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Homens que Fazem Sexo com Homens (PN- DST e Aids)
Estimativa Populacional: 5,9% da população masculina com 15 anos ou mais, correspondendo a cerca de
3.200.000 indivíduos, percentual próximo dos Estados Unidos (6,7%) e França (4,1%)
Ações de Prevenção: OSC e grupos homossexuais: atores principais das ações de intervenção
comportamental, com participação na definição de políticas públicas para prevenção das DST/aids direcionadas
aos HSH
Dificuldades: quantificar e qualificar o contingente populacional (cobertura efetiva dos HSH é um desafio) e
melhorar a qualidade técnica dos projetos executados pelas OSC dirigidos a HSH
Avanços na garantia dos DDHH: promulgação de leis municipais e estaduais contra a discriminação por
orientação sexual e SOS para denúncias sobre atitudes de preconceito, violência e discriminação.
Estratégias
• Produção e divulgação de campanhas educativas e de materiais informativos direcionados aos HSH
• Apoio técnico, político e financeiro às ações e projetos para ampliar a abrangência das ações de prevenção
Apoio e realização de estudos e avaliação
• Fortalecimento institucional de grupos e movimentos homossexuais do País
• Mobilização e participação social para maior visibilidade homossexual na sociedade e nas políticas públicas
Apoio e realização de estudos e avaliação: pesquisas de opinião, pesquisas CAP, Seminário Nacional de
Pesquisa sobre HSH, pesquisa de coortes do RJ ("Praça Onze"), SP ("Bela Vista") e BH ("Horizonte");
Fortalecimento institucional de grupos homossexuais: Apoio aos PoA dos grupos capacitados pelo Projeto
Somos; capacitação de lideranças homossexuais; apoio técnico, político e financeiro a eventos nacionais em
questões relacionadas à homossexualidade e aids;
Ampliação da mobilização e participação social: articulação entre a Saúde e Justiça/Direitos Humanos;
parceria com a Secretaria de Direitos Humanos; Paradas de Orgulho GLBT; informações sobre
homossexualidade e aids, na homepage do PN-DST/AIDS
Produção e divulgação de campanhas educativas e de materiais informativos: campanha informativa sobre
prevenção das DST/aids e promoção de auto-estima; workshop sobre materiais informativos de OG e ONG;
inclusão do tema da diversidade sexual em campanhas e materiais informativos; produção de publicações sobre
resultados de pesquisas junto aos HSH.
Apoio técnico-político e financeiro às ações e projetos: projetos estratégicos nos estados com maior
prevalência de casos de aids em HSH; projetos de ONG a na região Sul, como resultado da Macrorregional do
PN-DST/AIDS, julho de 2001; garantia que todos os estados e municípios tenham ações ou projetos
direcionados aos HSH; disponibilização dos insumos de prevenção das DST/aids; M&A dos projetos para HSH
Resultados Parciais
• Campanhas, de pesquisas de opinião e CAP, paradas de Orgulho GLBT, Guia de Prevenção das DST/Aids e
Cidadania para Homossexuais, 6 tipos de materiais informativos (cartões e folders) elaborados por grupos
homossexuais, distribuição de gel lubrificante a instituições governamentais e não-governamentais;
• Apoio técnico-financeiro a 211 projetos de OG, ONG e grupos homossexuais em todo o País (2000-2002):
• 350% de crescimento dos projetos apoiados (1999-2002)
• 1.653.824 pessoas acessadas - 52% de cobertura populacional, com crescimento de 69% (2001-2002)
• R$ 6.172.645.00 aplicados (1999-2002)
• 190instituições beneficiadas (1999-2002)
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Dados da aplicação de questionários a 119 jovens sexualmente ativos do Projeto SE LIGUE II
N˚ de jovens sexualmente ativos
119
N˚ de jovens que declararam usar preservativo sempre
75
N˚ de jovens que declararam usar preservativo às vezes
25
N˚ de jovens que declararam nunca usar preservativo
19
N˚ de jovens que declararam ter tido DST
3
N˚ de jovens que declararam não saber o que é DST
10
N˚ de jovens que declararam sofrer violência familiar
23
N˚ de jovens que souberam identificar 3 formas de sexo protegido
11
N˚ de jovens que souberam identificar 3 formas de transmissão do HIV
61
N˚ de jovens que acham a homossexualidade normal
104
N˚ de jovens que acham a homossexualidade anormal
6
Comentários
1. Apesar de muita informação, campanhas etc, nem todos os jovens sexualmente ativos usam a camisinha,
muitos nem sabem o que é DST, poucos conhecem o que é sexo protegido (seguro) e muitos sequer sabem
como o HIV se transmite
2. O slogan “Use sempre a camisinha” já não faz mais muito efeito
3. A possibilidade de tratamento com ARV contribui para o “relaxamento” no uso da camisinha
4. Os materiais de informação (folders etc) demonstram a colocação da camisinha de uma forma totalmente
sem tesão
5. Nunca vi uma imagem apontando para a possibilidade de colocar a camisinha com uma mão, enquanto se
beija e se amassa e se bole com a outra
6. As peças publicitárias, cujo objetivo seria o de motivar para uma transa mais protegida, não têm sido
eficazes
7. A motivação para transas mais protegidas é algo complexo que deveria ultrapassar a esfera cognitiva e tocar
a emoção, a estética, a ética
O que motivaria os gays a usarem preservativo e terem uma transa mais protegida?
O que os motivaria para o cuidado?
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Na saúde coletiva1
Constatações
• O diálogo da saúde pública tem sido pouco eficaz
• Não criamos motivação quando nos dirigimos às pessoas com uma perspectiva de controle
Desafio
Superar as barreiras que o jargão técnico interpõe a uma autêntica interação entre profissionais e população
Barreiras
• Tratamos o sujeito como núcleo individual, permanente, como mesmidade (o mesmo)
• Transformamos o sujeito em mais um objeto no mundo.
• Perdemos de vista a ipseidade dos sujeitos (pelo mesmo)
• Não levamos em conta a auto-diferenciação que se afirma a cada vez que reconheço um outro
• Não conseguimos chegar ao âmago dos processos mais vivos da constituição dos sujeitos como tal.
Escapam-nos as mais ricas possibilidades de participar da construção de identidades e de fortalecer o poder
transformador de indivíduos e grupos no que se refere à saúde.
Precisamos reconhecer que
• No plano mais ideológico reclamamos a presença de um sujeito/si
• Na nossa prática discursiva cotidiana trabalhamos com a concepção de um sujeito/eu
• Nossa limitada capacidade de alcançar o ideal de que as pessoas se tornem sujeitos de sua própria saúde é
sempre interpretada pela pobre versão de um "fracasso" nosso em comunicar, ou das pessoas em
compreender e aderir às nossas propostas.
Mudanças necessárias
Rever a atitude de buscar estabelecer um diálogo com os indivíduos ou populações em favor dos quais
queremos dispor nossos talentos e competências profissionais
Reconstruir novas pontes de comunicação, sem as quais não poderá haver compartilhamento de horizontes
normativos entre os técnicos e o público
Enriquecer a concepção de intervenção e os diálogos que travamos no campo da saúde
Trazer a intersubjetividade para o campo de práticas da saúde
Abandonar a atitude de curar e controlar
Curar, tratar, controlar são posturas limitadas, são práticas que supõem, no fundo, uma relação estática,
individualizada e individualizante, objetificadora, enfim, dos sujeitos-alvo de nossas intervenções.
Buscar a atitude de cuidar
Cuidar é soprar o espírito, é ver que essa forma não é pura matéria suspensa no tempo, sempre na mesma, mas
um ser que permanentemente trata de ser. Cuidar é reconhecer que subjetividade é sempre relação, é
intersubjetividade.
Não existe o sujeito individual. Somos sempre e imediatamente "o outro de cada um"
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Notas a partir do texto de José Ricardo Ayres, Sujeito, Intersubjetividade e Práticas de Saúde
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Homens que Fazem Sexo com Homens (HSH)