursos locativos de redes de comunicação de elevado débito como
a banda larga e agora mais recentemente a fibra óptica (designada em Portugal
como Rede de Nova Geração).
A ANACOM disponibiliza elementos cartográficos (sem possibilidade extrair dados
quantitativos) onde é possível observar, para o caso da Banda Larga, que os
concelhos e sub-regiões onde se inscreve a AI regista uma densidade apreciável de
Centrais que disponibilizam o serviço admitindo-se portanto uma boa cobertura em
termos de conectividade digital que, no entanto, exige um upgrade para a fibra
óptica a curto prazo para não subtrair competitividade a esta área (não existem
dados desagregados a esta escala territorial que permitam fazer um diagnóstico
detalhado para esta infraestrutura).
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
216
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Assim, sendo este um espaço essencialmente rural vale a pena em termos de
diagnóstico identificar um núcleo-chave de forças motrizes que se têm revelado
estratégicas para a sustentabilidade destes espaços: território e competitividade.
O primeiro porque fornece a matriz essencial das infraestruturas territoriais facilitadoras
da produção e das formas de valorização de mercado próprias, capazes de
acrescentar valor às produções e serviços locais. O segundo porque respeita à
criação de capacidades que valorizem os recursos existentes, naturais e construídos (a
partir da dotação de recursos de excelência com origem no sistema científico e
tecnológico que podem suportar a oferta de serviços técnicos de apoio) e, por outro
lado, a atração e fixação de novos recursos de investimento, de residentes e de
visitantes, que enriqueçam a dotação de factores locativos do espaço.
Os valores naturais convergindo genericamente no que se designa como ambiente
são um contexto onde se deve moldar o território e a competividade assumindo-se ele
próprio como um dos mais importantes recursos locativos pelo que a presença do
PNSAC tem de ser entendida como um factor de promoção e qualificação das
atividades. Ao mesmo tempo reconhece-se que estão identificadas necessidades
prioritárias de defesa e de proteção pelo que se devem mobilizar recursos situados nos
PO regionais, PROVERE (Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos)
e outros, que garantam a sua satisfação.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
217
Figura 5.1-8: Áreas protegidas nas freguesias que integram AIE
5.1.3.
RECURSOS INSTITUCIONAIS - ASSOCIAÇÕES E INSTITUIÇÕES
Devem ser elencados como recursos institucionais os que respeitam a associações que
prosseguem interesses comunitários ou sectoriais já que corporizam uma capacidade
mobilizadora dos agentes em função de objectivos específicos. Essa capacidade
deve
ser
reconhecida
como
um
instrumento
poderoso
no
processo
de
desenvolvimento integrado deste território.
No âmbito do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros foi possível identificar a
REDE PRÓ-CARSO que integra várias Associações (Associação de Artesãos das Serras
d’Aire e Candeeiros, Associação Cultural e Recreativa Pedras Soltas, Associação para
o Desenvolvimento Integrado da Freguesia de Alcobertas, Associação para o
Desenvolvimento Sociocomunitário do concelho de Santarém, Conselho Diretivo do
Baldio de Vale da Trave, Covaltas - Associação Cultural e Ambiental da Serra e
Cooperativa “Terra Chã).
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
218
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Como obstáculo maior ao incremento económico, para além dos situados no plano
da demografia, está o que parece ser a insuficiente informação e a anémica
proposta de iniciativas no domínio económico que mobilizem o investimento produtivo
no seio dos municípios. Isto apesar de na área (concelho de Porto de Mós) se situar
também a Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins
- ASSIMAGRA cujo objetivo é juntar os industriais do sector, apresentando uma
cobertura territorial de nível nacional (tem delegações em Lisboa, Pêro Pinheiro e
Borba). Os seus objetivos procuram, designadamente:
-
Estimular os contactos e as relações entre os associados;
-
Enfrentar os problemas específicos do sector, designadamente os de carácter
técnico-económico,
financeiro
e
laboral,
procurando
atingir
maior
produtividade e a aplicação de ajustadas práticas comerciais;
-
Articular-se com instituições semelhantes nacionais ou estrangeiras;
-
Fomentar a criação de serviços partilhados, como a elaboração de estudos
económicos, fiscais e de consulta e assistência jurídica.
5.1.4.
RECURSOS DE INICIATIVA
Recursos que salientam o que se faz, como se faz e onde se faz
Estes recursos reportam à capacidade que o território manifesta em acolher dinâmicas
empresariais com maior ou menor interesse e qualificação, sendo que por essa via
poderá suscitar observações para políticas de correção ou ampliação das condições
de funcionamento do tecido empresarial local.
5.1.4.1.
Notas
sobre
a
relevância
da
extração
de
rochas
industriais e ornamentais
As dinâmicas que afectam a indústria extractiva revelam comportamentos diferentes
conforme se tratem de rochas industriais ou de rochas ornamentais. As exigências em
torno da extração – tecnologia, recursos humanos, materiais consumidos, energia, ... –
são diferenciadas mas também em matéria de escoamento. À primeira pede-se que
cumpra os requisitos necessários para os trabalhos de construção civil e obras públicas
mas cujo valor do produto extraído depende mais da qualidade intrínseca que da sua
transformação que é, por motivos óbvios, mínima. É muito sensível às variações
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
219
conjunturais que afectam o sector imobiliário e a capacidade de investimento público
em equipamentos, infraestruturas e parque edificado em geral, sendo aliás os
indicadores desta atividade alguns dos mais requisitados para ilustrar as extensões da
crise no imobiliário.
Por outro lado, os baixos valores por tonelada que regista não facilita a alternativa da
exportação pois os custos do transporte por muito baixos que possam ser acabam por
lhe subtrair margem de competitividade.
Este ramo da atividade extrativa parece assim estar encurralada entre um contexto
interno recessivo e estagnado e um contexto externo cujos potenciais mercados,
estando fora da Europa ocidental, tornam inviáveis os esforços de internacionalização
como formula para contornar a crise.
Uma outra realidade constitui a rocha ornamental já que apresenta diferenças quer
na forma de exploração quer nas potencialidades de comercialização. A sua
especificidade fica desde logo bem ilustrada pelo menor número de explorações,
face aos centros de produção de rochas industriais, capazes de dar resposta às
exigências da procura, conforme se apresenta na figura seguinte, bem como numa
maior assimetria da sua distribuição.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
220
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Figura 5.1-9: Localização dos centros de produção de rochas industriais e ornamentais
Fonte: DGEG (20 de Maio de 2013)
Aliás, o primeiro aspecto (forma de exploração) acaba por ter ajustamentos face às
oportunidades e inovação de mercado que se vão introduzindo: a qualidade do
produto, o valor acrescentado necessário para o tornar competitivo e apetecível nos
mercados internacionais onde se registam fortes dinâmicas nas obras públicas e
imobiliário, designadamente, China, Brasil, Europa de Leste e Médio Oriente.
A procura de quantidades assinaláveis de produtos valorizados ajuda a esbater o
impacto do custo de transporte no processo de exportação. Porém este acaba por
ser ainda mitigado com a crescente introdução de inovação na oferta clássica
aumentando o valor do produto, diminuindo em alguns casos o seu volume e
tornando-o menos sensível às variações do transporte.
É por isso evidente que essas inovações na oferta acabam por ter alguns efeitos no
tipo e forma de exploração e consequentes consumos de materiais, recurso a
tecnologias específicas assim como a recursos humanos em maior quantidade e
qualidade.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
221
A análise de uma série de 6 anos (2002 a 2007) permite identificar um comportamento
não linear mas ainda assim indicativo de uma diminuição gradual do número total de
pedreiras em funcionamento em Portugal. Essa regressão foi muito mais explícita nas
de extração de rochas ornamentais que nas de rochas industriais onde, apesar da
variação, o último ano acaba por registar mais pedreiras que o ano inicial da série
(cf.Quadro 5.1-9).
Quadro 5.1-9: Evolução do número de pedreiras em atividade por tipo de rocha extraída
R. Ornamentais/
2002
2003
2004
2005
2006
2007
Rochas Ornamentais
633
611
607
580
606
516
Mármores e calcários
194
184
173
179
183
149
Granitos e rochas similares
97
108
110
99
107
106
334
311
315
292
306
253
8
8
9
10
10
8
Rochas Industriais
484
496
481
477
481
489
Argila e caulino
94
95
90
98
94
100
Calcário, gesso e cré
27
29
33
33
29
34
Saibro, areia e pedra britada
363
372
358
346
358
355
Total
1117
1107
1088
1057
1087
1005
R. Industriais
Pedra
rústica
para
calçada
e
Ardósia e Xisto
Fonte: DGEG
Esse perfil de evolução teve uma tradução clara no período analisado no peso das
pedreiras de rochas ornamentais no conjunto das pedreiras. Com efeito essa
proporção veio consistentemente a reduzir-se de 56,7% para 51,3% do total. Foi a
pedra para calçada e os mármores e calcários que mais contribuíram para essa
diminuição já que os granitos mantiveram a sua relevância e até a elevaram
ligeiramente.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
222
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Quadro 5.1-10: Evolução do peso (%) de pedreiras em atividade por tipo de rocha extraída
R. Ornamentais/
2002
2003
2004
2005
2006
2007
Rochas Ornamentais
56.7%
55.2%
55.8%
54.9%
55.7%
51.3%
Mármores e calcários
17.4%
16.6%
15.9%
16.9%
16.8%
14.8%
8.7%
9.8%
10.1%
9.4%
9.8%
10.5%
29.9%
28.1%
29.0%
27.6%
28.2%
25.2%
0.7%
0.7%
0.8%
0.9%
0.9%
0.8%
43.3%
44.8%
44.2%
45.1%
44.3%
48.7%
Argila e caulino
8.4%
8.6%
8.3%
9.3%
8.6%
10.0%
Calcário, gesso e cré
2.4%
2.6%
3.0%
3.1%
2.7%
3.4%
Saibro, areia e pedra britada
32.5%
33.6%
32.9%
32.7%
32.9%
35.3%
100.0%
100.0%
100.0%
100.0%
100.0%
100.0%
R. Industriais
Granitos e rochas similares
Pedra
rústica
para
calçada
e
Ardósia e Xisto
Rochas Industriais
Total
Fonte: DGEG
Numa versão de síntese os dados da DGEG revelam algum paralelismo entre a
redução do número de pedreiras (-10% entre 2002 e 2007) e a redução do emprego a
elas associado (-19,8% para os encarregados e Operários). Já para o emprego de
dirigentes, administrativos e técnicos o comportamento destes foi positivo (4,2%)
tendo-se registado esse aumento quer nas explorações das rochas ornamentais quer
nas industriais. Em jeito de síntese temos então que as explorações de rochas
ornamentais parecem ter vindo a reduzir de forma global os recursos humanos
associados acompanhando a diminuição do número de explorações. Todavia, para
os recursos mais qualificados a evolução foi em sentido contrário se bem que
ligeiramente (Quadro 5.1-11).
Quadro 5.1-11: Evolução do pessoal ao serviço por tipo de rocha extraída
2002
R. Ornamentais/R.
Dirigentes,
Industrais
Administr. e
Técnicos
Rochas
Ornamentais
Mármores
e
calcários*
Granitos e rochas
similares*
Ardósia e Xisto
2006
Encarreg. e
Operários
Dirigentes,
Administr. e
Técnicos
2007
Encarreg. e
Operários
Dirigentes,
Administr. e
Técnicos
Encarreg. e
Operários
541
3782
554
3386
570
2885
289
1743
299
1408
311
1209
234
1941
233
1854
237
1544
18
98
22
124
22
132
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
223
2002
R. Ornamentais/R.
Dirigentes,
Industrais
Administr. e
Técnicos
Rochas Industriais
Argila e caulino
Calcário, gesso e
cré
Saibro,
areia
e
pedra britada
TOTAL
2006
Encarreg. e
Operários
Dirigentes,
Administr. e
Técnicos
2007
Encarreg. e
Operários
Dirigentes,
Encarreg. e
Administr. e
Operários
Técnicos
1092
4561
1045
3613
1132
3804
104
254
103
227
157
373
21
144
22
121
40
145
967
4163
920
3265
935
3286
1633
8343
1599
6999
1702
6689
Fonte: DGEG
O peso dos recursos humanos nas pedreiras existentes por tipos de rochas encontra-se
sistematizado noQuadro 5.1-12. Torna-se claro que o maior número de explorações de
rochas ornamentais existentes face às rochas industriais não tem tradução similar no
emprego já que regista uma relação trabalhador/unidade mais baixo o que aponta
para melhores condições no domínio da produtividade.
Quadro 5.1-12: Evolução do peso (%) do pessoal ao serviço por tipo de rocha extraída
2002
2006
2007
Dirigentes,
Administr. e
Técnicos
Encarreg. e
Operários
Dirigentes,
Administr. e
Técnicos
Encarreg. e
Operários
Dirigentes,
Administr. e
Técnicos
Encarreg. e
Operários
Rochas Ornamentais
33.1%
45.3%
34.6%
48.4%
33.5%
43.1%
Mármores e calcários*
17.7%
20.9%
18.7%
20.1%
18.3%
18.1%
Granitos e rochas similares*
14.3%
23.3%
14.6%
26.5%
13.9%
23.1%
Ardósia e Xisto
1.1%
1.2%
1.4%
1.8%
1.3%
2.0%
66.9%
54.7%
65.4%
51.6%
66.5%
56.9%
Argila e caulino
6.4%
3.0%
6.4%
3.2%
9.2%
5.6%
Calcário, gesso e cré
1.3%
1.7%
1.4%
1.7%
2.4%
2.2%
Saibro, areia e pedra britada
59.2%
49.9%
57.5%
46.6%
54.9%
49.1%
100.0%
100.0%
100.0%
100.0%
100.0%
100.0%
R. Ornamentais/R. Industriais
Rochas Industriais
TOTAL
Fonte: DGEG
Fazendo um exercício de aproximação às NUTIII onde se inscreve a Área de
Intervenção (Pinhal Litoral, Oeste e Lezíria do Tejo) poderemos observar que em termos
gerais tem existido uma queda da atividade medida quer em valores de produção
(Figura 5.1-10) quer em quantidades extraídas (Quadro 5.1-13), entre 2005 e 2011.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
224
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Valor de produção (mil €)
60.000
50.000
40.000
30.000
NUTS III Oeste
NUTS III Pinhal Litoral
20.000
NUTS III Lezíria do Tejo
10.000
0
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Anos
Figura 5.1-10: Valor de produção nas pedreiras das NUTS III da AI, 2005- 2011
Fonte: DGEG
Quadro 5.1-13: Variação da produção nas pedreiras das NUTS III da AI e de Portugal Continental,
2005-2011
Δ produção (2005-2011)
Quantidade (t)
Valor (mil €)
-32.669.544
-134.904
NUTS III Oeste
-6.931.842
-15.806
NUTS III Pinhal Litoral
-3.768.164
-1.333
NUTS III Lezíria do Tejo
-2.411.020
-24.363
PORTUGAL CONTINENTAL
Fonte: DGEG
Sendo verdade que a queda da produção – quantidade e valores - não é subregional
mas nacional os quadros seguintes mostra claramente como a importância deste
sector no total nacional tem vindo a diminuir com exceção do Pinhal Litoral no que
respeita aos valores de produção.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
225
Quadro 5.1-14: Proporção de Quantidade Produzida nas Pedreiras das NUTS III da AI
relativamente ao total nacional, 2005-2011
Proporção de Quantidade Produzida nas Pedreiras (%)
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
100
100
100
100
100
100
100
13,6
13,3
14,1
14,0
14,1
11,8
10,1
NUTS III PINHAL LITORAL
9,2
9,6
10,7
11,2
9,8
9,1
8,1
NUTS III LEZÍRIA DO TEJO
4,4
4,4
4,9
3,7
3,4
3,1
3,1
PORTUGAL CONTINENTAL
NUTS III OESTE
Fonte: DGEG
Quadro 5.1-15: Proporção do Valor de Produção nas Pedreiras das NUTS III da AI relativamente
ao total nacional, 2005-2011
Proporção do Valor de Produção nas Pedreiras (%)
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
PORTUGAL CONTINENTAL
100
100
100
100
100
100
100
NUTS III OESTE
9,3
9,1
10,6
9,7
9,9
9,2
8,5
NUTS III PINHAL LITORAL
7,7
7,6
8,0
10,5
9,4
9,8
10,0
NUTS III LEZÍRIA DO TEJO
8,5
10,1
9,7
6,2
5,3
6,4
5,4
Fonte: DGEG
Estas três regiões são detentoras de cerca de um quarto da produção nacional nas
pedreiras, sendo, por isso, um território valioso para o país na área da extração de
pedra.
Quadro 5.1-16: Proporção da Produção nas Pedreiras das NUTS III da AI e de Portugal Continental
relativamente à Produção Global Nacional de todos os sectores produtivos, 2005-2011
Relevância da produção nas pedreiras em relação à produção global
nacional (%)
2005
2006
2007
2008
2009
2010
0,2622
0,2493
0,2229
0,1759
0,1866
0,1918
NUTS III OESTE
0,0244
0,0228
0,0236
0,0170
0,0185
0,0177
NUTS III PINHAL LITORAL
0,0203
0,0188
0,0178
0,0185
0,0176
0,0188
NUTS III LEZÍRIA DO TEJO
0,0224
0,0252
0,0215
0,0108
0,0098
0,0123
PORTUGAL CONTINENTAL
Fontes: DGEG, INE
Verifica-se nesta proporção que a produção nas pedreiras é uma área de atividade
com pouca expressão quando comparada com o todo nacional. Em 2005, esta
produção representava 2,6‰ do total nacional recuando para 1,9‰ em 2010.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
226
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
É possível então avaliar a relevância económica e social das explorações de minerais
não metálicos e parcialmente das rochas ornamentais e rochas industriais. Todavia, há
que relativizar essa importância no conjunto do PIB nacional porque fica muito diluído.
Mas quando nos aproximamos de escalas regionais, subregionais e locais não só os
valores em causa começam a expressar alguma relevância como sobretudo se
pressente um maior impacto social com a presença de volumes de emprego com
significado local quer por absorção direta do sector quer indireta pelas dinâmicas de
consumo que gera a partir dos rendimentos auferidos pelos trabalhadores e
empresários.
Embora como se tenha visto existam apenas algumas diferenças entre um tipo de
exploração e outra as mudanças introduzidas pela conjuntura económica tem
claramente ampliado a importância de uma e o definhamento de outra. Desta
alteração parecem ocorrer efeitos positivos no sector com um grau de inovação
apreciável no topo de produtos bem como na sua comercialização em simultâneo
com uma relativa especialização e qualificação nos recursos humanos.
Todo este quadro económico e social em mudança vai no sentido também de uma
maior sensibilidade para as questões do próprio recurso e das implicações ambientais
da exploração já que essa dimensão começa crescentemente a integrar as
estratégias de marketing mais eficazes.
5.1.4.2.
A atividade nos concelhos que acolhem AIE’s
Para o caso presente e para este relatório destacaremos sobretudo três aspectos que
poderão
merecer
pertinentes
desenvolvimentos
futuros:
estrutura
empresarial
concelhia; estrutura empresarial geral; estrutura empresarial das atividades extractiva.
Relembre-se que são 4 os concelhos que incluem freguesias com AIE’s: Rio Maior,
Santarém, Alcobaça e Porto de Mós. Os sinais recolhidos em 2011 pelo XV
Recenseamento Geral da População e V Recenseamento Geral da Habitação são
animadores no que toca à demografia e à habitação, quando comparados com os
de 2001. Estes resultados são entendidos como proxy’s de uma avaliação da dinâmica
de desenvolvimento socioeconómico. Apenas o número de residentes do concelho
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
227
de Santarém diminuiu (2,14%) neste decénio. As famílias aumentaram 7,33%, os
alojamentos 16,97% e os edifícios 13,43%.
Quadro 5.1-17: Variação recente da população, famílias, alojamentos e edifícios, 2001 e 2011
População
Alojamentos
10047621
3873767
5639257
3818574
3353610
Porto de Mós
24342
9361
13047
9156
11220
Alcobaça
56693
21935
34684
21661
26663
Rio Maior
21192
8318
12480
8104
9829
Santarém
62200
24980
35163
24606
24325
164427
64594
95374
63527
72037
9 869 343
3508953
4866373
3410548
2997659
Porto de Mós
24271
8491
11521
8422
9876
Alcobaça
55376
19735
28786
19397
23352
Rio Maior
21110
7669
10420
7453
8418
Santarém
63563
24289
30807
23551
21863
164320
60184
81534
58823
63509
0,29
10,25
13,25
8,72
13,61
2,38
11,15
20,49
11,67
14,18
0,39
8,46
19,77
8,73
16,76
-2,14
2,84
14,14
4,48
11,26
0,07
7,33
16,97
8,00
13,43
Continente
2011
Total AI
Continente
2001
Aloj. de resid.
Famílias
residente
Total AI
Variação Porto de Mós 20012011 (%)
Variação Alcobaça 2001-2011
(%)
Variação Rio Maior 2011-2011
(%)
Variação Santarém 2001-2011
(%)
Variação AI 2001-2011 (%)
habitual
Edifícios
Fonte: INE, XV Recenseamento geral da População; V Recenseamento geral da Habitação
Nestes domínios, neste território e neste arco temporal não se vislumbra qualquer
clivagem entre concelhos já que o sentido da tendência é muito convergente em
todos eles (admitindo-se uma ligeira exceção para a variação dos residentes em
Santarém onde diminuiu 2,14%).
Sendo reconhecidamente a dinâmica demográfica e imobiliária função do
crescimento económico a conclusão parece conduzir a um crescimento produtivo e
na geração de emprego.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
228
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Tecido económico em retração e ajustamento
Os quatro concelhos em 2009 registaram 16727 empresas concentradas em quase três
quartos desse universo nos concelhos de Santarém (37,2%) e Alcobaça (34,7%). Os
municípios de Porto de Mós (15,8%) e Rio Maior (11,6%) ultrapassam cada um
ligeiramente um décimo do emprego produtivo gerado localmente.
Quadro 5.1-18: Universo empresarial por concelho por classes de dimensão, 2006 e 2009
Empresas
2009
Menos de
Total
10
pessoas
Continente
2006
10 - 49
50 - 249
pessoas pessoas
250 e
Menos de
Total
mais
pessoas
10
pessoas
10 - 49
50 - 249
pessoas pessoas
250 e
mais
pessoas
1019248
974543
38317
5536
852
1044450
996940
40930
5737
843
Porto de Mós
2649
2498
133
18
0
2683
2526
134
23
0
Alcobaça
5796
5476
283
36
1
6058
5705
306
46
1
Rio Maior
1936
1828
97
10
1
1991
1891
89
10
1
Santarém
6346
6106
209
27
4
6353
6097
223
29
4
Fonte: INE, Anuários estatísticos, 2006, 2009
A tendência recente (200634 a 2009) dá conta de um quadro regressivo na estrutura
empresarial nestes territórios. Em três anos são menos 358 empresas no conjunto, isto é,
2,1%. O recuo é generalizado embora mais expressivo em Alcobaça (-4,3%) e apenas
muito ligeiro em Santarém (-0,1%). Sublinhe-se que este perfil de evolução está em
linha com a tendência observada no continente onde a diminuição é de 2,4%.
Fica então a ideia que o território composto por estes 4 concelhos não foi capaz de
escapar às dinâmicas recessivas que afectam a economia nacional.
Este panorama tem levado a uma gradual alteração da estrutura da distribuição do
tecido empresarial no seio deste território com o reforço do peso de Santarém (37,2%
para 37,9%) e recuo de Alcobaça (35,5% para 34,7%).
34
Ano mais recuado disponível com informação concelhia comparável.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
229
Quadro 5.1-19: Variação do universo empresarial por classes de dimensão, 2006-2009
Empresas
Variação 2006-2009
Total
Menos de
10 - 49
50 - 249
250 e mais
10 pessoas
pessoas
pessoas
pessoas
Continente
-2,4%
-2,2%
-6,4%
-3,5%
1,1%
Porto de Mós
-1,3%
-1,1%
-0,7%
-21,7%
0,0%
Alcobaça
-4,3%
-4,0%
-7,5%
-21,7%
0,0%
Rio Maior
-2,8%
-3,3%
9,0%
0,0%
0,0%
Santarém
-0,1%
0,1%
-6,3%
-6,9%
0,0%
Fonte: INE, Anuários estatísticos
Finalmente destacam-se nesta análise os efeitos desta regressão desagregada por
classes de dimensão empresarial. Em todos os concelhos a polarização das pequenas
empresas (menos de 10 empregados) ultrapassa os 94%. As médias empresas chegam
aos 5% em Porto de Mós, Alcobaça e Rio Maior. Só Porto de Mós não regista a
presença de grandes empresas e Santarém chega mesmo a deter 4 empresas com
mais de 250 pessoas.
Quadro 5.1-20: Estrutura do tecido empresarial por concelho e por classe de dimensão, 2009
Empresas
2009
Total
Menos de
10 - 49
50 - 249
250 e mais
10 pessoas
pessoas
pessoas
pessoas
Continente
100,0%
95,6%
3,8%
0,5%
0,1%
Porto de Mós
100,0%
94,3%
5,0%
0,7%
0,0%
Alcobaça
100,0%
94,5%
4,9%
0,6%
0,0%
Rio Maior
100,0%
94,4%
5,0%
0,5%
0,1%
100,0%
96,2%
3,3%
0,4%
0,1%
Santarém
Fonte: INE, Anuário estatístico, 2010
Robustez instável e produtividade polarizadas
O tecido empresarial está como se viu a sofrer uma contração nos últimos anos
afectando indistintamente pequenas e médias empresas. Mas este quadro tendencial
por si não consegue desfazer com facilidade os traços mais profundos da
personalidade empresarial concelhia. Com efeito, a presença das empresas nestes
espaços concelhios acaba por exercer em termos globais uma pressão bem menor
que na média do continente. Enquanto aqui a densidade empresarial é de 11,9
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
230
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
emp./km2 só em Alcobaça esse valor é ultrapassado. Em Rio Maior é substancialmente
inferior (7,2 empresas/km2).
Essa incipiência é acompanhada aliás por uma dimensão média da empresa sempre
inferior em qualquer dos 4 concelhos à dimensão média do continente. As 3,5 pessoas
por empresa estimadas para Portugal continental são sempre uma meta afastada
para os concelhos aqui analisados e, em particular, para Santarém que se queda
pelos 3,1.
Quadro 5.1-21: Indicadores de empresas por concelho, 2009
Densidade
Pessoal ao
serviço
de
empresas
Volume de
Concentração do
Concentração do
volume de
valor acrescentado
negócios das 4
bruto das 4 maiores
maiores empresas
empresas
negócios
por
empresa
por empresa
N.º/km2
N.º
1.000 €
%
Continente
11,9
3,5
337,5
6,0
4,3
Porto de Mós
10,4
3,3
219,0
19,8
19,0
Alcobaça
14,8
3,3
230,9
10,3
6,5
Rio Maior
7,2
3,4
348,7
25,6
35,8
Santarém
11,6
3,1
225,2
18,7
19,4
Fonte: INE, Anuário estatístico, 2010
Ao mesmo tempo que a presença empresarial na sua relação com o território é frágil
regista-se uma sólida polarização em torno de algumas grandes empresas. Esta
persistente concentração quer do volume de vendas quer do valor acrescentado nas
4 maiores empresas em níveis que podem ser até oito vezes maiores que a média
continental (cf. o caso de Rio Maior para o VAB) não deixa de remeter também para
uma fragilidade e dependência do tecido empresarial.
Quadro 5.1-22: Produtividade por concelho, 2009
Trab.
Vab
Produtividade
3 713 490
82 788 295
22,29
Porto de Mós
8 819
169 772
19,25
Alcobaça
19 971
330 671
16,56
Rio Maior
6 650
177 261
26,66
Santarém
20 372
318 931
15,66
Continente
Fonte: INE, Anuário estatístico, 2010
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
231
Densidade e dimensões médias mais baixas e níveis de concentração muito para
além do registado no continente têm uma tradução pouco excitante nos valores de
produtividade (Vab/Trab.). Só em Rio Maior (que já se destacava em quase todas as
variáveis) se ultrapassa o valor médio aqui tomado como referência.
Uma indústria extractiva com produtividades que pouco se distinguem
O universo dos trabalhadores por conta de outrem em 2009 nos 4 concelhos era de
55812 indivíduos. Quase 75% concentrava-se só nos concelhos de Alcobaça e
Santarém. Daquele valor 1415 empregos registavam-se nas Indústrias extractivas, isto é,
2,5% do total. Em Rio Maior e sobretudo em Porto de Mós esses pesos são
proporcionalmente muito maiores, 3,3% e 5,3%, respectivamente. Em Santarém e
Alcobaça o emprego neste sector encontra-se muito diluído no restante (1,8%).
Todavia, é aqui que o emprego em valores absolutos neste sector é maior rondando
os 730 trabalhadores.
Quadro 5.1-23: Trabalhadores no universo empresarial e na ind. extractiva, 2009
Total
Indústrias
Total
Indústrias
Indústrias
Extractivas
(%)
Extractivas (%)
Extractivas/Total (%)
Porto de Mós
8819
469
15,80%
33,10%
5,3%
Alcobaça
19971
366
35,80%
25,90%
1,8%
Rio Maior
6650
217
11,90%
15,30%
3,3%
Santarém
20372
363
36,50%
25,70%
1,8%
55812
1415
100,00%
100,00%
2,5%
Total
Fonte: INE, Anuário estatístico, 2010
É por isso que se compreende que metade do emprego no sector está nestes dois
concelhos embora, por causa da dimensão do seu mercado de trabalho, a sua
expressão no conjunto é pouco relevante.
Do emprego para a produtividade (valor acrescentado bruto por trabalhador) há
uma alteração significativa: todos os concelhos estão muito próximos entre si e abaixo
da média do continente com exceção de Rio Maior onde a produtividade não está
muito longe do dobro da média continental. Dito de outro modo, este Concelho
consegue com menos de metade dos empregados de Porto de Mós obter um valor
acrescentado bruto apenas ligeiramente inferior e com bastante menos trabalhadores
que Alcobaça e Santarém ultrapassa-os no valor daquele indicador.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
232
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Quadro 5.1-24: Produtividade por concelho na indústria extractiva, 2009
Trab.
Continente
Vab. (1000 €)
Produtividade
13 163
515 765
39,18
Porto de Mós
469
16 871
35,97
Alcobaça
366
12 564
34,33
Rio Maior
217
14 889
68,61
Santarém
363
11 489
31,65
Fonte: INE, Anuário estatístico, 2010
Um zoom às freguesias que integram as AIE: o mesmo na estrutura produtiva
Num período de 5 anos – 2004 a 2009 – o saldo foi negativo no balanço entre as
empresas criadas e dissolvidas já que foram menos 22 as recenseadas em 2009 (-3,4%).
O tecido empresarial passou de 639 empresas para 617 neste arco temporal de 5
anos.
Todos os sectores manifestaram este desfalecimento com exceção de algumas novas
e sobretudo dos ramos do comércio e reparação de veículos e da restauração e
alojamento
que
tradicionalmente
servem
de
refúgio
para
novas
iniciativas
empresariais para indivíduos recém-desempregados ou com dificuldade de inserção
profissional.
Entre as maiores quedas de protagonismo estão as indústrias transformadoras (de 151
para 113 em 2009), atividades imobiliárias (de 28 empresas para 5) e atividades de
construção (de 92 para 77). Por este quadro percebe-se bem as consequências
cirúrgicas da crise neste território: crise económica afectando o sector transformador e
ligeiramente o sector empresarial agrícola; crise financeira afectando a construção e
o imobiliário em geral. Aliás já se havia verificado atrás a diminuição do número de
fogos e edifícios. As consequências na indústria extractiva são desta forma bastante
compreensíveis.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
233
Quadro 5.1- 25: Empresas por sectores nos concelhos abrangidos por AIE
2009
2004
2009
2004
Nº
Nº
%
%
22
29
3,6%
4,5%
B - indústrias extractivas
76
78
12,3%
12,2%
C - indústrias transformadoras
113
151
18,3%
23,6%
F - construção
77
92
12,5%
14,4%
166
150
26,9%
23,5%
H - transportes e armazenagem
61
64
9,9%
10,0%
I - alojamento, restauração e similares
34
27
5,5%
4,2%
J - atividades de informação e de comunicação
1
0
0,2%
0,0%
K - atividades financeiras e de seguros
1
2
0,2%
0,3%
L - atividades imobiliárias
5
28
0,8%
4,4%
19
0
3,1%
0,0%
12
0
1,9%
0,0%
2
1
0,3%
0,2%
P - educação
6
2
1,0%
0,3%
Q - atividades de saúde humana e apoio social
10
8
1,6%
1,3%
S - outras atividades de serviços
12
7
1,9%
1,1%
617
639
100,0%
100,0%
A - agricultura, produção animal, caça, floresta
e pesca
G - comércio por grosso e a retalho; reparação
de veículos automóveis e motociclos
M
-
atividades
de
consultoria,
científicas,
técnicas e similares
N - atividades administrativas e dos serviços de
apoio
O - administração pública e defesa; segurança
social obrigatória
Total
Fonte: MSTT
Na Figura 5.1-11 fica sublinhado o peso do comércio a retalho e das pequenas
atividades de serviços de reparação (27%), bem como das indústrias transformadoras
que apesar do decréscimo em valor absoluto continua a ter relevância na estrutura
empresarial (18%). A construção e as indústrias extractivas surgem de seguida com um
peso a rondar os 12,5%.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
234
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
30,00%
26,90%
25,00%
20,00%
15,00%
18,30%
12,30%
12,50%
10,00%
9,90%
5,50%
5,00% 3,60%
3,10%
0,20% 0,20% 0,80%
1,90%
0,30% 1,00%
1,60% 1,90%
0,00%
Figura 5.1-11: Perfil da estrutura económica das freguesias que integram as AIE, 2009
Fonte: MSTT
A grande diferença nestas atividades reside no seu aproveitamento ou resistência à
conjuntura económica. A indústria transformadora e a construção estão a seguir uma
trajetória descendente registando
um apagamento
na estrutura empresarial
concelhia de 23,6% para 18,3% e de 14,4% para 12,5%, respectivamente.
Já o comércio tem uma posição simétrica, pois reforça a sua presença passando de
23,5% em 2004 para 26,9% em 2009. Finalmente, a indústria extractiva que não
obstante ter perdido duas unidades empresariais consegue manter o seu peso na
economia concelhia em termos de número de empresas (passando de 78 para 76
unidades, corresponde a uma variação positiva de 12,2% para 12,3%.
A indústria extractiva nas freguesias que integram as AIE: resistente nas empresas e
coerente no território
Embora se tenha visto que o universo regrediu ligeiramente de 78 para 76 empresas
entre 2004 e 2009 esse comportamento encerra diferenciações significativas quando
se abordam essas mudanças por ramos (cf. Figura 5.1-12).
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
235
Extracção
de
mármore e Extracção
extracção
de saibro,
outras de granito
rochas ornamental Extracção
areia e
carbonatad e rochas de calcário
pedra
similares
e cré
britada
as
2009
2004
2
4
31
2009
26
2004
2009
2004
6
7
37
2009
41
2004
Fonte: MSTT
Figura 5.1-12: Variação das unidades empresariais no quinquénio 2004-2009, nas freguesias
que integram as AIE
A atividade parece ter vindo a diminuir de modo ligeiro mas consistente para a
extração de saibro, areia e pedra britada (4 empresas para 2), para a extração de
granito ornamental e rochas similares (7 para 6) e para a extração de mármore e
outras rochas carbonatadas (41 para 37). Com uma dinâmica inversa, isto é com um
crescimento verificado nesta baliza temporal surgem as empresas de extração de
calcário e cré (26 para 31). A procura parece ter feito a seleção dos ramos que se
expandem e que se contraem. O balanço final é de um grande equilíbrio no conjunto.
O comportamento intra-territorial deixa exposto ao longo destes anos a mesma
estrutura na presença de empresas ligadas à indústria extractiva se bem com ligeiras
diferenças. Alcanede é a freguesia mais vincadamente ligada ao sector com cerca
de 40 empresas, rondando portanto 50% do universo da AI. Mármore e calcário são as
pedras mais extraídas.
Serro Ventoso é também muito marcada apela atividade tendo aliás até crescido de
2004 para 2009 em mais 3 empresas. Concentram-se todas elas na Extração de
mármore e outras rochas carbonatadas (8) e Extração de calcário e cré (6).
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
236
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Quadro 5.1-26: Tendências empresariais recentes nos ramos da indústria extractiva nas
freguesias que integram AIE, 2004-2009
Extração de
Extração de
mármore e outras
granito
Extração de
rochas
ornamental e
calcário e cré
carbonatadas
rochas similares
2004
2009
2004
2009
2004
2009
2004
2009
2004/2009
2
2
0
0
2
1
0
0
4/3
Arrimal
2
2
2
0
2
3
1
0
7/5
Mendiga
2
2
0
0
2
4
0
1
4/7
Serro ventoso
4
8
1
0
6
6
0
0
11/14
Alcobertas
0
1
1
0
1
1
1
0
3/2
Alcanede
26
21
2
6
12
12
1
0
41/39
Total
36
36
6
6
25
27
3
1
70/70
Aljubarrota
(Prazeres)
Extração de
saibro, areia e
Total
pedra britada
Fonte: MSTT
Conclui-se, assim, por uma manutenção no passado recente da estrutura espacial da
extração de pedra e dos materiais mais explorados, o que significa na verdade uma
polarização nas freguesias de Alcanede e Serro Ventoso e uma polarização das
empresas na exploração de Extração de mármore e outras rochas carbonatadas e
Extração de calcário e cré.
A estabilidade demonstrada do peso desta atividade no conjunto do universo
empresarial confere-lhe também grande relevância social num contexto de regressão
geral das unidades empresariais e de expansão pontual de atividades de grande
fragilidade (comércio, restauração e similares).
5.2.
DIAGNÓSTICO PROSPECTIVO PRELIMINAR
É tempo agora de, em face à caracterização apresentada, reter os Pontos-Chave
que serão úteis para fases subsequentes da elaboração do Plano.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
237
Quadro 5.2-1: Matriz de Pontos-Chave por dimensões de análise
Dimensões de análise
Pontos Fortes
Pontos Fracos
§ O número de agregados familiares
§ Recuo demográfico ligeiro de -
expandiu-se
famílias,
de
5001
para
correspondendo
5113
a
uma
variação de +2,2% de 2001 para 2011.
Sociodemografia
§ Expansão
do
número
existente
nesta
área
de
fogos
1,7%, entre 2001 e 2011.
§ Diferenciação
de
comportamentos: as 6 freguesias –
Aljubarrota/Prazeres,
Alcobertas,
no
Alcanede, Serro Ventoso, Mendiga
PNSAC entre 2001 e 2011: 921 novos
e Arrimal – exibem um perfil, em
alojamentos (+ 14,8% do verificado
termos de dinâmica demográfica,
inserida
bastante distinto.
em 2001).
urbanas,
§ A dimensão média da família vai
Aljubarrota (Prazeres) e Alcobertas
diminuindo já que a contração foi
cresceram
de 2,73 para 2,63 indivíduos.
§ As
freguesias
mais
acima
dos
28%,
acrescentando até 2011, mais de um
quarto do número de fogos de 2001.
§ Todas
as
freguesias
em
§ Mais
de
análise
assim,
noventa
demolição
na
A1,
A23,
dos
vagos
–
para
ou
venda,
servindo
de
habitação secundária.
qualificação dos seus residentes
§ A proximidade da
quarto
fogos do total) poderão estar,
tiveram um percurso na década de
extraordinário
um
alojamentos neste território (2045
A15
(aproximadamente a cerca de 25
km)
e
A8
parece
não
oferecer
dúvidas sobre a inserção territorial
privilegiada desta área.
§ Existência de centros de formação
em Santarém, Rio Maior, Tomar, Torres
Novas e Leiria bem como instituições
Dinâmicas locativas
de
ensino
superior
–
Instituto
Politécnico de Leiria, Santarém e de
Tomar.
§ Para o caso da Banda Larga, os
concelhos
e sub-regiões onde se
inscreve a AI registam uma densidade
apreciável
de
Centrais
que
disponibilizam o serviço admitindo-se
por isso uma boa cobertura.
§ Instrumentos de Gestão territorial de
informação
e
iniciativas no domínio económico
do
que
território
e
qualificação
das
mobilizem
o
investimento
produtivo no seio dos municípios.
atividades extractivas.
Dinâmicas Institucionais
§ Insuficiente
suporte a um correto ordenamento
§ Densidade apreciável de associações
visando o desenvolvimento territorial
e/ou sectorial afigurando-se como
interessantes
interlocutores
para
o
processo de planeamento.
Recursos de Iniciativa
§ Em Rio Maior (que já se destacava
em
quase
todas
as
variáveis)
§ A tendência recente (2006 a 2009)
dá conta de um quadro regressivo
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
238
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Dimensões de análise
Pontos Fortes
ultrapassa-se
Pontos Fracos
o
valor
médio
do
atividades
reparação
restauração
aumentaram
de
de
comércio
veículos
e
em
e
e
da
alojamento
número
de
empresarial nestes
§ Desigual perfil empresarial já que
as
médias
empresas
chegam
apenas aos 5% em Porto de Mós,
Alcobaça e Rio Maior. Porto de
Mós não regista a presença de
unidades.
§ Manutenção
estrutura
territórios.
continente para a produtividade.
§ As
na
da
relevância
da
grandes
empresas
e
Santarém
Indústria extractiva em número de
chega mesmo a deter 4 empresas
unidades.
com mais de 250 pessoas.
§ A presença das empresas nestes
espaços concelhios exerce uma
pressão bem menor que na média
do continente. Essa incipiência é
acompanhada,
dimensão
aliás,
média
por
da
uma
empresa
sempre inferior em qualquer dos 4
concelhos à dimensão média do
continente. Ao mesmo tempo que
a presença empresarial na sua
relação com o território é frágil
regista-se uma sólida polarização
em torno de algumas grandes
empresas.
Esta
persistente
concentração quer do volume de
vendas
quer
acrescentado
do
valor
4
maiores
nas
empresas em níveis que podem ser
até oito vezes maiores que a
média continental (cf. o caso de
Rio
Maior
Acrescentado
para
Bruto
o
(VAB)
Valor
não
deixa de remeter também para
uma fragilidade e dependência
do tecido empresarial.
§ Num período de 5 anos – 2004 a
2009 – o saldo foi negativo no
balanço entre as empresas criadas
e dissolvidas já que foram menos
22 as recenseadas em 2009 (3,4%). O tecido empresarial passou
de 639 empresas para 617 neste
arco temporal de 5 anos.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
239
5.3.
AIE
DE
CABEÇA
VEADA:
CARACTERIZAÇÃO
ECONÓMICA DA EXPLORAÇÃO
São as rochas ornamentais, neste caso o calcário, a única substância explorada na
AIE de Cabeça Veada.
Tendo em consideração os 4 anos mais recentes para os quais foi possível recolher
informação relevante (2008 a 2011), verificou-se uma considerável diminuição da
quantidade produzida, principalmente a partir de 2010, com uma diminuição na
ordem dos 8% relativamente ao ano anterior.
Quadro 5.3-1: Substâncias e quantidade total produzida
38.515
4.466
36.334
4.414
35.232
Valor Vendas
(103 €)
3.715
Quantidade
Vendida (ton)
39.441
Valor Producao
(103 €)
Valor Vendas
(103 €)
4.949
Quantidade
Produzida (ton)
Quantidade
Vendida (ton)
38.114
2011
Valor Vendas
(103 €)
Valor Producao
(103 €)
4.136
Quantidade
Vendida (ton)
Quantidade
Produzida (ton)
39.492
Valor Producao
(103 €)
Valor Vendas
(103 €)
Rochas Ornamentais
Quantidade
Produzida (ton)
Subsector/
Substância
Quantidade
Vendida (ton)
2010
Valor Producao
(103 €)
2009
Quantidade
Produzida (ton)
2008
4.308
34.523
4.424
33.386
4.315
Calcário ornamental
39.492
4.136
38.114
4.949
39.441
3.715
38.515
4.466
36.334
4.414
35.232
4.308
34.523
4.424
33.386
4.315
Total Geral
39.492
4.136
38.114
4.949
39.441
3.715
38.515
4.466
36.334
4.414
35.232
4.308
34.523
4.424
33.386
4.315
Fonte: DGEG, Estatística dos Recursos Geológicos
A informação sistematizada no Quadro 5.3-1 permite extrair algumas ideias
interessantes sobre a actividade desta pedreira. Destacam-se sobretudo três:
-
O valor de produção sofreu, entre 2008 e 2011, uma oscilação considerável,
sobretudo no ano de 2009, com uma redução de 421 mil €. Ainda assim, o valor
de produção aumentou a partir desse ano, chegando a valores mais elevados
que dos de 2008.
-
As quantidades produzidas e vendidas não tiveram um comportamento
semelhante ao valor de produção já que, apesar de algumas flutuações já
referidas, se pressente uma tendência de aumento;
O valor por tonelada produzida em Cabeça Veada (Figura 5.3-2) no quadriénio
2008-2011 deixa à vista uma certa oscilação (descida na ordem dos 10€/ton entre
2008 e 2009 e aumento gradual a partir desse ano). Não obstante esta sensação
também se poderá especular sobre a volatilidade destes mercados já que
variações que ocorram nos países consumidores como o Brasil, Chile ou Rússia
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
240
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
conduzem de imediato ou a uma maior pressão ou a uma descompressão do
valor desta matéria-prima.
4.600
4.400
4.200
10³ €
4.000
3.800
3.600
3.400
3.200
10³ €
2008
2009
2010
2011
4.136
3.715
4.414
4.424
Figura 5.3-1: Valor da produção em Cabeça Veada entre 2008 e 2011
Fonte: DGEG - Estatística dos Recursos Geológicos
140,00
120,00
100,00
€
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
€
2008
2009
2010
2011
104,72
94,18
121,48
128,15
Figura 5.3-2: Valor por tonelada produzida em Cabeça Veada entre 2008 e 2011
Fonte: DGEG - Estatística dos Recursos Geológicos
O perfil descrito para a produção, isto é, um quadriénio em que a quantidade
produzida vai sempre diminiundo, encontra uma aderência quase perfeita no
emprego (Quadro 5.3-2). Com efeito, o emprego variou da mesma forma que a
quantidade produzida.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
241
Quadro 5.3-2: Pessoal ao Serviço em Cabeça Veada
2008
Nº de pessoal
59
2009
2010
51
41
2011
41
Fonte: DGEG - Estatística dos Recursos Geológicos
Não obstante algumas oscilações, fica claro que o rácio valor de produção por
tonelada por trabalhador (indicadores de produtividade dos recursos humanos)
continuou a sair beneficiado aumentando gradualmente de 1,77 euros em 2008 para
3,13 euros três anos depois.
70
60
50
40
30
20
10
0
2008
2009
2010
2011
Figura 5.3-3: Número de pessoal ao serviço na AIE de Cabeça Veada entre 2008 e 2011
Fonte: DGEG - Estatística dos Recursos Geológicos
Apesar do ganho de eficiência na utilização dos recursos humanos, no recurso a
energia e a materiais necessários para a atividade da exploração parece que se
verificou uma menor eficiência. Com efeito, o valor de consumo de fontes energéticas
da exploração foi aumentando (com excepção de uma diminuição em 2009) entre
2008 e 2011 (cf.Figura 5.3-4), e a sua relação direta com a quantidade produzida
(medida em toneladas) revela-nos que existiu um aumento nos custos energéticos
para produzir uma tonelada. O valor médio em 2008 foi de 8,12 euros por tonelada
tendo diminuido em 2009 e aumentado para 10,98 euros em 2010 e 14,90 euros em
2011.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
242
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
600.000
Valor de consumo (€)
500.000
400.000
300.000
200.000
100.000
0
€
2008
2009
2010
2011
320.762
310.663
399.062
514.350
Figura 5.3-4: Valor de consumo de fontes energéticas em Cabeça Veada, ente 2008 e 2011
Fonte: DGEG - Estatística dos Recursos Geológicos
Este aumento é também significativo se nos referirmos aos valores envolvidos para a
venda. Por cada euro de valor de venda, em 2008, correspondia um custo de 0,06
euros em energia tendo chegado aos 0,12 euros em 2011.
Este significativo aumento será porventura enorme embora não se saiba se
meramente conjuntural, dado a série temporal aqui utilizada ser muito limitada. Se há
então algo que parece acompanhar de perto, quer os valores de produção quer, em
menor escala, o emprego gerado são os valores de energia. Tendo sido quase sempre
crescentes ao longo do quadriénio, o último ano viu quase duplicar os valores do
consumo. Tendo no mesmo período a quantidade total produzida diminuído alguma
justificação terá de existir para o aumento do valor da energia. Essa variação poderá
ser explicada a partir do exterior, ou seja, dos custos da energia.
Quanto aos materiais consumidos na AIE a fonte que disponibiliza esta informação
registou, ao longo do quadriénio 2008-2011, uma alteração dos items considerados
dificultando por essa via uma comparação interanual. De facto, os montantes
incluídos na coluna “valor consumido” são bastante inferiores aos da coluna “valor de
compra” podendo significar, caso representem o mesmo indicador, um aumento do
consumo de materiais ou, não estarem relacionados caso representem indicadores
distintos.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
243
Quadro 5.3-3: Materiais consumidos em Cabeça Veada, 2008-2011
Brocas, barrenas e bits
kg
Cabos de aço
N.º
Discos diamantados
84
1.100
16
208
398
398
6.786
757
757
5.267
537
kg
Filtros (de ar, óleo, gasóleo, etc.)
537
Valor de
Compras €
Comprada
Quantidade
Consumida
Quantidade
Valor de
2011
Compras €
Comprada
Quantidade
Consumida
Quantidade
Valor
2010
Consumido €
Consumida
Quantidade
Valor
2009
Consumido €
Consumida
Unidade
Materiais
Quantidade
2008
14.168
0
0
240
600
600
30.000
860
860
3.695
Fio diamantado
kg
100
25.000
108
25.000
195
195
37.237
212
212
10.603
Lubrificantes
kg
750
2.600
750
2.700
5.271
5.271
11.621
8.490
8.490
16.248
6
6
12.000
280
280
724
Pólvora
kg
30
180
Rastilho
km
0,2
70
Total Geral
28.950
30
231
70
178
585
0,2
0,2
80
28.139
61.576
87.678
Fonte: DGEG - Estatística dos Recursos Geológicos
Em 2011 os países que mais importaram de pedreiras portuguesas foram a China,
França, Espanha e Arábia Saudita, com mais de 30 milhões de euros em transações
cada um. É interessante verificar que, dos 29 países que integram o “top 1 milhão”, os
maiores crescimentos de vendas entre 2010 e 2011 deram-se em países de fora da
Europa, tais como Marrocos, Coreia do Sul e Brasil. Pode-se dizer que existe uma
repartição equilibrada entre Europa e países extra-Europa já que o primeiro é o destino
de 54% do valor das exportações de rocha portuguesa, se se tivermos em conta os 29
países desta lista com mais de um milhão de euros de compras de rochas.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
244
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Figura 5.3-5: Países importadores de minério português (mais de um milhão de euros), 2011
Igualmente relevante para a explicação das variações recentes nos valores das
substâncias da pedreira está o crescimento, que se pode entender mais como
pressão, promovida por alguns países emergentes e cujo consumo pela sua escala
consegue alterar os valores clássicos das transações. O aumento da procura entre
2010 e 2011 de 10% por parte da China, de quase 200% de Marrocos ou de 55% do
Brasil é bem explícito desta nova realidade.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
245
Quadro 5.3-4: Top 1 milhão 2010-2011
FLUXO
COD. PAIS
PAÍS
VALOR - EUROS
VALOR -
2011
EUROS 2010
CRESCIMENTO
SAÍDA
CN
CHINA
52.521.459
48.065.507
9,27%
SAÍDA
FR
FRANCA
49.594.955
41.646.653
19,09%
SAÍDA
ES
ESPANHA
40.280.237
45.448.365
-11,37%
SAÍDA
SA
ARABIA SAUDITA
30.010.598
29.913.981
0,32%
SAÍDA
DE
ALEMANHA
15.777.736
17.714.319
-10,93%
SAÍDA
GB
REINO UNIDO
12.303.838
15.868.464
-22,46%
SAÍDA
US
ESTADOS UNIDOS
10.894.165
11.257.055
-3,22%
SAÍDA
AO
ANGOLA
10.472.968
10.555.184
-0,78%
SAÍDA
NL
PAISES BAIXOS
9.250.790
9.737.609
-5,00%
SAÍDA
IT
ITALIA
8.590.077
9.129.832
-5,91%
SAÍDA
BE
BELGICA
7.203.091
5.550.166
29,78%
SAÍDA
SE
SUECIA
4.406.996
4.093.157
7,67%
SAÍDA
DK
DINAMARCA
4.333.914
3.997.970
8,40%
SAÍDA
MA
MARROCOS
4.275.639
1.452.989
194,27%
SAÍDA
KR
COREIA DO SUL
3.741.149
1.920.256
94,83%
SAÍDA
CH
SUICA
3.445.888
3.073.425
12,12%
SAÍDA
BR
BRASIL
2.410.294
1.547.942
55,71%
SAÍDA
TW
TAIWAN
2.256.031
1.744.044
29,36%
SAÍDA
AT
AUSTRIA
2.107.981
1.683.156
25,24%
SAÍDA
AE
EMIRATOS ARABES UNIDOS
1.977.079
3.600.446
-45,09%
SAÍDA
NO
NORUEGA
1.787.563
1.948.621
-8,27%
SAÍDA
LB
LIBANO
1.621.883
2.008.679
-19,26%
SAÍDA
LU
LUXEMBURGO
1.582.258
1.213.875
30,35%
SAÍDA
JP
JAPAO
1.345.874
1.353.611
-0,57%
SAÍDA
IN
INDIA
1.327.353
1.100.759
20,59%
SAÍDA
SG
SINGAPURA
1.249.262
822.184
51,94%
SAÍDA
PL
POLONIA
1.135.741
1.120.166
1,39%
SAÍDA
IE
IRLANDA
1.017.108
1.949.992
-47,84%
SAÍDA
HK
HONG-KONG
1.001.746
1.517.657
-33,99%
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
246
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
5.4.
CARACTERIZAÇÃO EMPRESARIAL
No âmbito da elaboração do presente instrumento de gestão territorial foi levado a
efeito um processo de auscultação das empresas presentes da Área de Intervenção
Específica de Cabeça Veada. Das três empresas inquiridas, uma não respondeu.
Ainda assim, os resultados obtidos merecem que deles se faça uma breve
apresentação, reflexão e articulação com o que ficou referido nos pontos anteriores.
Importa também referir que nestes dois inquéritos preenchidos a qualidade da
informação recolhida levanta dificuldades para uma análise mais aprofundada. Por
exemplo, o facto da existência de empresas com dinâmicas diferentes face ao
emprego não se torna possível de aprofundar nestas condições.
Suporte à Comunidade
Uma das duas empresas que responderam revelou alguma sensibilidade e
preocupação com as comunidades locais através de donativos à Junta de Freguesia.
Suporte ao emprego
Os trabalhadores das empresas inquiridas são oriundos tanto da própria freguesia e de
freguesias próximas como de concelhos vizinhos.
O recurso a população imigrante verifica-se num dos casos, apesar de ter vindo a
diminuir ao longo dos anos.
Não foi possível, por escassez de respostas conhecer com limpidez o sentido da
dinâmica do recrutamento de mão-de-obra. De acordo com as respostas obtidas a
realidade é bastante heterogénea, havendo um caso onde o número de funcionários
aumentou e outro em que esse valor diminuiu.
Apoio Institucional
A atividade empresarial é sujeita a um alargado conjunto de condicionantes
institucionais e legais onde as autarquias surgem com grande destaque. No caso das
empresas inquiridas na Área de Intervenção Específica de Cabeça Veada não só não
se registam problemas neste domínio como ainda são explicitamente classificadas
como boas as relações com a Câmara Municipal de Porto de Mós e com a Junta de
Freguesia de Mendiga.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
247
Externalidades positivas
Em busca da delimitação de alguns dos efeitos multiplicadores desta atividade no
meio empresarial local, a totalidade das empresas inquiridas deixou expresso que
sempre que possível recorrem aos serviços e bens disponíveis localmente o que deixa
perceber efeitos indiretos positivos no emprego concelhio que no entanto não é
possível com esta informação quantificar.
Externalidades negativas
Para além das externalidades positivas geradas no emprego e restante tecido
empresarial, a opinião dos dois empresários que responderam ao questionário
encontra-se dividida: um julga que a actividade da pedreira pode ter uma
interferência negativa sobre outras, como por exemplo, o turismo, dado que poderá
estar próxima das áreas com maior atratividade e recursos interessantes para essa
atividade; e o outro empresário tem a opinião que não é pela pedreira que não têm
surgido novas iniciativas.
Ainda com relação às externalidades negativas destaca-se igualmente a posição dos
empresários quanto à ausência ou desconhecimento da existência de reclamações
quanto ao ruído, qualidade do ar, vibrações ou outros problemas.
Prospectiva
O quadro a médio e a longo prazo foi apenas dicutido por uma das empresas
inquiridas, ficando a sensação global que este universo empresarial terá futuro desde
que haja organização e resolução de problemas ambientais.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
248
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Quadro 5.4-1: Matriz de respostas da AIE de Cabeça Veada
Questão 1
A empresa dá
contribuições
(entre outras
formas de
mecenato) ao
município,
associações
religiosas,
desportivas,
educativas?
Questão 2
Questão 3
Questão 4
Dos trabalhadores da
Quantos trabalhadores
pedreira/empresa
possui? Evolução nos
Existe
quantos pertencem
últimos três anos
dificuldade
freguesia/concelho e aos (aumentou, estagnou ou
no
concelhos vizinhos?
diminuiu? )
recrutament
o de recursos
humanos?
Freg/conc Conc. viz. Nº trab.
Evolução
Questão 5
Tem de recorrer a
imigrantes? Se sim porquê
(qualificações,
remunerações , …)?
Rec. Imig.
Porquê
Questão 6
Questão 7
Questão 8
Questão 9
Acha que a sua
Utiliza s erviços/actividades do
Como classifica a relação Existem reclamações actividade pode
Concelho ou dos concelhos
com as autarquias
(ruído, qualidade do ar,
inibir o
vizinhos (restauração,
(Câmara Municipal e
vibrações, etc). Se sim, aparecimento
contabilidades, transportadoras,
freguesia)? Porquê?
de quem?
ou o
manutenção, …)? Se não porquê?
desenvolviment
o de outras por
exemplo o
turis mo?
Serv/act
Porquê
Relação
Porquê Reclam. De quem
Questão 10
Como vê o futuro
da empresa? E
des ta pedreira?
Questionário 1
Questionário 2
0
Al guns da
fregues ia
da
Sempre que
Mendi ga,
s ão a borda dos - Al ca nede,
Questionário 3
Junta de
Ca sa is
Fregues ia da Moni zes –
Mendi ga
Concel ho
Sa ntarém/
Porto de
Mós
Concelho
de
Al coba ça
↓
Boa
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PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
Nã o
249
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na práti ca e ntão
a s pedrei ra s
a ca ba m
6.
SERVIDÕES
E
RESTRIÇÕES
DE
UTILIDADE PÚBLICA
Neste capítulo serão analisadas as condicionantes legais, pois importa desde logo
perceber as condicionantes de ordem legal que vigoram para a área de intervenção,
quer no sentido de as respeitar na sua base jurídica, quer também de as interpretar na
sua lógica de descritores operacionais de características relevantes do território.
Para a análise das condicionantes legais foi consultada a publicação Servidões e
Restrições de Utilidade Pública, DGOTDU, edição digital de Setembro de 2011 e
legislação aplicável para cada caso.
As servidões e restrições de utilidade pública presentes na área de intervenção
encontram-se
representadas
graficamente
no
Desenho
OT–02
-
Planta
Condicionantes e correspondem a:
RECURSOS NATURAIS
FONTE:
Recursos hídricos
Carta Militar de Portugal (série M888, editada em 2004), à
escala 25k (IGEOE).
Domínio Hídrico
Recursos agrícolas e florestais
Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, 2012
Regime Florestal
(ex-Autoridade Nacional Florestal)
Recursos ecológicos
Áreas Protegidas
Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, 2011
Rede Natura 2000
Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, 2011
INFRAESTRUTURAS
Rede eléctrica
Postes eléctricos de alta, média e
baixa tensão
Levantamento topográfico, 2011
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
250
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
de
6.1.
RECURSOS HÍDRICOS
6.1.1.
DOMÍNIO HÍDRICO
A constituição de servidões administrativas e restrições de utilidade pública relativas
ao Domínio Hídrico segue o regime previsto na Lei nº 54/2005, de 15 de Novembro, na
Lei nº 58/2005, de 29 de Dezembro (com as alterações introduzidas Decreto-Lei nº
130/2012 de 22 de Junho) e no Decreto-Lei nº 226-A/2007, de 31 de Maio.
Na área de intervenção, existem dois troços de linha de água não navegáveis nem
flutuáveis, apresentando uma servidão de 10 metros para cada lado.
De acordo com n.º 1 do artigo 60.º da Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro, para a
extracção de inertes é necessário obter licença da entidade competente. O Artigo 67º
define as normas do Regime das licenças:
1 - A licença confere ao seu titular o direito a exercer as actividades nas condições
estabelecidas por lei ou regulamento, para os fins, nos prazos e com os limites
estabelecidos no respectivo título.
2 - A licença é concedida pelo prazo máximo de 10 anos, consoante o tipo de
utilizações, e atendendo nomeadamente ao período necessário para a amortização
dos investimentos associados.
3 - A licença pode ser revista em termos temporários ou definitivos pela autoridade
que a concede:
a) No caso de se verificar alteração das circunstâncias de facto existentes à data da
sua emissão e determinantes desta, nomeadamente a degradação das condições do
meio hídrico;
b) No caso de necessidade de alteração das suas condições para que os objectivos
ambientais fixados possam ser alcançados nos prazos legais;
c) Para adequação aos instrumentos de gestão territorial e aos planos de gestão de
bacia hidrográfica aplicáveis;
d) No caso de seca, catástrofe natural ou outro caso de força maior.
4 - Por força da obtenção da licença de utilização e do respectivo exercício são
devidas:
a) Uma taxa de recursos hídricos;
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
251
b) Uma caução adequada destinada a assegurar o cumprimento das obrigações do
detentor do título que sejam condições da própria utilização.
6.2.
6.2.1.
RECURSOS AGRÍCOLAS E FLORESTAIS
REGIME FLORESTAL
A área de intervenção é abrangida por uma área sujeita ao regime florestal,
denominado por Serra dos Candeeiros (Núcleo de Porto de Mós), encontrando-se sob
gestão directa do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (Fonte:
http://www.afn.min-agricultura.pt/portal/gestao-florestal/regflo/perimetros-florestais).
Os Perímetros Florestais são constituídos por terrenos baldios, autárquicos ou
particulares e estão submetidos ao Regime Florestal Parcial por força dos Decretos dos
anos de 1901 e 1903, e demais legislação complementar.
O Regime Florestal é o conjunto de disposições destinadas a assegurar não só a
criação, exploração e conservação da riqueza silvícola, sob o ponto de vista da
economia nacional, mas também o revestimento florestal dos terrenos cuja
arborização seja de utilidade pública, e conveniente ou necessária para o bom
regime das águas e defesa das várzeas, para a valorização das planícies áridas e
benefício do clima, ou para a fixação e conservação do solo, nas montanhas, e das
areias, no litoral marítimo (parte IV, artigo 25.º, do Decreto de 24 de Dezembro de
1901).
O regime florestal decorre dos artigos 26º a 38º do Código Florestal aprovado pelo
Decreto-Lei nº 254/2009, de 24 de Setembro cuja entrada em vigor foi prorrogada por
360 dias pela Lei nº 116/2009, de 23 de Dezembro e por mais 365 dias pela Lei n.º
1/2011 de 14 de Janeiro. No entanto, a Lei nº 12/2012 de 13 de Março revoga o
Código Florestal, mantendo-se em vigor o quadro legal existente à data de
publicação do Decreto -Lei n.º 254/2009, de 24 de Setembro.
De acordo com o estabelecido no n.º 1 do Despacho Conjunto de 15 de Fevereiro de
1991, publicado no n.º 54 do DR (II Série), de 6 de Março de 1991, “nos processos
tendentes à desafectação de áreas sujeitas ao regime florestal total ou parcial, a
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252
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
Direcção-Geral das Florestas(35) deve, antes de submeter o processo ao Ministro da
Agricultura, Pescas e Alimentação(2), solicitar parecer à CCDR competente em razão
do território (...)”. O parecer da CCDR deve ser emitido no prazo de 30 dias após a
recepção do pedido, sob pena de ser considerado favorável (informação disponível
em https://www.ccdrc.pt/).
6.3.
6.3.1.
RECURSOS ECOLÓGICOS
ÁREAS PROTEGIDAS
A área de intervenção encontra-se abrangida pelo Parque Natural das Serras de Aire
e Candeeiros, criado pelo Decreto-Lei nº 118/79, de 4 de Maio, tendo como objecto
central uma amostra significativa do maciço calcáreo estremenho, singular pela sua
geologia e pela humanização da sua paisagem, e cujos valores naturais aí presentes
se impunha salvaguardar.
A servidão constituiu-se com a publicação do diploma que procede à classificação
da área protegida, efectuada ao abrigo do Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de Julho
ou de legislação anterior (Lei n.º 9/70, DL n.º 613/76 ou DL n.º 19/93 todos revogados).
As áreas classificadas como áreas protegidas constituem a Rede Nacional de Áreas
Protegidas que integra o Sistema Nacional de Áreas Classificadas da Rede
Fundamental de Conservação da Natureza (art. 5.º e art. 10.º n.º1 do DL n.º 142/2008).
Nas áreas protegidas, todos os projectos de instalação das actividades constantes do
anexo II do DL n.º 69/2000 com as características indicadas na coluna áreas sensíveis
estão sujeitos a avaliação de impacte ambiental (AIA) (art. 1º e 2º do DL n.º 69/2000
republicado pelo DL 197/2005).
O Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros,
aprovado pela Portaria nº 21/88 de 12 de Janeiro, foi revisto e publicado pela
Resolução do Conselho de Ministros nº 57/2010 de 12 Agosto. O Plano de
Ordenamento das Serra de Aire e Candeeiros tem a natureza jurídica de regulamento
administrativo e com ele se devem conformar os planos municipais e intermunicipais
de ordenamento do território, bem como os programas e projectos, de iniciativa
(1)
Actualmente designado por Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas
(2) Actualmente designado por Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAMAOT)
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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253
pública ou privada a realizar na área do Parque Natural das Serras de Aire e
Candeeiros.
O POPNSAC estabelece os regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais e
fixa o regime de gestão a observar na sua área de intervenção, com vista a garantir a
conservação da natureza e da biodiversidade, a geodiversidade, a manutenção e a
valorização da paisagem, a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento
económico das populações locais (ponto 1 do Artigo 2.º). De acordo com o ponto 2
do Artigo 2.º constituem objectivos gerais do POPNSAC:
“a) Assegurar, à luz da experiência e dos conhecimentos científicos adquiridos sobre o
património natural desta área, uma estratégia de conservação e gestão que permita
a concretização dos objectivos que presidiram à criação do Parque Natural das Serras
de Aire e Candeeiros;
b) Corresponder aos imperativos de conservação dos habitats naturais, da fauna e
flora selvagens protegidas, nos termos do Decreto -Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, na
redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro;
c) Fixar o regime de gestão compatível com a protecção e a valorização dos recursos
naturais e com o desenvolvimento das actividades humanas em presença, tendo em
conta os instrumentos de gestão territorial convergentes na área protegida;
d) Determinar, atendendo aos valores em causa, os estatutos de protecção
adequados às diferentes áreas, bem como definir as respectivas prioridades de
intervenção”.
De acordo com o Artigo 24º - Áreas sujeitas a exploração extractiva, onde se inclui a
área de intervenção, “devem ser elaborados planos municipais de ordenamento do
território visando o estabelecimento de medidas de compatibilização entre a gestão
racional da extracção de massas minerais, a recuperação das áreas degradadas e a
conservação do património natural existente tendo em conta os valores e a
sensibilidade paisagística e ambiental da área envolvente”. É com base neste
enquadramento legal que se encontra em elaboração o presente plano de
intervenção em espaço rural.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
254
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
6.3.2.
REDE NATURA 2000
A área de intervenção foi incluída na Lista Nacional de Sítios – 2ª Fase (Sítio PTCON0015
– Serras de Aire e Candeeiros), publicada pela Resolução do Conselho de Ministros nº
76/2000, de 5 de Julho, no âmbito da Rede Natura 2000.
A Rede Natura 2000 é uma rede ecológica europeia que resulta da aplicação de
duas directivas comunitárias distintas — a Directiva Aves e a Directiva Habitats —
transpostas para o direito interno pelo Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, alterado
pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro.
A Rede Natura 2000 engloba as áreas classificadas como Zonas Especiais de
Conservação (Z E C) e as áreas classificadas como Zonas de Protecção Especial (Z P E)
– art. 4.º do DL n.º 140/99.
Os instrumentos de gestão territorial aplicáveis nas Z.E.C. e nas Z.P.E. devem garantir a
conservação dos habitats e das populações das espécies em função dos quais as
referidas zonas foram classificadas (art. 8.º, n.º 1 do DL n.º 140/99). Para este efeito, os
instrumentos de gestão territorial devem conter as medidas de conservação que
satisfaçam as exigências ecológicas dos tipos de habitats naturais e sejam adequadas
para evitar a poluição ou a deterioração dos habitats e para evitar as perturbações
que afectem as aves para as quais as Z.E.C. e as Z.P.E. foram classificadas (art. 7.º, n.º
1, 7.º - B e 8º, n.º 1 do DL n.º 140/99).
De acordo com o DL n.º 140/99 os projectos no âmbito da indústria extractiva que
abrangem sítios Natura 2000 não se encontram excluídos e deverão ser alvo de uma
avaliação adequada. No âmbito da elaboração do plano de intervenção em espaço
rural será elaborado a avaliação ambiental estratégica, que tem como objectivo
assegurar que os eventuais efeitos de determinados planos e programas no ambiente
sejam identificados, avaliados e tomados em consideração durante a sua preparação
e antes da aprovação.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
255
6.4.
6.4.1.
INFRAESTRUTURAS
REDE ELÉCTRICA
De acordo com o levantamento topográfico elaborado para o presente Plano, na
área de intervenção existem postes eléctricos de média e alta. A pesquisa e
exploração de massas minerais não pode ser licenciada nas zonas de terreno que
circundam edifícios, obras, instalações, monumentos, acidentes naturais, áreas ou
locais classificados de interesse científico ou paisagístico (art. 4º, nº 1 do DL nº 270/2001
alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 340/2007, de 12 de Outubro). Tais zonas
designam-se por zonas de defesa e devem observar as distâncias fixadas em portaria
de cativação ou, na falta destas, as seguintes distâncias medidas a partir da
bordadura da escavação (art. 4º, nº 1 e anexo II do DL nº 270/2001). No que respeita
aos postes eléctricos de média e alta tensão deverá ser contemplada uma faixa de
protecção de 30 m de raio e de 20 m para os postes de baixa tensão.
Quadro 6.4-1: Servidões e Restrições de Utilidade Pública
SERVIDÃO E
CONSEQUÊNCIAS DA
RESTRIÇÃO DE
UTILIDADE PÚBLICA
SERVIDÃO/COMPATIBILIDADE
COM A INDÚSTRIA EXTRACTIVA
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
RECURSOS NATURAIS
Recursos hídricos
Domínio Hídrico
Na área de intervenção, existem
troços de linha de água não
navegáveis nem flutuáveis.
58/2005, de 29 de Dezembro, para a extracção
metros para cada lado.
de inertes é necessário obter licença da
entidade competente (APA – Agência
Portuguesa do Ambiente)
Compatível
De acordo com o estabelecido no n.º 1 do
Constituição da servidão: 10
Recursos agrícolas
De acordo com n.º 1 do artigo 60.º da Lei n.º
e
florestais
Regime Florestal
Despacho Conjunto de 15 de Fevereiro de
1991, publicado no n.º 54 do DR (II Série), de 6
de Março de 1991, “nos processos tendentes à
desafectação de áreas sujeitas ao regime
florestal total ou parcial, a Direcção-Geral das
Florestas(36) deve, antes de submeter o
processo ao Ministro da Agricultura, Pescas e
Alimentação(2), solicitar parecer à CCDR
competente em razão do território (...)”. O
parecer da CCDR deve ser emitido no prazo
de 30 dias após a recepção do pedido, sob
(1)
(2)
Actualmente designado por Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas
Actualmente designado por Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAMAOT)
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256
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SERVIDÃO E
RESTRIÇÃO DE
UTILIDADE PÚBLICA
CONSEQUÊNCIAS DA
SERVIDÃO/COMPATIBILIDADE
COM A INDÚSTRIA EXTRACTIVA
PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO
pena
de
ser
considerado
(informação
disponível
https://www.ccdrc.pt/).
favorável
em
Recursos ecológicos
Áreas Protegidas –
Parque
Compatível
Nas áreas protegidas, todos os projectos de
instalação das actividades constantes do
anexo II do DL n.º 69/2000 com as
características indicadas na coluna áreas
sensíveis estão sujeitos a avaliação de impacte
ambiental (AIA) (art. 1º e 2º do DL n.º 69/2000
republicado pelo DL 197/2005).
Compatível
De acordo com o DL n.º 140/99 os projectos no
âmbito da indústria extractiva que abrangem
sítios Natura 2000 não se encontram excluídos
e deverão ser alvo de uma avaliação
adequada. No âmbito da elaboração do
plano de intervenção em espaço rural será
elaborado a avaliação ambiental estratégica,
Natural das
Serras de
Candeeiros
Aire
e
Rede Natura 2000 –
PTCON0015 – Serra de
Aire e Candeeiros
que tem como objectivo assegurar que os
eventuais efeitos de determinados planos e
programas no ambiente sejam identificados,
avaliados e tomados em consideração
durante a sua preparação e antes da
aprovação.
INFRAESTRUTURAS
Rede eléctrica
Compatível, sujeita a servidão
Constituição da servidão: 30 m de raio para
postes eléctricos de média e alta tensão (art.
4º, nº 1 e anexo II do DL nº 270/2001 de 6 de
Outubro)
7. PRÉ-PROPOSTA DE ORDENAMENTO
A elaboração do Plano de Pormenor na Modalidade de Plano de Intervenção em
Espaço Rural de Cabeça Veada (PIERCV) assenta, num conhecimento do território a
uma escala de grande detalhe. Um dos principais objectivos deste Plano era a
realização de estudos atualizados, nas diversas temáticas, por forma a fundamental a
tomada de decisões. Pretende-se a definição de um modelo territorial que permita a
identificação dos locais susceptíveis de exploração, onde a qualidade do recurso
geológico, os valores ecológicos e a sensibilidade ambiental são conciliáveis.
Assim, no âmbito do presente Plano foi apresentada a caracterização e diagnóstico
da área de intervenção, nomeadamente:
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
257
§
Caracterização e delimitação de áreas com aptidão para a exploração de
rocha ornamental;
§
Caracterização da fauna, flora e sensibilidade ecológica;
§
Caracterização
hidrogeológica
nomeadamente
no
que
respeita
à
vulnerabilidade dos recursos hídricos subterrâneos;
§
Caracterização recursos hídricos superficiais;
§
Caracterização e análise da evolução da ocupação do solo nas duas últimas
décadas;
§
Caracterização dos valores patrimoniais e paisagísticos;
§
Caracterização social da área de intervenção e análise comparativa com o
concelho e região;
§
Enquadramento nos Instrumentos de Gestão Territorial com incidência na área
de intervenção;
§
Análise às Servidões e Restrições de Utilidade Pública;
§
Cartografia temática.
Nos pontos seguintes será apresentada a metodologia utilizada na construção do
Modelo Terriorial. Serão apresentados os objectivos gerais e específicos; diferentes
cenários e uma primeira abordagem à Planta de Implantação que se designa por PréProposta de Ordenamento, tendo em conta os principais descritores identificados na
fase de Caracterização e Diagnóstico. A Pré-Proposta de Ordenamento encontra-se
representada no Desenho OT – 01.
7.1.
METODOLOGIA
A área de intervenção insere-se no Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros,
encontrando-se associado à exploração de massas minerais. Actividades como a
agricultura e a silvicultura não constituem actividades determinantes nesta área. A
presença do recurso geológico é evidente, e até os sistemas ecológicos mais
interessantes estão associados às características geológicas existentes.
Torna-se, pois, necessário identificar e refletir sobre a aptidão e os condicionalismos do
território, valorizando as suas características, privilegiando a presença dos recursos
naturais existentes.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
258
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
A identificação das aptidões e condicionantes na área de intervenção, assim como
as directrizes identificadas na Avaliação Ambiental Estratégica deverão contribuir para
a definição da Estratégia de Desenvolvimento Territorial e do Modelo de Organização
Territorial.
A presente análise pretende ser um contributo de base para a matriz estratégica de
ocupação e gestão territorial, no sentido do conhecimento preciso da área de
intervenção, que permita assim apresentar propostas de transformação do uso do solo
compatíveis com as condicionantes e aptidões presentes no local, numa perspectiva
sustentável das actividades humanas e da sua relação com o território.
No esquema seguinte encontram-se representados os conteúdos elaborados na 1ª
Fase do PIERCV, dividido em 2 Etapas: 1) Caracterização e Diagnóstico; 2) Proposta de
Ordenamento e 3 componentes: 1) Análise dos Instrumentos de Gestão Territorial com
incidência na área de intervenção; 2) Caracterização e Diagnóstico para as diversas
temáticas e, 3) Servidões e Restrições de Utilidade Pública.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
259
ANÁLISE DOS INSTRUMENTOS DE
CARACTERIZAÇÃO DA
SERVIDÕES E RESTRIÇÕES DE
GESTÃO TERRITORIAL
ÁREA DE INTERVENÇÃO
UTILIDADE PÚBLICA
§ Plano Nacional de Política de Ordenamento
CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO
do Território
§ Plano
Regional
de
Ordenamento
do
Território Centro
§ Plano Regional de Ordenamento Florestal
Centro Litoral
§ Plano Sectorial da Rede Natura 2000
§ Plano de Gestão da Região Hidrográfica do
Tejo
§ Plano de Ordenamento do Parque Natural
das Serras de Aire e Candeeiros
§ Plano Director Municipal de Porto de Mós
§ Geologia
§ Recursos hídricos:
-
§ Solos
Domínio hídrico
§ Biologia
§ Recursos Hídricos Subterrâneos
§ Recursos Hídricos Superficiais
§ Recursos agrícolas e florestais:
-
Regime florestal
§ Ocupação do Solo
§ Paisagem
§ Recursos ecológicos:
§ Património geológico
-
Área Protegida
§ Património cultural
-
Rede Natura 2000
§ Qualidade do ar
§ Ruído
§ Infraestruturas:
-
§ Sócio-economia
Rede eléctrica - postes eléctricos de
média e alta tensão
§ Áreas recuperadas
§ Pedreiras licenciadas
§ Garantir a compatibilidade e conformidade
ORDENAMENTO
PROPOSTA DE
com os Instrumentos de Gestão Territorial de
hierarquia superior
§ Alteração aos Regimes de Protecção da AIE
definidos no POPNSAC
§ Definição de um modelo territorial que
permita a identificação dos locais
susceptíveis de exploração, onde a
qualidade do recurso geológico, os
valores ecológicos e a sensibilidade
ambiental são conciliáveis
PLANTA DE IMPLANTAÇÃO E REGULAMENTO
§ Identificação
das
consequências
servidões e restrições de utilidade pública
§ Identificação
dos
procedimentos
administrativos
PLANTA DE CONDICIONANTES
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
260
das
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
A Análise dos Instrumentos de Gestão Territorial (IGT) com incidência na área de
intervenção permitiu a identificação de directrizes e orientações a contemplar no
presente Plano, por forma a garantir a compatibilidade e conformidade com os IGT de
hierarquia superior.
A Caracterização e Diagnóstico permitiu a identificação das variáveis mais relevantes:
na geologia - a presença do recurso geológico para exploração de rocha
ornamental, na biologia - os valores excepcionais e altos e a presença de áreas
recuperadas.
Foram também identificadas as Servidões e Restrições de Utilidade Pública e
respectivas consequências, assim como os procedimentos administrativos que
deverão ser despoletados na implementação do Plano.
A Proposta de Ordenamento deverá contemplar uma proposta de zonamento que
permita a identificação de áreas compatíveis com a indústria extractiva e de áreas
preferenciais para a conservação da natureza.
O PIER de Cabeça Veada será constituído pela Planta de Implantação, Planta de
Condicionantes e Regulamento e acompanhado por um conjunto de plantas
temáticas e relatórios de fundamentação.
A componente do Ordenamento do Território tem a responsabilidade de “colar” ao
território a visão estratégica que vai sendo trabalhada pelas várias temáticas. Ou seja,
a resolução de conflitos, a fase de negociação e a capacidade de fechar acordos
são etapas primordiais no processo de desenvolvimento do PIER. A fase de
Caracterização e Diagnóstico, e a definição da metodologia para a proposta de
ordenamento contou com o acompanhamento contínuo do Instituto da Conservação
da Natureza e das Florestas.
A proposta de ordenamento a desenvolver deverá contar com as seguintes etapas:
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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261
1. DEFINIÇÃO
DOS
OBJECTIVOS GERAIS E OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
2. ELABORAÇÃO
DE DIFERENTES CENÁRIOS EM FUNÇÃO DA PRESENÇA DO RECURSO GEOLÓGICO E DA
SENSIBILIDADE AMBIENTAL
3. ELABORAÇÃO
DE CARTOGRAFIA TEMÁTICA QUE TRADUZA UM MODELO DE PLANEAMENTO E GESTÃO
TERRITORIAL
4. DEFINIÇÃO DE UM MODELO TERRITORIAL COM A IDENTIFICAÇÃO DOS LOCAIS SUSCEPTÍVEIS DE
EXPLORAÇÃO, ONDE A QUALIDADE DO RECURSO GEOLÓGICO, OS VALORES ECOLÓGICOS E A
SENSIBILIDADE AMBIENTAL SÃO CONCILIÁVEIS
5. ANÁLISE DO POPNSAC: DISPOSIÇÕES
REGIMES DE PROTECÇÃO
REGULAMENTARES A APLICAR NO
PIERCV E ALTERAÇÃO
DOS
6. DEFINIÇÃO DE MODELO DE PARCERIA ENTRE AS ENTIDADES ENVOLVIDAS, AGENTES LOCAIS,
EXPLORADORES, TENDO POR MISSÃO O FINANCIAMENTO DE INICIATIVAS QUE PROMOVAM O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DA BIODIVERSIDADE , COM BASE
NA VALORIZAÇÃO AMBIENTAL DOS RECURSOS NATURAIS E PATRIMONIAIS , PARA A COMPENSAÇÃO E
RECUPERAÇÃO DO CUSTO AMBIENTAL CAUSADO PELA IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO
No presente relatório serão apresentadas as etapas 1, 2, 3 e 4 que serão desenvolvidas
e concretizadas na 2ª Fase - Proposta de Plano, bem como as etapas 5 e 6.
7.2.
OBJECTIVOS GERAIS E OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
ETAPA 1
• DEFINIÇÃO DOS OBJECTIVOS GERAIS E OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
A elaboração do Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça Veada (PIERCV)
tem como objectivo a definição do ordenamento e planeamento territorial da
indústria extractiva e a identificação de factores críticos de natureza ambiental, social
e económica que poderão condicionar as propostas de ordenamento do território. O
Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça Veada, deverá constituir uma
referência e marcar uma viragem na forma como é visto o sector da indústria
extractiva em Portugal. Pelo fato de se encontrar inserida dentro duma área
protegida, impõe responsabilidades acrescidas no usufruto e gestão deste território.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
262
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Torna-se indispensável a procura de uma estratégia de desenvolvimento que permita
conciliar a salvaguarda das áreas de maior valor natural com um modelo de utilização
humana do território, e contribua para a sua valorização numa perspectiva de
desenvolvimento
sustentável.
Pretende-se
conciliar
essa
estratégia
de
desenvolvimento sustentável, através do cumprimento dos seguintes objectivos gerais
e específicos:
OBJETIVOS GERAIS
•
Definir as regras de ocupação e gestão do território das áreas extrativas existentes e
potenciais, valorizando o recurso geológico e preservando os valores naturais;
•
Estabelecer condições para o desenvolvimento da indústria extractiva;
•
Minimizar os impactes ambientais e paisagísticos resultantes do desenvolvimento da
atividade extrativa;
•
Promover o desenvolvimento sustentável e a conservação da natureza e da
biodiversidade, com base na valorização ambiental dos recursos naturais, patrimoniais e
paisagísticos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
•
Definir áreas preferenciais para a exploração de massas minerais;
•
Definir áreas preferenciais para a conservação da natureza;
•
Estabelecer diretrizes para a implementação do projeto integrado e desenvolvimento
do plano de gestão de resíduos;
•
Desenvolver um programa de execução que garanta o cumprimento de ações de
qualificação territorial,
valorização
patrimonial
e
paisagística
e
requalificação
ambiental, nomeadamente nos recursos hídricos subterrâneos;
•
Definir modelo de parceria entre as entidades envolvidas, agentes locais, exploradores,
que deverá ter por missão o financiamento de iniciativas que visem a compensação e
recuperação do custo ambiental causado pela implementação do Plano.
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263
7.3.
ELABORAÇÃO DE CENÁRIOS
ETAPA 2
• ELABORAÇÃO DE DIFERENTES CENÁRIOS EM FUNÇÃO DA PRESENÇA DO RECURSO
GEOLÓGICO E
DA SENSIBILIDADE AMBIENTAL
Da Caracterização e Diagnóstico realizada nos capítulos anteriores pode afirmar-se
que a área de intervenção do Plano de Intervenção em Espaço Rural de Cabeça
Veada constitui um território de recursos geológicos e valores naturais. A exploração
do recurso geológico pela actividade da indústria extractiva tem conduzido a
situações de degradação ambiental, não desejáveis, carecendo de uma resposta
urgente. A presença de valores naturais, traduz-se na presença de espécies da Flora
Protegida e biótopos de alimentação.
Colocam-se diversas questões: Qual o peso de cada um dos factores? Como
conseguir a sustentabilidade da área de intervenção?
APTIDÃO GEOLÓGICA
PARA EXPLORAÇÃO
DE ROCHA
ORNAMENTAL
VALORAÇÃO
BIOLÓGICA
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
264
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A dualidade que caracteriza o contexto de referência deste Plano, impõe uma
estratégia orientada para a concretização de um modelo de ordenamento, que
consiga impor uma valorização territorial, e que consiga minimizar e compensar os
impactes ambientais gerados pela indústria extractiva.
APTIDÃO
GEOLÓGICA PARA
EXPLORAÇÃO DE
ROCHA
ORNAMENTAL
COMPATIBILIZAÇÃO ENTRE A
APTIDÃO GEOLÓGICA PARA
EXPLORAÇÃO DE ROCHA
ORNAMENTAL E A VALORAÇÃO
BIOLÓGICA
VALORAÇÃO
BIOLÓGICA
No âmbito da Pré-Proposta de Ordenamento foram elaborados 3 cenários que se
apresentam no Quadro 7.3-2. No cenário 1, considera-se a apenas a presença do
recurso geológico com aptidão para exploração de rocha ornamental. No cenário 2,
os valores excepcionais e altos da biologia sobrepõem-se à presença do recurso
geológico. O cenário 3, contempla a compatibilização entre a aptidão geológica
para exploração de rocha ornamental e a valoração biológica, que deverá ser
atingida com o estabelecimento de medidas de compensação.
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Quadro 7.3-1: Situação Actual – trabalhos realizados no âmbito do PIER Cabeça Veada
DESCRITOR
APTIDÃO GEOLÓGICA PARA
EXPLORAÇÃO DE ROCHA
ORNAMENTAL
VALORAÇÃO BIOLÓGICA
Área (ha)
%
Presença recurso
24.99
86.17
Ausência recurso
4.01
13.83
Excepcional
1.26
4.35
Alta
8.03
27.62
Média / Baixa
19.82
68.14
Quadro 7.3-2: Cenários elaborados no âmbito do PIER de Cabeça Veada
Cenário 1
Cenário 2
Cenário 3
Aptidão geológica para
Valoração Biológica
Compatibilização entre a
exploração rocha
Aptidão geológica para
ornamental
exploração rocha
ornamental e a valoração
biológica
Área (ha)
%
Área (ha)
%
Área
%
24.99
86.17
19.82
68.14
15.68
54.20
4.01
13.83
9.31
31.97
4.01
13.83
--
--
--
--
9.31
31.97
ÁREAS PREFERENCIAIS
PARA A INDÚSTRIA
EXTRATIVA
IMCOMPATIBILIDADE COM
A INDÚSTRIA EXTRATIVA
ÁREAS COMPATÍVEIS COM
A INDÚSTRIA EXTRATIVA
SUJEITAS A MEDIDAS DE
COMPENSAÇÃO
Este processo foi acompanhado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das
Florestas e foi estabelecido que a Proposta de Ordenamento deveria ser desenvolvida
para o Cenário 3 - Compatibilização entre a aptidão geológica para exploração de
rocha ornamental e a valoração biológica, que deverá ser atingida com o
estabelecimento de medidas de compensação.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
266
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7.4.
MODELO DE PLANEAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
ETAPA 3
• ELABORAÇÃO DE CARTOGRAFIA TEMÁTICA QUE TRADUZA UM MODELO DE PLANEAMENTO E
GESTÃO TERRITORIAL
Como referido anteriormente, os factores relevantes para a definição da proposta de
ordenamento correspondem a:
geologia
áreas recuperadas e existência
de recurso geológico
aptidão geológica
PIER CABEÇA
VEADA
biologia
áreas recuperadas a manter
valores excepcionais e altos
Nesta fase do Plano, foi construída diversa cartografia temática, que se encontram
representados nas diversas planta e representados nas figuras que a seguir se
apresentam.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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Figura 7.4-1: Aptidão
geológica para exploração de
rocha ornamental
Figura 7.4-2: Valoração biologia
Figura 7.4-3: Áreas recuperadas
(Anexo 3 do POPNSAC)
ETAPA 4
• DEFINIÇÃO DE MODELO
TERRITORIAL COM A IDENTIFICAÇÃO DOS LOCAIS SUSCEPTÍVEIS DE
EXPLORAÇÃO, ONDE A QUALIDADE DO RECURSO GEOLÓGICO, OS VALORES ECOLÓGICOS E A
SENSIBILIDADE AMBIENTAL SÃO CONCILIÁVEIS
Não basta caracterizar e delimitar um território, publicar um diploma legal que
identifique os respectivos limites e os órgãos directivos, e elaborar um plano de
ordenamento que defina um zonamento e aprove um regulamento que estabeleça
as restrições e condicionantes ao seu uso. Estas são, apesar de tudo, as medidas mais
fáceis de concretizar. Constitui, no entanto, uma forma de gestão passiva, uma vez
que assentam numa atitude defensiva e reactiva, que apenas produz efeitos quando
um dado agente que pretende actuar nesse território, tenta obter as permissões
legalmente exigidas.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
268
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Na maior parte das vezes, os valores presentes, são o resultado de uma interacção
dinâmica entre o meio natural e as actividades humanas, pelo que mais do que proibir
e condicionar, importa estabelecer fórmulas de actuação conjunta que possibilitem a
realização de um conjunto de actividades, que permitam compatibilizar a
salvaguarda dos valores presentes com as actividades económicas, afinal a única via
que faculta a indispensável sobrevivência das populações que vivem ou dependem
desse território.
Este objectivo constitui o que se tem vindo a designar por Gestão do Território, que
pretende identificar as medidas de actuação conjunta, a implementar pela
administração central e local, pelos residentes, pelos agentes económicos e culturais e
outros.
A gestão deverá ter em conta o uso que o homem fez do território, no passado e no
presente, o impacte actual ou previsível no futuro, e os meios necessários para se
atingir um uso óptimo do espaço. Portanto, uma gestão eficaz implica compreender
as medidas e acções necessárias para que o espaço seja sustentável, dando-lhe uma
orientação positiva dentro da comunidade, assim como em qualquer projecto que
possa levar-se a cabo nas zonas adjacentes.
A elaboração do PIER de Cabeça Veada deverá permitir a compatibilização da
actividade da indústria extractiva com as condicionantes de ordenamento do
território, tendo ainda o propósito de ordenamento dos espaços de exploração, a
definição de metodologias e regras de exploração e de recuperação paisagística,
considerando a ocorrência do recurso geológico e os imperativos ambientais.
O presente Plano deverá assim, constituir uma referência no domínio do ordenamento
e do desenvolvimento territorial, no que se refere ao sector da indústria extractiva em
Portugal.
Com base nos pressupostos anteriores e acompanhamento contínuo dos trabalhos
pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas foi possível a definição de
um Diagrama Metodológico para a Proposta de Ordenamento das Áreas de
Intervenção Específica que se apresenta na figura seguinte:
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Figura 7.4-4: Diagrama Metodológico para a Proposta de Ordenamento dos PIER AIE
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Esta metodologia deverá ser aplicada nas diversas AIE. De referir que no caso do PIER
de Cabeça Veada, considerou-se que as Áreas Recuperadas poderiam voltar a ser
exploradas, nos locais onde existe recurso geológico. Relativamente às pedreiras
licenciadas, o seu limite prevalece sobre os outros regimes.
A aplicação desta metodologia, permitiu nesta fase apresentar uma Pré-Proposta de
Ordenamento, representada cartograficamente no Desenho OT – 01- Pré-Proposta de
Ordenamento, na figura e quadro seguintes:
Figura 7.4-5: Pré-Proposta de Ordenamento de Cabeça Veada
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Nesta fase de Pré-Proposta foram definidas três classes de espaço:
§
A1 - Compatível com a indústria extractiva
§
A2 - Compatível com indústria extrativa sujeito a medidas de compensação,
que compreende duas categorias:
§
o
Tipo 1 – quando se localiza em áreas com valoração excepcional
o
Tipo 2 - quando se localiza em áreas com valoração excepcional
A3 – Áreas preferenciais para a conservação da natureza
Cuja distribuição se apresenta no quadro seguinte.
Quadro 7.4-1: Pré-Proposta de Ordenamento – Distribuição das Classes de Espaço
Porto de Mós
Santarém
Classe Espaço
Área (ha)
%
Área (ha)
%
17.88
66.92
1.92
75.89
Tipo I - valoração excepcional
0.49
1.83
0.18
7.11
Tipo II - valoração alta
4.79
17.93
0.34
13.44
A3 - Áreas preferenciais para a conservação da natureza
3.56
13.32
0.09
3.56
TOTAL
26.72
100
2.53
100
A1 - Compatível com a indústria extrativa
A2 - Compatível com
indústria extrativa sujeito a
medidas de
compensação
Na 2ª Fase do PIERCV será desenvolvida a proposta de ordenamento, na qual será
apresentada a Planta de Implantação, acompanhada pelo Regulamento, que
deverá conter as disposições regulamentares, por classe de espaço, bem como a
definição das medidas de compensação, entre outras.
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1:50000, Instituto Geológico e Mineiro, Lisboa.
§
SCE (2004) - Carta Militar de Portugal, escala 1:25 000, folha 317 Alcobaça,
Serviços Cartográficos do Exército, Lisboa.
§
SCE (2004) - Carta Militar de Portugal, escala 1:25 000, folha - 318 Mira de Aire
(Porto de Mós), Serviços Cartográficos do Exército, Lisboa.
§
SCE (2004) - Carta Militar de Portugal, escala 1:25 000, folha 327 – Turquel
(Alcobaça), Serviços Cartográficos do Exército, Lisboa.
§
SCE (2004) - Carta Militar de Portugal, escala 1:25 000, folha 328 – Alcanede
(Santarém), Serviços Cartográficos do Exército, Lisboa.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO | RELATÓRIO |
277
Planos
§
Plano Director Municipal de Porto de Mós (1994).
§
Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros,
Relatório da Revisão do Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras
de Aires e Candeeiros, Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade,
2007.
Entidades
Câmara Municipal de Porto de Mós.
Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC).
VISA Consultores, S.A. (2012) – Levantamento realizado por equipa de espeleólogos
com base nos dados fornecidos pelo PNSAC.
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
278
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
A N E X O
C
D
§
O C U M E N T O S
I
O C U M E N T A L
N S T R U T Ó R I O S
Deliberação Camarária que determina a elaboração do Plano
§
§
§
D
O N T E Ú D O
I
Termos de Referência do Plano
Aviso sobre auscultação prévia da população
Deliberação camarária de qualificação ou não do Plano para
efeitos de AAE
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
MUNICÍPIO DE PORTO DE MÓS – CÂMARA MUNICIPAL
ACTA N.º 23/2011
DA REUNIÃO ORDINÁRIA DA CÂMARA
MUNICIPAL DE PORTO DE MÓS, REALIZADA
EM 24 DE NOVEMBRO DE 2011
--------------- Aos vinte e quatro dias do mês de Novembro do ano de dois mil e onze, nesta Vila
de Porto de Mós, nos Paços do Concelho e Sala de Sessões, realizou-se a reunião ordinária da
Câmara Municipal, sob a Presidência do Senhor Presidente JOÃO SALGUEIRO, secretariada
pelo Secretário Municipal NEUZA JOSÉ DOS REIS MORINS, achando-se presentes os
Vereadores Senhores, ALBINO PEREIRA JANUÁRIO, ANABELA DOS SANTOS
MARTINS, LUÍS MANUEL COELHO DE ALMEIDA, RITA ALEXANDRA
SACRAMENTO ROSA CEREJO E FERNANDO MANUEL DE CARVALHO OLIVEIRA
MONTEIRO, tendo faltado o Vereador Senhor JÚLIO JOÃO CARREIRA VIEIRA. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- À hora marcada e depois de todos terem ocupado os seus lugares, o Senhor
Presidente declarou aberta a reunião, tendo sido tratados os seguintes assuntos: ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- A Câmara Municipal deliberou justificar a falta ao Vereador Senhor Júlio João
Carreira Vieira. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- PRÓXIMA REUNIÃO DE CÂMARA – A Câmara deliberou marcar a próxima
reunião de Câmara para o dia seis de Dezembro, pelas catorze horas e trinta minutos.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- APROVAÇÃO DA REDACÇÃO FINAL DA ACTA DA REUNIÃO
ANTERIOR – Após análise da acta da reunião anterior, foi a mesma aprovada na sua redacção
final. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
---------------------------------OBRAS PARTICULARES ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ PROC.º N.º 1998/366 – Presente uma informação da Chefe de Divisão de
Licenciamento Urbano, a declarar a caducidade da licença, dado que a obra não foi totalmente
executada no prazo da legal para o efeito, ao abrigo do disposto na alínea d), do n.º 3 do art.º
71.º do R.J.U.E, em Leões - Corredoura, freguesia de São Pedro, em nome de Pedro Carreira
Crespo. ----- ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Deliberado declarar a caducidade do processo. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ PROC.º N.º 190/1999 – Presente uma informação da Chefe de Divisão de
Licenciamento Urbano, a declarar a caducidade da licença, dado que a obra não foi concluída no
prazo legal para o efeito, ao abrigo do disposto na alínea d), do n.º 3 do art.º 71.º do R.J.U.E,
referente a construção de duas moradias geminadas em Casais de Baixo, freguesia de Pedreiras,
em nome de Pedro Carreira Crespo. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Deliberado declarar a caducidade do processo e reconhecer o interesse na
conclusão da obra. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- PROC.º N.º 628/2006 – Presente uma informação da Chefe de Divisão de
Licenciamento Urbano, a declarar a caducidade da licença, dado que a obra não foi iniciada no
prazo da legal para o efeito, ao abrigo do disposto na alínea a), do n.º 3 do art.º 71.º do R.J.U.E,
referente à construção de uma moradia em Dinez, freguesia de Pedreiras, em nome de João José
Duarte Ferreira. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Deliberado declarar a caducidade do processo e informar o requerente do parecer
dos Serviços Técnicos. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Reunião de 24 de Novembro de 2011
MUNICÍPIO DE PORTO DE MÓS – CÂMARA MUNICIPAL
------------------------------------------------ DIVERSOS -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- PROPOSTA
DE
PROCEDIMENTO
DO
CONTRATO
PARA
PLANEAMENTO – PARA ELABORAÇÃO DOS PLANOS DE PORMENOR (PIER) DE
CABEÇA VEADA, CODAÇAL, PÉ DA PEDREIRA E PORTELA DAS SALGUEIRAS –
Deliberado proceder à elaboração dos Planos de Pormenor dos Núcleos de Cabeça Veada,
Codaçal, Pé da Serra e Portela das Salgueiras, aprovar os termos de referência dos referidos
planos, recorrer à contratualização prevista no art.º 6º-A do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de
Setembro com a nova redacção dada pelos Decretos-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro e
46/2009, de 20 de Fevereiro e iniciar o procedimento legal de contratualização nos termos do
disposto no mesmo artigo 6º-A da referida Lei.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Reunião de 24 de Novembro de 2011
'LiULR GD 5HS~EOLFD
SHOR 'HFUHWR /HL Q ž
GH GH DJRVWR SHOR TXH VH FRQYLGDP
WRGRV RV PXQtFLSHV D IRUPXODU DV UHFODPDo}HV REVHUYDo}HV H VXJHV
W}HV TXH HQWHQGDP SRU FRQYHQLHQWH DV TXDLV GHYHP VHU DSUHVHQWDGDV
SRU HVFULWR HP LPSUHVVR SUySULR RX HP RItFLR GHYLGDPHQWH LGHQWLIL
FDGR GLULJLGR DR 3UHVLGHQWH GD &kPDUD 0XQLFLSDO GH &DQWDQKHGH H
HQWUHJXH QR 'HSDUWDPHQWR GH 8UEDQLVPR RX SHOD ,QWHUQHW QR HQGHUHoR
KWWS VLJ FP FDQWDQKHGH SW UHYSXSW e DLQGD GLVSRQLELOL]DGR XP H PDLO
SUySULR GX#FP FDQWDQKHGH SW
'XUDQWH DTXHOH SHUtRGR RV LQWHUHVVDGRV SRGHUmR FRQVXOWDU D UHVSHWLYD
SURSRVWD GR 3ODQR GXUDQWH DV KRUDV QRUPDLV GH H[SHGLHQWH QR 'HSDUWD
PHQWR GH 8UEDQLVPR ² 'LYLVmR GH 2UGHQDPHQWR GR 7HUULWyULR
2 SUHVHQWH $YLVR YDL VHU DIL[DGR QRV OXJDUHV S~EOLFRV GR FRVWXPH
GH IHYHUHLUR GH
² $ 9LFH 3UHVLGHQWH GD &kPDUD 0XQLFLSDO
GH &DQWDQKHGH 0DULD +HOHQD 5RVD GH 7HRGyVLR H &UX] *RPHV GH
2OLYHLUD
081,&Ì3,2 '( )$52
$YLVR Q ž
3DUD RV GHYLGRV HIHLWRV WRUQD VH S~EOLFR TXH SRU PHX GHVSDFKR GH
GH -XOKR GH
SURIHULGR QR XVR GDV FRPSHWrQFLDV TXH PH IRUDP
GHOHJDGDV SHOR 'HVSDFKR Q ž %
&0 GR 6HQKRU 3UHVLGHQWH GD
&kPDUD FRP DV DOWHUDo}HV LQWURGX]LGDV SHOR 'HVSDFKR Q ž
&0
GH
GH 2XWXEUR SXEOLFDGR DWUDYpV GR (GLWDO Q ž
GH
GH
2XWXEUR GH
H SUHYLVWDV QD DOtQHD D GR Q ž GR DUWLJR
ž GD /HL
Qž
GH
GH 6HWHPEUR QD UHGDomR GDGD SHOD /HL Q ž $
GH
GH -DQHLUR IRL GHIHULGR R SHGLGR GH /LFHQoD 6HP 5HPXQHUDomR
GH /RQJD 'XUDomR SHOR SHUtRGR GH DQR j WUDEDOKDGRUD 0DULD $OLFH
%ULWR 7RPp GD 6LOYD $VVLVWHQWH 2SHUDFLRQDO GR 0DSD GH 3HVVRDO GHVWD
&kPDUD 0XQLFLSDO D SDUWLU GR GLD
GH 'H]HPEUR GH
² 2 9LFH 3UHVLGHQWH GD &kPDUD 5RJpULR
&RQFHLomR %DFDOKDX &RHOKR
$YLVR Q ž
3DUD RV GHYLGRV HIHLWRV WRUQD VH S~EOLFR TXH SRU PHX GHVSDFKR GH
GH MDQHLUR GH
SURIHULGR QR XVR GDV FRPSHWrQFLDV TXH PH IRUDP
GHOHJDGDV SHOR 'HVSDFKR Q ž %
&0 GR 6HQKRU 3UHVLGHQWH GD
&kPDUD FRP DV DOWHUDo}HV LQWURGX]LGDV SHOR 'HVSDFKR Q ž
&0
GH
GH RXWXEUR SXEOLFDGR DWUDYpV GR HGLWDO Q ž
GH
GH
RXWXEUR GH
H SUHYLVWDV QD DOtQHD D GR Q ž GR DUWLJR
ž GD /HL
Qž
GH
GH VHWHPEUR QD UHGDomR GDGD SHOD /HL Q ž $
GH
GH MDQHLUR IRL GHIHULGR R SHGLGR GH OLFHQoD VHP UHPXQHUDomR
GH ORQJD GXUDomR SRU XP SHUtRGR VXSHULRU D XP DQR DR WUDEDOKDGRU
-RVp $QWyQLR GH 0DWRV GD )RQVHFD 2OLYHLUD ERPEHLUR PXQLFLSDO GH
• FODVVH GR PDSD GH SHVVRDO GHVWD &kPDUD 0XQLFLSDO D SDUWLU GR GLD
GH IHYHUHLUR
GH MDQHLUR GH
² 2 9LFH 3UHVLGHQWH GD &kPDUD 5RJpULR
&RQFHLomR %DFDOKDX &RHOKR
081,&Ì3,2 '( 285e0
$YLVR Q ž
&RQYHUVmR GD ÈUHD &UtWLFD GH 5HFXSHUDomR H 5HFRQYHUVmR
8UEDQtVWLFD $&558 GH )iWLPD
HP ÈUHD GH 5HDELOLWDomR 8UEDQD $58
3DXOR $OH[DQGUH +RPHP GH 2OLYHLUD )RQVHFD 3UHVLGHQWH GD &kPDUD
0XQLFLSDO GH 2XUpP ID] S~EOLFR TXH D $VVHPEOHLD 0XQLFLSDO HP VHVVmR
RUGLQiULD UHDOL]DGD HP
GH GH]HPEUR GH
GHOLEHURX DSURYDU R
SURMHWR GH FRQYHUVmR GD ÈUHD &UtWLFD GH 5HFXSHUDomR H 5HFRQYHUVmR
8UEDQtVWLFD GH )iWLPD HP ÈUHD GH 5HDELOLWDomR 8UEDQD FRQIRUPH SUHYr
R Q ž GR DUWLJR ž GR 'HFUHWR /HL Q ž
GH
GH RXWXEUR
TXH HVWDEHOHFH R UHJLPH MXUtGLFR GD UHDELOLWDomR XUEDQD HP iUHDV GH
UHDELOLWDomR XUEDQD
0DLV VH LQIRUPD TXH QRV WHUPRV GR Q ž GR DUWLJR ž GR 'HFUHWR /HL
Qž
GH GH RXWXEUR RV HOHPHQWRV TXH DFRPSDQKDP R SURMHWR
GH GHOLPLWDomR GD iUHD GH UHDELOLWDomR XUEDQD GH )iWLPD HQXQFLDGRV QR
Q ž GR DUWLJR ž SRGHUmR VHU FRQVXOWDGRV QR HGLItFLR VHGH GD &kPDUD
0XQLFLSDO QD /RMD GH 5HDELOLWDomR 8UEDQD D IXQFLRQDU QD $YHQLGD
' -RVp $OYHV &RUUHLD GD 6LOYD (GLItFLR )DWLPDH Q ž
/RMD
QRV
• VpULH ² 1 ž
²
GH IHYHUHLUR GH
GLDV ~WHLV GXUDQWH DV KRUDV QRUPDLV GH H[SHGLHQWH H QRV VtWLRV GD ,QWHUQHW
GDV HQWLGDGHV VXSUD LGHQWLILFDGDV
GH MDQHLUR GH
² 2 3UHVLGHQWH GD &kPDUD 3DXOR )RQVHFD
081,&Ì3,2 '( 32572 '( 0Ð6
$YLVR Q ž
'LYXOJDomR S~EOLFD GD SURSRVWD GH ³&RQWUDWR SDUD 3ODQHDPHQWR´
SDUD D HODERUDomR GRV SODQRV GH SRUPHQRU GRV 1~FOHRV
GH &DEHoD 9HDGD &RGDoDO 3p GD 3HGUHLUD H 3RUWHOD GDV 6DOJXHLUDV
-RmR 6DOJXHLUR 3UHVLGHQWH GD &kPDUD 0XQLFLSDO GH 3RUWR GH 0yV
WRUQD S~EOLFR TXH
1DV UHXQL}HV RUGLQiULDV UHDOL]DGDV HP
GH QRYHPEUR GH
H
GH IHYHUHLUR GH
D &kPDUD 0XQLFLSDO GHOLEHURX QRV WHUPRV GR
GLVSRVWR QR Q ž GR DUWLJR ž $ FRQMXJDGR FRP R Q ž GR DUWLJR
ž
D DOtQHD E GR Q ž GR DUWLJR
ž H Q ž GR DUWLJR
ž GR 'HFUHWR /HL
Qž
GH
GH VHWHPEUR FRP D QRYD UHGDomR GDGD SHOR 'HFUHWR
/HL Q ž
GH GH IHYHUHLUR UHFRUUHU j FRQWUDWXDOL]DomR DSURYDU
D PLQXWD GH SURSRVWD GH &RQWUDWR SDUD 3ODQHDPHQWR H SURFHGHU j VXD
GLYXOJDomR S~EOLFD FRP YLVWD j HODERUDomR GRV 3ODQRV GH 3RUPHQRU
GRV 1~FOHRV GH &DEHoD 9HDGD &RGDoDO 3p GD 3HGUHLUD H 3RUWHOD GDV
6DOJXHLUDV DSURYDQGR RV 7HUPRV GH 5HIHUrQFLD TXH IXQGDPHQWDP D VXD
RSRUWXQLGDGH H IL[DP RV UHVSHWLYRV REMHWLYRV
$VVLP DR DEULJR GR GLVSRVWR QDV GLVSRVLo}HV OHJDLV VXSUD UHIHULGDV R
SHUtRGR GH GLYXOJDomR S~EOLFD p GH GLDV D FRQWDU GD GDWD GD SXEOLFDomR
GR SUHVHQWH $YLVR SUD]R GXUDQWH R TXDO RV LQWHUHVVDGRV SRGHUmR SURFHGHU
j IRUPXODomR GH VXJHVW}HV SRU HVFULWR EHP FRPR D DSUHVHQWDomR GH
TXDLVTXHU TXHVW}HV TXH SRVVDP VHU FRQVLGHUDGDV QR kPELWR GR UHVSHWLYR
SURFHGLPHQWR GH GLYXOJDomR GD SURSRVWD GH &RQWUDWR SDUD 3ODQHDPHQWR
DV TXDLV GHYHUmR VHU GLULJLGDV DR ([PR 6HQKRU 3UHVLGHQWH GD &kPDUD
HP GRFXPHQWR GHYLGDPHQWH LGHQWLILFDGR SRU FRUUHLR HOHWUyQLFR VLJ#
PXQLFLSLR SRUWRGHPRV SW YLD ID[
RX DLQGD HQWUHJXHV QR
*DELQHWH GH $SRLR DR 0XQtFLSH QR (GLItFLR GRV 3DoRV GR &RQFHOKR
'XUDQWH DTXHOH SHUtRGR RV LQWHUHVVDGRV SRGHUmR FRQVXOWDU D GRFXPHQ
WDomR UHIHUHQWH DRV WHUPRV GR FRQWUDWR DSURYDGR SHOD &kPDUD 0XQLFLSDO
QR *DELQHWH GH $SRLR DR 0XQtFLSH H QD UHVSHWLYD SiJLQD GD ,QWHUQHW
HP ZZZ PXQLFLSLR SRUWRGHPRV SW
( SDUD FRQVWDU VH SXEOLFD R SUHVHQWH DYLVR H RXWURV GH LJXDO WHRU TXH
YmR VHU DIL[DGRV QRV OXJDUHV S~EOLFRV GR FRVWXPH
GH IHYHUHLUR GH
6DOJXHLUR
² 2 3UHVLGHQWH GD &kPDUD 0XQLFLSDO -RmR
081,&Ì3,2 '( 6$17,$*2 '2 &$&e0
$YLVR Q ž
3URMHWR GH DOWHUDomR DR UHJXODPHQWR GR WUDQVSRUWH S~EOLFR
GH DOXJXHU HP YHtFXORV DXWRPyYHLV
OLJHLURV GH SDVVDJHLURV ² 7UDQVSRUWH HP Wi[L
9tWRU 0DQXHO &KDYHV GH &DUR 3URHQoD 3UHVLGHQWH GD &kPDUD 0XQL
FLSDO GH 6DQWLDJR GR &DFpP
7RUQD S~EOLFR QR XVR GD FRPSHWrQFLD TXH OKH p FRQIHULGD SHOD DOt
QHD E GR Q ž GR DUWLJR
ž GD /HL Q ž
GH
GH VHWHPEUR QD
UHGDomR GDGD SHOD /HL Q ž $
GH GH MDQHLUR FRQMXJDGR FRP R
DUWLJR
ž GR &yGLJR GH 3URFHGLPHQWR $GPLQLVWUDWLYR TXH HVWD &kPDUD
0XQLFLSDO HP UHXQLmR RUGLQiULD GH
GHOLEHURX VXEPHWHU D GLV
FXVVmR S~EOLFD SHOR SUD]R GH GLDV D FRQWDU GD SXEOLFDomR GR SUHVHQWH
(GLWDO QR 'LiULR GD 5HS~EOLFD R 3URMHWR GH DOWHUDomR DR 5HJXODPHQWR
GR 7UDQVSRUWH 3~EOLFR GH $OXJXHU HP 9HtFXORV $XWRPyYHLV /LJHLURV GH
3DVVDJHLURV ² 7UDQVSRUWH HP 7i[L TXH VH DQH[D
2 SURMHWR DJRUD SXEOLFDGR HQFRQWUD VH WDPEpP SDWHQWH QD 'LYLVmR
GH 'HVHQYROYLPHQWR (FRQyPLFR H 7XULVPR GHVWD &kPDUD 0XQLFLSDO
VHQGR DLQGD DIL[DGRV GLYHUVRV H[HPSODUHV QRV OXJDUHV GH HVWLOR HGLItFLR
GD &kPDUD 0XQLFLSDO H -XQWDV GH )UHJXHVLD GD iUHD GR 0XQLFtSLR
2V LQWHUHVVDGRV SRGHUmR GHQWUR GR SUD]R DFLPD LQGLFDGR DSUHVHQWDU
SRU HVFULWR FUtWLFDV REVHUYDo}HV UHFODPDo}HV RX VXJHVW}HV GLULJLGDV
DR 3UHVLGHQWH GD &kPDUD 0XQLFLSDO GH 6DQWLDJR GR &DFpP SRU FRUUHLR
ID[
RX SDUD R H PDLO JHUDO#FP VDQWLDJR FDFHP SW D
ILP GH DV PHVPDV VHMDP DQDOLVDGDV SHOR yUJmR H[HFXWLYR DQWHV GD VXD
DSURYDomR ILQDO
GH IHYHUHLUR GH
² 2 3UHVLGHQWH GD &kPDUD 9tWRU 3URHQoD
'LiULR GD 5HS~EOLFD
$ SUHVHQWH QRPHDomR SURGX] HIHLWRV D GH MDQHLUR GH
DR DEULJR
GR GLVSRVWR QR Q ž GR DUWLJR
ž GD UHIHULGD /HL Q ž
DOWHUDGD
SHOD /HL Q ž
GH
SHOD /HL Q ž
$
GH GH GH]HPEUR
H SHOD /HL Q ž %
GH
GH DEULO DSOLFiYHO j DGPLQLVWUDomR ORFDO
SRU IRUoD GR 'HFUHWR /HL Q ž
GH
GH DEULO QD UHGDomR GDGD
SHOR 'HFUHWR /HL Q ž
GH
1RWD FXUULFXODU
&XUUtFXOR DFDGpPLFR
/LFHQFLDWXUD HP (QJHQKDULD &LYLO SHOR ,QVWLWXWR 6XSHULRU 7pFQLFR
GH /LVERD
&RPSHWrQFLDV 7pFQLFR 3UiWLFDV DGTXLULGDV QR kPELWR GD IUHTXrQFLD
GH Do}HV GH IRUPDomR SURILVVLRQDO H GH DSHUIHLoRDPHQWR
&XUUtFXOR SURILVVLRQDO
(P
GH MXQKR GH
IRL QRPHDGR SURYLVRULDPHQWH FRPR HVWD
JLiULR QD FDUUHLUD GH 7pFQLFR 6XSHULRU (QJHQKDULD &LYLO QD &kPDUD
0XQLFLSDO GH $OEXIHLUD
(P GH DJRVWR GH
IRL QRPHDGR GHILQLWLYDPHQWH QD FDWHJRULD
GH 7pFQLFR 6XSHULRU GH • &ODVVH QD &kPDUD 0XQLFLSDO GH $OEXIHLUD
(P
GH IHYHUHLUR GH
IRL QRPHDGR QD FDWHJRULD GH 7pFQLFR
6XSHULRU GH • &ODVVH QD &kPDUD 0XQLFLSDO GH $OEXIHLUD
(P
GH VHWHPEUR GH
IRL WUDQVIHULGR GD &kPDUD 0XQLFLSDO
GH $OEXIHLUD SDUD D &kPDUD 0XQLFLSDO GH 3RUWLPmR SDUD D 'LYLVmR GH
)LVFDOL]DomR GH 2EUDV 3~EOLFDV
(P GH PDLR GH
IRL QRPHDGR QD FDWHJRULD GH 7pFQLFR 6XSHULRU
3ULQFLSDO QD &kPDUD 0XQLFLSDO GH 3RUWLPmR
3RU IRUoD GD DSOLFDomR GD /HL Q ž
$
GH
GH IHYHUHLUR H
/HL Q ž
GH
GH VHWHPEUR FRQMXJDGDV FRP R 'HFUHWR /HL
Qž
GH
GH MXOKR H R 'HFUHWR 5HJXODPHQWDU Q ž
GH
GH MXOKR SDVVRX D FRQWUDWR HP 5HJLPH GH )XQo}HV 3~EOLFDV SRU
7HPSR ,QGHWHUPLQDGR HP
QD FDUUHLUD H FDWHJRULD GH 7pFQLFR
6XSHULRU (QJHQKDULD &LYLO WHQGR VLGR SRVLFLRQDGR HQWUH D SRVLomR UH
PXQHUDWyULD H H HQWUH R QtYHO UHPXQHUDWyULR H GD 7DEHOD ~QLFD
UHPXQHUDWyULD QRV WHUPRV GR Q ž GR DUWLJR
ž GD /HL Q ž
$
GH
GH IHYHUHLUR FRQMXJDGD FRP D 3RUWDULD Q ž
&
GH
GH GH]HPEUR
(P GH MDQHLUR GH
IRL QRPHDGR &KHIH 'LYLVmR GH )LVFDOL]DomR
GH 2EUDV 3~EOLFDV HP UHJLPH GH VXEVWLWXLomR QD &kPDUD 0XQLFLSDO
GH 3RUWLPmR
• VpULH ² 1 ž
²
GH PDUoR GH
(PSUHVD 0XQLFLSDO GH ÈJXDV H 5HVtGXRV GH 3RUWLPmR SHORV PRWLYRV H
QDV GDWDV TXH D VHJXLU VH LQGLFDP
'HVOLJDGRV GR VHUYLoR SRU PRWLYR GH DSRVHQWDomR
0DUWLQKD $IRQVR *UDoD $VVLVWHQWH 2SHUDFLRQDO ² HP
0DQXHO &DUORV 0DUWLQV $VVLVWHQWH 2SHUDFLRQDO &RQGXWRU GH PiTXL
QDV SHVDGDV ² HP
0DULD -RVp -RUJH 6LOYD 0DULJXHVD &RRUGHQDGRUD 7pFQLFR 7HVRXUHLUR
(VSHFLDOLVWD ² HP
$QD 0DULD *XHUUHLUR 1HJUmR 0DWHXV 6DQWDQD &RRUGHQDGRUD 7pF
QLFD ² HP
,VLGRUR -RmR 7UDYDQFD =XQD $VVLVWHQWH 2SHUDFLRQDO ² HP
'LQD &DUDSXoD 6LOYD 1RUD 5HLV $VVLVWHQWH 2SHUDFLRQDO ² HP
$FiFLR 0DQXHO $VVXQomR 5HLV $VVLVWHQWH 2SHUDFLRQDO ² HP
,VDEHO 0DULD 6pULR )HUQDQGHV %LFKHLUR &RRUGHQDGRUD 7pFQLFD &KHIH
GH VHFomR ² HP
)UDQFLVFR &RUUHLD &DEULWD $VVLVWHQWH 2SHUDFLRQDO ² HP
)UDQFLVFD $VVXQomR /DSD $OH[DQGUH &RUUHLD &RRUGHQDGRUD 7pFQLFD
&KHIH GH 6HWRU ² HP
*LO -RmR $VVLVWHQWH 2SHUDFLRQDO ² HP
3RU IDOHFLPHQWR
&DUORV 0DQXHO *RQoDOYHV 0DUWLQV 2SHUDGRU GH (VWDomR (OHYDWy
ULD ² HP
GH GH]HPEUR GH
² 2 9HUHDGRU GR 3HORXUR GRV 5HFXUVRV
+XPDQRV 'U -RUJH &DPSRV
$YLVR Q ž
(P FXPSULPHQWR GR HVWDEHOHFLGR QD DOtQHD G GR Q ž GR DUWLJR
ž
GD /HL Q ž
$
GH GH IHYHUHLUR ID] VH S~EOLFR TXH HP UHXQLmR
&DPDUiULD GH
IRL GHOLEHUDGR DSOLFDU D SHQD GH 'HPLVVmR
QD VHTXrQFLD GH SURFHVVR GLVFLSOLQDU D &HOHVWLQR *OyULD GR 1DVFLPHQWR
GD FDUUHLUD GH )LVFDO GH 2EUDV 2 DWR SXQLWLYR SURGX] HIHLWRV D SDUWLU
GH
GH GH]HPEUR GH
² 2 9HUHDGRU GR 3HORXUR GRV 5HFXUVRV
+XPDQRV 'U -RUJH &DPSRV
GH GH]HPEUR GH
² 2 9HUHDGRU GR 3HORXUR GRV 5HFXUVRV
+XPDQRV 'U -RUJH &DPSRV
081,&Ì3,2 '( 32572 '( 0Ð6
$YLVR Q ž
(P FXPSULPHQWR GR HVWDEHOHFLGR QD DOtQHD G GR Q ž GR DUWLJR ž
GD /HL Q ž
$
GH GH IHYHUHLUR ID] VH S~EOLFR TXH FHVVDUDP DV
UHODo}HV MXUtGLFDV GH HPSUHJR S~EOLFR SRU WHPSR LQGHWHUPLQDGR GRV VH
JXLQWHV WUDEDOKDGRUHV SHORV PRWLYRV H QDV GDWDV TXH D VHJXLU VH LQGLFDP
'HVOLJDGRV GR VHUYLoR SRU PRWLYR GH DSRVHQWDomR
-RVp *XHUUHLUR &DWDULQR $VVLVWHQWH 2SHUDFLRQDO ² HP
+HOLRGRUR 0LJXHO 6RXVD 9HLJD 7pFQLFR 6XSHULRU ² HP
9tWRU 0DQXHO 5HLV 6DOYDGRU )LVFDO GH 2EUDV ² HP
3RU FHVVDomR GH IXQo}HV
$QD 6RILD &RQFHLomR 1XQHV 'XDUWH -RUJH $VVLVWHQWH 2SHUDFLRQDO ² HP
0DULD )iWLPD *OyULD %UD] $VVLVWHQWH 2SHUDFLRQDO ² HP
3RU IDOHFLPHQWR
$QWyQLR -RVp 6HTXHLUD 9LWRULQR $VVLVWHQWH 2SHUDFLRQDO ² HP
$YLVR Q ž
&HOHEUDomR GH FRQWUDWRV GH WUDEDOKR HP IXQo}HV S~EOLFDV
SRU WHPSR LQGHWHUPLQDGR
(P FRQIRUPLGDGH FRP R GLVSRVWR QR Q ž GR DUWLJR ž DUWLJR ž H
QR Q ž DOtQHD D GR DUWLJR ž GD /HL Q ž
$
GH GH IHYHUHLUR
WRUQD VH S~EOLFR TXH QD VHTXrQFLD GR SURFHGLPHQWR FRQFXUVDO FRPXP
GH UHFUXWDPHQWR SDUD RFXSDomR GH WUrV SRVWRV GH WUDEDOKR SDUD D FDUUHLUD
H FDWHJRULD GH $VVLVWHQWH 2SHUDFLRQDO DEHUWR SRU DYLVR SXEOLFDGR QR
'LiULR GD 5HS~EOLFD • VpULH Q ž GH
GH DEULO GH
D &kPDUD
0XQLFLSDO GH 3RUWR GH 0yV FHOHEURX FRQWUDWR SRU WHPSR LQGHWHUPL
QDGR FRP 0DULQD 6LP}HV /~FLR +HQULTXHV FRP LQtFLR D
/LOLDQD 6RILD 6mR -RVp 7iEXDV /HLULmR FRP LQLFLR D
H 3DWUtFLD
$OH[DQGUD 9DOD &DUUHLUD FRP LQLFLR D
FRP D FDWHJRULD GH
$VVLVWHQWH 2SHUDFLRQDO ILFDQGR SRVLFLRQDGDV QD • SRVLomR UHPXQH
UDWyULD QtYHO UHPXQHUDWyULR GD WDEHOD ~QLFD D TXH FRUUHVSRQGH R
PRQWDQWH GH
¼
GH PDUoR GH
² 2 3UHVLGHQWH GD &kPDUD -RmR 6DOJXHLUR
&DUORV 0DQXHO *RQoDOYHV 0DUWLQV $VVLVWHQWH 2SHUDFLRQDO ² HP
GH GH]HPEUR GH
² 2 9HUHDGRU GR 3HORXUR GRV 5HFXUVRV
+XPDQRV 'U -RUJH &DPSRV
$YLVR Q ž
(P FXPSULPHQWR GR HVWDEHOHFLGR QD DOtQHD G GR Q ž GR DUWLJR ž
GD /HL Q ž
$
GH
GH IHYHUHLUR ID] VH S~EOLFR TXH FHVVDUDP
DV UHODo}HV MXUtGLFDV GH HPSUHJR S~EOLFR SRU WHPSR LQGHWHUPLQDGR RV
VHJXLQWHV WUDEDOKDGRUHV YLQFXODGRV j &kPDUD 0XQLFLSDO GH 3RUWLPmR
PDV TXH VH HQFRQWUDYDP HP UHJLPH GH FHGrQFLD GH LQWHUHVVH S~EOLFR QD
$YLVR Q ž
(ODERUDomR GRV SODQRV GH SRUPHQRU GRV Q~FOHRV
GH &DEHoD 9HDGD &RGDoDO 3p GD 3HGUHLUD
H 3RUWHOD GDV 6DOJXHLUDV GR FRQFHOKR GH 3RUWR GH 0yV
3DUD RV GHYLGRV HIHLWRV WRUQD VH S~EOLFR TXH QDV UHXQL}HV RUGLQiULDV
UHDOL]DGDV HP GH QRYHPEUR GH
H GH PDUoR GH
D &kPDUD
0XQLFLSDO GHOLEHURX QRV WHUPRV GR GLVSRVWR QR DUWLJR
ž FRQMXJDGR
FRP R Q ž GR DUWLJR
ž D DOtQHD E GR Q ž GR DUWLJR
ž H Q ž GR
DUWLJR
ž GR 'HFUHWR /HL Q ž
GH
GH VHWHPEUR FRP D QRYD
UHGDomR GDGD SHOR 'HFUHWR /HL Q ž
GH GH IHYHUHLUR SURFHGHU
'LiULR GD 5HS~EOLFD
• VpULH ² 1 ž
²
GH PDUoR GH
j HODERUDomR GRV 3ODQRV GH 3RUPHQRU 3ODQRV GH ,QWHUYHQomR HP (VSDoR
5XUDO GRV 1~FOHRV GH &DEHoD 9HDGD &RGDoDO 3p GD 3HGUHLUD H 3RUWHOD
GDV 6DOJXHLUDV H DSURYDU RV 7HUPRV GH 5HIHUrQFLD TXH IXQGDPHQWDP D
VXD RSRUWXQLGDGH H GHWHUPLQDP RV UHVSHWLYRV REMHWLYRV
0DLV IRL GHOLEHUDGR VXEPHWHU D HODERUDomR GRV UHIHULGRV 3ODQRV D $YD
OLDomR $PELHQWDO (VWUDWpJLFD GH DFRUGR FRP R 'HFUHWR /HL Q ž
GH
GH MXQKR
$VVLP DR DEULJR GR GLVSRVWR QDV GLVSRVLo}HV OHJDLV VXSUD UHIHULGDV
IRL GHWHUPLQDGR XP SHUtRGR GH 3DUWLFLSDomR 3~EOLFD 3UHYHQWLYD GH
GLDV D FRQWDU GD GDWD GD SXEOLFDomR GR SUHVHQWH $YLVR QR 'LiULR GD
5HS~EOLFD SHUtRGR GXUDQWH R TXDO RV LQWHUHVVDGRV SRGHUmR SURFHGHU
j IRUPXODomR GH VXJHVW}HV SRU HVFULWR EHP FRPR D DSUHVHQWDomR GH
TXDLVTXHU TXHVW}HV TXH SRVVDP VHU FRQVLGHUDGDV QR kPELWR GR UHVSHWLYR
SURFHGLPHQWR GH HODERUDomR
$V FRPXQLFDo}HV HIHWXDGDV SDUD HIHLWRV GR SDUiJUDIR DQWHULRU GHYHUmR
VHU GLULJLGDV DR ([PR 6HQKRU 3UHVLGHQWH GD &kPDUD HP GRFXPHQWR GH
YLGDPHQWH LGHQWLILFDGR H HQYLDGDV SRU FRUUHLR HOHWUyQLFR VLJ#PXQLFLSLR
SRUWRGHPRV SW SRU ID[
RX DLQGD HQWUHJXHV QR *DELQHWH GH
$SRLR DR 0XQtFLSH QR (GLItFLR GRV 3DoRV GR &RQFHOKR
'XUDQWH R SHUtRGR GH 3DUWLFLSDomR 3~EOLFD 3UHYHQWLYD RV LQWHUHVVDGRV
SRGHUmR FRQVXOWDU D GRFXPHQWDomR UHIHUHQWH DRV 7HUPRV GH 5HIHUrQFLD
DSURYDGRV SHOD &kPDUD 0XQLFLSDO QR *DELQHWH GH $SRLR DR 0XQtFLSH
RX HP ZZZ PXQLFLSLR SRUWRGHPRV SW
( SDUD FRQVWDU VH SXEOLFD R SUHVHQWH DYLVR H RXWURV GH LJXDO WHRU TXH
YmR VHU DIL[DGRV QRV OXJDUHV S~EOLFRV GR FRVWXPH
GH PDUoR GH
6DOJXHLUR
² 2 3UHVLGHQWH GD &kPDUD 0XQLFLSDO -RmR
eGLWR Q ž
7RUQD VH S~EOLFR TXH 0DULD 2IpOLD 1HWR SUHWHQGH KDELOLWDU VH FRPR
KHUGHLUD GH VXD ILOKD 5RVD 0DULD 1HWR (OHXWpULR 6LOYD WUDEDOKDGRUD
GHVWD &kPDUD 0XQLFLSDO IDOHFLGD D
GH IHYHUHLUR GH
D ILP GH
SRGHU OHYDQWDU GHVWH 0XQLFtSLR D LPSRUWkQFLD LOtTXLGD GH
HXURV
UHVSHLWDQWH DR VXEVtGLR SRU PRUWH EHP FRPR D RXWURV DERQRV GHYLGRV
QRV WHUPRV GR DUWLJR ž GR 'HF /HL Q ž
GH
GH VHWHPEUR
DOWHUDGR SHOR DUWLJR
ž GD /HL Q ž
%
GH
4XHP WLYHU TXH RSRU RX YLU D KDELOLWDU VH DR UHIHULGR OHYDQWDPHQWR
GHYH GHGX]LU R VHX GLUHLWR QR SUD]R GH
GLDV D FRQWDU GD SXEOLFDomR
GR SUHVHQWH pGLWR QR 'LiULR GD 5HS~EOLFD
GH PDUoR GH
² 2 3UHVLGHQWH GD &kPDUD -RmR 6DOJXHLUR
081,&Ì3,2 '( 5(*8(1*26 '( 0216$5$=
$YLVR Q ž
/LVWD XQLWiULD GH RUGHQDomR ILQDO GR SURFHGLPHQWR FRQFXUVDO FR
PXP GH UHFUXWDPHQWR SDUD SUHHQFKLPHQWR GH XP SRVWR GH
WUDEDOKR SRU FRQWUDWR GH WUDEDOKR HP IXQo}HV S~EOLFDV SRU WHPSR
LQGHWHUPLQDGR GH XP WpFQLFR VXSHULRU DQLPDomR VRFLRFXOWXUDO
GD FDUUHLUD H FDWHJRULD GH WpFQLFR VXSHULRU
3DUD RV GHYLGRV HIHLWRV DSyV KRPRORJDomR GD OLVWD GH RUGHQDomR ILQDO
H GDV GHPDLV GHOLEHUDo}HV GR M~UL SHOR PHX GHVSDFKR GDWDGR GH
GH
PDUoR GH
WRUQD VH S~EOLFD D OLVWD XQLWiULD GH RUGHQDomR ILQDO GR
SURFHGLPHQWR FRQFXUVDO FRPXP GH UHFUXWDPHQWR SDUD SUHHQFKLPHQWR GH
XP SRVWR GH WUDEDOKR SRU FRQWUDWR GH WUDEDOKR HP IXQo}HV S~EOLFDV
SRU WHPSR LQGHWHUPLQDGR GH XP 7pFQLFR 6XSHULRU $QLPDomR 6RFLRFXO
WXUDO GD FDUUHLUD H FDWHJRULD GH 7pFQLFR 6XSHULRU FRQIRUPH FDUDFWHUL]D
omR QR PDSD GH SHVVRDO DEHUWR PHGLDQWH GHOLEHUDomR GH &kPDUD GH GH
QRYHPEUR GH
H SXEOLFLWDGR SHOR $YLVR Q ž
SXEOLFDGR
QR 'LiULR GD 5HS~EOLFD • VpULH Q ž
GH
GH PDLR
&DQGLGDWRV $SURYDGRV
ž 1HXVD ,VDEHO GD /X] 0HGLQDV ²
9DORUHV
ž 7kQLD $OH[DQGUD &DQGHLDV 0LOKDQR ²
9DORUHV
&DQGLGDWRV ([FOXtGRV
$QD 0LJXHO 'XDUWH 9LHJDV D
$QD 5DTXHO 9LHLUD 6DQWRV D
$QGUHLD ,VDEHO 5p]LR %RQLWR D
&iWLD 5DTXHO GD 6LOYD $OYHV E
&pOLD 0DULD &DUYDOKR &ULVWR E
(OLVD 0DQXHOD GRV 6DQWRV $OPHLGD D
(OVD 0DULVD 6RDUHV 3HUHLUD GH $PRULP D
)iELR $OH[DQGUH 6REUDO 3HL[HLUR D
+HOHQD 6RILD )UHLUD (VWHYHV D
0yQLFD ,VDEHO )HOLFLDQR 'RPLQJRV D
1tGLD 0DULD 0RUJDGR &DQKRWR E
5LFDUGR 5RGULJXHV 1HYHV E
5XL -RUJH (XVWiTXLR *RPHV D
6yQLD ,VDEHO 5X[D )UDGH E
6X]DQD 3HUHV GRV 6DQWRV E
D )DOWRX j 3URYD (VFULWD GH &RQKHFLPHQWRV
E 1RWD LQIHULRU D
YDORUHV QD 3URYD (VFULWD GH &RQKHFLPHQWRV
GH PDUoR GH
² 2 3UHVLGHQWH GD &kPDUD 0XQLFLSDO -RVp
*DEULHO 3DL[mR &DOL[WR
$YLVR Q ž
-RVp *DEULHO 3DL[mR &DOL[WR 3UHVLGHQWH GD &kPDUD 0XQLFLSDO GH
5HJXHQJRV GH 0RQVDUD] WRUQD S~EOLFR TXH QRV WHUPRV H SDUD RV HIHLWRV
GR DUWLJR
ž GR &yGLJR GR 3URFHGLPHQWR $GPLQLVWUDWLYR DSURYDGR
SHOR 'HFUHWR /HL Q ž
GH GH QRYHPEUR QD UHGDomR GR 'HFUHWR
/HL Q ž
GH
GH MDQHLUR H
GH
GH MDQHLUR GXUDQWH R
SUD]R GH GLDV ~WHLV D FRQWDU GD GDWD GD SXEOLFDomR GR SUHVHQWH DYLVR
QR 'LiULR GD 5HS~EOLFD p VXEPHWLGR D DSUHFLDomR S~EOLFD R 3URMHWR
GH 5HJXODPHQWR GH 3URSDJDQGD 3ROtWLFD H (OHLWRUDO GR 0XQLFtSLR GH
5HJXHQJRV GH 0RQVDUD] DSURYDGR HP UHXQLmR RUGLQiULD GD &kPDUD
0XQLFLSDO UHDOL]DGD HP
GH PDUoR GH
'XUDQWH HVWH SHUtRGR SRGHUmR RV LQWHUHVVDGRV FRQVXOWDU R 3URMHWR
GH 5HJXODPHQWR GH 3URSDJDQGD 3ROtWLFD H (OHLWRUDO GR 0XQLFtSLR GH
5HJXHQJRV GH 0RQVDUD] QD 8QLGDGH 2UJkQLFD -XUtGLFD H GH $XGLWRULD
GR 0XQLFtSLR GH 5HJXHQJRV GH 0RQVDUD] VLWD j 3UDoD GD /LEHUGDGH GD
FLGDGH GH 5HJXHQJRV GH 0RQVDUD] SDUD TXHUHQGR IRUPXODU SRU HVFULWR
DV VXJHVW}HV TXH HQWHQGDP DV TXDLV GHYHUmR VHU GLULJLGDV DR 3UHVLGHQWH
GD &kPDUD 0XQLFLSDO GH 5HJXHQJRV GH 0RQVDUD]
GH PDUoR GH
² 2 3UHVLGHQWH GD &kPDUD 0XQLFLSDO -RVp
*DEULHO 3DL[mR &DOL[WR
3URMHWR GH 5HJXODPHQWR GH 3URSDJDQGD 3ROtWLFD H (OHLWRUDO
GR 0XQLFtSLR GH 5HJXHQJRV GH 0RQVDUD]
3UHkPEXOR
2 GHVHQYROYLPHQWR GDV DWLYLGDGHV GH SURSDJDQGD SROLWLFD H HOHLWRUDO D
TXH VH YHP DVVLVWLQGR QRV ~OWLPRV DQRV WHP VH WUDGX]LGR QR VXUJLPHQWR
GH PHLRV H VXSRUWHV TXH QmR SRXFDV YH]HV FRORFDP HP FDXVD D FLUFXOD
omR SHGRQDO H URGRYLiULD RXWURVVLP D EHOH]D D HVWpWLFD RX R DPELHQWH
GRV OXJDUHV RX GDV SDLVDJHQV GR &RQFHOKR GH 5HJXHQJRV GH 0RQVDUD]
DRV TXDLV XUJH GDU R GHYLGR HQTXDGUDPHQWR UHJXODPHQWDU
1HVWH VHQWLGR R SUHVHQWH 5HJXODPHQWR SUHWHQGH GRWDU R 0XQLFtSLR
GH 5HJXHQJRV GH 0RQVDUD] GH XP LQVWUXPHQWR TXH FRQWUROH D LPSOH
PHQWDomR GH WRGD D SURSDJDQGD OHYDGD D FDER QHVWH &RQFHOKR HYLGHQ
FLDQGR DV UHVSRQVDELOLGDGHV GH FDGD XP GRV LQWHUYHQLHQWHV FRP HVSHFLDO
GHVWDTXH SDUD D SUySULD $XWDUTXLD H TXH SUHYHMD RV PHFDQLVPRV TXH
GLVFLSOLQHP H JDUDQWDP R FXPSULPHQWR GDV GLVSRVLo}HV OHJDLV HP YLJRU
VREUH HVWD PDWpULD
$VVLP QR XVR GD FRPSHWrQFLD SUHYLVWD QRV DUWLJRV
ž Qž H
ž GD &RQVWLWXLomR GD 5HS~EOLFD 3RUWXJXHVD H FRQIHULGD SHOD DOtQHD D GR
Q ž GR DUWLJR ž H GD DOtQHD D GR Q ž GR DUWLJR ž GD /HL Q ž
GH
GH 6HWHPEUR FRP D UHGDomR GDGD SHOD /HL Q ž $
GH
GH MDQHLUR H SHOR DUWLJR ž GD /HL Q ž
GH GH DJRVWR DOWHUDGD
SHOD /HL Q ž
GH
GH DJRVWR H SHOR 'HFUHWR /HL Q ž
GH GH DEULO H FRP R REMHWLYR GH VHU DSURYDGR SHOD &kPDUD 0XQLFLSDO
H VXEPHWLGR D GLVFXVVmR S~EOLFD QRV WHUPRV GR GLVSRVWR QRV DUWLJRV
žH
ž GR &yGLJR GR 3URFHGLPHQWR $GPLQLVWUDWLYR DSURYDGR
SHOR 'HFUHWR /HL Q ž
GH GH QRYHPEUR p HODERUDGR R VHJXLQWH
&$3Ë78/2 ,
'LVSRVLo}HV JHUDLV
$UWLJR
ž
/HL KDELOLWDQWH
2 SUHVHQWH 5HJXODPHQWR p HODERUDGR DR DEULJR GR GLVSRVWR QR Q ž
GR DUWLJR
ž H GR DUWLJR
ž GD &RQVWLWXLomR GD 5HS~EOLFD 3RUWX
JXHVD GH DFRUGR FRP D /HL Q ž
GH
GH MDQHLUR TXH DSURYRX
D /HL GDV )LQDQoDV /RFDLV DOWHUDGD SHOD 'HFODUDomR GH 5HWLILFDomR
Qž
GH
GH IHYHUHLUR H SHODV /HLV Q RV $
GH
GH
MXQKR
$
GH
GH GH]HPEUR H %
GH
GH DEULO FRP
A N E X O
C
A R A C T E R I Z A Ç Ã O
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
B
I I
I O L Ó G I C A
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
METODOLOGIA DE VALORAÇÃO
Julho 2013
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
EQUIPA TÉCNICA
ESPECIALIDADE
TÉCNICO
Supervisão do Estudo
VISA
Mário Bastos
Coordenação do Estudo
VISA
Ana Amaral
BIOTA
Patrícia Rodrigues
Sónia Malveiro
Ana Margarida Augusto
Sara Nisa de Oliveira
Daniel Pires
Flora e vegetação
Marco Jacinto
Fauna e biótopos
Mário Carmo
Ana Paula Rosa
Helder Cardoso
Sérgio Barbosa (Espeleólogo)
Luís Filipe Sobral (Espeleólogo)
António Galvão (Espeleólogo)
Anexo_A_metValorac
ao
ÍNDICE
iii
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
Página intencionalmente deixada em branco
iv
ÍNDICE
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
ÍNDICE GERAL
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................................ 7
2. ÁREA EM ESTUDO .............................................................................................................................. 8
3. VALORAÇÃO DA FLORA E VEGETAÇÃO ........................................................................................... 9
3.1. HABITATS .......................................................................................................................................... 9
3.1.1.
Cartografia e trabalho de campo ................................................................................... 9
3.1.2.
Metodologia de valoração dos habitats ....................................................................... 10
3.1.2.1. Diretiva Habitats .......................................................................................................... 11
3.1.2.2. Grau de Raridade ........................................................................................................ 11
3.1.2.3. Grau de Naturalidade .................................................................................................. 12
3.1.2.4. Grau de Ameaça ......................................................................................................... 12
3.1.2.5. Singularidades ............................................................................................................ 13
3.1.2.6. Determinação do valor das unidades de vegetação ................................................... 14
3.2. FLORA PROTEGIDA .......................................................................................................................... 17
3.2.1.
Cartografia e Trabalho de campo................................................................................ 17
3.2.2.
Metodologia de Valoração........................................................................................... 21
3.2.2.1. Estatuto de Conservação ............................................................................................ 21
3.2.2.2. Estatuto Biogeográfico ................................................................................................ 22
3.2.2.3. Valoração florística de áreas....................................................................................... 24
3.3. APLICAÇÃO DO VALOR FLORÍSTICO ÀS UNIDADES DE VEGETAÇÃO ..................................................... 26
4. VALORAÇÃO DA FAUNA TERRESTRE............................................................................................. 28
4.1. DEFINIÇÃO DOS BIÓTOPOS............................................................................................................... 28
4.2. METODOLOGIA DE VALORAÇÃO DAS ESPÉCIES ASSOCIADAS AOS BIÓTOPOS ...................................... 29
4.2.1.1. Descrição dos Parâmetros utilizados na valoração das espécies............................... 30
4.2.1.1.1
Estatuto de conservação (EC) ............................................................................... 30
4.2.1.1.2
Estatuto biogeográfico (EBg) ................................................................................. 32
4.2.1.1.3
Estatuto biológico (EB) .......................................................................................... 32
4.2.1.1.4
Estatuto regional (ER) ........................................................................................... 34
4.2.1.1.5
Ponderação de cada estatuto no cálculo do valor ecológico específico (VEE) ..... 34
4.3. METODOLOGIA DE VALORAÇÃO FAUNÍSTICA DOS BIÓTOPOS .............................................................. 45
5. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................... 47
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Limite da AIE de Cabeça Veada, do buffer de 100m e da área de estudo considerada. ....................... 8
Figura 2 - Carta de Valoração das Unidades de Vegetação ............................................................................ 16
Figura 3 – Localização dos núcleos populacionais de Arabis sadina, Narcissus calcicola, Saxifraga cintrana,
Silene longicilia, espécies importantes para conservação com distribuição pontual na área de
estudo. .................................................................................................................................... 20
Figura 4 – Valoração florística da área de estudo com quatro classes de relevância ......................................... 25
Figura 5 - Carta de Valores Florísticos e de Vegetação .................................................................................. 27
Figura 6 - Carta de valoração faunística dos biótopos .................................................................................... 46
Anexo_A_metValorac
ao
ÍNDICE
v
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 – Esquema exemplificativo de valoração das unidades de vegetação................................................. 11
Quadro 2 – Valor de Conservação dos Habitats de acordo com a localização espacial e existência pressão
antrópica. ................................................................................................................................ 14
Quadro 3 – Classes de VC. ........................................................................................................................... 15
Quadro 4 – Lista de espécies florísticas usadas na análise e respetivo valor de VEE. ........................................ 18
Quadro 5 – Esquema exemplificativo de valoração das espécies. .................................................................... 21
Quadro 6 – Tipologia de espécies raras baseado em três características: distribuição geográfica, habitat e
tamanho da população. ............................................................................................................ 24
Quadro 7 – Classes de VEE e respetivos intervalos considerados.................................................................... 24
Quadro 8 – Exemplos de cruzamento do Valor Florístico com o Valor das Unidades de Vegetação (adaptado
de ICN, 2005). ......................................................................................................................... 26
Quadro 9 – Descrição das tipologias de biótopos adotadas no presente estudo e dos habitats
correspondentes ...................................................................................................................... 28
Quadro 10 – Ponderações definidas para cada um dos grupos considerados (ICN, 2000). ................................ 35
Quadro 11 - Valor Ecológico Específico obtido para cada espécie relativamente a cada um dos biótopos
existentes na área em estúdo; ................................................................................................... 36
Quadro 12 – Número de espécies associadas e valor faunístico obtido para cada um dos biótopos
considerados, excetuando a Área artificializada .......................................................................... 45
DESENHOS
Desenho 1 – Carta de Habitats
Desenho 2 – Carta de Biótopos
ANEXOS
Anexo I – Email relativo à Listagem de Flora a utilizar na metodologia de Valoração
Anexo II – Email relativo à Listagem de Fauna de interesse regional a utilizar na metodologia de
Valoração
Anexo III – Listagem de Fauna de interesse regional a utilizar na metodologia de Valoração
vi
ÍNDICE
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
No âmbito do presente plano foi efetuada uma valoração ecológica do património natural presentes
na Área de Intervenção Específica de Cabeça Veada, e a sua envolvente, com o fim de obter um
zonamento espacial desses valores.
Nesse sentido foram aplicadas as metodologias de valoração de fauna, flora, habitats e biótopos
desenvolvidas pelo ICNF11 no âmbito de Planos de Ordenamento. No entanto, efetuaram-se
adaptações a estas metodologias no sentido de as adequar às características e escala espacial da
área em estudo. O processo de valoração é efetuado em separado para as componentes
habitats/flora e biótopos/fauna obtendo-se dois zonamentos de valoração distintos.
Em seguida, é apresentado um enquadramento espacial, uma descrição pormenorizada das
metodologias empregues, apresentados os resultados das valorações e os zonamentos dos valores
naturais na área de estudo.
1
ICN 2005
Anexo_A_metValoracao
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
7
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
2. ÁREA EM ESTUDO
A área para a qual se desenvolveu o estudo de valoração está delimitada na Figura 1, na qual estão
também delimitados, a AIE e um buffer de 100m considerado no exercício de valoração.
Figura 1– Limite da AIE de Cabeça Veada, do buffer de 100m e da área de estudo considerada.
8
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
3. VALORAÇÃO DA FLORA E VEGETAÇÃO
A valoração da flora e vegetação foi efetuada de acordo com a metodologia para valoração do
Instituto da Conservação da Natureza1, atual Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas,
na qual se incorporaram algumas alterações, devidamente explicitadas. A metodologia tem por
objetivo a obtenção de uma Carta de Valores Florísticos e de Vegetação
Esta metodologia baseia-se nas seguintes fases:
1. Definição e cartografia de unidades de vegetação, para elaboração da Carta de
Vegetação;
2. Valoração dos habitats;
3. Valoração da flora;
4. Aplicação do Valor Florístico às unidades de vegetação.
3.1. HABITATS
3.1.1. Cartografia e trabalho de campo
As manchas de vegetação e uso do solo foram inicialmente individualizadas e diferenciadas em
ortofotomapas2. Os polígonos correspondentes às manchas individualizadas foram elaborados com
recurso ao programa ArcGIS versão 10.0. A escala de trabalho foi maioritariamente de 1:500, tendo,
em casos concretos sido menor, nomeadamente em situações de unidades de vegetação com áreas
pequenas mas facilmente individualizáveis utilizada uma escala de 1:100. O Sistema de
Coordenadas utilizado é Hayford-Gauss, Datum 73 (ponto central), sendo este o Sistema de
Coordenadas utilizado em todo o trabalho de cartografia na totalidade das componentes abordadas.
A cartografia preliminar resultante foi posteriormente confirmada e retificada no campo. Quando
necessário, os limites dos polígonos delimitados foram ajustados e, nos casos em que se
diferenciaram variações de percentagem de cobertura dos habitats presentes dentro de um polígono,
foram efetuadas as necessárias subdivisões desse polígono inicial. Neste trabalho foram usadas as
cartas preliminares impressas em formato A1.
Simultaneamente, foram recolhidos os dados florísticos, realizando-se levantamentos florísticos em
todos os habitats, o que permitiu o reconhecimento dos habitats presentes (Decreto-Lei nº 140/99,
de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei nº 49/2005, de 24 de Fevereiro) e o apuramento das suas
percentagens de cobertura.
Para todos os polígonos foram identificados os habitats presentes e, determinadas as percentagens
médias de cobertura de cada um dos habitats do polígono exceto para os habitats cuja
individualização cartográfica não tenha sido possível, dado ocuparem áreas diminutas, mesmo para
a escala de trabalho considerada.
1
ICN, 2005
2 Ortofotomapas a cores fornecido pela Assimagra. A Cobertura aerofotográfica foi realizada em Agosto 2011.
O Ortofotomapa foi apresentado à escala 1:5000 e com a resolução de 12 cm
Anexo_A_metValoracao
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
9
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
A área cartografada corresponde à área de estudo já apresentada na Figura 1.
As saídas de campo foram realizadas nos meses de Novembro de 2011, Fevereiro, Março, Maio e
Junho de 2012.
Desta fase, dos trabalhos de cartografia resultou uma shapefile à qual se associa a base de dados
do Sistema de Informação Geográfica (SIG) onde constam:
·
Designação dos usos do solo presentes, com a indicação da percentagem média de
cobertura de cada uso no polígono;
·
Identificação dos habitats naturais presentes (individualizados ou em mosaico), indicando-se
o código do habitat e seu subtipo caso exista, com a indicação da percentagem média de
cobertura de cada habitat no polígono.
Os habitats naturais identificados na área em estudo foram os seguintes:
·
Carrascais (5330pt5);
·
Matos baixos calcícolas (5330pt7);
·
Prados rupícolas (6110*);
·
Prados secos (6210);
·
Sub-estepes de gramíneas (6220*pt1);
·
Vertentes calcárias (8210);
·
Lajes Calcárias (8240*);
·
Carvalhal (9240);
·
Sobreiral (9330).
·
Azinhal (9340)
A Carta de Habitats com representação dos habitats naturais onde a legenda inclui os códigos até ao
subtipo, quando existente, é apresentada no Desenho 1.
3.1.2. Metodologia de valoração dos habitats
A valoração dos habitats foi baseada na metodologia indicada pelo ICNF1, relativa à valoração da
vegetação. O valor intrínseco da comunidade e a sua necessidade de conservação são calculados
com base em diversos parâmetros de avaliação (0).
1
ICN, 2005
10
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
Quadro 1 – Esquema exemplificativo de valoração das unidades de vegetação.
COMUNIDADE H ABITAT
A
B
D IRETIVA
H ABITATS
GRAU DE
R ARIDADE
10
10
GRAU DE
N ATURALI
DADE
GRAU DE
A MEAÇA
SINGULARI
VC1
VC
DADES
H ABITAT
C OMUNIDADE
10
10
50
50
C LASSES
R ELEVÂNCIA
C OMUNIDADE
V ALOR
FINAL
E, A, M, B
E, A,
M, B
X
Y
Z
Q
C
Y
K
Valor Máximo
10
No caso de uma comunidade ser constituída por mais do que um habitat, e sobretudo se os habitats
foram substancialmente diferentes, a valoração pode ser aplicada a cada habitat, sendo depois
calculado o valor de conservação da comunidade (VC comunidade).
Os parâmetros utilizados na valoração das unidades de vegetação são explicitados de seguida.
3.1.2.1.
Diretiva Habitats
Presença do habitat na Diretiva Habitats – Diretiva nº 92/43/CEE, de 21 de Maio, relativa à
preservação dos habitats naturais e da fauna e flora selvagens.
10 – Incluído no anexo I, ou seja, habitats naturais, prioritários (assinalados com *), de
interesse comunitário cuja conservação exige a designação de zonas especiais de conservação;
8 – Incluído no anexo I, ou seja, habitats naturais de interesse comunitário cuja conservação
exige a designação de zonas especiais de conservação;
0 – Não incluído.
3.1.2.2.
Grau de Raridade
Este parâmetro pretende medir a importância do habitat em termos da sua raridade a nível nacional
e regional. Para a sua quantificação foi utilizada a cartografia das áreas naturais (Sítios da Rede
Natura 2000) do ICNF2. A quantificação foi realizada com base na importância quantitativa dos
habitats ocorrentes no PNSAC em relação às restantes áreas naturais consideradas na referida
cartografia:
10 – Habitat é representante único no país;
8 – Habitat tem muito interesse, dada a sua raridade a nível nacional;
1
2
Valor de Conservação
ICNB, 2006
Anexo_A_metValoracao
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
11
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
6 – Apesar de não ser muito raro ao longo do país, apresenta algumas singularidades
devido a fatores locais, que podem ter uma expressão única a nível nacional;
4 – Habitat relativamente comum ao longo do país, mas regionalmente pouco frequente;
0 – Habitat comum a nível nacional e regional.
3.1.2.3.
Grau de Naturalidade
A integridade do sistema é calculada em função do grau de influência humana e foi aplicado a escala
utilizada de Loidi1:
10 – Bosques evoluídos naturais não explorados;
9 – Bosques evoluídos naturais explorados;
8 – Bosques naturais jovens (estádio inicial) em mosaico com fragmentos de coberto
florestal e outras comunidades relacionadas com o sistema florestal;
7 – Bosques esparsos em adaptação a um uso silvo-pastoril tradicional (montado), Bosques
mistos de árvores autóctones e exóticas, Exploração combinada de pastoreio e extração de madeira;
6 – Comunidades arbustivas de orlas florestais ou de primeira ordem de substituição;
5 – Matos e prados naturais secundários;
4 – Prados ligados ao uso pastoril;
3 – Plantações florestais de espécies exóticas;
2 – Parques, jardins, campos de cultivo abandonados, comunidades viárias subnitrófilas,
vegetação pioneira terofíticas;
1 – Vegetação ruderal, viária e arvense interligada a perturbação extrema causada por uma
intensa atividade humana;
0 – Áreas intensamente urbanizadas.
Aos habitats rochosos de Lajes e de vertentes calcárias foi atribuído o valor mais elevado, pois
considera-se que estes habitats estão no seu grau máximo de naturalidade, sem qualquer influência
direta por parte do homem.
3.1.2.4.
Grau de Ameaça
Este grau é medido em função de perturbação derivada da atividade humana, ou seja, é uma medida
das pressões existentes que diminuem as probabilidades de manutenção da comunidade e das
características naturais. Foram aplicados os seguintes valores:
10 – Habitat que se encontre na AIE;
7 – Habitat que se encontre na envolvente de 100 m da AIE;
4 – Habitat que se encontre na área próxima da envolvente (área cartografada para além de
um buffer de 100 m da AIE) mas onde existam pressões antrópicas;
1
Loidi, 2008
12
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
0 – Habitat que se encontre na área próxima da envolvente (área cartografada para além de
um buffer de 100 m da AIE) onde não existam pressões antrópicas.
Foi considerado como grau de ameaça máximo (10) a área que está abrangida pela AIE visto que a
área está maioritariamente afeta à exploração de inertes. As áreas que se situem na envolvente
próxima da AIE (buffer de 100 m) foram consideradas no nível intermédio/alto (7) devido aos
impactes da atividade extrativa. Na área para além de um buffer de 100 m, foram considerados dois
valores distintos (4 e 0) que estão relacionados com a presença/ausência de pressões antrópicas
(pedreiras, áreas agrícolas, explorações florestais, etc.).
3.1.2.5.
Singularidades
Na metodologia de base1, este critério é sustentado no interesse científico dos habitats. Dada a
subjetividade associada, foi aplicado o valor florístico e fitocenótico2 cuja categorização se
apresenta:
10 – Bosques mesofíticos e húmidos das zonas quentes com flora rica e diversa;
9 – Prados e matos criorotemperados e crioromediterrânicos e comunidades associadas,
Turfeiras de montanha;
8 – Vegetação potencial orotemperada e oromediterrânica, Bosques e matos de alta
montanha, Cervunais;
7 – Bosques basófilos caducifólios ricos em espécies;
6 – Bosques oligotróficos caducifólios e bosques e comunidades arbustivas esclerofilos
mediterrânicos, Comunidades arbustivas de orlas florestais ou de primeira ordem de substituição;
5 – Falésias e arenais, Vegetação dunar costeira;
4 – Vegetação halófila costeira e interior;
3 – Prados e comunidades herbáceas, Vegetação helofíticas e aquática;
2 – Matos secundários;
1 – Vegetação nitrófila, flora comum e de estrutura simples;
0 – Sem vegetação.
O Valor de Conservação obtido para os habitats presentes consta do quadro seguinte.
1
2
ICN, 2005
Loidi, 2008
Anexo_A_metValoracao
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
13
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
Quadro 2 – Valor de Conservação dos Habitats de acordo com a localização espacial e existência
pressão antrópica.
VALOR DE CONSERVAÇÃO DOS HABITATS
HABITAT
AIE
ENVOLVENTE DE
100M
ALÉM DA ENVOLVENTE DE 100M
PRESENÇA DE PRESSÕES AUSÊNCIA DE PRESSÕES
ANTRÓPICAS
ANTRÓPICAS
Carrascais (5330pt5)
30
27
24
20
Matos baixos calcícolas (5330pt7)
31
28
25
21
Prados rupícolas (6110*)
38
35
32
28
Prados secos seminaturais
(Festuco-Brometalia) (6210)
(*importante habitat de orquídeas)
33
30
27
23
Subestepes de gramíneas e
anuais da TheroBrachypodietea (6220*)
31
28
25
21
Vertentes calcárias (8210);
41
38
35
31
Lajes calcárias (8240*)
44
41
38
34
Carvalhal (9240)
39
36
33
29
Sobreiral (9330)
39
36
33
29
Azinhal (9340)
38
35
32
28
Salienta-se que o habitat (6210) - Prados secos seminaturais (Festuco-Brometalia) foi valorado como
habitat prioritário no item 3.1.2.1. Trata-se de um habitat importante para o grupo das orquídeas, e
por isso valorado como prioritário mesmo nas situações em que não foram detetadas orquídeas nas
prospeções de campo. Esta opção conservadora prende-se com o facto de ocorrer frequentemente
alguma variabilidade inter-anual na floração destas espécies e porque apenas foi possível
acompanhar um ciclo anual.
3.1.2.6.
Determinação do valor das unidades de vegetação
De acordo com o esquema exemplificativo de valoração das unidades de vegetação (Quadro 3), as
premissas para o seu cálculo incluem:
i.
Valoração dos Habitats:
VC habitat = somatório dos valores referentes aos diferentes parâmetros
ii.
Valoração das Unidades de Vegetação:
\ No caso de a comunidade ser constituída por um único habitat:
14
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
VC comunidade = VC habitat
\ No caso de a comunidade integrar vários habitats o Valor de Conservação da
Comunidade (VC comunidade) deverá:
a. Adotar o VC
sobrepostos;
habitat
mais alto, se os diferentes habitats estiverem
b. Ser a média dos VC habitat , se os diferentes habitats não se sobrepuserem e
estiverem representados de forma mais ou menos equitativa;
c. Ser a média dos VC habitat ponderada pela representatividade de cada um,
se a expressão dos habitats for muito desigual.
Determinado o Valor de Conservação das Unidades de Vegetação, é possível estabelecer a sua
hierarquização e distribuição pelas seguintes classes de relevância (Quadro 3).
Quadro 3 – Classes de VC.
CLASSES
I NTERVALO
Excecional
>40
Alta
25 ≥ 40
Média
10 ≥ 25
Baixa
<10
O intervalo das classes de relevância foi selecionado em função dos polígonos e respetivos valores
de VC. A distribuição dos níveis de classificação em função do VC foi a seguinte:
·
Excecional (>40) – polígonos com habitats naturais de elevada relevância no contexto do
PNSAC, nomeadamente as Lajes e as Vertentes Calcárias, localizados dentro da AIE;
·
Alta (25≥40) – polígonos com dominância e elevada cobertura dos habitats naturais mais
comuns na área de estudo, por vezes associados a habitats naturais prioritários, dentro da
AIE e do buffer de 100m, ou ainda, polígonos com habitats naturais de elevada relevância no
contexto do PNSAC, localizados fora da AIE;
·
Média (10≥25) – polígonos com dominância de habitats naturais mais frequentes na área de
estudo e com percentagens de cobertura medianas a baixas;
·
Baixa (<10) – polígonos com dominância de habitats artificializados ou com habitats naturais
mais frequentes na área de estudo em percentagens de cobertura muito pouco
representativas.
A Carta de Valoração das Unidades de Vegetação com a representação das classes de VC é
apresentada na Figura 2.
Anexo_A_metValoracao
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
15
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
Figura 2 - Carta de Valoração das Unidades de Vegetação
16
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
3.2. FLORA PROTEGIDA
3.2.1. Cartografia e Trabalho de campo
Foi efetuada uma prospeção intensiva e direcionada à flora de carácter conservacionista e com
distribuição muito localizada na área em estudo, nomeadamente as espécies:
·
·
Incluídas no Anexo B-II do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei
n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro:
o
Narcissus calcicola;
o
Arabis sadina;
o
Silene longicilia.
Incluídas no Anexo B-IV do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei
n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro:
o
·
Saxifraga cintrana.
Espécies raras no nosso país, ou com uma distribuição muito restrita:
o
Inula montana.
Para além destas espécies, foi anotada a presença de outras também revelantes, abrangidas por
legislação nacional (Decreto-Lei n.º 169/2001, de 25 de Maio, alterado pelo Decreto-Lei n.º
155/2004, de 30 de Junho), pela convenção CITES (Decreto-Lei nº 114/90, de 5 de Abril) ou
tratando-se de endemismos ibéricos e lusitânicos (Quadro 4).
Realizaram-se saídas de campo em Novembro de 2011 e, em Fevereiro, Março, Maio e Junho de
2012. Nestas saídas participaram três técnicos especialistas de flora, tendo uma das saídas sido
orientada por António Flor, técnico do ICNF - PNSAC.
A prospeção de flora protegida foi realizada em todos os habitats ocorrentes com exceção da área
artificializada (pedreiras em laboração). No caso da área de estudo, a presença de afloramentos
rochosos não é expressiva o que, como se confirmou, leva a que as espécies associadas a estes
não ocorram nesta área.
Na prospeção foram realizados transeptos paralelos, espaçados de cerca de 5m entre si, com o
objetivo principal de percorrer a maior parte dos locais e detetar a presença de espécies importantes
do ponto de vista conservacionista. Por cada núcleo populacional ou exemplares isolados foram
registadas as coordenadas GPS e o número de indivíduos presentes.
Os dados de campo foram incorporados no SIG e representados em shapefile com recurso ao
programa ArcMap versão 10.0. Do trabalho de cartografia resultou a individualização de locais de
presença de espécies de Flora importantes do ponto de vista conservacionista com distribuição
pontual na área de estudo, Arabis sadina, Narcissus calcícola, Saxifraga cintrana e Silene longicilia
(Figura 3). Para cada uma das ocorrências foi registado o número aproximado de efetivos
populacionais, dados que constam na base de dados da referida shapefile.
Anexo_A_metValoracao
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
17
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
Quadro 4 – Lista de espécies florísticas usadas na análise e respetivo valor de VEE.
FAMÍLIA
GÉNERO/ESPÉCIE
Ranunculaceae
Ranunculus olissiponensis
Pers. subsp.
olissiponensis
Fagaceae
Quercus ilex L. subsp.
ballota (Desf.) Samp.
Azinheira
Quercus suber L.
Sobreiro
Caryophyllaceae
NOME COMUM
ESTATUTO DE
PROTEÇÃO
VEE
Endemismo Ibérico
18
Decreto-Lei n.º
254/2009, de 24 de
Setembro
4
Arenaria conimbricensis
Brot. subsp.
conimbricensis
Endemismo Ibérico
14
Silene longicilia (Brot.)
Otth
Endemismo Lusitânico;
Anexos B-II, B-IV e BV do DL n.º 140/99 de
24 de Abril, alterado
pelo DL n.º 49/2005,
de 24 de Fevereiro
28
Endemismo Lusitânico;
Anexos B-II, B-IV e BV do DL n.º 140/99 de
24 de Abril, alterado
pelo DL n.º 49/2005,
de 24 de Fevereiro
30
Assembleias
Brassicaceae
Iberis procumbens Lange
subsp. microcarpa Franco
& P. Silva
Fabaceae
Genista tournefortii Spach
subsp. tournefortii
Endemismo Ibérico
12
Ulex europaeus L. subsp. Tojo-arnal-dolitoral
latebracteus (Mariz)
Rothm.
Endemismo Ibérico
12
Araliaceae
Hedera maderensis K.
Koch ex A. Rutherf subsp.
iberica McAllister
Hera
Endemismo Ibérico
12
Lamiaceae
Salvia sclareoides Brot.
Salva-do-sul
Endemismo Ibérico
23
Thymus zygis L. subsp.
sylvestris (Hoffmanns &
Link) Cout.
Sal-da-terra
Endemismo Ibérico
12
Orobanchaceae
Orobanche rosmarina
Beck
Endemismo Ibérico
23
Asteraceae
Serratula baetica DC.
subsp. lusitanica Cantó
Endemismo lusitânico
20
Poaceae
Avenula sulcata (Boiss.)
Dumort. subsp.
occidentalis (Gervais)
Romero Zarco
Endemismo Ibérico
18
Liliaceae
Crocus serotinus Salisb.
Endemismo Ibérico
18
18
Açafrão-bravo
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
FAMÍLIA
GÉNERO/ESPÉCIE
NOME COMUM
ESTATUTO DE
PROTEÇÃO
VEE
Ruscus aculeatus L.
Gilbardeira
Decreto-Lei n.º 140/99
de 24 de Abril, alterado
pelo Decreto-Lei n.º
49/2005 de 24 de
Fevereiro (Anexo B-V)
11
Amaryllidaceae
Narcissus bulbocodium L.
subsp. bulbocodium
Campainhasamarelas
Anexo B-V do DL n.º
140/99 de 24 de Abril,
alterado pelo DL n.º
49/2005, de 24 de
Fevereiro
6
Orchidaceae
Aceras anthropophorum
(L.) W.T. Aiton
Rapazinhos
10
Anacamptis pyramidalis
(L.) Rich.
Orquídeapiramidal
Barlia robertiana (Loisel.)
W. Greuter
Salepeiragrande
Decreto-Lei nº 114/90
de 5 de Abril
(Convenção CITES);
Decreto-Lei n.º 140/99
de 24 de Abril, alterado
pelo Decreto-Lei n.º
49/2005 de 24 de
Fevereiro (Anexo I)
subsp. clusii (Gay)
Mathew
Cephalantera longifolia
(L.) Fritsch
6
10
10
Epipactis helleborine (L.)
Crantz subsp. helleborine
Eleborinha
6
Ophrys fusca Lonk
Moscardofusco
6
Ophrys scolopax Cav.
Flor-dospassarinhos
6
6
Ophrys tenthredinifera
Willd.
Anexo_A_metValoracao
Orchis italica Poir.
Flor-dosmacaquinhosdependurados
6
Orchis mascula L.
Satiriãomacho
6
Orchis morio L.
Testículo-decão
10
Serapias lingua L.
Erva-língua
6
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
19
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
Figura 3 – Localização dos núcleos populacionais de Arabis sadina, Narcissus calcicola, Saxifraga
cintrana, Silene longicilia, espécies importantes para conservação com distribuição pontual na área
de estudo.
20
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
3.2.2. Metodologia de Valoração
De acordo com a metodologia para valoração do Instituto da Conservação da Natureza1 a valoração
da Flora é realizada pelo cálculo do Valor Ecológico da Espécie (VEE) que deverá ser aplicado às
espécies incluídas no Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005,
de 24 de Fevereiro (Diretiva Habitats), espécies previstas para o Livro Vermelho da Flora, ou que
apesar de não terem estatuto de proteção, apresentem particular interesse do ponto de vista da
conservação. Dado que a lista provisória do Livro Vermelho da Flora ainda não se encontra
disponível, foram incluídas no cálculo da valoração da flora as espécies abrangidas por legislação
nacional (Decreto-Lei n.º 169/2001, de 25 de Maio, alterado pelo Decreto-Lei n.º 155/2004, de 30 de
Junho) e pela convenção CITES (Decreto-Lei nº 114/90, de 5 de Abril) e todos os endemismos
ibéricos e lusitânicos, considerando-se assim todas as espécies listadas no Quadro 5. A lista
preliminar de espécies selecionadas foi fornecida para apreciação ao corpo técnico do Parque
Natural das Serras de Aire e Candeeiros, cujos comentários foram tidos em consideração na
listagem final utilizada no presente trabalho2.
A obtenção do VEE de cada espécie resulta da avaliação parâmetros de conservação e de carácter
biogeográfico que são descritos em seguida. As classificações obtidas nos diferentes subparâmetros são somadas para obter o VEE que tem o valor máximo possível de 50 (Quadro 5).
Quadro 5 – Esquema exemplificativo de valoração das espécies.
ESPÉCIES
Estatuto de
Conservação
Estatuto
Biogeográfico
A
B
C
M ÁXIMO
Diretiva Habitats
10
Livro Vermelho
10
Grau de Endemismo
10
Isolamento
10
Raridade
10
VEE
50
Fonte: Adaptado de ICN, 2005
3.2.2.1.
Estatuto de Conservação
Os parâmetros correspondentes ao Estatuto de Conservação refletem o grau de ameaça de cada
espécie e a responsabilidade que o nosso país tem na sua conservação, aplicando-se os seguintes
valores para cada um, respetivamente a cada espécie:
a) Diretiva Habitats
10 – Anexo II* - espécies vegetais prioritárias de interesse comunitário cuja conservação
requer a designação de zonas especiais de conservação;
9 – Anexo II – espécies vegetais de interesse comunitário cuja conservação requer a
designação de zonas especiais de conservação;
7 – Anexo IV - espécies vegetais prioritárias de interesse comunitário que exigem uma
proteção rigorosa;
1
2
ICN, 2005
Anexo I – email de 23 de Julho de 2012
Anexo_A_metValoracao
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
21
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
5 – Anexo V - espécies vegetais prioritárias de interesse comunitário cuja captura, colheita
ou exploração podem ser objeto de medidas de gestão;
0 – Espécies não incluídas nestes anexos.
b) Livro Vermelho da Flora
Dado que o Livro Vermelho da Flora de Portugal se encontra em elaboração, este parâmetro foi
baseado nos critérios para as categorias de ameaça definidas pela International Union for
Conservation of Nature (IUCN). Todas as espécies incluídas no cálculo VEE foram verificadas no
Livro Vermelho da Flora Vascular Europeia1 e na IUCN Red List of Threatened Species2.
10 – CR – em perigo crítico de extinção;
8 – EN – em perigo de extinção;
6 – VU - vulnerável;
4 – DD – dados insuficientes;
0 – NT – não ameaçada ou espécie não incluída no Livro Vermelho.
Quando uma dada espécie não foi encontrada em nenhuma das obras citadas, foi sempre
considerado a categoria DD (dados insuficientes) tendo em consideração a inexistência de dados
específicos para Portugal Continental.
3.2.2.2.
Estatuto Biogeográfico
Os parâmetros incluídos no estatuto biogeográfico têm como objetivo obter uma expressão de
relevância das populações em função da sua distribuição.
c) Grau de Endemismo (adaptado de Souto Cruz, 1999)
10 – Português;
8 – Ibérico;
5 – Península Ibérica e Sul de França;
5 – Portugal e Macaronésia;
5 – Portugal e Norte de África (Magreb);
3 – Península Ibérica e Macaronésia;
3 – Península Ibérica e Norte de África;
2 – Portugal, Norte de África e Macaronésia;
1 – Península Ibérica, Norte de África e Sul de França;
1 – Península Ibérica, Norte de África e Macaronésia;
1 – Europeu.
1
2
Bilz et al., 2011
http://www.iucnredlist.org, 2012
22
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
d) Isolamento
Este parâmetro considera características de distribuição relacionadas com o isolamento de
populações, que podem conferir alguma vulnerabilidade à população da área em estudo. Na
avaliação deste parâmetro foram considerados os dados disponibilizados por Euro+MedPlantBase1 e
Anthos2 e às espécies foram atribuídas as pontuações seguintes:
10 – A população está isolada da principal área de distribuição;
5 – A população está localizada no seu limite de ocorrência natural;
0 – A população não apresenta, nestes aspetos, uma distribuição que lhe confira um
carácter biogeográfico singular.
e) Índice de Raridade (Rabinowitz, et al., 1986 in McNeely, 1996)
O conceito de raridade proposto por Rabinowitz et al. (1986) sugere 7 formas de raridade,
baseando-se em 3 fatores de avaliação.
c1 – Distribuição Geográfica
- A espécie está localizada numa pequena área de distribuição
ou
- A espécie ocorre ao longo de uma faixa grande de distribuição
c.2 – Dimensão da População
- A espécie ocorre sempre com frequência baixa, formando populações pequenas e esparsas
ou
- A espécie ocorre de forma expressiva e frequente, formando populações com elevado número de
efetivos
c.3 – Especificidade de Habitat
- A espécie apresenta uma grande tolerância em termos de habitat, ocorrendo em vários tipos de
habitat
ou
- A espécie apresenta uma grande especialização, restringindo a sua ocorrência a poucos habitats
A avaliação da raridade baseada nos critérios de Rabinowitz3, estando adaptado segundo
Kruckenberg & Rabinowitz4 é explicada no Quadro 6:
ww2.bgbm.org/EuroPlusMed/[accessedDATE]
www.anthos.es
3 Rabinowitz et al., 1986
4 Krukenberg & Rabinowitz, 1985
1
2
Anexo_A_metValoracao
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
23
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
Quadro 6 – Tipologia de espécies raras baseado em três características: distribuição geográfica,
habitat e tamanho da população.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E ESPECIFICIDADE DE HABITAT
Grande e Amplo
Grande e Restrito
Pequeno e Amplo
6 - Localmente
0 - Localmente
abundante em
diversos habitats
mas com
distribuição
geográfica restrita
População grande,
6 - Localmente
abundante numa
dominante em
abundante mas num
grande variedade de
alguns locais
habitat específico
habitats
População
pequena, não
dominante
8 - Populações
esparsas e com
distribuição
geográfica restrita,
mas em diversos
habitats
8 - Populações
6 - Populações
esparsas num
habitat específico
mas com ampla
distribuição
geográfica
esparsas sobre uma
grande variedade e
em diversos habitats
Pequeno e Restrito
8 - Localmente
abundante num
habitat específico e
com distribuição
geográfica restrita
10 - Populações
esparsas, com
distribuição
geográfica restrita e
num habitat
específico
Fonte: Adaptado de Krukenberg & Rabinowitz, 2002
3.2.2.3.
Valoração florística de áreas
De acordo com a metodologia proposta pelo ICNF1, a expressão cartográfica das áreas de ocupação
de espécies deve ser baseada no conhecimento particular de cada situação e ter em conta variações
anuais e zonas potenciais de ocorrência. As populações podem abranger toda uma unidade de
vegetação (comunidade), corresponder a um habitat ou ter uma distribuição particular que defina um
polígono próprio.
Independentemente da abordagem escolhida é necessário efetuar uma hierarquização das espécies,
enquadrando-as em classes de relevância de valor ecológico, em função dos seus valores de VEE,
que variam entre valor Médio e Excecional. Dado que se considerou que os valores de VEE obtidos
não discriminavam as espécies de flora de carácter conservacionista e com distribuição muito
localizada de outras espécies com distribuições mais alargadas na área do PNSAC (ver em supra),
optou-se por fazer uma adaptação da metodologia. Assim, efetuou-se um primeiro zonamento
utilizando os valores de VEE discriminando espécies de relevância Média e Alta (0), atribuindo-se
em seguida relevância Excecional aos polígonos onde foi detetada a presença de núcleos
populacionais de Narcissus calcicola; Arabis sadina; Silene longicilia e Saxifraga cintrana.
Quadro 7 – Classes de VEE e respetivos intervalos considerados
CLASSES
I NTERVALO
Alta
>20
Média
6-20
A valoração florística final dos polígonos foi obtida da seguinte forma:
- atribuição de valor Baixo na ausência das espécies consideradas;
1
ICN, 2005
24
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
- atribuição do valor de relevância florística mais elevado, considerando todas as espécies presentes
no polígono.
A Carta de Valores Florísticos pode ser visualizada na Figura 4.
Figura 4 – Valoração florística da área de estudo com quatro classes de relevância
Anexo_A_metValoracao
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
25
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
3.3. APLICAÇÃO DO VALOR FLORÍSTICO ÀS UNIDADES DE VEGETAÇÃO
Após a definição das áreas de valor florístico procedeu-se à sua sobreposição com os valores de
vegetação, obtendo-se como resultado o maior valor dos dois fatores de avaliação conforme o
Quadro 8:
Quadro 8 – Exemplos de cruzamento do Valor Florístico com o Valor das Unidades de Vegetação
(adaptado de ICN, 2005).
COMUNIDADE
VEGETAÇÃO
FLORA
CARTA FINAL DE VALOR FLORÍSTICO E DE VEGETAÇÃO
α
Média
Média
Média
β
Média
Baixa
Média
λ
Baixa
Excecional
Excecional
δ
Média
Alta
Alta
Os resultados são apresentados na Carta de Valores Florísticos e de Vegetação, resultante da
integração das análises de valoração da Flora e das Unidades de Vegetação (Figura 5).
26
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
Figura 5 - Carta de Valores Florísticos e de Vegetação
Anexo_A_metValoracao
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
27
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
4. VALORAÇÃO DA FAUNA TERRESTRE
A valoração dos Biótopos na área em estudo foi efetuada com base na metodologia utilizada pelo
ICNF nos Planos de Ordenamento das Áreas Protegidas1, tendo-se efetuado as adaptações
consideradas necessárias em função da realidade, e escala da área em estudo. O objetivo final é a
obtenção de uma Carta de Valores Faunísticos onde se obtém um zonamento dos valores em função
do valor potencial do biótopo e da ocorrência de espécies importantes ou locais prioritários.
A metodologia-base para a elaboração da Carta de Valores Faunísticos apoia-se em 4 fases que
serão pormenorizadas nos capítulos seguintes:
·
Definição dos Biótopos;
·
Valoração das Espécies associadas aos Biótopos;
·
Valoração Faunística dos Biótopos;
·
Identificação de Espécies singulares ou locais prioritários.
4.1. DEFINIÇÃO DOS BIÓTOPOS
A cartografia dos biótopos foi definida tomando como base a Carta de Habitats efetuada no âmbito
dos trabalhos descritos no capítulo 3.1., adaptando as unidades ou polígonos de vegetação e de uso
do solo a unidades de utilização faunística. O resultado deste exercício consta de uma cartografia
própria, cuja base de dados inclui a identificação dos biótopos e as respetivas percentagens médias
de ocupação no polígono.
A definição dos biótopos teve por base os critérios e tipologias de biótopo definidos no Plano de
Ordenamento de Parque Natural das Serras d’Aire e Candeeiros (POPNSAC)2, tendo-se, no entanto,
optado por pormenorizar essa tipologia ao estabelecer dois tipos de biótopos florestais. Desta forma
as unidades de vegetação e de uso do solo cartografadas aquando a elaboração da Carta de
Vegetação foram enquadradas nas tipologias de biótopos definidas seguidamente (Quadro 9):
Quadro 9 – Descrição das tipologias de biótopos adotadas no presente estudo e dos habitats
correspondentes
BIÓTOPO
Prados e Matos
rasteiros
1
2
UNIDADE DE VEGETAÇÃO/USO DO SOLO
Prados rupícolas (6110*), Prados secos (6210), Subestepes de gramíneas (6220*pt1), Prados anuais, Matos
baixos calcícolas (5330pt7)
Matagais
Carrascais (5330pt5), Matos (Tojais, Silvados)
Espaços florestais
autóctones
Carvalhal (9240), Sobreiral (9330), Azinhal (9340)
Espaços florestais
não autóctones
Eucaliptal
Ambientes
Lapiás, Vertentes calcárias (8210), Lajes calcárias (8240*)
ICN, 2005
ICN, 2007
28
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
BIÓTOPO
UNIDADE DE VEGETAÇÃO/USO DO SOLO
rochosos
Área agrícola
Área agrícola (Áreas cultivadas)
Áreas
Artificializadas
Áreas Artificializadas (Pedreiras, caminhos, escombreiras,
urbanizações e outros edifícios)
Dada a ausência de habitats aquáticos na área de estudo do Cabeça Veada, o biótopo Zonas
Húmidas, descrito no POPNSAC, não foi considerado. As zonas com disponibilidade de água
existentes nesta área, são de pequena dimensão e geralmente de carácter temporário (Pias), tendo
sido incluídas no biótopo Ambientes Rochosos de acordo com as orientações seguidas no
POPNSAC1.
A Carta de Vegetação inclui polígonos com apenas um tipo de habitat e polígonos mistos, com
diferentes tipos de habitats em mosaico, a Carta de Biótopos obtida reflete essa diversidade,
podendo os polígonos conter um ou mais biótopos.
A área artificializada foi tida em conta na valoração de cada um dos polígonos como se explica em
detalhe no ponto 4.3.
4.2. METODOLOGIA DE VALORAÇÃO DAS ESPÉCIES ASSOCIADAS AOS
BIÓTOPOS
A valoração das espécies associadas aos Biótopos é feita pela quantificação de quatro classes
básicas de avaliação:
1. Estatuto de conservação
As variáveis incluídas neste estatuto refletem o grau de ameaça de cada espécie e a
responsabilidade que o nosso país tem em conservá-las, no seguimento da assinatura e ratificação
de convenções internacionais e também decorrentes do seu estatuto de Estado-membro da União
Europeia.
2. Estatuto biogeográfico
Este estatuto exprime a relevância das populações em função da sua representatividade nacional e
internacional, podendo também contribuir para uma medida do grau de endemismo.
3. Estatuto biológico
As variáveis pretendem refletir, em conjunto, a sensibilidade biológica das espécies, através da
medida de algumas caraterísticas biológicas intrínsecas.
4. Estatuto regional
Este parâmetro pretende qualificar as espécies em termos regionais, apreciação que não é garantida
pelos outros estatutos considerados. A sua utilização está muito dependente da informação-base
existente e, consequentemente, da capacidade da Área Protegida para proceder a uma proposta de
lista das espécies de especial interesse regional.
1
ICN, 2007
Anexo_A_metValoracao
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
29
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
A avaliação da utilização real dos biótopos para todas as espécies de fauna é um exercício
impraticável dado o enorme esforço de amostragem que seria necessário para ter uma avaliação da
utilização idêntica para todas as espécies. Na perspetiva de obter uma avaliação o mais equilibrada
possível entre todas as espécies, esta foi efetuada via pesquisa bibliográfica1, orientada para
recolher informação sobre a ecologia das espécies que permitisse identificar as espécies potenciais
para cada biótopo e quantificar a associação espécies-biótopo.
Os dados recolhidos foram complementados pela informação recolhida no terreno, através de pontos
de escuta e observação de aves, pontos de escuta de morcegos, transeptos para pesquisa de
indícios de mamíferos e visualização de espécimes de répteis e anfíbios e, prospeção espeleológica
de cavidades e grutas (vide capítulo Error! Reference source not found.). Estes dados foram
sobretudo utilizados na avaliação do Estatuto Biológico das espécies, ao nível dos parâmetros
concentração da população e reprodução (vide ponto 4.2.1.1.3)
4.2.1.1.
Descrição dos Parâmetros utilizados na valoração das espécies
4.2.1.1.1 Estatuto de conservação (EC)
O EC foi obtido através dos estatutos das espécies no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal,
no Livro Vermelho da UICN, e no grau de proteção definido de acordo com a Diretiva Habitats, a
Diretiva Aves e a Convenção de Berna.
A quantificação pormenorizada de cada um dos sub-parâmetros é descrita de seguida.
a) Estatuto no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal
A avaliação do estatuto de conservação das espécies em Portugal foi efetuada através do Livro
Vermelho dos Vertebrados de Portugal, tendo sido efetuadas as adaptações à escala de
quantificação para se adequar às categorias de ameaça seguidas no novo Livro Vermelho2:
·
10 – Criticamente Em Perigo e Em Perigo
·
8 – Vulnerável
·
6 – Quase Ameaçada
·
3 – Informação Insuficiente
·
0 – Pouco Preocupante
b) Estatuto no Livro Vermelho da UICN
A utilização deste estatuto pretende garantir uma apreciação mais vasta da situação da espécie, em
termos de conservação, uma vez que é tido em conta o seu estatuto global. A aferição foi efetuada
através das avaliações mais recentes3, tendo-se adaptado a escala de quantificação às categorias
de ameaça em vigor:
·
10 – Criticamente Em Perigo e Em Perigo
1 BRUUN & FAPAS 1995, CABRAL et al. 2006, CATRY et al. 2010 EQUIPA ATLAS 2008, FERRAND DE
ALMEIDA et al. 2001, ICN 2007, IUCN 2012, LOUREIRO et al. 2010, MATHIAS et al. 1999, MACDONALD &
BARRET 1993, RAINHO et al. 1998.
2 CABRAl, et al., 2006
3 IUCN, 2012
30
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
·
8 – Vulnerável
·
6 – Quase Ameaçada
·
3 – Informação Insuficiente
·
0 – Pouco Preocupante
c) Diretiva de Habitats
A Diretiva 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio, relativa à preservação dos habitats naturais e da
fauna e da flora selvagens, é utilizada no sentido de fornecer uma indicação sobre a importância
comunitária das espécies (aves não incluídas), em termos de conservação.
·
10 – Espécies prioritárias incluídas no Anexo II (espécies prioritárias de interesse
comunitário cuja conservação exige a designação de zonas especiais de conservação)
·
8 – Espécies incluídas no Anexo II (espécies de interesse comunitário cuja conservação
exige a designação de zonas especiais de conservação)
·
6 – Espécies incluídas no Anexo IV (espécies de interesse comunitário que exigem uma
proteção rigorosa)
·
0 – Espécies não incluídas nos anexos
d) Diretiva das Aves
A Diretiva 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril, relativa à conservação das aves selvagens é
utilizada no sentido de fornecer uma indicação sobre a importância comunitária, das espécies de
aves, em termos de conservação.
·
10 – Espécies prioritárias incluídas no Anexo I (espécies prioritárias de aves de interesse
comunitário cuja conservação requer a designação de zonas de proteção especial)
·
8 – Espécies incluídas no Anexo I (espécies de aves de interesse comunitário cuja
conservação requer a designação de zonas de proteção especial)
e) Convenção de Berna
Esta Convenção relativa à conservação da vida selvagem e dos habitats naturais da Europa
(Decreto-Lei nº 316/89, de 22 de Setembro), inclui, no seu Anexo II as espécies da fauna
estritamente protegidas.
A utilização deste parâmetro pode ser questionada dada a baixa discriminação da Convenção de
Berna, no entanto, pode sempre funcionar como filtro, não para distinguir as espécies
excecionalmente importantes, mas para efetuar uma gradação em relação às menos importantes.
·
5 – Espécies incluídas no Anexo II
·
2 – Espécies incluídas no Anexo III
·
0 – Não incluídas na Convenção
Anexo_A_metValoracao
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
31
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
4.2.1.1.2 Estatuto biogeográfico (EBg)
A avaliação do estatuto biogeográfico foi efetuada através de consulta bibliográfica de obras de
referência que refletem os padrões e tendências populacionais o mais atuais possível1.
a) Distribuição Global
·
10 – Península Ibérica e áreas adjacentes do Sul de França
·
8 – Idem + ocorrência fora da Europa
·
6 – Distribuição restrita na Europa (<30%)
·
4 – Idem + ocorrência fora da Europa
·
1 – Distribuição só na Europa, mas alargada
·
0 – Distribuição alargada na Europa e fora dela
b) Distribuição em Portugal
·
10 – Localizada
·
6 – Menos de 1/3 do País
·
3 – 1/3 a 2/3 do País
·
0 – Mais de 2/3 do País
c) Tendências da Distribuição
·
10 – A distribuição da espécie está em regressão em Portugal e a nível Europeu
·
8 – A distribuição da espécie está em regressão em Portugal
·
6 – A distribuição da espécie está em regressão na Europa
·
4 – Tendência indeterminada da distribuição
·
2 – Estabilidade a nível de distribuição
·
0 – A distribuição da espécie está em expansão
4.2.1.1.3 Estatuto biológico (EB)
Este parâmetro permite avaliar as sensibilidades biológicas das espécies, permitindo
simultaneamente diferenciar o uso dos diferentes Biótopos (ver pontos 3.2 e 3.3).
a) Tendência Populacional
·
10 – Efetivo populacional em declínio em Portugal e a nível global
·
8 – Efetivo populacional em declínio em Portugal
·
6 – Efetivo populacional em declínio a nível global
Cabral, et al., 2006; Catry, Costa, Elias, & Matias, 2010; Equipa Atlas, 2008; IUCN, 2012; Loureiro, Ferrand
de Almeida, & Paulo, 2010
1
32
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
·
2 – Efetivo populacional estável
·
0 – Efetivo populacional em aumento
b) Concentração da População
A definição deste parâmetro parte do princípio que as espécies cujas populações se concentram
numa dada fase do seu ciclo de vida são mais vulneráveis do que as espécies que não têm
tendência para concentrar-se. Consideram-se situações de concentração de indivíduos em
reprodução (colónias), dormitórios, corredores ou frentes de migração, etc.
·
10 – Concentra-se no biótopo em causa, sendo uma espécie que se concentra em poucos
sítios
·
5 – Concentra-se no biótopo em causa, sendo uma espécie que se concentra em pequeno
número, em muitos sítios
·
0 – Não se concentra no biótopo em causa
c) Reprodução
Uma vez que a reprodução corresponde geralmente ao período mais vulnerável do ciclo de vida dos
indivíduos foi atribuída uma ponderação, quando no biótopo em causa a reprodução de uma espécie
é provável ou está confirmada.
·
10 – Reprodução confirmada
·
8 – Reprodução provável, não confirmada
·
6 – Reprodução possível, não confirmada
·
0 – A espécie não utiliza o biótopo em causa para reprodução
d) Migração
Considerou-se que o facto de uma espécie migrar pode contribuir de certa maneira para aumentar a
sua vulnerabilidade (não se aplica a répteis nem a anfíbios)
·
5 – Espécie migradora
·
0 – Espécie não-migradora
e) Especializações Ecológicas
Considera-se que a especialização de uma espécie é uma caraterística que lhe confere algum grau
de vulnerabilidade.
Especialização Alimentar
·
5 – Espécie com dieta muito especializada
·
3 – Nível intermédio
·
0 – Espécie com dieta generalista
Especialização em termos de Habitat
Anexo_A_metValoracao
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
33
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
Considera-se que espécies estreitamente ligadas a um biótopo são mais vulneráveis, e tanto mais se
o biótopo de que dependem for pouco abundante.
·
10 – Espécie muito especializada, dependente de biótopos pouco abundantes
·
5 – Espécie com uma situação intermédia
·
0 – Espécie de maior plasticidade, ou dependentes de biótopos abundantes
4.2.1.1.4 Estatuto regional (ER)
O estatuto regional permite diferenciar as espécies pelo seu valor a nível local. A elaboração de uma
lista de espécies com interesse regional pode ter por base os seguintes fatores.
·
Espécies Caraterísticas
·
Grau de Raridade
·
Localmente Ameaçadas
Na presente metodologia foi considerada para avaliação a lista de espécies com interesse regional
fornecida pelos serviços do PNSAC1. A todas as espécies constituintes desta lista foi atribuída a
pontuação 10.
4.2.1.1.5 Ponderação de cada estatuto no cálculo do valor ecológico específico (VEE)
De acordo com a metodologia-base a classificação obtida em cada um dos estatutos é ponderada de
maneira a salientar os estatutos que melhor podem contribuir para uma relativização da importância
dos valores ecológicos das espécies (VEE).
A metodologia considera que o Estatuto de Conservação por si só define uma hierarquização
básica das espécies, dado que os critérios ecológicos (entre outros) já serviram de base para a
definição de graus de ameaça ou estatutos de conservação. Como tal o EC deverá ter o maior dos
pesos atribuídos.
O Estatuto Biogeográfico é também considerado um fator determinante na definição básica da
importância relativa das espécies e como tal é atribuído ao EBg um peso não muito inferior ao EC.
De acordo com a metodologia, o Estatuto Biológico reordena a hierarquização de uma forma mais
direcionada para aspetos de vulnerabilidade ou probabilidade de extinção das espécies, ao detalhar
determinado tipo de fatores biológicos. Atendendo a que esta avaliação se pode revestir de alguma
dificuldade e/ou subjetividade, a metodologia estabelece uma ponderação moderada para o estatuto
em causa.
O uso do Estatuto Regional (ER) pretende fazer uma última reorganização à hierarquização,
através de um enfoque em valores de caráter regional que não estão contemplados nos outros
Estatutos. Assim, este fator regional de avaliação aproxima o estatuto geral da espécie à realidade
da zona em que se encontra, funcionando como fator de adequação à envolvente local.
Em função da relevância atribuída aos diferentes Estatutos a contribuição de cada um no cálculo do
VEE é a seguinte:
1
Através de email a 21 de Junho de 2012 em Anexo III
34
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
EC
EC = 35%
Ebg
EBg = 30%
EB
EB = 15%
ER
ER = 20%
Concretamente o valor ecológico da espécie (VEE) será determinado pela equação:
VEE = k1xEC+k 2xEBg+k3xEB+k4xER
As constantes k pretendem assegurar, em cada caso, que a contribuição dos vários Estatutos,
independentemente do número de parâmetros utilizados no seu cálculo, esteja sempre de acordo
com as ponderações atrás definidas. São diferentes entre alguns grupos taxonómicos, pois não é
utilizado o mesmo número de parâmetros para o cálculo do EB (Quadro 10). Tal como neste caso,
se na aplicação dos critérios for ignorado ou adicionado algum dos parâmetros de avaliação,
deverão ser recalculadas as constantes para manter as ponderações estipuladas.
Quadro 10 – Ponderações definidas para cada um dos grupos considerados (ICN, 2000).
TAXA
K1
K2
K3
K4
Mamíferos, Aves e Peixes dulçaquícolas
1,25
1,25
0,38
2,50
Répteis e Anfíbios
1,21
1,20
0,39
2,50
Os valores de VEE obtidos para cada espécie relativamente a cada biótopo são apresentados no
Quadro 11.
Anexo_A_metValoracao
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
35
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
Quadro 11 - Valor Ecológico Específico obtido para cada espécie relativamente a cada um dos biótopos existentes na área em estudo;
CLASSE
Amphibia
Reptilia
36
NOME
PRADOS E
CIENTÍFICO
M ATOS RASTEIROS
Bufo bufo
10.67
Bufo calamita
M ATAGAIS
ESPAÇOS FLORESTAIS ESPAÇOS FLORESTAIS AMBIENTES
ÁREA
AUTÓCTONES
NÃO AUTÓCTONES
ROCHOSOS
AGRÍCOLA
10.67
10.67
10.67
13.01
10.67
32.72
32.72
32.72
32.72
32.72
32.72
Alytes obstetricans
45.08
45.08
45.08
45.08
47.42
45.08
Discoglossus galganoi
84.56
84.56
84.56
84.56
86.9
84.56
Hyla arborea
0
0
0
0
35.06
0
Hyla meridionalis
0
0
0
0
62.1
0
Pelobates cultripes
57.14
57.14
57.14
57.14
59.48
57.14
Pelodytes punctactus
27.47
27.47
27.47
27.47
29.81
27.47
Pelophylax perezi
0
0
0
0
25.01
0
Lissotriton boscai
56.07
56.07
56.07
56.07
58.41
56.07
Pleurodeles waltl
43.85
43.85
43.85
43.85
46.19
43.85
Salamandra salamandra
25.79
25.79
25.79
25.79
28.13
25.79
Triturus marmoratus
36.29
36.29
36.29
36.29
38.63
36.29
Blanus cinereus
36.26
0
0
0
0
37.04
Coronella girondica
24.2
24.98
24.98
24.2
24.2
24.2
Hemorrhois hippocrepis
39.23
40.01
0
0
39.23
40.01
Macroprotodon cucullatus
34.67
0
34.67
34.67
34.67
0
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
Aves
Anexo_A_metValoracao
Malpolon monspessulanus
16.31
17.09
16.31
0
16.31
16.31
Natrix maura
0
0
0
0
19.94
0
Natrix natrix
0
0
0
0
10.34
0
Rhinechis scalaris
30.71
31.49
30.71
30.71
30.71
31.49
Tarentola mauritanica
17.57
0
0
0
20.69
17.57
Acanthodactylus erythrurus
72.9
72.9
72.9
72.9
72.9
72.9
Podarcis hispanicus
37.55
36.77
36.77
0
37.55
36.77
Psammodromus algirus
25.91
25.91
25.91
25.91
25.91
25.91
Psammodromus hispanicus
73.68
70.56
0
0
72.9
70.56
Timon lepidus
48.32
49.1
48.32
0
48.32
48.32
Chalcides bedriagai
63.08
63.08
63.08
0
63.08
63.08
Chalcides striatus
40.16
39.38
0
0
39.38
40.16
Vipera latastei
86.95
86.17
86.17
86.17
86.95
86.17
Accipiter gentilis
52.01
52.01
54.29
54.29
0
54.29
Accipiter nisus
39.4
39.4
41.68
41.68
0
39.4
Buteo buteo
6.25
6.25
8.53
8.53
0
6.25
Circaetus gallicus
58.04
58.04
60.32
60.32
58.04
60.32
Circus cyaneus
62.01
62.01
0
62.01
0
62.01
Circus pygargus
75.32
77.6
0
0
0
75.32
Elanus caeruleus
66.9
0
0
0
0
66.9
Hieraaetus fasciatus
77.17
77.17
79.45
79.45
0
77.17
Hieraaetus pennatus
64.18
64.18
66.46
66.46
0
64.18
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
37
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
38
Milvus migrans
27.66
0
28.04
28.04
0
27.66
Aegithalos caudatus
0
0
8.04
5.76
0
0
Alauda arvensis
22.55
0
0
0
22.55
22.55
Galerida cristata
45.05
45.05
0
0
45.05
45.05
Galerida theklae
37.28
37.28
0
0
37.28
37.28
Lullula arborea
16.52
16.52
16.52
16.52
16.52
16.52
Apus apus
12.22
12.22
12.22
12.22
16.4
12.22
Apus melba
40.21
40.21
40.21
40.21
44.39
40.21
Apus pallidus
23.2
23.2
23.2
23.2
27.38
23.2
Ardea cinerea
0
0
31.25
31.25
31.25
0
Bubulcus ibis
21.25
0
21.25
21.25
0
21.25
Caprimulgus europaeus
70.1
70.1
67.82
67.82
67.82
70.1
Caprimulgus ruficollis
56.35
0
56.35
56.35
0
54.07
Certhia brachydactyla
0
0
20.21
17.93
0
17.93
Ciconia ciconia
20.38
0
0
22.28
0
20
Columba livia
12.55
12.55
12.55
12.55
12.55
12.55
Columba palumbus
2.5
2.5
4.78
5.54
2.5
2.5
Streptopelia decaocto
2.5
4.78
4.78
4.78
2.5
2.5
Streptopelia turtur
15.7
17.98
17.98
17.98
15.7
15.7
Corvus corax
51.79
0
54.07
51.79
0
51.79
Corvus corone
7.28
7.28
0
9.56
7.28
7.28
Garrulus glandarius
0
0
5.54
3.26
0
3.26
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
Anexo_A_metValoracao
Pyrrhocorax pyrrhocorax
82.6
82.6
0
0
90.2
0
Cuculus canorus
10.32
10.32
12.6
12.6
0
12.6
Emberiza calandra
10.27
0
0
0
0
12.55
Emberiza cia
19.78
0
19.78
17.5
19.78
0
Emberiza cirlus
0
0
19.78
19.78
19.78
0
Falco columbarius
57.55
0
0
0
0
57.55
Falco peregrinus
38.91
38.91
41.19
41.19
41.19
38.91
Falco subbuteo
51.68
51.68
53.96
53.96
0
51.68
Falco tinnunculus
11.03
11.03
11.03
11.03
13.31
11.03
Carduelis cannabina
11.03
13.31
0
0
0
11.03
Carduelis carduelis
0
0
10.65
10.65
0
10.65
Carduelis chloris
11.03
11.03
11.03
11.03
0
11.03
Fringilla coelebs
9.56
9.56
0
0
0
7.28
Serinus serinus
11.03
0
11.03
13.31
0
13.31
Delichon urbicum
0
0
0
0
0
14.83
Hirundo daurica
0
0
0
0
42.33
0
Hirundo rustica
14.83
0
0
0
0
14.83
Ptyonoprogne rupestris
0
0
0
0
23.2
0
Riparia riparia
39.18
0
0
0
0
39.18
Lanius meridionalis
26.3
0
24.02
24.02
0
0
Lanius senator
0
0
66.08
65.7
0
65.7
Merops apiaster
47.82
47.82
47.82
47.82
47.82
47.82
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
39
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
40
Anthus campestris
50.16
50.16
0
0
50.16
50.16
Motacilla alba
15.43
0
0
0
0
0
Motacilla cinerea
15.16
0
0
0
0
17.44
Oriolus oriolus
0
0
43.2
43.2
0
43.2
Parus ater
0
0
15.16
17.44
0
15.16
Parus caeruleus
0
0
10.65
12.93
0
10.65
Parus cristatus
14.18
14.18
16.46
14.18
0
14.18
Parus major
0
0
14.45
12.93
0
10.65
Passer domesticus
0
0
0
0
0
4.78
Passer montanus
0
0
9.51
9.51
0
9.51
Petronia petronia
0
0
0
0
42.5
42.5
Alectoris rufa
28.58
28.58
28.58
28.58
26.3
28.58
Coturnix coturnix
46.84
0
0
0
43.8
46.08
Dendrocopos major
0
0
9.89
12.17
0
0
Jynx torquilla
44.67
0
44.67
46.95
0
46.95
Picus viridis
0
0
11.9
14.18
0
11.9
Scolopax rusticola
37.55
37.55
37.55
37.55
0
37.55
Sitta europaea
0
0
40.16
42.44
0
40.16
Asio otus
47.28
47.28
49.56
49.56
47.28
47.28
Athene noctua
9.51
9.51
11.79
11.79
0
11.79
Bubo bubo
62.93
62.93
65.21
65.21
65.21
62.93
Otus scops
51.95
0
54.23
54.23
0
51.95
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
Anexo_A_metValoracao
Strix aluco
0
0
40.54
40.54
0
38.26
Sturnus unicolor
18.75
0
21.03
21.03
18.75
18.75
Cettia cetti
40.65
0
0
0
0
0
Cisticola juncidis
13.75
0
0
0
0
13.75
Hippolais polyglotta
15.65
17.93
15.65
0
0
0
Phylloscopus bonelli
0
0
45.16
45.16
0
0
Phylloscopus ibericus
0
0
27.44
27.44
0
0
Regulus ignicapilla
40.16
40.16
42.44
40.16
0
0
Sylvia atricapilla
8.75
11.03
8.75
8.75
0
8.75
Sylvia cantillans
13.15
13.15
13.15
15.43
0
15.43
Sylvia conspicillata
35.21
0
32.93
0
0
32.93
Sylvia melanocephala
17.55
13.75
0
13.75
0
13.75
Sylvia undata
51.08
48.8
48.8
48.8
0
0
Troglodytes troglodytes
10.27
10.27
12.55
10.27
10.27
0
Erithacus rubecula
13.26
13.26
15.54
15.54
13.26
0
Luscinia megarhynchos
0
12.55
0
0
0
0
Monticola solitarius
0
0
0
0
48.91
0
Oenanthe hispanica
0
0
68.2
68.2
68.2
0
Phoenicurus ochruros
18.96
0
0
0
17.44
0
Saxicola torquatus
11.79
9.51
0
0
9.51
9.51
Turdus merula
5.76
8.04
5.76
5.76
8.04
5.76
Turdus philomelos
17.28
17.28
17.28
17.28
17.28
17.28
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
41
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
Mammalia
42
Turdus viscivorus
22.55
22.55
24.83
24.83
22.55
0
Tyto alba
14.4
0
16.68
16.68
16.68
14.4
Upupa epops
37.17
0
37.17
0
0
37.17
Vulpes vulpes
7.44
7.44
7.44
7.44
7.44
7.44
Erinaceus europaeus
8.8
0
0
0
0
8.8
Felis silvestris
67.44
70.48
70.48
70.48
67.44
67.44
Eliomys quercinus
69.34
68.58
68.58
68.58
68.58
0
Lepus granatensis
42.55
41.79
41.79
0
0
41.79
Oryctolagus cuniculus
58.58
59.34
58.58
0
0
59.34
Miniopterus schreibersi
87.6
87.6
0
0
95.2
87.6
Tadarida teniotis
59.67
59.67
59.67
59.67
67.27
59.67
Apodemus sylvaticus
7.55
7.55
7.55
7.55
0
6.79
Microtus cabrerae
72.33
0
70.05
0
0
0
Microtus duodecimcostatus
26.3
25.54
0
0
0
25.54
Microtus lusitanicus
22.55
0
0
0
0
22.55
Mus domesticus
0
0
0
0
0
5.54
Mus spretus
15.54
15.54
15.54
0
15.54
16.3
Rattus norvegicus
7.39
0
0
0
0
7.39
Rattus rattus
9.29
9.29
9.29
9.29
9.29
9.29
Martes foina
9.18
9.18
9.18
6.9
9.18
9.18
Meles meles
9.18
9.18
9.94
9.94
9.18
9.94
Mustela nivalis
9.94
9.18
9.18
9.18
6.9
9.94
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
Anexo_A_metValoracao
Mustela putorius
43.2
43.2
43.2
43.2
43.2
43.2
Rhinolophus euryale
0
89.34
89.34
89.34
96.94
0
Rhinolophus ferrumequinum
67.82
67.82
67.82
67.82
75.42
67.82
Rhinolophus hipposideros
72.82
72.82
72.82
72.82
80.42
72.82
Rhinolophus mehelyi
99.5
99.5
99.5
0
107.1
0
Crocidura russula
14.18
14.18
14.18
14.18
14.18
14.18
Crocidura suaveolens
16.68
16.68
14.4
14.4
16.68
16.68
Sorex granariu
29.18
29.18
29.18
29.18
29.18
29.94
Sorex minutus
21.19
21.19
20.43
20.43
20.43
20.43
Suncus etruscus
21.95
21.95
21.95
21.95
21.95
22.71
Sus scrofa
8.8
8.8
8.8
8.8
6.52
6.52
Talpa occidentali
19.18
19.18
19.18
19.18
0
19.94
Barbastella barbastellus
0
0
85.1
85.1
85.1
80.92
Eptesicus serotinus
56.46
56.46
56.46
56.46
60.26
56.46
Myotis blythii
90.59
0
0
0
98.19
90.59
Myotis daubentonii
45.54
45.54
45.54
0
53.14
0
Myotis emarginatus
62.06
62.06
0
0
69.66
62.06
Myotis myotis
61.3
0
61.3
61.3
68.9
61.3
Myotis nattereri
0
0
64.83
64.83
70.15
62.55
Nyctalus leisleri
65.16
0
67.44
67.44
0
65.16
Pipistrellus kuhlii
54.56
0
0
0
57.6
54.56
Pipistrellus pipistrellus
45.65
45.65
47.93
45.65
53.25
45.65
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
43
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
44
Pipistrellus pygmaeus
0
0
48.09
48.09
0
0
Plecotus auritus
0
0
57.93
57.93
0
0
Genetta genetta
19.94
19.18
19.18
19.18
16.9
16.9
Herpestes ichneumon
23.15
26.19
23.15
23.15
25.43
23.15
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
4.3. METODOLOGIA DE VALORAÇÃO FAUNÍSTICA DOS BIÓTOPOS
Os biótopos definidos foram hierarquizados, de acordo com o valor ecológico da fauna que
potencialmente os utiliza. Neste processo optou-se por valorizar os biótopos em função das 50
espécies com VEE mais elevado, através da média dos respetivos VEE, no intuito de que o
zonamento dos biótopos tenha em conta de forma inequívoca a importância para a conservação de
espécies mais ameaçadas, raras, ou muito vulneráveis, ainda que estas possam também ser
contempladas na fase seguinte do processo da valoração (Identificação de Espécies singulares ou
prioritárias).
Uma vez calculado o valor faunístico de cada biótopo (Quadro 12) procedeu-se a quantificação dos
polígonos definidos aquando da elaboração da Carta da Biótopos. No caso dos polígonos com mais
do que um biótopo, o valor faunístico do polígono foi obtido através da média dos valores faunísticos
ponderada pela percentagem de ocupação de cada biótopo. A área do polígono ocupado por área
artificializada, correspondente essencialmente a pedreiras em exploração, escombreiras e acessos,
foi também considerada no processo de valoração, tendo neste caso atribuído o valor zero de VFB.
Quadro 12 – Número de espécies associadas e valor faunístico obtido para cada um dos biótopos
considerados, excetuando a Área artificializada
ESPAÇOS
FLORESTAIS
BIÓTOPOS E M ATOS M ATAGAIS FLORESTAIS
NÃO
AUTÓCTONES
RASTEIROS
AUTÓCTONES
PRADOS
ESPAÇOS
ALCANTILADOS
ROCHOSOS
ÁREAS
AGRÍCOLAS
REB
138
103
125
114
101
141
VFB
61.7
57.6
59.7
56.9
61.15
60.0
Após a determinação do VFB, a metodologia de base prevê a hierarquização dos biótopos e a sua
categorização em termos de importância para a conservação da fauna, através da classificação em 4
classes de relevância: Baixa, Média, Alta, Excecional. Nesta fase, procedeu-se a alguns
ajustamentos da metodologia de base. Primeiro, optou-se por se estabelecer classes de relevância
em função do valor faunístico dos polígonos e não dos biótopos dado que a variabilidade de valor
faunístico é muito maior quando se considera a primeira valoração, permitindo assim um zonamento
mais fino do valor faunístico da área de estudo. A segunda alteração à metodologia base consistiu
em considerar apenas os seguintes 3 níveis de classificação quanto à relevância dos polígonos em
função do VFB:
·
Baixa [0-39] – polígonos com pouca expressão dos biótopos considerados, com elevada área
artificializada;
·
Média ]39-59.6] – polígonos com predominância elevada expressão dos biótopos menos
valorados considerados;
·
Alta (≥59.7) – polígonos com predominância dos biótopos naturais com maior valor
faunístico.
A atribuição da classe Excecional, não foi atribuída no presente exercício dado que se considerou
estarem ausentes da área em estudo habitats considerados de extrema importância no contexto
faunístico do PNSAC. Em concreto, não foram identificadas cavidades rochosas que servem de
locais de abrigo e reprodução para espécies de alto valor de conservação como são algumas
espécies de morcegos e a gralha-de-bico vermelho. Na mesma ótica não foi considerado no
Anexo_A_metValoracao
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
45
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
exercício a fase de Identificação de Espécies ou Locais Prioritários que seria adequada para a
valoração das cavidades rochosas anteriormente descritas.
Desta forma a Carta de Valores Faunísticos resulta diretamente do cálculo do Valor Faunístico dos
biótopos tal como consta na Figura 6.
Figura 6 - Carta de valoração faunística dos biótopos
46
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
5. BIBLIOGRAFIA
BILZ, M.; KELL, S.P.; MAXTED, N. & LANSDOWN, R.V. 2011. European Red List of Vascular Plants.
Luxembourg: Publications Office of the European Union.
BRUUN, B. & FUNDO PARA A PROTECÇÃO DOS ANIMAIS SELVAGENS (Portugal), 1995. Aves de
Portugal e Europa. Câmara municipal do Porto: Porto.
CABRAL (COORD.), M. J., J ALMEIDA, P R ALMEIDA, T DELLINGER, N FERRAND DE ALMEIDA,
M E OLIVEIRA, J M PALMEIRIM, A L QUEIROZ, L ROGADO, & M SANTOS-REIS. 2006. 660 Livro
Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Instituto de Conservação da Natureza. 2aEdição Lisboa:
Instituto da Conservação da Naturez/Assírio & Alvim.
CATRY, P., COSTA, H., ELIAS, G. & MATIAS, R. 2010. Aves de Portugal : ornitologia do território
continental. Assírio & Alvim: Lisboa.
EQUIPA ATLAS. 2008. Atlas das Aves Nidificantes em Portugal (1999-2005). ed. Parque Natural da
Madeira e Secretaria Regional do Ambiente e do Mar Instituto da Conservação da Natureza e
Biodiversidade, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves. Lisboa: Assírio & Alvim.
ESPÍRITO-SANTO, M.D.; Costa, J.C.; Lousã, M.F.; Capelo, J.H. & Aguiar, C. 1995b. Listagem dos
habitats naturais contidos na Directiva 92/43/CEE presentes em Portugal. Departamento de Botânica
e Engenharia Biológica. Instituto Superior de Agronomia. Universidade Técnica de Lisboa.
FERRAND DE ALMEIDA, N., FERRAND DE ALMEIDA, P., GONÇALVES, H., SEQUEIRA, F.,
TEIXEIRA, J. & ALMEIDA, F.F. 2001. Guia FAPAS Anfíbios e Répteis de Portugal – Porto: FAPAS e
Câmara Municipal do Porto. 249 pp
FLOR, A. 2005. Plantas a proteger no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. Instituto da
Conservação da Natureza. Lisboa.
ICN (2005) Caderno de Encargos do Plano de Ordenamento e Gestão da Paisagem Protegida da
Arriba Fóssil da Costa da Caparica, Lagoa de Albufeira e Áreas Adjacentes. Anexo III.
ICN, 2006. Plano Sectorial da Rede Natura 2000. Cartografia de Valores Naturais – Sítios.
ICN, 2007. Revisão do Plano de Ordenamento do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros Caracterização e Diagnóstico. PNSAC.
IUCN 2012. The IUCN Red List of Threatened Species. Version 2012.2. <http://www.iucnredlist.org>
KENT, M. & COKER, P. 1992. Vegetation description and analysis. A practical approach. John Wiley
& Sons,Ltd. Chichester.
KRUCKBERG, A.R. & RABINOWITZ, D. 1985. Biological aspects of endemism in higher plants. Ann.
Rev. Ecol. Syst. 16: 447-479.
LOIDI, J. 2008. La fitossociologia como provedora de herramientas de gestión. Lazaroa 29: 7-17.
LOUREIRO, A., CARRETERO, N. & PAULO, O, 2010. Atlas dos anfíbios e répteis de Portugal.
Esfera do Caos: Lisboa.
MACDONALD, D. & BARRET, P. 1993. Mamíferos de Portugal e Europa, Guias FAPAS, Porto.
MATHIAS, M. (Coord.) 1999. Guia dos Mamíferos Terrestres de Portugal Continental, Açores e
Madeira. Instituto da Conservação da Natureza, Lisboa.
Anexo_A_metValoracao
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
47
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
PURROY IRAIZOZ, F. J. & VARELA, J. M, 2003. Guía de los mamíferos de España: península,
Baleares y Canarias. Lynx Edicions: Seo/Birdlife: Barcelona.
RABINOWITZ, D.; CAIRNS, S. & DILLON, T. 1986. Seven forms of rarity and their frequency in the
flora of the British Isles. Pages 182-204 in M. E. Soulé, editor. Conservation biology: the science of
scarcity and diversity. Sinauer, Sunderland, Massachusetts, USA.
RAINHO, A.; RODRIGUES, L.; BICHO, S.; FRANCO, C.; PALMEIRIM, J.M. 1998. Morcegos das
Áreas Protegidas I. Estudos de Biologia e Conservação da Natureza, 26. ICN, Lisboa.
SOUTO CRUZ. 1999. Metodologia sobre a cartografia da flora e vegetação do Parque Natural da
Arrábida. Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida.
Páginas Web Consultadas:
www.anthos.es
www.icnf.pt
http://www.icnf.pt/NR/rdonlyres/BB81AC9B-8BD0-4CC0-A51564D5EEE6ED5D/0/RCM_57_2010_POPNSAC.pdf (Resolução do Conselho de Ministros n.º 57/2010)
www.iucnredlist.org
ww2.bgbm.org/EuroPlusMed/[accessedDATE]
48
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
Anexo_A_metValoracao
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
ANEXO I
Email relativo à Listagem de Flora a utilizar na metodologia de Valoração
Anexo_A_metValoracao
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
49
- Estudos
07/11/12
e Div ulgação em Ambiente Correio - Fw: Compilacao_Flora_Indice
Sónia Malveiro <[email protected]>
Fw: Compilacao_Flora_Indice
Ana Amaral <[email protected]>
Para Catarina Azinheira <[email protected]>
Cc: Sónia Malveiro <[email protected]>, Patricia Rodrigues <[email protected]>
23 de Julho de 2012 12:49
----- Original Message ----From: PNSAC - Paula Maria Duarte
To: [email protected]
Cc: PNSAC (Superv) - Manuel Duarte
Sent: Monday, July 23, 2012 12:40 PM
Subject: FW: Compilacao_Flora_Indice
Em resposta ao solicitado no email de 4 de Julho, junto envio os comentários efetuados à listagem.
Com melhores cumprimentos
O Secretariado
Paula Duarte
Paula Maria Duarte
ICNB.I.P - Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade
DGACLLO - Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros
Rua Dr. Augusto César da Silva Ferreira
2040-215 RIO MAIOR
Telef. 243 999 481 Fax 243 999 488
[email protected]
https://mail.google.com/mail/u/0/?ui=2&ik=3e02be4956&v iew=pt&q=IndiceValoracao_Flora&qs=true&…
1/2
- Estudos
07/11/12
e Div ulgação em Ambiente Correio - Fw: Compilacao_Flora_Indice
De: Ana Amaral [mailto:[email protected]]
Enviada: quarta-feira, 4 de Julho de 2012 18:33
Para: PNSAC (Superv) - Manuel Duarte
Assunto: Compilacao_Flora_Indice
Importância: Alta
Caro Eng.º Manuel Duarte,
Uma vez que o ICNB ainda não tem disponível a lista preliminar de plantas a integrar o livro vermelho da flora, do elenco por
nós construído foram selecionámos aquelas que eventualmente poderão integrar essa lista. Assim enviamos, em anexo, proposta de
listagem para a qual solicitamos análise crítica.
Grata pela atenção.
Cumprimentos,
Ana Amaral
Rua do Alto da Terrugem, nº2, 2770-012 Paço de Arcos, Portugal
Tel: + 351 214 461 420, Fax: + 351 214 461 421
2 anexos
IndiceValoracao_Flora_AEI_PNSAC_2012.docx
23K
IndiceValoracao_Flora_AEI_PNSAC_2012_Comentários.docx
19K
https://mail.google.com/mail/u/0/?ui=2&ik=3e02be4956&v iew=pt&q=IndiceValoracao_Flora&qs=true&…
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
ANEXO II
Email relativo à Listagem de Fauna de interesse regional a utilizar na metodologia de Valoração
Anexo_A_metValoracao
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
51
07/11/12
Sónia Malveiro <[email protected]>
Fwd: Lista das espécies de fauna de interesse regional
Ana Amaral <[email protected]>
Para Sónia Malveiro <[email protected]>
21 de Junho de 2012 18:46
Enviado do meu iPad
Iniciar a mensagem reencaminhada:
De: "PNSAC \(Superv\) - Manuel Duarte" <[email protected]>
Data: 21 de Junho de 2012 16:27:54 WEST
Para: "Ana Amaral" <[email protected]>
Assunto: FW: Lista das espécies de fauna de interesse regional
Ana, boa tarde.
Conforme combinado na reunião, junto segue a lista das espécies da fauna com interesse
regional.
Cumprimentos
Manuel Duarte
Manuel Duarte
Instituto da Conserv ação da Natureza e da Biodiv ersidade ( ICNB, I.P.)
Departamento de Gestão de Áreas Classificadas do Litoral de Lisboa e Oeste
Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros
Rua Dr. Augusto César Silva Ferreira 2040-215 RIO MAIOR
tel. 243999480 fax. 243999488
https://mail.google.com/mail/u/0/?ui=2&ik=3e02be4956&v iew=pt&q=manuel duartem%40icnb.pt&qs=t…
1/2
ação 07/11/12
em Ambiente Correio - Fwd: Lista das espécies de f auna de interesse…
De: PNSAC - Luís António Ferreira
Enviada: quinta-feira, 21 de Junho de 2012 16:24
Para: PNSAC (Superv) - Manuel Duarte
Cc: DGAC LLO (Dir Adj) - Teresa Leonardo; DGAC LLO (Dir) - Sofia Castel-Branco da Silveira
Assunto: Lista das espécies de fauna de interesse regional
Manuel,
No seguimento da reunião entre o ICNB e a empresa que se encontra a elaborar os
estudos para as AIE’s do POPNSAC, segue anexo o xls. com a lista de espécies de
interesse regional (PNSAC) adaptada/atualizada da que foi considerada para o POPNSAC.
LAF
Luís António Jorge Ferreira
Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB, I.P.)
Departamento de Gestão de Áreas Classificadas do Litoral de Lisboa e Oeste (DGAC-LLO)
Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC)
Rua Dr. Augusto César Silva Ferreira 2040-215 RIO MAIOR
tel. 243999480 fax. 243999488
legenda mail_b
Especies de fauna de interesse regional.xlsx
13K
https://mail.google.com/mail/u/0/?ui=2&ik=3e02be4956&v iew=pt&q=manuel duartem%40icnb.pt&qs=t…
2/2
PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA INDÚSTRIA EXTRATIVA
EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NO
MACIÇO CALCÁRIO ESTREMENHO
ANEXO III
Listagem de Fauna de interesse regional a utilizar na metodologia de Valoração
Anexo_A_metValoracao
METODOLOGIA PARA VALORAÇÃO
53
LISTA DE ESPÉCIES DE INTERESSE REGIONAL/LOCAL
Espécie
Nome comum
Ocorrência
Anfíbios
Triturus boscai
Tritão-de-ventre-laranja
Discoglossus galganoi
Rã-de-focinho-pontiagudo
Hyla meridionalis
Rela-meridional
Residente; Endemismo ibérico
Residente
Residente; Endemismo ibérico
Répteis
Acanthodactylus erythrurus
Lagartixa-de-dedos-denteados
Residente
Psammodromus hispanicus
Lagartixa-do-mato-ibérica
Residente
Vipera latastei
Víbora-cornuda
Residente
Tachybaptus ruficollis
Mergulhão-pequeno
Residente
Nycticorax nycticorax
Goraz
Estival nidificante
Ardea cinerea
Garça-real
Essencialmente invernante
Anas platyrhynchos
Pato-real
Residente
Elanus caeruleus
Peneireiro-cinzento
Residente
Circaetus gallicus
Águia-cobreira
Estival nidificante
Circus cyaneus
Tartaranhão-azulado
Invernante
Cyrcus pygargus
Tartaranhão-caçador
Estival/de passagem
Accipiter gentilis
Açor
Residente
Accipiter nisus
Gavião
Residente
Hieraaetus pennatus
Águia-calçada
Estival nidificante
Hieraaetus fasciatus
Águia de Bonelli
Residente
Falco columbarius
Esmerilhão
Invernante
Falco subbuteo
Ógea
Estival nidificante
Coturnix coturnix
Codorniz
Estival nidificante
Gallinula chloropus
Galinha-de-água
Residente
Fulica atra
Galeirão
Invernante
Scolopax rusticola
Galinhola
Invernante
Otus scops
Mocho-d`orelhas
Estival nidificante
Bubo bubo
Bufo-real
Residente
Strix aluco
Coruja-do-mato
Residente
Asio otus
Bufo-pequeno
Residente
Caprimulgus europaeus
Noitibó-cinzento
Estival nidificante
Caprimulgus ruficollis
Noitibó-de-nuca-vermelha
Estival nidificante
Upupa epops
Poupa
Estival/residente
Alcedo atthis
Guarda-rios
Residente
Merops apiaster
Abelharuco
Estival nidificante
Jynx torquilla
Torcicolo
Estival nidificante
Galerida cristata
Cotevia-de-poupa
Residente
Riparia riparia
Andorinha-das-barreiras
Estival nidificante
Hirundo daurica
Andorinha-dáurica
Estival nidificante
Anthus campestris
Petinha-dos-campos
Estival nidificante
Oenanthe hispanica
Chasco-ruivo
Estival nidificante
Monticola solitarius
Melro-azul
Residente
Cetti cetti
Rouxinol-bravo
Residente
Phyloscopus bonelli
Felosa-de-papo-branco
Estival nidificante
Regulus ignicapilla
Estrelinha-real
Residente
Aves
Espécie
Nome comum
Ocorrência
Sita europaea
Trepadeira-azul
Residente
Oriolus oriolus
Papa-figos
Estival nidificante
Lanius senator
Picanço-barreteiro
Estival nidificante
Pyrrhocorax pyrrhocorax
Gralha-de-bico-vermelho
Residente
Corvus corax
Corvo
Residente
Petronia petronia
Pardal-francês
Residente
Lepus granatensis
Lebre
Residente
Oryctolagus cuniculus
Coelho-bravo
Residente
Eliomys quercinus
Leirão
Residente
Mustela putorius
Toirão
Residente
Felis silvestris
Gato-bravo
Residente
Mamíferos
Todos os MORCEGOS
Quadro 1 – Lista de espécies de flora identificadas na área de estudo da AIE de
Cabeça Veada. Respetivas famílias, nome científico(nomenclatura de acordo com
a Flora Ibérica www.floraiberica.es), nomes comuns e estatuto: biogeográfico de
acordo com www.floraiberica.es e, de proteção de acordo com a legislação em
vigor (Decreto-Lei n.º 254/2009, de 24 de Setembro, Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 de
Abril e Decreto-Lei n.º 49/2005 de 24 de fevereiro e Decreto-Lei nº 114/90 de 5 de
Abril).
F AMÍLIA
G ÉNERO /ESPÉCIE
NOME C OMUM
Selaginellaceae
Selaginella denticulata (L.) PB.
ex Schrank & Mart.
Selaginela
Polypodiaceae
Polypodium vulgare L.
Fentelha
Hypolepidaceae
Pteridium aquilinum (L.) Kuhn
subsp. aquilinum
Feto-do-monte
Aspleniaceae
Asplenium billotii F.W. Schultz.
Fentilho
Asplenium onopteris L.
Avenca-negra
Asplenium ruta-muraria L.
subsp. ruta-muraria
Arruda-dos-muros
Asplenium trichomanes L.
subsp. quadrivalens D.E. Mey
Avencão
Ceterach officinarum Willd.
subsp. officinarum
Doiradinha
Pinaceae
Pinus pinaster Aiton
Pinheiro-bravo
Aristolochiaceae
Aristolochia paucinervis Pomel
Erva-bicha
Ranunculaceae
Delphinium pentagynum Lam.
Nigella damascena L.
Barbas-de-velho
Papaveraceae
Papaver dubium L.
Papoila-longa
Fagaceae
Quercus coccifera L.
Carrasco
Quercus faginea Lam. Subsp.
broteroi (Cout.) A. Camus
Carvalhocerquinho
Quercus ilex L. subsp. ballota
(Desf.) Samp.
Azinheira
Quercus suber L.
Sobreiro
Caryophyllaceae
Decreto-Lei n.º 254/2009,
de 24 de setembro
Endemismo Ibérico
Arenaria conimbricensis Brot.
subsp. conimbricensis
Arenaria montana L. subsp.
montana
ESTATUTO DE PROTEÇÃO
arenária
Cerastium glomeratum Thuill.
Endemismo Lusitânico
Dianthus cintranus Boiss. &
Reut. subsp. barbatus R. Fern. &
Franco
Paronychia argentea Lam.
Erva-prata
Petrorhagia nanteuilii (Burnat)
P.W. Ball & Heywood
Silene fuscata Link ex Brot.
Silene longicilia (Brot.) Otth
Endemismo Lusitânico;
Anexos B-II, B-IV e B-V do
Decreto-Lei n.º 140/99
de 24 de abril, alterado
pelo Decreto-Lei n.º
49/2005, de 24 de
fevereiro
F AMÍLIA
G ÉNERO /ESPÉCIE
NOME C OMUM
ESTATUTO DE PROTEÇÃO
Silene vulgaris (Moench)
Garcke subsp. vulgaris
Spergularia purpurea (Pers.)
G.Don.
Sapinho-roxo
Spergularia cf. segetalis (L.) G.
Don.
Sapinho-daspastagens
Polygonaceae
Rumex bucephalophorus L.
subsp. gallicus (Steinh.) Rech.
Fil.
Catacuzes
Paeoniaceae
Paeonia broteroi Boiss. & Reut.
Rosa-albardeira
Guttiferae
Hypericum humifusum L.
Erva-das-milfolhinhas
Hypericum perforatum L. subsp.
perforatum
Milfurada
Malvaceae
Malva hispanica L.
Malva-deespanha
Cistaceae
Cistus albidus L.
Roselha-maior
Cistus crispus L.
Roselha
Cistus monspeliensis L.
Sargaço
Cistus psilosepalus Sweet
Sanganho
Cistus salvifolius L.
Saganho-mouro
Xolantha guttata (L.) Raf.
Xolantha tuberaria (L.)
Gallego, Munoz Garm. & C.
Navarro
Brassicaceae
Alcar
Biscutella valentina (Loefl. ex
L.) Heywood subsp. valentina
Iberis procumbens Lange
subsp. microcarpa Franco & P.
Silva
Assembleias
Endemismo Lusitânico;
Anexos B-II, B-IV e B-V do
Decreto-Lei n.º 140/99
de 24 de abril, alterado
pelo Decreto-Lei n.º
49/2005, de 24 de
fevereiro
Teesdalia coronopifolia (J.
Bergeret) Thell.
Ericaceae
Primulaceae
Crassulaceae
Calluna vulgaris (L.) Hull
Torga-ordinária
Erica lusitanica Rudolphi
Queiroga
Erica scoparia L. subsp.
scoparia
Urze-dasvassouras
Anagallis arvensis L.
Morrião
Anagallis monelli L.
Morrião-grande
Sedum album L.
Sedum forsterianum Sm.
Sedum sediforme (Jacq.) Pau
Saxifragaceae
Saxifraga cintrana Kuzinsky
Rosaceae
Aphanes australis Rydb.
Erva-pinheira
Endemismo Lusitânico
Crataegus monogyna Jacq.
Pilriteiro
Pyrus bourgaeana Decne.
Carapeteiro
F AMÍLIA
G ÉNERO /ESPÉCIE
NOME C OMUM
Rubus ulmifolius Schott
Silva
ESTATUTO DE PROTEÇÃO
Sanguisorba verrucosa (Link ex
G. Don) Ces.
Fabaceae
Anthyllis vulneraria L. subsp.
maura (Beck) Maire
Anthyllis vulneraria L. subsp.
gandogeri (Sagorski) W. Becker
ex. Maire
Genista triacanthos (Cav.) DC.
Ranha-lobo
Endemismo Ibérico
Genista tournefortii Spach
subsp. tournefortii
Lotus corniculatus L.
Cornichão
Lotus parviflorus Desf.
Medicago polymorpha L.
Ononis pusilla L. subsp. pusilla
Ononis reclinata L. subsp.
reclinata
Scorpiurus sulcatus L.
Cornilhão
Trifolium angustifolium L.
Trevo-de-folhasestreitas
Trifolium campestre Schreb.
Trevo-amarelo
Trifolium pratense L. subsp.
pratense
Pé-de-lebre
Trifolium repens L.
Trevo-rasteiro
Trifolium subterraneum L. subsp.
subterraneum
Trevosubterrâneo
Trifolium stellatum L.
Trevo-estrelado
Ulex europaeus L. subsp.
europaeus
Tojo-arnal
Ulex europaeus L. subsp.
latebracteus (Mariz) Rothm.
Tojo-arnal-dolitoral
Endemismo Ibérico
Ulex jussiae Webb
Tojo-durázio
Endemismo Lusitânico
Thymelaeaceae
Daphne gnidium L.
Trovisco
Myrtaceae
Eucalyptus globulus Labill.
Eucalipto-comum
Santalaceae
Osyris alba L.
Cássia-branca
Rafflesiaceae
Cytinus hypocistis (L.) L.
Pútegas-deescamas
Euphorbiaceae
Euphorbia exigua L. subsp.
exigua
Ésula-menor
Euphorbia pterococca Brot.
Ésula-angulosa
Euphorbia segetalis L.
Alforva-brava
Rhamnaceae
Rhamnus alaternus L.
Sanguinho-dassebes
Rutaceae
Ruta chalepensis L.
Arruda-doscalcários
Linaceae
Linum bienne Miller
Linhaça
Linum strictum L. subsp. strictum
Geraniaceae
Erodium cicutarium (L.) L'Hér.
Bico-de-cegonha
F AMÍLIA
G ÉNERO /ESPÉCIE
NOME C OMUM
ESTATUTO DE PROTEÇÃO
subsp. cicutarium
Geranium lucidum L.
Polygalaceae
Geranium purpureum Vill.
Erva-de-sãoroberto
Geranium robertianum L.
Bico-de-grou
Polygala monspeliaca L.
Polygala vulgaris L.
Erva-leiteira
Araliaceae
Hedera maderensis K. Koch. ex.
A. Rutherf subsp. iberica
McAllister
Hera
Apiaceae
Bupleurum gerardi All.
Endemismo Ibérico
Bupleurum rigidum L. subsp.
paniculatum (Brot.) H. Wolff
Gentianaceae
Conopodium marianum Lange
Trangulho
Daucus carota L.
Cenoura-brava
Eryngium campestre L.
Cardo-corredor
Thapsia villosa L.
Turbit-da-terra
Torilis arvensis (Huds.) Link.
subsp. neglecta (Spreng.) Thell.
Salsinha
Blackstonia perfoliata (L.)
Hudson subsp. perfoliata
Centaurium erythraea Rafn
subsp. grandiflorum (Biv.)
Melderis
Fel-da-terramaior
Olea europaea L.
Oliveira
Olea europaea L. var. sylvestris
(Mill.) Lehr
Zambujeiro
Phillyrea angustifolia L.
Lentisco
Convolvulaceae
Convolvulus arvensis L.
Corriola
Boraginaceae
Echium plantagineum L.
Soagem
Echium tuberculatum
Hoffmanns. & Link
Viperina
Ajuga reptans L.
Língua de boi
Calamintha nepeta (L.) Savi
subsp. nepeta
Calaminta-dasmontanhas
Clinopodium vulgare L.
Clinopódio
Lavandula stoechas L. subsp.
stoechas
Rosmaninho
Oleaceae
Lamiaceae
Nepeta tuberosa L.
Origanum vulgare L. subsp.
virens (Hoffmanns. & Link)
Bonnier & Layens
Oregão
Phlomis lychnitis L.
Salva-brava
Rosmarinus officinalis L.
Alecrim
Salvia sclareoides Brot.
Salva-do-sul
Teucrium capitatum L. subsp.
capitatum
Teucrium chamaedrys L.
Carvalhinha
Endemismo Ibérico
F AMÍLIA
G ÉNERO /ESPÉCIE
NOME C OMUM
Teucrium haenseleri Boiss.
Plantaginaceae
Scrophulariaceae
Endemismo Ibérico
Thymus zygis L. subsp. sylvestris
(Hoffmanns & Link) Cout.
Sal-da-terra
Plantago afra L.
Erva-das-pulgas
Plantago coronopus L.
Corno-de-veado
Plantago lagopus L.
Erva-da-mosca
Antirrhinum linkianum Boiss. &
Reut.
Bocas-de-lobo
Campanulaceae
Campanula rapunculus L.
Campainharabanete
Rubiaceae
Rubia peregrina L.
Raspalíngua
Caprifoliaceae
Lonicera etrusca Santi
Madressilvacaprina
Lonicera implexa Aiton
Madressilva
Centranthus calcitrapae (L.)
Dufr.
Calcitrapa
Valerianella discoidea (L.)
Loisel.
Alface-robusta
Andryala corymbosa L.
Alface-doscalcários
Andryala integrifolia L.
Tripa-de-ovelha
Bellis perennis L.
Margarida
Calendula arvensis L.
Erva-vaqueira
Asteraceae
Calendula suffruticosa Vahl
subsp. lusitanica (Boiss.) Ohle
Carduus tenuiflorus Curtis
Cardo-azul
Carlina corymbosa L. subsp.
corymbosa.
Centaurea calcitrapa L.
Cardo-estrelado
Centaurea melitensis L.
Beija-mão
Centaurea ornata Willd. subsp.
ornata
Lavapé
Centaurea pullata L.
Cardinho-dasalmorreimas
Centaurea sphaerocephala L.
subsp. lusitanica (Boiss. &
Reuter) Nyman
Lóios-ásperos
Chamaemelum mixtum (L.) All.
Margaça
Coleostephus myconis (L.)
Reichenb.
Pampilho-demicão
Crepis capillaris (L.) Wallr.
Almeirão-branco
Crupina vulgaris Cass.
Filago lutescens Jordan subsp.
atlantica Wagenitz
Galactites tomentosa Moench
Endemismo Ibérico
Endemismo Ibérico
Endemismo Ibérico
Linaria amethystea (Vent.)
Hoffmanns. & Link subsp.
amethystea
Valerianaceae
ESTATUTO DE PROTEÇÃO
Cardo
F AMÍLIA
G ÉNERO /ESPÉCIE
NOME C OMUM
Hedypnois cretica (L.) Dum.Courset
Alface-de-porco
Helichrysum stoechas (L.)
Moench subsp. stoechas
Perpétuas-dasareias
ESTATUTO DE PROTEÇÃO
Hypochaeris glabra L.
Hypochaeris radicata L.
Leiteirigas
Lactuca serriola L.
Alface-bravamenor
Lactuca vimenea (L.) J. & C.
Presl subsp. chondrilliflora
(Boreau) Bonnier
Leituga-branca
Leontodon taraxacoides (Vill.)
Mérat subsp. longirostris Finch
P.D. Sell
Leituga-dosmontes
Leuzea conifera (L.) DC
Pallenis spinosa (L.) Cass.
subsp. spinosa
Pampilhoespinhoso
Phagnalon saxatile (L.) Cass.
Alecrim-dasparedes
Pulicaria odora (L.) Reichenb.
Montã
Reichardia picroides (L.) Roth
Araceae
Scolymus hispanicus L.
Cangarinha
Sonchus tenerrimus L.
Serralha
Tolpis barbata (L.) Gaertner
Olho-de-mocho
Urospermum picroides (L.) F.W.
Schmidt
Leituga-de-burro
Arisarum simorrhinum Durieu
Candeias
Biarum arundanum Boiss. &
Reut.
Cyperaceae
Carex distachya Desf.
Carex flacca Schreb.
Poaceae
Agrostis castellana Boiss. &
Reuter
Agrostis
Agrostis stolonifera L.
Agrostide-de-cão
Avena barbata Link in Schrader
Balanco-bravo
Endemismo Ibérico
Avenula sulcata (Boiss.)
Dumort. subsp. occidentalis
(Gervais) Romero Zarco
Brachypodium dystachion (L.)
Beauv.
Brachypodium phoenicoides
(L.) Roemer & Schultes
Braquipódio
Briza maxima L.
Bole-bole-maior
Bromus madritensis L.
Espadana
Cynosurus echinatus L.
Rabo-de-cão
Dactylis glomerata L.
Panasco
Gastridium ventricosum
(Gouan) Schinz & Thell
F AMÍLIA
G ÉNERO /ESPÉCIE
NOME C OMUM
Gaudinia fragilis (L.) Beauv.
Azevémquebradiço
Holcus lanatus L.
Erva-lanar
Holcus mollis L. subsp. mollis
Erva-molar
ESTATUTO DE PROTEÇÃO
Rara
Koeleria vallesiana (Honckeny)
Gaudin subsp. vallesiana
Lagurus ovatus L.
Rabo-de-lebre
Melica ciliata L. subsp. magnolii
(Gren. & Godron) Husnot
Mélica-ciliada
Melica minuta L.
Rostraria cristata (L.) Tzvelev
Rabo-de-cão
Stipa gigantea Link in Schrader
Baracejo
Trisetaria panacea (Lam.)
Paunero
Vulpia ciliata Dumort.
Vulpia geniculata (L.) Link
Vulpia myuros (L.) C.C. Gmelin
Liliaceae
Allium pallens L.
Allium roseum L.
Alho-rosado
Allium sphaerocephalon L.
Alho-bravo
Asparagus acutifolius L.
Espargo-bravomenor
Asparagus albus L.
Estrepes
Asparagus aphyllus L.
Espargo-bravomaior
Asphodelus aestivus Brot.
Abrótea-deverão
Crocus serotinus Salisb. subsp.
serotinus
Açafrão-bravo
Endemismo Ibérico
Fritillaria lusitanica Wikström
Fritilária
Endemismo Ibérico
Gladiollus communis L.
Espadana-dosmontes
Hyacinthoides hispanica
(Miller) Rothm.
Jacinto-doscampos
Ornithogalum bourgaeanum
Jord. & Fourr.
Leite-de-galinha
Ruscus aculeatus L.
Gilbardeira
Scilla autumnalis L.
Amaryllidaceae
Urginea maritima (L.) Baker
Cebola-albarrã
Leucojon autumnale L.
Campainhas-dooutono
Anexo B-V do DecretoLei n.º 140/99 de 24 de
abril, alterado pelo
Decreto-Lei n.º 49/2005,
de 24 de fevereiro
F AMÍLIA
G ÉNERO /ESPÉCIE
NOME C OMUM
ESTATUTO DE PROTEÇÃO
Narcissus bulbocodium L.
Campainhasamarelas
Anexo B-V do DecretoLei n.º 140/99 de 24 de
abril, alterado pelo
Decreto-Lei n.º 49/2005,
de 24 de fevereiro
Iridaceae
Romulea bulbocodium (L.)
Sebastiani & Mauri subsp.
bulbocodium
Smilacaceae
Smilax aspera L.
Salsaparrilha
Dioscoreaceae
Tamus communis L.
Uva-de-cão
Orchidaceae
Anacamptis pyramidalis (L.)
Rich.
Orquídeapiramidal
Barlia robertiana (Loisel.) W.
Greuter
Salepeira-grande
Cephalantera longifolia (L.)
Fritsch
Ophrys fusca Lonk
Moscardo-fusco
Ophrys scolopax Cav.
Flor-dospassarinhos
Ophrys tenthredinifera Willd.
Orchis mascula L.
Satirião-macho
Orchis morio L.
Testículo-de-cão
Orchis papilionacea L.
Erva-borboleta
Serapias lingua L.
Erva-língua
Serapias parviflora Parl.
Serapião-delíngua-pequena
Decreto-Lei nº 114/90 de
5 de abril (Convenção
CITES)
Quadro 1. Lista potencial de Anfíbios para a área de estudo e envolvente próxima. Nome científico, nome vulgar, Ocorrência: C=Confirmada (se a espécie foi
confirmada na área de estudo durante os levantamentos de campo); P=Potencial (se a ocorrência da espécie está confirmada na área do PNSAC, ou se é
potencial na área de estudo de acordo com as fontes consultadas: Loureiro et al., 2010; http://www.iucnredlist.org/). Estatuto de Conservação em Portugal
segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al., 2006). Convenções/Decreto-Lei: Estatuto nas Convenções Internacionais e Comunitárias
de proteção da fauna: Convenções de Berna, Bona, CITES e Decreto-Lei 140/99, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei 49/2005, de 24 de
Fevereiro.*Endemismo Ibérico.
Estatuto de
Conservação
Nome científico
Nome vulgar
Convenções/ Decreto-Lei
Ocorrência
Portugal
Berna
Bona
CITES
D.L. 140/99
Salamandra-de-costelas-salientes
P
LC
III
-
-
-
Salamandra salamandra
Salamandra-de-pintas-amarelas
P
LC
III
-
-
-
Lissotriton boscai*
Tritão-de-ventre-laranja
P
LC
III
-
-
-
Triturus marmoratus
Tritão-marmorado
P
LC
III
-
-
B-IV
Râ-de-focinho-pontiagudo
P
NT
II
-
-
B-II / B-IV
Sapo-parteiro-comum
P
LC
II
-
-
B-IV
Sapo-de-unha-negra
P
LC
II
-
-
B-IV
Sapinho-de-verrugas-verdes
P
NE
III
-
-
-
Bufo bufo
Sapo-comum
P
LC
III
-
-
-
Bufo calamita
Sapo-corredor
P
LC
II
-
-
B-IV
Hyla arborea
Rela
P
LC
II
-
-
B-IV
Hyla meridionalis
Rela-meridional
P
LC
II
-
-
B-IV
Rã-verde
P
LC
III
-
-
B-V
ORDEM CAUDATA
FAMÍLIA SALAMANDRIDAE
Pleurodeles waltl
ORDEM ANURA
FAMÍLIA DISCOGLOSSIDAE
Discoglossus galganoi*
Alytes obstetricans
FAMÍLIA PELOBATIDAE
Pelobates cultripes
FAMÍLIA PELODYTIDAE
Pelodytes punctatus
FAMÍLIA BUFONIDAE
FAMÍLIA HYLIDAE
FAMÍLIA RANIDAE
Pelophylax perezi
1
Quadro 2. Lista potencial de Répteis para a área de estudo e envolvente próxima. Nome científico, nome vulgar Ocorrência: C=Confirmada (se a espécie foi
confirmada na área de estudo durante os levantamentos de campo); P=Potencial (se a ocorrência da espécie está confirmada na área do PNSAC, ou se é
potencial na área de estudo de acordo com as fontes consultadas: Loureiro et al., 2010; http://www.iucnredlist.org/). Estatuto de Conservação em Portugal
segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al., 2006).Convenções/Decreto-Lei: Estatuto nas Convenções Internacionais e Comunitárias
de proteção da fauna: Convenções de Berna, Bona, CITES e Decreto-Lei 140/99, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei 49/2005, de 24 de Fevereiro.
*Endemismo Ibérico.
Nome científico
ORDEM SAURIA
FAMÍLIA GEKKONIDAE
Tarentola mauritanica
FAMÍLIA AMPHISBAENIDAE
Blanus cinereus
FAMÍLIA LACERTIDAE
Acanthodactylus erythrurus
Nome vulgar
Ocorrência
Estatuto de Conservação
Convenções/ Decreto-Lei
Portugal
Berna
Osga
P
LC
III
Cobra-cega
P
LC
III
Lagartixa-de-dedos-denteados
P
P
Timon lepidus
Podarcis hispanicus
Sardão
Lagartixa ibérica
Psammodromus algirus
Psammodromus hispanicus
FAMÍLIA SCINCIDAE
Chalcides bedriagai*
Chalcides striatus
Lagartixa-do-mato
Lagartixa-do-mato-ibérica
P
C
P
Cobra-de-pernas-pentadáctila
Fura-pastos
P
ORDEM SERPENTES
FAMÍLIA COLUBRIDAE
Hemorrhois hippocrepis
Cobra-de-ferradura
Coronella girondica
Rhinechis scalaris
Macroprotodon cucullatus
Cobra-lisa-meridional
Cobra-de-escada
Cobra-de-capuz
P
P
Malpolon monspessulanus
Natrix maura
Cobra-rateira
Cobra-de-água-viperina
Natrix natrix
FAMÍLIA VIPERIDAE
Vipera latastei
Cobra-de-água-de-colar
P
P
Víbora-cornuda
P
P
P
P
P
Bona
CITES
D.L. 140/99
NT
III
LC
LC
II
III
LC
NT
III
III
LC
LC
II
III
B-IV
LC
II
B-IV
LC
LC
LC
III
III
III
LC
LC
III
III
LC
III
VU
II
B-IV
2
Quadro 3. Lista potencial de Aves para a área de estudo e envolvente. Nome científico, nome vulgar, Ocorrência: C=Confirmada (se a espécie foi confirmada
na área de estudo durante os levantamentos de campo); P=Potencial (se a ocorrência da espécie está confirmada na área do PNSAC, ou se é potencial na
área de estudo de acordo com as fontes consultadas: Equipa Atlas, 2008; http://www.iucnredlist.org/). Fenologia – Res=residente, Vis=visitante,
MgRep=migrador reprodutor, Rep=reprodutor, Oc=ocasional, Nind**=não-indígena com nidificação provável ou confirmada, Desc.=desconhecido. Estatutos
de conservação: Portugal -Estatuto de Conservação em Portugal segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al., 2006);
Convenções/Decreto-Lei: Estatuto nas Convenções Internacionais e Comunitárias de proteção da fauna: Convenções de CITES, de Berna e de Bona e
Decreto-Lei 140/99, de 24 de Abril alterado pelo Decreto-Lei 49/2005, de 24 de Fevereiro. SPEC - Espécies com interesse conservacionista a nível da Europa
(critérios definidos em Tucker & Heath, 1994).
Nome científico
ORDEM CICONIFORMES
FAMÍLIA ARDEIDAE
Bubulcus ibis
Ardea cinerea
FAMÍLIA CICONIIDAE
Ciconia ciconia
ORDEM FALCONIFORMES
FAMÍLIA ACCIPITRIDAE
Elanus caeruleus
Milvus migrans
Circaetus gallicus
Circus cyaneus
Circus pygargus
Accipiter gentilis
Accipiter nisus
Buteo buteo
Hieraaetus pennatus
Hieraaetus fasciatus
FAMÍLIA FALCONIDAE
Falco tinnunculus
Falco columbarius
Falco subbuteo
Falco peregrinus
ORDEM GALLIFORMES
FAMÍLIA PHASIANIDAE
Alectoris rufa
Coturnix coturnix
ORDEM CHARADRIIFORMES
FAMÍLIA SCOLOPACIDAE
Nome vulgar
Ocorrência
Fenologia
Garça-boieira
Garça-real
P
P
Cegonha-branca
Estatuto de Conservação
Convenções/ Decreto-Lei
Portugal
SPEC
Berna
Res
Res
LC
LC
-
II
III
P
MgRep/Res
LC
Peneireiro-cinzento
Milhafe-preto
Águia-cobreira
Tartaranhão-azulado
Tartaranhão-caçador
Açor
Gavião
Águia-de-asa-redonda
Águia-calçada
Águia de Bonelli
P
P
P
P
P
P
P
P
P
P
Res
Mig
MgRep
Res
MgRep
Res
Res
Res
MgRep
Res
NT
LC
NT
CR/VU
EN
VU
LC
LC
NT
EN
Peneireiro
Esmerilhão
Ógea
Falcão-peregrino
P
P
P
P
Res
Vis
MgRep
Res
LC
VU
VU
VU
3
Perdiz
Codorniz
P
P
Res
MgRep/Vis/Res
LC
LC
2
3
3
3
4
3
Bona
CITES
D.L. 140/99
A
II
II
A-I
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II A
II A
II A
II A
II A
II A
II A
II A
II A
II A
II
II
II
II
II
II
II
II
II A
II A
II A
IA
III
III
II
A-I
A-I
A-I
A-I
A-I
A-I
A-I*
A-I
A-I
D
D
3
Nome científico
Scolopax rusticola
ORDEM COLUMBIFORMES
FAMÍLIA COLUMBIDAE
Columba livia
Columba palumbus
Streptopelia decaocto
Streptopelia turtur
ORDEM CUCULIFORMES
FAMÍLIA CUCULIDAE
Cuculus canorus
ORDEM STRIGIFORMES
FAMÍLIA TYTONIDAE
Tyto alba
FAMÍLIA STRIGIDAE
Otus scops
Bubo bubo
Athene noctua
Strix aluco
Asio otus
ORDEM CAPRIMULGIFORMES
FAMÍLIA CAPRIMULGIDAE
Caprimulgus europaeus
ORDEM APODIFORMES
FAMÍLIA APODIDAE
Apus apus
Apus pallidus
Tachymarptis melba
ORDEM CORACIIFORMES
FAMÍLIA MEROPIDAE
Merops apiaster
FAMÍLIA UPUPIDAE
Upupa epops
ORDEM PICIFORMES
FAMÍLIA PICIDAE
Jynx torquilla
Picus viridis
Dendrocopos major
ORDEM PASSERIFORMES
FAMÍLIA ALAUDIDAE
Galerida cristata
Galerida theklae
Lullula arborea
Alauda arvensis
Nome vulgar
Ocorrência
Fenologia
Estatuto de Conservação
Galinhola
P
Vis
DD
-
III
Pombo-das-rochas
Pombo-torcaz
Rola-turca
Rola-brava
P
P
P
C
Res
Res/Vis
Res
MgRep
DD
LC
LC
LC
4
3
III
A
D
III
III
A
D
Cuco
P
MgRep
LC
-
III
Coruja-das-torres
P
Res
LC
3
II
II A
Mocho-d'orelhas
Bufo-real
Mocho-galego
Coruja-do-mato
Bufo-pequeno
P
P
C
P
P
Res
Res
Res
Res
Res
DD
NT
LC
LC
DD
3
3
4
-
II
II
II
II
II
II A
II A
II A
II A
II A
Noitibó-cinzento
P
MgRep
VU
2
II
Andorinhão-preto
Andorinhão-pálido
Andorinhão-real
C
P
P
MgRep
MgRep
MgRep
LC
LC
NT
-
III
II
II
Abelharuco
P
MgRep
LC
Poupa
C
MgRep/Res
LC
-
II
Torcicolo
Peto-verde
Pica-pau-malhado-grande
P
P
P
MgRep/Vis
Res
Res
DD
LC
LC
3
2
-
II
II
II
Cotovia-de-poupa
Cotovia-do-monte
Cotovia-pequena
Laverca
C
P
P
P
Res
Res
Res/Vis
Res/Vis
LC
LC
LC
LC
3
III
II
III
III
-
Convenções/ Decreto-Lei
II
2
3
II
D
A-I
A-I
II
A-I
A-I
4
Nome científico
FAMÍLIA HIRUNDINIDAE
Riparia riparia
Ptyonoprogne rupestris
Hirundo rustica
Hirundo daurica
Delichon urbicum
FAMÍLIA MOTACILLIDAE
Anthus campestris
Motacilla cinerea
Motacilla alba
FAMÍLIA TROGLODYTIDAE
Troglodytes troglodytes
FAMÍLIA TURDIDAE
Prunella modularis
Erithacus rubecula
Luscinia megarhynchos
Phoenicurus ochruros
Saxicola torquatus
Oenanthe hispanica
Monticola solitarius
Turdus merula
Turdus philomelos
Turdus viscivorus
FAMÍLIA SYLVIIDAE
Cettia cetti
Cisticola juncidis
Hippolais polyglotta
Sylvia atricapilla
Sylvia cantillans
Sylvia communis
Sylvia conspicillata
Sylvia undata
Sylvia melanocephala
Phylloscopus bonelli
Phylloscopus ibericus (brehmii)
Phylloscopus trochilus
Regulus ignicapilla
FAMÍLIA MUSCICAPIDAE
Ficedula hypoleuca
FAMÍLIA AEGITHALIDAE
Aegithalos caudatus
FAMÍLIA PARIDAE
Parus cristatus
Nome vulgar
Ocorrência
Fenologia
Estatuto de Conservação
Andorinha-das-barreiras
Andorinha-das-rochas
Andorinha-das-chaminés
Andorinha-dáurica
Andorinha-dos-beirais
P
P
C
C
C
MgRep
Res
MgRep
MgRep
MgRep
LC
LC
LC
LC
LC
3
Petinha-dos-campos
Alvéola-cinzenta
Alvéola-branca
C
P
P
MgRep
MgRep
Res/Vis
LC
LC
LC
3
-
II
II
II
Carriça
P
Res
LC
-
II
Ferreirinha
Pisco-de-peito-ruivo
Rouxinol
Rabirruivo-preto
Cartaxo
Chasco-ruivo
Melro-azul
Melro-preto
Tordo-músico
Tordeia
P
C
P
C
C
P
P
C
P
P
Res
Res/Vis
MgRep
Res
Res
MgRep
Res
Res
Rep/Vis
Res
LC
LC
LC
LC
LC
VU
LC
LC
NT/LC
LC
4
4
3
2
3
4
4
4
II
II
II
II
II
II
II
III
III
III
Rouxinol-bravo
Fuinha-dos-juncos
Felosa-poliglota
Toutinegra-de-barrete
Toutinegra-carrasqueira
Papa-amoras
Toutinegra-tomilheira
Felosa-do-mato
Toutinegra-de-cabeça-preta
Felosa de Bonelli
Felosinha-ibérica
Felosa-musical
Estrelinha-real
P
C
P
C
P
P
P
C
C
P
P
C
P
Res
Res
MgRep
Res
MgRep
MgRep
MgRep
Res
Res
MgRep
MgRep
Vis
Res/Vis
LC
LC
LC
LC
LC
LC
NT
LC
LC
LC
LC
NE
LC
Papa-moscas
P
Vis
LC
Chapim-rabilongo
P
Res
Chapim-de-poupa
P
Res
3
-
Convenções/ Decreto-Lei
II
II
II
II
II
A-I
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
II
4
II
II
LC
-
III
LC
4
II
4
4
2
4
4
4
D
D
A-I
II
II
II
5
Nome científico
Parus ater
Parus caeruleus
Parus major
FAMÍLIA SITTIDAE
Sitta europaea
FAMÍLIA CERTHIIDAE
Certhia brachydactyla
FAMÍLIA ORIOLIDAE
Oriolus oriolus
FAMÍLIA LANIIDAE
Lanius meridionalis
Lanius senator
FAMÍLIA CORVIDAE
Garrulus glandarius
Pyrrhocorax pyrrhocorax
Cyanopica cyanus
Pica pica
Corvus corone
Corvus corax
FAMÍLIA STURNIDAE
Sturnus unicolor
FAMÍLIA PASSERIDAE
Passer domesticus
Passer montanus
Petronia petronia
FAMÍLIA ESTRILIDIDAE
Estrilda astrild
FAMÍLIA FRINGILLIDAE
Fringilla coelebs
Serinus serinus
Carduelis chloris
Carduelis carduelis
Carduelis cannabina
FAMÍLIA EMBERIZIDAE
Emberiza cirlus
Emberiza calandra
Emberiza cia
Nome vulgar
Ocorrência
Fenologia
Chapim-preto
Chapim-azul
Chapim-real
P
P
P
Res
Res
Res
LC
LC
LC
Trepadeira-azul
P
Res
LC
Trepadeira
P
Res
LC
4
II
Papa-figos
P
MgRep
LC
-
II
Picanço-real
Picanço-barreteiro
C
P
Res
MgRep
LC
NT
3
II
II
Gaio
Gralha-de-bico-vermelho
Pega-azul
Pega
Gralha-preta
Corvo
C
C
P
P
C
P
Res
Res
Res
Res
Res
Res
LC
EN
LC
LC
LC
NT
3
-
III
Estorninho-preto
P
Res
LC
4
II
Pardal
Pardal-montês
Pardal-francês
P
P
P
Res
Res
Res
LC
LC
LC
-
III
II
Bico-de-lacre
P
NInd
NA
Tentilhão
Chamariz
Verdilhão
Pintassilgo
Pintarroxo
P
C
C
P
C
Res
Res
Res
Res
Res
LC
LC
LC
LC
LC
4
4
4
4
III
II
II
II
II
P
Res
LC
4
II
P
P
Res
Res
LC
LC
4
III
II
Escrevedeira-de-gargantaamarela
Trigueirão
Cia
Estatuto de Conservação
4
-
Convenções/ Decreto-Lei
II
II
II
II
D
A-I
II
II
D
D
C
6
Quadro 4. Lista potencial de Mamíferos para a área de estudo e envolvente próxima. Nome científico, nome vulgar, Ocorrência: C=Confirmada (se a espécie
foi confirmada na área de estudo durante os levantamentos de campo); P=Potencial (se a ocorrência da espécie está confirmada na área do PNSAC, ou se é
potencial na área de estudo de acordo com as fontes consultadas: Rainho et al.,1998; Mathias (coord.), 1999; Rodrigues et al., 2003; Rodrigues et al., 2010;
http://www.iucnredlist.org/). Estatuto de Conservação em
Portugal segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral
et al.,
2006).Convenções/Decreto-Lei: Estatuto nas Convenções Internacionais e Comunitárias de proteção da fauna: Convenções de CITES, de Berna e de Bona.
Decreto-Lei n.º140/99, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei 49/2005, de 24 de Fevereiro. *Endemismo ibérico.
Estatuto de Conservação
Nome científico
Nome vulgar
Convenções/ Decreto-Lei
Ocorrência
Portugal
Berna
Bona
CITES
D.L. 140/99
Ouriço-cacheiro
P
LC
III
Sorex minutus
Musaranho-anão-de-dentesvermelhos
P
DD
III
Sorex granarius*
Musaranho-de-dentes-vermelhos
P
DD
III
Crocidura russula
P
LC
III
Crocidura suaveolens
Musaranho-de-dentes-brancos
Musaranho-de-dentes-brancospequeno
P
NE
III
Suncus etruscus
Musaranho-anão-de-dentes-brancos
P
LC
III
Toupeira
P
LC
Rhinolophus ferrumequinum
Morcego-de-ferradura-grande
P
VU
II
II
B-II / B-IV
Rhinolophus hipposideros
Morcego-de-ferradura-pequeno
P
VU
II
II
B-II / B-IV
Rhinolophus euryale
Morcego-de-ferradura-mediterrânico
P
CR
II
II
B-II / B-IV
Rhinolophus mehelyi
Morcego-de-ferradura-mourisco
P
CR
II
II
B-II / B-IV
Myotis myotis
Morcego-rato-grande
P
VU
II
II
B-II / B-IV
Myotis blythii
Morcego-rato-pequeno
P
CR
II
II
B-II / B-IV
Myotis nattereri
Morcego-de-franja
P
VU
II
II
B-IV
Myotis emarginatus
Morcego-lanudo
P
DD
II
II
B-II / B-IV
Myotis daubentonii
Morcego-de-água
P
LC
II
II
B-IV
Pipistrellus pipistrellus
Morcego-anão
P
LC
III
II
B-IV
Pipistrellus kuhlii
Morcego de Kuhl
P
LC
II
II
B-IV
ORDEM INSECTIVORA
FAMÍLIA ERINACIDAE
Erinaceus europaeus
FAMÍLIA SORICIDAE
FAMÍLIA TALPIDAE
Talpaoccidentalis*
ORDEM CHIROPTERA
FAMÍLIA RHINOLOPHIDAE
FAMÍLIA VESPERTILIONIDAE
7
Estatuto de Conservação
Nome científico
Nome vulgar
Ocorrência
Convenções/ Decreto-Lei
Portugal
Berna
Bona
CITES
D.L. 140/99
Pipistrellus pygmaeus
Morcego-pigmeu
P
LC
III
II
B-IV
Nyctalus leisleri
Morcego-arborícola-pequeno
P
DD
II
II
B-IV
Eptesicus serotinus
Morcego-hortelão
P
LC
II
II
B-IV
Barbastella barbastellus
Morcego-negro
P
DD
II
II
B-II / B-IV
Plecotus auritus
FAMÍLIA MINIOPTERIDAE
Morcego-orelhudo-castanho
P
DD
II
II
B-IV
Miniopterus schreibersii
Morcego-de-peluche
P
VU
II
II
B-II / B-IV
Morcego-rabudo
P
DD
II
II
B-IV
Oryctolagus cuniculus
Coelho-bravo
C
NT
Lepus granatensis
Lebre
P
LC
III
Microtus cabrerae*
Rato de Cabrera
P
VU
II
Microtus duodecimcostatus
Rato-cego-mediterrânico
P
LC
Microtus lusitanicus
Rato-cego
P
LC
Apodemus sylvaticus
Rato-do-campo
P
LC
Rattus rattus
Rato-preto
P
LC
Rattus norvegicus
Ratazana
P
NA
Mus domesticus
Rato-caseiro
P
LC
Mus spretus
Rato-das-hortas
P
LC
Leirão
P
DD
Raposa
P
LC
Mustela nivalis
Doninha
P
LC
III
Mustela putorius
Toirão
P
DD
III
Martes foina
Fuinha
P
LC
III
Meles meles
Texugo
P
LC
III
FAMÍLIA MOLOSSIDAE
Tadarida teniotis
ORDEM LAGOMORPHA
FAMÍLIA LEPORIDAE
ORDEM RODENTIA
FAMÍLIA MURIDAE
B-II / B-IV
FAMÍLIA GLIRIDAE
Eliomys quercinus
III
ORDEM CARNIVORA
FAMÍLIA CANIDAE
Vulpes vulpes
D
FAMÍLIA MUSTELIDAE
B-V
8
Estatuto de Conservação
Nome científico
Nome vulgar
Convenções/ Decreto-Lei
Ocorrência
Portugal
Berna
Bona
CITES
D.L. 140/99
FAMÍLIA VIVERRIDAE
Genetta genetta
Geneta
P
LC
III
B-V
Herpestes ichneumon
Sacarrabos
P
LC
III
B-V / D
Gato-bravo
P
VU
II
Javali
P
LC
FAMÍLIA FELIDAE
Felis silvestris
II A
B-IV
ORDEM ARTIODACTILA
FAMÍLIA SUIDAE
Sus scrofa
9
As categorias utilizadas na definição do Estatuto de Conservação em Portugal das espécies são as propostas no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal
(Cabral et al. 2006):
Criticamente em Perigo (CR) – Um taxon considera-se Criticamente em Perigo quando as melhores evidências disponíveis indicam que se cumpre
qualquer um dos critérios A a E para Criticamente em Perigo, pelo que se considera como enfrentando um risco de extinção na natureza
extremamente elevado.
Em Perigo (EN) - Um taxon considera-se Em Perigo quando as melhores evidências disponíveis indicam que se cumpre qualquer um dos critérios A a E
para Em Perigo, pelo que se considera como enfrentando um risco de extinção na natureza muito elevado.
Vulnerável (VU) - Um taxon considera-se Vulnerável quando as melhores evidências disponíveis indicam que se cumpre qualquer um dos critérios A a E
para Vulnerável, pelo que se considera como enfrentando um risco de extinção na natureza elevado.
Quase Ameaçado (NT) – Um taxon considera-se Quase Ameaçado quando, tendo sido avaliado pelos critérios, não se qualifica atualmente como
Criticamente em Perigo, Em Perigo ou Vulnerável, sendo no entanto provável que lhe venha a ser atribuída uma categoria de ameaça num futuro
próximo.
Pouco Preocupante (LC) - Um taxon considera-se Pouco Preocupante quando foi avaliado pelos critérios e não se qualifica como nenhuma das
categorias Criticamente em Perigo, Em Perigo, Vulnerável ou Quase Ameaçado. Taxa de distribuição ampla e abundante é incluída nesta categoria.
Informação Insuficiente (DD) – Um taxon considera-se com Informação Insuficiente quando não há informação adequada para fazer uma avaliação
direta ou indireta do seu risco de extinção, com base na sua distribuição e/ou estatuto da população. Um taxon nesta categoria pode até estar muito
estudado e a sua biologia ser bem conhecida, mas faltarem dados adequados sob a sua distribuição e/ou abundância. Não constitui por isso uma
categoria de ameaça. Classificar um taxon nesta categoria indica que é necessária mais informação e que se reconhece que investigação futura
poderá mostrar que uma classificação de ameaça seja apropriada. É importante que seja feito uso de toda a informação disponível. Em muitos casos
deve-se ser muito cauteloso na escolha entre DD e uma categoria de ameaça. Quando se suspeita que a área de distribuição de um taxon é
relativamente circunscrita e se decorreu um período de tempo considerável desde a última observação de um indivíduo desse taxon, pode-se
justificar a atribuição de uma categoria de ameaça.
Não Aplicável (NA) – Categoria de um táxon que não reúne as condições julgadas necessárias para ser avaliado a nível regional.
Não Avaliado (NE) – Um taxon considera-se Não Avaliado quando ainda não foi avaliado pelos presentes critérios.
SPEC (Espécies com interesse conservacionista a nível da Europa-critérios definidos em Tucker & Heath 1994): 1-espécies com interesse conservacionista a uma
escala global e que estejam classificadas em Collar et al. (1994) como "Globalmente ameaçadas", "Dependentes de medidas de conservação", ou "Com
dados insuficientes"; 2 - espécies cujas populações mundiais estejam concentradas na Europa (ou seja mais de 50% da sua população ou da sua área de
distribuição está na Europa) e que tenham um estatuto de conservação desfavorável a nível europeu; 3 - Espécies cujas populações mundiais não se
10
encontram concentradas no continente europeu mas que têm um estatuto de conservação desfavorável na Europa; 4 - espécies cujas populações mundiais
estejam concentradas na Europa (ou seja mais de 50% da sua população ou da sua área de distribuição está na Europa) mas que tenham um estatuto de
conservação favorável a nível europeu.
Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES); Anexo I - espécies ameaçadas de
extinção que são ou poderão ser afetadas pelo comércio, o qual só poderá ser autorizado em circunstâncias excecionais, de modo a não por ainda mais em
perigo a sobrevivência das referidas espécies; Anexo II - espécies que, apesar de não se encontrarem em perigo de extinção, o seu comércio deve ser
controlado de modo a evitar uma comercialização não compatível com a sua sobrevivência.
Convenção sobre a Vida Selvagem e os Habitats Naturais na Europa (BERNA); Anexo II – espécies da fauna estritamente protegidas; Anexo III – espécies da
fauna protegidas.
Convenção Sobre a Conservação de Espécies Migradoras da Fauna Selvagem (BONA); Anexo II - espécies migradoras com um estatuto de conservação
desfavorável. #diz respeito a Dec. Nº 31/95, de 18 de Agosto. Acordo sobre a Conservação das Populações de Morcegos Europeus.
Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril (transpões para Portugal a Directiva Aves e a Directiva Habitats), alterado pelo Decreto-Lei 49/2005, de 24 de Fevereiro;
Anexo A-I – espécies de aves de interesse comunitário cuja conservação requer a designação de zonas de proteção especial, um asterisco (*) indica que se
trata de uma espécie prioritária; Anexo B-II - espécies animais e vegetais de interesse comunitário cuja conservação exige a designação de zonas especiais de
conservação, um asterisco (*) indica que se trata de uma espécie prioritária; Anexo B-IV – espécies animais e vegetais de interesse comunitário que exigem
uma proteção rigorosa; Anexo B-V- espécies animais e vegetais de interesse comunitário cuja captura ou colheita na natureza e exploração podem ser objeto
de medidas de gestão; Anexo D – espécies cinegéticas.
11
A N E X O
A
M B I E N T E
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
S
I I I
O N O R O
1 .
A M B I E N T E
1.1.
O
regime
S O N O R O
ENQUADRAMENTO
jurídico
em
LEGAL
matéria
de
ruído
encontra-se
consignado
no
Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de Janeiro que constitui o RGR. Este documento classifica
os locais como “zonas sensíveis” e “zonas mistas” na perspetiva da sua suscetibilidade
ao ruído.
De acordo com o RGR, as zonas sensíveis são descritas como “áreas definidas em
plano de ordenamento do território como vocacionada para uso habitacional, ou
para escolas, hospitais ou similares, ou espaços de lazer, existentes ou previstos,
podendo conter pequenas unidades de comércio e de serviços destinadas a servir a
população local, tais como cafés e outros estabelecimentos de comércio tradicional,
sem funcionamento noturno”.
As zonas mistas definem-se como “áreas definidas em plano municipal de
ordenamento do território, cuja ocupação seja afeta a outros usos, existentes ou
previstos, para além dos referidos a definição de zona sensível”.
O RGR estabelece também os períodos de referência a considerar: o período diurno
que compreende o intervalo de tempo entre as 07:00 e as 20:00 horas, o período do
entardecer que compreende o intervalo de tempo entre as 20:00 horas e as 23:00
horas; e o período noturno que compreende o intervalo de tempo entre as 23:00 e as
07:00 horas.
Os valores limite de ruído são estabelecidos de acordo com o tipo de zona
considerado, expressos pelo indicador de ruído diurno-entardecer-noturno (Lden) e pelo
indicador de ruído noturno (Ln). O parâmetro Lden é dado pela expressão seguinte:
1 é
10
= 10 ´ Log
ê13 ´ 10 + 3 ´ 10
24 ë
Ld
Lden
Le +5
10
+ 8 ´ 10
Ln +10
10
ù
ú
û
Para cada um dos parâmetros indicados (Lden e Ln) existe um limite máximo de ruído
que é estabelecido segundo o tipo de zona considerado (1.1.Quadro 1).
Quadro 1
- Limites de ruído ambiente para zonas sensíveis e zonas mistas.
T IPO DE LOCAL
L DEN
L NIGHT
Zona Sensível
55 dB(A)
45 dB(A)
Zona Mista
65 dB(A)
55 dB(A)
Relativamente às atividades ruidosas permanentes, o artigo 13º do RGR estabelece
que a instalação e exercício de atividades ruidosas permanentes em zonas mistas, na
envolvente de zonas mistas ou sensíveis ou na proximidade de recetores sensíveis
isolados estão sujeitos ao cumprimento dos limites indicados anteriormente e ao
cumprimento do critério de incomodidade que estabelece que:
LAeq (on) – LAeq (off) < 5 dB(A), entre as 7 e as 20 horas
LAeq (on) – LAeq (off) < 4 dB(A), entre as 20 e as 23 horas
LAeq (on) – LAeq (off) < 3 dB(A), entre as 23 e as 7 horas
Em que LAeq (on) representa o nível sonoro contínuo equivalente ponderado para a
malha A, com a fonte ruidosa em funcionamento e LAeq (off) representa o nível sonoro
contínuo equivalente ponderado para a malha A, com a fonte ruidosa inativa.
As diferenças apresentadas anteriormente poderão ser incrementadas pelo fator d em
função da duração acumulada do ruído particular segundo o exposto no Quadro 2.
Quadro 2
- Incrementos no nível de ruído.
VALOR DA RELAÇÃO (Q ) ENTRE A DURAÇÃO ACUMULADA DE
OCORRÊNCIA DO RUÍDO PARTICULAR E A DURAÇÃO TOTAL DO PERÍODO
D [D B(A)]
DE REFERÊNCIA
q £ 12,5%
4
12,5% < q £ 25%
3
25% < q £ 50%
2
50% < q £ 75%
1
q < 75%
0
O ponto 3 do Artigo 7º do Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de Janeiro determina que em
planos de pormenor referentes a zonas exclusivamente industriais não há necessidade
de elaborar mapas de ruído. Destaca-se que a definição de ocupação industrial no
âmbito deste diploma é por oposição à definição de zona habitacional, pelo que a
ocupação do solo proposta para a AIE do Codaçal é industrial.
1.2.
METODOLOGIA
As medições de ruído foram realizadas com recurso a equipamento que cumpre os
requisitos do RGR e da norma NP 1730 (1996) – “Acústica – Descrição e medição do
ruído ambiente”, designadamente:
§
Analisador de Ruído de marca Brüel & Kjaer modelo 2260;
§
Calibrador sonoro de marca Brüel & Kjaer modelo 4231;
§
Filtros de oitava dos 31,5 Hz aos 8 kHz e 1/3 de oitava dos 16Hz aos 12,5 kHz;
§
Software Noise ExplorerTM B&K 7815;
§
Tripé.
O equipamento utilizado cumpre as características especificadas para a classe 1 da
norma NP 3496 “Acústica, Sonómetros”. O microfone foi equipado com um protetor
para o vento de forma a evitar perturbações por sinais espúrios de baixa frequência. O
recurso a um tripé pretendeu garantir estabilidade ao analisador de ruído. As
medições de ruído foram efetuadas em conjunto com medições da velocidade e
direção do vento e da humidade relativa do ar. Para a sua realização adotou-se a
metodologia descrita na norma NP 1730 (1996), tendo cada ensaio sido realizado num
período de tempo representativo (no mínimo 15 minutos). Como regras de medição, e
de acordo com a norma supracitada, foram adotadas as seguintes:
§
Microfone 1,5 m acima do solo;
§
Microfone afastado mais de 3,5 m de qualquer superfície refletora;
§
Medições efetuadas com filtro de ponderação A;
§
Medição realizada em Fast (e em Impulsivo noutro canal e em simultâneo).
Para a realização das medições foi considerado o documento “Guia Prático para
Medições de Ruído Ambiente”, publicado pela Agência Portuguesa do Ambiente
(APA) em Outubro de 2011. Este documento determina que, de modo a assegurar a
representatividade das amostragens deverão ser efetuadas três medições em dias
distintos em cada um dos períodos. Se os valores obtidos nestas três amostragens diferir
em mais de 5 dB(A) deverão ser realizadas mais amostragem. Os valores utilizados
para a determinação do Lden e para a avaliação do critério de incomodidade
resultarão da média logarítmica dos valores obtidos.
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PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
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I V
A
R
1 .
Q U A L I D A D E
1.1.
D O
ENQUADRAMENTO
A R
LEGAL
Em matéria de Qualidade do Ar ambiente o quadro legal está consignado no
Decreto-Lei nº 102/2010, de 23 de Setembro. Este diploma estabelece o regime de
avaliação e gestão da qualidade do ar ambiente e transpõe para ordem jurídica
interna a Diretiva nº 2008/50/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de
Maio, relativa à qualidade do ar ambiente e a um ar mais limpo na Europa e a
Diretiva n.º 2004/107/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de Dezembro,
relativa ao arsénio, ao cádmio, ao mercúrio, ao níquel e aos hidrocarbonetos
aromáticos policíclicos no ar ambiente.
Este diploma estabelece medidas destinadas a:
§
Definir e fixar objetivos relativos à qualidade do ar ambiente, destinados a
evitar, prevenir ou reduzir os efeitos nocivos para a saúde humana e para o
ambiente;
§
Avaliar, com base em métodos e critérios comuns, a qualidade do ar
ambiente no território nacional;
§
Obter informação relativa à qualidade do ar ambiente, a fim de contribuir
para a redução da poluição atmosférica e dos seus efeitos e acompanhar as
tendências a longo prazo, bem como as melhorias obtidas através das
medidas implementadas;
§
Garantir que a informação sobre a qualidade do ar ambiente seja
disponibilizada ao público;
§
Preservar a qualidade do ar ambiente quando ela seja boa e melhorá-la nos
restantes casos;
§
Promover a cooperação com os outros estados membros de forma a reduzir a
poluição atmosférica.
No Anexo XII do Decreto-Lei n.º 102/2010, de 23 de Setembro, são estabelecidos os
valores limite e margens de tolerância das partículas em suspensão. Os métodos de
análise são estabelecidos no Anexo VII.
Quadro 1
PARÂMETRO
- Valores limite de poluentes atmosféricos
PERÍODO CONSIDERADO
VALOR LIMITE
1 hora
350 µg/m3
(valor a não exceder mais que 24 vezes em cada
ano civil)
1 dia
125 µg/m3
(valor a não exceder mais que 3 vezes em cada
ano civil)
1 hora
200 µg/m3
(valor a não exceder mais que 18 vezes em cada
ano civil)
Ano civil
40 µg/m3
1 dia
50 µg/m3
(valor a não exceder mais que 35 vezes em cada
ano civil)
Ano civil
40 µg/m3
C HUMBO
Ano civil
0,5 µg/m3
B ENZENO
Ano civil
5 µg/m3
CO
Máximo diário das
médias de oito horas
10 mg/m3
SO 2
NO X E NO 2
PM10
Quadro 2
- Limiares superiores e inferiores de avaliação para poluentes
atmosféricos
PARÂMETRO
M ÉDIA DE 24 HORAS
M ÉDIA ANUAL
Limiar superior de
avaliação
60% do valor limite por período
de 24 horas
(75 µg/m3 , a não exceder mais
de 3 vezes em cada ano civil)
60% do nível crítico
aplicável no Inverno
(12 µg/m3 )
Limiar inferior de
avaliação
40% do valor limite por período
de 24 horas
(50 µg/m3 , a não exceder mais
de 3 vezes em cada ano civil)
40% do nível crítico
aplicável no Inverno
(8 µg/m3 )
Limiar superior de
avaliação
70% do valor limite
(140 µg/m3 , a não exceder mais
de 18 vezes em cada ano civil)
80% do valor limite
(32 µg/m3)
Limiar inferior de
avaliação
50% do valor limite
(100 µg/m3 , a não exceder mais
de 18 vezes em cada ano civil)
65% do valor limite
(26 µg/m3 )
Limiar superior de
avaliação
70% do valor limite
(35 µg/m3 , a não exceder mais
de 35 vezes em cada ano civil)
70% do valor limite
(28 µg/m3 )
Limiar inferior de
avaliação
50% do valor limite
(25 µg/m3 , a não exceder mais
de 35 vezes em cada ano civil)
50% do valor limite
(20 µg/m3 )
Limiar superior de
avaliação
70% do valor limite
(0,35 µg/m3 )
--
Limiar inferior de
avaliação
50% do valor limite
(0,25 µg/m3 )
--
SO 2
NOx e NO2
PM10
Chumbo
PARÂMETRO
M ÉDIA DE 24 HORAS
M ÉDIA ANUAL
Limiar superior de
avaliação
70% do valor limite
(3,5 µg/m3 )
--
Limiar inferior de
avaliação
40% do valor limite
(2,5 µg/m3 )
--
Limiar superior de
avaliação
70% do valor limite
(7 µg/m3 )
--
Limiar inferior de
avaliação
50% do valor limite
(5 µg/m3 )
--
Benzeno
CO
1.2.
METODOLOGIA
DE MEDIÇÃO
A metodologia utilizada para as medições da fração PM10 encontra-se descrita na
Norma EN 12341, “Qualidade do ar - Procedimento de ensaio no terreno para
demonstrar a equivalência da referência dos métodos de amostragem para a fração
PM10 das partículas em suspensão”. O princípio de medição baseia-se na recolha
num filtro de membrana da fração PM10 das partículas em suspensão no ar ambiente
e na determinação da sua massa gravimétrica. As medições foram realizadas
utilizando um amostrador de marca ZAMBELLI modelo ISOPLUS 6000, o qual utiliza uma
cabeça omnidireccional, equipada com um filtro de celulose.
Foram respeitadas as condições estabelecidas na Secção II do Anexo VIII do
Decreto-Lei n.º111/2002, de 16 de Abril, garantindo-se, nomeadamente, que o fluxo de
ar em torno da tomada de ar não era restringido por quaisquer obstruções que
afetassem o seu escoamento na proximidade do equipamento de medição. A
tomada de ar foi situada a uma distância de cerca de 1,7 m acima do solo, não
sendo posicionada na imediata proximidade de fontes, para evitar admissão direta de
emissões não misturadas com o ar ambiente. O exaustor do equipamento de medição
foi posicionado de modo a evitar a recirculação do ar expelido para a entrada do
sistema.
A N E X O
P
A T R I M Ó N I O
PIER CABEÇA VEADA – PORTO DE MÓS
biodesign |2011-016| 1ª FASE – CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO| RELATÓRIO|
C
V
U L T U R A L
Anexo 1. Ocorrências identificadas na pesquisa documental
Nº de Referência
Topónimo
Tipologia
Cronologia
Categoria
4
Pias Novas
Indeterminado
Indeterminado
Natural
9
Moinho da Cabeça
Moinho de Vento
Indeterminado
Arquitectónico;
Etnológico
10
Capela da Cabeça
Veada / Igreja de
Nossa Senhora de
Fátima
Capela
Contemporâneo
Arquitectónico
11
Igreja de Arrimal /
Igreja Paroquial de
Santo António
Igreja
Contemporâneo
Arquitectónico
Estatuto (legal)
Valor Cultural
CMP Folha N.º
Fonte de Informação
Localização
Caracterização
Incluído na Área Protegida
das Serras de Aire e
Candeeiros
Indeterminado
328
http://www.icn.pt/downloads
/POPNSAC
Na AId do PP
Sítio assinalado no Plano de Ordenamento do
PNSAC. As fontes consultadas não contêm
descrição, designação ou menção a potencial
arqueológico da ocorrência, sendo apenas
apresentada como sítio de especial interesse
geológico, paleontológico e espeleológico.
Incluído na Área Protegida
das Serras de Aire e
Candeeiros
Médio
328
CMP; Google Earth;
http://geoportal.municipioportodemos.pt/
Na ZE do PP.
Moinho de vento localizado no topo de um monte.
No Google Earth observa-se que já não contém a
cobertura.
Incluído na Área Protegida
das Serras de Aire e
Candeeiros
Médio-Baixo
328
CMP; Google Earth;
http://www.municipioportodemos.pt/page.aspx?id
=298
Na ZE do PP.
"A Capela da Cabeça Veada é considerada o
segundo templo da freguesia. De invocação a
Nossa Senhora de Fátima, esta capela foi
edificada pelo povo da Cabeça Veada e
Mendiga."
(http://www.municipioportodemos.pt/page.aspx?id=298)
Incluído na Área Protegida
das Serras de Aire e
Candeeiros
Médio-Baixo
317
CMP; Google Earth;
http://www.municipioportodemos.pt/page.aspx?id
=257 Na ZE do PP
"A Igreja de Santo António, da paróquia do
Arrimal, é uma das mais modernas do concelho de
Porto de Mós ao nível do estilo arquitetónico.
Inaugurada a 1976, a sua construção durou cerca
de dois anos. Após a inauguração da igreja nova,
o antigo local de culto foi votado ao abandono.
Construída em 1775, a Igreja Velha do Arrimal
havia sofrido melhoramentos em 1917 e 1945."
(www.municipioportodemos.pt/page.aspx?id=257)
Anexo 2. Ocorrências caracterizadas em Trabalho de Campo
Atributos
Projecto. Nº = referência de inventário utilizada na cartografia, nos quadros e nas fichas de
inventário.
Data = corresponde à data de observação. Carta Militar de Portugal (CMP) = nº da folha na
escala 1:25.000.
Altitude = obtida a partir da CMP, em metros (m).
Topónimo ou Designação = nome atribuído à ocorrência ou ao local onde se situa.
Categoria = distinção entre arqueológico, arquitectónico, etnológico, construído e outros
atributos complementares (hidráulico, civil, militar, artístico, viário, mineiro, industrial, etc).
Tipologia = tipo funcional de ocorrência, monumento ou sítio, segundo o thesaurus do
Endovelico.
Cronologia = indica-se o período cronológico, idade ou época correspondente à ocorrência. A
aplicação do sinal “?” significa indeterminação na atribuição cronológica. A indicação de
vários períodos cronológicos separados por “,” tem significado cumulativo.
Classificação = imóvel classificado ou outro tipo de protecção, decorrente de planos de
ordenamento, com condicionantes ao uso e alienação do imóvel.
Valor cultural = hierarquização do interesse patrimonial da ocorrência no conjunto do inventário
de acordo com os seguintes critérios: Elevado (5): Imóvel classificado (monumento nacional,
imóvel de interesse público) ou ocorrência não classificada (sítio, conjunto ou construção, de
interesse arquitectónico ou arqueológico) de elevado valor científico, cultural, raridade,
antiguidade, monumentalidade, a nível nacional. Médio-elevado (4): Imóvel classificado (valor
concelhio) ou ocorrência (arqueológica, arquitectónica) não classificada de valor científico,
cultural e/ou raridade, antiguidade, monumentalidade (características presentes no todo ou em
parte), a nível nacional ou regional. Médio (3), Médio-baixo (2), Baixo (1): Aplica-se a
ocorrências (de natureza arqueológica ou arquitectónica) em função do seu estado de
conservação, antiguidade e valor científico, e a construções em função do seu arcaísmo,
complexidade, antiguidade e inserção na cultura local. Nulo (0): Atribuído a construção actual
ou a ocorrência de interesse patrimonial totalmente destruída. Indeterminado: Quando as
condições de acesso ao local, a cobertura vegetal ou outros factores impedem a observação
da ocorrência (interior e exterior no caso das construções).
Posição v. Projecto = indicam-se as relações de proximidade em relação ao projecto: AI (área
de incidência) ou ZE (zona envolvente).
Tipo de trabalho = atributo baseado no thesaurus do Endovelico.
Coordenadas Geográficas = coordenadas rectangulares; UTM datum WGS84 obtidas em
campo com GPS; conversão para HAYFORD-GAUSS Militares-ponto fictício; não indicado
quando não existe garantia de
segurança dos sítios arqueológicos referenciados.
Distrito. Concelho. Freguesia. Lugar = local habitado mais próximo.
Proprietário = identificação do(s) proprietário(s).
Uso do Solo, Ameaças e Estado de conservação = atributos baseado no thesaurus do
Endovelico. Estes atributos são apenas aplicáveis a bens imóveis ou a bens móveis de dimensão
considerável ou que não foram recolhidos.
Acesso. Morfologia do terreno = indica a posição da ocorrência face à topografia do terreno
(afloramento; encosta; cumeada; socalco; aluvião, terraço; planalto; planície; linha de água;
escarpa; chã; vale; outros).
Visibilidade para estruturas e artefactos: indicam-se os seguintes graus de visibilidade para
detecção de estruturas e artefactos, elevada, média, reduzida e nula.
Fontes de informação = bibliografia, cartografia, manuscritos, informação oral, instrumento de
planeamento, base de dados ou de outro tipo. Também se indica a fonte de informação
utilizada quando não tem origem na CMP por aproximação espacial.
Espólio recolhido = indicação do tipo e quantidade de achados arqueológicos móveis
recolhidos durante o trabalho de campo.
Caracterização = caracterização da ocorrência em termos de localização, características
construtivas e materiais utilizados, dimensões e registo fotográfico.
Avaliação de Impactes = impactes identificados sobre a ocorrência. Caracterização de
Impactes: Probabilidade (Pr): incerto (I), provável (P), certo (C); Incidência (In): indirecto (I),
directo (D); Tipo (Ti): negativo (-); positivo (+); Magnitude (Ma): reduzida (R), média (M), elevada
(E);; Duração (Du): temporária (T); permanente (P); Significância (Sg): pouco significativo (P),
significativo (S), muito significativo (M); INI: impactes não identificados (N) ou indeterminados (I);
(? = incerteza na atribuição).
Medidas de Minimização = medidas de minimização propostas.
Responsável(eis) = nome do(s) arqueólogo(s) responsável(eis) pela observação da ocorrência e
elaboração da ficha de sítio.
Área de Intervenção Específica Cabeça Veada
Nº 1
Data Novembro de 2012
CMP 328
Altitude 400m
Topónimo Depósito de Cabeça Veada
Coordenadas (UTM) 0511572 - 4370308
Categoria Arquitectónico; Etnológico
Coordenadas (Gauss) 136992,1 - 279609,6
Concelho Porto de Mós
Tipologia Depósito
Freguesia Mendiga
Cronologia Contemporâneo
Lugar Cabeça Veada
Classificação Incluído na Área Protegida das
Proprietários Não identificados
Serras de Aire e Candeeiros
Valor cultural Baixo
Uso do solo Baldios
Posição v. projecto AId do PP
Ameaças Pedreiras
Tipo de trabalho Prospecção
Estado de conservação Regular
Morfologia do terreno Encosta
Visibilidade para estruturas Reduzida
Acesso A partir da localidade de Cabeça
Visibilidade para artefactos Nula
Veada, caminho para Oeste em direcção às
pedreiras
Fonte de informação Não identificada
Espólio recolhido Não foi recolhido espólio arqueológico
Caracterização Possivelmente um depósito de materiais relacionado com uma pedreira
desactivada que se encontra imediatamente a Oeste. De planta rectangular com paredes em
pedra seca e sem vestígios de cobertura, utilizando pedras extraídas da pedreira. A porta fica virada
a Sul e tem uma janela virada a Este.
Registo fotográfico
02
Responsável(eis) Mário Monteiro e Fernando Robles Henriques
Área de Intervenção Específica Cabeça Veada
Nº 2
Data Novembro de 2012
CMP 328
Altitude 430m
Topónimo Abrigo de Pias Novas
Coordenadas (UTM) 0511347 - 4370078
Coordenadas (Gauss) 136764,8 - 279381,7
Concelho Porto de Mós
Categoria Arquitectónico; Etnológico
Tipologia Abrigo
Freguesia Mendiga
Cronologia Contemporâneo
Lugar Cabeça Veada
Classificação Incluído na Área Protegida
Proprietários Não identificados
das Serras de Aire e Candeeiros
Valor cultural Baixo
Uso do solo Baldios
Posição v. projecto AId do PP
Ameaças Pedreiras
Tipo de trabalho Prospecção
Estado de conservação Regular
Morfologia do terreno Encosta
Visibilidade para estruturas Reduzida
Acesso A partir da localidade de Cabeça
Visibilidade para artefactos Nula
Veada, caminho para Oeste em direcção
às pedreiras
Fonte de informação Não identificada
Espólio recolhido Não foi recolhido espólio arqueológico
Caracterização Dois abrigos contíguos, separados por uma parede e com entradas nas
faces Norte e Sul. Encontra-se dentro de uma tapada sendo as paredes em pedra seca. O
abrigo mais pequeno, virado a Norte, tem uma cobertura em lajes de calcário justapostas,
tendo as dimensões exteriores de 1,30m de comprimento e 1,50m de altura. No interior tem
1,40m de altura, 1,18m de comprimento e 0,70m de largura. O abrigo maior, virado a Sul,
tem uma cobertura em chapa segura por pedras e tem as dimensões exteriores de 2,14m
de comprimento e 1,38m de altura. No interior tem 1,70m de comprimento e 1,56m de
largura.
Registo fotográfico
03
Responsável(eis) Mário Monteiro e Fernando Robles Henriques
04
Área de Intervenção Específica Cabeça Veada
Nº 3
Data Novembro de 2012
CMP 328
Altitude 430m
Topónimo Cisterna de Pias Novas
Coordenadas (UTM) 0511344 - 4369751
Coordenadas (Gauss) 136759 - 279055
Concelho Porto de Mós
Categoria Etnológico
Tipologia Cisterna
Freguesia Mendiga
Cronologia Contemporâneo
Lugar Cabeça Veada
Classificação Incluído na Área Protegida
Proprietários Não identificados
das Serras de Aire e Candeeiros
Valor cultural Médio-Baixo
Uso do solo Industrial
Posição v. projecto AId do PP
Ameaças Pedreiras
Tipo de trabalho Prospecção
Estado de conservação Regular
Morfologia do terreno Encosta
Visibilidade para estruturas Elevada
Acesso A partir da localidade de Cabeça
Visibilidade para artefactos Reduzida
Veada, caminho para Oeste em direcção
às pedreiras
Fonte de informação Não identificada
Espólio recolhido Não foi recolhido espólio arqueológico
Caracterização Sobre plataforma de calcário ligeiramente inclinada, junto de dois
reservatórios
cilíndricos
actuais,
pequeno
reservatório
na
rocha,
possivelmente
aproveitando cavidade natural, coberto com lajes de calcário inclinadas para o exterior,
cuja dimensão total é de cerca de 3,5mx3,5m, rematadas a cimento, com ligeira abertura
quadrangular a Este, para acesso à cisterna. No limite externo, ausência de argamassa no
fim de pequenos canais naturais na rocha, que conduziriam as águas pluviais para o
interior do reservatório.
Registo fotográfico
05
Responsável(eis) André Pereira, Emanuel Carvalho e Tiago Carvalho
06
Área de Intervenção Específica Cabeça Veada
Nº 4
Data Novembro de 2012
CMP 328
Altitude 400m
Topónimo Pias Novas
Coordenadas (UTM) 0511580 - 4369640
Categoria Natural
Coordenadas (Gauss) 136994 - 278941
Concelho Porto de Mós
Tipologia Indeterminado
Freguesia Mendiga
Cronologia Indeterminado
Lugar Cabeça Veada
Classificação Incluído na Área Protegida
Proprietários Não identificados
das Serras de Aire e Candeeiros
Valor cultural Indeterminado
Uso do solo Baldio
Posição v. projecto AId do PP
Ameaças Pedreiras
Tipo de trabalho
Estado de conservação Regular
Prospecção/Reconhecimento
Morfologia do terreno Encosta
Visibilidade para estruturas Reduzida
Acesso A partir da localidade de Cabeça
Visibilidade para artefactos Reduzida-Nula
Veada, caminho para Oeste em direcção
às pedreiras
Fonte de informação http://www.icn.pt/downloads/POPNSAC
Espólio recolhido Não foi recolhido espólio arqueológico
Caracterização O local indicado localiza-se num lapiás proeminente. Tanto aqui como na
envolvente não foi identificada qualquer cavidade cársica de realce, à excepção da
possível diáclase reaproveitada como caminho, correspondente à ocorrência 5.
A ocorrência pode corresponder quer ao lapiás como à possível diáclase.
Registo fotográfico
07
Responsável(eis) André Pereira, Emanuel Carvalho e Tiago Carvalho
Anexo 3. Zonamento da prospecção arqueológica
Figura 1. Zonamento (visibilidade do solo) da prospecção arqueológica e ocorrências na
Área de Incidência sobre Fotografia Aérea (descrição de zonas A, B e C infra)
Zona
VE
VA
Caracterização e registo fotográfico
Zona de extracção de pedra e depósito de inertes. Corresponde a áreas de
pedreiras activas e em laboração. Solo original inexistente devido às
crateras das pedreiras ou oculto por depósitos de escombreiras.
Dentro desta área existem pequenas manchas de baldios com coberto
A
N
vegetal muito denso e muros em pedra seca.
N
13
Zona de vegetação arbustiva rasteira densa, sobre plataforma de calcário
(afloramento),
ligeiramente
inclinada.
Progressão
de
modo
fácil
e
condições excelentes para detecção de estruturas positivas.
E
B
M-R
14
Zona de lapiás com vegetação arbustiva densa (tojo, carrasco), que cobre
totalmente o solo, fora das áreas de afloramento, e arbórea dispersa
(pinheiro manso, oliveira).
Dentro desta área existem frequentes muros em pedra seca.
C
R
N
15
Zona.
Identificação e delimitação de áreas sequenciais, em termos de ocupação actual e/ou
visibilidade, com dimensão significativa à escala cartográfica utilizada.
Parâmetros.
VE = visibilidade para detecção de estruturas, acima do solo (elementos imóveis); VA =
visibilidade para detecção de artefactos, ao nível do solo (elementos móveis).
Graus de visibilidade.
Elevado = ausência de vegetação (arbórea, arbustiva e herbácea) devido a incêndio,
desmatação ou lavra recente. Observa-se a totalidade (ou quase) da superfície do solo; Médio
= a densidade da cobertura vegetal é mediana ou existem clareiras que permitem a
observação de mais de 50% da superfície do solo; Reduzido = a densidade da vegetação
impede a progressão e/ou a visualização de mais de 75% da superfície do solo; Nulo = zona
artificializada, impermeabilizada ou oculta por se encontrar ocupada por construções, depósitos
de materiais, pavimentos ou vegetação densa impedindo, desta forma, a progressão e a
visualização do solo na totalidade da área considerada; Div = diversos graus de visibilidade.
Caracterização.
Descrição da ocupação e visibilidade do solo e registo fotográfico.
Download

PIER Cveada PM