Sono e Sonhos
O sono é um estado reversível e transitório, ele é alternado com o estado de
vigília, o qual ocorre quando o indivíduo está acordado ou quando desperta durante o
sono. Quanto a sua classificação, o sono pode ser considerado sono não REM e sono
REM, os quais se alternam durante a noite.
O sono não REM é um sono mais leve, em seu primeiro estágio é considerado
até mesmo como um semi-sono, devido a capacidade do individuo se lembrar de fatos
que aconteceram no ambiente, caso tenha sido desperto. No seu estágio quatro, o
despertar pode demorar cerca de 20 minutos.
O sono REM é o sono mais profundo, é nele que ocorrem predominantemente os
sonhos e o movimento rápido dos olhos. Demora de 65 a 120 minutos para aparecer,
após o adormecimento.
Os sonhos podem causar sensações como medo, alegria, entre outras. Isso ocorre
por causa das descargas que atingem diversas áreas cerebrais, não tendo relação
nenhuma com o conteúdo emocional.
Freud antes de se aprofundar na sua teoria da psicanálise, percebeu que
estímulos sensoriais e externos são capazes de alterar o conteúdo dos sonhos, e utilizava
o método científico-experimental para investigar essas influências.
Os sonhos também exercem uma função adaptativa. Os chamados sonhos
moduladores reforçam ou inibem uma estratégia que foi formulada no estado de vigília.
Os sonhos classificados como formuladores de estratégia possibilitam que o individuo
crie estratégias cognitivas e assim sejam capazes de lidar com novas experiências, para
as quais anteriormente não tinham preparo.
Embora pouco utilizados, os sonhos também podem ser muito importantes no
tratamento de dependentes químicos, pois são um instrumento terapêutico que pode
ajudar os dependentes e seus terapeutas na luta conta a abstinência.
Pesquisadores como Kalra, Natu, Deswal e Agarwal ao realizarem pesquisas
com dependentes químicos que estavam fazendo uso de diversos psicofármacos,
constataram que o sonho desses indivíduos possuíam conteúdos mais aterrorizantes e
que eles se recordavam menos de seus sonhos.
Ao pesquisar o sonho de dependentes de heroína, o pesquisador Colace
constatou que no inicio da abstinência, os pacientes sonhavam com o uso da heroína e
sentiam ansiedade e culpa o que fazia com que eles despertassem. Esse tipo de sonho se
mostrou mais comum no inicio da abstinência, quando a privação causa maiores
sintomas físicos e psicológicos.
Já nos alcoólatras o pesquisador Choi chegou à conclusão de que aqueles que
sonham estar bebendo álcool na fase de privação conseguem se manter abstinentes e se
tornam menos ansiosos, já que realizaram o seu desejo, mesmo que de forma parcial.
Porém outros pesquisadores ao estudarem casos de pacientes envolvidos com
múltiplas drogas, relataram o contrário. Segundo eles, sonhar com a substancia química
é desfavorável a abstinência.
Apesar das diferentes opiniões e resultados de pesquisa, sabe- se que o
acompanhamento dos sonhos dos dependentes químicos é uma importante ferramenta
para que seja possível preparar a prevenção à recaída. No entanto, é preciso que haja
mais pesquisas no ramo, para aprofundar a sua eficácia.
No aspecto comportamental a análise dos sonhos também é indispensável.
Diversos pesquisadores, psiquiatras e psicólogos formularam suas teorias sobre o sonho.
Para Delitti, eles servem como chave para o acesso da história do paciente, sendo
possível relacionar o conteúdo dos sonhos com as áreas de sua vida.
Guillardi defende que sonhar é uma forma de comportar-se, portanto a
interpretação dos sonhos está relacionada ao comportamento do individuo. Já Skinner
defendia que na falta de estímulos externos, o ato de sonhar é uma resposta perceptual.
Na terapia, Delitti afirma que os terapeutas podem ou não reforçarem os relatos
dos sonhos, mas não deve ser descartado em hipótese alguma, é preciso ser
compreendido em conjunto com os outros comportamentos, assim como os verbais.
Todas essas e outras teorias sobre os sonhos tiveram sua origem depois que
surgiu a Psicanálise, Freud foi o pioneiro em desvendar o conteúdo dos sonhos, ao
publicar sua obra ‘’ A análise dos sonhos’’ (1900).
O sonhar sempre causou intensa curiosidade na humanidade. Na visão de Freud,
todo sonho tem um significado oculto da realização dos desejos. Os desejos reprimidos
na vida de vigília muitas vezes estão relacionados com os nossos desejos mais
primitivos vetados pela nossa moral.
Interpretar um sonho significa conferir lhe um sentido, ajusta-lo a cadeia de
nossas faculdades mentais.
A memória do sonho trata-se de um material vivido, reproduzido e recordado.
Antes da Psicanálise, na antiguidade os sonhos eram vistos como revelações por parte
de Deuses e demônios, e uma previsão do futuro.
Para interpretar os sonhos, segundo Freud, é preciso fazer uma ligação de cada
elemento que aparece, visto que em geral se espera esclarecimentos importantes.
Ocorrem nos sonhos as fugas patológicas, que conduzem o indivíduo a uma necessidade
imperiosa e insaciável de movimentos, gritos, falas e fugas. É necessário que este
sujeito engane a si mesmo, simulando através da imaginação viagens que nunca fez.
Freud ao equacionar as divisões do inconsciente define o superego como
responsável pela repressão dos impulsos. O desejo reprimido vem à tona nos sonhos, e
segundo a psicanálise, todo sonho é a realização de um desejo, mesmo os pesadelos e
sonhos agoniantes. Freud defende que o que se consegue lembrar-se do sonho é o
conteúdo manifesto, o desejo que nele está manifestado se encontra no conteúdo latente,
o qual não tem se acesso.
Portanto, para interpretar realmente um sonho é preciso anotar, da forma mais
clara possível o que foi sonhado, separar partes e assim fazer uma interpretação para se
chegar realmente ao significado latente dos sonhos, que tanto despertam a curiosidade
humana.
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