KIWICOOP CRL União europeia Fundos estruturais Nota sobre consequências para os pomares de actinídeas, das baixas temperaturas que se fizeram sentir no final de Fevereiro e Março de 2005. No início do mês de Março do corrente ano foi evidente em diversos pomares, com menos de 5 anos, a formação de lesões na base do tronco (Fig 1). Fig. 1: Lesões no tronco de jovens árvores após exposição a temperaturas negativas (Foto tomada a 7 de Março de 2005) As lesões, localizadas a aproximadamente 15 cm do solo, caracterizavam-se por um empolamento da casca em torno do jovem caule. A casca acabava por secar e levantar expondo o interior do caule. Quando se removia a casca surgia um líquido viscoso de cor acastanhada. O interior do tronco não parecia afectado, apresentando-se de aspecto saudável, embora por vezes um pouco oxidado. Nalguns casos foi evidente posteriormente a emissão de novos rebentos abaixo da lesão. Os curtos períodos de temperatura amena que se fizeram sentir em Janeiro e Fevereiro foram suficientes para provocar uma subida precoce da seiva, visível na “chora” de algumas árvores no final deste período. Porém o frio intenso, que se fez sentir no final daquele período (nalguns casos abaixo dos -10ºC), fez com que a seiva congelasse debaixo da casca, rebentando-a (tal como se verificou com alguns tubos de água de rega). Esta situação foi observada apenas em plantas com menos de 5 anos, em que a casca não conseguia proteger o tronco. Nos casos mais graves a lesão “abraçou” completamente o tronco, limitando a ascensão de seiva a partir desse momento. Este tipo de lesão poderia ser confundido, à primeira vista, com o “cancro” de Phytophthora (Fig.2). No entanto este cancro desenvolve-se mais perto do chão e ao Fig. 2: Cancro na base do tronco causado por Phytophthora sp. PROJECTO AGRO 688 - DEMONSTRAÇÃO E PROMOÇÃO DE PRÁTICAS AGRÍCOLAS QUE ASSEGUREM A QUALIDADE E SEGURANÇA ALIMENTAR E QUE MINIMIZEM O IMPACTO AMBIENTAL DA CULTURA DA ACTINÍDEA’ KIWICOOP CRL União europeia Fundos estruturais levantar as raízes verifica-se que se encontram podres, o que não aconteceu no caso exposto. Em resultado das lesões mais graves, poderá ter ocorrido a partir de Maio uma murchidão progressiva dos lançamentos primaveris. Posteriormente as árvores poderão murchar subitamente com a chegada dos calores de Junho/Julho. Se a lesão for limitada e não atingir grande dimensão, a cicatrização dos tecidos poderá permitir o restabelecimento da circulação da seiva sem grandes consequências para o futuro da planta. No entanto lesões importantes mal cicatrizadas provocarão atrasos na rebentação que aparecerá estiolada com folhas, rebentos e frutos de pequeno tamanho. Neste último caso será de considerar refazer a árvore a partir de lançamentos vigorosos situados abaixo das feridas provocadas pelo gelo. Malformações, consequência de uma má formação inicial das plantas, poderão dificultar a circulação da seiva, acumulando-a e facilitando assim a formação de gelo nessas zonas. Mais uma vez se chama a atenção para a necessidade de uma poda de formação bem feita de modo a obter plantas de eixo vertical bem formado. Não sendo fácil prevenir eficazmente este tipo de ocorrências, alerta-se que “vestir” o tronco com plástico transparente poderá ser contraproducente, pois aquele aquecerá apenas durante o dia promovendo a subida da seiva, mas durante a noite o arrefecimento dar-se-á na mesma aumentando os riscos de lesões por congelação da seiva. Em situações em que se utilizou o revestimento de palha, a base da planta ficou protegida, mas as lesões surgiram a 1, 2 – 1,5 metros do solo. Realizado por: Jorge Carvalho Sofia (DRABL) Sandra Rodrigues (KIWICOOP, C.R.L.) Bibliografia de apoio: Blanchet P. 1985. Les dêgats de gels sur kiwi (Actinidea sinensis Pl.), les risques do verger français. L’Arboriculture fruitière 336 : 43-48. PROJECTO AGRO 688 - DEMONSTRAÇÃO E PROMOÇÃO DE PRÁTICAS AGRÍCOLAS QUE ASSEGUREM A QUALIDADE E SEGURANÇA ALIMENTAR E QUE MINIMIZEM O IMPACTO AMBIENTAL DA CULTURA DA ACTINÍDEA’