PERFIL DOS ENFERMEIROS
UNIVERSITÁRIO DE CURITIBA
ATUANTES
EM
UM
HOSPITAL
Ana Paula Maresi1
Gleisy Gróss1
Luciane Favero2
Introdução: O dimensionamento de pessoal é a etapa inicial do processo de
recrutamento de profissionais, tendo por finalidade, prever a quantidade de
funcionários necessários para atender direta ou indiretamente as necessidades
de prestação de serviços (GAIDZINSK, 1991). A equipe de enfermagem
representa cerca de 60% do total de profissionais de uma instituição hospitalar,
por esse motivo, Gaidzinsk (1991) defende a necessidade de oferecer atenção
especial para o dimensionamento de pessoal, pois qualquer falha ou
inadequação da avaliação dos dados implica no resultado da qualidade da
assistência prestada à clientela, de acordo com a realidade de cada instituição.
Ainda segundo Gaidzinsk (1991), o método de dimensionamento deverá conter
um reconhecimento da situação, cálculo de pessoal, distribuição de pessoal e
avaliação. Buscando a qualidade dos serviços de enfermagem, é importante
que se tenha uma visão do perfil pessoal, profissional e até mesmo
motivacional destes profissionais envolvidos. De acordo com Pasti, Gir e Coleta
apud Romero-Garcia (1991) para que haja desenvolvimento pessoal ou
enriquecimento motivacional é necessário que os indivíduos se transformem
em produtivos, com dedicação e esforço no trabalho. Dessa forma, pode-se
chegar à transformação da busca pela qualificação em ação real, que depende
da construção de valores humanos aliados a valores científicos. Conhecer o
perfil do enfermeiro é uma ferramenta indispensável para a garantia da
qualidade da assistência prestada à clientela, pois pode se adequar cada
unidade hospitalar com o profissional que melhor se encaixa no perfil exigido
por ela, trazendo satisfação do profissional e conseqüentemente, elevação da
qualidade dos serviços prestados. Sendo assim, baseado nas necessidades
apresentadas pela instituição, fez-se necessário investigar o perfil dos
enfermeiros atuantes em um hospital universitário de grande porte, para que se
possa conhecer a força de trabalho disponível e como ela pode ser mais bem
aproveitada, satisfazendo as necessidades profissionais destes colaboradores
e as necessidades gerenciais da coordenação e da gerência de enfermagem.
Deste modo, a questão que norteou o trabalho foi: Qual é o perfil pessoal,
profissional e motivacional dos enfermeiros atuantes em um hospital
universitário de Curitiba?
Objetivo: Investigar os perfis pessoal, profissional e motivacional dos
enfermeiros que atuam em um hospital universitário de Curitiba.
Metodologia:
Desenvolveu-se
um
estudo
descritivo
com
abordagem
quantitativa. A pesquisa foi realizada com os enfermeiros de um Hospital
Universitário geral, localizado no município de Curitiba, sendo considerado o
maior hospital público do estado do Paraná e um dos cinco maiores hospitais
universitários do país. A população foi composta por 225 enfermeiros. Desta
população, tornaram-se sujeitos de pesquisa 155 enfermeiros que aceitaram
participar da mesma e estiveram em atuação durante o período estabelecido
para a coleta de dados. Foram excluídos, desta forma, 5 enfermeiros que
estavam em período de férias, 25 que estavam em licença e/ou afastamento
por
qualquer
motivo
(maternidade,
médica,
horas
em
haver
e/ou
aperfeiçoamento), 8 enfermeiros que não trabalhavam diretamente no local do
estudo, 3 enfermeiros que não foram encontrados, 26 recusaram-se a
responder o questionário e três enfermeiros que estavam com o cargo à
disposição no período destinado a coleta de dados. Os sujeitos assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, seguindo a Resolução 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde. A pesquisa foi encaminhada para apreciação do
Comitê de Ética e Pesquisa, sendo aprovado na data de 02 de Julho de 2007.
Para a coleta de dados, foi utilizado um instrumento semi-estruturado,
contendo perguntas abertas e fechadas para o conhecimento do perfil pessoal,
profissional e motivacional dos sujeitos da pesquisa. Os dados foram
analisados através de freqüência simples e demonstrados através de gráficos.
Resultados: Com relação ao perfil pessoal chegaram-se as seguintes
conclusões: 52,90% dos sujeitos estavam na faixa etária entre 30 e 39 anos;
29,67% dos enfermeiros eram solteiros, 61,93% casados, 7,09% divorciados e
1,29% viúvos; 65,80% dos enfermeiros têm filhos, sendo que 29,03% têm
somente
um
filho;
identificou-se
que
a
profissão
continua
sendo
predominantemente feminina, com 94,83% dos sujeitos. Quando questionados
sobre seus problemas de saúde, 18,70% dos enfermeiros responderam que
possuem
problemas, sendo
as
patologias
mais
citadas:
hipertensão,
hipotireoidismo e diabetes. Já com relação ao perfil profissional, concluiu-se
que: 81,93% têm mais de dez anos de conclusão de curso; na sua maioria não
possuem outro vínculo empregatício (61,93%); a carga horária predominante
na instituição pesquisada é de 30 horas/semanais, onde 75,48% trabalham
neste regime de trabalho. Com relação a qualificação dos sujeitos envolvidos,
80% possuem pós-graduação, 20% não possuem pós-graduação e 7,09%
possuem mestrado; 40,64% dos enfermeiros trabalham em setor específico
com sua qualificação; 36,77% têm dupla jornada de trabalho e 61,93% não
possuem outro vínculo empregatício; o turno da manhã foi o mais citado como
turno de atuação (43,22%). Aos enfermeiros que possuíam outro vínculo
empregatício, questionou-se se o cargo ocupado era condizente com a
especialização realizada, e contatou-se que 29,03% possuem um cargo
compatível com sua especialidade. A grande maioria dos sujeitos realiza
trabalho assistencial (43,87%) e muitos não souberam classificar o tipo de
gerenciamento adotado no setor em que trabalhavam (29,57%). 30,32% dos
enfermeiros realizam algum tipo de curso de aperfeiçoamento no período da
coleta de dados; 32,25% dos sujeitos participam de grupos de pesquisa e
63,87% dos sujeitos que não são membros de grupos de pesquisa, afirmaram
que gostariam de participar. Dos enfermeiros atuantes em grupos de pesquisa,
38,70% a desenvolviam no momento do estudo. Quanto ao perfil motivacional
chegaram-se as seguintes conclusões: a maioria dos sujeitos estava satisfeita
com o cargo que ocupava na instituição (85,80%) e com a equipe de trabalho
(78,06%), onde apenas 12,90% prefeririam trocar de setor. Porém, em
contradição, julgavam haver sobrecarga de trabalho individual (64,51%).
Finalmente, 49,67% acreditavam em novas oportunidades oferecidas pela
instituição.
Conclusão: As instituições prestadoras de serviços de saúde precisam
conhecer seus colaboradores, suas necessidades, limitações, para que
possam a partir daí, dimensioná-los de maneira mais produtiva, bem como,
organizar melhor seus recursos humanos. Com esta pesquisa pode-se
observar que existe uma predominância do sexo feminino atuando na
enfermagem da referida instituição, porém, sabemos que esta é uma realidade
nacional, quiçá internacional. Pode-se concluir também que apesar da
sobrecarga de trabalho que alguns sujeitos relatam, a grande maioria encontrase satisfeita com a profissão que escolheram e com o cargo que ocupam
dentro da instituição. Conclui-se ainda, que apesar de haver um grande número
de novos enfermeiros no mercado de trabalho, a população desta pesquisa é
bastante madura e com mais de 10 anos de conclusão de graduação, além de
um tempo de prestação de serviços na instituição elevado, fato este que pode
estar relacionado com a estabilidade de trabalho garantida pela política pública
da instituição em questão. Pode-se concluir também que apesar da sobrecarga
de trabalho que alguns sujeitos relatam, a grande maioria encontra-se satisfeita
com a profissão que escolheram e com o cargo que ocupam dentro da
instituição. Gerenciar não é tarefa fácil, pois existem vários fatores importantes
que podem servir de aliados quando bem estruturados ou tornarem-se
obstáculos até mesmo intransponíveis quando não organizados. Pretendeu-se
com este trabalho delinear o perfil do enfermeiro atuante em uma instituição
pública de atendimento à saúde. O que se espera a partir daqui, é que estes
dados sirvam de subsídios para uma melhor organização e planejamento dos
recursos humanos envolvidos, visando à satisfação do profissional e o
atendimento de enfermagem pleno e com qualidade a clientela por ela
assistida.
Palavras chaves: enfermagem, organização e administração.
Área temática: Organização e gestão do trabalho.
1- Enfermeiras graduadas pela Universidade Tuiuti do Paraná.
2- Enfermeira Mestranda Docente do Curso de Enfermagem da Faculdade de
Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná.
UTP-Rua Marcelino Champagnat, 505-Cep: 80701-250 – Curitiba-PR.
Email: [email protected]
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