ADUNESP Associação dos Docentes da Unesp - Seção Sindical do Andes-SN SINTUNESP Sindicato dos Trabalhadores da Unesp A comunidade deve se manifestar! São Paulo, 30 de julho de 2014. Preocupados com a gravidade da decisão do de 26 de fevereiro de 1969, transcritos no Regimento da Exma. Conselho Sra. Universitário da Unesp de negar provimento Unesp, com pequenas e insignificantes modificações, ao recurso pelos advogados de defesa dos que não lhes retiram o conteúdo truculento. Essas norProfª Drªinterposto Marilza Vieira Cunha Rudge, estudantes sindicados no Processo de Sindicância nº mativas constituem uma inequívoca afronta ao estado Magnífica Vice-Reitora da UNESP no exercício da Reitoria. 1.709/2013, instaurado para “apurar responsabilidades democrático de direito e ao exercício pleno das prer- de integrantes do corpo discente pela prática das infra- rogativas democráticas consignadas na Constituição de ções disciplinares de que trata o art. 161, incisos II, IV, 1988, que certamente não as acolhe, antes as veda. VII, VIII, IX, X e XI, do Regimento Geral da UniverOs advogados de defesa não puderam acompaVimos por meio deste, em cumprimento a deliberações exaradas em instâncias represidade (Fl. 143).”, convidamos toda a comunidade aca- nhar muitos estudantes sindicados, pois foram ouvidos sentativas da ADUNESP e doaqueles SINTUNESP, reiterar solicitação querespectivos a reuniãodiretores do Conselho dêmica da Universidade e todos que prezam por acarta precatóriade pelos das suas os valores democráticos a refletirem e manifestarem-se de transmitida origem, na mesma datapara (19 Universitário da UNESP a ser realizada no dia 31unidades de julhouniversitárias de 2014 seja online quanto a algumas questões de maior importância, ex- de março de 2014). Não há no Processo em questão que a comunidade unespiana possa acompanhar as discussões que acontecerão naquele egrépostas a seguir. uma testemunha sequer que tenha declarado presenciar gio que, na realizada em 21 julho de 2014,depredação esse pleito havia Conselho. Não foi Lembramos deferida a produção dereunião prova testequalquer atode que configurasse do já patrimômunhal pela defesa, ou seja, não foi aceita uma úni- nio público por parte dos estudantes que participaram sido feito. ca testemunha de defesa no Processo de Sindicância, dos acontecimentos. Portanto, não houve imputação a Sem mais para o momento e acreditando que Vossa Senhoria será sensível ao clamor da o que configura um cerceamento explícito do direito quem quer que fosse pelos atos pretensamente ilegais comunidade, solicitação no compromisso declarado por essa dos sindicados àreiteramos ampla defesaque e aoessa contraditório. Os se inscreve que supostamente teriam praticado. sindicados foram objeto de apuração e punição da pelocoisa pública, Durante a sessão do Conselho Universitário reitoria com a transparência na condução aguardamos uma resposta positiva. descumprimento de alguns itens do Decreto Lei nº 477, que apreciou o recurso dos estudantes, os advogados de defesa tiveram escassos 5 minutos Atenciosamente, João da Costa Chaves Jr Presidente da ADUNESP Ato dos estudantes em frente à reitoria da Unesp, no dia 11/12 Alberto de Souza Coordenador Político do SINTUNESP Adunesp/Sintunesp para uso da palavra, tendo sido interrompidos pela Senhora Secretária Geral quando ainda não haviam concluído a fala. A Magnífica Vice-Reitora, no exercício da Reitoria, falou durante aproximadamente 15 minutos, solicitando ao CO que não acatasse o recurso. Foi seguida por cerca de 5 minutos de fala do Pró-Reitor de Administração, que fez indicações no mesmo sentido e que precedeu a fala do Prof. Dr. José de Souza Martins, que emitiu parecer, a pedido da reitoria. Este último fez uso da palavra durante cerca de 9 minutos e reafirmou a legalidade dos procedimentos realizados pela Comissão Sindicante, assegurando aos membros do CO que não havia quaisquer vícios que sugerissem a nulidade da sindicância, contrariamente ao que afirmaram os advogados de defesa. Seguiu-se um intenso debate entre membros do Conselho Universitário, ocasião em que vários conselheiros admitiram reconhecer irregularidades na sindicância, alguns deles citando parte dos argumentos expostos acima. Outros chegaram a defender que, em que pesassem sobre o Processo de Sindicância alguns vícios, ainda assim era necessário que os estudantes fossem punidos pela ocupação do Prédio da Reitoria da Unesp em 16 e 17 de julho de 2013 O recurso foi colocado em votação pela Vice-Reitora com o compromisso de discutir posteriormente, na mesma reunião do CO, o tamanho da pena, acenando com a perspectiva de, eventualmente, reduzi-la, o que não aconteceu. Realizada a votação, vários conselheiros que haviam admitido irregularidades na Sindicância votaram contrariamente ao acatamento do recurso interposto. Entre os que assim se manifestaram houve conselheiros que optaram pela punição exemplar do grupo de 95 estudantes, mesmo sabendo que, entre eles, existem dois que sequer participaram da ocupação, e houve também aqueles que optaram por discutir a dosagem da pena, conforme assegurado pela Vice-Reitora, com a expectativa de que pudessem diminuí-la. Isto, de fato, não ocorreu, porque a mesa diretora dos trabalhos descumpriu o encaminhamento inicial e não lhes facultou essa possibilidade. Os estudantes sindicados receberam a mesma pena, como se todos tivessem praticado o mesmo ato, embora não exista nos autos prova de que algum deles se enquadre nas acusações que constam nos motivos da Sindicância, o que avilta até a mais limitada concepção 19/12/2014 de legalidade do estado democrático de direito. Com isto, o Conselho Universitário da Unesp perdeu a chance histórica de recolocar esta Universidade num patamar que o discurso flagrantemente estéril de muitos dos seus dirigentes pretende fazer crer que seja democrático. Esta decisão indica que não há, por parte da alta administração da Unesp, qualquer prurido em se prestar ao papel de manter os tentáculos da ditadura militar (1964-1984) vivos em nossa Universidade e na sociedade brasileira. Continuaremos na luta pela democratização das instâncias de poder em nossa Universidade e conclamamos a todos que prezam os valores democráticos a se manifestarem. Não podemos permitir que qualquer um que se contraponha aos interesses da Reitoria e de alguns Diretores de Unidade seja considerado criminoso, nem que a Universidade seja transformada em espaço patrimonial particular em que comissões de sindicância, cujas regras e procedimentos são similares às dos tribunais de exceção, sejam criadas ("Aqui as regras são nossas"). Esse tipo de procedimento, muito caro à ditadura militar brasileira, foi utilizado para dar um viés pretensamente legal às práticas de terrorismo de Estado e foi utilizado para aniquilar seus opositores. Esses(as) senhores(as) não podem se colocar acima da lei e da ordem constitucional republicana, dando continuidade ao arbítrio ditatorial. Esses arroubos autoritários nos colocam, mais do que nunca, a necessidade de estarmos organizados política e academicamente para que os valores democráticos pelos quais muitos brasileiros lutaram e foram sequestrados, torturados e mortos não sejam enxovalhados. A construção da democracia é sempre um processo inacabado e exige de todos nós uma ação imediata e decisiva para extirpar as sombras da ditadura que ainda nos assediam. São Paulo, 19 de dezembro de 2014. Associação dos Docentes da Unesp (Adunesp) Sindicato dos Trabalhadores da Unesp (Sintunesp)