FLUIDOS PARA TRANSMISSÃO AUTOMÁTICA:
SÃO REALMENTE SEGUROS?
Você já parou para pensar nesta questão? Após ter feito
esta pergunta, comecei a pesquisar em diversas fontes que
descrevem
quão
seguros
são
os
materiais.
Estava
particularmente interessado no assunto do contato do fluido
de transmissão automática (ATF) com a pele e as possíveis
reações
que
isto
poderia
causar.
Todas
as
fontes
pesquisadas
revelavam
algumas
reações
alérgicas
a
determinados produtos em particular, porém nenhuma dava uma
resposta direta à esta pergunta.
O fluido de transmissão automática é primariamente um
destilado do petróleo. Um fator complicador na predição de
reações da pele é o desenvolvimento constante de novos
aditivos ao fluido da transmissão os quais podem causar
problemas, mas cuja descrição de suas propriedades é
protegida por lei ou segredo industrial. A preocupação
principal é quanto à exposição de técnicos ao fluido no dia
a dia da oficina, que é o contato com a pele e com os
olhos, inalação e até mesmo ingestão do fluido.
Uma das fontes pesquisadas declarou: “em caso de contato
com a pele, remova qualquer peça de vestuário contaminada e
lave a pele com água e sabão na região do contato. Lave e
seque a roupa suja de fluido antes de utilizá-la novamente.
Se o produto for injetado na ou sob a pele, ou em outra
parte qualquer do corpo, sem levar em conta o tamanho ou a
aparência do ferimento, o indivíduo deve ser examinado
imediatamente por um médico. Mesmo se os sintomas iniciais
forem mínimos ou estiverem ausentes, o tratamento cirúrgico
antecipado dentro das horas seguintes poderá reduzir
significativamente a extensão dos danos”.
Uma seção intitulada Variação entre indivíduos afirmou:
“Estudos de saúde mostraram que muitos hidrocarbonos de
petróleo
e
lubrificantes
sintéticos
possuem
riscos
potenciais à saúde humana, que podem variar de pessoa para
pessoa. Como precaução, exposição à líquidos, vapores,
névoas ou fumaça devem ser reduzidas ao mínimo possível”.
Uma outra diretriz indica que alguns produtos derivados de
petróleo podem ser “possíveis alergênicos quando em contato
com a pele” e utilize termos tais como “contato prolongado
e repetido”. Nenhuma destas diretrizes abordou o problema
diretamente.
As folhas de segurança de produtos são produzidas pelo
fabricante do mesmo. Elas avaliam o produto em um ambiente
controlado. O fluido da transmissão em sua oficina, assim
que sai da transmissão do veículo, não sai da mesma forma
como quando foi produzido. Ele sai usado e contaminado com
inúmeros subprodutos resultantes de sua utilização na
transmissão. Colocado de maneira simples, uma vez que o
fluido da transmissão é removido da embalagem quando novo,
estará sujeito às várias mudanças em sua formulação.
Desde longa data, como técnico, lembro de que há muito
tempo ouvi que o “óleo usado” era um carcinógeno suspeito
(causador de câncer) de maneira que o contato com a pele
deveria sempre ser evitado. Não me preocupei muito naquele
tempo com esta afirmação porque não poderia imaginar como
(ou porque) alguém poderia querer jogar óleo usado em cima
de si mesmo. Surpreendentemente, demorei um pouco para
perceber que numa troca de óleo não significa somente
abastecer com óleo novo, também envolve se descartar do
óleo velho (e do filtro). Quando feita em casa, esta
operação não é exatamente uma operação limpa. A mesma
preocupação sobre exposição do fluido de transmissão
deveria ser considerada durante a troca do fluido e do
filtro, especialmente quando da reforma da transmissão.
Estes fluidos foram misturados com outros contaminantes
desconhecidos pela circulação dentro da transmissão com
outros materiais que estão sendo decompostos durante o uso.
Sabemos que nenhuma diretriz de segurança avalia o produto
após esta etapa. É provavelmente impossível ao fabricante
predizer quão “contaminado” o fluido ficará e então
cientificamente avaliar os possíveis efeitos que o seu
produto alterado pode produzir.
Um outro fator a ser considerado é o indivíduo que se
exporá ao produto. É obvio que cada indivíduo é diferente.
Se você possui, ou conhece alguém que possua alergias,
observará reações diferentes exatamente à mesma exposição
por pessoas diferentes. Esta é a razão que torna tão
difícil
entender
porque
um
técnico
nunca
apresenta
problemas com exposição ao fluido de transmissão enquanto
outro técnico desenvolve o que parece ser uma hipersensividade ao fluido durante a noite. O sintoma que pode
aparecer parece ser tão exclusivo quanto o indivíduo. A
escala de sintomas vai desde a ausência total de problemas,
passando por irritação leve da pele, coceira severa,
feridas
que
irrompem
eventualmente
e
que
descamam
(psoríase). Alguns técnicos, uma vez submetidos a estes
problemas, acham difícil retornar à oficina temendo uma
outra reação por exposição repetida à substância.
Foi a reação da pele do técnico resultado exclusivo da
exposição ao fluido da transmissão automática? A resposta
poderá nunca ser provada. É provavelmente seguro dizer que
a exposição repetida ao fluido da transmissão poderia ser
um dos fatores. Se você observar, ou mesmo os técnicos de
sua oficina reportarem qualquer forma de irritação da pele
enquanto trabalhando com fluido de transmissão, é tempo de
tomar ação. A substituição do produto por um de marca
diferente não mostrou ser uma solução confiável.
O que é conhecido e pode ser feito volta ao básico. As suas
opções são fornecer proteção ou não permitir exposições
continuadas. Sim, equipamento de proteção individual (EPIs)
tais como luvas, óculos de proteção, aventais, etc., podem
ser de ajuda e fornecer proteção adicional embora algumas
pessoas se queixem que eles restringem os movimentos e
sentidos, mas seu valor vem da barreira que eles colocam
contra agentes perigosos. Faz sentido para nós fornecer
proteção
contra
exposições
indevidas
quando
e
onde
possível.
Não se iluda com a afirmação que “eu sou forte,
agüentar isto”. A realidade é que talvez você
agüentar hoje, mas o que dizer no mês que vem? Quem
Tanto o técnico quanto a oficina. Será que realmente
pena?
posso
possa
perde?
vale a
Técnicos treinados e experientes são um investimento e um
trunfo em sua oficina. Mude a cultura em seu local de
trabalho. Converse com seus técnicos regularmente e
comunique sua preocupação com o bem estar deles e os
requisitos de segurança que você estabeleceu. Estabeleça um
bom exemplo e siga suas próprias regras. Estará bem
utilizar luvas ou uma barreira de proteção através de
cremes, sempre que possível para minimizar a exposição de
mãos e braços dos técnicos e utilizar aventais evitando
“tomar um banho” acidental de fluido de transmissão. A
proteção dos olhos é outro assunto que você deve insistir.
Minimizar a exposição ao fluido de transmissão e outros
riscos da oficina simplesmente é uma questão de bom senso.
Extraído da Revista Gears de Dezembro de 2008
Artigo escrito por Dennis Gad
Tradução: Carlos Napoletano Neto
Redação: APTTA Brasil – Associação de Profissionais Técnicos em
Transmissão Automática 
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