NO RESCALDO DA ASSEMBLEIA GERAL DA AOFA: LUTAR, LUTAR
PELO 13º MÊS.
Não participei na Assembleia Geral da AOFA, porque só tarde, por omissão
minha, tomei conhecimento da sua realização, através da recepção do
cartão de sócio, que para além da sua inegável qualidade, merece-me o
reparo, já feito, de ser excessivamente bélico, muito cheio de
equipamento de guerra, e pouco com o elemento central das Forças
Armadas - o militar, espero que em 2016, com, a mesma beleza plástica
se possa colocar no devido lugar o homem.
Todavia, no rescaldo desta assembleia, vou ser muito incisivo e directo no
que teria dito, se tivesse estado presente. Se tal tivesse acontecido teria
louvado todo o trabalho feito.
Teria considerado todos os passos dados com muito rigorosos e
necessários à prossecução dos objetivos da AOFA, na defesa dos militares
que representa, mas também sem nenhuma hesitação e, com todo o
vigor, teria solicitado e, SOLICITO, toda a alma e espírito combativo da
AOFA ,e que mobilize outros organismos, na DENÚNCIA E NA LUTA
MUITO SEVERA contra o corte do 13ªmês, ( mais que um vencimento, é
um bem essencial para a saúde) porque para além de inconstitucional é
UM CRIME MORAL, UM CRIME CONTRA OS DIREITOS ASSERTIVOS DA
PESSOA – todos têm o direito de não dar sempre o seu máximo - direito
que eticamente cria o dever das organizações de o reconhecerem, e para
o equilibrarem criaram as recompensas e as férias, mantendo, assim, a
execução daquele direito a níveis que nunca afectem a produtividade das
organizações, mas para além deste deste DEVER Ético das organizações,
para permitirem a realização daquele direito, o corte do 13º mês, repito e
sublinho, é um acto de verdadeiro TERROR e uma atentado à saúde
MENTAL de Militares, funcionários e pensionistas.
Sou um coronel na reforma, e de facto NÃO TENHO DINHEIRO para ir
visitar a minha terra e a minha família que vivem na Madeira, em que
preciso de mais de 300€ ( entenda-se não estou a pedir solidariedade,
estou a ilustrar um exemplo) para a viagem, e outro tanto para as despesa
inerentes a 15-18 dias que lá passe.
Não é suposto, nem seria possível, ou admissível aboletar-me na casa da
minha irmã, logo, para ir à minha terra – a Madeira – como posso ir buscar
600 €, ao vencimento mensal, onde, pouca mais sobejam que 100€,
também devido à miserável situação que criaram aos jovens licenciados,
ora, sendo pai de um, tenho de continuar a apoia-lo, o que, é intolerável,
consequentemente, onde tenho a divisas para visitar a minha terra uma
vez por ano? E os outros 96% que, segundo as estatísticas de 1990 do
Governo de Cavaco da Silva que me enviou em oficio, estão pior?
Não posso, logo tenho de comprar os bilhetes com cartão de crédito, acto
que nunca pratiquei, e que constitui uma situação insuportável.
Mas a quem estes comportamentos inaceitáveis do governo não ataca e,
ou desgosta?
Julgo que desbarata a saúde dos cidadãos, dos militares, dos pensionistas
e o MORAL das nossas tropas, há alguém que tenha sobre isto dúvidas?
Não creio. Logo compete a AOFA de um modo muito claro, a todos nós,
oficiais, e a todos os nossos camaradas que desempenham funções de
comando de agendarem nos RELATÓRIOS DO MORAL E BEM-ESTAR DOS
MILITARES, O GRAVISSIMO MAL- ESTAR; STRESSE, ATENTADO à SAÙDE
que a iniqua, inumana, estúpida e inconstitucional supressão do 13º
mês constitui.
Insisto, por uma razão moral, mas também cientifica e de saúde, contra
todos os colectivos, e contra o falso e mentiroso consenso social acerca
destas e de outras matérias ( consenso que é uma FRAUDE, não há
consenso nenhum, para passiva e burocraticamente se defender os nossos
direitos), que o 13º é de uma natureza moral e biopsicossocial diferente
do 14ª mês.
Peço que me desculpem a irritação, que não é arrogância, mas basta de
tanta ignorância, e fazer de conta que o que atenta contra a saúde pode
vir a ser tratado ao ritmo da justiça portuguesa de décadas, para os
tribunais tomarem uma decisão, ou à espera que o tribunal
constitucional não defenda pela sua natureza e circunstâncias a decisão
politica.
Se não ter férias - que é totalmente diferente de ficar isento de ir
trabalhar, isto, é, DISPENSA da jornada de trabalho e não férias- durante
um ano é gravíssimo, durante muitos é algo de MEDIEVAL que só pode ter
consequências trágicas e irreversíveis, por isto, APELO À AOFA e a todos
os camaradas em todas as situações, mas sobretudo nas de comando,
para que todos e, nomeadamente, os comandantes defendam os
interesses dos militares, ao darem-lhes condições para que mantenham,
as melhores condições físicas e psicológicas, isto é, de saúde, para
cumprirem as suas tarefas , o que, até, constitui um seu dever, de
acordo com o regulamento de disciplina militar, pelo que se o militar não
o cumprir será punido, do mesmo modo, os que não dão as condições
para o seu cumprimento serão inexoravelmente punidos.
Gostaria de lembrar ao governo e ditrectórios autossatisfeitos que estão
alienados, não há consenso social em Portugal, simplesmente há um
equilíbrio instável entre Governo, Presidente da Republica, partidos e 500
mil militantes para que tudo seja como está a acontecer, mas fora dos
directórios e dos militantes seguidistas tudo: ou é polvorosa, ou quietude
imbecilizada, também muito instável.
A situação hoje é da mesma natureza que a existente na Revolução
Francesa , e na que levou à queda de Sócrates, vai levar a de PPC, e hoje
leva José Seguro a dizer, para não fazer, que vem para a rua, e por estar a
dizer o que pensa não fazer, cai na mesma sentença de Luiz Blanc: “ AI
DO PODER QUANDO OS ÓDIOS QUE LEVANTA SÃO ANIMADOS PELA
SUA DECLINAÇÃO QUE COMEÇA” ( Luiz Blanc “História da Revolução
Franceza” , Lemos Editores, porto 1889,pg 84).
É exigível, imperativa, uma LUTA FORTE E URGENTE PELA REPOSIÇÃO do
13º mês, a sua supressão para além do abuso do poder tem o efeito
semelhante a de um vírus que criminosamente rompesse com o nosso
equilíbrio interno, aumentasse o mau stresse - o distresse- com o seu
cortejo : resolução de problemas adiado, suicídios, perda da tranquilidade
e da felicidade
Por vezes o ambiente militar é muito cinzento, mas os militares têm
direito à felicidade, o que, é tão gritante que tendo evocado os
bloqueamentos à felicidade dos militares, numa lição de abertura da ESPE,
o general CEME, general Valença Pinto, a interveio, fora do protocolo,
para defender que o Exército defende o direito à felicidade dos seus
militares, logo cumpra-se o que deve ser feito na defesa desse direito
humano essencial e determinante de todos os outros, que está a ser
violado de um modo intolerável.
Andrade da silva
PS: Não posso deixar de referir que não considero estes argumentos os
definitivos, nem melhor que os outros, considero que são mais
argumentos a juntar e que o seu
esquecimento, embora
tecnocraticamente compreenda, não aceito tal atitude ao nível da acção
de comando, e desta julgo saber algo, porque a pratiquei durante muitos
anos, como todos os camaradas, com funções de comandante, aos vários
níveis.
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no rescaldo da assembleia geral da aofa: lutar, lutar pelo 13º mês.