Plano de Manejo do Parque Nacional do Pantanal Matogrossense 312 Encarte 3 – Análise da UC 3.3 PATRIMÔNIO CULTURAL MATERIAL E IMATERIAL No que se refere ao patrimônio cultural material do Parque, destaque é dado aos sítios arqueológicos, sobre os quais pouco se conhece, além de vestígios de sítios históricos, erguidos durante a Guerra do Paraguai. Segundo informações obtidas em levantamento de campo foi possível identificar apenas o sítio arqueológico, localizado na base do morro do Caracará, próximo à baía do Morro, porém existem indícios da existência de outros neste local. Este sítio, que recebe o nome do morro, apresenta gravuras e pinturas de grande beleza, sendo considerado pelo IPHAN um sítio de alta relevância, de tradição Pantanal, cujo grau de integridade está entre 25 e 75%. Ainda neste Morro, segundo levantamentos de campo, foram identificados vestígios de trincheiras utilizadas na Guerra do Paraguai. Não foram identificados na área do PNPM locais para práticas místico-religiosas ou outras manifestações culturais. 3.4 SOCIOECONOMIA Os aspectos socioeconômicos da região e que tem uma direta relação com o Parque serão apresentados nos tópicos seguintes. 3.5 SITUAÇÃO FUNDIÁRIA O PNPM possui toda sua área, 135 mil hectares, regularizada, não existindo população residente ou terra a ser indenizada. Esta situação deve-se ao fato de o Parque ter sido criado num local, como já mencionado, onde anteriormente existia uma única fazenda, que foi adquirida pelo Poder Público. 3.6 FOGOS E OUTRAS OCORRÊNCIAS EXCEPCIONAIS O fogo modifica a estrutura da vegetação e, dessa maneira, afeta a estrutura da comunidade de mamíferos de uma região. Pequenos roedores e marsupiais são o componente da mastofauna mais afetado devido à pequena mobilidade que geralmente possuem. No PNPM, em sua porção sul, problemas com fogo têm sido, tradicionalmente, mínimos ou mesmo inexistentes, dado o alto grau de inundação da área. Entretanto, este é um cenário que tende a se modificar, ao se confirmarem as previsões de início de um longo ciclo de secas, cada vez mais pronunciadas, uma tendência histórica no Pantanal (Dantas, p. 102). A porção nordeste do Parque é a área de maior ocorrência de incêndios, oriundos de práticas agropecuárias desenvolvidas nas fazendas do entorno e da extração de mel. Ao mesmo tempo em que na atualidade representam problema menor na porção sul do Parque, as queimadas constituem-se um dos problemas mais sérios em toda a região da serra do Amolar, tendo em vista a fartura de combustível natural representada pelos Campos Cerrados e Campos Rupestres, e a quase impossibilidade de controle, uma vez estabelecido um foco de fogo. A dificuldade de acesso e a falta de recursos humanos e materiais são os principais problemas. Existem vestígios de fogo antigo na margem direita do rio Caracará, a sudeste da Unidade e acima da baía do Burro, vindos da região do rio São Lourenço. No Plano de Manejo do Parque Nacional do Pantanal Matogrossense 313 Encarte 3 – Análise da UC ano de 2002 (outubro e novembro), um incêndio às margens do rio São Lourenço subiu perpendicularmente na direção do aterro do retiro, margeou o rio Caracará e entrou no Parque, na região da divisa com a RPPN Estância Doroché. Tendo em vista que a vertente norte da serra, em sua maior parte, está inserida em áreas protegidas, as maiores possibilidades de início e disseminação de focos de fogo concentram-se nas vertentes norte, nos campos e pastagens de fazendas localizadas já em território boliviano. A atividade de extração de mel e coleta de iscas, pelos acampamentos e, conseqüentemente, acendimento de fogueiras para o desenvolvimento destas atividades, também pode ocasionar incêndios nas áreas adjacentes ao Parque. O período de maior risco de incêndio é de setembro a dezembro. O fogo pode oferecer benefícios imediatos aos proprietários rurais devido à rápida conversão de nutrientes da biomassa, em cinzas, favorecendo a camada herbácea disponível para o gado e reduzindo populações de patógenos. Contra estes benefícios, entretanto, há vários custos para o produtor rural, associados ao uso do fogo, como perda de nutrientes e o risco de descontrole das queimadas, causando danos em cercas, culturas arbóreas e benfeitorias. Há também custos para os vizinhos e para a sociedade em geral, incluindo impactos na qualidade da água e dos solos, perda de espécies nativas ou redução de populações animais e vegetais, problemas de saúde e lançamento de poluentes para a atmosfera (Brasil, 2002c, p. 319). Não se tem conhecimento de histórico de outros fenômenos da natureza, segundo o Chefe da Unidade. Ainda segundo relatos dele, as enchentes não trazem conseqüência maléfica ao Parque, pelas características da área. Os procedimentos adotados para a prevenção de incêndios dizem respeito ao planejamento de visitas periódicas a todos os coletores de mel da região do entorno, algumas já realizadas, além da desobstrução e manutenção do caminho hídrico no rio Caracarazinho, sendo esta uma ação realizada constantemente, para facilitar o acesso às áreas vulneráveis. Atualmente a Unidade não conta com bases de apoio emergencial, o que dificulta, em parte, as atividades de prevenção e combate a incêndios. 3.7 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO PARQUE Em atendimento a este item são apresentadas as atividades apropriadas desenvolvidas no PNPM, como também atividades ou situações conflitantes. 3.7.1 ATIVIDADES APROPRIADAS São apresentadas neste item as atividades de fiscalização, educação ambiental, pesquisa, divulgação e visitação desenvolvidas no PNPM. Fiscalização A atividade de fiscalização no PNPM ocorre por rondas realizadas três vezes por semana, no rio Paraguai e rio São Lourenço (área de maior invasão), uma vez por semana no rio Caracarazinho (fronteira leste), uma vez por mês no interior Plano de Manejo do Parque Nacional do Pantanal Matogrossense 314 Encarte 3 – Análise da UC da Unidade e uma vez por bimestre em todo o entorno, fronteiras leste, sul e oeste (ao norte é fronteira seca - RPPN). A estratégia de trabalho adotada é aleatória, buscando o fator surpresa. A freqüência é cumprida de acordo com a disponibilidade de combustível, sendo três o número de servidores envolvidos diretamente, além dos brigadistas contratados para dar apoio a estas atividades do Parque. As operações no entorno da Unidade são realizadas com maior freqüência nos meses de março e abril (início da temporada de pesca e Semana Santa), julho (férias escolares) e outubro (final da temporada de pesca). Entre os meses de novembro e fevereiro não existe pressão de pesca na Unidade, por ser período chuvoso, impróprio para o turismo. Não existem postos de fiscalização na Unidade e entorno, sendo utilizado apenas o transporte fluvial, apresentado no item 3.8.2 Infra-estruturas, Equipamentos e Serviços. O sistema de rádio disponível atualmente na Unidade é insuficiente, necessitando ser redimensionado. Segundo informações do Chefe da Unidade, recentemente foi adquirido um sistema de comunicação, por satélite (Globalstar fixo e móvel), porém o mesmo ainda não foi instalado. No que se refere ao alojamento para servidores e eventuais colaboradores, ainda segundo o Chefe da Unidade, o único alojamento disponível é insuficiente, pois está sendo completamente ocupado pela administração do Parque. Quanto à atuação da Polícia Federal, Exército, Forças Armadas, Aeronáutica, Policiamento Estadual e Municipal na fiscalização da Unidade, conforme informações colhidas, apenas quando convidados para operações especiais programadas, eles desenvolvem atividades desta natureza no Parque. No que diz respeito aos instrumentos de controle como: relatórios gerados nas fiscalizações, autos de infração, apreensão e embargo, o sistema adotado pelos servidores do Parque é a notificação do infrator. Os autos de infração são lavrados pela divisão de fiscalização da Gerência Executiva de Cuiabá. Pesquisa Científica No que se refere às pesquisas desenvolvidas dentro da Unidade, são apresentadas no Quadro 35 as realizadas no período de 1991 a 2002. Destas, apenas duas têm cópia de seus relatórios finais disponibilizados no Parque. Vale ressaltar que conforme a Instrução Normativa nº 109 de 12 de setembro de 1997, as pesquisas que não envolvem coleta de material abrem processo na Gerência Executiva do Ibama, em Cuiabá, sendo enviado posteriormente ao PNPM, onde é autorizado pela chefia da Unidade. As demais pesquisas, que envolvem coleta, são autorizadas pelo Ibama-Sede, em Brasília, após parecer e análise. Algumas pesquisas autorizadas acabam não sendo realizadas por motivos diversos. Educação e Conscientização Ambiental Quanto aos trabalhos de educação ambiental, os levantamentos realizados demonstram não haver programas específicos sobre este tema. Existe apenas um trabalho realizado de forma não sistemática, quando há alguma demanda de escolas ou outras instituições. Plano de Manejo do Parque Nacional do Pantanal Matogrossense 315 Encarte 3 – Análise da UC No que se refere à conscientização ambiental, segundo o chefe da Unidade, esta atividade é realizada por freqüentes contatos diretos com as comunidades e empresários envolvidos. A participação em eventos, formação e participação de Comitês, como o Comitê Poconé sem fogo; incentivo à formação da associação dos amigos do Parque, em Corumbá, também são meios, segundo o Chefe, de trabalhar a conscientização ambiental. Divulgação No que se refere à divulgação da Unidade, a realidade é bastante semelhante à apresentada acima, podendo-se afirmar que não há um trabalho sistemático, que, segundo o Chefe do Parque, se deve ao fato dele não se encontrar aberto à visitação. Devido ao exposto, a Unidade não tem sido divulgada para estas práticas. Durante os levantamentos foi possível constatar a existência de um antigo folheto informativo sobre a Unidade, que se encontra atualmente esgotado. Na Internet podem ser encontrados vários sites que disponibilizam informações e serviços sobre a região do Pantanal e sobre o PNPM. Visitação Como já mencionado, o PNPM não se encontra aberto à visitação pública, não sendo disponibilizada nenhuma atividade desta natureza, porém constata-se sua prática de forma clandestina.