GUIA PARA A REABILITAÇÃO
REDE E SISTEMAS DE
ABASTECIMENTO E
AQUECIMENTO DE ÁGUAS
USANDO FONTES RENOVÁVEIS
E NÃO RENOVÁVEIS
PROJETO
“Cooperar para Reabilitar” da InovaDomus
Autoria do Relatório | Consultoria
Oliveira & Irmão S.A.
Índice
0. Preâmbulo5
1. Anomalias na Rede de Distribuição de Água Quente e Fria6
1.1 Falta de isolamento térmico na rede de distribuição6
1.2 Rutura na rede de distribuição8
1.3 Falta de pressão/caudal nos dispositivos sanitários 10
2. Anomalias no Sistema de Aquecimento das Águas (AQS)11
2.1 Temperatura de AQS baixa11
Glossário16
Bibliografia e Webgrafia17
Anexo Checklist18
0. PREÂMBULO
Todas as operações descritas neste guia devem ser executadas por técnicos especializados.
Um desenvolvimento técnico-científico mais desenvolvido destes temas pode ser encontrado no Manual do Curso de “Soluções de Reabilitação e Resolução de Problemas Correntes
em Instalações Prediais de Águas e Esgotos”, da ANQIP.
5
índice
1. ANOMALIAS NA REDE DE DISTRIBUIÇÃO
DE ÁGUA QUENTE E FRIA
1.1 Falta de isolamento térmico na rede de distribuição
1.1.1 Descrição/formas de manifestação
Principais formas de manifestação:
• Elevada perda térmica entre o sistema produtor de água quente sanitária (aqs) e
o ponto de utilização da água quente, o que pode resultar numa insuficiência da
temperatura mínima necessária de conforto para os utilizadores de aqs (situação
mais crítica no caso de tubagens metálicas);
• Condensação da tubagem, resultante das diferenças de temperatura entre a
água no interior da tubagem e a temperatura ambiente.
Pode ser facilmente identificável no caso de tubagens à vista (Figura 1).
Figura 1 – Tubagem metálica de uma instalação sanitária à vista.
1.1.2 Causas comuns
• Não obrigatoriedade do isolamento da tubagem para edifícios construídos antes
da entrada em vigor do regulamento DL 23/95 [1];
6
• Questões estéticas: nos edifícios que sofreram uma alteração à rede de distribuição de águas e nas situações em que foi aplicada uma nova rede de distribuição
à vista, a tubagem normalmente utilizada é o aço inox sem qualquer tipo de
isolamento (Figura 1).
1.1.3 Soluções de reabilitação
1.1.3.1 Aplicação de isolamento térmico
A aplicação do isolamento térmico não só diminui de forma significativa as perdas térmicas entre o sistema produtor de aqs e o ponto de utilização, bem como evita condensações na tubagem e ainda diminui o ruído nos sistemas de distribuição de águas.
Consiste na aplicação de uma manga em espuma elastomérica e flexível, com banda
adesiva, que envolve toda a secção exterior da tubagem (Figuras 2 e 3).
Nos casos em que o isolamento seja aplicado no exterior da habitação, este deve
possuir as caraterísticas apropriadas para resistir à ação do sol, chuva, etc. em contacto direto com o sol, chuva, etc.
Figura 2 – Aplicação de isolamento térmico com
banda adesiva [2].
Figura 3 – Sistema de distribuição de águas com
aplicação de isolamento térmico na tubagem.
1.1.4 Recomendações de manutenção
A manutenção do sistema de isolamento térmico consiste essencialmente na inspeção visual do estado do mesmo. A sua deterioração implica a sua substituição. A
periocidade da manutenção depende de vários fatores (ex. humidades, etc…), pelo
que se recomenda consultar um profissional da área para obter esta informação.
7
índice
1.2 Rutura na rede de distribuição
1.2.1 Descrição/formas de manifestação
Aparecimento de zonas húmidas nas paredes, pavimentos ou tetos.
1.2.2 Causas comuns
• Rutura acidental;
• Rebentamento por excesso de pressão.
Figura 4 – Rutura na tubagem.
1.2.3 Soluções de reabilitação
A solução a aplicar depende do tipo de material da tubagem:
• Tubagens plásticas: reparação da rutura (ver 1.2.3.1), não havendo a necessidade de substituir o troço de tubagem com a rutura;
• Tubagens metálicas e outras, nas quais não seja possível reparar o furo:
substituição da tubagem (ver 1.2.3.2).
1.2.3.1 Reparação da rutura
A solução consiste na reparação do furo tapando-o, com o recurso a materiais próprios para o efeito (ver exemplo na Figura 5). Deve ser sempre realizada por um
canalizador já que é necessário o recurso a ferramentas específicas.
8
Aplicação
1. Limpar o tubo na zona do furo. Esta zona deve estar seca e limpa;
2. Utilizar a ferramenta de soldar, e inserindo esta no furo, vai fundir a matéria-prima do tapa-furo, que deverá ser igual à matéria-prima do tubo, com a da
tubagem.
Figura 5 – Reparação do furo em tubagem PPR [3].
1.2.3.2 Substituição da tubagem
Consiste na substituição do troço de tubagem onde se encontra o furo por um troço
novo de tubo do mesmo material.
Aplicação
1. Limpar o tubo na zona do furo. Esta zona deve estar seca e limpa;
2. Cortar e remover o troço de tubo onde se encontra localizado o furo e substituir
por um troço de tubo novo do mesmo material (ver exemplo na Figura 6).
Figura 6 – Reparação do furo em tubagem multicamada.
9
índice
1.3 Falta de pressão/caudal nos dispositivos sanitários
1.3.1 Descrição/formas de manifestação
Traduz-se por um reduzido caudal que poderá ser insuficiente para uma utilização
eficiente dos vários dispositivos sanitários (torneiras, chuveiros, etc.).
1.3.2 Causas comuns
• Falta de pressão da rede, a qual pode ser facilmente identificada através da utilização de um manômetro junto ao contador de água fria;
• Diminuição da secção da tubagem da rede de distribuição, a qual pode ser causada por incrustações;
• Diâmetros da tubagem da rede inferiores ao necessário para uma correta distribuição das águas (sistema subdimensionado).
1.3.3 Soluções de reabilitação
1.3.3.1 Aumento da pressão da rede
Nos casos em que a pressão disponível na rede seja inferior ao desejável, poderá ser
solicitado o seu aumento, o que irá permitir um aumento do caudal disponível nos dispositivos sanitários. Esta operação deverá ser sempre realizada por técnicos especializados.
1.3.3.2 Limpeza interna da tubagem
Nos casos em que a falta de pressão resulte da presença de incrustações na secção
da tubagem, poderá proceder-se à sua limpeza pelo interior, se o material e as condições locais o permitirem (no aço galvanizado, por exemplo, a camada interior de
proteção de zinco não é recuperável). Para tal deverão ser utilizados produtos químicos adequados para o efeito, devendo limpar-se posteriormente a rede de forma
adequada, antes da reentrada em serviço, tendo em atenção os aspetos de saúde
pública. Esta solução evita a necessidade de substituir a rede de distribuição.
1.3.3.3 Substituição e/ou alteração dos diâmetros da tubagem
Nos casos em que não seja possível proceder à limpeza interna da tubagem, ou
quando os diâmetros utilizados são inferiores aos aconselhados, recomenda-se a
substituição dos respetivos troços do sistema de distribuição de águas.
10
Aplicação
1. Identificar os troços da rede de distribuição que apresentam a anomalia identificada (incrustações ou diâmetros inferiores aos aconselhados);
2. Efetuar a remoção dos troços identificados, e realizar a sua substituição por um troço de tubagem novo com possível alteração do diâmetro, caso se justifique tal ação.
Os diâmetros devem ser determinados por técnicos qualificados, já que dependem
de vários fatores (caudais de utilização, coeficiente de simultaneidade, etc.).
2. ANOMALIAS NO SISTEMA DE AQUECIMENTO DAS ÁGUAS (AQS)
2.1 Temperatura de AQS baixa
2.1.1 Descrição/formas de manifestação
O sistema produtor de aqs não consegue aquecer a água à temperatura necessária
para a utilização do sistema de duche.
2.1.2 Causas comuns
• Sistema produtor de aqs em fim de vida útil, o que faz com que o seu rendimento seja muito baixo não permitindo que este funcione de forma eficaz;
• Falta de manutenção do sistema produtor de aqs.
2.1.3 Soluções de reabilitação
A manutenção/reparação do aparelho produtor de aqs (ver 2.1.3.1) é a solução geralmente recomendada. No entanto, aconselha-se a sua substituição (ver 2.1.3.2)
sempre que qualquer intervenção no mesmo para corrigir o problema resulte num
custo elevado e recorrente.
2.1.3.1 Realização de uma manutenção/reparação ao aparelho produtor de aqs
A realização da manutenção ao aparelho produtor de aqs para o melhoramento da
eficiência do mesmo deve ser sempre realizada por um técnico credenciado por
questões de segurança de funcionamento dos equipamentos.
11
índice
2.1.3.2 Substituição do aparelho produtor de aqs
A substituição do aparelho produtor de aqs implica sempre a compra de um aparelho novo, a qual deve ser realizada tendo as conta as necessidades da própria
habitação, o valor disponível para o investimento (isto porque existem soluções
económicas a nível de consumos energéticos, mas com custo inicial do equipamento
elevado) e o tipo de combustível pretendido/disponível na zona.
A escolha do equipamento deve ser realizada de acordo com as seguintes situações:
Sistemas a gás
A escolha de um sistema produtor de aqs a gás deve ser feita tendo em conta as
seguintes situações:
• O equipamento anterior é a gás e o que se pretende é a substituição direta do
equipamento;
• Existe gás natural disponível na zona da habitação;
• Existe a possibilidade do equipamento produtor de aqs também ser utilizado
para a produção de água quente para o sistema de aquecimento da habitação
(ex. a aplicação de uma caldeira);
• Existe a possibilidade de integração com um sistema solar térmico para produção de aqs.
A nível de equipamentos a gás, estão disponíveis os seguintes:
• Esquentador: quando o que se pretende é aqs instantânea. O esquentador a
aplicar deve ser preferencialmente ventilado (Figura 7), de modo a facilitar a
exaustão dos gases de combustão e termostático para permitir a integração com
um sistema solar térmico, mesmo que este não seja aplicado de imediato.
Figura 7 – Esquentador ventilado [4].
12
• Caldeira: quando o que se pretende é aqs instantânea ou por acumulação (com
recurso a depósito externo) e água quente para o sistema de aquecimento central. Sendo os consumos energéticos um fator a ter em conta, é aconselhada a
instalação de uma caldeira de condensação (Figura 8), cujos rendimentos são
significativamente superiores às caldeiras tradicionais.
Figura 8 – Caldeira de condensação [4].
Sistema elétrico
A escolha de um sistema produtor de aqs elétrico deve ser feita tendo em conta as
seguintes situações:
• O equipamento anterior é elétrico e o que se pretende é a substituição direta do
equipamento;
• Não se pretende utilizar nenhum outro tipo de combustível;
• Não existe gás natural na zona da habitação.
A nível de equipamentos elétricos estão disponíveis os seguintes:
• Termoacumulador elétrico (Figura 9): esta solução apenas permite a produção de aqs. A capacidade do termoacumulador deve ser determinada em função
do número de ocupantes da habitação tendo em conta um consumo de 40L/dia/
pessoa. É uma solução económica mas com elevado custo de exploração.
13
índice
Figura 9 – Termoacumulador elétrico [4].
• Bomba de calor (Figura 10): esta solução permite a produção de aqs com recurso a acumulador externo e produção de água quente de baixa temperatura
para sistema de aquecimento central. É uma solução com elevado custo inicial
de investimento, mas com consumos energéticos mais baixos.
Figura 10 – Bomba de calor [4].
14
Sistema a biomassa
A escolha de um sistema produtor de aqs a biomassa (Figura 11) deve ser feita
tendo em conta as seguintes situações:
• O equipamento anterior é a biomassa e o que se pretende é a substituição direta
do equipamento;
• Existe uma zona técnica na habitação que permite a instalação de um equipamento de dimensões médias;
• Existe facilidade na aquisição do combustível.
O sistema a biomassa permite não só a produção de aqs mas também a produção
de água quente para o sistema de aquecimento central. É uma solução com custo
inicial elevado mas bastante económica em termos de custo de exploração. Permite
a integração com energias renováveis (solar térmico).
Figura 11 – Caldeira a biomassa [4].
2.1.4 Recomendações de manutenção
Todos os equipamentos produtores de aqs devem ser alvo de uma manutenção preventiva com a periocidade anual ou bi-anual dependendo do tipo de equipamento
selecionado (deverá ser confirmado com o fabricante a periocidade da manutenção
do respetivo equipamento).
15
índice
Glossário
aqs — Água quente sanitária: água quente destinada a ser utilizada nos vários dispositivos
sanitários (torneiras, chuveiros, etc.).
16
Bibliografia e Webgrafia
[1] DL23/95 – Regulamento Geral dos Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água
e de Drenagem de Águas Residuais.
[2] Armacell, www.armacell.com
[4] Coprax, S.A., www.coprax.com
[3] Oliveira & Irmão, S.A., www.oliveirairmao.com
17
índice
18
Sistema
AQS
Falta de isolamento
Rede de
Distribuição
de Água
Quente
baixa
Temperatura de aqs
sanitários
dal nos dispositivos
Falta de pressão/cau-
Rutura
térmico
Anomalia
Elemento/
Zona a
inspecionar
O
Anexo Checklist
NO
NA
Localização
Observações
O - Observado; NO - Não Observado; NA - Não Aplicável
Gravidade/Extensão
índice
Rua de Santo António, nº 58
3830 – 153 Ílhavo
Tel.: +351 234 425 662
Fax: +351 234 425 664
[email protected]
www.facebook.com/inovadomus
Download

REDE E SISTEMAS DE ABASTECIMENTO E