Carta de Florianópolis, 30 de outubro de 2015 O V Encontro Nacional de Residências em Saúde (ENRS) realizado em Florianópolis, Santa Catarina, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no período de 28 a 30 de outubro de 2015, teve como tema central “O desafio da interdisciplinaridade e a contribuição da Residência para a (re)afirmação do SUS”. Nós, profissionais de saúde, representados pelos segmentos de residentes, preceptores, tutores e coordenadores aprovamos esta carta em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) público, universal e de qualidade, livre de qualquer forma de cobrança, sob gestão estatal, e de uma formação de qualidade das residências em saúde. Os diversos atores envolvidos com as Residências em Saúde entendem como de suma importância a criação, regulamentação e implementação de uma Política Nacional de Residências em consonância com os princípios do SUS, considerando a relevância dos Programas de Residências em Saúde no Brasil na formação dos trabalhadores para o SUS. Defendemos a indicação dos representantes dos residentes, preceptores, tutores e coordenadores junto a Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS) e demais espaços deliberativos pelos seus respectivos fóruns segmentares, entendendo que o respeito às decisões é um princípio básico da democracia participativa defendida por este c oletivo neste evento. Reivindicamos o reconhecimento e a qualificação da função de tutoria, preceptoria e coordenação nos programas de residência em saúde junto às instituições envolvidas (equipamentos de saúde, IES, IE, MEC, MS e secretarias municipais e estaduais de saúde) no que diz respeito a: a) disponibilidade de carga horária para dedicação em processos formativos atrelados à sua função, incluindo formação e educação permanente; b) incentivo financeiro; c) inclusão no plano de progressão de carreira funcional; e d) presença efetiva do preceptor e tutor na formação do residente, em consonância com os princípios éticos e políticos do SUS. Reivindicamos a efetivação do processo de avaliação dos programas de residências em saúde, com o estabelecimento de critérios mínimos, públicos, claros e definidos com a participação dos coletivos, considerando as especificidades dos programas e das áreas de concentração. Ainda, para sua efetivação, a avaliação deverá garantir a capacitação prévia dos avaliadores de programas, de forma presencial. Defendemos o reconhecimento institucional dos programas de residências em saúde como uma modalidade de formação de pós-graduação nas instituições proponentes, diferenciada da titulação de “especialização” atualmente vigente. Reforçamos a necessidade de que a certificação específica de residência seja contemplada tanto em seleções acadêmicas como em concursos públicos com maior pontuação do que as atuais certificações de especialização, bem como acreditamos que a carga horária prática possa ser computada como experiência profissional. Reiteramos a urgência da realização do V Seminário Nacional de Residências em Saúde, considerando a necessidade de encaminhar as diferentes pautas pendentes. Reafirmamos a indicação da necessidade de redução da carga horária de 60 horas semanais dos programas de residência, sem redução do valor da bolsa. Destaca-se que o Fórum Nacional de Residentes reivindica 44h semanais, a serem cumpridas conforme o artigo 2º da Resolução 05/2014, da CNRMS. Defendemos a garantia de carga horária semanal aos residentes, preceptores e tutores para elaboração e execução do Trabalho de Conclusão de Residência (TCR) desde o início do curso. Além disso, reforçamos que o TCR possa ser escrito de forma individual ou coletiva, com metodologia científica, técnica ou artística, não sendo obrigatória a submissão do artigo em periódicos científicos, sendo necessária a discussão com relação à obrigatoriedade de que o orientador tenha mestrado ou doutorado e que possibilite que a co-orientação seja desenvolvida por outros atores envolvidos no processo de formação da residência. Definimos que o Encontro Nacional de Residências em Saúde ocorrerá anualmente e contará com a participação dos fóruns de segmentos (residentes, tutores, preceptores e coordenadores) na organização e efetivação do evento, enfatizando o caráter político do evento e, portanto, garantindo a maior parte do tempo para as discussões dos Fóruns. Tendo em vista o atual panorama das constantes ameaças de retrocessos que o SUS tem sofrido nos últimos anos, repudiamos qualquer forma de privatização - que ocorre por meio das OS´s, OSCIP`s e EBSERH -, terceirização, subfinanciamento e precarização dos serviços públicos. “A NOSSA LUTA É TODO DIA, SAÚDE E EDUCAÇÃO NÃO SÃO MERCADORIA” Fórum Nacional de Residências em Saúde.