Proposta Atribuição de endereços IPv6 na UTL 1. Introdução Esta proposta pretende definir um esquema racional de atribuição de endereços IPv6 aos diversos organismos da UTL com vista a resolver à partida alguns problemas que poderiam ser encontrados no futuro após delegação destes endereços. Mas antes de mais é feita uma pequena abordagem à necessidade de se utilizar o protocolo IPv6 como protocolo de rede de futuro na Internet. Posteriormente são apresentados os requisitos na atribuição de endereços. Finalmente, é apresentada uma proposta de solução que poderá ser amplamente debatida e rectificada de modo a que seja alvo de consenso entre todos os intervenientes no processo. 2. Protocolo IPv6 2.1. Porquê usar o protocolo IPv6? O protocolo IPv6 usa endereços com 128bits de tamanho, o que permite endereçar 7,9x1028 vezes mais máquinas do que com endereços IPv4 de 32 bits. Permite endereçar praticamente cada átomo do nosso planeta. Com esta capacidade de endereçamento destacam-se as seguintes vantagens: • Cada utilizador poderá ter para si uma quantidade enorme de endereços o que lhe dá a possibilidade de ter a sua própria sub-rede. • Um dado equipamento poderá usar vários endereços dependendo das ligações que pretende estabelecer ou receber. • Os administradores de redes podem fazer um melhor planeamento da atribuição de sub-redes às entidades que lhe estão afectas. Evita-se assim, que cada entidade tenha gamas de endereços partidas em fragmentos que geralmente contribuem para uma maior dificuldade em gerir tantas rotas nos equipamentos de encaminhamento (Routers). • Tal como os administradores de redes fazem uma melhor gestão, também os Routers, tendo menos rotas conseguem tomar decisões mais depressa. Esta é uma característica que se torna mais evidente nos Routers de grandes ISPs que têm geralmente milhares de rotas possíveis para os pacotes. Uma outra característica importante do protocolo IPv6 prende-se com o facto de facultar a cada equipamento a capacidade de autoconfiguração de endereço IP e respectivas rotas sem ser necessário nenhum cliente especial como é o caso do DHCP. No entanto, também existe DHCP para este protocolo. Para além disto o protocolo IPv6 também pressupõe que a verificação da integridade dos pacotes, ou seja, se estes chegam ao destino com erros, já é feita apenas pelas interfaces de comunicação e pelos protocolos de transporte como é o caso do TCP, UDP, etc. Neste sentido, os cabeçalhos dos pacotes IPv6 já não têm um campo de validação de integridade. As vantagens que esta medida traz são as seguintes: • Os Routers deixam de verificar a integridade dos pacotes quando os recebem. • Deixam de ter necessidade de alterar um campo de validação de integridade quando alteram estes pacotes. • Se deixam de fazer estas coisas então gastam menos tempo de processador para encaminhar o pacote. • Nesse caso podem tratar pacotes com débitos mais elevados. O protocolo suporta de origem aspectos de segurança, qualidade de serviço e mobilidade das comunicações. Estes últimos aspectos tendem a ser cada vez mais importantes para os requisitos de comunicação global que hoje temos. 2.2. Atribuição de Endereços Os 128 bits de um endereço são delegados da seguinte forma: Um ISP recebe um endereço de sub-rede com 32 bits de máscara. Os restantes 96 bits do endereço são para atribuir a equipamentos ligados ao ISP. Exemplo: RCTS2 – 2001:0690::/32 Uma Universidade recebe um endereço sub-rede com 48 bits de máscara. Os restantes 80 bits do endereço são para atribuir a equipamentos ligados à Universidade. Exemplo: UTL – 2001:0690:2100::/48 A um troço de rede físico é atribuído um endereço de sub-rede com 64bits de máscara. Exemplo: Salas de laboratórios Informática - 2001:0690:2100:0001::/64 Rede Wifi - 2001:0690:2100:0002::/64 ... O facto de um troço físico ter uma sub-rede com outros tantos 64bits endereçáveis serve para permitir que o mecanismo de autoconfiguração IPv6, implementado nos sistemas operativos, funcione. Esta é uma característica da norma de IPv6 que muitos administradores de redes poderão estranhar, devido à sua dimensão, pelo facto de estarem habituados a terem apenas um “classe C” em IPv4 que só permitia endereçar até 254 (256-2) equipamentos visto que só tinha 8 bits livres. 3. Requisitos Existem vários problemas que têm de ser tidos em consideração ao delegar gamas de endereços IPv6 para cada instituição, os quais se referem em seguida: - Cada instituição tem maior ou menor necessidade de endereços IPv6 em função do números de utilizadores e equipamentos que usem estes endereços; - Cada instituição poderá vir a ter necessidade de mais endereços no futuro também em função do seu crescimento em termos de população e nível tecnológico; - A UTL tem actualmente um determinado número de instituições e secções que poderá vir a crescer no futuro. 4. Solução proposta Para fazer face aos requisitos mencionados acima apresenta-se aqui uma proposta para atribuir os endereços às instituições da UTL. Em primeiro lugar eis a lista de entidades consideradas e o seu peso em termos de necessidades de endereços: Nome FMV ISA ISEG IST ISCSP FMH FA Reitoria Peso 1 1 1 4 1 1 1 1 Há a assinalar que com a capacidade de endereçamento actual os pesos estão muito mais harmonizados não havendo uma discrepância tão grande entre as diversas instituições. Em segundo lugar há que considerar que, com o avanço tecnológico, no futuro cada uma das instituições poderá ter necessidade de mais espaço de endereçamento e nesse caso cada uma delas ficará com espaço de reserva que não será de imediato atribuído. Do ponto de vista da administração de rede é conveniente que o espaço de endereçamento atribuído a uma dada instituição seja sempre contínuo. Portanto, cada instituição terá espaço reservado contíguo ao espaço já atribuído. O espaço reservado contíguo ao espaço atribuído a uma instituição poderá ser atribuído para outros fins em caso extremo de falta de endereços. As vantagens deste planeamento permite que o número de tabelas de rotas se mantenha o mais reduzido possível. Em terceiro lugar há que deixar reservado espaço de endereçamento para novas instituições e/ou secções que possam vir a surgir. Nesse sentido o ideal seria deixar 50% do espaço livre para planeamento futuro. A fórmula encontrada para subdividir a rede 2001:690:2100::/48 atribuída à UTL consiste em criar 32 blocos de endereços ficando cada instituição com um número de blocos atribuídos igual ao seu “peso” e com um número de blocos reservados idêntico. Considera-se nesta solução que a sub-rede mais pequena que se pode atribuir tem uma máscara de 64bits. As contas são feitas desta forma: • • • A UTL tem 80 bits Cada sub-rede tem 64 bits Logo a UTL tem 80 – 64 = 16 bits de endereços de sub-redes o que dá um total de 65536 sub-redes. Estas 65536 sub-redes são divididos em 32 blocos de 2048 sub-redes. Assim, a figura abaixo apresenta a distribuição das instituições pelo espaço total de endereçamento da UTL. Atribuição Sub-rede para routing dentro da UTL Sub-rede para servidores dentro da UTL Espaco Endereço 2001:690:2100:ffff::/64 2001:690:2100:fffe::/64 Não atribuído 2001:690:2100:fffd:ffff:ffff:ffff:ffff . . . . . Reservado Reitoria Reservado FA Reservado FMH Reservado ISCSP Reservado ISEG Reservado ISA Reservado FMV Reservado 2001:690:2100:b000:0000:0000:0000:0000 2001:690:2100:a800::/53 2001:690:2100:a000::/53 2001:690:2100:9800::/53 2001:690:2100:9000::/53 2001:690:2100:8800::/53 2001:690:2100:8000::/53 2001:690:2100:7800::/53 2001:690:2100:7000::/53 2001:690:2100:6800::/53 2001:690:2100:6000::/53 2001:690:2100:5800::/53 2001:690:2100:5000::/53 2001:690:2100:4800::/53 2001:690:2100:4000::/53 2001:690:2100:2000::/51 IST 2001:690:2100:0000::/51 Tabela : Atribuição do espaço de endereçamento pelas instituições. No total fica cerca de 65% do espaço não atribuído, sendo que cerca 34% deste espaço fica logo reservado à partida. Dos restantes 31% não atribuídos podem ser definidos blocos mais pequenos caso seja necessário para outros casos pontuais. Fica assim definida uma solução que minimiza o número de rotas a existir na UTL, para o presente e para o futuro, fornece a cada instituição um espaço de endereçamento bastante amplo e mantém em aberta a expansão da rede a outros universos de utilizadores dentro da Universidade.