O próximo dia 25 de Novembro. Tenho conhecimento de duas iniciativas que o poderão marcar. Uma é das Associações de Militares, pela qual propõem aos seus associados e camaradas de armas recolhimento nas respectivas unidades à hora do arriar da Bandeira na véspera da eventual aprovação do Orçamento do Estado para 2014. Na outra, promotores de elite, convidam para "Testemunho Público" ao General Ramalho Eanes e apresentação de um prémio com o seu nome. A iniciativa de protesto das Associações dos militares não surpreende porque já há muito tempo que, firme e lealmente, vêm exercendo cidadania em defesa das Forcas Armadas e da condição militar das mulheres e homens que nelas servem, protestando contra decretos e decisões injustas sem ouvirem eco dos seus gritos; é poderosa porque inclui oficiais sargentos e praças; é corajosa na oposição a governantes que nada fazem para dignificar os militares perante a sociedade civil e é patriótica porque se irmana nos protestos com a maioria dos Portugueses atingidos por dramáticas consequências de imposta e exagerada austeridade. A iniciativa de "Testemunho Publico" por uma elite configurada por altas patentes militares, cidadãos de fina palavra, excepcional arte e rara ciência, tácticos da politica, fazedores de opinião, cavaleiros da Democracia e comendadores da Liberdade que unidos sublinham a data para rodear um General lembrando seus actos desde que apareceu, é surpreendente. É preocupante porque com 365 dias no calendário, dos promotores emigrou a prudência quando escolheram uma data divisória salgadura de feridas mal curadas. Carrega perigos porque abrirá janela para especuladores e poderá servir escondidos interesses de aventureiros de todos os meses. Poderá ainda vir a mostrar-se desnecessária por não acrescentar prestígio a quem o tem sobejo para patronizar qualquer prémio. Sobejos também são os problemas que Portugal enfrenta. Problemas que assustam, que deviam ser urgentemente resolvidos em vez de dificultados. Confesso que tenho susto e sinto tristeza; mas, como não me restam medos e ainda sei onde estou e para onde quero ir, aceito a proposta das Associações de Militares. Na véspera do dia da votação do Orçamento, à hora em que a Bandeira de todos nós for arriada, recolher-me-ei, solidário com os camaradas de armas que voluntariamente decidirem estar presentes nas suas unidades. Durante o meu recolhimento pensarei também nos que se juntarem à volta do General António Ramalho Eanes, na esperança de que todos, definitivamente, fiquem cientes que ele não é Homem que goste de ser levado em ombros, näo aceita oportunismos nem esquece o juramento que como Presidente da Republica fez para defender a Constituição de 1976 cuja promulgação só foi possível por cumprimento do Programa do Movimento das Forcas Armadas que em 25 de Abril de 1974, com o apoio da maioria dos Portugueses, derrubou o ultimo ditador. Limhamn, Suécia, 18 de Novembro de 2013 Serafim da Silveira Pinheiro